2014-05-01 - o que você faria - parte iii - para publicar

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  • 7/25/2019 2014-05-01 - O Que Voc Faria- Parte III - Para Publicar

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    O que voc faria? Parte III.

    (por Victor Neves)

    03. Reescrita da histria e vazio cultural

    A expresso vazio cheio deixa margem a dvidas. De fato, hdiferentes interpretaes sobre o !e se teria passado entre os anos "# e $#,

    no campo da c!%t!ra, no &rasi%.

    ' !em enxerg!e na prod!o c!%t!ra% d!rante o vazio inmeras

    formas de resist(ncia, mesmo !e ve%ada o! centrada na denncia das

    conse!(ncias da ditad!ra sobre certos indiv)d!os o! estratos sociais. *m

    exemp%o desta resist(ncia estaria na chamada poesia margina%, !e

    mostraria o di%aceramento do indiv)d!o impotente para %!tar contra o horror.+sta interpretao, no entanto, me parece ins!ciente -!ando no

    simp%esmente e!ivocada, /!stamente por!e no capta a tend(ncia principa%

    ento em c!rso.

    0!er me parecer !e o !e ocorre! neste per)odo 1 e por isso a

    expresso vazio cheio para se referir 2 c!%t!ra sob e%e 3 bastante ade!ada 1

    foi !e ne%e se esvaziou um programa de interveno no campo cultural, ao

    mesmo tempo em que se viabilizou sua substituio por outro programa . 4sto!er dizer !e, no per)odo, trato!5se de remode%ar a sensibi%idade m3dia da

    intelligentsia brasi%eira 1 em %tima, de atrofar esta sensibi%idade em re%ao a

    t!do o !e diz respeito ao desenro%ar da vida socia% sob o capita%ismo e os

    in!merveis prob%emas re%acionados.

    Atroo!5se a sensibi%idade do inte%ect!a% brasi%eiro -a) compreendido o

    artista para t!do o !e diz respeito 2 vida rea%mente existente fora dos %imites

    das !atro paredes de s!a sa%a 1 o! das paredes do se! se%f. 6este ro%podemos en!merar, apenas a t)t!%o de exemp%o7 a d!reza da vida dos estratos

    mais pa!perizados da c%asse traba%hadora, sistematicamente reprimidos e

    contro%ados por !m +stado !e tem s!a dimenso p!nitiva5pena% cada vez

    mais a%argada8 se! pr9prio processo de pro%etarizao, o! se/a, a cada vez mais

    !niversa% transformao do inte%ect!a% em trabalhadorinte%ect!a% -assa%ariado8

    a mercanti%izao gera% da vida e da c!%t!ra etc.

    +m artigo anteriormente p!b%icado nesta co%!na, en!merei por a%to

    atrav3s de !e expedientes isto se de!, no &rasi%, ao %ongo da ditad!ra

    empresaria%5mi%itar7 combinao entre cens!ra pr3via8 br!ta% represso

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    po%)tica8 expanso em esca%a in3dita e :raciona%izada; do ensino !niversitrio8

    conso%idao de !m mercado naciona% de bens simb9%icos no &rasi%. A!i, va%e

    !ma observao7 esta conso%idao sempre teve !m aspecto dirigido7

    inicia%mente atrav3s da combinao entre cens!ra pr3via e investimentos

    estatais em certos ve)c!%os -atrav3s, por exemp%o, da compra de cotas dep!b%icidade em revistas8 depois 1 e at3 ho/e 1 atrav3s do %timo procedimento

    combinado 2 reformatao da demanda socia%, / !e o primeiro -a cens!ra

    deixo! de ser necessrio !ando os pr9prios operadores do mercado c!%t!ra% /

    estavam devidamente aptos a se%ecionar o !e deve e o !e no deve ser

    p!b%icado, o !e 3 ideo%9gico e portanto no interessa ao pb%ico e o !e 3

    interessante.

    omando emprestada denio a !e chego! ?os3 @a!%o 6etto ana%isandoa %iterat!ra do per)odo em BC, temos o seg!inte7 no per)odo do vazio

    c!%t!ra% sob o A45E se passo! de !ma cultura de contestaoa !ma cultura de

    constatao.

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    no campo das artes, e por isso nos exemp%os abaixo, em nota de rodap3, me

    ative a este campo. Apesar disso, me parece !e mesmo as transormaes no

    campo das cincias humanas tambm tm relao com o problema que estou

    discutindo aqui. Ga%e, no f!t!ro, desenvo%ver as manifestaes concretas deste

    desenvo%vimento desig!a%.A %inha de diferenciao f!ndamenta% 3, em termos m!ito gerais,

    apresentada a seg!ir. +n!anto !ma obra de arte de contestao parte dos

    prob%emas da m!%her e do homem concretos, tomados em determinado

    momento e espao, g!rando sit!aes !e t(m certa dimenso mora% !e

    exige so%!o -!e pode ser apresentada o! no na obra, %igando o

    sentimento est3tico no receptor da obra ao enri!ecimento de s!a capacidade

    de a!toconsci(ncia -!e est, tamb3m, re%acionada a formas de agir, de se pHrno m!ndo, na obra de constatao apenas de constata !m estado interior

    tomado em abstrato 1 !e est no artista, !e pode tamb3m estar no receptor

    da obra, o! !e pode estar n!m homem !a%!er de !ma era !a%!er, / !e

    se rompem as mediaes !e %evam 2 concretizao hist9rica do tema da obra

    1 e se considera a tarefa comp%eta.

    4sto teve conse!(ncias7 a principa% 3 !e, sob a capa da novidade, sereat!a%izo! no &rasi% ve%ha tend(ncia apontada por Iar%os 6e%son Io!tinho, /

    nos anos C#, como tHnica de nossa vida c!%t!ra%7 a tend(ncia ao intimismo

    sombra do poder.