a aplicação das teorias da psicomotricidade

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A aplicao das teorias da psicomotricidade no ensino fundamentalIntroduoA ampliao no olhar sobre o homem e suas vicissitudes, se d na integrao do que biolgico, social, psquico, econmico, ecolgico, dentre outras facetas da intensa complexidade do animal humano. (...) atravs (...) da ausncia de verdades cannicas que explicitem claramente as motivaes e inibies de cada sujeito, que poderemos aceder a um pensamento e a uma prtica que possa se intitular verdadeiramente Psicomotora.Eduardo Costa Este artigo tem como objetivo precpuo apresentar a Psicomotricidade no Ensino Fundamental. Para tanto, utilizaremos as contribuies tericas dos seguintes autores: Jean Le Boulch, sobretudo em sua obra A Educao Psicomotora: A psicocintica na idade escolar ; Pierre Vayer, no livro A criana diante do mundo; o escritor portugus Vitor da Fonseca, no livro

Psicomotricidade: Psicologia e Pedagogia; os psicomotricistas franceses Lapierre e Aucouturierna obra intitulada A Simbologia do Movimento: Psicomotricidade e Educao; Bernard Aucouturier, em seu Mtodo Aucouturier e Suzana Veloso Cabral, no livro Psicomotricidade

Relacional - Prtica Clnica e Escola.Com o intuito de manter coerncia e simetria, procuramos responder as cinco perguntas que baseiam este artigo, a saber: 1. O que ?, 2. Por que se faz?, 3. Como se faz?, 4. Onde se faz? e 5. Com quem se faz a Psicomotricidade no ensino fundamental? De acordo com as idias defendidas pelos autores lidos. Trouxemos como exemplo uma escola que implementou a Psicomotricidade Relacional em sua grade curricular, a escola curitibana Terra Firme que atende do berrio ao nono ano do ensino fundamental. Apresentamos seus objetivos, o pblico alvo e suas estratgias de desenvolvimento, de acordo com informaes contidas na pgina da mesma e na pgina do

Centro Internacional de Anlise Relacional CIAR. Em seguida, tecemos algumas crticas ao

quadro comparativo apresentado pela escola entre a maneira como ela desenvolve seu trabalho e as diferenas que possui com o ensino tradicional. Ao longo do trabalho, percebemos a necessidade de um item que abordasse o Ensino Fundamental propriamente dito; cuja funo compreende a localizao e descrio do ensino fundamental de acordo com a lei que rege a educao brasileira, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional), promulgada em 20 de dezembro de 1996, a qual vigora desde sua publicao em 23 de dezembro do mesmo ano. De igual forma, dispomos uma parte do trabalho para discorrer sobre a educao e a instituio escola, em virtude das nossas prprias vivncias no interior da escola pblica e das crticas dos autores, Lapierre e Aucouturier, sobre a maneira como aquela possui sua funo deturpada e esta lida com a transmisso do saber, enfatiza o intelectualismo e, concomitantemente, no desenvolve as potencialidades da criana. Para os autores referidos, a escola est muito longe de ser um ambiente harmonioso, no-invasivo e respeitoso para com a criana, com a maneira como a mesma se movimenta e demonstra seus prazeres. Em ambiente escolar tradicional, a criana tolhida, uma vez que so tolhidas suas possibilidades sobre o seu modo de ser. No seria, ento, o momento de pensar 1 uma escola que seja verdadeiramente de base psicomotora? Nesse sentido, qual seria o objetivo de uma educao psicomotora de abordagem relacional? Essas so duas das questes suscitadas pelo livro que se pretende exortador do "desejo de movimento, desejo de agir, desejo que permite ascender criao, depois s formas mais simbolizadas da ao, tais como a expresso plstica, verbal ou matemtica que so os movimentos do pensamento" (p.31). Estamos cientes de que este artigo no se pretende finito, acima de tudo porque trabalhamos com um nmero pequeno de autores, os quais possuem concepes distintas acerca da Psicomotricidade. Irrefutavelmente essas teorias so igualmente importantes para nossa compreenso dessa cincia encruzilhada, que, segundo Eduardo Costa, possui sua

prpria essncia multifacetada, j que em cada proposta de trabalho psicomotor estopresentes tcnicas de interveno muito variadas, (que) foram criadas e disseminadas pelos

tericos e praticantes da Psicomotricidade como: Ramain, Lapierre, Desobeau, Aucouturier, Saboya, Morizot, Cabral, Lovisaro, Thiers, dentre outros.Apenas comeamos a trilhar o caminho da via psicomotora (relacional), mas j comungamos com o professor Eduardo Costa: Formar um psicomotricista antes de tudo proporcionar ao

futuro profissional condies para construir, atravs das formaes terico-prticas-pessoais, sua forma de ajuda, sempre original, por estar calcada na criatividade e singularidade de cada um de ns.

O Ensino Fundamental e a Lei de Diretrizes e Bases da Educao De acordo com a LDB, a educao abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivncia humana, no trabalho, nas instituies de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizaes da sociedade civil e nas manifestaes culturais. O grupo acredita que o objetivo principal da educao com base no artigo 22 da LDB desenvolver os educandos. Para atingir este objetivo, ela busca garantir a formao comum indispensvel para o exerccio da cidadania, fornecendo meios para eles progredirem no trabalho e nos estudos posteriores. Segundo o artigo 32 da LDB, o ensino fundamental obrigatrio, com durao de 9 (nove) anos gratuito na escola pblica, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, ter por objetivo a formao bsica do cidado, mediante: O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios bsicos o pleno domnio da leitura, da escrita e do clculo; A compreenso do ambiente natural e social, do sistema poltico, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisio de conhecimentos e habilidades e a formao de atitudes e valores; O fortalecimento dos vnculos de famlia, dos laos de solidariedade humana e de tolerncia recproca em que se assenta a vida social. O Ensino Fundamental e o Estatuto da Criana e do Adolescente O estatuto da criana e do adolescente busca garantir a efetivao dos direitos referentes vida, sade, alimentao, educao, ao esporte, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar e comunitria das crianas e adolescentes brasileiras. Procurando assegurar que nenhuma criana ou adolescente seja objeto de qualquer forma de negligncia, discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso. Punido na forma da lei qualquer atentado, por ao ou omisso, aos seus direitos fundamentais. Segundo o artigo 15 do ECA, a criana e o adolescente tm direito liberdade, ao respeito e dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituio e nas leis.

Portanto, as escolas de ensino fundamental precisam garantir esses direitos aos seus educandos em consonncia com o que diz o artigo 16, quando cita o direito liberdade, com base nos seguintes aspectos: Ir, vir e estar nos logradouros pblicos e espaos comunitrios, ressalvadas as restries legais; Opinio e expresso; Crena e culto religioso; Brincar, praticar esportes e divertir-se; Participar da vida familiar e comunitria, sem discriminao; Participar da vida poltica, na forma da lei; Buscar refgio, auxlio e orientao.

O ECA nos alerta que no dever s da escola assegurar os direitos das crianas e dos adolescentes. dever de todos prevenir a ocorrncia de ameaa ou violao dos direitos deles, zelando sempre pela dignidade, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatrio ou constrangedor. E cabe ao Estado assegurar criana e ao adolescente: Ensino fundamental, obrigatrio e gratuito, inclusive para os que a ele no tiveram acesso na idade prpria; Acesso aos nveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criao artstica, segundo a capacidade de cada um; Atendimento no ensino fundamental, atravs de programas suplementares de material didtico-escolar, transporte, alimentao e assistncia sade. E para finalizar todos deve saber que as crianas e os adolescentes tm direito a informao, cultura, lazer, esportes, diverses, espetculos e produtos e servios que respeitem sua condio peculiar de pessoa em desenvolvimento. Tericos da Psicomotricidade Jean Le Boulch

Aporte: Livro-texto Educao Psicomotora: a psicocintica na idade escolar

A sublime tarefa de educar pelo movimento humano se repete a cada momento fecundo, reconstruindo toda a histria do corpo. Conquista a herana dessa possibilidade somente quem a todo dia a reconquista.Fernando Athayde

O francs Jean Le Boulch, afirma que a corrente educativa da Psicomotricidade surgiu na Frana, em 1966, pela fragilidade da Educao Fsica, pelo fato dos professores de educao fsica no conseguirem desenvolver uma educao integral do corpo. Para ele, muitos desses professores centravam sua prtica pedaggica nos fatores ligados execuo dos movimentos, tendo como principal objetivo de sua ao educativa chegar perfeio desses movimentos, de forma mecnica. (LE BOULCH, 1983). Segundo Soares (1996), a Psicomotricidade na Educao Fsica das escolas brasileiras foi o primeiro movimento mais articulado a partir da dcada de setenta. Neste movimento o interesse da educao com o desenvolvimento da criana juntamente com o ato de aprender, atravs dos processos cognitivos, afetivos e psicomotores; ou seja, buscando a formao integral dos educandos, procurando romper o dualismo cartesiano corpo-alma, integrando assim o movimento na formao da personalidade humana. O que ? Le Boulch (1987) define Psicomotricidade como uma cincia que estuda as condutas motoras por expresso do amadurecimento e desenvolvimento da totalidade psicofsica do homem, procurando fazer com que os indivduos descubram o seu corpo atravs de uma relao do mundo interno com o externo e a sua capacidade de movimento e ao. E dessa forma, permitir tanto ao adulto como criana expressar as suas aes e movimentos de forma harmoniosa, utilizando o seu corpo. Por que se faz? A educao psicomotora de Le Boulch (1983) justifica sua ao pedaggica colocando em evidncia a preveno das dificuldades pedaggicas, dando importncia a uma educao do corpo que busque um desenvolvimento total da pessoa, tendo como principal papel na escola preparar seus educandos para a vida. Utiliza mtodos pedaggicos renovados, procurando ajudar a criana a se desenvolver da melhor maneira possvel, contribuindo dessa forma para uma boa formao da vida social dos educandos. Para atingir esse objetivo, a educao psicomotora procura trabalhar como foi descrito acima, na preveno de problemas de dificuldades escolares de vrias origens, como: afetividade; leitura e escrita; ateno; lateralidade e dominncia lateral; matemtica e funes cognitivas; socializao e trabalho em grupo. A educao psicomotora no ensino fundamental tem trs objetivos principais (op. cit., p.43), que so:

Enfatizar a aquisio de certo nmero de conhecimentos e de habilidades, atravs de uma transmisso cultural; Manter e desenvolver as possibilidades de descoberta, criao e imaginao da criana; Trabalhar no modo de aquisio, desenvolvendo as possibilidades funcionais da criana tanto no plano fsico como no intelectual.

A partir desses trs objetivos, h uma busca no desenvolvimento psicoafetivo; funcional metdico; e aquisies instrumentais e de conhecimentos. Onde no primeiro so trabalhados os jogos e expresses motoras espontneas, e atividades artsticas; no segundo, a educao psicomotora metdica utiliza atividades despertadoras; e no ltimo trabalhado a escrita, leitura, clculo e matemtica, habilidades motoras utilizadas nos esportes e o conjunto dos conhecimentos escolares. (Idem) Como se faz? Para Le Boulch (1983), o objetivo principal da educao pelo movimento no ensino fundamental contribuir para o desenvolvimento psicomotor dos educandos e para atingir este objetivo, eles dependem ao mesmo tempo das suas evolues das personalidades e dos seus sucessos escolares. A Psicomotricidade nesta concepo trabalha com base no esquema e imagem corporal; o autor afirma que esquema corporal a organizao das sensaes relativas ao seu prprio corpo em relao com os dados do mundo exterior. Segundo Santos (2001), Le Boulch apresenta quatro etapas de desenvolvimento do esquema corporal: corpo submisso (0 a 2 meses); corpo vivido (2 meses a 3 anos); corpo descoberto ou percebido (3 a 6 anos) e corpo representado (6 a 12 anos). Tendo na etapa do corpo submisso os movimentos estritamente automticos, sendo de origem inata (reflexos e automticos); na etapa do corpo vivido a criana comea a tomar conscincia de seus movimentos, tendo como caracterstica um comportamento motor global com repercusses emocionais fortes e mal controlados; na etapa do corpo descoberto ou percebido ela vai descobrindo o seu corpo e comea a estruturar o seu esquema corporal, a partir do desenvolvimento da interiorizao, localizao e controle dos movimentos; e na etapa do corpo representado a criana dispe de uma imagem mental do corpo em movimento, permitindo uma verdadeira representao mental de uma sucesso motora. (Idem) O trabalho da educao pelo movimento baseada em Le Boulch est centralizado na relao do esquema e imagem corporal; e dessa maneira, o autor acredita que a imagem corporal um conceito til no plano terico, porque a partir dela se torna mais fcil a compreenso e o acompanhamento do desenvolvimento psicomotor durante as diversas etapas que envolvem

esse processo. Por isso, o trabalho de desenvolvimento psicomotor de Le Boulch apresenta algumas etapas que so: do corpo imaginrio imagem do corpo operatrio; imagem do corpo e estruturao espao-temporal; e do ajustamento global ao ajustamento com representao mental. (LE BOULCH, 1983) Na primeira etapa, como o nome j diz, a criana est comeando a desenvolver a sua imagem do corpo, que tem seu incio por um lado, de contedos fantasmticos e do outro, com uma imagem figurativa, sendo ainda imprecisa, que vai amadurecendo com o tempo atravs da confrontao com o real. Logo em seguida aparece a etapa da imagem do corpo e da estruturao espao-temporal, onde comea a acontecer a descentralizao da criana e o incio das representaes mentais dos eixos, onde ela comea a ter noes de esquerda e direita, de acima e abaixo e de diante e atrs. E de reconhecimento de figuras geomtricas, ocorrendo atravs da explorao dos objetos pelo estudo dos movimentos visuais. Na ltima etapa, que do ajustamento global ao ajustamento com representao mental, a criana est enriquecendo o seu esquema corporal, e por isso, comea a ter condies de modificar os elementos de um movimento em automatismos bem estabilizados, tornando-se capaz de tomar certa distncia em relao ao objeto prtico do movimento para voltar sua ateno perceptiva sobre as modalidades da ao, desenvolvendo dessa maneira sua percepo cinestsica. (Idem) Nos anos finais do ensino fundamental, a educao psicomotora utiliza as situaesproblemas para trabalhar as funes perceptivas, que so as funes de interiorizao, percepo e estruturao do espao, e a percepo temporal. Busca melhorar e reforar certos fatores de execuo, como a fora muscular, a flexibilidade articular, velocidade, resistncia e tolerncia; e ainda procura melhorar as solues posturais e gestuais; utilizando tambm os jogos com regras e jogos esportivos, e por ltimo as atividades de expresso rtmica. (Idem) Com quem se faz? A educao psicomotora de Jean Le Boulch aplicada no ensino fundamental destinada s crianas de seis a doze anos, atuando tambm com crianas com algum tipo de dificuldades escolares, ajudando-as a se desenvolver da melhor maneira possvel tendo como objetivo uma preparao para a vida social desses educandos. Onde se faz? A educao psicomotora no ensino fundamental aplicada na escola, em uma quadra, campo, ou em um espao que permita esta prtica. Podendo ser desenvolvida por psicomotricistas, professores de Educao Fsica ou de outras reas da educao.

Le Boulch em seu livro: educao psicomotora: a psicocintica na idade escolar, no especifica seu trabalho a um profissional que tenha uma formao em Psicomotricidade. Acreditamos que ele tenha desenvolvido sua prtica mais direcionada escola e para os professores de Educao Fsica. A relao da Psicomotricidade com a Educao Fsica Segundo Ferreira (2006), existem trs formas de utilizao das abordagens de Educao Fsica e Psicomotricidade. H os que acreditam no ser possvel diminuir o impacto entre o conflito dessas duas abordagens, pois h uma ligao destas com o modo prprio de ver o mundo de cada abordagem, portanto o educador deve utilizar apenas uma delas. Na segunda postura, a da tolerncia ao trabalho com os dois mtodos, utilizando-se em uma abordagem Psicomotora recursos da Educao Fsica ou o inverso. Uma terceira postura a liberdade de utilizao de conceitos, sem a presena de dualismos, articulando as duas abordagens. Desta forma, a utilizao destas abordagens depender do educador. Ferreira (op. cit.) alerta que preciso desmistificar a no aproximao entre a Psicomotricidade e a Educao Fsica nos meios acadmicos, sendo comum observar preconceitos quanto utilizao mtua das abordagens, encontrando defensores ferrenhos, mas tambm encontrando aqueles que experimentam as duas abordagens, como um mtodo prevalecendo sobre o outro. Ferreira (op. cit.) entende que a Psicomotricidade e a Educao Fsica no so incompatveis, elas podem ser integradas e que ao invs de serem inimigas podem ser instrumentos auxiliares, a juno de uma metodologia com a outra, no se faz impossvel, pois ambas podem se auxiliar e se completar. E para finalizar seu artigo, Heraldo Ferreira faz uma comparao entre a Educao Fsica e a Psicomotriidade com o romance de Romeu e Julieta, falando que da mesma forma que as abordagens citadas, os dois no so incompatveis somente por suas origens familiares (Seriam os Montecchios corporais? Seriam os Capuletos intelectuais?). O casal se completa em seu objetivo: o amor (as abordagens referidas tambm podem se completar em seu objetivo: promover a juno entre o movimento e o pensamento). Por fim, ao invs de inimigos, Montecchios e Capuletos poderiam se auxiliar e juntos teriam encontrado respostas para suas perguntas, assim como a Psicomotricidade e a Educao Fsica. J o professor Fernando Athayde (1998) diz que para ele a relao da Psicomotricidade com a Educao Fsica se baseia em uma sinergia, palavra derivada do grego synerga, cooperao

sn, juntamente com rgon, trabalho. definida como o efeito ativo e retroativo do trabalho ouesforo coordenado de vrios subsistemas na realizao de uma tarefa complexa ou funo.

Athayde (op. cit.) acredita que entre as duas reas deve haver uma migrao, porque as duas abordagens trabalham no contexto da cultura, da condio humana, ligados ao contexto histrico-cultural que a forma com que o homem se expressa e atua para materializar o seu pensamento, sendo essa materializao um processo cultural. Pierre Vayer

Aporte: Livro-texto A criana diante do mundo O que ? A Educao Psicomotora, segundo Vayer (1986), faz parte das aes educativas, pois uma modalidade educativa global, que comporta mltiplas atividades que seguem em etapas sucessivas necessrias a toda criana. O autor insiste, particularmente, sobre a educao do esquema corporal. A conscincia do seu corpo, suas mobilizaes e suas possibilidades de ao esto estreitamente associadas a toda educao psicomotora; entretanto, indispensvel conceber toda uma educao do esquema corporal integrada nesta educao geral do ser atravs de seu corpo, que a Educao Psicomotora. Por que se faz? O trabalho da psicomotricidade no Ensino fundamental favorece as aprendizagens escolares. Em toda a atividade humana o ser interior est sempre concernido. Com efeito, o corpo a referncia permanente, e a ao corporal, o princpio de todo conhecimento e de toda comunicao, ento, de todo o desenvolvimento. Como se faz? O exerccio no tem significao em si mesmo; a forma atravs da qual a criana aborda a situao, na forma em que se vive, no que faz, expressa e possui. Tudo isso realmente tem significao. As atividades podem ser: Em seqncia; Seguindo etapas sucessivas; Conduzindo integrao da educao e do EGO corporal.

O Material pode ser variado, proporcionando imensas situaes. O desenvolvimento da conscincia de si feito no contato do corpo com o solo (referncia e segurana) atravs de situaes vividas por ela mesma e guiada pelo educador, que adota vocabulrios e imagens trazidas pelas prprias crianas. Onde se faz? Faz-se na escola. Concebendo sesses ou encontros centrados na organizao do EGO. As atividades podem ser vivenciadas a partir de atividades diferentes, que podem estar associadas atividade grfica ou atividade de cores; jogos de expresso, realizadas de modo dinmico ou funcional. Com quem se faz? Com o grupo de crianas. Para que as atividades de ao tenham uma significao, importante que ela, tambm, seja elaborada pelas prprias crianas. Para que a educao corporal tenha uma significao para a criana necessrio que ela faa parte integrante das atividades do grupo ou da classe e preciso que as interaes e as inter-relaes, s quais elas conduzem, no sejam determinadas, somente pelo adulto, mas, igualmente, pela criana ou pelo grupo. A presena do adulto vai contribuir para regular o conjunto das atividades. Vtor da Fonseca

Aporte: Livro-texto Psicomotricidade: psicologia e pedagogia Vitor Fonseca nasceu em Portugal, Professor Catedrtivo do Departamento de Educao Especial e Reabilitao da Faculdade de Motricidade Humana, na Universidade Tcnica de Lisboa Portugal. Desenvolveu seu mestrado, no consultrio mdico - Psicopedaggico, orientado pelo mdico Arquimedes da Silva Santos, consagrado psiquiatra - pedagogo, portugus. Desde o doutoramento, em 1985, em Neuropsicologia da Psicomotricidade, at os dias de hoje, exerce as funes de docente das disciplinas de Perturbaes do Desenvolvimento, Pscicomotricidade e Dificuldades de Aprendizagens. O que ?

Segundo Fonseca (1988, p.12), a psicomotricidade constitui uma abordagem multidisciplinar do corpo e da motricidade humana. Seu objetivo o humano total em suas relaes com o corpo, sejam elas integradoras, emocionais, simblicas ou cognitivas, propondo-se desenvolver faculdades expressivas do sujeito. Por que se faz? Segundo Fonseca (op. cit., p.368), a psicomotricidade um meio inesgotvel de afinamento perceptivo-motor, que pe em jogo a complexidade dos processos mentais para a polivalncia preventiva e teraputica das dificuldades de aprendizagem. Nesse sentido, a psicomotricidade assume uma nova tica psicopedaggica, de caractersticas marcadamente preventivas, o que lhe confere um papel importantssimo no contexto educativo-social. A psicomotricidade constitui uma medida preventiva essencial, suscetvel de facilitar criana a mudana de comportamento que as aprendizagens escolares impem. A sua importncia situa-se antes num terreno de crtica social, que pretende analisar e diagnosticar quais os obstculos familiares e sociais que impedem o desenvolvimento global da criana, onde a evoluo do esquema corporal da estruturao espao-temporal e da maturao psicotnica ocupam um lugar infra- estrutural de toda a atividade psquica superior. Na concepo de Fonseca (op. cit., p. 368), constatamos a sua preocupao com as dificuldades escolares (dislexias, as discalculias, as disgrafias as disortografias), ou melhor, as epidemias das escolas; que so conseqncia de uma deficincia de adaptao psicomotora, que engloba problemas de desenvolvimento motor de dominncia lateral, de organizao espacial, da construo prxica e da estabilidade emotiva-afetiva, que se podem projetar em alteraes do comportamento da criana. Como se faz? Fonseca (op. cit., p. 368), trabalha com o Conceito Instrumental. Dividindo as suas sesses psicomotoras em 4 etapas: 1. formao de grupo 2. motivao (ex: histria, gincana) 3. Apresenta e coordena os jogos 4. Avaliao: o o Avaliao do aluno (representao/ construo) Avaliao do professor.

Onde se faz? Para Fonseca (op. cit., p. 368), o trabalho psicomotor realizado nas escolas, clnicas e clubes. Com quem se faz? Carter preventivo (para alunos que no apresentam dificuldade escolar). Terapia Psicomotora (para alunos com problemas de aprendizagem exemplo: dislexia, a disortografia, a disgrafia, a discalculia). Tem um olhar para portadores de necessidades especiais.

Escala de pontos da BPM: Perfil Superior Bom (Hiperprxico) - A criana no apresenta dificuldades de aprendizagem especfica, apresentando preciso. Perfil Normal (Euprxico) - Trata-se de crianas sem problemas psicomotores, com execuo e regularidade adaptativa. Pouco provvel que apresentem dificuldades de aprendizagem ou disfuno cerebral mnima, no sendo exclusiva esta concluso. Perfil Disprxico (Disprxico) - Trata-se de crianas com dificuldades de aprendizagem ligeira com presena de um ou mais distrbios. Deficincia no ajustamento e continuidade das tarefas motoras propostas. Dificuldades de execuo e de coordenao. Perfil Deficitrio (Aprxico)- Trata-se de crianas com dificuldades de aprendizagem significativa. Manifestaes de problemas no equipamento neuro-fisiolgico. Registro de perturbaes psicomotoras. Segundo Fonseca (op. cit., p. 368), a identidade da Psicomotricidade e a validade dos conceitos que empregam para se legitimar revelam uma sntese inquestionvel entre o afetivo e o cognitivo, que se encontram no motor. a lgica do funcionamento do sistema nervoso, em cuja integrao maturativa emerge uma mente que transporta imagens e representaes e que resulta de uma aprendizagem mediatizada dentro de um contexto scio-cultural e sciohistrico. Andr Lapierre & Bernard Aucouturier

Aporte: Livro-texto A Simbologia do Movimento: Psicomotricidade e Educao Sonhamos com uma escola onde a criana no tenha mais necessidade de recreaes...

Lapierre & Aucouturier preciso trabalhar para sair do impasse dentro do qual se fechou o ensino atual, com suas falsas solues da seleo precoce, da segregao, do ensino dito de adaptao, das reeducaes especficas, etc.; solues que no levam seno a salientar o fracasso do ensino e, o que mais grave, da educao. Lapierre & Aucouturier O que ? Para Lapierre e Aucouturier, na obra A Simbologia do Movimento: Psicomotricidade e Educao, a Psicomotricidade Relacional uma prtica corporal especfica que permite o convite autonomia criativa. Sendo as qualidades essenciais dessa abordagem pedaggica a

disponibilidade, o respeito e a aceitao.No livro referido, os autores valorizam a simbologia dos gestos, ou seja, o estudo e a interpretao dos smbolos contidos no gesto dos seres humanos. Esse simbolismo do gesto valorizado em sua significao primitiva. Da ser a maneira de se movimentar, de manifestar qualquer atitude e/ou ao muito importante para a compreenso dos sujeitos. Baseada numa Pedagogia do respeito e da descoberta, a Psicomotricidade no ensino fundamental, segundo Lapierre e Aucouturier, um trabalho psicopedaggico autntico, no

qual mais do que mtodos, procedimentos e tcnicas preestabelecidas, sua determinao se d pelas intenes e atravs da premissa "S se transmite bem aquilo que se vive". Ospsicomotricistas auxiliam as crianas em seu processo de aprendizagem. Esta constituda por um trip, cujos elementos so: o afeto, a cognio e a motricidade. Os objetos so relevantes porque propiciam um asseguramento por parte da criana: o fato de uma criana lanar um objeto em diferentes direes, por exemplo, possibilita que sejam construdas projees, nas quais a criana encontrar o outro, tendo como conseqncia um engajamento nas atividades de trocas. Em contexto relacional, porque prioriza a importncia da vida em grupo, essa prtica pedaggica ser uma pesquisa permanente: aberta criatividade das crianas, observao e anlise de seus comportamentos e prpria criatividade dos autores em questo, os quais propem novas direes de pesquisa s crianas (e aos adultos) com o intuito de sondar seus reais interesses. Essa prtica permite o convite autonomia criativa. Nesse sentido, torna-se imprescindvel repensar tanto a escola tradicional quanto a formao dos educadores. Pois somente

invertendo os valores, priorizando o ser ao invs do ter, ou seja, concentrando a ateno no processo de evoluo da pessoa que ser concebida em sua integralidade as etapas da

evoluo do movimento sero vistas no plano simblico do movimento vivenciado e no numplano neuro-motor ou cognitivo. Lapierre e Aucouturier se distanciam em relao ao escolar, em relao ao ensino tradicional, ao seu intelectualismo verbal e a sua problemtica de transmisso sistemtica de um saber. A Simbologia do Movimento busca valorizar o simbolismo do gesto, sua significao primitiva, expondo o carter da prtica psicomotora de ser ela mesma uma forma de simbolizao. Sendo importante ressaltar que os autores no esto subordinados a nenhuma escola de pensamento, apesar de se apropriarem de algumas teorias de Freud, Wallon, Piaget, Rogers, Lacan e de muitos outros, alm de buscarem conceitos etolgicos, ontogenticos, filogenticos ou existenciais. A educao vista como o desenvolvimento das potencialidades

prprias de cada criana, sentido amplo que permite a no existncia da reeducao, fazendocom que tudo se torne educao. O contexto relacional, que o eixo de toda prtica relacional, na qual o psicomotricista deve possuir a capacidade de disponibilidade, de escuta permanente do outro. Essa escuta, segundo os autores citados, permitir um ajustamento recproco e constante. Fato que gerar acordos, os quais podem ser de alternncia, de complementariedade e de cooperao, colaborao. Esse contexto muito importante, pois, existe na dinmica da relao (com o) outro um

aspecto da comunicao que deve ser desenvolvido. Visto que o outro percebe o que do nosso"sai" (expresso utilizada pelos autores), podendo reencontrar, contrariar e at prolongar essas direes percebidas. Embora toda prtica psicomotora seja uma forma de simbolizao, a prtica psicomotora relacional a que mais privilegia a simbologia dos gestos e, tal como mencionam Lapierre e Aucouturier, a criao de uma harmonia de comunicao, onde o acordo perfeito s se realiza,

com todo seu valor emocional quando, como o dizem as crianas, "no se sabe mais quem comanda".Por que se faz? A relevncia de um trabalho srio de Psicomotricidade Relacional no ensino fundamental se d pelo fato de que, afirmam Lapierre e Aucouturier, preciso oferecer criana um meio

pedaggico coerente, sem o que arriscamos acentuar sua inadaptao a uma escola que , ela mesma, inadaptada.

Os autores defendem, coerentemente, a formao de indivduos diferentes, capazes de se

integrar evoluo e dela participar e no se submeter a ela ou rejeit-la. Procurando, dessemodo, o desenvolvimento de uma agressividade construtiva manifestada pela ascenso de

responsabilidade no seio do grupo.Lapierre e Aucouturier, atravs de suas observaes pessoais, colocaram como princpio geral o primado do afetivo sobre o racional, do inconsciente sobre o consciente fato que justifica em grande parte a conduta pedaggica de ambos. Afirmando que tudo o que foi

apenas memorizado fora do crtex, sem ter despertado o eco emocional, apenas um parasita da memria. O esquecimento ento um sinal de sade mental.Como se faz? Esperando uma nova via pedagogia, Lapierre e Aucouturier procuram uma estrutura que permita integrar as diferentes etapas da evoluo da vivncia motora, partindo da origem mais primitiva do movimento vital para ir em direo de formas mais evoludas e mais abstratas. Eles elaboraram sua teorizao a partir de suas prprias experincias com adultos e crianas sempre que possvel em contexto relacional, uma vez que a vida em grupo uma dimenso

essencial. Por conta disso, salvo com crianas muito perturbadas, evita-se ao mximo asreeducaes individuais. Os autores abandonam o modelo mdico diagnstico, prescrio, tratamento em que esto pautados todos os estabelecimentos da reeducao. Dessa forma, eles substituem reeducao por educao concebida em seu sentido amplo: Educao para ambos o "desenvolvimento das potencialidades prprias da criana" (p.14) e, por extenso, de cada ser humano. A conduta dos autores apresenta-se a partir de suas experincias pedaggicas com crianas (e adultos) que gerou a elaborao de sua teorizao, possibilitando a evoluo da mesma. Suas observaes pessoais os levaram a colocar como princpio geral o primado do afetivo

sobre o racional, do inconsciente sobre o consciente.Nutrindo-se de dialtica constante entre pensamento e ao , a (re)educao psicomotora aplicada pelo psicomotricista. Como mencionado, o psicomotricista age com colaborao

estreita dos professores das classes especializadas e a criana vive suas dificuldades no "grupoclasse", pois do professor e de seus colegas que ela recebe a sua imagem .Lapierre e Aucouturier traam o seguinte caminho:

Da imobilidade ao movimento, do silncio ao rudo, talvez ao grito.

De dentro para fora, com esse prazer, essa alegria de reaparecer e passaremos ao mesmo tempo do quente ao frio e do contato envolvente ao abandono desse contato.

Da escurido luz. Do pequeno ao grande com o desenvolvimento progressivo de sua capacidade conquista do espao. Do fraco ao forte, atravs da afirmao progressiva do movimento, do som, da luz. Do lento ao rpido, atravs do movimento, do som, do ritmo. Do relaxamento tenso. Iremos do horizontal vertical. Da solido ao encontro do outro, dos outros.

No h para os autores uma tcnica especfica e rgida de (re)educao psicomotora. Mesmo porque, eles defendem que tudo pode ser questionado; o erro considerado uma etapa

necessria da evoluo e, por isso, deve ser desculpabilizado. O educador deve formar-seatravs da autocrtica e deve estar disponvel constantemente ao presente, a si prprio, a seu prprio corpo, ao objeto, ao espao, ao outro; buscando sempre se encontrar atravs da

vivncia simblica das diferentes etapas de integrao do movimento.Onde se faz? A obviedade nos leva a dizer que a Psicomotricidade Relacional, no Ensino Fundamental, se faz na escola. Porm, e infelizmente, no h na escola tradicional um trabalho de base psicomotora2. O que ocorre no ambiente escolar tradicional, se ocorre, uma psicomotricidade

muito mecanicista que se esfora por separar as noes racionais de organizao do espao edo tempo o seu contexto emocional. Algumas poucas escolas brasileiras j implementaram a abordagem relacional sua grade curricular, haja vista a escola curitibana Terra Firme, que exemplificaremos neste trabalho, e os exemplos das escolas Colgio Positivo (Curitiba/PR); Escola Interpares (Curitiba/PR); Casa da

Tia La (Fortaleza/CE); Casa de Criana (Fortaleza/CE); Espao Infantil (Fortaleza/CE) e Meu Cantinho (Itaja/SC).Na maioria das vezes, a instituio escola ainda muito tradicional, o que significa dizer que

a escola oferece inmeros obstculos criana, haja vista que sua pedagogia normativa de base racionalizada pretende submeter a criana ao desejo e ao julgamento constante do adulto.Seria, ento, uma grande contradio a existncia de uma psicomotricidade relacional dentro de um ambiente escolar tradicional, mesmo porque este impossibilita o que Lapierre e Aucouturier

chamam de expresso verdadeira da criana, momento no qual a vida no mais controlada,

vigiada.3Com quem se faz? Quem aplica a (re)educao psicomotora o psicomotricista. Este age com colaborao estreita dos professores das classes especializadas e a criana vive suas dificuldades no "grupoclasse", pois do professor e de seus colegas que ela recebe a sua imagem. Lapierre e Aucouturier defendem o contexto relacional, porque ele propiciador de uma madura "relao

com o Outro", o que por sua vez possibilita ao sujeito reencontrar uma liberdade real e que no mais oposio, mas independncia e disponibilidade . Dessa forma, o trabalho de EducaoPsicomotora de Lapierre e Aucouturier pode ser colocado disposio tanto das crianas quanto dos adultos. Vale ressaltar o j dito: Educao para ambos o desenvolvimento das

potencialidades prprias da criana e, por extenso, de cada ser humano.Sobre educao psicomotora na escola Para Lapierre e Aucouturier, a escola fabrica inadaptados, uma vez que ao invs de aceitar a dinmica do desejo e de ajud-la a evoluir, ela a recusa e a culpabiliza, no deixando outra

escolha expresso das pulses a no ser o sintoma.Eles concebem a educao como o desenvolvimento das potencialidades prprias de cada

criana. Esse sentido amplo acerca da educao permite que substituam a reeducao poreducao. Os autores afirmam que: preciso trabalhar para sair do impasse dentro do qual se fechou o ensino atual4, com suas falsas solues da seleo precoce, da segregao, do ensino dito de adaptao, das reeducaes especficas, etc.; solues que no levam seno salientar o

fracasso do ensino e, o que mais grave, da educao.As normas de pensamento da escola tradicional possuem estruturas inadequadas e nocivas, a saber: I.

As estruturas institucionais da escola so obstculos para uma educao de base psicomotora, pois so estruturas segregativas eelitistas, as quais limitam toda evoluo psicopegaggica profunda;

II.

Outro obstculo educao de base psicomotora so as resistncias

encontradas na criana diante de toda pedagogia normativa de base racionalizada que pretende submeter a criana ao desejo e ao julgamento constante do adulto.

Com base no referido, Lapierre e Aucouturier se distanciam em relao ao escolar, em relao ao ensino tradicional, ao seu intelectualismo verbal e a sua problemtica de transmisso sistemtica de um saber. Os autores, num momento que intitulam etapa epistemolgica, questionam, a partir da constatao do fracasso da escola elementar, de suas experincias,

outro processo baseado na ao motora, na ao corporal e espontaneamente vivida para chegar a uma pedagogia do respeito e da descoberta.Pois, o corpo em movimento, na sua agitao emocional e criativa, no admitido na escola

seno durante o recreio quando o professor vigia e a rigor observa, evitando misturar sua autoridade a esses jogos pueris.Durante o curso de Psicomotricidade aprendemos que a aprendizagem possui um trip que a sustenta, o qual se constitui de afeto, cognio e motricidade. Martha Lovisaro, em apostila disponibilizada turma, menciona que para aprender (cognio), necessitamos de afeto

(motivao) e de movimento (motricidade) 5. Nesse sentido, inegvel a importncia daPsicomotricidade para o processo de aprendizagem dos seres humanos e recus-la privar nossos alunos de um desenvolvimento sadio e completo. Lembremos que o presente artigo versa sobre a Psicomotricidade no ensino fundamental e uma indagao emerge: qual o contexto da escola dos nossos alunos? sabido que a maioria das crianas brasileiras estudam em escola pblica. Inclusive quase todos os membros deste grupo atuam como docentes em instituies pblicas. E fica claro, atravs das nossas experincias, que a realidade estrutural da sociedade se confirma no interior da escola pblica. Sobre isso, Dermeval Saviani diz que h na maioria dos pases da Amrica Latina o problema

da marginalidade no qual as teorias educacionais concebem a educao ora como sendo um instrumento de equalizao social, portanto, de superao da marginalidade ora como um instrumento de discriminao social, logo, um fator de marginalizao.Assim, de acordo com cada uma dessas duas concepes cabe educao, se ela for autnoma em relao sociedade, garantir a construo de uma sociedade igualitria ou, se ela estiver ligada sociedade de classes dicotmicas, cumprir a funo de reforar a dominao

e legitimar a marginalizao. Saviani denomina a primeira concepo de "teorias no-crticas",uma vez que buscam compreender a educao a partir dela mesma (a educao possui autonomia em relao sociedade), e a segunda de teorias crtico-reprodutivistas, pois elas se empenham em compreender a educao remetendo-a sempre aos determinantes sociais,

estrutura scio-econmica que condiciona a forma de manifestao do fenmeno educativo .Contudo, entendem que a funo bsica da educao a reproduo da sociedade e, por isso, no propem mudanas sociais.

Bom seria se todas as crianas pudessem ser lderes de suas histrias, que a educao institucionalizada auxiliasse em suas potencialidades. Nesse sentido, a escola Terra Firme desempenha um importante papel, na medida em que o tratamento que oferece s crianas, desde o berrio, atua na formao completa do sujeito. Muitas das atividades propostas pela Terra Firme so baseadas na abordagem relacional (emancipatria) do francs Andr Lapierre, como por exemplo, a utilizao de msica em atividades de ciranda, as quais suscitam nas crianas a livre expresso de movimentos atravs de danas variadas. O que nos incomoda, entretanto, o fato de, infelizmente, ser o exemplo da escola mencionada muito distante da realidade das escolas brasileiras, principalmente as pblicas. essa a nossa crtica, porque o desenvolvimento de cada membro da sociedade a condio para o livre desenvolvimento de todos, tal como sugere a epgrafe deste item. Escola Terra Firme: exemplo de psicomotricidade relacional na escola O corpo fala e o corpo precisa falar.

Andr Lapierre Na pgina do Centro Internacional de Anlise Relacional 6 CIAR encontramos a seguinte meno Psicomotricidade Relacional na Escola: Constitui-se como uma prtica educativa de valor preventivo que intervm de forma transdisciplinar, possibilitando a elevao do equilbrio dinmico do processo de ensino/aprendizagem. Enfoca as necessidades afetivas, sociais e cognitivas bsicas que envolvem a relao aluno x aluno, aluno x professor, professor x professor e famlia x escola, propiciando mudanas que levem conquista e ao desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisio de conhecimentos, habilidades e a formao de atitudes e valores ticos essenciais ao pleno exerccio da cidadania. Os objetivos da Terra Firme, muito prximos ao pensamento do psicomotricista francs Andr Lapierre, compreendem: Despertar para o prazer de aprender a aprender; Potencializar aprendizagem; Ampliar a capacidade de comunicao; Prevenir dificuldades relacionais, emocionais, motoras e de aprendizagem; Incentivar a auto-estima e facilitar a socializao; Liberar as tenses e o stress contido nas relaes. a capacidade de criar e recriar situaes de

Fazem parte do pblico alvo: os prprios educadores, alunos e pais de alunos. Estratgias de Desenvolvimento constituem-se atravs de Vivncias Prticas com durao de 5 horas para adultos e de 2 horas no mximo para crianas e jovens (Utilizao do setting (ambiente) e material clssico da Psicomotricidade Relacional). A inteno da escola propiciar que o aluno vena suas dificuldades para, assim, tornar-se livre para aprender (aprendizagem) e para viver (vida). Essa educao prioriza a afirmao de Lapierre em defesa da qualidade do

ser e no do ter.Abaixo, dispomos um quadro comparativo entre a Escola Terra Firme, que implementou em seu currculo a Psicomotricidade Relacional e o ensino tradicional muito caracterstico da maior parte das escolas brasileiras: Quadro Comparativo:7

Escola Terra Firme A escola trabalha em cirandas. Numa ciranda todos os participantes danam uma mesma msica de diferentes formas, cada um do seu jeito, enriquecendo com a diversidade o contedo vivido. Professor um facilitador do processo de aprendizagem do aluno. Parte do princpio que cada um constri sua prpria aprendizagem. Currculo mais flexvel. Anlise constante de contedos

Ensino Tradicional O ensino tradicional trabalha em maratona, onde o objetivo principal alcanar a linha de chegada, premiando e valorizando os vencedores.

Professor o dono do saber e ensina o seu conhecimento.

buscando a qualidade. Integrao entre as disciplinas. Estabelecendo com isto relaes de conhecimento entre as mais diversas disciplinas. A avaliao diagnostica o conhecimento, procedimentos e atitudes. feita de forma contnua e diria atravs dos mais diversos meios de avaliao. Atravs de projetos surgem inmeras possibilidades e seu principal objetivo a interdisciplinaridade. Desenvolvemos pesquisas, levantamento de hipteses, trabalhamos com grupos heterogneos estimulando a cooperao, respeito ao ritmo individual do aluno.

Currculo rgido buscando a quantidade de contedos. As matrias so individuais e no existe relao de conhecimento entre as mesmas. A avaliao do aluno feita em forma de provas ou testes padronizados, semanais ou mensais visando a quantidade de contedos adquiridos.

Trabalhos de pesquisa visando a cpia e memorizao de contedos

Nossa escola lida com o erro de uma maneira construtiva, partindo de um princpio Piagetiano que no fazer e refazer, constri um novo saber. Competio. Nossos alunos so preparados e estimulados para competir consigo mesmo pelo prazer de superar-se desafiando a si mesmo. Orientado pelo professor, o aluno utiliza fontes de pesquisa, literatura, jornais, revistas, reportagens investigativas e livros para criar seu prprio material didtico, criando assim um material bastante diversificado. O ambiente escolar voltado s relaes interpessoais. Trabalhamos em salas ambientes com, no mximo, 20 crianas por turma, onde o objetivo o trabalho em pequenos grupos permitindo a troca de informaes tirando o professor do quadro negro tornando-o um orientador dos grupos. A autonomia vivenciada desde a mais tenra idade, transpondo obstculos criando buscando solues, participando a aprender, de decises, regras, aprendendo relacionando

A correo do erro feita pelo professor, sem a participao do aluno.

O objetivo da competio vencer para superar o outro e ser premiado.

O aluno utiliza apostilas ou livros didticos prontos, inquestionveis e fazem todos ao mesmo tempo a mesma tarefa.

As salas tm uma mdia de 30 a 35 crianas por turma, as carteiras so individuais, voltadas ao quadro negro, onde o professor centraliza o conhecimento.

A autonomia das crianas se restringe ao que o adulto e a instituio permitem.

conhecimentos, assumindo seus erros e acertos encontrando assim o seu prprio poder. Limites: disciplina. Acreditamos que o limite se estabelece atravs do prprio corpo. Seguimos a seguinte premissa:

Os alunos devem cumprir regras pr estabelecidas pelo

Respeito ao prprio corpo, respeito ao corpo do outro e respeito adulto tendo como resultado da transgresso, a aos objetos utilizando-os para seu devido fim. Trabalhando punio, trazendo resultados aparentes. assim a conscientizao da autodisciplina.

Como resultado deste trabalho, a escola Terra Firme conclui que: nosso aluno protagonista da sua prpria histria, com grandes possibilidades de exercer liderana em qualquer funo que venha desempenhar. Assim como a Escola Terra Firme, outras escolas que implementaram a Psicomotricidade Relacional em sua grade curricular, tais como: o o o Colgio Positivo (Curitiba/PR) Escola Terra Firme (Curitiba/PR) Escola Interpares (Curitiba/PR)

o o o o

Casa da Tia La (Fortaleza/CE) Casa de Criana (Fortaleza/CE) Espao Infantil (Fortaleza/CE) Meu Cantinho (Itaja/SC)

Bernard Aucouturier

Aporte: Livro-texto O Mtodo Aucouturier: fantasmas de ao e prtica psicomotora O que ? Aucouturier define a prtica de ajuda psicomotora como uma prtica psicoterpica, que visa a implantao do registro simblico no corpo e nos afetos de prazer, pela via de uma relao interativa entre a criana e o terapeuta. Bernard Aucouturier criou um mtodo prprio de ajuda que designa Prtica Psicomotora Aucouturier (PPA), que atua em trs nveis de ajuda: Prtica Psicomotora Educativa e Preventiva, Prtica de Ajuda Psicomotora individual e Prtica de Ajuda Psicomotora em grupo. Neste trabalho abordaremos o primeiro nvel.

Prtica psicomotora educativa e preventiva uma pratica de acompanhamento das atividades ldicas da criana. considerada como um itinerrio de maturao que favorece a passagem do prazer de agir para o prazer de pensar, assegurando a criana quanto as suas angstias. Por que se faz? Consiste em ajudar a criana a desenvolver sua pulsionalidade motora. Em ajud-la na descoberta e na construo mais completa do objeto, a partir do investimento simblico desse objeto, sem, contudo, infligir-lhe, nem depressa demais, nem muito cedo nosso saber conceitual sobre este objeto. Trata-se de fazer nascer, sem precipitao, mas com preciso, o concebido no expresso da expressividade motora.

Os objetivos da prtica psicomotora educativa e preventiva Favorecer o desenvolvimento da funo simblica; Favorecer os desenvolvimentos, dos processos de asseguramento; Atenuao do rumor das angstias e asseguramento psicolgico; Favorecer o processo de descentrao.

Como se faz? Para Bernard Aucouturier toda proposta educativa deveria em primeiro lugar, levar em conta os problemas afetivos da criana, dar-lhe a possibilidade de exprimi-los em vez de tentar resolv-los. Sendo imprescindvel que o psicomotricista-educador perceba o sentido das mensagens no verbais da criana e que responda a elas da melhor maneira possvel, tanto pela qualidade gestual e emocional tanto pela linguagem. Para Aucouturier a prtica psicomotora requer condies adequadas para que se realize de maneira satisfatria incluindo-se todas as pessoas envolvidas no processo educacional. Com uma equipe educativa que valorize a criana e a tenha como objetivo comum. Na reunio com os pais deve-se explicar com clareza e simplicidade o interesse da prtica para o desenvolvimento de seus filhos, desta forma os mesmos reconheceriam e apoiariam o esforo para o crescimento de seus filhos.

As condies materiaisNeste ponto Bernard Aucouturier, enftico quando diz que uma prtica psicomotora satisfatria exige condies materiais igualmente satisfatrias sob o risco de descaracterizar a prtica. Seguindo este raciocnio, descreveremos o material proposto por Aucouturier para a realizao da prtica psicomotora segundo seus princpios.

A sala de psicomotricidadeA sala de psicomotricidade deve ser um local amplo, especfico e reservado para a prtica, onde as crianas podem evoluir livremente. A sala deve ser limpa, iluminada e atraente.

O material de expressividade motora

Mobilirioo o o o o o o Espaldar; Espelho grande; Quadro; Armrios; Cestas de plstico; Cavaletes de metal; Pranchas.

Material mole

o

Almofadas de espuma, cobertas de tecido colorido, de tamanhos diferentes, cuja referencia bsica de 60 x 40 x 30 cm. Em nmero de duas por criana; Almofadas cilndricas de 60 x 30 cm de dimetro; Colches de espuma com diferentes espessuras, revestidos de tecido colorido, a referncia bsica e de 140 x 100 x 10 ou 20; Tecidos coloridos de todos os tamanhos; Animais de pelcia de pequeno porte, bonecas de pano; Cordas pequenas de algodo; Tubos de espuma plstica de 1 metro; Bolinhas de espuma; A bolsa ( saco de pano de quatro metros de comprimento com uma abertura ampla, contendo outro saco de espuma plstica.

o o

o o o o o o

Material duroo o o o Argolas de borracha; Bastes de madeira; Bacias de todos os tamanhos; Tambores com baquetas.

O material da expressividade grfica e plstica

Mobilirioo o Mesas ovais ou redondas para as crianas desenharem; Banquetas. Folhas de papel branco; Canetas hidrocor; Lpis preto. De madeira envernizada, no colorida, com referncia de 10 x 20 x 2,5 e todos os mltiplos 10x20x2,5 ou os submltiplos 5 x 10 x 2,5; 5 x 5 x 2,5

Material de desenhoo o o

Material de construoo

Sendo este material arrumado em cestas.

A sesso psicomotoraA sesso Psicomotora est estruturada em dois dispositivos principais: o dispositivo espacial e o dispositivo temporal.

O dispositivo espacial refere-se aos dois lugares marcados que regem a sesso. Um para a expressividade motora (mais amplo) e outro para a expressividade grfica, plstica e linguagem. Ambos com seus materiais especficos. O dispositivo Temporal refere-se s fases sucessivas que sero propostas as crianas durante a sesso psicomotora, seguindo um itinerrio de maturao psicolgica que Aucouturier denomina como uma passagem do corpo linguagem. Onde o primeiro momento ser reservado expressividade motora, o segundo a histria e enfim, num terceiro momento expressividade grfica e plstica.

Os contedos das fases sucessivas da sesso

Ritual de entrada

Aucouturier adota um ritual de entrada que tem como objetivo diferenciar este momento educativo, no qual a motricidade privilegiada de outros momentos, ajudando-as a agir em nvel simblico. O ritual, que consiste em acolher cada criana cumprimentando-as pelo nome e convidandoas a entrar na sala (as meninas primeiro), objetiva demonstrar a importncia da perda momentnea de alguns membros do grupo, atravs da nomeao dos ausentes, lembrar-lhes que a sala foi preparada para eles, anunciar as consignais iniciais, o desenvolvimento das atividades, bem como a evocao da sesso anterior retomando algum ponto que tenha sido mais apreciado pelo grupo assim como algo depreciativo.

Expressividade motora

Esta fase da sesso inicia-se com a destruio das paredes construdas previamente pelos psicomotricistas onde as crianas podem viver a destruio sem culpa. Aucouturier lembra que este jogo ocorrer por muitas vezes at que as crianas acertem suas contas com esta atividade, quando o prazer diminuir e a destruio da parede servir apenas para iniciar a sesso. Nesta fase iro aparecer as brincadeiras simblicas de asseguramento profundo, que so brincadeiras universais, isentas de dependncias ou influencias culturais, que servem para adquirir segurana contra angstias. Estas fazem referncia ao medo de perder a me, de ser destrudo, provocando fortes descargas emocionais. So elas: brincadeiras de destruio, de prazer sensrio-motor, de se envelopar, de se esconder, de perseguio, de identificao com o agressor, de encher e esvaziar, reunir e separar...

As brincadeiras simblicas de asseguramento superficial iro aos poucos tomar o lugar das brincadeiras simblicas de asseguramento profundo e consistem em brincar de fingir que. Brincadeiras estas que tem a funo de perpetuar a integridade psquica adquirida ao longo dos primeiros anos e proteger a personalidade contra as angstias.

Histria

Considerada por Aucouturier como uma brincadeira de asseguramento profundo mediada pela linguagem, que contada aps a fase de expressividade motora, sempre no mesmo lugar com cada criana em seu lugar fixo. A historia contada em dois registros. Um primeiro baseado no aumento da angstia, com um valor dramtico agregado narrao a partir de temas como o medo de ser devorado, temas que se referem a angstia de perseguio, de ser destrudo e a angstia da perda da me. O segundo momento baseado no retorno s bases de asseguramento criadoras da segurana emocional. Onde o heri triunfa sob o agressor. Aucouturier diz ainda, que a histria s tem sentido se o heri vencer e sair fortalecido diante da bestialidade ou do erro do agressor.

Expressividade grfica ou plstica

Aps a fase de expressividade motora, as crianas so convidadas a passarem ao local de expressividade grfica e plstica. Estas atividades permitem o acesso a outro nvel de competncia para simbolizar e o acesso descentrao. Aucouturier fala que uma sesso de prtica psicomotora educativa e preventiva que suprimisse este segundo momento, no atingiria os objetivos definidos, nem o itinerrio de maturao psquica previsto para ajudar as crianas a crescer. A escolha entre construir ou desenhar livre. Sendo as construes realizadas no cho e os desenhos sobre a mesa ou um plano elevado. No permitido ao psicomotricista interromper a construo da criana ou a construo coletiva, pois, isto significaria, no primeiro caso, a interrupo da simbolizao da representao de si e de sua historia relacional e no segundo caso, porque o grupo merece viver o prazer de ver a sua obra acabada. Aucouturier lembra ainda que no permitido destruir as construes, apenas desmont-las.

Ritual de sada

Para Aucouturier indispensvel que exista um ritual de sada e a proposta que se faa um agrupamento final, sempre organizado no mesmo local onde as crianas so chamadas uma a uma pelo seu nome e sobrenome e convidadas a voltarem sozinhas para o vestirio, aps receberem um aperto de mo do psicomotricista. Um cumprimento adulto que serve de meio para que elas se reconheam individualmente.

Arrumao do material

Aucouturier prope a arrumao do material na sala aps a sesso como uma forma de reencontrar a realidade, uma forma de ajuda a descentrao. Esta tarefa realizada por grupos de quatro a cinco crianas, que a executam enquanto o restante do grupo se veste. Este grupo alternado a cada sesso. Com quem se faz? proposta s crianas que se encontram no perodo no qual AGIR PENSAR, passando pelo perodo em que PENSAR unicamente PENSAR O AGIR, que se d por volta dos 7 anos. Onde se faz? Inicialmente era realizada com crianas ligadas a instituies sanitrias, porm hoje em dia realizada tambm em mbito educacional em diversos pases como o Brasil, Alemanha e mais nove paises. Segundo Aucouturier (2007), a creche e o maternal so locais privilegiados para a realizao desta pratica, no excluindo as crianas com atraso no desenvolvimento.

Atitude do psicomotricistaPara Bernard Aucouturier, o psicomotricista educacional deve respeitar alguns princpios que o ajudaro na prtica que ele chama linhas de fora. Criar um ambiente tranqilizador necessrio para o desenvolvimento de todas as potencialidades das crianas, das mais limitadas as mais evoludas; Acolher a criana com todo o respeito, como uma pessoa em desenvolvimento, que d o testemunho de uma experincia nica; Compreender a criana pela via de sua expressividade motora; Desenvolver processos de asseguramento atravs do prazer da ao, das brincadeiras e das representaes;

Viver o prazer de estar em relao emptica com a criana; A estas linhas de fora, acrescentam-se algumas palavras-chave: fantasmar, simbolizar, agir, brincar, transformar, conhecer, pensar, comunicar, criar, ser si mesmo.

Onde observar: Espao Nctar - Centro de Prtica Psicomotora Aucouturier CRPJ 05/0587 Rua Baro de Mesquita, n 131 sobrado - Tijuca - Rio de Janeiro, RJ - Tel/fax: 2567-3376 Direo e Responsabilidade Tcnica: Psc. Silvia Carn CRP 05/25393 - CRFa 0622 Suzana Cabral

Aporte: Livro-texto Psicomotricidade Relacional - Prtica Clnica e Escola A autora do livro Psicomotricidade Relacional, Prtica Clnica e Escolar , Suzana Veloso Cabral, formou-se em Psicologia Clnica no ano de 1971, participou de cursos em Belo Horizonte e So Paulo que davam acesso s primeiras experincias em Reeducao Psicomotora no Hospital Henri Roussele, em Paris. Estagiou no Hospital Salptrire, tambm em Paris (1973-74) durante os estudos do Certificado de Capacidade em Reeducao Psicomotora, considera, porm no ter passado por um processo de formao vivencial at a descoberta da Psicomotricidade relacional em 1982. Na clnica e na escola particular seguia os mtodos e tcnicas psicomotoras, com exerccios especficos. Gostaramos de destacar na Parte II _ A Prtica na Escola, Captulo 7 (Relao Pais/Filhos /Escola) ... importante para a criana aprender como se organiza a sociedade e isto feito

de modo vivido, com mais eficcia do que se for apenas verbalizado ou ensinado. A colaborao e respeito que a criana reconhece, na prtica , entre seus pais e sua escola, um modelo de caminhos possveis para ela percorrer no sentido da cidadania...Semelhante aos pais,os educadores, alm das propostas conscientes de educar, tm fantasias e mitos pessoais e institucionais que influenciam em suas atitudes educativas.( p. 56)Ainda no Captulo 7 atravs de novas formas de relacionar-se que se criam vnculos entre

a criana e o adulto, quando este sai de sua posio autoritria e permite ao aluno descobrir

seu prprio poder e afirmar-se , seja no confronto responsvel, seja compartilhando seu espao com o outro.( p. 60)No Captulo 8 (Relao Professor/Aluno) As relaes interpessoais no podem mais ser

postas de lado na escola. No mais possvel dizer ao aluno: esquea de seus conflitos e desejos e venha aprender. Quem tem identidade prpria reconhece os limites do possvel e deseja... A relao professor/aluno no deve se estabelecer segundo o modelo dual, pura repetio me/filho... A reproduo das relaes familiares na escola impede que ela seja viva e criativa. H apenas repetio dos pedidos de afeto, cime e rivalidade entre alunos ou profissionais da equipe escolar. Cria-se oposio s ordens do pai autoritrio e busca-se seduzir a me/tia, pouco capazes de ocupar o lugar e funo que lhes cabe como representante da ordem social. ( p. 61)No Captulo 9 (Educao e Profilaxia na Escola) .. A liberdade do sujeito , ao meu ver,

imprescindvel. Poder saber de seu desejo e realiz-lo dentro das normas do possvel a busca da educao. A a escola abre espao para um novo instituinte. No se encerra na simples repetio do j institudo.No captulo 10 (Psicomotricidade na Realidade Brasileira) A partir dos questionamentos

levantados na minha prtica, uma nova dimenso da psicomotricidade, enfocando o ser humano global, surgiu para mim. J no bastavam exerccios tradicionais. A vivncia espontnea mostrou-se um setting em que surgiam fantasmas primitivos que poderiam ser elaborados na relao simblica corporal e verbal.(p.69)Sobre o surgimento da psicomotricidade declara a autora: A Psicomotricidade surgiu no mbito da Neuropsiquiatria e da Educao, baseada no s no positivismo, mas tambm em uma filosofia racionalista e numa ideologia individualista que estabelecia padres de normalidade e segregava do processo escolar normal um novo tipo de desviante: esse portador de distrbio psicomotor. (p.3). O Brasil influenciado pela viso francesa de desse distrbio v aglomerar-se na escola um grande nmero de portadores, causando ameaa sociedade capitalista exigindo indivduos sos para o trabalho e consumo. Surgem as Clnicas de Reeducao Psicomotoras e as Escolas Especializadas, na tentativa de reverter o quadro, ajustando esses indivduos o convvio escolar e social, e principalmente como fora de trabalho. No incio dos anos 70 o enfoque da Educao Psicomotora foi instrumentalista voltado para o exerccio dos processos cognitivos subjacentes ao aprendizado da leitura e da escrita. A psicomotricidade tornou-se uma matria a mais, sobretudo na pr-escola, perpetuando-se na atitude autoritria do professor. No havia abertura institucional para estabelecer na escola um

espao psicomotor mais livre o espao do desejo, dos sentimentos, e da expresso da criana como um todo. A situao era mais ou menos como se a escola dissesse criana: esquea de voc mesma, de seu corpo, de seus movimentos, de seus sentimentos , utilize s a sua racionalidade e se socialize logo, para vir estudar. A autora se declara seguidora do percurso e teorizao de Andr Lapierre e baseia suas pesquisas nesse autor. O que ? A Psicomotricidade Relacional busca num novo espao instituinte, a expresso da criana

em sua plenitude . Ela recria uma escola em que se d lugar para a vivncia dos aspectos cognitivos, sensoriomotores, construtivos, e expressivos, como tambm para manifestaes do inconsciente, dos conflitos, que permeiam a evoluo da personalidade da criana.(p.68)Por que se faz? A criana que se descobre e afirma, pode se expressar e criar as posibilidades de

compartilhar emoes e de construir algo de modo produtivo. Pode relacionar-se com o grupo, em sociedade, e crescer enquanto indivduo consciente. Tornar-se- um sujeito mais livre e capaz de poesia, no sentido de enfrentar as exigncias do trabalho a que sua vida pulsional e relacional o submete. A criana pode ser capaz de ir alm das surpresas e dos cortes com os quais a vida necessariamente nos obriga a confrontar. Ela pode criar menos estruturas neurotizadas e encontrar a possvel sada de ser feliz na vida, criando e trilhando seu prprio caminhar e seu caminho de sujeito.(p.68)Como se faz?

Atravs do jogo espontneo e simblico, com suas possibilidades de expresso de criatividade e do fantasiar e atravs do jogo corporal expressivo, simblico que corresponde associao livre de idia que traduz o fantasiar da criana cabendo ao psicomotricista promover a conteno do jogo no espao privilegiado para a traduo corporal, mantendo uma ordem asseguradora (limites claros para a ao).(p71)Onde se faz? H um espao de vivncias no qual a criana pode expressar-se e falar de seu mundo, no interjogo das relaes com os colegas e o educador. Tal espao no deve desvincular-se do corpo pedaggico da escola e, para tal, seguido por momentos mais estruturados, em sala de aula, que manteriam uma estreita conexo com o vivenciado.

Assim, seria possvel uma proposta de dois momentos bem delimitados: os momentos livres e os pedaggicos. Momentos livres - Ocorrerem de uma a duas vezes por semana, num espao amplo diferente da sala de aula com uma hora e meia de durao, seguidos por verbalizao e/ou desenhos sobre o vivido, descobrindo-se a um centro de interesse que pudesse ser explorado pedagogicamente na sala de aula. Momentos pedaggicos - Aprendizagem em que a ordem e as regras ligadas s interdies podem ser mais evidenciadas, numa relao de no-autoritarismo, com a colocao dos limites necessrios passagem do momento livre para um espao mais contido buscando a auto-gesto do prprio grupo, com o auxlio do educador. Com quem se faz? Nas clnicas de reeducao, nas escolas regulares e especiais. Nas escolas especiais varia com a necessidade de cada aluno e nas escolas regulares seria para a preveno ou para sanar dificuldades de aprendizagem. Concluses O livre desenvolvimento de cada um condio para o livre desenvolvimento de todos. Karl Marx Sobre a escola que temos para a escola que queremos Em nossa sociedade letrada o que confere status ao sujeito sua qualidade de argumentao, reflexo sobre o que l aqui inseridas e aglutinadas a leitura da palavra escrita e a leitura de mundo e a forma como o mesmo se comporta, como age; tudo isso, claro, a partir da maneira como adquiriu conhecimentos j comprovados atravs de respaldo terico. Nesse sentido, h equivocadamente um acordo tcito, porque no-consciente, entre ns de que o melhor espao para o desenvolvimento dessas qualidades pelo sujeito o ambiente escolar. Mas a escola, principalmente a pblica, tem sido apenas um depsito de crianas ora bagunceiras, ora arredias. E o professor, muitas vezes distante das teorias pedaggicas discutidas na academia, no consegue lidar com os excessos de barulho, de agressividade, de "carncias" dos pequenos seres, vistos por ele como "ausentes de luz", como sugere a origem latina do termo aluno.

Assim, o docente acaba reproduzindo as prticas e fenmenos sociais os quais legitimam o poder da classe dominante corrobora com o machismo, o racismo, o elitismo... Sim, infelizmente, essa a escola que temos: escola que vigia e castiga, que tolhe a criatividade da criana. Escola que, por ser uma instituio social, carrega em si a misso de atender aos ditames da competitividade, do individualismo, enfim, demandas do sistema capitalista. Nesse contexto degradante fica muito difcil pensar uma outra alternativa pedaggica que veja a criana como um sujeito global, inacabado e dotado de potencialidades que precisam ser despertadas, um "sujeito de direitos", defendido pelo exmio pensador da educao brasileira: Paulo Freire. A escola est muito longe de ser um ambiente harmonioso, no-invasivo e respeitoso para com a criana, para com a maneira como ela se movimenta e demonstra seus prazeres e Lapierre e Aucouturier relatam com muita propriedade essa questo nefasta. Logo no incio do livro A Simbologia do Movimento: Psicomotricidade e Educao os autores so enfticos: em ambiente escolar, a criana tolhida, uma vez que so tolhidas suas "possibilidades sobre o (seu) modo de ser". Exatamente, por isso, eles se distanciam da escola tradicional, da maneira como essa escola lida com a transmisso do saber e da sua desacertada nfase ao intelectualismo. Na escola, o sentido de educao deveras deturpado: ao invs de ser o "desenvolvimento das potencialidades prprias da criana" (p.14), tal como concebem os autores em questo, a criana precocemente "intelectualizada" (p.46), alm de ser alvo de julgamentos do adulto. Nesse contexto, so a punio e a recompensa atos dos adultos reveladores de que as concepes de uma educao calcada na teoria behaviorista est ainda, e infelizmente, muito viva. Por essa razo, a educao psicomotora, quando h, meramente uma interveno isolada do contexto pedaggico da classe (p.14) e/ou uma psicomotricidade mecanicista, instrumentalizada, que no possibilita vazo, expurgao de sentimentos e a livre expresso por parte dos alunos. At mesmo as inmeras teorias psicopedaggias existentes no so postas em prtica na escola; as idias fantsticas permanecem apenas, e infelizmente, no plano das idias. Em contrapartida acreditamos que so as idias, as teorias que admitem a nossa prtica como justificvel e vice-versa. E por essa razo, defendemos a unidade teoria/prtica. Sobre a psicomotricidade na escola

Procuramos, com o presente artigo, apresentar as contribuies de autores psicomotricistas no mbito da educao escolar, sobretudo no ensino fundamental. Nosso objetivo principal foi abordar as prticas psicomotoras utilizadas como auxiliadoras no processo de desenvolvimento da aprendizagem da criana. Aprendizagem que ocorre atravs do trip afetividade, cognio e

motricidade.Como vimos ao longo dos nossos estudos com o curso da UERJ, muito bem evidenciado pelos professores Martha Lovisaro e Eduardo Costa, a Psicomotricidade uma prtica corporal possuidora de singularidades, sendo imprescindvel viv-la. Por conta disso, o movimento, que precede a fala, deve ser realizado com propsito, determinao, e ateno. Nesse sentido, todo professor que deseja trabalhar com a Psicomotricidade, sobretudo a de base relacional, deve estar disponvel para experimentar o mundo e conhecer a si mesmo, pois somente poder auxiliar o outro na busca de autoconhecimento se possuir confiana em si mesmo. Para desenvolver um trabalho srio, o professor deve possuir conhecimento das bases psicomotoras e do vocabulrio especfico da Psicomotricidade. Sem dvida, esse conhecimento permitir uma atuao benfica desse profissional no que concerne o desenvolvimento da aprendizagem de seus discentes. Aprendizagem de um sujeito constitudo pelas dimenses afetiva, cognitiva, fsica. Cientes de que a interveno pedaggica do professor pode progredir, ir alm, atravs do auxlio da Psicomotricidade, optamos por pesquisar sobre a Psicomotricidade no Ensino Fundamental. Por essa razo, no que tange Psicomotricidade, nos apropriamos das idias de Lapierre, Aucouturier, Suzana Veloso Cabral e Jean Le Boulch; e no que concerne Educao propriamente dita, recorremos ao pensamento do renomado educador brasileiro Dermeval Saviani e sua defesa Pedagogia Histrico-Crtica. Acreditamos que respondemos as cinco perguntas propostas por este artigo, a saber: 1. O

que ?, 2. Por que se faz?, 3. Como se faz?, 4. Onde se faz? e 5. Com quem se faz a Psicomotricidade no Ensino Fundamental? Evidentemente, as idias defendidas pelos autoressupracitados foram fundamentais. Lapierre e Aucouturier atravs de suas experincias baseiam-se em uma Pedagogia que evidencia o respeito e a descoberta. Priorizando a vida em grupo, dizem que as qualidades essenciais dessa abordagem pedaggica so a disponibilidade, o respeito e aceitao. Nesse sentido, a pessoa, concebida em sua integralidade, ter o seu processo de evoluo atravs das

etapas da evoluo do movimento vistas no plano simblico do movimento vivenciado e nonum plano neuro-motor ou cognitivo. A Simbologia do Movimento, de Lapierre e Aucouturier,

busca valorizar o simbolismo do gesto, sua significao primitiva e expe o carter da prtica

psicomotora ser ela mesma uma forma de simbolizao.Sobre a Psicomotricidade Relacional, expusemos o exemplo da Escola Terra Firme, localizada em Curitiba, no estado do Paran, seus respectivos objetivos educacionais, pblico alvo e estratgias de desenvolvimento. Segundo informaes contidas no site oficial do Centro

Internacional de Anlise Relacional, o CIAR, a escola Terra Firme a pioneira no Brasil notrabalho da Psicomotricidade Relacional, a nvel curricular de berrio oitava srie. H 15 anos a escola desenvolve estudos da Psicomotricidade Relacional em vivncias semanais e quinzenais com os alunos, e bimestrais com os professores. Seus professores participam de vivncias corporais em Psicomotricidade Relacional no CIAR. Este fato, segundo a prpria escola, garante instituio um professor mais disponvel, mais resolvido em suas relaes e principalmente

um professor que se comunica pelo olhar, pelo gesto, pelo toque e pelo desejo de perceber o aluno. Este vivencia semanalmente um jogo simblico onde trabalha em nvel pedaggico, suas angustias e desejos torna-se uma criana mais saudvel e com maior disponibilidade para aprender.Assim como a Terra Firme, as escolas Colgio Positivo (Curitiba/PR); Escola Interpares (Curitiba/PR); Casa da Tia La (Fortaleza/CE); Casa de Criana (Fortaleza/CE); Espao Infantil (Fortaleza/CE) e Meu Cantinho (Itaja/SC) implementaram a Psicomotricidade Relacional em sua grade curricular. A parcialidade nos exorta a mencionar que h no Brasil um nmero ainda que nfimo de escolas cujas intervenes e procedimentos so de base psicomotora. Tais instituies acabam por atender s demandas da classe dominante. Na obra de Suzana Veloso Cabral, destacamos a prtica na escola. O espao escolar propicia a criana aprender de forma vivida, ou seja, experienciada como a sociedade se organiza atravs das relaes entre os sujeitos. As formas de relao criam, segundo a autora, importantes vnculos entre o adulto e a criana precisamente quando o adulto sai da posio autoritria e, concomitantemente, permite ao aluno a posio de descobridor de seu poder. Assim, a criana afirma-se seja no confronto responsvel, seja compartilhando seu espao com

o outro. A autora evidencia as relaes interpessoais que ocorrem no interior da escola ediscursa em defesa de uma educao que trate como imprescindvel a liberdade do sujeito. Desde modo, a escola pode abrir espao para um novo instituinte e no meramente reproduzir e se encerrar na simples repetio do j institudo . Suzana Cabral se declara seguidora de Andr Lapierre e baseia sua pesquisa no psicomotricista francs. Ela tece crticas pertinentes maneira como utilizaram a psicomotricidade: como uma forma de estabelecer padres de

normalidade e segregar do processo escolar normal os portadores de distrbio psicomotor. Oprprio surgimento das Clnicas de Reeducao Psicomotoras e as Escolas Especializadas, de acordo com Cabral, foram uma tentativa de reverter o quadro que ameaava sociedade

capitalista, a qual exigia/exige indivduos sos para o trabalho e para o consumo, e pretendiam ajustar esses indivduos com distrbios psicomotores para o convvio escolar e social, eprincipalmente como fora de trabalho. Bernard Aucouturier divide a prtica psicomotora em Prtica de Ajuda Psicomotora e Prtica

Psicomotora Educativa e Preventiva. A primeira psicoterpica: visa a implantao do registrosimblico no corpo e nos afetos de prazer, pela via interativa entre a criana e o terapeuta. A segunda compreende acompanhamento das atividades ldicas da criana e favorece a passagem do prazer de agir para o prazer de pensar, o que assegura a criana quanto s suas angstias. Jean Le Boulch discorre sobre a totalidade psicofsica do homem entendendo que a psicomotricidade uma cincia, cujo objeto de estudo so as condutas motoras do sujeito. Este expressa suas aes e movimentos de forma harmoniosa, utilizando o seu corpo quando o descobre atravs de uma relao com o mundo interno e externo e a sua capacidade de movimento e ao. Para Pierre Vayer, no existe nenhum mtodo definitivo de Educao Psicomotora. Tem que haver uma evoluo em direo a uma concepo global de educao, que deve proporcionar criana os meios de desenvolver ao mximo suas possibilidades como os meios de sua independizao. Esta modalidade educativa global, que integra a educao do EGO corporal, necessria a toda criana, comporta: mltiplas atividades que conduzem ao reconhecimento e organizao de si, cada uma em seqncia, seguindo etapas sucessivas; educao do esquema corporal; o uso da linguagem corporal, que a base de todas as linguagens; tem que haver integrao dos conhecimentos; relao estrutural dos trs componentes da personalidade (ao, pensamento e linguagem); participao da criana na definio do projeto; o relaxamento muscular que a base da educao da imagem do corpo e a regulao da funo tnica; no esquecendo de que o corpo a referncia permanente e que em toda situao existe sempre a criana, o mundo dos objetos e o mundo dos outros e de que a evoluo so os resultados constantes da interao deste trs dados. Cada autor utilizado na constituio deste artigo possui suas caractersticas prprias a respeito do espao destinado prtica de educao psicomotora no ensino fundamental. Para alguns, a aplicao pode ocorrer na escola, em uma quadra poliesportiva, no campo ou em outro espao que permita tal prtica. Para outros, mais rigorosos, o ambiente deve ser especfico, harmonioso, aconchegante, com um nmero limitado de variedades de objetos, as crianas (e os adultos) devem ser preservadas ao olhar sentenciador de algum. Sem dvida, o profissional mais adequado para aplicar a prtica psicomotora o psicomotricista, embora seja o professor de Educao Fsica ou outros profissionais da educao, tal como o professor das

sries iniciais do ensino fundamental e da educao infantil, os que mais utilizam a psicomotricidade na escola (principalmente na escola pblica). Com o intuito de acrescentar o debate este artigo exps as idias do professor Dr. Fernando Miguel Palmerim Athayde, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro UFRRJ. Que entre outras coisas, fala da importncia da Psicomotricidade na escola; sobre a Psicomotricidade como ferramenta para o professor de Educao Fsica; e tece crticas abordagem relacional. Segundo ele, a psicomotricidade anterior a qualquer conceito, uma das mais ricas

expresses da condio humana: cresceu e se desenvolveu juntamente com o homem a partir do confronto entre a natureza e a cultura, at atingir a maioridade no curso da histria da humanizao do homem.8Essa viso diferente acerca da Psicomotricidade mesmo que contestada, refutada acreditamos ser til construo de conhecimento de todos os que de uma forma ou de outra admitem a relevncia da Psicomotricidade. Notas1. 2.Pensar sempre atrelado ao agir. Seria uma grande contradio a existncia de uma psicomotricidade relacional dentro de um ambiente escolar tradicional, mesmo porque este impossibilita o que Lapierre e Aucouturier chamam de "expresso verdadeira da criana", momento no qual a vida no seja mais controlada, vigiada.

3.

Por outro lado, vimos que h no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, um nmero ainda que nfimo de escolas cujas intervenes e procedimentos so de base psicomotora. Instituies que atendem, evidentemente, s demandas da classe dominante.

4. 5. 6. 7. 8.

Provavelmente os autores falam mais precisamente do contexto escolar francs. Contudo o impasse referido, a problemtica relatada, se assemelham ao contexto brasileiro atual. LOVISARO, Martha. Aula 14: Elementos da teoria psicomotora. (S/d) Site: http://www.ciar.com.br Fonte: CIAR Centro Internacional de Anlise Relacional. In: Site: http://www.ciar.com.br/serv/prcriancas.htm ATHAYDE, Fernando Miguel Palmeirim de Azevedo . Cultura fsica, mitologia grega e motricidade humana. In: Jos Ricardo Ramos. (Org.). Novas Perspectivas no Ensino de Educao Fsica Escolar. 01 ed. Rio de Janeiro: Belarmino de Matos, 1998.

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