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55 1961-2016 o 30 Encontro Espírita sobre A Vida e a Obra de 25 de agosto de 2019 Tema: “Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados à Alma Humana em Desenvolvimento” Tema: “Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados à Alma Humana em Desenvolvimento” a 1 parte Bezerra de Menezes

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30º Encontro Espírita sobre A Vida e a Obra de Bezerra de Menezes

Tema: “BEZERRA DE MENEZES E O ENFRENTAMENTO DOS PROBLEMAS

RELACIONADOS À ALMA HUMANA EM DESENVOLVIMENTO”

Filhos,

Analisar este aspecto da Vida de Bezerra é ganhar forças para que enfrentem

as lutas que margeiam a alma de todos vocês.

Antes de ser espírita, Bezerra enfrentou problemas e depois de ser espírita

passou a se preocupar com os problemas alheios e os seus, encontrando nos

preceitos da Doutrina Espírita, meios de solucioná-los ou suavizá-los.

Assim, filhos, devem vocês olhar a vida, em que os problemas existirão, as

dificuldades chegarão, mas a vontade de vencer há de ser maior que todos eles.

Ao buscar minorar as dores do próximo, Bezerra encontrava alento para seus

problemas, ao enxugar as lágrimas do próximo, não tinha tempo de verter as suas, ao

ajudar a solucionar os problemas do próximo ia ele adquirindo mais certeza de que

poderia vencer os seus; e assim fez da caridade uma companheira diária; ao lado das

dores caminhava a caridade, ao lado das lutas íntimas trazidas pelo próximo

receitava ele O Livro dos Espíritos e O Evangelho Segundo o Espiritismo, e assim, ao

longo dos anos, fortaleceu, ele, a própria fé e fez brotar a fé raciocinada em muitos

corações.

Aprendei portanto, com Bezerra a caminhar sempre em meio às lutas, de mãos

dadas com a Doutrina Espírita e conseguirão todos vocês arrostar o sofrimento de

suas almas, sentindo dentro do próprio peito a máxima do Cristo "Bem-aventurados

os que sofrem porque serão consolados".

Que o Senhor da Vida a todos abençoe.

Paz!

Victor

(Mensagem psicográfica recebida pelo médium Mário Coelho, em 23/2/2019, no CELD - RJ.)

551961-2016

o30 Encontro Espírita sobre

A Vida e a Obra de

25 de agosto de 2019

Tema:

“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos

Problemas Relacionados à Alma Humana

em Desenvolvimento”

Tema:

“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos

Problemas Relacionados à Alma Humana

em Desenvolvimento”

a1 parte

Bezerra de Menezes

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Centro Espírita Léon Denis

30o Encontro Espírita sobre A Vida e a Obra de

Bezerra de Menezes

Tema:

“Bezerra de Menezes e o enfrentamento

dos problemas relacionados à alma humana em

desenvolvimento - 1a parte” "

"

"

25 de agosto de 2019

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INFORMAÇÕES GERAIS:

O encontro também será transmitido pela internet (www.celd.org.br).

8h às 8h30min Chegada / Recepção

8h30min às 9h Abertura / Deslocamento

9h às 10h30min Estudo

10h30min às 11h Intervalo

11h às 12h55min Estudo

13h Encerramento

Coordenação Geral: Iara Cordeiro e Roberto Antonio de Souza Santos Organização de Conteúdo: Equipe de Estudo do Encontro Finalização: Setor Editorial CELD

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CENTROS PARTICIPANTES LOCAL Data da

Realização

Centro Espírita Léon Denis Bento Ribeiro

25/agosto

Centro Espírita Antonio de Aquino Magalhães Bastos

Núcleo Espírita Antonio de Aquino Bangu

Centro Espírita Casa do Caminho Taquara

Centro Espírita Bezerra de Menezes Duque de Caxias

Centro Espírita Abel Sebastião de Almeida Riachuelo

1/setembro

Centro Espírita Abigail Santa Cruz

Centro Espírita Abigail Lima Madureira

Centro Espírita Irmão Clarêncio Vila da Penha

Núcleo Espírita Rabi da Galileia Santa Cruz

Centro Espírita Léon Denis Cabo Frio

Núcleo Espírita Pontinho de Luz Nilópolis

Grupo de Estudos Espíritas Maria de Nazaré Madureira

Grupo Espírita Fraternidade e Amor Bangu 7/setembro

Centro Espírita Maria de Nazaré Nilópolis 9/setembro

Centro Espírita Chico Xavier Búzios 1/dezembro

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Temas estudados até a presente data

Ano Tema

1990 Bezerra de Menezes: um Apóstolo de Jesus

1991 Bezerra de Menezes: um Trabalhador Amigo de Jesus

1992 Bezerra de Menezes: o Trabalhador Espírita e o Homem de Bem

1993 Bezerra de Menezes: o Espírita

1994 Bezerra de Menezes: o Médico dos Pobres

1995 Bezerra de Menezes: o Homem que Soube Servir

1996 Bezerra de Menezes: o Homem que Soube Querer o Bem do Próximo

1997 Bezerra de Menezes e o Sentimento de Piedade para com o Próximo

1998 A Ação do Homem Bezerra de Menezes no Reerguimento do Próximo

1999 Bezerra de Menezes e a Reencarnação

2000 Bezerra de Menezes: o Homem Diante da Dor

2001 Bezerra de Menezes: o Espírita no Além

2002 Bezerra de Menezes e suas Percepções a Respeito da Dor e do Sofrimento Humano

2003 Bezerra de Menezes e sua Convivência com o Mundo Espiritual

2004 Bezerra de Menezes e suas Conclusões sobre Deus, Livre-Arbítrio e a Providência

2005 Bezerra de Menezes e suas Conclusões sobre a Reencarnação

2006 Bezerra de Menezes e a Valorização do Renascimento

2007 Bezerra de Menezes e a Intervenção do Plano Espiritual no Processo Reencarnatório

2008 Bezerra de Menezes e a Reencarnação Auxiliando a Construção do Homem de Bem

2009 Bezerra de Menezes: o Exemplo do Homem do Futuro Diante dos Desafetos

2010 Bezerra de Menezes: o Exemplo do Homem do Futuro Diante das Questões Espirituais I

2011 Bezerra de Menezes: o Exemplo do Homem do Futuro Diante das Questões Espirituais II

2012 Bezerra de Menezes: o Exemplo do Homem do Futuro Diante das Lutas de Vida

2013 Bezerra de Menezes: o Exemplo do Homem do Futuro e a Liderança, o Amor e a Caridade

2014 Vida e Obra de Bezerra de Menezes – Análise de uma Carta de Bezerra de Menezes

2015 Bezerra de Menezes e o Exercício da Medicina dos Homens e da Medicina Espiritual

2016 Bezerra de Menezes e a Coragem da Fé

2017 Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas do Mundo

2018 Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas relacionados à Vida Humana

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Sumário

Objetivos ............................................................................................................................ 6

Introdução .......................................................................................................................... 7

Tema Básico – Orgulho e Egoísmo caminhando de mãos dadas ..................................... 8

Tema 1 – O que tudo isso tem a ver comigo? .................................................................. 12

Tema 2 – Violência: uma das consequências do egoísmo e do orgulho ......................... 15

Conclusão ........................................................................................................................ 26

Anexo 1 – Biografia de Bezerra de Menezes ................................................................... 30

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30o Encontro Espírita sobre A Vida e Obra de Bezerra de Menezes “Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados

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Objetivo Geral: “Entender que a violência é a maneira do espírito exteriorizar o primitivismo, vestígio do período da barbárie, oriundo do egoísmo e do orgulho e deverá ser extirpado, pois representa um entrave ao progresso”. Objetivos Específicos:

✔ Perceber que o egoísmo é o amor exagerado aos próprios interesses em

detrimento dos interesses alheios; tem como filho dileto o orgulho, e sua origem é proveniente do mau uso do instinto de conservação.

✔ Compreender que, no decorrer da evolução, o espírito desenvolveu e automatizou

comportamentos inadequados, em função do alicerçamento de crenças e valores equivocados que precisam ser corrigidos.

✔ Identificar a violência como filha do egoísmo e do orgulho, evidenciada pela importância da personalidade, promovendo o desequilíbrio espiritual, desenca-deando as doenças da alma, sendo, portanto, necessário o seu combate.

✔ Concluir que essas características inferiorizadas poderão ser direcionadas para o desenvolvimento da iluminação espiritual, seguindo os exemplos dos múltiplos enviados pela Espiritualidade superior como Bezerra de Menezes, que estão sempre nos auxiliando, através das vibrações e dos conselhos a serem seguidos.

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30o Encontro Espírita sobre A Vida e Obra de Bezerra de Menezes “Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados

à Alma Humana em Desenvolvimento – 1a Parte”

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INTRODUÇÃO

“A população terrestre alcança a passos largos o expressivo número de sete bilhões de seres reencarnados simultaneamente, disputando a oportunidade da evolução...

Embora as grandes aquisições do conhecimento tecnológico e dos avanços da ciência na sua multiplicidade de áreas, nestes dias conturbados, os valores transcendentes não têm recebido a necessária consideração dos estudiosos que se dedicam à análise e à promoção dos recursos humanos, vivendo mais preocupados com as técnicas do que com o comportamento moral, que é de suma importância. Por isso, a herança que se transfere para as gerações novas, que ora habitam o planeta, diz mais respeito à ganância, ao prazer dos sentidos físicos, à conquista por espaço de qualquer maneira, dando lugar à violência e à desordem...

Têm ocupado lugar o materialismo e o utilitarismo, contexto em que muitos se comprazem distantes da solidariedade, da compaixão e do espírito fraternal, ante a dificuldade da real vivência do amor, conforme ensinado e vivido por Jesus.

Os indivíduos parecem anestesiados em relação aos tesouros da alma, com as exceções compreensíveis.

Felizmente, o fim do mundo de que falam as profecias refere-se àquele de natureza moral, com a ocorrência natural de sucessos trágicos que arrebatarão comunidades, facultando a renovação, que a ausência do amor não consegue lograr como seria de desejar.

Esses fenômenos não se encontram programados para tal ou qual período, num fatalismo aterrador, como muitos, que ignoram a extensão do amor de Nosso Pai, divulgam, mas para um largo período de transformações, adaptações, acontecimentos favoráveis à vigência da ordem e da solidariedade entre todos os seres.

É compreensível, portanto, que a ocorrência mais grave esteja, de certo modo, a depender do livre-arbítrio das próprias criaturas humanas, cuja conduta poderá apressar ou retardar a sua constituição, suavizando-a ou agravando-a.

Se as mentes, ao invés do egoísmo, da insensatez e da perversidade, emitissem ondas de bondade e de compaixão, de amor e de misericórdia, certamente o panorama na Terra seria outro.

(...)

Dr. Bezerra de Menezes (espírito) em Amanhecer de uma nova era, de Manoel Philomeno

de Miranda (espírito), psicografia de Divaldo Franco.

Qual a origem desse desastre que nos assola, nos compromete, retarda nosso desenvol-vimento espiritual e nos causa consequências tão drásticas?

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TEMA BÁSICO – ORGULHO E EGOÍSMO CAMINHANDO DE MÃOS DADAS

✔ Objetivo: Perceber que o egoísmo é o amor exagerado aos próprios interesses em detrimento dos interesses alheios; tem como filho dileto o orgulho e sua origem é proveniente do mau uso do instinto de conservação.

DEFINIÇÃO:

✔ Egoísmo na visão humana: Atitude daquele que busca o próprio interesse, acima dos interesses dos demais. (Dicionário Michaelis)

✔ Egoísmo na visão espírita: Amor excessivo ao bem próprio, sem consideração ao bem alheio; um exclusivismo que faz o indivíduo referir tudo a si próprio; egocentrismo. (Dicionário de Filosofia Espírita, L. Palhano Jr.)

✔ Orgulho na visão humana: Atitude arrogante que faz com que a pessoa se sinta melhor ou mais importante que outra(s) (T) (Dicionário Michaelis)

✔ Orgulho na visão espírita: Imperfeição espiritual que demonstra ausência de humildade; a virtude que se lhe contrapõe. PORQUE CAMINHAM DE MÃOS DADAS…

“O egoísmo é a negação da caridade; ora sem a caridade não há tranquilidade para a

sociedade; e digo mais, não há segurança; com o egoísmo e o orgulho, que andam de mãos dadas, sempre haverá uma corrida favorável ao mais esperto, uma luta de interesses em que as mais santas afeições são calcadas sob os pés, em que nem mesmo os sagrados laços da família são respeitados.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. 9, item 12.)

QUAL A ORIGEM DESSES VÍCIOS?

“O egoísmo e o orgulho têm sua origem num sentimento natural: o instinto de

conservação. Todos os instintos têm sua razão de ser e sua utilidade (T) este sentimento, encerrado nos justos limites, é bom, portanto, em si mesmo; é o exagero que o torna mau e pernicioso; assim também se dá com todas as paixões que o homem desvia frequentemente do seu objetivo providencial. Deus não criou o homem egoísta e orgulhoso: criou-o simples e ignorante; é o homem que se faz egoísta e orgulhoso, exagerando o instinto que Deus lhe deu para sua conservação.” (T) (Obras Póstumas, Allan Kardec, cap. 9, O egoísmo e o orgulho.)

QUAIS OS MOTIVOS QUE IMPULSIONARAM O HOMEM AO EXAGERO?

“A principal dessas causas se deve, evidentemente, à falsa ideia que o homem faz da sua

natureza, de seu passado e de seu futuro. Não sabendo de onde vem, acredita-se mais do que é; não sabendo para onde vai, concentra todo seu pensamento na vida terrestre; deseja-a tão agradável quanto possível; deseja todas as satisfações, todos os gozos; é por isso que pisa no seu vizinho, se este lhe opõe algum obstáculo (...). ”

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“A causa do orgulho está na crença que o homem tem da sua superioridade individual (...). No homem que nada vê atrás de si, nada adiante de si, nada acima de si, o sentimento da personalidade leva a melhor, e o orgulho não tem contrapeso”. (Obras Póstumas, Allan Kardec, cap. 9, O egoísmo e o orgulho.)

SUAS CONSEQUÊNCIAS:

Obstáculo à felicidade e ao progresso. (...) esse filho do orgulho é a fonte de todas as misérias aqui na Terra. Ele é a negação da

caridade e, consequentemente, o maior obstáculo que o homem tem para a conquista da felicidade. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. 11, item 11.)

Q.785 -Qual o maior obstáculo ao progresso? “O orgulho e o egoísmo; falo do progresso moral, pois o progresso intelectual sempre se

realiza; à primeira vista, ele parece mesmo dar a esses vícios uma duplicação... (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.)

“É a incompatibilidade entre a caridade e o egoísmo, à invasão do coração humano por

essa verdadeira lepra, que o Cristianismo deve o fato de ainda não ter realizado toda a sua missão. É a vós, novos apóstolos da fé, que os espíritos superiores esclarecem, que cabe a tarefa e o dever de extirpar esse mal para dar ao Cristianismo toda a sua força, e livrar o caminho dos obstáculos, que impedem a sua marcha. Expulsai o egoísmo da Terra, para que ela possa subir na escala dos mundos, porque é chegado o tempo em que a humanidade deve vestir o seu traje viril, e para isso é preciso, em primeiro lugar, expulsar o egoísmo dos vossos corações.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. 11, item 11.)

MANIFESTAÇÕES DO ORGULHO E DO EGOÍSMO:

Analisando nossas ações e reações no dia a dia, encontraremos o orgulho e o egoísmo

travestidos de várias maneiras. Ermance Dufaux, no livro Mereça Ser Feliz, no cap. 3, faz uma análise traçando algumas dessas manifestações:

“(...) O orgulho tem esse mecanismo de produzir uma ilusão da avaliação individual,

transferindo o mal para os outros, onde é menos penoso verificá-la... Como se trata de alguém que quer sempre manter um perfil perante os demais, o

orgulhoso enfrenta sérios obstáculos nos relacionamentos por habituar-se aos estereótipos. Os estereótipos, ou padrões e critérios de conduta social, funcionam como “boias demarcatórias” para que o orgulhoso navegue com seu conceito de “segurança” no mar da vida interpessoal mantendo aparências e impressionando o meio. Para isso, adota concepções prévias sobre o outro como forma de identificação, com as quais estabelece seus limites em relação às pessoas, impedindo-se de ser assertivo, espontâneo e autêntico nas ligações humanas, tendo como único objetivo manter sua suposta superioridade pessoal, insuflada pela força do orgulho.

Suas manifestações são tão variáveis e de difícil catalogação em algumas persona-lidades, que analisaremos apenas algumas legendas a fim de ampliar nossas anotações nesse estudo, destacando seus respectivos roteiros reeducativos.

Melindre é o orgulho na mágoa. Cultivemos a coragem de sermos criticados. Preconceito é o orgulho nas concepções. Habituemos a manter análises imparciais e

flexíveis.

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30o Encontro Espírita sobre A Vida e Obra de Bezerra de Menezes “Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados

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Vaidade é o orgulho do que se imagina ser. Procuremos conhecer a nós mesmos e termos coragem para aceitarmo-nos tais quais somos, fazendo o melhor que pudermos na melhoria pessoal.

Inveja é o orgulho perante as vitórias alheias. Admitamos que temos esse sentimento e o

enfrentemos com dignidade e humildade. Pretensão é o orgulho nas aspirações. Aprendamos a contentar com a alegria de

trabalhar, sem expectativas pessoais. Presunção é o orgulho no saber. Tomemos por divisa que toda opinião deve ser escutada

com o desejo de aprender. Personalismo é o orgulho centrado no eu. Eduquemos a abnegação nas atitudes. Prepotência é o orgulho de poder. Aprendamos o poder interior com nós mesmos,

transformando a prepotência em autoridade. Pretensão, presunção, personalismo e prepotência são manifestações que nos levam ao

desenvolvimento do rigorismo que é o rigor exagerado, a intransigência. O bom senso deve sempre nortear nossas ações para nos livrarmos da severidade, analisando e aceitando as ponderações. ”

Adverte-nos “O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo 11, item 12”, que: “O rigorismo mata os bons sentimentos”, consequentemente “se os homens se amassem

com idêntico amor, a caridade seria mais bem praticada; (...) é preciso que vos esforcei para livrar o vosso coração da couraça que o envolve, permitindo, assim, que ele se torne mais sensível para com aqueles que sofrem. ”

Q. 913 – Dentre os vícios, qual é o que se pode considerar como radical? Já o temos dito muitas vezes: é o egoísmo; daí deriva todo o mal. Estudai todos os vícios

e vereis que, no fundo de todos, há o egoísmo; de nada adiantará combatê-los, não chegareis a extirpá-los, enquanto não tiverdes atacado o mal pela raiz, enquanto não tiverdes destruído a causa” (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.)

PROPOSTA DIVINA PARA NOS AUXILIAR A COMBATÊ-LOS:

“A reeducação moral através das reencarnações nos levará a renovar esse quadro de penúria espiritual da Terra, sob a escravização das sombrias manifestações orgulhosas.(T) (Mereça Ser Feliz, pelo Espírito Ermance Dufaux, cap. 3, Estudando o orgulho.)

“É certo que o egoísmo é vosso maior mal, mas ele se deve à inferioridade dos espíritos

encarnados na Terra e não à Humanidade em si mesma; ora, depurando-se, através de encarnações sucessivas, os espíritos perdem o egoísmo, como perdem suas outras impurezas. Não tendes na Terra nenhum homem isento de egoísmo e que pratique a caridade? Eles existem em muito maior número do que imaginais, mas conheceis poucos deles, porque a virtude não procura a claridade do dia; se há um, por que não haveria dez? Se há dez, por que não haveria mil? E assim por diante ”... (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, q. 915.)

Bezerra de Menezes é um exemplo vivo de que é possível extirpar o egoísmo ainda nesta

vida.

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(T) “esforcemo-nos sem desistir da longa caminhada na conquista da humildade... Precisaremos de muita coragem para sermos humildes, sermos o que somos... Ser humilde é tirar as capas que colocamos com o orgulho ao longo dessa caminhada ”...

(Mereça Ser Feliz, pelo Espírito Ermance Dufaux, cap. 3, Estudando o orgulho.) Que capas (máscaras) são essas construídas ao longo da caminhada do espírito imortal? Como detectá-las e nos livrarmos delas iniciando o combate eficaz ao nosso maior vício,

o egoísmo? Voltemos aos exemplos das manifestações. Após essas reflexões, teremos maior condição de assimilar as abordagens que serão

feitas no próximo tema.

TEMA 1 – O QUE TUDO ISSO TEM A VER COMIGO?

✔ Objetivo: Compreender que, no decorrer da evolução, o espírito desenvolveu e automatizou comportamentos inadequados, em função do alicerçamento de crenças e valores equivocados que precisam ser corrigidos.

Quem sou eu? “O ser humano é formado por três partes distintas: 1o) o corpo ou ser material, análogo ao dos animais, e animado pelo mesmo princípio

vital; 2o) a alma, Espírito encarnado, que tem no corpo a sua habitação; 3o) o perispírito, laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria

e o Espírito;

A MÚSICA MAIS LINDA Casara-se em 6 de novembro de 1858 com D. Maria Cândida de Lacerda, que pertencia à ilustre Família dos Maia Lacerda. E a vida se lhe torna risonha, ainda que repleta dos trabalhos; trabalhos diferentes, porque representando Serviços do Senhor. Neste afã glorioso, não lhe sobra tempo para assistir a uma temporada lírica, tão abundan-te naquela época. Encontra-se com um colega que há muito não via. E este lhe pergunta se gostava de música. – É o maior encanto para mim a música, responde-lhe Bezerra. – E por que, então, não veio à Companhia Lírica? A temporada tem estado brilhante! – Não posso; os meus doentes não me dão tempo de ouvir as harmonias líricas... – Mas assim, em pouco, estará embrutecido... – Nem tanto, meu amigo. Isto me traz a vantagem de ouvir as harmonias do coração, que é a Música mais linda do mundo!

(Lindos casos de Bezerra de Menezes. Lição 29.)

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30o Encontro Espírita sobre A Vida e Obra de Bezerra de Menezes “Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados

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O homem tem, assim, duas naturezas: por seu corpo, ele participa da natureza dos animais dos quais possui os instintos; pela sua alma, ele participa da natureza dos espíritos. ”

“(...) A morte é a destruição do envoltório mais grosseiro, o espírito conserva o segundo envoltório que constituiu para ele um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, mas que pode tornar-se, acidentalmente, visível e até tangível, como acontece no fenômeno das aparições.” (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Introdução VI.)

Esse segundo envoltório, o perispírito, é formado por várias camadas. As mais densas ligadas ao corpo físico, constituem o duplo etéreo e no fenômeno da morte sofre também a decomposição. As mais sutis formam o corpo etéreo ou corpo fluídico e permanece com o espírito após o desligamento do corpo.

“O corpo fluídico, que cada homem possui em si, é o transmissor de nossas impressões, de nossas sensações, de nossas lembranças. Anterior à vida atual, sobrevivente à morte, é o instrumento admirável que a alma constrói para si, molda ela própria, através dos tempos; é o resultado do seu longo passado. Conservando em si os instintos, acumulam-se as forças, agrupam-se as aquisições de nossas múltiplas existências, os frutos de nossa lenta e penosa evolução. ” (No Invisível, Léon Denis, 1a Parte, cap. III, O Espírito e sua forma.)

Voltemos à pergunta inicial: Quem sou eu? Espírito Imortal!

2 - O Caminho Evolutivo do Homem Na questão 133 de “O Livro dos Espíritos”, os Espíritos respondem a Kardec que: “Todos são criados simples e ignorantes; instruem-se nas lutas e nas tribulações da vida

corporal. (...) Como vimos anteriormente, o mapeamento de nossas aquisições se encontra arquivado

no perispírito e poderá ser ampliado e transformado com o resultado das escolhas feitas durante as reencarnações que irão sucedendo-se.

Com Bezerra de Menezes não foi diferente. Tivemos a oportunidade, através de seus

biógrafos, de conhecer um pouco de algumas das suas encarnações, assumindo personali-dades diferentes, mas sempre buscando servir ao Cristo através do amparo aos semelhantes, fato patente desde o momento de seu encontro com o Mestre, quando era Zaqueu, o cobrador de impostos.

“E, tendo entrado (Jesus), atravessa Jericó. E eis um homem, de nome chamado Zaqueu, que era chefe dos coletores de impostos e rico, procurava ver Jesus quem era, e não podia, por causa da multidão, porque ele era baixo de estatura. E correndo à frente, subiu a um sicômoro para vê-lo, porque estava para passar por aquela (rua). E quando chegou ao lugar, Jesus levantou os olhos e lhe disse: “Zaqueu, apressa-te a descer, pois hoje devo permanecer em tua casa”. E desceu às pressas e o hospedou com alegria. E vendo (-o) todos murmuravam dizendo: “entrou para hospedar-se com um homem desorientado”. Levantando-se, Zaqueu disse ao Senhor: “Eis que a metade dos meus bens, Senhor, dou aos mendigos, e se defraudei alguém em algo, restituo quadriplicando”. Disse-lhe então Jesus: “Hoje aconteceu a salvação em tua casa, porque também este é filho de Abraão, pois o filho do homem veio procurar e salvar o perdido”.

(Lucas, 19:1-10.)

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30o Encontro Espírita sobre A Vida e Obra de Bezerra de Menezes “Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados

à Alma Humana em Desenvolvimento – 1a Parte”

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A partir desse momento, Zaqueu reparte seus bens com os seus familiares e o restante doa aos necessitados. Passa a viver com simplicidade, longe do ambiente luxuoso onde vivia quando encontrou Jesus. Adotando o nome de Matias, atua como verdadeiro missionário do Cristo na Casa do Caminho, fundada por Pedro e Tiago em Jerusalém.

Matias cria a Casa dos Benefícios para abrigar os desvalidos, doentes, perturbados e

abandonados do mundo na Cesarea, e, após o martírio de Jesus na cruz, é enviado à Etiópia por Filipe onde funda mais uma Casa dos Benefícios que é destruída pelo fogo e o apóstolo acaba desencarnando.

Zaqueu não se restringiu a cumprir a promessa que fez a Jesus; mas renunciou a tudo que pôde dispensar, tornando-se um apóstolo tal como Pedro e Paulo de Tarso, vivendo a mensagem de Jesus com toda a sinceridade da sua alma generosa e fraternal.

Posteriormente, volta à Terra como Irmão Parmênio onde, como em vida anterior, mais uma vez é martirizado pelo fogo em uma “casa dos benefícios” onde atendia os doentes e os infelizes.

No século XVI, reencarna, na França, como Conde Carlos Filipe de Brethencourt de La-Chapelle (Carlos Felipe I), de família reformista com tendência luterana, composta por Carlos Felipe I, sua esposa Condessa Carolina de Clairmont, seus filhos varões Carlos Felipe II, Clóvis Felipe e Felipe Eduardo, oficiais militares, Felipe Rogério e Paulo Felipe, estudante de Ciências Médicas e uma menina jovem de radiante formosura, Ruth Carolina (Yvonne Pereira). Era frequente ver pai e filho, Carlos Felipe I e II, visitando aldeias e lugares pobres do Reno, à procura de enfermos do corpo e sofredores do espírito, a fim de suavizar-lhes as amarguras com atenções médicas e evangelizadoras.

Na última passagem pelo Planeta, após o convite de Ismael, o anjo tutelar do Brasil, reencarna como Adolfo Bezerra de Menezes, com a missão de transportar do Velho Mundo a mensagem da Terceira Revelação e a união dos espíritas, consolidando o messianato da Medicina que lhe conferiu o título de “médico dos pobres”. (O 13o Apóstolo – As reencarnações de Bezerra de Menezes, por Jorge Damas Martins.)

Vimos, na trajetória desse espírito imortal, o desenvolvimento da humildade, do desapego e da simplicidade. Essas virtudes foram trabalhadas no seu íntimo há milênios, pois as mesmas somente se consolidam com o exercício, a repetição, ou seja, os interesses do mundo material vão sendo substituídos pelos interesses do mundo espiritual.

Assim como Bezerra de Menezes, Deus nos proporciona as reencarnações sucessivas com a finalidade de nos auxiliar o desenvolvimento gradativo do progresso, banindo paulatinamente o orgulho/egoísmo de nossas vidas.

“Não esperes pela morte do corpo para realizar o serviço da própria elevação. Cada dia é oportunidade de ascensão ao melhor. Cada tarefa edificante é degrau com

que podemos subir às esferas superiores.” (Mãos Marcadas, por Espíritos Diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier.)

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Reportemo-nos à escala espírita inserida em “O Livro dos Espíritos”:

QUESTÕES ESCALA ESPÍRITA CARACTERES GERAIS

101 Terceira Ordem

Espíritos Imperfeitos

Predominância da matéria sobre o espírito. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as más paixões que lhes são

consequentes. Têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.

107 Segunda Ordem Bons Espíritos

Predominância do espírito sobre a matéria; desejo do bem. Suas qualidades e seu poder para fazer o bem

estão na razão do grau que atingiram. Compreendem Deus e o infinito e já gozam da

felicidade dos bons. São felizes pelo bem que fazem e pelo mal que impedem.

112 e 113 Primeira Ordem Espíritos Puros

Nenhuma influência da matéria. Superioridade intelectual e moral absoluta, com relação aos espíritos

das outras ordens. Percorreram todos os graus da escala e se despojaram

de todas as impurezas da matéria. Eles são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas

ordens executam, para a manutenção da harmonia universal.

Onde me situo? Quais as classes mais dominantes na Terra, planeta de provas e expiações? Q. 99 – Os espíritos da terceira ordem são todos essencialmente maus? “Não; uns não fazem o bem nem o mal; outros, ao contrário, se comprazem no mal e

ficam satisfeitos, quando encontram ocasião de praticá-lo. E há, ainda, os espíritos levianos ou travessos, mais perturbadores do que maus, que se comprazem muito mais na malícia do que na maldade, encontrando prazer em mistificar e em causar pequenas contrariedades, de que se riem.” (O Livro dos Espíritos)

Por que o homem ainda se encontra tão materializado, tão individualista e carrega tanto

orgulho? A questão proposta pode ser explicada da seguinte forma: a maioria das pessoas vive

como se só existisse o agora, dando mais valor às coisas materiais que às espirituais. Desejando assim acumular coisas e não valores morais descritos nas Leis de Deus, desenvolvendo fortemente o individualismo, o orgulho e o egoísmo. Assim, o espírito desenvolve e automatiza comportamentos inadequados no decorrer de sua evolução, é o chamado atavismo.

Para entender melhor, busquemos o auxílio da Doutrina Espírita: “É o reaparecimento, em um descendente, de um caráter não presente em seus

ascendentes imediatos, mas sim em remotos. Porém, este termo é utilizado no vocabulário espírita para definir um comportamento, a mais das vezes primitivo, que vem sendo repetido ao longo da história do homem, e que as pessoas teimam em repetir, como se fosse uma sedimentação psicológica. É muito empregado neste sentido por causa do conhecimento da Lei de Reencarnação. Assim, quando alguém tem uma tendência qualquer, diz-se que é atavismo, que vem de outras encarnações.” (Dicionário de Filosofia Espírita – L. Palhano Junior.)

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Analisando as informações trazidas pelos espíritos sobre o corpo fluídico, podemos

compreender que esses comportamentos tendenciosos encontram-se em nossos registros e são acessados automaticamente diante das situações que se repetem nas reencarnações, com a finalidade de gradativamente refazermos certo o que foi feito errado, buscando um maior equilíbrio para com a Lei. Para atingirmos de maneira mais efetiva esse objetivo, Deus nos proporciona, como agente facilitador, as informações da Doutrina Espírita que chegam a nós através desses Benfeitores.

Voltemos ao Tema Básico recordando que, embutidos nesses comportamentos, estão o orgulho e o egoísmo. Segundo a Espiritualidade são a lepra que deverá ser extirpada das ações provenientes do Espírito imortal, para acelerar o seu progresso, procurando atingir esse objetivo através da Proposta Divina: desenvolver a Educação Moral.

TEMA 2 - VIOLÊNCIA: UMA DAS CONSEQUÊNCIAS DO EGOÍSMO E DO ORGULHO

✔ Objetivo: Identificar a violência como filha do egoísmo e do orgulho, evidenciada pela importância da personalidade, promovendo o desequilíbrio espiritual, desencadeando as doenças da alma, sendo, portanto, necessário o seu combate.

✔ Na visão humana:

“O uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação”. (OMS – Organização Mundial da Saúde)

✔ Na visão espírita:

Segundo Joanna de Ângelis, a violência encontra-se embutida nos instintos básicos do ser, ainda não superados, e além das suas manifestações patológicas, a falta de educação, ou o exemplo dos vícios com os quais convive, com a ausência absoluta do sentido ético, da dignidade moral, ficam insculpidas nos tecidos emocionais as condutas agressivas e violentas de que se nutrem. (“O Despertar do Espírito” pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo P. Franco.)

A violência é um estado da alma. O homem está violento momentaneamente. A violência decorre basicamente das paixões e pode ser de cunho físico ou moral, mas tem sua base, dentre outros, no egoísmo e no orgulho. À proporção que o homem vai se espiritualizando, através do processo reencarnatório, ele vai diluindo essa psicosfera escura ou vícios incrustados em seu espírito e consequentemente se tornará menos violento até atingir o ápice da brandura, da doçura, da afabilidade, etc.

Quais são as causas de tanta violência? Afastamento de Deus – falta de Religião, separação da Ciência e Religião, filosofia materialista ou declínio da educação? Podemos dizer que tudo isso colabora para aumentar a violência, mas, resumindo, diríamos que o problema maior é a falta de espiritualização do homem.

Como somos ainda egoístas e orgulhosos, vamos ignorando o código de conduta deixado por Jesus, em seu Evangelho; esquecendo que somos Espíritos imortais e que viemos de Deus, destinados à perfeição e à felicidade; que viemos de outra dimensão e de outras existências pretéritas e que estamos aqui para promover o nosso reajuste dos equívocos cometidos no passado e buscar nosso desenvolvimento espiritual; e que vamos prosseguir nos diversos ciclos reencarnatórios, pelo aprendizado constante, sofrendo enquanto não

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aprendemos a amar, até chegarmos ao estágio de Espíritos puros e dedicados unicamente ao trabalho do amor e da paz. (Federação Espírita do Maranhão, Ana Luiza Nazareno.)

Nunca estamos sozinhos: Interação entre encarnados e desencarnados:

Q. 459 – Os espíritos influem nos nossos pensamentos e nas nossas ações?

“Sob este aspecto, a influência deles é maior do que imaginais, pois, com muita frequência, são eles que vos dirigem”.

Sendo assim é impossível resistir?

Q. 645 – Quando o homem se encontra, de certa forma, mergulhado na atmosfera do vício, o mal não se torna, para ele, um arrastamento quase irresistível?

“Arrastamento, sim; irresistível, não; porque, no meio dessa atmosfera do vício, encontras, algumas vezes, grandes virtudes. São Espíritos que tiveram a força de resistir e que, ao mesmo tempo, tiveram por missão exercer uma boa influência sobre seus semelhantes. ”

Q. 467 – Podemos nos libertar da influência dos espíritos que nos induzem ao mal?

“Sim, pois eles só se apegam àqueles que os chamam, através dos seus desejos, ou os atraem, pelos seus pensamentos.” (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.)

Mesmo com tantos esclarecimentos e socorro, podemos observar que a humanidade terrestre ainda insiste em acessar os comportamentos armazenados nos porões da ancestralidade, dando vazão às mais variadas formas de violência. Dentre elas destacaremos a violência urbana, familiar e emocional.

A) Tipos de Violência

� Violência Urbana

Podemos definir violência urbana como sendo o conjunto de ações que infringem a lei e a ordem pública nos centros urbanos e metrópoles. (URL: https://www.significados.com.br/violencia-urbana)

A violência urbana, que vivemos na atualidade, é sem dúvida o somatório da nossa indiferença moral, da nossa negligência em relação à grande desigualdade e à falta de autoconhecimento que se arrastam e habitam conosco por muitos séculos, lado a lado, em nosso planeta. Hoje, estamos vivenciando situações de barbáries em todos os seguimentos da sociedade.

São apontados diversos fatores como desencadeadores da violência urbana (contrastes socioeconômicos, a falta de motivação entre os bem aquinhoados, o ócio, o desemprego, a fome, a falta de moradia, a falta de assistência médica, etc) que atingem um grande número de criaturas; passando pelas mesmas situações adversas, reagem deixando eclodir as atitudes violentas do passado arquivadas no corpo mental, já atenuadas pelas vivências das reencar-nações sucessivas e que, nesses momentos, adquirem a mesma intensidade com que foram utilizadas no passado. Envolvidos pela mesma vibração, ligados pela sintonia, encarnados e desencarnados juntos incentivam e potencializam essas atitudes adquirindo grandes proporções, ou seja, o comportamento de manada.

Agimos dessa forma porque nos julgamos injustiçados, mas existem injustiçados?

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Pode haver, e há injustiças, mas nunca houve nem haverá injustiçados, perante as Leis Divinas. (“Visão limitada”, Redação do Momento Espírita em 29/11/2010.)

A importância da personalidade desenvolvida pelo orgulho/egoísmo nos leva à

inconformação, pois acreditamos ser melhores que os outros, não aceitando uma situação inferior e reagimos através da agressividade, o caminho escolhido para provar nossa superioridade. Falta-nos o conhecimento de quem somos e do “porquê da vida” para analisarmos essas situações como testes que deverão ser administrados com a “força do pensamento” e com a utilização do suporte que Deus oferece a cada um de nós, nos momentos de dificuldade, elaborando a administração das situações vivenciadas, tendo a possibilidade de amenizar e/ou encontrar a solução adequada.

O Pai nos auxilia o desenvolvimento do projeto de progresso e de felicidade que Ele tem para todos os seus filhos, através da Lei de Solidariedade e Fraternidade, mas temos que fazer a nossa parte buscando melhorar gradativamente pensamentos, sentimentos e ações que nos propiciarão alcançar esse objetivo.

Q. 792 – Por que a civilização não realiza, imediatamente, todo o bem que poderia produzir?

“Porque os homens ainda não estão prontos nem dispostos a alcançar esse bem.” (O Livros dos Espíritos, Allan Kardec.)

Importante lembrar que:

“ Cada época é marcada pela virtude ou pelo vício que deverão salvá-la ou perdê-la. A virtude da vossa geração é a atividade intelectual; seu vício é a indiferença moral”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. 9, item 8.)

Essa tarefa compete a cada um de nós, através da mudança de comportamento nos cenários onde estamos inseridos.

� Violência Familiar

“Os Espíritos cuja similitude de gostos, identidade do progresso moral e a afeição fazem com que se reúnam, formam famílias. Esses mesmos Espíritos, nas suas migrações terrestres, se procuram para se gruparem, como o fazem no espaço, nascendo daí as famílias unidas e homogêneas (...)

“Porém, como não devem trabalhar somente para si mesmos, Deus permite que espíritos menos adiantados venham encarnar entre eles, para receberem conselhos e bons exemplos, com vistas ao seu adiantamento. Muitas vezes tais espíritos tornam-se a causa de perturbações naquele meio, mas é isso que constitui a prova, e a tarefa que os outros têm que desempenhar. Acolhei-os, portanto, como irmãos; ajudai-os, e mais tarde, no mundo dos espíritos, a família se alegrará por haver salvo alguns náufragos que, por sua vez, poderão salvar outros”.(O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. 14, item 9.)

“(...) no estágio evolutivo atual nós não reencarnamos no lar de nossa preferência, mas na família em que devemos estar para progredirmos, mas todos nós, com raríssimas exceções, renascemos ao lado de pessoas de que necessitamos. Esse cenário abrangente gera uma tendência para satisfazermos os desejos e os caprichos daqueles com quem sintonizamos em detrimento dos demais, resultando em uma disparidade que nos faz praticar a exclusão, o que certamente é corrosivo para constelação familiar. (...)” (Vivências do Amor e Família, cap. VII, Divaldo Franco.)

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Entendemos, então, que há um Planejamento Divino para a elaboração do núcleo familiar com a finalidade de nos harmonizarmos com a Lei no que diz respeito aos desafetos, transformando sentimentos inadequados, auxiliando o progresso dos menos adiantados e, dessa forma, progredirmos também. Para a elaboração desse planejamento, existe a avaliação das possibilidades e da capacidade dos espíritos envolvidos de vencerem essa etapa, pois planejamento reencarnatório é elaborado para dar certo.

Ao mergulharmos na carne, apesar de toda preparação, esquecemo-nos dos compro-missos assumidos, deixamos nos conduzir pelo orgulho/egoísmo, e, através do sentimento de que somos os mais importantes, partimos para os mais variados tipos de violência. Com a ideia de que em casa tenho a liberdade de ser quem sou realmente, que não preciso ter cerimônia e nem utilizar o verniz social, os pais, para reprimirem qualquer atitude que considerem inadequada ou desrespeitosa, partem para a violência, pois, afinal de contas, comandam a família, esquecidos de que firmeza e violência têm significados diferentes.

Por outro lado, filhos e demais componentes familiares sentem-se à vontade em relação à maneira violenta de externar seus pensamentos contrários e sua rebeldia, porque em casa podem agir de maneira espontânea, por ser o local em que todos podem ser “autênticos”, pois a censura fica lá fora.

Nossos filhos são espíritos; temos consciência disso?

“(...) oferecer um brinquedo de guerra a uma criança é um incentivo à violência, um estímulo à criminalidade, por favorecer o afloramento dos instintos agressivos que se encontram na intimidade do ser profundo. A criança será o que dela façam os seus educadores: se lhe dermos um brinquedo de guerra, preparamo-la para matar, pois estamos preservando o mito do herói que vence seus inimigos e tira proveito do sofrimento alheio.

Devemos apresentar Jesus à criança e ao jovem como um herói antigo para suplantar todos

os heróis modernos. Procuremos demonstrar que esse homem compatível é o triunfador que não veio matar, mas veio amar e salvar muitas vidas. Com a ternura que o Evangelho propõe, conseguiremos, sem qualquer dificuldade, fazer com que os nossos educandos consigam amar a Jesus; para que as palavras do Mestre Nazareno sejam bem compreendidas” (...)

“(...) A Doutrina Espírita propõe outra interpretação, segundo a qual a genética fornece as possibilidades, mas o processo educativo contém os instrumentos para o desenvolvimento saudável do ser humano”.

“Identificar as tendências para violência e corrigi-las com amor é tarefa intransferível dos pais que não devem declinar dessa responsabilidade, tornando-se conivente seja por ignorância, por comodismo ou sob a justificativa de não causar atritos no relacionamento familiar (...)”

(Vivências do amor em família, Divaldo Pereira Franco, capítulo 7 – Conflitos Familiares, organizado por Luiz Fernando Lopes, Ed. LEAL).

Q.208 – Nenhuma influência exerce o Espírito dos pais sobre o de seu filho, após seu

nascimento?

“Influência muito grande; como vos dissemos, os Espíritos devem colaborar para o progresso uns dos outros. Pois bem! O Espírito dos pais tem por missão desenvolver o de seus filhos pela educação; é para eles uma tarefa: serão culpados, se nisso falirem.” (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.)

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Vemos, então, em muitos lares imperar a violência entre pais, filhos e cônjuges entre si, conduzidos pelo orgulho/egoísmo, pois todos se consideram certos, ninguém quer ceder para não assumir a posição de inferioridade.

Mas qual o papel da família para o espírito imortal?

“(...) A família, por essa razão, tornou-se a célula mater do organismo social onde se desenvolvem os sentimentos, a inteligência, e o espírito desperta para as realizações superiores da vida.

Por isso, toda vez que a família se desestrutura, a sociedade cambaleia, a cultura degenera, a civilização se corrompe(...)” (S.O.S Família – Joanna de Ângelis e outros espíritos, psicografia Divaldo Pereira Franco, Ed. Leal.)

� Violência Emocional

Considerada também como abuso psicológico, ou abuso emocional, é um padrão de comportamento com o objetivo de ameaçar, intimidar, desumanizar ou sistematicamente debilitar a autoestima de outra pessoa.(URL: https://pt.wikipedia.org/wiki/Violenciadomestica)

Na família –Têm sido registrados casos de violência extrema contra todos os membros da família, notadamente do marido contra a esposa, dos pais contra os filhos e também dos filhos contra os pais, principalmente os idosos.

Casos de mulheres que vivem subjugadas sob tortura psíquica, quando os maridos as obrigam a aceitar-lhes as colocações e a vontade sob a ameaça de separação. (Existe Vida...Depois do Casamento?, cap.III. Cajazeiras, Francisco, Ed. Capivari.)

Na questão 940 de “O Livro dos Espíritos”, os Espíritos afirmam que a falta de simpatia entre os seres destinados a viver juntos é fonte de aborrecimentos amargos, por envenenarem toda a existência, mas que, na maioria das vezes, somos a causa principal através das nossas leis equivocadas e por procurarmos satisfazer nosso orgulho e ambição em vez da felicidade de uma afeição mútua.

Por muitas vezes escapa à nossa percepção a violência por trás de hábitos e de comportamentos abusivos. Vejamos alguns exemplos:

Abuso Emocional Sutil – Sutilezas sarcásticas em formato de brincadeira de mau gosto, críticas destrutivas, disfarçadas de toques numa boa e envoltas num bom humor.

(https://pt-br.facebook.com/drabiancacirilo/ – Publicação do dia 27/1/2019, Dra. Bianca Cirilo.)

Amizade Abusiva – A dor é grande ao reconhecer que alguém que, até ontem, era fonte

de apoio ou supostamente era um ombro amigo, de repente, é descoberto como um engano doloroso de tirar o sono e a paz de muita gente. É aquela pessoa que quer ser ouvida, mas nunca tem tempo de ouvir, e os problemas dos outros nunca são tão relevantes. (https://pt-br.facebook.com/drabiancacirilo/ – Publicação do dia 22/11/2018, Dra. Bianca Cirilo.)

Chantagem Emocional – As pessoas recorrem à chantagem por conta da insegurança emocional; não se sentem capazes de alcançar seus objetivos e passam a manipular as outras pessoas para que elas satisfaçam seus desejos. A chantagem emocional nada mais é, portanto, do que pura manipulação mental. A pessoa que faz chantagem emocional tem, basicamente, duas condutas: ou ela se faz de vítima e coitada para sensibilizar os outros, ou tenta mostrar seu poder o tempo todo para conquistar respeito e ter seus desejos atendidos. Os chantagistas

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normalmente atacam as pessoas mais “boazinhas” e que não sabem dizer não.(https://pt-br.facebook.com/drabiancacirilo/ – Publicação do dia 6/6/2018, Dra. Bianca Cirilo.)

Bullying – É a prática de atos violentos, intencionais e repetidos, contra uma pessoa indefesa, que pode causar danos físicos e psicológicos às vítimas. O termo surgiu a partir do inglês “bully”, palavra que significa tirano, brigão ou valentão, na tradução para o português.

No Brasil, o bullying é traduzido como o ato de bulir, tocar, bater, socar, zombar, tripudiar, ridicularizar, colocar apelidos humilhantes, etc. A violência é praticada por um ou mais indivíduos, com o objetivo de intimidar, humilhar ou agredir fisicamente a vítima. O Bullying é a coação, a intimidação, a manipulação e domínio do mais forte sobre o mais fraco fisicamente ou aquele que não apresente resistência.

Os agressores, em grande maioria, são crianças e adolescentes que não receberam limites, que desde muito cedo apresentam um perfil dominador e agressivo, que em muitos casos apenas espelham a convivência conturbada dentro de suas famílias, pois o aprendizado do ser humano é dado também pelos exemplos que eles recebem.

Normalmente, aquele que sofre algum tipo de bullying apresenta distúrbios no sono (insônia, pesadelos); transtornos alimentares; ansiedade; depressão.

(https://tvmundomaior.com.br/qual-a-visao-espirita-do-bullying)

O orgulho faz com que a criatura se julgue superior ao que é realmente, e não suporte passar por uma comparação que possa rebaixá-la; faz também com que se considere de tal forma acima dos seus semelhantes, seja em aptidões, seja em posição social, seja em vantagens pessoais que o menor paralelo a irrita e a fere; e então o que acontece? Ela se entrega à cólera. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. 9, item 9.)

Essas atitudes oriundas do orgulho/egoísmo são entraves ao progresso do espírito imortal

e deverão ser combatidas através do desenvolvimento de antídotos como a humildade, passividade, brandura e amor norteando nossas ações.

Vamos refletir nas palavras do nosso patrono Bezerra de Menezes:

“O homem precisa mesmo de muita coragem para ser brando e pacífico, pois a brutalidade e a violência são atitudes fáceis e próprias dos que se acovardam nas malhas do orgulho ferido...

Jamais nos esqueçamos, amigos, das palavras do Nosso Mestre pronunciadas no Sermão do Monte: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra. ” Feliz o homem que é brando e afável, porque sua felicidade está garantida assim na Terra como no céu. (Recados do meu Coração, pelo espírito Bezerra de Menezes – Ser Manso e Pacífico.)

Sede vós aquele que ama.

Sede vós, cada um de vós, aquele que instaura o Reino de Deus no coração e dilata-o em direção à família, ao lugar de trabalho, a toda sociedade.

“(...) Só o amor, meus filhos, possui o antídoto para anular esses terríveis e devastadores acontecimentos, desses flagelos, que fazem parte da necessidade de evolução.”

(Bezerra de Menezes – Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira

Franco, ao final da conferência pública em torno da maternidade, realizada no Grupo

Espírita André Luiz, no Rio de Janeiro, na noite de 13 de agosto de 2009.)

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A violência deixa marcas. As físicas cicatrizam com o tempo; porém, as mais difíceis de cicatrização são as que marcam o nosso psiquismo, levando-nos a lesões graves, muitas delas irreversíveis durante o processo reencarnatório e que nos acompanharão após o túmulo para serem curadas em outra reencarnação. Analisaremos alguns desses aspectos no próximo tópico: B) Consequências da Violência

É grande a variedade de marcas causadas pela violência, dentre elas podemos citar: ansiedade, angústia, desespero e depressão.

No estado de humanização, os espíritos iniciam o desenvolvimento da capacidade de decisão através das escolhas efetuadas (livre-arbítrio). Essa capacidade vai sendo ampliada com o desenvolvimento intelecto-moral adquirido durante as reencarnações.

Às vezes, para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagens e valores para ganhar outros. Porém, nós ainda não aprendemos a lidar com “as perdas”. Mais uma evidência do orgulho/egoísmo permeando nossas ações, e lutamos com todas as armas disponíveis para alcançar nosso intento, o que nem sempre acontece.

Sem saber o que fazer, nos deixamos envolver pela indecisão. A pessoa indecisa permanece na dúvida; não saber como escolher a melhor solução gera ansiedade, sentimento que nos envolve, podendo desencadear a angústia, o desespero e a depressão, patologias da alma.

A ansiedade afeta todo o organismo. É composta de uma reação fisiológica, comportamental e psicológica. Apresenta sintomas físicos desde batimentos acelerados do coração (taquicardia), tensões musculares, transpirações nas palmas das mãos e pés (sudorese), respiração rápida e/ou falta de ar, boca seca.

“Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” (Mateus 6:34)

“Não quis Jesus ensinar que devêssemos ser negligentes com relação ao futuro; no entanto, convidou-nos a vencer a inquietação, a preocupação exagerada, ou seja, a ansiedade.

Mesmo que a vida nos acene com acontecimentos desagradáveis, na área de saúde, da afetividade, das relações familiares e profissionais, mantenhamos acesa a chama da esperança, entregando a Deus as nossas aflições, recordando a advertência do Mestre inesquecível: “Tenho-vos dito isto para que tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tendes bom ânimo, eu venci o mundo”. (http://www.oconsolador.com.br/ano5/226/f_altamir.html)

O excesso de cobrança, a busca desenfreada pelo ter e pelo prazer, o não saber lidar com frustrações são alguns fatores geradores destes transtornos que muitas vezes escapam à nossa percepção pela sutileza da violência por trás desses hábitos e comportamentos, e pela normalidade com que passamos a encarar determinados atos repetitivos.

Angústia:

Grande aflição acompanhada de opressão e tristeza. (https://dicionario.priberam.org/ang%C3%BAstia)

A angústia é uma sensação psicológica, caracterizada por aperto no peito, ansiedade, falta de humor, sufocamento e algum tipo de ressentimento proveniente de um sofrimento psíquico. Para a psiquiatria, a angústia é uma doença mental que precisa ser tratada como tal. (https://www.meusdicionarios.com.br/angustia)

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É um sentimento relacionado com problemas que trazem muitas preocupações como: saber o diagnóstico de uma doença, ter um desgosto amoroso, uma manifestação emocional que perturba e incomoda e, normalmente, deriva de sentimentos de frustração, culpa, insegurança, ingratidão ou indecisão.

Desespero:

Estado de profundo desânimo de uma pessoa que se sente incapaz de qualquer ação. Neste estado de consciência, ela se julga em uma situação sem saída, sem esperança; por desespero, muitos acabam se entregando aos vícios e, quando não, ao suicídio. É um sentimento de angústia ligado, geralmente, ao descontrole, à aflição, à sensação de perda, levando ao excesso de irritação, raiva ou cólera.

O que faz alguém se desesperar? O que pode motivar uma sensação de frustração ou de desânimo por algo irrealizável? O perfeccionismo do trabalho, o ciúme, a inveja, etc. Desespero é o contrário de esperança. Embora possa também ter o significado de desanimar, o desespero é mais percebido em

situações onde o indivíduo não consegue encontrar a solução para um problema.

Uma situação de desespero, nos dias atuais, é vivida por famílias de dependentes químicos, transformando o estado mental dos familiares em extrema aflição, enquanto que o próprio dependente, quando sofrendo abstinência das drogas, também entra em situação de desespero pela falta do que considera lhe trazer prazer. (www.significadosbr.com.br/desespero)

Depressão:

(CID 10 – F33) é uma doença psiquiátrica crônica e recorrente que produz uma alteração do humor, caracterizada por uma tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixa autoestima e culpa, assim como a distúrbios do sono e do apetite.

É importante distinguir a tristeza patológica daquela transitória provocada por aconte-cimentos difíceis e desagradáveis, mas que são inerentes à vida de todas as pessoas, como a morte de um ente querido, a perda de emprego, os desencontros amorosos, os desenten-dimentos familiares, as dificuldades econômicas, etc.

(https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/depressao/)

Atualmente, a depressão é um dos problemas médicos mais difundidos no mundo, ocupando, segundo estudo conjunto da Escola de Saúde Pública de Harvard, nos EUA, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Banco Mundial, o quarto lugar entre as causas de doenças degenerativas e de mortes prematuras. A previsão é de que ela se torne, em 2020, a segunda doença em importância, ficando apenas atrás dos males cardíacos.

Após vários anos de pesquisas, chegou-se à conclusão de que a depressão, cuja incidência aumenta a cada dia em nosso planeta, tem bases biológicas e é, frequentemente, influenciada por estresse psicológico ou social. Mas há também os fatores espirituais, que, na verdade, são a base da doença. “Os deprimidos são pessoas de um nível evolutivo mediano, boas, responsáveis, com boas intenções, mas possuem um baixo nível de aceitação deles mesmos e de suas relações com o Criador. Investem uma energia muito negativa contra si

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mesmos, à medida que não conseguem ser aquilo que gostariam de ser”, declara Jaider Rodrigues de Paulo, psiquiatra, homeopata e presidente da Associação Médico-Espírita de Minas Gerais.

Apesar de termos a ideia de que o deprimido é quietinho e quer ficar isolado, o psiquiatra afirma que ele é um rebelde e extremamente agressivo. “Ele não quer viver e nem que os outros vivam. No seu subconsciente, não aceita que está errado, acha que é o indivíduo mais sofrido do mundo e que tudo o que os outros fazem é contra ele”, completa. São várias as vertentes da doença, apesar de ter um único motor que é a não aceitação. “A partir daí, vão se desenvolvendo em cadeia vários processos que são agravantes, inclusive o genético. A genética na depressão não é consequência, com efeito, é causa”, informa.

(http://www.amemg.com.br/2012/01/11/abordagem-medico-espirita-da-depressao/) O depressivo precisa quebrar a concha do egoísmo e do orgulho para se libertar da

angústia em que vive.

“Para quem sofre de depressão, é importante vencer o orgulho, reconhecer a necessidade da ajuda e do tratamento, bem como ter coragem de enfrentá-la.” (Redação do Momento Espírita com base no cap.17 do livro Iluminação interior, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, Ed. Leal.)

É muito comum a depressão ser acompanhada de síndrome do pânico, fobia social,

transtorno da ansiedade generalizada, assim como surtos psicóticos. Além dos aspectos obsessivos, possibilita um mosaico de sofrimentos para a pessoa,

como diversas manifestações clínicas. A fim de superar tais situações, é indispensável buscar, através do raciocínio, os

conhecimentos sobre as origens dos acontecimentos da vida. Para isso, é necessário considerar, previamente, que o acaso não existe! Que a todos os acontecimentos presidem razões lógicas e justas. Que Deus, infinito amor, bondade e justiça, nenhum interesse tem em punir, castigar ou fazer sofrer suas criaturas; Ele preside o curso da vida no Universo através de leis perfeitas, invariáveis e automáticas.

A consequência mais terrível da depressão é o suicídio, direto ou consciente, aquele em que a pessoa decide eliminar a própria vida; e indireto ou inconsciente, em que a morte não é buscada deliberadamente, e sim através do desalento e do negar-se a viver. (Depressão: Causas, Consequências e Tratamento, Izaías Claro, 1a ed. São Paulo: Ed. O Clarim, 1998)

Dentre as leis que presidem a vida, destaca-se, como a mais diretamente ligada ao nosso assunto, a Lei de Causa e Efeito; traz-nos o conhecimento de que toda causa gera um efeito que lhe é correspondente, determinando que da natureza da causa dependerá a natureza do efeito.

A Lei de Causa e Efeito nos faculta afirmar que “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”.

“(...) resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade (...) Se, no

decorrer dessa prova, enquanto cumpris a vossa tarefa, desabarem sobre vós as preocupações, os cuidados e os desgostos, sede fortes e corajosos para suportá-los.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. V, item 25.)

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Como combater esses distúrbios da alma?

O tratamento médico para controle físico-emocional, aliado aos recursos terapêuticos que o Espiritismo nos oferece, viabiliza a erradicação desses transtornos.

Prece:

“Ao lado, portanto, de qualquer terapia prescrita, seja a oração a de maior significado e a mais simples de ser utilizada.” (Momentos Enriquecedores, cap. “Terapia da oração”, Joanna de Ângelis.)

Leitura edificante:

“Consagrar diariamente alguns minutos à leitura de obras edificantes, esquecendo os livros de natureza inferior, e preferindo, acima de tudo, os que, por alimento da própria alma, versem temas fundamentais da Doutrina Espírita. Luz ausente, treva presente.” (Conduta Espírita, cap. 41, André Luiz.)

Culto do Evangelho no Lar:

“Pelo menos, uma vez por semana, reúne a tua família e felicita-a com o Espiritismo, criando, assim, e mantendo, o culto evangélico, para que a diretriz do Mestre seja eficiente rota de amor à sabedoria em tua casa...” (Espírito e Vida, cap. 25, Joanna de Ângelis.)

Acionar a Vontade:

“Seja, porém, qual for a gênese desses distúrbios, é de relevante importância para o enfermo considerar que não é doente, mas que se encontra em fase de doença, trabalhando-se sem autocomiseração, nem autopunição para reencontrar os objetivos da existência. Sem o esforço pessoal, mui dificilmente será encontrada uma fórmula ideal para o reequilíbrio, mesmo que sob a terapia de neurolépticos.” (Amor, Imbatível Amor, cap. 19, Joanna de Ângelis.)

Passe Magnético:

“O magnetismo (...) constitui, muitas vezes, poderoso meio de ação, porque restitui ao corpo o fluido vital que lhe falta para manter o funcionamento dos órgãos.”

“... atua sobre o sistema nervoso, do mesmo modo que certas substâncias.” (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questões 424 e 483.)

Água Fluidificada:

“A água, em face da sua constituição molecular, é elemento que absorve e conduz a bioenergia que lhe é ministrada. Quando magnetizada e ingerida, produz efeitos orgânicos compatíveis com o fluido de que se faz portadora.” (Loucura e Obsessão, cap. 3, Manoel P. Miranda.)

Desobsessão:

“Os que se entregam à tarefa da cura das obsessões precisam ponderar, antes de tudo, a necessidade de iluminação interior do médium perturbado, porquanto na sua educação espiritual reside a própria cura.” (O Consolador, perg. 393, Emmanuel.)

“Recebendo ou não tratamento especializado sob a orientação de algum facultativo, aprofunda a terapia espiritual e reage, compreendendo que todos os males que infelicitam o homem procedem do Espírito que ele é, no qual se encontram estruturadas as conquistas e as quedas, no largo mecanismo da evolução inevitável.” (Receitas de Paz, cap. 11, Joanna de Ângelis.)

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Vejamos o exemplo do nosso Patrono: Em muitas ocasiões vemos Bezerra de Menezes enfrentando desafios da vida, como a

desencarnação de sua primeira esposa, assim como de vários filhos, conforme seu relato em uma passagem do livro “Vida e Obra de Bezerra de Menezes”:

Tomando conhecimento dessas verdades, sentimo-nos sustentados em nossas lutas, pois é como se ouvíssemos Dr. Bezerra, o médico dos pobres, a nos dizer: “Sim, filho, eu também vivi as crises”.

“As aflições na Terra são os remédios da alma; elas salvam para o futuro, como uma operação cirúrgica dolorosa salva a vida de um doente e lhe devolve a saúde. É por isso que o Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos, pois eles serão consolados.”

(http://luzdoespiritismo.com/o-espiritismo-na-sua-mais-simples-expressao/679)

CONCLUSÃO

✔ Objetivo: Concluir que essas características inferiorizadas poderão ser direcionadas para o desenvolvimento da iluminação espiritual, seguindo os exemplos dos múltiplos enviados pela Espiritualidade superior como Bezerra de Menezes, que estão sempre nos auxiliando através das vibrações e conselhos a serem seguidos.

Como espíritos encarnados ainda trazemos, por conta do atavismo, os germens do orgulho e do egoísmo, que geram os vícios e as vicissitudes no homem; por isso, muitos de nós ainda nos comprazemos com o mal, ou em retribuirmos o mal com o mal.

“O egoísmo, por mais que se lhe dê combate, ainda deixa algo de si na sua estrutura de vida, que pode de novo nascer. Somente o amor isola essa praga, esse inimigo terrível do coração. Não nos esqueçamos de Jesus, o Mestre que nos ensina como livrarmo-nos deste inimigo, transformando-o em amor e caridade.” (Espírito Miramez, O Livro dos Espíritos comentado, questão 913 – Internet.)

Temos um manancial de conhecimento através das informações que a Doutrina Espírita nos proporciona, mas do conhecimento à aplicação percorremos longa distância em virtude das escolhas equivocadas, oriundas do automatismo alicerçado durante as reencarnações sucessivas, priorizando a “importância da personalidade” acalentada pelo orgulho/egoísmo. Não aceitamos nada que “aparentemente” venha a nos diminuir e reagimos, muitas vezes, de maneira agressiva e violenta.

Como minorar e iniciar as mudanças de comportamento necessárias? Já temos a consciência de “quem somos”, a finalidade da vida e como alcançar a “felicidade tão almejada”.

Aplicar os ensinamentos doutrinários e seguir o conselho dos bons espíritos é difícil, pois precisamos substituir estruturas deterioradas por alicerces seguros; porém, aprendemos também, seguindo os exemplos dos que já agem de maneira correta. Precisamos nos convencer de que não há necessidade do aprendizado às próprias custas.

“(T) no fim de quatro anos (casamento), fui subitamente batido pelo tufão da maior adversidade que me podia sobrevir: minha mulher me foi roubada pela morte, em vinte e quatro horas, deixando-me dois filhinhos, um de três e outro de um. (T) aquele fato produziu-me um abalo físico e moral, de prostrar-me.”

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Temos muitos exemplos a seguir, observando como alguns “espíritos com conquistas” administraram acertadamente, durante a vida de relação, situações adversas. Criaturas que violentadas através da não aceitação de nobres propósitos responderam pacificamente, priorizando a paz e o melhor para os semelhantes, esquecendo-se de si mesmas.

Nesse contexto, podemos citar: Eurípedes Barsanulfo, Mahatma Gandhi, Madre Tereza de Calcutá, Chico Xavier, Irmã Dulce e muitos outros que viveram entre nós.

Com relação ao nosso patrono Bezerra de Menezes, temos muitas situações vivenciadas por ele, caracterizadas pela violência, mas sempre administradas através de atitudes nobres, priorizando o amor ao próximo e a caridade. Citaremos três exemplos retirados do livro “Vida e Obra de Bezerra de Menezes” cujo autor é Sylvio Brito Soares.

Em Perfis Parlamentares 33, numa sessão da Câmara dos Deputados em 20 de julho de 1885, temos um exemplo de ação parlamentar de Bezerra de Menezes, onde pede providências contra um atentado a um líder abolicionista. Vejamos como transcorreu a sessão.

1o – A preocupação de Bezerra de Menezes era exclusivamente cuidar de seus doentes pobres, tendo a sua vida equilibrada pelo exercício da função de oficial-médico do Exército. Em 1860, os moradores da freguesia de São Cristóvão procuraram-no pedindo que os representasse na Câmara Municipal. Bezerra de Menezes reluta, mas cede, apesar de contrariado, e foi eleito. No entanto, Haddock Lobo, chefe da Câmara, impugna sua eleição pelo fato de ser ele médico militar. Bezerra de Menezes não vacila; pede sua exoneração como militar, abdicando de sua estabilidade financeira em favor do partido e da população. Foi esse um dos seus sacrifícios.

2o – Retirou-se por algum tempo da política, mas para servir ao país; criou, vencendo dificuldades, a Companhia de Estrada de Ferro Macaé a Campos, a mais importante via férrea da província do Rio de Janeiro. Criou também a via férrea de Santo Antônio de Pádua, prosseguimento da Macaé a Campos, pois seu plano era levá-la até o Rio Doce, Minas Gerais. Sofreu rivalidades, movidas por interesses pessoais, que lhes frustraram o grandioso plano. Bezerra de Menezes foi retirado da direção dessas Companhias. Foram-lhe negados todos os meios de desenvolvimento das empresas, obrigando-o a sacrifícios tais, que sua fortuna ficou completamente arruinada em virtude do pagamento das indenizações dos funcionários pelo fechamento.

3o – Dr. Bezerra caminhava por uma rua central do Rio de Janeiro, na época do Império, quando um guarda da Polícia Imperial prendeu um ladrão que havia roubado a carteira de seu bolso sem que ele notasse. Quando Bezerra viu a multidão que cercava o guarda e o ladrão perguntou: – O que passa? Aí o guarda respondeu: – Sem que o senhor notasse, este homem bateu sua carteira. Sempre caridoso o Dr. Bezerra respondeu: – Senhor guarda, este suposto ladrão é meu amigo, ele estava brincando. E abraçando o ombro do desconhecido, foram caminhando. O ladrão chorava muito e o Dr. Bezerra falou-lhe: – Se você apanhou a carteira é porque estava necessitando e, tirando algum dinheiro, entregou a ele dizendo: “Leve, pois você precisa”.

(httpps//www.marciafernandes.com.br/site/o-legado-de-dr-bezerra-de-menezes/)

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Não só com relação aos exemplos citados, mas analisando, de maneira geral, as reações de Bezerra de Menezes diante dos acontecimentos da vida (encontramos relatos num grande número de obras elaboradas por seus biógrafos), verificamos a retidão de suas ações, não

“Bezerra comunica ter recebido um telegrama reclamando providências contra a agressão de que fora vítima o gerente do jornal Vinte e Cinco de Março, da cidade de Campos, órgão do Partido Abolicionista daquela localidade. Encontrava-se o jornalista gravemente ferido na cabeça, mas a Polícia opunha-se à abertura de inquérito.

O Deputado Soares aparteia, dizendo que “isso é muito comum no Brasil”, ao que retruca Bezerra:

– “Parece que o nobre Deputado por Minas acha que é coisa muito comum mandar-se matar um abolicionista”.

O parlamentar mineiro afirma que não fora isso, precisamente, o que havia dito, ao que Bezerra declarou ter entendido mal, pedindo desculpas ao colega e sendo novamente aparteado pelo parlamentar que afirmou que estes “são os ossos do ofício...”

Mas aí Bezerra não se conteve, reagindo com indignação:

– “Já se vê que não é só uma questão de palavras e que não é grande a diferença entre o que entendera e a explicação do aparte. Dizer que são ossos do ofício um atentado contra a vida de um abolicionista é pouco mais ou menos o que tinha entendido, isto é, que não faz mal matar um abolicionista”.

Agita-se o Plenário.

Joaquim Nabuco, José Mariano e Soares trocam apartes violentos e o presidente pede ordem para que Bezerra continue a falar.

Cresce a agitação no Plenário.

O Deputado José Mariano troca apartes com deputados da bancada oposta e, particularmente, com o Deputado Correia de Araújo.

O presidente é obrigado novamente a intervir para chamar a atenção do Deputado José Mariano, que, não estando com a palavra, estava falando constantemente de forma anti-regimental.

Mas o Deputado José Mariano não aceita a reprimenda do presidente, dizendo que seguia o exemplo da Mesa...

Bezerra propositalmente deixa que a agitação aumente em plenário, e, assim, os debates paralelos e as intervenções antirregimentais completam a atmosfera e a moldura para a continuidade do seu grave discurso.

Agora, é o Deputado Joaquim Nabuco que intervém para dizer que “enquanto houver este espírito de combate, não pode haver justiça para os abolicionistas”.

Mas o Deputado José Mariano está no auge da vibração cívica e da irritação ao mesmo tempo e, por isso, reage denunciando a dura realidade com estas expressões, que não parecem tão distantes do tempo:

– “É o regime do cacete. Amanhã, quando o deputado levar vaia ou receber qualquer outra ofensa, também dirão que são ossos do ofício...”

Multiplicam-se as intervenções, e o presidente novamente reclama atenção dos parlamen-tares envolvidos na perturbação dos trabalhos.

Bezerra só então retoma a palavra e faz-se novamente silêncio para ouvi-lo.

Diz Bezerra que, embora não siga o regime segundo o qual apanhar são “como ossos do ofício”, ou aceitar esse pretexto para justificar qualquer ofensa à liberdade do cidadão, apenas deseja que se promova o inquérito sobre o atentado.

Conseguiu para a sua denúncia o impacto que objetivava. ”

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sendo conivente com o erro, mas entendendo que se encontrava diante de um espírito imortal em processo evolutivo, passivo de erros e acertos, necessitando ser compreendido como tal, esclarecido e incentivado à mudança de comportamento.

Com relação à violência, analisando as situações de dor e sofrimento, via de regra, exteriorizamos julgamentos, condenações, aplicando a pena de Talião aos infratores, esquecendo-nos de que os que sofrem estão tendo a oportunidade de ressarcimento com a Lei e que os que se arvoraram de “braços da Justiça” também serão cobrados. Deus aproveita os nossos equívocos em favor de nós mesmos.

Com seu entendimento em relação à Paternidade Divina, sua ligação com Jesus e Maria de Nazaré, Bezerra de Menezes sempre se colocava em situação de humildade e buscava, através da prece e da ligação com Eles, a compreensão e o fortalecimento para si e para todos os que se encontravam em aflições ante o desvio da Lei. Exemplo que devemos seguir.

A prece deve ser nosso primeiro pedido de socorro. Vejamos a prece proferida por Bezerra de Menezes pelos que promovem o sofrimento:

Segundo Fénelon, o que faz o homem ser egoísta, muitas vezes, é porque ele se coloca na defensiva em relação ao egoísmo dos outros, porque esses só pensam em si próprios; que somente aqueles homens de grandes virtudes renunciam à sua personalidade em proveito dos outros. (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, q. 917).

Concluímos nossa manhã de estudos refletindo sobre o alerta de Bezerra de Menezes a todos nós:

“Senhor!

(...) invariavelmente, as rogativas da Terra são direcionadas ao teu coração, suplicando em favor dos que sofrem. Permite-nos pedir-Te, neste momento, por aqueles que promovem o sofrimento. (...)

Há muita dor no mundo e o nosso coração compadece-se daqueles que, na sua alucinação, geram todas essas desditas que se acumulam na psicosfera terrestre.

A violência alcança índices quase insuportáveis de dor, e, é por isso, que te suplicamos pelos adeptos da agressividade que se comprazem em desencadear os conflitos e as dores acerbas (...)

Dá-lhes, Jesus, a chance de despertar para compreender que a existência na carne tem por finalidade a construção do Bem (...)

Muitas vezes, ver-vos-eis envoltos por dificuldades e enfrentareis desafios que parecem insuperáveis.

Confiai em Jesus e observareis que com Ele tudo se resolve, enquanto sem Ele as dificuldades são intransponíveis.

Vencereis o egoísmo, conquistareis a paz interior e triunfareis, porque esta é a destinação de todos nós que viajamos no rumo da liberdade total. ”

(Em nome do Amor, A mediunidade com Jesus, Divaldo Pereira Franco pelo espírito Bezerra de Menezes. Mensagem 3.5 Rogativa.)

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“(...) Allan Kardec, chamado à liça, dentro de um conceito cartesiano, codifica a Doutrina Espírita, dando-lhes uma sistematização dialética, que propicia aos homens melhor compreender quem é, donde veio e para onde marcha. Com ela, não estão as manifestações arbitrárias do primitivismo ancestral, nem a severidade da lei causticante e impiedosa, mas o amor iluminado pelo conhecimento através da instrução que ora se generaliza no amplo conceito da educação (...)

(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, na Reunião do Conselho Federativo Nacional da FEB, no dia 27 de novembro de 1983, em Brasília, DF, no lançamento da Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita).

Fonte: revista Reformador, da FEB, de janeiro de 1984.

“(...) Espíritas amigos e irmãos!

Estais chamados a uma definição irrevogável: a de eliminar o mal que ainda reside em vós e que domina os quadrantes do mundo, combatendo-o em vós próprios como primeiro passo, para que a vossa claridade interior não seja colocada sob o módio das paixões, senão no velador, apontando os rumos para os pés andarilhos que vêm depois.

É instante de definição de tarefas: dificuldades são testes de avaliação das vossas conquistas; sofrimentos são aferições de valores em torno do que fizestes e do que sois. A luta é o nosso campo aplicado no progresso da Humanidade e os esforços são o nosso clima aplicado no progresso da Humanidade.

“Estudemos o Espiritismo e melhor viveremos o Cristianismo” (...).

(Bezerra de Menezes in Compromissos Iluminativos, Divaldo P. Franco, Lição 29. Editora Livraria Espírita Alvorada Editora, 4a edição, 1990.)

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ANEXO 1

Biografia de Bezerra de Menezes

1. INFÂNCIA E JUVENTUDE

Descendente de antiga família de fazendeiros de criação, ligada à política e ao militarismo na Província do Ceará, era filho de Antônio Bezerra de Menezes (tenente-coronel da Guarda Nacional) e de Fabiana de Jesus Maria Bezerra.

Em 1838, aos sete anos de idade, ingressou na escola pública de Vila Frade, onde, em dez meses, aprendeu os princípios da educação elementar.

Em 1842, como consequência de perseguições políticas e dificuldades financeiras, a sua família mudou-se para a antiga vila de Maioridade, no Rio Grande do Norte, onde o jovem, então com onze anos de idade, foi matriculado na aula pública de Latim. Em dois anos já substituía o professor em classe, em seus impedimentos.

Em 1846, a família retornou à Província do Ceará, fixando residência na capital, Fortaleza. O jovem foi matriculado no Liceu do Ceará, onde concluiu os estudos preparatórios.

2. A CARREIRA NA MEDICINA

Em 1851, ano de falecimento de seu pai, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde, naquele mesmo ano, iniciou os estudos de Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Para prover os seus estudos, dava aulas particulares de Filosofia e Matemática.

Obteve o doutoramento (graduação) em 1856, com a defesa da tese: "Diagnóstico do cancro". Por essa altura, abandonou o último patronímico e modificou o "s" de Meneses para "z", passando a assinar-se simplesmente como Adolfo Bezerra de Menezes. Nesse ano, o Governo Imperial decretou a reforma do Corpo de Saúde do Exército Brasileiro e o nomeou para chefiá-lo como Cirurgião-mor.

A 27 de abril de 1857, candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina com a memória "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento".

Em 1858, candidatou-se a uma vaga de lente (professor) substituto da Secção de Cirurgia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Nesse ano saiu a sua nomeação oficial como assistente do Corpo de Saúde do Exército, no posto de Capitão-tenente, e, a 6 de novembro, desposou Maria Cândida de Lacerda, que viria a falecer de mal súbito em 24 de março de 1863, deixando-lhe dois filhos, um de três e outro de um ano de idade.

Em 1865, desposou em segundas núpcias, Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã por parte de mãe de sua primeira esposa (que cuidava de seus filhos até então), com quem teve mais sete filhos.

Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, conhecido popularmente como Dr. Bezerra de Menezes ou simplesmente Bezerra de Menezes (Riacho do Sangue, atual Jaguaretama, 29 de agosto de 1831 / Rio de Janeiro, 11 de abril de 1900), foi um médico, militar, escritor, jornalista, político e expoente da Doutrina Espírita no Brasil.

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3. TRAJETÓRIA POLÍTICA

Bezerra de Menezes já se notabilizara pela atuação profissional e pelo trabalho voltado à população carente. Desse modo, em 1860, em uma reunião política, alguns amigos levantaram sua candidatura à Câmara, pelo Partido Liberal, como representante da paróquia de São Cristóvão, onde então residia, à Câmara. Ciente da indicação, Bezerra recusou-a inicialmente.

Abertas as urnas e apurados os votos, Bezerra fora eleito. Os seus adversários, liderados por Haddock Lobo, impugnaram sua posse sob o argumento de que militares de Segunda Classe não podiam exercer o cargo de Vereador. Foi reeleito vereador da Câmara Municipal do Município Neutro para o período de 1864 a 1868.

Foi eleito deputado provincial pelo Rio de Janeiro em 1866, apesar da oposição do então primeiro-ministro Zacarias de Góis e dos chefes liberais empossados em 1867. A Câmara dos Deputados foi dissolvida no ano seguinte (1868), devido à ascensão do Partido Conservador. Retornou à política como vereador no período de 1873 a 1885, ocupando várias vezes as funções de presidente interino da Câmara Municipal. Foi eleito deputado geral pela Província do Rio de Janeiro no período de 1877 a 1885, ano em que encerrou a sua carreira política.

4. VIDA EMPRESARIAL

Foi sócio-fundador da Companhia Estrada de Ferro Macaé e Campos (1870). Empenhou-se na construção da Estrada de Ferro Santo Antônio de Pádua, pretendendo estendê-la até ao rio Doce, projeto que não conseguiu concretizar (1872). Foi um dos diretores da Companhia Arquitetônica de Vila Isabel, fundada em outubro de 1873, por João Batista Viana Drummond (depois barão de Drummond) para empreender a urbanização do bairro de Vila Isabel. Em 1875, foi presidente da Companhia Ferro-Carril de São Cristóvão, período em que os trilhos da empresa alcançavam os bairros do Caju e da Tijuca.

5. MILITÂNCIA ESPÍRITA

Conheceu a Doutrina Espírita quando do lançamento da tradução em língua portuguesa de O Livro dos Espíritos (sem data, em 1875), através de um exemplar que lhe foi oferecido com dedicatória pelo seu tradutor, Dr. Joaquim Carlos Travassos. Sobre o contato com a obra, o próprio Bezerra registrou posteriormente:

"Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, Deus! Não hei de ir para o inferno por ler istoT Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim! .... Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava em O Livro dos Espíritos. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença."

Com o lançamento do periódico Reformador, por Augusto Elias da Silva em 1883, passou a colaborar com a redação de artigos doutrinários.

Após estudar por alguns anos as obras de Allan Kardec, em 16 de agosto de 1886, aos cinquenta e cinco anos de idade, perante grande público no salão de conferências da Guarda Velha, no Rio de Janeiro, em longa alocução, justificou a sua opção em abraçar o Espiritismo. O evento chegou a ser referido em nota publicada por O País.

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30o Encontro Espírita sobre A Vida e Obra de Bezerra de Menezes “Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos Problemas Relacionados

à Alma Humana em Desenvolvimento – 1a Parte”

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No ano seguinte, a pedido da Comissão de Propaganda do Centro da União Espírita do Brasil, inicia a publicação de uma série de artigos sobre a Doutrina em O País, periódico de maior circulação da época, assinados sob o pseudônimo "Max".

Em 1889, Bezerra de Menezes foi percebido como o único capaz de superar as divisões, vindo a ser eleito presidente da Federação Espírita Brasileira.

Nesse período, iniciou o estudo sistemático de O Livro dos Espíritos, passando a redigir O Reformador; exerceu ainda a tarefa de doutrinador de espíritos obsessores; organizou e presidiu um Congresso Espírita Nacional (Rio de Janeiro, 14 de abril; assumiu a presidência do Centro da União Espírita do Brasil em 21 de abril; e, em 22 de dezembro de 1890, oficiou ao então presidente da República, Marechal Deodoro da Fonseca, em defesa dos direitos e da liberdade dos espíritas contra certos artigos do Código Penal brasileiro de 1890.

De 1890 a 1891, foi vice-presidente da FEB na gestão de Francisco de Menezes Dias da Cruz, época em que traduziu o livro "Obras Póstumas" de Allan Kardec, publicado em 1892. Bezerra de Menezes afastou-se por algum tempo, continuando a frequentar as reuniões do Grupo Ismael e a redação dos artigos semanais em O País, que encerrou ao final de 1893. Aprofundando-se as discórdias na Instituição, foi convidado em 1895 a reassumir a presidência da FEB (eleito em 3 de agosto desse ano), função que exerceu até a data de seu falecimento. Nesta gestão iniciou o estudo semanal de O Evangelho Segundo o Espiritismo, fundou a primeira livraria espírita no país tendo ocorrido a vinculação da Instituição ao Grupo Ismael e à Assistência aos Necessitados.

Foi em meio a grandes dificuldades financeiras que um acidente vascular cerebral o acometeu na manhã de 11 de abril de 1900.

Pela atuação destacada no movimento espírita da capital brasileira no último quartel do século XIX, Bezerra de Menezes foi considerado um modelo para muitos adeptos da Doutrina. Destacam-lhe a índole caridosa, a perseverança e a disposição amorosa para superar os desafios. Essas características, somadas à sua militância na divulgação e na reestruturação do movimento espírita no país, fizeram com que fosse considerado o "Kardec Brasileiro", numa homenagem devida ao papel de relevância que desempenhou.

1900 (11 de abril): Faleceu, no Rio de Janeiro, às 11 horas e 30 minutos.

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ANOTAÇÕES

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Os próximos Encontros serão:

Dia 8/9

5o Fórum de Voluntários Espíritas e

Dia 22/9

26o Encontro Espírita sobre Jesus

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30º Encontro Espírita sobre A Vida e a Obra de Bezerra de Menezes

Tema: “BEZERRA DE MENEZES E O ENFRENTAMENTO DOS PROBLEMAS

RELACIONADOS À ALMA HUMANA EM DESENVOLVIMENTO”

Filhos,

Analisar este aspecto da Vida de Bezerra é ganhar forças para que enfrentem

as lutas que margeiam a alma de todos vocês.

Antes de ser espírita, Bezerra enfrentou problemas e depois de ser espírita

passou a se preocupar com os problemas alheios e os seus, encontrando nos

preceitos da Doutrina Espírita, meios de solucioná-los ou suavizá-los.

Assim, filhos, devem vocês olhar a vida, em que os problemas existirão, as

dificuldades chegarão, mas a vontade de vencer há de ser maior que todos eles.

Ao buscar minorar as dores do próximo, Bezerra encontrava alento para seus

problemas, ao enxugar as lágrimas do próximo, não tinha tempo de verter as suas, ao

ajudar a solucionar os problemas do próximo ia ele adquirindo mais certeza de que

poderia vencer os seus; e assim fez da caridade uma companheira diária; ao lado das

dores caminhava a caridade, ao lado das lutas íntimas trazidas pelo próximo

receitava ele O Livro dos Espíritos e O Evangelho Segundo o Espiritismo, e assim, ao

longo dos anos, fortaleceu, ele, a própria fé e fez brotar a fé raciocinada em muitos

corações.

Aprendei portanto, com Bezerra a caminhar sempre em meio às lutas, de mãos

dadas com a Doutrina Espírita e conseguirão todos vocês arrostar o sofrimento de

suas almas, sentindo dentro do próprio peito a máxima do Cristo "Bem-aventurados

os que sofrem porque serão consolados".

Que o Senhor da Vida a todos abençoe.

Paz!

Victor

(Mensagem psicográfica recebida pelo médium Mário Coelho, em 23/2/2019, no CELD - RJ.)

551961-2016

o30 Encontro Espírita sobre

A Vida e a Obra de

25 de agosto de 2019

Tema:

“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos

Problemas Relacionados à Alma Humana

em Desenvolvimento”

Tema:

“Bezerra de Menezes e o Enfrentamento dos

Problemas Relacionados à Alma Humana

em Desenvolvimento”

a1 parte

Bezerra de Menezes