978856524240-0- menino descalço-miolo-web
DESCRIPTION
ÂTRANSCRIPT
SumárioRenascer 9O querer nascer 10Assim 11O carvalho 12Existência 13Parei 14Pai 15Rios urbanos 16Onde estão os amigos? 17Espaço 18Cortaram 19Crer 20Semente 21Mãos 22Na central 23Meio fio 24Frases jogadas 25Um mendigo 26Domingo 27Café sem açúcar 28Dia chuvoso 29Onde está o teu sorriso? 30Momento 31O verão se anuncia 32Vaga o sol 33Papelão 34Vultos 35Céu 36
No alto da serra 37Madrugada 38Eternidade 39Porta 40Insensatez 41Ouvindo trovões 42O céu cinzento 43Em meus pensamentos 44Transparente 45Quando 46Exista 47Luto 48Ilusões 49Meu barco 51Na beira da estrada 52Frustração 53Automóveis 54Menino 56O fruto 57Encharcado 58Cavalo velho 59O vento balança 60O mar 62Menino descalço 63Sentimentos 64O sonho 65Mudança 66O amor alcança 67A vida palpita 68O impossível é possível! 70Estou, não sou! 71
A natureza aflora 73As ruas 74Na calçada 75É jazz, é blues! 76Medo 77Nasceu mais um dia 78Menina 79Gostaria 80Essência 81Falta uma peça no quebra-cabeça 83Nuvens 85Nunca se esqueça 86Meus dedos tateiam 87Coisas de menino 88Fatigado 89Despojar-me 90Busca 91Lá no pé daquela serra 92No vagão da noite 93Casas sem reboco 94Os passantes passam 96E por que não dizer esperança? 97O oceano das palavras 99O que fizeste com o amor? 100As calçadas têm pegadas 101Engarrafamento 102Silêncio 103O ar fresco da manhã desliza 104Tu tens um brilho no olhar 105Por mais que se escreva 106Correnteza 107
E assim se vive 108Dizeres que vem 110Move-se o ônibus 111Umbuzeiro 112O tanque 113O dia amanhece cinzento de nuvens 114Sede da terra 115O carro buzina 123Por fé 124Estórias tolas 125Partir 130Baía da guanabara 131Quando a noite cai 132Mulher lavadeira 133Para quem sonha e vive 134Ponto com ponto br 136Vapores 137Não é meu pensamento 138Metáforas e metáforas! 139Acalanto 140A carne é dura? 141Cinzas 143O que seria do mundo sem a música? 144Abstrair 146Do progresso 148Desrazão 150Versos vividos 152A felicidade 153Sentimento 155Alçapão 157Partícula de Deus 158
Burocracia quem é que te faz? 159Sombra 160Chove na noite de inverno 161Sementes geram novas sementes 162Não acho que 163a vida seja obra do acaso 163Há um muro 165Um rastro de luz cruzou o céu 167Passageiro 168Solidão é um gigante 169Céu nublado 170A manhã 171Cada um 173Surgiu no horizonte 174Velas e bielas 175Olhei na rua ao meu redor 176Do crescimento 177Dentro de uma gaveta 178A natureza nos cobra 179O tempo e o movimento 180Voo de menino 185Entre os carros o camelô grita 186Render-se 188
S
9Renascer
cuidar de quem nos cuidou mexe com obrigação
Dar a mão
retrato de si mesmo, mesmo que não dê certo
continuar tentando
a vida flui e escorrega entre os dedos
coisas que já foram segredo
Plantei um Flamboyant
Uma semente fértil nascerá no amanhã
o vento que balança a copa das Árvores
imponente do céu azul
as raízes que adentram o solo
Vigorosas e centenárias
Que escaparam às serras de dores
Veloz devastação do canhão
Que soltam bombas em forma de flores
irmão meu não faça o não!
se una com as pessoas que choram a devastação!
S
10 O querer nascer
os rios que correm em minhas veias
Deságuam em meu coração
Descanso a cabeça no meu próprio peito
ouço as cachoeiras a desaguarem no mar de
[silêncio
na minha garganta muda, renegando o não
Da tristeza que aflora a fauna dos meus
[pensamentos
Talvez eu seja uma floresta sem pássaros
Que às vezes chegam de repente e adentram a
[minha cabeça
Minha esperança é que um dia amanheça
Espelhando o sol em rios de luz
T
11Assim
Por que acordar tão sedo?
só para ver o dia clarear na janela
ainda que eu não veja o sol, eu sei que é ele
Que com a luz a todos ilumina
É tudo uma questão de ser e sentir a pele
aquecida pelo calor pequeno neste inverno
Eu não uso terno nem ponho gravata
Porque sempre nasce o sol.
É inexorável que ele nasça
o senhor quis assim
Por você e por mim.
U
12 O carvalho
não recusarei desafio, minha mente é atrevida
não penso em recuar
Embora só, conjugo o verbo amar
o futuro é hoje em minha Vida
cuidar de mim mesmo é respeitar aos outros
E, quando o choro vem na noite fria
como um carvalho, resisto à ventania
E venço os extremos pouco a pouco
Pois o tempo e a solidão são meras ilusões
T
13Existência
Penso que a existência humana é como um rio
nasce numa fonte pequenina
Vai crescendo e se alargando
num caminho impreciso
atravessando obstáculos como caídas de
[cachoeiras
E vai traçando seu rumo dando ajuda e vida a
[tanta gente
Montanhas serras e vales e ribanceiras
Embora haja ações traiçoeiras
não deverá desistir de buscar
Do seu caminho traçado
Às vezes como enchente
Às vezes sequidão no imenso sertão
há rios caudalosos e enormes
há afluentes destes mesmos
Vão neste incessante caminho
até desaguarem no Deus-mar
S
14 Parei
Parei entre o sinal
os motoristas buzinam
as motos ameaçadoras despejam seu ronco
a rua é dos automóveis e veículos
Temo a travessia
cuidado os que não temem!
os motoristas têm pressa
o sinal vermelho é uma largada
De sentimentos afoitos ou compassivos
até onde suportará a atmosfera em nossos
[ouvidos?
o País cresce, o mundo cresce
até onde?
até onde suportará nossa vida passageira?
onde tudo é descartável, até nossas vidas?
somos sufocados por um mundo de informações
a maioria de números que os economistas
[tateiam para desvendar
há um limite pra tudo.
Parem a fúria, parem o egoísmo!
Tem que ser um mundo onde haja o sustentar!
T
15Pai
a vida de meu pai era um caminhão
numa trilha aventureira
Entre curvas e ultrapassagens
Para ele a vida era seguir viagem
não importando as pedras e o torrão
as esquinas do caminho ele conhecia bem
amava o nordeste mas vivia do sudeste
Foi boiadeiro em suas mãos rijas
Para ele não existia apegos
Era tudo uma questão de sorte
Mas era um nordestino forte na sua rudeza
não deixou de ser forte
até na hora da morte
U