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Curitiba, terça-feira, 15 de junho de 2010 - Ano XII - Número 577 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected] DIÁRIO d o B R A S I L Brasil estreia hoje na Copa Seleção brasileira inicia a luta pelo hexa contra a Coreia do Norte. Tentando apagar a má campanha feita em 2006, a equipe comandada por Dunga fez vários treinos fechados à imprensa. O resultado Fernando Mad Um sorriso cativante Conheça a jornada de uma supervisora de caixa que tem a receita ideal para conciliar o trabalho com os prazeres da vida. Pág. 7 Perfil Cinema nacional Coluna Jogos perigosos Praticantes de jo- gos de azar podem desenvolver depen- dência parecida com a que sofrem depen- dentes químicos. A procura por um psi- cólogo é o mais indi- cado caso a pessoa permita que horas de lazer se transformem em um vício. Págs. 4 e 5 Vício Manuela Ghizzoni dos quatro anos de trabalho do treina- dor na seleção começa a ser testado con- tra a Coreia do Norte, a grande incógni- ta do grupo. A bola rola às 15h30. Pág. 3 A utilizada na Copa do Mundo de 1930 As producões brasileiras são o destaque da colu- na dos anos 60. “Terra em Transe”, de Glauber Ro- cha, foi um dos marcos da década, sendo premiado no Festival de Cannes. Pág. 8

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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO

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Page 1: LONA 577 - 15/06/2010

Curitiba, terça-feira, 15 de junho de 2010 - Ano XII - Número 577Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

Brasil estreiahoje na Copa

Seleção brasileira inicia a luta pelohexa contra a Coreia do Norte. Tentandoapagar a má campanha feita em 2006, aequipe comandada por Dunga fez váriostreinos fechados à imprensa. O resultado

Fernando Mad

Um sorrisocativante

Conheça a jornadade uma supervisorade caixa que tem areceita ideal paraconciliar o trabalhocom os prazeres davida.

Pág. 7

Perfil

Cinemanacional

Coluna

Jogosperigosos Praticantes de jo-

gos de azar podemdesenvolver depen-dência parecida coma que sofrem depen-dentes químicos. Aprocura por um psi-cólogo é o mais indi-cado caso a pessoapermita que horas delazer se transformemem um vício.

Págs. 4 e 5

Vício

Man

uela

Ghi

zzon

i

dos quatro anos de trabalho do treina-dor na seleção começa a ser testado con-tra a Coreia do Norte, a grande incógni-ta do grupo. A bola rola às 15h30.

Pág. 3

A utilizada naCopa do Mundode 1930

As producões brasileiras são o destaque da colu-na dos anos 60. “Terra em Transe”, de Glauber Ro-cha, foi um dos marcos da década, sendo premiadono Festival de Cannes.

Pág. 8

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Opinião

O que Garrincha, Pelé, Kaká e Robinho possuem em comum?Não são os respectivos números da camisa amarelinha... 10 e 11.O rei e o Anjo das pernas tortas nunca perderam uma partida jo-gando juntos pelo escrete canarinho. Kaká e Robinho também não– vale frisar que isso é na “Era Dunga”.

A dupla, que conquistou os mundiais de 58 e 62, jogou 40 par-tidas pela seleção, obtendo trinta e cinco vitorias e cinco empa-tes. A dupla do século 21, sob a batuta do técnico Dunga, jogoutrinta e duas vezes, com 28 vitórias e quatro empates. O retros-pecto das duplas é quase igual, tirando o fato dos títulos mundi-ais de Mané e Pelé.

Nessa Copa, Robinho e Kaká podem se consagrar como as-tros eternos do futebol brasileiro e ser mais uma dupla históricade títulos mundiais, como: Bebeto e Romário em 94; Pelé e Jairzi-nho em 70 ; Ronaldo e Rivaldo em 2002.

Pelé e Mané...Kaká e Robinho...Danilo [email protected]

Reitor: José Pio Martins.Vice-Reitor: Arno Anto-nio Gnoatto; Pró-Reitorde Graduação: RenatoCasagrande; Pró-Reitorde Planejamento e Ava-liação Institucional: Cos-me Damião Massi; Pró-Reitor de Pós-Gradua-ção e Pesquisa e Pró-Reitor de Extensão: Bru-no Fernandes; Pró-Reitorde Administração: ArnoAntonio Gnoatto; Coor-denador do Curso deJornalismo: Carlos Ale-xandre Gruber de Cas-tro; Professores-orienta-dores: Ana Paula Mira eMarcelo Lima; Editores-chefes: Nathalia Caval-cante ([email protected]), Daniel Cas-tro ([email protected]) e Diego Henri-que da Silva (ediegohen-rique@ hotmail.com).

“Formar jornalistas comabrangentes conhecimen-tos gerais e humanísticos,capacitação técnica, espí-rito criativo e empreende-dor, sólidos princípioséticos e responsabilidadesocial que contribuamcom seu trabalho para oenriquecimento cultural,social, político e econô-mico da sociedade”.

O LONA é o jornal-laboratório diário doCurso de Jornalismo daUniversidade Positivo –UPRedação LONA: (41)3317-3044 Rua Pedro V.Parigot de Souza, 5.300 –Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR -CEP 81280-30. Fone (41)3317-3000

Expediente

Missão do cursode Jornalismo

Rádio ou TV, internet ou impresso... Onde você olha,a Copa está presente. São 32 seleções, diversas “estre-las”, estádios monumentais, todos querendo a taça. Maso que tem de tão importante nessa taça? Que poder éesse, capaz de parar um planeta por 30 dias? Isso secontarmos apenas os dias de jogos. Com preparativos,passamos dos 50.

O pior é quando se acredita que uma guerra iminen-te entre as Coreias pode deixar de existir porque vai co-meçar a Copa, ou então, será que a Hungria não atra-vessará uma crise financeira parecida com a da Grécia(que acho que passou por causa da Copa). Ah, tem o talvulcão na Islândia, que, respeitando a Copa, parou delançar cinzas e provocar o caos aéreo na Europa.

A Copa ainda não começou oficialmente, mas por en-quanto a grande campeã é a British Petroleum. Quandoem toda a história, uma empresa conseguiu derramar (econtinua derramando) milhões de litros de petróleo nomar, acabar com um ecossistema, causar danos que se-rão sentidos pelo menos pelas duas próximas Copas eainda sair impune?

Wellington Mengatto

Copa do Mundo ouMundo da Copa?

Imagina se tivéssemosGarrincha caindo em umaponta, Robinho na outra,Kaká armando pelo meio ePelé fazendo o que melhorsabia fazer?

Mas o fato de Kaká não estar 100% preocupa o povo brasilei-ro. No caso (torço para que não aconteça) do astro de Real Ma-drid não conseguir jogar a Copa inteira, Robinho estaria prepa-rado para ser o que Garrincha foi em 1962 quando Pelé se ma-chucou? Eu acho que sim, Robinho vem voando e sendo decisivona seleção; assim como Mané, faz arte com a bola nos pés, dei-xando a zaga adversária preocupada e abrindo espaços para oscompanheiros.

Como não vai acontecer do Kaká ficar sem condições de jogar,a torcida vai para que os deuses da Copa estejam do lado verde-amarelo - que não seja somente o verde-amarelo dos sul-africa-nos - ajudando a seleção brasileira a consagrar mais uma duplainfernal, inesquecível, de outro planeta.

Espero que Kaká, o camisa 10 da seleção de 2010 seja o Peléda Copa de 70, e Robinho, que veste a camisa 11, seja igual nossoanjo das pernas tortas, o 11 em 1958. Que Kaká encante o públicocom seu futebol clássico e elegante, que Robinho arrase “Joãosninguéns” pelo mundial.

Ao escrever, imaginei uma situação. Imagina se tivéssemosGarrincha caindo em uma ponta, Robinho na outra, Kaká arman-do pelo meio e Pelé fazendo o que melhor sabia fazer? Claro, esseesquadrão de ataque só pode ser formado no videogame. Kaká eRobinho não chegam aos pés de Pelé e Garrincha, mas são os cra-ques da nossa seleção... agora, cá entre nós, já pensou se o ataquedo videogame fosse de verdade?! Não custa sonhar e torcer paraque a dupla desse ano chegue perto do Rei Pelé e do Anjo Mané.

O pior é quando se acreditaque uma guerra iminenteentre as Coreias podedeixar de existir porque vaicomeçar a Copa

Não, de forma alguma, não sou contra a Copa doMundo, sou apenas contra o Mundo da Copa, que em-purra a sujeira para baixo do tapete para não incomo-dar na hora de comemorar o gol. A propósito, vou ficarquieto. O dia chegou. Vai começar a execução dos hi-nos nacionais...

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Antes de o Brasil entrarem campo, as outras equi-pes do Grupo G estreiamàs 11h, em Porto Elizabeth.O jogo é tratado como umadecisão para os dois lados,já que o vencedor da parti-da pode praticamente segarantir nas oitavas, sendoque consideram a SeleçãoBrasileira como favorita.

Pelo lado português, ocraque Cristiano Ronaldo éa grande aposta da equipepara um bom futebol nestemundial. A equipe que cres-ceu nos últimos anos, sen-do vice-campeã europeiaem 2004 e ficando em quar-to lugar na última Copa,espera repetir a boa campa-nha e chegar longe. CarlosQueiroz, técnico de Portu-gal, quer vencer para darmais tranqüilidade ao gru-po. “Não há espaço para er-ros e, portanto, queremosconquistar, se possível ,logo esses três pontos”. ASeleção portuguesa teve umproblema de última hora;dias antes de a Copa inici-ar, o atacante Nani se ma-chucou e foi cortado.

Além de Cris t ianoRonaldo, outros três joga-dores se destacam, pelobom futebol e por serembrasi le iros . O zagueiroPepe, o meio-de-campoDeco e o atacante Liedsonesperam levar Portugualao inédito título mundial.

Pelo lado africano, agrande esperança é o ata-cante Didier Drogba, entre-tanto, ele sofreu uma lesãono braço direito e ainda édúvida. Drogba foi opera-

do há oito dias, depois de terse machucado em amistosopreparatório para a Copacontra o Japão. O atacantetreinou normalmente ontem,mas o técnico da Seleção,Sven-Goran Eriksson, nãoquis adiantar se poderá con-tar com o atacante. Drogbaainda poderá entrar em cam-po com uma proteção no lo-cal da lesão. Mesmo assim,vai precisar de uma autoriza-ção do árbitro do duelo, ouruguaio Jorge Larrionda.

Se não puder contar como atacante, a Seleção de Cos-ta do Marfim dependerá dejogadores importantes, comoSalomon Kalou, Kolo Touré,Yaya Touré e EmmanuelEboué.

Portugal e Costado Marfim seenfrentam emjogo decisivoComandados de Dunga esperam ter

pouco espaço para jogar diante de umadversário desconhecido

Para o técnico daCoréia do Norte, KimJong Hun, a Seleçãodo técnico Dunga éfavorita, mas garanteque seu time nãoentrará em campocomo derrotado

O Brasil fará nesta tarde, às15h30, sua estreia na Copa doMundo 2010. O jogo contra aCoreia do Norte será em Johanes-burgo, no Estádio Ellis Park. Seráo duelo do líder do ranking daFIFA contra uma seleção que seencontra em 105º. A Seleção Bra-sileira vem de duas vitórias emjogos amistosos, contraZimbábue e Tanzânia. Já a Coréiado Norte, não vence há sete jo-gos, quando goleou a Seleção deMianmar, por 5 a 0, em fevereiro.

Será a segunda participaçãoda Coreia em Copas do Mundo,sendo que a primeira aconteceu

Seleção Brasileiraestreia hoje contraa Coreia do Norte

Miguel Basso Locatelli 44 anos atrás, na Copa de 1966,na Inglaterra. Naquela ocasião,a equipe surpreendeu, elimi-nando a Itália na primeira fasee chegando às quartas de final.Por outro lado, será a 19ª parti-cipação brasileira em Copas,afinal, é a única Seleção a dis-putar todos os Mundiais. A úl-tima derrota em estreia aconte-ceu em 1934, quando aEspanha venceu por 3 a 1. NaCopa de 2006, o Brasil venceu aCroácia, com gol de Kaká.

Para o técnico da Coreia doNorte, Kim Jong Hun, a Seleçãodo técnico Dunga é favorita,mas garante que seu time nãoentrará em campo como derro-

tado. “O Brasil é favorito, claro.Mas na força mental e na concen-tração nós podemos equilibrar. Ouaté mesmo ganhar”, afirmou o trei-nador. Hun afirmou conhecer a se-leção e não irá divulgar seu timeaté momentos antes do jogo. “Euestudei muito o Brasil, mas prefironão divulgar nada antes da hora”,finalizou. O técnico não deverá terproblemas para contar com JongTae-Se, o craque do time, mais co-nhecido como “Wayne Rooney daÁsia”, em alusão ao destaque dotime da Inglaterra.

Pelo lado brasileiro, a apostade gols está no atacante Luis Fabi-ano, que não marcou pela seleçãonos últimos cinco jogos. Porém, opróprio atacante acredita nos nú-meros em estreias para acabar como jejum. "Ter um histórico de golsbom em estreias me deixa maistranquilo". Exemplo disso foi emseu primeiro jogo pela Seleção,quando marcou na vitória por 3 a0 sobre a Nigéria, em 2003. No pri-meiro jogo da Copa América, em2004, e da Copa das Confedera-ções, em 2009, também balançouas redes.

O técnico Dunga não deve terproblemas para escalar a Seleçãoe, mesmo realizando treinos secre-tos, a escalação deve ser: JúlioCésar, Maicon, Lúcio, Juan eMichel Bastos, Gilberto Silva,Felipe Melo, Elano e Kaká,Robinho e Luis Fabiano.

O juiz da partida será o hún-garo Viktor Kassai, auxiliado porGabor Eros e Tibor Vamos.

Cristiano Ronaldo é a grandeesperança da equipe lusitana;Drogba ainda é dúvida

Miguel Basso Locatelli

Além deCristiano

Ronaldo, outrostrês jogadoresse destacam,

pelo bom futebole por serem

brasileiros. Ozagueiro Pepe, omeio-de-campo

Deco e oatacante Liedson

esperam levarPortugual aoinédito título

mundial

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Vícios

Luciane NadolnyEle é aposentado da Câ-

mara dos Deputados, ganhaem torno de R$ 15 mil. Ela,aposentada do Banco Cen-tral do Brasil, R$ 7 mil. Ocasal tem filhos adultos, ca-sados, e tem poucas despe-sas, mas ambos estão afun-dados em dívidas. Isso porcausa da dependência emjogos classificados como deazar.

Os jogos de azar são osque não dependem da habi-lidade do jogador, mas simda sorte ou azar. Os maisconhecidos e praticados sãoos bingos, dados, jogos debaralhos, jogo do bicho, lo-teria, caça-níqueis e roleta.

De acordo com o artigo 50ºdo decreto de lei 3.688, de 3de outubro de 1941, é proi-bido praticar atividades queenvolvam esses jogos, tantoem lugares públicos comoacessível aos mesmos, comou sem pagamento.Com ocasal, a dependência come-çou como lazer. Ele inicioucom corrida de cavalos pelatelevisão e depois passoupara a roleta. Ela frequenta-va bingos com as amigas,chegou até mesmo a ganharum carro uma vez. Porém,hoje, estão com muitas dívi-das, garantindo que um prê-mio de R$ 1 milhão só paga-ria partes de suas delas.

Jogando com freqüência emuito anseio, o jogador podeacabar viciado. A partir des-se momento, os jogos deixamde ser diversão e passam aser dependência. É difícilreconhecer como começa umvício em um jogo, mas geral-mente se iguala ao começo

de uma dependência quími-ca, ou seja, a partir do mo-mento que a pessoa muda oseu círculo de amizades ealtera o seu comportamento.

O ponto principal para seobservar é que quem é con-siderado um dependente dejogo de azar – ou jogo pato-lógico como também é co-nhecido - dificilmente reco-nhece que tem algum tipo deproblema em relação a isso.Geralmente, a família é oprimeiro grupo que percebeos problemas iniciais. De-pois, os colegas de trabalhoe por final as pessoas doconvívio social. Alguns es-tudiosos relatam que o jogopatológico pode mudar ou-tros quadros psicológicos dapessoa, como transtornos dehumor, ansiedade e depres-são. Ainda pode entrar emquestão o abuso e dependên-cia de nicotina, álcool e ou-tras drogas.

Mas, para todos, uma coi-

O lazer que vira

Chris Johnson/ SXC

sa é certa: o jogador patoló-gico busca o prazer em apos-tar. Alguns sentem mais pra-zer no começo da rodada, eoutros na incerteza de que apróxima pode arruinar e le-var tudo o que ganhou nanoite. Há também um aspec-to de ritual. O jogo é semprecheio de nuances e regras,muitas delas fazem com queo jogador fique ainda maisentretido nas rodadas.

Em uma mesa de poker,por exemplo, dificilmente ojogador levantará e irá paraoutro local. Ficará sentadodurante horas jogando, con-sumindo álcool, ou fuman-do. Tudo no ambiente acabachamando para o jogo.

Dois escritores famosossofriam com esse vício. O ro-mancista francês Honoré deBalzac e Fiódor Dostoievski,maior escritor russo de todosos tempos. Dizem que de tãocompuls ivo que era ,Dostoievski escreveu um li-

vro autobiográfico: “O joga-dor”. A obra é o relato de umhomem que é apaixonado aomesmo tempo por uma jovemque não corresponde seuamor e pelo ganho fácil nasmesas de roletas. Há doisanos, o jornal francês LeMonde publicou matéria so-bre um amplo estudo que oInstituto Nacional da Saúdee da Pesquisa Médica fez so-bre esse tema. Analisando1.500 artigos científicos, ospesquisadores chegaram àconclusão de que 1% a 3% dapopulação é viciada em jogo– nessa pesquisa, incluíramtambém jogos devideogames. Os pesquisado-res denominaram os jogos de“tóxico do século 21”.

O psicólogo LeonardoAraujo analisa esse tipo dedependência e acredita quea proibição dos jogos de azarnão alterará a rotina de umjogador. “Como é noticiadode tempos em tempos, cassi-

dependência

Vício em jogos deazar atinge até3% da população,diz estudo francês

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A sociedade diz que chamaralguns de “ex-drogados” é erra-do. O que deveria ser visto comoerrado não é apenas o fato decomeçar a se envolver com dro-gas de qualquer tipo, mas tam-bém a recusa de ajuda para aspessoas que são vítimas destarealidade.

O fato é que uma pessoa difi-cilmente entra nesse mundo desubstâncias ilícitas porque quer,bem como dificilmente sai pornão ter ajuda.

No caso de R. C., jovem de 21anos, muitas coisas aconteceramaté que as drogas tivessem toma-do conta de tudo e suas vonta-des passassem a ser todas vol-tadas para comprá-las e consu-mi-las.

“Sabe quando você olha umavitrine cheia de doces e acha alio seu preferido, fica torcendopara que tenha e vai comprá-lo?Foi assim que começou. Quan-do eu menos esperava, tava vi-ciado. Era como se eu quisessecomer todo dia meu doce prefe-rido”, conta ele, que se envolveucom as drogas aos 14 anos.

Tão fácil foi para entrar,mas tão difícil foi para sair.O rapaz - que conta ter se-guido esse caminho pelo fatode ver nas substâncias queusava a saída para seus pro-blemas, sempre tendo a sen-sação de poder e de força –foi expulso de casa quandoseus pais descobriram, aos17 anos. Sem ter o que fazer,acabou indo morar na casada namorada, que tambémvivia o mesmo drama.

“Era triste. Nós ficáva-mos entocados em casa. Ospais dela não sabiam. Osmeus sabiam e nem me que-

riam mais como filho porisso. Eu lembro até hoje dequando saí pela porta decasa, com meu pai gritandotudo o que podia para mim”,disse o ex-dependente quí-mico.

Depois disso, aconteceu o

que não acontece com muitagente: ele e a namorada es-colheram mudar. Ela, por-que estava cansada de terque vender quase tudo decasa para ter mais fonte deprazer; ele, porque queria re-conquistar a família e provar

nos e bingos clandestinossão descobertos e fechadospela polícia. Mesmo assim,o dependente sempre teráonde jogar. Pode ser em umcassino clandestino, em umbingo ou mesmo em umamesa de jogo na casa de al-gum conhecido”, afirma.

Araujo lembra ainda que,no Brasil, há pouco tempo osbingos foram proibidos, mashá outras modalidades dejogos de azar em pleno fun-cionamento, e com amparolegal. Um exemplo disso é acorrida de cavalos. ”Há di-versos casos de pessoas que

arruinaram vidas e carreirasfazendo esse tipo de aposta.Lembrando também da apa-rentemente inocente loteria.Muitas pessoas são depen-dentes de jogos em casaslotéricas, mas isso ainda épouco estudado pelo meiocientífico”.

Marcos (nome fictício) édono de um cassino clandes-tino, localizado no bairroCampo Compr ido , emCuritiba, e afirma que pesso-as dos mais diferentes tiposfrequentam seu cassino. “Jáapareceu até mesmo um pin-tor, desses famosos e a for-

ma de pagamento foi o pró-prio quadro, que por sinalvalia mais de mil reais.”

A recomendação paraevitar um possível problemaé a ponderação. Os jogos deazar podem ser uma fonte delazer, mas com moderação.Se a pessoa já tem uma in-clinação para dependênciaquímica, ansiedade e/oudepressão, é um sinal dealerta. Estudos já confirma-ram que há uma forte liga-ção entre essas patologias ejogos de azar. O ideal – pormais que nem sempre sejapossível - é que essas pesso-

as fiquem longe de locaisonde o jogo é praticado.

O psicólogo também afir-ma que a cura definitiva é di-fícil, e o que pode acontecer éo controle do vicio. “É funda-mental que o paciente reco-nheça o seu vício e que bus-que ajuda. Esse é o primeiropasso que pode ser dado”.

Outro passo que podeser dado é mudar o círculode amizades que são liga-das ao jogo. Se não adian-tar, a pessoa deve procuraruma ajuda especializada.O psicólogo é o profissio-nal que irá trabalhar as an-

Conquistasem apoio

Dependentes químicostêm dificuldade de sairdas drogas pela faltade apoio e incentivo

Fabielle Rocha Cruz

que ainda podia ter tudo oque queria sem precisar deoutras coisas para obter ,exceto seu próprio mérito.

“O caso dele foi tão difí-cil quanto outros casos. Elequis resolver o problema,mas a família não estava alipara dar apoio, os recursosfinanceiros eram poucos.Sem contar que a sociedadefaz uma pressão sobre elesque não tem tamanho”, co-menta o psicólogo LucianoGalhardos, que ainda co-menta que muitos pacientesem recuperação desistemporque concluem que nãoserão capazes de voltar a vi-ver normalmente com todasas barreiras existentes e im-

postas pela sociedade.Depois de um ano e três

meses dentro de uma clínicade reabilitação, o jovem de-cidiu que iria falar com a fa-mília. Para a sua surpresa,quando contou que estavatentando largar os vícios, ospais lhe aceitaram de volta ecomeçaram a incentivar. Amãe o acompanha nas con-sultas do psicólogo.

Para Galhardos, o proble-ma maior está nas pessoasque fazem parte do círculosocial do drogado. “A pri-meira coisa que elas fazem ése afastar, e não dar apoio.Os pais, amigos e quem maisestiver disposto a ajudar edar à essa pessoa umachance de uma nova vidasem precisar desses ‘alimen-tos’ ruins, será bem vindo.Ela precisa disso, da força”,afirma.

De tudo o que passou, ojovem conta que nuncaachou que a tentação de vol-tar para o mundo das drogasfosse tão grande. Mesmocom a reabilitação, ele contaque às vezes sente vontade,mas lembra-se que tem al-guém para lhe dar apoio.

“O problema é que as pes-soas só veem o lado ruim deum drogado. Eu quis sair porconta própria, mas se a minhanamorada não tivesse banca-do para mim, jamais teria con-seguido. Tudo ficou melhorquando meus pais me apoia-ram. Eu tive certeza que esta-va fazendo a coisa certa. Hoje,só tenho a agradecer a todospela oportunidade e torcerpara que a juventude não saiado caminho certo, como eu fiz.E ainda perdi o melhor da mi-nha vida por isso”.

“Sabe quando você olha uma vitrine cheia dedoces e acha ali o seu preferido, fica torcendopara que tenha e vai comprá-lo? Foi assim quecomeçou. Quando eu menos esperava, tavaviciado. Era como se eu quisesse comer tododia meu doce preferido”.R.C., 21 anos

gústias e os aspectos emo-c i o n a i s d o p a c i e n t e . S ehouver necessidade, seráf e i t o o e n c a m i n h a m e n t opara um médico psiquia-tra, e se esse assim diag-n o s t i c a r , i r á p r e s c r e v e rmedicamentos para auxili-ar no tratamento. “Essa éuma recomendação comumno t ra tamento de outrasdependências, uma vez queo paciente altera as amiza-des ligadas a ela, e tambéma sua rotina. Não é possí-vel um tratamento sem queesses passos sejam dadospelo paciente”.

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Pode ser que a madrugada me mate, a geada que consomeas plantas mais sensíveis, recolhe os animais em si, o frio. Podeser o descanso do caminhoneiro que dorme ao volante, a meatingir enquanto sintonizo uma rádio no painel do carro. Podeser o cão a atravessar impetuoso a estrada e lançar-me de sustocontra o muro indefeso. Pode ser o ladrão a não aceitar minhasdesculpas por não ter mais. Pode ser um raio que irrompa docéu angustiado num dia em que a chuva me abrigue na árvorederradeira. Pode ser o credor impaciente por mais um mês deatraso. Pode ser a mulher do amigo, enfastiada de tantas bebi-das compartilhadas. Ela não bebe. Pode ser o suicida do cine-ma, sua arma santa e certeira. Pode ser um ataque cardíaco ful-minante, um coração desmantelado, o médico a consolar a fa-mília: foi um caso raro, fizemos o que pudemos. Pode ser a den-tista a perfurar meu siso, não conseguiu conter a hemorragia.Pode ser um pedaço de frango em meio à piada mais incorreta,os amigos ao enterro dizendo: bem, foi uma morte pitoresca, dig-na de seu currículo. Pode ser uma partida de futebol, quadrapequena, um empurrão, cabeça batida na parede, dois coágu-los, cirurgia de risco, eram poucas as chances de sobrevivên-cia. Pode ser um mergulho no mar, um recife mais agressivo, ocorpo a boiar na passagem de ano novo. Pode ser um café entreamigos, um comentário sobre a finitude de nossas vidas, tantascoisas que passamos juntos, se eu morresse agora morreria fe-liz. E morri, um sorriso de ironia. Pode ser um assassino a con-fundir-me com o antigo desafeto no beco sem saída. Pode serum crítico encerrando prematuramente minha carreira antesmesmo de ser. Uma dica, meu caro: não insista nesse negóciode escrever, não. Repare: está sobrando emprego na construçãocivil. Pode ser a lua a cair do céu sobre meus anseios românti-cos. Pode ser a loucura capturando minha sanidade nas noitesde insônia, me lançando na treva mais profunda. Pode ser afome, definhando meus músculos até não mais conseguir levan-tar do sofá. Pode ser a morte e a morte do livro que acabou oudo livro que nem existiu, ser póstumo antes de ser, nem deixaruma ideia de título.

Pode ser a morte que a saudade constrói a cada compassodiário, as lembranças mais límpidas, as conjecturas apaixona-das, eu te digo, minha querida, te digo todas elas, todos os cli-chês, todas as saudações, todos os lamentos, todas as feridasque lambemos enquanto o mundo profana o que de melhor te-mos, as garantias que fizemos enrolados na coberta da camadura, as promessas de tempos vindouros, os anseios de eterni-dade, a saudade, enfim, rasgando a carne, desmanchando osangue, porque se morre de saudade, sim, a saudade me fazen-do pensar em você e em amor, a saudade é pior do que se entre-var, disse o cantor, num rompante um tanto exagerado, é ver-dade, mas não nos culpem pela dor que só a gente sente.

Pode ser morrer bem velhinho, com a companheira ao lado,uma filha escrevendo as últimas palavras, tocando a CatedralSubmersa, alguns versos de João Cabral de Melo Neto, um fil-me sem final, uma passagem mergulhada em calmaria, nadade funesto, nada de lágrimas, nada de homenagens, música,queremos música, um mundo sem música é um desatino, ape-nas o descanso a quem viveu mais de uma vida, duas, três, cin-quenta vezes a vida e a poesia e a tragédia e a desigualdade e acrueldade e a beleza e o amor que nela adentra.

Porque escrever, cunhar no papel, não deixa de ser a morteda palavra. Até que a página aberta ressuscite.

Espaço Literário

O movimento cinematográfico brasileiro denomi-nado Cinema Novo foi uma revolucionária mudan-ça, que tinha como principal objetivo retratar o povoe seus problemas. Influenciado pelo neo-realismo ita-liano dos anos 40, o Cinema Novo teve início com aquebra dos grandes estúdios brasileiros. Os cineastas,muitos educados na Europa, criaram novos ideais quepodem ser resumidos na frase de Glauber Rocha“uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”.

A primeira característica do movimento é o orça-mento baixo. Os cineastas eram contrários aos carosfilmes produzidos pelos estúdios Atlântida e VeraCruz, e à alienação das chanchadas. Para o baixoorçamento, utilizavam atores inexperientes e filma-vam nas ruas. Os filmes precisavam ter uma mensa-gem e servir de alerta. Criatividade e simplicidadeera o lema não só do movimento brasileiro, mas doNuevo Cine argentino, do Cine Imperfecto cubano eda Nouvelle Vague francesa, todos inspirados nomovimento italiano pós-guerra.

A primeira fase do Cinema Novo, de 1960 a 1964 émarcada por filmes como “Vidas Secas”, de Nelson Pe-reira dos Santos e “Deus e o Diabo na Terra do Sol”,de Glauber Rocha, que apresentam temas como a fome,dificuldades econômicas e alienação do povo rural. Nasegunda fase, que vai de 1964 até 1968, os temas abor-dados eram voltados à política. Exemplos dessa fasesão “O desafio”, de Paulo Cezar Saraceni, “Terra emTranse”, de Glauber Rocha, e “O Bravo Guerreiro”, deGustavo Dahl, que criticam a ditadura militar. De 1968a 1972, a última fase tem influência do tropicalismo eutiliza da exuberância e exotismo do país para fazeruma crítica que pudesse passar despercebida pela cen-sura. O grande marco foi “Macunaíma”, de Joaquim

O cinemanacional inteligente

Larissa CoutinhoEscreve quinzenalmente, às terças-feiras,sobre assuntos ligados à década de [email protected]

Anos 60

Fotos: Reprodução

Divulgação

Pedro de Andrade, inspirado na obra de Máriode Andrade.

Infelizmente, por causa da repressão daditadura e do pouco acesso à cultura da po-pulação naquele período, o movimento nãodurou muito e foi pouco conhecido pelos bra-sileiros. O filme com maior repercussão foi“Terra em Transe”, que ganhou dois prêmi-os no Festival de Cannes, mas que foi censu-rado e proibido no Brasil até que o padre dofilme, interpretado por Jofre Soares, tivesseum nome. O Cinema Novo foi uma forma demanifestação contra o cinema comercial ins-tituído por Hollywood que marcou presençana luta contra a ditadura. Duas lutas seme-lhantes, Hollywood sendo o que conhecemoshoje: uma ditadura americana de “punhos deferro”.

Daniel Zanella

MORTE

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Perfil

Manuela Ghizzoni

Eram 10 horas da manhãquando começamos nossaconversa. O movimento nacantina do bloco vermelho daUniversidade Positivo não eratão grande, havia apenas umou dois grupos de amigos co-mendo o famoso jacaré da lan-chonete e rindo alto. No entan-to, apesar da tranquilidade dolocal, nossa conversa era cons-tantemente interrompida poralgum funcionário necessitan-do ajuda da minha entrevista-da. “Doroti, o que eu faço ago-ra?”. “Doroti, onde está o ge-

rente?”. Foi nesse momento emque percebi a importância deDoroti Muller para os seus co-legas.

Aos 46 anos, seu sorriso seilumina ao falar do seu papelde mãe. Sua filha Aline, de 21anos, e Henrique, de 18, são osseus maiores orgulhos. A feli-cidade deles é o principal obje-tivo de Doroti. “O meu sonho éver os sonhos dos meus filhosrealizados, é ver eles felizes.”

Com vários conhecimentosna área da gastronomia, Dorotitrabalhou quatro anos porconta própria fazendo salgadi-nhos para vender. Porém, sem

caix

a

O sorriso por trás doManuela Ghizzoni

ter tempo para lazer e cansadado seu emprego, ela decidiudar um novo rumo a sua vida.“Eu quis cuidar mais de mim.Porque uma pessoa que ésalgadeira se dedica apenas aessa atividade. Trabalha desegunda a segunda.” A ex-co-zinheira mostrou que não searrepende dessa decisão. “Nãopretendo voltar a fazer o queeu fazia antes, gosto do que eufaço agora”, conclui.

Essa mudança de vida ra-dical trouxe novas oportunida-des para Doroti, incluindouma passagem pelo atendi-mento em uma padaria. Mas,

“Eu gosto muito de conversar, soumuito extrovertida e faço muitasamizades, inclusive com os alunos”

Por meio da suahistória, Doroti Mullermostra como é possívelser um profissional feliz

foi no emprego de supervisorade caixa, que já dura seis anos,que ela encontrou a sua realvocação. No começo, um dosprincipais desafios para Dorotifoi a adaptação ao novo ambi-ente. “Antes, eu trabalhava empanificadora, então era umambiente completamente dife-rente em comparação ao movi-mento. Eu estranhei muitascoisas no começo. Mas eu fuime acostumando e hoje em diaa universidade é meu lar.”

A personalidade simpáticade Doroti também ajudou mui-to na adaptação ao novo em-prego. “Eu gosto muito de con-

versar, sou muito extrovertidae faço muitas amizades, inclu-sive com os alunos.” Além decativar os estudantes, Dorotimantém um ótimo relaciona-mento com seus colegas de tra-balho. “Me dou muito bem comtodos eles”, ressalta.

A experiência adquiridanesses seis anos é observadanos olhos azuis sempre aten-tos de Doroti. A grande com-petência e responsabilidade dafuncionária chamaram a aten-ção dos alunos do curso de Jor-nalismo, que a homenagearampor dois anos seguidos como aMelhor Funcionária da Uni-

versidade Positivo.Porém, ser uma das melho-

res não é fácil. É necessárioresponsabilidade e a busca pornovos conhecimentos.Disponibilizados pela empre-sa em que trabalha, Doroti jáfez cursos de manipulação de

alimentos e informática. A jor-nada de trabalho também exi-ge bastante dedicação, o turnoda supervisora inicia às seishoras da manhã, e acaba so-mente oito horas mais tarde.

Em nossa conversa, Dorotise mostrou também adepta de

uma vida saudável. Ela é umadas poucas pessoas que vai aotrabalho de bicicleta. Entre osprincipais motivos para utili-zar as duas rodas, Doroti citaa segurança e a rapidez. “O tra-jeto que eu faço para vir pro tra-balho é perigoso, então com abicicleta me sinto mais segura.É mais rápido que andar a pé.Mas o principal motivo mesmoé porque eu gosto de andar debicicleta, além de ser bom prasaúde”, explica Doroti.

Após um dia cheio de traba-

lho e às vezes estressante, Dorotitem um segredo para se acalmar.“Às vezes eu ligo o meu compu-tador e vou jogar paciência. Masnormalmente quando eu chegoem casa, vou para o meu quartoe começo a fazer o meu crochê. Éa minha distração maior, ajudaa me acalmar.” Porém, o crochêsó funciona de segunda a sexta,pois nos finais de semanasDoroti gosta de fazer outra coi-sa. “Namorar”, comentaempolgada.

Durante toda a conversa,

não pude deixar de notar o or-gulho que Doroti mostrava aofalar de seu emprego. O cari-nho recíproco que ela tem pe-los alunos é enorme. Assimcomo sua paixão pelo o que faz.Mesmo com tantas fórmulas emétodos existentes no mundopara um profissional se tornarbom naquilo que faz, é justa-mente na dica simples deDoroti que eu acredito: “Vocêtem que gostar do que faz. Rea-lize o seu trabalho como se es-tivesse fazendo para o seu lar.”

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A dupla sertaneja Álvaro & Daniel fará a gravação do segundoCD ao vivo nesta quarta no Victória Villa. O novo álbum contarácom 20 canções, que vão do sertanejo universitário à música deraiz. Os músicos paranaenses ficaram famosos com hit “Estrela”,que fez parte da trilha sonora da novela Paraíso, da Globo.Quando: Quarta, a partir das 22h | Onde: Victoria Villa (Av. VictorFerreira do Amaral, 2291, Tarumã) | Quanto: R$ 20

Lançamento de CD

Rodrigo Cintra

Cultura

Quatro novas mostras estão em cartaz no Museu AlfredoAndersen. Alfredo Andersen – Período Noruega apresenta telas doartista pintadas em sua terra natal. A mostra é parte das comemoraçõesdos 150 anos de nascimento de Andersen. A instalação MandingaBudista, de Frabricio Vaz Nunez, insere o Buda no cotidiano daspessoas comuns. Imagens de construções inacabadas ou demoliçõescaptadas pela fotógrafo Tarcisio Costa compõe a mostra Tapumens.Já a exposição de Glauco Menta, Plano: Espaço, reúne obras quebrincam com o espaço tridimensional.Quando: Terça a sexta, das 9h as 18h; sábado e domingo, das 10h às16h. | Onde: Museu Alfredo Andersen (R. Mateus Leme, 336)Quanto: Gratuito

Museu Alfredo Andersen abre novas exposiçõesNesse cais de junho, noi-te de domingo, mais cinzen-to e mórbido do que a fomede tempos que não vivi, abar-quei as palavras e o lirismode Sofia de Mello BreynerAndresen.

“Encontrei a poesia antesde saber que havia literatu-ra. Pensava mesmo que ospoemas não eram escritospor ninguém, que existiamem si mesmos, por si mes-mos, que eram como um ele-mento do natural, que esta-vam suspensos e imanentes.É difícil descrever o fazer deum poema. Há sempre umaparte que não consigo distin-guir, uma parte que se passa

na zona onde eu não vejo.”Dias há em que a poesia

não suporta o peso das con-tas e da bebida amarga dobar. Mas hoje é domingo e aescritora portuguesa não medeixa dúvidas: só se deve es-crever poesia quem acreditaque a poesia não existe. Por-que, de fato, é tudo invenção.Inclusive, o patrão.

Exílio: Quando a pátriaque temos não a temos / Per-dida por silêncio e por renún-cia / Até a voz do mar se tor-na exílio/ E a luz que nosrodeia é como grades.

Ando um bom tanto per-turbado com a natureza pre-cária de meus sentimentos.S into-me estrangeiro demeus próprios sentimentos,uma árvore de galhos velhos

Sofia de Mello

Breyner Andresen

e folhas secas que retira daterra o seu sumo e devolvesordidez. E aquela que dizser uma mulher sem amorcriada em algum momentode amor-demais é minhairmã.

Ausência: Num desertosem água/ Numa noite semlua / Num país sem nome /Ou numa terra nua / Pormaior que seja o desespero/Nenhuma ausência é maisfunda do que a tua.

Não posso dizer do quedesconheço. Desconheço oamor dos outros, são comoiluminuras de copistas afli-gidos por tormentas e cadatormenta é diferente da ou-tra. Hoje, ocorreu-me que oamor também não existe eque isso não é nenhumineditismo. O que existe é aideia de amor, esse algo deéter e de sonho, que perse-guimos sem saber se há eter-na viagem ou se há latenteancoradouro.

Se tanto me doi que as coi-sas passem: Se tanto me doique as coisas passem / Éporque cada instante emmim foi vivo / Na busca deum bem definitivo / Em queas coisas de Amor seeternizassem.

Ouço música como se osom extinguisse amanhã.Reparo que a poesia tambémtem esse algo de inefável quecircunda as coisaserradicando, a vida surgin-do, as paixões que nos dei-xam confusos. Pra escreversobre a morte basta um pou-co de ironia suicida, uma boadose de aguardente e um anode distância.

Espero: Espero semprepor ti o dia inteiro / Quandona praia sobe, de cinza eoiro, / O nevoeiro.

Se eu pudesse escolheruma só poesia pra descrevero instante derradeiro em queas coisas parecem começar aevaporar, escolheria essaabaixo, de uma sutileza quejamais terei e de uma finitudeque sempre me carrega.

Até porque hoje é domin-go e os domingos são sempreiguais.

Cada dia é mais evidenteque partimos

Cada dia é mais evidenteque partimos / Sem nenhumpossível regresso no que fo-mos, / Cada dia as horas sedespem mais do que o ali-mento: / Não há saudadenem terror que baste.

Daniel Zanella

Será lançado hoje, na Cinemateca de Curitiba, o documentário“Entre Quadrinhos”, que retrata a paixão de consumidores deHQs, tendo como pano de fundo a história de uma comic shop demais de 20 anos. O filme integra o Projeto Olho Vivo, que incentivaa produção audiovisual na capital.Quando: Hoje, às 20h | Onde: Cinemateca de Curitiba (R. CarlosCavalcanti, 1174, São Francisco) | Quanto: Gratuito

Documentário sobre quadrinhos

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Adaptado do livro de mesmonome, o espetáculo “A Vênus dasPeles” mostra o escritor Sacher-Masoch dividindo o palco com osprotagonistas do romance, Wandae Severim, e uma Vênus de belezaidealizada. Enquanto Wanda eSeverim vivem sua relação demasoquismo e sadismo, o escritore a Vênus ficam frente a frentedescortinando conceitos de amor,literatura, filosofia e sexualidade.Quanto: Quarta a sábado, às 21h;domingo, às 19h.Onde: Miniauditório do TeatroGuaíra (R. Xv de Novembro, 971,Centro) | Quanto: R$ 10 (quartas equintas) e R$ 20 (demais dias)

Masoquismo e literatura

Dias há em que a poesia não suporta opeso das contas e da bebida amargado bar. Mas, hoje é domingo e aescritora portuguesa não me deixadúvidas: só se deve escrever poesiaquem acredita que a poesia não existe

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