31289113 analise transacional aplicada ao trabalho

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7/14/2019 31289113 Analise Transacional Aplicada Ao Trabalho http://slidepdf.com/reader/full/31289113-analise-transacional-aplicada-ao-trabalho 1/68   Análise Transacional Aplicada ao Trabalho

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  • Anlise Transacional Aplicada ao Trabalho

  • ndice

    1- COMUNICAO 1.1- Conceitos Bsicos 1.2- Componentes da Comunicao 1.3- Intencionalidade do Emissor e Expectativa do Receptor 1.4- Interferncias na Comunicao 1.5- Eficcia da Comunicao 2- AGENTE DA COMUNICAO 2.1- Substratos Estruturais da Comunicao 2.2- anlise Estrutural da Personalidade 2.3- Substratos Funcionais da Comunicao 2.4- Anlise Funcional da Personalidade 2.5- A Comunicao Interna 2.6- Um Modelo Psicolgico da Comunicao Humana 3- ANLISE DAS TRANSAES INTERPESSOAIS E INTERGRUPAIS 3.1- As Transaes Complementares 3.2- As Transaes Cruzadas 3.3- As Transaes Ocultas 3.4- Transaes, Intercmbio de Emoes e Desqualificao 4- AS POSIES EXISTENCIAIS E RELACIONAMENTO HUMANO 4.1- O Desenvolvimento da Posio Existencial 4.2- A Posio Existencial OK OK 4.3- A Posio Existencial OK - NO OK 4.4- A Posio Existencial NO OK OK 4.5- A Posio Existencial NO OK NO OK 4.6- A Posio Existencial OK OK 4.7- Confronto das Posies Existenciais 4.8- Posies Existenciais e Desempenho de Papis 4.9- O Miniargumento e sua Influncia no Desempenho Organizacional. 5- A PROGRAMAO SOCIAL DO TEMPO 5.1- O Isolamento ou Alheiamento 5.2- A Atividade 5.3- O Ritual 5.4- O Passatempo 5.5- Os Jogos Psicolgicos 5.6- A Intimidade 5.7- Como Vivemos no Tempo com os Nossos Estados do ego. 6- JOGOS PSICOLGICOS 6.1- Conceituaes 6.2- O tringulo Dramtico do Karpman 6.3- Os Jogos Psicolgicos que Ocorrem em Ambiente de Trabalho 6.4- Como Evitar os Jogos Psicolgicos 7- BIBLIOGRAFIA

  • 1. COMUNICACO: 1.1 CONCEITOS BSICOS:

    A palavra comunicaovem do latim comunis, que significa comum.

    Comunicar, portanto, tornar-se comum com algum. E isso ocorre quando um indivduo fornece algo concreto ou abstrato a outro, diminuindo a diferena entre os dois. As primeiras expresses da comunicao devem ter sido bem concretas. Um fornecia a caa, o outro algum utenslio; ou era baseada em informaes, principalmente visuais o ato de algum afastar-se em direo ao campo de caa, induziria outros a imit-lo, ( o que mais tarde teria sido simplificado com o gesto da mo dizendo siga-me, ainda hoje amplamente utilizado por ns). Quanto ao aspecto sonoro, ocorreu tambm uma evoluo do grunhido apenas biolgico-emocional, para a emisso de vocbulos abstratos, smbolos de objetos e fenmenos de nosso ambiente.

    Mas, um aspecto bsico da comunicao continua inaltervel e o ser sempre s h comunicao quando h compartilhao de algo, seja em nvel concreto ou abstrato ( o ato de dar um presente a um ndio tem um significado de eu quero ser seu amigo, do mesmo modo que um olhar afetuoso, um aperto de mo ou a declarao oral explcita em nossa sociedade).

    Portanto a comunicao pode ocorrer em diversos nveis: - Quando falamos a nosso colega de trabalho (comunicao oral); - Quando entregamos um relatrio a nosso chefe (comunicao escrita); - Quando diminumos a velocidade do carro ao ver a placa de 60 Km

    (comunicao por smbolos visuais); - Quando retornamos sala de aula ao ouvir a sirene de trmino do intervalo

    (comunicao por smbolos auditivos); - Quando paramos a partida de baralho ao sentir o cheiro do churrasco

    (comunicao por smbolo olfativo); - Quando pulamos da cama ao sentirmos a palmadinha nas costas de est na

    hora (comunicao interna consigo mesmo). Seja em qualquer nvel, a comunicao exige pelo menos trs elementos para que

    possa ocorrer: O EMISSOR pode ser um animal, uma pessoa, uma organizao (jornal, TV,

    rdio); o CANAL pode ser o ar, a gua, o papel a ser escrito; e o RECEPTOR pode ser uma pessoa ou grupo que escuta, v, sente o cheiro ou percebe de outro modo.

    FONTE OU

    EMISSOR

    CANAL RECEPTOR

    Na sociedade humana o ato de comunicar se confunde-se co o de viver. Imaginem um indivduo isolado desde o seu nascimento sua vida no ter uma durao maior do que alguns dias. Na espcie humana isso patente devido ao longo perodo necessrio para que tornemos aptos a receber o certificado de agora j pode sozinho. A dependncia inicialmente biolgica transforma-se em psicolgica, devido ao grande volume de informaes que precisamos gravar antes de sermos considerados aptos a viver em sociedade.

    semelhana da vida, a comunicao um processo e como tal, o dinamismo sua caracterstica fundamental. Isso ocorre graas continua interao entre EMISSOR e RECEPTOR atravs da mensagem transmitida. Ao solicitar uma informao, a pessoa

  • atua como emissor e seu interlocutor como receptor. Esse, o fornecer a informao solicitada, assume o papel de emissor enquanto que o primeiro transforma-se em receptor.

    Para melhor compreendermos a comunicao, podemos empregar o modelo abaixo simplificado, que simboliza atravs das setas o dinamismo do processo:

    EMISSOR

    RECEPTOR

    RECEPTOR

    EMISSOR

    CANAL

    Por outro lado, a comunicao humana abordada por diversos ramos da cincia sob vrios enfoques. Dentre estes, temos a Matemtica, Antropologia Lingstica e a Psicologia Social. Os Matemticos abordam o assunto a partir de trs enfoques: a teoria da informao, a engenharia de comunicaes tcnicas e a ciberntica. Os antroplogos lingistas estudam as lnguas existentes e/ou desaparecidas e procuram estabelecer relaes entre os smbolos utilizados em diversas pocas e reas geogrficas.

    Os psiclogos sociais estudam especificamente a interao humana, auxiliados por conceitos e informaes obtidas a partir dos matemticos e dos antroplogos, entre outras fontes. Da teoria da informao matemtica so obtidas concluses sobre a quantidade de informaes que podem ser transmitidas por um canal e sua relao com os cdigos. Da engenharia de comunicaes tcnicas, que estuda a transmisso de mensagens de um ponto a outro, recebeu modelos e conceitos para o estudo da comunicao entre grupos humanos dentro das organizaes. Da antropologia lingstica aproveitou as concluses a respeito do fenmeno, que no deixa de ser psicolgico, o choque cultural.

    Cada uma dessas trs reas cientficas enfoca os trs campos bsicos da comunicao humana: a sintaxe (relao dos smbolos entre si), a semntica (relao entre os smbolos e as coisas) e a pragmtica (relao entre os smbolos e as pessoas).

    A matemtica atravs de Claude Shannon nos forneceu um modelo geral do processo da comunicao:

    EMISSOR CODIFICADOR

    MENSAGEM CODIFICADA

    RUDO

    CANAL DECODIFICADOR RECEPTOR

    MENSAGEM ENVIADA

    MENSAGEM RECEBIDA

    E a partir deles podemos considerar os seus componentes. o que faremos a seguir.

    1.2 COMPONENTES DA COMUNICAO: 1 SOR 2 IFICADOR 3 4 5 6 O COD

    O EMIS O CANAL A MENSAGEM O RECEPTOR O DECODIFICADOR

  • O EMISSOR aquele que tem uma informao, sentimento ou emoo que deseja transmitir. Para isso usa um cdigo (sistema de sinais) atravs do qual codifica a mensagem que ser transmitida ao receptor que, por sua vez, a decodifica para aprender o significado da mensagem recebida.

    O CODIFICADOR, do ponto de vista psicolgico, parte integrante do emissor e pode funcionar como seletor ou como transformador das informaes que devero ser emitidas. anatomicamente a rede neuronal pr-frontal e funcionalmente um circuito reverberante formado, mantido e desenvolvido pelas experincias cotidianas vividas por cada pessoa. Da, a peculiaridade e individualidade do codificador, que, em ltima instncia, a personalidade do indivduo. Atua como seletor quando o emissor retm, consciente ou inconscientemente, parte das informaes que pretende transmitir. E funciona como transformador, quando o emissor emite uma informao ou equivalente, com seu teor adaptado s circunstncias, embora no seja fidedigna (uma confisso sob presso, por exemplo).

    O DECODIFICADOR est para o receptor assim como o codificador est para o emissor. Para que uma informao seja compreendida, necessrio a sua adequao ao sistema de informaes j gravado no receptor. Assim, dizer a um caboclo do nosso serto que o homem j chegou lua uma afronta a sua f que o faz acreditar que a lua de S Jorge. portanto necessrio compatibilizar a informao emitida ao sistema referencial do receptor, para que ocorra uma comunicao eficaz.

    Poderemos conceituar codificador e decodificador de outras maneiras, dependendo do nvel em que analisarmos, ou seja, conforme nosso prprio decodificador. Assim, pode ser considerado codificador a faculdade motora do emissor, ou a mquina de escrever que utiliza. E decodificador pode ser o sistema visual ou auditivo do receptor ou a legenda na tela do cinema ou o rdio (decodifica ondas eletromagnticas).

    O CANAL o veculo que transporta a mensagem, como por exemplo, o ar ou o fio telefnico, condutores da palavra falada e a pgina, da palavra escrita.

    MENSAGEM o elemento emitido e recebido sob forma de cdigo, conforme suas caractersticas. Pode ser um aperto de mo, um bom dia , um conto escrito.

    RUDO um conceito tpico da teoria matemtica da comunicao e refere-se ao conjunto de fatores que dificultam a transmisso eficaz da mensagem.

    Exemplo dos diversos componentes: Leitura de um livro. FONTE OU EMISSOR: escritor. CODIFICADOR: Faculdade motora do emissor

    Personalidade do emissor. MENSAGEM: as estrias, contos, impressos. CANAL: livro. RUDO: uma pagina mal impressa um erro de paginao. DECODIFICADOR: sistema visual do receptor

    Personalidade do receptor. RECEPTOR: leitor.

    1.3 INTENCIONALIDADE DO EMISSOR E EXPECTATIVA DO RECEPTOR:

    A emisso de um comportamento, seja corporal ou verbal, sempre resultante de uma motivao interna e de um objetivo a ser atingido pelo agente da ao no meio externo. Em outras palavras, h uma inteno, cujo alvo diminuir a dependncia do indivduo de seu meio, aumentando seu poder de influncia nos outros e em si mesmo e tornando-o cada vez mais autnomo. E a maneira mais adequada de atuar no meio, nas outras pessoas e em si mesmo a comunicao.

    Afetar intencionalmente o comportamento de outra pessoa um objetivo ntido da comunicao e significa conseguir que a mensagem produza no receptor a conduta esperada pelo emissor.

  • H portanto implcitos no processo de comunicao dois fatores interferentes: a inteno do emissor de conduzir o receptor a emitir uma resposta determinada; e a expectativa do receptor de receber uma informao, atitude ou comportamento prdeterminado, que venha a adequar-se a sua maneira de ser. No muito difcil prever as interferncias que esses fatores produzem na comunicao. A inteno do emissor, de induzir o receptor a apresentar uma conduta desejada, est em estreita relao com o grau de conhecimento que possui desse ltimo. Quanto maior o conhecimento que uma pessoa tem de outra, mais fcil ser induzi-la a uma conduta desejada. A mesma regra aplica-se a expectativa do receptor: quanto maior o seu conhecimento sobre o emissor maior a probabilidade de previso das suas condutas. Tanto a inteno como a expectativa so fatores que tambm determinam o grau de rudo de uma comunicao, e com isso, sua maior ou menor eficcia. E por no encontrar-se a nvel de canal, necessrio uma ampliao do conceito matemtico de rudo, restrito apenas ao canal, para os componentes emissor e receptor. A intencionalidade pode gerar um rudo intra-emissor a nvel de decodificador. Podemos dizer que essas interferncias so basicamente do campo da psicologia e por isso as veremos em detalhes no prximo captulo, quando tratamos da estrutura e funo da personalidade do agente da comunicao. Entretanto, adiantaremos algumas consideraes a respeito. Uma delas que no podemos separar os objetivos da comunicao (intencionalidade) e a pessoa receptora, uma vez que sua resposta est condicionada s caractersticas do sue decodificador, que possui poder de alterar o significado da mensagem conforme suas expectativas. Entretanto, por no considerar esse princpio, ocorre ao nvel dos dois componentes (emissor e receptor) um fenmeno psicolgico conhecido como DESQUALIFICAO. Impulsonado por uma inteno que no deixa de ser manipulatria, o emissor passa por cima da personalidade do receptor, visando apenas atingir seu intento: induzi-lo a a comportar-se conforme seu desejo. Em contrapartida, o receptor defende-se da investida por meio de uma imagem pr-concebida do emissor, uma repesentao mental que gera uma expectativa, que por sua vez desqualifica a verdadeira maneira de ser do emissor. como se ambos portassem uma lana e um escudo, respectivamente a inteno e a expectativa, determinados pela imagem virtual que um possui do outro. Estudaremos mais adiante o fenmeno da desqualificao, resultante do conjunto emissor receptor.

    CHEFE (na expectativa de receber mais um relatrio medocre devido imagem que faz do funcionrio.)

    FUNCIONRIO (com inteno de receber um elogio)

    Ih! L vem ele.Alm de medocre,como chato!Aposto que seurelatrio ser maisum vexame.

    Vou apresentarum relatriomuito bom. Seique ele vaielogiar-me.

  • 1.4 INTERFERNCIAS NA COMUNICAO:

    Entendemos como interferncia o efeito resultante da ocorrncia de fatores que diminuem o nvel de eficcia da comunicao. Podem surgir em qualquer componente ou no contexto onde ocorre a comunicao.

    Podem ser considerados como interferncias no Emissor: uma alterao anatmica; um comprometimento funcional ou metablico; um hbito fortemente arraigado; uma alterao do auto-conceito, seja uma supervalorizao ou desvalorizao de si; um estado psicopatolgico; um preconceito sobre o receptor; um estado emocional.

    Ao nvel de RECEPTOR, as interferncias so quase as mesmas, acrescentando-se alteraes da senso- percepo e expectativa sobre o EMISSOR.

    Ao nvel do CANAL, podemos considerar a sua inadequao transmisso da mensagem (por exemplo: utilizar o telegrama para uma mensagem de amor); a presena de fatores estranhos (por exemplo: uma pgina com inmeros borres de tinta); um nmero muito elevado de mensagens passando pelo mesmo canal (discusso num grupo recm-formado com vrios emissores atuando ao mesmo tempo).

    Ao nvel da MENSAGEM, temos uma m utilizao dos cdigos; o desconhecimento do cdigo do emissor pelo receptor; a tonalidade emocional utilizada pelo emissor.

    1.5 EFICCIA NA COMUNICAO

    A eficcia na comunicao determinada pela realizao do objetivo fundamental do emissor: influir intencionalmente no comportamento do receptor.

    Isso depende de vrios requisitos tais como: A) Atitude do emissor com relao ao tema da mensagem : - Um vendedor

    oferecendo uma linha de produtos, porm com atitudes diferentes com relao a cada um deles; a eficcia da sua venda ser determinada por sua atitude mais ou menos favorvel diante de cada um deles.

    B) Atitude do emissor com respeito a si mesmo: - A maior ou menor verbalizao de si pode determinar o sucesso ou fracasso de um candidato a certo emprego. O mesmo pode ocorrer quanto a sua aceitao ou no a falta de auto-confiana pode facilmente gerar o fracasso de um vendedor.

    C) Posio relativa do emissor e do receptor no sistema scio cultural: - O padro de informao deve adequar-se ao status do receptor, do contrrio, podero surgir conflitos: um chefe de seo dir claramente o que achada atitude inadequada de seu funcionrio; ao passo que, ao dirigir-se ao seu diretor por um motivo similar, o far com inmeros rodeios e permbulos, se o fizer.

    D) Habilidades comunicativas do emissor: - Diz respeito ao domnio de habilidades vinculadas codificao como: escutar, escrever, ler, pintar, desenhar, gesticular, falar. Ao escrever um livro, quanto maior for o domnio das regras estilsticas, do vocabulrio, das leis gramaticais, maior ser a eficcia de sua comunicao, e assim, sua mensagem atingir os objetivos pretendidos. A codificao , nesse caso, depender dos sinais pelo emissor, que alm disso poder escolher o cdigo mais adequado ao canal que pretenda utilizar.

    E) Atitude do emissor face ao receptor: - Um exemplo claro o preconceito. Nesse caso, o emissor inicia a comunicao, partindo de um pressuposto que geralmente no confere coma a realidade, afetando grandemente a eficcia da comunicao estabelecida. Um chefe que possui a atitude preconcebida de que o funcionrio Jos um sujeito medocre e que s faz coisas erradas,

  • comprometer a eficcia da sua mensagem quando dirigir-se quele funcionrio. E mesmo que no fale o que pensa, sua atitude poder ser percebida por gestos, tom de voz ou outro indcio corporal. E nesse caso, estar emitindo duas mensagens ao mesmo tempo; uma verbal (aparente) e outra corporal (encoberta), essa geralmente inconsciente. Surge com isso uma discrepncia na comunicao, que levar o emissor a possveis transtornos. O emissor, no estando consciente de sua mensagem encoberta (psicolgica), ser apanhado de surpresa se o receptor responder a ela ao invs de, a sua mensagem oral (nvel social). H, portanto, nesse caso um rudo no emissor que o impede de conhecer as mensagens que emite, tornando-o irresponsvel por seus atos. Da a necessidade do auto-conhecimento como um pr-requisito a uma comunicao interpessoal realmente eficaz.

    F) Nvel de conhecimento do teor da mensagem pelo receptor: - Se o emissor d uma informao j conhecida pelo receptor, no despertar muito a ateno desse, que tender a dispersar-se em seus pensamentos. Isso ocorre frequentemente em sala de aula, quando o aluno j sabe o que o professor dir sobre determinado assunto.

    Pode ocorrer tambm o inverso: se o nvel de conhecimento do receptor sobre certo assunto for muito elementar, o emissor no atingir seu objetivo ao transmiti-lo.

    Podemos concluir que a eficcia da comunicao inversamente proporcional ao nvel de rudo em seus componentes, de tal forma que quanto maior o nvel de rudo maior a eficcia.

  • 2 O AGENTE DA COMUNICAO

    Denominamos agente da comunicao o indivduo que, ora atua como emissor, ora como receptor. O estudaremos na seguinte ordem: inicialmente sua estrutura (viso esttica); depois sua dinmica interna; e a seguir (no tpico 3) sua dinmica externa, atravs da anlise de interao de dois ou mais agentes. 2.1 SUBSTRATOS ESTRUTURAIS DA COMUNICAO:

    J vimos no tpico anterior, os pr - requisitos de uma comunicao eficaz. Estudaremos nesse tpico, em maiores detalhes, um desses pr requisitos: a estrutura do agente (emissor e receptor), que em outros termos, constitui o substrato da comunicao.

    O primeiro substrato o anatmico, constitudo principalmente pelos sistemas sseo, muscular e nervoso, os principais responsveis pela ocorrncia de comportamentos e a recepo de estmulos (informaes). A ocorrncia de algum distrbio em um deles leva a um maior ou menor comprometimento da eficcia da comunicao, dependendo do grau do distrbio ocorrido. Assim, um brao quebrado um obstculo para a emisso de informaes escritas como uma mandbula quebrada o para a emisso oral. Uma ruptura muscular (ou tendinosa) de um rgo de emisso (mo, boca) leva a uma paralisia que impedir a ocorrncia da mensagem pelo rgo afetado. E mais grava ainda a ocorrncia de uma anomalia anatmica do sistema nervoso, o que poder inclusive bloquear qualquer tipo de informao (estado vegetativo oriundo de um traumatismo do sistema nervoso central).

    Outro substrato estrutural responsvel pelo nvel de eficcia da comunicao a estrutura psquica do agente, oriunda da gravao de imagens percebidas e de atitudes e condutas expressas e que conforme a teoria neuro fisiolgica dos rastros nervosos produz uma espcie de mapa cortical, responsvel pelas atitudes e comportamentos futuros do indivduo. Estudaremos essa estrutura no item seguinte. 2.2 ANLISE ESTRUTURAL DA PERSONALIDADE:

    Por volta de 1951, Wilder Penfield, um neurocirurgio da Universidade de HcHill de Montrela Canad, efetuava investigaes de focos epilticos no crebro de seus pacientes, no sentido de localiz-los para em seguida trat-los. Seu mtodo consistia na estimulao do crtex cerebral atravs de uma minscula sonda provida de um microeletrodo, que emitia uma corrente eltrica de baixa intensidade. Entretanto surgiu, a certa altura dos acontecimentos, uma varivel no prevista por ele: reaes verbais dos pacientes que ao serem estimulados em determinados pontos de seu crebro, recordavam-se nitidamente de certos eventos de sua vida, ou emitiam certos comportamentos verbais ou emocionais. Aps a surpresa inicial de que foi tomado em suas pesquisas, Penfield resolveu iniciar um estudo sistemtico dessa varivel interferente. E no decorrer de inmeros anos acumulou dados, at ento inditos, que viriam mais tarde alterar o rumo do estudo do comportamento e atitude humana.

    Durante as experincias, o paciente sob anestesia local, continuava completamente consciente e podia falar com o experimentador. Apresentaremos abaixo, algumas concluses principais a que chegou Penfield em seus anos de trabalho:

    - Inicialmente, conforme suas prprias palavras a experincia psquica assim produzida (atravs da estimulao eltrica), interrompe-se quando o eletrodo retirado e pode repetir-se quando ele reaplicado.

    Suas outras concluses forma: - O eletrodo evoca apenas uma recordao e no uma mistura de lembranas ou

    uma generalizao.

  • - A reao ao eletrodo era involuntria sob a influncia irresistvel da sonda, uma experincia familiar aparecia na conscincia do paciente que desejasse focar sua ateno nela ou no. Uma cano era ouvida, provavelmente da mesma forma como fora ouvida em certa ocasio: ele se encontrava fazendo parte de uma situao especfica que progredia e se desenvolvia exatamente como a situao original. Era para o paciente, a representao de uma pea conhecida, onde era ao mesmo tempo ator e platia. (Penfield in Memory Mechanisms, 1952).

    - No apenas os acontecimentos passados so recordados em detalhe, mas tambm as sensaes associadas a tais eventos: O paciente vive de novo a emoo que o acontecimento produziu nele originalmente, e cnscio das mesmas interpretaes, corretas ou falsas, que deu ento experincia. (Penfield).

    - O registro da lembrana continua intacto mesmo depois que o indivduo no possa mais record-la: A recordao evocada no crtex temporal retm o carter detalhado da experincia original. Quando ela assim introduzida na conscincia do paciente, a experincia parece estar acontecendo no presente, possivelmente porque fora to irresistivelmente sua ateno. S quando ela acaba que o paciente pode reconhec-la como uma vvida lembrana do passado. (Penfield).

    - Os registros da memria evocados atravs da sonda eltrica so em seqncia e contnuos: Quando o eletrodo aplicado ao crtex da memria, pode produzir um quadro, mas o quadro geralmente no esttico. Ele se modifica quando visto originalmente, e o indivduo talvez tenha alterado a direo de seu olhar. E segue a mesma sucesso de acontecimentos observados durante os segundos ou minutos em que se desenrolaram. A cano produzida por estmulo cortical (eltrico) progride lentamente, de verso em verso, e de uma parte para outra. (Penfield).

    - O fio que d continuidade e seqncia s lembranas evocadas parece ser o tempo: O fio da sucesso temporal parece ligar elementos da recordao evocada. Parece tambm que apenas os elementos sensoriais aos quais o indivduo estava prestando ateno so registrados, e no todos os impulsos sensoriais que esto sempre bombardeando o sistema nervoso central. (Penfield).

    - Outra concluso foi que experincias similares so gravadas prximas de tal modo que o julgamento das diferenas e similaridades seja possvel.

    Com base nessa srie de dados, Penfield concluiu: - A demonstrao da existncia de desenhos corticais que preservam os

    detalhes da experincia corrente, como uma biblioteca de muitos volumes, um dos primeiros passos na direo de uma fisiologia da mente. A natureza do desenho, o mecanismo da sua formao, o mecanismo da sua utilizao subseqente e os processos integrados que formam o substrato da conscincia tudo isso ser um dia passado para frmulas fisiolgicas.

    E ERIC BERNE, psiquiatra canadense foi quem primeiro lanou mo das concluses de PENFIELD, estruturando o que mais tarde receberia o nome de Anlise Transacional, talvez a mais recente conquista do homem para o seu prprio conhecimento.

    Foi numa sesso de psicoterapia, com um advogado como seu cliente, que Berne ficou consciente das mudanas que ocorriam no padro de atitudes e comportamentos das pessoas: num intervalo de minutos, o seu cliente mudou de uma atitude compenetrada, analisadora, de raciocnio frio e preciso para outra de insegurana emocional, futilidade e relaxamento e em outra ocasio, apresentava uma reao de crtica da atitude que havia tomado ou de crtica do prprio terapeuta. Com o intuito de simplificar o seu trabalho e facilitar a compreenso dos padres de comportamentos que ocorriam, BERNE denominou-os respectivamente de Adulto, Criana e Pai, por

  • apresentarem muita semelhana com a idade adulta e infantil e com o papel de pai. Com isso implementava-se a idia, muito antiga, de que o homem um ser que possui uma personalidade global, porm formada por subpersonalidades, a que BERNE deu o nome de estados do ego.

    Assim, surgiram os conceitos, em1957, de estados de ego Pai, Adulto e Criana, com base estrutural da personalidade, confirmados pelas experincias de Penfield, que concluiram sobre a existncia de estruturas nervosas indelveis, responsveis por atitudes, emoes e comportamentos especficos. Faz-se necessria uma pequena ressalva a esta altura, apresentada pelo prprio ERIC BERNE: Pai, Adulto e Criana no so conceitos como Superego, Ego e Id, mas realidades fenomenolgicas. O estado de ego produzido pela reproduo de dados de acontecimentos no passado, envolvendo pessoas reais, ocasies reais, decises reais e emoes reais.

    Estudaremos os estados de ego atravs do diagrama abaixo:

    CRIANA

    ADULTO

    PAI

    C

    A

    P

    OU

    O desenho acima conhecido como diagrama P.A.C e refere-se aos estados de ego ao nvel de 1a ordem, (mas adiante veremos outros diagramas mais complexos).

    2.2.1 O ESTADO DE EGO PAI:

    - um conjunto de registros no crebro, resultante da gravao de atitudes e comportamentos oriundos de nossos pais ou pessoas que atuaram como tal (tios, avs, irmos mais velhos) ocorridos at uma idade grande de aproximadamente seis anos. esses registros tm uma importncia muito grande, pois atravs deles que o indivduo mais tarde proteger seus filhos; comportamento imprescindvel perpetuao da espcie humana. Por terem sido gravados nessa faixa etria tm conotao de verdades absolutas, de dogmas.

    Entre as funes do pai temos as de : educar; de proteger; de alimentar; de moralizar (distino entre bem e mal); servir de modelo para o indivduo vir a ser pai ou me; dirigir e controlar os outros; criticar. Outra funo muito til para o nosso dia a dia a de tomar uma srie de nossos comportamentos automticos, de grande importncia para a manuteno de nossa vida e economia de tempo e energia quando nos deparamos com certas situaes. Por exemplo, diante do fogo surge imediatamente uma ordem de no toque a, e de um precipcio no chegue muito perto. Imaginem a perda de tempo e energia, alm dos riscos de vida que correramos, se a cada situao dessas tivssemos que analisar, experimentar e ver resultados.

    Por outro lado, alm dessas funes positivas que trazemos em nosso Pai, existem tambm os registros negativos, que nos tolhem, nos humilham, nos castigam internamente, resultantes de atitudes e comportamentos de nossos pais com os preconceitos, os castigos, a proteo excessiva.

  • 2.2.2 O ESTADO DE EGO CRIANA:

    Uma das concluses de Penfield que o paciente sente de novo a emoo que o acontecimento produziu originalmente ... o que em outras palavras significa dizer que ao mesmo tempo em que registrado um acontecimento externo (atitude ou comportamento dos pais, por exemplo) o indivduo tambm registra as reaes internas quela cena que ele viu e ouviu.

    O conjunto formado pelos registros dessas reaes internas somado aos registros biolgicos (instintos) adquiridos geneticamente denominado Criana. nossa parte infantil, que independe de nossa idade cronolgica. Representa os comportamentos emocionais como a alegria e tristeza, o amor e o dio, o prazer e a dor, o destemor e o medo; a curiosidade; a intuio e todas as funes fisiolgicas. 2.2.3 O ESTADO EGO ADULTO:

    Aproximadamente por volta dos dez meses de vida, a criana comea a deslocar-se por seus prprios meios, ainda de maneira descoordenada, mas o significado dessa fase de seu desenvolvimento de uma importncia vital. Ela est saindo de seu estado de total dependncia e entrando no mundo que a rodeia, por seus prprios meios. A certa altura de sua atuao ela descobre que para apanhar o seu brinquedo precisa apenas esticar o brao e para chegar at a porta de seu quarto basta engatinhar em sua direo. A ocorrncia desses comportamentos deve-se ao surgimento do estado de ego Adulto, ainda em fase de estruturao. Nesse perodo de vida o Adulto ainda extremamente frgil e, uma ordem do Pai ou o medo da Criana podem derrub-lo. Porm com o contnuo processo de amadurecimento, ele vai tornando-se mais resistente at tomar conta da vida do indivduo.

    Dentre as inmeras funes do Adulto , estudar, trabalhar e ganhar dinheiro, talvez sejam as principais. Esse estado de ego funciona como um verdadeiro computador do indivduo, responsvel pela coleta e anlise de dados e tomada de deciso.

    Enquanto atravs do Pai, o indivduo adquire um conceito ensinado de vida e por meio da Criana um conceito sentido, com o Adulto desenvolve um conceito pensado da vida, baseado em informaes colhidas de seu ambiente, do Pai e da Criana e analisadas posteriormente.

    atravs do Adulto que a pequena pessoa pode comear a saber a diferena entre a vida como lhe foi ensinada (Pai), a vida como ela prpria a sentiu, desejou e fantasiou (Criana) e a vida como a v por si s (Adulto). (THOMAS A . HARRIS).

    PAI

    ADULTO

    (Estruturado a partir do nascimento, at os cinco anos de idade) Registro de acontecimentos externos. Conceito de vida ensinado.

    (Estruturado a partir dos dez meses de idade). Registro de dados colhidos e computados Atravs da explorao e do exame. Conceito de vida pensado.

  • Aps desenvolver o diagrama estrutural da personalidade que descrevemos, ERIC BERNE observou, atravs de suas experincias clnicas, a ocorrncia de condutas diferenciadas em cada estado de ego, ou seja, o comportamento do Pai, por exemplo

    no era uniforme, ao contrrio, apresentava diferenas bem delineadas. O mesmo ocorria com o estado de ego Criana e Adulto. Com base nos dados acumulados ao longo dos anos, BERNE concluiu sobre a existncia de subestados de ego e com isso acrescentou o esquema estrutural de 2a ordem.

    CRIANA (Estruturado a partir do nascimento, at os cinco anos). Registro de acontecimentos internos. Conceito de vida sentido.

    P

    A

    C

    C

    A

    P

    C

    A

    P

    C

    A

    P

    2.2.4 ANLISE DE 2a ORDEM DO ESTADO DE EGO CRIANA: BERNE dividiu este estado de ego em trs subestados:

    A) Criana da Criana ou Criana Natural; B) Adulto da Criana ou pequeno professor; C) Pai da Criana ou Criana adaptada. A) CRIANA DA CRIANA OU CRIANA NATURAL: o nvel biolgico da personalidade, resultante direto das mensagens genticas.

    (contm o Id psicanaltico). Suas funes podem ser divididas em dois grupos:

    - Positivas ou construtivas: - Impulso para a vida, para o prazer, para o amor. - Negativas ou destrutivas: - Impulso para a morte, para o desprazer, para a agresso, para a fuga.

    B) ADULTO DA CRIANA OU PEQUENO PROFESSOR:

  • o subestado de ego responsvel pela operao de captar, analisar e decidir em

    nvel intuitivo as atitudes e comportamentos da criana em quando diante de alguma situao ambgua. incrvel observarmos a perspiccia, a agudeza de percepo de uma criana de quatro anos, que chega inclusive a surpreender os prprios pais. Foi desse fato que BERNE sugeriu a denominao pequeno professor ao Adulto da Criana.

    Dentre suas funes encontramos a intuio, a empatia, a criatividade, a curiosidade, a vivacidade.

    C) PAI DA CRIANA OU CRIANA ADAPTADA:

    a resultante das condutas e atitudes sugeridas pelos pais visando acondicionar a Criana Natural aos padres ditados e exigidos pela sociedade. portanto o produto do choque entre o biolgico e o social.

    H duas expresses bsicas da Criana Adaptada: as condutas de submisso e as de rebeldia. imprescindvel que tenhamos esse componente de personalidade (Criana Adaptada Submissa) para que nos adaptemos a vida em sociedade. Porm h outro lado, o risco do exagero que poder conduzir a uma despersonalizao, se a quantidade de condutas de submisso (incutidas pelos pais) for muito elevada.

    Quando o indivduo cresce, esse subestado de ego que recebe as recomendaes de no deve, no pode do estado de ego Pai.

    2.2.5 ANLISE DE 2a ORDEM DO ESTADO DE EGO ADULTO: Esse estado de ego foi dividido em trs subestados: a) Criana do Adulto ou Pathos; b) Adulto do Adulto ou Technos; c) Pai do Adulto ou Ethos. A) CRIANA DO ADULTO OU PATHOS:

    resultante da atualizao de contedos emocionais da Criana, de acordo com a realidade e o pensamento lgico. o componente da personalidade responsvel pela simpatia, pelo charme, pela compaixo pelos sofrimentos dos outros (sem ser lstima ou comiserao).

    B) ADULTO DO ADULTO OU TECHNOS:

    o computador propriamente dito. E conforme o enfoque ciberntico seu funcionamento pode ser simplificado para trs operaes bsicas:

    - A entrada da informao (Imput); - O processamento da informao (throughput); - A sada da informao ou resposta (output). Sua funo bsica raciocinar

    friamente.

    C) PAI DO ADULTO OU ETHOS:

    Representa a atualizao de contedos morais do Pai, conforme a realidade e o pensamento lgico. Como resultante temos um subestado de ego responsvel pela manuteno de comportamentos e atitudes ticos, sempre levando em considerao a situao, o momento presente e as influncias futuras.

    2.2.6 ANLISE DE 2A ORDEM DO ESTADO DE EGO PAI:

  • Foi dividido nos trs subestados: a) Criana do Pai ou Bruxa/ Papo; b) Adulto do Pai ou Pai Nutritivo; c) Pai do Pai.

    Como observao apenas, utiliza-se em psicoterapia, tambm uma subdiviso vertical do estado de ego Pai, por ser formado a partir dos dois progenitores, o pai e a me. Em nosso estudo, esse detalhe no muito relevante.

    A) CRIANA DO PAI OU BRUXA:

    o subestado responsvel por atitudes e comportamentos de fria, de mensagens de desalento, de crticas destrutivas oriundas do api ou me. Quando um pai pune fisicamente seu filho com uma fria selvagem, ou quando olha com desprezo aps algum acontecimento

    desagradvel, est atuando com sua Criana do Pai ou Bruxa. B) ADULTO DO PAI OU PAI NUTRITIVO:

    a parte sadia dos pais que atua protegendo, nutrindo e ensinando mediante

    uma adequao temporal e espacial oportuna e objetiva. (Kertsz). fcil conhecermos quando uma pessoa est atuando com seu Pai Nutritivo. Suas

    expresses de proteo (um brao em cima do ombro da outra pessoa), uma carcia sobre a cabea de uma criana, um sorriso compreensivo ante a distrao de algum, um olhar afetuoso de compreenso. este subestado do ego que protege o desenvolvimento da espcie humana.

    C) PAI DO PAI:

    a parte da personalidade oriunda da gravao das normas morais, religiosas, histricas. o Pai por excelncia e tem entre suas funes a de perpetuar a sociedade atravs do ensinamento dogmtico das normas acima enumeradas, alm das supersties, mitos e crenas. Julga, moraliza, perdoa os erros e institui o que deve ser.

    Agora que j apresentamos as principais noes sobre a estrutura da personalidade, cabe-nos ressaltar um aspecto importante: todos os estados e subestados do ego possuem aspectos positivos e aspectos negativos. Assim, o Adulto por exemplo, pode conduzir o indivduo em direo ao bem ou no sentido do mal (sob o aspecto social). Utilizamos o diagrama abaixo para representar essa polaridade dos estados do ego.

    (-) (+)

    P

    A

  • 2.2.7 O ECOGRAMA:

    um esquema elaborado inicialmente por JACK DUSSAY, cujo objetivo representar graficamente o potencial relativo dos diversos estados do ego.

    O ECOGRAMA IDEAL

    Obs.: CRIANA LIVRE - um conceito que veremos, no tpico Anlise Funcional da Personalidade, em maiores detalhes. Entretanto podemos adiantar que um subestado resultante da fuso da Criana Natural com o Pequeno Professor (Criana da Criana e Adulto da Criana).

    Criana Adaptada Criana Livre Adulto Pai Nutritivo Pai Crtico

    O egograma traado por cada indivduo, a partir de sua prpria percepo sobre a fora relativa de seus diversos estados de ego. Se o seu comportamento for dirigido principalmente pelo Pai Nutritiva, a barra desse subestado de ego ser maior que as outras, no egograma.

    2.3 SUBSTRATOS FUNCIONAIS DA COMUNICAO:

    A estrutura anatmica sem seu dinamismo, no representa nada em termos de comunicao. No passa de um suporte sem utilizao.

  • Fisiologicamente, a grosso modo, o substrato funcional do organismo pode ser representado por um ciclo de trs eventos interdependentes: 1- Processamento dos insumos orgnicos bsicos (alimento, oxignio, gua) que constitui o metabolismo gerador de energia para ativao dos rgos. 2- Ativao do sistema nervoso que mantm e eleva o tnus muscular. 3- Ativao muscular, que possibilita o organismo obter novos insumos completando o ciclo vital.

    INSUMO DO AMBIENTE

    CICLO VITAL

    ATIVAO MUSCULAR

    ATIVAO NERVOSA

    TRANSFORMAO EM ENERGIA

    No incio desse trabalho, enunciamos que comunicao e vida confundem-se na sociedade humana. E o esquema que apresentamos acima confirma esse fato pela similaridade com o ciclo da comunicao:

    AGENTE DA

    COMUNICAO

    MENSAGEM

    CICLO DA COMUNICAO

    RESPONDE DECODIFICA

    PERCEBE

    Esse ciclo inicia-se com a percepo pelo indivduo de alguma situao ou mensagem, que a seguir decodificada em conformidade com a dinmica de sua personalidade, que determina o tipo de resposta mais.

    Como o objetivo do nosso curso especificamente a comunicao humana em seu enfoque psico-social, estudaremos a seguir a dinmica da personalidade, principal componente da comunicao.

    2.4 ANLISE FUNCIONAL DA PERSONALIDADE

    Agora sabemos que nossas atitudes e comportamentos so expresses de nossos estados de ego, componentes estruturais e dinmicos de nossa personalidade, e que nos apresentamos nas diversas situaes e momentos conduzidos por um deles.

  • A questo saber qual dos estados de ego deve atuar quando estamos diante de uma situao indita, ou em momentos decisivos para nossa vida. Com freqncia aparece aquele que mo devia aparecer e quando isso ocorre, ficamos em maus lenis, com sentimento de culpa, com raiva, desiludido. Por exemplo, convm usarmos o Adulto quando analisamos um problema da organizao com nosso chefe, mas s vezes perdemos o controle e partimos para cima dele com a Criana, no momento em que ouvimos suas reclamaes sobre nosso setor. Por outro lado, em situao de emergncia (um incndio) precisamos agir imediatamente com o Pai, se quisermos chefiar a evacuao do ambiente. E nos momentos de folga (num piquenique ) o estado de ego mais adequado ser a Criana. Se aparecer o Pai ou o Adulto ningum se divertir, a descontrao dar lugar s formalidades e aos assuntos de gente grande

    O que determina a alternncia e o aparecimento de um dos estados de ego, ao invs de outro, a diferena de potencial entre eles em cada situao. Essa diferena de potencial entre eles em cada situao. Essa diferena de potencial determinada pelo nmero e profundidade dos registros de cada um. Se uma criana possui um pai muito autoritrio, que tolheu seus movimentos, suas indagaes, suas atitudes infantis, provvel que, numa idade mais avanada, mesmo distante de seu pai fsico, continue atuando como se ele estivesse a seu lado. Na realidade, ele estar dentro dele em forma de estado de ego Pai, emitindo suas atitudes e frases de reprovao, que manter o comportamento do indivduo sob controle atravs da sua Criana amedrontada.

    O maior ou menor potencial energtico de um estado de ego determina sua maior ou menor dominncia sobre as atitudes e comportamentos de cada indivduo.

    BERNE sugeriu, para facilitar a anlise do funcionamento da personalidade, a existncia de membranas semipermeveis entre os estados de ego, atravs das quais flui a energia (ou catexia) de um para o outro.

    Quando os trs estados de ego possuem potenciais equivalentes h maior instabilidade de atitudes e comportamentos, devido grande alternncia entre os estados, determinada pela maior labilidade da catexia, De acordo com Kertsz, em casos de uma labilidade muito grande o indivduo ter dificuldades de autocontrolar-se.

    Por outro lado, quando um dos estados do ego possui um potencial muito maior do que os outros dois determina uma rigidez de reaes, que dificulta a adequao do indivduo s mudanas do ambiente. Nesse caso, a energia psquica flui muito lentamente, dando a impresso da existncia de limites rgidos entre os estados de ego.

    Resumindo:

    C

    A

    P 1. POTENCIAL EQUIVALENTE ENTRE OS TRS ESTADOS DE EGO:

    - membrana muito impermevel - condutas imprevisveis

    2-DIFERENA DE POTENCIAL MUITO ELEVADA: P

  • A

    C

    PAI EXCLUSIVO - Dificuldade de desligar oPai, (Maior Potencial); - Excluso do A e C; - Dificuldade para deixar decriticar ou de proteger.

    ADULTO EXCLUSIVO - Dificuldade de desligar oAdulto, (Maior Potencial); - Excluso do P e C; - Dificuldade para deixar deraciocinar.

    CRIANA EXCLUSIVA - Dificuldade de desligar aCriana, (Maior Potencial); - Excluso do P e A; - Dificuldade para deixar debrincar, de queixar-se.

    Obs: Podem ocorrer outros casos de excluso, como Pai e Criana exclurem o

    Adulto, Pai e Adulto exclurem a Criana e assim por diante. 3-DIFERENA DE POTENCIAL INTERMEDIRIA:

    C

    A

    P

    C

    A

    P

    C

    A

    P

    PAI CONSTANTE - O predomnio do paidireciona o indivduo para oexerccio de profisses efunes ligadas direo,ao controle, proteo, aojulgamento dos outros.

    ADULTO CONSTANTE - O predomnio do adultodireciona o indivduo para oexerccio de profissestcnicas (clculo, previso,planejamento).

    CRIANA CONSTANTE - O predomnio da crianadireciona o indivduo para oexerccio de profissionaisartsticos.

    O quarto fenmeno, resultante da relao entre os estados de ego, a

    contaminao, que veremos separadamente, devido sua maior ocorrncia no ambiente de trabalho e sua influncia nociva no relacionamento interpessoal.

    Contaminao, conforme a definio de KERTSZ a intruso de preconceitos do Pai ou de idias ilgicas, carregadas emocionalmente, da Criana, dentro dos limites do Adulto.

    H trs tipos de contaminao: a- Contaminao pelo Pai b- Contaminao pela Criana c- Contaminao pelo Pai e pela Criana

  • C

    A

    P a- Contaminao pelo Pai:

    Exemplos desse fenmeno so os preconceitos defendidos com unhas e dentes pelo Adulto, que procura encontrar explicaes para cada um deles.

    P

    A

    C

    b- Contaminao pela Criana: Exemplos disso so os temores ( de escuro, de fantasmas)e as esperanas de milagres, de ganhar na loteriadefendidas pela lgica do Adulto.

    C

    A

    P c- Contaminao pelo Pai e pela Criana

    So combinaes de preconceitos com temores imotivados,por exemplo, explicados pelo Adulto.

    Finalmente, o quinto fenmeno

    de trabalho. O bloqueio ocorre quando um dos estados do ego impede outro(s) de manifestar-

    se. resultante de traumas psicolgicas que desligaram certos conjuntos de gravaes associados situao traumtica. Essas gravaes podem ser reativadas por meio da psicoterapia, principalmente, mas tambm atravs da criao de um clima psicologicamente favorvel manifestao das atitudes e comportamentos daquele estado de ego bloqueado.

    Podem ocorrer os seguintes b

    -A Criana b-O indivduojulgar e racirgido.

    1

    C

    P

    A

    C

    -O Pai blo-O indivdatos. amem socied

    2

    A

    P loqueios: o bloqueio, tambm muito comum no ambiente loqueada pelo Pai e Adulto no tem permisso para brincar, apenas para

    ocinar. Seu comportamento caracteristicamente

    queado pelo Adulto e Criana. uo no dispe de um controle parental de seusoral e, devido a isso, tem dificuldades de conviverade.

  • C

    A

    P 3 -O Adulto bloqueado pelo Pai e Criana -O indivduo encontra dificuldades de raciocinar, de resolver problemas, devido a mensagens internas do Pai para a Criana Adaptada de voc no conseguir que bloqueiam seu Adulto.

    Obs: Podem ocorrer outros casos de bloqueio, todavia mais raros. Para a simplificao do estudo da dinmica da personalidade foi criado por

    GOULDING o diagrama funcional dos estados do ego, que apresentamos abaixo com as respectivas correspondncias do diagrama estrutural de segunda ordem

    C. ADP.

    CSCR

    CL

    A

    PN

    PC

    CC

    AC

    PC

    CA

    AA

    PA

    CP

    AP

    PP

    Legenda: C. ADP criana adaptada CR criana rrebelde CS criana livre CL criana livre

    Diagrama estrutural de 2 ordem Diagrama Funcional A Criana do Pai equivale ao Pai Bruxo ou Bruxa, que no utilizado no esquema funcional, a no ser em casos especiais, principalmente em psicoterapia. Vejamos agora as caractersticas principais de cada substrato de ego dentro do esquema funcional, que o que empregaremos com maior assiduidade.

    a- PC- Pai Crtico:

    responsvel pelas atitudes e comportamentos de crtica, de punio, repreenso. Pode apresentar-se positiva ou negativamente, conforme as repercurses de seu comportamento sobre a outra pessoa.

  • b- PN- Pai Nutritivo:

    a parte que apia, aprova, compreende os erros de outra pessoa, protege e perdoa. O altrusmo a expresso tpica desse subestado de ego. Pode entretanto apresentar-se negativo, quando exagera a proteo, tolhendo a iniciativa do outro, quando perdoa demais, enfim quando d em excesso. c- A- Adulto:

    Como j dissemos anteriormente, a parte da personalidade responsvel pela coleta, anlise dos dados e tomada de deciso. Obtm suas informaes de trs fontes: o ambiente, as gravaes Pai e as gravaes Criana. Tambm pode ser negativo socialmente um ladro ou um assassino profissional so exemplos eloquentes de pessoas com Adultos bem desenvolvidos.

    d- CR- Criana Rebelde:

    a parte da Criana adaptada cuja caracterstica principal ser do contra. Est constantemente pronta para dizer um no, mesmo quando no tem razo. Quando positiva, recebe a denominao de Criana Afirmativa e tem como princpio, a ratificao de seus atos mesmo contra todos, se para o indivduo for correto.

    e- CS Criana Submissa:

    a parte da Criana Adaptada, que recebe os castigos e crticas do Pai Crtico, sem levantar os olhos. Responsvel pelas atitudes de submisso, covardia, medo exagerado. Quando positiva, suas atitudes e comportamentos so de conformidade com as normas e princpios do ambiente em que se encontra, demonstrando aceitao e cumprimento dos mesmos. muito importante que a tenhamos em grau adequado, por ser um pr-requisito para a vida em sociedade.

    f- CL- Criana Livre

    a integrao da Criana Natural (CC) com o Pequeno Professor (AC). Representa o nosso depsito de emoes adequadas, da criatividade, da espontaneidade, da intuio. Em seus aspectos negativos socialmente h o dio, o egosmo.

    Nesse ponto cabe-nos realar que imprescindvel a compreenso e a

    memorizao das posies dos diversos subestados do ego, conforme o diagrama funcional, para maior assimilao do que trataremos a seguir a comunicao interna.

    2.5 A COMUNICAO INTERNA:

    A caracterstica essencial do homem ter uma linguagem, produto do convvio social, imprescindvel comunicao com os outros, portanto sua prpria existncia como ser humano. Em seu desenvolvimento ontogentico, o indivduo atravs do contrato com seus pais, irmos e outras pessoas de seu ambiente, vai assimilando os conceitos verbais que ouve, exercitando sua capacidade de expresso oral e desenvolvendo o seu raciocnio abstrato. Com a idade por volta de oito anos, j possui o repertrio verbal indispensvel a seu convvio em sociedade.

    Esses conceitos verbais so essencialmente smbolos da realidade objetiva utilizados pelo indivduo como instrumental de trabalho para a compreenso de si, dos

  • outros e do mundo, que progressivamente vo sendo internalizados, dando origem ao pensamento.

    Pensamento portanto, um comportamento verbal que foi internalizado, sinnimo de comunicao interna.

    Agora que j temos uma compreenso essencial da estrutura da personalidade, que como j vimos, a internalizao de atitudes e comportamentos nossos e dos outros exercidos inicialmente no meio ambiente (comportamento dos pais servindo de modelo), facilmente compreensvel que, paralelamente internalizao desses comportamentos, ocorra tambm a de seu complemento a linguagem.

    A comunicao interna nada mais do que a comunicao que ocorre entre nossos estados de ego. Voc j deve ter ouvido a voz da conscincia falando consigo, ou o diabinho soprando asneiras em seu ouvido ou mesmo agora, nesse instante em que voc l a voz de seu pensamento emitindo palavras desse texto. Esses so exemplos de comportamentos verbais dos estados do ego, Pai, Criana e Adulto respectivamente.

    Uma coisa interessante que os dilogos internos podem ser percebidos de fora, por um espectador, no em seu contedo (no estamos nos referindo a telepatia fenmeno ainda discutvel), porm quanto aos estados de ego envolvidos. E isso muito til para o conhecimento mais aprofundado das outras pessoas. Um exemplo bastante comum a indeciso ou o conflito, que ocorre quando estamos diante de duas alternativas e devemos escolher apenas uma delas: ir para a direita ou para esquerda, em uma encruzilhada. Antes de decidirmos por um dos dois lados, executamos um verdadeiro bamboleio, ora tendendo para um lado, ora para o outro. Ocorre o mesmo fenmeno quando uma criana, diante de um bolo de aniversrio, oscila seu dedinho para l e para c antes de enfi-lo no bolo ou de conter-se e esperar a hora certa, dependendo do potencial de sua Criana ou de seu Pai, naquele momento.

    O dilogo entre os estados de ego pode at gerar atritos internos, como o caso dos conflitos, que deixam como subproduto de sua ocorrncia, a nossa cabea quente ou at mesmo dolorida. E muitas vezes no tomamos conhecimento do que ocorreu sentimos apenas uma dor de cabea e jogamos a culpa numa refeio feita s pressas, ou numa noite mal dormida e seguimos em frente.

    Ora, se geralmente no temos conscincia de nossos conflitos internos, muito menos o teremos dos dilogos internos mais leves, que delineiam o nosso fluxo de pensamento. Voc j tentou seguir o seu pensamento por alguns segundos? Se j o fez, no creio que tenha superado a marca dos 30 segundos, sem uma distrao ou uma interferncia no fluxo. Como demonstrativo da importncia desse exerccio, temos o Zen Budismo, a Yoga, a Terapia Naikan, que pretendem levar o indivduo ao conhecimento de seu mundo interior (auto-conhecimento) e com isso a um maior conhecimento dos outros e do mundo.

    Essa atividade de auto-conhecimento, to antiga quanto o homem, atrapalhada por uma srie de fatores externos e internos. Dentre os externos temos atualmente a corrida do dia-a-dia, a ausncia de momentos e ambientes propcios e outras desculpas que nos damos freqentemente. E entre os fatores internos h a excluso, o bloqueio, a contaminao de um ou mais estados do ego.

    Quando um indivduo comunica-se com outro, as vezes podemos observar uma discrepncia entre a mensagem verbal e a atitude adotada, no momento em que emite a mensagem. Essa dicotomia ocorre geralmente sem que ele tenha conscincia dela, devido interferncia interna no estado de ego que est expressando-se fora de controle. No to raro encontrarmos esse fenmeno, alis muito comum quando certas pessoas falam em pblico: enquanto atravs do Adulto transmite informaes objetivas, sua Criana adaptada esfrega nervosamente as mos, gira o microfone, rabisca o papel, balana as pernas, etc.., transmitindo tambm uma mensagem (no verbal). Outro caso, o chefe que enquanto dita uma carta a sua secretria (Adulto),

  • admira os detalhes do corpo da mesma (Criana), que as vezes, levam-no a perder o fio da meada.

    No raro o indivduo passar vexames devido a foras que tenha que tenha cometido sem querer. J existe at mesmo uma frmula, socialmente preparada para diminuir seus efeitos indesejveis (como uma descompostura, um desprezo, uma briga) o crebre desculpe-me, eu no tive a inteno ou perdoe-me, eu no queria fazer isso . cabe-nos indagar a essa altura, ento quem teve a inteno? ou quem quis fazer isso?.

    Parece-me que ficou clara a importncia de uma comunicao interna eficaz para a eficcia da comunicao externa. E vice-versa, lgico.

    Enquanto os agentes da comunicao (emissor e receptor) no conhecerem suas interferncias internas (excluses, bloqueios, contaminaes), alm das caractersticas de seus estados de ego, no podero aspirar uma comunicao eficaz, ou seja, atingir os objetivos pretendidos atravs de suas mensagens.

    E o meio mais adequado para o desenvolvimento dessa auto percepo a introspeco, processo geralmente relegado a segundo plano. Se realizada sob superviso profissional, melhor ainda.

    A introspeo abordada pela Anlise Transacional passa a ter um exerccio prtico e seus efeitos podem ser avaliados objetivamente. atravs dela que podemos desenvolver cada vez mais a conscincia (conhecimento) do processo mental. E isso ocorre quando passamos as gravaes do Pai e da Criana pelo Adulto, ou quando atravs desse estado de ego ficamos em atitude de observador de dilogos internos. Somente o simples fato de percebermos uma interferncia interna j determina boa parte de sua extirpao, e com isso a abertura dos canais internos da comunicao.

    2.6 UM MODELO PSICOLGICO DA COMUNICAO HUMANA:

    Nesse ponto j podemos introduzir um novo modelo da comunicao humana, resultante da contribuio da Anlise Transacional para a Teoria da Comunicao.

    Esse modelo pressupe alm dos componentes clssicos da comunicao: emissor, codificador, canal, mensagem, receptor e decodificador ( e contexto segundo a abordagem lingustica de JACOBSON), os componentes internos abaixo discriminados:

    1. Sub emissores e sub receptores (os trs estados do ego) que podem ser considerados os codificadores e decodificadores do emissor e receptor, respectivamente.

    2. Canais Internos, onde tambm ocorrem rudos ou interferncias (excluso, bloqueio, contaminao).

    3. Mensagens Internas (base da comunicao interna).

  • 4. Contexto Interno, que o estado psico fisiolgico do indivduo.

  • 3 ANLISE DAS TRANSAES INTERPESSOAIS E INTE RUPAIS:

    Enquanto, atravs do estudo da estrutura e do funcionamentrabalhamos com contedos subjetivos (intrapsquicos), visando dos conflitos internos e desenvolver o auto conhecimento; transaes que ora iniciamos, atuaremos em nvel objetivo, obvisando o desenvolvimento de formas adequadas de interao engrupos de trabalho.

    Inicialmente precisamos conceituar o que TRANSAO. - Usando palavras de ERIC BERNE: A unidade das relae

    transao. Se duas ou mais tarde uma delas ir falar , ou dde ter se inteirado da presena das outras. Isto Transacional. Outra pessoa ento ir dizer ou fazer qualqde algum modo com aquele estmulo, e isto chaTransacional.

    A anlise transacional ou analise das transaes um mtoddesse intercmbio de estmulos sociais e um instrumento de diaeficcia do relacionamento entre duas ou mais pessoas.

    Para haver transao necessrio a presena de um emissoque ocorra feed-back da informao emitida.

    Segundo Kertsz, atravs da anlise das transaes pretendesocial, ou seja, que o Adulto assuma o controle dos outros estadoutras pessoas nas mais diversas situaes. Com isso evitarcomportamentos inadequados e ser mantido o equilbrio intrapsqu

    Conforme o tipo de resposta transacional obtida a partir transaes as classificadas em: 1 Conforme o nmero de estados de ego ativados nos agentes da

    a) Simples (um estado de ego de cada agente); b) Complexas (trs ou quatro estados de ego no total).

    2 Conforme a origem da resposta: a) Complementares (paralelas); b) Cruzadas.

    3 Conforme o nvel de transmisso das mensagens: a) No ocultas; b) Ocultas.

    Esta classificao combina-se do seguinte modo:

    a) Simples = Complementar = No oculta; b) Complexa = 1- Cruzadas;

    2- Angulares; 3- Duplex (uma oculta, outra no oculta).

    3.1 AS TRANSAES COMPLEMENTARES: So aquelas em que a resposta parte do estado de ego quevolta ao estado de ego que o emitiu. Obs.: A transao representada graficamente por doiscontrrio.

    E

    R RGto da personalidade, iagnosticar e resolver com a anlise das servvel e avalivel, tre indivduos e entre

    s sociais chamada ar qualquer indicao chamado Estmulo

    uer coisa relacionada mado de Resposta

    o de estudo da forma gnstico do nvel de

    r e de um receptor e

    -se atingir o controle os de ego, diante de -se- a emisso de ico. de um estmulo, as

    transao:

    recebeu o estmulo e

    vetores em sentido

    R PN

    PCR

  • 1

    A A 1. O relatrio est pronto? 2. Sim, aqui est.

    2

    1. Iih, o chefe um chato. 2. mesmo, eu tambm o

    detesto. C C

    R

    E

    CL

    S R

    1. Da prxima vez que eu o chamar venha imediatamente, ouviu bem?

    2. Sim, senhor, sim, senhor. E

    1 2 1 2

    1 REGRA DE COMUNICAO: Se as transaes so complementares, a comunicao continua indefinidamente (at cumprir seu objetivo). Geralmente, e tipo de transao o mais adequado no trabalho, porm quando em demasia assa a ser prejudicial, pois medida em que aumenta a ocorrncia de certo comportamento, ele adquire mais fora, portanto maior facilidade de expresso no momento seguinte, at transformar-se em hbito. Ao atingir esse ponto, aquele comportamento sofre uma cristalizao, difcil de ser quebrada. Quando isso ocorre com as transaes complementares estabelecidas por subestados de ego negativos (-) dos dois agentes, estamos diante de um grande obstculo comunicao e interao entre as pessoas. Citaremos alguns exemplos desses hbitos, freqentes em certas organizaes:

    (-) PCR

    (-) CS

    CHEFE: Faa conforme minhas ordens, no as discuta. SUBORDINADO: Sim senhor, j vou fazer.

    CHEFE SUBORDINADO

    - Esse hbito enfraquece o Adulto, deixando seus agentes (chefe e subordinado) a merc de seus subprodutos:

    - Efeitos sobre o subordinado:

    - Diminuio gradual de sua iniciativa, da responsabilidade, da criatividade,

    levando queda de produtividade e geralmente sua transferncia ou demisso. O subordinado sente-se cada vez mais um capacho de seu chefe.

    - Efeitos sobre o chefe:

    asse p

  • - Crescente irritao, desconfiana nos subordinados, levando dificuldades no relacionamento, centralizao excessiva do controle e at mesmo da execuo das tarefas de seus subordinados.

    (-) PCR

    (-) PCR

    1. Incrvel como o Jos no consegue fazer nada certo!

    2. Voc tem toda razo, ele precisa de uma punio

    altura.

    1 2

    - Esse hbito traz geralmente implcita uma satisfao com a desgraa alheia. Entre seus efeitos na Organizao, podemos m clima psicolgico aversivo ao trabalho, cheio a, principalmente nos escales inferiores. As pess s quentes.

    PN (-)

    PN (-)

    1. Coitado do Antnio, ns temos que ajud-lo a fazer o relatrio.

    2. Isso mesmo, o pobre homem pode at

    mesmo perder seu emprego, se no o socorremos.

    1 2

    - Esse hbito surge com o relacionamento entre pessoas convictas de que os outros so eternas crianas desprotegidas, incapazes de andarem sozinhas, e eles super papais, os piedosos, os bons samaritanos.

    Quando esse hbito entre dirigentes passa ao pode criar um clima de irrit lidade, ou de menosva entre seus subordinados, dependendo dos subestados de que receberem esse stmulos transacionais (CR ou CS). abiego lia s eprever o desenvolvimento de u de desconfiana e inseguranoas vivem sentindo suas orelha

  • Esse hbito conduz o subordinado a uma dependncia cada vez maior de seu

    chefe, paralelamente reduo de seu senso de responsabilidade com os compromissos assumidos. Por outro lado, o chefe fica cada vez mais sobrecarregado de servio, pois assume o papel de superpai. Portanto, os dois so cmplices do hbito.

    Esse hbito pode ocorrer em qualquer escalo, mas geralmente muito difcil entre pessoas de escales diferentes. Seu subproduto principal a gerao de um clima de frieza e de no envolvimento. Alm de possurem explicaes para tudo, as pessoas no recebem e nem do elogios a ningum, tudo deve ocorrer conforme o programado. Assim, acertar conseqncia disso, no nenhum favor. Geralmente desagradvel trabalhar com pessoas que tm Adulto muito constante, pois perdem a naturalidade, transformando-se em computadores e seu setor de trabalho em congelador.

    Esse hbito muito comum entre trabalhadores mais humildes, acomodados em seu nvel de necessidades bsicas, sendo reforados a permanecer desse modo por aqueles chefes que acreditam ser essa atitude mais adequada para seus subordinados. Com isso aumenta cada vez mais o sentimento de menosvalia e as lamrias continuam. Esse hbito muito facilmente diagnosticado por frases como: ah, a vida assim mesmo, pr que lutar? ou no, aqui est bom, eu no mereo mais nada no, ou ainda o que que se h de fazer...?

    Esse hbito mais comum entre empregados jovens, admitidos h pouco tempo, ainda no acostumados a trabalhar e que no dependem do emprego para manter-se.

    Porm, esse hbito pode perdurar se as regras da empresa no o controlar. Mas, em certos casos, mesmo sob controle externo (relgio de ponto, por exemplo) ele continua durante o expediente sob as mais diversas formas, como as brincadeiras, as piadas, as gozaes.

    Esse hbito transacional mantido pela estimulao biolgica (interna) quando essa sobrepuja o controle interno do Pai e o externo das normas empresariais (adequao ao ambiente Adulto). O indivduo tem uma Criana Constante.

    O resultado da ocorrncia desse hbito transacional , em ltima instncia, a reduo do ritmo, quantidade e qualidade do trabalho.

    Esse hbito tpico daquelas pessoas eternamente revoltadas, sempre do contra. relativamente fcil encontr-lo em grupos de trabalho continuamente conflituados por pessoas que, compulsivamente, fazem tudo para impedir o atingimento dos objetivos propostos.

    Como subproduto desse hbito surge um clima de constantes revoltas, podendo inclusive gerar motins na empresa, geralmente de subordinados contra seus dirigentes.

    O ambiente torna-se irrespirvel de tanta tenso no ar. Concluindo, esses hbitos levam sempre a resultados negativos por estarem

    dissociados da realidade espao temporal objetiva. So transaes repetitivas,

    1

    2

  • mantidas por gravaes de respostas a situaes do passado, no atualizadas pelo Adulto em contato com a realidade presente.

    As transaes complementares sadias caracterizam-se pelo dinamismo, oriundo da flexibilidade interna das pessoas envolvidas, ao contrrio dos hbitos transacionais, que caracterizam -se por frmulas de transaes originadas na inrcia interna.

    Citaremos os principais tipos de transaes complementares sadias que ocorrem no ambiente de trabalho. sua caracterstica bsica ocorrerem entre os estados de ego positivos (+) de cada indivduo.

    Essa transao complementar tpica de dois indivduos que respeitam-se mutuamente como pessoa, sem esquecerem de suas diferenas hierrquicas. O chefe no ficou apenas na constatao do erro de seu subordinado, transmitiu lhe uma ordem de corrigi lo dentro do prazo estipulado. Por sua vez, o subordinado acatou a ordem recebida de seu superior e prontificou-se a cumpri la, agindo adequadamente situao.

    Podemos constatar tambm que no houve qualquer generalizao por parte de nenhum dos dois. A transao foi personalizada, outra caracterstica da transao complementar sadia.

    Como produto de transaes desse tipo, podemos esperar o reforamento cada vez mais da confiana mtua, da humildade em receber uma crtica, e da sinceridade em emiti la.

    Essa transao tem um objetivo bem definido, que reclama uma ao enrgica para ser atingido em tempo til. Por isso adequado trat lo com um certo calor, essencial ao aceleramento da deciso a ser tomada a curto prazo, dada a situao de emergncia.

    Transaes desse tipo so essenciais promoo do bem estar dos funcionrios da Organizao. So frutos de uma atitude de apoio e proteo, necessria nos diversos escales da empresa. importante frisar que sua caracterstica a sinceridade e honestidade, do contrrio ser apenas uma manobra para angariar simpatia.

    Esse tipo de transao complementar muito importante no relacionamento entre nveis hierrquicos distintos. Sua utilizao mais ou menos espordica, ao contrrio do hbito de superproteger. E seu produto final o desenvolvimento da competncia dos funcionrios subalternos e colegas (ocorre no mesmo nvel, talvez com maior freqncia). Sua ocorrncia na organizao entre subordinado e chefe um sintoma claro de convvio amigvel, produto do respeito e confiana mtua.

    Este o tipo de transao mais aspirado no ambiente de trabalho. podemos dizer que o instrumento de trabalho de equipe eficaz. Os assuntos so tratados com objetividade, sem preconceitos ou predisposies. Infelizmente a fidelidade dessa transao pode ser comprometida com certa facilidade, devido s reaes automticas de outros estados de ego em sua parte negativa, que podem ser ativadas quando fora de controle do indivduo, ou seja, quando a comunicao interna apresenta rudos no conhecidos.

    Mas, atravs do treinamento, de exerccios de Anlise Transacional, o nmero desse tipo de interferncia pode ser diminudo.

    Quanto maior for a percentagem dessa transao complementar, mais eficaz ser a empresa.

    Essa transao complementar a base da adaptao do indivduo s normas e princpios de sua empresa e ao cumprimento das ordens recebidas. No se trata de acomodao, humilhao ou coisa parecida, mas de condutas avaliadas pelo Adulto e aceitas pela Criana submissa positiva, sintoma de adaptao social. O indivduo desprovido de Criana Submissa positiva incapaz de viver em sociedade; por outro lado, se for submisso demais perder sua individualidade. O provrbio popular NEM TANTO AO MAR, NEM TANTO TERRA atesta esse fato.

    Esse tipo de transao responsvel pelo entusiasmo, essencial criatividade e espontaneidade dentro da empresa. entretanto, freqente encontrarmos rgos que

  • combatem-no com medo de prejudicar o rendimento no trabalho um sintoma ntido da existncia de muitos Pais Crticos Negativos. claro que em certos rgos, como no Tribunal de Justia, por exemplo, no uma transao essencial, principalmente em certos momentos solenes, (devemos lembrar nos que caracterstica da transao complementar sadia sua adequao ao ambiente e ao momento).

    O nvel de ocorrncia desse tipo de transao deve ser relativamente baixo. Porm no deve deixar de existir, pois uma expresso de nossa energia vital, bsica para dizermos um no mais eloqente, s vezes necessrio diante da insistncia de uma injustia. E atravs dessa transao, que duas pessoas incentivam-se mutuamente a tomarem posies bem definidas diante do problema comum.

    Vejamos agora algumas consideraes gerais sobre as transaes complementares que ocorrem em ambientes de trabalho.

    KERTSZ, em trabalho realizado em 1963, constatou um fenmeno muito significativo para o estudo e aprimoramento da comunicao na empresa. citando suas prprias palavras: a informao ascendente condicionada possvel resposta descendente. Desse modo, cada vez chega menos informao exata aos nveis superiores, por temor ou por desejo de agradar; e as decises tomadas na cpula podem basear-se em dados que no refletem a realidade.

    Podemos perceber nitidamente por trs desse fenmeno um hbito transacional (PCR CS), que reduz o feed back de dados para a cpula (transao A A), diminuindo a eficcia das suas decises.

    Para o aumento da eficcia das comunicaes, imprescindvel a ocorrncia de transaes complementares sadias, adequadas a cada situao e momento de trabalho. e para que ocorram essencial o cultivo dos estados de ego positivos de forma harmnica e integrada, dirigido pelo Adulto do indivduo. o que em outras palavras, a mesma coisa que dinamizar a comunicao interna, tornando seus componentes flexveis e potentes, e com isso aumentando o potencial de adaptabilidade do indivduo a seu meio ambiente.

    3.2 As transaes cruzadas:

    So aquelas em que o estado ou subestado do ego que responde no o mesmo que recebeu o estmulo, ocorrendo portanto um cruzamento de informaes. Os resultados disso podem ser desde a alterao de enfoque do tema, mudana de tema, interrupo da comunicao, atritos e finalmente brigas violentas. A ocorrncia de um desses efeitos depende do grau de frustrao que produziu principalmente no emissor.

    Podemos classific-las em trs tipos, conforme o cruzamento (Kertsz). 1. A resposta volta ao estado do ego emissor, mas de um estado de ego que no

    recebeu o estmulo inicial.

    2. A resposta volta ao receptor, mas para um estado do ego distinto do emissor:

    3. A resposta procede de um estado de ego distinto do receptor e no volta ao emissor:

    As transaes cruzadas so positivas quando do fim a certas transaes

    complementares prejudiciais ou montonas. Alm disso, existem porque possumos trs estados de ego, de onde resultam os conflitos interpessoais, que precisam ser aceitos como inevitveis, porm melhorveis ou redutveis.

    Beme classificou as transaes cruzadas em quatro tipos: 1. Tipo I (transferencial)

  • O estmulo decodificado pela Criana Adaptada ao invs do Adulto, ao qual foi

    dirigido. Isso ocorre por causa de uma fixao do indivduo ao estado do ego Criana, devido s transaes repetitivas com seus pais, que utilizam principalmente seus estados de ego Pai. Agora, quando algum dirige-se a ele, tende a perceber como se fosse seu prprio pai falando, e reage do modo como reagia no passado. Quando isso ocorre entre chefe e subordinado, esse transfere seu Pai interno para aquele, cruzando a transao e gerando conflitos entre os dois.

    2. Tipo II (Contratransferncia)

    Esse cruzamento ocorre em funo da decodificao da mensagem pelo Pai ao

    invs do Adulto, devido a predominncia daquele estado de ego no indivduo. Essas pessoas tem dificuldade de computar e resolver problemas, ao invs disso perseguem ou salvam ou outros. Segundo KERTSZ tendem a ocupar posies de autoridade em instituies ou grupos, as quais mantm rigidamente, j que sua capacidade Adulta nem sempre muito grande. Pouco a pouco vai diminuindo o funcionamento do Adulto de seus interlocutores, uma vez que o pensamento objetivo uma constante ameaa a sua posio tradicionalista, autoritria ou condescendente.

    3. Tipo III (Desumanizada)

    O receptor responde friamente a uma solicitao de aprovao, de apoio, de proteo de seu interlocutor, deixando-o frustrado.

    Esse tipo de transao gera um clima de apatia, amortece a iniciativa e a criatividade. Est baseado intrinsecamente na idia de que o funcionrio j ganha seu salrio para trabalhar bem, portanto no h necessidade de muitas intimidades.

    Nesse caso, usar o Adulto no adulto; em seu lugar seria adequado o Pai Nutritivo positivo, que estabeleceria a transao complementar solicitada pelo emissor, em proveito mtuo e do prprio rgo.

    4. Tipo IV (Exasperante)

    Esse cruzamento inverso ao do Tipo II. oriundo da ausncia ou insignificncia

    do estado de ego Pai no receptor. Como no possui repertrio comportamental de Pai Crtico positivo, ele desqualifica o contedo tico e humano do estmulo.

    Essa transao muito utilizada no meio de comerciantes inescrupulosos, que vm o lucro e seus prprios benefcios acima de qualquer coisa, por desconhecerem ou desconsiderarem os aspectos ticos e morais da sociedade. Tm sua prpria moral, geralmente destrutiva para as outras pessoas.

    Outros tipos de cruzamentos nocivos ao ambiente de trabalho:

    5. Cruzamento aniquilante

    Ao invs de apoiar, de premiar o trabalho realizado, o receptor responde

    rudemente, deixando o seu interlocutor com a cara no cho. Com trs transaes dessas por semana, o funcionrio sentir-se- aniquilado em seu entusiasmo. fcil prever os efeitos sobre a Organizao, dentro de um certo espao de tempo. O mnimo que pode ocorrer um mal-estar generalizado.

    6. Cruzamento de queixa mtua:

  • Esse cruzamento representa o encontro de duas pessoas procura de apoio e proteo e nenhuma delas dispe-se a d-lo a outra. Geralmente um sintoma de indisposio ou de um Pai Nutritivo escasso.

    7. Transao do infinito

    com esse cruzamento que comea um bate-boca. Nenhum dos dois

    interlocutores aceita crticas, por isso impossvel que consigam comunicar-se adequadamente. medida em que aumenta o nmero de crticas de um ao outro, diminui o equilbrio emocional, tendendo agresso fsica.

    Segundo Kertsz esse tipo de transao um circuito de mtuo reforo da condio de mal-estar, cada qual procurando que o outro se sinta pior, para sentir-se melhor. O que gera um clima de tenso muito elevado, de constantes conflitos difceis de serem controlados.

    As transaes cruzadas so resultantes de dilogos internos inconscientes ou conscientes. Quando inconscientes so sempre negativas, por estarem baseadas em gravaes do passado, acionadas automaticamente e por isso dissociadas da situao e momento presentes. Por outro lado, quando conscientes, so produtos de um controle interno Adulto que adequa a resposta do indivduo s informaes ticas e higinicas parentais, s informaes biolgicas da Criana e situao e momento presente.

    Vejamos alguns exemplos de cruzamentos saudveis: Podemos observar, nesses exemplos, uma caracterstica comum: O receptor

    responde sempre de um modo construtivo. Esse tipo de cruzamento ocorre tambm com a resposta partindo de outros

    estados de ego, alm do Adulto. Sua caracterstica essencial que a resposta seja construtiva do ponto de vista social. Em outras palavras, que promova o bem-estar prprio e dos outros.

    3.3. Transaes ocultas (ulteriores)

    So aquelas de natureza no-verbal, emitidas consciente ou inconscientemente.

    So sempre acompanhadas por uma transao verbal, explcita, que as camuflam. Quando um indivduo comunica-se com outro atravs de transaes duplas, tem

    sempre uma motivao oculta, para os outros ou para si mesmo. E nela que baseia sua ao mais profunda sobre seu interlocutor, objetivando atingi-lo em seu ponto fraco. Quando a transao oculta inconsciente deve-se a algum fator interno que dificulta ou bloqueia a comunicao entre os estados de ego, impedindo o Adulto de saber o que se passa com o Pai e Criana, responsveis pela emisso da mensagem oculta. Por outro lado, quando a transao oculta consciente, trata-se de um ardil, de uma manobra empregada pelo emissor para atingir seu interlocutor sorrateiramente. Essa forma muito utilizada por vendedores e polticos, entre outros profissionais.

    As transaes ocultas so classificadas conforme sua camuflagem (combinao com as transaes no-ocultas), em:

    1. Transaes ocultas angulares

    Na resposta 2, observamos que o receptor no caiu na armadilha que o emissor

    armou, pelo contrrio, por ter percebido a inteno oculta, pode atuar Adultamente. Por outro lado, na resposta 2 verificamos como o receptor foi fisgado imediatamente.

  • 2. Transaes ocultas duplas (duplex):

    As transaes ocultas so extremamente prejudiciais ao ambiente de trabalho, pois

    afastam os indivduos, formando barreiras comunicao, criando um clima de falsidade generalizada e predispondo-os no assumirem suas opinies e seus sentimentos autnticos. Em suma aumentando sempre mais a inautenticidade das pessoas e a desconfiana mtua.

    Veremos em jogos psicolgicos esses tipos de transaes mais detalhadamente. 3.4. Transaes, intercmbio de emoes e desqualificao.

    Podemos dizer que neste ponto possumos uma viso panormica do

    comportamento humano. O estudo da comunicao interna e das transaes deve ter-lhe esclarecido alguns de sua maneira de ser, assim como certos comportamentos tpicos de outras pessoas.

    Faremos agora algumas consideraes que julgamos necessrias a uma melhor fixao dos conceitos at aqui adquiridos.

    O homem, alm das necessidades biolgicas e fisiolgicas que o caracterizam como animal, possui um acrscimo, necessidades eminentemente de cunho social. Dentre essas, talvez a primordial seja a de relacionar-se, de querer ficar junto, de trocar conhecimentos, opinies, carcias, enfim, de no se sentir s.

    So muitas as experincias cientficas que atestam a importncia vital da necessidade de contato interpessoal:

    SPITZ observou que os bebs privados de estimulao fsica suficiente, durante longos perodos, sofriam inicialmente transtornos psquicos e a seguir fsicos, entrando em estado de prostrao, em alguns casos irreversveis. Essa constatao foi corroborada por BAULBY, em estudos para a ONU num amplo contexto scio-cultural.

    Mas no precisamos ir muito longe para comprovarmos a importncia do contato fsico para o desenvolvimento do indivduo. No Rio de Janeiro existiu at algum tempo atrs a Casa dos Expostos, um orfanato de crianas filhas de mes solteiras, que as abandonavam sob os cuidados da instituio. Na parede de cada quarto havia uma tabuleta escrita em letras ornamentais As crianas so como as flores, so para serem admiradas e no para serem tocadas. Pois bem, como resultado desse princpio, a Casa dos Expostos ficou tambm conhecida como a Fbrica de Dementes. Observou-se uma incidncia muito elevada de crianas com srias dificuldades de desenvolvimento mental. No um despropsito de nossa parte associarmos esse alto ndice de retardo mental escassez de contatos fsicos das crianas com outras pessoas.

    O contato fsico o primeiro elo de ligao entre duas pessoas (me-filho) e a maneira mais direta de intercmbio de emoes, essencial ao desenvolvimento psquico. O que nos leva a dizer que a primeira forma de comunicao humana.

    Entretanto, medida em que o indivduo vai crescendo, o contato fsico cede lugar ao contato distncia, atravs de olhares, gestos e palavras.

    Porm, apesar dessa mudana de forma, a necessidade de intercmbio emocional continua essencial, agora manuteno da rigidez mental do indivduo adulto. Se quiser tratar a veracidade disso, procure isolar-se totalmente de qualquer contato com pessoas, durante um ms, por exemplo. No a toa que antes de um interrogatrio, praxe deixar-se o interrogado incomunicvel, de preferncia na solitria. O isolamento produz um debilitamento do raciocnio e uma diminuio da resistncia mental, facilitando a obteno das informaes pretendidas.

    Mas no precisamos ir to longe para sentirmos a necessidade do contato interpessoal. Numa reunio social, por exemplo, onde no conhecemos quase ningum

  • muito provvel que nosso pensamento volte-se basicamente para um objetivo: encontrar algum conhecido para ficarmos juntos e bater um papo ou iniciarmos alguma conversa fiada com algum.

    E como agradvel quando encontramos uma pessoa para compartilhar nossas idias, opinies e emoes. Essa satisfao que sentimos um efeito emocional das transaes complementares. Assim, quando nos relacionamos bem com certa pessoa, nossa Criana Livre sente um prazer s vezes indescritvel, que nos leva a procur-la novamente e a iniciarmos talvez uma grande amizade.

    Podemos dizer que amizade um padro de relacionamento altamente recompensador emocionalmente, devido elevada porcentagem de transaes complementares. Para que ocorra imprescindvel um grande envolvimento emocional, alm de outros fatores aproximadores (compatibilidade scio-econmico-cultural, complementao de idias, opinies, valores, princpios).

    O intercmbio de emoes positivas a solda do contato interpessoal. No entanto, mais uma vez confirmando a dialtica Hegeliana, alm das emoes

    positivas ou naturais (Criana Livre) h as emoes negativas ou disfarces (Criana Adaptada). Enquanto a primeira une, a segunda desune. Enquanto a primeira a base do contato interpessoal agradvel, a segunda a base do contato falso ou de separao. Para facilitar, podemos classific-las dentro do diagrama do estado de ego Criana, sede das emoes.

    muito desagradvel e at aversivo nos relacionarmos, por exemplo, com

    pessoas constantemente desconfiadas, ou rancorosas. O nmero de transaes cruzadas e de transaes ocultas produzem um mal-estar que mais cedo ou mais tarde nos afastar dela. uma forma de nos defendermos da influncia txica daquela pessoa.

    Podemos nos afastar de duas maneiras: a) nos retirando fisicamente, o que produz um corte imediato no relacionamento; b) nos retirando psicologicamente, muito utilizado por no ferir to claramente o interlocutor. Fazemos isso quando nos desligamos, nos distramos, ou seja quando desfocamos nossa ateno das mensagens emitidas pela outra pessoa. Esse tipo de afastamento foi denominado de DESQUALIFICAO.

    O exemplo que acima utilizamos de uma desqualificao positiva, pois com ela visamos dois resultados: a) livrarmo-nos da influncia txica da outra pessoa (gerada por suas emoes falsas) rejeitando o seu convite para nos sentirmos mal (entrar no circuito negativo); b) retirar o indivduo de seu prprio circuito negativo (essa forma utilizada rotineiramente por psicoterapeutas no tratamento de seus clientes). Porm h a desqualificao negativa, caracterizada pelo efeito nocivo que produz. Infelizmente, essa forma amplamente utilizada em ambiente de trabalho, em grupos sociais duradouros (estudantes) e na famlia. E so estes exatamente os ambientes em que vivemos a maior parte de nossa vida. Nos grupos sociais provisrios (reunies sociais, clubes, etc) fcil nos livrarmos de relaes desagradveis, basta mudarmos de companhia ou de grupo. Mas no podemos dizer o mesmo quanto aos grupos duradouros. No to fcil deixarmos um emprego por no nos sentirmos bem, perto de certas pessoas. Geralmente no h escolha, temos que permanecer em contato com algum que nos desagrada, especialmente se for nosso chefe. portanto, de vital importncia melhorarmos nosso ambiente de trabalho, de modo a torn-lo agradvel para ns e para os outros. Isso ocorrer medida em que reduzirmos o nmero de desqualificaes, nas transaes efetuadas diariamente e aumentarmos a porcentagem de transaes positivas. O aumento da sensao de bem-estar o sintoma mais claro para sabermos se isso est ocorrendo realmente ou no.

    Para dar uma idia do que desqualificao relacionamos suas principais formas, comuns no ambiente de trabalho.

    1. Responder a uma pergunta:

  • 2. Responder pergunta com resposta no correspondente:

    3. No responder pergunta:

    4. Responder na forma infinitiva a uma pergunta direta.

    5. Responder pergunta de modo evasivo.

    6. Falar ao mesmo tempo que a outra pessoa (no saber ouvir para responder).

    7. Responder pergunta com uma emoo (raiva, tristeza).

    8. Uma pessoa fala com outra, ao mesmo tempo em que esto falando com ela.

    (muito comum em sala de aula desqualificao do professor)

    9. Falar de uma terceira pessoa como resposta a uma pergunta.

    10. Responder quando a pergunta no lhe dirigida.

    11. No olhar para a pessoa a quem dirigida a palavra.

  • 4. AS POSIES EXISTENCIAIS E O RELACIONAMENTO HUMANO 4.1 O DESENVOLVIMENTO DA POSIO EXISTENCIAL

    - Todos ns possumos uma atitude bsica diante de ns mesmos e do mundo, a partir da qual baseamos nossas opinies, aspiraes, reaes, enfim nossas atitudes e comportamentos. Assumimos uma posio diante da nossa existncia e da dos outros uma posio existencial. Sua estruturao ocorre, segundo JAMES e JONGEWARD at os 8 anos de idade, quando a criana diante da presses ambientais forada a tomar decises, sem ainda estar em condies adequadas para isso, pois as informaes que seu Adulto dispe so incipientes para validar as decises tomadas. Mas, mesmo que estas decises da Criana no sejam realistas, parecem lhe lgicas, generalizveis e do sentido a sua vida, no momento em que as toma. Em conseqncia, todas as pessoas possuem certas distores da realidade, de si mesmas e das demais.

    No muito difcil encontrarmos pessoas cujas percepes de si mesmas podem ser resumidas em frases como: sou poderoso; sou estpido; no fao nada certo; no mereo viver; sou importante; sou fogo; sou maravilhoso; no mereo confiana... E percepes das outras pessoas e do mundo como: todos so maus; eles me obedecero sempre; todo mundo maravilhoso; a vida no vale nada; os outros so sempre mais inteligentes; no posso esperar nada de ningum; ningum merece confiana.

    Estas frases resumem, na verdade, posies psicolgicas ou existenciais que adotamos na infncia como recursos para nos defendermos de situaes incertas. E continuamos a utiliz-las, repetindo as como um disco rachado. So portanto mecanismos geradores de justificativas (geralmente inconscientes), de nossas atitudes e comportamentos automticos, logo das transaes que efetuamos.

    As posies existenciais forma classificadas em cinco grupos, que a seguir estudaremos, bem como suas implicaes no comportamento humano em ambiente de trabalho. a classificao foi feita originalmente no idioma ingls utilizando os conceitos OK e NOT OK. Como sua traduo mais aproximada estar bem e estar mal, de conotaes diversas, continuaremos com as originais.

    4.2 A POSIO EXISTENCIAL OK + - OK +

    Na infncia, o indivduo gravou mensagens parentais (verbais e no verbais) repetitivas de Ningum merece castigo, somos todos maravilhosos, O mundo feito de bondade em pessoa e assim por diante. Frente a essas mensagens (mandatos), a criana estruturou uma atitude diante de si e dos outros, caracterizada por uma exacerbao dos aspectos positivos, sem a viso dos negativos. O indivduo com esta posio existencial vive fora da realidade, vendo o mundo sempre cor de rosa.

    No ambiente de trabalho, essa pessoa, por confiar demasiadamente em si e nos outros, tem sempre na ponta da lngua uma justificativa para os erros cometidos. geralmente refratrio s crticas a no ser quelas mais violentas, que o faz cair das nuvens e penetrar no abismo da depresso, invertendo seu estado de nimo.

    Entretanto, esta posio existencial muito rara, principalmente em ambiente de trabalho. os indivduos que a possuem, por no terem um controle interno adequado devido ao elevado grau de excitao nervosa, so geralmente vtimas das doenas psquicas.

    4.3 A POSIO EXISTENCIAL OK NO OK

    Os indivduos, que assumiram esta posio existencial, sentem-se sempre superiores, onipotentes e costumam ver os prprios erros nos outros. Por isso, culpam as pessoas por suas desgraas e vivem perseguindo as. uma descrio aparentemente carregada, porm no muito difcil de ser corroborada.

  • Vejamos suas implicaes no ambiente de trabalho: - Geralmente, as pessoas com essa posio existencial tendem a ocupar posies

    de chefia. Quando essa tendncia acompanhada de competncia profissional pode ser at positiva, sob certos aspectos. Por exemplo, se o indivduo orienta-se para o trabalho, geralmente tende a concentrar todo o controle em suas mos, o que facilita o acompanhamento e avaliao dos trabalhos em execuo sob sua responsabilidade. Em uma empresa pequena isso d resultados positivos, principalmente a curto prazo. No muito bom para o prprio indivduo que, por estar sempre sobrecarregado com as responsabilidades dos outros, no se d direito a frias, o que em alguns anos poder lev lo a uma estafa, um colapso nervoso ou algo parecido. Uma caracterstica bem peculiar desses chefes sentirem-se insubstituveis.

    Quando a posio existencial OK NO OK no est acompanhada de competncia o caso bem mais grave. Por no confiar em ningum, por achar que todo mundo incompetente ou mal intencionado, centraliza alm do controle, a execuo de certas atividades, sobrecarregando se de servio. Como no tem competncia para resolver os trabalhos em suas mo, acumulam-se os erros e com isso aumenta a convico de que sempre assume os problemas mais difceis por culpa dos seus subordinados, que so uns incompetentes e irresponsveis. Com isso consegue reforar sua atitude de desconfiana, aumentando sua revolta para descarreg la em cima dos outros. Cria-se portanto um crculo vicioso que