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58 v 23 DE SETEMBRO DE 2010 v Economia Vinha, olival, cerejas e mirtilo – as histórias de sucesso de quem não abandonou o campo e venceu num dos setores mais deprimidos da economia nacional POR PAULO CHITAS TEXTO E MARCOS BORGA FOTOS A agricultura que dá certo CARLOS MENDES, 50 ANOS Proprietário de 110 hectares de cerejal biológico no Fundão e na Covilhã, que monitoriza a partir do telemóvel

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58 v 23 DE SETEMBRO DE 2010

v

Economia

Vinha, olival, cerejas e mirtilo – as histórias de sucesso de quem não abandonou o campo e venceu num dos

setores mais deprimidos da economia nacionalPOR PAULO CHITAS TEXTO E MARCOS BORGA FOTOS

A agricultura que dá certo

CARLOS MENDES, 50 ANOSProprietário de 110 hectares de cerejal biológico no Fundão e na Covilhã, que monitoriza a partir do telemóvel

23 DE SETEMBRO DE 2010 v 59

LEONOR FREITAS, 57 ANOSA partir de um legado de 60 hectares revolucionou a produção vinícola em Palmela

60 v 23 DE SETEMBRO DE 2010

É o patinho feio da econo-mia nacional, que é o pa-tinho feio da economia europeia. A agricultura é dos setores menos atra-tivos, em Portugal. Por-que paga mal: os traba-

lhadores por conta de outrem ganhavam 714 euros mensais, em 2008, segundo os dados da Pordata, cerca de menos 30% do que o ganho médio nacional. Porque é al-tamente deficitário: quando se analisam as trocas com o exterior, as exportações de produtos alimentares não transforma-dos cobrem apenas 33% das importações, segundo o mais recente relatório do Insti-tuto Nacional de Estatística, referente ao período entre maio e julho de 2010. Além disso, está envelhecido: a idade média dos agricultores passou de 62 para 63 anos, entre 2004 e 2007. E abandonado: só 70% da área de 1968 era cultivada em 2007. Às queixas por causa dos atrasos na distri-buição dos fundos europeus, os agricul-tores juntam muitas outras: a descapitali-zação, a falta de conhecimento científico nacional sobre as culturas, a concorrên-cia internacional, a falta de incentivos ao arrendamento agrícola... Mas, no campo, há quem lute – e vença.

Vinho A ‘Ferreirinha’ de PalmelaHá 15 anos, pegou em 60 hectares de vinha dos pais e transformou a casa Ermelinda Freitas numa referência vinícola internacional

Faltam uns minutos para o meio-dia e duas dezenas de trabalhadores rurais abando-nam a vindima que iniciaram às oito da ma-nhã. Estas vinhas da espécie castelão têm cerca de dez anos, foram idealizadas para uma colheita mecanizada mas mal planea-das. Por isso, exigem a apanha manual, sob o inclemente sol da península de Setúbal, mais cara e menos eficaz do que a realizada

com a máquina que, a cerca de três quiló-metros, rapa as videiras num ápice. Mas Leonor Freitas manteve-as: são um teste-munho da sua vontade de fazer diferente, de modernizar a exploração herdada dos seus pais e um falhanço que ilumina me-lhor os sucessos dos últimos 15 anos.

Para esta licenciada em Serviço Social que, aos 40 anos, se tornou viticultora, a

BAGA AZUL Há 16 anos, os produtores de Sever do Vouga (como Custódio Borges, em cima, e Acácio Rodrigues, à direita) converteram-se ao mirtilo. A Mirtilusa (dirigida por Reinaldo Barnabé, à direita, em cima) escoa-lhes a produção e fornece as plantas (à esquerda, Teresa Dias, responsável pelo viveiro)

AGRICULTURA ECONOMIA

Local Marateca e Poceirão (Palmela)

Nome Casa Ermelinda Freitas

Gerente Leonor Freitas

Produção 4 milhões de litros de vinho de mesa, espumante e moscatel

Área 210 hectares próprios e 20 arrendados

Funcionários cerca de 50, na vinha e na adega

SEVERDO VOUGA

FERREIRA DO ALENTEJO

FUNDÃO

PALMELA

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Na última década e meia, mais e mais agricultores têm reconvertido os terrenos para receber os pomares de vaccinium corymbosum, que produz uma baga conhecida pelo seu poder antioxidante, pelas vantagens para o aparelho circulatório e pelos benefícios para a visão

62 v 23 DE SETEMBRO DE 2010

morte do pai, proprietário e gerente da casa agrícola, provocou uma revolução. «O meu grande dilema foi decidir se vendia ou não as terras. Mas pensei que os meus pais nunca me perdoariam se vendesse, por causa do esforço que sempre fizeram para as manter», diz, sentada na sala de reuniões da sede da casa agrícola, de frente para a cristaleira onde guarda os mais de 80 tro-féus conquistados em concursos vinícolas internacionais. Durante a primeira década de trabalho na agricultura, manteve o em-prego como assistente social na Adminis-tração Regional de Saúde de Setúbal mas, há sete anos, deixou de vez a função públi-ca. «Já não aguentava os dois trabalhos e queria dedicar-me por inteiro ao vinho.»

Embora o legado familiar assumido em 1994 fosse generoso – «o meu pai já produ-zia cerca de um milhão de litros de vinho» –, Leonor reinventou-o e tornou-o mais ren-tável. No final do século, lançou a primeira marca própria, a Terras do Pó, que teve um excelente acolhimento por parte dos críti-cos (Medalha de Ouro, em Bordéus, para o tinto de 2001). Em 2002, um dos seus prin-cipais clientes desistiu de lhe comprar vi-nho a granel, que, então, continuava a ser o seu principal canal de escoamento. Com a maior parte da venda do vinho comprome-tida, passou a embalá-lo no sistema de bag-in-box. «Ultrapassou tudo. O vinho que usei era excelente, comparado com a qua-lidade média dos concorrentes. Uma rede de pequenos revendedores tornaram-se meus clientes, distribuindo a bag-in-box pelos restaurantes», explica.

NOVAS CASTAS, MAIS PRODUÇÃOO sistema bag-in-box permitiu cimentar a estratégia de só produzir marcas próprias. Enquanto, na adega, se realizava esta re-forma, no campo prosseguiam outras. Nas vinhas das freguesias de Marateca (que inclui o lugar de Fernando Pó, sede da em-presa) e do Poceirão, produziam-se quase só as tradicionais castas Castelão e Fernão Pires. Mas Leonor introduziu novas espé-cies, como a Cabernet Sauvignon, Syrah, Alicante Bouschet, Chardonnay – varieda-des de origem francesa, bem adaptadas aos solos arenosos do concelho de Palmela, e com créditos firmados no mercado viní-cola internacional. Com o apoio de fundos comunitários – que para esta cultura po-dem assegurar quase 60% do investimen-to – começou a reconverter o seu «jardim de vinhas».

A introdução de novas castas permitiu-

Ermelinda Freitas – Syrah (de 2005) ga-nhou a medalha de ouro no concurso pari-siense Vinalies Internationales, criando um novo furor em torno dos seus vinhos.

Como os 60 hectares legados pela famí-lia eram insuficientes, Leonor ampliou o espólio. Hoje, as vinhas próprias ocupam 210 hectares e a viticultora mantém mais 20 hectares arrendados, por 25 anos. Em-

-lhe, na adega, começar a produzir outros tipos de vinhos, mais complexos e sofis-ticados, sob a batuta de Jaime Quendera, o enólogo da Casa Ermelinda Freitas. As medalhas sucederam-se – os seus vinhos conquistaram mais de uma centena de medalhas em concursos internacionais, das quais cerca de 40 são de ouro e outras 40 de prata. Em 2008, a monocasta Casa

AGRICULTURA ECONOMIA

LUÍS FOLQUE, 50 ANOS O administrador da Sovena deu luz verde ao projeto de criar de raiz o maior olival do mundo. O azeite produzido a partir dos 10 mil hectares localizados no Alentejo, Marrocos e Espanha será comercializado pela própria empresa, a segunda do setor do azeite à escala global

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A peça principal do puzzle de 10 mil hectares de olival do grupo Sovena encontra-se em Ferreira do Alentejo, onde a empresa está a construir um lagar, desenhado pelo arquiteto Ricardo Bak Gordon

prega, em permanência, cerca de 50 pesso-as, oito das quais são licenciadas. A produ-ção foi multiplicada por quatro – cerca de 4 milhões de litros de vinho anuais – e a adega recebe quase 5 mil toneladas de uvas, 70% proveniente de vinhas próprias.

Aos vinhos de mesa, juntou a produção de moscatel e, há um ano, concluiu um novo centro de vinificação. Como a Fer-reirinha que, na segunda metade do século XIX, reinventou a produção vinícola no Douro, agora é Leonor que dá cartas nas vinhas poeirentas de Palmela.

AzeiteOliveiras em massaO Grupo Sovena cria olival em 10 mil hectares de exploração intensiva

Criar o maior olival do mundo não é fácil e exige músculo financeiro. Para o fazer, a Sovena, principal empresa do universo Nutrinvest (a holding da família Jorge de Mello) deu um passo de gigante em 2009, ao adquirir, com a empresa de capital de risco Atitlan Alpha, 5 200 hectares de oli-val. O grupo português do setor alimen-tar que já investiu 200 milhões de euros na produção de azeite ficou, assim, com a exploração de 9 700 hectares de olival

Produtor Sovena (Nutrinvest)

Local Alentejo, Marrocos e Espanha

Produção 16 mil toneladas de azeite (estimativa para os pomares em velocidade de cruzeiro)

Área 9 700 hectares

Investimento 200 milhões de euros

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– espalhados por 57 herdades, organizadas em sete polos, em Portugal, Espanha e Marrocos. A peça principal deste puzzle en-contra-se em Ferreira do Alentejo, no perímetro de rega da barragem de Odivelas, onde a empresa está a construir um lagar, desenhado pelo arquiteto Ricardo Bak Gor-don. Mas não parece olival – pare-ce uma vinha que produz azeite.

«Os pomares tiveram uma grande transformação nos últi-mos anos», explica Luís Folque, 50 anos, o administrador da So-vena responsável pela compra de azeite no mercado internacional e pela produção. Ao seu lado, está a testemunha: filas de oliveiras da espécie arbequina. As árvo-res, de porte modesto, entram em produção passados três anos e atingem o auge no quinto. Um sistema de rega e de fertilização gota a gota assegura que este la-birinto vegetal receba a água e os nutrientes necessários para as-segurar cerca de 12 toneladas por ano, 12 vezes mais do que produz um olival tradicional de sequei-ro. Como as árvores estão alinha-das e mantêm uma altura mais ou menos constante, a colheita é mecanizada – máquinas em for-ma de arco «vindimam» o olival, passando por cima das árvores, abanando os ramos e libertando-os da azeitona. Com este sistema, -os custos diminuem e a apanha é mais rápida, pois a máquina consegue despachar cinco hectares por dia.

«Para nós foi mais fácil dar este passo, porque já éramos uma grande empresa embaladora e comercializadora de azei-te», explica Luís Folque. Assim, as cerca de 16 mil toneladas que a Sovena planeia produzir têm destino assegurado e cons-tituirão menos de 10% do volume que co-mercializa – 180 mil toneladas de azeite, em 2009, o que lhe confere o lugar de se-gunda empresa do mundo no setor.

«Para um grupo da nossa dimensão, era importante termos produção própria, podermos experimentar e fazer azeites especiais, monovarietais e de produção específica», justifica Luís Folque. A Sove-na detém a marca Oliveira da Serra, líder do mercado nacional, e vende para mais de 70 países.

«Esta planta cria vícios na gente», assegura Custódio Borges, na inclinada parcela de 1 500 metros, ao lado da sua casa. Há dois anos, o ex-comer-ciante de bebidas, hoje com 74 anos, completou o pomar de mirtilos, limpando uma par-cela de eucaliptal – agora tem cerca de meio hectare dedi-cado à produção da baga azul, que chegou a Sever do Vouga há 16 anos.

Numa zona onde a micro-propriedade predomina – há parcelas de terrenos agrícolas de 400 m2 –, o mirtilo foi intro-duzido por sugestão da Funda-ção Lockorn, como modo de aumentar o rendimento dos agricultores. Os técnicos da fundação holandesa avaliaram os terrenos ácidos da serra, as temperaturas de inverno e a disponibilidade de água. Vere-dicto? A zona era ótima para a introdução destes pomares, que podiam produzir em ju-nho, altura em que ainda não há frutos disponíveis no Norte da Europa, principal mercado consumidor. Com preços no consumidor da ordem dos 30 euros por quilo, era evidente-mente uma melhor opção do que as tradicionais searas de milho da região...

Na última década e meia, mais e mais agricultores têm

reconvertido os terrenos para receber os pomares de vaccinium corymbosum, que produz uma baga conhecida pelo seu po-der antioxidante, pelas vantagens para o aparelho circulatório e pelos benefícios para a visão. «Este ano, recebemos frutos de 91 produtores, que exploram 25 hecta-res e produziram 65 toneladas», explica Reinaldo Barnabé, gerente da Mirtilusa, a empresa que assegura o escoamento da produção do fruto fresco, com o qual faz chá (a partir das folhas) e licor. Além dis-so, tem um viveiro de diferentes espécies de mirtilo.

Com um custo de instalação dos poma-res estimado em 50 mil euros por hectare, a produção exige um investimento eleva-do mas recompensa, quando os arbustos começam a produzir, ao terceiro ano de desenvolvimento da planta. A preparação

Frutos silvestresO milagre do mirtiloA reconversão de Sever do Vouga à produ-ção de bagas revolucionou a região e salvou o microfúndio familiar

PALMELA Mais de 100 pessoas participam na vindima, entrega e produção dos vinhos da Casa Ermelinda Freitas

AGRICULTURA ECONOMIA

Setor Frutícola

Local Sever do Vouga

Produção 65 toneladas

Área 25 hectares próprios e 20 arrendados

Investimento 50 mil euros por hectare

Produtividade até dez toneladas por hectare

Preço do fruto (no produtor) acima dos quatro euros/quilo

SEVERDO VOUGA

FERREIRA DO ALENTEJO

FUNDÃO

PALMELA

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do terreno, as exigências nutricionais e a colheita – manual, baga a baga, direta-mente para embalagens de 125 gramas – justificam os elevados custos de insta-lação e exploração, mas as dez toneladas por hectare que os pomares podem pro-duzir em velocidade de cruzeiro recom-pensam os agricultores. Por isso, há dez anos, Acácio Rodrigues, 68 anos, decidiu copiar os vizinhos, reconvertendo uma courela ao fruto azul, que explora com a ajuda da mulher e da filha. «Exige um bo-cado de trabalho mas dá muito mais do que o milho», garante.

CerejaO ouro vermelho da GardunhaNo Fundão, a reconversão dos pomares a espécies mais produtivas está em marcha acelerada

É preciso galgar um terreno pedregoso e inclinado para se chegar ao socalco, vira-do a norte, onde Filipe Costa replantou, há cinco anos, um pomar de cerejas, em terrenos da sua avó. As árvores da espé-cie lapins estão alinhadas a 1,5 metros de distância umas das outras e são contidas por estruturas de arame. «É um tipo de produção conhecida por eixo revestido ou muro frutal», esclarece Filipe, 30 anos, engenheiro agrónomo. E bem diferente

escoa para Inglaterra, Alemanha e Suíça. «Mas já não é como em 2005, quando ven-dia a cereja em Lisboa, a 2,5 euros o quilo, com custos na ordem dos dez cêntimos – nessa altura, no fim da colheita, púnha-mos dinheiro no banco», assegura.

Com pomares instalados em patamares talhados a laser, seguindo as curvas de ní-vel do terreno, os 110 hectares são monito-rizados através de chips colocados nas filas de árvores. No telemóvel, Carlos pode re-ceber informação sobre a quantidade de água disponível no pomar, os tratamentos realizados, a produtividade das árvores e até dos trabalhadores que ali efetuaram a poda ou a colheita.

Luís Martins, 54 anos, presidente da junta de freguesia de Alcongosta e pro-prietário da empresa Sabores da Gardu-nha (fabricante de compotas e licores) lamenta que o Estado tenha abandonado o campo experimental situado na fre-guesia, onde se testavam diferentes por-ta-enxertos e variedades de cereja. Mas, mesmo assim, reconhece que a cereja, ali produzida há 120 anos, tem gerado ren-dimentos que permitem aos agricultores expandirem-se. «Toda a gente está re-converter os pomares, nos 360 hectares da freguesia dedicados à produção. Por isso, a Gardunha continua a tingir-se de vermelho – da cereja.

da maioria dos pomares que se estendem pelas encostas da freguesia de Alcongos-ta (Fundão), conhecida como a Terra das Cerejas – árvores de copa maior, de porte altivo e, por isso, a distâncias superiores entre si. «Os pomares tradicionais têm uma produtividade baixa, inferior a cinco toneladas por hectare. Com este sistema, pode atingir-se as 15 toneladas», explica Filipe.

O engenheiro agrónomo, que estudou o setor planeando vir a cuidar das terras da família, é, neste momento, o coorde-nador técnico da Cerfundão, empresa que embala e comercializa cereja da Cova da Beira, a região encravada entre as serras da Estrela e da Gardunha e a campina de Idanha-a-Nova. Na unidade, situada no parque industrial da cidade, podem pro-cessar-se cerca de mil toneladas de cereja – com arrefecimento, triagem e emba-lamento do fruto – mas, em 2010, foram tratadas apenas 192 toneladas. «Foi um ano mau, por causa das chuvas tardias de primavera, a produção ficou muito aquém das 6 mil toneladas normais na região.»

Mas já morreram muitas andorinhas e a primavera não acabou. «É uma produção interessante, com um retorno interessan-te», reconhece Carlos Mendes, proprietá-rio de 110 hectares de pomares biológicos, no Fundão e na Covilhã, cuja produção

FILIPE COSTA, 30 ANOS O engenheiro agrónomo modernizou os pomares da família, em Alcongosta (Fundão) e é o responsável técnico da empresa Cerfundão, que embala e comercializa cereja da Cova da Beira

‘Os pomares tradicionais têm uma produtividade baixa, inferior a cinco toneladas por hectare. Com este sistema, pode atingir-se as 15 toneladas’ Filipe Costa, engenheiro agrónomo

AGRICULTURA ECONOMIA

Setor Frutícola

Local Cova da Beira

Produção 6 mil toneladas de cereja (valores médios anuais)

Área 360 hectares

Investimento 20 mil euros por hectare, em pomares de regime intensivo

Retorno do investimento sete anos

SEVERDO VOUGA

FERREIRA DO ALENTEJO

FUNDÃO

PALMELA