1985 tecn/cas de' mÉtodos de aplicaÇÃo de herbicidas · controle de plantas daninhas,...

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Controle de Plantas Daninhas , TECN/CAS DE' - APL/CACAO I TERRESTRE DE HERB/C/DAS João Baptista da Silva 1/ Estados Unidos, onde os aplicadores de herbicidas são treinados e licenciados, a aplicação imprópria de herbicidas repre- senta para os produtores um perjuizo financeiro anual da ordem de US$30 milhões. O presente trabalho dá aos produtores rurais uma sintese de tudo que é indispensável conhecer sobre os métodos de aplicação terrestre de herbi- cidas, e o funcionamento e calibragem dos aspersores (pulverizadores). Procu- ra-se com isso melhorar a eficiência das aplicações de herbicidas nas diversas cir- custâncias em que elas são feitas, e, des- sa maneira, diminuir os prejuizos veri- ficados. ( INTR0DUÇÀ0::J O conhecimento dos equipameritos métodos usados na aplicação terrestre =de herbicidas permite ao usuário a esco- lha do melhor equipamento e do méto- do mais viável para a aplicação do pro- duto escolhido. O desconhecimento de algumas noções básicas de aplicação ter- restre de herbicidas tem ocasionado erros e inúmeros problemas de natureza técnica, econômica e ambiental. Nos li Eng<? Agr<?, Ph.D, Pcsquisador/EMBRAPA/CNPMS - Caixa Postal 151 - 37.500 - Sete Lagoas-MG 24 SIL, J.8. 1985 MÉTODOS DE APLICAÇÃO DE HERBICIDAS Com exceção dos produtos granula- dos, os herbicidas são aplicados na for- ma de aspersão ou pulverização que é basicamente o fracionamento de um lí- quido em gotículas e a sua distribuição de uma forma homogênea sobre o alvo que se quer atingir. Com relação' ao alvo, as aplicações terrestres de herbici- das podem ser separadas em dois grupos: PRÉ-EMERGENTES A pulverização é realizada sobre o solo nu, antes da emergência das plantas daninhas, e, geralmente, antes da emer- gência da própria cultura. PÓS-EMERGENTES A pulverização é feita sobre as fo- lhas das plantas daninhas. Como alvo biológico são aplantas daninhas emergi- das, os produtos aqui usados podem até mesmo não apresentar ação residual, fi- cando desativados ao contato com o solo. As aplicações pré-emergentes de herbicidas podem ainda ser subdivididas em dois tipos: pré-plantio incorporado e pré-emergência propriamente dita. Nas aplicações de pré-plantío incor- porado, o alvo é o solo, mas os herbiçi- das são misturados com a terra, através de uma operação mecânica junto com a pulverização, visando proteger o produ- to contra perdas por volatilidade e ou fotodecornposição ou colocá-Io em uma melhor posição no solo para sua ação. O melhor exemplo de incorporação de herbicida ao solo, visando a proteção contra perdas por volatilidade, é a apli- cação de herbicidas do grupo dos tio- carbarnatos e tiadiazinas (vernolate, bu- tylate, EPTC etc), que são muito volá- teis e se perdem na atmosfera se pulve- rizados e deixados na superfície do soldo Neste caso, a pulverização deve ser feita em solo seco e a incorporação deve ser feita concomitantemente ou imediata- mente após. Alguns herbicidas do grupo I 1 .j l I Informe Agropecuário, Belo Horizonte, !!(127) julho de 1985

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Controle de Plantas Daninhas

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TECN/CAS DE'-APL/CACAOI

TERRESTREDE HERB/C/DAS

João Baptista da Silva 1/ Estados Unidos, onde os aplicadores deherbicidas são treinados e licenciados, aaplicação imprópria de herbicidas repre-senta para os produtores um perjuizofinanceiro anual da ordem de US$30milhões. O presente trabalho dá aosprodutores rurais uma sintese de tudoque é indispensável conhecer sobre osmétodos de aplicação terrestre de herbi-cidas, e o funcionamento e calibragemdos aspersores (pulverizadores). Procu-ra-se com isso melhorar a eficiência dasaplicações de herbicidas nas diversas cir-custâncias em que elas são feitas, e, des-sa maneira, diminuir os prejuizos veri-ficados.

( INTR0DUÇÀ0::JO conhecimento dos equipameritos

métodos usados na aplicação terrestre=de herbicidas permite ao usuário a esco-

lha do melhor equipamento e do méto-do mais viável para a aplicação do pro-duto escolhido. O desconhecimento dealgumas noções básicas de aplicação ter-restre de herbicidas tem ocasionadoerros e inúmeros problemas de naturezatécnica, econômica e ambiental. Nos

li Eng<? Agr<?, Ph.D, Pcsquisador/EMBRAPA/CNPMS - Caixa Postal 151 - 37.500 - Sete Lagoas-MG

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SIL, J.8.1985

MÉTODOS DE APLICAÇÃODE HERBICIDAS

Com exceção dos produtos granula-dos, os herbicidas são aplicados na for-ma de aspersão ou pulverização que ébasicamente o fracionamento de um lí-quido em gotículas e a sua distribuiçãode uma forma homogênea sobre o alvoque se quer atingir. Com relação' aoalvo, as aplicações terrestres de herbici-das podem ser separadas em dois grupos:

PRÉ-EMERGENTES

A pulverização é realizada sobre osolo nu, antes da emergência das plantasdaninhas, e, geralmente, antes da emer-gência da própria cultura.

PÓS-EMERGENTES

A pulverização é feita sobre as fo-lhas das plantas daninhas. Como alvobiológico são aplantas daninhas emergi-das, os produtos aqui usados podem atémesmo não apresentar ação residual, fi-cando desativados ao contato com osolo.

As aplicações pré-emergentes deherbicidas podem ainda ser subdivididasem dois tipos: pré-plantio incorporadoe pré-emergência propriamente dita.

Nas aplicações de pré-plantío incor-porado, o alvo é o solo, mas os herbiçi-das são misturados com a terra, atravésde uma operação mecânica junto com apulverização, visando proteger o produ-to contra perdas por volatilidade e oufotodecornposição ou colocá-Io em umamelhor posição no solo para sua ação.O melhor exemplo de incorporação deherbicida ao solo, visando a proteçãocontra perdas por volatilidade, é a apli-cação de herbicidas do grupo dos tio-carbarnatos e tiadiazinas (vernolate, bu-tylate, EPTC etc), que são muito volá-teis e se perdem na atmosfera se pulve-rizados e deixados na superfície do soldoNeste caso, a pulverização deve ser feitaem solo seco e a incorporação deve serfeita concomitantemente ou imediata-mente após. Alguns herbicidas do grupo

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lI

Informe Agropecuário, Belo Horizonte, !!(127) julho de 1985

Controle de Plantas Daninhas

das dinitroanilinas e derivados do dinl-trobenzeno (trifluralin, orizalin, pendi-methalin etc), têm muita dificuldadepara movimentar-se no solo. Como aação deles depende de uma colocaçãoabaixo da superfície do solo, onde as se-mentes das plantas daninhas emitem aradícula do embrião, a incorporaçãoé um processo mecânico complementarde colocação do produto. A incorpora-ção no caso de dinitroanilinas, princi-palmente o herbicida trifluralin, protegetambém o produto contra perdas porfotodecomposição, já que esses herbici-das são passíveis de decomposição pe-los raios ultravioletas da luz solar.

Sem chuvas, nem umidade

Com umidade ou ehuva normal

• • •Aplicação Geral

1\ 1\ A 1J 6• •

Aplicação em Faixa• • •

, Fig. 2 - Pré-emergência - métodos de aplicação para plantio.

Em solos arenosos, chuvastorrenciais tendem a arrastar o herbicida

para as camadas inferiores do solo, fora da zonade germinação das infestantes, e na zona

radicular da cultura.

Fig. 1 - Capacidade de lixiviação do herbicidade acordo com a umidade do solo.

dida em dois tipos: pulverizações antesdo plantio e pulverizações pós-emergen-tes propriamente ditas. No primeirotipo, os casos mais freqüentes estão rela-cionados com o sistema de plantio dire-to onde as pulverização de pré-plantiode superfície (PPS) têm a finalidade desubstituir o preparo do solo. As aplica-ções pós-emergentes propriamen te ditassão aquelas em que o herbicida é aplica-do sobre as folhas das plantas daninhasatingindo ou não a cultura presente.São muito freqüentes aqui os casos depulverizações pós-emergência dirigidasnas entrelinhas de culturas como o mi-lho e outras (Fig. 3).

A aplicação de pré-emergência pro-priamente dita é aquela onde o herbici-da é espalhado uniformemente sobre asuperfície do solo e, por seus própriosmeios, desce no perfil do solo e se colo-ca na zona de ação. Esses produtos têm ~uma maior ou menor capacidade de líxi- . .viação e dependem da umidade do solopara seu movimento e ativação (Fig. 1).Podem-se incluir neste tipo de aplica-ções de pós-emergência precoce ondeas plantas daninhas recém-emergidassão pulverizadas com produtos que têmação sobre elas mas também sobre asque ainda não emergiram. A aplicaçãopré-emergen te de herbicida pode serfeita na área total ou em faixas, acompa-nhando a linha de plantio (Fig. 2).

As aplicações pós-emergentes de Fig. 3 - Pós-emergência - métodos de aplicaçãoherbicidas podem ser também subdivi-

Informe Agropecuário, Belo Horizonte,!! (127) julho de 1985 25

Controle de Planas Daninhas

FUNCIONAMENTO DOS'PULVERIZADORES·

A pulverização ou, mais propriamen-te, aspersão de herbicidas é feita comequipamentos de muitos tipos e mode-los, denominados pulverizadores (asper-sores). O tipo de pulverizador, a capaci-dade e a fonte de potência são fatoresque dependem muito das dimensões daárea a ser pulverizada, do tempo dispo-nível para as pulverizações, do tipo deaplicação, da topografia e solo, da dispo-nibilidade ou não de tratores, da organi-zação da propriedade e do próprio po-

der aquisitivo do agricultor. Os pulveri-zadores de herbicida mais comuns, en-tretanto, são o pulverizador costal e ostratorizados, mais conhecidos como pul-verizadores de barra. São também usa-dos outros pulverizadores menos co-muns, entre eles, os pulverizadores detração animal.

Alavanca de opcraçio

Agitador

Tanque

PULVERIZADOR COSTA L

O pulverizador costal manual temtido sua utilidade para a pulverização deherbicida em áreas pequenas, em faixa epulverização dirigida nas entrelinhas. Otipo de tanque mais comum é o de po-lietileno, com capacidade para 20 Q. O

/ Mangueira

//' __ -- Tubo de eltten~"

_---Bico

mecanismo de pressão é composto de ci-lindro, pistão, válvula e câmara de com-opensação. Geralmente os pulverizadorescostais manuais possuem formato anatõ-mico e o mecanismo de pressão garanteuma pressão constante com menor bom-beamento (Fig. 4).

Dependendo da pulverização que sevai fazer, os pulverizadores costais ma-nuais podem ser equipados com diferen-tes tipos de bico e acessórios. Para a pul-verização de herbicidas podem ser usa-dos bicos de jato em leque (Quadro 1)ou bicos d••impacto ou defletores (Qua-·dro 2). Pode ser usada uma barra equi-pada com dois bicos distanciados de50 em, para a pulverização em área to-tal; pode ser usado um bico de jato emleque uniforme (Teejet 80.03 E, porexemplo) para pulverização em faixa so-bre a linha de plantio; ou ainda, um pro-tetor tipo chapéu para a pulverização di-rigida nas entrelinhas de culturas anuais,cafezais e pomares.

O rendimento de um pulverizadorcostal manual depende muito do traba-lhador que o opera, da distância da fon-te de agua e da 'topografia do terreno.Pode-se, entretanto, considerar que, emmédia, um trabalhador pode pulverizarum ha/dia, se equipado com a barra dedois bicos. Com um bico, '"amédia caipara 0,5 ha (área total) ou permaneceem torno de 1 ha plantada (pulverizaçãoem faixa). A vazão varia com o passo dooperador mas, em média, os pulveriza-dores costais manuais apresentam umavazão em torno de 400 Q/ha. Para cobrirum hectare, o trabalhador desloca o pul-verizador numa passada de aproximada-mente 3600 m/horas, caminha 20 km(um bico) ou 10 km (2 bicos) e esgotade 17 a 22 pulverizadores de 20 litros.Deve-se dar preferência por bicos demenor vazão (Teejet 80.03 ou Albuzjacto APG 110 R), para que o trabalha-dor não tenha que transportar tantaágua (Fig. 5).

PULVERIZADORESTRATORIZADOS DE BARRA

Pulverizadores de barra são asperso-res sem ventilação, onde as gotículasformadas nos bicos hidráulicos depen-dem do seu próprio impulso para deslo-carem-se até o alvo. A capacidade dotanque defrne se o pulverizador de barra

lnforme Agropecuário, Belo Horizonte, !!. (127) julho de 1985

Fig.4 - Pulverizador. costal (bomba de pistão).Fonte: Saad (s.d.l.

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jf! .~! Controle de Plantas Daninhas

I

I;

I'QUADRO 1 - Bicos Hidráulicos Tipo Leque (50 em de Espaçamcnto na Barra).

Pressão VazãoVelocidade do Trator (km/h)

Teejetdo Líquido do Bico 3 4 5 6

Série 80 Série 110 kgfcm2. p.s.i. mQ;min. Vazão do Pulverizador (Qfha)

1,4 20 530 212 159 127 106. 8002 11002 2,1 30 643 257 193 154 129

2,8 40 757 303 227 182 151

1,4 20 795 318 239 191 1598003 11003 2,1 30 984 394 295 136 197

2,8 40 1.136 454 341 273 227

1,4 20 1.060 424 318 254 2128004 11004 2,1 30 1.325 530 398 318 265

2,8 40 1.514 606 454 363 303

1,4 20 1.590 636 477 3[2 3188006 11006 2,1 30 1.968 787 590 472 394

2,8 40 2.271 908 681 545 454

Pressão VazãoVelocidade do Trator (krn/h)

Albuz Jactodo Líquido do Bico 3 4 5 6

BicoReferência

kgfcm2 mQfmin. Vazão do Pulverizador (Qfha)Cor p.s.i

Amarelo2,1 30 495 200 150 120 100

APG 110 J 3,2 45 605 240 180 145 120(jaune) 4,2 60 700 280 210 170 140

Laranja2,1 30 700 280 210 110 140

APG 110 O 3,2 45 855 340 ~60 205 . 170(orange) 4,2 60 990 395 295 240 200

" 2,1 30 990 395 295 240 200APG 100 R Vermelho 3,2 45 1.210 485 365 290 240

(rouge) 4,2 60 1.400 560 420 335 280

Verde2,1 30 1.400 560 420 335 280

APe 110V 3,2 45 1.710 685 515 410 340(vert) .4,2 60 1.980 790 595 475 395 ..I

~-lBico de Deflexão

4125

Bico Leque465,80,95, 110

Bico Leque Even465,80,95, 110

Bico Leque O.C.Jato Lateral

Fig. 5 - Tipos de bicos para aplicação de herbicidas.

Informe Agropecuário, Belo Horizonte, !!(127) julho de 1985

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QUADRO 2 - Bicos de Impacto ou TipoDeflector (floodjett).

Pressão Re- VazãoBico Referên- comendada do Bico

cia • mQfmin.kgfcm2 p.s.i.

E- amarelo 1,1 15 680tJJ•.....• verde 1,1 15 900:J azul 1,1 15 1630OQ., vermelho 1,1 15 2475

TK .50 2,1 39 3032,8 40 379

Tl(,1 2,1 30 6432,8 40 757

~ 2,1 30 984E- TK 1.5.~ 2,8 40 1136•...'C1) 2,1 30 1325ti) TK 2E- 2,8 40 1514tJJ•.....• 2,1 30 1628tJJ TK 2.5tJJ 2,8 40 1893E-

TK3 2,1 30 19682,8 40 2271

TK5 2,1 30 32852,8 40 3785

" Os bicos TK.50 e TK 1 requerem filtro demalha 100; o bico TK 5 não requer filtroe os demais são usados com filtro de ma-lha 50.

..I

é montado nos "três-pontos" do tratorou se são montados em carreta traciona-da pela "barra-de-tração" do trator. Co-mo o peso superior a 900 kg, acopladona traseira de um trator, diminui consi-deravelmente sua dirigibilidade, os pul-verizadores de barra montados nos"três-pontos" são limitados a 600 Q decapacidade. As barras variam de 9 m a11,5 m, contendo de 19 a 24 bicos hi-dráulicos de jato em leque (Fíg. 6).

Os pulverizadores de barra monta-dos em carreto são maiores, variando de2000 a 3000 Q, equipados com barras de •17 m ou mais, dotadas de dispositivospendulares para mantê-Ias paralelas aosolo. Neste tipo de pulverizador de bar-ra, o peso do trator é o limite de pesopara o pulverizador.

Nos pulverizadores tratorizados debarra, a regulagern da vazão aplicada pe-los bicos é feita por um sistema de va-

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Controle de Plantas Daninhas

PisÍola pulverlz.acSota

A - Bomba de pisdoB - Cilindro-da bombaC - Válvula de admissSoD - VâJvuta de s.aídaE - BielaF - Válvula regulador. de premoG - ManômetroH - Válvula de controle da pistolaI - Câmara de arJ - Fonte de energia (tomada de (orça do trator)K - Cotovelos flexíveis

Barra pulverizadora com bjcos.~--...~~~~../;vt~::.,.,1(::.:;f~:::.:/\:·.f{,:::./ff:;~i~.

Fig. 6 - Esquematípico de umpulverizador(bomba depistão acionadapelo eixo detomada de torçado trator).Fonte: Saad (s.d.l.l

,---".0 constante, matendo-se constantes apressão e, conseqüentemente, a vazãodos bicos. Se a velocidade de caminha-mento do trator é constante (Fig. 7), aquantidade de herbicida aplicada por 'hectare permanece constante, resultan-do daí uma distribuição uniforme aolongo da área tratada. Modificações navelocidade do trator trazem mudançasacentuadas na vazão e podem compro-meter a aplicação do herbicida.

O rendimento de um pulverizadorde barra é dado pela sua produção horá-ria, medida em hectares pulverizadorpor hora de serviço. A produção depen-de da velocidade do trator (m/hora), dafaixa de pulverização (m) e de um fatorde campo (F) cujo valor é estimado em0,75 para pulverização de herbicidas. A

redução horária do pulverizador podeser calculada pela fórmula:

V (m/h) x L (rn) x FPha/h = --------

10.000 m2

onde:V - represen ta a velocidade;L - representa a largura da faixa de pul-

verização;r -representa o fator de campo.

Para um pulverizador equipado combarra de 35 bicos espaçados de 50 em,

28

movendo-se a 5000 m/hora, a produçãohorária é:

P500m/~xI7,5mxO,75

ha/ha = = 6,56 ha/hora10.000 m2

No exemplo acima, o pulverizadorestaria cobrindo um hectare em cada 9minutos, o que seria uma performanceexcelente do ponto de vista prático eeconômico. Na realidade, entretanto,tais performances são dificilmente atin-

gidas. Os pulverizadores tratorizados debarra, montados nos "três-pontos" dotrator, equipados com barras menores(de 9 m a 12 m) e deslocando-se a umavelocidade variável de 4 a 5 km/ha, co-brem um hectare em 15-20 mino

REGULAGEM DA BARRADE PULVERIZAÇÃO

Considerando-se uma barra de pul-verização equipada com bicos da série800 (Teejet 80.03, por exemplo) ou dasérie 1100 (Albuz 1acto AP1 110.R, porexemplo), a regulagem da altura é umfator importante para a obtenção de umpadrão eficiente de pulverização. Paracobrir uma faixa de 50 em, correspon-dente ao espaçamento dos bicos na bar-ra, um bico da série 800 (ângulo do le-que quando a pressão é igual a 40 p.s.i.ou 2,75 kg/cm"), necessita estar a 60em de altura do alvo; nas mesmas condi-ções, um bico da série 1100 (ângulo doleque a 45 p.s.i.), necessita estar a 50em do alvo. A barra de pulverizaçãotem de ser ajustada no sentido de queos bicos estejam na altura requerída. Co-mo pode ser visto nas Figuras $,9 e 10, avariação na altura do bico pode trazermudanças drásticas no padrão de pul-verização.

A regulagem da barra deve ser fei~ta em lugar plano, usando-se uma fita

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., 1.6~o 1.4.,e.,E 1.2.=!o> -----------o

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O••

0.2

1,8

Fig. 7 - Variaçãodo volume apli-cado em funçãoda ai teração davelocidade decaminhamento,em pulverizado-res à vazão cons-tante.Fonte: Sartori (noprelo).

V = velocidade trabalhoVo = velocidade calibraçãoQ = volume/hectareQo = volume calibração

0.4 0.6 0.7 1 1.2 1.4 1.6

Variação da velocidadeo 0,2 VIV.

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Controle de Plantas Daninhas

métrica e ajustando-se a altura com aajuda do hidráulico do trator.

As oscilações verticais da barra,causadas por irregularidades no terreno,alteram a distância de cada bico ao alvoe distorcem a distribuição das gotas 12,5 em(Fig. 11). As oscilações ocorrem em ter-renos mal preparados, muito torroados,e aumentam em função da velocidadede deslocamento do trator. Quando emexcesso, as oscilações verticais da barra 25 ematé mesmo causam danos à barra e aosbicos, quando estes tocam o solo.

II

CALlBRAGEM DOPULVERIZADOR

37,5 em

A calibragem do pulverizador e o 50,0 cmcálculo da quantidade de herbicida aser colocada nos diferentes tipos detanques são operações simples mas im-portantes. Antes de mais nada, o apli-cador deve verificar se:

- todos os bicos têm a. mesma nu-meração. Ex. 8004;

1- - - - - - - - - - - - - - - -IIII1 __ ~2_5_m~ --.i----+- ~IIIII 12,5 m2 7,0 kg/ha1- ./-. -+- ~I

1I111 18,75m2

1 - - - - - - - -./--------~------....:...

.11I

1 25 m2 3,5 kg/haI--- - -L- ~ ~

14 kg/ha

Fig. 8 - A altura da barra pode ser uma das razões que levaram

ao aparecimento de fitotoxicidade (super dosagem).

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ry~_:{~~~í;,:~~.~;:- z ," ~;~...- ; )

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Controle de Plantas Daninhas

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---- - ------------------_::: __::-::-_~----

10 ~o 50 70zo 40

Altur. do Bico

Fig. 9 - Efeito da altura do bico ao solo no volume aplicado porárea (molhada). Valores para orientação calculados para bicos de 110°

Fonte: Sartori (no prelo).

R, ,, ,, )

lU, ,/ "Cruzamento muito largo

decorrente de a barra sermuito alta.

Cruzamentocorreto

Cruzamento deficiente emfunção da barra muito baixa.

Fig. 10 - Padrões corretos e incorretos de pulverização.

- bicos e peneiras estão Iímpos,desimpedidos de qualquer obstrução. esempre aconselhável a remoção das pon-tas e peneiras para este exame e, se ne-cessãrio.Javã-las:

- os bicos estão díspostos na bar-ra de pulverização de maneira que sejustaponham. Evite o choque de leques;

- não há vazamentos;- todos os bicos apresentam a mes-

ma vazão. Ex.: Para uma pressão de2,8 kg/cm" ou 40 p.s.í., todos os bicos8004 devem apresentar uma vazão apro-ximada de 1.514 mQ/min, independenteda posição na barra. Caso haja diferença,verifique o defeito que pode ser da barra(perda de carga) ou do bico (entupido,dilatado etc.).

Após esses exames iniciais, determi-ne a pressão e a velocidade do trator. Avelocidade deve ser marcada usando-seum trecho conhecido de 50 m. Marcan-do-se o tempo necessário pra o tratordeslocar-se por esses 50 m, o aplicadordeve achar valores tais como 45 seg(4 krn/h), 36 seg (5 km/h) ou 30 seg (6km/h). Colete a água de um cios bicosem um recipiente graduado durante otempo gasto para percorrer os 50 m emultiplique este valor pelo número debicos da barra para obter. a vazão dopulverizador por uma unidade de área.Por uma regra de três simples, calculea vazão do pulverizador por ha. Ex.:Para uma barra de 12 bicos, espaçadosde 50 cm.

Distância percorrida - 50 mTempo gasto - 36 segVazão de cada bico em 36 seg -0,908 Q

Vazão da barra (I2 x 0,908 Q) -10,896 Q

Área pulverizada • 50 m x 6 m =300m2

Vazão por ha - 10,896 x 10.000m2/300 m2 = 363 Q/ha.

Uma variação desse processo de ca-libragem é o uso de sacolas plásticas gra-duadas que dão a vazão de pulverizado-res com bicos espaçados de 40 em e50 em na barra de pulverização. Quandose dispõe de sacolas graduadas, a calibra-gem é ainda mais fácil. Com o trator pa-rado, em ponto morto, e com a mesmaRPM, com a qual ele será operado, apa-ra-se na sacola o líquido de um bico du-rante o tempo que o trator gastaria parapercorrer os 50 m. A leitura é direta e

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......-=I--~:!\::=:=~:;~7\-~SQ:.---- ~,.lo<mT8 ~~_~~

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30

posição na faixa

Fig. 11 - Repartição da vazão com barra inclinada(vide variação volume/área na Figura 2).

Fonte: Sartori (no prelo).

Q.

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I!

Controle de Plantas Daninhas

deve ser repetida para vários bicos aolongo da barra. Se a diferença de vazãoentre os bicos não for superior a 10%,considere a vazão média. Se a diferençafor muito grande, troque as pontas dosbicos defeituosos e que fogem do pa-drão.

CONSERVAÇÃO ELIMPEZA DO PULVERIZADOR}

Pulverizadores são equipamentoscaros e de precisão, que necessitam de

. cuidado permanente para a sua conser-vação em condições de uso por um pe-ríodo longo. Tanto o trator quanto opulverizador devem ser guardados lim-pos em local seco, abrigados do tempo.

Antes de usar um novo pulveriza-dor, limpe-o de materiais estranhos, pas-sando água no tanque, bomba, barra ebicos. Tire as pontas dos bicos para la-var o conjunto. Diariamente, após apulverização, esvazie o tanque, coloqueágua nele para limpeza da bomba, barrae bicos. As peneiras e pontas dos bicosdevem ser inspecionadas diariamenteapós o uso. Se necessário, limpe-as comescova e água com detergente.

Alguns herbicidas, como aqueles àbase de 2,4-D, são removidos do pulveri-zador com muita dificuldade. Nesses ca-sos, use água, detergente e amoníaco pa-ra a remoção completa dos resíduos. Es-sa limpeza deve ser feita sempre que setroca o herbicida a ser pulverizado, prin-cipalmente quando é mudada também acultura. Por" exemplo, resíduos de tan-que de herbicida para milho são capazesde prejudicar seriamente uma culturasusceptível como o sorgo sacarino.

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Informe Agropecuário, Belo Horizonte, !!. (127) julho de 1985 31