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FACULDADES INTEGRADAS
ANTNIO EUFRSIO DE TOLEDO
FACULDADE DE DIREITO DE PRESIDENTE PRUDENTE
DA INVERSO DE VALORES NO DIREITO SEGURANA PBLICA
Silvana Tavares
Presidente Prudente/SP
2007
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FACULDADES INTEGRADAS
ANTNIO EUFRSIO DE TOLEDO
FACULDADE DE DIREITO
DA INVERSO DE VALORES NO DIREITO SEGURANA PBLICA
Silvana Tavares
Monografia apresentada como requisito parcialde Concluso de Curso para obteno do Graude Bacharel em Direito, sob orientao doProfessor Marcelo Agamenon Ges de Souza.
Presidente Prudente/SP
2007
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DA INVERSO DE VALORES NO DIREITO SEGURANA PBLICA
Monografia aprovada como requisitoparcial para obteno do Grau deBacharel em Direito.
_________________________________________
Marcelo Agamenon Ges de Souza
____________________________________
Examinador
____________________________________Examinador
Presidente Prudente/SP, ____ de ____________ de 2007.
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"A lei no pode forar os homens a serem bons;
mas pode impedi-los de serem maus."Annimo
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AGRADECIMENTOS
A Deus primeiramente, criador de todo universo, por ter concedido a mim
a oportunidade e possibilidade de iniciar este curso e a fora para conclu-lo.
Aos meus padrinhos, que sempre me apoiaram e no mediram esforos
para proporcionar uma boa educao a mim, alm de oferecer as condies necessrias
para que eu estudasse.
s minhas irms, meus cunhados e sobrinhos que sempre acreditaram nomeu potencial.
Ao professor e orientador Marcelo Agamenon Ges de Souza, pelo apoio
e motivao que me deu no decorrer da pesquisa.
Aos demais professores da casa, pelos conhecimentos transmitidos ao
longo do curso.
E, em especial, pelo meu namorado pela compreenso durante o perodode elaborao desta monografia.
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RESUMO
O presente trabalho procura fazer uma abordagem geral sobre a Segurana Pblicano Brasil e seus diversos aspectos. Cumprem ao mesmo, adentrar na competncia,responsabilidade e rgos que formam a Segurana Pblica, tais como, se asForas Armadas, especificamente o Exrcito ou no competente para intervir naSegurana Pblica; qual a responsabilidade do Estado frente aos atos danosos deseus agentes e por derradeiro quais seriam os rgos que compe a SeguranaPblica, e se os mesmos podem ser ampliados. So abordados aspectos gerais doDireito Constitucional e do Direito Administrativo, especialmente ao tocante aosconceitos sobre direitos e garantias fundamentais e o que Segurana Pblica, arelao da mesma com a Ordem Pblica, abordando, desde as diferenas,mutabilidade dos direitos e garantias fundamentais at mesmo as teorias do riscointegral e do risco administrativo, objeto de estudo do Direito Administrativo.Tambm so abordadas questes especficas da Lei de Execuo Penal, comenfoque na Segurana Pblica nos Presdios. Assim, faz-se uma abordagem deforma precisa quanto aos direitos e deveres dos presos, e a possvel privatizaodos presdios brasileiros. E ento, depois de passados, Direito Constitucional eDireito Administrativo, onde fora abordado conceitos, divergncias doutrinrias,competncias, faz se ainda necessrio uma abordagem do Direito Financeiro eEconmico, em sede de Segurana Pblica. Em suma, o objetivo do presentetrabalho nortear a questo da Segurana Pblica no Brasil pelos ditamesConstitucionais, Administrativos e mencionar a Lei de Execuo Penal.
Palavras-chave: Direitos e Garantias Fundamentais, Direito Segurana Pblica,Foras Armadas e Gastos Pblicos.
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ABSTRACT
The following paper tries to do a general approach about Brazilian Public securityand its aspects. It also treats about Public security responsibilities and its organs, ifthe Armed Forces, specifically the Army , are or not qualified to intervene in Publicsecurity ; What is the State responsibility front the harmful acts of its agents andwhich organs will compose the Public security, and if they can be amplified. It isapproached aspects of Constitutional Law and Administrative Law, especiallyconcepts about rights and fundamental warranties and what is Public security ,itsrelation with Public Order , approaching the differences, rights and fundamentalwarranties changeabilities and the entire and administrative theories risk , studyobject of Administrative Law . It is also approached specific questions from Penal
Execution Law , with focus in Public Security in Prisons .This way, in a preciselyform , the paper treats about prisoner rights and duties, and possible Brazilianprison privatization. After Constitutional Law and Administrative Law have analyzedconcepts, scientific principals divergence , competence, it is still necessary anEconomic and Financial Law approach . In short , this paper objective is to guide thePublic Security question in Brazil by Constitutional and Administrative ways and tomention the Penal Execution Law.
Key words : Rights and fundamental warranties, Public Security rights , ArmedForces and Public expenses.
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SUMRIO
1INTRODUO ........................................................................................................09
2DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ........................................................11
2.1 Conceito ..............................................................................................................11
2.2 Diferenas entre Direitos e Garantias Fundamentais..........................................12
2.3 Mutabilidade Constitucional.................................................................................14
2.4 Dimenses dos Direitos Fundamentais...............................................................16
3 DIREITO SEGURANA PBLICA ....................................................................20
3.1 Competncia .......................................................................................................20
3.2 Responsabilidade................................................................................................25
3.2.1Evoluo da Responsabilidade Civil e Teoria da Irresponsabilidade ...............26
3.2.2 Teoria da Responsabilidade Estatal.................................................................28
3.2.3 Teorias Publicistas ...........................................................................................30
3.2.4 Responsabilidade Objetiva: Teoria do Risco Administrativo e Teoria do RiscoIntegral ......................................................................................................................323.2.5 Responsabilidade Civil do Estado no Direito Brasileiro....................................35
3.3 rgos.................................................................................................................37
3.3.1 Polcia Federal .................................................................................................38
3.3.2 Polcia Rodoviria Federal ...............................................................................39
3.3.3 Polcia Ferroviria Federal ...............................................................................41
3.3.4 Polcia Civil.......................................................................................................42
3.3.5 Polcias Militares e Corpos de Bombeiros Militares..........................................443.4 Segurana Pblica nos Presdios........................................................................50
3.4.1 Direitos dos Presos ..........................................................................................51
3.4.2 Deveres dos Presos .........................................................................................68
3.4.3 Privatizao......................................................................................................72
3.5 Foras Armadas ..................................................................................................77
4 GASTOS PBLICOS.............................................................................................80
4.1 Receitas ..............................................................................................................824.2 Afetao ..............................................................................................................87
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4.3 Modernizao dos Presdios ...............................................................................92
5 CONCLUSO ........................................................................................................97
BIBLIOGRAFIAS ......................................................................................................99
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1 INTRODUO
A Constituio Federal vigente, em seu artigo 144, incisos I a V e 8,
estabelece as competncias e os rgos da Segurana Pblica,a saber:Polcia
Federal, Polcia Rodoviria Federal, Polcia Ferroviria Federal, Polcia Civis e as
Polcias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. Tal competncia tambm
conferida a outro rgo da Segurana Pblica que so os Municpios, onde os
mesmos podem constituir guardas municipais para preservar, assegurar a
Segurana Pblica.
A Segurana Pblica no pas vem se mostrando ofuscada, carecendo
de uma melhor imagem.
O que se v um crescimento da insegurana e uma sensao de
impotncia gerada pela impunidade, onde evidencia a forma deficiente pela qual o
Estado se organiza na mediao e soluo dos conflitos.
Quando se fala em Segurana Pblica, ns devemos nos ater ao
captulo 1 dessa pesquisa,a saber, Dos Direitos e Garantias Fundamentais, isto,
porque, o direito a segurana pblica um direito e garantia individual. Os mesmosso tidos como essenciais,necessrios vida de toda pessoa, e esto previstos no
artigo 5 do Texto Constitucional. Nesse sentido, faz-se necessrio diferenciar as
garantias de direitos constitucionais, sendo nesse caso, os direitos so bens e
vantagens descritos nas normas constitucionais, enquanto as garantias so
instrumentos atravs dos quais se assegura os exerccios dos aludidos direitos.
No captulo 2 trazemos a pesquisa primordial do presente trabalho, que
Segurana Pblica, realizando anlises quanto a competncia, responsabilidadee seus rgos.
A competncia e os rgos da Segurana Pblica esto presentes no
artigo 144, incisos I a V, da Constituio Federal, sendo o rol presente nesse
artigo taxativo, isto , no pode ser includo e nem retirado rgos desse rol. Nesse
diapaso que h discusses a cerca se o Exrcito pode ou no intervir na
Segurana Pblica.
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Na seqncia falou-se sobre a responsabilidade do Estado,
adentrando assim na teoria do risco administrativo, e no risco integral, todos em
sede de Direito Administrativo.
Os rgos da Segurana Pblica tambm fora objeto de estudo nesse
mesmo captulo, aqui falamos sobre sua competncia e estrutura, tendo rgos
federais, estaduais e municipais.
No desenvolvimento do presente trabalho tambm foi abordado a
questo de suma importncia que a Segurana nos presdios, mais
especificamente os Direitos e Deveres dos presos que esto previstos no art. 38 e
41 da Lei n 7.210/1984, que a Lei de Execuo Penal. No mesmo captulo ser
discutido sobre a possvel privatizao dos presdios, se necessrio ou no.Por derradeiro, no ltimo e 3 captulo, falaremos sobre os Gastos
Pblicos, conceituando-os. Veremos tambm se o Estado afeta seus dinheiros no
investimento e modernizao dos presdios.
A escolha do tema deve-se por ser uma questo muito controvertida e
tambm pelo descrdito e desconfiana da populao em relao s aes do
Estado no que se refere ao tratamento das questes de Segurana Pblica.
O mtodo utilizado foi o dedutivo, onde parte-se do geral representadopelos direitos e garantias fundamentais para o particular individualizado no direito
segurana.
Fora utilizado no presente trabalho pesquisa bibliogrfica, noticias de
imprensa relacionadas ao tema e pesquisa de campo.
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2 DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
2.1 Conceito
Direitos e Garantias Fundamentais so aquelas previses que buscam
de uma forma ou de outra fazer com que o cidado possa exercer um mnimo de
dignidade, sendo essa indispensvel pessoa humana, garantindo liberdade e
igualdade.
Para Luiz Alberto David Araujo e Vidal Serrano Nunes Junior, os
Direitos Fundamentais podem ser conceituados como a categoria jurdica instituda
com a finalidade de proteger a dignidade humana em todas as dimenses. 1
Os referidos autores equiparam tal conceito a uma categoria jurdica,
onde esta indispensvel ao ser humano, como forma de garantir seus direitos nas
dimenses, a saber, dignidade, igualdade e liberdade.
Os Direitos Fundamentais, como dizia Carl Schmitt apud Guilherme de
Souza Nucci, eram entendidos como os direitos do homem livre e isolado, direitos
que possui em face do Estado, constituindo os direitos da liberdade da pessoaparticular diante o Estado burgus.2
Segundo Guilherme de Souza Nucci, fundamental o bsico,
necessrio, essencial, e por tal razo so fundamentais os direitos e garantias
individuais. Onde tais direitos foram concebidos para combater os abusos do Estado
1
ARAUJO, Luiz Alberto David; NUNES JUNIOR,Vidal Serrano. Curso de direito constitucional. 8. ed.So Paulo: Saraiva, 2004. p. 93.2NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execuo penal. 3. ed. rev., atual e ampl.So Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 62.
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sobre o homem, pois o mesmo possui valores que esto acima e fora do alcance
estatal. 3
Ainda, Jos Afonso da Silva, a expresso mais adequada seria
direitos fundamentais do homem, como vejamos:
reservada para designar, no nvel do direito positivo, aquelasprerrogativas e instituies que ele concretiza em garantia de umaconvivncia digna, livre e igual de todas as pessoas. No qualificativofundamentais acha-se a indicao de que se trata de situaes jurdicassem as quais a pessoa humana no se realiza, no convive e , s vezes,nem mesmo sobrevive; fundamentais do homem no sentido de que, a todos,por igual, devem ser, no apenas formalmente reconhecidos, mas concretae materialmente efetivados. Do homem, no como o macho da espcie,mas no sentido de pessoa humana. 4
Tais direitos devem ser respeitados e limitados pelo Estado, estes
esto previstos no Ttulo II, Captulo I, Artigo 5, caput da Constituio Federal, a
saber:
Art.5Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza,garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no pas ainviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e
propriedade (...) 5
Assim, infere-se do disposto que os Direitos e Garantias Fundamentais
so subdivididos em cinco captulos: direitos individuais e coletivos; direitos sociais;
nacionalidade e direitos polticos.
2.2 Diferenas entre Direitos e Garantias Fundamentais
3Ibid., p.63.4
SILVA, Jos Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 22. ed. So Paulo: Malheiros, 2002.p. 178.5BRASIL. Constituio (1988). Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia, DF: Senado,
1988.
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inquestionvel que antes de entrar no estudo dos direitos e garantias
fundamentais, necessrio se faz definir as suas diferenas, isto , o que vem ser
direito e garantia.
A Constituio no seu art. 5, referiu-se tanto direitos quanto
garantias fundamentais, restando apenas diferencia-los.
Um dos primeiros estudiosos a enfrentar tal diferena foi o Rui
Barbosa, que, analisando a Constituio de 1891, distinguiu as disposies
meramente declaratrios, que so as que imprimem existncia legal dos direitos
reconhecidos, e as disposies assecuratrias, que so as que, em defesa dos
direitos, limitam o poder. Aquelas instituem os direitos, estas as garantias; ocorrendo
no raro juntar-se, na mesma disposio constitucional, ou legal, a fixao da
garantia, com a declarao do direito. 6
Assim, os direitos so bens e vantagens prescritos na norma
constitucional, enquanto as garantias so os instrumentos atravs dos quais se
assegura o exerccio dos aludidos direitos (previamente) ou prontamente os repara,
caso violados.
Vejamos dois exemplos:
so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem daspessoa, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moraldecorrente de sua violao
7
[...]
inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo assegurado olivre exerccio dos cultos religiosos- art. 5, VI (direito)- garantindo-se naforma da lei a proteo aos locais de culto e suas garantias ( garantia).8
Jos Afonso da Silva faz advertncia no sentido de que sejam
evitados, os equvocos de uma leitura apressada do texto constitucional. que
muitas vezes o constituinte, ao dispor sobre direitos, valeu-se da forma redacional
6LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 8. ed. So Paulo: Mtodo, 2005. p. 467.7SILVA, 2002, p. 93.8Ibid., p. 468.
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prpria para enunciar garantias, como, por exemplo, no inciso XXII do art. 5, em
que se l: garantido o direito de propriedade. 9
Portanto, parta diferenciar Direitos de Garantias Fundamentais faz-se
necessrio que o texto constitucional seja interpretado em relao ao contedo
jurdico da norma, se declaratrio ou assecuratrio, e no a forma escrita
expressamente empregada.
2.3 Mutabilidade Constitucional
Preliminarmente, cumpre-se destacar o conceito de Poder Constituinte
Derivado, Reformador. Este poder representa a alterao do texto original para
acompanhar a evoluo da sociedade.
Para Alexandre de Moraes, o Poder Constituinte Derivado Reformador,
denominado por parte da doutrina de competncia reformadora, consiste na
possibilidade de alterar-se o texto constitucional, respeitando-se a regulamentao
especial prevista na prpria Constituio Federal e ser exercitado por determinados
rgos com carter representativo. No Brasil, pelo Congresso Nacional. 10
Isto , com esse carter reformador pode ocorrer modificao do texto
original excluindo dispositivos legais, pode criar novos artigos, acrescentar
dispositivos, pargrafos, incisos e alneas.
A alterao na Constituio Federal feita de duas formas conforme o
poder prelecionado. Primeiramente por Emenda Constitucional onde se deve ter um
quorum de aprovao de 3/5 (trs quinto) em cada uma das casas, votao
isoladamente em cada uma das casas e; duas votaes em cada casa, totalizando
quatro votaes, conforme dispe o art. 60 da Constituio Federal.
Secundariamente, modifica-se a Constituio por Reviso Constitucional com
9Ibid., p. 184.
10MORAES, Alexandre de. Direito constitucional.21ed. So Paulo: Atlas, 2007.p.24.
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quorum de maioria absoluta, votao unicameral ( unio das duas casas) e; duas
votaes unicamerais.
Segundo Luiz Alberto David de Araujo e Vidal Serrano Nunes Junior, o
Poder Constituinte Derivado tem como caractersticas a limitao e a
condicionalidade. A Constituio impe limites a sua alterao, criando
determinadas reas imutveis, como por exemplo, as clusulas ptreas, que, em
nosso sistema, encontram-se indicadas no art. 60, 4, da Constituio Federal. 11
Por outro lado, a modificao da Constituio deve obedecer ao
processo determinado para a sua alterao (processo de emenda). Para que se
possa modificar a Constituio, algumas formalidades devem ser cumpridas,
condicionando o procedimento. 12
Nesse sentido, importante notar que a forma e o contedo das
diversas Constituies tornaram operantes algumas classificaes, como, por
exemplo, a origem, a mutabilidade, a forma e o contedo.
Destaca-se, nesse sentido, o critrio que toma por base a mutabilidade
das Constituies. Segundo Luiz Alberto David de Araujo e Vidal Serrano Nunes
Junior existem quatro tipos de Constituies, a saber:
Flexvel- a Constituio que no exige, para sua alterao, qualquerprocesso mais solene tendo-se em vista o critrio da lei ordinria.
Rgida- a Constituio que exige para sua alterao um critrio mais solenee difcil do que o processo de elaborao de lei ordinria. Exemplo deConstituio rgida a brasileira. Essa rigidez pode ser verificada pelocontraste entre processo legislativo da lei ordinria e o da emendaconstitucional(...)
Semi-rgida ou semi-flexvel- a Constituio que apresenta uma parte queexige mutao por processo mais difcil e solene do que o da lei ordinria(rgida) e outra parte sem tal exigncia, podendo ser alterada pelo sistemaprevisto para a lei ordinria. Exemplo desse tipo a Constituio do Imprioem 1824.
imutveis- no podem ser alterado mesmo por emendas constitucionais,composto pelas chamadas clusulas ptreas. Alguns autores entendem queesse ncleo material imutvel traduziria um grau mximo de rigidez.13(grifodo autor)
11ARAUJO; NUNES JUNIOR; 2004, p.10.12ARAUJO; NUNES JUNIOR, 2004,p.10.13Ibid., p. 4.
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Fica perspcuo que a nossa Constituio alm de ser rgida mutvel,
podendo ser alterada mediante Emenda Constitucional e Reviso Criminal.
A Constituio compreende normas jurdicas fundamentais que regem
uma sociedade, sendo ela dotada de estabilidade, exigncia indispensvel
segurana jurdica, manuteno das instituies e ao respeito aos direitos e
garantias fundamentais dos cidados.
Jos Afonso da Silva, vem corroborar tal entendimento:
A estabilidade das constituies no deve ser absoluta, no pode significarimutabilidade. No h constituio imutvel diante da realidade social
cambiante, pois no ela apenas um instrumento de ordem, mas devers-lo, tambm, de progresso social. 14
A Constituio deve ter certa estabilidade e durabilidade, mas sem
prejuzo a sociedade, sendo possvel mudana desta para se adaptar ao
progresso, evoluo e bem estar social.
A realidade social est em constante mutao, e, medida que isso
acontece, a sociedade exige normas constitucionais que se adaptam a essas
mudanas, no ficando o direito alheio a essas situaes.
Nesse sentido, a Constituio est ligada com os meios circundante,
ou seja, com os fatores sociais, polticos, econmicos, morais e religiosos, devendo
estar em consonncia com as necessidades de cada poca.
2.4 Dimenses dos Direitos Fundamentais
Os Direitos Fundamentais no surgem da noite para o dia, so direitos
que evoluem com o passar do tempo, assim, necessrio se faz definir o que vem
ser dimenses dos direitos fundamentais.
14SILVA, 2002, p.42. .
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Insta salientar, que alguns autores no utilizam a palavra dimenses
que a correta, mas sim geraes. A palavra gerao incorreta porque d a
entender que algo do passado no serve mais para os dias atuais. Assim, a
expresso correta de acordo com a doutrina majoritria encabeada por Paulo
Bonavides dimenses por que se estendem no tempo e nunca deixam de existir.
Neste diapaso ensina:
[...] o vocbulo dimenso substitui, com vantagem lgica e qualitativa, otermo gerao, caso este ltimo venha a induzir apenas sucessocronolgica e, portanto, suposta caducidade dos direitos das geraesantecedentes, o que no verdade. Ao contrrio, os direitos da primeira
gerao, direitos individuais, os da segunda, direitos sociais, e os daterceira, direitos ao desenvolvimento, ao meio ambiente, paz e fraternidade, permanecem eficazes, so infra-estruturais, formam a pirmidecujo pice o direito a democracia [...]15
Infere-se do disposto que o vocbulo gerao j est ultrapassado,
dando a entender que algo do passado no vale mais para os dias atuais. Neste
caso, faz-se necessria a utilizao do termo certo para corrigir o equvoco de
linguagem.
Os Direitos Fundamentais so divididos em 3 dimenses, mas h uma
grande gama de doutrinadores que j reconhecem a 4 e a 5 dimenso.
Os chamados Direitos de 1 dimenso so considerados um dos mais
importantes, ele comea com a simples liberdade de uma nao, sendo ele, o
Direito Liberdade. So direitos que o indivduo busca como forma de ter uma vida
mais digna. A partir do momento que ele adquire a liberdade este passa a lutar por
direitos que possam melhorar sua vida.Para Alexandre de Moraes, os direitos fundamentais de primeira
gerao so os direitos e garantias individuais e polticos clssicos (liberdades
pblicas), surgidos institucionalmente a partir da Magna Charta.16
J os Direitos Fundamentais de 2 Dimenso so os chamados
Direitos Sociais. So eles direitos de igualdade ou direito social. So aqueles
15BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 10 ed. So Paulo: Malheiros, 1997. p. 525.16MORAES, 2007, p. 26.
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direitos onde o individuo busca uma melhor forma de vida e busca direitos bsicos
para a sua existncia.
Segundo Alexandre de Moraes os direitos fundamentais de segunda
gerao, que so os direitos sociais, econmicos e culturais, surgido no incio do
sculo, Themistocles Brando Cavalcanti analisou que o comeo do nosso sculo
viu a incluso de uma nova categoria de direitos nas declaraes e, ainda mais
recentemente, nos princpios garantidores da liberdade das naes e das normas da
convivncia internacional.
Entre os direitos chamados sociais, incluem-se aqueles relacionados
com o trabalho, o seguro social, a subsistncia, o amparo doena, velhice etc 17
O primeiro dispositivo que tratou de Direitos Sociais foi a Constituio
Mexicana de 1917, reconhecendo em seu texto constitucional tais direitos. E assim
comeou a surgir em outros pases, mas insta salientar que tais direitos no era para
mbito internacional mais sim, para direitos internos, isto , somente internamente,
sendo somente para aqueles pases que reconheceram em seu texto constitucional.
A partir da 2 Guerra Mundial, o mundo basicamente se divide em dois:
Mundo Capitalista e Mundo Comunista. Assim, as lutas so realizadas por classes,coletiva e no mais de forma individualizada, surgindo assim os Direitos de 3
Dimenso que so os Direitos Fraternais ou Direitos Solidrios.
Nos Direitos Solidrios ou Fraternais os indivduos no lutam mais por
seus direitos nicos, a luta no visa beneficiar somente ele, mas toda uma
coletividade como, por exemplo: quando luto pelo meio ambiente, essa luta no s
beneficia uma pessoa determinada mas sim toda a coletividade.
Alexandre de Moraes, confirma tal entendimento:
[...] direitos de terceira gerao os chamados direitos de solidariedade oufraternidade, que englobam o direito a um meio ambiente equilibrado [...].18
17MORAES, Loc cit.18RJT 155/206
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Nesta 3 dimenso no se busca apenas o interesse de uma pessoa
de forma individual, mas sim o bem estar da coletividade, como nos casos da luta da
defesa do consumidor.
Na dcada de 80, com as descobertas cientficas e os avanos
tecnolgicos faz-se necessrio o nascimento de normas para regrar, ordenar e
disciplinar tais descobertas. Assim, surgem os direitos de 4 Dimenso relacionados
com as Comunicaes ou Telecomunicaes.
Temos os direitos de 5 Dimenso que so os chamados de
Biodireito. So aquelas situaes relacionadas a questo de clonagem, do
congelamento do cordo umbilical, o projeto Genoma e outros. Mas h
doutrinadores que entendem que isso no seriam direitos fundamentais pois direito
fundamental positivado e estes ainda no esto regulamentados.
Por fim, faz-se necessria certa cautela em relao aos direitos
fundamentais e suas dimenses quando tratar-se de pases perifricos. Tal ressalva
necessria porque tem muitos pases em que o indivduo no atingiu nem os
direitos de 1 dimenso, como por exemplo, o Afeganisto, ou seja, no posso
discutir um direito de 4 dimenso se eu no tenho os direitos de 1 e 2 dimenso.
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Ainda, segundo Bismael B. Moraes et al., Segurana Pblica a
ausncia de delitos em estado ideal, onde no h ocorrncias de crimes ou
contravenes. Mas a Segurana Pblica apenas um aspecto ou um dos aspectos
daquilo que se entende por ordem pblica; a ordem pblica, na verdade, constitui-
se de trs aspectos: a salubridade pblica, a tranqilidade pblica e finalmente a
Segurana Pblica. 21
Em suma para os referidos autores, Segurana Pblica a defesa, a
garantia que o Estado concede toda uma Nao a fim de assegurar a ordem
pblica, fazer cumprir a lei e garantir a tranqilidade no meio social.
Entretanto, no se pode deixar de abordar o que venha a ser Ordem
Pblica, pois esta, est ligada intimamente com a Segurana Pblica.
Neste diapaso, ensina lvaro Lazzarini:
Em suma, a ordem pblica uma situao de fato oposta desordem,sendo, portanto, essencialmente de natureza material e exterior, comoatentou o citado Louis Rolland.
[...]
A ordem pblica, portanto, efeito de causa segurana pblica, comotambm, acrescentamos, efeito da causa tranqilidade pblica ou, ainda,efeito da causa salubridade pblica. Cada um desses aspectos que LouisRolland afirmou serem aspectos da ordem pblica e teve o apoioincondicional de Paul Bernard, cada um deles , por si s, a causa do efeitoordem pblica, cada um deles tem por objeto assegurar a ordem pblica. 22
Infere-se do disposto que h ordem pblica constituda para
assegurar que os cidados tenham uma vida mais digna, tendo direito segurana,
tranqilidade e salubridade.
Diante das definies acima expostas, cumpre ressaltar a conceituao
de Segurana Pblica dada pelo Conselho Nacional de Segurana Pblica-
CONASP:
A Segurana Pblica uma atividade pertinente aos rgos estatais e comunidade como um todo, realizada com o fito de proteger a cidadania,
21MORAES, Bismael B. et al. Segurana pblica e direitos individuais. So Paulo: Juarez de Oliveira,2000. p. 24.
22LAZZARINI,1999, p.53
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prevenindo e controlando manifestaes da criminalidade e da violncia,efetivas ou potenciais, garantindo o exerccio pleno da cidadania nos limitesda lei. 23
Destarte, que Segurana Pblica um dever do Estado de assegurar a
Nao, atravs de seus rgos. Mas para que haja essa segurana a que se
delimitarem quais rgos so competentes para tal.
Os rgos competentes para zelar pela Segurana Pblica esto
elencados na Constituio Federal, conforme dispe o art. 144 e seus incisos,
saber: polcia federal; polcia rodoviria federal; polcia ferroviria federal; polcias
civis; polcias militares e corpos de bombeiros militares.
Neste sentido, alm dos rgos elencados, o 8 do respectivo artigo
diz que os Municpios por meio das Guardas Municipais tambm podem zelar pela
Segurana Pblica.
Insta salientar, que a previso do art. 144 da Constituio
Federal,conforme dispe lvaro Lazzarini, taxativa, no podendo, portanto, ser
criados outros rgos policiais incumbidos da segurana pblica, em quaisquer dos
nveis estatais o que impede, por isso mesmo, que rgos autrquicos ouparaestatais no previstos na norma constitucional exercitem atividades de
segurana pblica. 24
Portanto, no ser possvel a legislao infraconstitucional, inclusive as
Constituies estaduais ampliarem o rol dos seguintes rgos: polcia federal, polcia
rodoviria federal, polcia ferroviria federal, polcias civis, polcias militares e corpos
de bombeiros militares. 25
Neste diapaso, a Jurisprudncia vem corroborar tal entendimento:
STF- Incompatibilidade, com o disposto no art.144 da Constituio Federal,da norma do art.180 da Carta Estadual do Rio de Janeiro, na parte em queinclui no conceito de segurana pblica a vigilncia dos estabelecimentospenais e, entre os rgos encarregados dessa atividade, a ali denominada
23
CONCEITOS bsicos de segurana pblica. Segurana Pblica Online. Disponvel em:. Acesso em: 05 ago. 2007.24LAZZARINI, 1999, p. 58.25MORAES, 2006, p. 1819.
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Polcia Penitenciria. Ao direta julgada procedente, por maioria devotos.26
Fica perspcuo a taxatividade do aludido artigo, no podendo serampliado aos rgos competentes para assegurar a Segurana Pblica Nacional.
Uma questo que aqui se pe se as Guardas Municipais e as Foras
Armadas podem zelar pela Segurana Pblica, isto , esses dois rgos possuem
competncia?
Em relao as Guardas Municipais segundo Jos Afonso da Silva, os
Municpios no ficaram com nenhuma especfica responsabilidade pela segurana
pblica. Ficaram com a responsabilidade por ela na medida em que sendo entidade
estatal no podem eximir-se de ajudar os Estados no cumprimento dessa funo.
Contudo, no se lhes autorizou a instituio de rgo policial de segurana e menos
ainda de polcia judiciria. 27
A Constituio apenas lhes reconheceu a faculdade de constituir
guardas municipais destinadas proteo de seus bens, servios e instalaes,
conforme dispuser a lei. Ai certamente est uma rea que de segurana:
assegurar a incolumidade do patrimnio municipal, que envolve bens de uso comum
do povo, bens de uso especial e bens patrimoniais, mas no de polcia ostensiva,
que funo exclusiva da Polcia Militar. 28
Neste sentido, as Guardas Municipais no tem devem exceder os
limites de sua competncia, isto , deve permanecer nos limites constitucionais que
lhe fora conferido sem adentrar nas atividades da polcia ostensiva e da polcia
judiciria.
Atualmente a Segurana Pblica no Brasil vem se mostrando
ofuscada, carecendo de uma melhor imagem. O que se v um Estado deficiente
que no pune e que quando o faz pune mal. Nesse sentido, a populao diante de
tal insegurana e impunidade comeou a cogitar a atuao das Foras Armadas
para garantir a segurana de todos, principalmente no Estado do Rio de Janeiro.
26STF-Pleno-Adin n236-8/RJ-Rel.Min.Octvio Galloti- Dirio da Justia, Seo I, 1 jun. 2001, p.7527SILVA, 2002, p. 759-76028SILVA, Loc cit.
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O fato que as Foras Armadas no esto elencados no art.144, que prev
os rgos competentes para tal proteo. Neste diapaso, h discusses e debates a
cerca de tal tema. E uma dessas discusses foi a que o Jornal de Debates fizera,
vejamos abaixo:
O Exrcito deve ir para as ruas?
Situao de caos no Rio de Janeiro
Infelizmente, o Rio de Janeiro enfrenta uma situao dramtica que se faznecessrio o envio de tropas federais.
Autor: Jos de Paula Araujo - Participa desde: 18/11/2006
A cidade do Rio de Janeiro est passando por uma das piores situaes de
sua histria, que vem se intensificando a cada dia pela ao de marginaisque no possuem d dos demais cidados que precisam trabalhar,desenvolver suas atividades, mas no conseguem pela sensao real deinsegurana pelas ruas da cidade. Digo que se faz necessrio, comurgncia, o envio de tropas federais na minha cidade, quer dizer, a ForaNacional de Segurana Pblica e, tambm, as Foras Armadas (leia-seExrcito), pois o panorama chegou a tal ponto que as pessoas estoacuadas, desguarnecidas, sem saber o que fazer para se proteger e, mais,necessitam de muita f para conseguirem chegar aos seus locais detrabalho e retornarem s suas residncias ss e salvas, mas no o queest parecendo. Lamentvel que isso esteja acontecendo e o pior dissotudo que o governo anterior j sabia h dois meses que essa situaopoderia acontecer e no fizeram uma ao preventiva para evitar que ummal maior ocorresse. Infelizmente, vivemos um momento difcil, pormespero com confiana que o governador Sergio Cabral possa fazer de tudopara que o clima de tranqilidade volte a nossa cidade, porque do jeito queest no pode continuar. A populao j est cansada de tanta violncia emortes por toda a cidade, tanto em bairros ricos como em pobres.29
Fica evidente que as Foras Armadas no esto vinculadas com a
Segurana Pblica, tanto que a Constituio Federal dedica o Captulo II s para o
tema DAS FORAS ARMADAS.
Segundo Jos Afonso da Silva, s subsidiria e eventualmente lhes
incumbem a defesa da lei e da ordem, porque essa defesa de competncia
primria das foras de segurana pblica, que compreende a polcia federal e as
polcias civil e militar dos Estados e do Distrito Federal.
Sua interferncia da defesa da lei e da ordem depende, alm do mais,
de convocao dos legtimos representantes de qualquer dos poderes federais:
29ARAJO, Jos de Paula. Situao de caos no Rio de Janeiro. Jornal de Debates, 03 jan. 2007.Disponvel em: Acessoem: 07.ago. 2007.
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Presidente da Mesa do Congresso Nacional, Presidente da Repblica ou Presidente
do Supremo Tribunal Federal. (...)
Portanto, a atuao das Foras Armadas convocada por Juiz de Direito
ou por Juiz Federal, ou mesmo por algum Ministro do Superior Tribunal de Justia
ou at mesmo o Supremo Tribunal Federal, inconstitucional e arbitrria, porque
estas autoridades, por mais importantes que sejam, no representam qualquer dos
poderes constitucionais federais. 30
Por derradeiro, fica evidente que As Foras Armadas s podem zelar
pela Segurana Pblica quando decretado o Estado de Stio ou o de Defesa, e
quando convocadas pelos legitimados representantes de qualquer dos poderes
federais, no sendo eles o Ministro, o Juiz de Direito, o Juiz Federal, o Deputado e o
Senador, que so simples membros do poder e no os representam. 31
3.2 Responsabilidade
O Estado uma pessoa jurdica de direito pblico. Como tal ele,
necessariamente, atua atravs de pessoas fsicas, isto , de seres humanos. Estes,
presos ao princpio da legalidade, tem suas atribuies individualizadas pela lei, vale
dizer, tem uma esfera de competncia, a competncia legal. 32
Nesse sentido, fica perspcuo que o administrador pblico est
vinculado a lei, devido ao princpio da legalidade, isto , ele s pode fazer o que a lei
estabelecer.
Tal princpio est previsto no art. 5, inciso II da Constituio Federal:
Art.5, inciso II: ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer algumacoisa seno em virtude de lei;33
30
SILVA, 2002, p. 750.31SILVA, Loc. cit.32LAZZARINI, 1999, p. 417.33MORAES, 2006, p.196.
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Conforme o aludido artigo o particular no obrigado a fazer ou deixar
de fazer se no em virtude de lei. Assim, sendo o particular pode fazer tudo o que a
lei no proibir. J em relao a Administrao Pblica esse princpio mais rigoroso,
onde ela no pode fazer o que quer e sim o que a lei expressamente autorizar ela a
fazer.
de conhecimento de todos que o Estado ao exercer suas atribuies
atravs de seus agentes podem cometer danos a terceiros sejam eles por omisso
ou ao. Tais danos quando prestados, gera a obrigao de reparao patrimonial,
que neste caso ser feita pelo Estado atravs da sua responsabilidade civil, tambm
chamada de responsabilidade da Administrao Pblica.
3.2.1 Evoluo da Responsabilidade Civil e Teoria da Irresponsabilidade
Tem-se discutido sobre a Responsabilidade Civil do Estado desde os
primrdios da humanidade.
Poderamos citar o Cdigo de Hamurabi, onde dizia que a pessoa que
sofresse o dano poderia para poder repara-lo fazer a mesma coisa que o causador
do dano fez a ele, seria uma forma de vingana, isto , olho por olho, dente por
dente.
Outros precedentes histricos foram o Cdigo de Man, onde se
algum roubasse alguma coisa teria sua mo amputada.
E ainda, as expresses usadas nessa poca: O rei no erra (The king
can do no wrong), O Estado sou eu ( L tat c est moi), O que agrada ao prncipe
tem fora de lei etc. 34
Fica claro que nos primrdios no havia certa proporcionalidade em
qual seria a responsabilidade daquele que causasse algum dano. A pessoa que
sofria o dano era instigada a querer uma vingana, a criar dentro de si tal
sentimento.
34CAVALIERI FILHO, Srgio. Programa de responsabilidade civil. 2. ed. 3 tiragem. rev. aum. e atual.So Paulo: Malheiros, 2000. p. 157-158.
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Ocorre que antigamente o Estado tido como pessoa jurdica no
cometia erro e muito menos era responsabilizado se houvesse tal erro, sendo assim,
os administrados s poderiam entrar com ao contra o prprio funcionrio causador
do dano, jamais contra o Estado, que se mantinha distante do problema.35
Portanto, segundo Sergio Cavalieri Filho, no Estado desptico e
absolutista vigorou o princpio da irresponsabilidade. A idia de uma
responsabilidade pecuniria da Administrao era considerada como um entrave
perigoso execuo de seus servios.36
Neste sentido, lvaro Lazzarini explicita:
[...] entendia-se ser o Estado irresponsvel, porque, o Estado pessoajurdica, representa o Direito, no comete erros. Se erro, causador de dano,ocorrer, a responsabilidade da pessoa fsica que exerce atividade estatale no do Estado, pessoa jurdica. 37
Diante do texto acima citado, fica claro que o que vigorava era a
Teoria da Irresponsabilidade, onde seria injusto excluir o Estado de tal
responsabilidade, sendo somente o agente pblico em sua pessoa serresponsabilizado. Pois, o Estado pode ter incidido em culpa in iligendo e culpa in
vigilandoem relao a esse agente.
E ainda, neste sentido vem a Constituio Federal Interpretada
confirmar tal entendimento:
Neste primeiro momento histrico, o Estado era irresponsvel pelos danos
que causasse ao particulares. No exerccio das suas funes estatais.Observamos, porm, que mesmo nesses casos no ficavam os indivduosa descoberto de qualquer proteo, pois haveria a possibilidade deresponsabilizao individual dos agentes pblicos que, atuando com doloou culpa, acarretassem dano a outrem. Ressalta-se, porm, que aresponsabilidade existiria em nome prprio e no como prepostos doEstado. 38
35
CAVALIERI FILHO, 2000, p.157-158.36Ibid., p. 157.37LAZZARINI, 1999, p. 419.38MORAES, 2006, p. 935.
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Ao certo, a presente teoria injusta pois assim como diz Sergio
Cavalieri Filho,ante a insolvncia do funcionrio, a ao de indenizao quase
sempre resultava frustrada. 39
Portanto, essa teoria j no vigorava mais entre os pases, pois como
fora dito acima no adiantava responsabilizar o funcionrio se este no tinha como
arcar com as despesas do dano.
Assim, tal irresponsabilidade foi evoluindo e consequentemente
formando assim a Teoria da Responsabilidade do Estado.
3.2.2 Teoria da Responsabilidade Estatal
Sergio Cavalieri Filho diz que a teoria da irresponsabilidade era a
prpria negao do direito. De fato, se no Estado de Direito o Poder Pblico tambm
se submete lei, a atividade estatal simples corolrio, conseqncia lgica e
inevitvel dessa submisso.40
Nesse sentido, o Estado sendo uma pessoa jurdica de direito pblico e
tendo como finalidade proteger o cidado, no se justifica ele deixar de praticar o
seu dever, isto , deixar desamparada a pessoa que sofreu o dano advindo de seus
atos.
Aps ser combatida a teoria da irresponsabilidade nasceu a
Responsabilidade do Estado.
Essa responsabilidade nasceu com a jurisprudncia francesa, com o
famoso caso Blanco e ocorrido em 1873, conforme dispe Maria Sylvia Zanella Di
Pietro. 41
Segundo a referida autora no foi somente a jurisprudncia francesa
que deu incio a responsabilidade do Estado como tambm a Inglaterra e os Estados
39CAVALIERI FILHO, 2000, p. 158.40Ibid., p. 158.41DI PIETRO, Maria Sylvia Di. Direito administrativo. 13 ed. So Paulo: Atlas, 2001. p. 514.
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Unidos, que abandonaram a teoria da irresponsabilidade, por meio do Federal Tort
Claim Act,de 1946, e Crown Proceeding Act,, de 1947, respectivamente. 42
Tal responsabilidade segundo lvaro Lazzarini, tem por fundamento
civilista, procurando-se, porm, distinguir entre os atos de gesto, pois entendia-se
que, naqueles, tpicos da soberania do Estado, como o so a desapropriao
decretada pelo Executivo, a lei editada pelo Legislativo e a sentena pelo Judicirio,
qualquer dano no devia ser indenizado, enquanto que, nestes, nos de gesto
como, nas hipteses de ocorrncias pblicas e determinados contratos, haver-se-ia
de verificar se houve ou no culpa [...]. 43
O autor supracitado ainda diz: tmida essa evoluo civilista, pois o
Estado Estado, quer quando pratica atos de imprio, quer quando pratica de
gesto, oportunidade da qual no usa de sua supremacia.44
Nesse sentido, para tal teoria o Estado s responderia por atos de
gesto. Ressalte-se, porm, que a responsabilidade existiria se houvesse culpa do
agente.
A Constituio Federal vem corroborar tal assunto:
Essa teoria dividia-se em relao a atos de gesto ou ato de imprio doPoder Pblico, sendo que somente em relao aos primeiros haviaresponsabilidade civil do Estado, desde que houvesse, no caso concreto,culpa do agente pblico. Como ensina Odete Medauar, na poca seafirmava que, ao praticar atos de gesto, o Estado teria atuao equivalentea dos particulares em relao aos seus empregados ou propostos; comopara os particulares vigorava a regra da responsabilidade, nesse plano oEstado tambm seria responsabilizado, desde que houvesse culpa doagente. Ao editar atos de imprio, estreitamente vinculados soberania, oEstado estaria isento de responsabilidade. 45
Fica perspcuo, que o Estado s era responsabilizado se o seu agente
agisse com culpa, caso contrrio no seria este responsabilizado. H aqui a figura
da responsabilidade subjetiva, onde esta depende da culpa.
42
DI PIETRO, 2001, p.513.43LAZZARINI, 1999, p.420.44LAZZARINI, Loc.cit45MORAES, 2006, p.935.
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A culpa por muito tempo foi uma forma de requisito principal para que
o Estado respondesse civilmente. Neste sentido, se o agente pblico ou o prprio
Estado agisse com culpa este poderia responsabilizado civilmente.
O art. 15 do Cdigo Civil de 1916 j trazia esse requisito tido como
principal, saber, a culpa:
Art.15. As pessoas jurdicas de direito pblico so civilmente responsveispor atos dos seus representantes que nessa qualidade causem danos aterceiros, procedendo de modo contrrio ao direito ou faltando a deverprescrito por lei, salvo o direito regressivo contra os causadores do dano.
46
Assim, aos poucos a teoria da responsabilidade subjetiva fundada na
culpa abriu a possibilidade do Estado de ser punido, no ficando a sociedade amerc.
3.2.3 Teorias Publicistas
Como fora dito no tpico anterior, a responsabilidade civil do Estado
teve como marco inicial o famoso caso Blanco, de 1873, dado pela jurisprudncia
francesa. 47
A partir da comearam a surgir as teorias publicistas do Estado
conforme dispe Maria Sylvia Zanella Di Pietro, saber: teoria da culpa do servio
ou da culpa administrativa e teoria do risco, desdobrada, por alguns autores, em
teoria do risco administrativo e teoria do risco integral. 48
Segundo Hely Lopes Meirelles,a teoria da culpa administrativa :
46BRASIL, Cdigo Civil( 2003). Cdigo Civil. 8 ed. rev, atual e ampl, p. 41847 O famoso caso Blanco, ocorrido em 1873: a menina Agns Blanco, ao atravessar a rua da cidadede Bordeaux, foi colhida por uma vagonete da Cia. Nacional de Manufatura do Fumo; seu paipromoveu ao civil de indenizao, com base nos princpio de que o Estado civilmenteresponsvel por prejuzos causados a terceiros, em decorrncia de ao danosa de seus agentes.Suscitado conflito de atribuies entre jurisdio comum e contenciosa administrativo, o Tribunal deConflitos decidiu que a controvrsia deveria ser solucionada pelo tribunal administrativo, porque setratava de apreciar a responsabilidade decorrente de funcionamento do servio pblico. Entendeu-s
que a responsabilidade do Estado no pode reger-se pelos princpios do Cdigo Civil, porque sesujeita a regras especiais que variam conforme as necessidades do servio e a imposio de conciliaros direitos do Estado com os direitos privados.48 DI PIETRO, 2001, p.514-515
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A teoria da culpa administrativa representa o primeiro estgio de transioentre a doutrina subjetiva da culpa civil e a tese objetiva do riscoadministrativo que a sucedeu, pois leva em conta a falta de servio para
dela inferir a responsabilidade da Administrao. o estabelecimento dobinmio falta do servio/culpa da Administrao.49(grifo do autor)
Nesse diapaso a referida teoria alerta para a falta objetiva do servio (
faute du service), e nem se importa com a responsabilidade subjetiva, isto , no se
discute a culpa do administrador. Mas insta salientar, que aqui, exige-se uma culpa
especifica, qual seja, a administrativa.
Necessrio se faz ainda termos em mente o que vem ser falta deservio. Nesse sentido Hely Lopes Meirelles apud Paul Duez conceitua:
A falta do servio, no ensinamento de Duez, pode se apresentar-se sobtrs modalidades: inexistncia do servio, mau funcionamento do servio ouretardamento do servio. Ocorrendo qualquer destas hipteses, presume-sea culpa administrativa e surge a obrigao de indenizar. 50
A falta de servio para Maria Sylvia Zanella Dipietro fundam-se emduas culpas, de um lado, a culpa individual do funcionrio, pela qual ele mesmo
respondia, e, de outro, a culpa annima do servio pblico; nesse caso, o
funcionrio no identificvel e se considera que o servio funcionou mal; incide,
ento, a responsabilidade do Estado. 51
Desta forma, vem a jurisprudncia exemplificar o faute de service(falta
de servio):
STF- Constitucional. Administrativo. Civil. Dano Moral. Responsabilidadecivil das pessoas jurdicas de direito pblico e das pessoas jurdicas dedireito privado prestadoras de servios pblicos. Ato omisso do poderpblico: morte de presidirio por outro presidirio: responsabilidadesubjetiva: culpa publicisada: faute de service. CF, art.37,6. 1. Aresponsabilidade civil das pessoas jurdicas de direito pblico e das pessoasjurdicas de direito privado prestadoras de servio pblico, responsabilidadeobjetiva, com base no risco administrativo, ocorre diante dos seguintes
49
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasieliro ..27 .ed. Malheiros: 2002. p. 619.50DUEZ apud MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasieliro ..27 .ed. Malheiros: 2002. p.619.
51DI PIETRO, 2001,p.515.
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requisitos: (a) do dano; (b) da ao administrativa; (c) e desde que hajanexo causal entra o dano e a ao administrativa. 2. Essa responsabilidadeobjetiva, com base no risco administrativo, admite pesquisa em torno daculpa da vtima, para o fim de abrandar ou mesmo excluir aresponsabilidade da pessoa jurdica de direito pblico ou da pessoa jurdica
de direito privado prestadora de servio pblico. 3. Tratando-se de atoomissivo do poder pblico, a responsabilidade civil por tal ato subjetiva,pelo que exige dolo ou culpa, numa de suas trs vertentes, negligncia,impercia ou imprudncia, no sendo, entretanto, necessrio individualiz-la,dado que pode ser atribudo ao servio pblico, de forma genrica, a fautede servicedos franceses. 4. Recurso extraordinrio no conhecido. 52
De acordo com tais fundamentos, a Constituio Federal Interpretada
diz, que caber vtima a comprovao da no-prestao do servio ou de sua
prestao ineficiente, insatisfatria, a fim de ficar configurada a culpa do servio, e,
consequentemente, a responsabilidade do Estado, a quem incumbe prest-lo. 53
Assim, basta que a vtima comprove que houve a falta de servio ou
que o servio prestado no foi de bom grado, para poder compelir o Estado a
responder civilmente por seus danos.
3.2.4 Responsabilidade Objetiva: Teoria do Risco Administrativo e Teoria do
Risco Integral
Uma das teorias que fundamentam a Responsabilidade Objetiva a
teoria do risco.
Para Maria Sylvia Di Pietro, essa teoria do risco baseia-se no princpio
da igualdade dos nus e encargos: assim como os benefcios decorrentes da
atuao estatal repartem-se por todos, tambm os prejuzos sofridos por alguns
membros da sociedade devem ser repartidos. Quando uma pessoa sofre um nus
maior do que o suportado pelas demais, rompe-se o equilbrio que necessariamente
deve haver entre os encargos sociais; para restabelecer o equilbrio que
necessariamente deve haver entre os encargos sociais; para restabelecer esse
52STF- 2 T. Rextr. n 179.147-1/SP- Rel. Min. Carlos Velloso, Dirio da Justia, Seo I, 27 fev.1998, p.18.
53MORAES, 2006, p.936.
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equilbrio, o Estado deve indenizar o prejudicado, utilizando recursos do errio
pblico. 54
Nesse sentido, no deve-se aqui provar a culpa ou o dolo e sim o nexo
de causalidade, entre o ato do servio pblico e o dano sofrido pelo administrado.
No importando, se o servio foi prestado de forma correta ou no.
Foi assim, que proclamou-se a responsabilidade objetiva do Estado,
que aquela que independe de requisitos subjetivos, como por exemplo o dolo e a
culpa, nela basta provar o nexo de causalidade, ora conceituado acima.
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro a responsabilidade objetiva
tambm chamada de teoria do risco, porque parte da idia de que a atuaoestatal envolve um risco de dano, que lhe inerente. 55
Insta salientar, que a teoria do risco e dividida em duas, saber: a
teoria do risco administrativo e a teoria do risco integral.
A teoria do risco administrativo conforme dispe Hely Lopes
Meirelles, faz surgir a obrigao de indenizar o dano do s ato lesivo e injusto
causado vtima pela Administrao. 56
No h necessidade de se provar a falta de servio ( faute de service)
e muito menos a culpa do agente pblico, pois aqui no se discute culpa.
Nesse sentido, vem Hely Lopes Meirelles, confirmar tal entendimento:
Aqui no se cogita da culpa da Administrao ou de seus agentes, bastandoque a vtima demonstre o fato danoso e injusto ocasionado por ao ouomisso do Poder Pblico. 57
Dessa forma, a aludida doutrina confirma que na teoria do risco
administrativo no h necessidade de se provar a culpa do agente para que o
Estado ento seja responsabilizado, bastando apenas demonstrar o risco e os danos
que a Administrao provocou.
54
DI PIETRO, 2001, p. 515.55DI PIETRO, Loc. cit.56MEIRELLES, 2002,p 619.57MEIRELLES, Loc. cit
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Insta salientar, que a regra dessa teoria de que para responsabilizar o
Estado independe de culpa no absoluta. Como sabemos, nenhum direito
absoluto.
O Poder Pblico pode quando achar devido discutir se a vtima do
dano por ele cometido concorreu ou no para que tal dano ocorresse, isto , se
houve culpa exclusiva da vtima ou no.
Nesse caso, se ficar configurada tal concorrncia a indenizao que o
Estado provavelmente teria que arcar de forma integral poder ser reduzida.
J a teoria do risco integral jamais foi acolhida no nosso texto
constitucional, porque trata-se de uma modalidade extremada da doutrina do riscoadministrativo, abandonada na prtica, por conduzir ao abuso e iniqidade social.58
Nesse sentido h vedao de tal teoria, por ser essa inadequada, em
decorrncia de no se levar em conta se a vtima agiu com culpa ou com dolo, isto
, se a vtima concorreu ou no para que houvesse o dano.
Para essa teoria neste caso, se ocorresse um dano o Estado j estava
obrigado a indenizar, mesmo se a vtima concorreu para que o dano confirmasse.
Tal diviso e distino quanto as duas modalidades de teoria do risco,
no adotada por todos os doutrinadores. H quem entendam que a teoria do risco
administrativo e a do risco integral so sinnimos e outros que entendem que no,
como Hely Lopes Meirelles que distingui uma da outra.
Segundo Yussef Said Chali, critica a distino feita por Hely Lopes
Meirelles, diz que:
A distino proposta por Hely Lopes Meirelles- com manifestapreocupao, alis louvvel e declarada, de proteger a Fazenda Pblica-revela-se artificiosa e carente de fundamentao cientifica; em suaessncia, alis, o autor acaba inovando a regra constitucional, ao identificarnela um simples caso de presuno de culpa, passvel de eliso pelacontraprova a cargo da entidade pblica.59
58MEIRELLES,2002. p. 620.59CAHALI, Yussef Said. Responsabilidade civil do Estado. 2.ed. So Paulo: Malheiros.1995, p.40.
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Apesar das divergncias quanto as teorias, o Estado no ordenamento
jurdico brasileiro responde objetivamente, isto , independe de culpa ou dolo,
bastando apenas o nexo causal.
3.2.5 Responsabilidade Civil do Estado no Direito Brasileiro
Como fora dito anteriormente, o Estado no respondia por seus atos e
nem pelos atos de seus agentes, isto ocorreu na poca em que vigorava a teoria da
irresponsabilidade do Estado.
Ocorre que com o passar dos anos houve-se a necessidade de
comear a responsabilizar o Estado por seus atos e de seus agentes, pois nem
mesmo as Constituies de 1824 e 1891 previam tal responsabilidade.
Tais Constituies s previam a que o funcionrio pblico no exerccio
de suas funes seriam responsabilizados, mas quanto ao Estado nada fora dito.
Porm, a Lei n 3.071 de, 01 de Janeiro de 1916, criou o Cdigo Civil,
e dedicou um artigo para falar sobre a responsabilidade do Estado. O referido artigo
era o de n 15. Mas diante de tal artigo, o Estado s seria responsabilizado se
demonstrasse culpa do funcionrio.
Nesse sentido houve vrias Constituies que criaram artigos para
falar sobre a responsabilidade do Estado, como por exemplo a de 1934 que adotou
a teoria da responsabilidade solidria do Estado e funcionrio; a de 1946 que adotou
a teoria da responsabilidade objetiva e outras.
No entanto a que vigora hoje a responsabilidade que est prevista no
Texto Constitucional de 1988, no art.37, 6.
O art.37, 6, determina que:
Art.37[...]
6 as pessoas jurdicas de direito pblico e as de direito privadoprestadoras de servios pblicos respondero pelos danos que seus
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agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito deregresso contra o responsvel no caso de dolo ou culpa. 60
De acordo com o Texto Constitucional a responsabilidade do Estadoatualmente a Objetiva. Sendo que essa responsabilidade objetiva exige a
ocorrncia dos seguintes requisitos: ao ou omisso administrativa; existncia de
nexo causal entre o dano e a ao ou omisso administrativa e ausncia de causa
de excludente da responsabilidade estatal. 61
As pessoas jurdicas de direito privado prestadoras de servios
pblicos seriam fundaes governamentais de direito privado, empresas pblicas,
sociedades de economia mista, empresas permissionrias e concessionrias deservios pblicos.
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a regra da responsabilidade
objetiva exige, segundo artigo 37, 6, da Constituio:
1. que se trate de pessoa jurdica de direito pblico ou de direito privadoprestadora de servios pblicos; a norma constitucional veio pr fim s
divergncias doutrinrias quanto incidncia de responsabilidadeobjetiva quanto se tratasse de entidades de direito privado prestadorasde servios pblicos (fundaes governamentais de direito privado,empresas pblicas, sociedades de economia mista, empresaspermissionrias e concessionrias de servios pblicos), j quemencionadas, no artigo 107 da Constituio Federal de 1967, apenasas pessoas jurdicas de direito pblico (Unio, Estados, Municpios,Distrito Federal, Territrios e Autarquias);
2. que essas entidades prestem servios pblicos, o que exclui asentidades da administrao indireta que executem atividade econmicade natureza privada; assim que; em relao s sociedades deeconomia mista e empresas pblicas, no se aplicar a regraconstitucional, mas a responsabilidade disciplinada pelo direito privado,quando no desempenharem servio pblico;
3. que haja um dano causado a terceirosem decorrncia da prestaode servio pblico; aqui est o nexo de causa e efeito;
4. que o dano seja causado por agente das aludidas pessoas jurdicas, oque abrange todas as categorias, de agentes polticos,administrativos ou particulares em colaborao com aAdministrao, sem interessar o ttulo sobre o qual prestam o servio;
5. que o agente, ao causar o dano, aja nessa qualidade; no basta ter aqualidade de agente pblico, pois, ainda que o seja, no acarretar a
60MORAES,2006, p. 934.61Ibid., p.937.
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responsabilidade estatal se, ao causar o dano, no estiver agindo noexerccio de suas funes. 62
Ainda, segundo lvaro Lazzarini:
O entendimento jurisprudencial predominante na atualidade o de que oEstado deve indenizar, desde que no prove que o dano foi ocasionadopela prpria vtima. Esta ao reclamar a reparao do dano no necessitademonstrar a culpa ou dolo do agente do Estado ou, mesmo, a culpaannima do estado. Basta provar o nexo causal, cabendo ao Estado acitada prova, em uma verdadeira inverso do nus da prova. 63
Assim, fica perspcuo que a responsabilidade do Estado no Brasil
objetiva, onde no depende de culpa e nem de dolo, bastando apenas a prova do
nexo de causalidade.
3.3 rgos
A Constituio Federal traz no seu art.144 e incisos os rgos que
compem a Segurana Pblica, sendo eles: polcia federal; polcia rodoviria
federal; polcia ferroviria federal; polcias civis e polcias militares e corpos de
bombeiros militares.
Esses rgos como fora ditos em captulos anteriores so taxativos,
nesse sentido no podem ser ampliados.
Assim, faz se necessrio estudarmos cada um desses rgos e a sua
estrutura.
62DI PIETRO, 2001, p.517-51863LAZZARINI, 1999, p.421.
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3.3.1 Polcia Federal
O Texto Constitucional em seu art.14, inciso I, diz que a Polcia Federal
um dos rgos que visam assegurar a Segurana Pblica.
O mesmo artigo em seu 1e incisos traz qual a funo da Polcia
Federal, ou seja, para que ela se destina.
Nesse sentido, vem o 1 e incisos explicitar sua destinao:
I apurar infraes penais contra a ordem poltica e social ou emdetrimento de bens, servios e interesses da Unio ou de suas entidadesautrquicas e empresas pblicas, assim como outras infraes cuja prticatenha repercusso interestadual ou internacional e exija represso uniforme,segundo se dispuser em lei;
II prevenir e reprimir o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, ocontrabando e o descaminho, sem prejuzo da ao fazendria e de outrosrgos pblicos nas respectivas reas de competncia;
III exercer funes de polcia martima, aeroporturia e de fronteiras;
IV exercer, com exclusividade, as funes de polcia judiciria da Unio.
Conforme dispe o 1 do aludido artigo, a Polcia Federal instituda
por lei como rgo permanente e organizada pela Unio.
A Polcia Federal estruturada pelo Departamento de Polcia Federal,
que um rgo superior do Estado brasileiro, subordinado ao Ministrio da Justia,
cuja funo , de acordo com a Constituio de 1988, exercer a segurana pblica
para a preservao da ordem pblica e da incolumidade das pessoas e patrimnio.64
Tendo a Polcia Federal unidades descentralizadas as mesmas so
divididas em superintendncias, tendo a do Norte, Nordeste, Centro Oeste, Sudeste
e Sul.
64 DEPARTAMENTO DE POLCIA FEDERAL. In: Wikipdia.2007. Disponvel em:. Acesso em: 29 ago.2007.
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Conforme fora dito anteriormente, a funo da Polcia Federal de
apurar as infraes contra a Unio, trfico de drogas, contrabando. Ela age
principalmente nas fronteiras, onde mais corriqueiro tais ilcitos.
Por derradeiro, a Polcia Federal possui sede na capital da Repblica,
havendo superintendncias em todas as capitais do estado da federao e
delegacias e postos avanados em vrias outras localidades do pas. Desde 2003 a
Direo-Geral do Departamento exercida pelo Delegado Paulo Lacerda. 65
Assim, a Polcia Federal tem sua competncia prevista no Decreto n
1655/95 e subordinada ao Ministrio da Justia.
3.3.2 Polcia Rodoviria Federal
A Polcia Rodoviria Federal como o prprio nome diz aquela que
atua nas rodovias federais, com o fim de patrulhar de forma ostensiva tais rodovias.
Nesse sentido, o artigo 144, inciso II e 2 da Constituio Federal
explicita:
Art.144 [...]
II polcia rodoviria federal;
2 A polcia rodoviria federal, rgo permanente, organizado e mantidopela Unio e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, aopatrulhamento ostensivo das rodovias federais. 66
Portando, a Polcia Rodoviria Federal tambm um rgo daSegurana Pblica que tem como objetivo patrulhar as rodovias federais. As
mesmas trabalham principalmente em Estados que fazem divisas com outros
pases, como por exemplo, Brasil e Paraguai.
A Polcia Rodoviria Federal tem suas competncias definidas pela
Constituio Federal (art. 144), pela Lei n 9. 503 (Cdigo de Trnsito Brasileiro),
65
DEPARTAMENTO DE POLCIA FEDERAL. In: Wikipdia.2007. Disponvel em:. Acesso em: 29 ago.2007.66BRASIL,1988,p.110.
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pelo Decreto n 1.655, de 03 de outubro de 1995, e pelo Regimento Interno,
aprovado pela Portaria Ministerial n 122, de 20 de maro de 1997.67
A Polcia Rodoviria Federal, assim como a Polcia Federal
subordinada ao Ministrio da Justia.
A mesma foi criada em 1928 no governo do presidente Washington
Luiz, com a denominao de Polcia das Estradas. 68
O Decreto n 1.655/95 e do Regimento Interno, tema as seguintes
atribuies:
- realizar o patrulhamento ostensivo, executando operaes relacionadascom a segurana pblica, com objetivo de preservar a ordem, aincolumidade das pessoas, do patrimnio da Unio e o de terceiros;
- exercer os poderes de autoridade de polcia de trnsito, cumprindo efazendo cumprir a legislao e demais normas pertinentes, inspecionar efiscalizar o trnsito, assim como efetuar convnios especficos com outrasorganizaes similares;
- aplicar e arrecadar as multas impostas por infraes de trnsito e osvalores decorrentes da prestao de servio de estadia e remoo deveculos, objetos, animais e escoltas de veculos de cargas excepcionais,executar servios de preveno, atendimento de acidentes e salvamento de
vtimas nas rodovias federais;- realizar percias, levantamento de locais, boletins de ocorrncias,investigaes, testes de dosagem alcolicas e outros procedimentosestabelecidos em leis e regulamentos, imprescindveis elucidao dosacidentes de trnsito;
- credenciar os servios de escoltas, fiscalizar e adotar medidas desegurana relativas aos servios de remoo de veculos, escoltas etransporte de cargas indivisveis;
- assegurar a livre circulao nas rodovias federais, podendo solicitar aorgo rodovirio a adoo de medidas emergenciais, bem como zelar pelocumprimento das normas legais relativas ao direito de vizinhana,
promovendo a interdio de construes, obras e instalaes noautorizadas; executar medidas de segurana, planejamento e escoltas nosdeslocamentos do Presidente da Repblica, Ministros de Estado, Chefes deEstado e diplomatas estrangeiros e outras autoridades, quando necessrio,e sob a coordenao do rgo competente; efetuar a fiscalizao e ocontrole do trnsito e trfico de menores nas rodovias federais, adotando asprovidncias cabveis contidas na Lei r 8.069, de 13 de julho de 1990(Estatuto da Criana e do Adolescente); colaborar e atuar na preveno erepresso aos crimes contra a vida, os costumes, o patrimnio, a ecologia,
67HISTRIA da PRF. Disponvel em: . Acessoem: 03 set. 2007.
68
POLCIA RODOVIRIA FEDERAL. In: Wikipdia. 2007.Disponvel em:. Acesso em: 29 ago. 2007.
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o meio ambiente, os furtos e roubos de veculos bens, o trfico deentorpecentes e drogas afins, o contrabando, o descaminho e os demaiscrimes previstos em leis; o realizar concursos pblicos, outros processosseletivos, cursos, estgios, formao, treinamentos e demais atividades deensino na rea de sua competncia.69
Nesse sentido, fica perspcuo quais so as atribuies e as funes da
Polcia Rodoviria Federal. Alguns exemplos podem ser dados, como o de
preveno e represso contra o crime organizado, realizar operaes em feriados e
fins de semanas prolongados e etc.
Ela est presente em todos os estados brasileiros, organizada em um
departamento de Polcia Rodoviria Federal o qual tem nos estados suas
Superintendncias Regionais. Estas possuem delegacias que coordenam postos de
fiscalizao nos diversos municpios brasileiros.
3.3.3 Polcia Ferroviria Federal
A Polcia Ferroviria Federal um rgo destinado ao patrulhamento
das ferrovias federais, conforme dispe o art.144, inciso III, 3 da Constituio
Federal.
A Constituio Federal em seu art.144, inciso III, 3, explicita:
Art.144[...]
III polcia ferroviria federal;
3 A polcia ferroviria federal, rgo permanente, organizado e mantido
pela Unio e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao
patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. 70
69 ESTRUTURA DPRF. Disponvel em: .Acesso em: 03 set. 2007.
70BRASIL, 1988,p.110.
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Nesse sentido, como fora dito anteriormente a mesma tem o dever de
patrulhar as ferrovias federais.
Atualmente a Polcia Ferroviria Federal possui 180 agentes, dada
como a menor polcia do mundo, e tem como funo, proteger o que sobrou do
patrimnio da Rede Ferroviria Federal ( em processo de liquidao), embora sua
estrutura humana e financeira seja limitada ao mximo. 71
Nesse sentido, pode se dizer que a Polcia Ferroviria Federal nem
exerce mais tal funo, pois o seu patrimnio j foi praticamente todo depredado.
Com a privatizao das linhas de trens, as mesmas por si s j fazem esse tipo de
fiscalizao.
3.3.4 Polcia Civil
As Polcias Civis so aquelas que a maioria dos cidados conhecem,
isto , as delegacias de policias e os distritos policiais. A mesma considerada apolcia mais prxima dos cidados, sendo aquela que faz ronda nas ruas, rondas
escolares e outras.
A Constituio Federal em seu art.144, inciso IV e 4, dispe as
atribuies da Polcia Civil, saber:
Art.144.[...]
IV polcias civis;
4 s polcias civis, dirigidas por delegados de polcia de carreira,incumbem, ressalvada a competncia da Unio, as funes de polciajudiciria e a apurao de infraes penais, exceto as militares.72
Nesse sentido, as Polcias Civis tem como funes aqueles casos
corriqueiros da vida da populao, funo de preveno pratica de possveis
71 FEREZIN, Renato. Polcia Ferroviria Federal. Disponvel em: cesso em 29 de ago.2007.
72BRASIL, 1988,p.110.
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ilcitos. Mas o aludido artigo adverte que em caso da competncia ser da Unio em
nada a Polcia Civil poder intervir.
A Polcia Civil do Estado do Rio de Janeiro foi a primeira polcia civil
instituda no Brasil, em 10 de maio de 1808, pelo Conselheiro Paulo Fernandes
Viana, que nessa data, seguindo as instrues do Prncipe Regente D. Joo VI,
criou no Rio de Janeiro a Intendncia Geral de Polcia da Corte e do Estado do
Brasil nos moldes da existente em Lisboa. 73
Fica perspcuo que a Polcia Civil existe desde os primrdios, sendo
incompatvel um estado sem a Polcia Civil.
Como se sabe a Polcia Civil tem como funes a de polcia judiciria ede apuraes de infraes penais, no podendo adentrar no campo da competncia
da Unio e nem da Polcia Militar. Nesse sentido, o mbito de atuao da Polcia
Civil Estadual e no Federal ou Militar.
O art.4 do Cdigo de Processo Penal, define o que vem a ser polcia
judiciria:
Art. 4 A polcia judiciria ser exercida pelas autoridades policiais noterritrio de suas respectivas circunscries e ter por fim a apurao dasinfraes penais e da sua autoria. 74
Nesse sentido, a polcia judiciria, por meio da autoridade policial
competente deve apurar as infraes penais, sendo obtido por meio de inqurito
policial.
Ainda, nesse diapaso, o Cdigo de Processo Penal Interpretado diz o
que vem a ser funo judiciria:
[...] a funo judiciria, de carter repressivo, quando deve, aps a prticade uma infrao penal, recolher elementos para que se possa instaurar acompetente ao penal contra os autores do fato.75
73 POLCIA CIVIL. In: Wikipdia.2007. Disponvel em: .
Acesso em: 03 set. 2007.74 MIRABETE, Julio Fabbrini. Cdigo de processo penal interpretado 11. ed. So Paulo: Atlas,2003.p.86
75Ibid., p 87.
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Portanto, logo aps a ocorrncia de uma pratica penal a Polcia Civil
deve instaurar um inqurito policial para o fim de obter elementos suficientes para a
instaurao de uma ao penal.
Assim, a Polcia Civil subordinada aos Governadores dos Estados ou
do Distrito Federal e Territrios dirigidas como fora dito por delegados de polcia de
carreira.
3.3.5 Polcias Militares e Corpos de Bombeiros Militares
O Texto Constitucional, em seu art.42 estabelece que:
Art.42. Os membros das Polcias Militares e Corpos de Bombeiros Militares,instituies organizadas com base na hierarquia e disciplina, so militaresdos Estados, do Distrito Federal e dos Territrios. 76
Ainda, nesse sentido, Alexandre Henriques e outros, dispem que:
As Polcias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares so pessoasjurdicas de direito pblico, militarmente sistematizados e organizadas tendocomo base os princpios de hierarquia e disciplina [...] 77
Nesse sentido, as Polcias Militares e os Corpos de Bombeiros so
militares, devendo os mesmos respeitar os princpios da hierarquia e disciplina.
De acordo com o Conselho Nacional de Segurana Pblica a
CONASP, o conceito de Polcias Militares :
So os rgos do sistema de Segurana Pblica aos quais competem asatividades de polcia ostensiva e preservao da ordem pblica78
76BRASIL, 1988,p.51.77
COSTA, Alexandre Henrique da. et.al.Direito administrativo disciplinar militar. 1.ed. SoPaulo:Suprema Cultura, p.25.78 CONCEITOS bsicos em segurana pblica. Disponvel em:
. Acesso em: 05 ago. 2007.
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- 3 Sargento
- Cabo
- Soldado
Sendo assim, o maior posto da Polcia Militar o de Coronel, seguido
dos demais descritos no aludido artigo.
Como fora dito anteriormente, os Corpos de Bombeiros tambm so
tidos como rgos da Segurana Pblica, conforme dispe o art.144, inciso V da
Constituio Federal.
Segundo Alexandre Henriques da Costa e outros, dispe que:
As Polcias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares so pessoasjurdicas de Direito Pblico, militarmente sistematizadas e organizadas,tendo como base os princpios de hierarquia e disciplina [...]80
Nesse sentido, os Corpos de Bombeiros esto ligados intimamente
com a Polcia Militar, sendo o mesmo, militar.
No Estado de So Paulo, os Corpos de Bombeiros integra de formasubordinada a Polcia Militar, sendo rgos da mesma, tendo assim carter
orgnico.
Os mesmos so subordinados tambm ao Governador do Estados, do
Distrito Federal e dos territrios, conforme 6 do artigo abaixo.
O art.144, em seu 5 diz que:
Art.144. [...]
5 s polcias militares cabem a polcia ostensiva e a preservao daordem pblica; aos corpos de bombeiros militares, alm das atribuiesdefinidas em lei, incumbe a execuo de atividades de defesa civil. 81
O aludido artigo incumbe aos Corpos de Bombeiros alm das suas
atribuies definidas em lei, as atividades de defesa civil.
80COSTA, [ 2000], p.25.81MORAES, 2006. p.1824.
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Insta salientar que, no existe Corpos de Bombeiros Federais e
Municipais, sendo ele apenas Estadual.
Para uma cidade poder ter Corpos de Bombeiros, a mesma deve fazer
um convnio com o Estado, manifestando seu interesse e sua condio de mant-lo.
Todas as atividades operacionais dos Corpos de Bombeiros so
planejadas de forma estratgica pelo Departamento de Operaes de Defesa Civil
do Corpo de Bombeiros DODC. atravs do trabalho anual de coleta e dados e
pesquisa desse Departamento, permite o Corpo de Bombeiros desenvolver estudos,
questionando e orientando sobre a criao de novos Postos de Bombeiros no
Estado, aquisio e distribuio de viaturas e incremento de efetivo, assessorando
assim, o Comando para a tomada de decises, com base em critrios tcnicos.82
As atividades bsicas dos Corpos de Bombeiros so:
a. Preveno e combate a incndio;
b. Salvamento;
c. Atendimento Pr-Hospitalar resgate.
A primeira atividade a de preveno e combate a incndio, que
feita atravs da implantao de medidas de segurana contra incndio em edifcios
e em reas de riscos.
A preveno feita atravs dos projetos tcnicos, de palestras para
pblicos direcionados e campanhas educativas atravs de notas de imprensa (rdio
e televiso).
J a segunda atividade bsica dos bombeiros, o salvamento. O
salvamento o que no se enquadra nem no incndio e nem no atendimento pr
hospitalar.
O mesmo est relacionado com salvamentos nas alturas, terrestres e
aquticos. Os exemplos so: retirada de animais de cima de uma rvore; tirar
82
O BOMBEIRO: atividades. Disponvel em: . Acessoem: 29 ago. 2007.
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pessoas soterradas, corte de rvores que esto em iminente perigo de cair,
pesquisa de cadver, ocorrncias com produtos perigosos e outros.
E a ltima atividade dos Corpos de Bombeiros o atendimento pr-
hospitalar, que o atendimento dado por pessoas qualificadas, antes de se chegar
no hospital e fora do ambiente hospitalar. O atendimento pr-hospitalar tem como
finalidade fazer com que os sintomas da vtima no se agrave.
Essa atividade pr-hospitalar possui duas frentes: a primeira est
relacionada aos casos clnicos, como por exemplo, uma parada cardaca; convulso
e a segunda relacionada aos traumas, sendo aquilo que quebra, sangram.
Os Corpos de Bombeiros tambm atuam na construo de edifcios,onde orientam engenheiros e arquitetos a construrem obras com sistema de
segurana.
Toda edificao no Estado de So Paulo s consegue a aprovao
para que se possa habitar, se os Corpos de Bombeiros autorizaram.
Nesse sentido, entende-se por aprovao:
Esta aprovao baseada na anlise prvia do projeto do edifcio, onde soexigidos nveis mnimos de segurana, previso de proteo contra incndioda estrutura do edifcio, rotas de fuga, equipamentos de combate a princpiode incndio, equipamentos de alarme e deteco de incndio e sinalizaesorientativas de equipamentos e rotas de fuga. 83
Em suma, o engenheiro ou arquiteto que for fazer uma obra com 700
m ou mais, deve atender as exigncias dos Corpos de Bombeiros e serem
vistoriadas por eles, afim de preservar a segurana dos moradores.
Quanto estrutura dos Corpos de Bombeiros, eles possuem um
comando prprio, mas subordinado ao Comandante da Polcia Militar.
Aqui no Estado de So Paulo possui 18 unidades operacionais, onde
so chamados de grupamentos de bombeiros. H tambm os sub-grupamentos
onde o mnimo so dois.
83O BOMBEIRO: atividades. Disponvel em: . Acessoem: 29 ago. 2007.
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No litoral paulista, o 17 Grupamento de Bombeiros, sediado na cidade
do Guaruj, a unidade do Corpo de Bombeiros voltada exclusivamente para as
atividades de Salvamento Martimo, operando assim, dentre tais atividades, a de
Guarda-Vidas no litoral, abrangendo uma rea de aproximadamente 650 Km de
extenso com 330 km de praias, sendo 220 km de praias freqentveis, as quais,
com alto ndice de ocorrncias atendidas de afogamento.84
Nesse sentido, dos 18 grupamentos, um especializado que o 17
GEBE, que fica localizado no litoral, no realizando atividades bsicas, como por
exemplo, incndio.
Os Corpos de Bombeiros possuem uma unidade de ensino prpria, isto
, uma unidade que s ensina as matrias de bombeiros, e uma unidade no
especializada em matrias de bombeiros.
Para se tornar um bombeiro a pessoa deve prestar concurso pblico,
podendo seguir dois caminhos: primeiro faz concurso de edital especfico, isto ,
para ser bombeiro; e segundo faz o concurso para a polcia militar e pede
transferncia para os corpos de bombeiros.
Aps aprovados nesse concurso, homens ou mulheres que querem serbombeiros fazem cursos ministrados na prpria Corporao ou Instituies
conveniadas.
Os cursos so sobre Guarda Vidas, Salvamentos em Altura, Mergulho
Autnomo e Resgate. Cada curso tem a sua peculiaridade para que o bombeiro
possa ser aprovado, quais sejam:
O mergulho autnomo capacita o bombeiro desde a efetuar busca esalvamento de pessoas e objetos submersos como efetuar pequenostrabalhos como fixar, serrar, martelar, etc, com equipamento de respiraoautnoma. A 25 minutos, no mximo. Com isso evita-se que o bombeiromergulhador tenha que fazer paradas descompressivas a fim de eliminar onitrognio residual que se acumula no organismo.
Salvamento em altura o prprio nome j diz, capacita o bombeiro a efetuarsalvamentos em locais elevados, utilizando-se equipamentos prprios parata.
84O BOMBEIRO: atividades. Disponvel em: . Acessoem: 29 ago. 2007.
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O curso de guarda-vidas habilita o bombeiro a efetuar prevenes esalvamentos de banhistas em toda a costa litornea paulista. O curso ministrado pelo 17 GB, tendo como pr-requisito uma prova de natao de400 metros, que deve vencida em menos de 9 minutos, alm da timacapacidade fsica que requerida. Utiliza-se vrios equipamentos, dentre os
quais o prancho de salvamento, o jet-sky, botes inflveis, URSA ( Unidadede Resgate para Salvamento Aqutico) e helicpteros.
E o resgate tem tcnicas de avaliao de vtimas, o bombeiro aprendedesde anatomia humana at anlise primria e secundria, ressucitaocardiopulmonar, imobilizao e tratamento de traumas diversos, eidentificao de patologias de ordem clnica, como AVC (Acidente VascularCerebral), Angina de Peito, IAM ( Infarto Agudo do Miocrdio), etc.85
Nesse diapaso, alm de prestar um concurso para poder adentrar na
carreira de bombeiros, os mesmos devem ser aprovados nestes concursos. O que
tem o maior ndice de reprovao o de mergulho autnomo, pois h dificuldades
tanto psquicas como fsicas.
O cargo de sargento o mais alto dos Corpos de Bombeiros. ele que
comanda a tropa, sendo o seu conhecimento maior.
Para os oficiais obrigatoriamente devem fazer um Curso na Faculdade
do Barro Branco que dura 04 anos. Aps esses 04 anos presta um concurso interno
para tenente. Sendo aprovado em tal concurso, faz-se um curso de 01 ano para setornar tenente. Insta salientar, que dentro dos Corpos de Bombeiros raro fazer
carreira.
Assim, os Corpos de Bombeiros so rgos da Polcia Militar que tem
como finalidade assegurar a segurana pblica e executar atividades de defesa civil.
3.4 Segurana Pblica nos Presdios
A Segurana Pblica est presente no art.144 da Constituio Federal
onde tem como finalidade primordial de preservar a ordem pblica e a incolumidade
das pessoas e patrimnio.
85O BOMBEIRO: atividades. Disponvel em: . Acessoem: 29 ago. 2007.
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Ocorre que dentro dos presdios essa Segurana Pblica tambm deve
estar presente, sendo feita pela Lei de Execuo Penal.
A Execuo Penal de acordo com Guilherme de Souza Nucci, trata-
se da fase do processo penal, em que se faz valer o comando contido na sentena
condenatria penal, impondo-se, efetivamente, a pena privativa de liberdade, a pena
restritiva de direitos ou a pecuniria.86
Nesse sentido, a Lei de Execuo Penal tem como finalidade tornar
efetiva a punio do Estado, isto , assegurar a Segurana Pblica tambm na
execuo da pena.
Assim, fica claro que a Segurana Publica no s preventiva e sim
tambm repressiva onde busca at mesmo depois do individuo ser preso a
incolumidade das pessoas e a ordem pblica. Como tal, a Execuo Penal fazendo
assegurar a Segurana Pblica, no reprime apenas mas concede direitos e
deveres aos presos, como veremos abaixo.
3.4.1 Direito dos Presos
Ao transgredir a norma penal, o preso mesmo aps a condenao
possuidor de todos os direitos conferidos a um cidado livre, exceto aqueles
incompatveis com a condio de preso.
A Constituio Federal Interpretada adverte quais so os direitosincompatveis:
[...] liberdade de locomoo (CF, art.5, XV), livre exerccio de qualquerprofisso (CF, art.5, XIII), inviolabilidade domiciliar em relao cela(CF,art.5, XI) e exerccio dos direitos polticos (CF, art.5, III).87
86NUCCI, 2007.p.940.87MORAES, 2006, p.340.
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Neste caso, so assegurados todos os direitos no afetados pela
sentena, como tambm o direito integridade fsica e moral (art.5, XLIX), o direito
propriedade e principalmente os direitos previstos na Lei n 7210/1984 que instituiu
a Lei de Execuo Penal LEP, onde esto os direitos propriamente ditos dos
presos.
Ainda, nesse sentido, o art. 38 do Cdigo Penal Interpretado confirma
tal entendimento:
Art.38. O preso conserva todos os direitos no atingidos pela perda daliberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeit