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A nossa edição:: editorial

Era para ser só mais uma matéria especial com ênfase aos 30 anos de luta do mundo inteiro contra a aids. Mas foi tanto afeto envolvido, tantas contribuições somadas, de tantos lados, que virou uma revista inteira!

Mais uma edição feliz da Viés que chega em versão digital para ser mais democrática e ir mais longe via compartilhamento dos links das matérias por parte de todos nós. Afinal, coisa boa é para ser multiplicada não é?

Desde a primeira edição da Viés, que circulou no Dia da Água (23 de março de 2015), que tem sido essa profusão de bênçãos. Centenas de textos publicados, compartilhados, alguns mais de 700 vezes neste site. Vieram outros desafios, outras revistas, outros informativos, mas, uma saudade latente impulsionou tudo de volta: a vontade que fazer de novo, mais e melhor, com mais gente bonita reunida e contribuindo. A Revista Viés tem esse poder, fato!

Tão bonito de se ver Teresa Zamboti com toda elegância produzindo esses meninos (Gustavo e Adrian) que chegaram debaixo de um aguaceiro (incrível, sempre tem uma chuva pra dar sorte) e depois do expediente de um dia inteiro de trabalho. Cansaço, olheiras? O que é

mesmo isso diante das mãos mágicas da Tereza? Da maquiagem da Juliana Surita?

Ficou tudo para trás para vigorar somente a vontade de fazer algo bacana e com foco em outras pessoas que pudessem se inspirar no que ali produzíamos. Saíram fotos, relatos, causos, a promessa de um próximo encontro, a produção de lacinhos vermelhos (Tereza, você arrasou). Tudo afixado por alfinetes firmes, mãos delicadas, corações dispostos. Ok. E a gente voltou para casa desviando das goteiras, pés encharcados, alma lavada.

Que bom que chove e que a alma da gente se inunda às vezes né, de conversas boas, vontades latentes, propostas diferentes. Por que não sair da caixinha, não é Rodrigo César Pires, e imprimir uma diagramação arrojada, dinâmica? Jeito astucioso de conduzir os leitores por aqui e por ali, em páginas alegres, cheias de vida.

Papo reto, consciente, ensopado daquela esperança valente que faz a vida de fato valer a pena em cada átomo. E que seja eterna enquanto pulse. Que seja isso tudo e mais um pouco. Feliz 2019 para todos nós! E que possamos nos reunir mais vezes por meio de iniciativas assim.

Valeu muito. Tudo.

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Editora responsável: Margarida Hallacoc MTB 026562, Colaboração | Projeto Gráfico e Direção de arte, César Pires | Revisor Hassan Ayoub Fotos de capa, Tereza Zamboti | Colaboradores Gustavo Canalonga, Adrian Nogueira Bueno | A revista Viés é um projeto da Rumos Comuni-cação. Todos os direitos reservados. | Proibida a reprodução de fotos e textos em outros veículos sem autorização. | As opiniões aqui contidas são de responsabilidade de seus autores. | Contato: www.revistavies.com.br e-mail: [email protected] | Tel. (35) 9 9989.0280

índiceeditorial

além dohorizonte

saí da latade lixo

apoio e esperança

na ponta dos pés

orelhão

ovoamarelinho

vestida praarrasar

dislexia

30 anos de luta contraAIDS

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Sol e chuva não é só casamento de viúva. Pode ser arco-íris à vista. E que vista! Assim mesmo, colorido, lindo, tão grande e poderoso que nos impressiona.

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Quem nunca fi cou admirado, olhando para um arco-íris, não tentou fotografá-lo ou nunca ouviu uma daquelas histórias impressionantes da infân-cia: arco-íris bebe água de um riacho inteiro; se chegar muito perto, ele engole a gente e devolve do outro lado. Mas de que lado é a boca? No fi nal dele tem ouro... Ah, que delícia acreditar nisso, fi car com medão de arco-íris. Ainda bem que ele só aparece de dia, adora o entardecer e vai embora com o sol. E as crianças podem também dormir sossegadas e ter seus sonhos bem coloridos.

DE QUE É FEITO O ARCO-ÍRIS?

Com tantas chuvas e mais chuvas, tem pintado muito arco-íris por aí. Mas, afi nal, como se forma

o arco-íris? Simples assim: depois de uma baita chuvarada, a umidade sobe no ar e fi ca lá suspen-sa. O sol de fi m de tarde fi ca numa posição que ilumina essa umidade e a refl ete, transformando o céu num espetacular quadro, bem diante dos nossos olhos.

É que, dentro da gota d’água ou do vapor, o raio solar passa por uma refração, ou seja, divide-se nas sete cores que compõem a luz branca. Cada onda colorida é desviada em um ângulo diferente, de acordo com a sua velocidade e propagação. Trata-se do efeito do prisma, aquele que aprende-mos nas aulas de ciências.

Cada cor é refl etida em um ângulo diferente e muda de direção ao retornar para a atmosfera. A cor vermelha é a que se propaga mais rápido,

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formando a faixa superior do arco-íris. A cor violeta, a mais lenta, aparece na parte inferior. E tem-se o espetáculo, colorido e ao vivo. Tão lindo que ganhou o nome de uma deusa grega: Íris, aquela que de tão bela deixava um rastro colorido no céu por onde passava. Uma mensagem que tinha por fi m transmitir aos homens mensagens de Zeus, o deus todo-poderoso do Olimpo. Então, cada vez que um “ar-co-íris” surgia, era sinal de que a deusa estava passando e que mais uma mensagem de Zeus estava no ar.

No céu científi co, que fi ca do ou-tro lado do céu mitológico, basta que um raio de sol bata numa única gotinha minúscula de água ou vapor para que um arco-íris comece a se formar. A magia personifi ca-se quando a luz branca do sol é desviada nessa massa de vapor e se decompõe nas sete cores do seu espectro: vermelho, laranja, amarelo, ver-de, azul, anil e violeta. E eis um céu como a nossa caixa de lápis de cor. Inacreditavelmente belo.

E como tudo que é belo instiga, provoca e dá falatório, com o ar-co-íris não poderia ser diferente.

Os terráqueos, tão pequeninos diante de tão grandiosa beleza, só poderiam mesmo admirá-lo, temê-lo e imaginar histórias mil, do arco-da-velha (apelido do arco-íris).

O que será que sucede com quem chegar na boca dele? Bom, até você tentar chegar na boca dele, o sol provavelmente já terá mudado de posição ou o vento terá dissipado a umidade do ar, sobrando tão somente as belas lendas. Mas, enquanto o arco-íris fi gura lá no céu, que tal apenas admirá-lo?

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Os trejeitos e a postura ele conserva tão refinados quanto sempre fora. Mas o olhar sobre a vida, esse rapaz, ainda jovem, já passou por várias metamor-foses, transformações doloridas, nem todas gratificantes, mas ele garante que se achou, depois que baixaram as brumas e poeiras de tantas revoluções. “Eu tive que me desconstruir e recriar o Gustavo para continuar a existir”, confessa, porém ciente de que vem fazendo uma obra melhorada a cada dia, com muito mais sentido e gratidão pela sua existência. “Já me senti luxo e

lixo. Hoje me sinto um vencedor da maior luta que um ser humano pode travar: a luta pela continui-dade da sua própria vida”, diz. Ele sabe que pelejou a própria “Batalha de Salamina”, para dar a si mesmo o simples direito: o de viver, um quase renascer. Vivências mil do menino que deixou Varginha antes de com-pletar 13 anos de idade, mas que já levou consigo a experiência de um trabalho. “Caí no mundo aos 12 anos, quando me mudei para Belo Horizonte e me atirei nos braços da vida. Eu já tinha trabalhado aqui com vendas e em

BH entrei rápido nessa coisa de vender roupas. Sempre fui bom no trato com as pessoas e isso me ajudou muito. Comecei na Galeria do Ouvidor e num pulo já trabalhava num grande shopping, depois de ser selecionado numa triagem rigorosa para uma loja de grife. Sempre fui um campeão de vendas lá e não demorou, entrei pra valer no mundo da moda, trabalhando em desfiles, cuidando das modelos”, lembra.A doença e morte do pai, Gusta-vo Tavares da Silva - na verdade o avô que o criou - o trouxe de volta a Varginha. “Vivi o luto, me

saída lata

dolixo

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dei conta da finitude da vida, mas mesmo assim, segui adiante, montando meu estúdio, o Cama-rim, que formou uma geração de mulheres modelos, muitas, muito bem sucedidas na carreira, o que me dá um imenso orgulho. Trabal-hei em São Paulo, me especializei em cursos diversos como maquia-dor, cabeleireiro. Eu sempre fui extremamente dedicado a tudo que me propus a fazer”, afirma.

REVIRAVOLTA

Gustavo descobriu que era soro positivo pouco depois do ano 2000, época em que a Aids assus-tava mais que hoje – o que para ele é uma grande falácia. “A ideia de que a Aids não mata mais, é na verdade a maior armadilha que os jovens de hoje estão sob risco. É uma verdade traiçoeira, pois essa doença continua sendo maldita e tão assustadora quan-to”, enfatiza. No seu caso, a notícia da doença bateu quando ele vivia o auge de muitas realizações profissionais, viagens pelo exteriores, eventos cheios de brilho, glamour e dro-gas. “Tudo acontecia, tudo fer-vilhava ao meu redor, quando de repente eu me vi terrivelmente só, a me olhar nu de frente pro espel-ho de minha própria existência. Me dei conta do que andei fazen-do comigo mesmo. Eu estava no fundo do poço e vi que não podia continuar cavando. Parei, repensei tudo, apelei para aquela força que eu sempre soube existir em mim e

comecei a emergir de novo para a vida. O caminho foi duro e longo demais, mas hoje, eu estou bem, na medida do possível, diz”.

ALERTA

A ilusão de que um coquetel constante de medicamentos vá livrar a pessoa da morte certa, pode colocá-la mais fácil nessa enrascada, porque a vítima deixa de se prevenir e se lança, sem calcular os riscos desse precipí-cio. “É a maior estupidez nesse sentido, porque a morte continua real e se avista muito mais perto para qualquer paciente portador da doença. Uma vida com Aids é uma vida de privações. Nunca mais será a vida de antes, dada a quantidade de restrições, perigos, melindres que a pessoa precisa ter consigo mesma se quiser viver. Nas palestras de conscientização que faço hoje, eu peço, implo-ro para que as pessoas tenham mais cuidado com elas mesmas, que as mulheres não favoreçam, não entreguem suas vidas numa bandeja. Gente, se previna pelo amor de Deus! Que maravilha seria se alguém tivesse gritado isso mil vezes no meu ouvido e eu tivesse feito algo a tempo. Se hoje é tarde para mim, mas eu posso falar, sim, vou falar e muito, para tantos quantos eu encontrar pelo caminho!”, avisa.

REVIRANDO A LATA DO LIXO (me encontrei!)

Todo esse engajamento é resul-tado de um árduo aprendizado que resultou no livro “Revirando a lata do Lixo (me Encontrei!) onde Gustavo expurga seus medos e demônios interiores ao compar-tilhar com o leitor as suas mais reveladoras verdades, dores, amores, encantos e desencantos. “Esse livro me trouxe paz, me regenerou”, resume. Hoje ele desfruta de vida que tem, com muitas ressalvas. Além do rigor do tratamento em si, convive com um sério desgaste da coluna cervical que comprome-te sua mobilidade. A deficiência exige, por exemplo, um carro com adaptação especial para que ele possa dirigir. Em contrapartida, desfruta do conforto interno de poder olhar com orgulho para si mesmo e pelo sentido que hoje dá à própria existência. Já se vão 20 anos longe das drogas.

O ATIVISTA

Engajado como ativista de um movimento que resgata pessoas, do mesmo lugar sombrio onde ele já esteve, sabe como ninguém o valor de uma mão estendida, quando não há mais nada onde se agarrar. O endereço da Praça Getúlio Vargas, 86 B, está aberto a todos que o procuram, com uma caixinha de correio sempre à dis-posição para mais uma cartinha,

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mais um pedido de socorro. Esses pedidos chegam com frequência e dos mais variados remetentes, já o dilema, é rotineiro, comum entre todos. São pedidos de portadores do vírus HIV ou algum familiar muito próximo, em busca de amparo para pessoas no auge da doença e que precisam de tratamento, medicamentos, suplementos e apoio psicológico. No Fundação Casa amor e Vida, idealizada por ele, quem precisa encontra tudo isso e muito amor dos voluntários formados por uma equipe multi-disciplinar de mais de 20 apoia-dores da casa. São psicólogos, médico, terapeutas e dentistas. “Eu precisei muito de um apoio, de amparo mesmo para continuar. Muitas vezes eu senti em mim a dor de não encontrar. Hoje, tento o possível e o impossível para oferecer isso a todos que nos procuram”, fala. Gustavo não tem medido forças para fazer palestras em escolas, presídios, associações as mais diversas. Sempre disposto, ajuda, orienta, compartilha tudo que aprendeu em anos de sofri-mento e também de conquistas. Para aqueles que sua voz não alcança, escreveu um livro auto-biográfico onde narra sua luta, glórias e infortúnios, dividindo om o leitor suas rosas e espinhos de um jeito extremamente honesto. Cheio de planos, quer continuar a escrever, viajar, fazer chegar sua voz e seus gestos de ativista, tão longe quanto sonhou aquele mesmo menino que partiu um dia, radiante, em busca de

mundos encantados. Ele sabe que o menino continua a existir e os sonhos dele também. “Os dois brincam de esconde-esconde nos cenários diversos dos desfiles diários dessa minha conturbada existência. Tudo foi aprendizado, tudo foi vida vivida. Tanto que, para a minha felicidade, ela conti-nua palpitando em mim”.

Gustavo, nossas palmas hoje são apara a sua força, sua luta que tem feito a diferença para tantas famílias, que tanto precisam e muitas vezes não sabem a quem recorrer. Depois do seu projeto, o fardo dos portadores de HIV em Varginha, tornou-se um pouco mais leve, pois seu trabalho tem uma força gigante. Seu poder de aglutinar pessoas e convocar todo mundo para ser um pouco mais solidário, é de fato, conta-giante, não resta a menor dúvida. Gratidão por cada dor que você diminui, cada sofrimento que suavizou, das suas muitas horas de dedicação e da mais legítima doação. Somos gratos pelo seu exemplo acima de tudo.

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30 ANOS DE LUTA CONTRA A AIDSDos primeiros amigos, ídolos e parentes que perdemos, vitimados pela Aids, já decorrem 30 anos. De lá para cá, o mundo mudou, a Aids matou muita gente, mas a ciência também a peitou de frente. Hoje é possível viver com o HIV, mas a cura total da Aids ainda é uma realidade distante.

Atualmente, 75% dos pacientes diagnosticados com Aids vivem com o vírus e conhecem seu estado

sorológico. A meta da ONU é ga-rantir que, até 2020, esse número chegue a 90% e que, desses, pelo menos 90% recebam tratamento, e, entre os que o recebem, 90% tornem-se indetectáveis – estado em que a pessoa não transmite o vírus e consegue manter qualidade de vida sem manifestar os sintomas da doença.

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No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, 92% das pessoas em tratamento já atingiram esse grau de estarem indetectáveis. Essa conquista se deve ao fortalecimento das ações do Ministério da Saúde, por meio do DIAHV, para ampliar a oferta do melhor tratamento disponível para o HIV. Exemplo disso é que o País incorporou o Dolutegravir como medicamento de primeira linha para tratar os pacientes.

Além disso, no campo da prevenção, o SUS coloca à disposição da população as estratégias e tecnologias mais avançadas para a prevenção da infecção pelo vírus, como a Profi laxia Pré-Exposição (PrEP) e a Profi laxia Pós-Exposição (PEP); além de ampliar o acesso ao diagnóstico precoce e ações específi cas para populações-chave para resposta ao HIV, como pessoas trans, os gays e homens que fazem sexo com homens, trabalhadores do sexo, população privada de liberdade e usuários de álcool e outras substâncias.

Estas pessoas têm rosto, nome, família, trabalham, pagam impostos, consomem, geram divisas para o País, enfi m, são

brasileiros como quaisquer outros, com o diferencial de demandarem um serviço de saúde específi co.

A Revista Viés foi conversar com alguns deles, ouviu histórias de luta, sofrimento, enfrentamento, superação e solidão. O preconceito por parte de amigos, família, colegas de trabalho, de escola etc. é, de longe, a queixa que mais ouvimos. Além das dores físicas, o paciente de Aids enfrenta a dor psíquica, que, em muitos casos, segundo os próprios psicólogos que os acompanham, pode ser até mais intensa que as dores decorrentes de tratamentos diversos.

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A MAIOR DOR AINDA É O PRECONCEITO

Só quem experimentou essa dor e o sentimento de estar só consegue compreender em profundidade o que outro paciente da doença enfrenta, mas há também os apoiadores da causa, dotados daquele empatia rara nos dias de hoje, que lhes permite sentir o sofrimento alheio e experimentar também a certeza de que podem, sim, fazer algo pelos semelhantes.De sentimentos assim nasceu a iniciativa coletiva da Casa Amor e Vida de Varginha, uma entidade sem fins lucrativos que existe com a proposta de ser um amparo abrangente para as muitas demandas dos pacientes com Aids. Acompanhamento psicológico faz parte do pacote de atitudes dos profissionais que ali se somam, sempre dispostos a dar o seu melhor. A equipe multidisciplinar sabe das necessidades de exames, medicamentos, suplementos alimentares e amparo às famílias que nem sempre conseguem lidar com o paciente: ou o abandonam e desprezam, ou sofrem imensamente com ele. 19

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BANDEIRA DE HISTÓRIAS E CONQUISTAS

Há 30 anos, no dia 27 de outubro de 1988, a Assembleia-Geral da ONU e a Organização Mundial da Saúde instituíram 1º de dezembro como o Dia Mundial de Luta Contra a Aids. Cinco anos após a descoberta do vírus causador da Aids, o HIV, 65,7 mil pessoas já tinham sido diagnosticadas com a doença e 38 mil haviam falecido.

Para marcar a data e relembrar as lutas e também as conquistas na resposta global ao HIV, o Ministério da Saúde cobriu a Esplanada dos Ministérios com um imenso mosaico formado por colchas de retalhos (quilts, em inglês). Essa era uma prática na década de 80 para lembrar as vítimas da Aids.

As colchas foram confeccionadas por pessoa que fi zeram questão de participar e deixar marcada a sua contribuição na luta contra a epidemia que ainda não foi vencida, apesar de todos os avanços obtidos até aqui. Resultados desse trabalho podem ser acompanhados pelo site www.diamundial30anos.com.br. Neste endereço o internauta pode escolher uma arte, escrever sua mensagem, seu nome ou dedicar à pessoa ou às pessoas que ama

ou admira. Consiste num espaço plural para deixar registrado o seu compromisso de combater o preconceito, o estigma e a desinformação em torno do HIV/Aids. Conheça as mensagens que foram impressas em tecidos para formar o mosaico de colchas na Esplanada dos Ministérios, no Dia Mundial de Luta Contra a Aids.

“É muito importante resgatar o passado nesses 30 anos de história, em que foram necessárias muitas lutas para as conquistas que hoje temos na resposta global ao HIV/Aids”, destaca a diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DIAHV), Adele Benzaken. Ela lembra que essa história é marcada pela luta e saudade dos muitos que foram vitimados pela doença. “Algumas pessoas lutaram muito, mas se foram rapidamente sem ter conhecido as opções de tratamento e prevenção que temos hoje. É preciso homenagear esses, mas também aqueles que resistiram ao vírus e se tornaram ativistas ou protagonistas nessa história, fazendo com que a resposta brasileira fosse um exemplo para o mundo.”

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HISTÓRICO Em 1987, durante a Terceira Con-ferência Internacional de Aids, em Washington (EUA), 200 mil pessoas participaram do lado de fora do evento. Eram ativistas, pessoas vi-vendo com o vírus que queriam ser ouvidas pela comunidade científi ca e pelo mundo. Para esses ativistas, naquele momento em que não ha-via tratamento, o silêncio era uma forma de morte. Por esse motivo, por iniciativa da ONG americana ACT UP, formou-se um grande mo-saico de colchas (quilts) em frente ao Capitólio, para lembrar e home-nagear vítimas da Aids. Era uma forma de protesto e de reafi rmar a luta pela vida.No ano seguinte, por iniciativa de dois ofi ciais de informação pública da Organização Mundial da Saúde, James Bunn e Thomas Netter, foi proposta a criação do Dia Mundial de Luta Contra a Aids. A ideia foi levada ao então diretor do Pro-grama Global sobre Aids (atual Unaids), Jonathan Mann, como uma forma de combater o precon-ceito e a desinformação que ainda havia em torno do tema. A inicia-tiva vingou e até o hoje o dia 1º de dezembro é marcado em todo o mundo como a data de combate ao preconceito e ao estigma em torno da doença.

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REVISTA VIÉS: Na sua ava-liação, qual o maior perigo dessa falsa sensação de que, hoje, a Aids é um problema contornado, que a medicina já tem recursos e o paciente não morre mais? As gerações mais novas, que nas-ceram depois da catástrofe com tantas mortes, não vivem uma ilusão de que a Aids é um proble-ma do passado? Adrian Nogueira: A Aids é uma problema muito sério ainda. Faltam informações e, apesar de

existirem tantos tratamentos que retardam a evolução da doença, ela ainda tem um grande número de mortes.RV: O senhor, que é um espe-cialista, o que considera como o maior avanço da medicina nesta luta?AN: O avanço vem acontecendo ano após ano. Todo ano surgem novas conquistas. Um dia chega-remos à cura defi nitiva. RV: Pode comentar sobre algu-ma pesquisa interessante que o

senhor acompanha com interesse neste momento sobre a questão?AN: Acompanho muitas pesqui-sas, pois tenho especial interesse. Acredito que dentro de alguns anos teremos grande êxito. Espe-ro viver para testemunhar isso.RV: A Aids mata de diversas formas, pois ela impossibilita o organismo de lutar contra outras doenças oportunistas. Nesse sentido, quanto mais fraca, mais debilitada, estiver a pessoa que contrai o vírus, mais depressa ela

A Revista Viés tem por objetivo, com esta matéria, prestar um ser-viço informativo e propiciar também refl exão ao nosso leitor. Seja pela data histórica dos 30 anos de luta contra a Aids, seja pelas conquistas ou pelo que ainda precisamos construir no sentido de avançar na prevenção, na cura e na redução do preconceito dos que se julgam acima dos riscos. Conhecendo o trabalho profi ssional e de caráter humano do médico Adrian Nogueira como infectologis-ta – o que resultou em um histórico de acompanhamento a tantos pacientes portadores do HIV –, fomos conversar com ele sobre o assunto. O propósito é valer-se da informação como instrumento de apoio na profusão da informação e de iniciativas positivas de pre-venção e proteção de todos.

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enfrenta os problemas decorren-tes da baixa imunidade? AN: Exatamente. O sistema de de-fesa fi ca debilitado, por isso surgem as doenças oportunistas. O pacien-te precisa de muitos cuidados. RV: O que o levou a se interes-sar e se envolver com o trabalho feito pela Casa Amor e Vida?A–N: O amor pela solidariedade, a sensibilidade pelas necessidades dos pacientes.RV: O que os pacientes da Casa Amor e Vida mais precisam neste momento em termos de apoio profi ssional? Qual a maior deman-da?AN: Necessitam de apoio médico, psicológico, de carinho, de ajuda fi nanceira, através das doações de alimentos, remédios etc.RV: Há problemas com falta de medicação neste momento?AN: Nosso governo é muito instá-vel. Nunca sabemos o que pode ocorrer.RV: Os hospitais e os profi ssionais da região estão preparados para receber bem o paciente de Aids? Há problemas nesse sentido?AN: Sim. De modo geral, todos estão preparados.

RV: A Casa Amor e Vida tem sido um divisor de águas na vida de muitos pacientes que se encon-travam perdidos, sem saber a quem recorrer. Há outras casas com trabalhos similares na região. Existe alguma associação que acompanha todas elas? Há uma interação entre elas para a troca de informações e cooperação?AN: A Casa Amor e Vida luta no sentido de ajudar, como várias ou-tras da região. Estas organizações têm sido fundamentais para auxiliar os pacientes em todos os municípios onde elas existem. Sim, há uma cooperação mútua, elas se somam e se ajudam na medida do possível.RV: Há preconceito e resistência em auxiliar iniciativas como as da Casa Amor e Vida? Ou seja, as pessoas se sensibilizam mais com campanhas feitas em prol de crian-cinhas órfãs ou idosos em asilos do que com pacientes de Aids?AN: Sim, há muito preconceito. Lutamos muito no sentido de desmistifi car isso. Talvez esta seja a maior das lutas. RV: O estigma que associa a doença aos homossexuais, pro-

fi ssionais do sexo ou usuários de drogas também é um problema, no sentido de que as pessoas acreditem que somente esses grupos estão expostos à Aids? O senhor atende também um porcentual alto de heterossexuais portadores ou que desenvolveram a doença?AN: Sim, há sempre uma luta no sentido de esclarecer as pessoas que a Aids não tem precon-ceito nenhum. Em Varginha e na região, temos um aumento signifi cativo nos casos de Aids entre mulheres e entre jovens que não se previnem. A Aids vem aumentando entre esses grupos e também entre idosos. São muitos os casos e esses porcentuais nos assustam. Não se pode baixar a guarda. A Aids é transmissível, a Aids mata ou muda para sempre a vida do paciente. Isso precisa ser falado, todos os dias, nas escolas, nas associações diversas.

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Na ponta dos pésSe sucesso profi ssional é a soma de talento com a oportunidade, é certo que a dançarina, professora e coreógrafa de ballet clássico, Claudia Rodrigues Paiva Lounine, foi privilegiada nesta vida. Se ela dormiu na fi la lá no céu quando Deus distribuía as senhas, não sa-bemos, mas o fato é que chegou a este mundo portando as duas coisas. Formada pela Royal Academy of Dance de Londres, essa bailarina, praticamente nasceu dentro de uma sala de aula, pois a mãe, Marlene Paiva, que hoje dá nome

hoje a academia onde a fi lha trabalha, já era uma bailarina res-peitada quando teve seus fi lhos. A gravidez de quatro crianças nunca tirou dela o pique e mui-to menos a paixão pela arte de dançar. Paixão que deixou como legado às três fi lhas, Virgínia, Lídia e Claudia, hoje, todas en-volvidas de alguma forma com o universo da dança. Claudia até se esforça, mas não se recorda de quando começou a dançar. “Na verdade acho que eu já nasci de sapatilhas e dançando”, brinca, ao reconhecer que suas melhores re-

cordações da infância estão todas atreladas à dança. Além da beleza, do glamour e encantamento da dança, recorda que a mãe ensinou-lhe também outros quesitos importantes como a responsabilidade, a disciplina e a não desistir nunca. “O ballet é o exercício da perfeição. É repetir mil vezes um passo, um movi-mento. Eu precisei ter muito amor pela profi ssão, mas eu precisei ter sobretudo persistência, força e inspiração para mergulhar de ca-beça nessa profi ssão que foi uma escolha minha. E nunca, nem por

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um momento, pensei em desistir”.Levar a vida na ponta dos pés, não tem nada de fácil. Exercí-cios físicos extremos, cuidado meticuloso com a alimentação e fazer muitas e muitas aulas para manter o condicionamento físico, é o básico. “Tem também muitas dores, decepções, desilusões. Mas acho que quando amamos de verdade o que fazemos passamos por cima de tudo e seguimos em frente. Na verdade nunca me vi fazendo outra coisa, nunca cogitei outra profi ssão para a minha vida. Eu amo o ballet, estou nele e ele em mim, desde sempre”, relata.

Sonhos? Toda bailarina tem! O da professora Claudia é ter um grupo de dança com as alunas da escola. Sonho montar esse grupo com alunas que se dediquem e queiram ser cada dia melhores, que queiram se aperfeiçoar cada dia mais”. Mais um? “Quero ver as alunas crescerem não só na dança, mas também como pes-soas, disciplinadas e persistentes em qualquer profi ssão, porque a dança também nos ensina isso como ninguém”, fala.A leveza de movimentos e o talento de Claudia já lhe valeram muitos momentos marcantes. “É

sempre muito bom subir no palco, dançar e dançar, depois receber os aplausos das pessoas, elogios. Ver minhas alunas brilharem também é algo que me dá muita satisfação, é muito gratifi cante”, admite.Entre as recordações que recortou na memória e guarda com um ca-rinho especial, estão a do momen-to em que chegou em São Paulo para estudar ballet profi ssional-mente, e de quando entrou na Cia de Dança do Palácio das Artes em Belo Horizonte. “Acho que estes momentos defi niram minha vida, estão eternizados em mim”.

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Em plena forma física, aos 48 anos, mãe de três fi lhos, Claudia agradece a Deus por nunca ter se machucado seriamente. Hoje divide com maestria seu tempo entre a família, as aulas de dança, apresentações e se sobra um tempinho, pega estrada. “Adoro viajar”. Parar? Jamais! “Pretendo dançar e ensinar até quando meu corpo permitir e aguentar”. Arrependi-mento? “Nenhum. Talvez pudesse ter dançado mais! Dançar é minha vida. Corpo, música e movimento. São combinações perfeitas. Quan-

do estou dançando consigo deixar os problemas, afl ições, tudo de lado e curtir só o que estou fazen-do. Eu amo esse momento”.

OBS - Professora Claudia, você é certamente, e diretamente a responsável, por uma geração de mulheres varginhenses, com muitos pontos extras no quesito elegância. Às suas alunas, ensi-nou muito mais que equilíbrio na ponta dos pés: ensinou postura e compostura, a importância da força de vontade e de treinar mil vezes para se conseguir algo que

importa. Fazer algo perfeito, exige mais transpiração do que inspi-ração e seu exemplo é o ensina-mento mais forte que cada uma delas pode ter. Mas você também é a mais perfeita tradução do quanto a vida, sim, pode ser leve, rodopiada num eterno festejar, lá, naquele universo perfeito que só se avista por sobre a ponta de uma sapatilha. Gratidão!

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a galinha do vizinho bota ovo amarelinhoNinguém sabe quem foi o primei-ro humano a ter a extravagante ideia, convenhamos, de experi-mentar comer aquela bolotinha branca que sai do traseiro das ga-linhas. O fato é que a degustação agradou e nunca mais parou. E o ovo garantiu para sempre o seu espaço entre os alimentos bási-cos, ingerido sozinho ou na culi-nária, nas mais diversas formas comestíveis possíveis.

O famoso ovo de galinhas, patas e outras penosas, é composto de vitaminas, proteínas, zinco, potássio, entre outros nutrien-

tes. Come-se ovo frito, cozido, ovo quente, omelete, no meio da vitamina, do bolo, do pão... Entre crianças e atletas, faze um suces-so particular.

De acordo com a nutricionista, Lúcia Endriukaite, do Instituto do Ovos Brasil, este é um ali-mento com alto valor nutricional, ideal para complementar a dieta alimentar.

No caso dos atletas, é um fi lão em potencial. “Por ser uma ótima fonte de proteína, o alimento está relacionado diretamente com a

construção muscular, auxiliando na recuperação e proporcionando energia para os treinos”, explica.

Mas o que há de tão especial no ovo que impulsiona os atletas? “A clara do ovo possui alta con-centração de albumina, proteína responsável pelo desenvolvimento dos músculos. A gema também contém substâncias benéfi cas, como os aminoácidos essenciais, que proporcionam aumento de massa muscular e auxiliam na re-cuperação das fi bras. E essa uma ótima combinação de nutrientes para começar uma rotina de trei-

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29w w w . r e v i s t a v i e s . c o m . b r

nos”, afi rma a especialista.

Para a atleta, Lígia Nerici, o ovo é essencial para a manter a alimen-tação balanceada no dia a dia. “Hoje em dia, com a rotina de treinos, consumo vários ovos por semana. A ingestão desse alimen-to me marcou em 2010, quando competi meu primeiro triatlo Ironman e sentia muita fome ao acordar. Passei a comer um ovo cozido pela manhã, pois para mim é o alimento proteico que mais combina com a primeira refeição do dia”.

A nutricionista explica que atletas como Lígia, que treinam todos os dias, possuem uma necessidade proteica elevada e o ovo se torna um alimento essencial ou uma ótima alternativa. “Quando meus treinamentos estão muito intensos e preciso de um repositor imedia-to. Percebo que o ovo cozido pode ser um lanche nutritivo para o momento, sem falar da facilidade que é prepara-lo”, fala a atleta.

As tais bolinhas brancas cozidas e de casquinhas crocantes, são também sucesso absoluto entre a criançada. Conrado Melo, que mora em Poços de Caldas, conta que os fi lhos gêmeos adoram des-cascar e comer ovos. “Preparamos para eles duas ou três vezes por semana. Eles fazem uma festa e comem tudo”, fala.

Além do alimento em si, tem a diversão de tirar a casquinha. “Quando se tem fi lhos gêmeos você aprende, na marra, a ne-cessidade de se distribuir tarefas

e organizar a execução. A gente tenta tornar esses momentos divertidos lançando desafi os mais ou menos assim: vamos ver quem consegue descascar primeiro um ovo inteirinho sem fazer nenhum estrago na clara branquinha! Fun-ciona”, garante ele.

A nutricionista Fernanda San-tos, explica que crianças em crescimento podem ingerir sem problemas o alimento, até três vezes por semana, e, diariamen-te como ingrediente de preparo de outros alimentos como bolos, tortas, saladas e sanduiches. “O ovo é uma alternativa inteligente para suprir, por exemplo a carne, seja pelo preço ou falta de tempo para o preparo. O problema é o exagero, principalmente entre pessoas adultas que já tenha alguma doença instalada. Outro cuidado que merece atenção são as alergias, em alguns casos. Sal-vo esses cuidados, tá liberado e é tudo de bom”.

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MÃE, PARA QUESERVE ISSO?

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Quem já viveu um pouco mais, no entanto, sabe que muitas delas nasceram depois de longas conversas românticas via orelhão. Corações palpitaram de emoção ouvindo o som daquelas fi chinhas caindo pela máquina que era um prenúncio de que se ouviria em instantes a voz de alguém muito especial, do outro lado da linha. Hoje sem utilidade, os orelhões descansam ao deus-dará, es-perando pelo momento de ser banidos de vez da paisagem das cidades.

POR UM FIO Quase sem utilidade, mas ainda fi xos ao cenário de nossas ruas e avenidas, os orelhões resistem à ação de um tempo de moder-nidade online, celulares megain-teligentes e minicartões que concentram milhões de dados. Nada a ver com aquelas fi chinhas de antigamente parecidas com moedas, que tinham duas fen-

das para se encaixar na máquina e garantir até três minutos de conversa. A máquina em questão pode ser considerada geringonça para a geração de hoje, mas é um dos símbolos mais contumazes da nossa evolução tecnológica. Na década de 70, o Brasil já era um país com 96,06 milhões de pessoas, a maior parte delas vivendo nas áreas urbanas. Gente que precisava se comunicar com parentes, namorado(a), combinar uma entrega de currículo, uma visita em alguma empresa. O telefone já era uma grande neces-sidade, mas permanecia restrito a um número de privilegiados brasi-leiros que podiam se dar ao luxo de adquirir uma linha fi xa em suas casas e pagar caro para mantê-la. O negócio da hora fez gente esperta investir, e até vender imóveis para comprar linhas tele-fônicas, que passaram a ser um grande negócio. Quem não podia pagar por nada

disso se virava de outras formas. Nossas calçadas e avenidas só ganharam os primeiros aparelhos públicos em 1971, mas havia um problema de ordem física: como proteger os aparelhos da chuva e do sol? Nos países mais ricos e evoluídos, existia uma certa cabine muito graciosa. Brasileiros viam aquilo em fi lmes de sucesso e fi cavam maravilhados, mas o equipamento era caro e impen-sável na nossa realidade de país gigante. No início da década de 70, Paris possuía quase 3 mil maravilhosas cabines com aquele design de vidro espetacular, mas, bom, era a França, um país rico e geografi camente pequeno, se comparado ao Brasil.

Foi preciso recorrer ao famoso “jeitinho brasileiro” e inventar a nossa engenharia particular. E olha que quem deu solução para o caso foi uma mulher, a designer chinesa, naturalizada brasileira,

Crianças pequenas olham intrigadas para um certo mobiliário urbano que não entendem para que serve. A maioria não conhece ninguém que use aquilo, nem faz a menor ideia de sua serventia.

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Chu Ming Silveira. Foi ela quem desenhou e desenvolveu em um laboratório de Campinas (SP), em 1971, a famosa cúpula acústica, cor laranja, destinada a abrigar, ainda de um jeito modesto, os telefones públicos que começa-vam a ser instalados nas ruas do País. Já não chovia mais no aparelho. As primeiras unidades foram instaladas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os cariocas se apaixonaram de cara pelo formato e foram eles que deram, àquilo, o apelido carinhoso de “orelhões”, pela inegável semelhança com o órgão humano. No fim de 1972, já havia 500 unidades deles pelas ruas cariocas.

ALGO MUITO NOSSO Versáteis, brasileiríssimos, na cor laranja, baratos e simpáticos, os orelhões pipocaram País afora, depois cruzaram fronteiras e ocea-nos. Hoje existem na Venezuela, no Chile, na China e em vários outros países que importaram o nosso modelo. Com o avanço dos celulares, os orelhões deixaram de ser protagonistas nas grandes cidades, mas ainda são importan-tes em regiões isoladas do País, onde não há sinal para celular, por exemplo. A lei brasileira que regulamenta o serviço exige das operadoras a oferta pública de telefones e a manutenção dos mesmos, mas a taxa de utilização anda irrisória: mais da metade dos aparelhos públicos não chega a fazer uma ligação por dia. Sabe o que signifi-

ca isso? Significa que metade dos 893 mil aparelhos ainda existentes no País estão na mais completa ociosidade. A Anatel estuda a re-tirada dos telefones, mas enfrenta resistência em muitos lugares, além da lei. Não pelo uso formal dos telefones propriamente ditos, mas pelo apego dos brasileiros aos mesmos. Em Copacabana, no Rio de Janei-ro, por exemplo, onde os orelhões bombaram nas décadas de 70 e 80, há movimentos engajados a favor da preservação e até do tombamento dos mesmos, tão integrados que estão à paisagem do bairro mais famoso da cidade. O problema é que de telefones os orelhões foram promovidos a murais de anúncios os mais variados – alguns de fazer corar um mineiro desavisado, diante de tanta propaganda erótica. Em São Paulo, os orelhões viraram estacionamento de bikes e, no interior, servem para esconder da chuva. O desuso vem forçando a flexibilização da lei, que exige 143 aparelhos para uma população de 100 mil habitantes. Num futuro breve, é possível que eles serão apenas fotos nos livros de história ou peças em museus, lembradas com carinho por quem conheceu um exemplar “ao vivo” e interagiu com ele em alguma rua distante.

LEMBRA A SUA ÚLTIMA VEZ?Os dedos ágeis dos adolescentes de hoje, familiarizados com os tablets da vida se embananam

completamente quando o desafio é fazer uma ligação usando um orelhão. “Não sei como é que se usa isso”, admite Marco Antônio Resende, 11 anos, que mora em Varginha, no Sul de Minas. “Nunca liguei para ninguém usando isso”, explica. Mas Paulo Henrique Dias, de 12 anos, sabe como é que se usa. Ele está morando em uma fazenda produtora de café com os pais, no município de Machado, também no Sul de Minas. Todos os anos, a família dele se muda temporaria-mente do sertão de Pernambuco para aquele município onde vem trabalhar na colheita do café, e este ano decidiram esticar a estada até janeiro, pois anda tendo muito trabalho na fazen-da. Os pais dele e os primos têm celular, mas a avó que ficou lá no sertão não tem. Todos os domin-gos, a família junta-se em volta de um aparelho móvel para falar com dona Ernestina Gomes, que espera numa pracinha, no horário combinado, sentada ao lado de um orelhão. “A gente precisa dar notícias para ela e também matar um pouco a saudade”, explica Nancy Dias, mãe de Paulo Henri-que. “É assim com a maioria dos que trabalham aqui, vindos de fora”, fala, nos lembrando de que o Brasil é maior e mais complexo do que a Região Sudeste, e que para muitos brasileiros os orel-hões ainda são o único meio de comunicação.

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NOSTALGIA QUE SE PREZAÉverlan Studz, 38 anos, baiano de São Domingos, lembra com carinho os tempos em que era um estudante universitários na cidade de Alfenas (MG), em 1992 e tinha horário marcado para ligar para a mãe aos domingos. “Eu morava numa republica num bairro com centenas delas. Pouquíssimos estudantes podia se dar ao luxo de bancar o aluguel de um apa-relho fixo em casa naquela época. Então o jeito era encarar a fila do orelhão aos domingos, dia em que a ligação era mais barata para quem precisava falar em outro estado”. Entre as lembranças mais peculia-res, a fila, o barulho das fichinhas caindo, a procura por um aparelho “moderno” que já usasse cartões ao invés de fichas e a falta de privacidade. “Todo mundo ouvia a conversa de todo mundo. Aí tinha choradeira, notícia de falecimento, nascimento, casamento, e muitas despedidas longuíssimas e choro-sas, ‘mainha, falo com a senhora domingo que vem neste mesmo horário tá? Dá um abraço no pai! Outro no vô! Eu amo a senhora, fica com Deus! Mainha, reza para eu fazer boa prova...”

MINEIRA MORANDO EM COPATrabalhando com hotelaria no Rio, Angela Leite, que é de Três Corações (MG), também tem suas saborosas lembranças dos orelhões. “Quando estudante, em Campinas, eu usava para falar com paqueras, além da família. Já

no Rio, eu ia com meu irmão na Avenida Atlântica para ligar para os meus pais. Tinha um garçom que ficava vigiando a gente, eu fi-cava intrigada, com medo mesmo. Aí soube que ele trocava vários cartões usados por um novo”, recorda.

A última vez que usou um orel-hão? “A última que me lembro foi em Nova Yorque. Eu fui com-prar um computador na loja da Apple. Como o valor era alto o cartão não autorizou automati-camente. A funcionária disse que tinha que ligar para a adminis-tradora do cartão. O telefone da Apple não ligava para a central de atendimento do meu cartão então orientaram que eu utilizasse um telefone público. Perguntei à vendedora onde encontrava um orelhão, ela não sabia. Ninguém sabia. Ao sair da linda loja deles, perto do Central Park, olhei para o outro lado da rua e encontrei um orelhão disponível. Liguei, consegui a liberação e voltei para a APPLE. Desta vez, mostrando ao segurança e funcionários da loja, onde um cliente poderia encon-trar um orelhão, caso precisasse, como eu”.

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Final de ano, férias de janeiro e um monte de festas marcadas: casamento, formaturas, revéillon, tudo de bom. As mulheres se enchem de planos sobre o que usar no grande dia, delas mesmas ou daquela amiga querida que vai casar, se formar e tal. A revista Viés foi conversar com a fotógrafa de festas Teresa Zambotti e com a personal stlist, Raquel Toyama, sobre dicas importantes para arrasar em sintonia com a moda do momento. Tereza ressalta que

atravessa-mos um pe-ríodo muito importante misticamen-te falando, uma era de renovação de tudo no planeta e isso se reflete na personali-dade das mulheres, no gosto

delas, nas cores. “Embora seja uma época clean, que pede leveza, uma festa de final de ano também pede brilho”. De acordo com ela, há momentos marcam para sempre a vida de uma mulher: “Festa de 15 anos, formatura, casamento, estão entre estes grandes momentos. Essas datas costumam ser muito aguardadas, geram uma espera era ansiosa, pois são ritos de

passagens. “Quem cria vestidos para estes momentos, precisa ter essa sensibilidade. Estamos lidando com a materialização de sonhos, com datas inesquecíveis e elas precisam se sentir especiais e deslumbrantes”, comenta.

Raquel Tyama ressalta que para bailes de formatura, em especial, o vestido merece ser escolhido e pensado com muito carinho e critério que leve em conta a grandeza daquele momento. “O baile de formatura finaliza a etapa de um ciclo marcado pelo es-forço, amadurecimento e abre os caminhos para a jornada profissio-nal que se inicia. O sonho que se torna realidade pede por vestidos exuberantes, calçados luxuosos, acessórios e maquiagens de tirar o fôlego”, fala. Ela é fundadora do Paraíso Feminino, um buscador de dicas de moda feminina e dá dicas de algumas produções que combinam com vários tipos de mulheres e um baile de formatu-ra. Confira.

PARA AS BAIXINHAS

O baile é a ocasião propícia para brilhar, e os vestidos de festa de formatura longos, bordados com pedrarias, paetês e lantejoulas são mais que permitidos. Recor-tes, decote nas costas e trans-parência são atrativos requisitados no look da formanda, valorizando o corpo e trazendo para a pro-

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dução uma dose de sensualidade. A fenda e o decote v são as mel-hores opções das baixinhas que desejam alongar o visual.

PARA PLUS SIZEO shape evasê, com cintura marcada e saia rodada, são ideais para as mulheres plus size, que inclusive podem optar por cores mais como preto, roxo ou azul marinho. Estes modelos delineiam melhor a silhueta, diminuindo visualmente o volume corporal.

PARA AS MAGRINHASOpções como frente única ou tomara que caia estão liberados para as magrinhas com pouco busto, já que chamam a atenção para o colo, sobretudo se o deco-te vier acompanhado por babados e aplicações que evidenciem essa parte do vestido. Cores como vermelho, azul e verde esmeralda são sempre um trunfo.

PARA AS CONVIDADASDiscrição e elegância são palavras de ordem para o vestido de for-matura para convidadas. Compri-mentos midi ou curto são permiti-dos no dress code, assim como as cores preto, bordô, azul marinho ou rosê. As nuances garantem elegância soberana e detalhes como bordados de canutilhos, pedrarias e vidrilhos garantem o deluxe essencial para não passar despercebida.

Modelos como o vestido envelope criam uma composição impecável para as mulheres clássicas, que gostam de apostar em looks só-brios. Já vestidos curtos evasê, os de comprimento midi com babado na barra, ou assimétricos agra-dam as convidadas que gostam de um toque de ousadia na pro-dução. Garantia para você arrasar, mesmo sendo convidada. Dicas de Thereza Zambotti, con-sultora da Maison THZ, loja espe-cializada em vestidos de noivas e de festas.

Para celebrar os 15 anos, o mo-delo deve ser leve, ainda que com certo brilho. Os vestidos para essa data precisam ser uma referên-cia da transição da menina para mulher: não podem ter decotes profundos nem ser inocentes demais. O brilho traduz bem essa mudança, já que se torna uma alegoria da menina que está se tornando mulher, mas com a suti-leza necessária.

Já para a formatura de graduação, a menina ficou para trás e se transformou em uma mulher ma-dura, responsável e pronta para o mercado de trabalho. É hora de celebrar com muito brilho. A formatura é um momento mágico e a mulher está no seu esplendor. Por isso, o vestido precisa ser deslumbrante e com muito brilho. É um vestido para causar.

Para o casamento, o vestido é

outra história, pois depende de muitas variáveis, como horário, local e estilo da cerimônia. Sem dúvida, há várias opções a serem escolhidas de acordo com esses detalhes, mas, o mais importante, é a noiva se sentir especial no vestido escolhido. O vestido tem que combinar com a noiva e ela tem que se sentir linda e segura dentro dele. É um momento que exige concentração na escolha, pois a noiva não pode errar. Os holofotes estarão todos voltados para ela no dia da cerimônia e é por isso que é importante que ela se sinta bonita e admirada.

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DISLEXIA NÃO É DOENÇA38

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Até hoje o que se conhece da dis-lexia é atribuído à hereditariedade e o transtorno está mais presente em meninos do que em meninas, na proporção de uma menina para cada três meninos e o porquê dessa proporção também é um mistério.

DISLÉXICOS PRECISAM DE APOIO PARA BRILHAR

A dislexia não é tratada pela ciên-cia como uma doença, mas como um transtorno neurológico que envolve inúmeras características que ainda estão sendo estudadas, segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD). A difi culdade de desvendar as várias facetas da dislexia e separá-las de outros transtornos é o grande desafi o dos pesquisadores, que também precisam orientar a sociedade sobre como lidar com ela. A

primeira defi nição da dislexia foi dada pelo neurologista norte-ame-ricano Samuel T. Orton (1925), cujo nome foi dedicado à primeira instituição para estudo e pesquisa sobre o distúrbio. O que se sabe até hoje é que o transtorno impõe uma difi culdade maior no proces-so da leitura, escrita, soletração e ortografi a, tornando-a mais evidente no período normal de alfabetização da criança.

A psicopedagoga Érica Resen-de explica que a dislexia está presente em fases anteriores à alfabetização e pode ser notada, sobretudo, nas difi culdades com a pronúncia das palavras, mas acaba se revelando mesmo no aprendizado da leitura e escrita. “A criança disléxica tem essas ca-racterísticas desde sempre, mas, por ser pequena, as pessoas mais próximas tendem a não dar muita

importância aos sintomas. Falar erradinho é bonitinho quando se é pequeno, a mãe acha fofi nho, as pessoas mais próximas também não veem nada de demais, e as-sim a coisa vai passando batida”, observa.

Outro fato importante a ser con-siderado é que nem toda criança que troca o l pelo r é disléxica. Às vezes, é só confusão mesmo, um probleminha na língua, no for-mato da arcada dentária, que vai passar com o tempo. “Há crianças que falam errado por puro charme mesmo. Alguém achou bonitin-ho e ela acaba adotando aquele estilo. Mas outras vezes, não. Ela está de fato emitindo um sinal de que tem um transtorno e precisa-rá de ajuda e para se desenvolver melhor.

Sabe aquela criança que tem difi culdade em soletrar, troca os fonemas quando fala e faz o mesmo quando escreve? Pode ser uma criança com dislexia, algo que não está ligado a problemas intelectuais, emocionais ou culturais e pode manifestar-se em diversos níveis.

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ALGO MUITO NOSSO Versáteis, brasileiríssimos, na cor laranja, baratos e simpáticos, os orelhões pipocaram País afora, depois cruzaram fronteiras e ocea-nos. Hoje existem na Venezuela, no Chile, na China e em vários outros países que importaram o nosso modelo. Com o avanço dos celulares, os orelhões deixaram de ser protagonistas nas grandes cidades, mas ainda são importan-tes em regiões isoladas do País, onde não há sinal para celular, por exemplo. A lei brasileira que regulamenta o serviço exige das operadoras a oferta pública de telefones e a manutenção dos mesmos, mas a taxa de utilização anda irrisória: mais da metade dos aparelhos públicos não chega a fazer uma ligação por dia. Sabe o que signifi-ca isso? Significa que metade dos 893 mil aparelhos ainda existentes no País estão na mais completa ociosidade. A Anatel estuda a re-tirada dos telefones, mas enfrenta resistência em muitos lugares, além da lei. Não pelo uso formal dos telefones propriamente ditos, mas pelo apego dos brasileiros aos mesmos. Em Copacabana, no Rio de Janei-ro, por exemplo, onde os orelhões bombaram nas décadas de 70 e 80, há movimentos engajados a favor da preservação e até do tombamento dos mesmos, tão integrados que estão à paisagem do bairro mais famoso da cidade. O problema é que de telefones

os orelhões foram promovidos a murais de anúncios os mais variados – alguns de fazer corar um mineiro desavisado, diante de tanta propaganda erótica. Em São Paulo, os orelhões viraram estacionamento de bikes e, no interior, servem para esconder da chuva. O desuso vem forçando a flexibilização da lei, que exige 143 aparelhos para uma população de 100 mil habitantes. Num futuro breve, é possível que eles serão apenas fotos nos livros de história ou peças em museus, lembradas com carinho por quem conheceu um exemplar “ao vivo” e interagiu com ele em alguma rua distante.

LEMBRA A SUA ÚLTIMA VEZ?Os dedos ágeis dos adolescentes de hoje, familiarizados com os tablets da vida se embananam completamente quando o desafio é fazer uma ligação usando um orelhão. “Não sei como é que se usa isso”, admite Marco Antônio Resende, 11 anos, que mora em Varginha, no Sul de Minas. “Nunca liguei para ninguém usando isso”, explica. Mas Paulo Henrique Dias, de 12 anos, sabe como é que se usa. Ele está morando em uma fazenda produtora de café com os pais, no município de Machado, também no Sul de Minas. Todos os anos, a família dele se muda temporaria-mente do sertão de Pernambuco para aquele município onde vem trabalhar na colheita do café, e este ano decidiram esticar a estada até janeiro, pois anda

tendo muito trabalho na fazen-da. Os pais dele e os primos têm celular, mas a avó que ficou lá no sertão não tem. Todos os domin-gos, a família junta-se em volta de um aparelho móvel para falar com dona Ernestina Gomes, que espera numa pracinha, no horário combinado, sentada ao lado de um orelhão. “A gente precisa dar notícias para ela e também matar um pouco a saudade”, explica Nancy Dias, mãe de Paulo Henri-que. “É assim com a maioria dos que trabalham aqui, vindos de fora”, fala, nos lembrando de que o Brasil é maior e mais complexo do que a Região Sudeste, e que para muitos brasileiros os orel-hões ainda são o único meio de comunicação.

NOSTALGIA QUE SE PREZAÉverlan Studz, 38 anos, baiano de São Domingos, lembra com carinho os tempos em que era um estudante universitários na cidade de Alfenas (MG), em 1992 e tinha horário marcado para ligar para a mãe aos domingos. “Eu morava numa republica num bairro com centenas delas. Pouquíssimos estudantes podia se dar ao luxo de bancar o aluguel de um apa-relho fixo em casa naquela época. Então o jeito era encarar a fila do orelhão aos domingos, dia em que a ligação era mais barata para quem precisava falar em outro estado”. Entre as lembranças mais peculia-

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res, a fi la, o barulho das fi chinhas caindo, a procura por um aparelho “moderno” que já usasse cartões ao invés de fi chas e a falta de privacidade. “Todo mundo ouvia a conversa de todo mundo. Aí tinha choradeira, notícia de falecimento, nascimento, casamento, e muitas despedidas longuíssimas e choro-sas, ‘mainha, falo com a senhora domingo que vem neste mesmo horário tá? Dá um abraço no pai! Outro no vô! Eu amo a senhora, fi ca com Deus! Mainha, reza para eu fazer boa prova...”

MINEIRA MORANDO EM COPATrabalhando com hotelaria no Rio, Angela Leite, que é de Três Corações (MG), também tem suas saborosas lembranças dos orelhões. “Quando estudante, em Campinas, eu usava para falar com paqueras, além da família. Já no Rio, eu ia com meu irmão na Avenida Atlântica para ligar para os meus pais. Tinha um garçom que fi cava vigiando a gente, eu fi -cava intrigada, com medo mesmo. Aí soube que ele trocava vários cartões usados por um novo”, recorda.

A última vez que usou um orel-hão? “A última que me lembro foi em Nova Yorque. Eu fui com-prar um computador na loja da Apple. Como o valor era alto o cartão não autorizou automati-camente. A funcionária disse que tinha que ligar para a adminis-tradora do cartão. O telefone da Apple não ligava para a central de atendimento do meu cartão

então orientaram que eu utilizasse um telefone público. Perguntei à vendedora onde encontrava um orelhão, ela não sabia. Ninguém sabia. Ao sair da linda loja deles, perto do Central Park, olhei para o outro lado da rua e encontrei um orelhão disponível. Liguei, consegui a liberação e voltei para a APPLE. Desta vez, mostrando ao segurança e funcionários da loja, onde um cliente poderia encon-trar um orelhão, caso precisasse, como eu”.

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MAR DE OPORTUNIDADES

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Apaixonado por surf, desde menino, escolheu a publicidade como profi ssão, mas soube desde logo que queria trabalhar com uma marca própria. Não titubeou. Foi desenvolver seu projeto de conclusão de curso atrelado ao que mais amava, o surf, e escolheu a abrangência social como gancho para se integrar um pouco mais ao mar de novas possibilidades.

A criação de designers arrojados não bastava para criar uma coleção de roupas para surfi stas. Jéferson também quis adaptá-las às necessidades de um público especial. “Eu havia conhecido a história de um surfi sta, chamado Derek Rabelo, cego que já surfou nos picos mais incríveis do mundo. Me inspirei, e comecei. Daí pra frente as coisas foram acontecendo de um jeito inesperado. De repente, uma onda de surfi sta adaptados entrando na minha rede de amigos, e fazer sugestões, pedidos. Eu havia encontrado o caminho que tanto buscava”, fala.

O trabalho de conclusão de curso não podia ter outro tema se não: “O Estudo Sobre A Infl uência Da Mídia Sobre Brasileiros Portadores De Necessidades Especiais

Praticantes Do Surfe Adaptado.” (2018), com a orientação da professora Hellen Morais, outra entusiasta da causa. A repercussão do trabalho rendeu mais dividendos positivos para o e-commerce que começava a despontar.

SURFANDO NA OPORTUNIDADE

Jéferson, que já era um consumidor inveterado de revistas e DVDs relacionados com o surfwer foi somando infl uências para encontrar o próprio estilo. Único nos cortes, nas criações e no apelo de público consumidor.

“A minha escolha me fez aproximar mais do universo dos surfi stas portadores de necessidades especiais, conhecer os seus desafi os, expectativas. A vestimenta é um acessório muito importante para eles, eu diria que decisivo. Notei que faltava interesse das marcas famosas em colaborar para que esses atletas, pudessem representar o Brasil lá fora. Muitos atletas são convocados para a seleção brasileira, mas não vão para a Califórnia disputar o campeonato mundial realizado pela ISA (International Surfi ng Association), por falta de apoio e isso me

motivou mais ainda a investir no meu próprio negócio, conta.

Assim nasceu a marca My Wave, com qualidade competitiva e o propósito de ser uma apoiadora dessa categoria de atletas brasileiros. Outros dois amigos da faculdade se juntaram ao projeto, Carlos Eduardo, o designer responsável por toda a criação visual e desenvolvimento do site, e Juan de Marco, responsável pelos textos e criação de conteúdo das redes sócias e blog. A marca iniciou seus trabalhos ofi cialmente em dezembro de 2018. Porém para honrar minha palavra e cumprir com o ideal da marca, no campeonato mundial de 2018, e já entrou no mercado apoiando o atleta especial do Surf, Carlos Kill que virou também o embaixador da My Wave. Está no estatuto da empresa que 10% do nosso orçamento é destinado para ações em prol do surfe adaptado, além de criação e divulgação de conteúdos especais para informar e dar espaço para os atletas da modalidade. Sim, neste mar as ondas são incrivelmente democráticas e com oportunidades para todos os envolvidos.

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