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Ano 10 • n. 1 • jan./jun. 2010 - 141 ÁGORA FILOSÓFICA Análise e síntese lógica em Tomás de Aquino Prof. Dr. Sergio de Souza Salles 1 Resumo Dentre os empregos dos termos análise (“resolutio”) e síntese (“compositio”), um dos mais promissores consiste em sua especificação como modos ou tipos de raciocínio. Compreender a natureza e a finalidade de um tipo específico de “resolutio” e “compositio” em Tomás de Aquino é o principal objetivo do pre- sente estudo, que se ocupa tão somente dos conceitos genéricos e específicos, das proposições e de suas relações nos raciocínios, objetos característicos da razão humana e o sujeito específico da lógica. Palavras-chave: Resolutio, compositio, raciocínio lógico. Logical analysis and synthesis by Thomas Aquinas Abstract Among the terms analysis (“resolutio”) and synthesis (“compositio”) many uses, just one of the most promising ones consists of its specification as ways or types, kinds of reasoning. Understanding the nature and purpose of a parti- cular kind of analysis (“resolutio”) and synthesis (“compositio”) by Aquinas is this Study main objective, which deals only with propositions generic concepts and the specifical ones and their relations in the reasonings, that are human reason’s characteristical objects and logic’s specifical subject. Keywords: Analysis (resolutio), Sinthesis ( compositio), Logical reasoning. D entre todos os métodos filosóficos, análise e síntese parecem expressar a natureza da própria filosofia, sobrevivendo ao desgaste dos tempos e aos conflitos doutrinais. Os termos “análise” e “síntese” são transcrições dos vocábulos gregos “á íqëõvóéò” e “óýíèåóéò”, que primeiramente foram usadas pelos romanos como “resolutio” e “compositio”, respectivamente 2 . Tomás de Aquino não dedicou uma obra específica voltada à exposição do método de análise (“resolutio”) e de síntese (“compositio”). Entretanto, seria precipitado julgar que os conceitos de análise e síntese são termos marginais em suas obras. De acordo com o Index Thomisticum Manager, somente o substantivo “resolutio” e o verbo “resolvere”, que correspondem res-

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Filosofia

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  • Ano 10 n. 1 jan./jun. 2010 - 141

    GORA FILOSFICA

    Anlise e sntese lgica em Toms de Aquino

    Prof. Dr. Sergio de Souza Salles1

    ResumoDentre os empregos dos termos anlise (resolutio) e sntese (compositio),um dos mais promissores consiste em sua especificao como modos ou tiposde raciocnio. Compreender a natureza e a finalidade de um tipo especfico deresolutio e compositio em Toms de Aquino o principal objetivo do pre-sente estudo, que se ocupa to somente dos conceitos genricos e especficos,das proposies e de suas relaes nos raciocnios, objetos caractersticos darazo humana e o sujeito especfico da lgica.Palavras-chave: Resolutio, compositio, raciocnio lgico.

    Logical analysis and synthesis by Thomas Aquinas

    AbstractAmong the terms analysis (resolutio) and synthesis (compositio) manyuses, just one of the most promising ones consists of its specification as waysor types, kinds of reasoning. Understanding the nature and purpose of a parti-cular kind of analysis (resolutio) and synthesis (compositio) by Aquinas isthis Study main objective, which deals only with propositions generic conceptsand the specifical ones and their relations in the reasonings, that are humanreasons characteristical objects and logics specifical subject.Keywords: Analysis (resolutio), Sinthesis ( compositio), Logical reasoning.

    Dentre todos os mtodos filosficos, anlise e sntese parecemexpressar a natureza da prpria filosofia, sobrevivendo ao desgastedos tempos e aos conflitos doutrinais. Os termos anlise e snteseso transcries dos vocbulos gregos qv e ,que primeiramente foram usadas pelos romanos como resolutio ecompositio, respectivamente2. Toms de Aquino no dedicou umaobra especfica voltada exposio do mtodo de anlise (resolutio)e de sntese (compositio). Entretanto, seria precipitado julgar que osconceitos de anlise e sntese so termos marginais em suas obras.

    De acordo com o Index Thomisticum Manager, somente osubstantivo resolutio e o verbo resolvere, que correspondem res-

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    pectivamente anlise/resoluo e a analisar/resolver, aparecem maisde seiscentas vezes no corpus thomisticum. Uma leitura atenta des-sas ocorrncias nas obras do Aquinate manifesta uma polissemia nouso dos termos anlise/resoluo e sntese/composio que so a basedas significativas divergncias entre os seus intrpretes contemporneos3.

    Dentre os empregos dos termos anlise (resolutio) e snte-se (compositio), aquele que parece ser um dos mais promissoresconsiste em sua especificao como modos ou tipos de raciocnio4.Importa aqui compreender a natureza e a finalidade de um tipo espec-fico de resolutio e compositio, que se ocupa to somente dos con-ceitos genricos e especficos, das proposies e de suas relaes nosraciocnios, objetos caractersticos da razo humana e o sujeito espe-cfico da lgica5.

    A resolutio e compositio lgicas expressam o dinamismoda prpria inteligncia humana enquanto esta procede de um mododiscursivo e racional (rationabiliter). Alm disso, revelam as proprie-dades e as caractersticas dos modos de proceder propriamente cien-tfico6, pelos quais se descobre a causa da necessidade e da certezados juzos e das proposies, uma vez que, pela resolutio, os obje-tos so conhecidos em suas causas, em seus princpios primeiros7.

    H, contudo, uma diferena fundamental na resolutio e nacompositio lgica e nos demais tipos de resolutio e compositio.Com efeito, a resoluo e a composio lgicas possuem como obje-to o ens rationis8, a intentio secunda, ou ainda a relatio rationis9.O ente de razo (ens rationis) distingue-se, segundo Toms, do entereal (ens reale) ou ente natural (ens naturalis) porque o segundo extra animam secundum esse totum completum10. O ente de razopode ser considerado ainda como algo concebido de primeira or-dem ou de segunda ordem (secundo intellecta), tal como o gne-ro, a espcie, o oposto, a definio, o predicado, o silogismo, etc11.

    As intenes, por sua vez, so divididas em primeiras e se-gundas intenes na medida em que os entes de razo podem ter comoobjeto imediato os conceitos das coisas (intentio secunda) ou as pr-prias coisas de modo intencional (intentio prima)12. Enfim, as rela-es de razo, das quais trata a lgica, so relaes cujos termos rela-cionados so somente os entes de razo (res rationis tantum), tais

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    GORA FILOSFICAcomo o gnero e a espcie. Como nem tudo o que a razo concebetem fundamento in re, uma vez que certas concepes so originari-amente produtos da imaginao. O objeto da resoluo e o da com-posio lgica so somente o ens rationis com fundamento na coisaou na realidade da coisa13.

    Tendo estabelecido os entes de razo como objetos da lgi-ca, preciso dividir a resolutio e a compositio lgica em razo dadiversidade dos atos da razo. Em seguida, pode-se estabelecer anatureza e a finalidade dos tipos de resoluo e de composio lgicasa partir dos atos da razo. Das obras dedicadas explicitao dessas,o comentrio de Toms aos Segundos Analticos de Aristteles ,sem dvida, o ponto de partida obrigatrio.

    A tarefa da resoluo e a da composio no mbito da lgicaso programaticamente delineada por Toms no prlogo de seu co-mentrio aos Analticos, em que demonstra conhecer a distinoboeciana entre as partes resolutiva e compositiva da lgica aristotlica.Deve-se recordar que, nos prlogos de seus comentrios, Toms deAquino faz a apresentao de sua sntese pessoal do contedo da obraque vai expor.

    Trs so os atos da razo, dos quais os dois primeirospertencem razo enquanto intelecto (...). O primei-ro ato do intelecto o conhecimento dos indivisveisou incomplexos, com o qual concebe a ideia da es-sncia da coisa (...). E ao estudo desta operao ordenada a obra das Categorias. A segunda opera-o do intelecto a composio e diviso do intelec-to no qual se encontra o verdadeiro e o falso. E desteato da razo, Aristteles se ocupa no livro intituladoPeri Hermeneias. O terceiro ato da razo diz res-peito ao que especificamente prprio da razo, poisdiscorre de uma coisa a outra, de tal modo a alcan-ar o conhecimento do desconhecido a partir do co-nhecido. E deste ato se ocupam os livros doOrganon14.

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    Assim como se estabelece uma correlao entre a resolutioe a abstractio na simples apreenso15, dividindo os modos de reso-luo em razo da dupla abstrao do intelecto agente, de modo se-melhante Toms relaciona o objeto, o princpio e o termo da resoluoe o da composio lgicas s trs operaes do intelecto, a saber: asimples apreenso, o juzo e o raciocnio.

    A lgica considera os atos da razo como objetos de suacincia, mas os ordena em funo do terceiro ato da razo, pelo qualse alcana o conhecimento do desconhecido a partir do conhecido.Consequentemente, a resoluo e a composio lgicas dizem respei-to ao que especfico do conhecimento racional, ou seja, a passagemdo conhecimento de uma coisa mais conhecida a outra menos conhe-cida, pressupondo sempre o carter resolutivo e o compositivo dosdemais atos da razo. De fato, uma vez que a definio o termomdio e o princpio da demonstrao propter quid, deve ser ditoque o juzo obtido por demonstrao aquele que se resolve na defi-nio, pela qual se expressa a quididade (quid). Ora, como das rela-es entre os juzos e os raciocnios se ocupa o Organon de Aristteles,Toms considera necessrio esclarecer em que medida a parte da l-gica dedicada ao raciocnio demonstrativo denominada de analticaou resolutria.

    A parte da lgica consagrada a um tal procedimento denominada de parte judicatria, porque o juzocomporta a certeza da cincia. E, como no se podeobter um juzo certo relativamente aos efeitos excetopela resoluo nos seus princpios primeiros, esta parteda lgica denominada de analytique, isto ,resolutria. Ora, a certeza do juzo que obtido porresoluo depende tanto da forma prprio dosilogismo, e a isto ordenado o livro dos PrimeirosAnalticos que trata do silogismo em sua pura essn-cia, quanto depende da matria com a qual consti-tudo, porque nele utilizamos proposies evidentespor si mesmas e necessrias, e a isto ordenado olivro dos Segundos Analticos que trata do silogismodemonstrativo16.

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    GORA FILOSFICAA parte da lgica, da qual fala Toms, dever ser aquela des-

    tinada a alcanar a necessidade e a veracidade do raciocnio, sem aqual o juzo dela decorrente no possuir a certeza cientfica, ou me-lhor, dever ser aquela a determinar a necessidade dos argumentos edos silogismos demonstrativos, pelos quais ser adquirida a cincia17.Ora, para que a inteligncia humana proceda rationabiliter, deve-r preencher as exigncias prprias do raciocnio lgico, que for-malmente estruturado a partir dos primeiros princpios do entendi-mento.

    O especfico da resoluo lgica, paradigmaticamente ex-pressa no prlogo em questo, consiste em partir de algo dado comoum efeito (em geral, um conceito, uma proposio ou um raciocnio18)para resolv-lo em seus princpios primeiros (resolvendo in prima prin-cipia). Qualquer um dos entia rationis ou das relationes rationisque receba a qualificao da certeza epistemolgica ter, doravante,como critrio fundamental, a sua resoluo nos primeiros princpi-os. esse procedimento resolutivo que faz da lgica uma cinciaanaltica.

    No obstante, a certeza do juzo obtido pela resoluo lgi-ca depende tanto da forma quanto da matria dos argumentos, dossilogismos. Por essa razo, Aristteles, segundo Toms, consagra osPrimeiros Analticos determinao dos princpios formais dosilogismo, nos quais devem ser resolvidos seus efeitos, e os SegundosAnalticos tematizao dos princpios materiais do silogismo, nosquais devem ser igualmente resolvidos seus efeitos. Por princpiosmateriais, Toms entende as proposies que so o contedo dos ra-ciocnios, as quais devem ser resolvidas quer nas proposies neces-srias e evidentes por si mesmas (per se et necessariae), quer nosprincpios formais das coisas significadas pelos seus termos (sujeito epredicado).

    A resoluo lgica no , portanto, a prpria demonstraosilogstica, mas um processo reflexivo da razo pelo qual se evidenciao carter demonstrativo dos raciocnios ou argumentos pela resoluodos mesmos em seus princpios formais e materiais, os quais constitu-em as causas ou princpios intrnsecos das demonstraes. A distinofeita por Toms entre o raciocnio secundum rem e o raciocnio

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    secundum rationem, em seu comentrio ao De Trinitate de Bocio,lana luz sobre as naturezas da resoluo e da composio no contex-to da lgica.

    De acordo com Toms de Aquino, diz-se que o raciocnio secundum rationem quando se volta para a determinao dos princ-pios ou das causas intrnsecas (material e formal). Denomina-se, po-rm, de raciocnio secundum rem aquele que se ocupa da determi-nao das causas ou dos princpios extrnsecos (eficiente e final). Ora,como a lgica ocupa-se dos princpios materiais e formais do racioc-nio enquanto tal, a mesma procede sempre e somente secundumrationem. Eis uma das principais distines da resoluo e da compo-sio no mbito da lgica em contraste com as demais instncias deresoluo e composio, nas quais se inclui a busca das causasextrnsecas (secundum rem).

    Toms de Aquino aplica a resoluo lgica nas demonstra-es que so formadas por diversos silogismos, evidenciando que,com exceo dos silogismos simples (syllogismus simplex) que for-mam as primeiras demonstraes, os demais se resolvem nessas lti-mas, tanto pela forma quanto pela matria19. Por meio dessa duplaresoluo lgica, o juzo, com valor de concluso (ou efeito) do racio-cnio ou argumento em questo, conhecido com certeza, pois quan-do se resolvem os juzos nos primeiros princpios per se notae, ointelecto encontra a firmeza do juzo pela impossibilidade do que lhe contrrio. essa a condio necessria do assentimento com valor decerteza cientfica20.

    importante ressaltar que a necessidade de resolver os juzosou as proposies em seus princpios s ocorre naqueles casos emque no se conhece ou se conhece de modo incompleto e confuso osprincpios primeiros dos quais derivam por composio ou sntese(compositio) lgica. Em outros termos, a resoluo s se faz neces-sria quando as proposies assumidas no so por si mesmas evi-dentes21. Com efeito, um juzo ou proposio que no so passveis deresoluo lgica ou bem so evidentes por si mesmos ou so objetosda f e da opinio22. Por isso, aqueles juzos que, aps a investigaoresolutiva (inquisitio resolvens), foram reconduzidos aos seus princ-pios primeiros so firme e cientificamente conhecidos, uma vez que se

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    GORA FILOSFICAexclui, aps a resoluo ou anlise (resolutio) lgica, a possibilidadede seu contrrio23.

    Em toda resoluo lgica, portanto, as coisas mediatas soreduzidas s imediatas (in resolutione, qua mediata ad immediatareducuntur24), pois so vistas nos seus princpios (in principia per sevisa resolvitur25). De fato, conhecer os efeitos nas causas, as propo-sies mediatas nas proposies imediatas, os juzos conclusivos emsuas premissas, e essas nos primeiros princpios conhecer por via deresoluo. Ao contrrio, conhecer os efeitos a partir das causas, asproposies mediatas a partir das imediatas, a concluso a partir daspremissas e essas a partir dos primeiros princpios conhecer por viade composio.

    preciso dar aqui um passo adiante j que um elemento crucialpara o entendimento do raciocnio resolutivo a especificao do seuprincpio e do seu termo. Para Toms, o terminus da resoluo lgi-ca o intelecto, o que supe a distino entre a razo (ratio) e ointelecto (intellectus). Essa distino, por sua vez, torna ainda maisevidente as diferenas entre a via do juzo (via iudicii) e a via deinveno (via inventio), inicialmente formulada por Bocio. Embora,a razo e a inteligncia sejam uma s potncia cognoscitiva no homem,Toms distingue a razo do intelecto para expressar a diferena entreo movimento da inteligncia (ratio) e o seu repouso (intellectus),entre a inquisio e a inveno da verdade e a sua cognio simples eabsoluta. o que ocorre nas Questes Disputadas sobre a Verdade:

    A inteligncia designa um conhecimento simples eabsoluto. (...) Ao contrrio, a razo designa uma es-pcie de movimento discursivo pelo qual a alma hu-mana se aplica ou passa de um conhecimento a ou-tro (...). E assim como o movimento comparado aorepouso, como a seu princpio e seu termo, assim tam-bm a razo comparada inteligncia, como omovimento quietude, a gerao ao ser (...). Com-para-se ao intelecto como ao princpio e ao termo. Aseu princpio, porque a mente humana no poderiadiscorrer de um a outro se seu discurso no principi-asse por alguma acepo simples da verdade, apre-

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    enso que prpria da inteleco dos princpios. Demodo semelhante, [a seu termo,] pois o discurso ra-cional no alcanaria algo certo se no examinasseaquilo que descobriu pelo discurso luz dos princpi-os primeiros, nos quais a razo resolve. E assim ointelecto se encontra no princpio da razo quanto via da inveno, e no termo quanto via do juzo26.

    Desse modo, assim como o movimento comparado ao re-pouso, a gerao ao ser, a razo comparada inteligncia como aoseu princpio e ao seu termo. Na ordem da composio, via de inven-o (via inveniendi), a inteligncia est para a razo como o seu prin-cpio primeiro e simples. Na ordem da resoluo, via do juzo (viaiudicandi), a inteligncia est para a razo como o seu termo ltimo.Com isso, a resoluo lgica tem seu termo (terminus) no intelecto(intellectus), isto , seu movimento discursivo termina nos primeirosprincpios, nos quais repousa a certeza do prprio procedimentoresolutivo27. A mesma doutrina do De Veritate se encontra na SumaTeolgica, nos seguintes termos:

    A razo e o intelecto no podem ser no homem po-tncias diferentes. o que claramente se v, se con-sideramos o ato de uma e de outra. Conhecer sim-plesmente apreender a verdade inteligvel. Racioci-nar ir de um objeto conhecido a um outro, em vistade conhecer a verdade inteligvel. (..) O raciocnioest, portanto, para a inteleco como o movimentoest para o repouso, ou a aquisio para a posse;desses, um prprio do que perfeito, outro do im-perfeito. Mas pelo fato de sempre um movimentoproceder do que imvel e terminar no repouso, oraciocnio humano procede, pela via de inquisio oude inveno, de alguns conhecimentos tidos de modoabsoluto, os primeiros princpios; depois, pela via dojuzo, resolvendo, volta a esses princpios primeiros, luz dos quais examina o que descobriu28.

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    GORA FILOSFICAA articulao desses dois textos no deixa dvida sobre a

    caracterstica essencialmente humana do duplo movimento de resolutioe compositio no conhecimento cientfico. O intellectus seu princ-pio e termo indefectvel uma vez que apreenso imediata e imvel daverdade, fonte e termo da atividade racional ou discursiva. Essa, porseu turno, possui um duplo movimento, que se faz necessrio pela pr-pria caracterstica dos objetos do conhecimento humano, que resguar-dam sempre uma potencialidade para um ato ulterior.

    Pela via compositionis ou via inventionis, a razo passada atualidade de uma verdade imediata a uma verdade mediata ouconcluso. Pela via judiciiou via resolutionis, a razo eleva apotencialidade da verdade mediata atualidade da verdade imediata,conhecida em seus princpios primeiros.

    A esta altura, poder-se-ia questionar se h realmente neces-sidade do procedimento resolutivo na lgica, uma vez que a via deinveno ou composio suficiente para garantir a necessidade e acerteza das concluses a partir das premissas. Afinal, em que medidah a necessidade de um duplo processo de conhecimento para a razohumana se os primeiros princpios so sempre pressupostos em qual-quer raciocnio e se as concluses podem ser obtidas por deduo(compositio)?

    Em plena conformidade com os demais textos emque trata do papel da resoluo para as demonstra-es cientficas, Toms sustenta, na Suma Teolgi-ca, a originalidade do processo resolutivo, suairredutibilidade e relevncia epistemolgica, do se-guinte modo:Antes de mais nada, porque (...) os queprocedem dos princpios s concluses no os consi-deram simultaneamente. Em seguida, porque estediscurso vai do conhecido ao desconhecido. Fica en-to claro que, conhecido o primeiro termo, ainda seignora o outro, e o segundo no ento conhecido noprimeiro, mas a partir do primeiro. O final do discur-so acontece quando o segundo termo visto no pri-meiro, os efeitos ficando resolvidos em suas causas;a, porm, cessa o discurso29.

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    O intelecto jamais adere a uma proposio sem que emitaum juzo certo a seu respeito, que depende necessariamente de suaevidncia (visio). a evidncia do juzo decorrente dos princpios(ex principiis) ou dos seus prprios termos (sujeito e predicado),que determina o intelecto a aceitar uma proposio com certeza. Mas,uma coisa a evidncia do juzo a partir dos princpios (ex primo),outra a evidncia do juzo nos princpios (in primo). Se a razopode alcanar uma concluso que segue dos primeiros princpios (exprimo), segue-se que pode desconhecer de que modo a concluso no primeiro princpio (in primo).

    A originalidade e irredutibilidade da resolutio, em oposio via de composio, est justamente em permitir que o intelecto apre-enda o efeito na causa, a concluso nas premissas, os juzos e as pro-posies nos primeiros princpios. Somente a viso intelectual (visio)nos princpios, pela via da resoluo, torna possvel o repouso da in-teligncia.

    Em suma, quando se considera o conhecimento humanocomo um todo, delimita-se plenamente o mbito da compositio eda resolutio lgicas. Afinal, como a ordem do conhecimento hu-mano no se esgota na mera considerao dos entes de razo, nose deve olvidar que o princpio primeiro na ordem do conhecimen-to humano, considerado em absoluto, a realidade sensvel apre-endida pelos sentidos. Na ordem do conhecimento humano emgeral, o primeiro princpio de toda cognio so os sentidos, nosquais devem ser resolvidos os conceitos obtidos por abstrao eos juzos sobre os mesmos (resolutio ad sensum). Mas, na ordemdo conhecimento cientfico, o princpio prximo de toda cognio sempre uma quididade ou definio, obtida por abstrao, que aplicada em um raciocnio discursivo que leva concluso sobrealgo desconhecido. Por isso, a abstrao para as cincias em geralconstitui o princpio prximo da resoluo de seus objetos. Mas, comoas cincias so distintas pela formalidade dos objetos com os quais seocupam, as mesmas resolvem diversamente seus objetos em razo daespecificidade de seus princpios formais. Eis por que a fsica resolveseus objetos, obtidos por abstractio totius, nos sentidos; a matem-tica resolve seus objetos, alcanados por abstractio formae, na ima-

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    GORA FILOSFICAginao; enquanto a metafsica resolve seus objetos no intelecto, me-diante a separatio30.

    Nessa perspectiva, h uma dupla resoluo das conclusesconhecidas cientificamente: uma que vai dos sentidos ao intelecto porabstractio e deste aos sentidos (resolutio ad sensum), outra quevaria em razo dos princpios formais nos quais se resolvem os objetosdas cincias particulares. Por tratar somente dos entes de razo, algica s pode resolver seus objetos nos princpios formais do prprioentendimento (secundum rationem), no os resolvendo nos sentidos(resolutio ad sensum), nem nas causas extrnsecas (secundum rem).

    Por outro lado, importante destacar ainda que a resoluodos entes de razo nos primeiros princpios ocorre de modo diverso,mesmo que se considerem os atos de simples apreenso, juzo ou ra-ciocnio. Com efeito, na simples apreenso, h um movimento de re-soluo dos conceitos mais concretos ou particulares como as espci-es nos gneros mais prximos, e dos gneros subalternos nos gnerossupremos. A resoluo das espcies nos gneros e dos gneros nosgneros supremos s possvel graas abstrao do universal doparticular (abstractio totius). Em ltima instncia, a resoluo dosconceitos a atividade do intelecto que produz o universal, inteligvelem ato, a partir da abstrao das condies materiais e individuantes.Esse movimento resolutivo por abstractio totius contrasta com aqueleoutro, de descenso, em que, atravs da compositio, passamos dosgneros supremos, mais abstratos em si mesmos, aos mais concretos,contidos potencialmente na essncia nocional daqueles. Esse movi-mento compositivo ocorre por adio ou concreo, em sentidooposto ao da abstractio totius31.

    A resoluo e a composio ocorrem igualmente nos atos dasegunda operao do intelecto, mais especificamente nos juzos. Deve-se advertir, porm, que h sempre compositio quando o intelectocompara um conceito simples a outro, ou seja, h sempre, sob certoaspecto, unio ou sntese no juzo32. Entretanto, pode haver resolutionos juzos em dois sentidos. O primeiro diz respeito resoluo en-quanto diviso lgica do juzo em seus termos33. O segundo diz respei-to reconduo dos juzos no evidentes aos evidentes por si mes-mos, que so conhecidos pela simples apreenso dos seus termos34.

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    Nesse ltimo caso, os juzos pela resoluo so conhecidos em seustermos.

    Enfim, no raciocnio, verifica-se o movimento sinttico oucompositivo quando, partindo das premissas estruturadas logicamente,procede-se at a concluso, que se torna conhecida a partir de seusprincpios prprios (via inquisitionis sive inventionis). Esse movimen-to de descenso oposto ao movimento da resoluo de uma senten-a, proposio ou juzo, assumidos como concluso, em suas premis-sas ou princpios primeiros (via iudicii).

    Compreendida a resoluo em funo dos trs atos ou ope-raes do intelecto, evidencia-se que prprio da natureza discursivada razo humana alcanar a certeza de algo pelo exame daquilo peloqual o discurso se origina. Essa via resolutiva a nica a garantir ovnculo formal entre o princpio e a concluso dos raciocnios humanosa partir da prpria concluso, pois tem seu termo ltimo nos primeirosprincpios. Na via do juzo, alcanamos a certeza pela resoluo dasconcluses nos primeiros princpios (in primo). Na via de inveno,porm, a certeza obtida tomando-se como ponto de partida os pri-meiros princpios (ex primo). Em suma, a anlise resolutiva na lgica aquela que justifica o que foi descoberto pela composio lgica,permitindo compreender as concluses nas premissas (in primo) eno somente a partir das premissas (ex primo).

    Dentre os primeiros princpios nos quais se reduzemlogicamente todos os juzos, aquele no qual todos se resolvem semque ele mesmo seja resolvido em nenhum outro , sem dvida, o prin-cpio de no contradio (maxime primum principium)35. Com efei-to, os que realizam demonstraes reduzem todos os juzos e as pro-posies ao princpio de no contradio como o ltimo princpio navia de resoluo. Mas, como o que ltimo na via de resoluo primeiro na via de composio, o princpio de no contradio oprimeiro na ordem de demonstrao por deduo (per modumcompositionis).

    Como mostrou Jan Aertsen36, Toms desenvolve, em seucomentrio Metafsica de Aristteles, uma doutrina acerca da reso-luo que vai muito alm do texto aristotlico a respeito da prioridadedo princpio de no contradio na ordem da demonstrao cientfica.

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    GORA FILOSFICAPara Toms, h um paralelo entre a ordem de demonstrao e a or-dem da definio, assim como h um paralelo entre a ordem do racio-cnio e do juzo e a ordem da simples apreenso. Em cada uma dessasordens necessrio proceder resolutivamente. Ora, se verdade queo que logicamente primeiro, em toda demonstrao, resolve-se noprincpio de no contradio, no menos verdade que o que pri-meiro na ordem do conhecimento o que (id quod est). Uma vezque o que o intelecto concebe primeiramente o ente (ens est primumcognitum), a resoluo lgica dos juzos no princpio de no contradi-o exige a resoluo lgica de tudo o que apreendido no ente(ens)37. Desse modo, at mesmo o princpio de no contradio re-solve-se logicamente na apreenso incomplexa do ente (ens)38.

    Assim sendo, a resoluo e a composio lgicas transitamde um conceito a outro ou de um juzo a outro, o que no pode acon-tecer seno graas atividade racional do prprio intelecto. Ora, comoessa transio lgica relativa aos atos da razo e no s prpriascoisas, os primeiros princpios, nos quais se resolvem os atos da ra-zo, so os primeiros princpios do prprio entendimento. Para oAnglico, os primeiros princpios do entendimento, que so o terminusda resoluo lgica, so conhecidos por si mesmos, imediatamente. Aresoluo lgica garante, assim, um modo de se conhecer os primeirosprincpios, evitando o problema do regresso ao infinito na ordem dademonstrao e da definio (via compositionis)39.

    Assim como um regresso ao infinito na ordem da demonstra-o dos princpios torna as demonstraes impossveis, assim tambmum regresso ao infinito na ordem das definies torna as mesmas in-concebveis. A resoluo lgica das proposies no princpio de nocontradio e a resoluo lgica das definies nos conceitostranscendentais e, dentre esses, no ente (maxime primum) umaexigncia tanto da justificao da ordem da demonstrao quanto dasdefinies.

    Por essa razo, em Toms de Aquino, a resoluo lgica notem o carter de descoberta propriamente dita (ordo inventionis)dos princpios, mas de justificao de tudo aquilo que pode serreconduzido aos seus princpios (ordo judicii), ou melhor, de tudoaquilo que pode ser evidenciado (visio) em seus princpios.

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    A ttulo de recapitulao, importante ressaltar que, nos limi-tes do conhecimento puramente racional, h, portanto, um duplo atocorrespondente dupla via de conhecimento. O primeiro possui comotermo a descoberta (inventio) das concluses. Trata-se da via decomposio (via compositionis), que envolve a deduo das conclu-ses a partir dos princpios (ex primo). Essa via responde pela defi-nio de cincia (ratio scientiae) como o conhecimento necessrioconcludo a partir de algo previamente conhecido40. O segundo possuicomo termo a justificao (via iudicii) das concluses nos princpios(in primo). Trata-se da via de resoluo (via resolutionis) quemanifesta a certeza do assentimento dado concluso, aos efeitos, scoisas mediatas, uma vez que o intelecto as v (visio) em seus prin-cpios. A via de resoluo das proposies no princpio de no contra-dio e das definies nos conceitos transcendentais (maximecommunia) a nica a evitar o regresso ao infinito na ordem da de-monstrao e da definio.

    Doravante, por resoluo lgica entende-se um procedimentopropriamente racional capaz de reconduzir todas as cognies huma-nas aos seus princpios prximos e desses aos princpiosindemonstrveis, os quais so, por si mesmos, conhecidos. Somenteassim, afirma constantemente Toms de Aquino, o juzo ou conclusoresultante de um raciocnio encontra a certeza e a firmeza, caractersti-cas do assentimento cientfico, posto que o homem no pode obter umjuzo perfeito sobre qualquer cognio exceto pela resoluo nos pri-meiros princpios (in primo), e no somente a partir deles (ex pri-mo)41. a necessidade de conduzir os pensamentos de acordo com(per viam compositionis) e nos (per viam resolutionis) primeirosprincpios que justifica as vias de composio e resoluo lgicas.

    Do exposto, parece ser possvel concluir que h quatro ca-ractersticas fundamentais da resoluo e da composio lgica, queas tornam paradigmticas para as demais instncias de raciocniocientfico42.

    Em primeiro lugar, a resoluo e a composio lgica envol-vem uma dinmica entre os atos de simples apreenso e os juzos, namedida em que, por natureza, todo juzo compositivo em relao simples apreenso que, por princpio, incomplexa e resolutiva, con-

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    GORA FILOSFICAforme a dupla abstrao operada pelo intelecto agente (abstractiototius ou abstractio formae). Por isso, a operao do intelecto quecompe e divide resolve-se na simples abstrao, pela qual o intelectoconcebe o que (quod quid est), sem o qual no h demonstraoquia nem propter quid.

    Em segundo lugar, a resoluo lgica est baseada nodiscernimento das causas ou dos princpios formais e materiais dasproposies e juzos que compem os raciocnios, enquanto a com-posio lgica j supe como determinados os princpios formais emateriais que garantem a validade e a necessidade das concluses.

    Em terceiro lugar, a resoluo lgica denominada por To-ms de via iudicii, porque culmina na apreenso dos primeiros prin-cpios, a partir dos quais o intelecto assegura-se do estatuto de certe-za, que pertence aos juzos. Em contraste, a composio lgica avia inveniendi pela qual a razo se move dos princpios (por si mes-mos conhecidos, ou ainda das definies, dos axiomas, etc.) sconcluses.

    Finalmente, a resoluo lgica tem seu termo (terminus) nointelecto (intellectus), isto , seu movimento discursivo termina nosprimeiros princpios, nos quais encontra repouso, enquanto a com-posio lgica tem seu termo na concluso e seu princpio no intelecto. patente, assim, de que modo a anlise (resolutio) e a sntese(compositio) manifestam o crculo do conhecimento humano paraToms de Aquino, uma vez que a razo humana parte dos princpiospor meio da sntese (compositio) e retorna aos mesmos por meio daanlise (resolutio).

    Notas

    1 Universidade Catlica de Petrpolis RJ.2 Em grego, significa em cima, para cima, atravs de; enquanto v

    significa a ao de desatar, separar, libertar, pr fim ou solucionar; da que umdos significados fundamentais de qv dissoluo, resoluo, apartir da qual surge resolutio, que mesmo no possuindo analogia verbal,mantm exatamente o sentido do vocbulo grego correspondente.

    3 Para uma exposio dessas divergncias, confira: SALLES, Srgio de Souza.Anlise e sntese em Toms de Aquino. Petrpolis: UCP, 2009, p. 35-42.

    4 Sobre a resolutio e a compositio lgicas ou na ordem do raciocnio,

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    confira: RGIS, L-M. Analyse et synthse dans loeuvre de Saint Thomas.Studia Mediaevalia in honorem ad. Rev. Patris Raymundi Josephi Martin.Bruges: Societatem Editricem de Tempel, 1948, p. 322-328; DOLAN, S.E.Resolution and composition in speculative and practical discourse. Lavalthologique et philosophique, v. 6, 1950, p. 31-43; TAVUZZI, M. Aquinas onresolution in metaphysics. The Thomist, v. 55, 1991, p. 201-205.

    5 AQUINO, Toms de. Anal., I, lc. 1, n. 1. As citaes das obras de Toms deAquino, via de regra, referem-se edio latina do Index ThomisticumManager. As seguintes abreviaes so aqui utilizadas: Anal. (Expositiolibri Posteriorum); Pery. (Expositio libri Peryermenias); Met. (Sententiasuper Metaphysicam); De Trin. (Expositio libri Boetii De Trinitate); Sent.(Scriptum super libros Sententiarum); STh (Summa Theologiae); SCG(Summa Contra Gentiles); QDP (Quaestiones Disputatae De Potentia);QDV (Quaestiones Disputatae De Veritate); Quodl. (Quodlibeta); Comp.Teol. (Compendium Theologiae).

    6 Para Toms, em conformidade com Aristteles, a cincia o conhecimentoda coisa por suas causas prprias. Cf. AQUINO, Toms de. Anal., I, lc. 2, n.71; lc. 4, n. 5; SCG I, c. 94.

    7 Ibid., lc. 1, n. 4-5.

    8 Idem, Met. IV, lc. 4, n. 5.9 Idem, De Trin., lc. 2, q. 2, a. 1, sol. 2, ad 3.10 Idem, Sent., I, d. 19, q. 5, a. 1, co.11 Idem, De Trin., q. 6, a. 1, resp. 1; a. 1, resp. 2, ad 3.12 Idem, SCG IV, c. 11; Sent., I, d. 2, q. 1, a. 3, sol; QDP q. 1, a. 1, ad 10.13 Idem, SCG IV, c. 11.14 AQUINO, Toms de. In Anal. I, proem., n. 4.15 Sobre a relao entre resolutio e abstractio, confira: SALLES, 2009, p.

    53-82.16 AQUINO, Toms de. Anal., I, lc. 1, n. 6.17 Ibid., lc. 1, n. 8.18 J. Isaac destaca que essa concluso pode ser obtida pelo ensino (per

    doctrinam vel disciplinam, em QDV q. 11, a. 1, ad 13), discusso (quaererescientiam), pesquisa (inquisitio rationis sive veritatis; investigatio siveinquirendo, em Comp. Theol., c. 35; STh I-II, q. 3, a. 8) ou descoberta pesso-al (per inventionem propriam, em STh I, q. 60, a. 2; q. 101, a. 1; q. 117, a. 1).Cf. ISAAC, J. La notion de dialectique chez Saint Thomas. Revue desSciences Philosophiques et Thologiques, v. 34, p. 481-506, 1950.

    19 AQUINO, Toms de. Anal., I, lc. 39, n. 7; Met., V, lc. 4, n. 7.20 Idem, Sent., II, d. 7, q. 1, a. 1, co; Sent. III, d. 23, q. 2, a. 2, co; Sent. III, d. 31,

    q. 2, a. 4, co.; Sent. IV, d. 9, q. 1, a. 4, co.; QDV q. 11, a. 1, ad 3.21 Idem, Anal., I, lc. 43, n. 10.22 Toms utiliza-se do expediente analtico ou resolutrio da cincia para dis-

    tinguir o assentimento da f do assentimento cientfico, porque aquele noresolve suas concluses nos princpios por si mesmos conhecidos. Cf.

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    GORA FILOSFICAAQUINO, Toms de. SCG IV, c. 5; Sent., III, d. 23, q. 2, a. 4, ad 4; d. 23, q. 3, a.3, co.; STh II-II, q. 5, a. 2, co.; QDV q. 14, a. 9). 4.

    23 AQUINO, Toms de. Sent., II, d. 7, q. 1, a. 1, co.24 Idem, Anal. I, lc. 2, n. 9.25 Idem, Sent. III, d. 23, q. 2, a. 2, co.26 Idem, QDV q. 15, a. 1.27 Idem, Sent., II, d. 9, q. 1, a. 8, ad 1.28 Idem, STh I, q. 79, a. 8, co.29 Idem, STh I, q. 14, a. 7, co.30 Idem, De Trin., q. 6, a. 2, co.31 Sobre o papel e os vrios sentidos de adio (additio) em Toms de

    Aquino, confira: TAVUZZI, M. Michael. Aquinas on the operation of additio.The New Scholasticism, v. 62, 1988.

    32 AQUINO, Toms de. Pery., I, lc. 3, n. 4; Anal. I, lc. II, n. 7.33

    Idem, Met. IV, lc. 5, n. 387-389; lc. 6, n. 600-610; Pery. I, lc. 15, n. 2; STh I-II, q.94, a. 2, co.

    34 Idem, Quodl. VIII, a. 4; X, a. 7; Met., IV, lc. 5, n. 595; I-II, q. 66, a. 5, ad 4; DeTrin., q. 6, a. 4.

    35 Idem, Met. IV, lc. 6, n. 603-604; Met. IV, lc. 5, n. 392; Anal., I, lc. 5, n. 50; Met.X, lc. 5, n. 2211; STh I-II, q. 94, a. 2, co.

    36 AERTSEN, Jan. Method and metaphysics: the via resolutionis in ThomasAquinas. Modern Schoolman, v. 63 1989, p. 409.

    37 O locus privilegiado deste paralelismo no corpus thomisticum a resoluodos transcendentais no ente que ocorre nas Questes Disputadas sobre aVerdade (q. 1, a. 1, co.) O mesmo procedimento encontra-se no comentrioao De Trinitate (q. 6, a. 4). E tambm nas Questes Quodlibticas (VIII, q. 2,a. 2). Cf. AERTSEN, 1989, p. 415-418; Idem. The philosophical importance ofthe doctrine of transcendentals in Thomas Aquinas. Revue Internationalede Philosophie, v, p. 250-256, 1998; Idem. La filosofa medieval y lostranscendentales: un estudio sobre Toms de Aquino. Espanha: EUNSA,2004. p. 81-87.

    38 AQUINO, Toms de. Met. IV, lc. 6, n. 605.39 Idem, Anal., I, lc. 7.40

    Idem, De Trin., q. 2, a. 2.41 Idem, Set., IV, d. 9, q. 1, a. 4, qc. 1, co.; QDV q. 14, a. 1, co.42 Cf. TAVUZZI, 1991, p. 203-205. A parte judicativa, analtica ou resolutria, da

    lgica serve como paradigma para os demais tipos de raciocnios nas cinci-as demonstrativas enquanto, tambm estas, resolvem suas concluses nosprimeiros princpios (STh II-II, q. 53, a. 4, co.; Phys. I, lc. 1, n. 7; Ethic. I, lc. 11,n. 7; III, lc. 8, n. 4; Met. IV, lc. 5, n.1; Met. IV, lc. 6, n. 9; De Trin., I, q. 2, a. 1, ad5; III, q. 6, a. 1; De Div. Nom., c. 4, lc. 7).

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    Referncias

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    ISSAC, J. La notion de dialectique chez Saint Thomas. Revue desSciences Philosophiques et Thologiques, v. 34, p. 481-506, 1950.

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