1804 monografia para publicar

Upload: neide-galvao-noronha

Post on 06-Jul-2015

353 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

FACULDADE DE TECNOLOGIA E CINCIAS

DAYANA LIMA DANTAS VALVERDE

O SUPORTE PSICOLOGICO E CRIANA HOSPITALIZADA: O IMPACTO DA HOSPITALIZAO NA CRIANA E EM SEUS FAMILIARES

FEIRA DE SANTANA 2010

FACULDADE DE TECNOLOGIA E CINCIAS

DAYANA LIMA DANTAS VALVERDE

O SUPORTE PSICOLOGICO E CRIANA HOSPITALIZADA: O IMPACTO DA HOSPITALIZAO NA CRIANA E EM SEUS FAMILIARES

Monografia solicitada como prrequisito para a graduao em psicologia da disciplina TCC (Trabalho de concluso de curso), da Faculdade de Tecnologia e Cincias de Feira de Santana. Orientador (a): Prof. Esp. Mnika Pollyanna Sales Rios Carneiro.

FEIRA DE SANTANA 2010

DEDICATRIA Esse trabalho dedicado a minha filha Bianca Lima Dantas Valverde, que durante seu processo de hospitalizao me ensinou que o amor, a compreenso e a dedicao da famlia so de extrema importncia para a criana, principalmente em momentos que alguns sentimentos se intensificam a exemplo do medo e angstia durante a hospitalizao. Agradeo pelo simples fato de sentir no seu sorriso e no seu olhar uma fora to pura que me fez acreditar que por mais dolorosa que seja a situao, se estivermos unidos e em famlia nunca estaremos ss.

AGRADECIMENTOS Neste momento, mais um objetivo alcano em minha vida, por isso devo agradecer inicialmente a Deus, pela minha vida, pela fora e luz durante minha caminhada. Aos meus pais Almir e Lourdes, pelo amor, carinho e dedicao sempre. Aos meus irmos Daniela e Daniel, pelos momentos vividos juntos. Aos meus filhos Bianca e Murilo, pela pacincia e compreenso. A amiga e orientadora, Mnika Pollyana Carneiro por proporcionar dias de aprendizados que levarei sempre comigo. A professora Veruska Rangel, pela pacincia e por proporcionar que esse trabalho fosse mais prazeroso. Aos amigos que conquistei ao longo desta caminhada pelo companheirismo, carinho e pacincia, pelos momentos alegres e angustiantes compartilhados, em especial a Andra Rios, Carlos Madeira, Mirela Falco, Leane Cunha, Itana Amncio, Thais Felix, Tatiana Azevedo, Daniela, Antonio e Jadson Magalhes, Denize Guimares, Luciane Oliveira, Luciana Lopes e Catiane Bispo. Enfim, a todos os amigos, colegas e mestres que no mediram esforos para que eu pudesse chegar at aqui, o meu agradecimento eterno. A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contriburam para a realizao desse trabalho monogrfico.

Aprendendo a viver... Trabalhar com crianas doentes e Hospitalizadas uma experincia nica, inigualvel. viver cada momento como se Fosse o ultimo. estar junto, sempre. sorrir, brincar, sofrer. aprender a viver! (CHIATTONE, 2009.)

RESUMO Este trabalho objetivou analisar como o ambiente hospitalar pode afetar emocionalmente a criana hospitalizada bem como seus familiares. Alm de identificar os fatores emocionais relevantes diante do processo de hospitalizao, verificando a importncia do trabalho interdisciplinar da equipe assistencial, bem como as estratgias de enfrentamento como suporte emocional, abordando o papel do psiclogo diante da hospitalizao da criana e sua famlia. Primeiro sero abordados os aspectos psicolgicos na hospitalizao. Em seguida ser discutido o impacto do processo da hospitalizao na famlia. E, por fim, as estratgias de suporte emocional, citando algumas delas. Neste capitulo tambm ser discutida a importncia do psiclogo como suporte para criana, bem como sua famlia. Palavras-chave: enfrentamento. Criana, famlia, hospitalizao e estratgias de

ABSTRACT

This study aimed to analyze how the hospital environment can emotionally affect the hospitalized child and his relatives as well. Besides, it aims to identify relevant emotional factors during the hospitalization process, verifying the importance of the medical care interdisciplinary work and coping strategies as emotional support as well, addressing the role of psychologists against the child's hospitalization and his family. First it will approach the psychological aspects of hospitalization. Then, discuss the impact of the hospitalization process in the family. Finally, approach the emotional support strategies, quoting some of them. In this chapter it will also be discussed the importance of the psychologist as a support for children and their families.

Keywords: Child, family, hospitalization, and coping strategies.

SUMRIO

INTRODUO...................................................................................................08 2 ASPECTOS PSICOLOGICOS NA HOSPITALIZAO................................10 2.1 Despersonalizao......................................................................................18 3 A FAMLIA NO PROCESSO DA HOSPITALIZAO...................................23 4 ESTRATGIAS DE SUPORTE EMOCIONAL NA HOSPITALIZAO........29 4.1 Atividades ldicas enquanto estratgias de enfrentamento emocional.......35 5 CONSIDERAES FINAIS...........................................................................38 REFERNCIAS.................................................................................................40

INTRODUO

A psicologia hospitalar o campo da cincia de compreenso que objetiva os aspectos psicolgicos em torno do adoecimento. A experincia do adoecimento vivida de forma subjetiva em cada sujeito. A interveno hospitalar tenta minimizar o sofrimento e seqelas emocionais que permeiam os aspectos sade-doena do processo de hospitalizao. O hospital uma instituio onde existem suas prprias regras e estrutura. Projetado e ou planejado para tratar a doena, o somtico, nem sempre leva em conta as necessidades biopsicossociais do sujeito que ali se encontra. De acordo com essa estrutura, o bem estar psicolgico do paciente no o principal objetivo do atendimento e sim prestar socorro quele que tem um sofrimento relacionado com o biolgico e o orgnico. Embora a palavra hospital venha da palavra hospitalidade, muitos pacientes no o consideram como local hospedeiro. O bem estar psicolgico do paciente no o principal objetivo do atendimento e sim prestar socorro aquele que tem um sofrimento relacionado com o biolgico e o orgnico. Os pacientes so distribudos por unidades de acordo com seu diagnstico e, ento, so submetidos a normas e rotinas rgidas e inflexveis, favorecendo um ambiente de solido e isolamento, independente da gravidade da doena, gerando sentimentos como ansiedade, insegurana, angstia e medo. A doena tende a tirar a pessoa da sua rotina, de suas atividades de lazer, do convvio com a famlia e dos amigos. A experincia de estar doente sentida de forma nica. O hospital separa a criana do seu ambiente familiar e entes queridos, seus pais ou responsveis autorizam essa separao confiando na necessidade de internamento, assim o hospital representa para a criana um ambiente desconhecido e impessoal, restrito de possibilidades de atividades como o brincar, sendo um lugar muitas vezes de solido, tristeza, saudade de casa, da escola, amigos e familiares. Diante disso pergunta-se: Como a hospitalizao pode afetar emocionalmente a criana e seus familiares? possvel que, com estratgias de apoio emocional ao paciente, sua

famlia, e uma interao mais adequada e interdisciplinar com a equipe assistencial, as crianas possam elaborar suas fantasias, retomando seu equilbrio psquico e lidando com seus temores ocultos. No somente a criana, mas tambm os familiares passam por momentos de angstia diante da internao, sendo muitas vezes despertados sentimentos de culpa e de perda. Estas experincias e sentimentos, a mudana brusca na rotina da criana e sua famlia precipitam uma srie de conseqncias. Quando uma criana adoece toda a famlia adoece junto e o suporte psicolgico oferecido para criana bem como a sua famlia, tentar minimizar alguns fatores estressantes. A famlia representa um grupo organizado, uma estrutura. Quando surge uma doena, percebe-se a desestrutura do grupo familiar, estes esto diante de acontecimentos de perda de controle, incertezas e vulnerabilidade, tornando esse momento de hospitalizao estressante e angustiante. O psiclogo hospitalar analisar como o ambiente hospitalar pode afetar emocionalmente objetivando assistencial, a criana os as hospitalizada, fatores bem como seus familiares, diante durante da a identificar bem emocionais de relevantes

hospitalizao, verificando a importncia do trabalho interdisciplinar da equipe como estratgias enfrentamento hospitalizao como suporte emocional, deixando claro seu papel diante da hospitalizao da criana e seus familiares. Essa pesquisa tem cunho bibliogrfico, exploratrio e descritivo, dentro de uma abordagem qualitativa sobre hospitalizao e crianas.

2

ASPECTOS PSICOLOGICOS NA HOSPITALIZAO

A hospitalizao em muitos momentos pode se tornar um mal necessrio quando se apresenta como o nico recurso para a recuperao da sade. A internao alm de estar sempre associada dor, ao sofrimento e a morte, afasta a pessoa de seus familiares e da sua relao com a vida. Diante disto, entende-se por doena a desarmonia orgnica ou psquica, que, atravs de sua manifestao, quebra a dinmica de desenvolvimento do individuo como um ser global, gerando desarmonizao da pessoa. (SANTOS & SEBASTIANI, 2003, p.150). Segundo Campos (1995) a Organizao Mundial da Sade conceitua sade como sendo um bem estar fsico mental e social, e no apenas a ausncia de doena ou enfermidade. A preocupao com o bem estar, a identificao e atendimento das necessidades de cuidados de sade no ser humano, aliados s estratgias e as aes tcnico - cientficas referentes ao cuidado fsico e emocional constitui em requisitos essenciais para a eficcia do processo de hospitalizao. Sendo assim, sade uma harmonia do bem estar fsico psicolgico e ambiente social. A mesma autora (op.cit) afirma que a internao uma ruptura da histria do sujeito, pois ele percebe que no mais o mesmo. Ao pensar em doena, percebe-se que ali se encontra um sujeito que teve seu ciclo de vida quebrado abruptamente e invadido em sua singularidade. No importando o quanto pode ser confuso, essa nova situao, imposto a conviver com essa realidade. (1995, p.30). O hospital um contexto complexo que envolve capacidades, comportamentos e atitudes dos profissionais que tratam da sade. Em geral todos buscam o objetivo de curar no importando os meios para que cheguem a tal objetivo. Em muitos momentos no valorizando os aspectos emocionais. Crepaldi (1999, p.93) diz que a viso de quem atende por assim dizer etnocntrica, na medida em que a alteridade dos usurios no aspecto relevante, ou seja, o paciente e sua famlia que devem adequar-se ao universo hospitalar.

Na hospitalizao existem vrios fatores que devem ser entendidos, como relata a autora:Com relao ao processo de hospitalizao, pode se dizer que este deve ser entendido no apenas como um mero processo de institucionalizao hospitalar, mas, como um conjunto de fatores decorrentes destes e suas implicaes na vida do paciente. (GIL, 2006, p.19).

O paciente, ao ser hospitalizado, passa a fazer parte das regras e rotinas da instituio, cuidado pela totalidade dos profissionais do setor, sendo de extrema importncia o esclarecimento das etapas vividas nesse contexto. Um relacionamento precrio entre o paciente e a equipe de sade pode infligirlhe sofrimentos que transcendem a prpria a enfermidade. (ANGERAMI, 2004, p.37). De acordo com Kitayama e Bruscato (2008, p.140):O sofrimento pode ser compreendido como uma angustia acentuada, que transcende o desconforto corporal, relacionando-se intimamente sensao de ameaa integridade pessoal diante das adversidades. Resulta da leitura pessoal que cada paciente faz da sua condio existencial e dos significados que atribui a essa condio.

A doena traz para a realidade do sujeito a perspectiva dos sintomas fsicos, como a dor e das limitaes corporais, mesmo que sejam temporrias ou permanentes. A presena de dor e outros sintomas fsicos e psquicos deixam pessoa confusa diante de sua hospitalizao, no sabendo como agir. Apesar disso, a dor deve ser compreendida como fenmeno complexo resultante da interao entre o fsico e o psquico, uma vez que a sua intensidade ser definida tanto pela leso orgnica quanto pela subjetividade do doente. (KITAYAMA & BRUSCATO, 2008, p.134). Gil (2006, p.7) comenta que a condio do sujeito de estar doente e hospitalizado, pode afeta-lo emocionalmente, causando dor psquica. Considerando est dor como uma dor pela perda da condio do sadio e no pela doena orgnica propriamente dita, mas sem deixar de consider-la. Sobre isso Straub (2005, p.477) acrescenta dizendo que:A experincia da dor um fenmeno multidimensional e complexo que envolve no apenas eventos fsicos como tambm fatores psicolgicos e processos de aprendizagem social que as pessoas

adquirem por meio de familiares e aprendizagem cultural. Todos os pacientes de dor so membros agentes (e reagentes) de grupos sociais.

Campos aponta que, a doena um inimigo que deve ser localizado, estudado e combatido e para isso, usam-se medicamentos e profissionais de sade para vencer essa doena. Porm, muitas vezes, parece que se esquece o significado do adoecer. A doena fsica acompanhada de manifestaes na esfera psquica, ocasionando tambm alteraes na interao social. A doena provoca, precipita ou agrava desequilbrios psicolgicos, quer no paciente, quer na famlia. (1995, p.42). A hospitalizao e a doena impedem o individuo de seguir sua vida cotidiana, tira-o do convvio familiar e dos amigos. O equilbrio interrompido pelas necessidades internas e solicitaes externas comuns a esse processo. E se esse equilbrio no restaurado, tem-se uma crise. Diante disso Perez (2008, p.69) chama ateno para duas questes: a da mobilizao psquica gerada pelo impacto psicolgico do adoecer e da perda condio de saudvel, e a da falta de infra-estrutura da instituio, acirrando ainda mais a crise do paciente. Alm de uma crise, a doena vivida de modo singular pelo sujeito, com significante influncia cultural e ambiental, sabendo-se que cada cultura influncia na maneira de reagir, perceber e representar um ataque estrutura da personalidade desse sujeito e tambm da sua famlia. Alm de determinar uma crise acidental na sua existncia. (LUSTOSA, 2007). Chiattone (1984 apud Campos, 1995, p.48) completando esse pensamento, assim se expressa: A doena em si um fator considervel de desajustamento, pois acaba por provocar, precipitar ou agravar desequilbrios na criana e em sua famlia. Assim, a criana fisicamente doente estar afetada em sua integridade. Diante do processo do adoecimento percebem-se algumas crenas que, Paulino e Franco (2008, p.223) acrescentam corroborando:O significado atribudo perda da sade, s causas da doena ou inabilidades d a dimenso da carga emocional associada ao processo de adoecimento. Podem aparecer desde causas

iminentemente biolgicas, como presena de vrus ou relacionadas carga gentica; explicaes sobrenaturais que envolvem crenas religiosas e punio; at fatores sociais, como pobreza, ou disfuno pessoal ou familiar. Como qualquer sistema de crenas, o significado atribudo condio de adoecimento relaciona-se a influencias religiosas e culturais.

No tocante a assistncia com crianas no hospital fundamental o conhecimento sobre o desenvolvimento da infncia. Nesse mbito, torna-se necessrio que o profissional esteja atento para questes relacionadas sade do paciente de forma integral, voltando para aes preventivas. (CALVEST et.al, 2008). A doena e a internao podem se constituir em experincias dolorosas e desagradveis para a criana e sua famlia, alm de ocasionar um rompimento brusco nas suas atividades do dia a dia. O afastamento do ambiente familiar, social e afetivo pode suscitar a estes indivduos, reaes tais como comportamento regressivo, raiva, depresso, insegurana, medo, punio.O ambiente hospitalar para ela um local de proibies; l no se pode correr pelos corredores, jogar bola, falar alto e dependendo das regras do hospital tambm no se pode brincar. Este lugar em geral assustador, pois no h nada nele que possa identificar com suas experincias anteriores, e somado a isso, o fato de sua debilitao fsica e emocional estarem presentes na situao, tornam a experincia ainda mais agravante. (FERRO & AMORIM, 2007, p.04).

Nos primeiros anos de vida, a criana depende das ligaes familiares para crescer. Ela precisa de cuidados com o corpo, alimentao e com a aprendizagem. Mas nada disso possvel se ela no encontra um ambiente de acolhimento e afeto. (CHIATTONE, 2009). Alguns autores defendem que vrias pesquisas constataram que crianas sem acompanhamento constante de familiares, apresentam um nmero maior de reaes fsica, porm os pais necessitam passar uma mensagem de confiana. Uma integrao harmoniosa entre eles pode contribuir para uma melhor adaptao e cooperao, ajudando a equipe mdica. (OLIVEIRA, 2005). Da mesma maneira, outros autores acrescentam que:Quando cuidamos de uma criana hospitalizada, deveremos, portanto, compreender que estamos diante de um momento de uma pessoa que est se desenvolvendo. Isso pressupe que, na dependncia de sua fase, experincias anteriores e suporte

(continncia) familiar, ela poder ter instrumentos necessrios e suficientes para superar as dificuldades impostas pela doena e hospitalizao. (AZZI & ANDREOLI, 2008, p.94).

A criana internada sofre pelo aparecimento ou intensificao dos procedimentos, pois os primeiros dias de internao so marcados por exames e condutas agressivas para obteno de um diagnstico, que causam dores ou intensificam seu sofrimento. Chiattone (2009, p.26) ainda completa dizendo que: vrios fatores inerentes hospitalizao e vrias conseqncias nocivas dessa medida que contribuem para o aparecimento de agruras existenciais e de problemas graves, adversos ao desenvolvimento da criana hospitalizada e doente. Nesse sentido Favaroto e Gagliani (2008, p.88) afirmam:Para criana, a entrada em um hospital uma experincia assustadora e geradora de muita ansiedade. Depara-se com uma situao desconhecida, em relao a espao fsico, a pessoas, muitas vezes enfrentando clima de desinformao que intensifica suas fantasias e temores. Durante a hospitalizao a criana tem que enfrentar muitos aspectos penosos como separar-se do meio familiar, rotinas e normas preestabelecias diferentes das habituais, alm de procedimentos de claro valor aversivo, principalmente nos casos em que a criana internada para procedimento cirrgico.

Chiattone (2009) afirma que a criana que necessita estar internada sofre pelo medo do desconhecido como a enfermaria, o leito, as roupas, os exames, o alimento, as pessoas a sua volta, a falta de informao, criando um clima de suspense, fantasias e temores. Ainda sofre pela sensao de punio e culpa, correlacionam o aparecimento da doena a fatores externos, acredita que errou e por isso est sendo punida, deixando-a resignada doena. Sofre tambm pela limitao de suas atividades ou de estmulos, o espao fsico limitado, a falta de estimulao, e a rotina diria da enfermaria entristecem a criana. Ao ser hospitalizada a criana conhecer novos personagens que agora iro interagir: o hospital e o mdico. Essa nova situao poder desencadear sentimentos e reaes no experimentadas anteriormente, pois ela no se sente conectada ao seu mundo ao qual estava acostumada. Autores como Soares e Sanarosa (2006, p.1) assim se expresso:A criana, desconectada do seu mundo, passa a vivenciar situaes que a deixam insegura: exames, medicaes, blocos cirrgicos,

radiografias, intervenes at ento desconhecidas, o que poder leva-la a apresentar reaes como: choros, gritos, recusa de ficar no hospital, regresso, problemas alimentares, distrbios do sono, ou distrbios de conduta, estados depressivos, e outros.

de grande importncia que os mdicos nas suas relaes com seus pacientes devem esclarecer dvidas recorrentes, como o porqu das condutas a serem seguidas, exames, entre outros. Tornando com que o paciente sintase seguro e participativo. Nesse sentido, ressalta que, se tentarmos tratar da doena ignorando o doente, veremos que os resultados no sero satisfatrios. (ROCCO, 1992, p.46). Alguns autores como Dias e Baptista (2003) defendem que cada indivduo percebe situaes e eventos de formas diferentes e quando isso se aplica a criana hospitalizada, essas percepes iro depender da compreenso de realidade que esta tem. Para tanto, estar implicado sua capacidade cognitiva, sua idade, suas crenas e valores de discriminar e compreender eventos como a hospitalizao. O medo da hospitalizao ocorre em quase todos os casos, pois o paciente se percebe indefeso e incapaz de atuar e decidir sobre si mesmo, sendo necessrio passar esta funo a outros, os quais, muitas vezes nem lhe transmite confiana. E de acordo com Guareschi e Martins (1997, p.423-424):A doena e a hospitalizao constituem, portanto, uma crise na vida da criana. A hospitalizao uma experincia estressante e traumtica, podendo a criana apresentar manifestaes de ajustamento, como inapetncia, perda de peso, agressividade, desejo incontrolvel de fugir, dependncia e falta de receptividade orgnica ao tratamento durante a internao, que consequentemente poder afetar seu comportamento aps sua permanncia no hospital.

Uma criana internada muitas vezes necessita ser separada da me, da famlia e seu ambiente domestico. Mello Filho (1992) afirma que esse meio invasivo pode conter vrios prejuzos para a sade desta, como o hospitalismo e ressalta a importncia da participao da me bem como dos familiares nesse novo e difcil momento. Nesse sentido Lima et.al (1999, p.38) concordam que: quando a assistncia hospitalar est centrada nas necessidades da criana doente e no apenas na doena, quando permitido aos pais participarem do cuidado, eles sentem-se mais tranqilos e confiantes.

A criana v que seu corpo, construo de sua vida, esta reduzido, afetado, e invadido, e como doente, ela no reconhece a si mesma, e precisando ser vista, aceita e reconhecida pelo olhar do outro, o olhar dos profissionais que esto cuidando dela, o olhar de sua famlia para que tambm ela possa aceitar o seu corpo doente. A criana sofre tambm com as conseqncias nocivas da hospitalizao, pois ainda no dispem de amadurecimento psquico para elaborar as agresses pelas quais est passando. (FRANANI et.al.,1998). Guimares (1988 apud Dias e Baptista, 2003, p.55-56) enfatiza o desenvolvimento e alguns fatores para uma melhor compreenso desse momento salientando que:A criana, durante seu desenvolvimento, explora e interage com seu meio de forma contnua e recproca, medida que lhe so oferecidas oportunidades em ambientes considerados como favorveis. Os fatores ambientais, quando positivos, podem favorecer o desenvolvimento de uma forma global, e, se negativos, podem compromet-lo.

De acordo com Lange (2008), num contexto hospitalar, os sentimentos, as emoes e as sensaes, s vezes se acentuam com o tipo de tratamento e de internao, destacando-se o medo do desconhecido, da importncia diante de sentimentos muitas vezes incontrolveis que permeiam as vivencias tanto do sujeito internado, bem como seus familiares, tornando-as perturbadoras. Nesse mesmo contexto, a autora acima citada (op.cit) afirma que a forma como cada pessoa lida com situaes estressantes como internaes, procedimentos invasivos, cirurgias, depender de como se encontra a estruturao da personalidade desse individuo, de sua condio cognitiva e emocional, da possibilidade de discriminao da realidade e de redimensionamento da problemtica, que possibilitar ou no a mobilizao de recursos adaptativos de enfrentamento. Freitas (1980 apud Campos, 1995, p.46) chama ateno da percepo do sujeito em relao doena dizendo:As reaes de cada paciente so ditadas pelo seu mundo interno, pela sua historia psicossocial e do seu contexto familiar. H uma serie de fatores que podem determinar dinamicamente formas de estar doente. Apesar das diferenas individuais, durante a

enfermidade todas as crianas passam por situaes reais e imaginarias comum a todas, e que em todas provocam grande ansiedade. Uma das situaes comuns a percepo da morte, consciente ou inconsciente.

Chiattone (2009) destaca alguns fatores relacionados instituio hospitalar que podem trazer sofrimento para o sujeito, so as atitudes da equipe, as rotinas hospitalares rigorosas e com pouca flexibilidade, o tipo de internao, podendo ser por emergncia, a mais agressiva, ou via ambulatrio que considerada mais tranqila, a durao da internao e a natureza da doena. Sendo assim o desconhecimento por parte do paciente da rotina hospitalar poder gerar ansiedade e sofrimento facilmente evitveis pelo trabalho de conscientizao dessa rotina. (ANGERAMI, 2009, p.15). No hospital, a criana retirada do seu dia-a-dia, privado de sua liberdade, privacidade, passa por momentos onde, os procedimentos institucionais, regras e rotinas esto em primeiro lugar e esse cenrio confuso acaba por contribuir negativamente. O impacto da hospitalizao pode incidir em qualquer fase do desenvolvimento infantil, sendo alguns perodos mais vulnerveis a episdios de desestruturao. (AZZI & ANDREOLI, 2008, p.95). Quanto ao aspecto descrito anteriormente:O adoecimento se d quando o sujeito humano, carregado de subjetividade, esbarra em um real, de natureza patolgica, denominado doena, presente em seu prprio corpo, produzindo uma infinitude de aspectos psicolgicos que podem se evidenciar no paciente, na famlia, ou na equipe de profissionais. (SIMONETTI, 2004, p.15).

Freitas (1980 apud Campos, 1995, p.45) justificando esses conflitos e comportamentos comenta: [...]Na situao de doena, internao, cirurgia, a intensa ansiedade capaz de desencadear comportamentos regredidos, a criana volta a maneiras mais antigas de se comportar. De maneira geral pode-se dizer que a ansiedade e a variedade de sentimentos intensificam alguns comportamentos como birras, choro, retrocessos nos hbitos adequados para idade, perturbaes no sono e na alimentao. Barros (1998, p. 15) diz que a experincia de hospitalizao fonte de stress e ansiedade para a maioria das crianas, podemos mesmo contribuir para um risco acrescido de perturbaes de comportamento e de

psicopatologia a mdio e longo prazo. Assim, na experincia da hospitalizao a criana alm de sofrer esses aspectos, sofre com a intensificao dos procedimentos, no compreendendo as condies que se encontra, onde v seu corpo sendo manipulado e avaliado, alm de ter que se adequar ao novo e assustador ambiente. Nesse perodo a criana torna-se tambm paciente e pode enfrentar incmodos emocionais relacionados ao processo de despersonalizao, que ser discutido abaixo.

2.1

Despersonalizao

No perodo de hospitalizao o paciente sofre um processo de despersonalizao, pois deixa de ter seu prprio nome e passar a ser o numero do leito x ou y. Existe uma quebra de domnio de si prprio. (ANGERAMI, 2004). Nesse sentido este autor ainda afirma que:A despersonalizao do paciente deriva ainda da fragmentao ocorrida a partir dos diagnsticos cada vez mais especficos que, alm de abordar a pessoa em sua amplitude existencial, fazem com que apenas um determinado sintoma exista naquela vida. (ANGERAMI, 2004, p.67).

O sujeito ao ser hospitalizado, muitas vezes, sente-se como se perdesse sua identidade, pois ao entrar no hospital, traz consigo crenas, valores e atitudes prprias. Porm, diante da instituio hospitalar, passa a ser tratado como mais um doente entre muitos, recebendo uniformes, leitos e quartos numerados. Aquilo que antes ele organizava e determinava, agora substitudo pela rotina hospitalar. Mesmo sabendo a relevncia e a importncia de ser cuidado, a perda das referncias vivida no seu dia a dia quebrada, gerando o processo de despersonalizao. Assim, na despersonalizao o indivduo se v implicado na perda dos referenciais ao nvel existencial, isto , quando internado o sujeito destitudo

da sua condio de pessoa, deixando de seguir sua rotina e hbitos simples, como higiene pessoal, lazer, estudo dentre outros e passando a adquirir regras e costumes do ambiente que agora permanecer. (FONGARO & SEBASTIANI, 2003). Essa posio do paciente pode ser notada em Moffat (1987 apud Campos, 1995, p.46-47):[...]a nova situao o colocou fora de sua histria, ficando alienado, estranho para si mesmo. O suceder de sua vida paralisou-se, a percepo no consegue ler a realidade e o futuro est vazio. Esta uma vivencia de suprema angustia, a pessoa fica desesperada, desestruturou-se a leitura prospectiva de sua ao.

Na medida em que ocupa o lugar de paciente, submetendo-se a tudo e a todos, ficando sujeito ao domnio de uma estrutura hospitalar, transforma-se, ento, em uma doena, em um rgo doente, em um nmero de leito. (CREPALDI, 1999, p.90). Com isso, passando a si reconhecer como um ser doente, no sabendo mais da sua condio enquanto pessoa, passando a ter uma percepo limitada, tanto da sua realidade interior como exterior. Neste sentido Campos (1995, p.32) assim coloca:Podemos perceber que o individuo, na sua condio de paciente, fica sujeito ao domnio de uma estrutura hospitalar e ao poder de profissionais que agem, muitas vezes, ferindo a autonomia e a tomada de decises do prprio paciente, como se fossem senhores da verdade. Isto porque a dinmica que se estabelece nas relaes teraputicas tem mais a ver com a doena do que com a pessoa que est doente.

Testa (1992, p.52) afirma que o resultado sobre o enfermo das normas impostas junto aos comportamentos dos trabalhadores de sade do hospital a anulao simultnea de sua individualidade, e de sua socialidade. Reforando esse pensamento Gil (2006, p.18) ressalta dizendo que [...]alguns membros da equipe de profissionais da rea da sade esto voltados para uma ateno curativa, quando o doente visto e tratado como pea de uma mquina que est desajustada e necessita de reparo. Quando uma pessoa precisa de ser hospitalizado, os membros da equipe necessitam que o paciente que ali se encontra, acostume-se a realidade imposta, como reafirma Straub (2005, p.451):Espera-se que os pacientes hospitalizados se conformem de

maneira submissa s regras do hospital, incluindo seus horrios de comer, dormir e receber visitas, alm de disponibilizar-se para exames e tratamentos quando o mdico ordena. Eles podem dizer pouco ou nada sobre quem pode examin-los, quando os exames iro ocorrer, o que podem vestir ou quando tomam seus remdios.

A vivncia dessa situao traz uma experincia de ruptura para o sujeito, o contato com o inesperado, sendo difcil lidar com a prpria doena, o indivduo passa por uma descompensao, sem saber sobre si e sobre o prprio corpo. H uma inegvel tendncia no pensamento contemporneo a enxergar, a ns mesmos e aos outros, no como se tivssemos nossas doenas, mas como se fssemos nossas doenas. (REMEN, 1993, p.24). Nesse momento o paciente passa a ocupar o lugar de objeto, colocando de lado sua individualidade, passando a viver com as regras institudas. Straub (2005, p.451) refora dizendo que:[...] quase todos os aspectos da identidade do paciente, alm de sua razo para estar no hospital, desaparecem. s vezes, essa despersonalizao to completa que a equipe do hospital conversa entre si na frente do paciente, ignorando suas perguntas e comentrios e usando jarges mdicos para exclu-los.

Esses procedimentos que mdicos e tcnicos de sade usam junto ao leito dos pacientes podem provocar e reforar sentimentos de insegurana e medo, j que a linguagem no clara para os mesmos. Essa rotina inesperada e incompreendida, a vulnerabilidade e o medo do desconhecido diante desse novo contexto, h um sofrimento diante da imagem de si mesmo, j alterada. (CAMPOS, 1995, p.30). Com o surgimento da despersonalizao a relao mdico-paciente torna-se desfavorvel. O estabelecimento de vnculos e equilbrio entre os mesmos fica prejudicado, resultando em condies precrias de atendimento. Portanto, a despersonalizao gera uma gama enorme de sentimentos que vo permear a relao paciente-profissional tais como: desconfiana, agressividade, sentimentos de rejeio, de desprezo. (PEREZ, 2008, p.67). preciso lembrar que diante do adoecimento, no s esta uma pessoa doente, existe ali um ser humano, com desejos e direitos e que precisam ser visto e respeitado como tal. A sensao de no ter sua dor reconhecida fonte de grande desamparo e sofrimento. (KITAYAMA & BRUSCATO, 2008,

p.137). Chiattone (2009, p.74) afirma que:O ser humano, na verdade, uma unidade muito complexa, composta de diversos sistemas biolgicos diferentes, mas coordenados que permitem uma interao eficaz entre o mundo interno e o mundo externo do individuo. Todo o sistema, ento, encontra-se complexamente entrelaado buscando atingir uma funo de alto nvel, referente coordenao e integrao de unidades celulares, tecidos e rgos na unidade total, determinando que o funcionamento seja harmonioso e que o fim seja individual.

A doena traz consigo a incerteza, um cenrio de difcil compreenso, a necessidade de ser cuidado, porm sem a certeza da cura. O sujeito passa a ser paciente e o cuidado de responsabilidade do hospital, que para seu funcionamento como instituio, preciso que o individuo se submeta as suas regras, como horrios, visitas, alimentao. Sendo assim, o sofrimento intensificado diante da vulnerabilidade da hospitalizao. Segundo Seitz (2006, p.156):O processo de hospitalizao agressivo e doloroso, alm de inevitvel e inadivel. Os pacientes, de um modo geral, so surpreendidos pela doena e pela hospitalizao, tendo que deixar seus compromissos para serem resolvidos, sua famlia sem assistncia e, alm disso, tem de mudar-se para um ambiente estranho e impessoal, levando como bagagem a dor, o medo e a incerteza.

Durante a hospitalizao a criana passa a dividir o espao fsico com outras, que nem sempre tem o mesmo problema que o seu. Esse contexto um momento difcil, em que tudo desconhecido, tanto para a criana como para sua famlia. Ambos passam por momentos de tenso e nervosismo, necessitados serem ouvidos e compreendidos. O mais importante saber que as pessoas geralmente tm necessidade de sentir que os outros acreditam nelas; que a sua dor e fraqueza, bem como a coragem e fora individuais, so percebidas e reconhecidas. (REMEN, 1993, p.107). Tratar o paciente de forma fragmentada, colocando-o na condio das regras e normas institucionais, identific-lo pela doena e no pela pessoa que ali se encontra doente, so alguns fatores que corroboram para a despersonalizao do sujeito. necessrio lembrar que antes de ser um doente, ele uma pessoa que est doente. (CAMPOS, 1995, p.29).

Nesse sentido Ribeiro (1983 apud Stassun e Radtke, 2006, p.117):[...]a vontade do paciente foi aplacada, seus desejos coibidos; sua intimidade, invadida; seu trabalho, proscrito; seu mundo de relaes, rompido. Ele deixa de ser sujeito e vira apenas objeto da prtica do mdico hospitalar, suspendido de sua individualidade, transformado em mais um caso a ser contabilizado. As questes emocionais, psicolgicas do paciente (fora dessa construo histrica da medicina) acabaram ficando em segundo plano, seu enfrentamento a essas necessidades empricas da prtica cotidiano no hospital que so to influentes na situao do paciente, quanto a degenerao orgnica do organismo, ficaram agora a cargo dos psiclogos.

Assim, deve-se evidenciar no tratamento das enfermidades humanas, e complexidade do ser humano, considerando que este mesmo hospitalizado possui vontades, desejos e necessidades, que muitas vezes, devido ao enrijecimento do ambiente hospitalar, impede as realizaes e at as expresses desses sentimentos. Nesse sentido, deve-se atentar para o processo de despersonalizao pelo qual passa o paciente ao ser hospitalizado e as conseqncias que tal evento pode ocasionar no desenvolvimento global do sujeito. (ZARDO & FREITAS, 2004, p.07).

3

A FAMLIA NO PROCESSO DA HOSPITALIZAO

Quando um membro da famlia adoece, sua famlia adoece junto, existindo uma mobilizao desta, pois sofre com o medo de no saber lidar com essa nova situao de crise. Diante a doena e hospitalizao do ser infantil, a famlia se depara com duas tarefas: cuidar da pessoa que se encontra doente e lidar com as emoes que emergem e que passam a transformar as relaes entre seus membros. (FERRO & AMORIM, 2007, p.14). Alm dessas tarefas, os pais ainda tem que pensar nos outros filhos durante esse tempo, no sabendo o que fazer, sentindo-se divididos, preocupados tambm com os outros filhos que ficaram em casa. (MILANESI et.al 2006).

A doena do filho e a possibilidade de hospitalizao geram alguns comportamentos na famlia como ansiedade, medo, impotncia e no aceitao diante da doena, bem como as dificuldades de atender as exigncias da instituio ao qual so impostos. Diante disso o autor corrobora dizendo:Os efeitos da doena esto interligados aos efeitos da hospitalizao, pois assim que a criana adoece e vai para o hospital em busca de ajuda, a famlia mostra-se temerosa e reage de maneira ambgua. Deseja saber o que o filho tem, pois alega que conhecendo a doena poder fornecer-lhe assistncia mais adequada; mas por outro lado, nega a doena em si mesma e a necessidade de internao, por ter dificuldade de enfrentar a realidade que se antev. (CREPALDI, 1998, p.84-85).

Ressalta-se a importncia da relao mdico-famlia, como nos alerta o autor dizendo ser interessante levar em conta a postura do pediatra ao lidar com a criana, porque influencia a famlia, reforando condutas inadequadas pr-existentes ou desvalorizando condutas corretas, abordadas no momento da orientao. (MELLO FILHO, 1992, p.199). Nesse aspecto, importante que tanto o mdico quanto a equipe que esta atendo a criana e a sua famlia, entenda o quanto difcil e doloroso para a me perceber o filho doente, sentindo-se impotente diante dessa situao, sendo mais agravante quando essa sente descaso dos profissionais de sade ao solicitar assistncia e ou orientaes. (MILANESI et.al, 2006). Menegatti (2001 apud Urbini, 2007, p.05) afirma que toda rotina dessa famlia subitamente modificada para dar conta do adoecimento.[...]um novo contexto se apresenta para o paciente, seus familiares e a equipe, as relaes pessoais e o convvio so alterados, e muitas vezes eles no tm repertorio comportamental disponvel para responder a essas situaes, facilitando o aparecimento de reaes emocionais e respostas conflitivas.

A famlia busca a cura desse paciente e deseja que os mdicos dem essa certeza, o que algumas vezes no possvel devido ao diagnstico dado, e a incerteza de como o paciente ir reagir, fazendo aumentar a impotncia familiar e conflitos de sentimentos. A reao que algumas famlias demonstram como fuga e negao, refletem a insegurana da vivncia, da impotncia, pela falta de habilidade e flexibilidade em enfrentar as existncias diante a doena e a hospitalizao.

Segundo Azzi e Andreoli (2008, p.95):Um dos momentos mais crticos no processo de adoecimento o advento do diagnstico de uma doena. Este tem efeito complexo sobre a famlia e a criana em virtude da multiplicidade de fatores, positivos e negativos, que incidem ao mesmo tempo em um conjunto (ou sistema) que se encontrava estvel at aquele momento.

De acordo com esses autores acima citados (op.cit) existem evidncias que o impacto negativo relativamente mnimo sobre os familiares e crianas, para tanto, os mesmos necessitam serem adequadamente manejados, ou seja, sendo preparados e orientados para a compreenso do processo de hospitalizao. Sendo assim, esses fatores quando bem acompanhados, passa a serem vistos positivamente, pois as crianas e seus familiares tornam-se previamente estvel emocionalmente, com habilidades de reorganizao diante de situaes difceis. importante a participao familiar nesse novo contexto, pois quando a famlia est prxima ao doente, esta pode desempenhar um papel estimulador, incentivando-o em suas conquistas, animando-o a prosseguir. (GIL, 2006, p.19). A criana que tem como referencial sua famlia, perceber que no esta sozinha. Desse modo, se os pais conseguem controlar seus temores, seu sentimento de culpa perante a doena do filho e sua ansiedade diante da hospitalizao, conseguem realizar a preparao para a internao de forma clara e objetiva. (CHIATTONE, 2009, p.43). De toda forma, a ameaa ou sensao de perda de segurana e controle podem desencadear reaes disfuncionais, seja por medo do diagnstico e tratamentos adequados, ou por uma simples rotina hospitalar. Essas pessoas devero ser preparadas e acompanhadas nas suas necessidades, sentindo-se acolhida, para que possa ampliar de forma participativa do seu processo sade-doente. De acordo com Lustosa (2007, p.6) nesse momento que a famlia precisa de ajuda! a que ela se sente insegura,desabando, ansiando por um apoio efetivo, por uma compreenso profunda de sua situao, de um ambiente que lhe possa devolver o equilbrio, a fora, enfim, a estabilidade. Diante disso, outro autor concorda acrescentando que:O cuidado eficiente da sade depende do diagnostico e tratamentos corretos. Depende tambm da ampliao das perspectivas, incluindo

o reconhecimento dessas foras pessoais presentes, a despeito das aparncias enganosas e do desenvolvimento de mtodos e tcnicas para mobiliz-las. (REMEN, 1993, p.24).

Lange (2008) destaca que no hospital os pais podem ter dificuldades de saber como agir para entender as necessidades fsicas-psicoemocionais de seu filho, que est doente e num ambiente que tem situaes e regras prprias.As

presses e demandas decorrentes dos cuidados de longo prazo, as rotinas

e os procedimentos constantes podem levar os pais a se sentirem incapazes de exercer seus papeis e impotentes no alivio a dor (fsica ou psicolgica) do seu filho. (AZZI & ANDREOLI, 2008, p.96). Esses fatores tambm so mencionados e confirmados por Crepaldi (1998, p.85):Esta condio levava-os a experimentar estados de confuso diante de tantas situaes inusitadas, como o acmulo de informao que lhe era transmitida logo que chegavam, e/ou a vivncia de situaes desagradveis, desencadeadas, entre outros fatores, por presenciarem cenas de sofrimento no cotidiano do hospital. Outro fator que gerava muita ansiedade decorria da necessidade de si submeter o filho a muitos exames que frequentemente eram invasivos, e cujo resultado demandava uma longa espera.

Para Angerami (2003, p.107) os pais e a famlia, como um todo, so elementos altamente representativos do desenvolvimento infantil, no sentido de que a famlia a unidade de representao bsica da criana. Nesse sentido, torna-se essencial a busca do equilbrio dos pais diante da hospitalizao do seu filho, pois os tendo como referncia a criana responder mais positivamente aos procedimentos necessrios para sua recuperao. Diante desta realidade, pode-se afirmar que a famlia, o microcosmo do paciente. Para a criana a atitude dos pais mais importante. (ANGERAMI, 2009, p.20). Nesse contexto, a famlia se torna um fator importante de suporte emocional sendo que, o grupo familiar exerce influncia na estruturao do psiquismo da criana e na formao de sua personalidade, apresentando-se como unidade emocional, um sistema nico, vivo, que tem nexo em sua prpria historia. (ZIMMERMAN 2000 apud LANGE et.al, 2008, p.206). A indeciso, a insegurana e a ansiedade levam os pais a mudarem de comportamento, o que percebido pela criana, que busca sua segurana num padro de cuidados ao qual esta acostumada. Sendo assim, o papel que os

pais desempenham vital para o ajustamento social e psicolgico da criana durante a hospitalizao, seja qual for a sua idade. (OLIVEIRA & COLLOET, 1999). Com tudo isso na tentativa de buscar um significado e um motivo para a doena, o casal pode deparar-se com situaes de agresso para com o companheiro, tentando diminuir seus sentimentos de culpa e frustrao. (FAVARATO & GAGLIANI, 2008, p.80). Segundo Favarato e Gagliani (2008) por no saber lidar com essa nova situao, muitos pais vivem grande conflito, manifestando sentimentos de impotncia e culpa. Ainda nesse contexto, Nicoletti (2009, p.39) ressalta que a falta de estrutura psquica, a estrutura familiar desorganizada, as duplas mensagens dadas criana, acredito eu, leva o individuo a uma srie de comportamentos que determinam uma personalidade frgil e difcil de ser trabalhada. O aumento da ansiedade, quando ocorre no contexto familiar com poucos recursos de confronto para ajudar a criana, poder explicar, ou mediar, muitas das seqelas psicopatolgicas e de desenvolvimento, a mdio e em longo prazo. (BARROS 1998). Muitas vezes, com a entrada do filho no ambiente hospitalar, os pais podem apresentar problemas emocionais decorrentes do prprio ambiente hospitalar, bem como sua dinmica de trabalho, aliado ao fato de conviver com a doena de seu filho. Assim alguns autores chamam ateno da necessidade de compreenso de alguns fatores observados na estrutura familiar nesse processo.A hospitalizao de crianas caracteriza-se como um possvel fator de risco para manifestao de estresse e desestruturao familiar. As famlias de crianas hospitalizadas so consideradas igualmente clientes, necessitando tambm de cuidados, especialmente quanto s suas discriminaes ante processo de hospitalizao e da doena. Alteraes comportamentais dos familiares podem caracterizar-se como fatores desorganizadores, com possibilidades de ruptura no processo de cuidados s crianas e surgimento de transtornos comportamentais, tanto para os infantis quanto de seus cuidadores. (GOMES; LUNARDI FILHO 2000 apud DIAS et.al, 2008, p.169).

Lange (2008) no seu artigo sobre a psicodinmica familiar nos acidentes infantis ressalta a importncia do papel da famlia frente a crianas

hospitalizadas, e justifica que apesar das constantes transformaes sofridas ao longo dos anos, a famlia ainda se constitui como ncleo mais importante na formao da personalidade da criana, onde as primeiras experincias so postas em prticas. E ainda acrescenta que:A funo bsica da famlia a de proteo aos seus membros, ajudando a superar conflitos e dando apoio emocional. A famlia um grupo natural que se desenvolve, de acordo com as necessidades psicossociais e os padres de relacionamentos entre seus membros. A estrutura familiar vai ser constituda por esses padres, que por sua vez vo delinear o seu funcionamento. (MINUCHIM; FISSHIMAN 1990 apud RIBEIRO & LANGE, 2008, p.217).

Reforando esse pensamento segundo alguns autores o apoio dos familiares tambm pode permitir as crianas sentirem-se mais seguras e protegidas, e assim reagirem mais positivamente ao ambiente hospitalar. (OLIVEIRA et.al, 2005, p.46). Segundo Barros, a importncia da presena e acompanhamentos dos pais bem como o papel que estes desempenham na forma de como a criana enfrenta seus problemas e os tratamentos mdicos so de extrema relevncia, pois as influncias dos comportamentos dos familiares iro refletir de forma positiva ou negativa no processo de internao da criana. Nesse sentido a autora afirma que pais ansiosos tm filhos mais queixosos e difceis de tratar. (1998, p.21).Assim, ao refletir sobre os fatores determinantes do desenvolvimento saudvel de uma criana, alm das condies biolgicas inatas, preciso pensar sobre a influencia familiar, da comunidade na qual esta inserida e aspectos mais amplos da conjuntura socioeconmica e poltica sem perder de vista as transformaes temporais e histricas de cada um desses contextos. (MOLINARI, et.al, 2005, p.20).

A partir dessa compreenso importante entender que os familiares da criana doente e internada tambm passam por transformaes, tendo de confrontar as suas prprias dvidas, angstias e medos so essenciais, pois um funcionamento cotidiano familiar desses indivduos ir ajudar a criana a controlar seus medos, possibilitando assim uma melhor compreenso das aes que fazem parte da hospitalizao. Ento, torna-se imprescindvel um acompanhamento psicolgico, no apenas a criana, mas a essa famlia. (ANGERAMI, 2009).

[...]A famlia, ao ser englobada no atendimento hospitalar, receber condies e sustentculos emocionais para que o paciente encontre alivio no sofrimento provocado pelo afastamento do ncleo familiar. Paciente-famlia um binmio indivisvel, e como tal deve ser abordado no contexto hospitalar, com o risco de perder-se um aspecto muito importante na interveno do psiclogo: as implicaes emocionais que um processo de hospitalizao provoca no ncleo familiar. (ANGERAMI, 2009, p.18).

Desta forma, importante o trabalho do psiclogo junto ao paciente e seus familiares e segundo Angerami (2004, p.138) ainda na psicologia hospitalar que possvel descobrir, de modo concreto, um dos preceitos mximos da psicologia, que o da cura pela palavra. A palavra cura o sofrimento emocional e espiritual, bem como a dor provocada pelo sofrimento fsico.

4

ESTRATGIAS DE SUPORTE EMOCIONAL NA HOSPITALIZAO

So de extrema importncia o apoio e acompanhamento da equipe interdisciplinar. Segundo Soares e Vieira (2004, p.299) a hospitalizao da criana significa agresso ao seu mundo ldico e mgico e por isso, requer do profissional que a assiste, a compreenso do mundo infantil. Os profissionais que trabalham com essas crianas devem compreender que ali se encontra um ser em desenvolvimento necessitando de cuidados e pacincia, pois tudo muito assustador. Sendo assim, Chiattone (2009, p.26) afirma:Todos os profissionais da rea de sade devem ter noes claras de que a doena um ataque criana como um todo, que a criana doente estar afetada em sua integridade e que seu desenvolvimento emocional tambm estar bastante comprometido.

Quando se valoriza a criana, ouvindo-a, permitindo que seja participativa no processo do cuidado, dispondo de orientaes, dando-lhe direito a falar de suas fantasias e dificuldades relacionadas doena e sua hospitalizao, o profissional que a acompanha ira melhor conduzir o processo de recuperao e isso se torna indispensvel, no s para a criana como sua famlia. (MELLO FILHO, 1992). Chiattone (2009, p.39) acrescenta dizendo que a maneira como a equipe de sade desenvolve seu trabalho no hospital um outro fator importante a se considerar quando se discutem as conseqncias nocivas causadas pela hospitalizao. Segundo Calvetti et.al (2008) a equipe deve auxiliar alm do paciente, sua famlia a superar aspectos de dificuldades relacionados a hospitalizao. Assim um trabalho interdisciplinar com a famlia e a criana tornam o atendimento humanizado, auxiliando no processo de melhora do paciente. Nesse mbito, torna-se fundamental como critrio de atitudes do cuidado o amor verdade por parte do profissional cuidador, com intuito de fortalecer o vnculo com a criana e familiares. (op.cit, p.231).

Chiattone (2009, p.95) deixa claros a relevncia do acompanhamento psicolgico e seus objetivos, dizendo que:[...]A atuao objetiva a minimizao do sofrimento inerente ao processo de doena e hospitalizao da criana, fazendo dessa famlia um elemento ativo no processo, condio para o xito do tratamento. Deve-se objetivar tambm a promoo de sade mental integral da criana, valorizando a relao de influxos satisfatrios entre me e filho. A atuao visa a ateno, o apoio, a compreenso, o suporte ao tratamento, a clarificao de sentimentos, o esclarecimento sobre a doena, o fortalecimento do grupo familiarreorganizao do grupo, o levantamento de dados sobre a relao familiar, o estar junto, o apoio incondicional.

Favarato e Gagliani defendem que funo de toda a equipe multiprofissional, proporcionar uma adaptao saudvel e humanizada para a criana no ambiente hospitalar. Conseqentemente, viver em um ambiente humanizado nos possibilita viver um dia-a-dia mais ameno, harmonioso e consciente. (2008, p.97). Da mesma maneira, alguns autores falam da colaborao e participao da famlia e justificam sua importncia na colaborao diante do adoecimento da criana. Chiattone (2009, p.49) reconhece que:Quando o hospital consegue estabelecer com tranqilidade e principalmente com dignidade seu papel de provedor de sade aos pacientes, dificilmente assumir uma postura capaz de afastar os familiares. Se bem orientados, no questionam absolutamente, mas sim so informados da evoluo clnica de seus filhos. Por outro lado, dificilmente assumiro o papel de inquisidores se estiverem participando ativamente do processo de doena e hospitalizao, claro, com o apoio da equipe de sade.

Alguns autores falam da importncia da humanizao no contexto hospitalar, porm a postura de diversos profissionais de sade so o distanciamento e a indiferena em relao a sua clientela. Crepaldi diz que muitos profissionais agem assim, pois trata-se de uma forma de defender-se contra o seu envolvimento com a dor do outro, protegendo-o do sofrimento que esta situao na maioria das vezes encerra. (1999, p.91). Essas e outras atitudes da equipe provocam afastamento e incompreenso do paciente, contribuindo para o desajuste emocional do mesmo. Chiattone (2009, p.36) salienta que esse clima de suspense e desinformao faz aumentar as fantasias e os temores das crianas. A criana internada est em situao de crise, de estresse e sofrimento psquico, e esta

crise no ficar sem expresso. Ela expressar sua insatisfao, a sua dor ou angstia, atravs da palavra ou atravs do comportamento, que provavelmente ser diferente do habitual. (CAMPOS, 1995). Diante disso Perez (2008, p.66) acrescenta:O contato com a dor e o sofrimento do paciente produz a reedio e a mobilizao de situaes e ansiedades primitivas tais como o medo da prpria morte, o medo do sofrimento. Essa mobilizao psquica, to intensa e contnua, exige ajustes e adequaes de estratgias defensivas que propiciem a integrao destas tenses, condio necessria para existir dentro deste ambiente de trabalho.

imprescindvel que a criana seja preparada para a internao, importante que seja informada em uma linguagem que possa entender os motivos que esta passando, tendo uma noo da sua doena, enfim, participando do seu processo de hospitalizao. O preparo da criana para a hospitalizao deve ser realizado pelos pais, sendo estes as pessoas mais importantes e significativas para o paciente. Para tal, os pais devem receber um apoio adicional para um bom desenvolvimento da tarefa. (CHIATTONE, 2009, p.42). Esse apoio adicional nesse sentido pode advir da equipe assistencial como importante instrumento de suporte emocional. Segundo a mesma autora acima citada (op.cit), essa preparao deve no deve ser prolongada ou excessiva, deve-se objetivar no escondendo a verdade desta, para que consiga elaborar a situao evitando aumentar as fantasias e ansiedade do pequeno paciente. Em alguns casos quando se procede internao de crianas muito pequenas, que pela pouca idade no tm condies para compreender a internao, deve-se tentar amenizar o sofrimento oferecendo-lhes carinho fsico. (2009, p.45). Outros autores tambm afirmam a importncia do preparo emocional do paciente. Pode-se notar essa afirmao em Ferro e Amorim (2007, p.6): necessrio preparar emocionalmente o paciente nas situaes de angustia e estresse no contato com a hospitalizao, para que seus medos e fantasias sejam amenizados. Alguns exames alm de invasivos, agressivos e dolorosos, requerem uma aparelhagem complexa que emitem sons e rudos; esses procedimentos embora no possam ser evitados, podem ser suavizados pela sensibilidade da assistncia. A assistncia humanizada no s condio tcnica, mas primeiramente solidariedade, amor e respeito pelo ser humano, uma vez que a criana em sua condio indefesa busca nos adultos apoio, carinho e compreenso.

Nessa perspectiva uma compreenso do funcionamento psquico do paciente imprescindvel, bem como o acompanhamento do psicolgico tanto da criana quanto sua famlia. E se a instituio hospitalar frequentemente se mobiliza buscando caminhos que possam lev-la ao encontro de sua humanizao, ento certamente o psiclogo ter papel decisivo nessa estruturao. (ANGERAMI, 2004, p.03). Nesse contexto, os objetivos do atendimento psicolgico segundo Dias e Baptista (2003, p.65) so:No sentido de promover o bem-estar biopsicossocial dos pacientes e seus familiares. Para tanto, procura-se trabalhar de forma integrada com os demais profissionais de sade, objetivando uma viso global do paciente dentro de um enfoque, interdisciplinar, possibilitando tambm apoio e assistncia tcnica equipe.

Desse

modo,

o

psiclogo

dever

avaliar

os

comportamentos

inadequados, alm de propor instrumentos eficazes e capazes para minimizar o sofrimento do paciente e sua famlia e possibilitando para a boa evoluo no processo hospitalar. Tambm nesse sentido, o autor abaixo explica a importncia de oferecer um ambiente receptivo e acolhedor, devendo se levar em conta a instabilidade da criana e sua famlia diante da hospitalizao, proporcionando condies para uma melhor adaptao. Lima et.al (1999, p.34) assim afirma:A hospitalizao uma experincia estressante que envolve profunda adaptao da criana s vrias mudanas que acontecem no seu dia-a-dia. Contudo, pode ser amenizada pelo fornecimento de certas condies como: presena de familiares, disponibilidade afetiva dos trabalhadores da sade, informao, atividades recreacionais, entre outras.

Como j foi dito anteriormente no capitulo 3, a internao para a criana uma experincia assustadora e que a ansiedade e o medo tornam-se constante. Ela encontra-se fragilizada, necessitando de apoio e segurana. Sendo assim, importante ressaltar o atendimento compartilhado onde a reciprocidade no cuidado criana, entre a equipe de sade e a famlia, pode favorecer uma melhor identificao das necessidades da criana possibilitando, assim, o planejamento de um cuidado mais integral, holstico e humano. (GOMES & ERDMANN, 2005, p.21).

Darbyshire (1994 apud Lima et.al 1999, p.34) salienta algumas estratgias em outros pases:Uma variedade de estratgia tem sido apontadas, principalmente na Inglaterra, mas tambm em outros pases, entre os quais se inclui o Brasil. A estratgia central parece incentivar e encorajar os pais ou responsveis a permanecerem com suas crianas durante as hospitalizaes e, mais recentemente, a participarem dos cuidados dispensados a elas.

Vrias estratgias podem ser usadas para minimizar o sofrimento da criana e seus familiares e o psiclogo extremamente importante para facilitar esse processo. A hospitalizao sendo um momento de dvidas e temores, o psiclogo poder orientar pais, crianas e profissionais de sade, criar condies para que o paciente e seus familiares reflitam sobre o significado do seu adoecer, melhorando a compreenso de ambos, facilitando seu equilbrio. Campos (1995, p.60) acrescenta dizendo:O trabalho de um profissional da sade, como agente catalizador, seria o de fazer emergirem as possibilidades e recursos de cada ser para a cura de sua doena, buscando aclarar o significado das atitudes de sua vida e compreenso de sua doena. Assim, necessrio que o psiclogo, assim como outros profissionais da sade, torne-se consciente de sua prpria responsabilidade e utiliza adequada e conjuntamente a tecnologia que possui, ao lado de sua participao pessoa.

Segundo Dias e Baptista (2003) o psiclogo poder alm de orientar os pais da criana hospitalizada, informando da importncia da participao no processo sade-doena de seu filho, a adaptao rotina da instituio, direitos e deveres, focalizando suas necessidades e reaes emocionais ocasionadas pela hospitalizao. Incentivar a famlia a ser participante, dando suporte durante a internao, objetivando a doena e o tratamento, facilitar a interao entre equipe de sade, paciente e familiar. Segundo os autores acima citados (op.cit) importante que o psiclogo faa um papel de interlocutor da famlia e ou paciente com a equipe. Junto equipe de sade o psiclogo deve orientar nas condutas mais adequadas, relativas aos aspectos psicolgicos dos pacientes e seus familiares. Auxiliar na identificao de sentimentos e comportamentos dos pacientes, visando despertar na equipe a ateno aos contedos emocionais. (2003, p.65).

Amorim, Bruscato e Lopes (2004 apud Ferro e Amorim, 2007, p.25) consideram que:a interveno psicolgica na equipe de sade deve propiciar a oportunidade de auto-reflexo sobre o papel profissional; como tambm focalizar junto equipe alguns aspectos emocionais envolvidos na tarefa assistencial aos pacientes e seus familiares. Esse servio deve formar multiplicadores de sade mental no contexto hospitalar, instrumentalizando os profissionais de sade a identificarem disfunes emocionais nos pacientes e familiares, bem como a adotarem formas de manejo mais satisfatrios na execuo de seu trabalho.

O psiclogo tambm dever intervir junto ao paciente viabilizando a participao desde no seu processo de hospitalizao e doena. Angerami (2004, p.75) salienta que [...]importante que o psiclogo tenha bem claros os limites de sua atuao, para no se tornar ele tambm mais um elemento abusivamente invasivo que agridem o processo de hospitalizao. Sendo preciso quando oferecer condies para que o paciente lide melhor ao enfrentamento de suas reaes psicolgicas, diminudo e adequando medos, ansiedades, idias irreais, dentre outros. Possibilitando atravs de materiais e instrumentos que podem ser ldicos, para melhor enfrentamento dessas questes. (DIAS e BAPTISTA, 2003). Na situao de hospitalizao pode-se dizer que a ajuda como o oferecimento de oportunidade criana para expressar seus sentimentos a respeito das suas experincias assim como a ansiedade, a hostilidade e a raiva, poder entender a forma de viver essas situaes, voltando ao seu nvel anterior do desenvolvimento psicossocial e intelectual. (SADALA; OLIVEIRA ANTONIO, 1995). Desta forma, as implicaes compartilhadas e descritas por vrios autores, relatam o sofrimento e os danos trazidos por uma hospitalizao prolongada, fazendo-se necessrio desenvolverem trabalhos que favoream a humanizao na instituio hospitalar. Sendo assim fundamental desenvolver e criar mecanismos para que ajude a criana a enfrentar a doena e o perodo de hospitalizao. (MOTTA & ENUMO, 2004). Nessa perspectiva, segundo Oliveira et.al (2009, p.308) [...]a brincadeira pode ser uma forma de enfrentamento desta situao de hospitalizao, bem como uma forma de humanizar as relaes no contexto de internao.

Reforando esse pensamento Mussa e Malerbi (2008, p.85) concordam que muitos autores tm defendido a idia de que deve-se propiciar atividades ldicas criana hospitalizada, especialmente porque ao brincar ela altera o ambiente em que se encontra e aproxima-se da sua realidade cotidiana.

4.1

Atividades ldicas enquanto estratgias de enfrentamento emocional O brincar essencial para as crianas, faz parte do seu

desenvolvimento cognitivo, motor e sua socializao. O brincar facilita o crescimento, os relacionamentos grupais, desenvolve a comunicao consigo e com o mundo externo. Assim, o brincar pode ser avaliado como uma estratgia de enfrentamento da hospitalizao infantil. (MUSSA & MALERBI, 2008). Em suma Ribeiro e Lange (2008, p.222) concordam que:Na relao entre a criana e o brincar, surge um dialogo subjetivo entre esta e o mundo. A criana estabelece relaes com o ambiente por meio da interao com objetos que lhe do prazer, representando simbolicamente nos jogos infantis suas fantasias, desejos e experincias.

Sobre esse assunto, Favarato e Gagliani (2008, p.90) dizem que o brincar imaginativo, mas, ao mesmo tempo, se relaciona com a realidade da criana. Consequentemente, na hospitalizao o brincar com finalidade teraputica, possibilita a oportunidade de reorganizao, equilbrio, diminuindo o medo e ansiedade, dando um sentido de perspectiva para a criana. Oliveira et.al (2009, p.310) acrescenta que as atividades ldicas, ao propiciarem situaes de tomadas de deciso e autonomia, transformaram o ambiente hospitalar despersonalizante em um lugar mais previsvel e controlvel para a criana. Lange e Matina (2008, p.281) destacam vrios estudos sobre o brincar e sua importncia no desenvolvimento infantil, acrescentando:Piaget buscou compreender o desenvolvimento cognitivo, Vygotsky, o desenvolvimento das funes superiores da mente. Freud, apesar de no ter elaborado uma teoria do brincar, traz a idia de que o brincar infantil se refere realizao de desejos e aquisio de controle sobre eventos traumticos e Winnicott (1975) afirma que o brincar facilita o crescimento individual, a criatividade e, portanto, a sade.

Chiattone (2009) corrobora afirmando que varias atividades ldicas podem ser usadas no ambiente hospitalar, como brinquedos variados, caixa ldica, desenho livre, jogos, dramatizao, teatrinho de fantoches, boneco paciente, msica, brinquedo dirigido, dentre outros. Manipulando os brinquedos e interagindo com eles, o paciente poder expressar seus sentimentos diante da hospitalizao e sua doena. Chiattone (2009, p.56) revela que os resultados so surpreendentes, na medida em que, enquanto brincam, as crianas conseguem exprimir seus medos, falar sobre a doena, sobre o tratamento, o hospital, a saudade da famlia, sobre a morte etc. As crianas assim passam a expressar por meio da atividade ldica, o momento em que esto vivendo, criando situaes parecidas, sentindo-se apoiadas e ouvidas na sua maneira de dizer o que estar sentindo. Ao brincar, a criana se situa no presente, passado e futuro, separando situaes traumticas, simbolizando, falando e representando contedos que a perturbam. (LANGE & MATINA, 2009, p.282). Vivenciar esse novo momento em atividades ldicas, abrindo espao e oferecendo oportunidades para que a criana verbalize e elabore seus sentimentos em torno da sua doena, de extrema importncia, pois diante desse suporte junto s crianas, possibilitara que a mesma torne mais participativa e ativa durante a sua hospitalizao. (OLIVEIRA et.al, 2009). Chiattone (2009, p.69) cita algumas atividades ldicas e sua importncia. De acordo com essa autora:Procurando fazer com que as crianas participem ativamente do processo de doena e hospitalizao, com que conheam seu corpo, localizem sua doena, expressem fantasias e ainda conheam melhor os outros pacientes internados, ns desenvolvemos uma atividade na sala de recreao denominada boneco paciente.

Nesta atividade, a criana de forma organizada entende melhor o que fazem no hospital. Nessa dinmica, elas conseguem ter noo do seu tratamento, o porqu dos medicamentos e exames, bem como a importncia destes, tornando-se assim ativas no seu processo de recuperao. (CHIATTONE, 2009).

Da mesma maneira e com o mesmo objetivo a autora acima citada (op.cit) relata outra atividade; a dramatizao. Segundo ela sendo a preferida pelas crianas, onde as mesmas podem dramatizar situaes de rotinas no hospital, como exames, cirurgias e aplicao de medicamentos. Podendo tambm, dramatizarem atendimentos mdicos ou com a equipe de enfermagem. Dramatizar o mdico ou outro membro da equipe de sade trocar de papel e vivenciar o outro lado da situao, alm de se ter a oportunidade de se colocar por inteiro no contexto dramatizado. (CHIATTONE, 2009 p.67). Essa atividade trabalha-se os medos, as emoes, podendo esclarecer dvidas e falsos conceitos. Assim, do ponto de vista de Romano (2008, p.209):Atravs da atividade ldica e do jogo, a criana forma conceitos, seleciona idias, estabelece relaes lgicas, integra percepes, faz estimativas compatveis com o seu crescimento fsico e desenvolvimento e, o que mais importante, vai se socializando. Assim, ela pode ser livre para descobrir novos significados em resposta a novas experincias, ao invs de ser conduzida a reproduzir significados criados por outros.

CONSIDERAES FINAIS A doena sempre uma pausa, uma quebra dos padres de hbitos aos quais as pessoas esto acostumadas a viver. Ela experimentada como uma fora, exigindo mudanas na sua maneira de viver, ignorando escolhas individuais. O ambiente fsico do hospital por si s uma fonte de medo e

estresse. A interveno institucional, s vezes, determina mudanas estruturais de base, mas, ainda assim a realidade institucional deve ser considerada em sua amplitude e at no determinismo de sua ocorrncia. O afastamento dos colegas e familiares a sensao de incertezas e impotncia envolve a criana numa atmosfera de angustia e medo. Ao ser hospitalizada a criana afastada do seu mundo, das suas escolhas, dos amigos e familiares. A doena, o mal-estar, o patolgico e o ambiente estranho provocam medo e angstia. Essa ruptura experimentada como difcil de suportar, causando sentimentos desagradveis, equivalentes, no plano psquico, dor fsica, podendo a dor fsica e a dor psquica converterem-se uma na outra. Esses turbilhes de sentimentos gerados pela hospitalizao e a doena faz com que tanto a criana, como sua famlia entre em desequilbrio. A pessoa hospitalizada, bem como sua famlia vive varias experincias emocionais importantes, como o medo, a ansiedade, fantasias mrbidas, impotncia e sentimentos difceis como sensao de culpa, desamparo e fragilidade, podendo muitas vezes desenvolver comportamentos agressivos e regressivos. Quando uma criana adoece sua famlia adoece junta. A famlia se v privada de suas atividades rotineiras, sendo imposta pelos limites que a doena provocou, esta desequilibra, pois perde seus pontos de referncia e sustentao. Quase sempre a famlia mostra um sentimento de culpa pela doena e hospitalizao da criana. Diante do desequilbrio e buscando seu equilbrio alguns membros da famlia podem apresentar comportamentos que antes no havia experimentados. Assim, segundo os autores pesquisados a hospitalizao infantil, o impacto da crise de sade na criana e em seus familiares muito complexo e bastante individual, porm de acordo com a pesquisa, existe um sofrimento psquico tanto da criana quanto de sua famlia, que podem ser minimizado atravs de estratgias. A atuao psicolgica no ambiente hospitalar busca minimizar o sofrimento psquico do paciente e seus familiares e suas seqelas emocionais,

buscando junto a eles uma compreenso do seu processo sade e doena. O psiclogo pode intervir junto famlia no sentido de atender as necessidades primitivas de proteo e segurana dos seus membros, acolhela, orientando em como ajudar o doente, mediando s dificuldades com o relacionamento com a equipe, buscando o equilbrio das atitudes que envolvem esse relacionamento. A interveno junto famlia visa tambm o esclarecimento das condies necessrias ao restabelecimento fsico e emocional do paciente. Como suporte, o psiclogo atua tambm junto equipe, discutindo os casos e atitudes da criana bem como sua famlia, orientando em situaes de comportamentos no aceitveis e buscando a humanizao. No tocante a interveno junto criana hospitalizada, o psiclogo pode utilizar uma abordagem ldica com finalidade teraputica. Proporcionando a criana a oportunidade de reorganizar sua vida, diminuindo ansiedade e dando um sentido de perspectiva. Alm disso, o trabalho ludoterpico facilita o desenvolvimento da criana e o entendimento da sua doena, proporcionando que a mesma traga para o real, seus medos, frustraes e fantasias em relao doena.

REFERNCIAS

ANGERAMI, V. A. Elementos institucionais bsicos para implantao do servio de psicologia no hospital. CAMON, V. A. A. Tendncias em psicologia

hospitalar. So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. ANGERAMI, V. A. Psicologia hospitalar. Passado, presente e perspectivas. ANGERAMI, V. A. (Org.); CHIATTONE, H. B. C. et.al. O doente, a psicologia e o hospital. 3. ed. atualizada. So Paulo: Cengage Learning, 2009. ANGERAMI, V. A. (Org.). A famlia e a morte da criana. ANGERAMI, V. A (Org.). E a psicologia entrou no hospital... So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. AZZI, S. G. F; ANDREOLI, P. B. de A. O cuidado da criana hospitalizada com a doena grave e sua famlia. Knobel, E. et.al Psicologia e humanizaoassistncia dos pacientes graves. So Paulo: Atheneu, 2008. BAPTISTA, M. N; BAPTISTA, A. S. D. et.al. A psicologia da sade no mundo e a pesquisa no contexto hospitalar. BAPTISTA, M. N; DIAS, R. R. Psicologia hospitalar: teoria, aplicaes e casos clnicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2003. CAMPOS, T. C. P. Psicologia hospitalar: a atuao do psiclogo em hospitais. So Paulo: EPU, 1995. CHIATTONE, H. B. C. Uma vida para o cncer. atualizada. So Paulo: Cengage Learning, 2009. DIAS, R. R; BAPTISTA, M. N. et.at. Enfermaria de pediatria: avaliao e ANGERAMI, V. A. (Org.);

CHIATTONE, H. B. C. et.al. O doente, a psicologia e o hospital. 3. ed.

interveno psicolgica. BAPTISTA, M. N; DIAS, R. R. Psicologia hospitalar: teoria, aplicaes e casos clnicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2003. DIAS, R. R; LALONI, D. T. et.al. Suporte familiar e sade: identificao de contingncias em unidades de terapia intensiva peditrica. LANGE, E. S. N (Org.). Contribuies psicologia hospitalar: desafios e paradigmas. 1 ed. So Paulo: Vetor, 2008. FAVARATO, M. E. C. S; GAGLIANI, M. L. Atuao do psiclogo em unidades infantis. ROMANO, B. W (Org.). Manual de psicologia clinica para hospitais. So Paulo: Casa do Psiclogo, 2008. FONGARO, M. L. H; SEBASTIANI, R. W. Roteiro de avaliao psicolgica

aplicada ao hospital geral. ANGERAMI, V. A (Org.). E a psicologia entrou no hospital... So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. KITAYAMA, M. M. G; BRUSCATO, W. L. Abordagem psicolgica da dor no paciente grave. KNOBEL, E. Psicologia e humanizao assistncia aos pacientes graves. 1 ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2008. LANGE, E. S. N; MATINA. E. A. B. et.al. Psicologia hospitalar e humanizao do atendimento: relato de uma interveno com profissionais de sade .LANGE, E. S. N (Org.). Contribuies psicologia hospitalar: desafios e paradigmas. 1 ed. So Paulo: Vetor, 2008. ______ Brinquedoteca hospitalar, da implantao efetivao: um sonho que se tornou realidade. LANGE, E. S. N (Org.). Contribuies psicologia hospitalar: desafios e paradigmas. 1 ed. So Paulo: Vetor, 2008. LANGE, E. S. N; SOUZA, C. L. et.al. Estgio supervisionado em psicologia hospitalar: uma experincia em traumatologia e ortopedia, com pacientes idosos internados. LANGE, E. S. N (Org.). Contribuies psicologia hospitalar: desafios e paradigmas. 1 ed. So Paulo: Vetor, 2008. LANGE, E. S. N; PENAQUIO, A. et.al. Trade familiar e fortalecimento de vnculos: reflexes acerca da preveno primria no adoecer infantil. LANGE, E. S. N (Org.). Contribuies psicologia hospitalar: desafios e paradigmas. 1 ed. So Paulo: Vetor, 2008. LIMA, L. A. Interveno precoce em neonatologia. LANGE, E. S. N (Org.). Contribuies psicologia hospitalar: desafios e paradigmas. 1 ed. So Paulo: Vetor, 2008. MELLO, A. M. Psicossomtica e pediatria. MELLO FILLHO, J. Psicossomtica hoje. Porto Alegre: Artes Mdicas Sul, 1992. NICOLETTI, E. A. Aids no contexto hospitalar. ANGERAMI, V. A. (Org.); CHIATTONE, H. B. C. et.al. O doente, a psicologia e o hospital. 3. ed. atualizada. So Paulo: Cengage Learning, 2009. OLIVEIRA, E. B. S; SOMMERMAM, R. D. G. A famlia hospitalizada. ROMANO, B. W (Org.). Manual de psicologia clinica para hospitais. So Paulo: Casa do Psiclogo, 2008.

PAULINO, F. G; FRANCO, M. H. P. Humanizao do processo assistencial: a famlia como cuidadora. KNOBEL, E. Psicologia e humanizao assistncia aos pacientes graves. 1 ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2008. PAZINATO, P. Contos de fada no hospital. LANGE, E. S. N (Org.). Contribuies psicologia hospitalar: desafios e paradigmas. 1 ed. So Paulo: Vetor, 2008. PEREZ, G. H. A unidade de emergncia. ROMANO, B. W (Org.). Manual de psicologia clinica para hospitais. So Paulo: Casa do Psiclogo, 2008. REMEN, N. R. O paciente como ser humano. So Paulo: Summus, 1993. RIBEIRO, E. A. P; LANGE, E. S. N. A psicodinmica familiar nos acidentes infantis. LANGE, E. S. N (Org.). Contribuies psicologia hospitalar: desafios e paradigmas. 1 ed. So Paulo: Vetor, 2008. RIBEIRO, E. A. P; LANGE, E. S. N. A psicodinmica familiar nos acidentes infantis. LANGE, E. S. N (Org.). Contribuies psicologia hospitalar: desafios e paradigmas. 1 ed. So Paulo: Vetor, 2008. ROCCO, R. P. Relao estudante de medicina - paciente. MELLO FILLHO, J. Psicossomtica hoje. Porto Alegre: Artes Mdicas Sul, 1992. ROMANO, B. W. O espao de brincar. ROMANO, B. W (Org.). Manual de psicologia clinica para hospitais. So Paulo: Casa do Psiclogo, 2008. ROMARO, R. A. Intervenes e psicoterapia breve no contexto hospitalar. LANGE, E. S. N (Org.). Contribuies psicologia hospitalar: desafios e paradigmas. 1 ed. So Paulo: Vetor, 2008. SANCHEZ, F. I. A. Sistema familiar de crianas com transtorno global do desenvolvimento. BAPTISTA, M. N; DIAS, R. R. Psicologia hospitalar: teoria, aplicaes e casos clnicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2003. SANTOS, C. T; SEBASTIANI, R. W. Acompanhamento psicolgico pessoa portadora de doena crnica. ANGERAMI, V. A (Org.). E a psicologia entrou no hospital... So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. SIMONETTI, A. Manual de psicologia hospitalar-o mapa da doena. So Paulo: Casa do Psiclogo, 2004.

STRAUB, R. O. Psicologia da sade. Porto Alegre: Artmed, 2005. TARDIVO, L. C. O encontro com o sofrimento psquico da pessoa enferma: o psiclogo clnico no hospital. LANGE, E. S. N (Org.). Contribuies psicologia hospitalar: desafios e paradigmas. 1 ed. So Paulo: Vetor, 2008. TESTA, M. O hospital: viso desde o leito do paciente. Revista de sade mental coletiva. Vol.1, n1. Porto Alegre, 1992. TORRES. A. O paciente em estado crtico. ROMANO, B. W (Org.). Manual de psicologia clinica para hospitais. So Paulo: Casa do Psiclogo, 2008. Sites:

BARROS, L. As conseqncias psicolgicas da hospitalizao infantil: preveno e controlo. Anlise Psicolgica, 1998, 1(XVI):11-28. Disponvel em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v16n1/v16n1a03. 20/10/2009. CREPALDI, M. A. Biotica e interdisciplinaridade: direitos de pacientes e acompanhantes na hospitalizao. Paidia, FFCLRP-USP, Ribeiro Preto, junho 1999. Disponvel em: http://www.labsfac.ufsc.br/documentos/bioetica.pdf. Acesso em: 21/04/2010. CREPALDI, M. A; VARELLA, P. B. A recepo da famlia na hospitalizao de crianas. Paidia, Ribeiro Preto, v.10, n.19, Dec.2000. Disponvel em: http://www.scielo.br/pdf/paideia/v10n19/05.pdf Acesso em: 22/04/2010. CREPALDI, M. A. Famlias de criana hospitalizadas: os efeitos da doena e da internao. Rev. Cienc. Sade, Florianpolis, v.17, n.1, jan/jun.1998. Disponvel http://www.labsfac.ufsc.br/documentos/familiasCriancasHospitalizadas.pdf Acesso em: 24/04/2010. CALVESTTI, P. U; SILVA, L. M. et.al. Psicologia da sade e criana hospitalizada. PSIC-Revista de Psicologia da Vetor Editora, v.9, n.2, p.229234, jun/dez. 2008. Disponvel em: http://pepsic.bvsem: Acesso em:

psi.org.br/pdf/psic/v9n2/v9n2a11.pdf Acesso em: 28/12/2009. FRANANI, G. M. et.al. Rev.latino-am.enfermagem. v.6. n.5, p.27-33 dezembro. 1998. Disponvel em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v6n5/13857.pdf Acesso em: 04/02/2009. FERRO, F. O; AMORIN, V. C. O. As emoes emergentes na hospitalizao infantil. Revista cientifica de psicologia. Macio, junho, 2007, ano1, n.1. Disponvel em: http://www.pesquisapsicologica.pro.br/pub01/fabricya.htm Acesso em: 30/03/2010. FONSECA, M. T. A. O papel do psiclogo peditrico. Disponvel em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v16n1/v16n1a21.pdf 16/03/2010 GUARESCHI, A. P. D. F.; MARTINS, L. M. M. Relacionamento multiprofissional X criana X acompanhante: desafio para a equipe. Rev.Esc.Enf.USP. v.31, n.3, p.423-36, dez, 1997. Disponvel em: http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/pdf/389.pdf Acesso em: 12/02/2010. GIL, A. C. Funes psquicas, suas alteraes e a dinmica do sujeito em processo de hospitalizao. Palhoa, 2006. Disponvel em: http://inf.unisul.br/~psicologia/wp-content/uploads/2008/07/AlineCostaGil.pdf Acesso em: 05/06/2009. GOMES, G. C; ERDMANN, A.L. O cuidado compartilhado entre a famlia e a enfermagem criana no hospital Rev. Gacha enferm, Porto Alegre (RS) 2005 abril; 26(1):20-30. Disponvel em: http://seer.ufrgs.br/index.php/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/4537/2 467 Acesso em: 05/04/2010. LEPRI, P. M. F. A criana e a doena: da fantasia realidade. Rev. SBPH v.11 n.2 Rio de Janeiro dez. 2008 Disponvel em: http://pepsic.bvspsi.org.br/pdf/rsbph/v11n2/v11n2a03.pdf Acesso em: 13/09/2009. Acesso em

LIMA, R. A. G. de; ROCHA, S. M. M. et.al. Assistncia criana hospitalizada: reflexes acerca da participao dos pais. Rev.latino-am. EnfermagemRibeiro preto. V.7, n.2, p.33-30. abril, 1999. Disponvel em:

http://www.scielo.br/pdf/rlae/v7n2/13459.pdf Acesso em: 05/05/2010. LUSTOSA, M. A. A famlia do paciente internado. Rev. SBPH v.10 n.1 Rio de Janeiro jun. 2007 Disponvel em: http://pepsic.bvspsi.org.br/pdf/rsbph/v10n1/v10n1a02.pdf Acesso em: 06/04/2009. MEDEIROS, D; PINTO JUNIOR, A. A. Um estudo sobre a estruturao egica de profissionais hospitalares por meio do questionrio desiderativo. Rev. SBPH. jun. 2006, vol.9, no.1 [citado 16 Maro 2010], p.91-99. Disponvel em: http://pepsic.bvs-psi.org.br/pdf/rsbph/v9n1/v9n1a08.pdf 03/05/2010. MILANESI, K; COLLET, N; et.al. Sofrimento psquico da famlia de crianas hospitalizadas. Rev. bras. enferm. 2006, vol.59, n.6, p. 769-774. ISSN 00347167. Disponvel em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v59n6/a09.pdf Acesso em: 24/03/2010 MOTTA, A. B; ENUMO, S. R. F. Brincar no hospital: estratgia de enfrentamento da hospitalizao infantil. Psicologia em estudo, Maring, v.9. n.1, p.19-28, 2004. Disponvel em: http://www.scielo.br/pdf/pe/v9n1/v9n1a04.pdf Acesso em: 04/02/2010. MOLINARI, J. S. de. O. Sade e desenvolvimento da criana: a famlia, os fatores de risco e as aes na ateno bsica. Psicologia argumento, Curitiba, v.23, n.43 p17-26, out./dez.2005. Disponvel em: http://www.nescon.medicina.ufmg.br/ceabsf/ambiente/modules/biblio_virtual/be ad/imagem/0027.pdf Acesso em: 24/04/2010. MUSSA, C; MALERBI, F. E. K. O impacto da atividade ldica sobre o bemestar de crianas hospitalizadas. Psicologia: teoria e pratica, 2008, 10(2):8393. Disponvel em: http://pepsic.bvs-psi.org.br/pdf/ptp/v10n2/v10n2a07.pdf Acesso em: 12/05/2010. OLIVEIRA, B. R. G; COLLET, N. Criana hospitalizada: percepo das mes sobre o vnculo afetivo criana- famlia. Rev. latino-am. Enfermagem. Ribeiro Preto. v.7, n.5, p.95-102. dezembro, 1999. Disponvel em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v7n5/13509.pdf Acesso em: 10/10/2009. OLIVEIRA, G. F; DANTAS, F. D. C; et.al. O impacto da hospitalizao em Acesso em:

crianas de 1 a 5 anos de idade. So Paulo, 2005. Disponvel em: http://pepsic.bvs-psi.org.br/pdf/rsbph/v7n2/v7n2a05.pdf 11/09/2009. OLIVEIRA, de. H. A enfermidade sob o olhar da criana hospitalizada Cad. Sade Pbl. Rio de janeiro, 9(3):326-332, jul./sep, 1993. Disponvel em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v9n3/20.pdf Acesso em 01/05/2010. OLIVEIRA, L. D. B; GABARRA, L. M; MARCON, C. et.al. A brinquedoteca hospitalar como fator de promoo no desenvolvimento infantil: relato de experincia. Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. psi.org.br/pdf/rbcdh/v19n2/11.pdf Acesso em: 26/03/2010 PARCIANELLO, A. T; FELIN, R. B. E agora doutor, onde vou brincar? consideraes sobre a hospitalizao infantil. Barbari. Santa Cruz do Sul, n.28, em: 05/03/2010. PEDROLO, F. T; ZAGO, M. M. F. O enfrentamento dos familiares imagem corporal alterada do laringectomizado. Revista brasileira de cancerologia, 2002, 48(1): 49-56. Disponvel em: http://www.inca.gov.br/rbc/n_48/v01/pdf/artigo4.pdf Acesso em 01/05/2010. PESSINI, L. Humanizao da dor e sofrimento humanos no contexto hospitalar. Biotica 2002. vol.10, n.2. Disponvel em: http://www.ufpel.tche.br/medicina/bioetica/Humanizacao%20da%20dor.pdf Acesso em: 28/04/2010. PINTO, F. E. M. Psicologia hospitalar: breves incurses temticas para uma (melhor) pratica profissional. (So Paulo). Disponvel em: http://pepsic.bvspsi.org.br/pdf/rsbph/v7n2/v7n2a02.pdf Acesso em: 13/09/2009. RIBEIRO, C. R; PINTO JUNIOR, A. A. A representao social da criana hospitalizada: um estudo por meio do procedimento de desenho- estria com tema. Rev. SBPH v.12, n.1 Rio de Janeiro jun. 2009 Disponvel em: http://pepsic.bvs-psi.org.br/pdf/rsbph/v12n1/v12n1a04.pdfAcesso em: 08/ 09/ jan./jun.2008. Disponvel em: Acesso http://online.unisc.br/seer/index.php/barbaroi/article/viewFile/356/584 ago. 2009, vol.19, no.2 [citado 16 Maro 2010], p.306-312. Disponvel em: http://pepsic.bvsAcesso em:

2009. SABATES, A. L; BORBA, R. I. H. As informaes recebidas pelos pais durante a hospitalizao do filho. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2005, vol.13, n.6, p.968-973.ISSN0104-1169. Disponvel em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v13n6/v13n6a08.pdf Acesso em: 30/03/2010. SADALA, M. L. A; ANTONIO, A. L. de O. Interagindo com a criana hospitalizada: utilizao de tcnicas e medidas teraputicas. Rev. Latino-am. Enfermagem. Ribeiro Preto- v.3, n.2, p.93-106, julho,1995. SANTOS, B. C. et.al. Uma anlise das conseqncias de atividades ldicas no desenvolvimento biopsicossocial de crianas hospitalizadas. Belm, 2002. CIAS.pdf Acesso em: 05/01/2010. SCHMITZ, S. M. et.al. A criana hospitalizada, a cirurgia e o brinquedo teraputico: uma reflexo para a enfermagem. Cincias, cuidado e sade. Maring, v.2, n.1, p.67-73, jan./jun. 2003. Disponvel em: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/5570/3 542 Acesso em: 10/04/2010. SEITZ, E. M. Biblioterapia: uma experincia com pacientes internados em clinicas medicas. Revista ACB: Florianpolis, em:14/08/2009. SIQUEIRA NETO, A. C. de. O brincar no desenvolvimento infantil. Disponvel em: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp? entrID=380 Acesso em:27/04/2010 SOARES, M. da. S; SANTAROSA, L. M. C. Buscando melhor qualidade vida para crianas hospitalizadas atravs de ambientes digitais virtuais. Disponvel em: http://www.niee.ufrgs.br/eventos/CIIEE/2007/pdf/CP305%20Artigo%20Marlene%20Soares%20e%20Lucila%20Santarosa.pdf Acesso em:07/05/2010 v.11, n.1, Biblioteconomia em Santa Catarina, jan./jul.,2006. Disponvel em: Acesso p.155-170, Disponvel em: http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/monografias/ANALISE_CONSEQUEN

http://dici.ibict.br/archive/00000919/01/ETD-2005-52%5B1%5D.pdf

SOARES, V. V; VIEIRA, L. J. E. S. Percepo de crianas hospitalizadas sobre realizao de exames. Disponvel 30/03/2010. STASSUN, C. C. S; RADTKE, F. M. Investigao dos impactos da relao da equipe de sade perante a famlia no processo de hospitalizao e morte de uma criana na UTI peditrica e neonatal do hospital regional alto vale. Revista Caminhos, Rio do Sul, v.7, n.1, p.111-135, jul./dez. 2006. Disponvel em: http://www.unidavi.edu.br/PESQUISA/revista/material_publico/7ed/Franciane_R adtke_E_Cristian_Cae.pdf Acesso em: 23/02/2010. URBINI, M. P. O servio de psicologia hospitalar visto por familiares de pacientes internados em UTI neo-peditrica. So Paulo, 2007 Disponvel em: http://www.psicocare.net/psicologia/arquivos/monografia_sepaco.doc psicocare. net Acesso em: 09/10/2009. ZARDO, S. P; FREITAS, S. N. Consideraes acerca da educao na transio paradigmtica: a condio humana da criana hospitalizada. (Santa Maria, RS, 2004). Disponvel em: http://www.ufsm.br/gpforma/2senafe/PDF/001e5.pdf Acesso em 20/04/2010. em: Rev. Esc. Enferm- USP, 38(3):298-306. , 2004. em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v38n3/08.pdf Acesso