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177 Benzeno e Aromaticidade Química Orgânica I / Ana Júlia Silveira / UEAP SET 2014 O anel aromático (benzeno) é formado pela conexão de seis carbonos sp 2 . No interior do anel aromático, existem seis elétrons pi, ocupando seis orbitais p, e formando três ligações duplas alternadas por uma simples. Os seis elétrons tornam o anel aromático por obedecer a Lei de Huckel, que considera aromático todos os anéis monocíclicos que contenham 4n + 2elétrons π, onde n pode assumir valores de zero até o infinito. Anéis monocíclicos que contenham 2, 6, 10.......... elétrons pi, estão em acordo com a lei de Huckel, e são considerados aromáticos. A substituíção eletrofílica aromática (SEA), utiliza como substrato o anel benzênico, e tem como finalidade formar derivados do benzeno. Dependendo do eletrófilo, utilizado na substituição do hidrogênio do anel, é formado um derivado benzênico diferente. Os elétrofilos utilizados na substituição eletrofílica aromática são: o NO 2 + , Cl + , ou Br + , R + (R= representa um carbocátion alquila), SO 3 e R- + C=O, esses eletrófilos formam respectivamente, o nitrobenzeno, cloro ou bromobenzeno, alquilbenzeno, ácido benzeno sulfônico e alquil fenil cetona.

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177 Benzeno e Aromaticidade

Química Orgânica I / Ana Júlia Silveira / UEAP SET 2014

O anel aromático (benzeno) é formado pela conexão de seis carbonos sp2. No interior do anel aromático, existem seis elétrons pi, ocupando seis orbitais p, e formando três ligações duplas alternadas por uma simples. Os seis elétrons tornam o anel aromático por obedecer a Lei de Huckel, que considera aromático todos os anéis monocíclicos que contenham 4n + 2elétrons π, onde n pode assumir valores de zero até o infinito. Anéis monocíclicos que contenham 2, 6, 10.......... elétrons pi, estão em acordo com a lei de Huckel, e são considerados aromáticos.

A substituíção eletrofílica aromática (SEA), utiliza como substrato o anel benzênico, e tem como finalidade formar derivados do benzeno. Dependendo do eletrófilo, utilizado na substituição do hidrogênio do anel, é formado um derivado benzênico diferente. Os elétrofilos utilizados na substituição eletrofílica aromática são: o NO2

+, Cl+, ou Br+, R+ (R= representa um carbocátion alquila), SO3 e R-+C=O, esses eletrófilos formam respectivamente, o nitrobenzeno, cloro ou bromobenzeno, alquilbenzeno, ácido benzeno sulfônico e alquil fenil cetona.

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12.1.3.1 Alquilação de Friedel-Crafts

O mecanismo apresenta três etapas. Na primeira etapa o catalisador ajuda na preparação do eletrófilo. A segunda etapa mostra a interação entre o substrato benzeno e o eletrófilo, esta é a etapa lenta do mecanismo e se forma o intermediário, finalmente na terceira etapa é recuperada a aromaticidade do anel benzênico. No mecanismo de alquilação, um halogeneto de alquila é utilizado para alquilar o anel benzênico. A primeira etapa do mecanismo mostra o halogeneto de alquila (cloreto de metila) sendo transformado no eletrófilo carbocátion metila, pela ação do catalisador, em uma reação ácido-base. Nesta reação o halogeneto de alquila é uma base de Lewis e o catalisador, cloreto de alumínio é um ácido de Lewis.

Visualização no modelo molecular

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A segunda etapa, é a etapa determinante da velocidade da reação,

etapa lenta do mecanismo. Nesta etapa um par de elétrons pi do anel, faz a conexão com o eletrófilo CH3

+, esta formação de ligação entre o anel e o carbocátion metila, promove a quebra da aromaticidade do anel benznico. Nesse processo, é formado o intermediário carbocátion arênio, que pode ser estabilizado por ressonância.

Após a quebra da aromaticidade, o anel passou a conter cinco carbonos

sp2 e um carbono sp3, onde se encontra conectado o grupo metila. A ressonância desloca os elétrons pi nos cinco carbonos sp2. O carbono sp3 não participa do processo de ressonância. A ressonância nos cinco carbonos sp2, pode ser representada por uma linha pontilhada que tangencia os cinco carbonos sp2. Visualização da etapa lenta no modelo molecular.

Etapa rápida, no modelo molecular.

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12.1.3.2 Halogenação do Benzeno

O segundo mecanismo trata da halogenação do anel aromático, as etapas do mecanismo, são semelhantes as desenvolvidas no mecanismo de alquilaçaõ de Friedel-Crafts. Na primeira etapa, ocorre a preparação do eletrófilo com a ajuda do catalisador. Na segunda etapa ocorre a conexão do eletrófilo no anel provocando a quebra da aromaticidade do anel, e finalmente na última etapa é mostrada a recuperação da aromaticidade do anel e do catalisador.

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12.1.3.3 Acilação de Friedel-Crafts

A reação se processa entre o substrato benzeno e o reagente cloreto de acila, também conhecido como cloreto de ácido. Este é reagente é facilmente obtido pela reação entre um acido carboxílico e o cloreto de tionila (SOCl2) ou pentacloreto de fósforo (PCl5).

A reação de formação do cloreto de acido, utilizando o cloreto de tionila, em temperatura de 80oC, produz um rendimento de aproximadamente 90%. A acilação de Friedel-Crafts tem como objetivo a obtenção de uma cetona aromática.

No desenvolvimento do mecanismo o catalisador cloreto de alumínio tem duas funções: na forma de acido de Lewis prepara o eletrófilo e na forma de base de Lewis recupera a aromaticidade do anel .

Na etapa lenta do mecanismo, o eletrófilo é capturado por um par de elétrons pi do anel. a conexão do eletrófilo no anel leva a quebra da aromaticidade do anel, que passa a ser formado por cinco carbonos sp2 e

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um carbono sp3. Primeira etapa: preparação do eletrófilo com a ajuda do catalisador.

Segunda etapa: conexão do eletrófilo cátion acílio no anel. Um par de elétrons pi do anel captura o eletrófilo cátion acílio. A reação é lenta e ocorre a quebra da aromaticidade do anel.

O intermediário traz um hidrogênio, conectado em carbono sp3 vicinal a um centro catiônico. Este centro eletrofílico (catiônico) é capaz de puxar para si os elétrons sigma da ligação carbono-hidrogênio, esta ação, deixa o hidrogênio do carbono sp3 com carga parcial positiva, podendo ser capturado por uma base de Lewis. Os carbonos catiônicos, puxam elétrons sigma para si e geram hidrogênio ionizável em seus carbonos vicinais. Na reação de eliminação unimolecular, o carbocátion ao puxar os elétrons sigma da ligação, promove a formação de hidrogênios ionizáveis em seus carbonos vicinais, esta reação será estudada ainda neste capitulo.

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Terceira etapa: Recuperação da aromaticidade do anel e recuperação do catalisador. A base de Lewis (complexo aniônico) captura o hidrogênio ionizável do anel. Este hidrogênio ao sair deixa o par de elétrons que é devolvido ao anel, desta forma a aromaticidade é recuperada.

12.1.3.4 Nitração do Benzeno

Reação do processo.

Reação do processo no modelo molecular.

Preparação do eletróforo e do complexo aniônico (base de Lewis).

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Conexão do eletrófilo íon nitrônio no anel aromático.

Recuperação da aromaticidade do anel.No meio reacional existem duas bases para recuperar a aromaticidade do anel, o ânion hidrogenosulfato e a água. A base mais forte é a água e será utilizada para recuperar a aromaticidade do anel.

12.1.3.5 Sulfonação do Benzeno

Preparação do eletrófilo.

As duas moléculas de ácido sulfúrico através de um processo de autoionização fornecem o eletrófilo SO3, que possui um centro eletrofílico no átomo de enxofre.

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Conexão do eletrófilo no anel.

Recuperação da aromaticidade do anel. Será realizada pela base ânion hidrogenosulfato.

O ânion benzenosulfonato através de uma reação ácido-base recebe um próton e forma o ácido benzenosulfônico.

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Química Orgânica I / Ana Júlia Silveira / UEAP SET 2014

Sugestão de Leitura SOLOMONS, Graham; FRYHLE, Craig. Química Orgánica. Tradução da 10

a edição

americana, vols 1 e 2. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S. A., 2012. 815p.

BRUICE, Paula. Química Orgânica. Tradução da quarta edição. São Paulo: Pearson Prentice

Hall, 2006. 547p.