8.roteiro exame físico - neurológico

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PROPEDÊUTICA NEUROLÓGICA Anamnese: é comum aparecer queixas como cefaléia, confusão mental, tontura, vertigem, alteração de coordenação, dor lombar, sensibilidade e motricidade (HPMA). Quanto à HPMA deve-se perguntar sobre: Quando e como a doença se instalou; Quadros súbitos? sugerem processos infecciosos como meningites e encefalites; Quadros de evolução lenta? sugerem degenerações (esclerose múltipla, ataxia de Freidreich); Hemiplegia súbita? sugere doença cerebrovascular; Hemiplegia progressiva + sinais de hipertensão intracraniana? sugere processos expansivos; Cefaléia súbita? pode significar desde uma enxaqueca até um sangramento aneurismático; Fratura de Base de Crânio: Sinal de Guaxinim + Rinorréia (saída de líquido cerebroespinal pelo nariz) + equimose na região mastóidea. Localização da Lesão: localizar a lesão é um fundamento na Propedêutica Neurológica. 1. Lesão do Córtex Cerebral: alteração motora apresenta paresia contralateral do neurônio motor lado lesado, alteração sensitiva apresenta parestesia e anestesia contralateral ao lado lesado, reflexos tendinosos profundos estão aumentados. EX: AVC cortical. 2. Lesão de Tronco: alteração motora apresenta paresia contralateral e déficits dos pares cranianos, alteração sensitiva apresenta-se variável, reflexos estão aumentados. Ex: tumor. 3. Lesão de Medula: alteração motora apresenta paresia freqüentemente contralateral, alteração sensitiva apresenta déficit sensitivo seguindo o dermátomo, reflexos estão aumentados. Ex: traumas, tumor (faz compressão medular). 4. Lesão de Substância Cinzenta/Gânglios da Base: alteração motora apresenta lentificação dos movimentos, rigidez e tremor, não há alteração na sensibilidade, reflexos estão normais ou diminuídos. Ex: Doença de Parkinson. 5. Lesão de Cerebelo: alteração motora apresenta hipotonia, ataxia, nistagmo e disdiadococinesia, não há alteração sensitiva e os reflexos estão normais ou diminuídos. Ex: tumor, AVC cerebelar. OLHOS DE GUAXINIM RINORRÉIA

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Exame físico neurológico

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  • PROPEDUTICA NEUROLGICA

    Anamnese: comum aparecer queixas como cefalia, confuso mental, tontura, vertigem, alterao de coordenao,

    dor lombar, sensibilidade e motricidade (HPMA).

    Quanto HPMA deve-se perguntar sobre:

    Quando e como a doena se instalou;

    Quadros sbitos? sugerem processos infecciosos como meningites e encefalites;

    Quadros de evoluo lenta? sugerem degeneraes (esclerose mltipla, ataxia de Freidreich);

    Hemiplegia sbita? sugere doena cerebrovascular;

    Hemiplegia progressiva + sinais de hipertenso intracraniana? sugere processos expansivos;

    Cefalia sbita? pode significar desde uma enxaqueca at um sangramento aneurismtico;

    Fratura de Base de Crnio: Sinal de Guaxinim + Rinorria (sada de lquido cerebroespinal pelo nariz) + equimose na

    regio mastidea.

    Localizao da Leso: localizar a leso um fundamento na Propedutica Neurolgica.

    1. Leso do Crtex Cerebral: alterao motora apresenta paresia

    contralateral do neurnio motor lado lesado, alterao sensitiva

    apresenta parestesia e anestesia contralateral ao lado lesado, reflexos

    tendinosos profundos esto aumentados. EX: AVC cortical.

    2. Leso de Tronco: alterao motora apresenta paresia

    contralateral e dficits dos pares cranianos, alterao sensitiva

    apresenta-se varivel, reflexos esto aumentados. Ex: tumor.

    3. Leso de Medula: alterao motora apresenta paresia

    freqentemente contralateral, alterao sensitiva apresenta dficit

    sensitivo seguindo o dermtomo, reflexos esto aumentados. Ex:

    traumas, tumor (faz compresso medular).

    4. Leso de Substncia Cinzenta/Gnglios da Base: alterao

    motora apresenta lentificao dos movimentos, rigidez e tremor, no

    h alterao na sensibilidade, reflexos esto normais ou diminudos.

    Ex: Doena de Parkinson.

    5. Leso de Cerebelo: alterao motora apresenta hipotonia,

    ataxia, nistagmo e disdiadococinesia, no h alterao sensitiva e os

    reflexos esto normais ou diminudos. Ex: tumor, AVC cerebelar.

    OLHOS DE GUAXINIM RINORRIA

  • 1. Leso de Corno Anterior: alterao motora apresenta

    paresia e atrofia, alterao sensitiva apresenta-se intacta,

    reflexos esto diminudos. Ex: poliomelite, esclerose lateral

    amiotrfica.

    2. Leso de razes e Nervos espinais: alterao motora

    apresenta paresia, atrofia e fasciculao, h dficits sensitivos

    graduais e corresponde ao dermtomo. Ex: hrnias de disco,

    lombar.

    3. Mononeuropatia: alterao motora apresenta paresia e

    atrofia, a perda sensitiva anloga ao nervo, reflexos esto diminudos. Ex: traumas.

    4. Polineuropatias: a alterao motora apresenta paresia e atrofia (mais distais do que proximais), h dficits

    sensitivos do tipo luva/bota, reflexos esto diminudos. Ex: diabetes, alcoolismo.

    5. Leso na juno neuromuscular: alterao motora apresenta mais fatigabilidade do que paresia, a

    sensibilidade preservada, reflexos esto normais. Ex: Miastemia grave.

    6. Leso nos msculos: alterao motora apresenta paresia mais proximal do que distal, a sensibilidade est

    preservada, reflexos esto normais ou diminudos. Ex: distrofia muscular.

    EXAME FSICO NEUROLGICO:

    A. Exame neuropsicolgico: Mini-mental

    organizado em orientao, registro de dados, ateno e

    clculo, memria, linguagem, nomeao, repetio,

    compreenso, leitura e escrita. Tambm leva em conta o

    nvel scio-econmico.

    NVEL DE CONSCINCIA NA ESCALA DE GLASGOW: dado

    pontos para respostas verbais, motoras e abertura ocular.

    Mnimo de 3 pontos: morte enceflica.

    Mximo de 15 pontos: totalmente consciente.

    Glasgow < 8: o nvel de conscincia baixo o suficiente a

    ponto de comprometer o gatilho respiratrio. DEVE-SE

    INTUBAR O PACIENTE!

    ATITUDES CLSSICAS NO LEITO:

    Hemiplegia: o membro plgico apresenta rotao

    externa (fica cado, jogado).

    Rigidez de Decorticao: ocorre em caso de AVCs

    isqumicos grandes. Rotao interna e extenso dos

    membros inferiores, flexo dos braos, dos punhos e dedos com aduo do membro superior.

    Rigidez de Descerebrao: ocorre, por exemplo, na meningite. Os dentes apresentam-se cerrados, os braos

    estendidos, rgidos e hiperpronados e os membros inferiores estendidos.

  • B. Exame da Motricidade: Avalia fora e tnus muscular.

    A fora muscular avaliada em graus:

    Grau V: fora normal

    Grau IV: movimentao normal, mas com fora muscular diminuda

    Grau III: consegue vencer a fora da gravidade

    Grau II: no vence a gravidade, movimentos de lateralizao

    Grau I: esboo de contrao muscular

    Grau 0: paralisia total O PARAPLGICO

    O exame realizado para verificar a fora muscular dividida em 2 etapas:

    Primeiro pede-se para o paciente realizar um movimento (de forma espontnea) levante os

    braos!/dobre as pernas!.

    Depois se faz a prova de fora. Pede-se para que o paciente realize um movimento e o mdico faz uma fora

    contrria. Nessa etapa deve-se fazer a comparao com o membro homlogo e descrever a fora dos dois

    lados.

    MANOBRA DE MINGAZZINI - O paciente posto em decbito dorsal, com as coxas e as pernas fletidas em 90, ento

    solicita que o mesmo mantenha a posio. Ser positivo se a posio for mantida por pouco tempo, caindo ou

    oscilando, na perna o dficit do quadrceps e na coxa o dficit do psoas. A manobra de Mingazzini para membros

    superiores verifica dficit motor da musculatura dos membros superiores. O paciente na posio sentada ou de p,

    estende os membros superiores, afasta os dedos, com a mo pronada lhe solicitado que mantenha a posio. Ser

    positivo se houver um membro partico, que oscilar e abaixar lenta e progressivamente.

    MANOBRA DE BARR - O paciente deita em decbito ventral, flete as pernas sobre as coxas, num ngulo de 90, e lhe

    solicitado que mantenha a posio. Ser positivo quando a perna comear a oscilar ou cair (imediata ou

    progressivamente), evidenciando o dficit.

    PARESIA

  • Essas manobras quantificam discretas paresias.

    PARESIA = fraqueza

    PLEGIA = incapacidade total de realizar um movimento

    Monoparesia/monoplegia 1 membro

    Diparesia/diplegia = 2 membros ou face

    Paraparesia/paraplegia = 2 membros inferiores

    Hemiparesia/hemiplegia = 1 lado do corpo completa/incompleta proporcionada/desproporcionada:

    predomnio braquial/predomnio crural

    Tetraparesia/tetraplegia = 4 membros

    TNUS MUSCULAR: hipertonia/normotonia/hipotonia

    Movimentao passiva, avaliando a resistncia

    SINAL DA RODA DENTEADA uma hipertonia plstica.

    SINAL DO CANIVETE uma hipertonia espstica.

    SNDROME PIRAMIDAL uma hipertonia espstica.

    SNDROME CEREBELAR hipotonia.

    Leses musculares ou motoneurnios inferiores uma hipotonia.

    C. REFLEXOS: podem ser divididos em superficiais e profundos.

    # SUPERFICIAS:

    Reflexo cutneo-plantar: Sinal de Babinski patgeno no adulto - leso do

    trato corticoespinal ou at 1 ano de idade (o que normal).

    Reflexos cutneo-abdominais: superior, mdio, inferior - abolido na Sd.

    piramidal. A movimentao da cicatriz umbilical normal. A sua ausncia

    patolgica.

    Reflexo cremastrico

    Reflexo de Hoffmann: aperta a unha e o patolgico abrir e estender os dedos.

    Reflexo de Oppenheim: igual ao Sinal de Babinski.

    Reflexo de Gordon: igual ao Sinal de Babinski.

    Reflexo de Chaddock.

    Todos os reflexos citados so para verificar Sndrome Piramidal em caso de AVCs.

    # PROFUNDOS:

    Reflexo aquiliano - n. tibial - L5 a S2

    Reflexo patelar - n. femoral - L2 a L4

    Reflexo dos adutores da coxa - n. obturador - L2 L4

    Reflexo dos flexores dos dedos - nn. mediano e ulnar - C8 a T1

    Reflexo estilorradial - n. radial - C5 a C6

    Reflexo bicipital - n. msculocutneo - C5 a C6

    Reflexo tricipital - n. radial - C7 a C8

    Sinal do clnus - sd piramidal

  • GRADUAO DE REFLEXOS:

  • SNDROME DO NEURNIO MOTOR SUPERIOR:

    SNDROME DO NEURNIO MOTOR INFERIOR:

    D. SENSIBILIDADE:

    # SUPERFICIAL:

    Ttil: algodo seco, gaze ou pincel

    Dolorosa: alfinete ou agulha de costura (romba)

    Trmica: tubo com gua quente (15C)

    # PROFUNDA:

    Palestesia: sensao vibratria com diapaso nas eminncias sseas

    Sensibilidade cintico-postural (posio da articulao, coordenao e marcha)

    Pressrica: tendes/estruturas steo-articulares

    Dor profunda: NO SE FAZ NO PACIENTE CONSCIENTE.

  • Esterognosia: capacidade de identificar um objeto pelo tato.

    E. EQUILBRIO:

    # ESTTICO:

    ROMBERG:

    Parado, com os ps juntos e paralelos

    Leves empurres, braos esticados

    Fechamento dos olhos

    # DINMICO:

    Marcha com olhos abertos e fechados

    Caminhar encostando o hlux no calcanhar a cada passo

    MARCHAS PATOLGICAS:

    Marcha em bloco Parkinson

    Marcha ebriosa - ataxia cerebelar

    Marcha talonante - ataxia sensitiva

    Marcha "em estrela" - ataxia vestibular

    Marcha a pequenos passos - ataxia frontal

    Marcha escarvante - dficit de flexo dorsal do p - leso de nervo fibular ou citico ou raiz de L5

    Marcha ceifante - sd piramidal

    F. COORDENAO - Manobras:

    Prova ndex-nariz

    Prova ndex-ndex

    Prova calcanhar-joelho

    Diadocosinesia

  • SINAL DE IRRITAO MENNGEA E RADICULAR:

    Sinal de Brudzinski - flexo passiva do pescoo pelo examinador com leve flexo das coxas e joelhos pelo

    paciente. SINAL PARA IRRITAO MENNGEA.

    Sinal de Kernig - paciente em DDH com coxas semi-fletidas, examinador tenta estender as pernas e paciente

    sente dor. SINAL PARA IRRITAO MENNGEA E COMPRESSO RADICULAR EM ADULTOS.

    Sinal de Lasgue - dor lombar irradiada para regio posterior do MI, quando este elevado passivamente pelo

    examinador, que com a outra mo impede a flexo do joelho. SINAL DE COMPRESSO RADICULAR.

    PARES DE NERVOS CRANIANOS:

    1. Nervo Olfatrio Para verificao de sua funo oferece ao paciente substancias com os odores

    conhecidos, caf, cravo, tabaco. Estando o paciente com os olhos fechados. Paciente com distrbio do

    comportamento sugere leso do 1 nervo, lobo frontal. Paciente pode apresentar cacosmia, anosmia,

    hiposmia.

  • 2. Nervo ptico examinado atravs de:

    Acuidade Visual - Snell

    Campo Visual

    Fundoscopia

    Uma leso pode levar o paciente a se queixar de ambliopia, amaurose, hemianopsia.

    3. Nervo Oculomotor III, Troclear IV, Abducente VI So examinados em conjunto, pois tem

    como funo a motilidade dos globos oculares, inerva tambm os msculos elevadores plpebra,

    investigao semiolgica pode ser sistematizada:

    a. Motilidade Extrnseca: Exame bandeira inglesa. Para paciente inconsciente manobra da boneca.

    b. Motilidade Intrnseca: A pupila normalmente circular e seu dimetro o resultado do funcionamento

    equilibrado entre os dois sistemas autonmicos, simptico eparassimptico. Irregularidade do contorno

    pupilar, Discoria; aumentado midrse; diminudo miose; igualdade do dimetro isocoria, desigualdade

    anisocoria. Seu exame realizado por feixe luminoso e convergncia ocular. analisado o reflexo

    fotomotor direto, consensual e de acomodao, este ultimo na aproximao de um objeto.

    4. Nervo Trigmeo V um nervo misto constitudo por varias razes, sua examinao avalia-se a Raiz

    motora, msculos da mastigao, observando deslocamento mandibular, atrofia, dificuldade da

    lateralizao mandibular. As Razes sensitivas as quais compreende o nervo oftlmico, maxilar e

    mandibular, sensibilidade geral da face, reflexo crneo-palpebral tambm pode ser utilizado e o

    masseteriano, Reflexo na mandbula leso do nervo, abre a boca, a mandbula desvia para o lado lesado.

    5. Nervo Facial VII examinado utilizando os msculos da mmica da face, solicitando ao paciente franzir a

    testa, fechar a plpebra, mostrar os dentes. E gustao 2/3 anterior da lngua. Importante diferenciar as

    paralisias do Facial, sendo ela perifrica ou central apresentando as seguintes diferenas: mover o rosto e

    movimentao ou no concomitante do olho.

    Reto medial - aduo - III

    Reto superior - elevao - III

    Reto inferior abaixamento -III

    Oblquo inferior - III

    Oblquo superior - IV

    Reto lateral - abduo VI

    LESO DO OCULOMOTOR:

    Estrabismo divergente

    Elevao e abaixamento oculares impossibilitados

    Ptose palpebral

    Midrase fixa (anisocoria)

  • Paralisia Central metade contra lateral da face inferior afetada.

    Paralisia Perifrica Toda heme face homo lateral atingida. (sinal de Bell)

    6. Nervo Vestbulococlear VIII formado por duas razes uma para a audio e a vestibular para

    o equilbrio.

    Raiz Coclear Avaliada voz cochichada. Prova de rine a qual utiliza o diapaso. Teste de Rinne positivo,

    conduo ssea maior rea, no mastide. Hipocusia de algum lado.

    Raiz vestibular - quando acometida aparece na anamnese muitos sinais como nuseas, vmitos, desequilbrio,

    e estado vertiginoso. Em sua investigao verifica- se nistagmo horizontal, desvio lateral durante a marcha, desvio

    postural e prova de Romberg, paciente caminhando um pe atrs do outro, desequilbrio para o lado lesado.

    7. Nervo Glossofarngeo IX e Vago X Observa o posicionamento da vula e do vu palatino, leso isolada o

    Vago e que envolve apenas o ramo larngeo superior determina razovel disfonia. Reflexo do vomito ao

    colocar no palato o abaixador, tem valor se diferente nos lados (sensibilidade).

    8. Nervo Acessrio XI - Essencialmente motor observa-se elevao dos ombros, e apoiando a testa do

    paciente pede se para fazer fora, lado lesado esternocleidomastideo hipotnico.

    9. Nervo Hipoglosso XII Exclusivamente motor, sua inspeo feita pela analise da protruso da lngua.

    Quando a lngua est para fora da boca, ela desvia para o lado comprometido. Dentro da boca, ela desvia

    para o lado so.