2011-04-14 - festas de nossa senhora da boa viagem - constÂncia

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Este ano vão ser 80 as embarcações engalanadas que chegam ao cais no feriado municipal A inauguração das Festas do Concelho faz-se no sábado, 23 de Abril, pelas 15h00 junto ao monumento a Camões, ocasião que marca a abertura da mostra de artesanato e das exposições ACASO. Este ano o feriado municipal de Constância coincide com o 25 de Abril sendo esperadas 50 mil pessoas foto arquivo O MIRANTE

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14 Abril 2011 | O MIRANTE38 | FESTAS DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM - CONSTÂNCIA

foto arquivo O MIRANTE

Está tudo a postos para mais uma edi-ção das Festas do Concelho em Constân-cia que este ano decorrem entre 23 e 25 de Abril. Não passou despercebido à or-ganização o facto do feriado municipal (segunda-feira seguinte ao domingo de Páscoa) coincidir este ano com o Dia da Liberdade mas a autarquia espera que as pessoas aproveitem esta coincidên-cia para visitar a vila camoniana e ver o espectáculo de cor que vai encher os rios Tejo e Zêzere, com a chegada das

embarcações engalanadas a Constância. A inauguração das Festas do Concelho

faz-se no sábado, 23 de Abril, pelas 15h00 junto ao monumento a Camões, ocasião que marca a abertura da mostra de arte-sanato e das exposições. O programa foi apresentado no Tapas Bar em Constân-cia, na tarde de quinta-feira, 7 de Abril, pela vice-presidente da autarquia, Júlia Amorim (CDU). “Festas são sinónimo de alegria mas anunciar as festas no dia seguinte ao primeiro-ministro solicitar

Manuel João Vieira actua a 24 de Abril

O programa de animação musical arranca no sábado, 23 de Abril, pelas 18h00, com um espectáculo de música popular, no palco do Pelourinho, pelo grupo de cantares da Casa do Povo de Montalvo e pelo Grupo Cultural Emo-ções de Malpique. À noite, pelas 22h00, actua o grupo “The Kaviar”, no Palco Camões, e pelas 23h30 tem lugar o es-pectáculo Grupo Red no Palco do Pe-lourinho.

No domingo, 24 de Abril, tem lugar uma tarde de folclore a partir das 16h00 no Palco do Pelourinho. Actuam o Ran-cho Folclórico “Os Camponeses” de Mal-pique, o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Ponte de Sor, o Grupo Típico “O Cancioneiro” de Castelo Branco e o Rancho Folclórico do Cartaxo. Mas

o destaque, nesta tarde, vai para o es-pectáculo Fados do Lello Perdido, no Palco do Rio, pelo irreverente Manuel João Vieira. Pelas 22h00 tem lugar o espectáculo “Projecto Amar” no Palco Camões e pelas 23h30 um espectácu-lo que visa prestar um tributo às vozes da liberdade pelo grupo “Oppoente”. A animação musical termina nesse dia com o espectáculo com o grupo “Declí-nius” que actua a partir da meia-noite no palco do Rio.

Na segunda-feira, 25 de Abril, des-taque para a realização do espectácu-lo “Baile Popular” no Palco Camões, a partir das 22h00. Este ano para além dos dois palcos habituais, há mais um onde se desenvolve a actividade “Tejo Radi-cal”: o palco do Rio, direccionado para o público jovem. Neste âmbito, estão previstos passeios fluviais e uma parede de escalada vai estar montada durante os três dias no parque de Merendas.

Constância prepara-se para as Festas de Nossa Senhora da Boa ViagemEste ano vão ser 80 as embarcações engalanadas que chegam ao cais no feriado municipal

ACASO. Este ano o feriado municipal de Constância coincide com o 25 de Abril sendo esperadas 50 mil pessoas

ajuda externa deixa-nos algo preocupa-dos e tristes”, começou por dizer a autar-ca, justificando que a realização destas festas só é possível, numa altura em que tanto se fala de austeridade porque tem sido feito um planeamento das mesmas.

“Orgulhamo-nos muito de pertencer-mos a um concelho pequeno, que tem

gente boa e de fazermos um trabalho com planeamento. Não gastamos acima das nossas possibilidades o que nos permite dizer que a Câmara de Constância está de boa saúde financeiramente. Aliás, es-tas festas nunca foram excessivamente caras para o retorno que recebemos”, disse Júlia Amorim, revelando que o or-çamento total ronda os cem mil euros.

Este ano vão ser 80 as embarcações engalanadas que chegam ao cais de Cons-tância pelas 13h00 do dia 25 de Abril, fe-riado municipal e, por coincidência, na-cional. “Não sabemos se esta influência vai ser positiva ou negativa mas espera-mos cinquenta mil pessoas”, disse a ve-readora Manuela Arsénio, confiante na adesão do público aos festejos salientan-do a qualidade dos mesmos a nível cul-tural e desportivo. Após a chegada das embarcações ao cais (momento que de-ve contar com a presença do secretário de Estado da Administração Local, José Junqueiro) seguem-se as cerimónias re-ligiosas como a missa solene na Igreja Matriz, a procissão em louvor de Nossa Sra. da Boa Viagem e a bênção dos bar-cos nos rios Tejo e Zêzere.

Paralelamente às festas e numa pers-pectiva de abrangência, decorrem outras actividades descentralizadas como a Mos-tra Nacional de Artesanato, exposições, concurso de fotografia e um programa desportivo onde se destaca a realização de actividades radicais, da XXIV Descida dos Três Castelos, organizada pelo Clu-be de Lazer, Aventura e Competição – CLAC, a 22 e 23 Abril.

A inauguração das Festas do Concelho faz-se no sábado, 23 de Abril, pelas 15h00 junto ao monumento a Camões, ocasião que marca a abertura da mostra de artesanato e das exposições

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O MIRANTE | 14 Abril 2011 FESTAS DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM - CONSTÂNCIA | 39 foto O MIRANTE

“A música foi uma das melhores invenções do homem. É uma linguagem universal que foi criada só para dispor bem”, acredita quem canta até na hora de ir dormir.

Elsa Ribeiro Gonçalves

Foi baptizada como Maria Cesalti-na Ferreira mas é por Tina Jofre que to-dos a conhecem. Nasceu em Constância há 63 anos, terra que ama e canta. “Nasci mesmo na confluência do Zêzere com o Tejo porque os meus pais tinham uma casa junto ao rio, onde hoje existe uma esplanada”, conta num tom sempre pia-ninho. Ali estudou e viveu até se casar

(Jofre é o apelido do marido), passando depois a viver em Angola. Acabou por regressar à terra que ama e que também canta, já que também escreve algumas das letras dos seus fados.

A música surgiu na vida de Cesaltina Jofre (como prefere ser chamada) muito cedo. “Os avós e pais da apresentadora Serenella Andrade moravam em Cons-tância para onde vinham no Verão. Os meus padrinhos faziam teatro amador e punham-me a cantar, de pequena, na eira deles”, recorda. Mais tarde, com 14 anos, começou a tocar acordeão, instru-mento que aprendeu em aulas particula-res que recebeu em casa e mais tarde no Conservatório de Música de Tomar. “Os meus pais e os meus tios tocavam numa banda e o meu irmão mais velho ofere-

“Barquinha Saudosa” O grupo de música popular “Bar-

quinha Saudosa” pertencente ao Clube União e Recreios da Moita do Norte, Vila Nova da Barquinha, surgiu há 12 anos por iniciativa de Cesaltina Jofre. É composto por pessoas que gostam de cantar e tocar e que, por estarem

reformadas, têm tempo livre para o fazer. “Actuamos em Festas de Natal, damos espectáculos e fazemos muitas visitas a lares, o que é muito interes-sante”, conta. Ensaiam duas vezes por semana e estão sempre prontos para animar uma festa. “Não gosto de estar parada. Até na cama estou a cantar”, completa Tina Jofre.

Cesaltina Jofre nasceu em Constância e canta o fado há cinquenta anosCom alma de artista também escreve as letras dos fados que já cantou um pouco por todo o país

MÚSICA. Cesaltina Jofre junto a um quadro que lhe foi oferecido e retrata o que foram os últimos cinquenta anos da sua vida

ceu-me um acordeão de brincar. Nun-ca mais parei”, conta. Começa a cantar o fado já adulta, na cidade do Luso em Angola, para onde foi viver em 1970 já depois de casar.

Numa tertúlia de amigos, conheceu um grupo que tocava viola e cantava o fado e que era integrado por Carlos Ve-

lez, controlador da Força Aérea e que considera um dos melhores viola de fados português. “Foi ele que me pôs, tecnicamente, a cantar os tons e os pri-meiros fados”, conta, revelando que até aí nunca tinha cantado “porque o fado nasce com a saudade e com os sentimen-tos da pessoa”.

Voltou a Constância em 1972 com es-ta faceta musical mais entranhada que nunca. Primeiro cantava nas festas e ter-túlias de amigos e só mais tarde em festas populares e espectáculos de variedades. “Com o 25 de Abril foi complicado por-que acabou-se o fado. Diziam que era do fascismo. Mas eu, nesta terra, sempre ti-ve liberdade”, conta.

Com alma de artista, Cesaltina Jofre também escreve as letras dos fados que já cantou um pouco por todo o país e até no estrangeiro, cantando há 50 anos nu-ma perspectiva sempre amadora embo-ra confesse que ganhou muito dinheiro a tocar acordeão. Actuava em festas de bombeiros, de misericórdias, festas popu-lares, homenagens e outras cerimónias. “Não parava, era muito solicitada. Corri o país todo e fui capa de muitos jornais”, recorda, mostrando o portfólio de recor-tes de jornais e também dos espectácu-los em que participou. Em Constância também já actuou por diversas vezes, embora nunca a convite da autarquia.

O que Cesaltina Jofre talvez lamente mais, embora sem mágoa, foi ter vivido numa época em que o fado não era valo-rizado considerando, por isso, que uma carreira profissional lhe tenha passado ao lado por questões políticas e, depois, de idade. “As fadistas que hoje estão em voga, Cristina Branco, Teresa Tapadas, apanharam uma fase boa do fado. A mi-nha época já passou”, diz. Mesmo assim não termina a entrevista sem elevar a sua voz para cantar: “Constância, linda princesa/presa por tão grande encanto/cheia de graça e beleza/ és tão linda e eu te quero tanto… tanto”.