techne 138

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a revista do engenheiro civil techne téchne 138 setembro 2008 www.revistatechne.com.br IPT apoio Edição 138 ano 16 setembro de 2008 R$ 23,00 Estruturas mistas Instalações elétricas Geogrelhas Emenda de madeiras Construção metálica Laudo do Metrô SP Laje cogumelo ISSN 0104-1053 9 7 7 0 1 0 4 1 0 5 0 0 0 0 0 1 3 8 COMO CONSTRUIR Laje cogumelo com esferas plásticas INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Projeto reduz custos SOLOS Reforço com geogrelhas MADEIRA Emendas com chapas denteadas Edifício WT Nações Unidas, SP EXCLUSIVO Consórcio Via Amarela rebate laudo do IPT Estrutura mista Edifício comercial da WTorre em São Paulo usa solução pouco comum: pilares de aço "envelopados" em concreto Estrutura mista Edifício comercial da WTorre em São Paulo usa solução pouco comum: pilares de aço "envelopados" em concreto INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Projeto reduz custos SOLOS Reforço com geogrelhas MADEIRA Emendas com chapas denteadas capa tech 138.qxd 8/9/2008 16:13 Page 1

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‘a revista do engenheiro civil

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téchne138 setem

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www.revistatechne.com.br

IPTapoio

Edição 138 ano 16 setembro de 2008 R$ 23,00

Estruturas mistas

■Instalações elétricas ■

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COMO CONSTRUIR

Laje cogumelocom esferasplásticas

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Projeto reduzcustos

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Reforço comgeogrelhas

MADEIRA

Emendas comchapas denteadas

Edifício WT NaçõesUnidas, SP

EXCLUSIVO

Consórcio Via Amarelarebate laudodo IPT

Estrutura mistaEdifício comercial da WTorre em São Paulousa solução pouco comum: pilares de aço"envelopados" em concreto

Estrutura mistaEdifício comercial da WTorre em São Paulousa solução pouco comum: pilares de aço"envelopados" em concreto

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Projeto reduzcustos

SOLOS

Reforço comgeogrelhas

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Emendas comchapas denteadas

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SUMÁRIO

SEÇÕESEditorial 2Web 6Área Construída 8Índices 14IPT Responde 16Carreira 18Melhores Práticas 22Técnica e Ambiente 34P&T 74Obra Aberta 80Agenda 84

CapaLayout: Lucia LopesFoto: Marcelo Scandaroli

ENTREVISTAMódulo de projetoHélio Adão Greven enfatiza importância

da coordenação modular para evitardesperdícios

36 CONTENÇÃOReforço plásticoEntenda como as geogrelhas atuam

para aumentar a resistência dossolos ao cisalhamento

44

2440 INSTALAÇÕES

ELÉTRICASChoque de economiaEspecialistas mostram como é

possível reduzir custos dasinstalações e propõem mudanças às distribuidoras

52 CONSTRUÇÃO METÁLICA– PINI 60 ANOS

Desenvolvimento metálicoTéchne mostra na linha do tempo a

evolução das estruturas metálicas

56 MADEIRALigações de peças de madeiraChapas dentadas garantem boa união

das peças de madeira de estruturas

60 INSTALAÇÕESSANITÁRIAS

Vedação de vasoAprenda rápido como vedar bem os

vasos sanitários e evitar odores

62 ARTIGOAs causas do acidente da EstaçãoPinheiros da Linha 4 do Metrô de São PauloConsultores detalham, segundo o

Consórcio Via Amarela, as causas dodesabamento do túnel Butantã

86 COMO CONSTRUIRLaje de concreto comesferas plásticasSistema nórdico de pré-lajes chega

ao Brasil para o segmento de nervuradas

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CAPAEstrutura combinadaPrédio da WTorre em São Paulo tira

partido do aço e concretocombinados para ganhar rapidez

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VEJA EM AU

EDITORIAL

2 TÉCHNE 138 | SETEMBRO DE 2008

Adescoberta de novas jazidas de petróleo em profundidades antes

inimagináveis,o desafio de sediar uma Copa do Mundo em

2014 e a necessidade de realizar obras de infra-estrutura para o

crescimento do País aumentam a responsabilidade de engenheiros e

profissionais das áreas técnicas.Como em outros tempos,novamente

alinham-se crescimento e grandes demandas,mas dessa vez sob

regime democrático.Os questionamentos sobre as obras a serem

realizadas,como projetá-las e executá-las não podem ficar

circunscritos aos gabinetes dos políticos,de empresários e cartolas.

Nesse sentido,o Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de

Arquitetura e Engenharia Consultiva) tem cumprido papel exemplar.

Alertou sobre o atraso no planejamento das obras da Copa 2014 e

vem clamando por planejamento e critérios técnicos nas tomadas de

decisões.Outra entidade,a ABMS (Associação Brasileira de Mecânica

dos Solos e Engenharia Geotécnica), também não se esquivou do

debate e aproveitou seu evento anual, realizado no início de agosto

em Búzios (RJ),para discutir as causas do acidente nas obras do

Metrô em São Paulo.Um tema delicado,que novamente é tratado em

artigo na revista,desta vez sob a ótica do Consórcio Via Amarela,e

que requer um posicionamento técnico,mas também ético e moral

daqueles que têm competência sobre o assunto. Infelizmente,

engenheiros,arquitetos e demais profissionais da indústria da

construção nem sempre se dão conta da representatividade técnica e

intelectual que possuem.Vivemos um momento ímpar para lembrar

que muitas decisões sem o embasamento técnico necessário reservam

grande impacto no futuro do País e na vida das pessoas.E quanto

mais distantes de tais esferas estiverem os profissionais sérios e

comprometidos,pior será para todos.Em especial,para a própria

categoria e a sua imagem perante a sociedade.

Paulo Kiss

Nossa responsabilidade

� Edifício Harmonia, Triptyque� Residencial: edifício Maiorca,

em Juiz de Fora, MG� Interiores: Ogilvy Brasil

� Crescimento imobiliário� Habitações econômicas� Saneamento� Licenciamento ambiental

VEJA EM CONSTRUÇÃOMERCADO

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4 TÉCHNE 138 | SETEMBRO DE 2008

Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)

DDiirreettoorr GGeerraall

Ademir Pautasso Nunes

DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo

Eric Cozza [email protected]

EEddiittoorr:: Paulo Kiss [email protected]:: Kelly Carvalho RReeppóórrtteerr:: Bruno Loturco; Renato Faria (produtor editorial)

RReevviissoorraa:: Mariza Passos CCoooorrddeennaaddoorraa ddee aarrttee:: Lucia Lopes DDiiaaggrraammaaddoorreess:: Leticia Mantovani, Renato Billa e Gabriela Malentacchi (trainee)

IIlluussttrraaddoorr:: Sergio Colotto FFoottóóggrraaffoo:: Marcelo Scandaroli

CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo:: Caio Fábio A. Motta (in memoriam), Cláudio Mitidieri, Ercio Thomaz,Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall:: Carlos Alberto Tauil, Emílio R. E.

Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano,João Fernando Gomes (presidente), Günter Leitner, José Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam),

José Maria de Camargo Barros, Maurício Linn Bianchi, Osmar Mammini,Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Fernandes Hachich

EENNGGEENNHHAARRIIAA EE CCUUSSTTOOSS:: Bernardo Corrêa Neto PPrreeççooss ee FFoorrnneecceeddoorreess:: Juliana Cristina Teixeira

AAuuddiittoorriiaa ddee PPrreeççooss:: Ariell Alves Santos e Anderson Vasconcelos FernandesEEssppeecciiffiiccaaççõõeess ttééccnniiccaass:: Ana Carolina FerreiraÍÍnnddiicceess ee CCuussttooss:: Maria Fernanda Matos Silva

CCoommppoossiiççõõeess ddee CCuussttooss:: Mônica de Oliveira FerreiraSSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA:: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mário Sérgio Pini

PPUUBBLLIICCIIDDAADDEE:: Luiz Oliveira,Adriano Andrade, Jane Elias,Eduardo Yamashita, Silvio Carbone e Flávio Rodriguez

EExxeeccuuttiivvooss ddee ccoonnttaass:: A C Perreto, Daniele Joanoni, Danilo Alegre, Ricardo Coelho e Marcelo Coutinho.MMAARRKKEETTIINNGG:: Ricardo Massaro EEVVEENNTTOOSS:: Margareth Alves

LLIIVVRROOSS EE AASSSSIINNAATTUURRAASS:: José Carlos Perez RREELLAAÇÇÕÕEESS IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAAIISS:: Mário S. Pini AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE FFIINNAANNÇÇAASS:: Durval Bezerra CCIIRRCCUULLAAÇÇÃÃOO:: José Roberto Pini

SSIISSTTEEMMAASS:: José da Cruz Filho e Pedro Paulo MachadoMMAANNUUAAIISS TTÉÉCCNNIICCOOSS EE CCUURRSSOOSS:: Eric Cozza

EENNDDEERREEÇÇOO EE TTEELLEEFFOONNEESS

Rua Anhaia, 964 – CEP 01130-900 – São Paulo-SP – Brasil

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PPaarraannáá//SSaannttaa CCaattaarriinnaa (48) 3241-1826/9111-5512 EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3299-2411

MMiinnaass GGeerraaiiss (31) 2535-7333 RRiioo GGrraannddee ddoo SSuull (51) 3333-2756

RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2247-0407/9656-8856 BBrraassíílliiaa (61) 3447-4400

RReepprreesseennttaanntteess ddee LLiivvrrooss ee AAssssiinnaattuurraass::

AAllaaggooaass (82) 3338-2290 AAmmaazzoonnaass (92) 3646-3113 BBaahhiiaa (71) 3341-2610 CCeeaarráá (85) 3478-1611

EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3242-3531 MMaarraannhhããoo (98) 3088-0528

MMaattoo GGrroossssoo ddoo SSuull (67) 9951-5246 PPaarráá (91) 3246-5522 PPaarraaííbbaa (83) 3223-1105

PPeerrnnaammbbuuccoo (81) 3222-5757 PPiiaauuíí (86) 3223-5336

RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2265-7899 RRiioo GGrraannddee ddoo NNoorrttee (84) 3613-1222

RRiioo GGrraannddee ddoo SSuull (51) 3470-3060 SSããoo PPaauulloo Marília (14) 3417-3099

São José dos Campos (12) 3929-7739 Sorocaba (15) 9718-8337

ttéécchhnnee:: ISSN 0104-1053Assinatura anual R$ 276,00 (12 exemplares)Assinatura bienal R$ 552,00 (24 exemplares)

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva do autor e não expressam,necessariamente, as opiniões da revista.

VVeennddaass ddee aassssiinnaattuurraass,, mmaannuuaaiiss ttééccnniiccooss,, TTCCPPOO ee aatteennddiimmeennttoo aaoo aassssiinnaanntteeSegunda a sexta das 9h às 18h

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fone (11) 2173-2373

e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

RReepprriinnttss eeddiittoorriiaaiiss

Para solicitar reimpressões de reportagens

ou artigos publicados:

fone (11) 2173-2304

e-mail: ppuubblliicciiddaaddee@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINIrevistasRReeddaaççããoofone (11) 2173-2303fax (11) 2173-2327e-mail: ccoonnssttrruuccaaoo@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINImanuais técnicosfone (11) 2173-2328e-mail: mmaannuuaaiiss@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINIsistemasSSuuppoorrtteefone (11) 2173-2400e-mail: ssuuppoorrttee@@ppiinniiwweebb..ccoomm

VVeennddaassfone (11) 2173-2423 (Grande São Paulo)0800-707-6055 (demais localidades)e-mail: vveennddaass@@ppiinniiwweebb..ccoomm

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e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PROIBIDA A REPRODUÇÃO E A TRANSCRIÇÃO PARCIAL OU TOTAL TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

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6 TÉCHNE 138 | SETEMBRO DE 2008

Fórum TéchneO site da revista Téchne tem um espaçodedicado ao debate técnico e qualificadodos principais temas da engenharia.Confira os temas em andamento.

Você acha que o Brasil deveriaentregar o planejamento das obrasda Copa de 2014 para uma empresaestrangeira com experiência?Mas já não foi entregue? As empresasestrangeiras estão deitando e rolandona área de projetos, estudos etc. Nãoouvi falar de nenhuma que tenha sidoconvidada a se retirar pelo Crea portrazerem seus engenheirosilegalmente, e eles estão chegando. Gilberto Gatti Lopes [29/08/2008]

Contratar uma empresa estrangeira paragerenciar é desvalorizar nossa mão-de-obra, nossa capacidade de coordenaçãoe desenvolvimento. É simplesmentedizer que não somos capazes de realizaro conjunto de obras. Nosso problema épolítico. Não falta planejamento, mascom certeza, faltam investimento eseriedade de nossos governantes.Alessandro Mendes Ribeiro [29/08/2008]

Nosso corpo técnico é ótimo eexperiente. O que precisamos é que osbancos financiem as obras e, senecessário, algumas empresas privadasou até uma pequena parcela deinvestimento externo. Quando digofinanciar, é da fabricação à obra pronta. Genuir G. Basso Jr. [29/08/2008]

O Brasil tem técnicos com capacidadesuficiente para planejar e executartodos os projetos de reforma eampliação dos nossos estádios. O governo precisa apressar o passo para não atrasar as obras.Waldenor Cassio de Menezes [29/08/2008]

Rapidez de execução,economia e redução decargas nas fundaçõesdemandaram estruturamista de concreto e açono WT Nações Unidas.Veja mais imagens daobra no site da Téchne.

Estruturacombinada

Veja, na versão online da Téchne, tabelas com tipos de geogrelhas,normas e detalhe de como aplicar geotêxteis.

Geogrelhas

Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdospublicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

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Primeiro prédio alemãototalmente aquecido sememissão de dióxido de carbono(CO2), o SIC concentra diversasempresas que desenvolvemtecnologias para geração deenergias renováveis. Confiramais imagens do edifício.

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TÉCHNE 138 | SETEMBRO DE 20088

ÁREA CONSTRUÍDA

O Cobramseg 2008 (Congresso Brasi-leiro de Mecânica dos Solos e Enge-nharia Geotécnica) reuniu, no final deagosto, as visões do Consórcio ViaAmarela e do IPT (Instituto de Pesqui-sas Tecnológicas) sobre as causas docolapso do túnel da futura Estação Pi-nheiros da Linha 4 do Metrô de SãoPaulo, ocorrido em janeiro de 2007. Oworkshop internacional GeotechnicalInfrastructure for Mega Cities andNew Capitals teve uma sessão especialdedicada ao tema e contou com a apre-sentação do consultor norueguês NickBarton,contratado pelo Consórcio ViaAmarela para investigar o acidente, eoutra do engenheiro André Assis, queapresentou o relatório produzido peloIPT. O norueguês reafirmou o que oConsórcio já vinha divulgando desdemarço: o desabamento da estruturateria sido provocado provavelmentepela soma de episódios simultâneos.Primeiro, o carregamento de umarocha de cerca de 15 t e 10 m de altura(chamada de "torre sísmica"), localiza-da exatamente acima do túnel e nãodetectada por nenhuma das 11 sonda-gens realizadas antes das escavações.Entretanto, somente o peso da rochanão teria sobrecarregado a estruturado túnel: a existência de uma falha geo-lógica sob a rua Capri, associada ao va-

Debate sobre acidente reúne IPT e Consórcio Via Amarela

zamento decorrente da ruptura deuma adutora de águas pluviais, teriacausado um aumento da pressão daágua no subsolo exatamente sobre asescavações. A combinação inesperadadesses fatores teria dado início à ruína,que aconteceu, segundo Barton, demaneira súbita, sem indícios prévios.Sobre o relatório do IPT, Barton estra-nhou o fato de o texto não mencionara rocha de 10 m de altura sobre o túnel.O IPT também teria interpretado malo arqueamento do túnel, que, paraBarton, fazia parte da dinâmica de es-tabilização da estrutura. Em sua pales-tra, Assis apresentou o conteúdo do

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documento produzido pelo IPT,apon-tando possíveis falhas executivas e deinterpretação das leituras dos instru-mentos, além de deficiências nos pla-nos de emergência. Sobre o questiona-mento de Barton, Assis assume que sóidentificou a torre sísmica no relatóriodo norueguês, mas afirma que o fatonão era importante. Segundo o brasi-leiro, se a rocha apresenta boa qualida-de, não há impedimento em construirum túnel sob uma "torre sísmica", jáque a camada pétrea suportaria as ten-sões. "O problema é que o túnel foiconstruído muito raso [próximo aosolo mole]", defendeu.

Complexo de exposições do Anhembi é reformadofoi remodelado para aumentar a in-cidência de luz natural em cerca de30%, segundo a administração dolocal. Com a demolição dos mezani-nos norte e sul, o pavilhão ganhoumais 6 mil m² de área útil, que já es-tarão disponíveis em outubro, parao Salão do Automóvel. Até o iníciode 2009, está prevista a instalação deum novo sistema de climatização no

local. Outras intervenções ocorre-ram ou estão em andamento no es-tacionamento do Parque, no Paláciodas Convenções e no Auditório ElisRegina. Segundo a administraçãodo complexo, o custo total das obrasé estimado em R$ 28 milhões, pagospela Prefeitura de São Paulo (R$ 20milhões) e pelo Ministério do Turis-mo (R$ 8 milhões).

O complexo de exposições AnhembiParque, em São Paulo, está passandopor reformas. As principais inter-venções até agora aconteceram noprincipal espaço do complexo, o Pa-vilhão de Exposições. A coberturafoi trocada e recebeu 68 mil m² detelhas isoladas acústica e termica-mente com camada geotêxtil e EPS.O sistema de iluminação também

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Em momentos de expansão do mer-cado, como vive atualmente a indús-tria da construção, surgem muitasoportunidades. De outro lado, o pro-fissionalismo e a competitividadeentre as empresas costumam aumen-tar ainda mais. Por isso, a PINI pro-move no dia 21 de outubro de 2008(terça-feira) o evento "Tecnologia deEdificações para Obras Rentáveis –

Seminário busca soluções para rentabilizar empreendimentosComo Desenvolver Soluções Técni-cas Inovadoras de Projeto e Execuçãopara Agilizar e Rentabilizar Em-preendimentos". O seminário serárealizado no Centro de ConvençõesFrei Caneca (Shopping Frei Cane-ca), localizado na rua Rua Frei Ca-neca, 569, no bairro da Consolação,região central de São Paulo (SP).Cinco palestras abordarão desde os

aspectos do projeto de arquitetura ede estruturas, passando por novassoluções industrializadas de execu-ção até cases reais de construtoras eincorporadoras. Confira a progra-mação. Para mais informações, aces-se www.piniweb.com/construtech,envie um e-mail para [email protected] ou ligue para (11) 2173-2465ou 2173-2474.

Case TecnisaEng. FabioVillas Bôas

Projeto de Arquitetura comoFator Determinante para oDesempenho e o Custo Finalda ConstruçãoArq. Henrique Cambiaghi – CFACambiaghi Arquitetura

Projeto Estrutural como FatorDeterminante para oDesempenho e o Custo Finalda Construção Eng. Ricardo França – França &Associados

Soluções Industrializadas paraEliminação de Gargalos de Materiaise Mão-de-obra Eng. Maria Angélica Covelo Silva – NGI(Núcleo de Gestão e Inovação)

Case SincoConstrutoraEng. PauloSanchez

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Á R E A C O N S T R U Í D A

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Foco na racionalizaçãoConvidados internacionaisOs destaques internacionais do se-minário foram o engenheiro VictorEduardo Garcia Fuentes, gerente téc-nico da Constructora ASL Senarq(Grupo Sencorp), do Chile, quefalou sobre o edifício alto “TitaniumLa Portada”, em Santiago. E o profes-sor de Engenharia de Segurança con-tra Incêndio da Universidade deEdimburgo, na Escócia, o peruanoJose Luis Torero, um dos maiores es-pecialistas mundiais no assunto, quefalou sobre segurança contra incên-dio em edifícios altos e as implica-ções para as estruturas. VictorEduardo Garcia Fuentes descreveuos grandes desafios do Titanium LaPortada, o edifício mais alto doChile, com 52 andares e 190 m de al-tura, categoria Triple A, cujo investi-mento deverá chegar a US$ 150 mi-lhões. Sua concepção arquitetônica,em forma de velas de barco preen-

chidas pelo vento, resultou numaconcepção estrutural ousada. Testa-da em túneis de vento, a estrutura éde concreto armado, sustentada porum núcleo rígido, pórticos perime-trais e lajes protendidas. Dentro deoito meses, a obra receberá 400 con-têineres da China com materiais deacabamento como mármore, grani-to, revestimentos cerâmicos, entreoutros. Já Torero destacou que a en-genharia de segurança contra in-cêndio passa por grandes mudan-ças, em razão das novas e ousadasconcepções estruturais dos edifíciosaltos. "As grandes lajes livres, sem orecurso da compartimentalização,são mais suscetíveis à propagaçãodo fogo e fumaça", alertou. Torerodefendeu um novo paradigma deatuação do engenheiro de proteçãoao fogo, que deve entrar no proces-so desde a concepção arquitetônicae estrutural.

A décima edição do "Seminário deEstruturas” realizado pelo Comitêde Tecnologia e Qualidade do Sin-dusCon-SP (Sindicato da Indústriada Construção Civil do Estado deSão Paulo) contou com cerca de300 participantes, que se reuniramno Hotel Grand Hyatt, em SãoPaulo, no dia 28 de agosto. Este anoo encontro teve como tema "Proje-to e Produção com Foco na Racio-nalização". Paulo Sanches, coorde-nador do CTQ, destacou a necessi-dade de encontrar soluções cons-trutivas que permitam a execuçãode várias etapas da obra simulta-neamente. E cita o sistema das casase pequenos edifícios construídoscom paredes de concreto, que sãoao mesmo tempo fechamento e es-trutura, e ficam prontas em cincodias. O sistema já está sendo utiliza-do pela Bairro Novo, empresa cria-da pela Gafisa e Odebrecht, emCotia (SP), voltada a empreendi-mentos para a Classe C. O enge-nheiro de estruturas Ricardo Fran-ça, professor da Poli-USP e diretorda França e Associados Engenhariaelogiou as mudanças normativascom foco na durabilidade e aabrangência dos software nacio-nais, para ele até melhores do queos estrangeiros. "Hoje, num proces-samento com pórtico espacial, osoftware já mostra as deformaçõesda grelha, o que ajuda na avaliaçãodos deslocamentos de vigas e lajes,proporcionando um grau de sofis-ticação grande", exemplificou.

Em andamento há cinco anos, o pro-cesso de revisão da NBR 6122:96 – Pro-jeto e Execução de Fundações se inten-sificou em 2008.Segundo o engenheiroIvan Grandis,secretário da comissão derevisão da norma, os especialistas en-volvidos nos trabalhos vêm se reunin-do,em média,quatro vezes por semana.Ela se encontra em estágio de consultapública e pode ser acessada no site daABMS (Associação Brasileira de Mecâ-

Norma de fundações em consulta públicanica dos Solos e Engenharia Geotécni-ca) (www.abms.com.br).Grandis contaque a nova norma terá uma estruturamais lógica que a atual, separando as re-comendações de projeto – que serãomantidas no corpo do documento – daparte de execução – transformada emanexos normativos. Apesar de bastanteavançadas, ainda não se chegou a umconsenso sobre o polêmico capítulo 6 –Segurança nas Fundações. Fo

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Autores de projetos imobiliários eproprietários de obras em Campinasdeverão apresentar um projeto sim-plificado de como serão cumpridasas normas de acessibilidade de pes-soas com mobilidade reduzida. Aexigência vem com um decreto pu-

Campinas exige projeto de acessibilidade para novos empreendimentosblicado no Diário Oficial do municí-pio no mês de agosto. O documentodeverá ser entregue para se obter aaprovação e licenciamento das obrasparticulares. O texto do decretoaponta que deverão ser cumpridastodas as medidas previstas pela legis-

lação, especialmente com relação aoDecreto Federal 5296/04 e à NBR9050 da ABNT. Ligada à SecretariaMunicipal de Urbanismo, a CPA(Comissão Permanente de Acessibi-lidade) será responsável pela orienta-ção dos incorporadores e projetistas.

Pesquisadores criam pavimento que "despolui" o arsável pela catálise é o dióxido de titâ-nio: sob a ação da luz solar, essasmoléculas transformam o NOx –responsável por fenômenos como achuva ácida – em nitratos inofensi-vos. O produto resultante da reaçãodeposita-se em forma de poeira nasuperfície da via, que, segundo ospesquisadores, é lavada com a pri-meira chuva que precipitar. O labo-ratório para avaliar na prática o de-sempenho do produto é uma rua no

centro de Hengelo. No experimento,ela será dividida ao meio – uma me-tade pavimentada com blocos "nor-mais", de controle, e a outra com osnovos blocos. A qualidade do ar serámonitorada em cada seção paramensurar a eficiência do pavimento.A via foi escolhida em função do vo-lume de carros que por ali transitame porque no momento está sendo re-construída. Os blocos serão produ-zidos pela Struyk Verwo Infra.

Pavimentos de concreto capazes deabsorver as impurezas do ar serãotestados na cidade holandesa deHengelo. Segundo pesquisadores daUniversidade de Twente, que desen-volveram o material, as camadas su-perficiais dos blocos transformamem partículas sólidas os óxidos denitrogênio (NOx) presentes no arpoluído com gases oriundos da quei-ma de combustíveis fósseis. Mistura-da ao concreto, a substância respon-

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ÍNDICESAgregados elevamIPCEAumentos desses itens puxam custosglobais de edificação em São Paulo, masa alta acumulada é inferior à do IGPM

OÍndice Global do IPCE (ÍndicePINI de Custos de Edificações)

encerrou o mês de agosto apresentandoinflação de 1,99%, percentual superiorà deflação de 0,32%, registrada peloIGP-M (Índice Geral de Preços de Mer-cado) da Fundação Getúlio Vargas.

Essa alta foi impulsionada peloaumento dos preços dos agregadoscomo a areia lavada média e a pedrabritada no 2, que sofreram inflação de3,16% e 7,52%. Em julho, o preço de1 m³ da areia lavada média era de R$66,78. Em agosto, esse valor puloupara R$ 68,98. Já a pedra britada no 2,que custava R$ 60,75/m³ em agosto,passou para R$ 65,32/m³.

O cimento Portland CPII, que nomês de julho já havia apresentadoalta de 0,82%, no mês de agosto re-gistrou inflação de 2,89%. O saco de50 kg, que antes custava R$ 17,53,passou a custar R$ 18,04.

Insumos como barra de aço CA-50 3/8'' (Ø=10 mm/m=0,617 kg/m)e bloco de concreto de vedação de 14cm x 19 cm x 39 cm com resistência2,0 MPa, para receber revestimento,apresentaram alta de 10,71% e6,01%, respectivamente. Apesar dasaltas de preço, a variação do índiceglobal de custos de edificação em SãoPaulo nos últimos 12 meses foi infe-rior ao registrado pelo IGP-M. OIPCE apresentou alta de 12,97%, en-quanto o IGP-M, 13,63%.

SSuuppoorrttee TTééccnniiccoo:: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:[email protected]. Assinantes poderão consultar índices e outros serviços no portal www.piniweb.com

IPCEIPCEIPCE mão-de-obra

materiaisglobal

Índice PINI de Custos de Edificações (SP)Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior

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Data-base: mar/86 dez/92 = 100Mês e Ano IPCE – São Paulo

gglloobbaall mmaatteerriiaaiiss mmããoo--ddee--oobbrraaAAggoo//0077 111144..119977,,1133 5533..667799,,4422 6600..551177,,7711set 114.636,80 54.119,10 60.517,71out 114.860,42 54.342,72 60.517,71nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71mar 116.121,80 55.604,09 60.517,71abr 116.185,57 55.667,86 60.517,71mai 123.736,89 58.257,90 65.478,99jun 124.358,19 58.879,20 65.478,99jul 126.483,39 61.004,39 65.478,99AAggoo//0088 112299..000066,,5555 6633..552277,,5566 6655..447788,,9999Variações % referente ao último mêsmês 1,99 4,14 0,00acumulado no ano 11,85 15,89 8,20acumulado em 12 meses 12,97 18,35 8,20Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir dasvariações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado porpesquisa realizada em São Paulo (SP). Período de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na última semana do mês de referência.Fonte: PINI

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Envie sua pergunta para o email [email protected]

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IPT RESPONDE

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ContrapisoQuantos dias demora a cura de umcontrapiso de 6 cm? Necessito aplicarprimer sobre ele como ponte deaderência para a manta asfáltica, por issodeve estar bem seco. Antonio Manoel Teixeira

por e-mail

O tempo de secagem do contrapi-so/camada de regularização irá de-pender bastante das condições climá-ticas, ocorrência de chuvas, condi-ções de ventilação do ambiente e ou-tras. Em média, cerca de 20 dias é su-ficiente. Antes da aplicação do pri-mer, contudo, recomendo que você

faça um teste simples: estenda sobrealguns trechos do contrapiso pedaçosde plástico transparente, medindoaproximadamente 0,50 m x 0,50 m,selando as extremidades com fita

crepe. Se ocorrer condensação deumidade de um dia para outro (facedo plástico voltada para baixo vaificar embaçada, "suada") é que a arga-massa ainda não está seca o suficien-te, ou seja, o primer ainda não poderáser aplicado. Outra possibilidade éavaliar a umidade do material comaparelho próprio (ponte de Wheats-tone – aparelho para medir umida-de), utilizado normalmente por em-presas de pintura para ver se a base jáestá suficientemente seca para iníciodo serviço de pintura.Ercio Thomaz

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente Construído)

Construção monobloco Em algum país já foi experimentada atécnica de construção de habitação pré-moldada monobloco de concreto? Querdizer, módulos que pudessem sercompostos, sobrepostos e unidos atéformar uma habitação. Isso existe?Poderia dar certo?Elson Lima dos Reis

Piracicaba (SP)

A técnica indicada, constituindo aintitulada "industrialização fechada",já foi utilizada em diversos lugares,particularmente em países que com-punham a antiga União Soviética.Com a atual disponibilidade de con-cretos de alta resistência, eficientes sis-temas de protensão e equipamentos de

movimentação de carga de grandeporte (pontes rolantes, guindastes eoutros), do ponto de vista da enge-nharia de construção civil, a técnicahoje seria mais viável do que nunca.Ocorre que os sistemas de "industria-lização fechada" quase sempre desem-bocam em conjuntos habitacionaismonótonos e repetitivos, o que levouinclusive à completa demolição devários conjuntos habitacionais na Eu-ropa, sendo talvez o exemplo maisnotável o conjunto Potznan, na Polô-nia, que havia sido construído na dé-cada de 1970 com 3.820 apartamen-tos. Na atualidade, há opções muitomelhores com sistemas abertos, compré-moldados leves, possibilitando

arranjos mais econômicos e mais ver-sáteis, tanto do ponto de vista fun-cional como do arquitetônico.Ercio Thomaz

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente Construído)

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Demolição do conjunto habitacionalZwarte Madonna, Roterdã

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CARREIRA

Coordenador de obras, supervisor,gestor ou gerente de contratos – as

denominações podem variar de em-presa para empresa, mas as funçõesbásicas desse profissional são as mes-mas: supervisionar de perto a execu-ção das obras sob suas responsabilida-des, orientar as equipes residentes deengenharia, negociar os contratos comfornecedores e prestadores de serviços,garantir a qualidade final do produto,zelar pela obediência às normas de se-gurança no trabalho.

É esse o engenheiro que "roda"pelos canteiros durante a semana paraacompanhar a execução dos em-preendimentos. Nas reuniões periódi-cas com as equipes residentes, são dis-cutidos a evolução do cronograma, ocumprimento do orçamento e outrosproblemas que eventualmente surjamao longo da obra. "É um profissionalque tem um papel preventivo, orien-tativo e decisório", afirma Flavio Stau-dohar, diretor de Recursos Humanosda Klabin Segall. Preventivo, porqueele deve se antecipar aos problemasque possam atrapalhar o desenvolvi-mento da construção. Orientativo,porque deve nortear as ações das equi-pes executoras das obras. Decisório,porque será dele a última palavra nasdeliberações mais importantes decada empreendimento.

Para atender às exigências docargo, o coordenador de obras precisaapresentar certas competências técni-cas e comportamentais. As técnicassão aperfeiçoadas com cursos de pós-graduação em Gestão e Planejamento

Coordenador de obrasAlém de estar atento ao desenvolvimento das obras, profissional tempapel fundamental na negociação com fornecedores

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Como foi o início de sua carreira? Tenho 23 anos de formado. Comecei comoengenheiro-residente na EstaconEngenharia, depois Método Engenharia,onde fui promovido a gerente de obras. Delá, fui para a gerência de engenharia dogrupo Notre Dame Intermédica, ondetomei contato com obras hospitalares.Hoje, estou na gerência de contratos daKlabin Segall/Setin.

Como você se atualizaprofissionalmente?

e com a participação em congressos,seminários e outros eventos na área.Cursos rápidos de atualização tecno-lógica também são bem-vindos. Se-gundo Staudohar, esses são cursos quefornecem ao coordenador de obrasferramentas para realizar uma análisemais eficiente dos indicadores dosempreendimentos de que cuida.

Mais difíceis de serem avaliadasobjetivamente, porém, são as compe-tências comportamentais do profis-sional. Pessoas com liderança, bomrelacionamento interpessoal, boa ca-pacidade de comunicação e desen-voltura em trabalhos em equipe aca-bam sendo mais bem-avaliadas paraassumir o posto. Na prática, o candi-dato ao cargo deve saber que precisa-rá ter jogo de cintura para participarde exaustivas negociações com forne-cedores e cobrar desempenho de suasequipes de engenharia. Como o coor-denador é também um interlocutorentre o canteiro e o escritório daconstrutora, deve saber expor proble-mas e soluções de maneira clara tantopara seus superiores quanto para seussubalternos. Essa, aliás, é uma carac-terística nova na função de Coorde-nador de Obras, como lembra EdnaManfrim Simões, consultora de Re-cursos Humanos da Método Enge-nharia. "Pela primeira vez se trabalhaem equipe com subordinados, e nãocom pares. Por isso, é preciso que oprofissional tenha personalidade",explica. Mas se essas característicasfazem parte da personalidade do pro-fissional, são impossíveis de serem

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Manuel Gonzalezgerente de contratos da Setin Engenharia

moldadas, certo? Errado – pelomenos na opinião de Staudohar. Paraele, eventuais deficiências nesses que-sitos podem ser supridas com cursosna área de gestão de pessoal. "Umprofissional não habituado a darfeedback a seus superiores pode sercondicionado a fazê-lo num cursodesse tipo", acredita o diretor de RHda Klabin Segall.

O profissional

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Naturalmente, é necessária certavivência profissional antes de assu-mir a responsabilidade de gerenciardiversas obras simultaneamente. Demaneira geral, a trajetória básica co-meça para o recém-formado com aresidência numa obra simples, de or-çamento pequeno. Se concluída con-forme o esperado,o engenheiro tendea seguir para uma obra de médioporte e, enfim, uma de grande porte.Só então ele é considerado maduropara ser nomeado coordenador. Otempo mínimo estimado para a con-clusão desse ciclo é de cinco anos."Mas o ideal, mesmo, é que o profis-sional tenha passado uns sete ou oitoanos no canteiro", conta Staudohar.Segundo Edna Simões, tanto enge-nheiros quanto arquitetos são aptospara as funções de coordenação deobras e supervisão de projetos. Na

Entre 1994 e 1996, fiz pós-graduação emEngenharia de Produção para ConstruçãoCivil. O curso concebia a construção civilcomo uma indústria, fazendo paralelos coma indústria mecânica. Além disso, fiz cursosde atualização rápidos em Tecnologia deConcreto, Gestão de Empreendimentos, eoutros cursos que passam a visãoadministrativa-financeira da obra.

Quantas horas, em média, trabalhapor dia? No segmento imobiliário, principalmenteem construções verticais, percebo quetemos que construir mais andares, emprazos cada vez menores. Por isso, nossajornada diária começa freqüentemente às7h00 e vai até às 19h00 nos dias desemana. Além disso, precisamos estendero expediente aos sábados, trabalhandodas 7h00 às 15h00, aproximadamente.Cada fim de semana visitamos uma obra.

Como é o seu dia-a-dia?Na fase de planejamento da obra,participo, junto com o pessoal deorçamentos, suprimentos e

planejamento, da elaboração das cartas-convite para realizar as contratações. Nosempreendimentos em andamento, o meupapel é o de interlocutor entre a obra e oescritório central. Converso com a equipede cada obra e levo os problemas paradiscutir com o diretor técnico e as outrasáreas da construtora. Toda semana, tenhouma agenda de visitas às obras, de modoque o pessoal do escritório sabeexatamente em que obra vou estar a cadahora de cada dia da semana. Nessaagenda de compromissos, pelo menosum dia é reservado para visitar oescritório central, para a reunião com osoutros departamentos da empresa.

Quais as maiores dificuldades nodia-a-dia?O que acontece hoje é atípico, é aprimeira vez que vejo o mercado tãoaquecido. Com essa demanda crescente,enfrentamos escassez de materiais eequipamentos. E temos que tomar muitocuidado com os materiais para a execuçãoda estrutura de concreto armado, que ditao ritmo da obra. E há problemas com o

fornecimento de aço e com atrasos emconcretagens. E isso implica atrasos nocronograma das obras, que dificilmenteserá recuperado depois. Portanto, ogrande desafio é planejar com bastanteantecedência os contratos, fazer ospedidos 30, 40 dias antes, senão omercado é cruel com você.

Do que você mais gosta em suafunção?Da formação de equipes. Ver umestagiário começar na empresa,acompanhar o trabalho dele evoluir edepois vê-lo realizar uma obra. Outraexperiência interessante por que passeifoi liderar um programa de alfabetizaçãode funcionários das equipes de produçãodo canteiro. Essa capacitação acabatambém revertendo em benefícios para aempresa, muitos se tornam ótimosencarregados ou mestre-de-obras. Alémdisso, não há monotonia no trabalho –como eu acompanho várias obrassimultâneas, cada uma em uma fasedistinta, um dia é diferente do outro.

Método Engenharia, o único pré-requisito para se pleitear o cargo degerente de contratos – denominaçãodo posto na construtora – é a certifi-cação PMP (Project Management

Professional), obtida após um rigoro-so exame que avalia os conhecimen-tos do profissional sobre conceitos deadministração e gestão de projetos.

Renato Faria

Atribuições: colaboração na concepção do empreendimento,supervisão do cumprimento docronograma e do orçamento, orientação às equipes de engenhariaresidentes nas obras, negociação com fornecedoresFormação: graduação em EngenhariaCivil ou Arquitetura; desejável pós-graduação em Gestão de ProjetosCursos: Gestão e planejamento,liderança, comunicação

Experiência: cinco anos, no mínimoDisponibilidade: até 12 horas diáriasnos dias úteis, expediente também aos sábadosAptidões: conhecimentos emplanejamento e gestão, liderança,comunicação, bom relacionamentointerpessoal e desenvoltura paratrabalhar em equipeRemuneração inicial: de R$ 7 mil a R$ 12 mil Bibliografia indicada: PBok Guide

Currículo

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MELHORES PRÁTICAS

Kits hidráulicosProcedimentos de execução padronizados propiciam incremento naprodutividade e qualidade para as instalações hidráulicas

Elaboração do gabaritoApós a execução de um protótipo, parasolucionar todos os problemas deexecução e de interferências com outrosserviços, é elaborado um croqui com as

medidas de campo. Esse serve paraconfecção do gabarito da bancada,destacando bitolas e medidas dastubulações e do gabarito de marcação.

Marcação daalvenariaA marcação da alvenaria quereceberá o kit hidráulico deverá ser executada com o auxílio dogabarito de marcação. Para oposicionamento, a referência é a cota de nível e as faixas de revestimento.

Corte da alvenariaApós a marcação com o gabarito, inicia-se ocorte com equipamento adequado. A serracircular com disco diamantado duploproporciona maior produtividade equalidade, pois executa dois cortessimultâneos, minimizando os danos naalvenaria, além de aumentar o conforto dooperador por aspirar automaticamente o pógerado no processo.

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Colaboração: engenheiro Roberto Carlos Barbosa, gerente de instalações da Sanhidrel Instalações e Comércio

Pré-montagem

Conferência e teste

Com as medidas e bitolaspredeterminadas no gabarito dabancada, os tubos são cortados earmazenados por bitola e comprimento.As conexões são posicionadas no

gabarito para dar início à montagem, deacordo com as especificações dofabricante. Concluída essa etapa, os kitssão identificados e armazenados deacordo com o local de instalação.

A conferência é feita por meio de umchecklist que, por sua vez, éelaborado com base nos testes doprotótipo. Os ensaios incluem, paraliberação dos kits, testes deestanqueidade e, quando necessário,testes de dilatação, conformeespecifica a NBR 5626 – InstalaçãoPredial de Água Fria. A pressãomínima é de 6 kgf/cm² para tempomínimo de dez horas.

Aplicação dos kitsCom todas as etapas anterioresexecutadas, cabe ao encanadorapenas o posicionamento do kitna alvenaria, obedecendo àprofundidade e ao prumoconforme o revestimento e asinterligações com as demaisinstalações.

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ENTREVISTA

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HÉLIO ADÃO GREVEN

Arquiteto por formação – graduou-seem 1956 pela UFRGS (UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul) –, suaexperiência na área de construçãocivil enfatizou a construçãoindustrializada, bem como sistemas eprocessos construtivos, além dautilização de novos materiais. Obtevegrau de doutor pela Universidade deHannover, na Alemanha, em 1969.Embora aposentado do cargo deprofessor-titular do Norie (NúcleoOrientado para a Inovação daEdificação), ainda colabora para oprograma de pós-graduação dainstituição. Além disso, é diretor daKG Projetos e Consultoria. Os processos consolidados na cons-

trução civil brasileira estão sendoobservados com olhos críticos. O mer-cado está em busca intensa por possibi-lidades de melhoria, de redução de des-perdício, de aumento de produtividade,de redução de custos. O momento daconstrução nacional indica que a racio-nalização e a industrialização são impe-rativas, mas o mercado esqueceu deconsiderar o óbvio, a coordenação mo-dular. É sobre esse conceito que falou àTéchne Hélio Adão Greven,pesquisadordo assunto que considera "de uma sim-plicidade constrangedora". Constrangeporque sua aplicação não demanda in-vestimentos nem capacitação, e aindatraz benefícios para a produtividade, aqualidade, os custos e a redução do des-perdício. Basta integração da cadeia, o

que não havia nem entre os Estadosquando as primeiras manifestações pelacoordenação iniciaram, há 50 anos, naEuropa e mesmo no Brasil,que conta atécom uma norma sobre o tema. Alémdos motivos citados acima,Greven,con-sultor da Finep (Financiadora de Estu-dos e Projetos), revela que há intençõesde o País intensificar as exportações demateriais. De acordo com ele, que traz aexperiência de quem morou e estudoupor dez anos na Alemanha, não há por-que temer a implantação efetiva dacoordenação modular. Ela não virá paraengessar projetos arquitetônicos, maspara trazer um elemento a mais para acriação. Em menos de um semestre, ga-rante,os conceitos podem ser completa-mente passados para os alunos de gra-duação de engenharia e arquitetura.

Módulo de projeto

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Com conceitos simples, coordenação modular proporcionapadronização, produtividade e redução de custos e desperdício.Iniciativa tem que ser setorial para que toda a cadeia se adapte

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E N T R E V I S T A

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Em resumo, o que é a coordenaçãomodular? Por que é tão importante?Basicamente, é uma ordenação dosespaços na construção civil. Cadacomponente tem seu espaço pré-definido e tem que respeitar o espaçodo componente vizinho. Se todostrabalharem com coordenação mo-dular, passamos a trabalhos de mon-tagem. Hoje é necessário cortar, ser-rar, emendar.

Por que não trabalhamos de maneiracoordenada no Brasil?Em 1950, o Brasil assinou o convêniointernacional de coordenação modu-lar decimétrica. Só que, naqueletempo, não havia meios de comunica-ção e de transporte eficientes entre osEstados. Como eram quase indepen-dentes comercialmente, cada um pro-duzia o que queria para a região dele enão houve interesse em se comprome-ter com a coordenação modular. Hoje,o desconhecimento é total.

E por que o assunto vem à tona agora?Estamos fazendo campanhas porquechegamos à conclusão de que não éaceitável quebrar e emendar. A pressãoé para que todos construam dentro danorma para compatibilizar tudo semproblemas, com aumento de produti-vidade, redução de retrabalho e de des-perdício. São conceitos óbvios. Tantoque nos países desenvolvidos não se falamais de coordenação modular. Já estáincorporado e não se consegue enten-der a falta de respeito à coordenaçãomodular decimétrica.

A falta de coordenação impera noBrasil porque a mão-de-obra é baratae pode ficar cortando e emendando?Não, porque não tem outra opção.Ninguém obedece à coordenação mo-dular, que, por sinal, é lei. Hoje, exis-tem forças nesse sentido e o Inmetro(Instituto Nacional de Metrologia,Normalização e Qualidade Industrial)poderia, teoricamente, atestar que de-terminado produto está fora da coor-denação modular e aplicar multas.Claro que isso não acontecerá porquenão existe fiscalização. Agora, quere-mos, a partir de divulgação, fazer che-

gar o conhecimento e o respeito ànorma aos produtores.

E a receptividade dos fabricantesé boa?Nunca vi ninguém dizer que é contra acoordenação modular, porque o bomsenso indica que é óbvio.

E a convenção é decimétrica?Pode ser a partir de qualquer medida,mas a convenção mundial é decimétri-ca. E é tão forte que a Inglaterra, cria-dora do sistema em pés e polegadas,passou a adotar a decimétrica, em1964, porque não podia comprar ouvender componentes construtivospara o resto da Europa. Ao fazer isso,todas as ex-colônias, como Canadá,Austrália e África do Sul, passarampara o decimétrico.

Hoje o Mundo todo adota esse padrão?Só sobraram os Estados Unidos, queadotam as quatro polegadas. Mas, no-tamos pela literatura técnica, estãopensando em passar para o decimétri-co, pois ninguém compra nada delesporque não serve em outros sistemas.Um exemplo clássico, no Brasil, é a ma-deira compensada. Uma das medidasmais vendidas é a de 1,22 m x 2,44 m,que corresponde a 4 x 8 pés. Para quepossamos exportar para os EUA – esomos grandes exportadores de madei-ra compensada –, temos que produzirnessas dimensões.

E, ao adotarmos a coordenaçãomodular decimétrica no Brasil, essasexportações não serão prejudicadas?Só para os EUA.Sendo consultor do Mi-nistério de Indústria e Comércio e da

Finep,posso afirmar que o Brasil quer serexportador de materiais de construção.

E compensa prejudicar as exportaçõespara os EUA?Como somos mais próximos e há mui-tos anos fornecemos, ainda vamos con-tinuar fornecendo para eles. Não é proi-bido produzir fora dos padrões, mas,para o mercado brasileiro, por força delei, deve-se utilizar o módulo de 10 cm,com múltiplos e submúltiplos.

Pelo que o senhor disse, em breve osEUA também estarão trabalhando como padrão decimétrico?Há cinco anos, informavam apenas asdimensões em pé e polegada. Hoje, vejoem artigos e nos componentes, colocamem pés e polegadas e, entre parênteses,em metros e centímetros.Daqui a algumtempo,começam a colocar primeiro emcentímetros e metros e,entre parênteses,em pés e polegadas, porque isso não semuda do dia para a noite. Além de sercultural,não podem jogar o maquináriono lixo. Têm que esperar a substituição.

Então, a adequação é demorada?A Alemanha, uma das maiores expor-tadoras do Mundo e a atual locomoti-va da Europa, até a década de 1970usava a coordenação modular octamé-trica, que divide um metro em oito etem módulo de 12,5 cm. Foram obri-gados a adotar a decimétrica pelosmesmos motivos comerciais. E temosresquícios disso no Brasil. Alguns dosequipamentos alemães para produzirlajes de concreto protendidas, com1,25 m, ainda hoje funcionam no Bra-sil. Então, todo esse encaminhamentoda coordenação modular leva décadas.

No Brasil, existe alguma entidade quecontrole isso? Esse período de transiçãotende a ser mais complicado?Há a NB-25, de 1950, ou NBR 5706 –Coordenação Modular da Construção,mas ninguém conhece.Vamos encontrardificuldades para inserir cursos nas uni-versidades e instituições técnicas. E nãoprecisaremos de um ano ou semestretodo dos cursos. Basta meia dúzia deaulas,porque é muito simples e não atra-palha em nada.É só respeitar os 10 cm.

“Em princípio, osarquitetos achavamque tudo ficaria igual.Chegaram à conclusãode que, ao contrário,libera o arquiteto parafazer o que quiser”

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Nem a arquitetura?Convivi, na Alemanha, com o início dacoordenação modular lá.Em princípio,os arquitetos achavam que tudo ficariaigual, engessado. Chegaram à conclu-são de que, ao contrário, libera o arqui-teto para fazer o que quiser dentro dasnormas.Não teremos esse obstáculo noBrasil. Só precisamos de divulgação,cursos e controle dos órgãos responsá-veis para que haja respeito, pois, noBrasil, lamentavelmente, existem mui-tas leis, mas não são cumpridas.

Trata-se mais de uma questão setorialdo que da iniciativa de um construtorou produtor? Ou seja, não adiantaapenas um assumir essa padronização?Esse é até um ponto crítico. De nadaadianta um produtor mudar e os outrosnão, porque aí ele está errado. Existemórgãos,como os Sinduscons (Sindicatosda Indústria da Construção Civil), quepodem forçar o uso de componentescoordenados modularmente para queos fornecedores se adaptem.

Existe um programa, com prazos aserem cumpridos para a adoção dacoordenação modular?Vai haver. Temos tido reuniões com aFinep, com o Ministério da Indústria eComércio e com o Ministério das Ci-dades, para haver apoio eficiente, comfacilitação da produção e controle ri-goroso. Senão, não adianta.

E como será a definição dos prazos?As máquinas de produção de blocos ce-râmicos, chamadas marombas, têm bo-cais que definem o tamanho do blococerâmico. Esse bocal desgasta e tem queser trocado a cada seis meses. Então, oprazo para mudar o bocal – e o tamanhodo bloco – é relativamente curto.No en-tanto,outros produtores têm mais com-plicações e vão ter que esperar ou adap-tar. Os prazos têm que ser compatíveis,pois não queremos prejudicar ninguém,mas ajudar os fabricantes.

Para ser implantada definitivamente,estima-se quanto tempo?Teoricamente, já está implantada, por-que existe norma. Mas ela é de 1950 eprecisa ser revista. Se o prazo definido

for, por exemplo, de dois anos, duranteesse tempo haverá um acompanha-mento mais próximo aos produtorescom mais dificuldade.

Quais os órgãos envolvidos?Ministérios da Indústria e Comércio,Ministério das Cidades, Ministério deCiências e Tecnologia, via Finep, todosos Sinduscons. Fiz palestras no Brasiltodo falando sobre coordenação modu-lar, e todo mundo aceita. Todos os ór-gãos e toda a cadeia produtiva da cons-trução civil estão interessados nisso.

O que é submódulo e multimódulo?O módulo é de 10 cm. Como ninguémvai fazer uma janela com 10 cm, entãoexistem os multimódulos para garantirliberdade total. Existem também aschamadas medidas preferidas e preferí-veis. Se o mercado pede janelas de, pelomenos, 90 cm, posso fazer com 0,90 m,1,00 m, 1,10 m, 1,20 m. Essas, de 10 cmem 10 cm, são as medidas preferíveis,que atendem à coordenação modular.Mas o produtor, regionalmente, temmedidas preferidas. Ou seja, faz de 0,90m, 1,20 m, 1,50 m e 1,80 m, por exem-plo.As demais,não faz porque o merca-do não solicita. Assim, fica muito claroque coordenação modular não é cami-sa de força,mas um auxílio à produção.Submódulos valem para medidas pe-quenas,menores que 10 cm,como paraespessura de vidro e juntas.

O que é medida de projeto docomponente?Cada componente, seja janela, porta oubloco tem uma medida de projeto. Umbloco de concreto tem uma medida deprojeto de 20 cm x 20 cm x 40 cm.

Porém, todos os componentes, paraserem acoplados, têm juntas. Se, parablocos, a junta é de 1 cm, isso quer dizerque a medida real do bloco é de 39 cm x19 cm x 19 cm.Somando a junta de 1 cm,são 40 cm de eixo a eixo de junta.Ou seja,o componente ocupa um espaço de 40cm,mas tem-se que descontar a junta.

A medida de projeto é a final?A de projeto é a da coordenação mo-dular,múltipla de 10 cm.A real leva emconta a junta. Aí fica muito claro quecada componente tem seu espaço pró-prio, com uma junta para não interfe-rir nos vizinhos.

Para fazer essas juntas precisas, énecessário mão-de-obra treinada?Não muda nada. É questão de cuidar,trabalhar com 1 cm. As coisas são ób-vias. Digo aos meus alunos que a coor-denação modular é de uma simplicida-de constrangedora, que, de tão óbvio elógico, chega a ser constrangedor.

O que é zona neutra?Coordenação modular não é camisa deforça, então não pode mutilar um pro-jeto arquitetônico, como se fez no iní-cio da coordenação modular. Hoje,existe a chamada zona neutra. Numexemplo, dois prédios iguais formamum ângulo. Todo o espaço pode estarmodulado, mas há uma região em quehá interferências. Para não mutilar oprojeto, essa região, em que há super-posição de reticulados modulares, échamada de zona neutra. Ou seja, ape-nas dentro dela a coordenação modu-lar não é respeitada.

Esse recurso é útil também paraterrenos com medidas que nãorespeitam a coordenação modular.Os terrenos não são modulados. Podeser que um tenha,por exemplo,27,95 m.Aí,faz-se 99% do projeto corretamente eresolve o que restar da melhor maneira,como se faz hoje.Ou seja,usa-se coorde-nação modular até onde der e consi-dera-se o espaço que sobrou como zonaneutra. Não se pode deixar um terrenovazio, de alguns centímetros, porqueestá fora da coordenação modular.Então, resolve aquela tirinha como der.

“Fiz palestras falandosobre coordenaçãomodular e todo mundoaceita. Os órgãos e acadeia produtiva daconstrução civil estãointeressados nisso”

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Como as juntas são consideradas noajuste modular?Quem fixa a dimensão da junta de umcomponente é o fornecedor. Um fabri-cante de esquadrias de madeira, porexemplo, fixa de acordo com a precisãodo equipamento dele. Se a janela ocupa1,50 m, mas precisa de juntas de 2 cmde cada lado, então a janela terá 1,46 m.O fabricante tem que apresentar a solu-ção para o vão,como uma moldura quecubra a junta.

Então ele tem que garantir que oespaço destinado àquele componenteserá completamente preenchido?Cada produtor tem a obrigação dedizer como o componente se adapta àcoordenação modular decimétrica.Um pode dizer que precisa de juntas de2 cm e, outro, de apenas 1 cm. Assim,ele indica que a janela tem 1,48 m e ajunta 2 cm. Ele só tem que preencheraquele 1,50 m. Se quiser fazer uma ja-nela com cantos arredondados, temque prever o acabamento para preen-cher o espaço que lhe compete.

Quando o ajuste modular é positivo?Normalmente é positivo, porque umcomponente cujo espaço modular é dedois módulos é, devido à junta, umpouco menor. Ou seja, subtrai-se o ta-manho do espaço do tamanho do com-ponente.Se o bloco tem 39 cm e o espaçotem 40 cm,o ajuste modular é positivo.

E quando é negativo?No caso de placas de forro, por exem-plo, que se encaixam. A junta, teorica-mente, passa no meio e o tamanho de

uma extremidade à outra do compo-nente é maior do que o espaço entre asjuntas. Se subtrair, o ajuste modularserá negativo. Se existe o positivo e onegativo, vai existir, em algum mo-mento, o ajuste modular nulo. Se,numa vitrine, duas chapas de vidro seencostam, a junta não é zero, mas é tãopequena que é considerada nula, pois aconstrução não trabalha com medidasmenores do que 5 mm.

O ajuste modular parece um dospontos mais importantes dacoordenação modular.O importante é apresentar a soluçãoglobal,não entregar um componente edeixar a interface por conta do cons-trutor. Atualmente, cada um fornece oque quer e o montador que se vire, quecorte, serre, emende. Se trouxer a solu-ção, pode usar qualquer coisa. Se umfabricante faz tijolinhos cerâmicoscom dimensões totalmente fora de pa-drão, não tem problema. No entanto,ele tem que enquadrar um conjuntode tijolinhos, com juntas, dentro da

“O importante éapresentar a soluçãoglobal, não deixar ainterface por conta doconstrutor.Atualmente, cada umfornece o que quer e omontador que se vire”

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coordenação modular, nem que sejaum conjunto de quatro, seis ou oito ti-jolos, por exemplo.

Juntos, esses tijolos atingem umadimensão que atende à coordenaçãomodular?Ele tem que dizer qual é a modulação,mesmo que seja, por exemplo, 30 cm x60 cm. Assim, não prejudicamos a in-dústria dele e nem ele prejudica acoordenação modular. Mas ele temque dizer como usar. Os fabricantes decerâmica, principalmente de SantaCatarina, já fazem isso, porque expor-tam para a Europa. Informam que écerâmica modulada, com as dimen-sões da peça e da junta, que é o que oseuropeus querem.

Como a industrialização afeta acoordenação modular?A coordenação modular permite al-cançar patamares muito mais eleva-dos de racionalização, mas é impres-cindível para industrializar. A indus-trialização exige uma coordenação

modular rigorosa para compatibilizarcomponentes. Uma linha de fabrica-ção de qualquer componente que sejanão pode ser mudada. As máquinastrabalham de forma seriada para queseja barato.

Há estudos que digam quanto reduz,em custos e desperdício, acoordenação modular?Existem vários estudos,e cada um ava-lia à sua moda. Já se falou que a cada

dois ou três apartamentos, perdia-seum,mas isso não é verdade.Se calcularpor volume,pode ser,mas o valor é pe-queno. O entulho de tijolo custamenos do que uma janela de alumí-nio. No Brasil, existe um desperdícioda ordem de 10% ou 15%, enquantopaíses desenvolvidos trabalham commargens menores, de 6% a 8%.

Qual é a tríade básica da coordenaçãomodular?É o reticulado modular de referência,a grade, o módulo, que é de 10 cm, eo ajuste modular. Não existe ne-nhum componente que não tenhaajuste modular, mesmo que sejanulo, como o vidro. É importantesaber que o módulo é de 10 cm. Temarquiteto que fala que sempre traba-lha com módulo de 15 cm, por exem-plo. Pode ser uma modulação, masnão é a coordenação modular uni-versal. Se modula com 15 cm, nemtodos os componentes fabricadospara 10 cm vão servir.

Bruno Loturco

“Permite alcançarpatamares elevados de racionalização,mas é imprescindível para industrializar.A industrialização exigeuma coordenaçãomodular rigorosa”

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TÉCNICA E AMBIENTE

P rimeiro prédio alemão total-mente aquecido sem emissão de

dióxido de carbono (CO2), o SIC(Solar Info Center, ou Centro de In-formações Solares, na tradução livre)foi criado para integrar, num únicoespaço, empresas interessadas no de-senvolvimento, viabilização e comer-cialização de tecnologias na área deenergias renováveis. Localizado na ci-dade de Freiburg, no extremo Oesteda Alemanha, o SIC concentra 45empresas que trabalham de forma in-dependente para o desenvolvimentode soluções sustentáveis para edifica-ções, mas com possibilidade de pro-mover parcerias para o desenvolvi-mento de projetos conjuntos. É o quese chama de planejamento integral, omesmo que pautou o desenvolvi-mento do próprio SIC e que, por isso,o torna um case de sustentabilidade.

Nessa forma integrada de concep-ção,projetistas da empresa contratan-te trabalham em conjunto com enge-nheiros e arquitetos desde o começo,pautados por conceitos gerais que en-volvem ecologia, arquitetura e supri-mento de energia. Para reduzir os gas-tos com aquecimento, resfriamento eventilação da edificação é promovidoum planejamento sistemático docorpo do edifício, sua exposição, som-breamento e proporção de vidros nafachada.Além dos benefícios ambien-tais, da redução de custos de implan-tação e de operação, o prédio é banha-do por luz natural, ar fresco e se adap-ta às temperaturas externas.

Solar Info CenterAlém de ter a concepção, construção e operação pautadas na sustentabilidade,edifício concentra diversas empresas para desenvolvimento conjunto detecnologias para geração de energias renováveis

O conceito energético do SIC épautado pela viabilidade financeira."É uma instituição privada e deve,por ele mesmo, ser economicamenteviável", segundo a brochura de di-vulgação técnica da instituição. Emseus 14 mil m², foram realizados, pormeio do plano integral, o ajuste idealde cada elemento, como produçãode água quente por aquecimentosolar, geração de energia com painéisfotovoltaicos na cobertura e na fa-chada, energia solar, ventilação e res-friamento noturno no verão. Alémdisso, promoveram melhorias nosaspectos de insolação, no sombrea-mento e ganhos, no inverno, com luz

solar direta. A energia utilizada naedificação provém, exclusivamente,de fontes renováveis.

Por meio de acordos contratuais,o SIC financiou a instalação de umsistema para aproveitamento decalor. O calor é reaproveitado a partirda tubulação de aquecimento da cen-tral de co-geração do hospital uni-versitário vizinho, esta movida porcombustível fóssil e que corre peloterreno do SIC. Dessa maneira, o su-primento de calor da edificação não éapenas livre de CO2, mas de qualquertipo de emissão, pois esse sistema dereaproveitamento gera até mais ener-gia do que a edificação necessita.

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Energia totalmente renovável provém de coletores solares, painéis fotovoltaicos e doreaproveitamento do calor gerado com combustível fóssil pelo vizinho. Planejamentointegral buscou compatibilizar todas as demandas energéticas da edificação

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Para diminuir a demanda ener-gética, as paredes exteriores têm 20cm de espessura e o telhado contacom isolamento térmico. A luz natu-ral foi priorizada para iluminaçãodos ambientes e a regulagem de tem-peratura é sensitiva e individual paracada unidade. Durante as noites deverão, o ar penetra as paredes exte-riores para resfriar naturalmente oambiente. O resfriamento é naturaltambém para o auditório e a sala deespera, para os quais uma sondaaprofunda-se a 80 m na terra pararesfriar a água que alimenta o siste-ma de climatização. A produção deágua quente é feita completamentepelos coletores solares. Painéis foto-voltaicos nas fachadas e na cobertu-

LEIA MAIS

Solar Info Center –http://www.solar-info-center.deAren Asia – http://www.aren.com.sg

ra, associados ao suprimento oriun-do da usina de co-geração de Frei-burg, respondem por toda a deman-da de energia elétrica.

Dentre as vantagens do plane-jamento integral observadas pelosidealizadores do Solar Info Center,algumas extrapolam os pontos fi-nanceiros mensuráveis. Pontuamos conceitos energéticos de clima-tização amigáveis ao meio ambien-te: condições de trabalho ideais,com baixos custos de operaçãopara os usuários, alto nível de sa-tisfação dos inquilinos, com con-seqüente baixa rotatividade para ooperador e, para o investidor, agre-gação sustentável de valor, combaixos custos decorrentes.

O conceito preconizado pelo SICserá, ainda, expandido com a criaçãode outras unidades, uma no Caza-quistão e outra em Cingapura. Estadeverá se tornar a sede da Aren-Asia(Asia Renewable Energy and EnergyEfficiency Network, ou Energia Re-novável da Ásia e Rede de EficiênciaEnergética, na tradução livre). Aten-derá todo o Sul da Ásia com a pesqui-sa e implantação de soluções nasáreas de energias renováveis e efi-ciência energética.

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CONTENÇÃO

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Os geossintéticos são mantas fabri-cadas à base de polímeros, cujas

propriedades contribuem para me-lhoria de obras geotécnicas, desempe-nhando alternadamente as funções dereforço, filtração, drenagem, proteção,separação, impermeabilização e con-trole de erosão superficial em solos. Ecomo o solo possui resistência à com-pressão, mas pouca à tração, a funçãodos geossintéticos é proporcionar aosolo maior resistência à tração, contri-buindo para sua sustentação.

Entre os vários tipos de geossintéti-cos, as geogrelhas, membranas rígidasutilizadas para executar estrutura decontenção e reforço em taludes,podemtambém servir para soluções que in-cluem vegetação (em geral,gramíneas),formando paredes ou muros "verdes".Fabricadas com polímeros tais comopoliamida, PVC ou polipropileno, po-lietileno de alta densidade ou poliéster,são vazadas e têm como função predo-minante o reforço de solos moles. Asgeogrelhas são dispostas em camadas econfinam porções de solo. Por serempermeáveis, ajudam a manter a capaci-dade de absorção de água do talude,evitando a saturação do solo.

Nos muros verdes, as sementes degrama são semeadas na terra, ou nou-tro substrato, na fase final de execuçãodo talude,para que a vegetação se com-ponha com o geossintético,ajudando aaumentar as propriedades de resistên-cia à tração e à erosão da contençãoprojetada. Há fabricantes de geogre-lhas que oferecem o produto já comsubstrato para que a vegetação cresça.

Reforço plásticoGeossintéticos aumentam resistência dos solos à tração e garantema contenção e suporte de carga dos terrenos

Soluções associadasSegundo Maurício Abramento, da

CEG Engenharia, empresa de consul-toria na área de solos, há a opção deusar as geocélulas (células poliméricassoldadas entre si, semelhantes a umacolméia). Elas podem ser fixadas nascamadas horizontais próximas à facedo talude, associadas às geogrelhas,responsáveis pela resistência à tração.E depois preenchidas com areia, brita,concreto ou solo, de acordo com oprojeto e a finalidade da obra. "Parapromover a junção dos dois materiais,a última linha de geocélulas deve serpreenchida com pedras de tamanhomédio, que entram nos vãos da grelhade modo a transferir os esforços de umgeossintético a outro", explica.

Os tipos de geogrelhas, oferecidosem materiais poliméricos pelos fabri-cantes em diversos formatos de trama,podem ser usados com blocos pré-moldados de concreto na composiçãoda contenção do talude. Assim, a geo-grelha é disposta em camadas alterna-das com o solo, como se fosse umamassa folheada. Para a solução com ve-getação, as geogrelhas são dispostas emcamadas para estabilização do maciço,dobrando-a na face externa do talude, oque forma uma "bolsa" que serve paracolocação do substrato onde será se-meada a grama.Outro tipo de geogrelhaé composto por grelha metálica protegi-da com fios, com formato hexagonal,que pode já vir de fábrica com uma"bolsa" na extremidade, o gabião-caixa,

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Fabricadas com polímeros, as geogrelhas são dispostas em camadas e confinamporções do solo

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para a colocação das pedras.Nessa com-posição,a função dessa face é prover sus-tentação parcial do solo e a função dageogrelha é reforçar o maciço.

"É fundamental, no entanto, to-mar o cuidado de proteger essa faceexterna, a fim de evitar vandalismo,fotodegradação por raios UV ou porcalor. Se não for tomada essa provi-dência, pode ocorrer, no longo prazo,a instabilidade do talude. Quando uti-lizada, a vegetação é um recurso queajuda a proteger a geogrelha, pois pro-porciona sombreamento ao material",destaca Abramento.

O substrato para a vegetação podeser composto de biomantas, posiciona-das dentro do envelope de geogrelha,formando patamares, como escadas,onde são dispostas as sementes. Ouainda,é possível promover uma hidros-semeadura, quando forem usadas pe-dras na face externa do talude,que con-siste em jateamento de água com as se-mentes de grama.

Grama armadaOutra opção para os taludes "verdes"

é o sistema de grama armada, que con-siste em utilizar a geogrelha fixada comgrampos associada ao plantio de gramano talude.Nesse caso,não há a utilizaçãoda capacidade portante da geogrelha. Agrama armada serve para a proteção detaludes de solos moles e de taludes íngre-mes, pois após o plantio da vegetação, agrelha sombreia o talude,conservando aumidade do solo e garantindo um bomíndice de germinação.

A vegetação pode ser então plantadapor hidrossemeadura, semeadura ma-nual ou grama em placa, resultandonum tapete reforçado e homogêneo,que garante a estabilidade superficial.Nesse sistema, a geogrelha tambémajuda a dissipar as águas da chuva,redu-zindo seu impacto sobre a superfície dotalude, evitando ravinamentos quandoa vegetação está na fase de crescimen-to/germinação, e ao mesmo tempo per-mite a entrada de umidade para o cres-cimento das plantas. A geogrelha tam-bém impede escorregamentos de terra ede fragmentos de rocha, já que possuiresistência à tração adequada para essestipos de solicitação.

Solo reforçadoAs obras de contenção com solo re-

forçado têm custos menores quemuros e estruturas de concreto,e gran-de eficiência e durabilidade. Por isso,elas vêm cada vez mais ganhando mer-cado.A contratação de um bom proje-to é de fundamental importância. Aprimeira etapa de uma obra dessas é odimensionamento, que deve ser rigo-roso. "Este vai considerar a estabilidadeinterna que comporta a superfície, le-vando em consideração o espaçamen-to e o comprimento das camadas desolo e geogrelhas, e se for o caso o usode blocos. A estabilidade é prioridadeem qualquer estrutura de contenção,quando se trabalha com a capacidadede carga", destaca Abramento.

Na fase de processo construtivo épreciso levar em conta a contençãotemporária, necessária enquanto os ta-ludes são construídos, lembra o enge-nheiro. Outro ponto importante desta-cado pelo especialista é a drenagem dotalude, essencial para evitar que a águapercole por locais errados. Normal-mente, utilizam-se drenos de PVC nasfaces externa e posterior da obra.

Heloísa Medeiros

LEIA MAIS

Manual Brasileiro deGeossintéticos. José CarlosVertematti. Abint (AssociaçãoBrasileira das Indústrias de Não-Tecidos e Tecidos Técnicos)

Formatos de geogrelhas

Fotos: Sofia

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Fabricadas em diversos formatos, com polímeros tais como PVC, polipropileno,polietileno de alta densidade ou poliéster, as geogrelhas ajudam na capacidadeportante dos solos

Geocélula, com células poliméricas soldadas entre si, semelhantes a uma colméia, sãousadas em "paredes verdes". Há também as geocélulas de juta, que são biodegradáveis

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INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

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Numa instalação elétrica predial, amão-de-obra representa aproxi-

madamente 40% dos custos, com osoutros 60% compostos pelos mate-riais, especialmente o cobre. Dessamaneira, o primeiro ponto a atacarpara reduzir custos é, justamente, oconsumo de materiais. Há casos, cita-dos por especialistas, em que a econo-mia beira os 15%. Isso representou,num caso real, cerca de R$ 200 mil amenos. As alterações de projeto ne-cessárias para tal economia são tecni-camente simples, mas dependem decaracterísticas do prédio e da conces-sionária fornecedora de energia,como veremos adiante.

Para reduzir custos com elétrica,antes de pensar nas instalações inter-nas dos prédios, deve-se analisar aconfiguração do terreno para deter-minar a implantação, ainda mais coma crescente quantidade de torres emempreendimentos residenciais. Issoporque um volume significativo decobre é consumido na chamada cor-rente não-medida. Ou seja, entre oposte da concessionária e os medido-res. "É o primeiro impacto nos cus-tos", afirma o engenheiro EduardoPedreira Desio, da Prolux Engenha-ria. Na prática, ele pode evitar, porexemplo, que a torre fique a 500 m darua, o que levaria a um consumo ele-vado de cobre.

As regras para a corrente não-medida são definidas pela concessio-nária local e, "infelizmente, não sãouniversais para o Brasil, resultandoem entraves absurdos para os cus-

Choque de economiaVeja como projeto e planejamento ajudam a baratear custos com instalaçõeselétricas apesar das regras obsoletas das concessionárias

Mais moderno, barramento blindado ainda não se difundiu devido ao custo do cobree às complexas regras impostas por fornecedoras de eletricidade para sua adoção.Busways exigem medidores eletrônicos para aferição de consumo à distância

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tos", lamenta. O primeiro e mais sig-nificativo desses obstáculos é a limi-tação de tensão de entrada em em-preendimentos residenciais. Para en-tender porque essa regra incha oscustos, é necessário ter conhecimen-to da fórmula de potência e do efeitoJoule. A fórmula em questão deter-mina que a potência (P) é igual à cor-rente (I) multiplicada pela tensão(U). Logo, P = I.U.

Como a potência, medida emwatts, é uma constante – pois depen-de dos equipamentos instalados naedificação –, o projetista de elétricapode trabalhar apenas com as outrasduas variáveis. É aí que começa oproblema com o efeito Joule, quenada mais é do que a transformaçãoda energia elétrica em calor, exata-mente como em ferros de passar echuveiros elétricos. O calor é geradodevido à resistência à passagem dacorrente através do condutor, ouseja, dos cabos que trazem a eletrici-dade da rua para a central de medi-ção do empreendimento.

A resistência elétrica de um con-dutor depende do material do qual éfeito, de seu comprimento e de sua

seção reta. Em termos, isso significaque a resistência à passagem de elé-trons aumenta conforme aumenta ocomprimento e diminui o diâmetrodo cabo. Para simplificar, basta enten-der que cabos finos e compridos apre-sentam elevada resistência à passagemde correntes elevadas. Como já dito, oefeito Joule é a perda de eletricidadeem forma de calor ao longo dos cabos.A fim de minimizar perdas financei-ras decorrentes desse efeito, as forne-cedoras de eletricidade limitam em1% a perda elétrica entre o poste darua e a central de medição do em-preendimento.

Para respeitar essa regra, a físicaprevê duas soluções. A primeira é re-duzir a corrente e, com ela, a resistên-cia e as perdas com o efeito Joule. Sevoltarmos à fórmula de potência, ve-remos que para reduzir a corrente énecessário elevar a tensão, pois são in-versamente proporcionais. Essa solu-ção parece óbvia quando comparadaà segunda, que implica a manutençãodos valores com aumento do diâme-tro do cabo para, igualmente, dimi-nuir a resistência. No entanto, comoera de se esperar, aumenta o consumo

de cobre, o item mais caro de uma ins-talação elétrica.

Então, por que não optar semprepela primeira opção? Porque residên-cias trabalham com tensões de 127 V e220 V. Ora, então por que não utilizar,nos casos em que o custo fosse com-patível, transformadores dentro dosempreendimentos para rebaixar atensão próximo aos medidores e,assim, reduzir o efeito Joule? Porqueas concessionárias, temendo even-tuais problemas com os transforma-dores, proíbem seu uso em empreen-dimentos residenciais. "O ideal seriaentrar no prédio em tensão primária– da ordem de 13.200 V –, facilitandoa instalação de transformadores aseco, não a óleo", ilustra Desio. Segun-do ele, o grande custo dos condomí-nios está aí, na distribuição da ali-mentação até os medidores. "As con-cessionárias, alegando segurança,criam regras e repassam o custo paraos consumidores, esquecendo solu-ções já adotadas nos países desenvol-vidos", critica.

"Sempre que possível, é recomen-dável elevar a tensão, pois algumasdistribuidoras permitem alimentar

Mesmo sem muita possibilidade deindustrialização no sistema de alvenariaconvencional, é possível otimizar ainstalação de interruptores e tomadascom caixinhas especiais

Mais intuitivo, barramento blindado permite que instalação de prumadas seja maisrápida, além de estar menos sujeita a erros do que sistemas convencionais

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circuitos independentes, com tensõesdiferentes", explica o engenheiro Ro-berto Barboza, da Sanhidrel. Assim,tensões médias alimentariam cargasconcentradas com potência elevada,como o sistema de ar-condicionado eos elevadores.

Voltamos, assim, aos primeirosparágrafos, que pregam a participa-ção do projetista de elétrica desde aconcepção do edifício, para adequa-ção da implantação dos prédios noterreno de acordo com as regras daconcessionária local.

Corrente medidaA premissa para a economia nas

instalações elétricas a partir do medi-dor é a definição clara, por parte deconstrutor e/ou incorporador, dascargas elétricas a serem oferecidas e,ainda, da possibilidade de utilizar gásem chuveiros. Em seguida, o grandecuidado tem que ser com o aparta-mento-tipo, que irá se repetir muitasvezes. "Tem que ser otimizado para re-duzir circuitos, disjuntores e bitolasdas fiações internas", salienta Desio."Dentro do apartamento, não temmuito como mudar, pois as tomadas epontos de luz têm que estar ali", expli-ca Barboza.

Em seguida, obedecendo a fatoresde demanda dos quadros dos aparta-mentos, é importante dimensionaradequadamente as prumadas. Paratanto, o projetista deve considerar fa-tores de segurança pertinentes. "Coe-ficientes de demanda e segurança ba-seados na realidade de uso implicamdemandas teóricas pertinentes, e oparâmetro mais importante vem daexperiência do projetista", afirmaDesio. Ele conta que, de acordo com aNBR 5410 – Instalações Elétricas deBaixa Tensão, o responsável pela de-manda é o projetista e, para tanto, re-colhe ART (Anotação de Responsabi-lidade Técnica).

Para a prumada em si, as opçõessão os cabos, convencionais, e o barra-mento blindado, ou busways. "Há al-guns anos, o barramento era maisvantajoso, mas hoje tem que se anali-sar cada obra", afirma Barboza em re-ferência ao aumento no preço do

Bloco C

Centro de medição

Centro de mediçãodo bloco A e áreas comuns

Bloco B

Bloco A

7 mRua

33 m

Poste particular

4 cabos* de entradapara 4 circuitosseção de 240 mm²

*Cabos isolados em PVC para tensões nominais até 750 V

15 m 4 cabos* de entrada

para 4 circuitosseção de 150 mm²

Total = 10 t de cobre

4 cabos*de entradapara 4circuitosseção de120 mm²

Centro demedição

Bloco C

Centro de medição

Centro de medição

Centro de mediçãodo bloco A e áreas comuns

Trafo a seco300 kVA

Trafo a seco300 kVA

Trafo a seco500 kVA

Bloco B

Bloco A

10 m

5 m

5 m

Rua

5 m

Poste particular

Cabos* de entrada com 4 circuitosseção de 120 mm²

*Cabos isolados em PVC para tensões nominais até 750 V

Cabos* de entrada com 4 circuitosseção de 120 mm²

Cabos* de entrada com 4 circuitosseção de 150 mm²

Ramal de ligação dos transformadorescom 30 m de cabos de #25 mm²para média tensão (8,7/15 kV)

Total = 5 t de cobre

Entrada em baixa tensão

Entrada em alta tensão

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cobre. Desio afirma que o buswayapresentaria mais vantagens casotodas as concessionárias brasileiraspermitissem seu uso, regulamentan-do o sistema com valores de queda detensão adequados à realidade. Deacordo com esse argumento, o custodo barramento cairia de acordo como crescimento da demanda. "As regrasdas concessionárias para o uso de bar-ramentos, quando permitem, são exa-geradas e tornam a solução conven-cional mais competitiva", explica.

Outro complicador para sua ado-ção é a necessidade de medidores ele-trônicos, que permitam medição re-mota. A Aneel (Agência Nacional deEnergia Elétrica) obriga as concessio-nárias a fornecerem apenas o medi-dor convencional, eletromagnético,onerando as construtoras e desesti-mulando o uso do eletrônico.

O sistema de proteção contra des-cargas atmosféricas já pode contarcom a ferragem da estrutura para asdescidas até o aterramento. Dessa ma-neira, conta Desio, "o sistema é muitomais eficiente, seguro e econômico,

resultado de uma parceria de sucessoentre a ABNT (Associação Brasileirade Normas Técnicas) e o mercado".

Execução simplificada"Na parte de elétrica não é tão sim-

ples industrializar, mas é possível pa-dronizar algumas etapas da execução",afirma Roberto Barboza. O primeirorecurso para simplificar a execuçãonão demanda investimento ou decisãode projeto algum. Trata-se da simplesmarcação, nas fôrmas de laje, dos pon-tos de elétrica. Essas fôrmas devem,apenas, ser colocadas no mesmo lugarno pavimento de cima. Ao fazer isso,reduz-se a mão-de-obra e a chance deerros e aumenta-se a produtividade.

No processo convencional, a cadaconcretagem de laje, é necessário queo técnico de elétrica vá à laje parafazer as marcações dos pontos.Assim, ele leva um dia inteiro pararealizar todas as medições, estando,inclusive, sujeito a erros. Ao adotaresse procedimento, de acordo comBarboza, o prazo para liberação dalaje pelo pessoal de elétrica cai pela

metade. "[O procedimento] não é di-fundido porque exige interação entreconstrutora, instalador e os responsá-veis pela estrutura", explica. Algunsprodutos, disponíveis atualmente nomercado, permitem que as caixinhasde laje sejam pregadas nas fôrmasantes da concretagem

Ainda bastante artesanal, a fixaçãode caixinhas de interruptores e toma-das pode ser agilizada com a adoçãode caixinhas desenvolvidas para insta-lação com serra-copo e fixação compresilhas. Para Barboza, no sistemaconvencional, moldado in loco, nãohá muito onde reduzir custos.No casodo drywall, é possível, antes do fecha-mento,rebitar as caixinhas na estrutu-ra e passar as mangueiras.Para as lajes,o forro falso de drywall proporcionaeconomia com mão-de-obra por eli-minar a necessidade de qualquer mar-cação. No entanto, "como o forro di-minui em 20 cm a altura útil do pavi-mento, e as construtoras preferem ga-nhar esse espaço, compensa gastarmais com elétrica", revela.

Bruno Loturco

Em vez de serra reta, uma serra-copo faz o orifício para acomodação da caixinha. Em seguida, presilhas garantem sua fixação naparede. Por último, uma tampa plástica evita que o interior das caixinhas fique sujo pela argamassa lançada para revestimento

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CAPA

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Estrutura combinadaAo buscar rapidez de execução, economia e redução de cargasnas fundações, estrutura mista de concreto e aço aproveitou bemas melhores propriedades de cada material

Com estrutura mista de concreto e aço para otimização das propriedades de resistência dos materiais e incremento na velocidadede execução, edifício busca, agora, certificação ambiental

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RESUMO

Obra: WT Nações UnidasExecução: WTorre Engenharia eConstruçãoLocalização:Av. das NaçõesUnidas – PinheirosConstrução: dezembro de 2006 a setembro de 2008Área construída: 64 mil m2

Terreno: 9 mil m2

Volume de concreto: 17,5 mil m3

Quantidade de aço utilizada� armaduras: 1.000 t� estrutura metálica: 2.200 tGeradores: dois, com 2.040 kVA de potênciaSubestações: quatro em médiatensão, num total de 6.000 kVAVagas de estacionamento:1.085 (30 no térreo, 1.055 nos subsolos)Pé-direito:� laje a laje: 4,20 m

� piso a forro: 2,70 m� térreo: 6,90 m, com piso e forro; 8,40 m, livreVolume de solo remanejado ematerros e escavações: 100 mil m³Resistência do concreto:� lajes e fundações: 25 MPa� pilares: 45 MPa� núcleo: 35 MPaPavimentos:� Edifício 1: um mezanino e 13 pavimentos-tipo� Edificio 2: um mezanino e 11 pavimentos-tipo� Garagens: quatro subsolos comuns aambos edifíciosÁrea útil de laje:� Edifício 1: 1.200 m²� Edifício 2: 900 m²Elevadores: 17Ar-condicionado: 1.200 TR (toneladasde refrigeração)

Quem costuma passar pela invaria-velmente congestionada Margi-

nal do rio Pinheiros,a avenida das Na-ções Unidas, na zona Oeste da cidadede São Paulo, tem bastante tempopara verificar que o prédio a ser entre-gue no próximo mês pela WTorre En-genharia tem estrutura metálica e fe-chamento em painéis unitizados,compostos com alumínio, vidro e la-minado melamínico, para uso exte-rior, em imitação à madeira. No en-tanto, não vê que os prédios, um com13 e outro com 11 pavimentos-tipo ecom quatro subsolos comuns, de-mandaram árduo trabalho de conten-ção e que se apóiam parte em rocha,parte em alteração de rocha ou siltearenoso, sobre uma enorme sapata defundação com 21 m x 14 m.

Para chegar ao ponto de apoiodas sapatas, a 17 m de profundidadea partir do térreo, paredes-diafragmaatirantadas foram executadas. Nessecaso, a complicação ficou por contada presença de uma rocha no cami-nho da escavação, o que interrompeua evolução da parede-diafragma.Esta, que também serve para apoiodas lajes de subsolo, ficou parcial-mente suspensa. "A contenção foibastante complicada, a parede parouno topo da rocha", explica Ivan Jop-pert, da Infraestrutura Engenharia,engenheiro responsável pelos proje-tos de contenções e fundações doempreendimento. Além disso, aparte superior da rocha apresentava-se fraturada, com risco de ceder le-vando junto a contenção. Por isso, aparede-diafragma conta com esta-cas-raiz em seu interior, que atuamcomo fundações da contenção. Arocha em si foi grampeada e revesti-

Presença de rocha impediu continuidade das contenções e exigiu que paredes-diafragma contassem com estacas-raiz para fundação. Sapata de fundação de umdos edifícios ficou apoiada em bases distintas

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renciais", explica Joppert em referên-cia aos diferentes módulos de elastici-dade entre os substratos. "É maiscomplicado do que quando o apoio éuniforme, num substrato único",conta. Assim, houve acompanhamen-to topográfico para medição dos re-calques em todos os pilares, com re-sultados menores que 1/750, "valoresconsiderados seguros para esse tipode estrutura", afirma Joppert.

O projetista da estrutura do núcleo,o engenheiro Antonio Sérgio Rezende,diretor da Engeserj, contou que o apoionão-uniforme influencia na deforma-ção do topo da estrutura."Exigiu muitainteração dos projetistas", disse. Segun-do ele, as lajes, pilares e o concreto donúcleo, com 30 MPa, são convencio-nais, embora as lajes atuem como dia-fragmas, ligando os pilares ao núcleo.Opartido estrutural influenciou as fun-dações. A estrutura mista descarrega ascargas de vento no núcleo central, emconcreto. Logo, as fundações do núcleoestão sujeitas a esforços de flexocom-pressão. Joppert conta que "são esfor-ços violentos, que mereceram atençãopara que a deflexão estivesse dentro daadmissível"."Com área bastante grandena fachada, os esforços são significati-vos", pontua Rezende. Ele conta, ainda,que para enrijecer estruturas metálicassão necessárias estruturas em "X" entreos vãos, o que traria prejuízos estéticos.

Partido estruturalA WTorre tinha a intenção de

adotar seu tradicional tilt-up paraexecução da estrutura, mas o espaçodo terreno era restrito e "a idéia foiabortada nas primeiras reuniões",explica o arquiteto responsável peloprojeto, Mauro Halluli, do escritó-rio Edo Rocha Espaços Corporati-vos. "Depois, pensou-se em lajesnervuradas, mas a Codeme sugeriua estrutura metálica", complementa.De acordo com Halluli, os princi-pais argumentos foram o risco defalta de mão-de-obra e de cimento.Priorizando uma construção limpae seca, a "estrutura metálica se pres-tou bem a essa função", afirma.Outra vantagem do aço, citada peloprojetista da estrutura metálica,

A parede-diafragma que corta o terreno é interrompida em vários trechos pelapresença da rocha. Acima, as diferentes cotas de escavação do subsolo

Estrutura em aço era suficiente apenas para suportar três pavimentos, suficiente paraque a concretagem de lajes e pilares fosse realizada sem atrapalhar o cronograma demontagem da estrutura em aço

da com concreto projetado para esta-bilização. Nos pontos em que a pare-de não encontrou a rocha, a escava-ção atingiu até 22 m de profundida-de, considerando a ficha.

A Torre 1, mais alta e que fica à es-querda de quem olha a partir da ave-

nida das Nações Unidas, está todaapoiada em rocha, sem grandes com-plicações. A Torre 2, no entanto, maiscomprida do que alta, foi foco de aná-lises. Por estar apoiada parte em solo eparte em rocha, "houve preocupaçãomuito grande com os recalques dife-

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Eduardo Martins, é a redução deaproximadamente 30% nas cargasde fundações, além da redução dealtura de viga e da rapidez executiva.

A velocidade de montagem, aliás,pautou todo o projeto e execução doempreendimento. Uma estrutura mistatem de lidar com velocidades de execu-ção diferentes. Dessa forma, a logísticaexecutiva da obra contava com que onúcleo central, em concreto, caminhas-se à frente do restante da estrutura, emaço.Mais do que isso,previa que até trêspavimentos fossem montados em açoantes que a concretagem dos pilares,que têm alma metálica, fosse realizada.Ou seja,embora conte com a função es-trutural do concreto,a estrutura em açoera autoportante até três pavimentos,tudo para agilizar a execução.

Os núcleos de elevadores e escadasdeveriam evoluir à frente do restanteda estrutura porque são responsáveispela estabilidade e contraventamentodos edifícios a partir do travamentodas vigas. "O núcleo estava sempretrês pavimentos à frente da estruturade metal. Chegou a crescer 1,025 mpor dia", conta Leandro CardosoMarreto, gerente de obras da WTorreEngenharia. "O núcleo norteou ocrescimento da estrutura nas duaslajes, e o uso de concreto foi vantajo-so", afirma Martins. "É uma tendênciamundial aplicar os materiais nos lo-cais certos, respeitando resistências àcompressão e à flexão", avalia.

Antes dos pilares, as lajes, emsteel deck, é que recebiam concreto.Com studbolts, fazia-se o engasta-mento das lajes ao núcleo. "Os pila-res metálicos suportariam a concre-tagem de duas lajes", explica Marre-to ao comentar sobre o traço do con-creto. Em vez das 2,5 t/m³ habituais,o concreto das lajes do WTorre Na-ções Unidas, com agregado leve,pesa 1,9 t/m³. O agregado utilizadofoi a argila expandida, que exigiuatenção durante o bombeamentopara evitar desagregação.

Inicialmente, o cronograma deobra previa a concretagem das lajesandar por andar. No entanto, a execu-ção do núcleo e da estrutura metálicaacelerou mais do que o planejado.

Para reduzir gastos com ar-condicionado, vidros refletem os raios solares queprovocam aquecimento, mas permite maior aproveitamento da luz natural. Vigas comalturas variadas exigiram esquadrias unitizadas para o fechamento

Além de piscininhas e de cobertura verde para retenção de água da chuva,espaços externos receberam piso drenante. Água coletada servirá para alimentaro schiller do ar condicionado

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Como a execução das lajes objetivavaa estabilidade global dos edifícios,para dar continuidade ao bom ritmoalcançado, em determinado momen-to optou-se por concretar lajes de an-dares alternados, incrementando a ri-gidez estrutural. Novamente, pinosmetálicos com cabeça – atuandocomo conectores de cisalhamento –atuaram na consolidação estrutural.Dessa vez, foram fixados à parte supe-rior das vigas que, para efeito de cálcu-lo, em conjunto com as chapas do steeldeck, tiveram sua seção aumentada e oformato transformado de "I" para "T"– considerando a laje como uma dasextremidades da viga.A laje,em si, temespessura de 14,5 cm, nos pontos em

que a onda da chapa de steel deck ébaixa, e 9,5 cm, quando é alta.

Industrialização integradaDas mais significativas influências

da industrialização foram as dimen-sões dos pilares metálicos. Devido aquestões econômicas e de transporte,foram fabricados com 12 m de com-primento. Por isso, também, os pavi-mentos eram montados três a três. Aunião dos pilares, por determinaçãoda Codeme, foi feita com parafusos."Evitamos soldas em obra porque ocontrole é mais difícil. Mesmo que [ospilares] não tivessem revestimentoem concreto, a emenda seria aparafu-sada", afirmou Eduardo Martins.

Para a composição da fachada e daspassarelas que conectam os prédios,foram aplicadas vigas curvas.A resistên-cia à torção necessária foi obtida comuso de perfis-caixa soldados,pois os per-fis "I" não suportam esse tipo de solicita-ção. "Precisa-se usar seção fechada. Nocaso,retangular",explicou o projetista.Afunção inicial das passarelas, que ven-cem vãos de 20 m, seria a de abrigar umjardim comum aos prédios,mas como oempreendimento não se destina a umusuário único, ganharam função arqui-tetônica e de segurança ao incêndio,ser-vindo de rota de fuga no caso de emer-gência.Uma vez que o desenvolvimentodos projetos se deu em conjunto, os sis-temas de tubulação e de ar-condiciona-do já estavam previstos quando da fabri-cação dos perfis. Assim, já contavamcom os recortes necessários.

No térreo, por motivos arquitetô-nicos, todos os pilares têm seção cir-cular. Para a concretagem, foram uti-lizadas cambotas revestidas com zin-co, que propiciaram o acabamentodesejado pela arquitetura. Além disso,"o uso desse sistema reduziu a deman-da por mão-de-obra, que está cadavez mais rara", alertou Marreto.

Se a arquitetura fez exigências,também teve de se adaptar às necessi-dades técnicas. Por economia de aço, aCodeme realizou a verificação dasexigências estruturais de cada viga epilar para o dimensionamento, o queresultou na redução de seção confor-me aumentava a altura do edifício."Para a arquitetura, seria melhor tra-balhar com viga única", conta MauroHalluli. A variação na altura das vigasdeterminou a solução de caixilharia,pois os únicos pontos de apoio esta-vam nos pisos. Dessa maneira, foramutilizados painéis unitizados com4,20 m de altura fixados à estruturametálica, que eram montados nochão e içados com grua para o local deinstalação. O sistema de fixação de-senvolvido conta com metal galvani-zado para resistir ao ambiente agressi-vo devido ao rio à frente do prédio.

Certificação sustentávelO prédio da WTorre almeja a certi-

ficação do GBC (Green Building

Função do concreto que reveste os pilares metálicos é estrutural. Além da alma metá-lica, contam com estribos para manter a seção coesa. Uso do steel deck exige quevigas sejam posicionadas a cada 2,5 m

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FICHA TÉCNICA

proprietária e construtora: WTorreEmpreendimento Imobiliário; projetode arquitetura: Edo Rocha EspaçosCorporativos; projeto de estrutura deconcreto: Engeserj; estrutura metálica:Codeme; projeto de instalaçõeselétricas: Enit; projeto de instalações dear-condicionado: Teknika; projeto deluminotécnica: Focos; instalaçõeselétricas, hidrossanitárias eantiincêndio: Temon; instalações de ar-condicionado: Heating Cooling;consultoria em controle tecnológico dosmateriais: Alphageos; consultoria deimpermeabilização: Proassp;consultoria de revestimentosLimestone: DGG; consultoria emfundações: Infraestrutura; consultoriaem ar-condicionado: Teknika;consultoria em sonorização e acústica:Srenewski; elevadores:ThyssenKrupp; porcelanatos:Portobello; cerâmica: Eliane; forros degesso acartonado e divisórias de gessoacartonado: Placo; impermeabilizantes:Denver; vidros: Pilkington; alumíniocomposto: Alcan Alumínio do Brasil;Alumínio: Alcoa; steel deck: Metform;concreto pronto: Tupi/Polimix;argamassas e rejuntes: Teknokola,Portokoll e Bela Vista; aço: Belgo;perfis de aço para estrutura: Usiminas;luminárias: Philips; ar-condicionado:Carrier; automação: Honeywell;circuito fechado de TV e detecção deincêndio: Itautec; fios e cabos: PhelpesDodge; geradores: Stemac.

Council). Por isso, conta com algunsrecursos para economia de recursos hí-dricos e energéticos.Um deles é o greenroof, ou cobertura vegetal no telhado,que, além de aumentar a inércia térmi-ca e diminuir o efeito de ilha de calor,retarda o escoamento da água dachuva.Em paralelo,a água é retida tam-bém nas piscininhas, obrigatórias pelaPrefeitura, e em lagos artificiais que seformam com a chuva e levam até doisdias para esgotar. Nas áreas externas,sempre que possível, o piso drenantefoi adotado com o mesmo intuito.

A água captada passa por uma es-tação de tratamento e será utilizadanas chamadas torneiras verdes, paralavagem de áreas comuns e rega deplantas, e no schiller do ar-condicio-nado. Há estudos, ainda, para apro-veitar a água captada no lençol freáti-co para a climatização dos ambientes.

O ar-condicionado, por sua vez, éinsuflado pelos pisos elevados dos an-dares. Depois, é retirado pelas lumi-nárias e encaminhado novamente aosdois fan coils com 25 TR (toneladas derefrigeração) cada existentes por pavi-

mento, onde é reciclado e reutilizado.A cada ciclo desses, parte do ar é des-cartada em troca de ar novo, oriundodo exterior.

A fim de permitir o aproveitamen-to máximo da luz natural, os vidrosdas fachadas são menos reflexivos queos convencionais. Para evitar absorçãoexcessiva de calor, no entanto, permi-tem passar a luz,mas não os raios sola-res responsáveis pelo aquecimento."Não faz sentido colocar vidro até ochão, pois em escritórios normalmen-te são colocados móveis que não pre-servam a vista", comenta Halluli.

Bruno Loturco

Com a mudança no conceito de comercialização do empreendimento, passarelas per-deram a função de integração, mas servem à arquitetura e também como rota defuga no caso de incêndio

Veja mais fotos em www.revistatechne.com.br

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CONSTRUÇÃO METÁLICA – PINI 60 ANOS

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Aconstrução com estruturas metá-licas é anterior ao advento do con-

creto armado. Considerada a primeiraobra do mundo com a tecnologia, aponte Ironbridge foi executada emferro no final do século 18 em Coal-brookdale, na Inglaterra. No Brasil, asgrandes obras em estruturas metálicas– como a cobertura da Estação da Luz,em São Paulo, e a ponte Hercílio Luz,em Florianópolis – eram produzidascom peças importadas da Europa. Asituação só começou a mudar na déca-da de 1950, quando a recém-criadaCompanhia Siderúrgica Nacionalmontou sua Fábrica de EstruturasMetálicas, apostando no potencial doproduto no mercado de construçãocivil brasileiro. Somente em 1957 foierguido o primeiro arranha-céu metá-lico com tecnologia (materiais e proje-tos) completamente nacional: o Edifí-cio-Garagem América, no centro dacidade de São Paulo.

Até a década de 1960, o aço maisutilizado nas construções do País era oASTM-A-7, normalizado pela Ameri-can Society for Testing Materials, dosEstados Unidos. Apesar de industriali-zada, a construção metálica na épocaainda demandava um número grandede operários no canteiro. As estruturaseram executadas por processo de rebi-tagem, que demandava equipes nume-rosas – os trabalhos de cravação dos re-bites exigiam de quatro a cinco turmas,cada uma composta por, no mínimo,quatro trabalhadores. A opção pela re-bitagem baseava-se no conceito de que,diferentemente de uma solda malfeita,

Desenvolvimento metálicoConstrução em aço no Brasil foi impulsionada pela criação da Fábrica deEstruturas Metálicas da Companhia Siderúrgica Nacional na década de 1950

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um rebite,mesmo malcravado,poderiasuportar um esforço considerável.

Com o tempo,entretanto,o proces-so de soldagem foi sendo dominado.Isso possibilitou a fabricação de estru-turas mais simples,dispensando canto-

Em que nichos a construção metálicatem maior potencial de crescimentono Brasil?Em todos os nichos: comercial, industrial ehabitacional, inclusive. Neste último, játivemos experiências anteriores, na CDHU(Companhia de DesenvolvimentoHabitacional e Urbano do Estado de SãoPaulo), por exemplo. A Usiminas (UsinasSiderúrgicas de Minas Gerais) e a Cosipa(Companhia Siderúrgica Paulista)desenvolveram estruturas metálicas especiaispara edifícios multipavimentos. A Gerdautambém já havia desenvolvido seu sistemaCasaFácil para casas térreas. Percebemos,também, um interesse crescente deconstrutoras e projetistas pelo Steel Frame. E não só para a estrutura das casas, mastambém para o engradamento dos telhados.Há uma tendência de substituição da madeirapelo aço nessas estruturas.

Rumos do açoPor que as estruturas metálicas parahabitação popular não tiveramsucesso comercial no passado?Para que uma solução do tipo tenhasucesso, deve permitir que a execuçãode toda a obra seja industrializada. Masesses sistemas eram híbridos – trazemuma solução construtiva industrializadapara a estrutura, mas o resto daconstrução acaba sendo convencional. É construção metálica com tijolinho,muito similar ao convencional. O modelocomum de execução de habitaçãopopular é o de construtores executandoa estrutura metálica e o resto sendoproduzido em regime de mutirão, parareduzir custos. Mas não é possível confiarna mão-de-obra, ela não é capacitadapara isso. A minha esperança é que aNorma de Desempenho (para EdificaçõesHabitacionais de até cinco Pavimentos,

Catia Mac Cordgerente-executiva do Centro Brasileirode Construção em Aço

LEIA MAIS

Edificações de Aço no Brasil. LuisAndrade de Mattos Dias. Editora Zigurate.Edifícios de Múltiplos Andares em Aço. Ildony H. Bellei, Fernando O. Pinho e Mauro O. Pinho. Editora PINI.Abstrações Arquitetônicas em Aço.Tarcísio Bahia de Andrade. GSAGráfica e Editora.

rúrgicas iam sendo modernizadas, e osíndices de produtividade e qualidadecresciam. Na década de 1980, o Brasildeixava de ser importador de aço e assu-mia a condição de exportador do pro-duto. Hoje, a maior parte das estruturasmetálicas do País utiliza aço-carbono debaixa-liga ASTM-A-36, a partir do qualsão produzidos os aços ASTM-A-572,de alta resistência mecânica, e os açospatináveis ASTM-A-588.

Renato Faria

Nova NBR 8800

neiras e reduzindo peso e mão-de-obra. O processo automático de solda-gem por arco submerso tornava possí-vel a composição de perfis soldados e aexecução de juntas de grande extensão.

Ao mesmo tempo, as usinas side-

publicada em 2008) melhore a qualidadedessas construções.

A alta do preço do aço nos últimosanos impactou a construçãometálica no Brasil?Pelo contrário, de acordo com os últimosdados disponíveis, o segmento daConstrução Metálica vem crescendo à taxamédia de 9,3% ao ano desde 2000. É maior do que o crescimento do PIB (3,9%)e da Construção (1,7%). O crescimento foiimpulsionado pelo lançamento de novosprodutos pelas siderúrgicas.

Confira as principais mudanças da NBR 8800– Projeto de Estrutura de Aço e de EstruturaMista de Aço e Concreto de Edificações:�Compatibilidade com outras normasbrasileiras, como a NBR 6118: 03 (Projetode Estruturas de Concreto) e a NBR 8681:03 (Ações e Segurança nas Estruturas)�Eliminação de prescrições de execuçãodas estruturas, que serão contempladas emnorma exclusiva�Análise de segunda ordem comconsideração de imperfeições iniciais

Fonte: Ricardo Hallal Fakury, secretário da Comissão de Estudos de Estruturas de Aço da ABNT

�Prescrições para assegurar a integridade estrutural�Novos critérios para determinar esforçosresistentes de estados-limites últimos�Novos parâmetros para verificação dos estados-limites de serviço�Regras completas para o projeto decomponentes mistos (vigas, pilares, lajes e ligações)�Diretrizes básicas para assegurar adurabilidade de elementos de aço frente àcorrosão

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C O N S T R U Ç Ã O M E T Á L I C A – P I N I 6 0 A N O S

54 TÉCHNE 138 | SETEMBRO DE 2008

1901 – É concluída a construção daEstação da Luz, em São Paulo. Estruturasmetálicas da cobertura e das passarelasforam trazidas da Inglaterra.

1946 – Começam a funcionar os alto-fornos da Companhia SiderúrgicaNacional, em Volta Redonda.

1957 – O Edifício Garagem América, noCentro da cidade de São Paulo, é oprimeiro construído no Brasil commateriais e projetos produzidostotalmente no País.

Linha do tempo1958 – O arquiteto norte-americano EeroSaarinen utilizou o aço Cor-Ten no edifícioadministrativo da Deere & Company, emMoline, Estados Unidos. O arquitetoconsiderou que a ferrugem que seformava sobre a estrutura de aço, deixadaaparente, era um revestimento ao mesmotempo aceitável e atraente. A partir deentão, os aços patináveis foram utilizadoscom sucesso em inúmeras obras de arquitetura.

1960 – Edifícios da Esplanada dosMinistérios, projetados por OscarNiemeyer, são construídos com estruturametálica para atender à urgência do prazode entrega. Peças foram importadas dosEstados Unidos.

1961 – O Edifício Avenida Central éconcluído no Rio de Janeiro. As peçasmetálicas do arranha-céu de 35pavimentos foram produzidas pela FEM(Fábrica de Estruturas Metálicas),subsidiária da CSN.

1963 – O edifício que abriga o EscritórioCentral da Companhia SiderúrgicaNacional, em Volta Redonda, foi oprimeiro de múltiplos pavimentos noBrasil a utilizar perfis "I" compostos dechapas de aço soldadas, em substituiçãoàs composições rebitadas de fábrica. A fabricação das estruturas começou emjunho de 1962 e o término da montagemocorreu em fevereiro de 1963, após cincomeses de trabalho.

1970 – O Centro de Exposições doAnhembi, na cidade de São Paulo,construído no final da década de 60, foi oprincipal marco da construção em treliçametálica espacial no Brasil. A estruturaabrange uma área de mais de 60 mil m² eé composta por cerca de 60 mil barrastubulares circulares de alumínio, compeso total de cerca de 360 toneladas.

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1986 – Publicação da norma "NBR 8800– Projeto e Execução de Estruturas de Açode Edifícios".

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1987 – O Edifício Casa do Comércio, emSalvador, conta com 14 pavimentos e 58 mde altura. É composto por duas torres deconcreto armado, unidas por treliçasmetálicas sobrepostas ortogonalmente,formando balanços e compondo a base emque se apóiam vigas e lajes de piso de novepavimentos estruturados em aço. O edifícioabriga a sede da Feceb (Federação doComércio do Estado da Bahia), do Sesc(Serviço Social do Comércio) e do Senac(Serviço Nacional de AprendizagemComercial).

1990 – O Light Steel Framing chegou aoBrasil no início da década, aplicado naconstrução residencial. Dez anos depois,com a tecnologia já estabelecida no País,são publicadas as normas NBR 14762:01 –Dimensionamento de Estruturas de AçoConstituídas por Perfis Formados a Frio eNBR 6355:03 – Perfis Estruturais de AçoFormados a Frio.

1991 – Início do processo deprivatização das siderúrgicas. Dois anosdepois, oito empresas estatais, comcapacidade para produzir 19,5 milhõesde toneladas (70% da produçãonacional), tinham sido privatizadas.

1992 – Inauguração da Estação Largo13 de Maio, do Centro Empresarial doAço e do Instituto Cultural Itaú, todas asobras em São Paulo. Em Curitiba, éentregue a Ópera de Arame.

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libera gases que formarão umaespuma rígida em torno da estrutura,retardando o aumento da temperaturado metal.

1999 – Elaborada e discutida durantecinco anos, a norma "NBR 14.323 –Dimensionamento de Estruturas deAço de Edifícios em Situação deIncêndio – Procedimentos" épublicada no mês de junho.

2004 – O Edifício Taipei 101,construído em estrutura metálica emTaiwan, é inaugurado com 101pavimentos e 509 m de altura – umdos mais altos do mundo.

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1995 – Foi introduzido, no Brasil, o usode tintas intumescentes para proteçãodas estruturas metálicas contra a açãodo fogo. A altas temperaturas, a tinta

2008 – Depois de 22 anos, a NBR8800 é revisada. A mudança de seunome para "Projeto de Estrutura deAço e de Estrutura Mista de Aço eConcreto de Edificações" revela asprincipais mudanças no texto dodocumento. Primeiro, a norma passaa abordar, também, projetos deestruturas mistas. Segundo, deixa decontemplar a execução dasestruturas, que deverá ser tema deuma norma específica.

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MADEIRA

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com essa informação, determina-se aespessura do conector (que varia de1,20 mm a 1,38 mm), sua abrangênciae a direção em que será estampado(horizontal ou verticalmente).

O tipo de madeira selecionadapara a estrutura é outro item essencialna análise. "Qualquer calculista podefazer o dimensionamento, desde quetenha dados laboratoriais com os pa-râmetros de resistência de cada ma-deira, seja pínus, eucalipto, peroba oujatobá", explica Takashi Yojo, pesqui-sador do Laboratório de Madeiras eProdutos Derivados do IPT (Institutode Pesquisas Tecnológicas do Estadode São Paulo).

As especificidades de cálculostambém apontam para as diferentesseções da tesoura, como conexão em

cumeeiras e uniões de banzo comuma ou mais barras internas, porexemplo. Nesse sentido, o ponto críti-co se dá na ligação dos extremos da te-soura (principalmente no caso de te-souras com inclinações pequenas),em virtude da força axial exercida di-retamente nos banzos.

A boa notícia é que o fabricantedas chapas denteadas costuma desen-volver o projeto completo de execuçãodo telhado. O material contempla tes-tes de resistência e esforços exercidos

A lternativa rápida e versátil paraligações e emendas em peças de

madeira, as chapas denteadas nãoapresentam limitações de uso.Podem ser empregadas em fôrmaspara concreto, treliças e demais ele-mentos estruturais. A aplicação maiscomum, no entanto, concentra-se namontagem de tesouras das mais va-riadas geometrias e complexidades.

Em todos os casos, a fixação é ape-nas a etapa derradeira de um processoque se inicia com o dimensionamentodas peças segundo detalhes do projetoe preceitos da norma NBR 7190/97 –Projeto de Estrutura de Madeira.

A demanda por cálculos é consi-derável. Cada ligação requer uma aná-lise prévia que considere, sobretudo, aforça que atua sobre a peça. De acordo

Ligações de peçasde madeiraChapas denteadas não têm limitações de uso, masdevem ser dimensionadas de acordo com as variáveis de aplicação

Tesouras são os elementos mais comunsde aplicação das chapas denteadas. O dimensionamento é determinado pormedidas dos vãos de apoio da estruturae das cargas atuantes

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ainda a possibilidade de desprendi-mento das placas como outro riscode patologia advindo da má aplica-ção dos conectores", finaliza.

Thiago Oliveira

na estrutura, com as devidas especifi-cações dos conectores a serem utiliza-dos. Basta que o construtor forneçadetalhes como as medidas completasdos vãos (inclusive com comprimen-to do beiral), apoios da estrutura (laje,biapoio sobre alvenaria, biapoio sobretreliça de madeira), madeira utilizada(qual espécie, e se serrada ou roliça),tipo de telha (fibrocimento, cerâmica,concreto) e modelo do telhado (duasou quatro águas, por exemplo).

AplicaçãoDe posse do projeto com os di-

mensionamentos, passa-se à etapa deexecução das emendas. As placasdevem ser introduzidas nas duasfaces da peça, em posição idêntica.Recomenda-se o uso de uma prensapneumática, de modo que a inserçãoocorra uniformemente. "Na obra, écomum martelar ou marretar aspeças, o que pode concentrar a forçanum só ponto e comprometer a resis-

tência desse material", alerta Yojo, doIPT. "Uma ligação que deveria supor-tar 1.000 kg vai agüentar 500 kg, ouaté menos, dependendo de como écolocada", complementa, citando

A prensa pneumática é indicada para fixação uniforme das peças epreservação das resistências especificadas em projeto

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INSTALAÇÕES SANITÁRIAS

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Oanel de vedação em vaso sanitáriotem como principal função vedar

a saída da água da bacia e seu contatocom a tubulação do esgoto, de modo aimpedir a passagem do mau cheiro.

O acessório possui um material fle-xível, normalmente anel de PVC oucordão de massa flexível,que se encaixaentre a saída interna com a tubulaçãode esgoto.O produto substitui o uso docimento no assentamento do vaso,prá-tica comum,mas não-recomendável, jáque a diferença térmica entre os doismateriais pode provocar trincas.

O anel possui medida padrão de110 mm de diâmetro e altura de 27mm para se adequar à saída de esgo-to, normalmente de quatro polega-das. Sua instalação é simples, já quenão necessita de ferramentas para aaplicação, e a principal recomenda-ção para o instalador é o cuidadopara não manter contato direto como anel. O material, de propriedadeplástica para fixar-se à louça, nãopode perder sua aderência.

Felipe Benevides

Vedação de vasoInstalação de anel de vedação em vaso sanitário requer cuidado para evitarperda de aderência do material

Mantenha a área do vaso sanitário limpa e seca

Deixe 1 cm de sobra ao redor da entrada do tubo de esgoto para auxiliar o assentamentoe fixação do anel

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Limpe e seque a área de saída de água da louça Retire todos os invólucros de proteção interna que envolvem o anel

Molde e pressione o anel na saída de águado vaso sanitário e depois retire os papéisde proteção externa

Certifique-se de que o anel esteja bemgrudado no vaso. Em seguida, assente ovaso com sua saída centralizada no pontode esgoto

Pressione o vaso contra o piso paraacomodar o anel Fixe o vaso com os parafusos

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Envie artigo para: [email protected] texto não deve ultrapassar o limitede 15 mil caracteres (com espaço).Fotos devem ser encaminhadasseparadamente em JPG.ARTIGO

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I – IntroduçãoImediatamente após o acidente,

ocorrido em 12/01/2007, na EstaçãoPinheiros da Linha 4 do Metrô de SãoPaulo, o CVA (Consórcio Via Amare-la) concentrou seus esforços e recur-sos no restabelecimento da segurançada área escombrada, nas atividadesconjuntas de busca das vítimas fatais,e no atendimento imediato às demaisvítimas. Na seqüência entendeucomo imperativo determinar causasdo acidente. O presente corpo deconsultores foi agregado ao grupo detrabalho interno do CVA dada a suareconhecida experiência nos temasatinentes à obra.

II – Síntese do evento A Estação Pinheiros da Linha 4 do

Metrô de São Paulo era basicamentecomposta por dois túneis (figuras 1 e2), túnel leste (Lado Faria Lima) etúnel oeste (Lado Butantã), separadospelo poço de acesso Capri.

Nos primeiros dias de 2007 os tra-balhos haviam transcorrido normal-mente nas obras. Na sexta-feira 12/01as equipes trabalhavam na implanta-ção de tratamento adicional emchumbadores no rebaixo dos túneis,definidos no dia anterior (figura 3),atendendo rotineiramente às imposi-ções implícitas às medidas de instru-mentação até aquela data.

As causas do acidente daEstação Pinheiros da Linha 4do Metrô de São Paulo

Carlos Eduardo Moreira MaffeiProfessor, doutor, titular do Departamento

de Estruturas e Geotecnia da EscolaPolitécnica da Universidade de São Paulo,

especialista em obras subterrâneas,consultor e diretor da Maffei Engenharia

Luiz Guilherme de Mello Professor, MSc pelo Imperial College,

consultor e diretor da Vecttor Projetos eprofessor-assistente do Departamento de

Estruturas e Geotecnia da EscolaPolitécnica da Universidade de São Paulo

Carlos Manoel NiebleConsultor, MSc, engenheiro consultor emMecânica das Rochas e de Desmontes de

Rochas, da Matra Engenharia, atualprofessor convidado do curso Túneis da

Pece-USP, tendo sido professor naUniversidade de São Paulo e também chefe

de Mecânica das Rochas do Instituto dePesquisas Tecnológicas

Georg Robert SadowskiProfessor, doutor, titular de Geologia

Estrutural do Instituto de Geociências daUniversidade de São Paulo, consultor em

Geologia de Engenharia e GeologiaEstrutural

Jorge TakahashiEngenheiro, especialista em cálculos

estruturais aplicados a obras subterrâneas

Figura 1 – Indicação da estação e dotrecho afetado (interior do círculo)

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Avenida Nações Unidas(pista expressa)

Avenida Nações Unidas

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Estação Butantã

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Túnel deinterligaçãocom a CPTM

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Figura 2 – Vista aérea antes do colapso

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No túnel do lado Butantã, asequipes estavam escavando o rebaixo,em avanços de aproximadamente 2,0m, com detonações conforme pres-crito nos planos de fogo, também emsua rotina.

As perfurações foram concebidaspara serem instaladas em três níveis(figura 3): a 1,0 m de altura do piso detrabalho, a 2,75 m e a 3,75 m. A pri-meira linha não necessitava de equi-pamento de elevação para atingir suaaltura de instalação, tendo sido con-cluída durante a noite. Para a execu-ção das linhas seguintes preparou-seuma detonação menor no centro dotúnel, para execução de uma rampade acesso para colocar o equipamentode elevação.

Às 8h00 da manhã, no sentidoFaria Lima, foi executado o fogomenor necessário para a execução darampa de acesso ao equipamento deelevação, e às 8h22 foi detonado umfogo no rebaixo do túnel lado Butan-tã, ou seja, do outro lado do Poço, amais de 50 m de distância, fora da re-gião acidentada.

Pelo fato do túnel estar completa-mente limpo (figura 5), sem disponi-bilidade de material resultante de des-montes anteriores, a formação darampa de acesso permitira a obtençãodo material para a transição em planoinclinado (figura 4a).

Ainda no período da manhã foifeita uma leitura pelas equipes de ins-trumentação dos túneis. Esses dados,após processamento, não puderam serinterpretados e utilizados no processodecisório, na medida em que o túnel

Furos para tirantesde resina com placas

Primeiro nívelde trabalho

Segundo nívelde trabalho

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Figura 3 – Chumbadores nos rebaixosdo túnel

Figura 4 – Local do fogo da rampa

Poço Capri

Detonaçãoe aterro

Figura 4aEstação PinheirosCorpo da estação sentido Faria LimaRampa para descida de equipamento

Figura 5 – Imagem capturada do vídeoencaminhado pelo Metrô ao IPT. A filmagem foi feita pela equipe defiscalização do Metrô no dia 11/01/2007,no túnel da Estação Pinheiros, portanto, na

véspera do acidente. A seta indicaequipe realizando medidas deinstrumentação interna no túnel (1-túnel de via sentido Faria Lima; 2- calotacom as marcas das cambotas, e 3-parede do 1o rebaixo). Notar que estavapraticamente finalizada a escavação do1o rebaixo do corpo da estação. Notarque o túnel da estação estavapraticamente "limpo", isto é, não haviamáquinas ou outros equipamentosdispostos no interior da escavação,apenas a mangueira da bomba de água

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colapsou antes de sua distribuição paraos técnicos e engenheiros da obra.

Seqüência do colapsoPor volta das 14h05, a equipe de

instrumentação volta ao túnel, parauma nova campanha de leituras e "lápermaneceu por cerca de 20 minutos,aguardando a liberação do local. Du-rante esse período nada de anormalnotou ou visualizou", conforme de-claração de um depoente.

As 14h25, iniciou-se a leitura daprimeira seção, levando cerca de 15minutos para encerrá-la. Quando sepreparava para iniciar a segunda seçãode leitura, percebeu que no topo dian-teiro do túnel haviam surgido trincas efissuras e, em seguida, pediu que o seuoperador de nível deixasse o local, poisestava perigoso.

Deixou o local pela escada, su-bindo os 35 m em dois a três minu-tos. Já na superfície, ao nível da rua,ouviu o primeiro estalo e saiu em de-sabalada carreira pela lateral do can-teiro, como informou o depoente, eem seguida viu tudo desmoronar.Afirma que do momento em quegritou para o colega e o desmorona-mento deva ter transcorrido cerca decinco minutos.

Às 14h30, também esteve presenteao local do acidente a Fiscalização daCMSP, que "constatou que estavamsendo realizados os trabalhos de refor-ço das paredes do túnel, não anotandonenhum aspecto anormal, apesar da

ausência de tirantes na obra para efeti-va realização dessas intervenções".

Interpreta-se que vários sinais apa-receram no túnel, praticamente aomesmo tempo, como citados pelos di-versos depoentes, sem que houvesseocorrido qualquer sinal prévio.A quedade pequenos pedaços de concreto de re-vestimento, seguidos de estalos e surgi-mento de trincas no teto do túnel nolado Abril, caracterizou o início da ins-tabilidade do túnel, sem qualquer evi-dência de um colapso generalizado.

Outra evidência importante é de-clarada por testemunhos presentes nointerior do túnel, que relata que viuno meio do túnel, "um espaço de seis aoito cambotas caídas no chão e emseu lugar ficou na pedra", e segue emseu depoimento dizendo que "não eraum espaço grande, era um espaço pe-queno. Por isso eu achei que não ianem cair o túnel".

Essas declarações caracterizamum desplacamento seguido de caídade blocos localizado do revestimentona zona da parede e do teto junto à pa-rede ao lado do Edifício Abril, deno-minado de "capela", no meio técnicopara o caso de túneis em rocha, e semreflexo na superfície.

A permanência do encarregado nafrente de serviço, juntamente com ou-tros técnicos, dava aos mesmos a auto-confiança de que não estavam diantede um colapso generalizado e sim deuma instabilidade localizada, e na ex-pectativa de que se tratava de um des-

placamento, permaneceram no localainda por alguns minutos. Logo perce-beram o surgimento de outras trincastambém no revestimento do poço, eum minuto depois o túnel e o poçodesmoronaram, dando tempo somen-te para os técnicos e o encarregado cor-rerem pelo túnel para o lado Butantã.

Simultaneamente várias trincasapareceram na superfície, sendo a ruaCapri o epicentro do colapso, sem quehouvesse tempo de seu fechamento. Opessoal que trabalhava na frente Fer-reira de Araujo sentiu o impacto dosopro de ar (äir blast) provocado pelodesabamento, sintoma de um desmo-ronamento extremamente brusco.

Interpreta-se, à luz dos dadoscompilados que, desde o primeirosinal de instabilidade do desplaca-mento, passaram-se apenas cinco mi-nutos até o colapso completo dotúnel. Durante esse período, primeiroocorreu o surgimento de trincas, doisa três minutos depois surgiu o despla-camento, e um a dois minutos depoiso desmoronamento completo dotúnel e do poço.

Através das câmeras de segurançado Edifício Passarelli são observadosmovimentos antes, durante e depoisdo acidente (figura 6).

O desmoronamento súbito atin-giu o poço de acesso da Estação Pi-nheiros (com colapso parcial domesmo), o alinhamento da RuaCapri, e a lateral oposta à Rua Capri,onde se localizava um estacionamen-

Às 14:53:59 – não há sinais de perigo eminente (câmera 1 do Passarelli)Às 14:54:00 – movimento brusco do transeunte mostra o momento da tragédia

Figura 6 – Registro das câmeras do Edifício Passarelli

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� Mergulho oposto das foliações sub-verticais paralelas ao eixo do túnel, ten-dentes a isolar um bloco crítico degrandes dimensões (figura 8) diferente-mente do projeto básico e do projetoexecutivo que previam mergulho da fo-liação condicionante sempre paralelomergulhando somente para um lado.� Corpo tabular mais rígido de peg-matito mergulhando por detrás da pa-rede norte (figuras 8, 9 e 10), cujo con-tato com o maciço predominante éconstituído de extensa camada friávelde biotita de espessura decimétrica.� Presença de alteração argilosa derochas metabásicas com baixíssima

resistência residual e alta expansivida-de do lado Abril (Norte).�Concentrações no maciço de juntastransversais ao eixo do túnel, já de co-nhecimento prévio.� Bloco central de rocha mais resis-tente, menos alterada e, portanto,mais densa, já de conhecimento du-rante as escavações (figura 8).

Embora o modelo geológico àépoca do projeto considerasse a exis-tência de lentes menos resistentes, asmesmas eram descritas como locali-zadas e não contínuas e relativamentedelgadas sendo de praticamente im-possível localização espacial préviapor meio de sondagens.

O corpo de pegmatito se encon-trava ao lado do túnel, inclinado rumoao Edifício Abril (Norte). Apareceudurante as escavações da perícia emcotas mais elevadas mergulhando portrás da parede conforme descia paracotas mais baixas, e, portanto, não pu-dera ser claramente visível durante omapeamento de frente de escavaçãodo túnel. Mostrou-se ainda esconsoem relação ao eixo do túnel de tal sorteque se encontrava com afastamentovariável em relação à lateral do túnel,

Figura 7 – Cicatriz de ruptura do lado da rua Capri

Figura 8 – Modelo geológico das fraturas e foliações identificado após as investigações

Figura 9 – Presença da rochametabásica e de bloco acima daabóbada do túnel

to. Durante o desmoronamento foiconstatada uma tubulação rompida,com fluxo de água e esgoto, e com diâ-metro estrangulado de 1 m para 70cm, e que se localizava ao longo doeixo da Rua Capri, exatamente na re-gião da ruptura (figura 7).

III – Causas do acidenteMMooddeelloo ggeeoollóóggiiccoo vveerriiffiiccaaddoo aappóóss aassiinnvveessttiiggaaççõõeess

A junta de consultores identificouos seguintes condicionantes geológi-cos,relacionados diretamente ao colap-so,alguns somente observados durantee após a conclusão das investigações:

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conforme se dirigia rumo ao PoçoCentral da Estação (figura 10).

PPeerrddaa ddoo aarrqquueeaammeennttooAs atitudes divergentes das folia-

ções, em forma de cunha invertida,não favorecem o arqueamento domaciço (figura 11).

No caso da cunha invertida, parapermitir o arqueamento é necessárioque a resistência ao cisalhamento dasdescontinuidades limitantes da cunhano maciço fosse muito elevada, o quese mostrou incompatível com os pla-nos de fraqueza longitudinais repre-sentados pelas juntas e pelas extensasconcentrações de biotita.

Tal situação se agravou pela pre-sença de uma superfície de fraquezacrítica fora da seção de escavaçãojunto ao contato com o pegmatitoduro, representada por uma camadadecimétrica e praticamente contínua efrágil de biotita-xisto decomposto aargilas e siltes, com baixa resistência aocisalhamento. O elevado contraste derigidez entre o pegmatito e a camadarica em biotita e argilas permitiu que olimite de resistência ao cisalhamentofosse atingido para pequenos desloca-

Iniciado o rebaixo, a comparação derecalques dos tassômetros com os dospinos internos ainda indicava a exis-tência de arqueamento.

A escavação do rebaixo do túnel foiretomada no início de janeiro. Entre osdias 4 e 5/01 o rebaixo do túnel estavasendo executado entre as progressivaskm 7,0+93 e km 7,0+88 (aproximada-mente entre 15 m e 10 m de distânciado Poço Central da Estação), regiãoonde o dique de pegmatito começa a se

Figura 10 – Geologia da estação Pinheiros

(a) – Semnecessidade de

“T” para equilíbrio

(b) – Necessidadede “T” paraequilíbrio

T 0~ T 0>>>

Figura 11 – Comparação entre cunhasde grandes dimensões convergentes edivergentes no teto do túnel

F1Arqueamento

F2Pilar + paredes

F2

F1

Carregamentopotencial

G

Onde:F1 = parcela resistida pelo arqueamento,função da resistência ao cisalhamento dajunta vertical mobilizada pelodeslocamento "de bloco rígido",privilegiado pelos planos de fraqueza ecomprovado pela instrumentação. F2 = soma da capacidade de carga dafundação da parede do rebaixo e do pilarde rocha de espessura "e" confinado pelaparede com curvatura de projeto. Deveráser superior à diferença entre a metade dopeso G e a componente vertical de F1,para não haver colapso.

mentos, tornando esse plano comopreferencial de ruptura e restringindoa transmissão de tensões de cisalha-mento para a lateral do maciço.

Como conseqüência de todo o qua-dro geológico,o necessário arqueamen-to transversal sobre o túnel não ocorreu(figura 12).O equilíbrio do peso do ma-ciço na direção vertical é garantido pelasforças F1 e F2.A força F1 é função da ca-racterística de resistência do maciço aolongo das descontinuidades verticais,do deslocamento,de Ko (confinamentoinicial dos planos verticais) e da feiçãodo bloco tipo "chapéu chinês" que ao sedeslocar reduz a tensão normal na juntasubvertical. Parte da força F2 é respon-sabilidade do "pilar" de rocha e parte éresponsabilidade das paredes, ou seja,do revestimento. Portanto, à maior efi-ciência do arqueamento (maior F1) es-tará associado ao menor carregamentodo revestimento e do "pilar" de rocha.

CCoommppoorrttaammeennttoo ddaa iinnssttrruummeennttaaççããooO comportamento da instrumen-

tação à luz do ocorrido indicava queao ser concluída a escavação da calota,o revestimento do túnel apresentavadeformações coerentes e compatíveis.

Figura 12 – Mecanismo do colapso – esquema básico

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primário) é rígida no sentido longitudi-nal e busca apoio nas seções vizinhas,sentido Faria Lima e sentido Poço Cen-tral, o que sobrecarrega principalmenteas seções mais próximas desse.

Enquanto as leituras dos tassôme-tros indicavam comportamento debloco, ou de uma grande viga, comoindica a figura 13, o maciço colabora-va com o revestimento na redistribui-ção longitudinal, mas nas proximida-des do km 7,0+90 existem concentra-ções de juntas que isolam o maciço,prejudicando essa sua contribuição.

Até a última leitura disponível antesdo acidente, aquela mencionada do dia11/01, a tendência de deslocamentos

afastar do revestimento e onde existemaior concentração de alteração derocha metabásica. Essa maior concen-tração de material alterado passou a re-calcar sob o carregamento transmitidopelas paredes, transferindo tal carrega-mento para o "pilar" de rocha remanes-cente entre o pegmatito ladeado combandas biotíticas e a escavação, de es-pessura "e" como apresentado na figura12. Na impossibilidade de transferir ocarregamento para as laterais, quandodeixa de existir arqueamento (parcelaF1 da figura 4 tendendo a zero), toda areação (F2) passou a ser resistida poresse "pilar" de rocha,o qual exerce forçalateral contra o revestimento apoiadosobre a rocha metabásica alterada, quese desloca para o interior da escavação,provocando as convergências observa-das na instrumentação.

O revestimento do túnel continuarecalcando mesmo sem ser carregado,pois a fundação do "pilar" de rochatambém recalca e se deforma para otúnel, por efeito da presença da meta-básica decomposta. Nessa situação, ospinos de instrumentação das lateraisdo túnel, independentemente de suaaltura, apresentam deslocamentosverticais equivalentes.

Foi possível observar que acréscimona velocidade dos deslocamentos verti-cais ocorre no dia 11/01,com exceção daconvergência, cuja velocidade aumentaa partir do dia 9/01. Isso porque a cascade concreto projetado (revestimento

permanecia, não indicando situação deaceleração acentuada a ponto de sugeriruma movimentação de grandes propor-ções.A fatalidade somente se configurouminutos antes do colapso, quando aequipe de instrumentação realizava lei-turas e interrompeu seus serviços emfunção do início da ruptura franca.

As leituras efetuadas com início natarde do dia 12/01, que apresentam amudança abrupta de comportamentoda instrumentação, foram processadase distribuídas apenas depois do aci-dente, não estando disponíveis para atomada de decisões prévia à ruptura.

MMeeccaanniissmmoo ddoo ccoollaappssooPropriedades geomecânicas dos materiaisbiotíticos e metabásicos

Foram realizados ensaios nas lito-logias biotíticas e metabásicas na con-dição de rocha alterada e solo das esca-vações, nos Laboratórios da Cesp(Companhia Energética de São Pau-lo), e posteriormente na Escola Poli-técnica da Universidade de São Paulo,que mostram o seguinte:a) os materiais ensaiados exibemcomportamento típico de "strain-softening": perdem muita resistênciacom o deslocamento ao se ultrapassaras tensões de pico (figuras 14 e 15);

Figura 13 – Ilustração das superfíciesde deslocamentos da instrumentaçãodos pinos internos e dos tassômetrosentre o Poço Central (seção SC01) e otúnel de via (seção SC04) em função dotempo

Amostra 5 – AnfibolitoCisalhamento – sig = 50 kPaResidual 10PCisalhamento – sig = 200 kPaResidual 10PCisalhamento – sig = 400 kPaResidual 10P – sig = 400 kPa

Tens

ão c

isal

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(kPa

) 400350300250200150100

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al(m

m)

0 1 2 3 4 5 6 7 8Deslocamento horizontal (mm)

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Figura 14 – Ensaios de cisalhamento direto

0 100 200 300 400 500Tensão normal (kPa)

Tens

ão c

isal

hant

e (k

Pa)

500450400350300250200150100500

Amostra 5 – AnfibolitoPicoResidual

Figura 15 – Tensões de pico

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b) a resistência ao cisalhamento domaciço esverdeado (anfibolito) seminundação, exibe coesão de 0,05 MPae ângulo de atrito de 33º, para os en-saios "in natura". Para o material bio-títico as resistências residuais atingemvalores de ângulo de atrito de 20º ecoesão zero; já para o solo esverdeado(anfibolito), esses valores são daordem de 18º, para coesão zero;c) as metabásicas apresentaram ca-racterísticas expansivas. As amos-tras, na condição de rocha alterada,se desintegram quando imersas emágua, e podem desenvolver grandespressões de expansão. A influênciadas características de expansibilida-de da metabásica sobre a ruptura estásendo analisada.

Em resumo, o comportamentogeomecânico do maciço na região daEstação Pinheiros é heterogêneo, ani-sotrópico,descontínuo e com caracte-rísticas de ¨strain softening", com re-sistência residual muito baixa, alémdas características expansivas da me-tabásica (anfibolito).

SSeeqqüüêênncciiaass cciinneemmááttiiccaass ddoo ccoollaappssooCom a perda de arqueamento,

considerando o recalque do revesti-mento e uma espessura "e" do pilar derocha entre 1 m e 2 m, o carregamentototal devido ao bloco crítico de gran-des dimensões equivale a tensões nessepilar de rocha de 200 a 400 tf/m2, o quecorresponde a um empuxo de cerca de250 tf, como mostrado na figura 16.Observe-se que existe um valor de es-pessura de pilar de rocha "e" que é crí-tico, em função das característicasgeométricas e geológicas próprias domaciço e do revestimento.

O pilar de rocha, laminada, sobtensão de 20 kgf/cm2, ainda poderiasuportar, com recalques, caso oconfinamento oferecido pela pare-de do revestimento fosse suficiente.Tal confinamento fica impossibili-tado em vista dos recalques de suafundação no lado Abril, de modoque o equilíbrio local não contacom força normal para equilíbrio.Desse modo, a parede deveria resis-tir por flexão, o que é incompatívelcom sua concepção. Ocorre, ainda,

Fita

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tític

a

RochametabásicaPe

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Superfíciede ruptura

200 tf/m²

Rochametabásica

Pegm

atito

Fita

bio

tític

a

Figura 16 – Empuxo na parede dorebaixo

Figura 17 – Aspecto da superfícieserrilhada de rupturaVista do sentido do poço à direita,parede ao lado da Abril

Figura 18 – Mecanismo esquemático daruptura em rocha "laminada"

que na região encontra-se alteraçãode rocha metabásica, prejudicandoo equilíbrio das forças horizontais,fazendo com que o pé-direito desli-ze na sua fundação.

A superfície de ruptura do pilar derocha verificada em campo é "serri-

lhada", como se observa nas figuras 17e 18, razão pela qual o primeiro movi-mento observado do revestimento du-rante a investigação é de translação erotação em torno do pé da cambota,porque a seção mais crítica, em funçãoda presença da metabásica no piso daescavação, é a seção inferior.

A partir desse momento não existemais apoio para a calota, que ocupa oespaço entre a parede e a rocha, demodo que aparecem momentos fleto-res no revestimento, que irá romper naseção mais crítica em termos de solici-tação e resistência.

Interpreta-se, portanto, que a rup-tura teve início num desplacamentode parte do revestimento descrito nosdepoimentos de testemunhas, entre asprogressivas 7,0+90 e 7,1+01, comouma instabilidade local, seguida da ge-neralização global e repentina emtodo o túnel, desde a parede remanes-cente até o Poço Capri.

Tal movimento,na seção que inicioua ruptura do túnel, é apresentado esque-maticamente nas figuras 18 e 19, quepode ser descrito da seguinte maneira:1 – parede translada e gira em funçãoda falta de resistência do contatoparede-rocha;2 – contato parede-calota do revesti-mento rompe por flexão;3 – parte da calota ocupa o espaço dei-xado pela parede deslocada, rompen-do por flexão.

Esse é o instantâneo do despla-camento observado que foi inter-pretado como "capela", ou seja, ins-tabilidade local em uma extensãoda ordem de oito cambotas, deacordo com depoimentos.

As regiões de concentração de jun-tas transversais em toda a extensão domaciço dificultaram a redistribuiçãolongitudinal do maciço, de modo queapenas o revestimento ficou encarrega-do dessa redistribuição e a estrutura,não projetada para essa função, foi so-brecarregada e rompeu como um todo.Deu-se, então,em curtíssimo espaço detempo a ruptura brusca do maciçocomo um todo, gerando um desloca-mento de ar tamanho que chegou aderrubar trabalhadores no túnel de viasentido Faria Lima.

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IV – Aspectos relacionados aoprojeto executivo

PPrroojjeettoo oorriiggiinnaallO projeto utilizou o conceito do

método NATM, universalmente uti-lizado para a execução de túneis.Nesse método, está implícito o prin-cípio de que o confinamento ofereci-do pelo concreto projetado deve per-mitir que o maciço trabalhe comoparte da estrutura (arqueamento),redistribuindo as tensões verticaisdecorrentes do peso do maciço sobreo túnel para as laterais da escavação.

Assim, o estado da prática do cál-culo de túneis admite que o suporteou revestimento primário seja calcu-lado para as tensões resultantes consi-derando a contribuição do arquea-mento transversal, sem a necessidadede equilibrar o carregamento poten-cial, o qual, no caso, corresponderia atodo o peso do maciço de cobertura eàs sobrecargas à superfície.

Para comprovação do projetoexecutivo elaborado para a EstaçãoPinheiros antes do acidente, foramrealizadas novas simulações numéri-cas, mantendo-se as hipóteses de cál-culo e parâmetros adotadas à época,que reafirmaram a validade dos cál-culos prévios do projeto executivoelaborado e eliminaram as questõessobre a adequação dos modelos e mé-todos de cálculo empregados.

Foram ainda realizados cálculoscom modelos em meio descontínuo,que concluíram que a escavação dacalota e bancada da Estação Pinhei-ros, caso o modelo geológico anteriorao colapso mantivesse as hipótesesoriginais válidas, seria estável.

VVeerriiffiiccaaççããoo ddee ccáállccuulloo ddaass ccoonnddiiççõõeess rreeaaiissddee ccaammppoo ((ppoossiicciioonnaammeennttoo ddaa ggrruuaa eeggeeoommeettrriiaa ddoo rreebbaaiixxoo))

Cálculos que consideraram o efeitodo posicionamento da grua e da so-breescavação do piso do rebaixo con-cluíram que tais condições são poucosignificativas para o equilíbrio do túnel.

A verificação da variação da esta-bilidade da escavação em função dosentido de avanço do primeiro rebai-xo não foi realizada, pois, pelos mode-

los geológicos existentes (tanto ante-rior quanto posterior ao colapso), aestabilidade depende, basicamente,do equilíbrio transversal da seção deescavação, o que reduz sobremaneiraa validade de modelos tridimensio-nais, o sentido de avanço não sendoconsiderado significativo.

VVeerriiffiiccaaççããoo ddee ccáállccuulloo ccoonnssiiddeerraannddoo oonnoovvoo mmooddeelloo ggeeoollóóggiiccoo

Simulações com base no modelogeológico elaborado após o mapea-mento pericial após o colapso,conside-rando blocos críticos isolados pelomergulho oposto das foliações subver-ticais paralelas ao eixo do túnel limita-do transversalmente pelas juntas contí-nuas transversais, e em presença de al-teração argilosa de rochas metabásicasmais as bandas biotíticas nos contatosindicaram que o revestimento não é es-tável para sistemas de suporte conven-cionalmente dimensionados de acordocom as hipóteses comuns ao NATM.

V – Aspectos relacionados à execução

EEssccaavvaaççããoo ddoo rreebbaaiixxooCom a conclusão da retirada do

material escombrado, verificou-se pelomapeamento do fundo da escavaçãoque a cota média de piso era da ordemde 1,20 m abaixo da cota de escavaçãode projeto. Para o caso particular emquestão pode-se cogitar sobre a influên-cia do maciço alterado de metabásica ebiotita no fundo do rebaixo em que aruptura, violenta, teria removido e rela-xado significativamente grande partedo maciço, atingindo cotas abaixo dopiso e que a utilização de equipamentopara remoção do material pode ter re-movido boa parte do maciço entulhadoe relaxado no piso da escavação.

Embora a escavação tenha atingidocotas inferiores, o concreto projetadoexecutado nas paredes escavadas do re-baixo acompanhava sua superfície atéao piso escavado, conferindo confina-mento à face rochosa exposta sendo in-

Figura 19 – Cinemática de ruptura esquemática da seção 5(~ km 7,0+90 a ~ km 7,1+01)

(0) (1)

(2) (3)

(4) (5)

(6) (7)

Lado Abril Lado Passarelli

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significantes as diferenças de solicita-ções com 4 m ou 5,2 m de altura de pri-meiro rebaixo, conforme constatadoem simulações numéricas elaboradas.

A seqüência de avanço adotada pelaobra foi proporcionada pelo plano defogo, recomendada por consultores es-pecialistas à época, e manteve a detona-ção do rebaixo em três etapas, flexibili-

zando a seqüência de execução das deto-nações, mantendo sempre duas ou trêsfrentes livres, usando furos de menordiâmetro e fogo cuidadoso no contorno.Assim, foi possível garantir as cargas porespera a no máximo 2,2 kg e que as ve-locidades de vibração fossem as míni-mas possíveis, inclusive com frentes li-vres para escape dos gases da detonação.

DDeettoonnaaççõõeess ddoo ddiiaa ddoo aacciiddeennttee ee úúllttiimmaaddeettoonnaaççããoo

As detonações da Estação Pinhei-ros foram balizadas de acordo com anormatização técnica vigente daABNT (Associação Brasileira de Nor-mas Técnicas) e aquelas das especifica-ções técnicas do projeto do Metrô ecom efeitos registrados nos boletins de

Figura 20 – Algumas imagens da seção 5 (~ km 7,0+90 a ~ km 7,1+01)

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sismografia. Fatores como vibraçãoproduzida pela detonação ou penetra-ção de gases sob pressão gerados nasdetonações dos explosivos jamais po-deriam ser apontados como fatores dacausa do acidente.

A tênue detonação do segmentonecessário para a rampa de acesso nodia do acidente não só suavizou ageometria da bancada central comoproduziu o material necessário paraconfiguração adequada da rampa dedescida do equipamento.

A segunda detonação da EstaçãoPinheiros ocorrida no dia do aciden-te foi executada no rebaixo do lado dotúnel Butantã, a mais de 50 m de dis-tância do emboque do túnel sentidoFaria lima, onde os trabalhos trans-corriam normalmente e fora da zonacolapsada. Os registros de detonaçãocomprovam sua localização e intensi-dades, ratificadas também pelas tes-temunhas presentes no local.

Portanto, somente uma detonaçãofoi dada no Túnel do lado Faria Lima, enão correspondia à detonação de avan-ço do rebaixo, mas sim para conforma-ção da rampa de entrada do equipa-mento de elevação para execução dosreforços em curso recomendados.

Essas detonações foram monitora-das pela sismografia e mostram valoresde velocidades de vibração muito infe-riores aos limites estabelecidos.

A aludida terceira detonação queteria ocorrido na Estação Pinheiros nodia 12 de janeiro nunca ocorreu. Todoo procedimento adotado para as deto-nações requer envolvimento de enti-dades públicas, o que não se poderiafazer à revelia e sem qualquer registro.

PPeerrffuurraaççããoo ddooss ttiirraanntteessA proporção da área das perfura-

ções realizadas até o acidente em rela-ção à área total da parede do rebaixoremete a 0,030% na lateral Passarelli e0,020% na lateral Abril. Se todas asperfurações definidas tivessem sidoexecutadas, ainda assim a proporçãoseria de 0,12%, relação insignificantepara o equilíbrio global do túnel.Alémdisso, devido ao diâmetro de cada per-furação, a influência de cada umadelas é muito restrita e não teria efeito

sobre a perfuração vizinha, que estavamuito distante da ordem de metros.

VVeelloocciiddaaddee ddee eessccaavvaaççããoo eennttrree ddeezzeemmbbrrooddee 22000066 ee jjaanneeiirroo ddee 22000077

No início de dezembro de 2006 foiiniciado o primeiro rebaixo do túnelda Estação Pinheiros sentido FariaLima e até o recesso de final de ano,du-rante 21 dias corridos, foram escava-dos 13 rebaixos na lateral Passarelli e 12rebaixos na lateral Abril, cada um comextensão aproximada de 2 m. Duranteo mês de janeiro de 2007 foram escava-dos oito rebaixos na lateral Passarelli enove rebaixos na lateral Abril, durantenove dias corridos. Avaliadas as datasdas escavações dos rebaixos, verifica-seque a velocidade de escavação do pri-meiro rebaixo junto às laterais noTúnel Leste é rigorosamente igual emdezembro de 2006 e janeiro de 2007,nunca mais de um rebaixo em cada la-teral por dia, isso porque a escavaçãode rebaixo no mês de dezembro não foirealizada em todos os dias do mês.

VI – ConclusãoForam analisados aspectos de Pro-

jeto e de Execução da obra com a finali-dade de verificar em que medida pode-riam estar relacionados com o acidenteou ter contribuído para sua ocorrência.

Do ponto de vista do projeto foipossível verificar que as hipótesessimplificadoras usualmente adotadasno projeto fazem parte do estado daprática do projeto de túneis.

A adoção de estado plano de defor-mação utilizado é rotineira em túneis,já que o equilíbrio na seção transversalé suficiente para garantir o equilíbriodo carregamento.A condição de maci-ço drenado,em geral,é satisfeita na faseprovisória de túneis em rocha, pelofato do piso ficar exposto e ligado àsjuntas transversais, mais permeáveis.

Do ponto de vista da obra,foram ve-rificadas todas as adaptações executivasimplantadas, listadas a seguir, concluin-do-se que nenhuma delas pode ter con-tribuído para a ocorrência do acidente:�Distribuição das enfilagens.� Posicionamento da grua.� Inversão no sentido da escavaçãodo primeiro rebaixo.

� Cota de escavação do primeiro re-baixo.� Seqüência de avanço nas etapas deescavação do primeiro rebaixo.� Velocidades de escavação em de-zembro/06 e janeiro/07.�Detonações dos dias 11 de janeiro e12 de janeiro.� Execução das perfurações para im-plantação dos tirantes.

À luz do ocorrido e da análise doscondicionantes geológico-geotécnicose geomecânicos que se fizeram notarapós a remoção dos escombros, foipossível reanalisar a instrumentação eidentificar o mecanismo do colapso.

Identificadas as seguintes carac-terísticas do colapso: ruptura bruscada superfície; comportamento domaciço como um "bloco" e a magni-tude dos deslocamentos, concluiu-sepela impossibilidade de se antever aruptura brusca pela análise das leitu-ras de instrumentação.

O colapso se verificou pela conju-gação de fatores que conferiram aomaciço um comportamento geome-cânico localmente singular.

Os mencionados condicionantespodem ser assim resumidos:�Mergulho oposto das foliações em-pinadas e paralelas ao eixo do túnel,tendentes a isolar um bloco crítico degrandes dimensões, limitados pelasjuntas transversais ao túnel.� Corpo mais rígido de pegmatito,cujocontato com o maciço predominante éconstituído de extensa camada friável debiotita de espessura decimétrica.�Presença de alteração argilosa de ro-chas metabásicas,com comportamen-to muito expansivo e com evidênciasde grande queda de resistência apósultrapassar a resistência de pico.�Concentrações no maciço de juntastransversais ao eixo do túnel.� Bloco central de rocha mais resis-tente, menos alterada, e, portanto,mais densa.

Em conseqüência houve falta de ar-queamento e recalque assimétrico dasfundações do revestimento, formando-se então o mecanismo descrito ante-riormente, circunstâncias essas que,reunidas, caracterizam a total imprevi-sibilidade do acidente.

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Infra-estrutura daPaisagem *Juan Luis Mascaró, LuciaMascaró e Ruskin Freitas196 páginasMasquatro EditoraVendas pelo portalwww.lojapini.com.brAo propor uma novaabordagem para a infra-estrutura dos espaços urbanosabertos, o livro salienta aimportância das alternativasao tratamento adicional dapaisagem urbana, reforçandoa busca por uma sintoniaambiental das cidades. Paratanto, afirma que os conceitosde cunho ambiental são oponto de partida para otrabalho paisagístico emcontrapartida ao desenhomeramente estético. Trata dosdiferentes aparelhos eequipamentos urbanos, comoescadas, pavimentos, sistemaviário e estacionamentos,trazendo exemplos desoluções adotadas em locaispúblicos de todo o mundo.

Livros

Projeto e Execução deRevestimento Cerâmico*Edmilson Freitas Campante eLuciana Leone Maciel Baía104 páginasNome da Rosa EditoraVendas pelo portalwww.lojapini.com.brDa coleção Primeiros Passos daQualidade no Canteiro deObras, a publicação é fruto daparceria entre a CaixaEconômica Federal, o CTE(Centro de Tecnologia deEdificações) e a editora. Osautores são engenheiros civiscom experiência em tecnologiade argamassas e abordam osaspectos relacionados aprojeto e execução dosrevestimentos cerâmicos deparedes internas e externas. O intuito é guarnecer o leitorde fundamentos para aobtenção de revestimentoscom desempenhossatisfatórios. Para tanto, trazlogo no primeiro capítulo osconceitos e a caracterização dorevestimento cerâmico. Emseguida, aborda parâmetros eo desenvolvimento do projetode revestimento. A execução étema da terceira parte, seguidade um capítulo dedicado às patologias.

Manual de Tubulações dePolietileno e Polipropileno– Características,Dimensionamento eInstalação *José Roberto B. Danieletto526 páginasEditora Linha AbertaVendas pelo portalwww.lojapini.com.brEssa publicação traz elementosnecessários para especificaçõese controle da qualidade dosprojetos, materiais e instalações. O objetivo do autor é, demaneira prática e objetiva,transpor seus 20 anos deexperiência para esclarecer eajudar técnicos e usuários naaplicação dos tubos compostosdesses materiais. Ele aborda oplástico como um todo, opolietileno e o polipropileno,suas propriedades ecaracterísticas. Concluída aabordagem do material, partepara dimensionamentos,conexões soldáveis, manuseio eestocagem, instalação e reparo.Na última parte, fala sobrefabricação e controle daqualidade e outros materiais,como polietileno reticulado,polibuteno, PVC-U e CPVC, alémde trazer um resumocomparativo entre materiais.

Perícias de Engenharia *168 páginasEditora PINIVendas pelo portalwww.lojapini.com.brDe autoria coletiva, essa obraprocura trazer à tona acompreensão da provapericial, seu uso comoinstrumento de gestão, deconhecimento das fases daperícia, do entendimento doslaudos e da interface dosperitos com advogados,promotores e magistrados.Em suma, todo ofuncionamento dos processosque envolvem o trabalhopericial. O objetivo doorganizador, Flávio Fernandode Figueiredo, é preencher aenorme lacuna existentenesse campo doconhecimento que envolve aengenharia e o direito.Problema sentido por ele, naprática, ao buscar fontes deinformação sobre perícias eavaliações. Por se destinartambém a profissionais deengenharia e arquitetura nãoespecializados em direito, trazcapítulos introdutórios elinguagem acessível aos leigos.

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Tecnologia de FachadasPré-fabricadasFernando Barth e LuizMaccarini Vefago264 páginasEditora LetrasContemporâneasFone: (48) 3028-6244www.letrascontemporaneas.com.brSão sete capítulos que trazem,inicialmente, um breve históricodessas vedações em painéis deconcreto. Em seguida, aspectosrelativos aos painéis em si, comestudos de caso de cada sistemaconstrutivo. Aspectos de projetoe de desempenho térmico,acústico e de resistência ao fogodas fachadas são tema para oscapítulos quarto e quinto. Um capítulo dedica-se aosdetalhes de fixações dos painéise de selantes utilizados. Naúltima parte é abordada adurabilidade e a manutenção dospainéis pré-fabricados quandoexpostos aos principais fatoresambientais. O livro é assinadopor um engenheiro, FernandoBarth, formado pelaUniversidade Federal do RioGrande do Sul, e por umarquiteto, formado pelaUniversidade Federal de Santa Catarina.

Análise Estrutural paraEngenharia Civil eArquitetura – EstruturasIsostáticas *Moacir Kripka184 páginasUPF EditoraVendas pelo portalwww.piniweb.com.brA obra traz os conceitosfundamentais da engenhariaestrutural para guarnecer oleitor – especialmenteestudantes de cursos degraduação de engenharia civile arquitetura – de condiçõespara entender como se dá e doque depende o equilíbrio doscorpos rígidos. Tambémaborda as solicitações a queestão sujeitas e as tipologiasdas estruturas. O autorrestringiu os exemplos eilustrações às obras civis ebuscou a elaboração de ummaterial didático quecorrelacionasse teoria àrealidade. O leitor pode optarpor uma leitura superficial oupode querer aprofundar-se natécnica. Para tanto, estãoindicados com asteriscos ositens considerados nãoessenciais para a compreensãoglobal dos temas.

Resistência dos Materiais– Para Entender e GostarManoel Henrique CamposBotelho248 páginasEditora Edgard BlücherFone: (11) 3078-5366www.blucher.com.brO livro aborda a resistênciados materiais enquantodisciplina fundamental aoensino da engenharia e daarquitetura. Do mesmo autorde publicações como"Concreto armado – Eu teamo" e "InstalaçõesHidráulicas Prediais", apublicação traz exemplos deresistência de elementos,como o comportamento depilares e colunas deedificações frente a tensões decompressão. Ou, ainda, comocabos de sustentação resistema esforços de estiramento.Também aborda a ocorrênciade cortes (cisalhamento) e aresultante de flexões, dentreoutros esforços estruturais. O autor, como ocorre emoutros de seus livros, procuraapresentar o conteúdo deforma simples e prática, semprejuízo do rigor conceitual.

Nema BrasilFone: (11) 3817-5941www.nemabrasil.org.brA estrutura e o conteúdo donovo site da AssociaçãoNacional de Fabricantes deProdutos Elétricos foramdesenvolvidos para que oportal seja, de fato, uma fontede consulta profissional, e nãoapenas uma meraapresentação da entidade edos serviços oferecidos aosassociados e à comunidadeem geral. O link para a "Salade imprensa" traz notíciasatuais dos associados e daprópria associação. Na colunaà esquerda, o link "Eventos" dáacesso à agenda dosacontecimentos maisimportantes do setor até ofinal do ano. O campo"Normas técnicas" leva àferramenta de buscas denormas técnicasinternacionais.

Sites

* Vendas PINIFone: 4001-6400 (nasprincipais cidades) ou 0800-5966400 (nas demaiscidades) www.lojapini.com.br

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Seminários e conferências

21/10/2008Tecnologia de Edificações paraObras RentáveisSão PauloDiscutir e auxiliar os profissionais deengenharia civil, construção e arquiteturaa desenvolver soluções técnicasinovadoras de projeto e execução paraagilizar e rentabilizar empreendimentos.Esse é objetivo do seminário, promovidopela PINI, que será realizado no âmbito doConstrutech 2008. Cases de projetistas,construtoras e incorporadoras e soluçõesindustrializadas para eliminação degargalos de materiais e mão-de-obraconstam entre os principais temas a seremabordados pelos palestrantes. Fone: 4001-6400 (regiõesmetropolitanas) ou 0800-5966400(demais regiões)www.piniweb.com/Construtech/

22/10/2008Engenharia de Custos no Boom ImobiliárioSão PauloComo desenvolver diferenciaiscompetitivos para construtoras eincorporadoras em um momento decrescimento do setor. Esse é o objetivoprincipal do seminário, promovido pelaPINI, que será realizado no âmbito doConstrutech 2008. Análise da qualidadedo investimento em empreendimentosimobiliários, perspectivas de evoluçãodos custos de materiais e mão-de-obra,metodologias e técnicas para estimativasorçamentárias, orçamentos de obras eestudos de casos constam entre osprincipais temas a serem abordadospelos palestrantes. Fone: 4001-6400 (regiõesmetropolitanas) ou 0800-5966400(demais regiões)www.piniweb.com/Construtech/

23/10/2008Arquitetura e Soluções Estruturais –Desafios de Forma e Técnica paraArquitetos e Engenheiros de EstruturasSão PauloO objetivo do evento, promovido pela PINIno âmbito do Construtech 2008, é discutir arelação indissociável entre arquitetura eestrutura, forma e material, arte e ciência.Pretende desmistificar o aparentedesinteresse de alguns arquitetos pelaengenharia e a questionável descrença dosarquitetos na engenharia. Vai apresentarprojetos e obras nos quais o bem-sucedidoencontro foi capaz de tornar imperceptíveisas barreiras que costumam separar taiscampos do conhecimento. Abordará temascomo a nova plataforma BIM (BuildingInformation Modeling) e a relação daarquitetura e da engenharia estrutural naobra de Oscar Niemeyer. O fórum contarácom a presença do arquiteto chilenoSebastian Irarrazaval.Fone: 4001-6400 (regiõesmetropolitanas) ou 0800-5966400(demais regiões)www.piniweb.com/Construtech/

23/10/2008Fórum Nacional de Compras eSuprimentos na Construção CivilSão PauloEm tempos de altas de preços e eventualdesabastecimento de alguns insumos eequipamentos, o desafio de comprar econtratar, equilibrando custo, prazo equalidade, torna-se ainda maior.Ferramentas eletrônicas para especificaçãoe compras na construção civil, qualificaçãoe relacionamento com fornecedores demateriais e serviços e cases de grandesempresas, como Cyrela e Método, farãoparte do evento promovido pela PINIdurante o Construtech 2008. Fone: 4001-6400 (regiões metropolitanas) ou0800-596 6400 (demais regiões)www.piniweb.com/Construtech/

22 a 24/10/200880o EnicSão LuísO Enic (Encontro Nacional da Indústria daConstrução) debaterá as perspectivas e osdesafios do crescimento do setor nospróximos anos. O evento atrairá diversosprofissionais da construção e as inscriçõesjá podem ser realizadas no site do evento.Fone: (62) 3214-1005www.qeeventos.com.br

29/10/08 a 1o/11/0814o Congresso Brasileiro deEngenheiros CivisBlumenau (SC)O evento tem por objetivo reunir, proverfóruns de debates e a interação entreprofessores, pesquisadores, alunos,empresários e profissionais da área deEngenharia Civil. O encontro tem comotema "As Inovações Tecnológicas e oDesenvolvimento Sustentável". Fone: (047) [email protected]/cbenc

2 a 6/12/2008WEC 2008 – World Engineers'ConventionBrasíliaA terceira edição do Congresso Mundial deEngenheiros será realizada pela primeiravez no continente americano, com oobjetivo de reunir engenheiros eestudantes do mundo todo para debates,fóruns, palestras, visitas técnicas eatividades culturais. www.wec2008.org.br

Feiras e Exposições1o a 3/10/2008Metalcon 2008Baltimore, EUAA feira apresenta as novidades dosequipamentos e produtos fabricados em

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metal para a construção civil, comotelhas, paredes, assoalhos e aplicaçõesarquitetônicas. Além disso, serãoapresentadas soluções e treinamentospara aplicação de metais em projetos deconstrução. [email protected]

15 a 18/10/2008Expocon 2008CuritibaA exposição reunirá fornecedores daConstrução Civil dos Estados do Paraná eSanta Catarina para apresentar as últimasnovidades de produtos e de tecnologiaspara o setor. Fone: (41) 3075-1100www.diretriz.com.br

15 a 18/10/2008Saie 2008 – Salão Internacional daIndústria da ConstruçãoBologna, ItáliaHá mais de 40 anos a feira reúneprofissionais da construção para discutirprojetos, materiais, tecnologias e sistemaspara o setor. Neste ano, a Saie teráespaços dedicados exclusivamente para osfabricantes de argila, para a tecnologiapré-fabricada, sistemas da tecnologia dainformação, energia, estruturas e para oscomponentes de [email protected]

21 a 23/10/2008Construtech 2008 – Fórum PINI deTecnologias & Negócios da ConstruçãoSão PauloO encontro internacional dosprofissionais da indústria da construçãoalia um ciclo de palestras e uma área deexposição com os mais avançadossistemas e tecnologias desenvolvidospara o setor. Nesse momento decrescimento, as empresas e profissionaisdevem buscar cada vez maisprodutividade e expertise para sediferenciarem em um mercado degrande competitividade. Tudo issolevando em conta novas e importantespreocupações, tais como asustentabilidade, o respeito ao meioambiente e a responsabilidade social. Ostemas escolhidos para as palestras e asempresas expositoras do Construtech

2008 refletem tal realidade e os desafiosatuais do construbusiness.Fone: 4001-6400 (regiões metropolitanas)ou 0800-5966400 (demais regiões)www.piniweb.com/Construtech/

25 a 28/11/2008Bauma China 2008 ShangaiUma das maiores plataformas da indústriado mundo vai ser aberta pela quarta vezpara a visitação de especialistas emmateriais, equipamentos, veículos emáquinas de construção.www.bauma-china.com

Cursos e treinamentos12 e 13/9/2008Projeto Estrutural de Edifícios deAlvenariaSão PauloO curso tem como objetivo mostrar osfundamentos do projeto estrutural de obrasverticais e horizontais em alvenaria. Édividido em três partes. Na primeira,conceitos básicos, visão geral do sistemaconstrutivo, modulação e concepçãoestrutural; na segunda, temas comocarregamentos verticais e ações horizontais,análise estrutural de edifícios de alvenariaestrutural e parâmetros dedimensionamento; por fim, odimensionamento de elementos dealvenaria estrutural e exemplos de aplicaçãoem um edifício.Fone: (11) [email protected]

10 e 11/11/2008Alvenaria Estrutural com Blocos deConcretoPorto AlegreDividido em dois módulos, o curso vaiexplicar como criar um projeto para umaobra de alvenaria, levando em consideraçãoitens como materiais necessários,tecnologias empregadas e formação daequipe ideal. Também vai discutir temasrelacionados à execução da alvenariaestrutural com blocos de concreto, comomarcação e elevação da alvenaria, entre outros Fone: (51) 3021-3440www.sinduscon-rs.com.br

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COMO CONSTRUIR

BubbleDeck é um sistema cons-trutivo formado por esferas plás-

ticas contidas entre uma pré-laje deconcreto e uma tela soldada armadasuperior. As esferas (bubles) intro-duzidas na intersecção das armadu-ras "ocupam" o lugar do concretoque não desempenharia função es-trutural. Assim, pode-se reduzir ematé 35% o peso próprio da laje, vindoa proporcionar economia no dimen-sionamento estrutural em funçãodas cargas menores sobre as funda-ções. O sistema permite ao engenhei-ro projetar vãos maiores com menorconsumo de materiais (concreto efôrmas) sem grandes impedimentostécnicos (foto 1).

O sistema BubbleDeck é compos-to basicamente por:�malha de aço superior;� esfera de plástico reciclado;� malha de aço inferior incorporada(eventualmente numa pré-laje com 6cm de espessura).

A combinação das esferas plásti-cas nas lajes tipo cogumelo permite oaumento dos vãos nas duas direções –a laje é conectada diretamente às colu-

Augusto Freire, engenheiro civil,diretor técnico da BubbleDeck [email protected]

Laje de concreto comesferas plásticas

Tabela 1 – SISTEMA BUBBLEDECKTipo Espessura Diâmetro

da laje das esferas Vão Carga Concreto(mm) (mm) (m) (kgf/m²) (m³/m²)

BD230 230 180 7 a 10 370 0,15BD280 280 225 8 a 12 460 0,19BD340 340 270 9 a 14 550 0,23BD390 390 315 10 a 16 640 0,25BD450 450 360 11 a 18 730 0,31

Foto 1 – Subsolo com lajes executadascom BubbleDeck

nas através de concreto "in situ" semnenhuma viga, acarretando em:� liberdade nos projetos: layouts fle-xíveis que facilmente se adaptam a de-senhos curvos e detalhes irregulares;�redução do peso próprio:35% menor,permitindo redução nas fundações;� aumento dos intereixos das colu-

nas: até 50% a mais do que as estrutu-ras tradicionais;� eliminação de vigas: execução maisbarata e rápida de alvenarias e instala-ções;� redução do volume de concreto: 1kg do plástico reciclável das esferassubstitui 100 kg de concreto.

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Na Dinamarca e Holanda, nos úl-timos sete anos, mais de um milhãode metros quadrados de lajes Bubble-Deck já foram construídos em dife-rentes tipos de construções com múl-tiplos pavimentos.

Os diferentes tipos de esferassão especificados de acordo com osrequisitos dos projetos, tais comoos carregamentos e vãos entre colu-nas. A tabela 1 define característicasgerais, quantitativos básicos e ta-manhos de vão que podem ser al-cançados com o emprego do siste-ma BubbleDeck.

Tipos de lajesPPrréé--llaajjeess

Uma camada de 6 cm de espessu-ra é concretada fixando o móduloBubbleDeck composto pelas armadu-ras superior e inferior e as esferas plás-ticas. Os elementos são posicionadossobre escoramentos provisórios, asarmaduras adicionais são posiciona-das e a segunda etapa de concretagem

é executada. É o tipo mais comum delaje BubleDeck e necessita de umguindaste móvel para o posiciona-mento dos elementos pré-moldadosdevido ao seu peso.

MMóódduullooss BBuubbbblleeDDeecckkAs esferas são posicionadas em

gaiolas metálicas formando módulosque são posicionados sobre fôrmasconvencionais de madeira, armadurasadicionais são inseridas e a concreta-gem é executada em dois estágios. Essetipo de laje é ideal para pisos térreos,obras de reforma ou em casos de aces-so complicado, pois os módulos Bub-bleDeck podem ser transportados eposicionados manualmente.

PPaaiinnééiiss aaccaabbaaddoossAs lajes prontas concretadas são

entregues no local da construção res-tando fazer apenas o içamento e o po-

sicionamento. O painel pronto é apli-cável para apoios em uma só direção enecessita da inclusão de vigas suporteou paredes (foto 3).

ProjetoDiretrizes básicas para o projeto de lajes BubbleDeck

As lajes do tipo BubbleDeck bia-xiais são dimensionadas utilizando-se os métodos convencionais paralajes maciças, de acordo com a normaNBR 6118:03 – Projeto de Estruturasde Concreto Armado. A redução dacarga intrínseca é levada em conta,resultando em vantagens nas verifica-ções estáticas.

As partes maciças da laje são defi-nidas a partir da capacidade de supor-te de carga cortante sem a utilizaçãode armadura para resistir aos esforçoscisalhantes.

As esferas ocas são primeiro com-binadas com malhas superiores e in-feriores de armadura nas fábricaspara formar as pré-lajes BubbleDecks.

As dimensões das esferas e o espa-çamento entre elas são variáveis.A fle-xibilidade resultante desse métodogarante aos módulos uma adaptaçãofácil para qualquer tipo de piso, e alaje pode acomodar tubos e partes deinstalações. Além disso, podem ser in-cluídas aberturas, mesmo que após aconclusão da laje.

Foto 2 – Módulo BubbleDeck Foto 3 – Painéis acabados

Foto 4 – Escoramento de vigas Foto 5 – Colocação de painéis Foto 6 – Reforço nas juntas

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C O M O C O N S T R U I R

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� Remoção do escoramento confor-me especificação técnica� Acabamentos – nenhum trabalhoadicional é necessário a menos que sedeseje outro tipo de acabamento dife-rente do concreto aparente

O sistema BubbleDeck possui seloverde devido a uma série de caracterís-ticas como: as esferas são produzidascom material reciclável; redução dovolume de concreto e uso reduzido defôrmas de madeira.

A cada metro quadrado construí-do de laje BubbleDeck (para uma lajede 23 cm) são retirados 1 kg de plásti-co do meio ambiente.

Os vazios obtidos com as esferasusadas no interior da laje tambémcontribuem para um melhor desem-penho acústico.

Em caso de incêndio as esferas car-bonizam sem emitir gases tóxicos. De-pendendo da cobertura a resistênciaao fogo pode variar de 60 a 180 minu-tos (verificações realizadas de acordocom a ISO 834).

Redução substancial de materiais etransportes

Para um milhão de metros quadra-dos fabricados com a laje maciça háuma economia de 24,4 mil m3 de con-creto com a tecnologia BubbleDeck.

Projetos realizados City Hall and Offices, Glostrup,

Denmark: lajes BD280 (280 mm de es-pessura). Arquitetura: Dissing & Wei-tling A/S. Engenheiro: Leif Hansenc

Primeira construção da Dinamar-ca com a tecnologia BubbleDeck, es-trutura desenhada pela empresa Dis-sing & Weitling.

Moradia Le Coie, Jersey (GRB)(foto 9)

A maior estrutura BubbleDeck jáconstruída na Grã-Bretanha foi exe-cutada em seis semanas. A estruturacontém 7.800 m² de lajes BubbleDeckcom colunas de concreto com alturaentre três e seis andares. Mais de 400mil libras esterlinas foram economi-zadas, resultando numa redução de3% do custo total do projeto. A con-tratada também verificou benefíciosdurante a fase de construção, comomaior rapidez em erguer paredes in-ternas e externas, além de uma insta-lação mais fácil.

Millennium Tower, Rotterdam,Netherlands (foto 10)

Originalmente projetada com lajestubadas, percebeu-se uma economiade tempo e dinheiro consideráveis nautilização das lajes BubbleDeck. Ado-tar BubbleDeck significou tambémuma redução no pé-direito devido ànão utilização de vigas, diminuindo aaltura geral da construção. Outra con-sideração foi a falta de espaço de arma-zenamento no local da obra, pois se si-tuava em vias arteriais e rodovias. Ospisos foram erguidos, em média, nametade do tempo – quatro dias em vezde oito dias – que levaria se fosse cons-truída com as lajes originais. Na meta-de da construção, foi decidida a adiçãode dois andares em relação ao projetoinicial, o que só foi possível pela redu-ção de altura da construção dada pelouso das lajes BubbleDeck.

ExecuçãoEtapas construtivas para o em-

prego do painel BubbleDeck�Escoramento provisório – vigas pa-ralelas espaçadas de 1,8 m a 2,5 m sãoposicionadas (foto 4)� Colocação dos painéis BubbleDeck– elementos pré-moldados posicio-nados com o emprego de equipamen-tos mecânicos (foto 5)� Reforços nas juntas – armadura deligação entre as peças pré-moldadas earmadura de ligação entre as malhassuperiores (foto 6)� Capitéis – armadura adicional su-perior na região dos pilares e eventualarmadura de reforço (foto 7)� Reforço periférico – colocação dearmadura no perímetro da laje,caso necessário� Preparação – selagem de juntas,limpeza e saturação com água do mó-dulo pré-moldado� Concretagem – lançamento, aden-samento do concreto de segundo es-tágio (foto 8)

Foto 7 – Armadura adicional Foto 8 – Concretagem

Foto 9 – Moradia Le Coie Foto 10 – Millennium Tower

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