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XIII Encontro Regional Centro-Oeste da ABEM
Educao musical: formao humana, tica e produo de conhecimentoCampo Grande, 01 a 03 de outubro de 2014
Aprender e Ensinar Msica em Projeto Social: um estudo de caso no
Instituto Batucar
Josilaine de Castro Gonalves
Universidade de [email protected]
Maria Cristina de Carvalho Cascelli de AzevedoUniversidade de BrasliaUnB
Resumo: Os projetos sociais tm se constituindo como espao de prticas musicais e deensino e aprendizagem da msica. Neles, o aprender e o aprender a ensinar se confundem como desenvolvimento musical dos sujeitos, sua formao e incluso social. Nessa perspectiva,esta comunicao apresenta pesquisa de mestrado em andamento cujo objetivo compreendercomo ocorre a aprendizagem docente de educadores em projetos sociais. Em Braslia, oInstituto Batucar se destaca como Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico(OSCIP) cujo foco de transformao e incluso social a prtica musical, especificamente, a
percusso corporal. Nesse contexto, foram realizadas observaes participantes, entrevistassemiestruturadas individuais e coletivas (grupo focal) caracterizando um estudo qualitativo.Este estudo se fundamenta no conceito de educador social apresentados por Gohn (2010) eFreire (2011) e na concepo de educao no formal discutida por Gohn (2010), Libneo(2010)e Gadotti (2005).Os resultados parciais da pesquisa, com base na voz dos educadoresque atuam no projeto Instituto Batucar, revelam que a aprendizagem docente acontece na
prtica com compartilhamento de saberes no projeto.
Palavras chave: Educador social, aprendizagem docente, projetos sociais;
Introduo
Os educadores do Instituto Batucar traziam em seu semblante alegria,entusiasmo e todos se sentiam acolhidos por uma amizade que se criavanaquele local. Senti-me acolhida a cada abrao caloroso de todos que mecumprimentavam ao chegar no local.Os alunos entendiam um ao outro ao olharem-se, trocando sorrisos. Muitasvezes pareciam que estavam conversando atravs do olhar enquanto faziamexerccios de percusso corporal. Essa interao e socializao eraestimulada pelo educador que ao mesmo tempo em que executava ritmos nocorpo, ensinava como explorar e fazer os sons. (Dirio de Campo. Fevereiro,2013).
A roda de percusso corporal apresentada na epgrafe acima formada por um
crculo onde os alunos podem se olhar. O educador utiliza, em alguns momentos, o meio do
crculo para dialogar por meio de gestos e sons com o grupo. Esse momento representa uma
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grande interao entre alunos e instrutores. Em um clima alegre, alguns alunos riem de si
mesmo quando erram algum exerccio. O instrutor erra tambm, mas o erro no julgado ou
depreciado, ele uma forma de aprendizado tanto para alunos como para educadores. O erro
se transforma em performance.
No Instituto Batucar, na roda de percusso corporal, enquanto os alunos aprendem
percusso corporal, observando e imitando, os educadores desenvolvem sua prtica docente,
ou seja, aprendem a organizar a aula e a conduzir o aluno para o conhecimento. A partir das
primeiras observaes no projeto, comeamos a refletir: quem ensina e quem aprende? Quem
professor e quem aluno? Na roda, os educadores ensinam e aprendem com os alunos e
tambm mostram caminhos para que eles ensinem o colega ou o iniciante. A aprendizagem
colaborativa e o aprendiz se torna mestre na prtica, na interao e na participao nas
atividades.
A dinmica de ensino e aprendizagem musical no Instituto Batucar uma das
caractersticas das prticas educativas desenvolvidas em projetos sociais. Segundo Gohn
(2010), nessas instituies, a metodologia de ensino apresenta um processo educativo em que
o mtodo valoriza a cultura dos alunos, seus conhecimentos e as situaes e problemas
identificados na sua vida diria. Estes princpios orientam o educar. Os contedos educativos
surgem das necessidades ou desafios identificados pelo educador e pela comunidade e
abordam temas como violncia, drogas, famlia, formao. Essa demanda apresenta contedos
no formalizados como na educao formal, mas considerados relevantes para a
transformao social. Para a autora, a metodologia de ensino na educao no formal
dinmica e de carter humanista, cujo objetivo a formao da cidadania.
Nesse sentido, comum os participantes dos projetos se tornarem multiplicadores,
monitores ou educadores, reproduzindo a metodologia aprendida. Compreender como ocorre
a aprendizagem docente de educadores em projetos sociais o objetivo desta pesquisa. Como
objetivos especficos pretende-se descrever e analisar as prticas musicais desenvolvidas noprojeto; identificar as estratgias de ensino e aprendizagem dos educadores e multiplicadores;
analisar como eles percebem sua atuao docente no projeto e investigar como enfrentam e
resolvem as dificuldades pedaggico-musicais que ocorrem. O lcus da investigao o
Instituto Batucar, projeto scio-musical situado na cidade do Recanto das Emas, Braslia,
Distrito Federal (DF), com foco na percusso corporal.
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Segundo o site da instituio, o Instituto Batucar uma Organizao no
Governamental (ONG) registrada como Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico
(OSCIP) cujo objetivo [...] promover solues de incluso social atravs da arte, cultura e
da educao, privilegiando os locais com baixo ndice de desenvolvimento humano.
(INSTITUTO BATUCAR, 2007). O projeto existe desde 2001, quando o coordenador foi
convidado pela Igreja Presbiteriana de Braslia para ensinar msica para crianas e
adolescentes em situao de risco e vulnerabilidade social. Desde ento, a ONG oferece aulas
de percusso corporal, instrumentos e prtica de orquestra para 100 alunos entre 06 e 17 anos.
O projeto depende de parcerias para sua sustentabilidade. Semanalmente, so realizadas aulas
de msica, reunies pedaggicas, ensaios, encontros do grupo de performance. Durante o
semestre so realizados saraus comunitrios e apresentaes culturais.
Os coordenadores, educadores e multiplicadores do projeto so os participantes
desta pesquisa. Os multiplicadores so alunos que se destacam entre os demais, sendo
estimulados a iniciar um trabalho de monitoria e a participar de reunies pedaggicas.
A coleta de dados foi realizada por meio de observaes participantes, documentos e
entrevistas semiestruturadas. Estas foram transcritas e analisadas por meio da interpretao
das falas dos participantes. Neste texto, apresentamos o conceito de educador social,
identificando-o como o profissional que atua em projetos sociais a partir das ideias de Freire
(2011) e Gohn (2010). Posteriormente, apresentamos resultados parciais desta investigao
que so analisados no dilogo com a literatura que fundamenta esta pesquisa.
O Educador Social e a educao no formal
Gohn (2001, p. 98) associa o conceito de educador social a educao no formal. Para
a autora importante definir quem o profissional que atua nessa modalidade educativa e
refletir sobre sua formao na relao e integrao com a comunidade. Ela defende que o
educador social deve se identificar e ter um compromisso social com o grupo. Em suas
palavras, ele mais do que um animador cultural (GOHN, 2010, p. 50) ele ativo,
propositivo e interativo na formao e transformao dos indivduos. As caractersticas desse
profissional esto diretamente associadas aos objetivos da educao no formal.
Ao delimitar o conceito de educao no formal, Gohn (2001) destaca a dificuldade de
defini-la, pois, frequentemente, ela apresentada como o que no . A autora enfatiza a
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importncia de definir a educao no formal pelo que ela . Nessa perspectiva, a
pesquisadora destaca as seguintes categorias para anlise: o espao onde ocorre o processo
educativo; os seus fins e objetivos; os seus atributos; as suas dimenses educativas; os seus
resultados; a sua metodologia ou como se educa; o educador ou quem educa.
Soma-se a esses parmetros cinco dimenses educativas que incluem: os direitos do
cidado, a capacitao para o trabalho, os contedos da escolarizao formal, a educao pela
mdia e a aprendizagem e exerccios de prticas. A educao no formal envolve a formao
integral do indivduo com caracterstica humanstica, preparando-o para a vida.
Segundo Gohn (2010), importante no confundir a educao no formal com
trabalhos sociais realizados em algumas comunidades ou com o processo de socializao
natural na famlia e na religio. Ela distinta da educao religiosa e da formao promovida
por projetos com crianas e jovens em instituies religiosas.Seusobjetivos so diferentes e o
educador no assume, necessariamente, o papel de evangelizador.
No projeto social, educador e educando interagem numa perspectiva colaborativa e
integradora. A aprendizagem acontece via mo-dupla, ou seja, educando e educador
aprendem, ao mesmo tempo em que ensinam - o dilogo o meio de comunicao. Educador
e educando atuam numa proposta socioeducativa em que a produo de saberes nasce da
prpria cultura dos indivduos: eles reconstroem e resignificam valores existentes na cultura
local.
O educador social pode atuar em diferentes movimentos sociais, no meio rural e
urbano, podendo desenvolver atividades de msica, de artes, de esporte, de informtica, de
acompanhamento pedaggico. Gohn (2010) destaca que ele ajuda na construo do prprio
trabalho no local de trabalho. As foras sociais so construdas no processo por meio das
relaes compartilhadas entre os indivduos. A intencionalidade do processo educativo est
presente no desenvolvimento scio pedaggico, de forma que a ao educativa no
espontnea, pois h uma inteno por parte de quem educa.Libneo (2010) tambm destaca a intencionalidade como uma das caractersticas
educativas da educao no formal. Em sua concepo, essa inteno no formalizada mas
apresenta certo nvel de estruturao. Segundo o autor, a educao no formal acontece em
movimentos sociais localizados na cidade ou no campo, podendo se manifestar nos trabalhos
comunitrios, em animaes culturais e em manifestaes de lazer nas praas ou no cinema.
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Em suas palavras, ele enfatiza a flexibilidade metodolgica: porm com baixo grau de
estruturao e sistematizao, implicando certamente relaes pedaggicas, mas no
formalizadas (LIBNEO, 2010, p. 89).
Por outro lado, Gadotti (2005) defende a diversidade de espaos educativos na
educao no formal, inclusive em igrejas e associaes de bairros. Ele destaca o tempo como
um elemento to importante quanto o espao na delimitao e definio dessa modalidade
educacional. O tempo de aprendizagem flexvel e, essa flexibilidade uma caracterstica
relevante, pois respeita-se o tempo e as capacidades dos educandos.
Nesse sentido, Gadotti esclarece que o educador atuante na educao no formal
mais que um mediador dos conhecimentos, ele um organizador do conhecimento e da
aprendizagem, ele um aprendiz permanente ou, em suas palavras, ele aquele que cuida da
aprendizagem (GADOTTI, 2005, p. 03). O autor destaca que a aprendizagem do aluno
depende de saber organizar o seu conhecimento, saber ser auto disciplinado e se sentir
motivado.
Para Freire (2011), educar exige respeito aos saberes dos educandos, pois eles so
socialmente construdos na prtica comunitria (p. 31). Ele defende a importncia de
discutir com os alunos a sua prpria realidade para refletir sobre o presente vivido por eles. O
dilogo fundamental e exige disponibilidade do educador para com o educando. Segundo o
autor, por meio do dilogo o aprendiz se abre para o mundo. Gohn (2010, p. 51) afirma que o
dilogo no uma conversa jogada fora, ele um condutor, o meio utilizado para formar,
orientar e conduzir a construo e o compartilhamento do conhecimento.
Para Freire (2011), dialogar com os alunos exige respeito aos educandos e aos
saberes que so construdos nas prticas educativas. Na concepo de Gohn (2010), na
educao no formal, os educadores sociais so importantes pelo fato de ensinarem de forma
dinmica algo que construdo por eles e os educandos.
Essas caractersticas so observadas nas oficinas no formais de msica investigadaspor Almeida (2005). Nelas, a pesquisadora verificou que o processo educativo ocorre de
forma intuitiva e os saberes pedaggicos so construdos a partir da prtica. Os profissionais
pesquisados por Almeida (2005) so, em sua maioria, msicos sem formao docente que
reconhecem sua limitao didtica e destacam o aprender com os alunos, o bom senso e a
responsabilidade como habilidades necessrias para atuar no contexto no formal. Quanto a
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concepo desses educadores sobre a docncia em msica, a autora conclui que os oficineiros
investigados associam o professor de msica a aula de msica tradicional, pois apesar das
aulas coletivas e no formais, eles atendem os alunos individualmente e reproduzem modelos
de aprendizagem do ensino formal.
Metodologia da pesquisa: um estudo de caso etnogrfico
Para compreender como os educadores aprendem a ensinar no projeto social, a
metodologia mais indicada foi a abordagem qualitativa com mtodo estudo de caso
etnogrfico. Sobre esse mtodo Andr (2000) afirma:
Para que seja reconhecido como um estudo de caso etnogrfico preciso,antes de tudo, que preencha os requisitos da etnografia e, adicionalmente,que seja um sistema bem delimitado, isto , uma unidade com limites bemdefinidos, tal como uma pessoa, um programa, uma instncia de uma classeou porque por si mesmo interessante. De qualquer maneira o estudo decaso enfatiza o conhecimento do particular. O interesse do pesquisador aoselecionar uma determinada unidade compreend-la como uma unidade.Isso no impede, no entanto, que ele esteja atento ao seu contexto e s suasinter-relaes como um todo orgnico, e sua dinmica como um processo,uma unidade em ao. (ANDR, 2000, p. 31)
A unidade de estudo a aprendizagem docente dos educadores (multiplicadores) no
Instituto Batucar. Para atingir os objetivos da investigao foi realizada uma pesquisa de
campo com observao participante e entrevistas semiestruturadas. Estas foram realizadas
individualmente com cada educador do projeto e, coletivamente, como grupo focal com os
multiplicadores atuantes no projeto. As observaes ocorreram no Instituto Batucar, nas aulas
de percusso corporal, de orquestra, de instrumento, de canto e, no Centro de Ensino
Fundamental - CEF113 Recanto das Emas, onde os multiplicadores realizam aulas de
percusso corporal e violo. As observaes subsidiaram a realizao das entrevistas. O
contato com o Instituto Batucar iniciou-se em fevereiro de 2013 e a pesquisa se desenvolveu
dessa data at dezembro de 2013.
Ao analisar as falas das entrevistas algumas categorias emergiram como: origem,
princpios pedaggicos, ldico/prazer, organizao, objetivos, cidadania, transformao
social, prticas musicais, aula de msica, estratgias de ensino, aprendizagem colaborativa,
performance/apresentaes, aprendizagem docente, formao, percepo, concepes,
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educao, docncia, msica, desafios e perspectivas. A seguir, apresentamos resultados
parciais da pesquisa.
O Instituto Batucar: lcusda pesquisa
O Instituto Batucar teve incio em 2001 com apoio da Igreja Presbiteriana de
Braslia. Seu objetivo educar por meio da msica para a cidadania e a transformao social.
Essa meta compartilhada com outros projetos scio-musicais. Hikiji (2006) ao estudar o
projeto Guri argumenta que
O objetivo do projeto [Guri] no formar msicos, mas sim trabalharautoestima, cidadania, tirar a criana da rua e mostrar para ela uma condiode vida melhor. (HIKIJI, 2006, p. 76)
De forma semelhante, os coordenadores do Instituto Batucar acolhem crianas e
adolescentes em situao de risco e vulnerabilidade social da regio. A situao de risco
entendida como tempo ocioso, antigamente destinado a brincadeiras de rua, em que crianas e
adolescentes esto vulnerveis a violncia e ao trfico de drogas (HIKIJI, 2006).
No Instituto Batucar atuam cinco educadores, dentre eles, o coordenador, a
coordenadora pedaggica, o administrador do projeto, a pedagoga e um multiplicador
formado no projeto. A aulas de percusso corporal acontecem diariamente com durao deuma hora e trinta minutos. O grupo dedica ainda, semanalmente, tempo para reunies
pedaggicas, para ensaios, para organizao do espao, para aulas de performance e para
acompanhamento pedaggico pr-agendados com os alunos. Aos sbados pela manh so
realizados saraus para comunidade e atividades para pais.
Os Multiplicadores: aprendiz e instrutor
No Instituto Batucar, os coordenadores incentivam o trabalho docente dosparticipantes com o projeto multiplicadores: alunos que auxiliam os professores nas aulas
de msica e recebem uma bolsa pela monitora. Essa ao seiniciou com osalunos ajudando
nas aulas de violo e, hoje, alguns multiplicadores so educadores do projeto. Segundo
Ricardo, coordenador do projeto, com a formao dos multiplicadores, iniciada em 2004,
houve uma ampliao dos horrios para atendimento e prtica de percusso corporal:
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[...] ento a gente comeou a formao de multiplicadores que foi tambm muito nocomeo acho que 2004 por a a gente j tava com essa ideia de bolsista e trabalhandopra que esses bolsistas fossem remunerados ento a gente teve um grupo muito legalde adolescentes que foram um dos primeiros que tava comigo em 2001, 2002, elescomearam a ganhar a bolsa e assumir essa liderana dentro da proposta do projetoento tinha dever de casa, tinha o monitor de percusso corporal a gente comeou a
criar, com os projetos entrando a gente criou os dias de atendimento, ento comeoua ter atendimento de manh, de tarde. (RICARDO, Entrevistas p. 09 e 10).
Os multiplicadores participam das reunies pedaggicas do projeto, quando
discutem as aulas ministradas, os problemas que surgem nas situaes de ensino e
aprendizagem e propem possveis solues para as dificuldades vivenciadas como disciplina
e falta de concentrao. O coordenador d dicas de como ensinar, de como envolver os alunos
e de como chegar celebrao nas aulas. A dinmica de organiz ao pedaggica do
Instituto Batucar reflete as caractersticas do educador social apontadas por Gohn (2010) eFreire (2011): prtica integrada s demandas e necessidades da comunidade, ato educativo
centrado no processo, trabalho pedaggico colaborativo e interativo, aprendizagem pelo
dilogo, o educador como mediador e aprendiz.
Em entrevista focal realizada com os multiplicadores, um deles afirma que aprende
ao ensinar, em suas palavras:
... voc no s ensina, voc aprende com eles n ..., assim: um vai aprendendocom o outro.... (LUSA, Entrevistas, p. 166).
Durante a pesquisa, observamos doze multiplicadores que atuavam no Centro de
Ensino Fundamental CEF 113 - Recanto das Emas, onde ensinavam violo e percusso
corporal para os alunos do projeto Mais Educao. Eles atuavam em duplas juntamente com
os educadores do Instituto Batucar e eram responsveis por organizar o espao, os
instrumentos e os alunos da escola. Desse modo, eles aprendem a ensinar na prtica,
observando, colaborando e liderando. A formao de recursos humanos em projetos sociais
destacada por Kleber (2006) que, ao investigar o trabalho pedaggico musical na AssociaoMeninos do Morumbi, enfatiza a observao e a imitao como ferramenta de capacitao e
sustentabilidade do projeto.
No Instituto Batucar todos os alunos so multiplicadores em potencial, pois so
acolhidos, respeitados e amados como filhos do projeto. Ainda que em desenvolvimento, suas
habilidades so valorizadas, respeitadas e consideradas importantes para a formao cidad. O
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projeto de multiplicadores capacita os aprendizes na replicao da metodologia desenvolvida
no Instituto e possibilita a transformao e incluso social de todos envolvidos.
Consideraes Finais
Esta comunicao apresentou as caractersticas do educador social em projetos
sociais, o que fundamenta, a partir de autores como Gohn (2010), Freire (2011), Libneo
(2010)e Gadotti (2005), a anlise da aprendizagem docente no Instituto Batucar.
A pesquisa adota abordagem qualitativa com entrevistas semiestruturadas individuais
e coletivas. O contato direto com o Instituto Batucar e seus multiplicadores possibilitou
compreender como o educador social se forma e atua no projeto.
O Instituto Batucar se define como um espao educativo em que a percusso corporal
o fio condutor dos objetivos de incluso e transformao social. Alm das prticas musicais,
o projeto promove acompanhamento pedaggico e atividades com os pais dos alunos. A
sustentabilidade do projeto envolve a formao de multiplicadores, que se comprometem com
os objetivos da instituio e participam de reunies pedaggicas. A aprendizagem docente
contnua e ocorre na prtica e para a prtica.
Nas observaes, constatamos a importncia da aprendizagem colaborativa,
manifestada na alegria dos educadores e dos alunos e no prazer em compartilhar os
conhecimentos produzidos e adquiridos no Instituto Batucar. Este considerado por todos
como um grande laboratrio de aprendizagem docente.
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Referncias
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FREIRE, Paulo.Pedagogia da Autonomia. So Paulo, Paz e Terra, 2011.
GADOTTI, Moacir.A questo da educao Formal/no-formal.Sion (Suisse), 18 au 22octobre, 2005. Disponvel em:www.virtual.ufc.br/.../Educacao_Formal_Nao_Formal_2005.pdf. Acesso em: 22 de agostode 2014.
GOHN, Maria da Glria.Educao no formal e o educador social:atuao nodesenvolvimento de projetos sociais. So Paulo: Cortez, 2010.
HIKIGI, Rose Satiko Gitirana.A Msica e o Risco:etnografia da performance de crianas ejovens participantes de um projeto social de ensino musical. So Paulo: Editora Universidadede So Paulo, 2006.
INSTITUTO BATUCAR. Website. Disponvel em:http://www.institutobatucar.org.br.Acesso em: 22 de agosto de 2014.
KLEBER, Magali O. Educao musical: novas ou outras abordagens - novos ou outrosprotagonistas.Revista da ABEM, Porto Alegre, n.14, p. 91-98, 2006.
http://www.virtual.ufc.br/.../Educacao_Formal_Nao_Formal_2005.pdfhttp://www.virtual.ufc.br/.../Educacao_Formal_Nao_Formal_2005.pdfhttp://www.virtual.ufc.br/.../Educacao_Formal_Nao_Formal_2005.pdfhttp://www.virtual.ufc.br/.../Educacao_Formal_Nao_Formal_2005.pdfhttp://www.virtual.ufc.br/.../Educacao_Formal_Nao_Formal_2005.pdfhttp://www.virtual.ufc.br/.../Educacao_Formal_Nao_Formal_2005.pdfhttp://www.virtual.ufc.br/.../Educacao_Formal_Nao_Formal_2005.pdfhttp://www.virtual.ufc.br/.../Educacao_Formal_Nao_Formal_2005.pdfhttp://www.virtual.ufc.br/.../Educacao_Formal_Nao_Formal_2005.pdfhttp://www.virtual.ufc.br/.../Educacao_Formal_Nao_Formal_2005.pdfhttp://www.institutobatucar.org.br/http://www.institutobatucar.org.br/http://www.institutobatucar.org.br/http://www.institutobatucar.org.br/http://www.virtual.ufc.br/.../Educacao_Formal_Nao_Formal_2005.pdf