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CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS 34 o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos TEMA CENTRAL: “DOS ESPÍRITOS” Allan Kardec Patrono Espiritual do Encontro 11, 12 e 13 de fevereiro de 2018

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CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos

TEMA CENTRAL:

“DOS ESPÍRITOS”

Allan Kardec Patrono Espiritual do Encontro

11, 12 e 13 de fevereiro de 2018

Informações Gerais Dias: 11, 12 e 13 de fevereiro de 2018

Horário 1 o e 2o dias 3o dia

8h às 8h30min Chegada/ Recepção

8h30min às 9h Abertura/ Deslocamento

9h às 10h30min Centros de Interesse Exposições e Oficinas

10h30min às 11h Intervalo

11h às 12h55min Centros de Interesse Exposições e Oficinas

13h Encerramento CENTROS PARTICIPANTES Centro Espírita Léon Denis Centro Espírita Abigail Centro Espírita Antonio de Aquino Centro Espírita Casa do Caminho (Dias: 10 e 11 de fevereiro de 2018) Centro Espírita Léon Denis (Cabo Frio) Grupo Espírita Allan Kardec (Dias: 16 de março e 20 de abril de 2018) Grupo Espírita Beneficente Dr. Hermann (Campos) O Encontro será apresentado ao vivo, também, pela I nternet. Coordenação Geral: Deuza Maria Nogueira Organização de Conteúdo: Equipe de Estudo do Encontro Finalização: Setor Editorial do CELD

Sumário

Programa do Encontro .......... 4

Objetivo .......... 5

Centros de Interesse .......... 6

Exposições .......... 7

Oficinas .......... 7

Introdução .......... 8

Bloco de estudo 1 – Origem da Natureza dos Espíritos .......... 10

Bloco de estudo 2 – Mundo Normal Primitivo .......... 15

Bloco de estudo 3 – Forma e Ubiquidade dos Espíritos .......... 19

Bloco de estudo 4 – Perispírito .......... 24

Conclusão .......... 28

Anexo 1 .......... 29

Anexo 2 .......... 30

Anexo 3 .......... 32

Anexo 4 .......... 34

Anexo 5 .......... 36

Anexo 6 .......... 38

Anexo 7 .......... 40

Anexo 8 .......... 42

Referências Bibliográficas .......... 44

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

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Programa do Encontro

Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

1o dia: Domingo – 11/2/2018

Centros de Interesse

2o dia: Segunda-feira – 12/2/2018

Centros de Interesse

3o dia: Terça-feira – 13/2/2018

Exposições e Oficinas Interativas

Relação dos Centros de Interesse

Tema: - Origem e natureza dos Espíritos

Temas: - Forma e ubiquidade dos Espíritos - Períspirito

Centro de Interesse 1: Quem sou eu?

Centro de Interesse 2: Somos eternos ou fomos criados?

Centro de Interesse 3: A Criação e a criatura

Centro de Interesse 4: Refletindo sobre a imortalidade

Centro de Interesse 5: Nem tudo é o que parece

Centro de Interesse 6: Eu acho que vi um Espírito...

Centro de Interesse 7: Feitiço, mau olhado, pegam? Quem sente?

Centro de Interesse 8: Quem viu Jesus?

Relação das Exposições e Oficinas

Tema: Mundo normal primitivo

Temas: - Origem e natureza dos Espíritos - Forma e ubiquidade dos Espíritos - Perispírito

Exposição “Como vivem alguns Espíritos”

Oficinas interativas

Exposição 1: Colônia espiritual Nosso Lar

Exposição 2: Hospital Maria de Nazaré

Exposição 3: Pronto Socorro no Campo de Santana

Exposição 4: Colônia espiritual Alvorada Nova

Exposição 5: Hospital Esperança

Oficina 1: Quem somos?

Oficina 2: O pensamento: potência do Espírito.

Oficina 3: Filho de Deus!

Oficina 4: O períspirito: corpo do Espírito

Oficina 5: O poder da irradiação

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

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Objetivos

OBJETIVO GERAL

• Analisar nossa condição de “espírito imortal”, através de experiências diversas.

BLOCOS DE ESTUDO

Bloco de estudo 1: Origem e natureza dos Espíritos

• Compreender que tanto no corpo como fora dele os espíritos possuem a mesma essência.

• Perceber que somos filhos de Deus, visto que somos sua obra.

Bloco de estudo 2: Mundo normal primitivo

• Compreender que os espíritos estão por toda a parte no Universo.

• Analisar os diferentes tipos de regiões habitadas pelos espíritos.

Bloco de estudo 3: Forma e ubiquidade dos Espíritos

• Perceber que o espírito, na sua essência, não tem uma forma perceptível para nós e que revestido do perispírito pode se apresentar de diversas formas.

• Compreender a capacidade que o espírito tem de irradiar e que existem diferentes maneiras dele se transportar.

Bloco de estudo 4: Perispírito

• Compreender que o espírito possui um envoltório semimaterial que lhe dá uma forma.

• Compreender que o perispírito obedece ao pensamento e à vontade do espírito.

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CENTROS DE INTERESSE

Centro de Interesse 1: Quem sou eu?

• Reconhecermo-nos como espíritos imortais.

• Identificar a existência de Deus.

Centro de Interesse 2: Somos eternos ou fomos criados?

• Perceber que fazemos parte da Criação Divina.

• Refletir sobre o objetivo da nossa vida.

Centro de Interesse 3: A Criação e a criatura

• Valorizar a existência de Deus.

• Identificar em nós, espíritos, a individualidade e a consciência de nós mesmos.

Centro de Interesse 4: Nós temos fim?

• Trabalhar em nós mesmos o conceito de imortalidade e sua consequência.

• Refletir sobre a finalidade da existência e nossas escolhas.

Centro de Interesse 5: Nem tudo é o que parece

• Refletir sobre o espírito e perispírito em relação à forma.

• Identificar o poder plástico (modelador) do perispírito.

Centro de Interesse 6: Eu acho que vi um espírito

• Trabalhar os conceitos de espírito e perispírito.

Centro de Interesse 7: Feitiço, mau olhado, pegam?

• Identificar o pensamento como veículo de sentimentos e sensações.

• Entender como o pensamento exerce influência em nós e nos outros.

Centro de Interesse 8: Quem viu Jesus?

• Refletir sobre o fato de que Jesus e outros espíritos superiores estão junto de

nós.

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

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EXPOSIÇÕES

• Perceber como vivem alguns Espíritos no plano espiritual.

Exposição 1: Colônia espiritual – Nosso Lar

Exposição 2: Colônia espiritual – Hospital Maria de Nazaré

Exposição 3: Colônia espiritual – Pronto Socorro no Campo de Santana

Exposição 4: Colônia espiritual – Alvorada Nova

Exposição 5: Colônia espiritual – Hospital Esperança

OFICINAS

Oficina 1: Quem somos?

• Compreender a individualidade do Espírito encarnado e desencarnado.

Oficina 2: O pensamento: potência do Espírito

• Compreender o pensamento como atributo do Espírito.

Oficina 3: Filho de Deus!

• Perceber que somos criação de Deus, amados e cuidados por ele.

Oficina 4: O períspirito – corpo do Espírito.

• Compreender a noção / função de ser semimaterial.

Oficina 5: O poder da irradiação

• Entender a influência dos pensamentos e sentimentos no ambiente em que se vive.

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Introdução

Em 2014, começamos a estudar O Livro dos Espíritos em sequência, um capítulo por ano. Desse ano até 2017, estudamos a Primeira Parte de O Livro dos Espíritos – “As causas primárias”, onde pudemos analisar1:

• A visão espírita sobre Deus: a Inteligência Suprema, causa primeira de todas as coisas, que cria, mantém e dirige tudo o que há no Universo com suas leis sábias e justas.

• Os elementos da Criação Divina que compõem o Universo: a matéria e o princípio inteligente, que é independente da matéria.

• A relação entre Deus e suas criaturas, desde o átomo primitivo até o arcanjo, para a elaboração das formas e a manutenção da harmonia geral do Universo.

• A atuação dessas causas primárias na formação e na manutenção da vida nos seres orgânicos do nosso planeta.

Neste ano, estamos iniciando a Segunda Parte de O Livro dos Espíritos, com o estudo do capítulo I – “Dos Espíritos”. Subdividimos o estudo deste capítulo em duas etapas: em 2018 estudaremos as questões 76 a 95 e em 2019, as questões 96 a 131. Mas antes de entrarmos, propriamente, na análise do capítulo, vejamos a série de fenômenos, ocorridos no século 19, em que se pode constatar a existência desses seres do “outro mundo” – os Espíritos – e que deram origem à Doutrina Espírita2.

O primeiro fato observado foi o de objetos diversos postos em movimento; designaram-no, vulgarmente, sob o nome de mesas girantes ou dança das mesas. Este fenômeno, que parece ter sido observado primeiramente nos Estados Unidos da América, ou melhor, que se repetiu nesse país, pois a História prova que ele remonta à mais remota Antiguidade, produziu-se acompanhado de circunstâncias estranhas, tais como ruídos insólitos, pancadas sem causa ostensiva conhecida. Daí, propagou-se rapidamente pela Europa e por outras partes do mundo; a princípio, despertou muita incredulidade, porém a multiplicidade das experiências, em pouco tempo, não mais permitiu duvidar da realidade.

As primeiras manifestações inteligentes aconteceram por meio de mesas que se levantavam e batiam, com um pé, um número determinado de pancadas, e respondendo, assim, através de sim ou de não, conforme a convenção, a uma pergunta feita. O ser misterioso que assim respondia, interrogado sobre sua natureza, declarou que ele era espírito ou gênio, atribuiu-se um nome, e forneceu diversas informações a seu respeito.

1 Para mais detalhes, ver apostilas do 30o, 31o, 32o e 33o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos. (www.livrodosespiritos.net/anteriores.html) 2 Para mais detalhes, ver ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos; Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, itens III, IV e V. CELD.

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Esse meio de correspondência era demorado e incômodo. Foi um desses seres

invisíveis que deu o conselho de adaptar um lápis a uma cesta ou a outro objeto. A cesta, ou a prancheta, só podem ser postas em movimento sob a influência de certas pessoas dotadas, para isso, de um poder especial e que designamos sob o nome de médiuns, isto é, meios, ou intermediários entre os espíritos e os homens.

Reconheceu-se, mais tarde, que a cesta e a prancheta, na realidade, formavam apenas um apêndice da mão, e o médium, pegando diretamente o lápis, pôs-se a escrever através de um impulso involuntário e quase febril. Finalmente, a experiência revelou muitas outras variedades na faculdade mediadora, e soube-se que as comunicações podiam, igualmente, acontecer através da palavra, da audição, da visão, do tato, etc., e até pela escrita direta dos espíritos, isto é, sem o concurso da mão do médium, nem do lápis. Em alguns casos, essas respostas têm um cunho de sabedoria, de profundidade e de propósito; elas revelam pensamentos tão elevados, tão sublimes, que não podem emanar senão de uma inteligência superior, impregnada da moralidade mais pura; de outras vezes, elas são tão levianas, tão frívolas, tão triviais mesmo, que a razão se recusa a acreditar que possam proceder da mesma fonte. Esta diversidade de linguagem só pode se explicar pela diversidade das inteligências que se manifestam. Essas inteligências estão na Humanidade ou fora da Humanidade? Este é o ponto a esclarecer, e cuja explicação completa encontrar-se-á nesta obra (O Livro dos Espíritos), tal como foi dada pelos próprios Espíritos. Para o desenvolvimento do estudo deste ano, utilizaremos a metodologia de centros de interesse nos dois primeiros dias e oficinas interativas no terceiro. Apresentamos nesta apostila os quatro blocos de estudo que lhes dão a base e a relação desses centros de interesse e oficinas, bem como seus respectivos objetivos. O material específico a ser usado em cada um deles ficará disponível, após o encontro no site: www.livrodosespiritos.net.

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Bloco de estudo 1 – Origem e natureza dos Espíritos Objetivos:

• Compreender que tanto no corpo como fora dele os Espíritos possuem a mesma essência.

• Perceber que somos filhos de Deus, visto que somos sua obra.

O QUE É ESPÍRITO?

7. Os Espíritos não são, como muitas vezes se supõe, seres à parte na criação, mas as almas daqueles que viveram sobre a Terra ou em outros mundos, despojadas de seu invólucro carnal. Aquele que admite a existência da alma sobrevivendo ao corpo, admite, por isso mesmo, a existência dos Espíritos; negá-los seria negar a alma.

8. Geralmente, faz-se uma ideia muito errada do estado dos Espíritos; eles não são, como alguns acreditam, seres vagos e indefinidos, nem chamas, como os fogos-fátuos, nem fantasmas, como nos contos de almas do outro mundo. São seres semelhantes a nós, tendo um corpo como o nosso, porém, fluídico e invisível no estado normal.

14. A união da alma, do perispírito e do corpo material constitui o homem; a alma e o perispírito, separados do corpo, constituem o ser chamado Espírito.

(ALLAN KARDEC. O que é o Espiritismo; capítulo II. CELD. Grifos nossos em negrito.)

Questão 76 – Que definição se pode dar dos Espíritos?

“Pode-se dizer que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo fora do mundo material.”

Nota: A palavra Espírito é empregada, aqui, para designar as individualidades dos seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente universal.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

Para entendermos melhor essa nota de Kardec, vejamos alguns conceitos:

• Nas questões 23 a 28, a palavra espírito foi empregada no sentido de “elemento inteligente universal” ou “princípio da inteligência”.

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• Tudo o que há no Universo é formado a partir da matéria e do princípio

inteligente, que é independente da matéria. Acima de tudo isso existe Deus, o Criador, a inteligência suprema.3

• Como ainda não temos capacidade para perceber o Espírito sem a matéria, é necessária a união desses dois para a manifestação do Espírito.4

• Nos mundos materiais, o elemento espiritual habita os corpos dos seres orgânicos ou animados, tais como as plantas, os animais e o homem.5

Agora, porém, Kardec utiliza a palavra espírito referindo-se aos seres que se manifestam aos homens através dos fenômenos mediúnicos6, aqueles que “povoam o Universo fora do mundo material”. Mesmo despojados do corpo físico, desenvolvem atividades. “Eles concorrem para a harmonia do Universo, executando as vontades de Deus, de quem são os ministros. A vida espiritual é uma ocupação contínua, mas nada tem de penosa, como na Terra, porque não há fadiga corporal, nem as angústias das necessidades.”7

DE QUE É FEITO O ESPÍRITO?

Questão 77 – Os Espíritos são seres distintos da Divindade, ou seriam, apenas, emanações ou porções da Divindade e chamados, por essa razão, de filhos de Deus?

“Meu Deus! São obra sua, exatamente como um homem que fabrica uma máquina; essa máquina é obra do homem e não ele próprio. Sabes que, quando o homem faz uma coisa bela, útil, ele a chama de sua filha, sua criação. Pois bem! O mesmo se dá com relação a Deus: somos seus filhos, visto que somos sua obra.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD. Grifos nossos.)

Vemos, dessa forma, que esses seres extracorpóreos foram criados por Deus assim como todos os outros seres do Universo. Mesmo não sendo emanações ou porções da Divindade, os Espíritos haurem em Deus aquilo de que precisam para viver. Vejamos o comentário de Léon Denis sobre essa Inteligência Suprema, que governa os mundos e rege o Universo:

(...) Essa inteligência se manifesta através de leis, leis sábias e profundas, ordenadoras e conservadoras do Universo.

Todas as pesquisas, todos os trabalhos da Ciência contemporânea concorrem para demonstrar a ação das leis naturais, que uma Lei suprema religa, abarca, para

3 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos; questões 1, 25 e 27. CELD. 4 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos; questão 25. CELD. 5 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos; nota que antecede à questão 60, questões 71, 585, 590, 593 e 607. CELD. 6 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos; Introdução. CELD. 7 ALLAN KARDEC.O Livro dos Espíritos; questão 558. CELD. (Ver também: questão 254.)

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constituir a harmonia universal. Através dessa Lei, uma Inteligência Soberana se revela como a Razão mesma das coisas, Razão consciente, Unidade universal para onde convergem, se ligam e se fundem todas as relações, onde todos os seres vêm haurir a força, a luz e a vida; Ser absoluto e perfeito, fundamento imutável e fonte eterna de toda a ciência, de toda a verdade, de toda a sabedoria, de todo o amor. (...)

(LÉON DENIS. O Grande Enigma; capítulo I. CELD.)

Questão 82 – É correto dizer que os Espíritos são imateriais?

“Como se pode definir uma coisa, quando faltam termos de comparação e com uma linguagem ineficiente? Um cego de nascença pode definir a luz? Imaterial não é bem a palavra; incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender bem que o Espírito, sendo uma criação, deve ser alguma coisa; é matéria quintessenciada, porém, sem analogia para vós, e tão etérea que não pode ser percebida pelos vossos sentidos.”

Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque sua essência difere de tudo o que conhecemos sob o nome de matéria. Um povo de cegos não teria, absolutamente, termos para exprimir a luz e seus efeitos. O cego de nascença acredita ter todas as percepções através da audição, do olfato, do paladar e do tato; não compreende as ideias que o sentido que lhe falta lhe proporcionaria. Do mesmo modo, somos verdadeiros cegos, com relação à essência dos seres sobre-humanos. Podemos defini-los apenas através de comparações, sempre imperfeitas, ou por um esforço de nossa imaginação.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD. Grifos nossos.)

Percebemos, então, que ainda não temos capacidade de compreender de que o Espírito é feito.

A PARTIR DE QUANDO OS ESPÍRITOS PASSARAM A EXISTIR?

Questão 78 – Os Espíritos tiveram um início, ou existem, como Deus, de toda eternidade?

“Se os Espíritos não tivessem tido início, seriam iguais a Deus, ao passo que são sua criação e estão submetidos à sua vontade. Deus existe de toda eternidade, isto é incontestável; nada sabemos, porém, sobre quando e como nos criou. Podes dizer que não tivemos início, se entendes com isso que Deus, sendo eterno, deve ter criado ininterruptamente; mas, quando e como cada um de nós foi feito, repito-te, ninguém o sabe: aí é que está o mistério.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

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Nada é eterno, senão Deus. Ele cria os espíritos permanentemente pela sua

vontade, e nunca deixou de criar8. Deus também cria o Universo permanentemente9, portanto não existe o perigo de uma superlotação universal.

2. O princípio espiritual é o corolário da existência de Deus; sem esse princípio, Deus não teria razão de ser, uma vez que não se poderia imaginar a soberana inteligência reinando, pela eternidade afora, apenas sobre a matéria bruta, assim como não se poderia conceber um monarca terreno que reinasse durante toda a sua vida exclusivamente sobre pedras. Como não se pode admitir Deus sem os atributos essenciais da Divindade, a justiça e a bondade, essas qualidades seriam inúteis se elas só pudessem ser exercidas sobre a matéria.

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo XI. CELD.)

Questão 79 – Visto que há dois elementos gerais no Universo: o elemento

inteligente e o elemento material, poder-se-ia dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do elemento material?

“É evidente; os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material; a época e o modo dessa formação é que são desconhecidos.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

Isso mostra que os seres extracorpóreos são formados do mesmo elemento espiritual ou elemento inteligente que os seres corpóreos, ou seja, SOMOS ESPÍRITOS!

No Encontro anterior10, estudando sobre os seres corpóreos, vimos que a alma humana é o princípio inteligente que se elaborou numa série de existências pelos seres inferiores da criação. É nesses seres, cuja totalidade estamos longe de conhecer, que o princípio inteligente se elabora, se individualiza, pouco a pouco, e se ensaia para a vida. “É, de alguma forma, um trabalho preparatório, como o da germinação, em consequência do qual o princípio inteligente experimenta uma transformação e se torna espírito. É, então, que começa para ele o período da humanidade e com ela a consciência de seu futuro, a distinção do bem e do mal e a responsabilidade de seus atos”11. Colocamos no Anexo 1 uma mensagem do Espírito Víctor12 a este respeito.

O ESPÍRITO PODE MORRER OU DEIXAR DE EXISTIR?

8 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos; questões 80 e 81. CELD. 9 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos; questões 21, 35 e 37. CELD. 10 Ver Apostila do 33o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos; Tema 2. CELD. 11 ALLAN KARDEC.O Livro dos Espíritos; questão 607 e subpergunta. CELD. (ver também a 115) 12 Víctor é um dos benfeitores espirituais do CELD.

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Questão 83 – Os Espíritos têm um fim? Compreende-se que o princípio de

onde emanam seja eterno, mas o que perguntamos é se suas individualidades têm um termo e se num dado tempo, mais ou menos longo, o elemento do qual são formados não se dissemina e não retorna à massa como acontece com os corpos materiais? É difícil compreender que uma coisa que teve começo possa não ter fim.

“Há muitas coisas que não compreendeis, porque vossa inteligência é limitada; e isto não é motivo para rejeitá-las. O filho não compreende tudo o que seu pai compreende, nem o ignorante tudo o que o sábio compreende. Dizemos que a existência dos Espíritos não tem fim; é tudo o que podemos dizer, agora.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD. Grifo nosso.)

Assim, a partir da revelação espírita, concluímos que SOMOS TODOS ESPÍRITOS IMORTAIS! Tanto os que estamos do lado de cá da vida, como os que estão do lado de lá. As nossas limitações não nos permitem, ainda, analisar de forma profunda a natureza do espírito, porém já temos condição de nos apropriarmos dessa verdade, bem como de seus desdobramentos:

• Ao desencarnarmos, deixamos o corpo físico, porém mantemos nossa individualidade, a consciência de nós próprios, a nossa perfectibilidade e o nosso livre-arbítrio, que cresce à medida que progredimos.

• Tanto na carne como fora dela, os espíritos buscam a felicidade inalterável, que só se alcança pela perfeição.13

13 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos; questões 113, 115, 132, 166, 170 e 230. CELD.

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Bloco de estudo 2 – Mundo Normal Primitivo Objetivos:

• Compreender que os espíritos estão por toda a parte no Universo.

• Analisar os diferentes tipos de regiões habitadas pelos espíritos.

Questão 84 – Os Espíritos constituem um mundo à parte, fora daquele que vemos?

“Sim, o mundo dos Espíritos ou das inteligências incorpóreas.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

Conforme vimos no Bloco de Estudo 1, neste capítulo que estamos estudando

(“Dos Espíritos”), Kardec utiliza a palavra espírito referindo-se aos seres que se manifestam aos homens através dos fenômenos mediúnicos. Esses seres nos revela-ram que “povoam o Universo fora do mundo material”14, mostrando que o mundo dos espíritos (também chamado de mundo espírita, mundo espiritual ou plano espiritual) não fica localizado em uma região determinada, mas em todo o Universo. Eles se agrupam, por uma espécie de afinidade,“e formam grupos ou famílias de espíritos, unidos pela simpatia e pelo objetivo a que se propõem: os bons, pelo desejo de fazer o bem; os maus, pelo desejo de fazer o mal, pela vergonha de seus erros e pela necessidade de se acharem entre seres semelhantes a eles.” 15

Tomamos conhecimento de algumas regiões habitadas pelos espíritos – tam-bém chamadas de colônias espirituais – através da revelação deles próprios, como, por exemplo16: Nosso Lar, Hospital Maria de Nazaré, Colônia dos Miosótis, Pronto Socorro no Campo de Santana, Alvorada Nova e Hospital Esperança. Porém, conforme Kardec nos ressalta, “conhecemos apenas as fronteiras do mundo

14 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos; questão 76. CELD. 15 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos; questão 278. CELD. 16 Para maiores detalhes, ver, respectivamente, as obras:

• ANDRÉ LUIZ, psicografia de Francisco Cândido Xavier. Nosso Lar. Editora FEB. • CAMILO CÂNDIDO BOTELHO, psicografia de Yvonne do Amaral Pereira. Memórias de um

Suicida. Editora FEB. • LUIZ SÉRGIO, psicografia de Irene PachecoMachado. Os Miosótis Voltam a Florir. Editora

REMA. • MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA, psicografia de Divaldo P. Franco. Nas Fronteiras da

Loucura. Editora LEAL. • CAIRBAR SCHUTEL, psicografia de Abel Glaser. Alvorada Nova. Editora O CLARIM. • ERMANCE DUFAUX, psicografia de Wanderley Oliveira. Lírios de Esperança. Editora

DUFAUX.

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invisível” 17, ou seja, existe muito mais coisa naquele mundo do que nós (os invisível” 18, ou seja, existe muito mais coisa naquele mundo do que nós (os invisível”17, ou seja, existe muito mais coisa naquele mundo do que nós (os encarnados) conhecemos.

Questão 85 – Qual dos dois, o mundo espírita ou o mundo corporal, é o principal, na ordem das coisas?

“O mundo espírita; ele é preexistente e sobrevive a tudo.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

No 32o EELE18, vimos que os espíritos puros orientadores dos sistemas planetários extraem do fluido cósmico universal o material necessário para a construção dos planetas. A Comunidade de Espíritos Puros diretora dos planetas do nosso sistema, da qual Jesus é um de seus membros, se reuniu nas proximidades da Terra, quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, para dar início à formação do nosso planeta. Após isso, Jesus e suas legiões de trabalhadores elaboraram toda a estrutura da Terra, bem como os corpos de todos os seres vivos que nela habitam. Percebemos, então, que são os espíritos elevados, de conformidade com os desígnios de Deus, que criam os mundos corporais, portanto o mundo espírita já existia antes destes.

Questão 86 – O mundo corporal poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem alterar a essência do mundo espírita?

“Sim; eles são independentes e, todavia, a correlação entre eles é incessante, pois reagem, incessantemente, um sobre o outro.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

O mundo espírita foi criado por Deus em conformidade com a natureza dos seus habitantes: os espíritos. No livro A Gênese, Kardec19 usa o termo fluidos espirituais para designar a matéria do mundo espiritual. E diz mais: “O meio está sempre em relação com a natureza dos seres que devem nele viver: os peixes estão na água; os seres terrestres, no ar; os seres espirituais, no fluido espiritual ou etéreo, mesmo que estejam na Terra.” Ele esclarece que “os espíritos agem sobre os fluidos espirituais, não os manipulando como os homens manipulam os gases, mas com a ajuda do pensamento e da vontade. O pensamento e a vontade são para os espíritos o que a mão é para o homem.” Essa é a essência do mundo espiritual, que independe dos mundos corporais, já que os fluidos espirituais não estão sujeitos às mesmas leis da matéria ponderável. Porém, vale ressaltar que nem tudo o que há no mundo espiritual está ao alcance da modificação por qualquer espírito. Ernesto Bozzano

17 ALLAN KARDEC. A Gênese; capítulo XIV, item 6. CELD. – Ver também o item 2. 18 Para maiores detalhes, ver Apostila do 32o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos; temas 1 e 2. CELD. – Ver também ALLAN KARDEC. A Gênese; capítulo XI, itens 8 e 9. CELD. 19 ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo XIV, itens 5, 11 e 14. CELD.

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esclarece20 que há uma parte “permanente e imutável, por ser a objetivação do esclarece20 que há uma parte “permanente e imutável, por ser a objetivação do pensamento e da vontade de entidades espirituais muito elevadas, prepostas ao governo das esferas espirituais inferiores” e outra “transitória e muito mutável; seria a objetivação do pensamento e da vontade de cada entidade desencarnada, criadora do seu próprio meio imediato.” Colocamos no Anexo 2 mais algumas informações apresentadas por ele a esse respeito.

A correlação entre o mundo espírita e o mundo corpóreo é incessante, pois:

1. Há um revezamento entre os habitantes desses mundos, que hora estão encarnados, hora, desencarnados.

17. Ainda que os espíritos estejam por toda a parte, os mundos são, de preferência, o centro onde se reúnem, por causa da semelhança que existe entre eles e aqueles que os habitam. Em torno dos mundos adiantados existem, em grande quantidade, espíritos superiores; em torno dos mundos atrasados pululam os espíritos inferiores. A Terra ainda é um destes últimos. Portanto, cada globo tem, de alguma forma, sua própria população de espíritos encarnados e desencarnados, que se abastece em sua maior parte pela encarnação e desencarnação dos mesmos espíritos. Essa população é mais estável nos mundos inferiores onde os espíritos são mais ligados à matéria, e mais flutuante nos mundos superiores. Porém, dos mundos centros de luz e de felicidade, os espíritos se deslocam em direção aos mundos inferiores para neles semearem os germes do progresso, levarem a consolação e a esperança, reerguerem a coragem abatida pelas provas da vida, e, por vezes, neles encarnarem para que possam realizar sua missão com mais eficiência.

(ALLAN KARDEC. O Céu e o Inferno; 1a parte – capítulo III. CELD.)

2. Os espíritos desencarnados são atraídos pelos encarnados por afeições particulares ou pela semelhança de seus gostos, tendências, pensamentos e sentimentos.21

(...) Tendo cada homem seus Espíritos simpáticos, daí resulta que, nas coletividades, a generalidade dos Espíritos simpáticos é proporcional à da generalidade dos indivíduos; que os Espíritos estranhos para elas são atraídos pela identidade dos gostos e dos pensamentos; numa palavra, que esses agrupamentos, tanto quanto os indivíduos, são mais ou menos envolvidos, assistidos, influenciados, conforme a natureza dos pensamentos da multidão. (...)

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos; nota à questão 521. CELD.)

20 ERNESTO BOZZANO. A Crise da Morte, 14o caso. Editora FEB. 21 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, questões 514 e 518. CELD. (Ver também: Anexo 6 desta apostila.)

34o Encontro Espírita sobre Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

3. Pelos seus pensamentos, os espíritos encarnados e desencarnados influenciam

se uns aos outros, bem como dão qualidade aos fluidos ambientes. Questão 87 – Os Espíritos ocupam uma região determinada e circunscrita no

espaço?

“Os Espíritos estão por toda a parte; povoam os espaçosinfinito. Estão, constantemente, ao vosso lado, vos observam e atuam sobre vós, sem que o percebais, pois os Espíritos são uma das potências da Natureza e os instrumentos de que Deus se serve para o cumprimento de seus desígnios providenciais. Porém, nem todos vão a toda parte, porquanto há regiões interditadas aos menos adiantados.”

Dentre as diversas ocupações e missões dos

relacionadas aos encarnados demandam

• Aqueles com ideias muito materiais envolvemprazeres materiais, inspirandofiança, o egoísmo e o desejo pelo mal dos outros.

• Os que se interessam pelo nossas ocupações úteis, inspirandoo amor ao próximo, a caridade, o desinteresse e o desejo pelo bem coletivo.

Porém nem todos os espíritos podem ir a todos os lugares. “toda a parte e é preciso que seja assim, para que possam exercer sua influência sobre os maus; porém, as regiões habitadas pelos bons são interditadas aos imperfeitos, a fim de que estes não possam levar a elas a perturbação das más paixões.” 24 Portanto, para afastarmos os maus espíritos, é preciso atrair os bons espíritos, que só se interessam por aqueles que buscam melhorarem

Veja também:

• O Livro dos Médiuns, itens 126 a 131.• O Céu e o Inferno, 1a parte

22 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritositem 15. CELD. (Ver também: LÉON DENIS. CELD.) 23 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos24 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos

Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

18

os espíritos encarnados e desencarnados influenciamse uns aos outros, bem como dão qualidade aos fluidos ambientes.22

spíritos ocupam uma região determinada e circunscrita no

spíritos estão por toda a parte; povoam os espaços sem fim, até o infinito. Estão, constantemente, ao vosso lado, vos observam e atuam sobre vós, sem

spíritos são uma das potências da Natureza e os instrumentos de que Deus se serve para o cumprimento de seus desígnios

is. Porém, nem todos vão a toda parte, porquanto há regiões interditadas

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

Dentre as diversas ocupações e missões dos Espíritos, aquelas que estão mais relacionadas aos encarnados demandam sua presença junto a estes23:

Aqueles com ideias muito materiais envolvem-se com nossas ocupações e prazeres materiais, inspirando-nos sentimentos como: a ociosidade, a desconfiança, o egoísmo e o desejo pelo mal dos outros.

Os que se interessam pelo progresso da humanidade envolvem-se com as nossas ocupações úteis, inspirando-nos sentimentos como: o desejo de servir, o amor ao próximo, a caridade, o desinteresse e o desejo pelo bem coletivo.

Porém nem todos os espíritos podem ir a todos os lugares. “Os bons vão a toda a parte e é preciso que seja assim, para que possam exercer sua influência sobre os maus; porém, as regiões habitadas pelos bons são interditadas aos Espíritos imperfeitos, a fim de que estes não possam levar a elas a perturbação das más

Portanto, para afastarmos os maus espíritos, é preciso atrair os bons espíritos, que só se interessam por aqueles que buscam melhorarem-se pessoalmente.

itens 126 a 131. parte – capítulo III.

O Livro dos Espíritos; questões 459, 460, 664 e 666; A Gênese, capítulo XIV, (Ver também: LÉON DENIS. O Problema do Ser e do Destino, capítulos 24 e 25.

s Espíritos, questões 560 a 571 e nota da 584. CELD. O Livro dos Espíritos, questão 279. CELD. (ver também: 232 e 233.)

os espíritos encarnados e desencarnados influenciam-

spíritos ocupam uma região determinada e circunscrita no

sem fim, até o infinito. Estão, constantemente, ao vosso lado, vos observam e atuam sobre vós, sem

spíritos são uma das potências da Natureza e os instrumentos de que Deus se serve para o cumprimento de seus desígnios

is. Porém, nem todos vão a toda parte, porquanto há regiões interditadas

. CELD.)

spíritos, aquelas que estão mais

se com nossas ocupações e nos sentimentos como: a ociosidade, a descon-

se com as nos sentimentos como: o desejo de servir,

o amor ao próximo, a caridade, o desinteresse e o desejo pelo bem coletivo.

s bons vão a toda a parte e é preciso que seja assim, para que possam exercer sua influência

spíritos imperfeitos, a fim de que estes não possam levar a elas a perturbação das más

Portanto, para afastarmos os maus espíritos, é preciso atrair os bons se pessoalmente.

, capítulo XIV, , capítulos 24 e 25.

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

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Bloco de estudo 3 – Forma e ubiquidade dos Espíritos Objetivos:

• Perceber que o espírito, na sua essência, não tem uma forma perceptível para nós e que revestido do perispírito pode se apresentar de diversas formas.

• Compreender a capacidade que o espírito tem de irradiar e que existem diferentes maneiras dele se transportar.

Questão 88 – Os Espíritos têm uma forma determinada, limitada e constante?

“Aos vossos olhos, não; aos nossos, sim; são, se quiserdes, uma chama, um clarão, ou uma centelha etérea.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

Segundo o dicionário, entende-se forma como “1. Os limites exteriores da matéria de que se constitui um corpo, e que a este conferem configuração particular.”25 Com isso, percebemos que a nossa noção de forma é aquela definida pelo corpo, uma “forma determinada, limitada e constante”. O espírito, na sua essência, pode ser comparado a “uma chama, um clarão, ou uma centelha etérea”. Porém, quando um indivíduo se apresenta para nós em sonho ou no estado de vigília, ele possui uma forma: a forma humana. Portanto não é a sua essência que vemos, e sim o corpo que a reveste: o seu perispírito26.

a) Esta chama ou centelha tem uma cor qualquer?

“Para vós, ela varia do opaco ao brilho do rubi, conforme o Espírito seja mais ou menos puro.”

Comumente, representam-se os gênios com uma chama ou uma estrela na fronte; é uma alegoria que lembra a natureza essencial dos Espíritos. É colocada no topo da cabeça, porque aí está a sede da inteligência.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos; questão 88. CELD.)

Não temos condição de enxergar essa chama ou centelha. Porém podemos verificar no perispírito determinadas características, que também são consequentes do grau de pureza do espírito. Em A Gênese, Kardec nos diz que a natureza do envoltório fluídico, o perispírito, está sempre de acordo com o grau de adiantamento moral do espírito. E acrescenta que o perispírito, que é parte constituinte do seu ser, que recebe diretamente e de uma maneira permanente a impressão de seus pensamentos, possui o

25 AURÉLIO B. H. FERREIRA. Mini Aurélio – o dicionário da língua portuguesa. Editora Positivo. 26 Para mais detalhes, ver ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, questões 25a, 93, 95 e 150a; O Livro dos Médiuns, item 100, pergunta 22. CELD.

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

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cunho das qualidades boas ou más dos pensamentos do espírito27. Uma das consequências desse princípio é a gradação luminosa apresentada pelos espíritos, conforme o seu grau de elevação. Colocamos no Anexo 3 um exemplo descrito por André Luiz dessa gradação luminosa.

Desta forma, a Doutrina Espírita nos esclarece este ensinamento de Jesus:

Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte. Nem se acende uma lâmpada e se coloca debaixo do alqueire, mas no candelabro, e assim ela brilha para todos os que estão na casa. Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus.

Jesus

(AUTORES DIVERSOS. Bíblia de Jerusalém; Mateus, capítulo 5, versículos 14 a 16. Editora Paulus.)

Questão 89 – Os Espíritos levam algum tempo para percorrer o espaço?

“Sim; porém, rápido como o pensamento.”

a) O pensamento não é a própria alma que se transporta?

“Quando o pensamento está em alguma parte, a alma também aí está, visto que é a alma quem pensa. O pensamento é um atributo.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

Em alguns relatos de espíritos recém-desencarnados transcritos por Ernesto Bozzano no livro A Crise da Morte28, verificamos que quando esses espíritos pensavam fortemente nos seus conhecidos, encarnados ou desencarnados, instantaneamente achavam-se junto a eles. Porém, alguns detalhes dessas narrações nos dão a entender que os espíritos não deixavam, efetivamente, o local onde originalmente estavam, dirigiam-se ao novo local com o seu pensamento, de forma que conseguiam ver o que as pessoas (encarnadas ou desencarnadas) lá estavam fazendo, entrar em comunicação com elas e, até, tornarem-se visíveis. Caso semelhante é narrado por André Luiz no livro Nosso Lar29, em que ele dorme e é conduzido para junto de sua mãe em um meio espiritual mais elevado. Desta forma, vemos que o eu consciente desses espíritos estava em um local, enquanto o seu corpo perispiritual (ou melhor, uma parte dele) estava em outro. Diferentemente dos espíritos superiores, que conseguem, de fato, percorrer o espaço “rápido como o pensamento”.

27 Para mais detalhes, ver ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo XIV, itens 9 e 16. CELD. 28 ERNESTO BOZZANO. A Crise da Morte, 7o, 9o, 11o e 16o casos. Editora FEB. 29 ANDRÉ LUIZ, psicografia de Francisco C. Xavier. Nosso Lar, capítulo 36. Editora FEB.

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

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Colocamos no Anexo 4 um caso narrado por Palhano Júnior, em que durante a

prece de encerramento de uma reunião medianímica, um médium registrou as vibrações de Jesus. Esse caso nos esclarece o significado desta afirmação de Jesus:

Em verdade ainda vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles.

Jesus

(AUTORES DIVERSOS. Bíblia de Jerusalém; Mateus, capítulo 18, versículos 19 e 20.

Editora Paulus. Grifo nosso.)

Portanto nada há de errado em se afirmar que nas reuniões religiosas de estudos ou trabalhos em que, pela prece, o nome de Jesus é invocado, ele ali está presente. Nada há de errado, também, em se dirigir as preces aos bons espíritos, porém estamos percebendo com este estudo que podemos nos dirigir diretamente a Jesus e dele receber, diretamente, a resposta, mesmo que não estejamos nas condições adequadas para percebê-la.

Questão 90 – O Espírito que se transporta de um lugar para outro tem consciência da distância que percorre e dos espaços que atravessa, ou é subitamente transportado ao lugar onde quer ir?

“As duas coisas; o Espírito pode muito bem, se o quiser, dar-se conta da distância que atravessa; mas também esta distância pode apagar-se completamente; isto depende de sua vontade e, ainda, de sua natureza mais ou menos depurada.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

Os espíritos mais depurados têm facilidade para percorrer os espaços. Os menos depurados necessitam de recursos mais ou menos materiais para se deslocarem. A título de exemplo, colocamos no Anexo 5 um caso narrado por André Luiz em que ele e os seus companheiros, ao longo do trajeto entre a região espiritual onde estavam até a crosta terrestre, percorrem um trecho em um “automóvel de asas”, depois, a pé, depois, por volitação.

Questão 91 – A matéria opõe obstáculo aos Espíritos?

“Não, eles penetram em tudo: o ar, a terra, as águas, até o fogo lhes são igual-mente acessíveis.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

Conforme vimos no Anexo 2, os objetos do mundo corporal são sólidos (ou melhor, palpáveis, ponderáveis) para nós, encarnados, porque nossos corpos são formados do mesmo tipo de matéria que eles. Os espíritos desencarnados possuem esse mesmo tipo de relação com os objetos do plano espiritual, já que seus corpos espirituais (perispíritos) são formados do mesmo tipo de matéria que esses objetos.

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

22

Assim, dado a sutileza da constituição semimaterial do períspirito, os espíritos desencarnados passam sem dificuldade através das paredes, corpos e quaisquer objetos materiais do plano físico.

Vejamos o que Kardec nos diz a respeito em A Gênese:

6. Aliás, quem conhece a constituição íntima da matéria tangível? Talvez ela só seja compacta em relação aos nossos sentidos, o que poderia ser provado pela facilidade com que ela é atravessada pelos fluidos espirituais e pelos espíritos aos quais ela não oferece mais obstáculos do que os corpos transparentes oferecem à passagem da luz. (...)

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo XIV. CELD.)

Em relação aos maus espíritos, podemos dizer que esses não penetram qualquer ambiente. Mas o que lhes impede a entrada não são paredes e portas materiais. Só oferecem obstáculo aos maus espíritos as barreiras magnéticas impostas pelos bons. Um mau espírito, pela sua condição mental, torna maus os fluidos que constituem seu corpo espiritual. Logo, para se opor a essa influência, será preciso criar um efeito repulsor com bons fluidos30. Isso pode ser obtido de duas formas:

• Atraindo-se os bons espíritos, que só se interessam por aqueles que buscam melhorarem-se pessoalmente; ou

• depurando-se os fluidos ambientes e o nosso perispírito, através da prece, do cultivo de bons pensamentos e da nossa melhora moral.

A título de exemplo, colocamos no Anexo 6 um caso narrado por André Luiz em que dois espíritos não conseguem penetrar em uma casa.

Questão 92 – Os Espíritos têm o dom da ubiquidade; em outras palavras, o mesmo Espírito pode se dividir, ou existir em vários pontos ao mesmo tempo?

“Não pode haver divisão do mesmo Espírito; porém, cada um é um centro que irradia para diferentes lados e é por isso que parece estar em vários lugares ao mesmo tempo. Vês o Sol? Ele é apenas um e, entretanto, irradia em todos os sentidos e emite os seus raios até bem distante; apesar disto, ele não se divide.”

a) Todos os Espíritos irradiam com a mesma potência?

“Falta muito para tal; isto depende do grau de pureza em que se encontrem.”

Cada Espírito é uma unidade indivisível, mas cada um deles pode estender seu pensamento para diversos lados, sem que para isto se divida. É apenas neste sentido que se deve entender o dom da ubiquidade atribuído aos espíritos. Assim como uma centelha projeta ao longe sua claridade e pode ser percebida de todos os pontos do horizonte. Ou, ainda, como um homem que, sem mudar de lugar e sem se fracionar, pode transmitir ordens, sinais e o movimento a diferentes pontos.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

30 Para mais detalhes, ver ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo XIV, item 21. CELD.

34o Encontro Espírita sobre Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

Em O Livro dos Médiuns, quando Kardec lhes perguntou sobre a possibilidade

de os espíritos atenderem a vários chamados, em locais distintos, ao mesmo tempo, os espíritos responderam de forma semelhante, acrescentando:

“(...) Os Espíritos inferiores são muito materiais; só podem responder a uma única pessoa, de cada vez, e não podem vir

Um espírito superior chamado, ao mesmo tempo, em dois pontos diferentes, responderá às duas evocações, se forem tão séra outra; no caso contrário, ele dá preferência à mais séria

(ALLAN KARDEC.

Desta forma, fica claro que os espíritos superiores, mesmo que estejam ocupados com outra tarefa, não deixam de atender às nossas preces, pois eles conseguem realizar mais de uma atividade ao mesmo tempo. O fato é que nós precisamos merecer a sua atenção, com objetivos mais sérios.

Veja também:

• O Livro dos Espíritos,

Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

23

, quando Kardec lhes perguntou sobre a possibilidade espíritos atenderem a vários chamados, em locais distintos, ao mesmo tempo, os

espíritos responderam de forma semelhante, acrescentando:

spíritos inferiores são muito materiais; só podem responder a uma única pessoa, de cada vez, e não podem vir a um lugar, se são chamados em outro.

Um espírito superior chamado, ao mesmo tempo, em dois pontos diferentes, responderá às duas evocações, se forem tão sérias e tão fervorosas, tanto uma quanto a outra; no caso contrário, ele dá preferência à mais séria.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Médiuns, item 282, pergunta 30. CELD.)

Desta forma, fica claro que os espíritos superiores, mesmo que estejam ocupados com outra tarefa, não deixam de atender às nossas preces, pois eles conseguem realizar mais de uma atividade ao mesmo tempo. O fato é que nós

a sua atenção, pois eles dão preferência àqueles que os chamam

247 e 495.

, quando Kardec lhes perguntou sobre a possibilidade espíritos atenderem a vários chamados, em locais distintos, ao mesmo tempo, os

spíritos inferiores são muito materiais; só podem responder a uma a um lugar, se são chamados em outro.

Um espírito superior chamado, ao mesmo tempo, em dois pontos diferentes, quanto

item 282, pergunta 30. CELD.)

Desta forma, fica claro que os espíritos superiores, mesmo que estejam ocupados com outra tarefa, não deixam de atender às nossas preces, pois eles conseguem realizar mais de uma atividade ao mesmo tempo. O fato é que nós

preferência àqueles que os chamam

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

24

Bloco de estudo 4 – Perispírito Objetivos:

• Compreender que o espírito possui um envoltório semimaterial que lhe dá a forma.

• Compreender que o perispírito obedece ao pensamento e à vontade do espírito.

Questão 93 – O Espírito, propriamente dito, está a descoberto ou, como alguns o pretendem, encontra-se envolto numa substância qualquer?

“O Espírito é envolvido por uma substância vaporosa para ti, porém, ainda muito grosseira para nós; todavia, bastante vaporosa para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se para onde ele queira.”

Como o gérmen de um fruto está envolto pelo perisperma, assim também o Espírito, propriamente dito, reveste-se de um invólucro que, por comparação, pode-se chamar de perispírito.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

O espírito propriamente dito, princípio intelectual e moral, está sempre revestido de um envoltório, ou perispírito, quer ele esteja encarnado ou desencarnado. Quando encarnado ele possui um segundo envoltório, o corpo físico; ao desencarnar, ele abandona este, mas leva consigo, como parte integrante do seu ser, o seu perispírito. Os espíritos não são, portanto, uma abstração, são seres humanos com corpo definido, limitado e circunscrito31.

O corpo que reveste os espíritos, seu perispírito, bem como os demais objetos do plano espiritual não podem ser medidos com os nossos instrumentos, pois são constituídos de uma matéria diferente da do nosso corpo. É uma matéria vaporosa para nós, os encarnados, mas não para eles, os desencarnados, que possuem uma relação com o seu corpo e com o meio em que vivem.

Por não possuírem mais o corpo físico para restringir-lhes as possibilidades, os espíritos podem usar seu perispírito com todos os recursos que ele oferece32, como, por exemplo:

• Transportam-se deslizando sobre o solo e flutuando pelo espaço, sem precisar caminhar;

• a matéria do perispírito é flexível e expansível, sua forma é modificável;

31 Para mais detalhes, ver ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, questão 135 e O Livro dos Médiuns, itens 53 a 55. CELD. 32 Para mais detalhes, ver ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, questão 237, 245 a 249, 257;O Livro dos Médiuns, itens 56 e 57 e A Gênese, capítulo XIV, item 24. CELD.

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

25

• seus sentidos não são restritos a órgãos específicos, as sensações lhe chegam

por todo o seu ser;

• comunicam-se através do pensamento, não necessitam da palavra articulada, nem de gestos;

• apresentam-se e comunicam-se em diferentes locais ao mesmo tempo.

Vale ressaltar que o perispírito é apenas um instrumento que obedece ao pensamento e à vontade do espírito, que é o detentor de todas as faculdades. Quanto mais elevado é o espírito, maiores as suas faculdades. Além disso, o envoltório perispiritual do espírito se modifica, torna-se mais sutil com o progresso moral que ele realiza em cada encarnação. E quanto mais sutil o perispírito, mais recursos ele oferece. Assim, com o progresso moral, aperfeiçoam-se tanto o operário quanto sua ferramenta33.

Questão 94 – De onde o Espírito retira seu envoltório semimaterial?

“Do fluido universal de cada globo. É por isso que não é idêntico em todos os mundos; passando de um mundo a outro, o espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.”

a) Assim, quando os Espíritos que habitam mundos superiores vêm até nós, tomam um perispírito mais grosseiro?

“É preciso que se revistam da vossa matéria; já o dissemos.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

O corpo perispiritual e o corpo carnal têm a sua origem no mesmo elemento primitivo: o fluido universal do planeta; ambos são matéria, ainda que sob dois estados diferentes. Passando de um mundo a outro, os espíritos mudam de envoltório como mudamos de roupa, ao passar do inverno para o verão, ou do polo ao Equador, ou seja, eles revestem um invólucro fluídico ou carnal apropriado ao mundo onde devem habitar, seja na condição de encarnados ou desencarnados.34

Tendo o espírito deixado o corpo, ele não está, por este motivo, completamente desligado da matéria e ainda pertence ao mundo onde viveu ou a um mundo do mesmo grau, a menos que, durante sua vida, ele se tenha elevado. O espírito inferior não pode ir a mundos superiores, a não ser não condição de estrangeiro. Os espíritos superiores, ao contrário, podem vir aos mundos inferiores e neles até encarnar. Eles o fazem frequentemente, a fim de ajudar-nos a progredir, sem isto, estaríamos entregues a nós mesmos, sem guias para nos dirigir. Ao trocar de envoltório, fazem como o nobre que despe as suas roupas finas para vestir

33 Para mais detalhes, ver ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, questão 257 e A Gênese, capítulo XIV, item 10. CELD. 34 Para mais detalhes, ver ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, item 257 e A Gênese, capítulo XIV, itens 7 a 9. CELD.

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

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momentaneamente um traje grosseiro, sem por isso deixar de ser nobre.35 Entretanto, momentaneamente um traje grosseiro, sem por isso deixar de ser nobre.35 Entretanto, esclarece-nos Léon Denis:

(...) A descida ao nosso mundo terrestre é um ato de abnegação e uma causa de sofrimento para o espírito elevado. Não poderíamos admirar e reconhecer a generosidade dessas almas que não recuam diante do contato dos fluidos grosseiros, nisso semelhantes às nossas nobres senhoras, delicadas, sensitivas que, por caridade, penetram nos meios repugnantes para ali trazer o socorro e consolações.

(...) Quando um desses espíritos desce ao nosso nível, quando permanece nas nossas regiões obscuras, uma impressão de tristeza o invade; ele ressente como um amesquinhamento, uma diminuição de seu poder e de suas percepções. É através de um exercício constante de sua vontade, com o auxílio das forças magnéticas hauridas no Espaço, que ele se habitua ao nosso mundo e aí prossegue o cumprimento das missões que lhe estão determinadas. (...)

(LÉON DENIS. No Invisível; capítulo V. CELD.)

Questão 95 – O envoltório semimaterial do Espírito dispõe de formas

determinadas e pode ser perceptível?

“Sim, uma forma correspondente à vontade do Espírito; é assim que ele vos aparece algumas vezes, quer nos sonhos, quer no estado de vigília, e que pode tomar uma forma visível e até mesmo palpável.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

Conforme vimos no Bloco 2, no plano espiritual, há uma parte que não está ao alcance da modificação por qualquer espírito, pois é criação dos espíritos superiores, e outra transitória e muito mutável, que se modifica conforme o pensamento e a vontade de cada entidade desencarnada, é meio imediato onde vivem. O perispírito, que faz parte desse meio imediato, toma a “forma correspondente à vontade do espírito”. “ Algumas vezes, essas transformações são o resultado de uma intenção, outras, são o produto de um pensamento inconsciente” 36. Porém, para criar um objeto ou moldar o seu perispírito com a maior riqueza de detalhes desejada, não basta que se pense no objeto desejado, é preciso uma concentração firme do pensamento sobre esse objeto ou sobre essa forma, pensando em todos os seus detalhes. É por isso que, exercitando-se nas criações do pensamento, os espíritos chegam a pensar com uma nitidez cada vez maior e a concentrar a vontade com uma eficácia sempre mais importante37.

35 Para mais detalhes, ver ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, questões 232 e 233; A Gênese, capítulo XIV, item 9. CELD. 36 ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo XIV, item 14. CELD. (ver também: MARTINS PERALVA. O pensamento de Emmanuel; capítulo 3. Editora FEB.) 37 Para mais detalhes, ver ERNESTO BOZZANO. A Crise da Morte, 16o caso. Editora FEB.

34o Encontro Espírita sobre Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

Vejamos algumas observações de Kardec:

A forma do perispírito é a forma humana e, quando nos aparece, é, geralmente, aquela com a qual conhecemos o espírito, enquanto encarnado. (...) Mas a matéria sutil do perispírito não possui a tenacidade, nem a rigidez da matéria compacta do corpo; ela é, se assim podemos exprimirisso que a forma que ela toma, embora seja calcada na do corpo, não é absoluta; ela se modifica à vontade do espírito, que pode darqueira, enquanto que o envoltório sólido ofereciaDesembaraçado desse entrave que o comprimia, o perispírito se expande ou se retrai, transforma-se, numa palavra, prestaque age sobre ele. Em consequência desta propriedade do seu envoltório fluídico, espírito que quer ser reconhecido pode, quando isto for necessário, tomar a aparência exata que tinha, quando encarnado, até mesmo com os acidentes corporais que possam constituir sinais de reconhecimento

(ALLAN KARDEC.

É nesse princípio que se baseia a Doutrina Espírita para explicar as aparições de Jesus a diversas pessoas após a morte do seu corpo físico; fenômeno esse que ficou conhecido com o nome de “ressurreição”. Jesus deu ao seu perispírito visível e, em alguns casos, palpáveldepois, a Saulo pode ser explicada pelo mesmo princípio, com a diferença de que neste caso Jesus deu ao seu perispírito uma forma de clarão

A título de exemplo, colocamos nos anexorição, em que é mostrado, respectivamente, a aparição de um espírito a um médium e a aparição palpável de outro espírito a um grupo de pessoas

Veja também:• O Livro dos Espíritos• O Livro dos Médiuns• A Gênese,

38 Para mais detalhes, ver ALLAN KARDEC. 39 Para mais detalhes, ver:

• AUTORES DIVERSOS. Bíblia de JerusalémEditora Paulus.

• EMMANUEL; psicografia de Francisco C. Xavier. • ALLAN KARDEC. O Livro dos Médiuns

40 Outro modo de aparição dos espíritos é o registro de sua imagem em fotografias. Para exemplos comprovados deste tipo de aparição, recomendamos a leitura de ARTHUR CONAN DOYLE.A História do Espiritualismo, capítulo 19. Editora FEB.

Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

27

Vejamos algumas observações de Kardec:

A forma do perispírito é a forma humana e, quando nos aparece, é, geralmente, aquela com a qual conhecemos o espírito, enquanto encarnado. (...) Mas a matéria sutil do perispírito não possui a tenacidade, nem a rigidez da matéria compacta do corpo; ela é, se assim podemos exprimir-nos, flexível e expansível; é por

forma que ela toma, embora seja calcada na do corpo, não é absoluta; ela se modifica à vontade do espírito, que pode dar-lhe esta ou aquela aparência, conforme o queira, enquanto que o envoltório sólido oferecia-lhe uma resistência intransponível.

açado desse entrave que o comprimia, o perispírito se expande ou se retrai, se, numa palavra, presta-se a todas as metamorfoses, segundo a vontade

que age sobre ele. Em consequência desta propriedade do seu envoltório fluídico, er ser reconhecido pode, quando isto for necessário, tomar a

aparência exata que tinha, quando encarnado, até mesmo com os acidentes corporais que possam constituir sinais de reconhecimento.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Médiuns, item 56. CELD. Grifo nosso.)

É nesse princípio que se baseia a Doutrina Espírita para explicar as aparições de Jesus a diversas pessoas após a morte do seu corpo físico; fenômeno esse que ficou conhecido com o nome de “ressurreição”. Jesus deu ao seu perispírito uma forma

palpável38. Vale acrescentar que a aparição de Jesus, anos depois, a Saulo pode ser explicada pelo mesmo princípio, com a diferença de que neste caso Jesus deu ao seu perispírito uma forma de clarão39.

título de exemplo, colocamos nos anexos 7 e 8 outros dois casos de aparição, em que é mostrado, respectivamente, a aparição de um espírito a um médium e a aparição palpável de outro espírito a um grupo de pessoas40.

Veja também: O Livro dos Espíritos, perguntas 400 a 418. O Livro dos Médiuns, itens 100 a 109.

item 14.

ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo XV, itens 56 a 68. CELD.

Bíblia de Jerusalém, Atos dos Apóstolos, capítulo 9, versículos 1 a 7.

EMMANUEL; psicografia de Francisco C. Xavier. Paulo e Estêvão, capítulo X. Editora FEB.O Livro dos Médiuns, item 100, perguntas 22 e 28. CELD.

píritos é o registro de sua imagem em fotografias. Para exemplos comprovados deste tipo de aparição, recomendamos a leitura de ARTHUR CONAN DOYLE.

Editora FEB.

A forma do perispírito é a forma humana e, quando nos aparece, é, geral-mente, aquela com a qual conhecemos o espírito, enquanto encarnado. (...) Mas a matéria sutil do perispírito não possui a tenacidade, nem a rigidez da matéria

nos, flexível e expansível; é por forma que ela toma, embora seja calcada na do corpo, não é absoluta; ela se

lhe esta ou aquela aparência, conforme o lhe uma resistência intransponível.

açado desse entrave que o comprimia, o perispírito se expande ou se retrai, se a todas as metamorfoses, segundo a vontade

que age sobre ele. Em consequência desta propriedade do seu envoltório fluídico, o er ser reconhecido pode, quando isto for necessário, tomar a

aparência exata que tinha, quando encarnado, até mesmo com os acidentes

rifo nosso.)

É nesse princípio que se baseia a Doutrina Espírita para explicar as aparições de Jesus a diversas pessoas após a morte do seu corpo físico; fenômeno esse que ficou

uma forma . Vale acrescentar que a aparição de Jesus, anos

depois, a Saulo pode ser explicada pelo mesmo princípio, com a diferença de que

s 7 e 8 outros dois casos de apa-rição, em que é mostrado, respectivamente, a aparição de um espírito a um médium e

Atos dos Apóstolos, capítulo 9, versículos 1 a 7.

capítulo X. Editora FEB.

píritos é o registro de sua imagem em fotografias. Para exemplos

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

28

Conclusão Somos todos espíritos imortais! Tanto os que estamos do lado de cá da vida,

como os que estão do lado de lá. Somos da mesma essência e fomos criados pelo mesmo Pai: Deus. Ao desencarnarmos, deixamos o corpo físico, porém mantemos nossa individualidade, a consciência de nós próprios, a nossa perfectibilidade e o nosso livre-arbítrio, que cresce à medida que progredimos.

Os espíritos desencarnados vivem em um mundo à parte, fora daquele que vemos: o mundo dos espíritos (também chamado de mundo espírita, mundo espiritual ou plano espiritual), que não fica em um local determinado, porém possui diversas regiões no Universo, que possuem as características dos seus habitantes. Esses interagem incessantemente com os encarnados: revezando-se com eles na habitação dos dois mundos, agrupando-se em torno de encarnados com quem se assemelham, influenciando-se uns aos outros pela troca de pensamentos.

A forma com a qual os espíritos se apresentam para nós em sonho ou no estado de vigília não é a da sua essência, mas sim a do seu perispírito, o corpo que a reveste. Eles conseguem identificar uns nos outros as diferenças entre seus graus de pureza pelo brilho e a coloração que exibem. Os mais elevados possuem não só maior claridade, como, também, maior capacidade de irradiação e transporte. O que reforça em nós a certeza da presença de Jesus junto a todos os que lhe invocam. Quanto mais elevado é o espírito, maiores as suas faculdades e mais sutil o seu perispírito. E quanto mais sutil o perispírito, melhor ferramenta ele se torna para as obras que o espírito quer executar. Assim, a Doutrina Espírita nos dá uma explicação mais racional para os fenômenos realizados por Jesus, mostrando que ele é um espírito, como nós próprios e, consequentemente, que poderemos, um dia, alcançar a pureza que ele já alcançou e constatar o alcance deste seu ensinamento: “quem crê em mim fará as obras que faço e fará até maiores do que elas” 41.

41 AUTORES DIVERSOS. Bíblia de Jerusalém; João, capítulo 14, versículo 12. Editora Paulus.

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

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ANEXO 1 – Bloco 1 Mensagem para o 13o Encontro Espírita sobre A Gênese

Filhos, Valendo-nos da máxima de O Livro dos Espíritos, diremos: “(...) que tudo se

encadeia, desde o átomo primitivo até ao arcanjo, que também começou por ser átomo”.

No início, no vosso mundo terreno, tudo começa mesmo no átomo e há uma certa não diferenciação muito clara do que é matéria e do que é princípio espiritual; o próprio movimento presente nos corpúsculos atômicos, já é, por si só, ensaio do princípio espiritual nos campos das primeiras individualizações, o que apenas parece força de atração e repulsão, no fundo é vida que se inicia.

Não há, ainda, para nós, espíritos ligados à Terra, todo o conhecimento dos mecanismos que estão presentes neste começo de “individualização”, se assim podemos dizer, pois na nossa apreciação, o que podemos ver são os efeitos disso tudo...

Reparem os animais unicelulares, tão simples e ao mesmo tempo tão complexos, por já conseguir o princípio espiritual “individualizado”, se associar à matéria e fazer com que realize operações complexas. É o que nos diz O Livro dos Espíritos: “(...) a união do espírito e da matéria é necessária para intelectualizá-la”.

E vai evoluindo o princípio espiritual, gerenciando matérias cada vez mais complexas, com funções cada vez mais definidas, até que chega aos animais superiores, onde passa a gerenciar trilhões de células que abrigam trilhões de células que abrigam princípios rudimentares em evolução. E se é difícil para vós perceber isto, vide algumas células do vosso corpo, como os corpúsculos brancos ou leucócitos, que agem como se fossem animálculos com vida própria, defendendo o seu território, e o que dizer do espermatozoide que tem vida própria no organismo masculino e que só tem 23 cromossomos deste, ou seja, parcialmente diferente do organismo onde se forma...

O assunto é complexo e nem mesmo aqui, no plano espiritual é esgotado. Continuem estudando, aprofundando conceitos e meditando nesses temas, mas

tendo por base que ainda na Terra, Deus continua criando vida todos os dias, pois o Criador jamais deixa de criar, como disse Jesus: “(...) Meu Pai trabalha até agora”.

Que o Senhor da Vida a todos abençoe! Paz!

Victor

(Mensagem psicográfica recebida pelo médium Mário Coelho, no CELD, em 10 de dezembro de 2010.)

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

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ANEXO 2 – Bloco 2 A criação dos objetos no mundo espiritual

Tiro-o da Light (1927, p. 314). Trata-se da manifestação de Miss Felicia Scatcherd, alguns meses depois de sua morte, ocorrida em 27 de março de 1927. (...)

(...) Em seguida, o espírito ditou a sua longa mensagem, da qual extraio os tópicos seguintes:

(...) Fui logo conduzida para longe dali pelos espíritos que tinham vindo receber-me e que me explicaram haver construído o maravilhoso mundozinho deles, tirando-o daquele nevoeiro aljofrado que eu percebia, condensando-lhe, pelo poder do pensamento, as vibrações infinitamente sutis. Eles projetam nesse meio as formas do pensamento, que se revestem da substância espiritual. Chegam assim, pouco a pouco, a criar o seu meio. Quanto a mim, como é natural, ainda não me achava em condições de projetar as formas do meu pensamento nesse mundo exclusivamente mental; por isso os espíritos me conduziram à maravilhosa morada que eles próprios haviam criado. Mais tarde aprenderei, por minha vez, a construir o meu mundozinho pessoal(...)

Quanto ao meio, em geral, somos sempre nós que contribuímos para a sua criação; cada um traz para ali uma pequena parte do todo. Naturalmente, o trabalho é dividido, depois de todos se haverem posto de acordo com relação ao conjunto a ser criado. Grande número de espíritos há que não se ocupam com essas criações, reservadas àqueles que manifestam disposições para essa espécie de trabalhos. A paisagem que me cerca aparece completa por si mesma e maravilhosa; mas é apenas a nossa paisagem. Asseguram-me, com efeito, que, para além da nossa, há outras muito diversas, porque almas há incapazes de apreciar o que se afaste da paisagem terrestre. (...)

A Sra. Natacha Rambova deu recentemente à publicidade um livro intitulado Rudy, em que narra a vida de seu marido, Rodolfo Valentino, o célebre artista cinematográfico, acrescentando-lhe algumas mensagens mediúnicas obtidas do defunto. (...)

Voltando à potencialidade criadora do pensamento no meio espiritual, transcreverei a seguinte passagem das comunicações de Valentino:

Aqui, tudo o que existe parece constituído em virtude das diferentes modalidades pelas quais se manifesta a força do pensamento. Afirmam-me que a substância sobre que se exerce a força do pensamento é, na realidade, mais sólida e mais durável do que as pedras e os metais no meio terrestre. Muitas dificuldades encontrais, naturalmente, para conceber semelhante coisa, que, parece, não se concilia com a ideia que se pode formar das modalidades em que devera manifestar-se a força do pensamento. Eu, por minha parte, imaginava tratar-se de criações formadas de uma matéria vaporosa; elas, porém, são, ao contrário, mais sólidas e revestidas de cores mais vivas do que o são os objetos sólidos e coloridos do meio terrestre...

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As habitações são construídas por espíritos que se especializaram em modelar, pela força do pensamento, essa matéria espiritual. Eles as constroem sempre tais como as desejam os espíritos, pois que tomas às subconsciências destes últimos os gabaritos mentais dos seus desejos.

A propósito desta passagem, notarei que, do ponto de vista científico, ninguém deveria admirar-se da observação do espírito, relativamente à aparência sólida – tanto e mais do que a pedra – das construções psíquicas no meio espiritual. A Ciência, com efeito, já demonstrou que a solidez da matéria é pura aparência. Segue-se que o atributo solidez não constitui mais que uma questão de relação entre o indivíduo e o objeto. Quer dizer que, para nós, seres formados de igual matéria constitutiva do meio em que vivemos, esse meio tem, necessariamente, que parecer sólido, pois que há perfeita relação entre o indivíduo e o objeto. De modo análogo, para um espírito revestido de corpo etéreo, o meio etéreo em que ele vive deverá parecer não menos sólido, devido sempre à existência de perfeita relação entre o indivíduo e o objeto. Em compensação, o mesmo espírito deverá perceber como sombras evanescentes as pessoas vivas e o meio terrestre, devido à falta de relação entre as condições em que ele existe e opera e as condições em que existem e operam os vivos, sem contar que ele terá a confirmação do que se supõe, quando lhe aconteça passar através de uma parede, como se esta não existisse. (...)

(ERNESTO BOZZANO. A Crise da Morte, 13o e 15o casos. Editora FEB.)

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ANEXO 3 – Bloco 3 A prece de Ismália

(Estava o grupo de trabalhadores no Posto de Socorro diante de alguns espíritos atendidos, que encontravam-se mergulhados em longo e profundo sono.)42

(...) Ismália, então, num gesto de indefinível delicadeza, começou a orar, acompanhada por todos nós, em silêncio, salientando-se, porém, que lhe seguíamos a rogativa, frase por frase, atendendo a recomendações do nosso orientador, que aconselhou repetir, em pensamento, cada expressão, a fim de imprimir o máximo ritmo e harmonia ao verbo, ao som e à ideia, numa só vibração.

– Senhor! – começou Ismália, comovidamente – dignai-vos assistir os nossos humildes tutelados, enviando-nos a luz de vossas bênçãos santificantes. Aqui estamos, prontos para executar vossa vontade, sinceramente dispostos a secundar vossos altos desígnios. Conosco, Pai, reúnem-se os irmãos que ainda dormem, anestesiados pela negação espiritual a que se entregaram no mundo. Despertai-os, Senhor, se é de vossos desígnios sábios e misericordiosos, despertai-os do sono doloroso e infeliz. Acordai-os para a responsabilidade, para a noção dos deveres justos! (...)

Observando-a, por um momento, reparei que a esposa de Alfredo se transfigurara. Luzes diamantinas irradiavam de todo o seu corpo, em particular do tórax, cujo âmago parecia conter misteriosa lâmpada acesa.

Em vista da ligeira pausa que imprimira a oração, observei a nós outros, verificando que o mesmo fenômeno se dava conosco, embora menos intensamente. Cada qual parecia, ali, apresentar uma expressão luminosa, gradativa. As senhoras que acompanhavam Ismália estavam quase semelhantes a ela, como se trajassem soberbos costumes radiosos, em que predominava a cor azul. Depois delas, em brilho, vinha a luz de Aniceto, de um lilás surpreendente. Em seguida, tínhamos Alfredo, cuja luz era de um verde suave e sugestivo, sem grande esplendor. Depois dele, vinham alguns servidores ostentando na fronte claridades sublimes, expressas em variadas cores, e, logo após, Vicente e eu, mostrávamos fraca luminosidade, a qual, porém, nos enchia de brilho intenso, considerando que a maioria dos cooperadores em serviço apresentava o corpo obscuro, como acontece na esfera carnal.

– (...) Deprecando vossa misericórdia para eles, rogamos, para nós, a verdadeira noção da fraternidade universal! Ensinai-nos a transpor as fronteiras de separação para que vejamos em cada enfermo o irmão necessitado do nosso entendimento! Ajudai-nos a com preensão, a fim de que venhamos a perder todo impulso de acusação nas estradas da vida! Ensinai-nos a amar como Senhor nos amou? Também nós, Senhor, que aqui vos rogamos, fomos leprosos espirituais, cegos do entendimento, paralíticos da vontade, filhos pródigos do vosso amor!... Também nós dormimos, em tempos idos, nos Postos de Socorro da vossa misericórdia!(...)

42 Resumo nosso dos capítulos anteriores. (Nota da Equipe do Encontro)

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Somos simples devedores, ansiosos de resgatar imensos débitos! Sabemos que vossa Somos simples devedores, ansiosos de resgatar imensos débitos! Sabemos que vossa bondade nunca falha e esperamos contemplar a bênção de vida e luz!

Fizera Ismália nova pausa, agora mais longa. Os olhos umedecidos de pranto. Suave calor, todavia, apossava-se-me da alma. E tão intensa era essa nova sensação de conforto, que interrompi a concentração em mim mesmo, a fim de olhar em torno. Fixando instintivamente o alto, enxerguei, maravilhado, grande quantidade de flocos esbranquiçados, de tamanhos variadíssimos, a caírem copiosamente sobre nós que orávamos, exceto sobre os que dormiam. Tive a impressão de que eram derramados do céu sobre nossa fronte, caindo com a mesma abundância sobre todos, desde Ismália ao último dos servidores. Não cabia em mim de admiração, quando novo fenômeno me surpreendeu. Os flocos leves desapareciam ao tocar-nos, começando, porém, a sair de nossa fronte e do peito grandes bolhas luminosas, com a coloração da claridade de que estávamos revestidos, elevando-se no ar e atingindo as múmias. Ainda aí, reparava o problema da gradação espiritual. As luzes emitidas por Ismália eram mais brilhantes, intensas e rápidas, alcançando muitos enfermos de uma só vez. Em seguida, vinham as fornecidas pelas senhoras do seu círculo pessoal. Depois, tínhamos as de Aniceto, de Alfredo e dos demais. Os servos de corpo obscuro emitiam vibrações fracas, mas visivelmente luminosas. Cada qual, naquele instante de contato com o plano superior, revelava o valor próprio na cooperação que podia prestar.

Observando-me o assombro, Aniceto falou-me aos ouvidos: – Na prece encontramos a produção avançada de elementos-força. Eles

chegam da Providência em quantidade igual para todos os que se deem ao trabalho divino da intercessão, mas cada espírito tem uma capacidade diferente para receber. Essa capacidade é a conquista individual para o mais Alto. E como Deus socorre o homem pelo homem e atende a alma pela alma, cada um de nós somente poderá auxiliar os semelhantes e colaborar com o Senhor, com as qualidades de elevação já conquistadas na vida.

(ANDRÉ LUIZ, psicografia de Francisco C. Xavier. Os Mensageiros, capítulo 24. Editora FEB.)

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ANEXO 4 – Bloco 3 Prece ao final das reuniões

Prece final em reunião medianímica do CIPES43

“Ó Jesus amado, nosso Mestre, nosso médico espiritual, estamos imbuídos do sentimento de gratidão, por todas as benesses recebidas aqui, por todas as percepções conseguidas na elaboração da ajuda sistemática aos enfermos do espírito e da carne. Nossos corações apresentam a alegria daquele que está conseguindo cumprir a tarefa passo a passo, pouco a pouco, buscando viver em nosso dia a dia os teus ensinamentos. Estamos jubilosos por contar com a tua presença, representada pelo mundo espiritual, pelos espíritos benfeitores que se achegam aos homens de boa vontade. Ao mesmo tempo, pedimos por nossas tarefas, de forma que, unidos ao mundo espiritual, possamos nos tornar veículos da vontade do Criador. (...)”44

Percepções dos médiuns

(...) 2o médium: “Os nossos pensamentos estavam unidos desde a prece inicial, quando se formaram ondas de energias invisíveis que foram dirigidas ao Alto. Quando chegou lá aos cimos celestiais, vi muita luz, uma energia fortíssima. Nós nos elevamos até lá e absorvemos essa energia e retornamos. Foi feito o campo magnético, como defesa. Amigos espirituais já estavam a postos desde o início da reunião, aguardando o ambiente propício para se achegarem mais, o que aconteceu durante a prece inicial. Agora, contudo, na prece final, foi maravilhoso. Vi o céu se abrindo e o Cristo estender as mãos para nós. Das mãos dele saíam feixes de luz que imantavam cada um de nós, formando um grupo coeso. E a demonstração era nítida: ele está conosco e estamos com ele. Não tenho receio de falar, porque é verdade.”45

Diante da vibração de paz e harmonia, confirmada pelas narrativas dos médiuns, o Espírito Bezerra de Menezes, que já tinha sido notado no ambiente, pediu permissão ao médium L. e ditou pelos recursos da psicofonia:

3o médium: “Meus amigos, no orbe em que habitamos, o trabalho do Cristo ainda acontece de modo muito particular, em pequenos grupos de companheiros afins que se unem para o trabalho do amor desinteressado. Infelizmente, poucos conseguem usufruir dos momentos sublimados da prece nos quais a sinceridade parte de cada coração que se dispõe ao serviço cristão que redime. Daí não ser possível de

43 Círculo de Pesquisa Espírita (CIPES), instituição continuadora nas tarefas de pesquisa e divulgação do Espiritismo desenvolvidas anteriormente pela Fundação Espírito-Santense de Pesquisa Espírita (FESPE) criada por nove integrantes no qual era um deles Lamartine Palhano Jr., autor do livro do qual extraímos o presente texto. (Nota da Equipe do Encontro a partir das informações contidas na Apresentação do livro Transe e Mediunidade do mesmo autor.) 44 Prece proferida pelo dirigente. (Nota de Palhano Júnior.) 45 É preciso deixar que os médiuns falem. Depois, com todos os trabalhos devidamente avaliados, é que se poderá verificar a veracidade do fenômeno; pela análise dos efeitos obtidos, não antes. (Nota de Palhano Júnior.)

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

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cada coração que se dispõe ao serviço cristão que redime. Daí não ser possível tratar de assuntos espirituais de grande ventura e de maior significado com aqueles que ainda mantêm o coração endurecido às sensibilidades do mundo maior, porque não acreditarão que tal felicidade possa existir no espírito humano. Mas onde todos se entreguem à tarefa espírita cristã com a devida devoção, nós presenciaremos e atestaremos momentos de sublimidade que ninguém poderá tirar de nossas almas, condição que ninguém poderá violentar, marcando com o mal, exasperando com intrigas e confusões, porque nesse lugar se terá estabelecido a paz. Só entre os corações que verdadeiramente se amam é que se estabelece o verdadeiro amor do Cristo, pois ele mesmo nos disse, um dia, que seus verdadeiros discípulos seriam reconhecidos por muito se amarem. O Mestre dos mestres procura estes, pois são capazes de perceber a sua luz, que é a Verdade, vislumbrada por Allan Kardec, na época da Codificação espírita. Esforcemo-nos para que a presença das luzes do Mestre galileu preencha este nosso recinto e também as nossas almas nos instantes de preces e tarefas medianímicas voltadas para o alívio dos sofredores do mundo. Estejamos em Paz.”

Bezerra de Menezes

A reunião foi encerrada sob júbilo geral e promessas, de cada um, de maior empenho para a manutenção dessas condições tão favoráveis à percepção das vibrações do Cristo. Se os médiuns que lerem estes relatos se reportarem em espírito a eles, verão que foram verdadeiros.

(LAMARTINE PALHANO JÚNIOR. O Livro da Prece, capítulo 7. Editora 3 DE OUTUBRO.)

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ANEXO 5 – Bloco 3 A caminho da crosta

(...) Tomamos o carro, agradavelmente surpreendidos. Ser-me-ia muito difícil descrever a pequena máquina, que mais se

assemelhava a pequeno automóvel de asas, a deslocar-se impulsionado por fluidos elétricos acumulados.

Sempre atencioso, Aniceto explicou: – Aceitei a cooperação do aparelho, não por que os deseja escravizados ao

menor esforço, mas porque a permanência, embora ligeira, no Posto de Socorro, constituiu ensejo dos mais frutuosos à aquisição de conhecimentos necessários. Receberam vocês lições intensivas, relativamente aos nossos irmãos perturbados e sofredores, bem como sobre os efeitos da prece. Desse modo, temos nosso expediente bastante adiantado, considerando que se encontram ambos em tarefa de observação e aprendizado, acima de tudo.

Depois de ligeira pausa, continuou: – Não creiam, todavia, que possamos aproveitar a máquina até a crosta.

Calculo que só poderemos voar até o meio-dia. Em seguida, prosseguiremos a pé. Aniceto calou-se por instantes, sorriu noutra expressão fisionômica, e

acentuou: – Isto, porém, acontecerá somente enquanto não hajam vocês criado asas

espirituais, que possam vencer todas as resistências vibratórias. Semelhante realização pode não estar distante. Dependerá do esforço que desejarem despender no trabalho aquisitivo. Todo aquele que opere, e coopere de espírito voltado para Deus, poderá aguardar sempre o melhor. Não é promessa de amizade. É lei.

O pequeno aparelho nos conduziu por enormes distâncias, sempre no ar, mas conservando-se a reduzida altura do solo.

Quase precisamente ao meio-dia, estacionamos em humilde pouso, destinado a abastecimento e reparação de maquinaria de natureza daquela em que havíamos viajado.

Despediu-se de nós o condutor, que nos desejou boa viagem preparando-se para regressar.

A paisagem tornou-se, então, muito fria e diferente. Não estávamos em caminho trevoso, mas muito escuro e nevoento. Tomara-se densa a atmosfera, alterando-nos a respiração.

Aniceto contemplou, conosco, a vastidão caliginosa e falou em tom grave: – Com quatro horas de locomoção, estaremos na crosta. Reparem as sombras

que nos rodeiam, identifiquem a mudança geral. Infelizmente, as emissões vibratórias da Humanidade encarnada são de natureza bastante inferior, em nos referindo à maioria das criaturas terrestres, e estas regiões estão repletas de resíduos escuros, de matéria mental dos encarnados e desencarnados de baixa condição. Atravessaremos grandes zonas, não propriamente tenebrosas, mas muito obscuras ao nosso olhar. Daqui a duas horas, porém, encontraremos sinais da luz solar.

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Nossa peregrinação, francamente, foi muito pesada e dolorosa, e, somente aí,

avaliei, de fato, a enorme diferença da estrada comum, que liga a crosta a “Nosso Lar” e aquela que agora percorríamos a pé, vencendo obstáculos de vulto. Imaginei, comovido, o sacrifício dos grandes missionários espirituais que assistem o homem, compreendendo, então, quão meritório lhes é o serviço e como necessitam disposições especiais e extraordinário bom ânimo, para auxiliarem as criaturas encarnadas, de maneira constante. (...)

No horário previsto por nosso orientador, começamos a vislumbrar, de novo, a luz do Sol, como se estivéssemos em madrugada clara. (...)

Aniceto, que parecia alegrar-se sobremaneira, exclamou: – Entramos na zona de influenciação direta da crosta. Poderemos, doravante,

praticar a volitação, utilizando nossos conhecimentos de transformação da força centrípeta. (...) Prossigamos. Não tardaremos a entrar no Rio de Janeiro. (...)

Empregamos, de novo, a capacidade volitante e, dentro em pouco, as matas de Petrópolis estavam à vista. Mais alguns minutos e perlustrávamos as grandes artérias cariocas. (...)

Vicente e eu estávamos positivamente exaustos. Reconhecíamos que o esforço fora significativo para nossas escassas forças. (...)

(ANDRÉ LUIZ, psicografia de Francisco C. Xavier. Os Mensageiros, capítulo 33. Editora FEB.)

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ANEXO 6 – Bloco 3 Barreira magnética

(...) O rapaz, em companhia de uma senhora idosa e de uma jovem, que logo percebi serem sua mãe e irmã, punha-se de regresso ao lar. (...)

Três entidades de sombrio aspecto, absolutamente cegas para com a nossa presença, em vista do baixo padrão vibratório de suas percepções, acercaram-se do trio sob nossa observação.

Encostou-se uma delas à senhora idosa e, instantaneamente, reparei que a sua fronte se tornava opaca, estranhamente obscura. (...)

Nesse momento, as duas outras entidades, que ainda se mantinham distanciadas, agarraram-se comodamente aos braços do rapaz, que ofereceu aos meus olhos o mesmo fenômeno. Embaciou-se-lhe a claridade mental e duas rugas de aflição e desalento vincaram-lhe as faces, que perderam aquele halo de alegria luminosa e confiante. (...)

– [Alexandre] (...) Quanto ao rapaz, de leviandade em leviandade, criou fortes laços com certas entidades ainda atoladas no pântano de sensações do meretrício, das quais se destacam, por mais perseverantes, as duas criaturas que ora se lhe agarram, quase que integralmente sintonizadas com o seu campo de magnetismo pessoal. O pobrezinho não se apercebeu dos perigos que o defrontavam e tornou-se a presa inconsciente de afeiçoados que lhe são invisíveis, tão fracos e viciados quanto ele próprio. (...)

Após separar-se da genitora e da irmã, dispôs-se o rapaz a tomar o caminho da residência que lhe era própria. (...)

Curioso, observei que as entidades infelizes mostravam-se, agora, terrivel-mente contrafeitas. Alguma coisa impedia-lhes acompanhar a vítima ao interior.

– Naturalmente – acentuou meu generoso companheiro – você já sabe que a prece traça fronteiras vibratórias.

Sim, já observara experiências dessa ordem. – Aqui – prosseguiu ele – reside uma irmã que tem a felicidade de cultivar a

oração fervorosa e reta. Entramos. E, enquanto o amigo encarnado se preparava a recolher, Alexandre

explicava-me o motivo da sublime paz reinante entre as paredes humildes. – O lar – disse – não é somente a moradia dos corpos, mas, acima de tudo, a

residência das almas. O santuário doméstico que encontre criaturas amantes da oração e dos sentimentos elevados, converte-se em campo sublime das mais belas florações e colheitas espirituais. Nosso amigo não se equilibrou ainda nas bases legítimas da vida, depois de extremas vacilações e levianas experiências da primeira mocidade; no entanto, sua companheira, mulher jovem e cristã, garante-lhe a casa tranquila, com a sua presença, pela abundante e permanente emissão de forças purificadoras e luminosas, de que o seu espírito se nutre.

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

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Achava-me eminentemente surpreendido. De fato, a tranquilidade interior era

grande e confortadora. Em cada ângulo das paredes e em cada objeto isolado havia vibrações de paz inalterável. O rapaz, agora, penetrava o aposento modesto, naturalmente disposto ao descanso noturno. (...)

(...) Desejando, contudo, certificar-me quanto a outro pormenor da sublime experiência, interroguei:

– Bastará, porém, o recurso da esposa para que o nosso doente restaure o equilíbrio psíquico?

Alexandre sorriu e respondeu: – O socorro de Cecília é valioso para o companheiro, mas o potencial de

emissão divina pertence a ela, como fruto incorruptível dos seus esforços individuais. Significa para ele o “acréscimo de misericórdia” que deverá anexar, em definitivo, ao patrimônio de sua personalidade, através do trabalho próprio. Receber o auxílio do bem não quer dizer que o beneficiado seja bom. Nosso amigo precisa devotar-se, com fervor, ao aproveitamento das bênçãos que recebe, porque, inegavelmente, toda cooperação exterior pode ser interrompida e cada filho de Deus é herdeiro de possibilidades sublimes e deve funcionar como médico vigilante de si mesmo.

(ANDRÉ LUIZ, psicografia de Francisco C. Xavier. Missionários da Luz, capítulos 5 e 6. Editora FEB.)

34o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema central: “DOS ESPÍRITOS”

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ANEXO 7 – Bloco 4 Uma manifestação interessante

O extraordinário médium D. D. Home narra o seguinte caso, na sua obra Life and Mission:

“(...) Ao chegar a Hartford, veio ao meu encontro um estrangeiro, que me disse: Só tive ocasião de vos ver uma única vez, mais creio que falo com o Senhor Home. (...) Explicou-me ele, então, que uma família influente, bem conhecida, me pedia para eu fazer-lhe uma visita e prestar o meu concurso às investigações que ela desejava fazer sobre o Espiritismo. (...)

Logo que entrei no vestíbulo, a minha atenção foi atraída por um ruído semelhante ao farfalhar de um pesado vestido de seda. Olhei ao redor de mim e fiquei surpreendido de não ver ninguém; passamos, então, a uma das salas e não me preocupei mais com esses incidentes.

Pouco depois, vi no vestíbulo uma velha baixa, com pesado vestido de seda escura, a qual parecia muito preocupada. Aí estava a explicação desses mistérios; eu tinha ouvido, sem ver, essa pessoa que ia e vinha pela casa. (...) A aparição era, efetivamente, tão perfeita que eu não duvidava que fosse uma criatura em carne e osso. Como o resto da família chegasse naquele instante, as apresentações impediram o Senhor Cheney de me responder, e, naquele momento, eu não tive mais ocasião de obter informações. (...)

Quando todos deixaram a sala de jantar, ouvi de novo o farfalhar do vestido de seda e, também, uma voz disse: ‘eu estou aborrecida porque colocaram um caixão sobre o meu; não quero que ele fique ali’.

Tendo eu dado parte dessa comunicação ao dono da casa e à sua mulher, eles se olharam com admiração, e, depois, o Senhor Cheney, rompendo o silêncio, me disse que reconhecia perfeitamente esse vestido, a sua cor e mesmo seu gênero de seda espessa, mas que o fato do caixão colocado sobre o dela era um absurdo. (...)

Pela manhã, manifestei ao dono da casa o meu profundo desapontamento, respondendo-me ele que também estava muito sentido, mas ia provar-me que esse espírito – se realmente era aquele que dizia ser – estava perfeitamente enganado. ‘Vamos até ao jazigo de minha família, acrescentou, e vereis que, embora tivéssemos querido, não fora possível colocar um outro caixão em cima do dela’.

Logo que chegamos ao cemitério, fomos procurar o coveiro, que guardava a chave do jazigo. Na ocasião em que ele ia abrir a porta, pareceu refletir e disse com um ar um tanto embaraçado, voltando-se para o Senhor Cheney: ‘Devo participar a V.S. que, como restava justamente um pequeno espaço em cima do caixão da Senhora E..., coloquei ali o caixãozinho do filho de L... Penso que isso não tem importância, mas talvez fora melhor que eu vos tivesse prevenido disso. Ele está lá desde ontem apenas’.

Nunca me hei de esquecer do olhar que me lançou o Senhor Cheney, quando me disse, voltando-se para mim: ‘Meu Deus, é pois uma verdade!’...

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À noite, o espírito manifestou-se de novo e disse-nos: ‘Não acrediteis que eu

ligue a menor importância ao caixão colocado sobre o meu; pode ser colocada até uma pilha de caixões, com isso não me incomodo. O meu único fim era dar, de uma vez para sempre, prova da minha identidade, de vos levar à convicção absoluta de que sou sempre um ser vivo e racional, a mesma e... que sempre fui’.”

(WILLIAM CROOKES. Fatos Espíritas. Editora FEB.)

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ANEXO 8 – Bloco 4

Fenômeno de materialização – As pesquisas de Sir William Crookes

(...) A Srta. Florence Cook, com quem Crookes realizou sua clássica série de experiências, era uma jovem de 15 anos, portadora – como se sabe – de grande força psíquica, que possibilitava a formação rara de materializações completas. (...) (...) Em sua casa, em Mornington Road, um pequeno estúdio comunicava-se com o laboratório químico por uma porta com cortina, a qual separava as duas salas. A Srta. Cook jazia em transe num sofá, no compartimento interno. No externo, com luz reduzida, sentava-se Crookes junto de outros observadores por ele convidados. (...)

Os pontos de diferença por ele observados, entre a Srta. Cook e Katie [espírito materializado], são descritos assim:

Katie varia em altura; em minha casa eu a vi seis polegadas mais alta que a Srta. Cook. Na noite passada, estando descalça e sem pisar na ponta dos pés, era mais alta quatro polegadas e meia que esta última. O pescoço de Katie estava nu; a pele era perfeitamente lisa ao tato, bem como à vista, enquanto o pescoço da Srta. Cook apresenta um grande inchaço, o qual, em circunstâncias semelhantes, é distintamente visível e áspero ao contato. As orelhas de Katie não são furadas, enquanto a Srta. Cook habitualmente usa brincos. A tez de Katie é bastante alva, ao passo que a da Srta. Cook é bem escura. Os dedos de Katie são muito mais longos que os da Srta. Cook, sendo sua face também maior. Há, de igual modo, grandes dife-renças entre ambas na maneira de se expressarem.

Posteriormente, acrescenta:

Ultimamente, tenho visto tantas vezes Katie à luz elétrica que posso acrescentar aos mencionados em artigo anterior outros pontos de diferença entre ela e sua médium. Tenho absoluta certeza de que a Srta. Cook e Katie são duas individualidades, no que concerne a seus corpos. Vários sinais do rosto da Srta. Cook não existem no de Katie. O cabelo da Srta. Cook é de um castanho tão escuro que parece negro. Vejo diante de mim um cacho que, com a permissão de Katie, cortei de suas exuberantes tranças, não sem antes segui-las até o couro cabeludo, convencendo-me a mim mesmo que aí cresceram. É de um rico ruivo dourado. Certa noite, medi o pulso de Katie: marcava 75 pulsações, ao passo que o da Srta. Cook, pouco tempo depois, se mantinha em seu padrão normal de 90. Aplicando o ouvido ao peito de Katie, pude aí perceber um coração, que batia de forma ritmada, pulsando mesmo mais forte do que o da Srta. Cook, quando esta me permitiu que a auscultasse depois da sessão. Examinados da mesma maneira, os pulmões de Katie pareceram mais saudáveis do que os de sua médium, uma vez que, ao tempo dessa experiência, a Srta. Cook estava sob tratamento médico em virtude de renitente tosse. (...)

(...) Uma das filhas do professor Crookes escreveu ao autor, referindo-se à vívida lembrança que guardava dos contos da Espanha, que Katie narrava às crianças da família. Ressalta que esse gentil espírito se fez amado por todos. A Sra. Crookes escreveu:

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Em uma sessão com a Srta. Cook em nossa própria casa, quando um de nossos filhos era um bebê de três semanas, Katie King (espírito materializado) expressou o mais vivo interesse por ele e solicitou-nos permissão para vê-lo. O menino foi trazido à sala de sessões e colocado nos braços de Katie, a qual, depois de segurá-lo muito naturalmente por algum tempo, devolveu-o sorridente.

(ARTHUR CONAN DOYLE. A História do Espiritualismo, capítulo 11. Editora FEB.)

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Referências Bibliográficas 1) ALLAN KARDEC. A Gênese. CELD.

2) ALLAN KARDEC. O Céu e o Inferno. CELD.

3) ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo. CELD.

4) ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.

5) ALLAN KARDEC. O Livro dos Médiuns. CELD.

6) ALLAN KARDEC. O que é o Espiritismo. CELD.

7) ANDRÉ LUIZ, psicografia de Francisco C. Xavier. Nosso Lar. Editora FEB.

8) ANDRÉ LUIZ, psicografia de Francisco Cândido Xavier. Nosso Lar. Editora FEB.

9) ANDRÉ LUIZ; psicografia de Francisco Cândido Xavier. Missionários da Luz. Editora FEB.

10) ANDRÉ LUIZ; psicografia de Francisco Cândido Xavier. Os Mensageiros. Editora FEB.

11) ARTHUR CONAN DOYLE. A História do Espiritualismo. Editora FEB.

12) AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA. Mini Aurélio – o dicionário da língua portuguesa. Editora Positivo.

13) AUTORES DIVERSOS. Bíblia de Jerusalém. Editora Paulus.

14) CAIRBAR SCHUTEL, psicografia de Abel Glaser. Alvorada Nova. Editora O Clarim.

15) CAMILO CÂNDIDO BOTELHO, psicografia de Yvonne do Amaral Pereira. Memórias de um Suicida. Editora FEB.

16) EQUIPE DO ENCONTRO. Apostila do 33o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos. CELD.

17) ERMANCE DUFAUX, psicografia de Wanderley Oliveira. Lírios de Esperança. Editora Dufaux.

18) ERNESTO BOZZANO. A Crise da Morte. Editora FEB.

19) LAMARTINE PALHANO JÚNIOR. O Livro da Prece. Editora 3 de Outubro.

20) LÉON DENIS. No Invisível; capítulo V. CELD.

21) LÉON DENIS. O Grande Enigma. CELD.

22) LUIZ SÉRGIO, psicografia de Irene Pacheco Machado. Os Miosótis Voltam a Florir . Editora Rema.

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23) MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA, psicografia de Divaldo P. Franco. Nas Fronteiras da Loucura. Editora Leal.

24) MARTINS PERALVA. O Pensamento de Emmanuel. Editora FEB.

25) WILLIAM CROOKES. Fatos Espíritas. Editora FEB.

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