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    FACULDADES INTEGRADAS

    ANTNIO EUFRSIO DE TOLEDO

    FACULDADE DE DIREITO DE PRESIDENTE PRUDENTE

    DA INVERSO DE VALORES NO DIREITO SEGURANA PBLICA

    Silvana Tavares

    Presidente Prudente/SP

    2007

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    FACULDADES INTEGRADAS

    ANTNIO EUFRSIO DE TOLEDO

    FACULDADE DE DIREITO

    DA INVERSO DE VALORES NO DIREITO SEGURANA PBLICA

    Silvana Tavares

    Monografia apresentada como requisito parcialde Concluso de Curso para obteno do Graude Bacharel em Direito, sob orientao doProfessor Marcelo Agamenon Ges de Souza.

    Presidente Prudente/SP

    2007

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    DA INVERSO DE VALORES NO DIREITO SEGURANA PBLICA

    Monografia aprovada como requisitoparcial para obteno do Grau deBacharel em Direito.

    _________________________________________

    Marcelo Agamenon Ges de Souza

    ____________________________________

    Examinador

    ____________________________________Examinador

    Presidente Prudente/SP, ____ de ____________ de 2007.

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    "A lei no pode forar os homens a serem bons;

    mas pode impedi-los de serem maus."Annimo

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    AGRADECIMENTOS

    A Deus primeiramente, criador de todo universo, por ter concedido a mim

    a oportunidade e possibilidade de iniciar este curso e a fora para conclu-lo.

    Aos meus padrinhos, que sempre me apoiaram e no mediram esforos

    para proporcionar uma boa educao a mim, alm de oferecer as condies necessrias

    para que eu estudasse.

    s minhas irms, meus cunhados e sobrinhos que sempre acreditaram nomeu potencial.

    Ao professor e orientador Marcelo Agamenon Ges de Souza, pelo apoio

    e motivao que me deu no decorrer da pesquisa.

    Aos demais professores da casa, pelos conhecimentos transmitidos ao

    longo do curso.

    E, em especial, pelo meu namorado pela compreenso durante o perodode elaborao desta monografia.

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    RESUMO

    O presente trabalho procura fazer uma abordagem geral sobre a Segurana Pblicano Brasil e seus diversos aspectos. Cumprem ao mesmo, adentrar na competncia,responsabilidade e rgos que formam a Segurana Pblica, tais como, se asForas Armadas, especificamente o Exrcito ou no competente para intervir naSegurana Pblica; qual a responsabilidade do Estado frente aos atos danosos deseus agentes e por derradeiro quais seriam os rgos que compe a SeguranaPblica, e se os mesmos podem ser ampliados. So abordados aspectos gerais doDireito Constitucional e do Direito Administrativo, especialmente ao tocante aosconceitos sobre direitos e garantias fundamentais e o que Segurana Pblica, arelao da mesma com a Ordem Pblica, abordando, desde as diferenas,mutabilidade dos direitos e garantias fundamentais at mesmo as teorias do riscointegral e do risco administrativo, objeto de estudo do Direito Administrativo.Tambm so abordadas questes especficas da Lei de Execuo Penal, comenfoque na Segurana Pblica nos Presdios. Assim, faz-se uma abordagem deforma precisa quanto aos direitos e deveres dos presos, e a possvel privatizaodos presdios brasileiros. E ento, depois de passados, Direito Constitucional eDireito Administrativo, onde fora abordado conceitos, divergncias doutrinrias,competncias, faz se ainda necessrio uma abordagem do Direito Financeiro eEconmico, em sede de Segurana Pblica. Em suma, o objetivo do presentetrabalho nortear a questo da Segurana Pblica no Brasil pelos ditamesConstitucionais, Administrativos e mencionar a Lei de Execuo Penal.

    Palavras-chave: Direitos e Garantias Fundamentais, Direito Segurana Pblica,Foras Armadas e Gastos Pblicos.

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    ABSTRACT

    The following paper tries to do a general approach about Brazilian Public securityand its aspects. It also treats about Public security responsibilities and its organs, ifthe Armed Forces, specifically the Army , are or not qualified to intervene in Publicsecurity ; What is the State responsibility front the harmful acts of its agents andwhich organs will compose the Public security, and if they can be amplified. It isapproached aspects of Constitutional Law and Administrative Law, especiallyconcepts about rights and fundamental warranties and what is Public security ,itsrelation with Public Order , approaching the differences, rights and fundamentalwarranties changeabilities and the entire and administrative theories risk , studyobject of Administrative Law . It is also approached specific questions from Penal

    Execution Law , with focus in Public Security in Prisons .This way, in a preciselyform , the paper treats about prisoner rights and duties, and possible Brazilianprison privatization. After Constitutional Law and Administrative Law have analyzedconcepts, scientific principals divergence , competence, it is still necessary anEconomic and Financial Law approach . In short , this paper objective is to guide thePublic Security question in Brazil by Constitutional and Administrative ways and tomention the Penal Execution Law.

    Key words : Rights and fundamental warranties, Public Security rights , ArmedForces and Public expenses.

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    SUMRIO

    1INTRODUO ........................................................................................................09

    2DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ........................................................11

    2.1 Conceito ..............................................................................................................11

    2.2 Diferenas entre Direitos e Garantias Fundamentais..........................................12

    2.3 Mutabilidade Constitucional.................................................................................14

    2.4 Dimenses dos Direitos Fundamentais...............................................................16

    3 DIREITO SEGURANA PBLICA ....................................................................20

    3.1 Competncia .......................................................................................................20

    3.2 Responsabilidade................................................................................................25

    3.2.1Evoluo da Responsabilidade Civil e Teoria da Irresponsabilidade ...............26

    3.2.2 Teoria da Responsabilidade Estatal.................................................................28

    3.2.3 Teorias Publicistas ...........................................................................................30

    3.2.4 Responsabilidade Objetiva: Teoria do Risco Administrativo e Teoria do RiscoIntegral ......................................................................................................................323.2.5 Responsabilidade Civil do Estado no Direito Brasileiro....................................35

    3.3 rgos.................................................................................................................37

    3.3.1 Polcia Federal .................................................................................................38

    3.3.2 Polcia Rodoviria Federal ...............................................................................39

    3.3.3 Polcia Ferroviria Federal ...............................................................................41

    3.3.4 Polcia Civil.......................................................................................................42

    3.3.5 Polcias Militares e Corpos de Bombeiros Militares..........................................443.4 Segurana Pblica nos Presdios........................................................................50

    3.4.1 Direitos dos Presos ..........................................................................................51

    3.4.2 Deveres dos Presos .........................................................................................68

    3.4.3 Privatizao......................................................................................................72

    3.5 Foras Armadas ..................................................................................................77

    4 GASTOS PBLICOS.............................................................................................80

    4.1 Receitas ..............................................................................................................824.2 Afetao ..............................................................................................................87

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    4.3 Modernizao dos Presdios ...............................................................................92

    5 CONCLUSO ........................................................................................................97

    BIBLIOGRAFIAS ......................................................................................................99

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    1 INTRODUO

    A Constituio Federal vigente, em seu artigo 144, incisos I a V e 8,

    estabelece as competncias e os rgos da Segurana Pblica,a saber:Polcia

    Federal, Polcia Rodoviria Federal, Polcia Ferroviria Federal, Polcia Civis e as

    Polcias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. Tal competncia tambm

    conferida a outro rgo da Segurana Pblica que so os Municpios, onde os

    mesmos podem constituir guardas municipais para preservar, assegurar a

    Segurana Pblica.

    A Segurana Pblica no pas vem se mostrando ofuscada, carecendo

    de uma melhor imagem.

    O que se v um crescimento da insegurana e uma sensao de

    impotncia gerada pela impunidade, onde evidencia a forma deficiente pela qual o

    Estado se organiza na mediao e soluo dos conflitos.

    Quando se fala em Segurana Pblica, ns devemos nos ater ao

    captulo 1 dessa pesquisa,a saber, Dos Direitos e Garantias Fundamentais, isto,

    porque, o direito a segurana pblica um direito e garantia individual. Os mesmosso tidos como essenciais,necessrios vida de toda pessoa, e esto previstos no

    artigo 5 do Texto Constitucional. Nesse sentido, faz-se necessrio diferenciar as

    garantias de direitos constitucionais, sendo nesse caso, os direitos so bens e

    vantagens descritos nas normas constitucionais, enquanto as garantias so

    instrumentos atravs dos quais se assegura os exerccios dos aludidos direitos.

    No captulo 2 trazemos a pesquisa primordial do presente trabalho, que

    Segurana Pblica, realizando anlises quanto a competncia, responsabilidadee seus rgos.

    A competncia e os rgos da Segurana Pblica esto presentes no

    artigo 144, incisos I a V, da Constituio Federal, sendo o rol presente nesse

    artigo taxativo, isto , no pode ser includo e nem retirado rgos desse rol. Nesse

    diapaso que h discusses a cerca se o Exrcito pode ou no intervir na

    Segurana Pblica.

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    Na seqncia falou-se sobre a responsabilidade do Estado,

    adentrando assim na teoria do risco administrativo, e no risco integral, todos em

    sede de Direito Administrativo.

    Os rgos da Segurana Pblica tambm fora objeto de estudo nesse

    mesmo captulo, aqui falamos sobre sua competncia e estrutura, tendo rgos

    federais, estaduais e municipais.

    No desenvolvimento do presente trabalho tambm foi abordado a

    questo de suma importncia que a Segurana nos presdios, mais

    especificamente os Direitos e Deveres dos presos que esto previstos no art. 38 e

    41 da Lei n 7.210/1984, que a Lei de Execuo Penal. No mesmo captulo ser

    discutido sobre a possvel privatizao dos presdios, se necessrio ou no.Por derradeiro, no ltimo e 3 captulo, falaremos sobre os Gastos

    Pblicos, conceituando-os. Veremos tambm se o Estado afeta seus dinheiros no

    investimento e modernizao dos presdios.

    A escolha do tema deve-se por ser uma questo muito controvertida e

    tambm pelo descrdito e desconfiana da populao em relao s aes do

    Estado no que se refere ao tratamento das questes de Segurana Pblica.

    O mtodo utilizado foi o dedutivo, onde parte-se do geral representadopelos direitos e garantias fundamentais para o particular individualizado no direito

    segurana.

    Fora utilizado no presente trabalho pesquisa bibliogrfica, noticias de

    imprensa relacionadas ao tema e pesquisa de campo.

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    2 DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

    2.1 Conceito

    Direitos e Garantias Fundamentais so aquelas previses que buscam

    de uma forma ou de outra fazer com que o cidado possa exercer um mnimo de

    dignidade, sendo essa indispensvel pessoa humana, garantindo liberdade e

    igualdade.

    Para Luiz Alberto David Araujo e Vidal Serrano Nunes Junior, os

    Direitos Fundamentais podem ser conceituados como a categoria jurdica instituda

    com a finalidade de proteger a dignidade humana em todas as dimenses. 1

    Os referidos autores equiparam tal conceito a uma categoria jurdica,

    onde esta indispensvel ao ser humano, como forma de garantir seus direitos nas

    dimenses, a saber, dignidade, igualdade e liberdade.

    Os Direitos Fundamentais, como dizia Carl Schmitt apud Guilherme de

    Souza Nucci, eram entendidos como os direitos do homem livre e isolado, direitos

    que possui em face do Estado, constituindo os direitos da liberdade da pessoaparticular diante o Estado burgus.2

    Segundo Guilherme de Souza Nucci, fundamental o bsico,

    necessrio, essencial, e por tal razo so fundamentais os direitos e garantias

    individuais. Onde tais direitos foram concebidos para combater os abusos do Estado

    1

    ARAUJO, Luiz Alberto David; NUNES JUNIOR,Vidal Serrano. Curso de direito constitucional. 8. ed.So Paulo: Saraiva, 2004. p. 93.2NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execuo penal. 3. ed. rev., atual e ampl.So Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 62.

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    sobre o homem, pois o mesmo possui valores que esto acima e fora do alcance

    estatal. 3

    Ainda, Jos Afonso da Silva, a expresso mais adequada seria

    direitos fundamentais do homem, como vejamos:

    reservada para designar, no nvel do direito positivo, aquelasprerrogativas e instituies que ele concretiza em garantia de umaconvivncia digna, livre e igual de todas as pessoas. No qualificativofundamentais acha-se a indicao de que se trata de situaes jurdicassem as quais a pessoa humana no se realiza, no convive e , s vezes,nem mesmo sobrevive; fundamentais do homem no sentido de que, a todos,por igual, devem ser, no apenas formalmente reconhecidos, mas concretae materialmente efetivados. Do homem, no como o macho da espcie,mas no sentido de pessoa humana. 4

    Tais direitos devem ser respeitados e limitados pelo Estado, estes

    esto previstos no Ttulo II, Captulo I, Artigo 5, caput da Constituio Federal, a

    saber:

    Art.5Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza,garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no pas ainviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e

    propriedade (...) 5

    Assim, infere-se do disposto que os Direitos e Garantias Fundamentais

    so subdivididos em cinco captulos: direitos individuais e coletivos; direitos sociais;

    nacionalidade e direitos polticos.

    2.2 Diferenas entre Direitos e Garantias Fundamentais

    3Ibid., p.63.4

    SILVA, Jos Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 22. ed. So Paulo: Malheiros, 2002.p. 178.5BRASIL. Constituio (1988). Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia, DF: Senado,

    1988.

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    inquestionvel que antes de entrar no estudo dos direitos e garantias

    fundamentais, necessrio se faz definir as suas diferenas, isto , o que vem ser

    direito e garantia.

    A Constituio no seu art. 5, referiu-se tanto direitos quanto

    garantias fundamentais, restando apenas diferencia-los.

    Um dos primeiros estudiosos a enfrentar tal diferena foi o Rui

    Barbosa, que, analisando a Constituio de 1891, distinguiu as disposies

    meramente declaratrios, que so as que imprimem existncia legal dos direitos

    reconhecidos, e as disposies assecuratrias, que so as que, em defesa dos

    direitos, limitam o poder. Aquelas instituem os direitos, estas as garantias; ocorrendo

    no raro juntar-se, na mesma disposio constitucional, ou legal, a fixao da

    garantia, com a declarao do direito. 6

    Assim, os direitos so bens e vantagens prescritos na norma

    constitucional, enquanto as garantias so os instrumentos atravs dos quais se

    assegura o exerccio dos aludidos direitos (previamente) ou prontamente os repara,

    caso violados.

    Vejamos dois exemplos:

    so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem daspessoa, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moraldecorrente de sua violao

    7

    [...]

    inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo assegurado olivre exerccio dos cultos religiosos- art. 5, VI (direito)- garantindo-se naforma da lei a proteo aos locais de culto e suas garantias ( garantia).8

    Jos Afonso da Silva faz advertncia no sentido de que sejam

    evitados, os equvocos de uma leitura apressada do texto constitucional. que

    muitas vezes o constituinte, ao dispor sobre direitos, valeu-se da forma redacional

    6LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 8. ed. So Paulo: Mtodo, 2005. p. 467.7SILVA, 2002, p. 93.8Ibid., p. 468.

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    prpria para enunciar garantias, como, por exemplo, no inciso XXII do art. 5, em

    que se l: garantido o direito de propriedade. 9

    Portanto, parta diferenciar Direitos de Garantias Fundamentais faz-se

    necessrio que o texto constitucional seja interpretado em relao ao contedo

    jurdico da norma, se declaratrio ou assecuratrio, e no a forma escrita

    expressamente empregada.

    2.3 Mutabilidade Constitucional

    Preliminarmente, cumpre-se destacar o conceito de Poder Constituinte

    Derivado, Reformador. Este poder representa a alterao do texto original para

    acompanhar a evoluo da sociedade.

    Para Alexandre de Moraes, o Poder Constituinte Derivado Reformador,

    denominado por parte da doutrina de competncia reformadora, consiste na

    possibilidade de alterar-se o texto constitucional, respeitando-se a regulamentao

    especial prevista na prpria Constituio Federal e ser exercitado por determinados

    rgos com carter representativo. No Brasil, pelo Congresso Nacional. 10

    Isto , com esse carter reformador pode ocorrer modificao do texto

    original excluindo dispositivos legais, pode criar novos artigos, acrescentar

    dispositivos, pargrafos, incisos e alneas.

    A alterao na Constituio Federal feita de duas formas conforme o

    poder prelecionado. Primeiramente por Emenda Constitucional onde se deve ter um

    quorum de aprovao de 3/5 (trs quinto) em cada uma das casas, votao

    isoladamente em cada uma das casas e; duas votaes em cada casa, totalizando

    quatro votaes, conforme dispe o art. 60 da Constituio Federal.

    Secundariamente, modifica-se a Constituio por Reviso Constitucional com

    9Ibid., p. 184.

    10MORAES, Alexandre de. Direito constitucional.21ed. So Paulo: Atlas, 2007.p.24.

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    quorum de maioria absoluta, votao unicameral ( unio das duas casas) e; duas

    votaes unicamerais.

    Segundo Luiz Alberto David de Araujo e Vidal Serrano Nunes Junior, o

    Poder Constituinte Derivado tem como caractersticas a limitao e a

    condicionalidade. A Constituio impe limites a sua alterao, criando

    determinadas reas imutveis, como por exemplo, as clusulas ptreas, que, em

    nosso sistema, encontram-se indicadas no art. 60, 4, da Constituio Federal. 11

    Por outro lado, a modificao da Constituio deve obedecer ao

    processo determinado para a sua alterao (processo de emenda). Para que se

    possa modificar a Constituio, algumas formalidades devem ser cumpridas,

    condicionando o procedimento. 12

    Nesse sentido, importante notar que a forma e o contedo das

    diversas Constituies tornaram operantes algumas classificaes, como, por

    exemplo, a origem, a mutabilidade, a forma e o contedo.

    Destaca-se, nesse sentido, o critrio que toma por base a mutabilidade

    das Constituies. Segundo Luiz Alberto David de Araujo e Vidal Serrano Nunes

    Junior existem quatro tipos de Constituies, a saber:

    Flexvel- a Constituio que no exige, para sua alterao, qualquerprocesso mais solene tendo-se em vista o critrio da lei ordinria.

    Rgida- a Constituio que exige para sua alterao um critrio mais solenee difcil do que o processo de elaborao de lei ordinria. Exemplo deConstituio rgida a brasileira. Essa rigidez pode ser verificada pelocontraste entre processo legislativo da lei ordinria e o da emendaconstitucional(...)

    Semi-rgida ou semi-flexvel- a Constituio que apresenta uma parte queexige mutao por processo mais difcil e solene do que o da lei ordinria(rgida) e outra parte sem tal exigncia, podendo ser alterada pelo sistemaprevisto para a lei ordinria. Exemplo desse tipo a Constituio do Imprioem 1824.

    imutveis- no podem ser alterado mesmo por emendas constitucionais,composto pelas chamadas clusulas ptreas. Alguns autores entendem queesse ncleo material imutvel traduziria um grau mximo de rigidez.13(grifodo autor)

    11ARAUJO; NUNES JUNIOR; 2004, p.10.12ARAUJO; NUNES JUNIOR, 2004,p.10.13Ibid., p. 4.

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    Fica perspcuo que a nossa Constituio alm de ser rgida mutvel,

    podendo ser alterada mediante Emenda Constitucional e Reviso Criminal.

    A Constituio compreende normas jurdicas fundamentais que regem

    uma sociedade, sendo ela dotada de estabilidade, exigncia indispensvel

    segurana jurdica, manuteno das instituies e ao respeito aos direitos e

    garantias fundamentais dos cidados.

    Jos Afonso da Silva, vem corroborar tal entendimento:

    A estabilidade das constituies no deve ser absoluta, no pode significarimutabilidade. No h constituio imutvel diante da realidade social

    cambiante, pois no ela apenas um instrumento de ordem, mas devers-lo, tambm, de progresso social. 14

    A Constituio deve ter certa estabilidade e durabilidade, mas sem

    prejuzo a sociedade, sendo possvel mudana desta para se adaptar ao

    progresso, evoluo e bem estar social.

    A realidade social est em constante mutao, e, medida que isso

    acontece, a sociedade exige normas constitucionais que se adaptam a essas

    mudanas, no ficando o direito alheio a essas situaes.

    Nesse sentido, a Constituio est ligada com os meios circundante,

    ou seja, com os fatores sociais, polticos, econmicos, morais e religiosos, devendo

    estar em consonncia com as necessidades de cada poca.

    2.4 Dimenses dos Direitos Fundamentais

    Os Direitos Fundamentais no surgem da noite para o dia, so direitos

    que evoluem com o passar do tempo, assim, necessrio se faz definir o que vem

    ser dimenses dos direitos fundamentais.

    14SILVA, 2002, p.42. .

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    Insta salientar, que alguns autores no utilizam a palavra dimenses

    que a correta, mas sim geraes. A palavra gerao incorreta porque d a

    entender que algo do passado no serve mais para os dias atuais. Assim, a

    expresso correta de acordo com a doutrina majoritria encabeada por Paulo

    Bonavides dimenses por que se estendem no tempo e nunca deixam de existir.

    Neste diapaso ensina:

    [...] o vocbulo dimenso substitui, com vantagem lgica e qualitativa, otermo gerao, caso este ltimo venha a induzir apenas sucessocronolgica e, portanto, suposta caducidade dos direitos das geraesantecedentes, o que no verdade. Ao contrrio, os direitos da primeira

    gerao, direitos individuais, os da segunda, direitos sociais, e os daterceira, direitos ao desenvolvimento, ao meio ambiente, paz e fraternidade, permanecem eficazes, so infra-estruturais, formam a pirmidecujo pice o direito a democracia [...]15

    Infere-se do disposto que o vocbulo gerao j est ultrapassado,

    dando a entender que algo do passado no vale mais para os dias atuais. Neste

    caso, faz-se necessria a utilizao do termo certo para corrigir o equvoco de

    linguagem.

    Os Direitos Fundamentais so divididos em 3 dimenses, mas h uma

    grande gama de doutrinadores que j reconhecem a 4 e a 5 dimenso.

    Os chamados Direitos de 1 dimenso so considerados um dos mais

    importantes, ele comea com a simples liberdade de uma nao, sendo ele, o

    Direito Liberdade. So direitos que o indivduo busca como forma de ter uma vida

    mais digna. A partir do momento que ele adquire a liberdade este passa a lutar por

    direitos que possam melhorar sua vida.Para Alexandre de Moraes, os direitos fundamentais de primeira

    gerao so os direitos e garantias individuais e polticos clssicos (liberdades

    pblicas), surgidos institucionalmente a partir da Magna Charta.16

    J os Direitos Fundamentais de 2 Dimenso so os chamados

    Direitos Sociais. So eles direitos de igualdade ou direito social. So aqueles

    15BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 10 ed. So Paulo: Malheiros, 1997. p. 525.16MORAES, 2007, p. 26.

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    direitos onde o individuo busca uma melhor forma de vida e busca direitos bsicos

    para a sua existncia.

    Segundo Alexandre de Moraes os direitos fundamentais de segunda

    gerao, que so os direitos sociais, econmicos e culturais, surgido no incio do

    sculo, Themistocles Brando Cavalcanti analisou que o comeo do nosso sculo

    viu a incluso de uma nova categoria de direitos nas declaraes e, ainda mais

    recentemente, nos princpios garantidores da liberdade das naes e das normas da

    convivncia internacional.

    Entre os direitos chamados sociais, incluem-se aqueles relacionados

    com o trabalho, o seguro social, a subsistncia, o amparo doena, velhice etc 17

    O primeiro dispositivo que tratou de Direitos Sociais foi a Constituio

    Mexicana de 1917, reconhecendo em seu texto constitucional tais direitos. E assim

    comeou a surgir em outros pases, mas insta salientar que tais direitos no era para

    mbito internacional mais sim, para direitos internos, isto , somente internamente,

    sendo somente para aqueles pases que reconheceram em seu texto constitucional.

    A partir da 2 Guerra Mundial, o mundo basicamente se divide em dois:

    Mundo Capitalista e Mundo Comunista. Assim, as lutas so realizadas por classes,coletiva e no mais de forma individualizada, surgindo assim os Direitos de 3

    Dimenso que so os Direitos Fraternais ou Direitos Solidrios.

    Nos Direitos Solidrios ou Fraternais os indivduos no lutam mais por

    seus direitos nicos, a luta no visa beneficiar somente ele, mas toda uma

    coletividade como, por exemplo: quando luto pelo meio ambiente, essa luta no s

    beneficia uma pessoa determinada mas sim toda a coletividade.

    Alexandre de Moraes, confirma tal entendimento:

    [...] direitos de terceira gerao os chamados direitos de solidariedade oufraternidade, que englobam o direito a um meio ambiente equilibrado [...].18

    17MORAES, Loc cit.18RJT 155/206

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    Nesta 3 dimenso no se busca apenas o interesse de uma pessoa

    de forma individual, mas sim o bem estar da coletividade, como nos casos da luta da

    defesa do consumidor.

    Na dcada de 80, com as descobertas cientficas e os avanos

    tecnolgicos faz-se necessrio o nascimento de normas para regrar, ordenar e

    disciplinar tais descobertas. Assim, surgem os direitos de 4 Dimenso relacionados

    com as Comunicaes ou Telecomunicaes.

    Temos os direitos de 5 Dimenso que so os chamados de

    Biodireito. So aquelas situaes relacionadas a questo de clonagem, do

    congelamento do cordo umbilical, o projeto Genoma e outros. Mas h

    doutrinadores que entendem que isso no seriam direitos fundamentais pois direito

    fundamental positivado e estes ainda no esto regulamentados.

    Por fim, faz-se necessria certa cautela em relao aos direitos

    fundamentais e suas dimenses quando tratar-se de pases perifricos. Tal ressalva

    necessria porque tem muitos pases em que o indivduo no atingiu nem os

    direitos de 1 dimenso, como por exemplo, o Afeganisto, ou seja, no posso

    discutir um direito de 4 dimenso se eu no tenho os direitos de 1 e 2 dimenso.

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    Ainda, segundo Bismael B. Moraes et al., Segurana Pblica a

    ausncia de delitos em estado ideal, onde no h ocorrncias de crimes ou

    contravenes. Mas a Segurana Pblica apenas um aspecto ou um dos aspectos

    daquilo que se entende por ordem pblica; a ordem pblica, na verdade, constitui-

    se de trs aspectos: a salubridade pblica, a tranqilidade pblica e finalmente a

    Segurana Pblica. 21

    Em suma para os referidos autores, Segurana Pblica a defesa, a

    garantia que o Estado concede toda uma Nao a fim de assegurar a ordem

    pblica, fazer cumprir a lei e garantir a tranqilidade no meio social.

    Entretanto, no se pode deixar de abordar o que venha a ser Ordem

    Pblica, pois esta, est ligada intimamente com a Segurana Pblica.

    Neste diapaso, ensina lvaro Lazzarini:

    Em suma, a ordem pblica uma situao de fato oposta desordem,sendo, portanto, essencialmente de natureza material e exterior, comoatentou o citado Louis Rolland.

    [...]

    A ordem pblica, portanto, efeito de causa segurana pblica, comotambm, acrescentamos, efeito da causa tranqilidade pblica ou, ainda,efeito da causa salubridade pblica. Cada um desses aspectos que LouisRolland afirmou serem aspectos da ordem pblica e teve o apoioincondicional de Paul Bernard, cada um deles , por si s, a causa do efeitoordem pblica, cada um deles tem por objeto assegurar a ordem pblica. 22

    Infere-se do disposto que h ordem pblica constituda para

    assegurar que os cidados tenham uma vida mais digna, tendo direito segurana,

    tranqilidade e salubridade.

    Diante das definies acima expostas, cumpre ressaltar a conceituao

    de Segurana Pblica dada pelo Conselho Nacional de Segurana Pblica-

    CONASP:

    A Segurana Pblica uma atividade pertinente aos rgos estatais e comunidade como um todo, realizada com o fito de proteger a cidadania,

    21MORAES, Bismael B. et al. Segurana pblica e direitos individuais. So Paulo: Juarez de Oliveira,2000. p. 24.

    22LAZZARINI,1999, p.53

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    prevenindo e controlando manifestaes da criminalidade e da violncia,efetivas ou potenciais, garantindo o exerccio pleno da cidadania nos limitesda lei. 23

    Destarte, que Segurana Pblica um dever do Estado de assegurar a

    Nao, atravs de seus rgos. Mas para que haja essa segurana a que se

    delimitarem quais rgos so competentes para tal.

    Os rgos competentes para zelar pela Segurana Pblica esto

    elencados na Constituio Federal, conforme dispe o art. 144 e seus incisos,

    saber: polcia federal; polcia rodoviria federal; polcia ferroviria federal; polcias

    civis; polcias militares e corpos de bombeiros militares.

    Neste sentido, alm dos rgos elencados, o 8 do respectivo artigo

    diz que os Municpios por meio das Guardas Municipais tambm podem zelar pela

    Segurana Pblica.

    Insta salientar, que a previso do art. 144 da Constituio

    Federal,conforme dispe lvaro Lazzarini, taxativa, no podendo, portanto, ser

    criados outros rgos policiais incumbidos da segurana pblica, em quaisquer dos

    nveis estatais o que impede, por isso mesmo, que rgos autrquicos ouparaestatais no previstos na norma constitucional exercitem atividades de

    segurana pblica. 24

    Portanto, no ser possvel a legislao infraconstitucional, inclusive as

    Constituies estaduais ampliarem o rol dos seguintes rgos: polcia federal, polcia

    rodoviria federal, polcia ferroviria federal, polcias civis, polcias militares e corpos

    de bombeiros militares. 25

    Neste diapaso, a Jurisprudncia vem corroborar tal entendimento:

    STF- Incompatibilidade, com o disposto no art.144 da Constituio Federal,da norma do art.180 da Carta Estadual do Rio de Janeiro, na parte em queinclui no conceito de segurana pblica a vigilncia dos estabelecimentospenais e, entre os rgos encarregados dessa atividade, a ali denominada

    23

    CONCEITOS bsicos de segurana pblica. Segurana Pblica Online. Disponvel em:. Acesso em: 05 ago. 2007.24LAZZARINI, 1999, p. 58.25MORAES, 2006, p. 1819.

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    Polcia Penitenciria. Ao direta julgada procedente, por maioria devotos.26

    Fica perspcuo a taxatividade do aludido artigo, no podendo serampliado aos rgos competentes para assegurar a Segurana Pblica Nacional.

    Uma questo que aqui se pe se as Guardas Municipais e as Foras

    Armadas podem zelar pela Segurana Pblica, isto , esses dois rgos possuem

    competncia?

    Em relao as Guardas Municipais segundo Jos Afonso da Silva, os

    Municpios no ficaram com nenhuma especfica responsabilidade pela segurana

    pblica. Ficaram com a responsabilidade por ela na medida em que sendo entidade

    estatal no podem eximir-se de ajudar os Estados no cumprimento dessa funo.

    Contudo, no se lhes autorizou a instituio de rgo policial de segurana e menos

    ainda de polcia judiciria. 27

    A Constituio apenas lhes reconheceu a faculdade de constituir

    guardas municipais destinadas proteo de seus bens, servios e instalaes,

    conforme dispuser a lei. Ai certamente est uma rea que de segurana:

    assegurar a incolumidade do patrimnio municipal, que envolve bens de uso comum

    do povo, bens de uso especial e bens patrimoniais, mas no de polcia ostensiva,

    que funo exclusiva da Polcia Militar. 28

    Neste sentido, as Guardas Municipais no tem devem exceder os

    limites de sua competncia, isto , deve permanecer nos limites constitucionais que

    lhe fora conferido sem adentrar nas atividades da polcia ostensiva e da polcia

    judiciria.

    Atualmente a Segurana Pblica no Brasil vem se mostrando

    ofuscada, carecendo de uma melhor imagem. O que se v um Estado deficiente

    que no pune e que quando o faz pune mal. Nesse sentido, a populao diante de

    tal insegurana e impunidade comeou a cogitar a atuao das Foras Armadas

    para garantir a segurana de todos, principalmente no Estado do Rio de Janeiro.

    26STF-Pleno-Adin n236-8/RJ-Rel.Min.Octvio Galloti- Dirio da Justia, Seo I, 1 jun. 2001, p.7527SILVA, 2002, p. 759-76028SILVA, Loc cit.

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    O fato que as Foras Armadas no esto elencados no art.144, que prev

    os rgos competentes para tal proteo. Neste diapaso, h discusses e debates a

    cerca de tal tema. E uma dessas discusses foi a que o Jornal de Debates fizera,

    vejamos abaixo:

    O Exrcito deve ir para as ruas?

    Situao de caos no Rio de Janeiro

    Infelizmente, o Rio de Janeiro enfrenta uma situao dramtica que se faznecessrio o envio de tropas federais.

    Autor: Jos de Paula Araujo - Participa desde: 18/11/2006

    A cidade do Rio de Janeiro est passando por uma das piores situaes de

    sua histria, que vem se intensificando a cada dia pela ao de marginaisque no possuem d dos demais cidados que precisam trabalhar,desenvolver suas atividades, mas no conseguem pela sensao real deinsegurana pelas ruas da cidade. Digo que se faz necessrio, comurgncia, o envio de tropas federais na minha cidade, quer dizer, a ForaNacional de Segurana Pblica e, tambm, as Foras Armadas (leia-seExrcito), pois o panorama chegou a tal ponto que as pessoas estoacuadas, desguarnecidas, sem saber o que fazer para se proteger e, mais,necessitam de muita f para conseguirem chegar aos seus locais detrabalho e retornarem s suas residncias ss e salvas, mas no o queest parecendo. Lamentvel que isso esteja acontecendo e o pior dissotudo que o governo anterior j sabia h dois meses que essa situaopoderia acontecer e no fizeram uma ao preventiva para evitar que ummal maior ocorresse. Infelizmente, vivemos um momento difcil, pormespero com confiana que o governador Sergio Cabral possa fazer de tudopara que o clima de tranqilidade volte a nossa cidade, porque do jeito queest no pode continuar. A populao j est cansada de tanta violncia emortes por toda a cidade, tanto em bairros ricos como em pobres.29

    Fica evidente que as Foras Armadas no esto vinculadas com a

    Segurana Pblica, tanto que a Constituio Federal dedica o Captulo II s para o

    tema DAS FORAS ARMADAS.

    Segundo Jos Afonso da Silva, s subsidiria e eventualmente lhes

    incumbem a defesa da lei e da ordem, porque essa defesa de competncia

    primria das foras de segurana pblica, que compreende a polcia federal e as

    polcias civil e militar dos Estados e do Distrito Federal.

    Sua interferncia da defesa da lei e da ordem depende, alm do mais,

    de convocao dos legtimos representantes de qualquer dos poderes federais:

    29ARAJO, Jos de Paula. Situao de caos no Rio de Janeiro. Jornal de Debates, 03 jan. 2007.Disponvel em: Acessoem: 07.ago. 2007.

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    Presidente da Mesa do Congresso Nacional, Presidente da Repblica ou Presidente

    do Supremo Tribunal Federal. (...)

    Portanto, a atuao das Foras Armadas convocada por Juiz de Direito

    ou por Juiz Federal, ou mesmo por algum Ministro do Superior Tribunal de Justia

    ou at mesmo o Supremo Tribunal Federal, inconstitucional e arbitrria, porque

    estas autoridades, por mais importantes que sejam, no representam qualquer dos

    poderes constitucionais federais. 30

    Por derradeiro, fica evidente que As Foras Armadas s podem zelar

    pela Segurana Pblica quando decretado o Estado de Stio ou o de Defesa, e

    quando convocadas pelos legitimados representantes de qualquer dos poderes

    federais, no sendo eles o Ministro, o Juiz de Direito, o Juiz Federal, o Deputado e o

    Senador, que so simples membros do poder e no os representam. 31

    3.2 Responsabilidade

    O Estado uma pessoa jurdica de direito pblico. Como tal ele,

    necessariamente, atua atravs de pessoas fsicas, isto , de seres humanos. Estes,

    presos ao princpio da legalidade, tem suas atribuies individualizadas pela lei, vale

    dizer, tem uma esfera de competncia, a competncia legal. 32

    Nesse sentido, fica perspcuo que o administrador pblico est

    vinculado a lei, devido ao princpio da legalidade, isto , ele s pode fazer o que a lei

    estabelecer.

    Tal princpio est previsto no art. 5, inciso II da Constituio Federal:

    Art.5, inciso II: ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer algumacoisa seno em virtude de lei;33

    30

    SILVA, 2002, p. 750.31SILVA, Loc. cit.32LAZZARINI, 1999, p. 417.33MORAES, 2006, p.196.

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    Conforme o aludido artigo o particular no obrigado a fazer ou deixar

    de fazer se no em virtude de lei. Assim, sendo o particular pode fazer tudo o que a

    lei no proibir. J em relao a Administrao Pblica esse princpio mais rigoroso,

    onde ela no pode fazer o que quer e sim o que a lei expressamente autorizar ela a

    fazer.

    de conhecimento de todos que o Estado ao exercer suas atribuies

    atravs de seus agentes podem cometer danos a terceiros sejam eles por omisso

    ou ao. Tais danos quando prestados, gera a obrigao de reparao patrimonial,

    que neste caso ser feita pelo Estado atravs da sua responsabilidade civil, tambm

    chamada de responsabilidade da Administrao Pblica.

    3.2.1 Evoluo da Responsabilidade Civil e Teoria da Irresponsabilidade

    Tem-se discutido sobre a Responsabilidade Civil do Estado desde os

    primrdios da humanidade.

    Poderamos citar o Cdigo de Hamurabi, onde dizia que a pessoa que

    sofresse o dano poderia para poder repara-lo fazer a mesma coisa que o causador

    do dano fez a ele, seria uma forma de vingana, isto , olho por olho, dente por

    dente.

    Outros precedentes histricos foram o Cdigo de Man, onde se

    algum roubasse alguma coisa teria sua mo amputada.

    E ainda, as expresses usadas nessa poca: O rei no erra (The king

    can do no wrong), O Estado sou eu ( L tat c est moi), O que agrada ao prncipe

    tem fora de lei etc. 34

    Fica claro que nos primrdios no havia certa proporcionalidade em

    qual seria a responsabilidade daquele que causasse algum dano. A pessoa que

    sofria o dano era instigada a querer uma vingana, a criar dentro de si tal

    sentimento.

    34CAVALIERI FILHO, Srgio. Programa de responsabilidade civil. 2. ed. 3 tiragem. rev. aum. e atual.So Paulo: Malheiros, 2000. p. 157-158.

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    Ocorre que antigamente o Estado tido como pessoa jurdica no

    cometia erro e muito menos era responsabilizado se houvesse tal erro, sendo assim,

    os administrados s poderiam entrar com ao contra o prprio funcionrio causador

    do dano, jamais contra o Estado, que se mantinha distante do problema.35

    Portanto, segundo Sergio Cavalieri Filho, no Estado desptico e

    absolutista vigorou o princpio da irresponsabilidade. A idia de uma

    responsabilidade pecuniria da Administrao era considerada como um entrave

    perigoso execuo de seus servios.36

    Neste sentido, lvaro Lazzarini explicita:

    [...] entendia-se ser o Estado irresponsvel, porque, o Estado pessoajurdica, representa o Direito, no comete erros. Se erro, causador de dano,ocorrer, a responsabilidade da pessoa fsica que exerce atividade estatale no do Estado, pessoa jurdica. 37

    Diante do texto acima citado, fica claro que o que vigorava era a

    Teoria da Irresponsabilidade, onde seria injusto excluir o Estado de tal

    responsabilidade, sendo somente o agente pblico em sua pessoa serresponsabilizado. Pois, o Estado pode ter incidido em culpa in iligendo e culpa in

    vigilandoem relao a esse agente.

    E ainda, neste sentido vem a Constituio Federal Interpretada

    confirmar tal entendimento:

    Neste primeiro momento histrico, o Estado era irresponsvel pelos danos

    que causasse ao particulares. No exerccio das suas funes estatais.Observamos, porm, que mesmo nesses casos no ficavam os indivduosa descoberto de qualquer proteo, pois haveria a possibilidade deresponsabilizao individual dos agentes pblicos que, atuando com doloou culpa, acarretassem dano a outrem. Ressalta-se, porm, que aresponsabilidade existiria em nome prprio e no como prepostos doEstado. 38

    35

    CAVALIERI FILHO, 2000, p.157-158.36Ibid., p. 157.37LAZZARINI, 1999, p. 419.38MORAES, 2006, p. 935.

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    Ao certo, a presente teoria injusta pois assim como diz Sergio

    Cavalieri Filho,ante a insolvncia do funcionrio, a ao de indenizao quase

    sempre resultava frustrada. 39

    Portanto, essa teoria j no vigorava mais entre os pases, pois como

    fora dito acima no adiantava responsabilizar o funcionrio se este no tinha como

    arcar com as despesas do dano.

    Assim, tal irresponsabilidade foi evoluindo e consequentemente

    formando assim a Teoria da Responsabilidade do Estado.

    3.2.2 Teoria da Responsabilidade Estatal

    Sergio Cavalieri Filho diz que a teoria da irresponsabilidade era a

    prpria negao do direito. De fato, se no Estado de Direito o Poder Pblico tambm

    se submete lei, a atividade estatal simples corolrio, conseqncia lgica e

    inevitvel dessa submisso.40

    Nesse sentido, o Estado sendo uma pessoa jurdica de direito pblico e

    tendo como finalidade proteger o cidado, no se justifica ele deixar de praticar o

    seu dever, isto , deixar desamparada a pessoa que sofreu o dano advindo de seus

    atos.

    Aps ser combatida a teoria da irresponsabilidade nasceu a

    Responsabilidade do Estado.

    Essa responsabilidade nasceu com a jurisprudncia francesa, com o

    famoso caso Blanco e ocorrido em 1873, conforme dispe Maria Sylvia Zanella Di

    Pietro. 41

    Segundo a referida autora no foi somente a jurisprudncia francesa

    que deu incio a responsabilidade do Estado como tambm a Inglaterra e os Estados

    39CAVALIERI FILHO, 2000, p. 158.40Ibid., p. 158.41DI PIETRO, Maria Sylvia Di. Direito administrativo. 13 ed. So Paulo: Atlas, 2001. p. 514.

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    Unidos, que abandonaram a teoria da irresponsabilidade, por meio do Federal Tort

    Claim Act,de 1946, e Crown Proceeding Act,, de 1947, respectivamente. 42

    Tal responsabilidade segundo lvaro Lazzarini, tem por fundamento

    civilista, procurando-se, porm, distinguir entre os atos de gesto, pois entendia-se

    que, naqueles, tpicos da soberania do Estado, como o so a desapropriao

    decretada pelo Executivo, a lei editada pelo Legislativo e a sentena pelo Judicirio,

    qualquer dano no devia ser indenizado, enquanto que, nestes, nos de gesto

    como, nas hipteses de ocorrncias pblicas e determinados contratos, haver-se-ia

    de verificar se houve ou no culpa [...]. 43

    O autor supracitado ainda diz: tmida essa evoluo civilista, pois o

    Estado Estado, quer quando pratica atos de imprio, quer quando pratica de

    gesto, oportunidade da qual no usa de sua supremacia.44

    Nesse sentido, para tal teoria o Estado s responderia por atos de

    gesto. Ressalte-se, porm, que a responsabilidade existiria se houvesse culpa do

    agente.

    A Constituio Federal vem corroborar tal assunto:

    Essa teoria dividia-se em relao a atos de gesto ou ato de imprio doPoder Pblico, sendo que somente em relao aos primeiros haviaresponsabilidade civil do Estado, desde que houvesse, no caso concreto,culpa do agente pblico. Como ensina Odete Medauar, na poca seafirmava que, ao praticar atos de gesto, o Estado teria atuao equivalentea dos particulares em relao aos seus empregados ou propostos; comopara os particulares vigorava a regra da responsabilidade, nesse plano oEstado tambm seria responsabilizado, desde que houvesse culpa doagente. Ao editar atos de imprio, estreitamente vinculados soberania, oEstado estaria isento de responsabilidade. 45

    Fica perspcuo, que o Estado s era responsabilizado se o seu agente

    agisse com culpa, caso contrrio no seria este responsabilizado. H aqui a figura

    da responsabilidade subjetiva, onde esta depende da culpa.

    42

    DI PIETRO, 2001, p.513.43LAZZARINI, 1999, p.420.44LAZZARINI, Loc.cit45MORAES, 2006, p.935.

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    A culpa por muito tempo foi uma forma de requisito principal para que

    o Estado respondesse civilmente. Neste sentido, se o agente pblico ou o prprio

    Estado agisse com culpa este poderia responsabilizado civilmente.

    O art. 15 do Cdigo Civil de 1916 j trazia esse requisito tido como

    principal, saber, a culpa:

    Art.15. As pessoas jurdicas de direito pblico so civilmente responsveispor atos dos seus representantes que nessa qualidade causem danos aterceiros, procedendo de modo contrrio ao direito ou faltando a deverprescrito por lei, salvo o direito regressivo contra os causadores do dano.

    46

    Assim, aos poucos a teoria da responsabilidade subjetiva fundada na

    culpa abriu a possibilidade do Estado de ser punido, no ficando a sociedade amerc.

    3.2.3 Teorias Publicistas

    Como fora dito no tpico anterior, a responsabilidade civil do Estado

    teve como marco inicial o famoso caso Blanco, de 1873, dado pela jurisprudncia

    francesa. 47

    A partir da comearam a surgir as teorias publicistas do Estado

    conforme dispe Maria Sylvia Zanella Di Pietro, saber: teoria da culpa do servio

    ou da culpa administrativa e teoria do risco, desdobrada, por alguns autores, em

    teoria do risco administrativo e teoria do risco integral. 48

    Segundo Hely Lopes Meirelles,a teoria da culpa administrativa :

    46BRASIL, Cdigo Civil( 2003). Cdigo Civil. 8 ed. rev, atual e ampl, p. 41847 O famoso caso Blanco, ocorrido em 1873: a menina Agns Blanco, ao atravessar a rua da cidadede Bordeaux, foi colhida por uma vagonete da Cia. Nacional de Manufatura do Fumo; seu paipromoveu ao civil de indenizao, com base nos princpio de que o Estado civilmenteresponsvel por prejuzos causados a terceiros, em decorrncia de ao danosa de seus agentes.Suscitado conflito de atribuies entre jurisdio comum e contenciosa administrativo, o Tribunal deConflitos decidiu que a controvrsia deveria ser solucionada pelo tribunal administrativo, porque setratava de apreciar a responsabilidade decorrente de funcionamento do servio pblico. Entendeu-s

    que a responsabilidade do Estado no pode reger-se pelos princpios do Cdigo Civil, porque sesujeita a regras especiais que variam conforme as necessidades do servio e a imposio de conciliaros direitos do Estado com os direitos privados.48 DI PIETRO, 2001, p.514-515

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    A teoria da culpa administrativa representa o primeiro estgio de transioentre a doutrina subjetiva da culpa civil e a tese objetiva do riscoadministrativo que a sucedeu, pois leva em conta a falta de servio para

    dela inferir a responsabilidade da Administrao. o estabelecimento dobinmio falta do servio/culpa da Administrao.49(grifo do autor)

    Nesse diapaso a referida teoria alerta para a falta objetiva do servio (

    faute du service), e nem se importa com a responsabilidade subjetiva, isto , no se

    discute a culpa do administrador. Mas insta salientar, que aqui, exige-se uma culpa

    especifica, qual seja, a administrativa.

    Necessrio se faz ainda termos em mente o que vem ser falta deservio. Nesse sentido Hely Lopes Meirelles apud Paul Duez conceitua:

    A falta do servio, no ensinamento de Duez, pode se apresentar-se sobtrs modalidades: inexistncia do servio, mau funcionamento do servio ouretardamento do servio. Ocorrendo qualquer destas hipteses, presume-sea culpa administrativa e surge a obrigao de indenizar. 50

    A falta de servio para Maria Sylvia Zanella Dipietro fundam-se emduas culpas, de um lado, a culpa individual do funcionrio, pela qual ele mesmo

    respondia, e, de outro, a culpa annima do servio pblico; nesse caso, o

    funcionrio no identificvel e se considera que o servio funcionou mal; incide,

    ento, a responsabilidade do Estado. 51

    Desta forma, vem a jurisprudncia exemplificar o faute de service(falta

    de servio):

    STF- Constitucional. Administrativo. Civil. Dano Moral. Responsabilidadecivil das pessoas jurdicas de direito pblico e das pessoas jurdicas dedireito privado prestadoras de servios pblicos. Ato omisso do poderpblico: morte de presidirio por outro presidirio: responsabilidadesubjetiva: culpa publicisada: faute de service. CF, art.37,6. 1. Aresponsabilidade civil das pessoas jurdicas de direito pblico e das pessoasjurdicas de direito privado prestadoras de servio pblico, responsabilidadeobjetiva, com base no risco administrativo, ocorre diante dos seguintes

    49

    MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasieliro ..27 .ed. Malheiros: 2002. p. 619.50DUEZ apud MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasieliro ..27 .ed. Malheiros: 2002. p.619.

    51DI PIETRO, 2001,p.515.

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    requisitos: (a) do dano; (b) da ao administrativa; (c) e desde que hajanexo causal entra o dano e a ao administrativa. 2. Essa responsabilidadeobjetiva, com base no risco administrativo, admite pesquisa em torno daculpa da vtima, para o fim de abrandar ou mesmo excluir aresponsabilidade da pessoa jurdica de direito pblico ou da pessoa jurdica

    de direito privado prestadora de servio pblico. 3. Tratando-se de atoomissivo do poder pblico, a responsabilidade civil por tal ato subjetiva,pelo que exige dolo ou culpa, numa de suas trs vertentes, negligncia,impercia ou imprudncia, no sendo, entretanto, necessrio individualiz-la,dado que pode ser atribudo ao servio pblico, de forma genrica, a fautede servicedos franceses. 4. Recurso extraordinrio no conhecido. 52

    De acordo com tais fundamentos, a Constituio Federal Interpretada

    diz, que caber vtima a comprovao da no-prestao do servio ou de sua

    prestao ineficiente, insatisfatria, a fim de ficar configurada a culpa do servio, e,

    consequentemente, a responsabilidade do Estado, a quem incumbe prest-lo. 53

    Assim, basta que a vtima comprove que houve a falta de servio ou

    que o servio prestado no foi de bom grado, para poder compelir o Estado a

    responder civilmente por seus danos.

    3.2.4 Responsabilidade Objetiva: Teoria do Risco Administrativo e Teoria do

    Risco Integral

    Uma das teorias que fundamentam a Responsabilidade Objetiva a

    teoria do risco.

    Para Maria Sylvia Di Pietro, essa teoria do risco baseia-se no princpio

    da igualdade dos nus e encargos: assim como os benefcios decorrentes da

    atuao estatal repartem-se por todos, tambm os prejuzos sofridos por alguns

    membros da sociedade devem ser repartidos. Quando uma pessoa sofre um nus

    maior do que o suportado pelas demais, rompe-se o equilbrio que necessariamente

    deve haver entre os encargos sociais; para restabelecer o equilbrio que

    necessariamente deve haver entre os encargos sociais; para restabelecer esse

    52STF- 2 T. Rextr. n 179.147-1/SP- Rel. Min. Carlos Velloso, Dirio da Justia, Seo I, 27 fev.1998, p.18.

    53MORAES, 2006, p.936.

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    equilbrio, o Estado deve indenizar o prejudicado, utilizando recursos do errio

    pblico. 54

    Nesse sentido, no deve-se aqui provar a culpa ou o dolo e sim o nexo

    de causalidade, entre o ato do servio pblico e o dano sofrido pelo administrado.

    No importando, se o servio foi prestado de forma correta ou no.

    Foi assim, que proclamou-se a responsabilidade objetiva do Estado,

    que aquela que independe de requisitos subjetivos, como por exemplo o dolo e a

    culpa, nela basta provar o nexo de causalidade, ora conceituado acima.

    Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro a responsabilidade objetiva

    tambm chamada de teoria do risco, porque parte da idia de que a atuaoestatal envolve um risco de dano, que lhe inerente. 55

    Insta salientar, que a teoria do risco e dividida em duas, saber: a

    teoria do risco administrativo e a teoria do risco integral.

    A teoria do risco administrativo conforme dispe Hely Lopes

    Meirelles, faz surgir a obrigao de indenizar o dano do s ato lesivo e injusto

    causado vtima pela Administrao. 56

    No h necessidade de se provar a falta de servio ( faute de service)

    e muito menos a culpa do agente pblico, pois aqui no se discute culpa.

    Nesse sentido, vem Hely Lopes Meirelles, confirmar tal entendimento:

    Aqui no se cogita da culpa da Administrao ou de seus agentes, bastandoque a vtima demonstre o fato danoso e injusto ocasionado por ao ouomisso do Poder Pblico. 57

    Dessa forma, a aludida doutrina confirma que na teoria do risco

    administrativo no h necessidade de se provar a culpa do agente para que o

    Estado ento seja responsabilizado, bastando apenas demonstrar o risco e os danos

    que a Administrao provocou.

    54

    DI PIETRO, 2001, p. 515.55DI PIETRO, Loc. cit.56MEIRELLES, 2002,p 619.57MEIRELLES, Loc. cit

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    Insta salientar, que a regra dessa teoria de que para responsabilizar o

    Estado independe de culpa no absoluta. Como sabemos, nenhum direito

    absoluto.

    O Poder Pblico pode quando achar devido discutir se a vtima do

    dano por ele cometido concorreu ou no para que tal dano ocorresse, isto , se

    houve culpa exclusiva da vtima ou no.

    Nesse caso, se ficar configurada tal concorrncia a indenizao que o

    Estado provavelmente teria que arcar de forma integral poder ser reduzida.

    J a teoria do risco integral jamais foi acolhida no nosso texto

    constitucional, porque trata-se de uma modalidade extremada da doutrina do riscoadministrativo, abandonada na prtica, por conduzir ao abuso e iniqidade social.58

    Nesse sentido h vedao de tal teoria, por ser essa inadequada, em

    decorrncia de no se levar em conta se a vtima agiu com culpa ou com dolo, isto

    , se a vtima concorreu ou no para que houvesse o dano.

    Para essa teoria neste caso, se ocorresse um dano o Estado j estava

    obrigado a indenizar, mesmo se a vtima concorreu para que o dano confirmasse.

    Tal diviso e distino quanto as duas modalidades de teoria do risco,

    no adotada por todos os doutrinadores. H quem entendam que a teoria do risco

    administrativo e a do risco integral so sinnimos e outros que entendem que no,

    como Hely Lopes Meirelles que distingui uma da outra.

    Segundo Yussef Said Chali, critica a distino feita por Hely Lopes

    Meirelles, diz que:

    A distino proposta por Hely Lopes Meirelles- com manifestapreocupao, alis louvvel e declarada, de proteger a Fazenda Pblica-revela-se artificiosa e carente de fundamentao cientifica; em suaessncia, alis, o autor acaba inovando a regra constitucional, ao identificarnela um simples caso de presuno de culpa, passvel de eliso pelacontraprova a cargo da entidade pblica.59

    58MEIRELLES,2002. p. 620.59CAHALI, Yussef Said. Responsabilidade civil do Estado. 2.ed. So Paulo: Malheiros.1995, p.40.

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    Apesar das divergncias quanto as teorias, o Estado no ordenamento

    jurdico brasileiro responde objetivamente, isto , independe de culpa ou dolo,

    bastando apenas o nexo causal.

    3.2.5 Responsabilidade Civil do Estado no Direito Brasileiro

    Como fora dito anteriormente, o Estado no respondia por seus atos e

    nem pelos atos de seus agentes, isto ocorreu na poca em que vigorava a teoria da

    irresponsabilidade do Estado.

    Ocorre que com o passar dos anos houve-se a necessidade de

    comear a responsabilizar o Estado por seus atos e de seus agentes, pois nem

    mesmo as Constituies de 1824 e 1891 previam tal responsabilidade.

    Tais Constituies s previam a que o funcionrio pblico no exerccio

    de suas funes seriam responsabilizados, mas quanto ao Estado nada fora dito.

    Porm, a Lei n 3.071 de, 01 de Janeiro de 1916, criou o Cdigo Civil,

    e dedicou um artigo para falar sobre a responsabilidade do Estado. O referido artigo

    era o de n 15. Mas diante de tal artigo, o Estado s seria responsabilizado se

    demonstrasse culpa do funcionrio.

    Nesse sentido houve vrias Constituies que criaram artigos para

    falar sobre a responsabilidade do Estado, como por exemplo a de 1934 que adotou

    a teoria da responsabilidade solidria do Estado e funcionrio; a de 1946 que adotou

    a teoria da responsabilidade objetiva e outras.

    No entanto a que vigora hoje a responsabilidade que est prevista no

    Texto Constitucional de 1988, no art.37, 6.

    O art.37, 6, determina que:

    Art.37[...]

    6 as pessoas jurdicas de direito pblico e as de direito privadoprestadoras de servios pblicos respondero pelos danos que seus

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    agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito deregresso contra o responsvel no caso de dolo ou culpa. 60

    De acordo com o Texto Constitucional a responsabilidade do Estadoatualmente a Objetiva. Sendo que essa responsabilidade objetiva exige a

    ocorrncia dos seguintes requisitos: ao ou omisso administrativa; existncia de

    nexo causal entre o dano e a ao ou omisso administrativa e ausncia de causa

    de excludente da responsabilidade estatal. 61

    As pessoas jurdicas de direito privado prestadoras de servios

    pblicos seriam fundaes governamentais de direito privado, empresas pblicas,

    sociedades de economia mista, empresas permissionrias e concessionrias deservios pblicos.

    Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a regra da responsabilidade

    objetiva exige, segundo artigo 37, 6, da Constituio:

    1. que se trate de pessoa jurdica de direito pblico ou de direito privadoprestadora de servios pblicos; a norma constitucional veio pr fim s

    divergncias doutrinrias quanto incidncia de responsabilidadeobjetiva quanto se tratasse de entidades de direito privado prestadorasde servios pblicos (fundaes governamentais de direito privado,empresas pblicas, sociedades de economia mista, empresaspermissionrias e concessionrias de servios pblicos), j quemencionadas, no artigo 107 da Constituio Federal de 1967, apenasas pessoas jurdicas de direito pblico (Unio, Estados, Municpios,Distrito Federal, Territrios e Autarquias);

    2. que essas entidades prestem servios pblicos, o que exclui asentidades da administrao indireta que executem atividade econmicade natureza privada; assim que; em relao s sociedades deeconomia mista e empresas pblicas, no se aplicar a regraconstitucional, mas a responsabilidade disciplinada pelo direito privado,quando no desempenharem servio pblico;

    3. que haja um dano causado a terceirosem decorrncia da prestaode servio pblico; aqui est o nexo de causa e efeito;

    4. que o dano seja causado por agente das aludidas pessoas jurdicas, oque abrange todas as categorias, de agentes polticos,administrativos ou particulares em colaborao com aAdministrao, sem interessar o ttulo sobre o qual prestam o servio;

    5. que o agente, ao causar o dano, aja nessa qualidade; no basta ter aqualidade de agente pblico, pois, ainda que o seja, no acarretar a

    60MORAES,2006, p. 934.61Ibid., p.937.

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    responsabilidade estatal se, ao causar o dano, no estiver agindo noexerccio de suas funes. 62

    Ainda, segundo lvaro Lazzarini:

    O entendimento jurisprudencial predominante na atualidade o de que oEstado deve indenizar, desde que no prove que o dano foi ocasionadopela prpria vtima. Esta ao reclamar a reparao do dano no necessitademonstrar a culpa ou dolo do agente do Estado ou, mesmo, a culpaannima do estado. Basta provar o nexo causal, cabendo ao Estado acitada prova, em uma verdadeira inverso do nus da prova. 63

    Assim, fica perspcuo que a responsabilidade do Estado no Brasil

    objetiva, onde no depende de culpa e nem de dolo, bastando apenas a prova do

    nexo de causalidade.

    3.3 rgos

    A Constituio Federal traz no seu art.144 e incisos os rgos que

    compem a Segurana Pblica, sendo eles: polcia federal; polcia rodoviria

    federal; polcia ferroviria federal; polcias civis e polcias militares e corpos de

    bombeiros militares.

    Esses rgos como fora ditos em captulos anteriores so taxativos,

    nesse sentido no podem ser ampliados.

    Assim, faz se necessrio estudarmos cada um desses rgos e a sua

    estrutura.

    62DI PIETRO, 2001, p.517-51863LAZZARINI, 1999, p.421.

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    3.3.1 Polcia Federal

    O Texto Constitucional em seu art.14, inciso I, diz que a Polcia Federal

    um dos rgos que visam assegurar a Segurana Pblica.

    O mesmo artigo em seu 1e incisos traz qual a funo da Polcia

    Federal, ou seja, para que ela se destina.

    Nesse sentido, vem o 1 e incisos explicitar sua destinao:

    I apurar infraes penais contra a ordem poltica e social ou emdetrimento de bens, servios e interesses da Unio ou de suas entidadesautrquicas e empresas pblicas, assim como outras infraes cuja prticatenha repercusso interestadual ou internacional e exija represso uniforme,segundo se dispuser em lei;

    II prevenir e reprimir o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, ocontrabando e o descaminho, sem prejuzo da ao fazendria e de outrosrgos pblicos nas respectivas reas de competncia;

    III exercer funes de polcia martima, aeroporturia e de fronteiras;

    IV exercer, com exclusividade, as funes de polcia judiciria da Unio.

    Conforme dispe o 1 do aludido artigo, a Polcia Federal instituda

    por lei como rgo permanente e organizada pela Unio.

    A Polcia Federal estruturada pelo Departamento de Polcia Federal,

    que um rgo superior do Estado brasileiro, subordinado ao Ministrio da Justia,

    cuja funo , de acordo com a Constituio de 1988, exercer a segurana pblica

    para a preservao da ordem pblica e da incolumidade das pessoas e patrimnio.64

    Tendo a Polcia Federal unidades descentralizadas as mesmas so

    divididas em superintendncias, tendo a do Norte, Nordeste, Centro Oeste, Sudeste

    e Sul.

    64 DEPARTAMENTO DE POLCIA FEDERAL. In: Wikipdia.2007. Disponvel em:. Acesso em: 29 ago.2007.

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    Conforme fora dito anteriormente, a funo da Polcia Federal de

    apurar as infraes contra a Unio, trfico de drogas, contrabando. Ela age

    principalmente nas fronteiras, onde mais corriqueiro tais ilcitos.

    Por derradeiro, a Polcia Federal possui sede na capital da Repblica,

    havendo superintendncias em todas as capitais do estado da federao e

    delegacias e postos avanados em vrias outras localidades do pas. Desde 2003 a

    Direo-Geral do Departamento exercida pelo Delegado Paulo Lacerda. 65

    Assim, a Polcia Federal tem sua competncia prevista no Decreto n

    1655/95 e subordinada ao Ministrio da Justia.

    3.3.2 Polcia Rodoviria Federal

    A Polcia Rodoviria Federal como o prprio nome diz aquela que

    atua nas rodovias federais, com o fim de patrulhar de forma ostensiva tais rodovias.

    Nesse sentido, o artigo 144, inciso II e 2 da Constituio Federal

    explicita:

    Art.144 [...]

    II polcia rodoviria federal;

    2 A polcia rodoviria federal, rgo permanente, organizado e mantidopela Unio e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, aopatrulhamento ostensivo das rodovias federais. 66

    Portando, a Polcia Rodoviria Federal tambm um rgo daSegurana Pblica que tem como objetivo patrulhar as rodovias federais. As

    mesmas trabalham principalmente em Estados que fazem divisas com outros

    pases, como por exemplo, Brasil e Paraguai.

    A Polcia Rodoviria Federal tem suas competncias definidas pela

    Constituio Federal (art. 144), pela Lei n 9. 503 (Cdigo de Trnsito Brasileiro),

    65

    DEPARTAMENTO DE POLCIA FEDERAL. In: Wikipdia.2007. Disponvel em:. Acesso em: 29 ago.2007.66BRASIL,1988,p.110.

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    pelo Decreto n 1.655, de 03 de outubro de 1995, e pelo Regimento Interno,

    aprovado pela Portaria Ministerial n 122, de 20 de maro de 1997.67

    A Polcia Rodoviria Federal, assim como a Polcia Federal

    subordinada ao Ministrio da Justia.

    A mesma foi criada em 1928 no governo do presidente Washington

    Luiz, com a denominao de Polcia das Estradas. 68

    O Decreto n 1.655/95 e do Regimento Interno, tema as seguintes

    atribuies:

    - realizar o patrulhamento ostensivo, executando operaes relacionadascom a segurana pblica, com objetivo de preservar a ordem, aincolumidade das pessoas, do patrimnio da Unio e o de terceiros;

    - exercer os poderes de autoridade de polcia de trnsito, cumprindo efazendo cumprir a legislao e demais normas pertinentes, inspecionar efiscalizar o trnsito, assim como efetuar convnios especficos com outrasorganizaes similares;

    - aplicar e arrecadar as multas impostas por infraes de trnsito e osvalores decorrentes da prestao de servio de estadia e remoo deveculos, objetos, animais e escoltas de veculos de cargas excepcionais,executar servios de preveno, atendimento de acidentes e salvamento de

    vtimas nas rodovias federais;- realizar percias, levantamento de locais, boletins de ocorrncias,investigaes, testes de dosagem alcolicas e outros procedimentosestabelecidos em leis e regulamentos, imprescindveis elucidao dosacidentes de trnsito;

    - credenciar os servios de escoltas, fiscalizar e adotar medidas desegurana relativas aos servios de remoo de veculos, escoltas etransporte de cargas indivisveis;

    - assegurar a livre circulao nas rodovias federais, podendo solicitar aorgo rodovirio a adoo de medidas emergenciais, bem como zelar pelocumprimento das normas legais relativas ao direito de vizinhana,

    promovendo a interdio de construes, obras e instalaes noautorizadas; executar medidas de segurana, planejamento e escoltas nosdeslocamentos do Presidente da Repblica, Ministros de Estado, Chefes deEstado e diplomatas estrangeiros e outras autoridades, quando necessrio,e sob a coordenao do rgo competente; efetuar a fiscalizao e ocontrole do trnsito e trfico de menores nas rodovias federais, adotando asprovidncias cabveis contidas na Lei r 8.069, de 13 de julho de 1990(Estatuto da Criana e do Adolescente); colaborar e atuar na preveno erepresso aos crimes contra a vida, os costumes, o patrimnio, a ecologia,

    67HISTRIA da PRF. Disponvel em: . Acessoem: 03 set. 2007.

    68

    POLCIA RODOVIRIA FEDERAL. In: Wikipdia. 2007.Disponvel em:. Acesso em: 29 ago. 2007.

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    o meio ambiente, os furtos e roubos de veculos bens, o trfico deentorpecentes e drogas afins, o contrabando, o descaminho e os demaiscrimes previstos em leis; o realizar concursos pblicos, outros processosseletivos, cursos, estgios, formao, treinamentos e demais atividades deensino na rea de sua competncia.69

    Nesse sentido, fica perspcuo quais so as atribuies e as funes da

    Polcia Rodoviria Federal. Alguns exemplos podem ser dados, como o de

    preveno e represso contra o crime organizado, realizar operaes em feriados e

    fins de semanas prolongados e etc.

    Ela est presente em todos os estados brasileiros, organizada em um

    departamento de Polcia Rodoviria Federal o qual tem nos estados suas

    Superintendncias Regionais. Estas possuem delegacias que coordenam postos de

    fiscalizao nos diversos municpios brasileiros.

    3.3.3 Polcia Ferroviria Federal

    A Polcia Ferroviria Federal um rgo destinado ao patrulhamento

    das ferrovias federais, conforme dispe o art.144, inciso III, 3 da Constituio

    Federal.

    A Constituio Federal em seu art.144, inciso III, 3, explicita:

    Art.144[...]

    III polcia ferroviria federal;

    3 A polcia ferroviria federal, rgo permanente, organizado e mantido

    pela Unio e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao

    patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. 70

    69 ESTRUTURA DPRF. Disponvel em: .Acesso em: 03 set. 2007.

    70BRASIL, 1988,p.110.

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    Nesse sentido, como fora dito anteriormente a mesma tem o dever de

    patrulhar as ferrovias federais.

    Atualmente a Polcia Ferroviria Federal possui 180 agentes, dada

    como a menor polcia do mundo, e tem como funo, proteger o que sobrou do

    patrimnio da Rede Ferroviria Federal ( em processo de liquidao), embora sua

    estrutura humana e financeira seja limitada ao mximo. 71

    Nesse sentido, pode se dizer que a Polcia Ferroviria Federal nem

    exerce mais tal funo, pois o seu patrimnio j foi praticamente todo depredado.

    Com a privatizao das linhas de trens, as mesmas por si s j fazem esse tipo de

    fiscalizao.

    3.3.4 Polcia Civil

    As Polcias Civis so aquelas que a maioria dos cidados conhecem,

    isto , as delegacias de policias e os distritos policiais. A mesma considerada apolcia mais prxima dos cidados, sendo aquela que faz ronda nas ruas, rondas

    escolares e outras.

    A Constituio Federal em seu art.144, inciso IV e 4, dispe as

    atribuies da Polcia Civil, saber:

    Art.144.[...]

    IV polcias civis;

    4 s polcias civis, dirigidas por delegados de polcia de carreira,incumbem, ressalvada a competncia da Unio, as funes de polciajudiciria e a apurao de infraes penais, exceto as militares.72

    Nesse sentido, as Polcias Civis tem como funes aqueles casos

    corriqueiros da vida da populao, funo de preveno pratica de possveis

    71 FEREZIN, Renato. Polcia Ferroviria Federal. Disponvel em: cesso em 29 de ago.2007.

    72BRASIL, 1988,p.110.

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    ilcitos. Mas o aludido artigo adverte que em caso da competncia ser da Unio em

    nada a Polcia Civil poder intervir.

    A Polcia Civil do Estado do Rio de Janeiro foi a primeira polcia civil

    instituda no Brasil, em 10 de maio de 1808, pelo Conselheiro Paulo Fernandes

    Viana, que nessa data, seguindo as instrues do Prncipe Regente D. Joo VI,

    criou no Rio de Janeiro a Intendncia Geral de Polcia da Corte e do Estado do

    Brasil nos moldes da existente em Lisboa. 73

    Fica perspcuo que a Polcia Civil existe desde os primrdios, sendo

    incompatvel um estado sem a Polcia Civil.

    Como se sabe a Polcia Civil tem como funes a de polcia judiciria ede apuraes de infraes penais, no podendo adentrar no campo da competncia

    da Unio e nem da Polcia Militar. Nesse sentido, o mbito de atuao da Polcia

    Civil Estadual e no Federal ou Militar.

    O art.4 do Cdigo de Processo Penal, define o que vem a ser polcia

    judiciria:

    Art. 4 A polcia judiciria ser exercida pelas autoridades policiais noterritrio de suas respectivas circunscries e ter por fim a apurao dasinfraes penais e da sua autoria. 74

    Nesse sentido, a polcia judiciria, por meio da autoridade policial

    competente deve apurar as infraes penais, sendo obtido por meio de inqurito

    policial.

    Ainda, nesse diapaso, o Cdigo de Processo Penal Interpretado diz o

    que vem a ser funo judiciria:

    [...] a funo judiciria, de carter repressivo, quando deve, aps a prticade uma infrao penal, recolher elementos para que se possa instaurar acompetente ao penal contra os autores do fato.75

    73 POLCIA CIVIL. In: Wikipdia.2007. Disponvel em: .

    Acesso em: 03 set. 2007.74 MIRABETE, Julio Fabbrini. Cdigo de processo penal interpretado 11. ed. So Paulo: Atlas,2003.p.86

    75Ibid., p 87.

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    Portanto, logo aps a ocorrncia de uma pratica penal a Polcia Civil

    deve instaurar um inqurito policial para o fim de obter elementos suficientes para a

    instaurao de uma ao penal.

    Assim, a Polcia Civil subordinada aos Governadores dos Estados ou

    do Distrito Federal e Territrios dirigidas como fora dito por delegados de polcia de

    carreira.

    3.3.5 Polcias Militares e Corpos de Bombeiros Militares

    O Texto Constitucional, em seu art.42 estabelece que:

    Art.42. Os membros das Polcias Militares e Corpos de Bombeiros Militares,instituies organizadas com base na hierarquia e disciplina, so militaresdos Estados, do Distrito Federal e dos Territrios. 76

    Ainda, nesse sentido, Alexandre Henriques e outros, dispem que:

    As Polcias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares so pessoasjurdicas de direito pblico, militarmente sistematizados e organizadas tendocomo base os princpios de hierarquia e disciplina [...] 77

    Nesse sentido, as Polcias Militares e os Corpos de Bombeiros so

    militares, devendo os mesmos respeitar os princpios da hierarquia e disciplina.

    De acordo com o Conselho Nacional de Segurana Pblica a

    CONASP, o conceito de Polcias Militares :

    So os rgos do sistema de Segurana Pblica aos quais competem asatividades de polcia ostensiva e preservao da ordem pblica78

    76BRASIL, 1988,p.51.77

    COSTA, Alexandre Henrique da. et.al.Direito administrativo disciplinar militar. 1.ed. SoPaulo:Suprema Cultura, p.25.78 CONCEITOS bsicos em segurana pblica. Disponvel em:

    . Acesso em: 05 ago. 2007.

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    - 3 Sargento

    - Cabo

    - Soldado

    Sendo assim, o maior posto da Polcia Militar o de Coronel, seguido

    dos demais descritos no aludido artigo.

    Como fora dito anteriormente, os Corpos de Bombeiros tambm so

    tidos como rgos da Segurana Pblica, conforme dispe o art.144, inciso V da

    Constituio Federal.

    Segundo Alexandre Henriques da Costa e outros, dispe que:

    As Polcias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares so pessoasjurdicas de Direito Pblico, militarmente sistematizadas e organizadas,tendo como base os princpios de hierarquia e disciplina [...]80

    Nesse sentido, os Corpos de Bombeiros esto ligados intimamente

    com a Polcia Militar, sendo o mesmo, militar.

    No Estado de So Paulo, os Corpos de Bombeiros integra de formasubordinada a Polcia Militar, sendo rgos da mesma, tendo assim carter

    orgnico.

    Os mesmos so subordinados tambm ao Governador do Estados, do

    Distrito Federal e dos territrios, conforme 6 do artigo abaixo.

    O art.144, em seu 5 diz que:

    Art.144. [...]

    5 s polcias militares cabem a polcia ostensiva e a preservao daordem pblica; aos corpos de bombeiros militares, alm das atribuiesdefinidas em lei, incumbe a execuo de atividades de defesa civil. 81

    O aludido artigo incumbe aos Corpos de Bombeiros alm das suas

    atribuies definidas em lei, as atividades de defesa civil.

    80COSTA, [ 2000], p.25.81MORAES, 2006. p.1824.

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    Insta salientar que, no existe Corpos de Bombeiros Federais e

    Municipais, sendo ele apenas Estadual.

    Para uma cidade poder ter Corpos de Bombeiros, a mesma deve fazer

    um convnio com o Estado, manifestando seu interesse e sua condio de mant-lo.

    Todas as atividades operacionais dos Corpos de Bombeiros so

    planejadas de forma estratgica pelo Departamento de Operaes de Defesa Civil

    do Corpo de Bombeiros DODC. atravs do trabalho anual de coleta e dados e

    pesquisa desse Departamento, permite o Corpo de Bombeiros desenvolver estudos,

    questionando e orientando sobre a criao de novos Postos de Bombeiros no

    Estado, aquisio e distribuio de viaturas e incremento de efetivo, assessorando

    assim, o Comando para a tomada de decises, com base em critrios tcnicos.82

    As atividades bsicas dos Corpos de Bombeiros so:

    a. Preveno e combate a incndio;

    b. Salvamento;

    c. Atendimento Pr-Hospitalar resgate.

    A primeira atividade a de preveno e combate a incndio, que

    feita atravs da implantao de medidas de segurana contra incndio em edifcios

    e em reas de riscos.

    A preveno feita atravs dos projetos tcnicos, de palestras para

    pblicos direcionados e campanhas educativas atravs de notas de imprensa (rdio

    e televiso).

    J a segunda atividade bsica dos bombeiros, o salvamento. O

    salvamento o que no se enquadra nem no incndio e nem no atendimento pr

    hospitalar.

    O mesmo est relacionado com salvamentos nas alturas, terrestres e

    aquticos. Os exemplos so: retirada de animais de cima de uma rvore; tirar

    82

    O BOMBEIRO: atividades. Disponvel em: . Acessoem: 29 ago. 2007.

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    pessoas soterradas, corte de rvores que esto em iminente perigo de cair,

    pesquisa de cadver, ocorrncias com produtos perigosos e outros.

    E a ltima atividade dos Corpos de Bombeiros o atendimento pr-

    hospitalar, que o atendimento dado por pessoas qualificadas, antes de se chegar

    no hospital e fora do ambiente hospitalar. O atendimento pr-hospitalar tem como

    finalidade fazer com que os sintomas da vtima no se agrave.

    Essa atividade pr-hospitalar possui duas frentes: a primeira est

    relacionada aos casos clnicos, como por exemplo, uma parada cardaca; convulso

    e a segunda relacionada aos traumas, sendo aquilo que quebra, sangram.

    Os Corpos de Bombeiros tambm atuam na construo de edifcios,onde orientam engenheiros e arquitetos a construrem obras com sistema de

    segurana.

    Toda edificao no Estado de So Paulo s consegue a aprovao

    para que se possa habitar, se os Corpos de Bombeiros autorizaram.

    Nesse sentido, entende-se por aprovao:

    Esta aprovao baseada na anlise prvia do projeto do edifcio, onde soexigidos nveis mnimos de segurana, previso de proteo contra incndioda estrutura do edifcio, rotas de fuga, equipamentos de combate a princpiode incndio, equipamentos de alarme e deteco de incndio e sinalizaesorientativas de equipamentos e rotas de fuga. 83

    Em suma, o engenheiro ou arquiteto que for fazer uma obra com 700

    m ou mais, deve atender as exigncias dos Corpos de Bombeiros e serem

    vistoriadas por eles, afim de preservar a segurana dos moradores.

    Quanto estrutura dos Corpos de Bombeiros, eles possuem um

    comando prprio, mas subordinado ao Comandante da Polcia Militar.

    Aqui no Estado de So Paulo possui 18 unidades operacionais, onde

    so chamados de grupamentos de bombeiros. H tambm os sub-grupamentos

    onde o mnimo so dois.

    83O BOMBEIRO: atividades. Disponvel em: . Acessoem: 29 ago. 2007.

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    No litoral paulista, o 17 Grupamento de Bombeiros, sediado na cidade

    do Guaruj, a unidade do Corpo de Bombeiros voltada exclusivamente para as

    atividades de Salvamento Martimo, operando assim, dentre tais atividades, a de

    Guarda-Vidas no litoral, abrangendo uma rea de aproximadamente 650 Km de

    extenso com 330 km de praias, sendo 220 km de praias freqentveis, as quais,

    com alto ndice de ocorrncias atendidas de afogamento.84

    Nesse sentido, dos 18 grupamentos, um especializado que o 17

    GEBE, que fica localizado no litoral, no realizando atividades bsicas, como por

    exemplo, incndio.

    Os Corpos de Bombeiros possuem uma unidade de ensino prpria, isto

    , uma unidade que s ensina as matrias de bombeiros, e uma unidade no

    especializada em matrias de bombeiros.

    Para se tornar um bombeiro a pessoa deve prestar concurso pblico,

    podendo seguir dois caminhos: primeiro faz concurso de edital especfico, isto ,

    para ser bombeiro; e segundo faz o concurso para a polcia militar e pede

    transferncia para os corpos de bombeiros.

    Aps aprovados nesse concurso, homens ou mulheres que querem serbombeiros fazem cursos ministrados na prpria Corporao ou Instituies

    conveniadas.

    Os cursos so sobre Guarda Vidas, Salvamentos em Altura, Mergulho

    Autnomo e Resgate. Cada curso tem a sua peculiaridade para que o bombeiro

    possa ser aprovado, quais sejam:

    O mergulho autnomo capacita o bombeiro desde a efetuar busca esalvamento de pessoas e objetos submersos como efetuar pequenostrabalhos como fixar, serrar, martelar, etc, com equipamento de respiraoautnoma. A 25 minutos, no mximo. Com isso evita-se que o bombeiromergulhador tenha que fazer paradas descompressivas a fim de eliminar onitrognio residual que se acumula no organismo.

    Salvamento em altura o prprio nome j diz, capacita o bombeiro a efetuarsalvamentos em locais elevados, utilizando-se equipamentos prprios parata.

    84O BOMBEIRO: atividades. Disponvel em: . Acessoem: 29 ago. 2007.

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    O curso de guarda-vidas habilita o bombeiro a efetuar prevenes esalvamentos de banhistas em toda a costa litornea paulista. O curso ministrado pelo 17 GB, tendo como pr-requisito uma prova de natao de400 metros, que deve vencida em menos de 9 minutos, alm da timacapacidade fsica que requerida. Utiliza-se vrios equipamentos, dentre os

    quais o prancho de salvamento, o jet-sky, botes inflveis, URSA ( Unidadede Resgate para Salvamento Aqutico) e helicpteros.

    E o resgate tem tcnicas de avaliao de vtimas, o bombeiro aprendedesde anatomia humana at anlise primria e secundria, ressucitaocardiopulmonar, imobilizao e tratamento de traumas diversos, eidentificao de patologias de ordem clnica, como AVC (Acidente VascularCerebral), Angina de Peito, IAM ( Infarto Agudo do Miocrdio), etc.85

    Nesse diapaso, alm de prestar um concurso para poder adentrar na

    carreira de bombeiros, os mesmos devem ser aprovados nestes concursos. O que

    tem o maior ndice de reprovao o de mergulho autnomo, pois h dificuldades

    tanto psquicas como fsicas.

    O cargo de sargento o mais alto dos Corpos de Bombeiros. ele que

    comanda a tropa, sendo o seu conhecimento maior.

    Para os oficiais obrigatoriamente devem fazer um Curso na Faculdade

    do Barro Branco que dura 04 anos. Aps esses 04 anos presta um concurso interno

    para tenente. Sendo aprovado em tal concurso, faz-se um curso de 01 ano para setornar tenente. Insta salientar, que dentro dos Corpos de Bombeiros raro fazer

    carreira.

    Assim, os Corpos de Bombeiros so rgos da Polcia Militar que tem

    como finalidade assegurar a segurana pblica e executar atividades de defesa civil.

    3.4 Segurana Pblica nos Presdios

    A Segurana Pblica est presente no art.144 da Constituio Federal

    onde tem como finalidade primordial de preservar a ordem pblica e a incolumidade

    das pessoas e patrimnio.

    85O BOMBEIRO: atividades. Disponvel em: . Acessoem: 29 ago. 2007.

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    Ocorre que dentro dos presdios essa Segurana Pblica tambm deve

    estar presente, sendo feita pela Lei de Execuo Penal.

    A Execuo Penal de acordo com Guilherme de Souza Nucci, trata-

    se da fase do processo penal, em que se faz valer o comando contido na sentena

    condenatria penal, impondo-se, efetivamente, a pena privativa de liberdade, a pena

    restritiva de direitos ou a pecuniria.86

    Nesse sentido, a Lei de Execuo Penal tem como finalidade tornar

    efetiva a punio do Estado, isto , assegurar a Segurana Pblica tambm na

    execuo da pena.

    Assim, fica claro que a Segurana Publica no s preventiva e sim

    tambm repressiva onde busca at mesmo depois do individuo ser preso a

    incolumidade das pessoas e a ordem pblica. Como tal, a Execuo Penal fazendo

    assegurar a Segurana Pblica, no reprime apenas mas concede direitos e

    deveres aos presos, como veremos abaixo.

    3.4.1 Direito dos Presos

    Ao transgredir a norma penal, o preso mesmo aps a condenao

    possuidor de todos os direitos conferidos a um cidado livre, exceto aqueles

    incompatveis com a condio de preso.

    A Constituio Federal Interpretada adverte quais so os direitosincompatveis:

    [...] liberdade de locomoo (CF, art.5, XV), livre exerccio de qualquerprofisso (CF, art.5, XIII), inviolabilidade domiciliar em relao cela(CF,art.5, XI) e exerccio dos direitos polticos (CF, art.5, III).87

    86NUCCI, 2007.p.940.87MORAES, 2006, p.340.

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    Neste caso, so assegurados todos os direitos no afetados pela

    sentena, como tambm o direito integridade fsica e moral (art.5, XLIX), o direito

    propriedade e principalmente os direitos previstos na Lei n 7210/1984 que instituiu

    a Lei de Execuo Penal LEP, onde esto os direitos propriamente ditos dos

    presos.

    Ainda, nesse sentido, o art. 38 do Cdigo Penal Interpretado confirma

    tal entendimento:

    Art.38. O preso conserva todos os direitos no atingidos pela perda daliberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeit