4 resultados e discussão - dbd puc rio · a composição e porcentagem podem variar em função de...
TRANSCRIPT
4 Resultados e discussão
4.1 Caracterização das amostras de gesso natural e gesso FGD
4.1.1 Granulometria Laser
Os resultados da análise granulométrica da amostra de gesso FGD são
mostrados na Figura 5 (curva acumulativa), e na Figura 6 (curva de distribuição
normal do tipo Gauss), onde as dimensões das partículas são representadas em
escala logarítmica.
Figura 1 – Porcentagem acumulativa das partículas do gesso FGD.
Na curva da Figura 5 observam-se as porcentagens acumulativas do volume
das partículas do gesso FGD em função de seu diâmetro. Foram determinados os
60 Resultados e Discussão
diâmetros máximos para as porcentagens acumulativas de 90%, 50% e 10% do
volume total analisado da amostra. Os resultados são mostrados na Tabela 9.
Tabela 1 – Porcentagens dos diâmetros encontrados na amostra gesso FGD
Amostra D10(µm) D50(µm) D90(µm)
Gesso FGD 1,8 7,4 16,8
Os resultados indicam partículas muito finas contidas no gesso FGD, na
medida em que o 90% do volume total do material possuem diâmetros menores a
16,8 µm, 50% do volume diâmetros menores que 7,4 µm e 10% diâmetro menor
que 1,8 µm.
A distribuição granulométrica do gesso FGD também é observada na curva
da Figura 6.
Figura 2 – Distribuição normal tipo Gauss da amostra gesso FGD.
Nesta figura pode ser observado que existe certa simetria em relação às
partículas de tamanho com maior frequência, em torno de 8µm e uma larga
distribuição se estendendo de um mínimo de 0,3µm a um máximo de 500µm.
Observam-se também picos de frequência para partículas um pouco acima de 1µm
e 50µm e na faixa entre 200 e 300 µm.
61 Resultados e Discussão
4.1.2 Fluorescência de Raios-X
A análise química por fluorescência de Raios-X da amostra de gesso FGD é
mostrada na Tabela 10. A composição e porcentagem podem variar em função de
sua origem. Para efeito de comparação, nesta tabela também estão apresentados os
dados de composição química de gessos FGD de outros países.
Tabela 2 – Composição química do resíduo gesso FGD
Componente
Químico %Peso
Gesso FGD
China(1)
Grécia(2)
Turquia(3)
CaO 45,9 31,84 33,40 31,91
SiO2 1,20 1,85 0,65 2,03
Al2O3 0,10 0,24 0,273** 0,52
Fe2O3 0,30 0,12 - 0,21
MgO 0,13 0,05 0,10 0,42
SO3 48,0 43,79 43,41 43,13
P2O5 0,20 NR NR NR
K2O 0,14 0,06 NR NR
ZnO 0,09 NR NR NR
SrO 0,20 NR NR NR
LOI* 3,80 20,22 NR 20,88
*LOI (Loss on Ignition – Perda por ignição)
**Fe2O3+Al2O3
NR: Nenhum relatório.
(1) [50]
(2) [39]
(3) [14]
A amostra de gesso FGD apresenta similaridade de composição química em
relação a os resíduos obtidos em países como China, Grécia e Turquia.
O gesso FGD é composto basicamente de sulfato de cálcio, além de outros
componentes em menor proporção. Antes de afirmar que esses componentes estão
acima do limite aceitável, deve-se avaliar, sobretudo, sua aplicação como resíduo.
Os traços de metais pesados e outros compostos tóxicos são analisados no extrato
lixiviado e solubilizado das amostras.
62 Resultados e Discussão
Os elementos identificados na fluorescência de Raios-X foram basicamente os
mesmos. O conteúdo de ferro (Fe2O3) presente na amostra analisada, embora
maior em comparação às mostradas na literatura, é baixa para interferir na
qualidade final dos cimentos. Os compostos de menor concentração no gesso
FGD apresentam pequenas diferenças porcentuais com respeito aos reportados na
literatura. O gesso FGD avaliado apresenta maior porcentagem de cálcio e enxofre
em comparação aos gessos FGD apresentados da literatura, e menor porcentagem
de compostos que se perdem por ignição, como carbono, hidrogênio e oxigênio.
Tabela 3 – Composição química do gesso natural
Componente
químico %
CaO 33,17
SiO2 1,34
Al2O3 1,06
Fe2O3 0,56
MgO 0,32
SO3 43,53
Na2O 0,04
K2O 0,08
PF* 19,85
RI** 1,35
CO2 1,78
Na Tabela 11 apresenta-se a composição química do gesso natural, observa-
se porcentagens de enxofre e cálcio mais próximos aos encontrados nos gessos
FGD da literatura, da mesma forma o contido de elementos que se perdem por
ignição são mais altos que o contido na amostra de gesso FGD e com
porcentagem similar aos encontrados nos gessos FGD da literatura.
4.1.3 Difração de Raios-X
A técnica de difração de Raios-X foi utilizada com a finalidade de identificar a
presença das diferentes fases do sulfato de cálcio na amostra gesso FGD, assim
como outros compostos presentes.
63 Resultados e Discussão
A Figura 7 mostra o ajuste do espectro de difração de Raios-X das fases
cristalinas na amostra do gesso natural. Este ajuste baseia no diagnóstico de seus
picos de maior intensidade que estão sobrepostos aos picos apresentados pelo
sulfato de cálcio di-hidratado. Na difração de raios-X foi identificada uma única
impureza, embora em pequena quantidade, a anidrita.
Figura 3 – Ajuste do espectro de difração de Raios-X do gesso natural.
Observaram-se diferenças estruturais entre o gesso natural e a amostra do
gesso FGD, conforme pode ser observado nos difratogramas das Figuras 8 e 9. Na
Figura 8 é apresentado o difratograma obtido para o resíduo gesso FGD e na
Figura 9 são apresentados os difratogramas do gesso natural e o gesso FGD
sobrepostos.
2Th Degrees8580757065605550454035302520
Counts
11,000
10,000
9,000
8,000
7,000
6,000
5,000
4,000
3,000
2,000
1,000
0
G
G
G
G
G G
A
G: CaSO4.2H2O
A: CaSO4
64 Resultados e Discussão
Figura 4 – Espectro de difração de Raios-X do gesso FGD
Figura 5 – Espectros de difração de Raios-X do gesso natural/gesso FGD.
Os padrões do gesso naturais são bastante similares entre si, qualquer que
seja a fonte deste mineral. Entretanto o padrão do gesso FGD é bastante diferente
daquele das gipsitas estudadas. As intensidades dos picos na amostra do resíduo
são muito menores. A presença de impurezas e outros compostos foram avaliados
com o auxilio dos softwares.
65 Resultados e Discussão
Na Figura 10 observa-se o ajuste semi-quantitativo do espectro de difração
de Raios-X do gesso FGD utilizando o método de Rietveld.
Figura 6 – Ajuste do espectro de Raios-X do gesso FGD.
Nesta figura é possível observar que existe uma diferença entre o espectro
capturado a partir do material, em azul, e o valor calculado em função da base de
dados de estruturas cristalinas conhecidas, em vermelho. Esta diferença indica que
existem possivelmente fases não ajustadas. Os constituintes minerais majoritários
encontrados no resíduo gesso FGD foram, bassanita (CaSO4.0,6H2O) e
hannebachite (CaSO3.0,5H2O) totalizando cerca de 60%; em menor concentração
se encontraram sulfatos, carbonatos, fosfatos e silicatos de cálcio, alumínio,
magnésio e estrôncio. Note-se também a presença de anidrita em menor
quantidade.
4.1.4 Microscopia Eletrônica de Varredura
Pelas análises de MEV/EDS observou-se a morfologia dos grãos das amostras
de gesso natural e gesso FGD.
O gesso natural pertence ao sistema monoclínico-prismático,
preferivelmente forma cristalização tabular no paralelogramo e direção hexagonal,
GESSO FGD
2Th Degrees8580757065605550454035302520
Counts
1,800
1,600
1,400
1,200
1,000
800
600
400
200
0
-200
-400
-600
-800
Anhydrite-2 3.86 %
Hannebachite 26.04 %
Bassanite 38.97 %
Sillimanite 2.17 %
Calcite 2.99 %
66 Resultados e Discussão
enquanto que a bassanita (CaSO4.0,5H2O) é ortorrômbica. As imagens do MEV
apresentadas na Figura 11, com diferentes aumentos, mostram partículas tabulares
sobrepostas do gesso (CaSO4.2H2O) e outras partículas irregulares sem forma
geométrica definida e de tamanho variado.
Figura 7 – Fotomicrografias (MEV) das partículas do gesso natural dispersa 1% em
álcool.
Com base na análise elementar por EDS das partículas do gesso natural para
uma região global, mostrada na Figura 12, a porcentagem atómica revela maior
conteúdo de enxofre, cálcio e oxigênio, além de impurezas presentes em baixas
porcentagens, com o silício, alumínio, magnésio, potássio e ferro. A presença de
67 Resultados e Discussão
carbono foi acentuada porque as amostras foram depositadas em portas-mostras
com fita de carbono.
Figura 8 – Espectrum global das partículas de gesso natura.
Nas Figuras 13 e 14 estão apresentadas as fotomicrografias de MEV das
partículas do gesso FGD. Devido a que o gesso FGD é higroscópico as partículas
se apresentam muito aglomeradas, como mostrado na Figura 13 (a), o que toma
difícil a sua observação. A sua dispersão de 1% em álcool, como apresentado nas
Figuras 13 (b) e 14 revela melhor a forma das partículas. A forma das partículas
do gesso FGD foi principalmente arredondada, mas sua esfericidade é irregular,
com diâmetro variável e superfície lisa.
a) Partículas do gesso FGD aglomeradas
68 Resultados e Discussão
b) Partículas do gesso FGD dispersas 1% em álcool
Figura 9 – Fotomicrografias (MEV) das partículas do gesso FGD.
Figura 10 – Partículas arredondadas do gesso FGD.
A Figura 15 apresenta o Espectrum global de análise elementar por EDS das
partículas do gesso FGD.
69 Resultados e Discussão
Figura 11 – Espectrum global por EDS das partículas de gesso FGD.
Os dados de EDS indicaram que na amostra do gesso FGD além dos
elementos cálcio, oxigênio e enxofre, também se identificaram a presença de
alumínio, silício, magnésio, potássio, estrôncio, zinco, ferro, fosforo e cloreto.
Fato que se confirma com as análises de fluorescência e difração de Raios-X
realizadas no material.
4.1.5 Análise Térmica
A Figura 16 apresenta os resultados da análise termogravimétrica, variação
de massa na amostra de gesso natural em função da temperatura.
Figura 12 – Termograma TG do gesso natural.
70 Resultados e Discussão
Observou-se nesta figura a desidratação total do gesso natural na faixa de
temperatura entre 131 °C e 245 °C, correspondente à perda de água livre e água
estrutural na amostra pelas transformações de fase do sulfato de cálcio. A perda de
massa total foi de aproximadamente 19 %.
Na análise térmica diferencial apresentada na Figura 17 observaram-se os
picos das modificações cristalinas na amostra de gesso natural.
Figura 13 – Termograma DTA do gesso natural.
Os resultados mostram três picos endotérmicos referentes à perda de umidade
que se inicia aos 45°C. O próximo pico endotérmico ocorreu na temperatura de
165°C, que corresponde à perda de água pela transformação de di-hidrato a hemi-
hidrato. O terceiro pico endotérmico correspondente a 193°C corresponde à
transformação de hemi-hidrato para anidrita. Observa-se também um pico
exotérmico próximo a 350°C, dentro da faixa de temperatura onde ocorre a
transformação cristalina de anidrita solúvel em anidrita insolúvel.
Os resultados da análise termogravimétrico do resíduo gesso FGD são
mostrados na Figura 18.
71 Resultados e Discussão
Figura 14 – Termogramas TG/DTG do gesso FGD.
Observou-se uma mínima perda de massa entre as temperaturas de 45°C e
180°C, pela perda de água livre e água de cristalização na amostra de gesso FGD.
A perda de massa para esta faixa foi de 2,13%. Isto ocorre porque a presença da
fase di-hidratada não é significante na amostra. Acima de 180°C inicia-se a
transformação da anidrita III, fase instável e ávida por água, para anidrita II. A
amostra do gesso FGD apresenta uma perda de massa total aproximadamente
11%. A curva correspondente à derivada da curva termogravimétrica traçada na
Figura 18 mostrou coincidência com os picos obtidos na curva da análise
diferencial apresentada na Figura 19.
72 Resultados e Discussão
Figura 15 – Termograma DTA do gesso FGD.
Observa-se no termograma DTA do resíduo gesso FGD a presença de um
pequeno pico exotérmico a 282°C dentro da faixa de temperatura da
transformação de anidrita III, menos estável, para anidrita II, mais estável. Na
temperatura de 352°C se observa um pico endotérmico com perda de massa de
5,8% (Figura 18) e uma variação na entalpia, determinado por calorimetria
diferencial de varredura (DSC), de 134,0838 J/g, referente à possível
decomposição de uma impureza com perda de massa. Foram encontrados também
dois picos exotérmicos, um pequeno pico por volta de 533°C com uma variação
de entalpia de 5,7551 J/g, e o segundo pico maior, próximo a 670°C com 50,4017
J/g de entalpia. Ambos os picos podem ser também provenientes das
decomposições de impurezas presentes no gesso FGD. A análise química constata
a presença de compostos de Si, P, Al, Fe, K entre outros elementos.
As discrepâncias sobre o comportamento da desidratação do gesso FGD
podem ser provavelmente devido às diferentes características cristalinas (tamanho
e hábito) e impurezas, como cinzas e calcário.
73 Resultados e Discussão
4.2 Caracterização ambiental do gesso FGD
Os ensaios de lixiviação e solubilização dos resíduos sólidos, no caso o
gesso FGD, são procedimentos de certificação ambiental.
4.2.1 Ensaio de lixiviação do gesso FGD
O extrato lixiviado do resíduo gesso FGD foi analisado para os metais
considerados na norma ABNT NBR 10004:2004 (Anexo F) e comparado com os
limites máximos estabelecidos pela norma para ser considerado resíduo não
perigoso. A Tabela 12 apresenta os resultados da composição química do extrato
lixiviado do resíduo FGD por ICP OES.
Tabela 4 – Composição química do estrato lixiviado do resíduo gesso FGD
Parâmetro
Leitura ICP OES (mg/L) ABNT NBR
10004:2004
mg/L Corrida 1 Corrida 2
Arsênio 0,13 0,10 1,0
Bário 0,33 0,38 70,0
Cádmio 0,02 0,02 0,5
Chumbo 0,01 0,02 1,0
Cromo total < 0,001* < 0,001* 5,0
Mercúrio < 0,006* < 0,006* 0,1
Prata < 0,001* < 0,001* 5,0
Selênio 0,31 0,26 1,0
*Limite de detecção do método
Os metais arsênio, cádmio, chumbo, bário e selênio apresentaram
concentrações menores das aquelas exigidas pela norma. O cromo, mercúrio e
prata não foram detectados pelo equipamento no lixiviado, sendo seus valores
menores que o limite de detecção e dos valores estabelecidos pela norma.
Portanto, o resíduo de FGD pode ser classificado como classe II – não perigoso.
74 Resultados e Discussão
4.2.2 Ensaio de solubilização do gesso FGD
O extrato solubilizado do resíduo gesso FGD também foi comparado com os
limites de metais estabelecidos pela norma ABNT NBR 10004:2004 (Anexo G)
para ser classificado como resíduo não inerte. A Tabela 13 apresenta os resultados
da composição química do extrato solubilizado do resíduo de FGD por ICP OES.
Tabela 5 – Composição química do estrato solubilizado do resíduo gesso FGD
Parâmetro Leitura ICP OES (mg/L) ABNT NBR
10004:2004 (mg/L) Corrida 1 Corrida 2
Alumínio 0,04 0,04 0,2
Arsênio < 0,008* < 0,008* 0,01
Bário 0,31 0,35 0,7
Cádmio 0,009 0,008 0,005
Chumbo < 0,004* < 0,004* 0,01
Cobre 0,008 0,008 2,0
Cromo total 0,004 0,005 0,05
Ferro < 0,0007* < 0,0007* 0,3
Manganês 0,059 0,054 0,1
Mercúrio < 0,006* < 0,006* 0,001
Prata < 0,001* < 0,001* 0,05
Selênio 0,06 0,09 0,01
Sódio 174 175 200,0
Zinco 0,067 0,047 5,0
*Limite de detecção do método
As concentrações encontradas para os metais cádmio e selênio foram
ligeiramente maiores ao limite máximo estabelecido pela norma. O arsênio e
chumbo apresentaram valores muito abaixo da norma e do limite de detecção do
método. O mercúrio não foi detectado pelo equipamento, sendo o limite de
detecção do método maior ao limite máximo permitido pela norma.
75 Resultados e Discussão
4.3 Preparação das argamassas
Considerando os resultados das análises química e termogravimétricas do
gesso FGD, com a presença em maior proporção dos compostos hemi-hidratados
(bassanita e hannebachite) no resíduo, não foi necessário realizar nenhum
beneficiamento térmico da amostra. As argamassas avaliadas foram preparadas na
temperatura ambiente.
Considerando também que nos ensaios de lixiviação e solubilização os
estratos apresentam baixos conteúdos de elementos nocivos, e que o gesso FGD
será adicionado em pequenas quantidades no cimento, no máximo 3,5%, não foi
realizado nenhum processo de separação destas impurezas.
4.4 Avaliação das argamassas
4.4.1 Propriedades químicas e físicas
Os resultados das propriedades químicas e físicas avaliadas nas argamassas
são apresentados na Tabela 14. Lembrando que a nomenclatura adotada na Tabela
14 foi apresentada na Tabela 8 do Capitulo de Materiais e Métodos.
Tabela 6 – Avaliação das propriedades químicas e físicas nas argamassas
Mistura
Perda ao
fogo
(%)
Resíduo
insolúvel
(%)
Trióxido de
enxofre
(%)
Superficie
Específica
(Blaine)
(cm2/kg)
Consistência
normal de
pasta
(%)
M1 5,33 1,48 2,16 3980 23,6
M2 5,31 1,44 1,90 3915 23,2
M3 5,19 1,39 1,82 3950 23,0
M4 4,97 1,45 1,56 3880 23,0
Limites
NBR 11578 ≤ 6,5 ≤ 2,5 ≤ 4,0 ≥ 2600 -
76 Resultados e Discussão
As quatro argamassas preparadas atendem às exigências indicadas pela norma
NBR 11578 para o cimento Portland composto com escoria (CP II-E).
A superfície específica da argamassa preparada só com gesso natural foi maior
em comparação com as argamassas misturando gesso natural/gesso FGD. A
presença só de gesso FGD na argamassa diminui significativamente sua área
específica, mas o valor ainda é bem acima daquele estabelecido pela norma.
O conteúdo de trióxido de enxofre também diminuiu com o aumento de gesso
FGD nas argamassas preparadas.
A consistência normal de pasta se mantém praticamente constante porque a
relação água/cimento foi 0,48 em todas as misturas segundo estabelecido pela
norma ABNT NBR 7215:1996.
4.4.2 Tempo de Pega
Os tempos inicial e final de pega de cada mistura avaliada estão
apresentados na Tabela 15.
Tabela 7 – tempo de pega para as argamassas avaliadas
Argamassa
Tempo de pega
inicial - PI
(min)
Tempo de pega
final - PF
(min)
M1 135 190
M2 180 230
M3 190 245
M4 200 260
Limites
NBR 11578 ≥ 60 ≤ 600
Para todas as misturas avaliadas os tempos de pega inicial são maiores ao
limite mínimo estabelecido pela norma, e os tempos finais estão abaixo do limite
máximo. Os tempos de pega inicial e final são menores para as argamassas que
contêm na mistura somente gesso natural, (M1). Com o aumento do porcentual de
gesso FGD na mistura, também aumentam os tempos de pega inicial e final das
argamassas. O máximo valor é atingido quando a argamassa contém somente
77 Resultados e Discussão
gesso FGD, mistura M4, indicando um maior tempo de trabalhabilidade. O tempo
de pega (inicial e final) foi uma hora acima dos tempos atingidos pela argamassa
que continha somente gesso natural. Resultados similares foram reportados por
pesquisadores na Grécia [38], para misturas com gesso natural e gesso FGD onde
obtiveram-se rangos próximos a 3,5 % SO3 contido na argamassa, o retraso no
tempo de pega inicial foi próximo a uma hora comparado ao obtido com gesso
natural. Assim mesmo, testes realizados na Turquia [14], mostraram para
argamassas preparadas com 4% de gesso FGD, aproximadamente uma hora de
retraso no tempo final de pega com respeito à argamassa preparada com 4% de
gesso natural.
Na Figura 20 observa-se, com mais clareza, que para todas as argamassas
avaliadas o tempo de pega inicial esta acima do limite mínimo e o tempo de pega
final muito abaixo do tempo máximo estabelecido.
Figura 16 – Tempo de pega nas argamassas avaliadas.
4.4.3 Resistência à Compressão
A Tabela 16 apresenta os resultados de resistência à compressão para 1, 3, 7
e 28 dias para as argamassas ensaiadas.
78 Resultados e Discussão
Tabela 8 – Resistência à compressão das argamassas avaliadas
Argamassa Resistência à compressão (Mpa)
1 dia 3 dias 7 dias 28 dias
M1 11,9 24,1 32,1 43,0
M2 11,2 26,2 35,7 45,4
M3 9,6 27,5 38,2 49,1
M4 9,0 25,6 36,6 45,4
Do acordo com os resultados todos os corpos de prova avaliados apresentaram
uma resistência à compressão maior que o exigido pela norma NBR 11578 [44].
A Figura 21 apresenta os resultados de resistência à compressão para 1, 3, 7
e 28 dias e os valores mínimos estabelecidos pela norma para cada idade.
Figura 17 – Resistência à compressão das argamassas avaliadas.
Nesta figura pode-se observar que a resistência à compressão do primer dia
diminui com o aumento de gesso FGD na argamassa. Para as amostras de 3, 7 e
28 dias a resistência à compressão atinge um valor máximo para a argamassa com
2,1 % de gesso FGD e 1,4 % de gesso natural (M3).
79 Resultados e Discussão
Quando somente é utilizado gesso FGD na argamassa, a resistência diminui
com respeito a os casos em que se utilizou uma mistura gesso natural/gesso FGD,
mas segue sendo maior em comparação à resistência à compressão atingida para
aquelas somente com gesso natural. Resultados reportados na Turquia [14]
mostraram também para todas as idades de cura, diminuição na resistência à
compressão com argamassas preparadas somente com 4% de gesso FGD com
respeito aos resultados obtidos com argamassas preparadas com 4% de gesso
natural.