17 março - pÚblico

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cc942328-80b6-411b-8d1e-a8c92f9f4b83 Governo quer disciplinar prescrição de antibióticos Governo lançou plano para combater o uso excessivo de antibióticos e o aumento das infecções hospitalares. Autoridades de saúde preocupadas com as consequências da perda de eficácia dos antibióticos Destaque, 8/9 Os ingleses chamam-lhe gap year e o PS quer que seja introduzido um ano sabático que permita aos jovens conhecer o mundo p10/11 Adolescente morreu ontem depois de alegada perseguição pela polícia. PSP não confirma acusações de moradores de que disparou sobre ele. p12 Um ano sabático entre o 12.º ano e a universidade? Papel da polícia em morte de jovem gera tensão em Setúbal VATICANO A IMPORTÂNCIA DE SE CHAMAR FRANCISCO: POLÍTICOS E CRENTES RESPONDEM A reportagem de Sofia Lorena, em Roma Destaque, 4 a 8 ALBERTO PIZZOLI/AFP Semedo: candidatura a Lisboa é para recuperar vereador para o Bloco p13 Ano XXIV | n.º 8376 | 1,60€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho, Miguel Gaspar | Directora executiva Online: Simone Duarte | Directora de Arte: Sónia Matos DOM 17 MAR 2013 EDIÇÃO LISBOA COMO LIDAMOS COM O ERRO SOCIEDADE ELES ESCOLHERAM PORTUGAL E NEM A CRISE OS AFASTA REPORTAGEM PUBLICIDADE CHIPRE EUROPA IMPÕE TAXA SOBRE DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM PRECEDENTE PARA AVANÇAR COM RESGATE FINANCEIRO Economia, 16/17 O Papa Francisco disse ontem que queria ter “uma igreja pobre e para os pobres”

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Page 1: 17 Março - PÚBLICO

cc942328-80b6-411b-8d1e-a8c92f9f4b83

Governo quer disciplinar prescrição de antibióticosGoverno lançou plano para combater o uso excessivo de antibióticos e o aumento das infecções hospitalares. Autoridades de saúde preocupadas com as consequências da perda de efi cácia dos antibióticos Destaque, 8/9

Os ingleses chamam-lhe gap year e o PS quer que seja introduzido um ano sabático que permita aos jovens conhecer o mundo p10/11

Adolescente morreu ontem depois de alegada perseguição pela polícia. PSP não confi rma acusações de moradores de que disparou sobre ele. p12

Um ano sabático entre o 12.º ano e a universidade?

Papel da polícia em morte de jovem gera tensão em Setúbal

VATICANOA IMPORTÂNCIA DE SE CHAMAR FRANCISCO: POLÍTICOSE CRENTES RESPONDEMA reportagem de Sofia Lorena, em RomaDestaque, 4 a 8

ALBERTO PIZZOLI/AFP

Semedo: candidatura a Lisboa é para recuperar vereador para o Bloco p13

Ano XXIV | n.º 8376 | 1,60€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho, Miguel Gaspar | Directora executiva Online: Simone Duarte | Directora de Arte: Sónia Matos

DOM 17 MAR 2013EDIÇÃO LISBOA

COMOLIDAMOSCOM O ERROSOCIEDADE

ELES ESCOLHERAM PORTUGAL E NEM A CRISE OS AFASTAREPORTAGEM

PUBLICIDADE

CHIPREEUROPA IMPÕE TAXA SOBRE DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM PRECEDENTE PARA AVANÇAR COM RESGATE FINANCEIRO Economia, 16/17

O Papa Francisco disse ontem que queria ter “uma igreja pobre e para os pobres”

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2 | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

EDITORIAL

O novo Papa e o poder do simbólico

OPapa Bergoglio explicou ontem, de

forma minuciosa, aos jornalistas que

acompanham a transição no Vaticano,

o caminho que o levou a escolher o

nome de Francisco e o signifi cado

desse nome. “Para mim, é o homem da

pobreza, o homem da paz, o homem que

ama e protege a criação, com o qual hoje

temos uma relação que não é tão boa, não

é?”, disse o Papa sobre Francisco de Assis,

em nome de quem se propõe devolver a

Igreja à sua missão original, uma igreja que

ele quer que seja pobre e dos pobres.

Muitos dos jornalistas que o ouviram na

Aula Paulo VI eram não-crentes ou crentes

de outras religiões e a todos o Papa saudou,

no fi nal, reconhecendo as diferenças

entre todos os que ali estavam. Afi nal, a

O dogma teocrático já não existe, mas vivemos sujeitos ao dogma tecnocrático dos números

Igreja, essa Igreja anacrónica, minada por

dentro por intrigas, pela corrupção e pelo

escândalo da pedofi lia, ainda consegue

atrair as atenções do mundo todo. Talvez

isso aconteça porque o mundo inteiro

está neste momento num impasse. E esse

impasse é político ou, melhor dizendo,

tem a ver com um impasse da política.

Nomeadamente nesta Europa que perde

agora para a América do Sul o monopólio do

papado que ciosamente preservou durante

mais de um milénio.

Fustigados pela austeridade, pelas troikas

e pelas dívidas soberanas que é preciso

pagar, os cidadãos europeus deixaram de

ter capacidade de intervir politicamente

nas suas sociedades. E isso não decorre

apenas do facto de viverem sob um diktat

exterior (um diktat alemão). Decorre do

facto de a política ter sido substituída

por um jogo de números, os números da

economia, aparentemente inexoráveis e

realistas. Ainda que, na verdade, eles sejam

falaciosos e enganadores, como o atestam as

previsões regularmente erradas do ministro

das Finanças português. Supostamente, os

números dizem que não é possível outra

DOMINGOPÚBLICO

política que não a dos números, que afi nal

de contas estavam errados.

Por trás desta matemática, e da sua

falsa objectividade, estão convicções,

uma teoria económica, que, assumindo

a verdade de um dogma, se sobrepõe ao

político. E fá-lo à escala transnacional das

políticas europeias ou pela forma como os

mercados controlam em última análise as

democracias.

Noutro tempo, o papado e a Igreja eram

fonte de dogmas absolutos pelos quais os

homens do Ocidente estavam obrigados

a reger-se. O aggiornamento da Igreja

ainda está longe de ser completo, mas ela

habituou-se a viver com as diferenças, a

partilhar o espaço do simbólico que antes

queria para si como um monopólio.

Nas democracias europeias, desapareceu

a capacidade de mudar o quotidiano

através do simbólico, das ideias, do

político. Passámos do dogma teocrático ao

dogma tecnocrático. Por isso um Papa se

torna parte de uma esperança — que, um

dia, as palavras voltem a valer mais que os

números. Até porque as palavras podem

ter mais do que um signifi cado.

CARAS DA SEMANA

Fernando PintoO aterradoAterrado com as consequências da

greve, fez os sindicatos aterrar

O presidente da TAP estava

certamente aterrado com o

crescimento do volume de reservas

que iam sendo canceladas à

medida que a greve na companhia

se aproximava. Através da arte bem

portuguesa de dar a volta ao texto,

e com uma mãozinha do Governo,

encontrou maneira de contornar

os cortes salariais impostos

pelo Orçamento do Estado, que

o falhanço na privatização da

empresa tornara incontornáveis.

O homem que estava aterrado

conseguiu assim fazer aterrar a

greve. Para benefício da empresa

que lidera, sem dúvida. Mas,

quanto ao Governo, fi ca de novo

provado que quem pode, pode, e

quem não pode leva um corte.

Alice VieiraA candidataAo apresentar-se pelo PS em Mafra,

fez uma opção de cidadania

A autora de Às Dez a Porta Fecha

parece não ter medo que o

Partido Comunista, onde milita

há anos, lhe feche a porta, por

ter aceite apresentar-se como

candidata à presidência da

Assembleia Municipal de Mafra

pelo PS, na lista liderada por Elísio

Summavielle. Em comunicado,

os comunistas queixam-se de

quebra de confi ança. Na resposta,

a escritora diz não pagar quotas

há anos e que, em eleições

autárquicas, valem as pessoas

e não os partidos. Subscrevem-

se o princípio e a liberdade de

Alice Vieira, que conhece Mafra

há muitos anos, em escolher um

projecto político em consciência.

É uma maneira de abrir portas.

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PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | 3

Ricardo GusmãoO preventorO suicídio é um tema tabu. Este

psiquiatra está a combatê-lo

A primeira aplicação em Portugal

de um programa europeu de

combate ao suicídio (o OSPI)

permitiu reduzir em 23,3% a

taxa de tentativas de suicídio no

concelho de Amadora, onde foi

implementado. O psiquiatra por

trás dos resultados positivos deste

plano, baseado numa abordagem

multidisciplinar, chama-se Ricardo

Gusmão. O suicídio é um tema

tabu nas nossas sociedades e o

psiquiatra deixou recomendações

sobre grupos etários e concelhos

que exigem vigilância especial. Os

media são parte desta conversa:

Gusmão critica o efeito mimético

das notícias. Há um debate a ter

aqui. Também sem tabus. Todas

as notícias? Algumas notícias?

Rei AbdullahO carrascoA execução de sete jovens é um

atentado aos direitos humanos

Nasser al-Qathani tinha 15 anos

quando assaltou uma joalharia em

Abha, na Arábia Saudita. É um dos

sete jovens executados há dias por

roubos que cometeram quando

era menores. Foram fuzilados,

perante o silêncio sufocante da

comunidade internacional. O

rei Abdullah, que autorizou as

execuções, foi insensível aos

apelos das organizações de defesa

dos direitos humanos. O petróleo

parece ser o biombo perfeito

para manter ocultos os crimes

de regimes como o saudita, que

se rege por leis fundamentalistas

e onde a justiça não existe. As

execuções envergonham a Arábia

Saudita e todos os que fi zeram de

conta que não as viram.

Laura BoldriniA presidenteCandidata em nome das mulheres,

vai presidir ao Senado italiano

As eleições de Fevereiro não

levaram a Itália para o pós-

Berlusconi, mas a eleição de

Laura Boldrini, de 52 anos, para

a presidência do Senado é uma

bofetada de luva branca no

Cavaliere. Antes das eleições,

disse ao PÚBLICO que a Itália

tinha chegado ao Ano Zero da

civilização e que as conquistas das

mulheres tinham desaparecido.

Só os eleitos pelo partido do

Cavaliere se recusaram a aplaudir

a candidata do centro-esquerda,

que, no discurso de posse, disse

que o Senado “defenderá os

direitos das mulheres vítimas da

violência mascarada de amor”.

Há um pouco de Itália que entrou

na era pós-Berlusconi.

“O meu prognóstico é simples: as actuais políticas da zona euro terão de ser modificadas”

“Quando se atribui um rendimento de 20 mil euros [a Filipe Pinhal], é extorsão”

“Neste momento, há uma fusão quase co-governativa entre a banca e o poder políticoPacheco PereiraI

Silva LopesDinheiro Vivo

Kenneth RogoffExpresso

Quem os viu e quem os vê Jorge Bergoglio

Não consta dos anais que o Papa Gregório

XII, ao renunciar no distante ano de 1415,

tenha alguma vez conversado com o seu

sucessor, Martinho V. Por isso, quando o

Papa Francisco anunciou, após ter sido

eleito bispo de Roma, ter conversado

com o seu antecessor, Bento XVI (como

se de uma mera sucessão de cargos

políticos se tratasse), estava a relatar uma

conversa sem qualquer precedente. Pela

primeira vez, dois papas tinham falado

entre si. Na imagem ao lado, captada em

2007, o cardeal Bergoglio, actual Papa

em funções, cumprimenta o Papa Bento

XVI, actual Papa emérito. A conversa

que os dois homens tiveram, agora terá

tido toda uma outra carga simbólica. De

que terão falado? E se o Papa Francisco

seguir o exemplo de Bento XVI e

renunciar, mas com Ratzinger ainda

vivo? Teríamos três papas. Um clube?

OSS

ERVA

TORE

RO

MA

NO

/AFP

2007

Page 4: 17 Março - PÚBLICO

4 | DESTAQUE | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

O NOVO PAPA

A Igreja existe “para comunicar a verdade, a bondade e a beleza”

De João Paulo II disse-se que

tinha carisma, tanto que foi

um Papa poster. Os 27 longos

anos do seu pontificado,

o segundo mais longo de

sempre, foram passados a

viajar pelo globo, a falar a multidões e

a ser aclamado por elas, nas décadas

da televisão e ainda da Internet.

Quando o Papa da popularidade

morreu, Bento XVI chamou-lhe “o

grande Papa João Paulo II”. Ratzinger

foi o intelectual, o teólogo de quem se

diz não ter querido nunca ser político

— até que o mundo se surpreendeu

com a mais política das decisões, a

da renúncia.

Francisco herda a Igreja de um e

de outro. E recebe-a com sentido de

humor e com a grandeza de tudo o

que é simples.

Quando foi eleito, disse que que-

ria rezar “pelo nosso Papa emérito”.

Depois, o Papa que veio “do fi m do

mundo” despediu-se dos peregrinos

em Roma a desejar-lhes “boa noite

e bom descanso”. Entretanto, pre-

sidiu a uma missa perante os carde-

ais para lhes dizer que, “sem cruz,

somos mundanos, bispos, padres,

cardeais, mas não somos discípulos

do Senhor”.

Na sexta-feira, ainda na compa-

nhia dos que o elegeram, voltou a

prestar homenagem ao “gesto cora-

joso e humilde” da renúncia e afi r-

mou que pensa no magistério do

antecessor com “grande afecto”,

sublinhando a sua “bondade, humil-

dade e doçura”. Saudou os cardeais,

um a um, e fez-lhes um pedido: que

encontrem “novos meios de levar

a evangelização aos confi ns da Ter-

ra”. No mesmo dia, quis agradecer

a “bela carta” que recebera do su-

perior-geral da Companhia de Jesus.

Telefonou para a Companhia, em

Roma, e o recepcionista pensou que

era uma piada. Não era, e Andrea lá

acabou por perceber que estava ao

telefone com Francisco.

Ontem, ao terceiro dia do pontifi -

cado que só será ofi cialmente inau-

gurado na missa de terça-feira, foi

a vez de os jornalistas fazerem fi la

para o Papa os receber.

Em 2005, Ratzinger já recebera

os jornalistas que trabalham no Va-

ticano e todos os que aqui tinham

vindo para acompanhar o funeral

de João Paulo II e a sua eleição. Des-

ta vez, há ainda mais jornalistas em

Roma, 5600 pediram e receberam

acreditações temporárias. Muitos

vieram com a família e, assim, a Aula

Paulo VI, o auditório que se ergue

mesmo ao lado de São Pedro e por

onde se entra logo depois das colu-

nas laterais à esquerda da Basílica,

encheu-se de gente adulta e também

de crianças e de bebés de colo.

A audiência, um encontro infor-

mal, juntou 6000 pessoas numa sala

de 12 mil lugares e aconteceu entre

aplausos e sorrisos, com a assistên-

cia dividida entre os que tiravam no-

tas, gravavam imagens e fotografa-

vam o Papa e os que se fotogravam

a si mesmos e aos fi lhos, com o Papa

em pano de fundo.

“Vocês trabalharam, eh”Riso fácil, espontaneidade e boa dis-

posição, empatia. Assim se diz que

era Jorge Bergoglio, quando vivia em

Buenos Aires e andava de metropo-

litano, assim se mostrou o Papa na

meia hora quase certa que passou

com os jornalistas.

Chegou, acenou e depois, sempre

a sorrir, sentou-se na cadeira que

o esperava, no centro do palco do

auditório, e começou por ler uma

“Foi por causa dos pobres que pensei em Francisco”, disse o Papa Francisco na audiência aos jornalistas. “Queria tanto ter uma Igreja pobre e para os pobres”

Sofia Lorena, em Roma

Para mim, [Francisco de Assis] é o homem da paz, o homem da pobreza, o homem que ama e protege a criação

Page 5: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | DESTAQUE | 5

curta intervenção preparada — in-

terrompida aqui e ali por momentos

de improviso e de olhares dirigidos

à audiência e não aos papéis que se-

gurava na mão.

“Caros amigos, estou contente por

vos encontrar no início do meu ma-

gistério na cadeira de Pedro, a vocês

que trabalharam aqui em Roma nes-

te período tão intenso, iniciado com

o surpreendente anúncio do meu

venerado predecessor Bento XVI,

no último 11 de Fevereiro. Saúdo

cordialmente a cada um de vocês”,

disse Francisco.

“O lugar dos mass media foi cres-

cendo sempre nos últimos tempos,

tanto que se tornou indispensável

para narrar ao mundo os aconteci-

mentos da história contemporânea.

Um agradecimento especial a vocês,

pelo vosso qualifi cado serviço nos

últimos dias. Vocês trabalharam, eh?

Trabalharam!”, disse o Papa, levan-

tando os olhos das notas para olhar

os jornalistas e se rir com eles. Como

também riu, ao ouvi-lo, o porta-voz

do Vaticano, padre Lombardi, que

tantas conferências de imprensa deu

nas últimas semanas, como riram e

aplaudiram os jornalistas.

Francisco quis deixar um “agrade-

cimento sentido a todos os que sou-

beram observar e apresentar estes

acontecimentos da história da Igreja

tendo em conta a perspectiva mais

correcta em que devem ser lidos, a

da fé”. Os acontecimentos da histó-

ria, afi rmou, “pedem quase sempre

uma leitura complexa, que por vezes

pode até incluir a dimensão da fé”.

“Os acontecimentos eclesiásticos

não são certamente mais complica-

dos do que os políticos e os econó-

micos. Mas têm uma característica

de fundo particular: respondem a

uma lógica que não é principalmen-

te a daquelas categorias, podemos

GIUSEPPE CACACE/AFPO Papa deixou uma bênção a todos os jornalistas, crentes ou não crentes

dizer, mundanas, e mesmo por isso

não é fácil interpretá-las e comuni-

cá-las a um público vasto e variado”,

descreveu.

Esta tríade existencial “Para o vosso trabalho são precisos

estudos, sensibilidade, experiência,

como em tantas outras profi ssões,

mas é precisa uma grande atenção

à verdade, à bondade e à beleza, e

nisto estamos próximos porque tam-

bém a Igreja existe para comunicar

a verdade, a bondade a beleza”, afi r-

mou Francisco. “Deve fi car bem cla-

ro que somos todos chamados não

a comunicar nós próprios, mas esta

tríade existencial que é formada pe-

la verdade, a bondade e a beleza.”

Sabia-se que a audiência seria des-

contraída. Mas antecipava-se igual-

mente que o novo Sumo Pontífi ce

aproveitasse para explicar, uma vez

mais, ao que vem.

“Queria tanto ter uma Igreja po-

bre e para os pobres”, disse Bergo-

glio. “A Igreja, mesmo sendo uma

instituição histórica, não tem uma

natureza política, é essencialmente

espiritual: é o povo de Deus, o santo

povo de Deus, que caminha em di-

recção a Jesus Cristo”, continuou.

Como fi zera nos dois dias anterio-

res, quis sublinhar a centralidade de

Cristo, “a referência fundamental, o

coração da Igreja”: “Sem Ele, Pedro

e a Igreja não existiriam nem teriam

razão de existir”.

A seguir, quis dedicar mais umas

palavras a Bento XVI, que irá visitar

no próximo sábado a Castel Gandol-

fo. “Como repetiu várias vezes Ben-

to XVI, Cristo está presente e guia a

sua Igreja. Em tudo o que acontece,

o protagonista, em última análise, é

sempre o Espírito Santo. Ele inspi-

rou a decisão de Bento XVI para o

bem da Igreja; Ele falou na oração

e na eleição aos cardeais. É impor-

tante, caros amigos, ter em conta

este horizonte interpretativo, esta

hermenêutica, para podemos pôr

os acontecimentos destes dias em

foco no coração”.

Nem Adriano nem ClementeFrancisco quis depois explicar pela

sua própria voz a escolha do nome.

“Eu conto-vos a história. Na eleição,

tinha o meu lado o arcebispo emé-

rito de São Paulo e também o pre-

feito emérito da Congregação pa-

ra o Clero, Cláudio Hummes, um

grande amigo. Que, quando a coisa

se tornava um pouco perigosa, me

confortava. Aos dois terços, houve

o aplauso, porque tinha sido eleito o

Papa. E ele abraçou-me e beijou-me

e disse-me ‘não te esqueças dos po-

bres’. Aquela palavra entrou aqui”,

contou Francisco, tocando na sua

cabeça. “Os pobres, os pobres.”

“Alguns não sabiam por que tinha

escolhido o nome Francisco, e inter-

rogavam-se se seria por Francesco

Saverio [jesuíta expulso das coló-

nias espanholas, conhecido como

Francisco Xavier], Francisco de Sa-

les [bispo de Génova] ou Francisco

de Assis”, descreveu. “Foi por causa

dos pobres que pensei em Francis-

co. Depois, enquanto o escrutínio

prosseguia, até aos votos fi nais, pen-

sei nas guerras. E Francisco é o ho-

mem da paz. E assim surgiu o nome

no meu coração: Francisco de Assis.

Para mim, é o homem da pobreza, o

homem da paz, o homem que ama

e protege a criação, com o qual hoje

temos uma relação que não é tão

boa, não é?”, afi rmou.

“Depois, muitos disseram que me

deveria chamar Adriano porque [o

Papa] Adriano VI foi um verdadeiro

reformador, e é preciso reformar…

Outros disseram-me que me cha-

masse Clemente, para me vingar de

Clemente XIV, que aboliu a Compa-

nhia de Jesus”, acrescentou o jesuí-

ta. “Francisco de Assis, da pobreza

e da paz”, preferiu o arcebispo de

Buenos Aires.

No fi m, o Papa levantou-se e dei-

xou-se fi car por mais uns minutos a

partilhar o palco com alguns jorna-

listas que saudou, um a um. Ontem,

foi a vez de os jornalistas fazerem

fi la para o cumprimentarem.

Entre os que subiram para lhe fa-

lar estava Giovanna Chirri, a jornalis-

ta da agência italiana ANSA que foi a

primeira a dar a notícia da renúncia

de Bento XVI, anunciada pelo agora

Papa emérito sem aviso, no meio de

uma intervenção em latim. Depois

de noticiar a decisão de Ratzinger,

contou entretanto Giovanna Chirri, a

jornalista chorou. Ontem de manhã,

sorriu, enquanto estendia a mão ao

Papa e os colegas aplaudiam.

Houve aplausos fortes para Gio-

vanna Chirri e também para o últi-

mo homem da fi la, Alessandro For-

lani, jornalista da televisão pública

italiana Rai que é cego e levava o

seu cão pela mão. Francisco cum-

primentou o jornalista e deu festas

ao cão. Seguiu-se um aplauso e o

momento das despedidas.

Antes de deixar a Aula Paulo VI,

acompanhado de um novo aplauso,

o Papa quis deixar uma “bênção não

solene”, “do coração”. “Como mui-

tos de vocês não pertencem à Igreja

Católica, outros não são crentes, é

do coração que vos dou esta bên-

ção em silêncio, a cada um de vocês,

respeitando a consciência de cada

um” e para que “cada um a receba”.

“Mas sabendo que cada um de vocês

é fi lho de Deus.”

Vestido de branco, sapatos pretos

de atacadores e sola gasta, deixou

a “bênção do coração” e recolheu-

se. Hoje, o Papa volta a dirigir-se aos

peregrinos e ao mundo, no seu pri-

meiro Angelus, a oração que o Su-

mo Pontífi ce reza a cada domingo

ao meio-dia.

A Câmara de Roma avisou que a

área em redor de São Pedro estará

fechada ao trânsito — alguns anteci-

pam uma multidão superior à que

chegará para a missa de terça-feira,

dia em que o metro será gratuito até

às 14h. Em Roma, hoje é domingo de

Angelus com novo Papa e domingo

de maratona. Desde ontem, já se

podem comprar posters do Papa

Francisco.

Page 6: 17 Março - PÚBLICO

6 | DESTAQUE | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

O NOVO PAPA

Adúvida fi cou desfeita. Jorge

Mario Bergoglio escolheu o

nome de Francisco em ho-

menagem a São Francisco

de Assis, o homem que na

Idade Média confrontou a

Igreja por causa da opulência em

que vivia, o homem que abraçou a

pobreza na sua totalidade, aquele

que deu os primeiros passos para

compreender o outro ao ir ao Egipto

e encontrar-se com o sultão Al-Kamil,

que os cruzados se preparavam para

atacar. Francisco, o homem que aco-

lheu Clara e as suas companheiras,

mulheres que queriam seguir o seu

estilo de vida. Aquele que tratava por

“irmão” todas as criaturas e coisas.

Diz a tradição que um dia Francis-

co foi rezar à igreja de São Damião,

fora das portas da cidade italiana

de Assis, e que, prostrado diante

do crucifi xo, ouviu a voz de Cris-

to: “Vai Francisco e repara a minha

Igreja”. Nove séculos depois, a fi gu-

ra de Francisco, a sua missão, pode

transformar-se no programa para o

pontifi cado do Papa Francisco?

“Na escolha do nome, está todo

um programa, há uma intencionali-

dade profunda”, responde Anselmo

Borges, sacerdote e professor de Filo-

sofi a na Universidade de Coimbra.

“Ao chamar-se Francisco, quis fa-

zer um corte com a opulência, quis

mostrar que estar ao serviço da Igreja

não é ter poder, é servir a humanida-

de. O Papa mostra que quer que os

religiosos estejam ao serviço da Igreja

e que não estejam na Igreja para se

servirem em proveito próprio”, inter-

preta Carreira das Neves, franciscano

e professor catedrático da Universi-

dade Católica Portuguesa (UCP).

São Francisco tem uma mensagem

“de grande modernidade e actuali-

dade”, começa por dizer Vítor Melí-

cias, superior da Ordem dos Frades

Menores, os franciscanos, lembran-

do que o “espírito de Assis” é o da

“fraternidade cósmica, da paz uni-

versal, do ecumenismo e da abertura

às mulheres”. “Santa Clara pode ser

uma mulher que inspire este Papa a

tomar medidas de dar igualdade de

condições às mulheres no exercício

dos ministérios”, espera Melícias.

São Francisco teve uma grande

abertura ao universo feminino e lai-

co (permitindo as ordens terceiras),

nota João Luís Inglês Fontes, investi-

gador em História na Universidade

Nova de Lisboa e na UCP. “Tinha

um grande acolhimento à diversi-

dade”.

“Esperemos que ponha em prática

a opção pelos pobres e que, tal como

aconteceu em São Damião, este Papa

repare a Igreja que, neste tempo, está

tão vacilante na sua fé”, diz Maria da

Glória, superiora das Franciscanas

Missionárias de Maria, em Lisboa.

Um “jesuíta franciscano”Francisco é um “jesuíta francisca-

no”? Manuel Rito Dias, superior da

comunidade dos Capuchinhos, em

Fátima, outro ramo dos francisca-

nos, considera que, apesar das du-

as ordens terem estilos muito dife-

rentes – os franciscanos apostados

no trabalho com os mais pobres; os

jesuítas com um “estilo mais inte-

lectual, virados para a cultura e a

ciência” – é possível ter “um jesuíta

com um estilo de vida franciscano,

sem renunciar ao seu carisma”. Ou

seja, um homem que se inspire em

São Francisco de Assis e em São

Francisco Xavier, o jesuíta evange-

lizador. “Os dois completam-se na-O Papa Francisco transmitiu, desde logo, uma mensagem de simplicidade

ELISEO FERNANDEZ/REUTERS

Bárbara Wong,Lurdes Ferreirae São José Almeida

Francisco, o programa de acção de umPapa jesuíta

O que há na escolha do nome que presta homenagem a São Francisco de Assis? Um projecto de uma Igreja mais simples e virada para os pobres? Prognóstico de reconstrução?

Page 7: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | DESTAQUE | 7

quilo que deve ser um Papa”, defi ne.

Até porque na “espiritualidade ina-

ciana”, de Santo Inácio de Loyola, o

fundador dos jesuítas, “há muito de

São Francisco”, aponta Vítor Melícias.

O modo como nasceram as duas

ordens – fransciscana e jesuíta – é

muito distinta. No século XII, com

o renascimento urbano, com uma

sociedade urbana em explosão e a

importância crescente do dinheiro,

Francisco rompe com as normas,

optando pela pobreza e pela pe-

nitência. “Uma opção que lhe dá

grande liberdade para acolher os

que mais sofrem”, explica João Lu-

ís Inglês Fontes.

Inicialmente, Francisco de Assis é

um homem que atrai muitos segui-

dores, num movimento de homens

que não são consagrados. Francisco

de Assis nunca foi padre, foi um leigo

até que Roma proibiu a pregação de

pessoas não-consagradas e, por isso,

aceitou ser diácono.

Origem diferente tem a Companhia

de Jesus, que surgiu no século XVI,

como resposta ao protestantismo:

eram sacerdotes que se propuseram

ser um “exército dentro da Igreja pa-

ra defender o Papa” através da fi loso-

fi a, da teologia e da ciência, descreve

Carreira das Neves. Foram também

grandes evangelizadores que com-

preenderam que a palavra de Deus

se espalha através do respeito pela

cultura dos outros.

Também os franciscanos evangeli-

zaram, recorda Vítor Melícias, mas,

enquanto os jesuítas trabalhavam

com as elites, os franciscanos esta-

vam ao lado do povo, repara.

Para o jesuíta Miguel Almeida, di-

rector do Centro Universitário Padre

António Vieira, em Lisboa, o grande

desafi o é o de ouvir os cristãos que

não estão na Europa e entrar em diá-

logo com os muçulmanos. E, dentro

da Igreja, “encontrar maneiras de

ser mais comunidade, mais comu-

nhão”, dando aos leigos um papel

mais participativo.

Importância da pobrezaOriundo da América Latina, o Papa

eleito na quarta-feira é um homem

que sabe o que é a pobreza e a rela-

ção da Igreja com o poder político,

nota Inglês Fontes.

Depois do Concílio Vaticano II,

a Companhia de Jesus assumiu a

vanguarda da Igreja e promoveu a

Teologia da Libertação na América

Latina, chegando mesmo a envolver-

se politicamente. A fi gura do cardeal

Óscar Romero, um teólogo jesuíta

assassinado por militares em São Sal-

vador, em 1980, enquanto celebrava

missa, marcou a Igreja na América

Latina. Outro nome marcante foi o

do teólogo Leonardo Boff , um fran-

ciscano brasileiro que acabou por se

desvincular da Igreja.

No seu blog, Boff afi rma que, tal

como Francisco de Assis, o Papa

Francisco “se deu conta de que a

Igreja está em ruínas pela desmo-

ralização dos várias escândalos

que atingiram o que tinha de mais

precioso: a moralidade e a credibi-

lidade”.

“Francisco não é um nome. É um

projecto de Igreja pobre, simples,

evangélica e destituída de todo o

poder. É uma Igreja que anda pelos

caminhos, junto com os últimos;

que cria as primeiras comunidades

de irmãos que rezam o breviário

debaixo de árvores junto com os

passarinhos. É uma Igreja ecológica

que chama a todos os seres a doce

palavra ‘irmãos e irmãs’. Francisco

mostrou-se obediente à Igreja dos

Papas e, ao mesmo tempo, seguiu

o seu próprio caminho com o evan-

gelho da pobreza na mão”, continua

Boff . O teólogo vê o novo Papa como

um homem que tem a experiência

da pobreza e, como tem uma “nova

visão das coisas, a partir de baixo,

poderá reformar a Cúria, descentra-

lizar a administração e conferir um

rosto novo e crível à Igreja.”

Para reconstruir “o rosto de uma

igreja que está desfi gurado”, tal

como no tempo de Francisco de

Assis, Anselmo Borges valoriza os

primeiros gestos e palavras de Jor-

ge Mario Bergoglio e acredita que

apontam genuinamente para um

programa “franciscano” em qua-

tro pontos essenciais: o retorno ao

Evangelho, que “é a constituição

da Igreja, não a Cúria nem o direito

canónico”; a descentralização, ao

reafi rmar-se como “bispo de Roma

perante os outros bispos” e “não co-

mo monarca absoluto”; o diálogo

inter-religioso e cultural; e “alguma

inclusão” para as mulheres, porque

“Jesus tratava bem as mulheres”, tal

como Francisco.

E a mensagem do que é consi-

derado o santo mais amado pelos

católicos e também o mais radical

é recuperada, como programa de

acção de um Papa? Para o sacerdo-

te-fi lósofo, sim. “Vivemos uma cri-

se mundial, procuramos um novo

macroparadigma, não só na Euro-

pa ou em Portugal, mas no mun-

do policêntrico, multipolar, pode-

rosamente tecnológico. O mundo

está a reconfi gurar-se e as pessoas

procuram a simplicidade, o amor e

sentido para a vida, por paradoxal

que pareça”. O modelo de Francisco

de Assis que o novo bispo de Ro-

ma promete “é luz de esperança”.

Os políticos“A escolha de São Francisco de Assis

é a escolha de uma atitude espiritual

e cósmica que hoje em dia ganha

uma realidade nova, é a preocupa-

ção com os outros e com a natureza,

a ideia de que não podemos explo-

rar tudo”, afi rma a professora cate-

drática de Literatura e ex-secretária-

geral do Graal, Isabel Allegro de Ma-

galhães, para quem “São Francisco

de Assis pode ser recuperado como

programa para a vida da polis e co-

mo atitude espiritual em relação à

apropriação que se faz da terra”.

Por isso Isabel Allegro de Maga-

lhães considera que a escolha do

nome Francisco “é uma atitude

de simplicidade, mas de proposta

para mudança da Igreja”, pelo que

“é, nesse sentido, uma proposta de

grande radicalidade”.

Por sua vez, o professor universi-

tário e ex-líder parlamentar do BE,

José Manuel Pureza, considera que

“o ideário franciscano, que é o amor

pelos pobres e pelo que é frágil, tem

uma dimensão política fortíssima”,

e prevê consequências. “É uma op-

ção pelo estilo de vida, não é ape-

nas discursos, é uma prática política

que está a aparecer numa estrutura

de poder como o Vaticano”, o que

a torna “ainda mais interessante”.

E assume: “Estou com grande ex-

pectativa sobre como se vai resolver

este impacto de uma mensagem de

defesa dos pobres numa estrutura

de poder como a Igreja Católica.”

Isto porque Pureza considera que

“só será de facto operante se houver

um discurso forte contra as estrutu-

ras do pecado, que são as estruturas

de exploração e opressão, sobre a

precarização”. E afi rma: “O Papa vai

ter que fazer mais do que um discur-

so piedoso sobre o que é o sistema

fi nanceiro.”

Não escamoteando que o Papa

tem já 76 anos e “perdeu parte dos

pulmões”, o deputado do CDS João

Rebelo diz que “poderá pôr as pes-

soas e a fé no centro da sua acção

e não tanto a preocupação com a

organização e com os agentes”. E

com alguma ironia, conclui: “Neste

sentido podemos dizer, como ou-

vi ao meu pai, que o Espírito Santo

estava a olhar para os cardeais e os

inspirou. Para quem acredita que a

Igreja é combate pelas pessoas e um

olhar para as pessoas, esta nomea-

ção é uma vitória.”

Paulo Rangel, eurodeputado do

PSD que se assume como “cristão

de cultura católica”, considera

que esta escolha do Papa não trará

uma “perspectiva política”, mas sim

“consequências políticas”. Ou seja,

“o programa do pontifi cado terá im-

plicações práticas, a questão social

vai ser uma prioridade, bem como

o equilíbrio norte-sul e as assime-

trias”. E lembra que “é um Papa que

vem de um país, a Argentina, que há

mais de uma década está sob resgate

e onde apoiou os pobres”.

Defende assim que “haverá o re-

forço de uma mensagem social com

mais clareza e visibilidade, que lhe

dará tom político”. Mas acrescenta

que o Papa já declarou que a Igre-

ja “não era uma ONG”. O que, para

Rangel, signifi ca que o novo Papa

“contextualizou a questão social na

mensagem religiosa, não a desva-

lorizou”. Advinha que “a doutrina

social da Igreja vai passar para a

frente, assim como a luta contra as

injustiças”. E “haverá também uma

consequência interna de purifi cação

de despojamento da Igreja”.

O eurodeputado avança ainda

com um outro ângulo de análise. “A

Igreja tem sido atacada pelas posi-

ções em relação às questões morais,

ao centrar a mensagem na questão

social e ao pôr na penumbra a ques-

tão moral de vida de cada um, este

Papa poderá conseguir um espírito

que gerará maior consenso”.

Franciscanos versus jesuítas Quanto ao facto de o Papa poder

abraçar um programa de inspiração

franciscana quando tem uma forma-

ção de jesuíta, Isabel Allegro de Ma-

galhães considera que “é exagerado

pôr os jesuítas no topo da hierarquia

intelectual da Igreja, outros grupos

têm preparação”. Se há o hábito de

“vê-los ligados à Inquisição e liga-

dos às elites, há muitos jesuítas na

América Latina que têm apostado

na causa dos pobres”. Conclui: “Os

jesuítas têm uma forte convergência

de pensamento, mas há uma grande

pluralidade, como, por exemplo, o

padre Arrupe e muitos outros casos

na Europa e mesmo em Portugal”.

José Manuel Pureza recorda que “a

história dos jesuítas na América La-

tina é uma história e um património

de luta, logo no seculo XVII estive-

ram ao lado dos guaranis”.

Por sua vez, Paulo Rangel diz que

ser jesuíta e seguir o ideário fran-

ciscano “é compatível” e que “os

franciscanos também têm cultu-

ra”, lembrando Santo António de

Lisboa, um doutor da Igreja que era

franciscano.

A escolha do nome Francisco “é uma atitude de simplicidade, mas de proposta para mudança da Igreja”, uma “proposta de grande radicalidade”Isabel Allegro de MagalhãesEx-secretária geral do Graal

“O programa do pontificado terá implicações práticas, a questão social vai ser uma prioridade, bem como o equilíbrio Norte-Sul e as assimetrias”Paulo RangelEurodeputado do PSD

Page 8: 17 Março - PÚBLICO

8 | DESTAQUE | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

SAÚDE

Governo vai dar prioridade ao controlo das infecções

OGoverno atribuiu, no

passado mês de Fevereiro,

o estatuto de programa

nacional prioritário ao

combate às infecções e às

resistências aos antibióticos

que, desta forma, passa a integrar

a lista das (até agora) oito áreas

prioritárias sob a responsabilidade

da Direcção-Geral da Saúde.

O despacho do secretário de Es-

tado Adjunto do Ministro da Saúde,

Fernando Leal da Costa, passou

quase despercebido. O que se pre-

tende é controlar o fenómeno pre-

ocupante do aumento das infecções

hospitalares através de uma melhor

monitorização e de acções concre-

tas que disciplinem a utilização dos

antibióticos, nomeadamente através

da prescrição feita pelos médicos.

“Há uma subida preocupante

destes níveis e não podemos fi car

a assistir sem fazer nada. Precisa-

mos de acções programáticas efi -

cazes”, justifi ca Francisco George,

director-geral da Saúde. “Estamos

confrontados com a iminência de

termos infecções que não podem

ser controladas e tratadas por anti-

bióticos”, confi rma.

Apesar disto, Francisco George

não subscreve os cenários catas-

trófi cos defendidos recentemente

por uma especialista do Reino Uni-

do que comparou esta ameaça ao

terrorismo.

A infl uente directora médica no

departamento de Saúde do Reino

Unido e conselheira do Governo bri-

tânico, Dame Sally Davies, fez um

apelo ao Governo para que inclua

as resistências aos antibióticos na

lista ofi cial de ameaças nacionais

da qual constam o terrorismo, uma

pandemia de gripe ou o perigo de

inundação da zona costeira.

O crescente aumento das resistên-

cias aos antibióticos é uma “bomba-

relógio” defendeu. E, se nada for fei-

to, a uma escala internacional, no

prazo de vinte anos, uma simples

infecção após uma pequena cirurgia

de rotina pode ser fatal. “Não será

possível fazer muitos dos nossos tra-

tamentos para cancro ou transplan-

tes”, acrescentou.

As estimativas mais recentes sobre

terrorismo divulgadas pela União

Europeia apontam para um registo

de 30 mil vítimas de ataques, entre

as quais 10 mil mortes. As resistên-

cias aos antibióticos carregam um

fardo bem mais pesado. Se nos cen-

trarmos apenas nos casos de tuber-

culose multirresistente reportados,

estamos a falar, segundo dados da

Organização Mundial de Saúde, de

mais de 440 mil casos que causam

150 mil mortes. Por ano.

E se é impossível adivinhar o im-

pacto de um ataque terrorista, no

caso dos antibióticos o futuro é mais

do que previsível. No pior dos cená-

rios – se nada for feito para mudar

a actual situação – corremos o risco

de recuar muitos anos na história e

regressar a um tempo em que qual-

quer infecção nos pode matar.

Novos antibióticos O que fazer? A responsável de saú-

de britânica reclama um investi-

mento da indústria farmacêutica

no desenvolvimento de uma nova

classe de antibióticos. “O pipeline es-

tá praticamente vazio. Desde fi nais

da década de 80 que não há uma

nova classe de antibióticos”, refe-

re. Segundo defende, deve ser dado

um incentivo aos laboratórios, que

actualmente preferem apostar no

desenvolvimento de fármacos para

doenças crónicas a apostar em anti-

bióticos que, na maioria das vezes,

são tomados por períodos de oito

ou dez dias.

Mas, afi nal, como é que os antibió-

ticos – uma das maiores descobertas

da medicina – se tornaram o “mau

da fi ta” ou a parte mais fraca neste

retrato pessimista? A verdade é que

a culpa é só nossa. O uso indevido e

excessivo dos antibióticos fez com

que perdessem força na guerra que

travam com as bactérias. Tantas ve-

zes os usamos desnecessariamente

que deixam de ser efi cazes.

Nos relatórios do Sistema Euro-

peu de Vigilância da Resistência aos

Antimicrobianos (EARS), Portugal

surge, ano após ano, no grupo dos

dez países europeus que mais con-

somem antibióticos. Esse consumo

excessivo será, precisamente, um

dos principais alvos do programa

nacional prioritário agora criado.

uma tendência de aumento ao lon-

go da primeira década do século)”,

constata o despacho do Ministério

da Saúde.

No preocupante aumento das

resistências aos antibióticos, tam-

bém somos líderes, sobretudo no

que se refere aos casos de infecção

pela bactéria MRSA (Staphylococcus

aureus resistentes à Meticilina). “Es-

tamos entre os países com taxa mais

elevada”, lamenta José Artur Paiva,

que coordenava a comissão exclusi-

vamente dedicada aos antibióticos e

que fi cará a coordenar o agora cria-

do Programa de Prevenção e Con-

trolo de Infecções e de Resistência

aos Antimicrobianos.

Além dos elevados números da

bactéria MRSA, Portugal também

acompanha a tendência europeia

de um aumento de casos de uma

resistência a antibióticos de largo

espectro (Klebsiella pneumoniae re-

sistente a carbapenemos, por exem-

plo) usados para tratar pneumonias

e infecções urinárias. Apesar de

manter valores reduzidos (entre 1%

e 5%), Portugal contribui para este

preocupante fenómeno registando

um aumento de casos que duplica

os valores encontrados nos anos an-

teriores (menos de 1%).

No relatório Saúde em Números,

Portugal está entre os países da Europa onde a resistência aos antibióticos mais tem aumentado e onde a prevalência de infecções hospitalares é maior. O Governo lançou um programa nacional prioritário para combater o problema

Andrea Cunha FreitasResistência aos antibióticos pode ter consequências desastrosas, se nada for feito, num prazo de vinte anos

O plano de acção deste programa

ainda não foi apresentado, mas

Francisco George adianta que um

dos objectivos é “tomar um conjun-

to de medidas concretas que ajudem

a disciplinar a utilização de antibió-

ticos pelos médicos (através da pres-

crição) e pelos doentes”.

Sabe-se que dois terços das pres-

crições de antibióticos são feitos em

ambulatório, fora de ambiente hos-

pitalar, nomeadamente em centros

de saúde. O despacho do secretário

de Estado da Saúde estabelece ainda

que “todos os hospitais do Serviço

Nacional de Saúde e os demais que

integrem a rede nacional de presta-

ção de cuidados de saúde devem ga-

rantir a existência de uma Comissão

de Controlo de Infecção (CCI) imple-

mentada no prazo de 60 dias”.

Francisco George confi rma a ne-

cessidade de um reforço da moni-

torização que compete às CCI, mas

sublinha que estas “têm de ter im-

portância nas unidades de saúde e

ter meios, instrumentos, espaço e

recursos para cumprir a missão”.

As infecções hospitalares estão

a aumentar e as resistências das

bactérias aos antibióticos também.

Este é um facto que constitui uma

preocupação a nível internacional.

“Portugal é um dos países da UE

com maior taxa de prevalência de

infecções nosocomiais [adquiridas

em meio hospitalar] (o mais recen-

te estudo da DGS concluiu que em

9,8% dos doentes foi identifi cada

infecção nosocomial, mostrando

Page 9: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | 9

publicado em Janeiro deste ano pe-

la DGS, há um capítulo dedicado às

infecções nosocomiais da corren-

te sanguínea (INCS) nos hospitais

portugueses onde se conclui que a

prevalência aumentou de 3,2% em

1988 para 5,9% em 2010. O “apare-

cimento crescente de microrganis-

mos multirresistentes” não é a única

explicação para este aumento, mas

é uma delas. No total, entre Janeiro

de 2010 e Dezembro de 2011 foram

registados 3744 episódios de INCS.

Nos escassos dados sobre o nível de

resistência é possível verifi car que

em quase metade dos episódios

reportados 62,4% dos casos foram

causados pela bactéria MRSA.

Um “novo impulso”“Temos um problema internacional,

com uma expressão variável de país

para país, e que em Portugal existe

de forma signifi cativa”, resume José

Artur Paiva, que não abdicade fazer

a “defesa da honra” dos antibióticos:

“É um património da Humanidade,

aumentou a esperança média de vi-

da, diminuiu a mortalidade neona-

tal e possibilitou a realização com

sucesso de cirurgias muito compli-

cadas como transplantes”. No en-

tanto, apesar de não subscrever a

“linguagem desnecessária e que não

é científi ca” de Dame Sally Davies,

José Artur Paiva considera que este

património “indispensável na práti-

ca clínica está em riscos de extinção”

(sem o desenvolvimento de novas

classes de antibióticos) e que está a

perder efi cácia. Mas, para que todas

as catástrofes que a médica britâni-

ca anuncia acontecessem era pre-

ciso que não se fi zesse mais nada a

partir deste momento. O que não é

o caso, garante o especialista. “Há

uma consciência do problema e ele

tem agora, em Portugal, um carácter

prioritário”, nota, lembrando que

as autoridades de saúde fazem uma

vigilância epidemiológica da taxa de

infecções, da percentagem de alguns

dos mais importantes micro-orga-

nismos resistentes e do consumo

de antibióticos. “Queremos dar um

novo impulso a esta questão. Temos

um número crescente de infecções

hospitalares e não podemos fi car pa-

rados”, reforça Francisco George.

Mas além de todos os factos pro-

vados e comprovados sobre a ques-

tão dos antibióticos na saúde das

pessoas, Emídio Gomes, professor

catedrático e director da Escola Su-

perior de Biotecnologia da Univer-

sidade Católica do Porto, fala ain-

da do domínio na alimentação dos

animais e da segurança alimentar.

Aqui, apesar de ainda haver muito

a fazer como comprovam os escân-

dalos mais recentes, o especialista

assegura que nunca a segurança ali-

mentar (no que se refere ao uso de

antibióticos também) foi tão contro-

lada como é hoje.

“As intoxicações de origem bio-

lógica caíram de níveis aberrantes

nos últimos anos”, diz. O que hoje é

notícia, antes era algo que acontecia

todos os dias.

JOÃO GUILHERME

Número Nacional/Chamada Local

CONSELHO GERALCONVOCATÓRIA

Nos termos do Artigo 30.º dos Estatutos, convoco o colega para a sessão do Conselho Geral do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, que se realiza no próximo dia 21 de março de 2013, com início pelas 9.00 horas, nas Instalações do SBSI, sitas na Rua Marquês da Fronteira, 14 em Lisboa, com a seguinte

ORDEM DE TRABALHOS Ponto Um - Apreciação e votação, nos termos da alínea f) do n.º 1 do Artigo 29.º dos

Estatutos, do Relatório e Contas do Sindicato relativo ao exercício de 2012: a) Atividade Sindical; b) SAMS; c) USP; d) Relatório e Contas do SBSI relativo ao exercício de 2012 (Decreto-Lei 36-

A/2011 de 9 de março). Ponto Dois - Deliberar e autorizar a Direcão do SBSI, a adquirir ao abrigo da alínea h) do

n.º 1 do artigo 29.º do Estatutos, à Parque Escolar, E.P.E., pelo preço de € 64.000,00 (sessenta e quatro mil euros), o prédio urbano constituído por parcela de terreno para construção com a área de 233 m², sito na Rua Dr. Júlio Dantas, em Lisboa.

Lisboa, 12 de março de 2013

O Presidente da Mesa Coordenadora dos Órgãos Deliberativos Centraisa) Arménio dos Santos

Nota: O relatório a que se refere alínea d) do O.T. resulta do facto de o SBSI pela sua atividade e personalidade jurídica estar abrangido pelo Sistema de Normalização Contabilística para as Entidades do Setor Não Lucrativo (SNC - ESNL), de acordo com o Decreto-Lei 36-A/2011 de 9 de março.

SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO SUL E ILHASMECODEC

União Geral de Trabalhadores

Union Network International

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10 | PORTUGAL | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

Depois do 12.º ano, um

Dois anos depois de um empresário

ter desafi ado dois jovens a interrom-

perem os estudos e a viajarem pelo

mundo, “para crescerem”, a discus-

são sobre as vantagens de uma pausa

na actividade académica chega à As-

sembleia da República. Os ingleses,

que há décadas criaram o conceito

e a prática, chamam-lhe gap year.

Os deputados do PS traduzem para

“ano sabático” e pedem o apoio do

Governo para o promover entre os

alunos do ensino secundário.

Foi um acaso. Chamado a partici-

par numa iniciativa organizada pelo

Agrupamento de Escolas de Carre-

gal do Sal, Gonçalo Azevedo Silva,

que estava no 12.º ano, lembrou-se,

“porque achava a ideia gira”, de fa-

lar sobre um tema que estudara no

ano anterior, nas aulas de Inglês. No

auditório da Fundação Lapa do Lo-

bo (FLL), requisitado para o Encon-

tro da Oralidade, o rapaz discorreu

sobre as vantagens do ano sabático,

ou, em inglês, gap year – um ano

de pausa nas actividades de rotina,

neste caso lectivas, normalmente

entre o ensino secundário e o supe-

rior, para viajar, fazer voluntariado

e, eventualmente, trabalhar, em am-

bientes diferentes daqueles em que

se nasceu e cresceu.

Não pensou mais no assunto até ao

dia em que, umas semanas depois,

Carlos Torres, o empresário e presi-

dente da fundação onde decorrera

o encontro, lhe telefonou. Estremu-

nhado, ouviu: “Queres passar da te-

oria à prática?”

Hoje Gonçalo não pode dizer, com

honestidade, que, ao convidá-lo a

escolher um companheiro de via-

gem e ao dar-lhe meios para correr

24 países em seis meses, o presiden-

te da FLL lhe permitiu concretizar

um sonho: “É que nem me tinha

passado pela cabeça sonhar com

tal coisa”, afi rma, a rir.

Carlos Torres, administrador do

grupo Resul, Equipamentos de Ener-

gia, sonhou por ele. “Estava a ouvir o

Gonçalo a falar e a pensar: ‘O que eu

adorava ter feito uma coisa destas’”.

Como empresário, Carlos Tor-

res “acredita que, desde que bem

organizado, um gap year pode ser

um elemento valiosíssimo no cur-

rículo”. “Faz com que estes miúdos

cresçam imenso. E depois”, acres-

centa, “nesta fase, adiar por um ano

a entrada no mercado de trabalho

não altera nada – que diferença faz

acabar uma licenciatura com 21 ou

com 22 anos?”

Tudo se enquadrava. Para além da

ideia e do jovem que a apresentara,

o empresário dispunha já dos meios

para a colocar em prática – os da pró-

pria fundação, “uma entidade priva-

da, que nunca recebeu um cêntimo

do Estado” (como faz questão de fri-

sar). Sediada na aldeia dos seus avós,

na povoação da Lapa do Lobo, a FLL

tem objectivos culturais, educativos

e de preservação do património nos

concelhos de Nelas e do Carregal do

Sal. Foi com facilidade que no item

“actividades e apoios” se acrescen-

tou “Gap Year”.

“Horizontes abertos”Gonçalo escolheu Tiago Marques, da

mesma idade, para o acompanhar

na “experiência-piloto” da FLL. O

programa de viagem foi cuidadosa-

mente delineado pelo empresário e

pelos dois jovens que, meses mais

tarde, partiram com algumas obriga-

ções, como fazerem voluntariado e

partilharem as suas experiências no

blogue Um Mundo a Aprender (http://

fl lgapyear.wordpress.com).

Os dois “pioneiros”, que, como

exigira Carlos Torres, já se tinham

candidatado e haviam sido admitidos

no ensino superior, voltaram diferen-

tes. “Com horizontes mais abertos,

mais capazes de resolver problemas

com rapidez, de dar mais valor às

coisas, de respeitar a diferença, mais

solidários”, enumera Gonçalo, agora

com 19 anos e a frequentar o 1.º ano

do curso Economia, em Lisboa.

Gonçalo e Mário também vol-

taram determinados a contribuir

para que outros jovens pudessem

benefi ciar de uma experiência se-

melhante. Enquanto a FLL e Carlos

Torres prosseguiam o seu caminho,

criando o regulamento do concur-

so que este ano lançou mais quatro

O PS apresentou uma proposta de projecto de resolução que levará o tema gap year ao Parlamento

Velha em muitos países, a ideia de fazer um ano sabático, entre o ensino secundário e o superior, está a ganhar adeptos em Portugal. O tema já chegou à Assembleia da República

EducaçãoGraça Barbosa Ribeiro

rapazes ao mundo, Gonçalo e Tiago

constituíram a Associação Gap Year

Portugal (AGYP).

Depois de criarem uma página na

Internet (http://gapyear.pt/) que ali-

mentam com informações úteis aos

futuros “gaps”, os dirigentes da AGYP

pediram audiências a várias entida-

des, para promover a iniciativa. No

dia 5 de Março, conseguiram cativar

os deputados da Comissão Parlamen-

tar de Educação, que os receberam

em audiência; e, há pouco mais de

uma semana, o PS apresentou uma

proposta de projecto de resolução

que levará o tema ao plenário.

“O Estado não tem de fi nanciar

este tipo de iniciativa, claro – para

mais, nesta fase. Mas pode e deve

envolver-se criando circunstâncias

favoráveis à sua realização e, prin-

cipalmente, promovendo a escola

informal, a escola da vida, como al-

go que os jovens devem valorizar”,

considera Rui Duarte, deputado so-

cialista e subscritor da proposta.

Entre outros aspectos, o PS reco-

menda que o Ministério de Educa-

ção disponibilize meios adequados

“à promoção do conceito e à disse-

minação” da “cultura de ano sabáti-

co” nas escolas; e ao Ministério dos

Negócios Estrangeiros que disponi-

bilize os recursos da rede consular

portuguesa no mundo, com vista a

uma maior facilidade na certifi cação

dos circuitos de voluntariado e ao

acompanhamento dos movimentos

dos jovens.

A ideia não é pacífi ca. “No plano

teórico, um ano a viajar, a fazer vo-

luntariado ou a trabalhar, é interes-

“No plano teórico, um ano a viajar é interessantíssimo. Mas não pode ser aconselhado a toda gente, muito menos a todos os jovens de 17, 18 anos.”Pedro Rosáriopsicólogo

Page 11: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | PORTUGAL | 11

ma pausa para viajar

santíssimo. Mas não pode ser acon-

selhado, de forma genérica, a toda a

gente, e muito menos a todos os jo-

vens de 17, 18 anos”, comenta Pedro

Rosário, coordenador da Unidade de

Investigação Aplicada em Aprendiza-

gem e Realização da Escola de Psico-

logia da Universidade do Minho.

Portugueses imaturos?Tal como outros psicólogos ouvidos

pelo PÚBLICO, preocupa-se menos

com um eventual desvio da carreira

académica do que com a possibili-

dade de os adolescentes não terem

maturidade e estrutura emocional

para lidar com a experiência. “O que

pode ser excelente para uns pode

ser extremamente doloroso para

outros”, alerta Pedro Rosário, que

lembra que o gap year inglês “é uma

tradição das classes alta e média-alta

– o que se refl ecte tanto na possibili-

dade de fi nanciar a viagem como de

a organizar, garantido a segurança e

o apoio aos estudantes que, caso se

dêem mal, podem regressar a casa

no dia seguinte”.

Alexandra Barros, especialista

em Psicologia do Desenvolvimento

e Aconselhamento da Carreira da

Universidade de Lisboa, sublinha ou-

tras diferenças culturais em relação

às sociedades que encaram o gap ye-

ar com naturalidade. “Nos países do

Norte da Europa os jovens começam

a trabalhar e saem de casa dos pais

muito cedo, o que lhes garante uma

autonomia e uma maturidade que os

jovens portugueses, de uma forma

genérica, estão longe de possuir, aos

17, 18 anos”, considera.

Depois do seu “ano sabático”, Gonçalo Azevedo Silva lançou uma associação, a Gap Year Portugal

NELSON GARRIDO RUI GAUDENCIO

Margarida Gaspar de Matos, psicó-

loga e coordenadora em Portugal do

Health Behaviour in School-Aged Chil-

dren (um levantamento dos compor-

tamentos e estilos de vida dos adoles-

centes levado a cabo de quatro em

quatro anos pela Organização Mun-

dial de Saúde), tem a mesma opinião

sobre a pouca autonomia dos jovens

portugueses, em regra.

À semelhança de Alexandra Bar-

ros, esta especialista aponta como

termo de comparação o programa

de mobilidade Erasmus, para alunos

do ensino superior e, por isso, mais

velhos. “Nestes casos, a mobilidade

está enquadrada, é um passo num

percurso de desenvolvimento que é

orientado pelas faculdades, que tem

determinados objectivos e é dado no

âmbito de uma rede institucional

que, em caso de necessidade, garan-

te o apoio indicado. E, ainda assim,

há pessoas para quem a experiência

é negativa ”, diz.

Coloca, como Pedro Rosário, a

questão dos custos: “Num momento

em que se diz que os jovens chegam

a desmaiar de fome nas escolas, que

sentido faz o ministério promover

uma iniciativa deste género?”

Mais barato do que estudarForam respostas às questões levanta-

das pelos psicólogos que a AGYP ten-

tou promover por antecipação. Car-

los Torres e Gonçalo Azevedo Silva

não revelam quanto custou a viagem

dos pioneiros ou as dos quatro estu-

dantes também apoiados pela FLL,

que há dias se cruzaram, em grupos

de dois, na América Latina. “Estes

são casos excepcionais. É possível

fazer um gap year com mais ou com

menos despesas e estarmos a indi-

car um valor poderia desincentivar

quem tem menos meios”, justifi ca

o empresário.

Gonçalo, que criou uma fórmula

de cálculo de custos “absolutamente

rigorosa” na página da Internet da

associação, compara: “Um estudan-

te de fora de Lisboa gasta, em nove

meses lectivos (incluindo quarto,

transportes, propinas, alimenta-

ção...) cerca de 5004 euros. O mes-

mo período na Índia, incluindo as

viagens de avião de ida e volta, cus-

ta 3722.” Demasiado, ainda assim?

“No limite, até se podem organizar

as coisas de maneira a que o jovem

trabalhe durante alguns períodos da

viagem, para que o gap year fi que a

custo zero”, diz Carlos Torres.

Sobre a falta de maturidade dos

jovens, o empresário contrapõe

que esta é, precisamente, uma ex-

periência que os faz amadurecer, e

recorda que para fazer um gap ye-

ar não é preciso “papar países’ ou

correr riscos. “Uma única acção de

voluntariado, numa instituição de

um único país, já será uma experi-

ência valiosa.”

Gonçalo Azevedo Silva acrescen-

ta que a associação – com a qual

colaboram viajantes experimenta-

dos, mais velhos, como conselhei-

ros – procura, precisamente, dar o

apoio de que os “gaps” necessitam

no planeamento e organização da

viagem.

“Não se trata de um ‘Chau, mãe,

vemo-nos daqui a um ano’”, diz

Cristina Pedrosa, professora do 3.º

ciclo e do ensino secundário e mãe

de Diogo, que neste momento viaja

pela América Latina com fi nancia-

mento e apoio da FLL.

Se “a maior difi culdade ainda é

combater os medos dos pais”, co-

mo diz Gonçalo, Cristina pode ser

considerada uma “embaixadora” da

AGYP. Afi rma que, graças à Internet

e às redes sociais, não há um dia em

que não saiba do fi lho. Quanto aos

riscos, “são relativamente contro-

lados”, porque os jovens saem de

Portugal com a viagem planeada,

diz. Já prometeu à fi lha, de 14 anos,

que, se puder, lhe proporcionará o

seu gap year aos 18.

A correr as Américas desde Outu-

bro, João Paiva também pensa que,

se estiver “bem planeado e organiza-

do”, “o gap year tem tudo para dar

certo”. Conta que começou a viagem

apoiada pela FLL “com uma certa

ansiedade”, sem a certeza de que

estaria “à altura do que estava para

vir”. Hoje, sente-se “mais crescido”,

“mais seguro”, “mais preparado para

os desafi os”.

No sítio da Internet da AGYP já se

inscreveram 64 pessoas que dizem

ter intenções de fazer o gap year no

próximo ano”. Gonçalo Azevedo Sil-

va diz não poder dizer quantos por-

tugueses já fi zeram o gap year entre o

secundário e a universidade ou quan-

tos vão, efectivamente, fazê-lo para

o ano. Mas está convencido de que a

tendência “vai mesmo pegar”.

Page 12: 17 Março - PÚBLICO

12 | PORTUGAL | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

NUNO FERREIRA SANTOS

Governo deve reforçar com urgência o orçamento da Segurança Social, diz Eugénio Fonseca

Ao mesmo tempo que o presidente

da Cáritas Diocesana pedia ao Go-

verno que assegurasse o “urgente

reforço de meios” para o combate

ao “inevitável aumento da pobreza”,

o ministro da Solidariedade e da Se-

gurança Social, Pedro Mota Soares,

prometia disponibilizar, “ao longo

dos próximos meses”, dez milhões

de euros de verbas comunitárias

para o combate ao desemprego em

zonas mais vulneráveis do país.

O anúncio de ontem do ministro,

que informou que aquele montante

será aplicado na celebração de 80

Contratos Locais de Desenvolvimen-

to Social (CLDS), foi feito no fi nal da

visita a um lar de idosos de Cinfães,

um dia depois de o Governo ter ad-

mitido, na sequência da sétima ava-

liação da troika, o aumento da reces-

são e da taxa de desemprego, que

poderá atingir um pico de 19%.

A notícia de que as consequências

da crise se iriam agravar já havia

provocado o alerta do presidente

da Cáritas, Eugénio Fonseca, que à

Cáritas diz que pobreza vai aumentar e pede mais apoio para emergências

margem do conselho geral daquela

organização, em Bragança, afi rmou

que o Governo deveria reforçar com

urgência o orçamento do Ministério

da Solidariedade e Segurança Social,

sob pena de a situação se tornar

“ainda mais dramática”.

Defendeu, em concreto, o aumen-

to das verbas disponibilizadas aos

centros distritais de solidariedade e

segurança social para os chamados

subsídios eventuais, que permitem

fazer face a situações de emergên-

cia, como a compra de medicamen-

tos ou o pagamento de rendas ou de

electricidade.

Não foi possível obter um co-

mentário de Eugénio Fonseca aos

anunciados CLDS, que envolverão

câmaras municipais e instituições

particulares de solidariedade social.

Mas o PÚBLICO sabe que, quando

fez aquelas afi rmações, o presidente

da Cáritas não tinha conhecimen-

to da mais recente promessa do

ministro. “São cerca de 10 milhões

em verbas comunitárias que nós cre-

mos, juntamente com o poder local

e acima de tudo com as instituições

sociais, poder fazer gerar um con-

junto de projectos que criem postos

de trabalho”, disse Mota Soares, ci-

tado pela Lusa.

Os CLDS contemplam um modelo

de gestão que prevê a concentração

de recursos em zonas vulneráveis e

em projectos que visem a criação de

emprego, a formação e a qualifi ca-

ção; a “intervenção familiar e paren-

tal”; “a capacitação da comunidade

e das instituições” e “a informação

e acessibilidade”. Segundo a Lusa,

as zonas afectadas por desemprego

e pobreza elevados poderão benefi -

ciar de um apoio até 300 mil euros,

durante dois anos, e as áreas enve-

lhecidas ou fortemente afectadas

por calamidades podem receber

até 200 mil euros.

Actualmente estão em curso 79

projectos inseridos nos CLDS, abran-

gendo 18 concelhos. Há um mês, o

secretário de Estado da Segurança

Social, Marco António Costa, já tinha

anunciado uma nova fase de CLDS,

focalizada na empregabilidade.

O socialista Nuno Sá classifi cou o

anúncio de Mota Soares como “pro-

paganda barata” feita com “progra-

minhas de 200 mil euros”. O coor-

denador da bancada do PS para as

questões do trabalho disse à Lusa

que se está a assistir a uma atitude

de “insólito atrevimento”. Em decla-

rações ao PÚBLICO, sublinhou que

a medida anunciada não resolve o

problema. “O Governo limita-se a

prosseguir com medidas de política

social dos Governos do PS e dá-se

por satisfeito por combater um mi-

lhão de desempregados com pro-

gramas de 200 mil euros”, acusou,

lembrando que quando o PS lançou

este tipo de contratos locais, a taxa

de desemprego era muito inferior.

com Lusa

CriseGraça Barbosa Ribeiro

Ministro Mota Soares anunciou novos contratos locais para combater desemprego. Envolvem 10 milhões de euros

Um grupo de polícias passa e ouve-se

no rádio: “Reforços, rápido, estamos

a ser fortemente apedrejados!” Há

pedras e insultos e os agentes dis-

param várias vezes para o ar. Há fu-

mo por toda a rua, cheira a plástico

queimado. Há mães que gritam pelos

fi lhos das janelas — têm receio que se-

jam detidos. Ou atingidos pelos tiros.

Foi assim ontem à noite, no Bairro da

Bela Vista, em Setúbal.

A violência seguiu-se à morte de

um jovem de 18 anos durante a tarde.

Vários moradores garantiam que o

jovem tinha morrido depois de ser

atingido pela polícia, numa alegada

perseguição. Mas nem a PSP de Setú-

bal nem a direcção nacional da PSP

confi rmaram essa informação.

A morte do jovem “terá acontecido

na sequência de um acidente de mo-

to”, afi rmou o subcomissário Vieira,

da direcção nacional da PSP, em de-

clarações ao PÚBLICO. E da esquadra

em Setúbal veio a mesma certeza: “A

morte foi causada pelo acidente.”

Mas a TSF citava também a direc-

ção nacional da PSP para avançar

que chegou a haver disparos, com

balas de borracha, para tentar travar

o jovem.

O rapaz seguiria sem capacete

e na sequência de uma persegui-

ção ou de uma fuga terá caído e

morrido, adiantou ainda a direc-

ção nacional da PSP, sublinhando

Papel da polícia em morte de jovem gera violência no bairro da Bela Vista

Setúbal Ricardo Vilhena

O rapaz seguia ontem sem capacete, numa moto, e terá morrido quando era perseguido pela polícia. Bairro a ferro e fogo

que estava a reunir informação.

Várias pessoas concentraram-se

junto à esquadra local da PSP. No ex-

terior estava um dispositivo de agen-

tes munidos de material de protec-

ção, como escudos e capacetes.

Outros moradores insultavam a

polícia, das varandas, e outros ainda,

na rua, desaprovavam, em surdina,

a queima dos caixotes do lixo e os

distúrbios.

Por volta das 22h ouviram-se tiros

do corpo de intervenção. Um grupo

de jovens que estava entre o Mercado

2 de Abril, o bairro vizinho e a Bela

Vista dispersaram. Mas reagruparam-

se rapidamente e incendiaram mais

caixotes na Rua do Sacramento, se-

guindo depois pela Rua do Padre José

Maria Nunes da Silva, um dos limites

do bairro, a poucos metros da esqua-

dra de polícia. Pelo caminho derru-

baram mais caixotes, ecopontos e

pontos de recolha de roupa, entre

assobios e gritos contra a PSP.

A polícia agia com precaução,

acompanhada por câmaras de te-

levisão e jornalistas. Enquanto isso,

algumas pessoas tentavam retirar os

seus carros da zona, para os levar

para longe do bairro e da confusão.

Várias viaturas foram atingidas por

pedras.

O Bairro da Bela Vista foi palco, há

alguns anos, de incidentes do géne-

ro. Em Maio de 2009, um jovem ali

residente morreu em Alvor, no Al-

garve, na sequência de um disparo

da polícia que o havia surpreendido

a cometer um roubo.

O resultado deste incidente foram

três dias de confrontos, com caixo-

tes incendiados, pedras e troca de

tiros e um ambiente de tensão que

demorou a dissipar-se. com Andreia Sanches

NUNO FERREIRA SANTOS

Em 2009 o bairro também foi palco de confrontos (foto de arquivo)

Page 13: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | 13

Semedo rejeita coligações que não incluam “toda a esquerda”

Ambição com realismo: é assim que

João Semedo, coordenador do Blo-

co de Esquerda, encara a proposta

que o próprio fez à comissão polí-

tica e à concelhia do partido, para

que o seu nome fosse o candidato

à presidência da Câmara de Lisboa

nas próximas autárquicas do Ou-

tono. A proposta foi acolhida com

uma votação “superexpressiva”,

descreve o próprio, na reunião de

sexta-feira à noite. De onde saiu

também o nome da deputada Ana

Drago para encabeçar a lista para

disputar a presidência da assem-

bleia municipal. Estas decisões

vêm encerrar um período de algu-

ma celeuma dentro do BE sobre os

nomes a indicar para a autarquia

da capital. “Achei que a melhor so-

lução era eu”, diz, sem rodeios, o

coordenador bloquista.

O realismo de João Semedo assen-

ta no pressuposto de assumir desde

já que o objectivo político principal

da sua campanha é a “recuperação

de um vereador” no município lis-

boeta. “É uma visão realista do qua-

dro político português e de Lisboa”,

assume João Semedo ao PÚBLICO,

recusando partir para a corrida

com um horizonte limitado. “Não

ando distraído, conheço o tabuleiro

do jogo. Por isso assumimos que

BE lança Semedo à presidência de Lisboa para recuperar vereador

não disputamos a câmara, mas o

regresso do Bloco de Esquerda à câ-

mara.” Ainda não fez as contas do

que isso signifi ca, mas lembra que,

há quatro anos, “faltaram poucos

votos para que Luís Fazenda fos-

se eleito”. Em 2009, Fazenda teve

12.806 votos, e o PCP, o último a

eleger, teve 22.575. O BE perdia as-

sim ofi cialmente o lugar de verea-

dor que, na prática, já não era seu,

uma vez que José Sá Fernandes que,

com estatuto de independente, fora

eleito pelo Bloco, perdera o apoio

do partido.

E uma coligação? “Independente-

mente do que o PS nos propuser [os

dois partidos ainda vão reunir-se,

na sequência da carta que os socia-

listas enviaram na passada semana

ao BE e ao PCP a propor encontros

para discutir coligações em alguns

municípios], não abdicaremos de

uma candidatura só nossa em Lis-

boa”, esclarece Semedo, justifi can-

do que o partido quer “uma forte

disputa e discussão política” para o

município. Já alianças pós-eleitorais

será assunto para mais tarde. “Pri-

meiro, a campanha, depois os resul-

tados”, diz Semedo. Mas aqui não

faz recusas. “O BE assumirá todas

as responsabilidades do programa

com que se apresentar às eleições.

Seremos parte da solução — ou não

— se essa solução for enquadrável

com o programa.” O coordenador

bloquista esclarece que é favorável

a “coligações de toda a esquerda”,

mas para esse cenário nem o PCP

nem o PS se mostram interessados.

“O país benefi ciaria de uma coliga-

ção de toda a esquerda. Não é de

meia esquerda; é de toda a esquer-

da”, defende Semedo, esperando,

no entanto, para ver o que o PS vai

colocar em cima da mesa.

Questionado sobre as áreas em

que a cidade precisa de medidas

urgentes, Semedo aponta o apoio

social e a habitação. “O grande de-

safi o é, nesta situação de grande

austeridade, a autarquia ter capa-

cidade para responder à grande

fragilidade da cidade que é a de

ter uma população envelhecida e

em muitos casos assolada pela po-

breza.” Não sendo o apoio social

uma responsabilidade em primeiro

lugar do município, este “não pode

fi car de braços cruzados”. Daí ser

preciso contornar os espartilhos da

nova lei das fi nanças locais e “reo-

rientar as necessidades e os recur-

sos municipais” para responder às

inúmeras situações de “emergência

social” que a cidade encerra, diz

Semedo.

Autárquicas Maria Lopes

Ana Drago é a candidata à presidência da assembleia municipal. Semedo rejeita coligação, mas acordos pós-eleições “logo se verá”

António José Seguro recusou-se on-

tem a falar numa moção de censu-

ra ao Governo, apesar de, na sexta-

feira à noite, ter anunciado que a

sétima avaliação da troika marca a

ruptura das relações do PS com o

Governo, mesmo não explicando

de que forma fará esse corte. Ques-

tionado à margem de um encontro

com empresários em Castelo Branco

sobre se vai apresentar uma moção

de censura ao Governo, o líder so-

cialista refutou esse cenário. “Faço

oposição construtiva e séria: escuto

os portugueses, os seus problemas

e apresento soluções”, respondeu,

considerando desempenhar o papel

“que se exige ao líder da oposição:

que apresente alternativas”, o que

o PS tem feito.

Horas depois, o coordenador do

Bloco de Esquerda, João Semedo,

desafi ou o líder do PS a assumir essa

ruptura, alinhando numa moção de

censura contra o Governo. “Fiquei

surpreendido com o anúncio da rup-

tura, que é tardio, mas chegou, mas

estranho que não se traduza em na-

da de concreto”, disse ao PÚBLICO

João Semedo. “É o momento opor-

tuno, até pela gravidade das previ-

sões e das medidas anunciadas - que

representam mais três anos de aus-

teridade, de recessão e desemprego

-, para o PS alinhar numa moção de

censura para clarifi car a sua posi-

ção sobre a troika. Para que se saiba

onde está a direita e a esquerda em

Portugal e quem está do lado da aus-

teridade”, defende o coordenador

do BE. Seguro até “pode perguntar

qual é a pressa. Pois a pressa é exac-

tamente apresentar uma moção de

censura”, desafi a Semedo.

“O anúncio desta avaliação marca

defi nitivamente uma clara ruptura

entre o PS e o Governo, porque o

PS não se revê nesta receita de em-

pobrecimento, que não resolve ne-

nhum problema”, disse o líder do PS

na sexta-feira. Questionado ontem

sobre a atitude de Seguro, António

Costa, que defende há muito este

corte, limitou-se a dizer que “o re-

nascer pressupõe rupturas”, talvez

inspirado pelo facto de estar numa

plantação de árvores. com Lusa

Seguro recusa falar de moção, BE desafia PS

PartidosMaria Lopes

João Semedo desafia líder do PS a concretizar a ameaça de “ruptura” com o Governo que fez na sexta-feira. Costa não comenta

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Page 14: 17 Março - PÚBLICO

14 | LOCAL | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

Casa da Música bate Torre dos Clérigos e já é a preferida dos turistas no Porto

PAULO PIMENTA

Preferência pela Casa da Música confirma procura de turismo cultural, acredita o presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal

Os turistas que visitam a cidade do

Porto colocam, no topo da lista dos

locais a visitar, a Casa da Música, do

arquitecto holandês Rem Koolhaas.

O edifício da Porto 2001 – Capital

Europeia da Cultura ultrapassa a

Torre dos Clérigos ou as caves do

vinho do Porto, de acordo com os

resultados de um estudo realizado

pela Fundação de Serralves. A fun-

dação, projecto do arquitecto por-

tuguês Álvaro Siza Vieira, ocupa o

quarto lugar na lista.

Os resultados constam do capí-

tulo A Fundação de Serralves como

pólo de atracção turística do estudo

Impacto Económico da Fundação de

Serralves, realizado pela Porto Bu-

siness School. O top 5 das atracções

turísticas do Porto foi construído

através de um inquérito a 350 tu-

ristas, nacionais e estrangeiros,

e, a julgar pelos dados obtidos, a

imagem que o Porto hoje projecta

vai para lá do centro histórico que,

em 1996, lhe garantiu o galardão da

Unesco de Património Mundial da

Humanidade.

Na lista de 23 locais previamente

defi nidos e que os turistas já tinham

visitado, ou pretendiam visitar, es-

tão a Sé Catedral (6.º lugar), o Pa-

lácio da Bolsa (8.º), a Igreja de São

Francisco (11.º) ou a Ribeira (12.º),

símbolos do centro histórico, mas

estão também muitos outros espa-

ços que remetem para um Porto

diferente, de modernidade e con-

sumo.

O resultado mais surpreendente

talvez seja o facto de o item “cen-

tros comerciais” surgir na 5.ª posi-

ção da lista, logo a seguir a Serral-

ves e antes da Sé Catedral. Melchior

Moreira, presidente do Turismo do

Porto e Norte de Portugal, arrisca

uma hipótese para este destaque.

“Um dos nossos produtos estraté-

gicos é precisamente o City Break, e

penso que será nesse contexto que

esse resultado surge. Acredito que

este indicador se prenda mais com

o turismo interno, dos portugue-

ses que vão à cidade e sabendo da

oferta e qualidade dos produtos,

aproveitam para ir às compras”, diz

este responsável.

A verdade é que o estudo de Ser-

ralves refere que “não se registaram

âmbito e introduzir estas questões.

Nós, claro, fi camos contentes por

aparecer em 4.º lugar, mas acho

que estes resultados dependem

sempre muito da amostra.

No [site] Trip Advisor, por exem-

plo, que valorizo muito, por ser

aberto a todos, hoje [quinta-feira]

aparecemos em 8.º [à frente da

Casa da Música, em 9.º] , mas já

houve dias em que estávamos em

primeiro”, diz.

Já Melchior Moreira não se mos-

tra surpreendido com o top 5 do es-

tudo de Serralves (com excepção da

presença dos centros comerciais)

nem com o facto de a Casa da Músi-

ca ultrapassar a Torre dos Clérigos,

que este ano está a celebrar os seus

250 anos. “Isto vem confi rmar um

conjunto de dados que já tínhamos

em relação à cidade do Porto, de

procura muito grande do touring

ligado à Cultura e ao património”,

assinalou.

Num estudo realizado para a Fundação de Serralves pela Porto Business School, 350 turistas colocam o edifício de Rem Koolhaas no topo de uma lista, na qual os shoppings surgem em 5.º lugar

PortoPatrícia Carvalho

Outros pontos de interesse

Estádio do Dragão à frente de cruzeiros no rio

Os 23 locais de interesse seleccionados para o inquérito promovido por Serralves incluem espaços

tão distintos como o Jardim Botânico (19.ª posição) ou o Estádio do Dragão. A casa do F. C. Porto ocupa a 16.ª posição das preferências dos inquiridos, à frente dos cruzeiros pelo Douro (17.ª), da Foz (18.ª), do Palácio de Cristal (20.ª), das pontes (21.ª), da Avenida dos Aliados (22.ª) ou das Galerias de Paris (23.ª). Os restantes locais da lista são ocupados pelas viagens de autocarro e eléctrico da Citytours (7.ª posição), o

Palácio da Bolsa (8.ª), o Museu de Soares dos Reis (9.ª), o Museu do Carro Eléctrico (10.ª), o Sea Life (13.ª) e a Livraria Lello (14.ª). A Estação de São Bento, recentemente destacada por publicações internacionais como um dos sítios a não perder no Porto, não fazia parte da lista definida pela equipa técnica.

diferenças estatisticamente signifi -

cativas entre nacionais e estrangei-

ros no que respeita aos locais top

5 mais visitados da cidade do Por-

to” — top encerrado, precisamente,

pelos centros comerciais, com 42%

dos inquiridos a garantir que os vi-

sitou ou pretende visitá-los, na sua

estadia na cidade.

Serralves tem outro estudoA directora-geral da Fundação de

Serralves, Odete Patrício, também

não encontra explicação para este

dado e diz que vai esperar pelos

resultados de um outro estudo que

a instituição espera apresentar em

Maio, centrado na questão dos pú-

blicos, para tirar conclusões mais

concretas.

“O objectivo deste estudo não era

avaliar quais as principais atracções

da cidade, mas quantifi car o valor

económico de Serralves. Os auto-

res resolveram alargar um pouco o

Page 15: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | 15

O Tribunal da Relação de Lisboa

considerou nula a condenação dos

13 arguidos no processo do colapso

do viaduto da A15, na freguesia de

S. Gregório de Fanadia, Caldas da

Rainha, em que morreram quatro

operários, e determinou a repeti-

ção do julgamento.

A decisão teve por base a apre-

ciação de dezena e meia de recur-

sos intercalares interpostos pela

defesa ao longo do processo, a

que, em parte, o tribunal veio ago-

ra dar razão, considerando dever

ser “realizado novo julgamento e

proferido novo acórdão em que o

tribunal aprecie a eventual respon-

sabilidade criminal e civil dos con-

denados”. Entre as irregularidades

estão a “valoração de prova que o

não podia ser, perda de efi cácia da

prova produzida e indeferimento

de toda a prova requerida na se-

quência das comunicações efec-

tuadas sem que tenha sido dada a

possibilidade aos requerentes de

esclarecerem os fundamentos da

sua pretensão”, refere o acórdão,

a que a Lusa teve acesso.

Entre as nulidades apontadas está

o facto de alguns despachos terem

sido proferidos apenas na presen-

ça do juiz-presidente, quando de-

veriam ter sido feitos na presença

de todo o colectivo, e de o acórdão

ter sido proferido “vários meses”

após as alegações fi nais, quando o

prazo legal é de um mês. Na deci-

Relação manda repetir julgamento de queda de viaduto na A15, nas Caldas da Rainha

são, proferida a 13 de Março, e de

que os advogados foram notifi cados

na sexta-feira, são referidas “várias

nulidades que a defesa sempre en-

tendeu que eram susceptíveis de

pôr em causa a justiça da decisão

fi nal”, disse César Pratas, advogado

de cinco arguidos do processo, que

à data do acidente trabalhavam na

empresa Mecanotubo.

A repetição do julgamento sem

“os elementos que vieram causar

uma situação de injustiça” aumen-

ta, para os 11 condenados, “a espe-

rança de que a justiça seja feita”.

O acórdão, com mais de 400 pá-

ginas, que condenou 11 de 13 argui-

dos no processo do colapso de um

viaduto da A15 (Óbidos-Santarém),

foi conhecido em Setembro de 2011,

dez anos depois do acidente, que

provocou a morte de quatro operá-

rios e ferimentos noutros 12.

O caso envolveu mais de 200 tes-

temunhas, 17 advogados e esten-

deu-se por mais de meia centena

de sessões, já que foi iniciado no

fi nal de 2007, adiado sine die — para

dar tempo ao Laboratório Nacional

de Engenharia Civil de elaborar um

relatório para apurar as causas da

queda do viaduto — e retomado em

Março de 2008.

A decisão da Relação só será de-

fi nitiva depois de esgotado o prazo

de recurso (20 dias).

Se o Ministério Público não apre-

sentar recurso ou se o mesmo for

considerado improcedente, o julga-

mento será repetido no Tribunal Ju-

dicial das Caldas da Rainha. Lusa

Acidente

Breves

Açores

Lisboa

Famílias de Porto Judeu começam a regressar a casa

Lisboa recebe cerimónia de prémio de arquitectura

A maior parte das famílias desalojadas na freguesia de Porto Judeu, na ilha Terceira, devido às enxurradas, já começou a regressar às suas habitações, mas entre cinco e seis agregados ainda vão continuar a residir em casas de familiares, segundo a Lusa. A freguesia de Porto Judeu, em Angra do Heroísmo, foi uma das mais afectadas pelo mau tempo de quarta-feira, devido às fortes chuvadas que fizeram transbordar o leito de uma ribeira, provocando inundações em cerca de 40 moradias e danificando caminhos e viaturas. O presidente da junta de freguesia, João Tavares, adiantou que a circulação rodoviária “nas vias principais” da freguesia “está toda restabelecida”.

O prémio de arquitectura da Fundação Aga Khan, no valor de um milhão de dólares (cerca de 770 mil euros), vai este ano ser entregue numa cerimónia que decorre no Castelo de São Jorge, em Lisboa, noticiou o semanário Expresso. A cerimónia decorrerá em Setembro. Este é um dos mais prestigiados prémios na área, atribuído de três em três anos. De acordo com o semanário, a escolha de Lisboa foi negociada com o Ministério dos Negócios Estrangeiros e a cidade vai receber ainda um seminário internacional. O prémio distingue projectos “que impõem novos standards de excelência na arquitectura, nas práticas de planeamento, na conservação do património e na arquitectura paisagista”, lê-se no site.

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André Carrilho

EDUARDO ANTÓNIO FERREIRA CONSTANTINO

Missa de 7º Dia e Agradecimento

Sua Família participa que amanhã pelas 19.00, na Igreja de S. Sebastião da Pedreira, será celebrada Missa pelo seu eterno descanso. Agradecem, desde já a todos quantos se dignem assistir a este piedoso acto, bem como aqueles que o acompanharam à sua última morada.

P.N. A.M.Agência Funerária de Alcântara e Sto. Amaro

Telefones: 213 643 436 / 919 237

Page 16: 17 Março - PÚBLICO

16 | ECONOMIA | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

Depositantes bancários vão pagar parte do resgate fi nanceiro de Chipre

A zona euro entrou ontem em ter-

reno movediço ao impor de forma

inédita a todos os depositantes dos

bancos de Chipre uma taxa sobre as

suas poupanças no quadro de um

programa de assistência fi nanceira

de 10.000 milhões de euros.

Este novo modelo de resgate foi

decidido pelos ministros das Finan-

ças da zona euro na madrugada de

ontem, depois de 12 horas de nego-

ciações que se seguiram a nove me-

ses de hesitações sobre como socor-

rer a pequena ilha do Mediterrâneo

do risco de bancarrota.

A decisão de impor uma “taxa

de estabilidade” aos depositantes

permitiu baixar o montante do pro-

grama de ajuda dos 17.000 milhões

de euros pedidos por Nicósia, para

10.000 milhões como era exigido

pelo FMI e alguns países do Norte.

A diferença será assegurada pelos de-

positantes (5.800 milhões), por um

aumento do imposto sobre os lucros

das empresas (IRC) e por receitas das

privatizações de várias empresas.

Sem precedentes nos outros pro-

gramas, o envolvimento dos depo-

sitantes quebra uma regra de ouro

europeia assente na protecção de to-

dos os depósitos até 100.000 euros.

A nova “taxa de estabilidade” ciprio-

ta será de 6,75% para os depósitos

inferiores a 100.000 euros e de 9,9%

para os restantes. Magra consolação,

os depositantes receberão acções dos

bancos no valor do montante que vai

ser retirado das suas contas.

Jeroen Dijsselbloem, ministro ho-

landês das Finanças que preside ao

Eurogrupo, considerou que a medi-

da se tornou necessária para salvar

o sector bancário cipriota, cuja di-

mensão é mais de oito vezes maior

do que o PIB nacional. “Enquanto

contribuição para a estabilidade

fi nanceira de Chipre, é justo pedir

uma contribuição de todos os depo-

sitantes”, justifi cou.

“Gostava de não ser o ministro a

fazer isto”, confessou por seu lado

Michael Sarris, ministro cipriota das

Finanças, que tomou posse com o

novo Governo em Nicósia há apenas

15 dias. Sarris procurou, no entanto,

atenuar o efeito da decisão ao afi rmar

que evitará cortes de salários e pen-

sões como acontece nos outros paí-

ses sob programa de ajuda externa.

“Tínhamos uma escolha entre o

cenário-catástrofe de uma bancarro-

ta não controlada e uma gestão do-

lorosa, mas controlada, da crise que

põe um fi m à incerteza”, afi rmou por

seu lado em comunicado Nicos Anas-

tasiades, o presidente conservador

cipriota empossado há duas sema-

nas, que se dirigirá hoje ao país.

A decisão da zona euro foi, em

contrapartida, fustigada por Sharon

Bowles, presidente da comissão dos

assuntos económicos e monetários

do Parlamento Europeu, que ontem

se manifestou “horrorizada”. “Esta

retirada do dinheiro dos depositan-

tes é classifi cada como um imposto

para tentar contornar as regras euro-

peias de garantia de depósitos” mas

“rouba os pequenos investidores da

protecção que lhes foi prometida. Se

fosse um banco, estariam em tribu-

nal por venda enganosa!”, acusou.

A decisão dos 17 ministros, anun-

ciada às primeiras horas de ontem,

apanhou de surpresa os cipriotas que

se precipitaram para os distribuido-

res de dinheiro para tentar esvaziar

as contas. Sem sucesso: o Governo já

tinha tomado disposições para con-

gelar os montantes correspondentes

ao valor da taxa. O resto do dinheiro

está disponível, garante Nicósia.

Terça-feira de manhã, na abertura

dos bancos (segunda-feira é feriado),

as contas já terão sido amputadas do

valor do imposto, cujas modalidades

deverão ser hoje ou amanhã aprova-

das pelo parlamento nacional.

Chipre começou por pedir à zona

euro, em Junho passado, uma ajuda

de 17.000 milhões de euros, equiva-

lente à totalidade da riqueza anual

do país. Deste montante, 10.000 mi-

lhões eram destinados aos bancos

em risco de falência, nomeadamente

em resultado da reestruturação da

dívida grega imposta pela zona euro

no ano passado.

O FMI, que fi nancia um terço de

todos os programas de ajuda, e os pa-

O ministro cipriota das Finanças, à direita, mereceu as atenções dos parceiros do euro

Decisão europeia sem precedentes rebenta com a protecção dos depósitos até 100 mil euros. Governo cipriota vai receber apoio fi nanceiro de 10 mil milhões de euros

Crise da dívidaIsabel Arriaga e Cunha, Bruxelas

Empréstimos europeus

Luz verde para extensão dos prazos a Portugal e Irlanda

Azona euro formalizou ontem o acordo de princípio que já dera há duas semanas à extensão

dos prazos de reembolso de parte dos empréstimos concedidos a Portugal e à Irlanda, embora deixando as modalidades concretas para decidir mais tarde.

Numa declaração emitida pelos ministros das Finanças no final da reunião dedicada a Chipre, os 17 sublinham

que “estão determinados a apoiar os esforços da Irlanda e de Portugal para recuperar o acesso pleno ao mercado [de financiamento da dívida] e saírem de forma bem sucedida”

dos seus programas de ajuda.Neste contexto, o Eurogrupo,

liderado pelo holandês Jeroen Dijsselbloem, afirma que acordou “um ajustamento das maturidades” do FEEF (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira) para “suavizar os perfis de amortização da dívida destes países”. A identificação dos empréstimos visados e a duração do prolongamento das suas maturidades serão discutidas em Abril.

Page 17: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | ECONOMIA | 17

íses do Norte do euro, consideraram

este montante excessivo porque ca-

tapultaria a dívida pública para 150%

do PIB, um nível em que o reembolso

é considerado impossível.

Mas não só: a Alemanha, que pre-

cisa da autorização do parlamento

para o programa de ajuda a Chipre,

resistiu à ideia de salvar a cerca de

metade de depositantes não residen-

tes, sobretudo russos, que afl ui ao

país visto como um paraíso fi scal.

Além de ter rebentado com a pro-

tecção dos depósitos até 100.000 eu-

ros, a decisão dos 17 do euro quebra

outra regra sagrada: até ontem, os

seus membros garantiram fi rmemen-

te que a participação dos privados no

programa de ajuda à Grécia — através

de perdas impostas aos detentores

privados de dívida — constituía um

caso único e irrepetível nos outros

países sob programa de ajuda.

Questionado sobre a possibilidade

de a medida cipriota poder ser es-

tendida a outros países com bancos

mais frágeis (como a Espanha) ou

com possível necessidade de mais

dinheiro (como Portugal), Dijsselblo-

em afi rmou que medidas semelhan-

tes não estão a ser equacionadas para

outros países.

Saber se os depositantes nos ou-

tros países acreditam é a questão que

começará a ter resposta a partir de

segunda-feira. Para Karl Whelan,

professor de Economia da University

College de Dublin, “esta decisão tem

o potencial de espoletar uma corrida

em toda a linha aos bancos na zona

euro” e “pôr em causa a própria exis-

tência do euro”.

ERIC VIDAL/REUTERS

Breves

Energia

Moeda

Preço dos combustíveis desce um cêntimo

Novas notas de cinco euros não afastam as antigas

O preço dos combustíveis deverá descer a partir de amanhã um cêntimo por litro, com uma redução semelhante na gasolina e no gasóleo, acompanhando a evolução das cotações dos produtos petrolíferos. Segundo fonte do sector, esta semana as cotações mantiveram a tendência de desvalorização face à média da semana anterior, sendo que é a terceira semana em que existe uma descida consecutiva dos combustíveis. No acumulado, e confirmando-se estas descidas, o gasóleo estará 4 cêntimos mais barato e a gasolina 5 cêntimos abaixo do preço de há três semanas. O preço médio do gasóleo na quinta-feira era de 1,425 euros por litro e o valor da unidade de gasolina 95 fixava-se em 1,606 euros.

O Banco de Portugal esclareceu anteontem que a entrada em circulação de novas notas de cinco euros, com um layout gráfico diferente, no próximo dia 2 de Maio, não terá como consequência a retirada das actuais. O esclarecimento do banco foi emitido, segundo o comunicado, após terem sido referidos casos de alegadas burlas com as notas de cinco euros em circulação.O supervisor lembra que as duas notas poderão ser utilizadas ao mesmo tempo, o que significa que a actual não deixará de ter valor. As novas notas, precisa o Banco de Portugal, fazem parte de uma nova série, Europa, que será gradualmente introduzida em todos os países que pertencem ao arco da moeda única.

Gestão de João Jardim continua muito condicionada

A Madeira cumpriu, no ano passado,

as metas com que se tinha compro-

metido no âmbito do processo de

ajustamento fi nanceiro, mas vai ter

que assumir “a responsabilidade de

implementar medidas adicionais”

para ultrapassar os desafi os orça-

mentais, cumprir os limites do pro-

grama para 2013 e contribuir para a

recuperação gradual da sua autono-

mia fi nanceira. Estas são as principais

conclusões do Ministério das Finan-

ças no relatório da quarta avaliação

do Programa de Ajustamento Econó-

mico e Financeiro (PAEF) da região.

Entre as medidas adicionais, a

Madeira comprometeu-se em obter

“poupanças com contratos de parce-

rias público-privadas” na rede rodo-

viária e a continuar a executar medi-

das no sector da Saúde no sentido da

sua racionalização. Obrigou-se, igual-

mente, a apresentar um programa de

privatizações e reestruturações de

empresas públicas regionais.

De acordo com a quarta avaliação,

a Madeira “debate-se ainda com im-

portantes desafi os para 2013, incluin-

do em matéria orçamental”. Foram

também identifi cados “determinados

riscos orçamentais relacionados com

obras em curso”, cujo impacto está

ainda por aferir devidamente.

O ministério, que só tinha divulga-

do a primeira das quatro avaliações

trimestrais do ano passado, concluiu,

Madeira obrigada a novas medidas de contenção

no exame relativo a Dezembro, que

“a trajectória e a consolidação orça-

mental percorridas pela região até

ao momento, mesmo num contexto

macroeconómico particularmente

adverso, permitiram cumprir com

os limites” previstos para 2012.

Contribuíram ainda para “melho-

rar substancialmente a qualidade e

a pontualidade da disponibilização

de informação relativa às contas da

região”, as quais se caracterizaram

durante anos “por falta de disciplina

e transparência”.

O relatório refere que o cumpri-

mento do programa foi alcançado

sobretudo através da contenção da

despesa no último trimestre de 2012,

tendo para o efeito contribuído a re-

dução do investimento do tecto de

150 para 72 milhões de euros [ou seja,

para um décimo da média dos anos

anteriores], a contenção das despe-

sas com pessoal e no sector da saúde

e os benefícios resultantes do acordo

alcançado com fornecedores para o

pagamento de dívida comercial. A

despesa caiu 16,3% e as receitas fi s-

cais registaram uma quebra de 3,1%,

apesar do agravamento das taxas em

25%, resultante da sua equiparação

com as do continente, tendo fi cado

por pagar cerca de 2,4 mil milhões

de euros de encargos assumidos em

2012. Para o secretário das Finanças,

as avaliações comprovam que a re-

gião “está a cumprir positivamente

com tudo o que foi acordado” no pla-

no, sendo “resultado dos esforços e

sacrifícios realizados pela Madeira e

pelos madeirenses”.

Perante tal resultado, o ministério

decidiu desbloquear as tranches refe-

rentes aos terceiro e quarto trimes-

tres de 2012, no montante de 243,2

milhões — de um empréstimo global

de 1500 milhões de euros.

PEDRO CUNHA/ARQUIVO

Contas públicasTolentino de Nóbrega

Ministério das Finanças diz que a região cumpriu metas de 2012, mas tem novos desafios, este ano, de ajuste orçamental

Page 18: 17 Março - PÚBLICO

18 | ECONOMIA | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

Apesar do recuo registado no último dia de negociação (0,57%), a Bolsa de Lisboa terminou a semana com um ganho robusto, de 1,81%, mais uma vez a mostrar que os investidores confiam que o pior da crise da dívida está passado e que a economia vai começar a mexer-se. O recuo de sexta-feira passada surge como natural reacção ao quadro negro traçado pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, na sequência da realização da 7.ª

avaliação da troika de credores internacionais. Dos 20 títulos que integram o PSI20, 13 fecharam anteontem no vermelho, seis no verde e um manteve-se inalterado.No deve e haver da semana, em que se acentuou o temor de um quadro de deflação, o BPI foi um dos perdedores, apesar de o banco ter anunciado que vai devolver mais 200 milhões de euros da ajuda que recebeu do Estado para se recapitalizar.

Numa semana marcada por várias apresentações de resultado, o ES Financial também assumiu uma desvalorização, o mesmo acontecendo à Cofina, que apresentou o seu novo projecto na área da comunicação social — a Correio da Manhã TV. Banif, com o problema da recapitalização, e Portucel estão igualmente no grupo dos cinco mais perdedoras.Do lado dos ganhos, o destaque vai para dois dos mais

importantes grupos económicos portugueses. De um lado, a Sonae (holding e Sonaecom), e, do outro, a EDP (casa-mãe e Renováveis). O grupo de Belmiro de Azevedo apresentou contas na semana finda, com o resultado líquido a cair quase 70%, mas um com um vigoroso Ebitda.Surge também no pelotão dos ganhadores a Jerónimo Martins, numa semana em que o grupo lançou o projecto Colômbia no terreno.

Valor das acções em euros1,53

1,59

1,65

1,71

1,77

15141312118 Mar

2,30

2,35

2,40

2,45

2,50

15141312118 Mar

Valor das acções em euros0,66

0,69

0,72

0,75

0,78

15141312118 Mar

Valor das acções em euros3,80

3,95

4,10

4,25

4,40

15141312118 Mar

Valor das acções em euros14,9

15,3

15,7

16,1

16,5

15141312118 Mar

9,40%Var.

4,10%Var.

4,00%Var.

3,80%Var.

Sonaecom EDP Sonae EDP Renováveis Jerónimo Martins

4,80%Var.

1,689

1,55

2,43

2,350,73

0686

4,11

3,97

15,65 15,05

Valor das acções em euros4,90

5,05

5,20

5,35

5,50

15141312118 Mar

Valor das acções em euros1,09

1,12

1,15

1,18

1,21

15141312118 Mar

Valor das acções em euros0,50

0,52

0,54

0,56

0,58

15141312118 Mar

Valor das acções em euros0,1290

0,1305

0,1320

0,1335

0,1350

15141312118 Mar

Valor das acções em euros2,650

2,725

2,800

2,875

2,950

15141312118 Mar

ES Financial BPI Cofina Banif Portucel

-3,90%Var.

-2,20%Var.

-1,40%Var.

-7,10%Var.

-7,00%Var.

5,01

5,28

1,113

1,1970,519

0,543

0,131

0,134

2,724

2,768

5442,84

Índice em pontos

5000

5500

6000

6500

7000

15 Mar19 Out

6185,96Última semana

1,81%Var.

A SEMANA

AS CINCO MAIS

AS CINCO MENOS

PSI 20

É a segunda vez, no espaço de quase 40 anos, que a taxa de inflação homóloga em Portugal cai para um valor negativo. Primeiro, foi em 2009, quando o índicador esteve em -1,7%. No mês passado, voltou ao vermelho, embora num nível mais suave, de -0,03%. A diferença é que, em 2009, o

resultado era consequência de uma descida significativa dos preços internacionais dos alimentos e petróleo. Desta vez, é resultado da política de redução de custos em toda a economia, o que pode prenunciar um período longo de inflação negativa, com os riscos inerentes.

-0,03

A FIGURA VÍTOR GASPARO ministro das Finanças arrisca arruinar, para sempre, nesta passagem pelo Governo português, a reputação de técnico de alto nível e de especialista em finanças públicas. Por muito que custe ao orgulho nacional, Vítor Gaspar é visto, actualmente, mais como um especialista em ficção, ainda por cima de fraca qualidade.Como a conferência de imprensa de anteontem largamente comprovou, o quadro macro-económico em que o ministro assentou a proposta de Orçamento do Estado para

2013 (apresentada em Outubro passado) era pura ilusão. Confirmou-se seis meses depois. O problema é que a distância entre as previsões do ministro e a realidade nua e crua do país paga-se com mais sacrifícios.Em primeiro lugar, para os mais 300 mil desempregados que resultam da diferença entre a previsão de 2011 e a que foi apresentada na conferência de imprensa onde o ministro fez o balanço da 7.ª avaliação da troika. Depois, o que irá resultar para a generalidade da população como consequência do descontrolo em

que caiu o défice público.Com base no quadro que o Governo traçou em 2011 traçou, aos portugueses foi proposto um contrato de dois anos de sacrifícios sérios. Terminado esse período, o crescimento regressaria. Agora, resulta claro que, afinal, a via penosa irá manter-se por muitos mais anos, os equivalentes ao espaço de uma geração. Mas nem o facto de os sucessivos balanços à execução do programa de ajustamento mostrarem que o problema está na receita prescrita — mais e mais recessão — leva os

responsáveis governamentais a equacionarem outros caminhos. É a ortodoxia no seu melhor. Na semana passada, o Instituto Internacional de Finança, onde se agrupam os grandes investidores em dívida pública, revelou um estudo que mostra que uma excessiva dose de austeridade está a “matar” a Grécia. Com a economia portuguesa em clara derrapagem, seria bom meditar-se sobre este trabalho dos investidores que já foram obrigados a perdoar uma parte da dívida helénica. Eles sabem do que falam. José Manuel Rocha

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PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | ECONOMIA | 19

ADRIANO MIRANDA

Mistolin vira-se para o mercado dos detergentes no Médio Oriente

Não é só olhar para o mapa e ver

os números. Entrar num novo país

implica estudar hábitos de consumo

e alterar embalagens e fórmulas de

produtos. A portuguesa Mistolin já

exporta 30% dos detergentes que

fabrica na unidade industrial em

Vagos, é líder de mercado em Ca-

bo Verde, está em Angola, Espanha

ou França. Agora, enviou as pri-

meiras encomendas para a Arábia

Saudita, o Egipto e o Iémen. Com

cheiros “mais frutados e fortes”,

diz Paulo Mendes, director-geral

da Mistolin.

“No ano passado, formalizámos o

modelo de representação para estes

países. Se conseguirmos vendas de

50 mil euros, que é o nosso objecti-

vo, fi caremos satisfeitos. É o primei-

ro ano, mas dará para ganharmos

conhecimento [sobre o mercado]

para os anos seguintes”, conta. No

laboratório da Mistolin, a direcção

de investigação e desenvolvimento

gastou “milhares e milhares de ho-

ras” em testes. No ano passado, fo-

ram 66 fórmulas e nem todas vão ser

comercializadas. As preferências e a

cultura do Médio Oriente obrigaram

a empresa a estudar e a comunicar

de forma diferente.

“Por exemplo, os produtos pa-

ra lavar o chão libertam cheiros e

despertam emoções e os gostos são

diferentes. Para lavar pavimentos,

gostam de cheiros mais frutados e

fortes. Aqui, em Portugal, é mais fl o-

res. Em França, tem de ser vinagre”,

conta. Os rótulos também são im-

portantes: é preciso que destaquem

o facto de o produto ser europeu.

Segunda geraçãoA experiência, diz Paulo Mendes,

tem sido rica e, depois desta pri-

meira incursão, já surgiram novas

oportunidades, em mercados ainda

desconhecidos pela Mistolin, funda-

da em 1992 pela família Pascoal Neto

e com a segunda geração à frente do

negócio. A entrada na Argélia está a

ser negociada e será feita com par-

ceiros locais e fábrica incluída.

“É um mercado com liquidez, mas

muito fechado. Para exportar tem

muitas barreiras e é preciso um pro-

jecto industrial, de raiz. Esperamos

chegar a acordo com um dos poten-

ciais parceiros no segundo trimes-

tre”, avança. Caso as negociações

cheguem a bom porto, a empresa

de detergentes pode ter a primeira

fábrica naquele país em 2014.

Há, ainda, a China. A Mistolim

importa alguns produtos chineses

e tem vindo a cimentar relações

comerciais no território. A cozinha

chinesa é uma oportunidade, diz

Paulo Mendes. O uso de óleo e gor-

dura exige limpeza mais funda, e é

aqui que a empresa se posiciona. No

seu portefólio, que inclui 350 fórmu-

las diferentes (todas inventadas em

Vagos), os desengordurantes são a

imagem de marca — assume-se como

líder de mercado neste segmento —

e, por isso, o director-geral acredi-

ta que há um lugar para a Mistolim

no gigante asiático. “Já fi zemos dois

ensaios [em Ningbo e Guangdong]

e estamos a preparar a estratégia e

plano de acção”, afi rma.

Fora de Portugal, a empresa de

detergentes tem uma presença di-

recta em Moçambique, com 11 pesso-

as a trabalhar localmente. Em 2012,

facturou 400 mil euros neste país

e vai dar novo passo este ano com

um investimento numa fábrica local,

de preparação e embalamento. A

Mistolim Moçambique começou por

vender produtos no retalho e alar-

gou a oferta para clientes profi ssio-

nais. Paulo Mendes conta que, com

a escassa oferta, as empresas tinham

de comprar na vizinha África do Sul.

Havia, por isso, oportunidade.

“O projecto industrial vai respon-

der às necessidades locais de lavan-

daria e pavimento. Vamos começar

com a pré-preparação dos produtos

em Portugal e lá completamos e em-

balamos. Em 2014, queremos avan-

çar para a produção local”, adianta

Paulo Mendes, acrescentando que,

até agora, foram investidos cerca de

500 mil euros.

A maior parte das exportações

do fabricante de detergentes — do-

na das marcas Fascinante, Starlim

(Cabo Verde, onde é líder de merca-

do) e Flimpauto — segue para Ango-

la, que, no ano passado, não ajudou

a empresa a aumentar as vendas.

“Facturámos no total cerca de 9,2

milhões de euros, mas descemos

200 mil euros face a 2011, porque

em Angola estávamos muito depen-

dentes de um número reduzido de

clientes”, explica o gestor. A estra-

tégia de internacionalização tenta

travar cenários destes e dar “susten-

tabilidade” ao negócio.

Na Europa, a Mistolim está em Es-

panha (pesa cerca de 11% nas recei-

tas), França, Bélgica, Luxemburgo

e Suíça, alavancada pela diáspora

portuguesa.

“Uma parte signifi cativa dos de-

senvolvimentos e novas concepções

na área doméstica tem a ver com os

projectos de internacionalização. Na

área profi ssional, também há algu-

mas novas soluções que procuramos

para resolver problemas a poten-

ciais clientes estrangeiros”, afi rma.

Para encontrar novos produtos e

soluções estão em curso parcerias

com a Universidade de Coimbra e a

Universidade de Aveiro. A intenção

é perceber se o caminho da Misto-

lim passa por alargar a oferta ou por

apostar numa “maior sustentabili-

dade, mantendo o mesmo nível de

desempenho”.

O director-geral, Paulo Mendes, conta produzir em Moçambique já no próximo ano

Empresa de Vagos vende já 30% da produção no estrangeiro e prepara a entrada em novos mercados, com a China incluída. Detergentes são feitos ao gosto local, que aprecia cheiros mais frutados e menos fl orais

InternacionalizaçãoAna Rute Silva

66Os testes para conseguir novos cheiros são uma das prioridades da empresa, como forma de ganhar e fidelizar clientes. No ano passado, foram 66 fórmulas.

AMistolin é uma empresa low profile, mas Paulo Mendes, o director-geral, diz que chegou

a altura de dar a conhecer a marca e os detergentes ao grande público. O renhido mercado dos produtos de limpeza para o lar está nas mãos de multinacionais como a Henkel, a Unilever ou a Reckitt, contudo, em 2012, as vendas em Portugal da Mistolin cresceram 15%.

“É um desafio disputar o mercado com grandes multinacionais, que têm um conjunto de forças que não temos, mas, por outro lado, quem decresce são eles. O facto de nos darmos a conhecer como empresa portuguesa, tem-nos permitido crescer”, diz.

Este vai ser o ano de estreia em investimento em publicidade. Paulo Mendes prefere não avançar números e diz que haverá uma campanha mediática “a meio do ano” e mais relação com os retalhistas. “O mercado está muito desafiante porque os canais de distribuição e as cadeias apertam um pouco com os fabricantes e todos têm de apertar margens e rentabilizar custos. Felizmente, temos alguns pontos fortes e temos vindo sempre a crescer em Portugal”, continua.

A Mistolin, que tem 117 trabalhadores, vende produtos para uso doméstico e profissional e é a maior empresa portuguesa de detergentes com a sua própria marca. A produção anual ronda os seis milhões de embalagens, entre lava-loiças, desengordurantes, produtos de limpeza para casa de banho ou roupa. No sector profissional, fornece ao sector agro-alimentar e hotelaria. E é membro da rede PME Inovação da Cotec.

Investimento em marketing

Page 20: 17 Março - PÚBLICO

20 | MUNDO | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

EUA reforçam defesa antimíssil em resposta às provocações de Pyongyang

Instalação de mais 14 interceptores na Costa Oeste retoma plano de Bush que Obama suspendeu em 2009 e cuja efi cácia é contestada. Decisão implica cortes no projecto de defesa antimíssil da NATO na Europa

YURI GRIPAS/REUTERS

O secretário da Defesa dos EUA, Chuck Hagel, diz que projecto mostra “ao mundo que os EUA se mantêm firmes contra a agressão”

Os Estados Unidos vão gastar mil

milhões de dólares para reforçar as

suas defesas antimíssil, com a insta-

lação de 14 novos interceptores na

Costa Oeste. A decisão, em resposta

às “provocações irresponsáveis e im-

prudentes” da Coreia do Norte, con-

traria a contenção nesta área decidi-

da por Barack Obama pouco depois

de chegar à Casa Branca, mostrando

que Washington vê com alarme os

progressos militares feitos pelo im-

previsível regime norte-coreano.

O projecto anunciado sexta-feira

pelo secretário de Defesa, Chuck Ha-

gel, implica a desistência da quarta

e última fase do sistema de defesa

antimíssil planeado para a Europa,

no âmbito da NATO, e que incluiria

o envio de uma nova geração de an-

timísseis para a Polónia e Roménia

— uma notícia que será bem acolhi-

da pela Rússia, crítica do projecto, e

que pode ajudar a relançar as nego-

ciações para a redução dos arsenais

nucleares dos dois países. Washing-

ton garante, porém, que as três fases

já em execução serão sufi cientes pa-

ra proteger a totalidade do território

aliado até 2018 e que um novo radar

será instalado na Turquia para con-

trariar a ameaça iraniana.

Os novos 14 interceptores ter-

restres (conhecidos pela sigla em

inglês, GBI) deverão ser instalados

no Alasca até 2017, juntando-se aos

26 já em funcionamento na região e

aos quatro existentes na Califórnia. A

instalação fi cará dependente de no-

vos testes que confi rmem a efi cácia

do sistema, mas a meta iguala os 44

interceptores que a Administração

Bush planeara instalar na costa do

Pacífi co — um projecto que Obama

suspendeu em 2009.

Hagel anunciou também a insta-

lação de um segundo radar TPY-2 —

concebido para detectar o disparo

e seguir a trajectória de mísseis in-

tercontinentais — na costa noroeste

do Japão. Em cima da mesa está tam-

bém a possibilidade, há muito recla-

mada pelos republicanos, de instalar

interceptores antimísseis na Costa

Leste dos EUA, prevendo o cenário

de um ataque vindo do Irão.

“Vamos reforçar a defesa do nosso

território, mantendo os compromis-

sos com os nossos aliados e parcei-

sem sucesso, convencer Kim a não

realizar o terceiro teste nuclear.

O anúncio do reforço da defesa

antimíssil visa, assim, três objecti-

vos simultâneos, sublinha o diário

nova-iorquino: reforçar o poder de

dissuasão dos EUA, mostrar que Wa-

shington não poupará esforços para

proteger o seu território e o dos paí-

ses amigos e “avisar Pequim que tem

de refrear o seu aliado ou confron-

tar-se com um foco militar crescente

americano na Ásia”. O Pentágono

garante, porém, que avisou a China

dos seus planos e que o reforço do

sistema antimíssil não deve ser visto

como uma ameaça pelo país.

A oposição republicana aplaudiu

o recuo de Obama: “O Presidente es-

tá fi nalmente a compreender o que

Reagan nos ensinou há 30 anos, que

a melhor forma de garantir a paz é

através da força”, disse Mike Rogers,

presidente da subcomissão da Câma-

ra dos Representantes para as Forças

Estratégicas. Há, porém, muitas dú-

vidas sobre a efi cácia dos intercep-

tores produzidos pela Boeing, que

nunca foram testados em situação

de confl ito e que, dos 18 ensaios a

que foram submetidos, só em oito

vezes conseguiram destruir o alvo,

a última das quais em 2008.

O subsecretário da Defesa James

Miller assegura que o sistema só se-

rá instalado se até 2017 a sua efi cá-

cia for comprovada, mas os peritos

mantêm-se cépticos: “Não vejo como

mais 14 GBI colocados na costa do

Pacífi co podem mudar a percepção

dos norte-coreanos sobre a bem co-

nhecida fraca performance do siste-

ma. A Coreia do Norte pode ser pou-

co racional, mas provavelmente não

tão irracional como isso”, disse ao

Wall Street Journal Yousaf Butt, do

Instituto de Estudos Internacionais

de Monterrey, na Califórnia.

Tensão no PacíficoAna Fonseca Pereira

ros, e deixando claro ao mundo que

os EUA se mantêm fi rmes contra a

agressão”, sublinhou Hagel, num re-

cado enviado a Pyongyang, mas que

ressoará também em Pequim.

O território continental dos EUA,

ao contrário do Havai, está fora do

alcance dos mísseis norte-coreanos,

mas o Pentágono faz saber que pre-

tende antecipar-se a uma ameaça

que tanto os analistas como os res-

ponsáveis políticos dizem que deve

ser levada cada vez mais a sério.

Na conferência de imprensa, Ha-

gel recordou que, em Dezembro, a

Coreia do Norte lançou com sucesso

um foguetão (que partilha todas as

características com um míssil inter-

continental) e, no mês passado, re-

alizou o seu terceiro ensaio nuclear.

A ousadia valeu-lhe novas sanções

das Nações Unidas, a que Pyongyang

reagiu com uma bravata como há

muito já não se assistia: denunciou o

armistício assinado com a Coreia do

Sul em 1953, ameaçou transformar

o país vizinho “num mar de fogo”

e avisou os EUA para o risco de um

“ataque nuclear preventivo”.

Recado a PequimApesar de ninguém acreditar que

o jovem líder norte-coreano Kim

Jong-un planeia um ataque deste ti-

po, Washington vê nas ameaças um

sinal de que ele está disposto a tudo

para ter mísseis armados com ogivas

nucleares — até a ignorar a pressão

do seu único aliado. Para lá das pro-

vocações, “o que verdadeiramente

acelerou [a decisão de reforçar o

sistema antimíssil] foi o facto de os

norte-coreanos estarem menos acor-

rentados aos patronos chineses do

que nós pensávamos”, disse ao New

York Times um responsável da Admi-

nistração, sob condição de anonima-

to, recordando que Pequim tentou,

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PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | MUNDO | 21

Laura Boldrini, candidata do parti-

do Esquerda, Ecologia e Liberdade

e ex-porta-voz do ACNUR, foi elei-

ta ontem presidente da Câmara

dos Deputados em Itália, com uma

maioria absoluta de 327 votos.

O nome de Boldrini foi propos-

to pelo Partido Democrático (PD),

de Pier Luigi Bersani, que se apre-

sentou nas eleições coligado com o

Esquerda, Ecologia e Liberdade, de

Nichi Vendola.

A intenção inicial de Bersani era

fazer um acordo com o Movimen-

Laura Boldrini, defensora das “vítimas” de Berlusconi, eleita na Câmara dos Deputados

to 5 Estrelas (M5S), do comedian-

te Beppe Grillo: o seu PD apoiaria

um presidente grillino na Câmara

dos Deputados se o M5S pagasse

na mesma moeda na votação para

o Senado. Como o movimento de

Grillo manteve a decisão de votar

única e exclusivamente num dos

seus deputados, o PD avançou com

Laura Boldrini, que acabou por ser

eleita sem difi culdades. O candida-

to do Movimento 5 Estrelas, Rober-

to Fico, recolheu 108 votos.

A eleição de Laura Boldrini foi re-

cebida com uma ovação por quase

todos os deputados, à excepção dos

representantes do Povo da Liberda-

de, de Silvio Berlusconi.

Laura Boldrini, de 52 anos, é a ter-

ceira mulher a ser eleita presidente

da Câmara dos Deputados em Itália,

depois de Nilde Iotti (1979-1992) e

Irene Pivetti (1994-1996).

“Chego a este cargo ao fi m de mui-

Itália

Centro-esquerda consegue também eleger Pietro Grasso, um dos rostos do combate anti-máfia, como presidente do Senado

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de violência mascarada de amor.”

Em Fevereiro, durante a campa-

nha, Boldrini disse ao PÚBLICO que

Berlusconi foi uma das principais

razões que a levou a aceitar deixar

para trás os anos de trabalho no AC-

NUR e a regressar ao seu país: “Com

Berlusconi, chegámos ao Ano Ze-

ro. Perderam-se todas as conquistas

das mulheres. Hoje, em Itália, todos

os produtos se vendem através do

corpo da mulher, na televisão e na

publicidade.”

Depois da surpresa da eleição de

Boldrini como presidente da Câmara

dos Deputados, o centro-esquerda

conseguiu também eleger um dos

seus candidatos como presidente do

Senado. Pietro Grasso, conhecido

pelo seu histórico de luta contra a

máfi a, obteve 137 votos, contra os

117 de Renato Schiaffi ni. Para este re-

sultado terá sido determinante uma

divisão no Movimento 5 Estrelas.

Uma mulher de nacionalidade suíça

foi vítima de uma violação colecti-

va na presença do seu marido, no

Centro da Índia, anunciou a polícia

local. A vítima e o marido viajavam

de bicicleta e estavam acampados

na sexta-feira à noite, no estado de

Madhya Pradesh, quando oito ho-

mens atacaram o casal, amarrando

o homem e violando repetidamen-

te a mulher na sua presença, antes

de lhes roubarem 10 mil rupias (185

dólares) e um telemóvel.

A polícia não forneceu a identida-

de da vítima nem pormenores sobre

o seu estado de saúde, limitando-se

a dizer que a mulher está conscien-

te e que forneceu um testemunho

que possibilitou já a detenção de

sete suspeitos de terem estado en-

volvidos no ataque.

Turista suíça vítimade violação colectiva

Índiatos anos a defender os direitos dos

mais desfavorecidos. Foi uma expe-

riência que me acompanhará para

sempre”, disse a nova presidente

da Câmara dos Deputados no seu

primeiro discurso, numa referên-

cia ao seu passado no Alto Comis-

sariado da ONU para os Refugiados

(ACNUR), onde foi porta-voz desde

1998.

Mas a afi rmação mais marcan-

te do seu primeiro discurso terá

sido a referência à situação das

mulheres: “A Câmara defenderá

os direitos das mulheres vítimas

Laura Boldrini, de 52 anos, tornou-se na terceira mulher a ser eleita presidente da Câmara dos Deputados

www.publico.pt

Dois amigos de longa data reúnem-se para acampar nas montanhas. Para um deles, o fim-de-semana

é um escape das responsabilidades da vida adulta. Para o outro, é apenas mais uma aventura.

Com música original dos Yo La Tengo, “Old Joy” deu à realizadora Kelly Reichardt o primeiro

“Tiger” de sempre para um filme norte-americano, no Festival de Cinema de Roterdão.

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O primeiro filmeamericano premiado

com um Tiger.Sexta, 22 de Março, 3.º DVD,

“Old Joy”, de Kelly Reichardt

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22 | MUNDO | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

Os telefones de Luis Vicente

León, professor da Universidade

Católica Andrés Bello e do

Instituto de Estudos Superiores

em Administração, não param de

tocar. De todo o lado lhe querem

pedir a opinião sobre o que se

passa na Venezuela. Para conseguir

trabalhar, o director da Datanalisis,

uma empresa especializada em

prospecções económicas, políticas

e sociais, desliga-os. Recebeu

o PÚBLICO ao fi nal de um dia

intenso, no seu apartamento,

situado numa zona nobre de

Caracas. Está convencido de que a

palavra mais usada na campanha

para as eleições presidenciais de 14

de Abril será “Chávez”.

Como é que há tanta gente na

rua, há tantos e tantos dias, por

Hugo Chávez?

Um dia depois da morte de

Chávez, escrevi um artigo

intitulado Chávez é como tu.

Aí explico como é que um

líder, depois de 14 anos, numa

democracia polarizada, sem

alternância, sem respeito pelas

minorias, com problemas de infra-

estruturas, de insegurança, com

uma economia que se deteriorou,

consegue chegar ao fi m da sua

vida no poder, recém-eleito, com

mais de 60% de popularidade, e

converter-se num mito nacional

e internacional. A popularidade

é multifactorial. Resumindo: a

quantidade de recursos que geriu,

sem nenhum tipo de checks and

balances, e que gastou na base da

pirâmide, tentando atender as

pessoas mais necessitadas; e o seu

discurso. Ele usava a linguagem

do povo, tocava os seus símbolos

mais primitivos.

Que símbolos?

Símbolos que já não eram

importantes para os profi ssionais,

para a classe média, para os

investidores, mas que são

importantes para o povo, como

Simón Bolívar. A Venezuela

manteve o culto pelo libertador.

Isso não aconteceu na população

mais educada. Uma coisa é

conhecer a história, perceber

quem foi, ensinar às crianças,

outra é ter uma ligação emocional.

Como é que alguém, no século

XIX, no meio de uma guerra entre

crioulos e colonizadores, pode

marcar a agenda da modernidade

que procura um país no século

XXI? Isso não se vê noutro lado.

Não haverá nada parecido na

América do Sul?

Bom, talvez na Argentina com

o culto de Perón, mas isso é um

culto mais moderno, é o culto

do populismo. O populismo

não passa de moda, mas a

guerra, a independência… isso

é completamente primitivo, não

tem nada que ver com a luta por

um mundo multipolar, que é uma

luta válida.

Transpôs para a actualidade…

Transpôs sem fi ltrar, sem

modernizar. Também transpôs

o comunismo primitivo,

completamente superado, como

uma proposta moderna. Mas

tocou símbolos que nós não

entendíamos que estavam vivos.

Ele entendeu perfeitamente e

assumiu-os como bandeira. Havia

também o carisma. Chávez era um

líder infi nitamente carismático.

Ao falar nele, algumas pessoas

parecem enamoradas.

Claro! Há um conceito

fundamental na liderança:

frescura. A frescura é uma mistura

de juventude, de capacidades

de se refazer, de surpreender

permanentemente, plus simpatia,

humor, isso que a gente sente

que é superfi cial e que é a base

fundamental. Imagina isto: uma

mulher, de qualquer país, sai

uma noite com um homem bom,

trabalhador, inteligente, sério,

de boa família e não se diverte.

A probabilidade de voltar a sair

com ele é mínima. Teoricamente,

ele é perfeito, é um príncipe, mas

ela não se riu com ele, não foi

surpreendida por ele.

E ele tinha frescura?

Montes. Era impossível não a

sentir. Eu ria-me com ele até

quando, em directo, me criticava.

Os qualifi cativos que usava para

atacar-me eram tão criativos.

Parecia-me inteligentíssimo o que

ele fazia. Um dia, pegou na minha

sondagem e na minha análise e

disse: ‘Há por aí há um analista

com apelido de animal que está

a dizer esta barbaridade”. Deu-

me tanta vontade de rir que me

desarmou.

Era o seu modo de estar?

Era uma coisa quotidiana. Uma

vez, veio aí uma missão americana

e, como sempre, fez uma ronda

por analistas, empresários… Eles

pediam sempre um encontro a

Chávez e, dessa vez, ele decidiu

recebê-los. Eram os gerentes dos

maiores fundos do mundo. Ele

pediu-lhes a lista das pessoas que

eles tinham visitado e convidou

toda a gente para ir à noite ao

Palácio de Mirafl ores. Foram

poucos. Eu fui. Ele disse: “Bem,

já que ouviram o dr. León falar

do país, contem-me o que ele

vos contou, que é para estarmos

todos em sintonia”. Quando

apresentei a minha sondagem,

ele perguntou-me: “E onde fazes

essas sondagens? No country

club?” Ele era outstanding nisso.

Como também era outstanding na

incapacidade total de interpretar a

economia.

A economia era a sua maior

debilidade?

Era uma das suas maiores

debilidades. No início, não

foi tão mau. Depois da greve

petrolífera [2 de Dezembro 2002

a 3 de Fevereiro 2003], quando

recomeçou com força e se

radicalizou, piorou tudo. Mas isso

já não era Chávez, era a cabeça do

gabinete, que é Jorge Gordanie,

ministro de Planifi cação e das

Finanças.

A Venezuela está viciada num

mito?

Está viciada em Chávez, na

simbologia, no mito que se está

a construir. Chávez tem todas

as características para essa

mitifi cação: morreu aos 58 anos,

no clímax da sua popularidade,

foi eleito para um período que não

executou até ao fi m, deixou uma

tarefa por cumprir. É como um

James Dean.

Como interpreta o surgimento

desta teoria de que foi morto?

Isso é uma palhaçada do Governo

para mitifi cá-lo ainda mais. Qual

é o máximo do mito? Ser morto.

Interrompe-se o seu futuro.

O cancro ajudou a construir o

mito?

Tudo se amplia com a doença,

porque a gente é sensível, mas não

é verdade que se constituiu num

mito porque adoeceu. Era um

actor mundial.

E agora? A revolução

bolivariana é irreversível?

Na minha vida, nunca vi nada

irreversível a não ser a morte. Uma

revolução que vai a eleições e 45%

da população vota contra é uma

revolução que tem metade do país

contra e nada do que tem metade

do país contra está garantido. O

resultado das eleições de 14 de

Há uma batalha entre o divino e o terreno na Venezuela, diz o analista Luis Vicente León. Um candidato à Presidência (Maduro) usa a simbologia e a ligação com um mito e o outro (Capriles) tenta puxá-lo para a terra

“Hugo Chávez podia ter escolhido um gatinho, que seria o mesmo”

“Eu ria-me com ele[Chávez].Os qualifi cativos que usava para atacar-me eram tão criativos”

EntrevistaAna Cristina Pereira, em Caracas

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PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | MUNDO | 23

“Maduro não tem peso específi co para ganhar umas eleições, tem de usar Chávez. Chávez entregou--lhe o activo político mais importante que tem agora, que é a sua representação política”

Ele procura uma linha diferente,

que me parece correcta, que é

esta: estou aqui porque não posso

abandonar a batalha; não importa

se é uma batalha difícil, contra-

intuitiva, tenho de lutar por todos

os que não querem chavismo,

querem algo diferente; nós temos

direito de nos manifestarmos,

de mostrar ao mundo que não

é verdade que todo o país é

chavista. Ele vai tentar ganhar,

mas tem de proteger-se de um

potencial de derrota que lhe faça

mal.

Parece ter reanimado a

esperança dos opositores…

Ele dá-lhes esperança quando

ataca Nicólas Maduro, quando

é agressivo, quando o desafi a,

porque sentem que tudo o que

ele diz é verdade e que o povo vai

entender isso. Sentem empatia

com ele quando ele diz que o

mal de Chávez era o que estava à

volta dele, quando ele diz que os

cem dias de Governo de Maduro

foram horríveis, que desvalorizou

a moeda, que há escassez de

produtos.

É uma estratégia diferente da

que seguiu com Chávez…

É. Isto é uma batalha entre o

divino e o terreno. Capriles tem

de contaminar a imagem de

Maduro com os problemas do

país. Enquanto isso, Maduro

tenta fi car no Olimpo, onde está

Chávez, protegido de ataques,

porque morreu há pouco, porque

é um mito. A sua única mensagem

é dar credibilidade à ligação com

Chávez.

Capriles chama-lhe Nicolás.

Nunca fez isto com Chávez.

Tratava-o por Presidente, às vezes

Chávez, nunca Hugo. Está a tentar

o tu cá tu lá para o tirar do plano

simbólico de Chávez, puxá-lo para

a terra. Ele tem de fazer com que

a população não seja levada pela

ideia de que votar em Maduro é

votar em Chávez.

E diziam tantos analistas que

não haveria chavismo sem

Chávez…

Isso sempre foi uma estupidez,

uma análise simplista. Há

peronismo sem Perón 40 anos

depois, na Argentina.

Chávez preparou bem o guião?

Ele apontou a substituição. Sem

essa alocução de Chávez, ungindo

Maduro, seria muitíssimo mais

difícil para eles.

Cerraram fi leiras. Mostram-

se como se não existissem

divisões dentro do Partido

MundoVer mais emwww.publico.pt

Socialista Unido da Venezuela.

Todos os grupos políticos têm

divisões. Chávez controlava isso.

A pergunta é se Maduro vai ser

capaz de controlá-las. A curto

prazo não há problema, porque

Chávez deixou o caminho pronto.

Ver-se-á quanto tempo isso

resulta.

E a oposição, não se irá

fracturar sem Chávez?

Também há divisões, mas Capriles

é tão forte como líder dentro da

oposição, respeitado por 72% dos

opositores, que é pouco provável

que haja uma divisão signifi cativa.

Como vê a Venezuela daqui a

seis meses?

Provavelmente, estará com

Maduro no meio de uma grande

crise económica.

E haverá futuro para Capriles?

A menos que 14 de Abril seja um

desastre em termos de abstenção,

creio que vai manter a sua

condição de líder da oposição.

Há o risco de muitos opositores

não votarem?

Sim, por pensarem que não tem

sentido. Mas também o chavismo

tem um risco de abstenção porque

não está cá Chávez. Embora trate

de representá-lo, Maduro não é

Chávez.

Quem aparece nos cartazes é

Chávez.

Vai ser tudo assim. Maduro não

tem peso específi co para ganhar

umas eleições, tem de usar

Chávez. Chávez deu-lhe esse

direito. Entregou-lhe o activo

político mais importante que tem

agora, que é a sua representação

política.

Porquê Maduro?

Aí não havia nada que não fosse

Chávez. Ele podia escolher um

gatinho que seria o mesmo. O

que importa é a simbologia. No

futuro, Maduro converter-se-á em

Maduro.

Ele leva o programa de

Chávez a votos. Este modelo é

sustentável?

O modelo é mau. Mas com

petróleo, com um monte de

dinheiro a entrar todos os meses,

nada é insustentável.

O crescimento económico está

acima dos 5%.

Sim, mas com problemas

de abastecimento, com

desinvestimento.

Os opositores queixam-se de

escassez, infl ação, dizem que

os pobres estão mais pobres,

os chavistas dizem que os

pobres nunca estiveram tão

bem, que agora têm mercearia

subsidiada, material escolar,

medicamentos…

Mais transferências do Estado

têm, o que não têm é um emprego

produtivo, um país desenvolvido.

Nas fi las que se formaram a

partir da capela da Academia

Militar, para ver o corpo de

Chávez, a participação surgia

como um dos maiores legados.

As pessoas acreditam que

participam. Há uma percepção

de participação, porque Chávez

participava o que ia fazer [risos].

Houve 16 processos eleitorais

em 14 anos.

Houve muita participação

eleitoral, mas num contexto

em que o Governo controla as

instituições, a comunicação,

recorre à ameaça, à chantagem,

a recursos públicos para

mobilizar as pessoas para votar.

O resultado parece democrático,

mas a execução não é. Isto não

é uma democracia integral. Não

pode haver democracia integral

quando todo o aparelho do Estado

é utilizado com parcialidade

política. Que democracia é esta

onde o presidente da PDVSA

[a petrolífera estatal] diz que

os funcionários vão mobilizar

gente para votar em Chávez – isso

tudo pago pelos nossos recursos

–, a presidente do Supremo

Tribunal de Justiça jura lealdade

à revolução, o ministro da Defesa

diz que vão defender a revolução

e lixar os oligarcas – isso com as

armas do Estado.

O que pode signifi car para

a oposição a venda do canal

Globovisión, que já se anunciou

para depois das eleições?

Na verdade, a Globovisión tem

uma penetração de 6%, que está

concentrada na oposição. O seu

nível de infl uência já é muito

pequeno.

Não será dramático para eles,

como já dizem alguns?

É dramático cada vez que

reduzem a sua capacidade de

comunicar. É mais um avanço

na redução de espaços para a

oposição. Quando não se tem

quase nada, qualquer coisa que se

perde é dramático.

Abril vai ser infl uenciado por esta

emoção que coloca o chavismo

num plano em que a oposição se

minimiza, mas isso não dura mais

seis anos.

A campanha já começou.

A campanha legal dura dez dias,

deve ir de 1 a 11 de Abril, mas a

campanha de facto começou

no momento em que o Chávez

morreu e toda a gente sabia quem

seriam os candidatos.

Henrique Capriles Radonski, o

candidato da Mesa da Unidade

Democrática, apresentou-se

como uma espécie de cordeiro

da cruz.

Ele está a criar um discurso sobre

a ética de sacrifício para proteger-

se. É muito provável que perca.

A gente pode pensar: “Olha, este

estúpido volta a candidatar-se e

perde e morre politicamente.”

As reportagens na Venezuela sãofinanciadasno âmbitodo projecto Público Mais publico.pt/publicomais

TOMAS BRAVO/REUTERS

Page 24: 17 Março - PÚBLICO

24 | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

Rob Portman

Os defensores do casamento entre

pessoas do mesmo sexo nos EUA ga-

nharam um aliado tão importante

quanto inesperado. O senador repu-

blicano Robert “Rob” Portman, visto

no ano passado como um dos mais

fortes candidatos a correr ao lado

de Mitt Romney contra Barack Oba-

ma e signatário da lei que defi niu o

casamento como uma união entre

um homem e uma mulher, em 1996,

mudou radicalmente de opinião.

A decisão, anunciada num texto

publicado no diário The Columbus

Dispatch, foi motivada pela desco-

berta de que um dos seus fi lhos, Will

Portman, é homossexual. “Acredito

agora que se duas pessoas estão pre-

paradas para assumirem um com-

promisso de vida para se amarem

e cuidarem uma da outra, nos bons

e nos maus momentos, o Governo

não deve negar-lhes a oportunida-

de de se casarem”, escreveu o se-

nador eleito pelo estado do Ohio,

que chegou a trabalhar na primeira

administração de George Bush, na

viragem das décadas de 80 e 90, e

foi nomeado para dois cargos im-

portantes por George W. Bush.

Depois de o seu fi lho ter assumido

a sua orientação sexual, Rob Port-

man iniciou um período de refl exão

familiar, que terminou nesta semana

com o anúncio público da sua deci-

são. Uma decisão baseada na mesma

fé que o levou a rejeitar o casamen-

to igualitário em 1996: “Em última

análise, tudo se resumiu aos temas

abrangentes da Bíblia sobre o amor

e a compaixão e à minha crença de

que todos somos fi lhos de Deus.”

No texto publicado no The Colum-

bus Dispatch, o senador republica-

no explicou todo o processo que o

levou a mudar de opinião: “Há dois

anos, o meu fi lho Will, que frequen-

tava então o primeiro ano da univer-

sidade [em Yale], disse-me a mim

e à minha mulher, Jane, que é gay.

Disse-nos que já tinha consciência

desse facto há muito tempo e que a

sua orientação sexual não tinha sido

uma escolha sua; era apenas uma

parte daquilo que ele é. A Jane e eu

fi cámos orgulhosos com a sua ho-

nestidade e a sua coragem. Ficámos

Senador republicano apoia casamento gay

surpreendidos por ele ser gay, mas

sabíamos que ele continuava a ser

a mesma pessoa que sempre fora.

A única diferença é que passámos

a ter uma imagem mais completa

do fi lho que amamos.”

O fi lho, Will Portman, agradeceu

as palavras do pai através da sua

conta no Twitter: “Hoje, sinto-me

particularmente orgulhoso do meu

pai”, escreveu, juntando um link pa-

ra o texto publicado no jornal.

O anúncio do infl uente senador

republicano surge a apenas duas

semanas da decisão do Supremo

Tribunal sobre a contestação à Lei

de Defesa do Casamento, aprovada

há 17 anos — até ao fi nal do mês, o

Supremo irá decidir se o casamento

entre pessoas do mesmo sexo deixa-

rá de ser proibido a nível federal.

Numa entrevista à CNN, Portman

revelou que falou com o antigo vice-

presidente Dick Cheney, cuja fi lha

Mary se casou com a sua compa-

nheira Heather Poe em Junho do

ano passado em Washington, DC — o

casamento entre pessoas do mesmo

sexo é reconhecido na capital dos

EUA e em nove estados. Cheney, vi-

ce-presidente de George W. Bush, é

um dos mais conhecidos defensores

do casamento igualitário no interior

do Partido Republicano.

A decisão de Portman motivou

uma reacção seca por parte do re-

publicano Newt Gingrich, antigo

presidente da Câmara dos Repre-

sentantes: “Podemos dizer: acredi-

to tanto nos meus princípios, que

vou expulsar-te de casa. Podemos

dizer: continuo a acreditar nos meus

princípios, mas amo-te. Ou pode-

mos dizer: amo-te tanto, que vou

mudar os meus princípios. O Rob

escolheu a terceira via. É um direito

que ele tem.”

EUA Alexandre Martins

Rob Portman assinou lei que define casamento como união entre homem e mulher, mas o seu filho trocou-lhe as voltas

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Page 25: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | MUNDO | 25

PONTO DE VISTA

1. Bastaram 24 horas para que

Francisco fosse defi nido como

um “Papa de gestos”, gestos

simples que anunciam “mudanças

revolucionárias”. O grande gesto

de ruptura que foi a renúncia

de Bento XVI quer dizer que os

tempos estão maduros. Para

quê e em que direcção? É o que

aguardamos saber. A multissecular

Igreja Católica tem uma cultura

de resistência à mudança mas

sobrevive sempre, às grandes

ameaças e às misérias próprias,

porque mantém a sua identidade

fundamental e acaba sempre por

se adaptar aos tempos — ou por

se purifi car, quando é caso disso.

Desta vez combina uma promessa

de reforma com uma viragem

geopolítica. Esta viragem é um

grande sinal para a Europa.

O gesto da renúncia de Bento

“mudou para sempre o papado”—

escreveram os vaticanistas — e

trouxe também um papa do

Sul. É um sinal dos tempos e

da nova geopolítica religiosa:

é na América Latina que vive a

maioria dos católicos. O centro de

gravidade do catolicismo muda

inexoravelmente para o Sul. É aqui

que se expande, é aqui que a fé se

manifesta com maior juventude

e vigor, em contraponto com a

descristianização, ou melhor, com

a crescente indiferença religiosa

da Europa.

Este foi o desafi o perdido

de Bento XVI, “o último Papa

europeu” — no sentido em que

foi certamente o último a ter a

Europa no centro da sua agenda.

Ratzinger pretendeu reconquistar

as elites ocidentais e pediu uma

“fé clara”. Não fez um apelo

ao fundamentalismo, como

alguns entenderam. “Defi nir os

conteúdos e a fronteira da fé — e

de qualquer pensamento — é o

que permite aderir ou não aderir

em plena razão”, observou em

2005 o escritor italiano Claudio

Magris, que não é crente. Os

europeus ou são indiferentes ou

preferem “o catolicismo opcional

de supermercado, em que cada

um escolhe o que lhe agrada”.

A mudança do centro de

gravidade do catolicismo

arrastará inevitáveis mudanças,

da reforma das estruturas,

num sentido mais colegial, à

“limpeza da Cúria”, fonte dos

escândalos que ensombraram o

fi m do pontifi cado de Bento. E,

inevitavelmente, a dar prioridade

aos problemas das Igrejas do Sul.

Ninguém espere um “liberalismo

doutrinal”, talvez uma Igreja mais

aberta e humilde, o que é muito

diferente.

2. Para a Europa, a mudança

acontece num momento de

pessimismo, em que toma

consciência de que caminha para

a “insignifi cância geopolítica”,

o que a chegada do Papa do

Sul sublinha, apesar de não

ser consequência de qualquer

declínio europeu. É uma

desagradável coincidência.

As instituições comunitárias

estão quase paralisadas e passam

aos cidadãos a mensagem de que

rodam no vazio e perderam a

capacidade de inventar um futuro.

Em muitos países, os sistemas

políticos estão bloqueados e

incapazes de pensar em termos

estratégicos e de longo prazo, o

que suscita o surto da antipolítica

e dos populismos. Enquanto a

Itália parece à deriva, a Alemanha

manifesta a “tentação de se isolar

do resto da Europa”, avisa um

jornal italiano.

Os europeus muito escreveram

sobre a globalização e a

demografi a, mas não preveniram

o impacto desta mudança

de paradigma e mostram-se

incapazes de lhe responder. A

esquerda disfarçou a sua nudez

teórica através de “guerras de

substituição”, apostando em

combates simbólicos e sobretudo

nas “causas fracturantes”.

O mal-estar europeu não é

independente da crise de valores.

“A antipolítica remete para um

défi ce de legitimidade da política”,

A Europa só tem algo a propor à sociedade globalizada com base nos valores cristãos

O Papa importa e fascina a Europa

escreveu o

politólogo

checo-francês

Jacques

Rupnik. “A

política deve

legitimar-

se através

de qualquer

coisa que a

transcenda,

como valores

éticos e

espirituais.”

Quem mais

fundamente

pôs o dedo na ferida não foi

sequer Ratzinger, mas Vaclav

Havel, o antigo Presidente checo

que largamente citei na altura

da sua morte. Numa entrevista

de 2007, alertou: “O Ocidente

democrático perdeu a capacidade

de proteger e cultivar os valores

que não cessa de reclamar como

seus. (...) O pragmatismo dos

políticos que querem ganhar

eleições futuras, reconhecendo

como suprema autoridade

a vontade e os humores de

uma caprichosa sociedade

de consumo, impede esses

mesmos políticos de assumirem

a dimensão moral, metafísica e

trágica da sua própria linha de

acção. (...) Uma nova divindade

tende a suplantar o respeito

pelo horizonte metafísico da

vida humana: o ideal de uma

produção e de um consumo

incessantemente crescentes.”

E veio a crise. Comentou

em Outubro de 2010: “Nós

esquecemos o que as anteriores

civilizações sabiam: nada está

garantido por si mesmo. Penso

que a recente crise fi nanceira

e económica é de extrema

importância e constitui um

eloquente sinal para o mundo

contemporâneo. (...) É um aviso

contra a desproporcionada

autoconfi ança e orgulho da

civilização moderna.”

“Vivemos na primeira

civilização ateia, numa civilização

que perdeu a conexão com o

infi nito e a eternidade. Deve

alarmar-nos.” Havel, que não

tinha religião, não propunha

a conversão religiosa nem o

misticismo, mas a recuperação

da espiritualidade e do

sentido da transcendência. “A

transcendência é a única

alternativa real à extinção.”

3. Se o centro de gravidade

da Igreja Católica se desloca

para Sul, muito interessante

vai ser observar o que se

passará no Norte. A laicidade

e a secularização são traços

constituintes das sociedades

ocidentais, particularmente das

europeias. Mas este facto não

liquida a questão do confronto

com os valores cristãos.

Num ensaio recente, o

cardeal de Viena, Christoph

Schönborn, alude ao “estimulante

paradoxo” de um cristianismo

que se tornou “estranho”

na Europa onde nasceu. “A

situação do cristianismo na

Europa é estimulante e plena

de oportunidades. É, em certa

medida, um corpo estranho mas

evoca um sentimento familiar.”

A cultura europeia só terá algo a

oferecer e a propor à sociedade

globalizada a partir do legado dos

valores cristãos, sempre presente

— a dignidade da pessoa, a

unicidade da Humanidade, a visão

da liberdade do cidadão perante

o Estado.

É por isto que o Papa importa

e fascina uma Europa que se crê

“descristianizada”.

AnáliseJorge Almeida Fernandes

MAX ROSSI/REUTERS

Page 26: 17 Março - PÚBLICO

26 | CULTURA | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

E se o Holocausto foi p

Há 13 anos, quando investigadores do

Museu do Holocausto em Washington

iniciaram o projecto de documentar

exaustivamente todos os campos de

concentração, prisões, guetos e cen-

tros de trabalhos forçados estabele-

cidos pelos nazis entre 1933 e 1945,

foi-lhes dado uma estimativa de que

teriam existido entre cinco e sete mil

desses lugares. Os números não para-

ram de aumentar ao longo dos anos,

à medida que avançaram a sua pes-

quisa. Até agora, os investigadores

conseguiram identifi car 42.500 des-

ses lugares, um número que chocou

até académicos ligados ao estudo do

Holocausto quando foi anunciado no

Instituto Histórico Alemão em Wa-

shington, em Janeiro.

“Se alguém me perguntasse quan-

tos destes lugares existiram, eu teria

dito 7000, 8000, 10 mil — 15 mil, no

máximo. 42.500 é um número que

nunca me teria passado pela cabe-

ça”, diz ao PÚBLICO Deborah Lips-

tadt, historiadora do Holocausto e

professora na Emory University em

Atlanta.

Geoff rey Megargee, o coordenador

da investigação do Museu do Holo-

causto, admite que o número possa

vir a aumentar porque o projecto

ainda vai a meio. A data prevista de

conclusão é 2025.

A descoberta mostra até que ponto

a história do Holocausto ainda está

a ser escrita, 68 anos depois do fi m

da II Guerra, que revelou ao resto

do mundo a existência dos campos

de concentração. O novo número

oferece um retrato mais complexo

e disseminado do horror nazi, um

sistema por onde terão passado entre

15 e 20 milhões de pessoas, segundo

as estimativas dos investigadores, e

não apenas judeus, mas também ou-

tros grupos étnicos, homossexuais e

prisioneiros de guerra. E, sublinha

Megargee, o número de vítimas — seis

milhões de judeus mortos — perma-

nece inalterado.

“O Holocausto acaba de tornar-

Auschwitz, Treblinka e o gueto de Varsóvia simbolizam o Holocausto na memória colectiva. Mas estes lugares não contam toda a história da perseguição nazi aos judeus. Por mais brutais que tenham sido, eles representam apenas uma fracção minúscula do sistema de detenção, tortura e morte

História Kathleen Gomes, Washington

Só em Berlim, os investigadores

identifi caram três mil campos de

concentração e casas de reclusão

para judeus. Nem todos os 42.500

lugares tinham como objectivo o ex-

termínio de pessoas. Eles variavam

em termos de função, organização e

tamanho, conforme as necessidades

dos nazis. Megargee e o seu colega

Martin Dean contabilizaram mais

de 30 mil campos de trabalhos for-

çados, 1150 guetos judeus, 980 cam-

pos de concentração, mil campos de

prisioneiros de guerra, 500 bordéis

onde as mulheres eram obrigadas a

ter relações sexuais com militares

alemães. Megargee nota que havia

campos “especiais” de trabalhos

forçados para judeus e campos de

trabalhos forçados especifi camente

para não-judeus destinados a ajudar

a economia alemã durante a guer-

ra. As experiências podiam variar

imenso. “Um prisioneiro de guerra

americano ou um britânico tinha

condições relativamente aceitáveis

— e quero sublinhar a palavra ‘rela-

tivamente’”, diz Megargee, porque,

por regra, os campos onde se encon-

travam eram fi scalizadas pela Cruz

Vermelha Internacional que, entre

outras coisas, fazia chegar remessas

alimentares.

“Mas no outro extremo dos prisio-

neiros de guerra estavam os sovié-

ticos: 60% dos soldados soviéticos

capturados pelos alemães morreram

ou de fome, ou devido a abusos ou

porque foram mortos.”

Os investigadores também iden-

tifi caram 100 clínicas, dirigidas por

pessoal médico: quando uma traba-

lhadora forçada engravidava, era en-

viada para um destes estabelecimen-

tos, onde era obrigada a abortar. Nos

casos em que as mulheres davam à

luz, os bebés eram mortos, normal-

mente por um lento processo de sub-

nutrição. Em qualquer dos casos, a

mulher regressava para o campo de

trabalhos forçados.

“As pessoas perguntam-me: ‘Por

que é que os alemães estavam a fazer

isto quando tinham uma guerra para

combater?’ E a resposta é que isto

fazia parte da guerra que estavam a

combater. Eliminar os judeus era um

“Se alguém me perguntasse quantos destes lugares existiram, teria dito 7000, 8000 — 15 mil, no máximo. 42.500 é um número que nunca me teria passado pela cabeça”, diz Deborah Lipstadt

se mais chocante”, escreveu o New

York Times no início deste mês,

quando publicou uma notícia so-

bre a nova contagem dos investi-

gadores do Museu do Holocausto.

“Quando uma pessoa lê isso, pen-

sa: ‘O quê??? Isso é impossível!’, diz

Deborah Lipstadt. “Isto não muda

as coisas, mas vem reforçar o que

nós, que trabalhamos nesta área, já

tínhamos constatado: que quando

existem 42.500 diferentes campos,

instalações, o que lhes quiser cha-

mar, é virtualmente impossível que

as pessoas na Alemanha e nos países

alinhados não soubessem o que se

estava a passar.”

Essa também é a conclusão de Ge-

off rey Megargee. “Quando chegamos

a um número como este, as pessoas

podiam não saber os detalhes do que

estava a acontecer nalguns destes

lugares, podiam não estar cientes

da sua escala, podiam não saber

quantos judeus é que estavam a ser

mortos na Europa de Leste, mas lite-

ralmente era impossível dobrar uma

esquina na Alemanha sem encontrar

centros de detenção de prisioneiros

de guerra ou campos de concentra-

ção com trabalhadores forçados.

As pessoas sabiam que os direitos

humanos estavam a ser violados, se

quisessem pensar no assunto. Po-

dem ter preferido não ver os piores

aspectos do sistema. Mas até certo

ponto, o sistema estava à frente dos

olhos de toda a gente.”

Page 27: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | CULTURA | 27

Roupas e sapatos de campos de concentração no Museu do Holocausto em Washington, cujo projecto de investigação ainda vai a meio. Nem todos os 42.500 locais tinham como objectivo o extermínio de pessoas: o projecto contabilizou mais de 30 mil campos de trabalhos forçados, 1150 guetos judeus, 980 campos de concentração, mil campos de prisioneiros de guerra, 500 bordéis

JIM YOUNG / REUTERS JIM YOUNG / REUTERS

KATARINA STOLTZ / REUTERS

pior do que pensamos?

boracionistas — para não terem de

pagar indemnizações às vítimas do

nazismo.

É uma tese que Deborah Lipstadt

não rejeita inteiramente, mas consi-

dera algo exagerada. “Detesto teo-

rias da conspiração. Passei grande

parte da minha vida a lutar contra

pessoas que difundem teorias da

conspiração”, diz, referindo-se aos

revisionistas que negam o Holocaus-

to. “Eu diria que é muito provável

que tenha havido instituições, or-

ganizações, até mesmo organismos

governamentais que não viram qual-

quer benefício em ter essa informa-

ção cá fora. Agora, quer isso dizer

que havia pessoas sentadas sobre

essa informação, a tentar escondê-

la? Não me parece.”

Geoff rey Megargee diz que co-

meçou por pensar no projecto co-

mo qualquer académico pensaria.

“Achei que a enciclopédia seria

muito valiosa enquanto obra de re-

ferência, ponto. Mas quando saiu o

primeiro volume, fi z uma apresen-

tação no museu a um grupo de so-

breviventes e houve um deles que

se levantou, pôs a mão sobre o livro

e disse: ‘Este é um livro sagrado.’

Para os sobreviventes, é muito im-

portante que alguém esteja fi nal-

mente a documentar todos estes

milhares de lugares que, de outra

forma, estariam condenados ao es-

quecimento.”

Florida que representa a maior or-

ganização de sobreviventes do Ho-

locausto nos Estados Unidos, a Ho-

locaust Survivors Foundation USA,

nota ao PÚBLICO que há casos de so-

breviventes a quem foram negadas

compensações por não haver qual-

quer registo do lugar onde dizem

ter sido encarcerados ou sujeitos a

trabalhos forçados. Dubbin acredita

que o trabalho dos investigadores do

Museu do Holocausto pode ajudar

a reparar essa lacuna. Segundo es-

te advogado, muitos destes lugares

permaneceram longe do conheci-

mento público durante tanto tempo

porque havia entidades interessadas

em manter essa informação secreta

— companhias de seguros que pro-

tegiam os bens e propriedades que

foram confi scados aos judeus, os

Governos alemão e de países cola-

objectivo de guerra para eles, não

era uma distracção”, diz Geoff rey

Megargee.

Levantamento exaustivoMuitos dos lugares documentados

pelos investigadores eram previa-

mente conhecidos, mas apenas a

nível local. Mas este é o primeiro

levantamento exaustivo, que pro-

cura reunir toda essa informação

num mesmo projecto.

O objectivo é catalogar tudo nu-

ma enciclopédia de sete volumes,

dois dos quais já foram publica-

dos e contêm cerca de duas mil

páginas cada. O segundo volume,

sobre guetos na Europa de Leste,

contém cerca de 320 lugares cuja

existência nunca tinha sido docu-

mentada em nenhuma publicação.

Sam Dubbin, um advogado da

Page 28: 17 Março - PÚBLICO

28 | CULTURA | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

Nuno Azevedo, administrador

demissionário da Casa da Música

(CM), declarou ao Expresso que a

instituição está a caminho do “abis-

mo”. “Tal como a conhecemos, a

CM terá muitíssimas difi culdades

em manter-se, caso o Estado não

altere a sua posição”, afi rmou, em

declarações àquele semanário, um

dia antes de uma acção dos traba-

lhadores da CM denominada É uma

Casa portuguesa, com certeza.

Os trabalhadores vão actuar este

domingo em vários locais do Porto,

Nuno Azevedo diz que Casa da Música está em risco e critica “obediência cega” à Europa

com o objectivo de “divulgar e de-

fender a missão da Fundação Casa

da Música através de um conjunto

de eventos de natureza artística,

com acesso público e gratuito”. A

acção e as declarações de Nuno

Azevedo surgem no início de uma

semana decisiva para o futuro da

instituição — para sexta-feira, dia

22, está marcado o Conselho de

Fundadores, no qual se espera que

privados e Estado defi nam a estra-

tégia para a CM.

Daí que Nuno Azevedo alerte

para os riscos de a instituição cair

“num abismo do qual será depois

muito difícil sair”. Em causa está a

decisão do Governo de aplicar um

corte de 30% ao orçamento da CM,

que foi confi rmado em Outubro

passado pelo secretário de Estado

da Cultura, Barreto Xavier.

Tratou-se de um corte supe-

rior aos 20% que eram esperados

Cortes orçamentais

Conselho de Fundadores tem reunião decisiva no dia 22. Hoje, trabalhadores da CM organizam acção de apoio à instituição

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ção. O administrador demissioná-

rio disse esperar que seja encontra-

da uma saída para o actual impas-

se, mas confessou não ver sinais

de que o Estado esteja disposto a

alterar a sua posição. “Muitas das

decisões tomadas em Portugal não

são verdadeiramente pensadas, e

resultam de uma obediência cega

aos ditames europeus”, lamentou

Nuno Azevedo.

A acção de hoje ocorre em vá-

rios espaços do Porto: o Coro da

CM estará no metro da Trindade, o

Remix no Hard Club e a Orquestra

de Jazz de Matosinhos tocará na

frente marítima de Matosinhos. E

a partir das 16h a praça em fren-

te à CM receberá “todos quantos

queiram associar-se a esta acção e

assistir à actuação de músicos da

CM e de outras formações amigas”,

anuncia o comunicado dos traba-

lhadores.

que tinham sido prometidos por

Francisco José Viegas, anterior se-

cretário de Estado, o que levou à

demissão de todo o conselho de

administração presidido por Nu-

no Azevedo.

Ao Expresso, Azevedo reiterou

que, “se quisermos continuar com

este projecto, precisamos de dez

milhões”, sendo que a actual parti-

cipação do Estado é de sete milhões

(em 2006, era de 15 milhões). O as-

sunto estará no centro da reunião

de sexta-feira, da qual poderá sair

um novo conselho de administra-

Casa da Música precisa de 10 milhões do Estado para poder manter qualidade, afirma Nuno Azevedo

Breves

Arquitectura

Edifício Parnaso, de José Carlos Loureiro, foi classificadoO Edifício Parnaso, no Porto, projectado por José Carlos Loureiro em 1954, foi classificado esta sexta-feira como monumento de interesse público. Situado na freguesia de Cedofeita, nas ruas de Oliveira Monteiro e de Nossa Senhora de Fátima, este edifício de habitação, comércio e serviços, que deve o seu nome à Escola de Música Parnaso que aí funcionava, é um importante exemplar da arquitectura moderna portuguesa.

Page 29: 17 Março - PÚBLICO

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José Castelo Branco, Agente de Execução, nos autos acima identifi cados, com escritório na Rua Aires de Sousa, 4B Lisboa, faz saber que foi designado o dia 18 de Marco de 2013, pelas 14.30, Tribunal Judicial de Almada - para abertura de propostas em carta fechada, que sejam entregues até à hora aci-ma mencionada, na Secretaria deste Tribunal, pelos interessados na compra do seguinte bem:BEM A VENDER:Tipo de Bem: ImóvelBem Penhorado em: 13/01/2012Registo da Conservatória: 2936 - 2.ª Conservatória do Registo Predial de AlmadaDescrição do Prédio:Fracção Autónoma designada pela letra “R”, correspondente ao andar C, do prédio sito na Rua Adriano Correia de Oliveira, n.º 6, 6-A e 6-B, Quinta dos Ála-mos, freguesia do Laranjeiro, concelho de Almada, descrito na 2.ª Conservató-ria do Registo Predial de Almada, sob o n.º 2936 e inscrita sob o artigo 957.Bem penhorado a:Executado: OCTÁVIO CHAVES SOBRALValor-base de venda: 52.540,61 eurosValor mínimo das propostas: 36.778,43 eurosÉ fi el depositário: OCTÁVIO CHAVES SOBRALModalidade da venda: Venda mediante proposta em carta fechadaConsigna-se que as propostas a apresentar deverão especifi car no exterior do envelope a referência ao processo a que se destinam, bem como a indi-cação ou menção de se tratar de uma proposta para venda e no interior do envelope deverá vir uma fotocópia do Bilhete de Identidade e Contribuinte do Proponente (caso se tratar de pessoa singular) ou de cópia do cartão de pessoa colectiva (no caso de se tratar de empresa), os proponentes devem juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado, à ordem do Agente de Execução no montante correspondente a 5% do valor mínimo do(s) bem/bens ou garantia bancária no mesmo valor.Nos termos do n.º 5 do artigo 890.º do CPC, não se encontra pendente nenhu-ma oposição à execução ou à penhora. Para constar, se lavra o presente edital e outros de igual teor que vão ser afi xados nos locais determinados por Lei.

O Agente de Execução - José Castelo-BrancoRua Professor Aires Sousa 4B - 1600-590 LisboaTelf.: 218 480 749 - Fax: 217 579 664 - TLM: 917 362 740E-mail: [email protected]ário de atendimento das 18h às 20h (sob marcação prévia)site: http://www.jcb.pt

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José Castelo Branco, Agente de Execução, nos autos acima identifi cados, com escritório na Rua Aires de Sousa, 4B Lisboa, faz saber que foi designado o dia 18 de Abril de 2013, pelas 10.30, Tribunal Judicial de Setúbal, 4.º Juízo Cível - para abertura de propostas em carta fechada, que sejam entregues até à hora acima mencionada, na Secretaria deste Tribunal, pelos interessados na compra do seguinte bem:BEM A VENDER:Tipo de Bem: ImóvelBem Penhorado em: 05/05/2011Registo da Conservatória: 5897 - B - descrito na 2.ª CRP de SetúbalDescrição do Prédio:PENHORA DO PRÉDIO URBANO SITO NA PRACETA DO MONTE BELO, N.º 10, R/C DTO., 2910-618 SETÚBAL, INSCRITO COM O ARTIGO MATRICIAL N.º 10300, FRACÇÃO B, DA FREGUESIA DE SÃO SEBASTIÃO E DESCRI-TO NA 2.ª CONSERVATÓRIA DO REGISTO PREDIAL DE SETÚBAL SOB O REGISTO N.º 5897-B.Bem penhorado a:Executado: Bruno Ricardo dos Reis CarvalhoValor-base de venda: 70.000,00 eurosValor mínimo das propostas: 49.000,00 eurosÉ fi el depositário: Bruno Ricardo dos Reis CarvalhoModalidade da venda: Venda mediante proposta em carta fechadaConsigna-se que as propostas a apresentar deverão especifi car no exterior do envelope a referência ao processo a que se destinam, bem como a indi-cação ou menção de se tratar de uma proposta para venda e no interior do envelope deverá vir uma fotocópia do Bilhete de Identidade e Contribuinte do Proponente (caso se tratar de pessoa singular) ou de cópia do cartão de pessoa colectiva (no caso de se tratar de empresa), os proponentes devem juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado, à ordem do Agente de Execução no montante correspondente a 5% do valor mínimo do(s) bem/bens ou garantia bancária no mesmo valor.Nos termos do n.º 5 do artigo 890.º do CPC, não se encontra pendente nenhu-ma oposição à execução ou à penhora. Para constar, se lavra o presente edital e outros de igual teor que vão ser afi xados nos locais determinados por Lei.

O Agente de Execução - José Castelo-BrancoRua Professor Aires Sousa 4B - 1600-590 LisboaTelf.: 218 480 749 - Fax: 217 579 664 - TLM: 917 362 740E-mail: [email protected]ário de atendimento das 18h às 20h (sob marcação prévia)site: http://www.jcb.ptPúblico, 17/03/2013 - 2.ª Pub.

PE-957/2010 - 5873/10.6TBSTB92.882,48 €

Exequente: BANCO ESPÍRITO SANTO SAMandatário: Paulo Cruz Almeida

Executado: Bruno Ricardo Reis Carvalho 3584Executada: Eugenia de Lurdes dos Reis Carvalho

e Outros

EDITAL

TRIBUNAL JUDICIAL DE SETÚBAL4.º Juízo Cível

JOSÉ CASTELO-BRANCOAgente de Execução

Cédula 3103

EDITALCitação de Ausente em Parte Incerta (248.º do Código de Processo Civil)

OBJECTO FUNDAMENTO DA CITAÇÃONos termos e para os efeitos do disposto nos artigos 233.º n.º 6 e 248.º do Código Processo Civil, e por des-pacho do(a) M.º(a) Dr. Juiz, correm éditos de 30 (trinta dias), contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o ausente Manuel António Castro Carneiro, com última residência conhecida no Lugar de Moinho, freguesia de Cantelães, Conselho de Vieira do Minho, Distrito de Braga, para os termos do processo executivo supra-identifi cado, que lhe foi movido pelo(a) Exequente(s) acima referenciado(s), com o pedido constante no requerimento executivo, pelo que nos ter-mos do n.º 5 do artigo 833º do CPC tem o prazo de 10 (*) dias, decorrido que seja o dos éditos, para se opor à execução, pagar ou indicar bens para penhora, com a advertência das consequências de uma declaração falsa ou da falta de declaração, nos termos do n.º 7 do referido artigo 833.º, ou seja se não indicar quaisquer bens à penhora e posteriormente se verifi que que tinha bens penhoráveis, fi ca sujeito à sanção pecuniária com-pulsória no montante de 1% da divida ao mês desde a data da omissão até à descoberta dos bens.MEIOS DE OPOSIÇÃONos termos do disposto no artigo 60.º do C.P.C. é obri-gatória a constituição de Advogado quando o valor da execução seja superior à alçada do tribunal de primeira instância (5.000,00 euros).COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIACaso não se oponha à execução consideram-se con-fessados os factos constantes do requerimento executi-vo, seguindo-se os ulteriores termos do processo.* Este Edital encontra-se afi xado na porta do último domicílio conhecido do citando, na Junta de Freguesia e no Tribunal Judicial.* Artigo 143. do C.P.C. - 1 Sem prejuízo dos actos reali-

zados de forma automática, não se praticam actos pro-cessuais nos dias em que os tribunais estiverem encer-rados nem durante o período de férias judiciais.*Artigo 144. do C.P.C. - 1 O prazo processual, estabelecido por lei ou fi xado por despacho do juiz, é contínuo, suspendendo-se, no entanto, durante as férias judiciais. 2 Quando o prazo para a prática do acto processual terminar em dia em que os tribunais estiverem encer-rados, transfere-se o seu termo para o primeiro dia útil seguinte. 3 Para efeitos do disposto no número ante-rior, consideram-se encerrados os tribunais quando for concedida tolerância de ponto. **Artigo 12. da LOFTJ - As férias judiciais decorrem de 22 de Dezembro a 3 de Janeiro, do domingo de Ramos à segunda-feira de Páscoa e de 16 Julho a 31 de Agosto.Artigo 252.º-A do CPC (Dilação) 1. Ao prazo de defesa do citando acresce uma dilação de cinco dias quando: a) A citação tenha sido realizada em pessoa diversa do réu, nos termos do n.º 2 do artigo 236.º e dos n.ºs 2 e 3 do artigo 240.º; b) O réu tenha sido citado fora da área da comarca sede do tribunal onde pende a acção, sem prejuízo do disposto no número seguinte. 2. Quando o réu haja sido citado para a causa no território das regiões autónomas, correndo a acção no continente ou em outra ilha, ou vice-versa, a dila-ção é de 15 dias. 3. Quando o réu haja sido citado para a causa no es-trangeiro, a citação haja sido edital ou se verifi que o caso do n.º 5 do artigo 237.º-A, a dilação é de 30 dias.

O Agente de Execução - Manuel LeiteRua da Igreja, 18 - 1.º Esc. 1, 4475-641 Maia

Tel. 229827523 - Fax [email protected]

Público, 17/03/2013 - 2.ª Pub.

MANUEL LEITEAgente de Execução

Cédula 3475

TRIBUNAL JUDICIAL DE VIEIRA DO MINHOProcesso: 232/08.3TBVRM

ACÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTAVALOR: € 1.546,52

Exequente: Optimus - Comunicações, S.A. Executado: Manuel António Castro Carneiro

Referência Interna: PE/982/2008

CENTRO DEMASSAGEM -Nova gerência. Comrequinte e simpatia. Pa-ra cavalheiros de nível.Telf: 21 240 17 28 96 380 73 77

EDITALCITAÇÃO DE AUSENTE

EM PARTE INCERTA(artigos 244.º e 248.º do CPC)

Processo 5108/08.1TBALMEXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUAN-TIA CERTAVALOR: 11.689,79 €Exequente(s): Banco Santander Totta, S.A.Executado(s): Carlos Augusto Gomes Sousa e Margarida Maria Joaquim Marques de Al-meida SousaNúmero Interno: PE/197/2013OBJECTO E FUNDAMENTO DA CITAÇÃONos termos e para os efeitos do disposto no art.º 248.º e ss do Código de Processo Civil, correm éditos de 30 (trinta) dias, contados da data da segunda e última publicação do anún-cio, citando o ausente Carlos Augusto Gomes Sousa, com última residência conhecida na Rua Bento de Jesus Caraça, 36 - 4.º Dto., 2810-178 Laranjeiro para no prazo de 50 (*) dias decor-rido que seja o dos éditos, pagar ou deduzir oposição à execução supra-referenciada e ou à penhora, nos termos do art.º 812.º, n.º 6 e 813.º n.º 1, ambos do CPC.O duplicado do requerimento executivo, auto de penhora e duplicados encontram-se à disposi-ção do citando na Secretaria do Tribunal de Co-marca e de Família e Menores de Almada.MEIOS DE OPOSIÇÃONos termos do disposto no artigo 60.º do C.P.C. e tendo em consideração o valor do processo, para se opor à execução que terá de ser apre-sentada no Tribunal supra-referenciado, é obri-gatória a constituição de Advogado,COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIACaso não se oponha à execução no prazo su-pra-indicado e não pague ou caucione a quan-tia exequenda, seguem-se os termos do artigo 832.º e seguintes do C.P.C., sendo promovida a venda/adjudicação dos bens penhorados para garantir o pagamento da quantia exequenda, acrescido de 10%, nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 821.º do C.P.C.PAGAMENTO, DESPESAS E HONORÁRIOSPoderá efectuar o pagamento da quantia exe-quenda e despesas junto do escritório da signa-tária nos dias e horas constantes em rodapé.À quantia exequenda acrescem, para além dos juros calculados nos termos do pedido, a taxa de justiça inicial no montante de 48,00 € e os honorários e despesas da Agente de Execução, que nesta data ascendem a 150,00 € sem preju-ízo de posterior acerto.Este edital encontra-se afi xado na porta do úl-timo domicílio conhecido do citando, na Junta de Freguesia respectiva e no Tribunal Judicial de Comarca da última residência do citando. São também publicados dois anúncios conse-cutivos no jornal Público. Os prazos começam a contar da publicação do último anúncio.

A Agente de ExecuçãoMaria Emília Catrau

Av.ª Defensores de Chaves, n.º 23 - 5.º Esq.º1000-110 LISBOATelf. 217155256 - Fax 217155258e.mail: [email protected] úteis das 9.00H às 18.00HPúblico, 17/03/2013 - 2.ª Pub.

TRIBUNAL DE COMARCA E DE FAMÍLIA E MENORES DE ALMADA

2.º Juízo Competência Cível

Maria Emília CatrauAgente de Execução

Cédula 2865

VIÚVO - Sessentão emdificuldades, recebe emsua casa senhoras/es.Máximo sigilo.Telm.: 935 075 588

Faz-se saber que nos autos aci-ma identifi cados, se encontra de-signado o dia 24 de Abril de 2013, pelas 14.00 horas, no Tribunal Ju-dicial de Fronteira, sito no Largo Prof. Dr. Antunes Varela - Palácio de Justiça em Fronteira, para a abertura de propostas em carta fechada, que sejam entregues até esse momento, na Secretaria do Tribunal, pelos interessados na compra do seguinte prédio:Urbano sito na Rua da Paz, Lote 102, freguesia Vila Viçosa (Con-ceição), concelho de Vila Viçosa, descrito na Conservatória do Re-gisto Predial de Vila Viçosa sob o número 743/19910625, inscrito na matriz sob o artigo 1656.Valor-base de venda: 150 000,00 euros. O prédio será adjudicado a quem melhor preço oferecer aci-ma de 70% do valor-base ou seja da quantia de 105 000,00 euros.O prédio pertence aos senhores

Vítor Manuel da Bárbara Lopes e Maria Helena Cardoso Carriço Lopes, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, resi-dentes na Rua da Paz, Lote 102 em Vila Viçosa que o mostram a quem se mostrar interessado. Nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 897.º do Código Proces-so Civil, “Os proponentes devem juntar à sua proposta, como cau-ção, um cheque visado, à ordem do solicitador de execução ou, na sua falta, da secretaria, no mon-tante correspondente a 20% do valor-base dos bens ou garantia bancária do mesmo valor”.Portalegre, 14 de Março de 2013

O Agente de ExecuçãoAntónio Correia Novo

Rua de Oliveira, n.º 81 - 2.º - Apartado 467300-148 PortalegreTelefone: 245 377 197 - Fax: 245 341 017 Email: [email protected]úblico, 17/03/2013 - 2.ª Pub.

António Correia NovoAgente de ExecuçãoCédula Número 1598

Processo Executivo n.º 246/03.0TBAVSExequente: Caixa de Crédito Agrícola

Mútuo de Moravis, C.R.L.Executados: Credimar - Comércio

de Mármores, Lda. e Outros

TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE AVISSecção Única

EDITAL

MARIA DULCEAFONSO DA SILVEIRA

MISSA DE 30.º DIA

Sua Família participa que será celebrada Missa de 30.º Dia,amanhã, dia 18, às 19.00 horas, na Igreja de Nossa Senhora da Luz (Carnide). Agradecem desde já a todos os que os acompanharam nesta celebração.

P.N. A.M.

Agência Funerária BarataServilusa - Número Verde Grátis 800 204 222

Serviço Funerário Permanente 24 Horas

ALICE LIMAAgente de Execução

CP 3687

EDITAL/ANÚNCIO DE VENDAEM PROCESSO EXECUTIVO

Alice Lima, com a cédula profi ssional n.º 3687, com domicílio profi ssional na Rua da Igreja, n.º 18, 1.º, Esc. 1, Avioso (St.ª Maria), Maia, agente de execução no âm-bito da execução comum adiante identifi -cada, informa os eventuais interessados que são aceites propostas de aquisição do(s) seguinte(s) bem(s) penhorado(s):LOCAL E DATA LIMITE PARA APRESEN-TAÇÃO DAS PROPOSTASAs propostas são apresentadas em carta fechada até às 14.00 horas (catorze ho-ras) do dia 08-04-2013 (Oito de Abril de Dois Mil e Treze), na Secretaria do Tribu-nal Judicial da Maia - Juízo de Execução, sito na Praça Dr. José Vieira de Carvalho, 4470-202 Maia.Nos termos do n.º 1 do artigo 897.º do Código Processo Civil, os proponentes devem juntar à sua proposta, como cau-ção, um cheque visado, à ordem do soli-citador de execução no montante corres-pondente a 20% do valor-base dos bens, ou garantia bancária no mesmo valor. As propostas serão abertas no dia e hora indicado, não sendo obrigatória a pre-sença dos proponentes.N.º DO PROCESSO8381/08.1TBMAI – Tribunal Judicial da Maia - Juízo de ExecuçãoEXEQUENTEBanco Espírito Santo, NIF: 500852367, com sede na Avenida da Liberdade, 195

- 1250-142 LisboaEXECUTADOSJoão Luíz Pereira da Silva, NIF: 237122022, divorciado, e Anna Lúcia Paula Carvalho, NIF: 237122030, solteira, maior, ambos residentes na Rua Clotilde Ferreira Cruz, EDF. 239, 4.º Dt.º Trás, 4470-163 Maia.BEM(S) A VENDERVERBA ÚNICAFracção autónoma, designada pelas letras “BQ”, destinada a Habitação, de Tipologia T2, no quarto andar direito traseiras, do prédio sito à Rua Clotilde Ferreira Cruz, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 1782.º, Freguesia da Maia, e descrita na 1.ª Conservatória do Registo Predial da Maia sob o n.º 1011/19960123-BQ.MODALIDADE DE VENDA: PROPOSTA EM CARTA FECHADAVALOR-BASE: 77.131,94 €VALOR MÍNIMO DAS PROPOSTAS: Iguais ou superiores a 70% do valor-baseFIEL DEPOSITÁRIO: Os Executados.

A Agente de Execução - Alice Lima

Rua da Igreja, 18 - 1.º Esc. 14475-641 Avioso (St.ª Maria) MaiaTel.: 229827523 - Fax: 229863261

[email protected]ário de atendimento: Dias úteis 14.30 às 17.30

Público, 17/03/2013 - 2.ª Pub.

TRIBUNAL JUDICIAL DA MAIAJuízo de Execução

Faz-se saber que nos autos identifi -cados, encontra-se designado o dia 04 de Abril de 2013, pelas 15.00h no Tribunal Família Menores e de Comar-ca de Cascais - 2.º Juízo Cível, para a abertura de propostas, que sejam entregues até ao momento, na Secre-taria do Tribunal, pelos interessados na compra do seguinte bem;Terreno rústico, para cultura arven-se e pastagem, com área total de 16651m2, denominado de Olival do Catarino, situado em Cruz da Pedra, Frielas, confrontação a norte por Herdeiros de Jacinto António Romão, nascente Estrada, a sul e a poente por Rua H. Descrito na 2.ª CRP Lou-res, fi cha n.º 206, freguesia de Frielas, artigo matricial n.º 48, secção C.O bem pertence a Construções Santa Cruz de António A. Ribeiro e Ribei-ro, Lda., com sede na Praceta 1 de Dezembro, n.º 10, 1.º Drt., 2675-430 Odivelas.

Valor-base do bem: 549.483,00 €.Será aceite a proposta de melhor preço acima do valor de 384.463,10 €, correspondente a 70% do valor-base, os proponentes devem juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado ou garantia bancária no valor de 109.896,60€ (correspondente a 20% do valor-base do bem), à ordem do Agente de Execução.É fi el depositário, que o deve mostrar, a pedido, a Agente de Execução Ma-ria Emília Catrau, CP 2865, com domi-cílio profi ssional na Av. Defensores de Chaves, n.º 23 - 5.º Esq.º, 1000-110 Lisboa.

A Agente de ExecuçãoMaria Emília Catrau

Av. Defensores de Chaves, 23 - 5.º Esq.º1000-110 LisboaTelef. 217155256 - Fax 217155258e.mail: [email protected] úteis das 14h00 às 16h00Público, 17/03/2013 - 2.ª Pub.

Processo n.º 15-B/1998Acção Executiva sob a forma de processo comumExequente: Condomínio do Prédio Sito na Praceta

Fernando Pessoa T. 2 - ParedeExecutado: Construções Santa Cruz de António A.

Ribeiro e Ribeiro, Lda.Valor da Acção: 110.579.37 €

PE 45/2009

TRIBUNAL FAMÍLIA E MENORES E DE COMARCA DE CASCAIS2.º Juízo Cível

Maria Emília CatrauAgente de Execução

Cédula 2865

EDITAL

TRIBUNAL JUDICIALDE SESIMBRASecção Única

ANÚNCIONotifi cação aos Comproprietários do

Prédio sito na Lagoa de Albufeira, AUGI 5 (artigo 16.º-C da Lei das AUGI e

artigos 862.º e 248.º do C. P. Civil)

Processo N.º 488/12.7TBSSBExecução Comum (Sol. Execução)Ref. Interna: PE/203/2012Exequente: Administração Conjunta da AUGI 5 - Lagoa de AlbufeiraExecutado(s): Maria Nélia CardosoAgente de Execução, Alexandra Go-mes CP 4009, com endereço profi ssio-nal em Rua D. Sancho I, n.º 17 - A/B. 2800-712 Almada.A NOTIFICAR: Os comproprietários do prédio sito na Lagoa de Albufeira, AUGI 5, Freguesia de Castelo, conce-lho de Sesimbra.PENHORA: Penhora do direito a bem indiviso correspondente a 1.693 / 42.000 avos, que o(s) executado(s) detêm na AUGI 5, sito em Murtinhais, Sachola, Lagoa de Albufeira, Fregue-sia de Castelo, Concelho de Sesimbra, descrita na Conservatória do Registo Predial de Sesimbra sob o n.º 4670 e inscrita na respectiva matriz sob o artigo 9.º, Secção J, nos termos da Aquisição inscrita com a Ap. 16 de 1982/01/07.QUANTIA EXEQUENDA: 6.740,75 €.OBJECTO E FUNDAMENTO DA NO-TIFICAÇÃO:Nos termos e para os efeitos do dis-posto no art.º 16.º-C da Lei das AUGI, bem como no n.º 1 do artigo 862.º e no n.º 3 do artigo 248.º, ambos do C. P. Civil, os anúncios são publicados em dois números seguidos, notifi cando os comproprietários do prédio sito na Lagoa de Albufeira, AUGI 5, freguesia de Castelo, concelho de Sesimbra, de que o direito do(s) executado(s) fi ca à ordem do Agente de Execução.Nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 862.º do C. P. Civil, é lícito aos notifi cados fazer as declarações que entendam quanto ao direito do(s) executado(s), bem como o modo de o tornar efectivo, podendo ainda os contitulares dizer se pretendem que a venda tenha por objecto todo o patri-mónio ou a totalidade do bem.

A Agente de ExecuçãoAlexandra Gomes

Rua D. Sancho I, n.º 17 - A/B - 2800-171 AlmadaE-mail: [email protected]. 210 833 058 - Fax 212 743 259Público, 17/03/2013 - 2.ª Pub.

ALEXANDRA GOMESAgente de Execução

CPN 4009

TRIBUNAL DE FAMÍLIAE MENORES E DE

COMARCA DE PORTIMÃO1.º Juízo Cível

Processo: 278/12.7TBPTM-AProcedimento Cautelar

ANÚNCIORequerente: Jorge dos Reis de Oli-veira e outrosRequerido: Alvormar - Restaurante Bar, Lda.Nos autos acima identifi cados, cor-rem éditos de 10 dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, notifi cando:Requerido: Alvormar - Restaurante Bar, Lda., com última residência conhecida na Rua Francisco Ramos Mendes, n.º 1 - 3 - r/c, 8500-018 Alvor - Portimão.PARA, no prazo de 10 dias, decorri-do que seja o dos éditos nos termos do disposto no art.º 385, n.º 6.º, do Código de Processo Civil, e em alternativa:• Recorrer em 15 dias, nos termos gerais, do despacho que decretou a providência, quando entenda que, face aos elementos apurados, ela não deveria ter sido decretada;• Deduzir oposição, no prazo de 10 dias, quando pretenda alegar factos ou produzir meios de prova não tidos em conta pelo tribunal e que possam afastar os fundamentos da providên-cia ou determinar a sua redução. Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.N/Referência: 7688125Portimão, 11/03/2013

O Juiz de DireitoDr. Rui Miguel Fonseca Machado

A Ofi cial de JustiçaFernanda Gamboa

Público, 17/03/2013 - 2.ª Pub.

Nos autos acima identifi cados, foi designado o dia 09-04-2013, pelas 11h00, naquele Tribunal, para abertura de pro-postas que sejam entregues até esse momento na Secreta-ria do Tribunal, pelos interessados na compra do seguinte bem: Tipo de bem: Imóvel. Descrição: Fracção autónoma designada pela letra D, que corresponde ao 1.º andar do prédio urbano constituído em regime de propriedade hori-zontal sito no lugar da Cruz, lote 11, Odiáxere, freguesia de Odiáxere, concelho de Lagos, destinado a habitação, com estacionamento na cave designado pela letra D, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 2.293-D, descrito na Conser-vatória do Registo Predial de Lagos sob o n.º 1733-D, com o valor tributável de 102.505,00 euros. Valor-base: 135.000,00 euros (cento e trinta e cinco mil euros). Só serão aceites propostas de melhor preço igual ou superior a 94.500,00 euros, correspondente a 70% do valor-base. Deve ser junto à proposta um cheque visado à ordem da Agente de Execu-ção, correspondente a 20% do valor-base do bem.São fi éis depositários, que o deverão mostrar a pedido, os executados Bruno José Inácio Esperança e Vera Lúcia Pereira Sequeira, residentes na Urb. Varandas S. Francisco Lote 11, 1.º E, 8600-250 Odiáxere.

A Agente de ExecuçãoCrisante Vieira Luz

Parque Empresarial Algarve, Bloco 2B, 8400-431 LagoaE-mail: [email protected]

Telefone: 282356025/302040731 - Fax: 282353455Público, 17/03/2013 - 1.ª Pub.

ANÚNCIO

CRISANTE VIEIRA LUZAgente de Execução

Cédula n.º 2411

Processo N.º 629/08.9TBLGSExecução Comum

Exequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.Executados: Maria Manuela Romeiro Pereira,Bruno José Inácio Esperança, José António

Chambel Sequeira e Vera Lúcia Pereira SequeiraValor: 130.788,06 €; Ref. Int. PE-90-2008 ptm

TRIBUNAL JUDICIAL DE LAGOS1.º Juízo

Page 30: 17 Março - PÚBLICO

30 | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

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Cabo

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Dancin' DaysFina EstampaDestinos CruzadosJornal da NoiteLouco Amor

CINEMAEspera aí Que já CasamosTítulo original: The Five Year EngagementDe: Nicholas StollerCom: Jason Segel, Emily Blunt, Chris PrattEUA, 2012, 124 min.TVC1HD, 21h30Tom e Violet ( Jason Segel e Emily

Blunt) são um casal apaixonado

a viver em São Francisco. Depois

de vários anos de uma relação

quase perfeita, sonham em

ofi cializar a união numa enorme

e divertida festa de casamento.

Tudo parecia correr bem até

Violet ser convidada a trabalhar

como assistente na faculdade

de psicologia da Universidade

de Michigan, a mais de duas

mil milhas de distância. Ambos

concordam que, com esta

proposta irrecusável em mãos,

os planos para o grande dia terão

de ser adiados. Porém, já em

Michigan, nada parece querer

colaborar com a relação e os dois

vêem a data de casamento adiada,

uma e outra vez. E é assim que,

depois de cinco anos a lidar com

a incómoda sensação de viverem

uma relação estagnada, Tom e

Violet começam a duvidar se

foram de facto feitos um para o

outro.

1941, Ano Louco em Hollywood [1941] TVC2HD, 22h00Em 1941, após o ataque japonês a

Pearl Harbor, a paranóia apodera-

se dos residentes da Califórnia,

que temem uma possível invasão

dos japoneses àquele estado

norte-americano. Uma paródia

bélica de Steven Spielberg, com

Dan Aykroyd, Ned Beatty e John

Belushi, nomeada para três

Óscares (fotografi a, efeitos visuais

e som). Curiosidade: John Wayne

e Charlton Heston recusaram

uma participação no fi lme por

o considerarem antipatriótico

e desrespeitoso para com os

combatentes da Segunda Guerra.

Perseguição sem Tréguas [Hard Target]FOX Movies, 23h45Acção a rodos com Jean-Claude

Van Damme. Uma mulher

contrata um guia para a ajudar a

encontrar o seu pai desaparecido

na cidade norte-americana de

Nova Orleães. Os dois descobrem

um jogo mortal por detrás do

seu desaparecimento: há uma

empresa que vende um programa

que consiste em caçar humanos e

o pai da jovem foi apanhado nessa

rede. Um fi lme de John Woo.

Afinal Quem Manda Aqui? [Man of the House]Hollywood, 22h00Roland Sharp (Tommy Lee Jones)

é um ranger do Texas sério e

sisudo que é destacado para

proteger as únicas testemunhas

de um crime. Mas protegê-las

não vai ser tarefa fácil, porque

quem testemunhou o crime

foi um grupo de cheerleaders

incontroláveis. Roland vai ter

de se transformar em treinador,

preocupar com dietas e pompons

e evitar que elas fujam para se

encontrarem com os namorados.

Starsky & Hutch [Starsky & Hutch]Hollywood, 23h50Nos anos 70, numa cidade

chamada Bay City, dois polícias,

Dave Starsky (Ben Stiller) e

Ken Hutch Hutchinson (Owen

Wilson) contam a história do seu

primeiro grande caso. Os dois

são sempre destacados para os

casos mais difíceis e perseguem

os criminosos num Ford Torino

vermelho. O fi lme, de Todd

Phillips, é uma adaptação ao

grande ecrã da série televisiva dos

anos 70.

O Jogo [O Jogo]RTP2, 23h03

Inserido em Onda Curta, O

Jogo, de Júlio Alves. Félix, um

miúdo com síndrome de Down,

apaixonado por futebol, tem uma

oportunidade de ser titular num

jogo contra a equipa da escola

rival.

Puro Aço [Real Steel]TVC4HD, 23h00EUA, 2020. O boxe evoluiu para

algo puramente tecnológico e

robôs de dois metros e meio

e 900kg vieram substituir os

humanos nos combates. Charlie

Kenton (Hugh Jackman) é um

ex-pugilista da velha guarda que

hoje sobrevive graças a lutas

ilegais. Quando, num combate,

o seu robô é esmagado por um

adversário ele fi ca com uma

dívida que não tem qualquer

hipótese de pagar. Por isso,

quando é informado da morte

da sua ex-namorada, decide

ceder a custódia de Max

(Dakota Goyo), o seu fi lho

adolescente, aos seus cunhados

em troca de cem mil dólares.

Porém, antes disso, Max fi ca ao

seu cuidado durante três meses

e, se até aí pai e fi lho eram dois

desconhecidos, esse tempo

servirá para que percebam

que a paixão pelo boxe os

une. Numa velha sucata, os

dois vão encontrar um robô,

Atom, criado para outras

funções que não o ataque, mas

com particularidades que o

distinguem de todos os outros.

É então que, entre os três, nasce

uma amizade que lhes mudará

as existências. De Shawn Levy.

DESPORTO

Futebol: Primeira LigaSPTV1, 18h00 e 20h30Em directo, dois jogos da 23.ª

jornada do Campeonato Nacional

de futebol. Às 18h, o Marítimo,

7.º, recebe um FC Porto, em 2.º,

apostado em repetir a goleada da

primeira volta (5-0). Às 20h30,

o Vitória de Guimarães, em 6.º,

recebe o líder Benfi ca que fará

de tudo para segurar o 1.º posto

da tabela. Na primeira volta, as

“águias” ganharam por 3-0.

SÉRIES

Depois do AdeusRTP1, 21h00Embora namore com Luísa,

Espera aí Que já Casamos

Page 31: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | 31

Gonçalo está apaixonado por

Ana e não o quer admitir. No

entanto, tudo vai mudar depois

da madrugada passada em frente

à embaixada. Ana percebe pela

atitude de Gonçalo que é dela

que ele gosta e, depois de um

primeiro beijo, deixa cair todas as

defesas e entrega-se a Gonçalo.

Gente FamosaRTP2, 22h072.ª temporada. As batalhas de

um rapazinho nos fi nais dos

anos 90 que só quer deixar os

subúrbios e mudar-se para o

seio dos ricos e famosos, i.e, os

membros da beautiful people (o

título original, traduzido para

Gente Famosa). A família ajuda à

festa: a mãe bebe gin como água,

a irmã quer ser a rainha da rua,

a tia é uma hippie cega, a avó é

uma peste lobotomizada... e há

ainda o amigo Kyle, que quer ser a

princesa Diana local.

DOCUMENTÁRIOS

A Raia: As Guardiãs da RaiaHistória, 23h353.º episódio. Ángel e Pedro

passam pela antiga alfândega de

Fuentes de Oñoro, seguem para

Cidade Rodrigo e, depois, para

Almeida. Isto, ao ritmo do adufe,

instrumento típico da raia tanto

do lado de Portugal como de

Espanha.

O PentágonoHistória, 22h45O edifício é o centro nevrálgico

das operações militares dos EUA:

uma fortaleza de cinco lados que

tem como propósito defender

o país e os seus cidadãos. Mas,

atrás dos muros de cimento e

das janelas reforçadas, existem

segredos. O documentário

propõe-se a revelar a história

do Pentágono assim como

as complexas operações e as

actividades secretas que se

desenham no seu interior.

Eames: o Arquitecto e a PintoraRTP2, 20h40Charles e Ray Eames

permanecem o casal de designers

mais infl uente das artes

americanas. Não só por terem

sido pessoas fascinantes, como

também pela obra inovadora que

construíram e que perdura até

hoje. O documentário da dupla

Jason Cohn e Bill Jersey, mostra

pela primeira vez a extensão

e a importância do casal e dos

muitos que reuniram no grande

atelier de Nova Iorque.

INFANTIL

Happy Feet TVC3HD, 9h45 (V.P.) e 22h30 (V.O.)Uma grande diversão animada,

vencedora do Óscar para

melhor fi lme de animação em

2007, passada no coração da

Antárctica com um fantástico

pinguim... dançarino! O

jovem Mumble é um pinguim-

imperador que tem uma

terrível voz de cana rachada.

O que não seria um problema,

tirando um pormenor: nestas

terras geladas, quem não sabe

cantar uma bela canção de

amor não é pinguim, não é

nada. E agora?

Os MarretasTVC1HD, 19h50 (V.O.)Walter (voz de Peter Linz) é

um fantoche que vive com

Gary ( Jason Segel), o seu irmão

humano, na pequena cidade

de Smalltown, EUA. Desde que

se conhecem que são grandes

admiradores dos Marretas, que

ambos sentem ser uma espécie

de alter-egos de si próprios.

Quando Mary (Amy Adams), a

namorada de Gary, o convida

para uma viagem de sonho a Los

Angeles, Gary resolve levar o

“irmão”. Aí, descobrem o plano

de um magnata que quer arrasar

com o estúdio. Walter, Gary

e Mary têm então uma ideia

brilhante: reunir o velho grupo

e organizar a grande Gala dos

Marretas.

RTP16.30 Zig Zag 8.00 Bom Dia Portugal Fim-de-Semana 10.00 Eucaristia Dominical - Directo 11.00 Angelus pelo Papa Francisco 11.36 Circo Massimo 13.00 Jornal da Tarde 14.10 AntiCrise - Compacto 14.58 Dallas 15.48 Filme: 007 - Só Se Vive Duas Vezes - Com Sean Connery 18.00 Sinais de Vida - Compacto 19.18 Os Compadres 20.00 Telejornal 21.00 Depois do Adeus - A ferro e fogo 21.56 Hora da Sorte: Sorteio do Joker 22.00 Vermelho Brasil 23.01 Filme: Perigo em Directo - De Antoine Fuqua 1.11 Filme: Força de Ataque - Com Steven Seagal 2.51 AntiCrise

RTP27.56 Zig Zag 11.00 Caminhos 11.27 70X7 11.54 Bairro Alto 12.43 Lontras Marinhas: Uma Cria Preciosa 13.34 Hora de Fecho 14.31 5 Minutos Num Instante 14.43 Voz do Cidadão 15.00 Desporto 2 19.01 Janela Indiscreta com Mário Augusto 19.33 Academia RTP - Criativar 20.01 Zig Zag 20.40 Eames: o Arquitecto e a Pintora 22.07 Britcom - Gente Famosa + Vida a Três 23.03 Onda-Curta - Babioles + O Último Dia de Verão + O Jogo 0.00 24 Horas - Directo 1.02 Especial Fantasporto 1.29 Hora de Fecho 2.26 Euronews

SIC6.15 LOL@SIC 8.40 Disney Kids 10.15 Dance! 12.15 Vida Selvagem: American Eagle 13.00 Primeiro Jornal 14.05 Fama Show 14.30 Agente Dupla - 3.ª temporada 15.25 Investigação Criminal Los Angeles - 4.ª temporada 16.20 Filme: O Guarda Fraldas em Apuros - Comédia com Cuba Gooding Jr. 18.25 Filme: Skyline, O Alvo Somos Nós - Thriller de ficção científica de Colin Strause e Greg Strause 20.00 Jornal da Noite 21.30 Vale Tudo! 1.00 Filme: Underworld, A Revolta - Com Rhona Mitra, Michael Sheen e Bill Nighy 2.45 Podia Acabar o Mundo

TVI 6.30 Animações / Kid Kanal 8.37 Campeões e Detectives 9.23 Heroes 10.02 O Inspector Max 10.58 Missa (inclui Oitavo Dia) 13.00 Jornal da Uma 14.00 Somos Portugal - Directo de Óbidos - Festival do Chocolate 20.00 Jornal das 8 21.27 A Tua Cara Não Me É Estranha - Directo 01.00 Big Game 01.55 Filme: Nem Uma Palavra - De Gary Fleder, com Brittany Murphy,

Michael Douglas e Sean Bean 03.49 Amanhecer

TVC1 11.15 Alta Golpada 13.05 Backwash - Desfecho Inesperado 14.35 Um Homem no Limite 16.20 Identidade Secreta 18.05 Alta Golpada 19.50 Os Marretas (V.O.) 21.30 Espera Aí... Que Já Casamos 23.35 Professora Baldas 1.10 Backwash - Desfecho Inesperado

FOX MOVIES10.59 Irmão, Onde Estás? 12.44 Ned Kelly 14.31 Maverick 16.34 O Rochedo 18.46 Rambo - A Fúria do Herói 20.21 Rambo II - A Vingança do Herói 22.00 Rambo III 23.45 Perseguição Sem Tréguas 1.20 O Renascer dos Mortos 2.58 Contacto

HOLLYWOOD11.20 À Beira do Casamento 12.55 O Barco do Amor 14.30 Edtv 16.40 Academia de Polícia 18.15 Biker Boyz - Corridas Clandestinas 20.10 Supremacia 22.00 Afinal Quem Manda Aqui? 23.50 Starsky & Hutch 1.35 Hannibal

AXN14.49 Brigada Anti-Vício 15.40 Filme: Bad Boys II 18.07 Filme: Constantine 20.10 The Mob Doctor 21.00 Castle 22.00 Filme: Corrida Mortal 23.52 The Killing: Crónica de um Assassinato 0.58 The Killing: Crónica de um Assassinato

AXN BLACK15.25 A Rainha das Sombras 16.13 Chuck 17.00 Filme: O Caso Winslow 18.44 Filme: Buffalo ‘66 20.33 A Rainha das Sombras 21.22 Chuck 22.10 Filme: Sementes de Raiva 0.20 Chuck 1.08 A Rainha das Sombras

AXN WHITE14.30 Gossip Girl 15.18 Póquer de Rainhas 15.43 Era Uma Vez 16.31 Filme: Zona de Impacto 18.15 Filme: A Lagoa Azul 20.10 Gossip Girl 21.00 Chamem a Parteira 21.50 Filme: Ao encontro da Guerra e do Amor 23.40 Chamem a Parteira 0.30 Filme: Zona de Impacto

FOX 13.35 Family Guy 14.22 Ossos 22.30 Spartacus: A Revolta dos Escravos

23.22 The Walking Dead 0.11 American Horror Story 1.01 Blue Bloods

FOX LIFE 13.07 Agente Dupla 14.38 Revenge 15.21 Parenthood 16.54 Uma Família Muito Moderna 17.38 Tudo Acaba Bem 18.22 Scandal 20.37 Anatomia de Grey 21.25 Glee 22.16 The Voice 1.37 Parenthood

DISNEY15.30 Hannah Montana 15.55 Os Feiticeiros de Waverly Place 16.20 Boa Sorte, Charlie! 16.45 Phineas e Ferb 18.00 Zack e Cody: Todos A Bordo 18.25 Par de Reis 18.50 Professor Young 19.15 A.N.T. Farm - Escola de Talentos 19.40 Shake It Up 20.30 Wasabi Warriors 21.20 Lab Rats 21.45 Par de Reis 22.10 Art Attack

DISCOVERY18.20 A Pesca do Gladiador 19.10 Off the Hook: Pesca Arriscada: Correndo com o diabo 19.35 Off the Hook: Pesca Arriscada: Peixe Olho de Boi 20.05 Sobrevivência: A História Por Dentro 21.00 O Segredo das Coisas 21.30 O Segredo das Coisas 22.00 Segredos do Universo com Morgan Freeman: Será o Nada Realmente Alguma Coisa? 22.55 O Universo de Stephen Hawking: Viagem no Tempo 23.45 Top Gear 0.35 Top Gear USA

HISTÓRIA 17.00 Top Shot: Voam as Flechas 17.45 Desafio Armado, com Lee Ermey: Espingardas 18.35 Os Heróis de Hitler: Otto Skorzeny 19.30 Os Heróis de Hitler: Hanna Reitsch 20.25 Thomas Jefferson: Ep. 1 21.05 Thomas Jefferson: Ep. 2 22.00 Segredos Desclassificados: Os Novos Rostos da Máfia 22.45 O Livro dos Segredos dos EUA: O Pentágono 23.35 A Raia: As Guardiãs da Raia 0.00 A Raia: A Linha Pré-Histórica

ODISSEIA17.00 Órbita, a Viagem da Terra: A Precessão 18.00 Bichos, Duelo Selvagem: Assassinos Mutantes 19.00 A Jóia e os Guerreiros do Nevoeiro 20.00 Louis Theroux na Mega Prisão de Miami: Ep. 1 21.00 Ciência Curiosa: Pólvora 21.30 Livros, Jóias de Papel: Bíblias Antigas 22.00 O Desejo pelo Desejo 23.00 Filhos de Cuba 0.00 Criaturas do Extremo: Frio

Televisã[email protected]

Discovery, 22.00 Segredos do Universo com Morgan Freeman

Os Marretas

Marretas.

OsOs M Mararreretatass

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32 | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

SAIR

CINEMALisboa CinemaCity Campo PequenoC. Lazer do Campo Pequeno. T. 217981420Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 11h30, 13h45, 18h35 (2D), 15h55, 21h35, 24h (3D); Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 1 - 21h45, 00h25 (3D); Vigarista à Vista M12. Sala 2 - 11h35, 13h35, 15h50, 17h50, 19h50, 21h50, 23h50; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 3 - 11h30, 13h30, 15h30, 17h30, 19h30 (V.Port.); Sininho O Segredo das Fadas M4. VIP 4 - 11h50, 13h50 (V.Port.); Aguenta-te aos 40 M12. VIP 4 - 00h10; Oz: O Grande e Poderoso M12. VIP 4 - 13h20, 15h35, 18h50, 21h30; Argo M12. Sala 5 - 13h10; Sammy 2 M4. Sala 5 - 11h10 (V.Port.); Django Libertado M16. Sala 5 - 15h30, 18h45, 22h; Hotel TransilvâniaM6. Sala 6 - 11h25 (V.Port.); Quarta DivisãoM16. Sala 6 - 18h55; Lincoln M12. Sala 6 - 15h45, 21h20; Força Anti-Crime M16. Sala 6 - 00h20; Mamã M16. Sala 6 - 13h25; HitchcockM12. Sala 7 - 20h, ; Mamã M16. Sala 7 16h,18h, 22h05, 00h05; Guia para um Final FelizM12. Sala 8 - 17h30; Criaturas MaravilhosasM12. Sala 8 - 19h50; Die Hard - Nunca é BomDia para Morrer M12. Sala 8 - 22h10;Zambézia M6. Sala 8 - 11h20, 15h40 (V.Port.);Comédia Explícita - Movie 43 M16. Sala 8 - 00h15; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 8 - 13h10 CinemaCity Classic AlvaladeAvª de Roma, nº 100, Lisboa . T. 218413045MONSTRA 2013 - Festival de Animação de Lisboa - Vários horários; Robot e FrankSala 1 - 11h35, 13h35, 15h35, 17h25, 19h15, 21h35; Hotel Transilvânia M6. Sala 1 - 11h30(V.Port.); Seis Sessões M16. Sala 2 - 13h30;Seis Sessões M16. Sala 2 - 13h30; Quarta Divisão M16. Sala 3 - 13h10; Argo M12. Sala 4 - 18h40; A Vida de Pi M12. Sala 4 - 15h45; Guia para um Final Feliz M12. Sala 4 - 13h25; Django Libertado M16. Sala 4 - 21h10; Zambézia M6. Sala 4 - 11h35 (V.Port.) Medeia Fonte NovaEst. Benfica, 503. T. 217145088Ferrugem e Osso M12. Sala 1 - 14h10, 16h30, 19h, 21h30; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 2 - 16h45, 21h45; E Se Vivêssemos Todos Juntos? Sala 2 - 14h20, 19h15; Argo M12. Sala 3 - 14h30, 17h; Mamã M16. Sala 3 - 19h30, 22h Medeia KingAv. Frei Miguel Contreiras, 52A. T. 218480808Amor M12. Sala 1 - 12h15; A Última Vez Que Vi Macau + Alvorada Vermelha M12. Sala 1 - 14h40, 16h40, 19h15, 21h45; Argo M12. Sala 2 - 12h; Ferrugem e Osso M12. Sala 2 - 14h15, 16h30, 19h, 21h30; Barbara M12. Sala 3 - 14h30, 16h50, 22h; Laurence Para Sempre M12. Sala 3 - 18h50; E Se Vivêssemos Todos Juntos? Sala 3 - 12h30 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Ferrugem e Osso M12. Sala 4 - Cine Teatro - 14h30, 17h, 19h30, 22h, 00h30; Efeitos Secundários M12. Sala 1 - 13h20, 15h25, 17h30, 19h40, 21h45, 00h15; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 2 - 16h30, 21h30, 24h; E Se Vivêssemos Todos Juntos? Sala 2 - 13h10, 15h15, 17h20, 19h20, 21h30; E Se Vivêssemos Todos Juntos? Sala 2 - 14h, 19h; A Última Vez Que Vi Macau + Alvorada Vermelha M12. Sala 3 - 13h10, 15h15, 17h20, 19h20, 21h30; Branca de Neve M12. Sala 3 - 24h NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Bab Sebta Sala 1 - 18h30; Noite de Cinema de Terror, com filmes de Manuel Pureza, Patrick Mendes, Mário Gajo de Carvalho Sala 1 - 21h30

UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Amor M12. Sala 1 - 11h30, 14h05; Notas de Amor M12. Sala 1 - 19h15; Força Anti-Crime M16. Sala 1 - 16h45, 21h45, 00h15; Guia para um Final Feliz M12. Sala 2 - 11h30, 14h05, 19h30; O Mentor M16. Sala 2 - 16h40, 22h; 00:30 Hora Negra M16. Sala 3 - 17h30; Django Libertado M16. Sala 3 - 14h15, 21h, 00h10; Mamã M16. Sala 4 - 00h25; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 4 - 11h30, 14h, 16h, 18h, 20h (V.Port.); Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 5 - 11h30, 14h10, 19h10, 00h10 (2D), 16h40, 21h40 (3D); Efeitos Secundários M12. Sala 6 - 11h30, 14h05, 16h40, 19h10, 21h35, 00h10; Psycho M12. Sala 7 - 19h20; Criaturas Maravilhosas M12. Sala 7 - 11h30, 14h, 16h40; Branca de Neve M12. Sala 7 - 21h45, 00h10; Quarta Divisão M16. Sala 8 - 19h; Cidade Dividida M16. Sala 8 - 11h30, 14h15, 16h35, 21h35, 00h05; Vigarista à Vista M12. Sala 9 - 11h30, 14h10, 16h35, 19h05, 21h40, 24h; Ferrugem e Osso M12. Sala 10 - 11h30, 14h05, 16h45, 19h15, 21h55, 00h25; A Vida de Pi M12. Sala 11 - 11h30, 15h; Lincoln M12. Sala 11 - 18h10, 21h20, 00h20; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 12 - 14h, 19h15, 00h30 (2D), 16h35, 21h50 (3D); Argo M12. Sala 13 - 11h30, 14h10, 16h40, 19h10, 21h45, 00h20; A Caça M16. Sala 14 - 11h30, 14h10, 16h35, 19h05, 22h, 00h30 ZON Lusomundo AlvaláxiaEstádio José Alvalade. T. 16996As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 11h, 13h15, 15h30, 17h40, 19h50 (V.Port.); Tudo por um bebé M12. 22h; Oz: O Grande e Poderoso M12. 16h, 18h50, 21h40; Django Libertado M16. 16h50, 20h45; O Impossível M12. 16h15, 18h55, 21h35; Vigarista à Vista M12. 15h50, 18h25, 21h20; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 16h20, 18h55, 21h30; A Vida de Pi M12. 21h; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 16h40, 19h, 21h45; Mamã M16. 16h30, 18h50, 21h10; Força Anti-Crime M16. 16h10, 18h45, 21h25; Zarafa M6. 11h, 13h25, 15h40, 18h (V.Port.); O Homem das Sombras M16. 16h45, 19h10, 21h50 ZON Lusomundo AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996Lincoln M12. 14h, 17h30, 20h50, 24h; Oz: O Grande e Poderoso M12. 13h, 15h40, 18h50, 21h30, 00h20 (3D); Efeitos Secundários M12. 13h20, 16h, 18h30, 21h10, 23h40; Robot e Frank 12h50, 15h, 17h, 19h10, 21h20, 23h30; Notas de Amor M12. 13h10, 15h50, 18h20 ; Ferrugem e Osso M12. 13h30, 16h10, 19h, 21h40, 00h30; Força Anti-Crime M16. 21h, 23h50; A Arte de Amar M6. 13h50, 16h30, 22h, 00h10; Branca de Neve M12. 18h40 ZON Lusomundo ColomboAv. Lusíada. T. 16996A Bicharada Contra-Ataca M6. 10h50, 13h10, 15h25 (V.Port.); Aguenta-te aos 40 M12. 12h40, 15h30, 18h25, 21h25, 00h20; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 11h, 13h15, 15h55, 18h10 (V.Port.); Tudo por um bebé M12. 21h05, 23h45; Vigarista à Vista M12. 13h05, 15h50, 18h20, 21h20, 24h; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 12h50, 15h40, 18h35 (2D), 21h30, 00h25 (3D); Argo M12. 17h50, 21h, 23h50; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 13h25, 16h10, 18h50, 21h40, 00h10; Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h55, 15h45 (2D), 18h40, 21h35, 00h30 (3D); Mamã M16. 13h20, 16h05, 18h30, 21h10, 23h40; Snitch - Infiltrado 13h, 16h, 18h45, 21h45, 00h35; Zarafa M6. 11h10, 13h30, 15h35 (V.Port.) ZON Lusomundo Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12.

A Última Vez Que Vi Macau + Alvorada VermelhaDe João Pedro Rodrigues, João Rui Guerra da Mata. Com João Pedro Rodrigues, João Rui Guerra da Mata, Lydie Barbara. POR/FRA. 2012. 85m. Documentário. M12. Um homem viaja de Lisboa

a Macau, uma das mais

multiculturais e labirínticas

cidades do mundo, a pedido de

uma amiga de longa data, que lhe

diz estar a viver coisas estranhas

e assustadoras. Ele, que vivera

em Macau há muitos anos e ali

passara os melhores tempos da

sua vida, encara a viagem como

um regresso às suas origens e às

suas memórias mais felizes.

Medeia King e Monumental

As Fantásticas Aventuras de TadDe Enrique Gato. Com Meritxell Ané (voz), Óscar Barberán (voz), Carles Canut (voz). ESP. 2012. 90m. Animação. M6. Quando era pequenino, o

sonho de Tad Jones era ser

arqueólogo. Mas, apesar de

nunca ter abandonado as suas

ambições, tornou-se um simples

trabalhador da construção civil.

Até ao dia em que, por um acaso

do destino, é confundido com

um arqueólogo e enviado para

uma perigosa expedição ao Peru.

E é assim que, com alguns novos

amigos, Tad vai viver a grande

aventura da sua vida ao tentar

salvar Paititi, a lendária cidade

perdida dos Incas.

Ferrugem e OssoDe Jacques Audiard. Com Marion Cotillard, Matthias Schonaerts, Armand Verdure. FRA. 2012. 120m. Drama, Romance. M12. Alain é um homem

solitário que se depara

com a necessidade de

cuidar sozinho do seu

fi lho de cinco anos. Sem

emprego, decide mudar-se

para casa da irmã, no Sul

de França. Aí, consegue

trabalho como segurança

numa discoteca onde

conhece Stéphanie, uma

bela treinadora de orcas

cuja vida parece saída

de um conto de fadas. Algum

tempo depois ela liga-lhe: um

acidente deixou-a paraplégica.

Ele vai ajudá-la e, entre ambos,

acaba por nascer um amor

profundo e redentor.

Jack, o Caçador de GigantesDe Bryan Singer. Com Nicholas Hoult, Stanley Tucci, Ewan McGregor. EUA. 2013. 89m. Drama, Aventura. M12. Jack é um jovem agricultor que

abre acidentalmente um portal

entre o mundo dos humanos

e o dos gigantes. E, quando as

terríveis e enormes criaturas

se apercebem da oportunidade

de se vingarem da raça humana

e recuperarem a terra que

perderam, nada parece fazê-las

parar. Assim, forçado a lutar

contra seres que julgava existirem

apenas na imaginação, Jack acaba

por se tornar no mais improvável

dos heróis.

O Homem das SombrasDe Pascal Laugier. Com Jessica Biel, Jodelle Ferland, William B. Davis. CAN/EUA/FRA. 2012. 106m. Drama, Thriller. M16. Julia é uma jovem viúva que vive

com David, o seu fi lho pequeno,

na pequena cidade de Cold Rock.

A população, extremamente

pobre, vive atormentada por

uma série de raptos de crianças

atribuídos a uma fi gura a

que chamam de Homem das

Sombras. Certo dia, o pequeno

David torna-se numa das vítimas

de rapto e o mundo de

Julia colapsa. E depressa

se apercebe que toda a

cidade se virou

contra si.

Robot e Frank

De Jake Schreier. Com

Frank Langella, Susan Sarandon,

Peter Sarsgaard (Voz), Liv Tyler.

EUA. 2012. m. Comédia.

Frank é um ladrão de jóias

de memória fraca que,

aos 70 anos, apenas quer

aproveitar a reforma. Certo

dia, considerando a sua

idade avançada e perda de

capacidades, o fi lho decide

levar-lhe um robô que, para

além de ajudar nas tarefas do

dia-a-dia, está programado para

promover o bem-estar geral

do seu proprietário. Indignado

com aquela máquina que parece

querer manipular toda a sua

vida, Frank tenta, a custo, ver-

se livre dela. Até se aperceber

que ali pode estar a resposta

que necessitava para reviver os

velhos tempos...

Snitch - InfiltradoDe Ric Roman Waugh. Com Dwayne Johnson, Susan Sarandon, Jon Bernthal. EUA. 2013. 112m. Thriller, Acção. Dwayne Johnson é John

Matthews, um pai cujo fi lho

adolescente é injustamente

acusado de tráfi co de drogas

e que se depara com uma

pena mínima de dez anos de

prisão. Determinado a resgatar

o fi lho a todo custo, John faz

um acordo com o advogado de

acusação para se infi ltrar no

mais perigoso cartel de drogas

da cidade e descobrir quem

incriminou o rapaz. Porém,

está consciente que, ao tentar

evitar aquela prisão, está a

arriscar não só a sua própria

vida, mas também a de toda a

sua família.

Vigarista à VistaDe Seth Gordon. Com Jason Bateman, Melissa McCarthy, John Cho. EUA. 2013. 111m. Comédia. M12. Sandy Patterson recebe um

telefonema de uma mulher que o

avisa que alguém tentou roubar

a sua identidade. O que ele não

imagina é que, enquanto está

a fornecer os seus dados, a sua

identidade está a ser roubada.

A partir desse momento, Diana

começa uma vida extravagante

em Miami, gastando todo o

dinheiro de Sandy. Até ao dia em

que, notifi cado pela polícia por

extorsão de identidade e pelas

dívidas astronómicas, decide

procurar a causadora do seu

infortúnio.

Em [email protected]

As Fantásticas Aventuras de Tad

ncas.

OssoAudiard.

dure.20m.ance.

omem

se depara

idade de

ho do seu

o anos. Sem

cide mudar-se

irmã, no Sul

, consegue

o segurança

eca onde

hanie, uma

ra de orcas

ece saída

de rapto e o mundo de

Julia colapsa. E depressa

se apercebe que toda a

cidade se virou

contra si.

Robot e Frank

De Jake Schreier. Com

Frank Langella,Susan Sarandon,

Peter Sarsgaard(Voz), Liv Tyler.

EUA. 2012. m.Comédia.

sua

VigDeBaJohCoSan

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As

Page 33: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | 33

O Pavilhão Branco do Museu da Cidade de Lisboa recebe a exposição Pedra, Papel ou Tesoura, com obras de Belén Uriel (n.1974, Madrid), uma artista espanhola com fortes ligações a Portugal. Estas obras reflectem a natureza de construções materiais, produtos da sociedade global - mercado. Até 19 de Maio, pode ser visitada de terça a domingo, das 10h às 13h e das 14h às 18h. O bilhete custa 2€.

Pedra, Papel ou Tesoura

AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

A Última Vez que Vi Macau mmmmm mmmmm mmmmm

Alvorada Vermelha mmmmm mmmmm mmmmm

Branca de Neve mmmmm mmmmm –A Caça mmmmm mmmmm mmmmm

Efeitos Secundários mmmmm mmmmm mmmmm

Ferrugem e Osso mmmmm mmmmm mmmmm

Laurence para Sempre mmmmm mmmmm mmmmm

Oz, o Grande e Poderoso mmmmm mmmmm –O Último Desafio – mmmmm mmmmm

Robô & Frank mmmmm – –

16h10, 18h50, 21h40, 24h; Aguenta-te aos 40 M12. 21h30, 00h20; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 11h, 13h, 15h15, 17h20, 19h25 (V.Port.); Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h40, 15h30, 18h20, 21h20, 00h10; Vigarista à Vista M12. 13h10, 15h50, 18h30, 21h50, 00h30; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 12h50, 15h20, 18h10, 21h10, 23h50 (3D); Zarafa M6. 11h, 13h20 (V.Port.); Efeitos Secundários M12. 13h30, 16h, 18h40, 21h, 23h40

Almada ZON Lusomundo Almada FórumEstr. Caminho Municipal. T. 16996Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 13h10, 15h40, 18h05, 21h05, 23h30; Vigarista à Vista M12. 13h10, 15h50, 18h35, 21h15, 23h55; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 13h15, 16h, 18h45, 21h30, 00h15; Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h35, 15h30, 18h25, 21h20, 00h20; Efeitos Secundários M12. 12h50, 15h30, 18h15, 21h20, 23h50; Cidade Dividida M16. 21h15, 23h50; Zarafa M6. 11h, 13h30, 16h05, 18h10 (V.Port.); Tudo por um bebé M12. 12h45, 15h10, 17h45, 21h50, 00h10; O Homem das Sombras M16. 13h15, 15h45, 18h30, 21h10, 23h40; Criaturas Maravilhosas M12. 21h10, 24h; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 11h, 13h25, 15h55, 18h30 (V.Port.); A Bicharada Contra-Ataca M6. 11h, 13h20, 15h45, 18h40 (V.Port.); O Impossível M12. 21h25, 00h15; Mamã M16. 13h05, 15h35, 18h05, 21h40, 00h10; Argo M12. 19h; Força Anti-Crime M16. 13h, 15h30, 18h30, 21h20, 00h05; Snitch - Infiltrado 12h55, 15h35, 18h25, 21h30, 00h10; Ferrugem e Osso M12. 12h40, 15h25, 18h15, 21h10, 24h

Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030Hitchcock M12. Cinemax - 13h50; Oz: O Grande e Poderoso M12. Cinemax - 11h20, 15h50, 18h30, 21h30, 00h10; Vigarista à Vista M12. VIP Light - 19h30, 21h0, 23h50; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. VIP 1 - 11h30, 13h30, 15h30, 17h30 (V.Port.); Hansel e Gretel: Caçadores de Bruxas Sala 3 - 23h55; Sammy 2 M4. Sala 3 - 11h20 (V.Port.); Quarta Divisão M16. Sala 3 - 19h; Lincoln M12. Sala 3 - 15h45; Criaturas Maravilhosas M12. Sala 3 - 13h20, 21h25; Sininho O Segredo das Fadas M4. Sala 4 - 11h50, 13h40 (V.Port.); Aguenta-te aos 40 M12. Sala 4 - 15h25, 21h40; Cidade Dividida M16. Sala 4 - 19h20, 00h20; Mamã M16. Sala 5 - 11h55, 13h55, 15h55, 17h55, 19h55, 22h05, 00h15; Guia para um Final Feliz M12. Sala 6 - 17h30; Django Libertado M16. Sala 6 - 22h; Zambézia M6. Sala 6 - 11h45, 13h45, 15h40 (V.Port.); As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 6 - 19h50 (V.Port.); Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 7 - 11h25, 13h35, 18h35 (2D), 15h45, 21h35, 24h (3D); Argo M12. Sala 8 - 19h35; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 8 - 21h55, 00h05; Vigarista à Vista M12. Sala 8 - 11h35, 13h35, 15h35, 17h35; A Origem dos Guardiões M6. Sala 9 - 11h25 (V.Port.); Força Anti-Crime M16. Sala 9 - 00h25; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 9 - 13h30 (2D), 16h10, 18h50, 21h45 (3D); Hotel Transilvânia M6. Sala 10 - 11h40, 15h50 (V.Port.); A Vida de Pi M12. Sala 10 - 18h40 (3D); O Impossível M12. Sala 10 - 21h20; O Último Desafio M16. Sala 10 - 13h40, 23h45 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, EN 249/1. T. 707232221Django Libertado M16. Sala 1 - 17h45;Zambézia M6. Sala 1 - 11h30, 13h50

(V.Port./2D), 15h50 (V.Port./3D); Cidade Dividida M16. Sala 1 - 21h25; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 2 - 13h50, 19h10 (2D), 16h30, 21h50 (3D); As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 3 - 11h30, 13h50, 15h50, 17h50, 19h50 (V.Port.); O Último Desafio M16. Sala 3 - 21h50; Mamã M16. Sala 4 - 13h50, 16h10, 18h55, 21h35; Ferrugem e Osso M12. Sala 5 - 14h15, 16h40, 19h15, 21h40; A Vida de Pi M12. Sala 6 - 14h, 16h35 (3D); O Impossível M12. Sala 6 - 19h05, 21h45; Quarta Divisão M16. Sala 7 - 19h; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 7 - 14h10, 16h20, 21h35; Criaturas Maravilhosas M12. Sala 8 - 13h50, 16h25; Aguenta-te aos 40 M12. Sala 8 - 19h, 21h45; Vigarista à Vista M12. Sala 9 - 14h05, 16h30, 19h10, 21h30; Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 10 - 13h55, 19h05 (2D), 16h20, 21h30 (3D); Os Piratas! M4. Sala 11 - 11h30 (V.Port.); Efeitos Secundários M12. Sala 11 - 14h15, 16h40, 19h15, 21h50

Barreiro Castello Lopes - Fórum BarreiroCampo das Cordoarias. T. 760789789Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 2 - 12h40, 15h30 (2D), 18h20, 21h10 (3D); Parker M12. Sala 3 - 12h50, 15h20, 18h10, 21h40; Guia para um Final Feliz M12. Sala 4 - 13h, 15h40, 18h30, 21h20

Cascais ZON Lusomundo CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 13h15, 15h50, 18h20, 21h20, 23h40; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 11h, 13h30, 15h40, 17h50, 19h55 (V.Port.); Tudo por um bebé M12. 22h, 00h25; Força Anti-Crime M16. 13h, 15h30, 18h, 21h10, 23h30; Mamã M16. 12h40, 15h05, 17h40, 21h50, 24h; Vigarista à Vista M12. 13h05, 15h40, 18h20, 21h40, 00h20; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 12h50, 16h, 18h40 (2D), 21h30, 00h10 (3D)

Caldas da Rainha Vivacine - Caldas da RainhaC.C. Vivaci. T. 262840197Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 13h, 15h30, 18h10, 21h30; Aguenta-te aos 40 M12. Sala 2 - 12h50, 15h35, 18h35, 21h20; Vigarista à Vista M12. Sala 3 - 13h05, 15h45, 18h25, 21h25; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 4 - 12h55, 15h40, 18h30, 21h20; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 5 - 13h20, 15h40, 18h15, 21h40

Carcavelos Atlântida-CineCentro Comercial Carcavelos. T. 214565653Ferrugem e Osso M12. Sala 1 - 15h30, 18h15, 21h30; Efeitos Secundários M12. Sala 2 - 15h45, 18h30, 21h45

Sintra CinemaCity Beloura ShoppingEst. Nac. nº 9 - Quinta Beloura. T. 219247643Vigarista à Vista M12. Cinemax - 11h35, 13h35, 15h35, 17h35, 19h35, 21h35; Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 11h20, 13h30, 18h35 (2D), 15h40, 21h45 (3D); Argo M12. Sala 2 - 21h40; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 2 - 11h30, 13h30, 15h30, 17h30, 19h30 (V.Port.); Quarta Divisão M16. Sala 3 - 17h10; Guia para um Final Feliz M12. Sala 3 - 19h30; Django Libertado M16. Sala 3 - 21h50; Zambézia M6. Sala 3 - 11h25,

13h25, 15h20 (V.Port.); Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 4 - 11h10, 15h45, 16h05, 18h45, 21h25; Criaturas Maravilhosas M12. Sala 5 - 18h30; Aguenta-te aos 40 M12. Sala 5 - 21h30; A Vida de Pi M12. Sala 6 - 15h55, 18h40 (3D); Lincoln M12. Sala 6 - 21h20; Força Anti-Crime M16. Sala 7 - 19h50; Mamã M16. Sala 7 - 13h50, 15h50, 17h50, 22h Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Lincoln M12. Sala 1 - 14h40, 18h, 21h40; Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 2 - 15h30, 21h30 (3D), 18h10 (2D); Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 3 - 13h10, 15h50 (2D), 18h40, 21h50 (3D); Vigarista à Vista M12. Sala 4 - 13h15, 15h50, 18h20, 21h20; A Bicharada Contra-Ataca M6. Sala 5 - 12h50, 15h10, 18h50 (V. Port.); Aguenta-te aos 40 M12. Sala 5 - 21h; Mamã M16. Sala 6 - 14h, 16h10, 19h, 22h; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 7 - 13h20, 16h, 18h30, 21h10

Leiria CinemaCity LeiriaRua Dr. Virgílio Vieira da Cunha. T. 244845071Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 11h25, 13h40, 15h55, 21h35 (3D), 18h30 (2D); Argo M12. Sala 2 - 19h10; Zambézia M6. Sala 2 - 11h30 (V.Port.); Aguenta-te aos 40 M12. Sala 2 - 21h30; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 2 - 11h10, 13h20, 16h (3D), 15h45, 18h25, 21h45 (2D); Vigarista à Vista M12. Sala 3 - 11h20, 13h20, 15h30, 17h40, 19h40, 21h40; Criaturas Maravilhosas M12. Sala 5 - 19h35; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 5 - 13h45, 15h40, 17h35, 21h55; Mamã M16. Sala 5 - 13h35, 15h35, 19h50, 21h50; O Último Desafio M16. Sala 5 - 17h45; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 7 - 11h20, 13h30, 15h30, 17h30, 19h30, 21h30 (V.Port.)

Montijo ZON Lusomundo Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 13h10, 15h55, 18h10, 21h20, 23h40; Aguenta-te aos 40 M12. 21h, 23h50; Mamã M16. 13h, 15h50, 18h05, 21h40, 24h; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 13h20, 16h10, 18h20 (V.Port.); Vigarista à Vista M12. 13h15, 15h45, 18h15, 21h30, 00h05; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 13h30, 16h, 18h30 (2D), 21h15, 23h45 (3D); Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h55, 15h40, 21h10, 23h55 (2D), 18h25 (3D)

Odivelas

ZON Lusomundo Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Mamã M16. 21h; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 11h, 13h30, 16h, 18h15 (V.Port.); Vigarista à Vista M12. 15h30, 18h10, 21h20; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 15h50, 18h20, 21h30; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 15h20, 18h, 21h10; Oz: O Grande e Poderoso M12. 15h40, 18h30, 21h15

Oeiras ZON Lusomundo Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 18h, 21h45, 00h05; Zarafa M6. 10h50, 13h15, 15h25 (V.Port.); Aguenta-te aos 40 M12. 13h30, 17h15, 21h20, 00h15; Vigarista à Vista M12. 13h20, 15h50, 18h30, 21h30, 00h10; Efeitos Secundários M12. 13h10, 15h45, 18h20, 21h, 23h50; Força Anti-Crime M16. 21h50, 00h20; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 10h45, 13h, 15h15, 17h30, 19h40 (V.Port.); Jack, o Caçador de Gigantes M12. 12h50, 15h30, 18h10 (2D), 21h10, 23h55 (2D); Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h50, 15h40, 18:40, 21h40, 00h30 (3D)

Miraflores ZON Lusomundo Dolce Vita MirafloresAv. das Túlipas. T. 707 CINEMALincoln M12. 21h20; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 11h, 15h10, 17h20, 19h20 (V.Port.); Vigarista à Vista M12. 15h30, 18h30, 21h40; Zarafa M6. 15h, 17h, 19h (V.Port.); Oz: O Grande e Poderoso M12. 15h20, 18h20, 21h30

Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 12h50, 18h20 (2D), 15h20, 21h30 (3D); Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 2 - 13h10, 15h40, 18h10, 21h40; Vigarista à Vista M12. Sala 3 - 13h, 15h30, 18h30, 21h20

Torres Vedras ZON Lusomundo Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Aguenta-te aos 40 M12. 12h50, 15h40, 18h30,

21h20, 00h10; Mamã M16. 21h50, 00h30; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 11h, 14h, 16h30, 19h (V.Port.); Vigarista à Vista M12. 13h30, 16h15, 18h50, 21h45, 00h25; Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h40, 15h30, 18h15, 21h, 24h; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 13h15, 16h, 18h40 (2D), 21h30 (3D)

Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789Django Libertado M16. Sala 1 - 12h40, 15h50, 21h; O Impossível M12. Sala 2 - 13h, 15h20, 18h20, 21h10; Vigarista à Vista M12. Sala 3 - 13h10, 15h40, 18h30, 21h30; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 4 - 12h50, 15h30 (2D), 18h40, 21h20 (3D); A Descida - Parte 2 M16. Sala 5 - 13h20, 16h10, 18h50, 21h50; Cidade Dividida M16. Sala 6 - 13h20, 16h, 19h, 21h40

Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 1 - 16h, 21h30 Castello Lopes - SetúbalC. Comercial Jumbo, Loja 50. T. 707220220Vigarista à Vista M12. Sala 1 - 13h20, 15h50, 18h30, 21h30; Sangue Quente M12. Sala 2 - 13h30, 15h40, 18h10, 21h10; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 3 - 13h, 15h30 (2D), 18h20, 21h20 (3D); O Impossível M12. Sala 4 - 13h10, 15h20, 18h, 21h

Tomar Cine-Teatro Paraíso - TomarRua Infantaria, 15. T. 249329190O Impossível M12. Sala 1 - 15h, 21h30

Faro SBC-International CinemasC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 1 - 13h, 15h45, 18h30, 21h20; A Origem dos Guardiões M6. Sala 2 - 11h55 (V.Port.); Guia para um Final Feliz M12. Sala 2 - 19h05; Força Anti-Crime M16. Sala 2 - 14h05, 16h35, 21h40; Vigarista à Vista M12. Sala 3 - 13h45, 16h10, 18h35, 21h; Zambézia M6. Sala 4 - 10h30 (V.Port.); Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 4 - 12h55, 15h40, 18h25, 21h10; Hotel Transilvânia M6. Sala 5 - 11h30 (V.Port.); Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 5 - 14h (2D), 16h30, 19h, 21h30 (3D); Astro Boy M6. Sala 6 - 11h (V.Port.); Mamã M16. Sala 6 - 14h05, 16h40, 19h15, 21h50; Snitch - Infiltrado Sala 7 - 12h05, 14h30, 16h55, 19h20, 21h45; Argo M12. Sala 8 - 19h25; Força Ralph M6. Sala 8 - 10h55, 14h45 (V.Port.); Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 8 - 17h10, 22h; A Vida de Pi M12. Sala 9 - 10h50, 13h35, 16h20; Lincoln M12. Sala 9 - 19h05; O Último Desafio M16. Sala 9 - 22h10

Olhão Algarcine - Cinemas de OlhãoC.C. Ria Shopping. T. 289703332Força Anti-Crime M16. Sala 1 - 15h30, 18h30, 21h30; Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 2 - 15h20, 18h20, 21h30; A Maldição do Vale M18. Sala 3 - 15h15, 18h15, 21h15

Portimão Algarcine - Cinemas de PortimãoAv. Miguel Bombarda. T. 282411888Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 15h30, 18h, 21h30; Comédia Explícita - Movie 43 M16. Sala 2 - 20h, 21h45

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34 | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

SAIRTavira

Zon Lusomundo TaviraR. Almirante Cândido dos Reis. T. 16996Aguenta-te aos 40 M12. 12h40, 15h30, 18h20, 21h10; Mamã M16. 21h40; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 10h50, 13h05, 15h15, 17h25, 19h30 (V.Port.); Vigarista à Vista M12. 13h15, 15h45, 18h15, 21h20; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 13h20, 16h, 18h30 (2D), 21h10 (3D); Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h50, 15h35, 18h20, 21h05

TEATROLisboaCasa do Artista - Teatro Armando CortezEstrada da Pontinha, 7. T. 217110890 A Flauta Mágica Grupo: Teatro Infantil de Lisboa. Enc. Fernando Gomes. De 5/10 a 21/6. Sáb e Dom às 15h. M/4. Duração: 105m. Centro Cultural de CarnideRua Rio Cavado, 3A. T. 936140727 Equilibra-te ó Zé! Enc. Mário Guerra. De 15/3 a 24/3. 6ª e Sáb às 21h. Dom às 16h. M/12. ChapitôR. Costa do Castelo, 1/7. T. 218855550 Macbeth Comp. Chapitô. De 24/1 a 17/3. 5ª a Dom às 22h. M/12.Estrela HallRua da Estrela, 10. T. 213961946 The Hostage Enc. Jonathan Weightman. De 7/3 a 23/3. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 17h. Museu Nacional do TeatroEstrada do Lumiar, 10/12. T. 217567410 Vêtoca Enc. Ricardo G. Santos, Lina Ramos. De 16/3 a 17/3. Sáb e Dom às 10h30 (marcação prévia). M/3. Duração: 30m.Teatro AbertoPraça de Espanha. T. 213880089 Há Muitas Razões Para Uma Pessoa Querer Ser Bonita Enc. João Lourenço. De 21/12 a 31/3. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/16. Teatro BocageRua Manuel Soares Guedes, 13A. T. 214788120 As Viagens de Gulliver Comp.: Animateatro. Enc. Ricardo G. Santos, Lina Ramos. De 10/3 a 17/3. Dom às 16h. M/4. Duração: 50m. Teatro da ComunaPraça de Espanha. T. 217221770 A Culpa Enc. Peter Pina. De 14/3 a 31/3. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/16. A Ilha dos Deuses Enc. Filipe Crawford. De 9/3 a 17/3. 6ª e Sáb às 21h30. Dom às 17h. Teatro Municipal de S. LuizRua António Maria Cardoso, 38. T. 213257650 A Visita da Velha Senhora Enc. Nuno Cardoso. De 7/3 a 27/3. 4ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30. Teatro Municipal Maria MatosAv. Frei Miguel Contreiras, 52. T. 218438801 No Quintal da Minha Avó, os Cavalos Nasciam nas Árvores De Maria de Vasconcelos. De 16/3 a 17/3. Sáb às 16h30. Dom às 11h. Dos 3 aos 5 anos. Duração: 30m. Teatro PoliteamaRua Portas de Santo Antão, 109. T. 213405700 Peter Pan Enc. Filipe La Féria. De 27/10 a 28/4. Sáb e Dom às 15h. Teatro TabordaRua da Costa do Castelo, 75. T. 218854190 Finge Enc. Carlos J. Pessoa. De 14/3 a 27/3. 3ª a Dom às 21h30.Teatro Tivoli BBVAAvenida da Liberdade, 182. T. 213572025 Filhos do Coração - O Espetáculo Grupo de Teatro Infantil Animarte. Enc. Sofia Espírito Santo. De 22/2 a 17/3. Sáb às 16h. Dom às 11h. TOC TOC Enc. António Pires. A partir de 13/3. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/16.

Arquitectura do Poder: entre o Moderno e o Antigo De 13/12 a 28/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h45). Único e Múltiplo. 2 Séculos de Design A partir de 27/5. 3ª a Dom das 10h às 18h. Museu Colecção BerardoPraça do Império - CCB. T. 213612878 Angela Detanico, Rafael Lain. Amplitude De 20/2 a 28/4. Todos os dias das 10h às 19h (última admissão às 18h30). Da Solidão do Lugar a um Horizonte de Fugas De Douglas Gordon, Ângela Ferreira, Miguel Palma, Eugenio Dittborn, Caetano Dias, João Tabarra, Augusto Alves da Silva, Justine Triet, Jimmie Durham. De 19/12 a 28/4. Todos os dias das 10h às 19h (última admissão às 18h30). Exposição Permanente do Museu Colecção Berardo (1960-2010) De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. Todos os dias das 10h às 19h (última admissão às 18h30). No Fly Zone. Unlimited Mileage De Paulo Kapela, Yonamine, Kiluanji Kia Henda, Edson Chagas, Binelde Hyrcam, Nástio Mosquito. De 30/1 a 31/3. Todos os dias das 10h às 19h.Museu da Cidade de LisboaCampo Grande, 245. T. 217513200 Lisboa 1755. A Cidade à Beira do Terramoto - Reconstituição virtual da Lisboa pré-pombalina A partir de 25/11. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h. Pedra, Papel ou Tesoura De Belén Uriel. De 16/3 a 19/5. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h.Museu da MarionetaRua da Esperança, 146. T. 213942810 Marionetas A partir de 7/11. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h (última admissão às 12h30 e 17h30). Marionetas no Cinema de Animação. Uma receita Tradicional De 1/3 a 28/4. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h. Museu do OrienteAvenida Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 Cartazes de Propaganda Chinesa - A Arte ao Serviço da Política De 25/1 a 27/10. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (entrada gratuita a partir das 18h). Deuses da Ásia A partir de 9/5. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h (última admissão 17h30). 6ª das 10h às 22h (última admissão 21h30) (gratuito 18h às 22h). Do Vasto e Belo Porto de Lisboa De 1/3 a 27/5. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (entrada gratuita a partir das 18h). Macau. Memórias a Tinta-da-China De Charles Chauderlot. De 1/2 a 30/6. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (entrada gratuita a partir das 18h). O Chá. De Oriente para Ocidente De 8/6 a 31/3. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (entrada gratuita a partir das 18h). Presença Portuguesa na Ásia. O Coleccionismo de arte do Extremo Oriente A partir de 9/5. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h (última admissão 17h30). 6ª das 10h às 22h (última admissão 21h30).Museu Nacional de Arte AntigaRua das Janelas Verdes, 1249. T. 213912800 A Arquitectura Imaginária. Pintura, Escultura, Artes Decorativas De 1/12 a 30/3. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h.

Deambulações. Desenhadores Franceses em Portugal nos séculos XVIII e XIX De 28/2 a 5/5. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h. Ilusionismos - Os Tectos Pintados do Palácio Alvor De 8/3 a 26/5. 3ª das 14h às 17h30. 4ª a Dom das 10h às 17h30. Obra Convidada: Lucas Cranach, o Velho. Judite com a cabeça de Holofernes De 24/1 a 28/4. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h. Pintura e Artes Decorativas do Século XII ao XIX A partir de 16/12. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h. Museu Nacional de EtnologiaAvenida Ilha da Madeira. T. 213041160 O Museu, muitas coisas A partir de 31/1. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h.Museu Nacional de História NaturalR. Escola Politécnica, 56/58. T. 213921800 A Aventura da Terra: um Planeta em Evolução A partir de 19/11. 3ª a 6ª das 10h às 17h (última admissão às 16h). Sáb e Dom das 11h às 18h (última admissão às 17h). Ciência, Outros. Allosaurus: Um Dinossáurio, Dois Continentes? De 6/2 a 31/12. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Ciência, Documental, Outros. Formas & Fórmulas De 1/6 a 28/4. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Ciência, Outros. Jóias da Terra - O Minério da Panasqueira A partir de 1/8. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Ciência. Memória da Politécnica: Quatro Séculos de Educação, Ciência e Cultura De 17/4 a 31/12. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Pintura, Objectos, Outros. Memórias da Politécnica - Quatro séculos de Educação, Ciência e Cultura De 16/2 a 31/12. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb e Dom das 11h às 18h. Documental, Outros. Padrão dos DescobrimentosAv. Brasília . T. 213031950 Fotógrafos do Mundo Português 1940 De Mário e Horácio Novais, Eduardo Portugal, Paulo Guedes, Kurt Pinto, António Passaporte, Ferreira da Cunha, Abreu Nunes, Casimiro Vinagre, entre outros. De 24/2 a 26/5. 3ª a Dom das 10h às 18h.

MÚSICALisboaCasino LisboaParque das Nações. T. 218929000 Abraço Lusitano: Alexandra e Gonçalo Salgueiro De 16/3 a 17/3. Sáb às 21h30. Dom às 17h. Cinema São JorgeAvenida da Liberdade, 175. T. 213103400 Concertos Pais & Filhos Dia 17/3 às 11h. Espaço Brasil (Lx Factory)Rua Rodrigues de Faria, 103. T. 213143399 Jorge Palma Dia 17/3 às 18h. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 Gustav Mahler Jugendorchester De 16/3 a 17/3. Sáb e Dom às 18h. Paradise GarageR. João de Oliveira Miguéis, 38/48. T. 217904080 50 Anos - 50 Cantigas De Jan Van Dijck. De 9/3 a 31/5. 6ª e Sáb às 21h. Dom às 16h. Teatro Municipal de S. LuizRua António Maria Cardoso, 38. T. 213257650 AliBaBach De 16/3 a 17/3. Sáb e Dom às 10h30 e 12h.

MonserratePalácio de MonserrateEstrada de Monserrate. T. 219231201 Isabel Moreira e Paul Timmermans Dia 17/3 às 17h (Periferias).

SAIRTeatro TurimEstrada de Benfica, 723A. T. 217606666 As Bruxas de Oz Comp. Reflexo. Enc. Michel Simeão. De 17/3 a 24/3. Dom às 16h. M/6.Teatro VillaretAv. Fontes Pereira de Melo, 30A. T. 213538586 Isto É Que Me Dói! Enc. Francisco Nicholson. De 2/1 a 31/3. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 16h e 21h30. Dom às 16h. M/12. O Reino do Rei da Gata Borralheira Enc. Filipa Duarte. De 19/1 a 24/3. Sáb e Dom às 11h. M/4. Duração:45m.

AlmadaTeatro Municipal Joaquim BeniteAvenida Professor Egas Moniz. T. 212739360 Gil Vicente na Horta Enc. João Mota. De 14/3 a 17/3. Dom às 16h. M/12. Duração: 100m.

CascaisTeatro Municipal Mirita CasimiroAvenida Fausto Figueiredo. T. 214670320 Conversas Depois de um Enterro Enc. Renato Godinho. De 1/3 a 17/3. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h.

EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 Garbo Divina De Roberto Cordovani. De 15/3 a 7/4. 6ª e Sáb às 21h30. Dom às 17h.

ÉvoraTeatro Garcia de ResendePç. Joaquim António de Aguiar. T. 266703112 Antes de Começar Enc. Rui Nuno. De 16/3 a 17/3. Sáb e Dom às 18h30. M/4.

Linda a VelhaAuditório Municipal Lourdes NorbertoLargo da Piramide, 3N. T. 214141739 Mais Vale Rir Do Que Chorar Intervalo Grupo de Teatro. Enc. Armando Caldas. De 15/2 a 28/4. 6ª e Sáb às 21h30. Dom às 16h.

OeirasAuditório Municipal Eunice MuñozRua Mestre de Aviz. T. 214408411 Esperando Diana Grupo: Centro de Artes Dramáticas de Oeiras. Enc. Celso Cleto. De 1/3 a 14/4. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h.

Olival BastoCentro Cultural da MalapostaRua Angola. T. 219383100 A Bela Adormecida Enc. Fernando Gomes. De 14/9 a 7/7. Sáb às 16h. Dom às 11h. M/3. Death Cabaret Enc. Lavinia Roseiro. De 15/3 a 17/3. 6ª e Sáb às 21h45. Dom às 16h15. M/16. Felizmente há Luar! Enc. Jorge Estreia. De 1/3 a 5/5. 6ª e Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/12. Zarabadim Enc. Paulo Oom. De 15/3 a 21/4. Sáb às 16h. Dom às 11h (no Auditório). M/4.

Paio PiresCinema São VicenteAv. Gen. Humberto Delgado, 20A. T. 214099896 Os Três Porquinhos Teatro Bocage. Enc. Leone de Lacerda. De 10/3 a 17/3. Dom às 16h.

SetúbalAuditório CharlotAs Aventuras e Desventuras do Capitão Ventura e do seu Criado Gijon Grupo: Teatro Sem Pes Nem Cabeça. Enc. João Carracedo. De 16/3 a 17/3. Sáb e Dom às 11h.

EXPOSIÇÕESLisboaCentro de Arte Moderna - José de Azeredo PerdigãoRua Doutor Nicolau Bettencourt. T. 217823474 A imagem que de ti compus - Homenagem a Júlio De 18/1 a 7/4. 3ª a Dom das 10h às 18h. Lida Abdul De 18/1 a 31/3. 3ª a Dom das 10h às 18h. Plantas e plantas, de Narelle Jubelin De 18/1 a 31/3. 3ª a Dom das 10h às 18h.Cordoaria NacionalAvenida da Índia. T. 213646128 Clicka 2 De Alexandre Soares, João Boucinha, André Martinho, Maria Ana Castro Caldas, Daisy Monteiro, Ricardo Gonçalves, entre outros. De 15/2 a 31/3. 3ª a 6ª das 10h às 13h e das 14h às 18h. Sáb e Dom das 14h às 18h.CulturgestRua Arco do Cego - CGD. T. 217905155 Esculturas Sonoras 1994-2013 De Rui Toscano. De 8/2 a 19/5. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª das 11h às 19h. Sáb, Dom e feriados das 14h às 20h. Retrato de Michel Auder De Michel Auder. De 8/2 a 19/5. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª das 11h às 19h. Sáb, Dom e feriados das 14h às 20h. Fundação Arpad Szenes - Vieira da SilvaPraça das Amoreiras, 56. T. 213880044 Os Desastres da Guerra De Graça Morais. De 31/1 a 14/4. 4ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Vieira da Silva, Agora De 14/3 a 16/6. 4ª a Dom das 10h às 18h (grátis ao Dom das 10h às 14h). Pintura. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 360º Ciência Descoberta De 2/3 a 2/6. 3ª a Dom das 10h às 18h.Galeria QuadrumR. Alberto Oliveira, 52. T. 218170534 Ciclo Budapeste: Rui Mourão De 6/3 a 17/3. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb e Dom das 14h às 18h. Lisboa Story Centre Terreiro do Paço. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h (última admissão às 19h).MNAC - Museu do ChiadoRua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 Are you still awake? De João Pedro Vale, Hugo Canoilas, João Tabarra, Alexandre Estrela, Julião Sarmento, Ana Hatherly, Mauro Cerqueira, entre outros. De 13/12 a 28/4. 3ª a Dom das 10h às 18h. Arte Portuguesa 1850-1975 De João Cristino da Silva, Columbano Bordalo Pinheiro, João Marques de Oliveira, António Carneiro, Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Mário Eloy, entre outros. De 20/2 a 31/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Projecto Bidonville De Maria Lusitano. De 21/2 a 7/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h45). Vídeo. MUDE - Museu do Design e da ModaRua Augusta, 24. T. 218886117 Com esta Voz me Visto. O Fado e a Moda De 22/11 a 31/3. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h45). Interiores: 100 anos de Arquitectura de Interiores em Portugal De 20/12 a 28/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h45). Made In Portugal - Iberomoldes De 13/12 a 31/3. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h45). Nacional e Ultramarino. BNU e a

Jorge Palma no Espaço Brasil

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PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | 35

TAROT DA MAYALisboa/Serviço PermanenteBelo (Alvalade) - Avenida de Roma, 53 - D - Tel. 217976314 Guerra Suc. (Igreja dos Anjos -) - Rua Andrade, 32-36 Intendente - Tel. 218110028 Latina - Avenida António A Aguiar, 17-A - Tel. 213542312 Nicolau (Lumiar) - Calçada de Carriche, Lote 4 Lj. Esq. - Tel. 217588727 Paiva da Costa (Lapa) - Rua da Lapa, 105-107 - Tel. 213964414 Reis Oliveira (Olivais Sul - C. G. D. e B. B. & I.) - R. Cidade de Nampula - Ed. París - Lt. 534 - Tel. 218533696

Outras Localidades/Serviço PermanenteAbrantes - Sousa Trincão (S.Miguel do Rio Torto) Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Santos Pinto Alcácer do Sal - Misericórdia Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Belo Marques, Alves (Benedita), Nova (Benedita) Alcochete - Nunes, Póvoas (Samouco) Alenquer - Cuco, Matos Coelho Aljustrel - Dias Almada - Vale Fetal, Vaz Carmona, Central - Almada, Central - Trafaria (Trafaria) Almeirim - Correia de Oliveira Almodôvar - Aurea Alpiarça - Gameiro Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Girassol, Jardim, Alto da Brandoa (Brandoa) Ansião - Teixeira Botelho, Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Central, Miranda Barrancos - Barranquense Barreiro - Mascarenhas Neto Batalha - Moreira Padrão, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Fonseca Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Batista, Martins (Samora Correia) Bombarral - Hipodermia Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Central, Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)), Luso (Fev,Abr,Jun) (Vilar Cadaval (Fev,Abr,Jun)) Caldas da Rainha - Rosa Campo Maior - Central Cartaxo - Correia dos Santos Cascais - Alvide (Alvide), Primavera (Parede), Rana (Rana) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Nuno Alvares Castelo de Vide - Freixedas Castro Verde - Alentejana Chamusca - Joaquim Maria Cabeça Constância - Baptista Coruche - Higiene Covilhã - São João Crato - Misericórdia Cuba - Da Misericórdia Entroncamento - Carlos Pereira Lucas Estremoz - Grijó Évora - Diana Faro - Palma Batista Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Soeiro Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Correia Suc. Fronteira - Costa Coelho Fundão - Sena Padez (Fatela) Gavião - Gavionense, Pimentel Golegã - Oliveira Freire Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Freitas (Zebreira) Lagoa - José Maceta Lagos - Silva Leiria - Oliveira (Marrazes) Loulé - Nobre Passos (Almancil), Avenida, Algarve (Quarteira) Loures - Alto da Eira, Das Colinas, Império (Rio Tinto), Barreiros Faria (Santo António dos Cavaleiros) Lourinhã - Marteleirense, Pacheco (Ribamar) Mação - Catarino Mafra - Barros (Igreja Nova), Oceano (Santo Izidoro / Mafra) Marinha Grande - Moderna Marvão - Roque Pinto Mértola - Nova de Mértola Moita - Nunes (Baixa da Banheira) Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Freitas (Lavre/Montemor-O-Novo) Montijo - União Mutualista Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Ferreira da Costa Mourão - Central Nazaré - Ascenso, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Seabra Odemira - Confiança Odivelas - Silva Monteiro (Ponte da Bica/Odivelas) Oeiras - Mota Capitão, Pargana, Santarita Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Rocha Ourém - Beato Nuno, Verdasca Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Galiano (Quinta do Anjo) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Cunha Gil Peniche - Proença Pombal - Paiva Ponte de Sor - Matos Fernandes Portalegre - Elvas Portel - Fialho Portimão - Moderna Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Casa do Povo de Redondo Reguengos de Monsaraz - Moderna Rio Maior - Candido Barbosa Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - Pereira Santiago do Cacém - Barradas Sardoal - Passarinho Seixal - Alves Velho (Arrentela) Serpa - Oliveira Carrasco Sertã - Patricio, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - da Cotovia, Rodrigues Pata, Lopes Setúbal - Leão Soromenho, Tavares da Silva Silves - Cruz de Portugal, Dias Neves, Edite, Sequeira Correia Sines - Atlântico, Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Neves, Santos Pinto (Algueirão - Mem Martins), Garcia (Cacém), Casal de Cambra (Casal de Cambra), Zeller (Queluz), Rio Mouro (Rio de Mouro) Sobral Monte Agraço - Moderna Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Montepio Artistico Tavirense Tomar - Misericórdia Torres Novas - Pereira Martins (Pedrogão) Torres Vedras - Simões Vendas Novas - Santos Monteiro Viana do Alentejo - Viana Vidigueira - Costa Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Botto e Sousa, Central de Alverca (Alverca), Higiénica (Póvoa de Santa Iria), Central Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) Vila Real de Santo António - Carrilho Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Monte

TEMPO PARA HOJE

A M A N H Ã

Açores

Madeira

Lua

NascentePoente

Marés

Preia-mar

Leixões Cascais Faro

Baixa-mar

Fonte: www.AccuWeather.com

PontaDelgada

Funchal

Sol

*de amanhã

Viana do Castelo

Braga7º 15º

Porto11º 13º

Vila Real6º 12º

8º 13º

Bragança6º 10º

Guarda4º 9º

Penha Douradas2º 6º

Viseu7º 11º

Aveiro11º 15º

Coimbra11º 13º

Leiria9º 15º

Santarém11º 17º

Portalegre8º 12º

Lisboa11º 17º

Setúbal9º 17º Évora

8º 15º

Beja10º 17º

Castelo Branco8º 13º

Sines11º 16º

Sagres11º 17º

Faro12º 18º

Corvo

Graciosa

FaialPico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

12º 15º

12º 15º

Flores

Terceira12º 15º

15º 20º

17º 23º

13º 16º

15º

15º

06h45

QuartoCrescente

18h46

17h2719 Mar.

1-1,5m

2-3m

16º

2m

18º1,5-2,5m

16º1-2m

06h03 2,918h21 2,9

12h03 1,100h32* 1,2

05h40 2,917h58 2,9

11h37 1,200h07* 1,3

05h40 2,917h58 2,9

11h37 1,200h07* 1,3

05h43 2,918h01 2,8

11h25 1,123h52 1,2

2,5-3,5m

1,5-2,5m

2m

13º

15º

14º

Farmácias

HOROSCOPO SEMANAL DE 17 A 23 MARÇOCapricórnio22 de Dezembro a 20 de JaneiroIII A IMPERATRIZ Estará muito receptivo e será um bom comunicador.

No plano afectivo abra o seu coração e não iniba

sentimentos. Uma relação pode conhecer evoluções

mais rápidas do que estava à espera. No plano mate-

rial surgirão contactos ou respostas que lhe trarão

novas perspectivas de vida. Na saúde coma com

tempo para minorar problemas digestivos.

Carneiro21 de Março a 20 de AbrilXII O DEPENDURADO O DEPENDURADO previne que as realidades são

duras. No plano afectivo os seus comportamentos

devem pautar-se por segurança e sobriedade. No

plano material as actividades profi ssionais estão

muito pesadas e rotineiras. Na saúde tenha cuidado

com o excesso de consumo de fritos.

Touro21 de Abril a 21 de MaioX A RODA DA FORTUNA A RODA DA FORTUNA traz energias positivas. No pla-

no afectivo tem boas evoluções; estão-lhe reservados

momentos românticos. No plano material poderá

aceitar novas propostas ou responsabilidades; um

desafi o pode surgir deixando-o surpreso e confuso.

Na saúde tende a obter resultados rápidos.

Gémeos22 de Maio a 21 de JunhoXXI O MUNDO O MUNDO confere uma conjuntura com boas pers-

pectivas. No plano afectivo seja mais hábil no trata-

mento das questões, interprete sinais e dê respostas

rápidas. No plano material está sujeito a algumas

contrariedades mas apesar de tudo sairá ileso. Na

saúde dê atenção a sintomas invulgares.

Caranguejo22 de Junho a 23 de JulhoXXII O LOUCO Esta semana estará muito instável. No plano afecti-

vo tente falar acerca de questões que o incomodam,

deixar arrastar algumas dúvidas não será muito

benéfi co. No plano material podem puxar-lhe o

tapete sem estar à espera. Na saúde necessita de

aumentar o tempo de descanso efectivo.

Leão24 de Julho a 23 de AgostoV O PAPA Apesar da infl uência tranquilizante do PAPA esta não

é uma semana em que possa contar com facilidades.

No plano afectivo terá de fazer um grande esforço

para dominar reacções primárias ou a quente. No

plano material encontrará vários obstáculos a pro-

jectos e ideias. Na saúde está em fase frágil.

Virgem24 de Agosto a 23 de SetembroXIV A TEMPERANÇA Semana calma, de evoluções agradáveis, sem gran-

des contenciosos ou oposições. No plano afectivo

está muito exigente e com difi culdade em adaptar-

se a mudanças. No plano material a semana é bas-

tante positiva e de pequenos progressos se fará o

êxito. Na saúde a conjuntura é muito serena.

Balança24 de Setembro a 22 de OutubroXV O DIABO O Diabo marca uma semana agitada e tensa. No

plano afectivo a semana é assinalada por diver-

gências ou confl itos familiares. No plano material

esforce-se no sector profi ssional já que este lhe

reserva algumas compensações embora tenha de

lutar arduamente. Na saúde atenção a problemas

rotineiros.

Escorpião23 de Outubro a 22 de NovembroXVI A TORRE Esta semana, todo o cuidado é pouco já que esta-

rá susceptível a incidentes. No plano afectivo não

manifeste de forma agressiva o que quer de uma

relação. No plano material tende a cometer injusti-

ças ou erros no desempenho das suas funções. Na

saúde não se coloque em situações de risco.

Sagitário22 de Dezembro a 20 de JaneiroXI A FORÇA A Força deixa Sagitário graças às suas fortes ener-

gias, vencer obstáculos. No plano afectivo poderá

passar por alguma instabilidade interior. No plano

material o crescimento é acentuado embora nem

sempre uniforme mas, feitas as contas, o saldo é

satisfatório. Na saúde as energias estão fortes.

Aquário21 de Janeiro a 19 de FevereiroVI O AMOROSO O amoroso marca uma semana globalmente posi-

tiva. No plano afectivo a possibilidade de diálogo e

superação de obstáculos está patente na conjuntu-

ra. No plano material a conjuntura é instável pelo

que é necessário estar muito atento. Na saúde não

são perspectiváveis problemas.

Peixes20 de Fevereiro a 20 de MarçoVIII A JUSTIÇAEsta semana deve procurar o equilíbrio tentando

ser mais realista. No plano afectivo tem indicadores

de instabilidade pelo que a melhor forma é tentar

ser bom ouvinte. No plano material programe com

muita atenção todas as actividades desta semana.

Na saúde faça terapias de relaxamento.

Page 36: 17 Março - PÚBLICO

36 | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

JOGOSCRUZADAS 8376 CRUZADAS

XADREZ

SOLUÇÕES

SUDOKUDESCUBRA AS DIFERENÇAS

Horizontais: 1. Suporte. Desigual. 2. Desligado do corpo ou da colecção de que fazia parte. Cauda. 3. Dez vezes dez. Argola. Voz de algumas aves, especial-mente a do mocho. 4. Que não são amigos. 5. Praça de marinha de graduação inferior a marinheiro e su-perior a aluno marinheiro. Pedra circular e rotativa de moinho ou de lagar. 6. Prefixo (repetição). Litígio. 7. Capital da Argélia. Rua estreita. 8. Aparelho e adorno para bestas. Entidade fantástica brasileira. 9. Nome feminino. Substância filamentosa segregada pela larva do sirgo. Sétima nota musical. 10. Acto ou efei-to de rodopiar. Partícula de negação. 11. Tocas ao de leve. Deu mios. Verticais: 1. Deus romano do vinho. Estriar. 2. Eu te saúdo! (interj.). Máquina utilizada na conversão de energia mecânica em energia eléctri-ca. 3. Desaparecer. Escarcha. 4. Artigo antigo. Estado de nu. Eles. 5. A primeira pedra que forma a volta de um arco, e assenta sobre um capitel, cimalha ou om-breira. Sociedade Portuguesa de Autores (sigla). 6. Descansam no sono. Cinco mais um. 7. Que tem oito faces contíguas. 8. Senhor (abrev.). Energia (pop.). 9. Dilatação existente no esófago da maioria das aves, onde se armazenam os alimentos antes de passarem ao estômago. Entreguei. Nome da letra grega corres-pondente a n. 10. Relativo a abismo. Que tem saúde. 11. Corto e trituro com os dentes. Protelou.

Horizontais 1. Atrair por meio de negaças. Sódio (s.q.). 2. Alternativa (conj.). Chacotear. 3. Recitar. Assuada. 4. Poder estar dentro. Inclinação da alma e do coração. 5. Bezerro ainda não corrido, e não matreiro. Discurso. 6. O espaço aéreo. No meio de. Aqueles. 7. Composição musical para duas vozes ou ins-trumentos. Agoirento. 8. Título dado aos che-fes de certas tribos muçulmanas e aos des-cendentes de Mafoma. Que não é o mesmo. 9. Deuses protectores do lar e da família, en-tre os antigos Romanos. Hora do ofício divino. 10. Tonta. Sétima nota da escala musical. 11. Grito de dor ou de alegria. Sorver. Verticais 1. Contr. da prep. em com o art. def. os. Cabelo desgrenhado e comprido. 2. A minha pessoa. Folha ou agulha do pinheiro. 3. Face inferior do pão. Vertigem. 4. Verdete. Oração, súplica. 5. Relativo à Coreia. Debaixo de. 6. Indica lu-gar, tempo, modo, causa, fim e outras relações (prep.). Movimento regrado e medido. Arsénio (s.q.). 7. Parte inferior ou pendente de certas peças de vestuário. Originário, proveniente. 8. Comilão (fam.). Cantar. 9. Direcção de um navio ou avião. Além disso. 10. Permeável. A si mesmo. 11. Afectuoso. Gracejar.

V. Bron – 3º prémio, 1961(As brancas empatam)Solução: 1.Ba6+! [1.exd7+? Rxd7 2.Bg4+ Rxd6 3.Rb8 Dxb2+ 4.Rc8 Cxa4] 1...Rd8 2.e7+! Re8 3.Rb8! [3.Rb7? Dxe4+! 4.Rb8 Db4+ 5.Bb5 Dxd6+ 6.Rb7 Dd5+ 7.Rb8 Bxb5] 3...Dxb2+! 4.Rc7! [4.Bb7? Cxe4!! 5.a8=D Cxd6 6.Rc7+ Cc8!! 7.Bxc8 De5+ 8.Rb7 (8.Rb6 Dd6+) Dd5+! 9.Rb8 Dd6+ 10.Ra7 Dc5+ 11.Rb8 Dxc8+ 12.Ra7 Dxa8+ 13.Rxa8 Bxa4] 4...Cd5+! 5.exd5 Dc3+! [5...Dc2+ 6.Rb8] 6.Rb7! [6.Rb8? Db4+ 7.Bb5 Dxd6+ 8.Rb7 Dxd5+ 9.Rb8 Bxb5] 6...Db3+! 7.Rc7! Dxd5 [7...Dc3+ 8.Rb7] 8.a8=D+! Dxa8 9.Bb7 Da7 [9...Dxb7+ 10.Rxb7 Bxa4 11.Rb6] 1/2 - 1/2

Palavras cruzadas 8375Horizontais: 1. Atlas. Nafta. 2. Pai. Useiro. 3. AP. Plexo. Um. 4. Luar. Rolete. 5. Par. Pã. Avir. 6. Canoa. Iça. 7. Oca. Fato. 8. INQUIETO. 9. Breu. Mar. Bi. 10. Ar. Imprimir. 11. Rossio. Leoa. Verticais: 1. Apalpão. Bar. 2. Tapua. Cirro. 3. Li. Arcane. 4. PR. Quis. 5. Sul. Pneu. Mi. 6. SERÃO. Impo. 7. Nexo. Afear. 8. Aiola. Atril. 9. Fr. Evito. Me. 10. Toutiço. Bio. 11. Mera. Vira.Título da Obra: Serão Inquieto.

Palavras cruzadas brancasHorizontais: 1. Negacear, Na. 2. Ou, Zombar. 3. Ler, Apupo. 4. Caber, Amor. 5. Garraio, Oro. 6. Ar, Entre, Os. 7. Duo, Ominoso. 8. Emir, Outro. 9. Lares, Noa. 10. Azoada, Si. 11. Ai, Absorver. Verticais: 1. Nos, Gadelha. 2. Eu, Caruma. 3. Lar, Oira. 4. Azebre, Reza. 5. Coreano, Sob. 6. Em, Ritmo, As. 7. Aba, Oriundo. 8. Rapa, Entoar. 9. Rumo, Ora. 10. Poroso, Se. 11. Amoroso, Rir.

Soluções: A almofada; A boca; O jarro; O tijolo na parede; A grade da janela; A lâmi-na está mais abaixo; A base da guilhotina; A cauda do rato.

Problema 4740 Dificuldade: fácil

Problema 4741 Dificuldade: muito difícil

Solução do problema 4738

Solução do problema 4739

© Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

Depois do problema resolvido encontre o provérbio nele inscrito (4 palavras).

Page 37: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | 37

Desafios José Paulo Viana e Cristina Sampaio

Grande festa de aniversárioCuriosamente, o avô António, o pai Pedro e o filho Filipe da família Costa fazem anos no mesmo dia.A festa de aniversário realizou-se ontem e, como sempre, foi muito animada. Havia, é claro, três bolos, com um total de 100 velas.Na altura dos brindes, a mãe chamou a atenção para duas coincidências: - o Filipe tem tantos dias como semanas tem o Pedro;- o avô António tem tantos anos como meses tem o Filipe.Qual é a idade de cada um deles?

Operações várias

Solução do Desafio da semana passada

“Nestas operações, cada letra corresponde a um único algarismo, cada algarismo é representado por uma só letra. Qual é o valor de cada letra?”Comecemos pelas colunas da adição.Em todas elas temos A+B+C+D mas os resultados são todos diferentes. Isso só é possível se, de cada vez, o que “vier de trás” for diferente. Assim, para a segunda coluna, poderão vir 1 ou 2 de trás, e para a terceira, 2 ou 3, respetivamente. Investiguemos as várias possibilidades.1º Caso) A+B+C+D = 29Ficaria H=9 mas, com os algarismos restantes, o máximo que se consegue é 8+7+6+5=26. Impossível.2º Caso) A+B+C+D = 28Ficaria H=8 e, de novo, os algarismos restantes não chegam: 9+7+6+5=27.

Impossível.3º Caso) A+B+C+D = 19Fica H=9. Como “vai 1” para a coluna seguinte, vem G=0. Indo agora 2 para a terceira coluna, obtém-se E=2 e F=1. Com quatro dos algarismos restantes, procuramos uma soma de 19. Há apenas uma hipótese: 7+5+4+3 =18.Agora, com estes quatro algarismos, temos cumprir a condição AxA + B = CD.O número CD é maior ou igual a 34. Com 3x3 ou com 4x4 não se consegue lá chegar.Se A=5, ficaria 5x5 +7 = 32. Insuficiente.Tentemos A=7.7x7 + 3 =52. Não dá, o 2 já está a uso.7x7 + 5 =54. Falha porque repete o 5.7x7 + 4 =53. Serve.Conclusão, A=7, B=4, C=5, D=3, E=2, F=1 G=0, H=9.

Enquanto esperamos

pelos primeiros resultados

classifi cativos, que não vão

tardar e que serão publicados,

recordamos, no blogue CRIME

PÚBLICO, que pode ser acedido

em http://blogs.publico.pt/

policiario, vamos conhecer as

soluções que os respectivos

autores dão aos enigmas que

compuseram a prova n.º 1:

CAMPEONATO NACIONAL E

TAÇA DE PORTUGAL - 2013

SOLUÇÕES DA PROVA N.º 1

PARTE I

O MISTÉRIO DA CARTEIRA

DESAPARECIDA

— Original de TRYIT

A coisa principal que não joga

bem é a questão da chuva. Se

tudo se passou como é dito e

não foi desmentido, choveu

durante todo o jogo, sem parar

e o João não tinha guarda-

chuva, portanto tinha de estar

completamente encharcado,

já que não chegou a entrar em

casa, ao que afi rma, porque a

mulher tinha ido visitar a mãe e

ele esqueceu-se da chave.

Assim sendo, o casaco

não poderia estar muito

bem tratado e cuidado

como é afi rmado, mas sim

amachucado, amarfanhado,

completamente encharcado.

Também fi camos a saber que não

era esse o caso porque o casaco

foi depositado na mesa do bilhar,

entre os dos amigos, um em

baixo, outro em cima, o que faria

com que estes também fi cassem

molhados pelo contacto, se

ele estivesse efectivamente

encharcado.

Portanto, o João não tinha a

carteira, nem as chaves com

ele, porque o casaco não era

o mesmo que ele levou ao

futebol. O Tropas confi rmou

que o João pagou as bebidas

no campo de futebol, portanto

tinha a carteira com ele. Logo,

ele passou mesmo por casa ou

por algum local onde trocou

de casaco, deixando a carteira,

provavelmente para não ter de

pagar as bebidas no café.

POLICIÁRIO 1128 LUÍS PESSOA

Resolvido o mistério da carteira desaparecida!PARTE II

UMA FESTA DE ARROMBA!

— Original de I. F.

Resposta correcta: C – A Menina

C porque se lembra de tudo tão

bem, mas mente naquilo que diz.

Pelo texto verifi ca-se que esta

investigação é feita muito tempo

depois das ocorrências porque

o próprio agente acha ridículo

que o chefe quisesse esclarecer o

caso tanto tempo depois.

A cena passa-se no dia em que

todos os algarismos mudaram

e isso só aconteceu, no último

milénio, na viragem do ano

1999 para 2000, altura em que a

Menina C afi rma ter vasculhado

os bolsos dos seus parceiros de

folia, para conseguir reunir os

euros necessários para pagar a

conta, já que o multibanco do

bar não estava operacional.

Esta afi rmação, proferida no

momento da inquirição pelo

agente poderia fazer todo o

sentido, muito tempo depois da

ocorrência, mas naquela altura

a moeda que circulava ainda era

o Escudo. O Euro apenas entrou

em circulação em Portugal

no dia 1 de Janeiro de 2002. A

Menina C poderia ter vasculhado

para reunir os Escudos, mas não

os Euros.

COMENTÁRIO

Num problema maneirinho,

com um grau de difi culdade

relativamente reduzido, foram

produzidas soluções de bom

nível, se bem que, em certos

casos, elaboradas de forma

anárquica.

Na verdade, os novos “detectives”

mostraram alguma difi culdade na

elaboração dos seus relatórios, o

que é perfeitamente natural, face

à sua inexperiência. De qualquer

das formas, genericamente, os

resultados foram muito bons.

O primeiro aspecto a ter

em conta é o da correcta

interpretação dos dados

fornecidos, em que praticamente

todos estiveram muito bem.

Depois, foi a questão da

transmissão das conclusões

retiradas, em que muitos

confrades sentiram algumas

difi culdades.

Embora correndo o risco de nos

repetirmos, queremos relembrar

os nossos confrades que um

problema policiário é como um

organismo vivo, que tem de

ser compreendido e estudado,

para depois lhe podermos dar

o alimento necessário para a

sua solução plena. Nunca uma

resposta dada depois de uma

leitura precipitada conduziu a

bons resultados. Daí que se torne

indispensável que o texto seja

convenientemente lido, numa

primeira fase, para entendimento

da globalidade da história que

está a ser apresentada. Depois, há

que fazer uma nova leitura, desta

feita mais pormenorizada e às

parcelas, por exemplo, parágrafo

a parágrafo, anotando numa folha

de papel os aspectos que possam

ser relevantes para a solução,

incluindo as consultas a fazer,

para esclarecimento das dúvidas.

Inicia-se, então, o trabalho de

trazer ao problema a informação

recolhida fora, na internet, em

enciclopédias, em consultas

pessoais, etc.

Uma vez de posse da estrutura

geral dos dados fornecidos pelo

próprio problema e daqueles que

recolhemos nas nossas consultas,

arquitectamos uma proposta

de solução para o caso, com as

justifi cações adequadas para

todas as deduções.

Finalmente, há que fazer o teste,

ou seja, partir da solução que

encontrámos e testá-la em todos

os passos, para termos a certeza

que não há espaço para outras

interpretações.

Outra questão relaciona-se com

o que é necessário para ter a

pontuação máxima e isso já tem a

ver com a indicação de TODOS os

pormenores incriminadores que

cada problema apresenta. Não é

sufi ciente chegar à solução com

apenas um pormenor, se existem

mais no problema. O dever de

um “detective” é dar a quem

vier a julgar o criminoso, todos

os indícios que conduzam à sua

condenação, mesmo que bastasse

apenas um e só assim cumprirá

correctamente a sua missão e terá

direito aos 10 pontos em disputa.

Page 38: 17 Março - PÚBLICO

38 | DESPORTO | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

Rinaudo tenta segurar a bola, perante a pressão dos médios do V. Setúbal

Dois meses depois da última vitória

em Alvalade e na despedida de Go-

dinho Lopes da presidência do Spor-

ting, a equipa voltou a merecer aplau-

sos das bancadas, com um triunfo

justo sobre o Vitória de Setúbal (2-1).

Em poucos jogos, os lisboetas terão

construído tantas e tão boas opor-

tunidades, sufi cientes para garantir

um resultado bem mais volumoso,

mas ninguém espera jogos tranquilos

nesta versão “leonina” de 2012-13. O

objectivo primordial foi atingido e o

conjunto de Jesualdo Ferreira está

mais perto dos lugares de acesso às

competições europeias.

Apesar de tudo, com dois golos

marcados em 20’ e uma exibição

consistente, chegou a antever-se

uma goleada. Mas, por culpa pró-

pria, os lisboetas permitiram que os

sadinos acreditassem no empate até

ao apito fi nal. E quando tudo termi-

nou, respirou-se fundo em Alvala-

de. O campeonato regressa no fi nal

deste mês, com um grande teste no

Minho, frente ao Sp. Braga, já com

um novo elenco na presidência.

Em relação à equipa que empa-

tou (1-1) com a Académica, na última

jornada da Liga, o treinador spor-

tinguista promoveu apenas uma

alteração, substituindo Adrien por

Labyad, no apoio ao ponta-de-lança

Van Wolfswinkel. De resto, o técnico

apostou na estabilidade, apresen-

tando os mesmos jogadores que co-

meçaram o jogo em Coimbra, ape-

sar da exibição pálida da equipa na

primeira metade desse encontro.

No Vitória, como era previsível, Jo-

sé Mota estreou Makukula na equipa

titular. Uma espécie de prémio para o

internacional português, de 32 anos,

que marcou o seu primeiro golo pe-

los sadinos há uma semana, na derro-

ta com o Vitória de Guimarães (3-2).

O avançado, que já alinhou em Por-

tugal pelo V. Guimarães, Marítimo e

Benfi ca, nunca havia defrontado os

“leões” para o campeonato.

Um encontro tardio que chegou a

tempo de o luso-congolês acrescen-

tar a equipa lisboeta à sua lista de

vítimas em Portugal. Para tal, valeu

um golo aos 33’ que refreou alguma

euforia que se vivia em Alvalade, na

sequência do grande domínio dos

dos homens da casa, que baixaram as

linhas, dando espaço aos visitantes.

Depois de duas ameaças, Makukula

ressuscitou os setubalenses.

Traumas recentes terão voltado à

cabeça dos “leões”, que emendaram

rapidamente o comportamento. Em

três lances consecutivos, voltaram

a encostar o Vitória às redes, com o

poste, por duas vezes, a impedir o

terceiro golo antes do intervalo.

O 3-1 continuou a rondar a baliza

vitoriana no início da segunda me-

tade, com Capel (52’) e Wolfswinkel

(54’) a falharem por centímetros

as redes adversárias e com o poste

a dar novamente o seu contributo

para manter o resultado (57’). Ao

desperdício do Sporting respondeu

o Vitória na mesma moeda. Uma bola

também devolvida pelo poste, após

um artístico toque de calcanhar de

Jorginho (59’) e mais duas perdidas

de Cristiano (73’) e Jorge Luiz (81’)

provocaram alguns calafrios nas ban-

cadas. Mas foi só fumaça.

Os “leões” foram perdendo fulgor,

cometeram alguns erros, sofreram

q.b., mas desta vez a história aca-

bou bem para a equipa de Jesualdo

Ferreira.

Crónica de jogoPaulo Curado

Godinho Lopes despede-se com uma vitória mínima com sabor a goleada

Sporting prometeu resultado volumoso, mas teve de sofrer até ao fi m para se aproximar dos lugares de acesso às competições europeias. Dois meses depois, os “leões” voltaram aos triunfos em Alvalade

homens da casa na primeira fase do

encontro. O resultado foram dois go-

los, em 20’, que deram expressão à

sua exibição.

O primeiro surgiu logo aos 16’,

após um cruzamento de Cédric,

na direita, ter sido desviado para a

própria baliza por Amoreirinha, que

procurou antecipar-se a Wolfswinkel.

Pressionante, o Sporting manteve o

Vitória preso à sua área, acabando

por chegar ao segundo. Um golo que

teve também como grande protago-

nista o árbitro Marco Ferreira.

Dois erros do juiz madeirense

acabaram por resultar numa justiça

providencial. Aos 18’ não assinalou

o derrube de Eric Dier na área, por

Nélson Pedroso, mas, dois minutos

depois, assinalou, mal, o castigo má-

ximo, num lance em que Ney Santos

e, novamente, Dier se empurraram

mutuamente. Chamado a converter

o penálti, Labyad não falhou.

Alvalade ainda chegou a antever

uma vitória tranquila, algo de atípico

esta temporada, mas foi falso alarme.

O espectáculo ainda tinha muito para

dar até fi nal. Lentos e pouco ambicio-

sos, os sadinos acabaram por voltar à

partida, muito por responsabilidade

REACÇÕES

“Puderam todos ver as oscilações que acontecem nos jogos desta equipa. Mas, nos 90 minutos, foi um bom jogo do Sporting”

“Não estivemos ao nosso nível. Na primeira parte demos dois golos ao Sporting. Não fomos pressionantes. Tivemos dificuldade a sair com bola”

Jesualdo FerreiraSporting

José MotaV. Setúbal

Sporting 2Amoreirinha (p.b.) 16’, Labyad (g.p.) 20’

Vitória de Setúbal 1Makukula 33’

Estádio José Alvalade, em LisboaEspectadores 22.385

Sporting Rui Patrício, Cédric, Tiago Ilori a62’, Marcos Rojo, Joãozinho, Rinaudo, Eric Dier, Bruma (Jeff rén, 86’), Labyad (Adrien, 69’), Diego Capel (Carrillo, 76’), Van Wolfswinkel.Treinador Jesualdo Ferreira

V. Setúbal Kieszek, Pedro Queirós a44’, Amoreirinha, Jorge Luiz, Nélson Pedroso (Bruno Gallo, 50’), Ney Santos a20’, Bruno Amaro, Pedro Santos, Zé Pedro (Paulo Tavares, 75’), Jorginho, Makukula (Cristiano, 71’).Treinador José Mota Árbitro Marco Ferreira (AF Madeira)

Positivo/Negativo

Labyad/Capel/BrumaTrês elementos que foram determinantes em diversas fases da partida. O primeiro cobrou o penálti que deu três pontos importantes ao Sporting. Foram baixando de rendimento na segunda metade e acabaram todos por ser substituídos, mas debaixo de aplausos.

MakukulaEstá a tentar fazer esquecer Meyong em Setúbal e as coisas começam a correr-lhe bem. Marcou há uma semana frente ao V. Guimarães e voltou ontem a festejar.

Jesualdo FerreiraFoi o primeiro treinador esta temporada a conseguir duas vitórias em Alvalade para a Liga.

Primeira parte do VitóriaUma equipa lenta e pouco ambiciosa. Melhorou no segundo tempo, mas nunca justificou mais do que a derrota.

a

TIAGO PETINGA/LUSA

Page 39: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | DESPORTO | 39

O jogo 500 de Manuel Cajuda no

principal escalão do futebol portu-

guês não correu bem ao Olhanen-

se. Os algarvios elevaram para dez

o número de jogos consecutivos sem

vencer na Liga, ao perderem em ca-

sa com o Paços de Ferreira (1-2), e

arriscam-se a cair para a zona de

despromoção nesta jornada.

Os pacenses entraram fortes no jo-

go e, logo aos 15’, adiantaram-se no

marcador. Paolo Hurtado levantou

na esquerda, Vítor tocou atrasado

e Manuel José, depois de dominar

à entrada da área, rematou rasteiro

e colocado.

O Olhanense tentou responder,

mas os remates de Rui Duarte e de

Djaniny não levaram a direcção cer-

ta. Aos 39’, porém, os algarvios che-

garam ao empate: Jander bateu um

livre para a área, a bola desviou em

Nuno Santos e Djaniny ainda emen-

deu à boca da baliza.

Ainda antes do intervalo, contu-

do, a equipa da casa voltou a sofrer

um golo, novamente da autoria de

Manuel José. Após um passe em pro-

fundidade de Luiz Carlos, Manuel

José fugiu a Jander e concluiu com

um remate certeiro.

A abrir a segunda parte, o Olha-

nense fez uma dupla substituição.

Entrou Djalmir para o lugar de Dja-

niny e Evandro para o de Jander. Ne-

nhum deles, porém, conseguiu mi-

nimizar os prejuízos para a equipa

de Manuel Cajuda. E o Paços saiu do

Algarve com o 11.º triunfo no campe-

onato e a morder os calcanhares ao

Sp. Braga na luta pelo 3.º lugar.

Olhanense perde em casa no jogo 500 de Cajuda

Miguel Andrade

Olhanense 1Djaniny 40’

Paços de Ferreira 2Manuel José 5’ e 45’

Estádio José Arcanjo, em Olhão.Espectadores 1184

Olhanense Rafael Bracalli, Luís Filipe, André Micael a85’, Nuno Reis a26’, Jander (E. Brandão, 46’), Lucas, Tiago Terroso (Ivanildo, 60’), Rui Duarte, Babanco, Targino, Djaniny (Djalmir, 46’). Treinador Manuel Cajuda

P. Ferreira Cássio a62’, Diogo Figueiras a29’, Tiago Valente, Ricardo, Nuno Santos, André Leão a72’, Luiz Carlos, Vítor (Filipe Anunciação, 85’), Manuel José (Javier Cohene, 90+3’), Cícero a63’, Hurtado (Caetano, 67’).Treinador Paulo Fonseca

Árbitro Artur Soares Dias (AF Porto)

Jorge Jesus diz que o Benfica vai “pôr a carne toda no assador”

Nas três deslocações que Jorge Jesus

já fez a Guimarães, em jogos do cam-

peonato, desde que chegou à Luz,

venceu a primeira e perdeu as du-

as últimas. Por isso, o treinador do

Benfi ca sabe bem quão aguerrido é

o adversário desta noite, no encer-

ramento da 23.ª ronda. “Vai ser um

jogo complicado para nós, mas tam-

bém para o V. Guimarães”, antevê.

As peças pequenas e as peças grandes do Ferrari de Jesus

O técnico dos vitorianos, no lança-

mento da partida, já tinha deixado

bem vincadas as diferenças entre as

duas equipas, referindo-se aos “en-

carnados” como um Ferrari futebo-

lístico. Jesus não enjeita totalmente

a comparação, mas deixa uma res-

salva: “Do ponto da vista da cor, é

vermelho. Quanto ao resto... Há uns

que conseguem pôr as pecinhas pe-

queninas a parecerem peças grandes

e por isso pode parecer um Ferrari”,

ilustrou, destacando, porém, que o

V. Guimarães está na luta pela Euro-

pa e precisa de pontuar para atingir

os objectivos.

E enquanto o Vitória aponta ao top

5 da tabela, o Benfi ca tem no título o

alvo principal da temporada. Jorge Je-

sus mantém o discurso das priorida-

des mas assume que, com a presença

nos quartos-de-fi nal da Liga Europa e

nas meias-fi nais da Taça de Portugal,

é tempo de apostar forte em todas

as frentes. “A partir de agora, vamos

pôr a carne toda no assador”.

A começar pelo jogo desta noite,

que tem como principal incógnita

a recuperação da principal dupla

de centrais. O técnico não desfaz as

dúvidas, mas é provável que pelo

menos Garay esteja apto a alinhar,

provavelmente ao lado de Jardel. No

meio-campo, a exibição menos con-

seguida de Ola John frente ao Bor-

déus poderá abrir espaço a Gaitán,

no corredor esquerdo.

Do lado do Vitória, a grande bai-

xa é Douglas, guarda-redes que foi

expulso na última jornada, abrindo

a vaga para Assis. É com o brasileiro

que tem alinhado na equipa B que

Rui Vitória vai tentar minar a lide-

rança do Benfi ca na Liga e atingir o

terceiro triunfo consecutivo, que tra-

duziria a melhor série de resultados

na presente edição da prova.

FRANCISCO LEONG/REUTERS

FutebolNuno Sousa

O Benfica desloca-se esta noite a Guimarães, onde perdeu nas duas últimas épocas, para fechar a 23.ª jornada da Liga

É sem João Moutinho que o FC Por-

to realizará hoje um jogo importan-

te contra o Marítimo, no Estádio

dos Barreiros, onde venceu cinco

das últimos seis encontros que aí

fez para o campeonato. Além do

momento decisivo que se vive na

discussão da Liga, com o Benfi ca

com uma vantagem de dois pontos,

o duelo com o clube insular ganha

maior dimensão para os portistas

porque se segue à eliminação da

Liga dos Campeões.

Mas o Marítimo, que procura che-

gar aos lugares europeus, também

tem aspirações para este duelo. “As-

sumir o favoritismo seria uma arro-

gância, mas temos as nossas armas

e sabemos que têm algumas fragi-

lidades, como qualquer equipa do

mundo”, considerou Pedro Martins,

o treinador do 7.º classifi cado do

campeonato, que também afi rmou

que o FC Porto, “por norma, não

tem dois desaires consecutivos”.

Márcio Rozário está suspenso,

podendo ser substituído por João

Guilherme no centro da defesa do

Marítimo, enquanto os médios Ol-

berdam e João Luiz estão lesiona-

dos. Do lado dos “azuis e brancos”,

o destaque é a ausência de João

Moutinho, que saiu lesionado ao in-

tervalo em Málaga. Por outro lado,

Danilo recuperou e ocupará o seu

lugar no lado direito da defesa.

Na primeira volta, o FC Porto ven-

ceu o Marítimo por 5-0 no Dragão.

FC Porto na Madeira sem João Moutinho

FutebolManuel Assunção

CLASSIFICAÇÃO

Jornada 32Feirense-V. Guimarães B 2-0FC Porto B-Atlético 0-1Tondela-Desp. Aves 11h15, SP-TV1Freamunde-Marítimo B 15hTrofense-Arouca 15hBelenenses-Leixões 15hNaval-Oliveirense 16hU. Madeira-Portimonense 16hBenfica B-Penafiel 16h, BenficaTVSp. Braga B-Sporting B 17hSanta Clara-Sp. Covilhã 17h

J V E D M-S PBelenenses 31 23 6 2 57-24 75Arouca 31 15 8 8 48-34 53Sporting B 31 13 12 6 47-33 51Leixões 31 13 11 7 35-26 50Santa Clara 31 13 10 8 46-35 49Oliveirense 31 13 10 8 43-36 49FC Porto B 32 12 11 9 39-34 47Desp. Aves 31 11 13 7 35-34 46Penafiel 31 13 7 11 33-29 46Benfica B 31 12 9 10 51-40 45União Madeira 31 10 14 7 36-32 44Portimonense 31 12 8 11 42-41 44Tondela 31 12 8 11 39-39 44Naval 31 9 12 10 40-42 39Feirense 32 10 9 13 45-48 39Atlético 32 10 7 15 36-47 37Marítimo B 31 10 4 17 28-35 34Sp. Braga B 30 7 10 13 27-37 29Trofense 31 6 10 15 24-42 28Sp. Covilhã 31 5 11 15 27-41 26V. Guimarães B 31 4 11 16 14-36 23Freamunde 31 4 9 18 27-54 21

Próxima jornada Sp. Covilhã-Feirense, Sporting B-Benfica B, V. Guimarães B-Naval, Penafiel-Belenenses, Leixões-União Madeira, Portimonense-Tondela,Oliveirense-Trofense, Arouca-Freamunde, Marítimo B-FC Porto B, Atlético-Santa Clara, Desp. Aves-Sp. Braga B

MELHORES MARCADORES

I Liga23 golos Jackson (FC Porto)15 golos Óscar Cardozo (Benfica)II Liga21 golos Joeano (Arouca) 14 golos Ricardo Esgaio (Sporting B), Rabiola (Desp. Aves) e Miguel Rosa (Benfica B)

I LIGA

II LIGA

Jornada 23Gil Vicente-Sp. Braga 1-3Olhanense-P. Ferreira 1-2Sporting-V. Setúbal 2-1Beira-Mar-Nacional 16hEstoril-Académica 16hRio Ave-Moreirense 16hMarítimo-FC Porto 18h, SP-TV1V. Guimarães-Benfica 20h30, SP-TV1

J V E D M-S PBenfica 22 18 4 0 56-14 58FC Porto 22 17 5 0 51-10 56Sp. Braga 23 13 4 6 50-31 43P. Ferreira 23 11 9 3 32-20 42V. Guimarães 22 8 6 8 26-34 30Rio Ave 22 8 6 8 26-29 30Marítimo 22 7 8 7 23-33 29Estoril 22 8 4 10 32-31 28Nacional 22 7 6 9 32-36 27Sporting 23 6 9 8 23-27 27V. Setúbal 23 6 5 12 25-43 23Académica 22 4 9 9 28-34 21Gil Vicente 23 4 7 12 22-41 19Olhanense 23 3 9 11 23-35 18Moreirense 22 3 8 11 21-36 17Beira-Mar 22 3 7 12 24-40 16

Próxima jornada P. Ferreira-Gil Vicente, Nacional-V. Guimarães, Beira-Mar-Olhanense, Moreirense-Estoril, Sp. Braga-Sporting, V. Setúbal-Marítimo, Benfica-Rio Ave, Académica-FC Porto.

Marítimo 4-2-3-1

FC Porto 4-3-3

R. FerreiraJ. GuilhermeRoberge

Briguel

Salin

Helton

Jackson

Fernando

DaniloOtamendiMangala

A. Sandro

LuchoDefour

R. Miranda

ArturHeldon

Estádio dos Barreiros,Funchal

Árbitro: João Capela Lisboa

18h00SP-TV1

D. Simão

SukSami

Izmailov Varela

Guimarães 4-2-3-1

Benfica 4-1-3-2

Estádio D. Af. Henriques,Guimarães

Árbitro: Paulo Baptista Portalegre

20h30SP-TV1

L. RochaN’DiayeP. Oliveira

Kanu

Assis

Artur

E. Pérez

MaticMaxi

JardelGarayMelgarejo

Lima Cardozo

Baldé

T. RodriguesRicardo

El AdouaL. Olímpio

Soudani

Gaitán Salvio

Page 40: 17 Março - PÚBLICO

40 | DESPORTO | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

É um discurso bem conhecido de

tantos treinadores de futebol, que

pedem às equipas para pensar jogo

a jogo e tentar somar os três pontos.

No Taiti não existe esta obsessão. Não

quer isto dizer que no futebol local

não exista ambição pela vitória — bas-

ta ver que a selecção nacional fez his-

tória ao vencer a Taça das Nações da

Oceânia, em 2012, e garantiu assim

um lugar na Taça das Confederações,

em Junho, onde vai jogar contra a Ni-

géria, o Uruguai e a campeã europeia

e mundial, Espanha. Com isto, o pré-

mio mínimo que vai encaixar são 1,3

milhões de euros. No Taiti, a maior

ilha da Polinésia Francesa (no oceano

Pacífi co), não existe a obsessão pelos

três pontos porque as vitórias estão

sobrevalorizadas. É isso mesmo: ga-

nhar um jogo equivale a somar qua-

tro pontos. Um empate rende dois

pontos, e mesmo quem perde soma

um. Só em caso de falta de compa-

rência é que não há pontos para nin-

guém. O mesmo acontece na Nova

Caledónia, Martinica ou Guadalupe.

“O sistema de pontuação é de-

terminado pelos organizadores das

competições e pelas ligas. Não é algo

ditado pelas leis do jogo. A FIFA, por

exemplo, usa o sistema 3-1-0”, expli-

cou ao PÚBLICO o organismo que

tutela o futebol mundial. E é assim na

maioria dos campeonatos mundiais.

Em Portugal também é aplicado este

sistema, embora até à época 1994-95

tenha vigorado o 2-1-0.

Mas não é só na valorização das

vitórias que a Federação do Taiti

(fundada em 1989 e fi liada na FIFA

desde 1990) é generosa. Os clubes

PlanisféricoNo Taiti ninguém vive obcecado com os três pontos

podem somar pontos bónus se atin-

girem determinados objectivos rela-

cionados com a promoção do futebol

jovem e o respeito pela arbitragem.

Ou também pelo mérito desportivo:

o AS Dragon foi a melhor equipa da

fase regular da Super Ligue Mana e,

por ter terminado em primeiro, so-

mou dois pontos extras.

Os “dragões” mantiveram a supre-

macia no play-off de apuramento do

campeão e garantiram o título pela

segunda temporada consecutiva.

Ao erguer o troféu, a equipa ganhou

também o direito a entrar na Liga dos

Campeões da Oceânia: no fi nal do

mês, o AS Dragon viaja até Auckland

para disputar o Grupo B da competi-

ção, com os anfi triões Auckland City

e Waitakere United (Nova Zelândia) e

ainda o Mont-Dore (Nova Caledónia).

Com mais de 200 mil habitantes, o

Taiti é uma ilha de futebolistas — há

146 clubes e mais de 11 mil jogadores.

De resto, o futebol taitiano tem his-

tória na Liga dos Campeões da Oceâ-

nia: em 2012, o Tefana chegou à fi nal

da prova, mas seria derrotado pelo

Auckland City. Mas o momento mais

brilhante foi mesmo a vitória na Taça

das Nações da Oceânia. A selecção de

Eddy Etaeta fez história ao romper

com o domínio da Austrália e Nova

Zelândia. O Taiti foi a primeira ilha

do Pacífi co — que não uma das duas

“gigantes” — a conquistar o título de

campeã da Oceânia.

A recompensa será enfrentar al-

guns dos melhores do mundo na Ta-

ça das Confederações. “A primeira

coisa que fi z quando o árbitro apitou

[na fi nal da Taça das Nações da Oceâ-

nia] foi correr para os meus compa-

nheiros de equipa e gritar ‘Vamos ao

Brasil, vamos ao Brasil’”, recordou

Mikael Roche, em conversa com os

responsáveis pelo site ofi cial da FIFA.

E só isso já é um feito enorme para

uma pequena nação insular.

FutebolTiago Pimentel

O AS Dragon é, pela segunda época consecutiva, campeão do Taiti. E a selecção local vai disputar a Taça das Confederações

Rubrica semanal sobre campeonatos de futebol periféricos

ANDREW YATES/AFP

O 12.º golo de Rooney na Premier League foi decisivo para o United

Um golo de Wayne Rooney chegou

para o Manchester United alargar

a sua já grande vantagem na lide-

rança do campeonato inglês de 12

para 15 pontos. O remate do avan-

çado inglês, aos 21’, foi o único dos

17 feitos pelos red devils que superou

Stuart Taylor, guarda-redes do Re-

ading. Esta vitória por 1-0 em Old

Traff ord, conjugada com a derrota

(2-0) do campeão Manchester City,

frente ao Everton, em Liverpool, te-

rá arrumado de vez — se é que ainda

havia dúvidas — a questão do título

da Premier League.

Mesmo assumindo que o City não

perderá pontos até ao fi nal da com-

petição, o United necessita apenas

de 13 pontos nos nove jogos que lhe

faltam para recuperar o título, que,

caso se concretize, será o 20.º da

sua história. Alex Ferguson, contu-

do, ainda não quer assumir que o tro-

féu está entregue. “Não se ganha me-

dalhas por facilitar e nós não vamos

fazer isso”, disse o técnico escocês,

após a sexta vitória seguida da sua

equipa no campeonato.

Rooney pode não apresentar os

mesmos números da época passada,

na qual marcou 27 golos só na Pre-

mier League, e de outras anteriores,

mas não tem deixado de ser infl uen-

te. Ontem apontou o seu 12.º golo

na prova e soma igualmente nove

assistências. Desta vez, benefi ciou

de uma rara assistência de Rio Fer-

dinand para facturar e, já depois de

rematar, também de um pequeno

desvio da bola em Alex Pearce.

O United, conforme reconheceu

Ferguson, não fez uma exibição bri-

lhante, mas manteve a sua baliza

inviolável pelo quinto jogo seguido

e conseguiu a vitória, o que mais

conta. O Reading, que reclamou um

penálti de Vidic sobre Mariappa, ocu-

pa a penúltima posição, sete pontos

abaixo da linha de água.

Em Liverpool, Leon Osman e Niki-

ca Jelavic anotaram os golos do Ever-

ton no triunfo sobre o Manchester

City. Antes do jogo, a polícia travou

e prendeu um homem vestido com

o equipamento do City que correu

para o relvado de Goodison Park e

tentou fazer o aquecimento com os

Manchester United aumentou vantagem para 15 pontos e está ainda mais perto do título

jogadores do campeão inglês.

Na Bundesliga, o Bayern Munique

ganhou fora ao Bayer Leverkusen (1-

2), manteve os 20 pontos de vanta-

gem sobre o Borussia de Dortmund

(bateu o Friburgo por 5-1) e fi cou a

cinco pontos do título. A equipa de

Heynckes conseguiu ainda uma pe-

quena vingança: o Leverkusen foi

a único capaz de o derrotar em 26

jornadas.

Em Espanha, o Real Madrid esteve

a perder duas vezes em casa com

o Maiorca, mas acabou por ganhar

com uma goleada (5-2) que o deixou

a dez pontos do Barcelona, que só

hoje joga com o Rayo Vallecano.

Nsue inaugurou o marcador no

Bernabéu, Higuaín empatou aos

14’, mas Alfaro voltou a colocar os

visitantes na frente, resultado que se

verifi cava ao intervalo. No entanto, a

formação de Mourinho fez três golos

entre os minutos 51 e 57: Cristiano

Ronaldo, de cabeça após um canto,

marcou o 350.º golo ofi cial da sua

carreira sénior; Modric desferiu um

grande remate de fora da área; e Hi-

guaín bisou a passe de Özil. Benzema

completou depois a goleada.

Futebol internacional Manuel Assunção

Rooney e a derrota do City colocaram os red devils com uma mão no troféu. Na Alemanha, o Bayern está ainda mais perto

CLASSIFICAÇÃO

J V E D M-S P

INGLATERRAJornada 30Everton-Manchester City 2-0Aston Villa-QPR 3-2Southampton-Liverpool 3-1Stoke-West Bromwich Albion 0-0Swansea-Arsenal 0-2Manchester United-Reading 1-0Sunderland-Norwich hojeTottenham-Fulham hojeWigan- Newcastle hojeChelsea-West Ham hoje

Manchester United 29 24 2 3 69-31 74Manchester City 29 17 8 4 51-26 59Tottenham 29 16 6 7 51-36 54Chelsea 28 15 7 6 56-30 52Arsenal 29 14 8 7 55-32 50Everton 29 12 12 5 46-35 48Liverpool 30 12 9 9 57-39 45West Bromwich 30 13 5 12 40-38 44Swansea 30 10 10 10 40-38 40Stoke City 30 7 13 10 27-35 34Fulham 28 8 9 11 39-44 33West Ham 28 9 6 13 32-41 33Newcastle 29 9 6 14 40-50 33Norwich 29 7 12 10 27-45 33Southampton 30 7 10 13 42-52 31Sunderland 29 7 9 13 32-41 30Aston Villa 30 7 9 14 31-56 30Wigan 28 6 6 16 33-55 24Reading 30 5 8 17 35-57 23QPR 30 4 11 15 26-48 23

DR

Page 41: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | DESPORTO | 41

Breves

Basquetebol

Golfe

Xadrez

Benfica e V. Guimarães disputam hoje a final da Taça de Portugal

Chegou a vez de José Maria Jóia brilhar nos EUA

Aronian e Radjabov ganham vantagem no torneio de candidatos

O V. Guimarães qualificou-se para a final da Taça de Portugal de basquetebol, depois de vencer a Ovarense, por 73-71. O clube minhoto vai defrontar hoje, na final (16 horas), em Fafe, o Benfica, que antes derrotara o Sampaense por uma margem confortável: 103-81. As “águias” somam 18 triunfos na competição, enquanto o V. Guimarães venceu-a uma vez, em 2007-08. Na época passada, a Taça foi ganha pelo FC Porto.

José Maria Jóia, companheiro de Ricardo Melo Gouveia nos Knights da Universidade de Central Florida, nos EUA, fez uma volta inaugural de 68 pancadas (-4) no Schenkel Invitational, em Statesboro, Geórgia, e assumiu a segunda posição a um shot do líder, Justin Thomas (Alabama). Entre profissionais, no European Tour, Thomas Aiken é o novo líder do Avantha Masters, graças a uma terceira volta de 62 pancadas.

Na segunda jornada do torneio de candidatos, em Londres, Levon Aronian e Teimour Radjabov ganharam vantagem ao alcançarem as primeiras vitórias no evento sobre os veteranos Boris Gelfand e Vassily Ivanchuk, respectivamente. O número um mundial, Magnus Carlsen, empatou com Vladimir Kramnik, resultado idêntico ao da luta entre Alexander Grischuk e Peter Svidler.

Juan Martín del Potro vai agora defrontar Novak Djokovic

O regresso de Andy Murray aos EUA,

seis meses depois de conquistar o seu

primeiro título do Grand Slam, não

foi tão feliz. O tenista escocês não

passou dos quartos-de-fi nal do BNP

Paribas Open ao realizar uma exibi-

ção pobre no capítulo do serviço,

em especial nos segundo e terceiro

sets disputados com Juan Martín Del

Potro. E depois de derrotar Murray

pela primeira vez em hardcourts, o

argentino vai discutir um lugar na

fi nal com Novak Djokovic.

“Estive perto de o vencer em 2009,

na fi nal de Montreal, mas hoje [on-

tem] consegui. Foi o meu melhor

jogo do torneio, estive positivo todo

o tempo, mesmo quando perdi o pri-

meiro set. No fi nal, fi z o meu jogo,

fui sempre agressivo, tentando fazer

winners com a direita sempre que ti-

nha a oportunidade”, explicou Del

Potro, depois de ganhar, por 6-7 (5/7),

6-3 e 6-1, em duas horas e meia.

Murray foi perdendo efi cácia no

serviço, cedendo um break no segun-

do set e outros dois na partida deci-

siva. “Foi um encontro difícil, não

servi particularmente bem. Houve

pontos muito longos. Estava muito

quente no primeiro e segundo sets

e, às vezes, se as pernas estão um

pouco cansadas, podemos falhar ser-

viços. Poderia ter servido e respondi-

do melhor, duas partes importantes

do meu jogo”, admitiu Murray, que

se despediu de Indian Wells com a

oitava dupla-falta.

Antes, Djokovic exibiu-se a grande

Murray só serviu os interesses de Del Potro

nível diante de Jo-Wilfried Tsonga pa-

ra somar 22 encontros ganhos con-

secutivamente, 17 nesta época. Em

especial no segundo set, em que não

perdeu nenhum ponto a servir. “Pen-

so que o Jo não jogou o seu melhor,

cometeu muitos erros não forçados,

o seu serviço não estava muito bem

e isso tornou a minha vida no court

mais fácil. Tentei focar-me no traba-

lho que tinha de fazer e a exibição

foi muito boa”, afi rmou Djokovic,

depois de vencer, por 6-3, 6-1, em

54 minutos.

No torneio feminino, Caroline Wo-

zniacki está na fi nal pela terceira vez

nos últimos quatro anos, depois de

se superiorizar a Angelique Kerber,

ao fi m de duas horas e meia: 2-6, 6-4

e 7-5. Num encontro marcado por 14

quebras de serviço, Wozniacki foi a

que arrancou melhor no set decisivo,

liderando por 4-1 e 5-3, mas só a 5-6

obteria o break fatal para a alemã.

A outra fi nalista é Maria Sharapo-

va, que, no duelo entre duas ami-

gas russas, afastou Maria Kirilenko,

por 6-4, 6-3: “Conheço-a desde que

somos pequenas, por isso, não há

segredos no court. No segundo set,

comecei a servir melhor e isso deu-

me alguns pontos gratuitos. Como

ela devolve muitas bolas e gosta de

jogar pontos longos, tive que ser mais

agressiva do que é habitual”.

STEPHEN DUNN/AFP

Ténis Pedro Keul

Maria Sharapova é a favorita na final feminina do BNP Paribas Open, frente a Caroline Wozniacki

CAPITÃO

JOAQUIM AUGUSTO TEIXEIRA

Sua família participa o seu falecimento. O funeral realiza-se hoje, dia 17, pelas 15h30 saindo das Capelas Exequiais de São João de Deus para o cemitério do Alto de São João. Às 14h30 será celebrada missa de corpo presente.

Agência Funerária Magno - AlvaladeServilusa - Número Verde Grátis 800 204 222

Serviço Funerário Permanente 24 Horas

Foi um arranque meio em falso do

Mundial de Fórmula 1. A segunda e

terceira partes (Q2 e Q3) da sessão

de qualifi cação para o Grande Pré-

mio da Austrália foram adiadas pa-

ra a manhã de hoje (madrugada em

Portugal), por causa da forte chuva

que se abateu sobre Melbourne.

A organização da prova só con-

seguiu realizar a primeira parte da

qualifi cação, que defi ne os últimos

seis lugares da grelha de partida,

mas depois disso o mau tempo im-

possibilitou que os carros voltassem

à pista para retomar a sessão.

Com o piso molhado e a previsão

de novos aguaceiros, a direcção da

corrida decidiu alterar a hora do res-

to da qualifi cação, que se realizará

às 11h locais (meia-noite, hora de Lis-

boa), apenas seis horas antes de a

prova se iniciar (6h em Portugal).

A decisão de adiar a qualifi cação,

justifi cada também pela aproxima-

ção da noite, foi tomada duas ho-

ras depois do início da sessão e não

mereceu contestação das equipas.

A chuva adiou a qualificação do Grande Prémioda Austrália

“É uma pena, mas Charlie [Whiting,

director de corrida] tomou a deci-

são certa”, disse Christian Horner,

chefe de equipa da Red Bull. “Estava

demasiado molhado e a visibilidade

era muito reduzida”, acrescentou

Sam Michael, da McLaren.

Na primeira ronda de qualifi ca-

ção, o alemão Nico Rosberg (Merce-

des) foi o piloto mais rápido, embo-

ra as condições da pista não tenham

permitido retirar grandes ilações

sobre o momento de cada equipa.

A única surpresa foi o venezuelano

Pastor Maldonado (Williams) ter-se

fi cado pela Q1, já que fez o sexto pior

tempo do dia.

O piso muito molhado no circui-

to de Melbourne provocou ainda

alguns acidentes, que atingiram os

carros de Lewis Hamilton (Merce-

des) e de Felipe Massa (Ferrari), mas

sem gravidade. “Perdi o controlo do

carro. Tive muita sorte por poder

continuar, tendo em conta a forma

como bati”, afi rmou o brasileiro,

que danifi cou a frente do seu F138.

Esta não é, de resto, uma situação

inédita. Já em 2010, a qualifi cação

para o Grande Prémio do Japão ha-

via sido adiada para o dia da corrida,

por razões semelhantes, recorda a

AFP. “É pena, mas era demasiado

perigoso. Espero que os fãs compre-

endam e nós vamos certifi car-nos

de que fazemos um grande trabalho

amanhã [hoje]”, resumiu o britânico

Jenson Button. com agências

Fórmula 1Hugo Daniel Sousa

Apenas seis horas vão separar a qualificação do início da corrida, em Melbourne. O piso molhado provocou alguns despistes

Na final do future de Guimarães, só haverá um português, Leonardo Tavares, que regressou

aos courts em Fevereiro, após nove meses de paragem. O outro finalista é o francês Jules Marie, que venceu Rui Machado, por 7-5, 6-0.

Tavares na final

Page 42: 17 Março - PÚBLICO

42 | DESPORTO | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

1. Não julgue o leitor, menos

dado a esta “coisa” das leis, que o

registo é exclusivo do legislador

desportivo. Longe disso. Apenas

sucede que olho mais para as

performances das leis do desporto.

Outros detectarão sinais de como

o legislador — seja a Assembleia

da República, Governo ou

assembleias legislativas regionais —

leva a cabo a sua função.

2. Dispõe a Lei n.º 5/2007, de

16 de Janeiro — Lei de Bases da

Actividade Física e do Desporto

—, no seu artigo 27.º, n.º 1: são

sociedades desportivas as pessoas

colectivas de direito privado,

constituídas sob a forma de

sociedade anónima, cujo objecto

é a participação em competições

desportivas, a promoção e

organização de espectáculos

desportivos e o fomento ou

desenvolvimento de actividades

relacionadas com a práctica

desportiva profi ssionalizada no

âmbito de uma modalidade.

Ou seja, uma sociedade

desportiva só pode ter uma forma:

a de sociedade anónima. Ou seja

2: essa sociedade desportiva só

pode ter, como “objecto”, uma

modalidade desportiva.

3. O Decreto-Lei n.º 10/2013,

de 25 de Janeiro, veio estabelecer

novo regime jurídico das

sociedades desportivas.

Duas questões se me colocam.

Vejamos a primeira.

De acordo com o seu artigo 2.º,

n.º 1, entende-se por sociedade

desportiva a pessoa colectiva de

direito privado, constituída sob

a forma de sociedade anónima

ou de sociedade unipessoal por

quotas, cujo objecto consista

na participação numa ou mais

modalidades, em competições

desportivas, na promoção e

organização de espectáculos

desportivos e no fomento ou

desenvolvimento de actividades

relacionadas com a prática

desportiva da modalidade ou

modalidades que estas sociedades

têm por objecto. E o n.º 2

completa: um clube desportivo

Assim se “fazem”sociedadesdesportivas em Portugal

Opinião José Manuel Meirim

que constitua uma sociedade para

mais do que uma modalidade

desportiva só pode ter uma única

sociedade desportiva.

4. O confronto — entre a lei

de bases e o seu diploma de

desenvolvimento — e o resultado

parece-nos claro: o novo regime

não respeita a lei de bases em dois

momentos nucleares. Alarga a

forma de constituição e possibilita

que uma mesma sociedade se

dedique a mais do que uma

modalidade desportiva.

Onde fi ca o valor reforçado da

lei de bases?

5. Por outro lado, o artigo 33.º

do novo diploma determina que

as normas entrem em vigor no

dia 1 de Julho de 2013, sendo

aplicável às sociedades desportivas

que pretendam participar em

competições profi ssionais (só as

há no futebol) na época desportiva

2013/14.

A época desportiva do futebol

inicia-se precisamente a 1 de

Julho. Isto é, impõe-se que os

participantes tenham nesse dia

uma forma societária, sendo que

só a partir daí a podem adquirir.

Espectáculo.

6. Mas, a respeito deste último

aspecto, o legislador já deu pelo

erro de Janeiro.

Na passada quarta-feira, o

Conselho de Ministros aprovou

um diploma que vem alterar o

diploma.

Vejamos a informação dada: o

Conselho de Ministros aprovou

uma alteração ao diploma que veio

estabelecer o regime jurídico das

sociedades desportivas a que fi cam

sujeitos os clubes desportivos

que pretendem participar

em competições desportivas

profi ssionais. Mantendo-se a

intenção de aplicação do novo

regime às sociedades desportivas

que pretendam participar em

competições profi ssionais na

época desportiva de 2013/14, opta-

se por antecipar a entrada em

vigor para 1 de Maio, de modo a

que as sociedades desportivas em

causa adaptem as suas estruturas

atempadamente sem qualquer

perturbação à época desportiva

de 2013/14, especialmente tendo

em conta os respectivos prazos

de inscrição. Eufemismos no

reconhecimento de um erro

crasso.

[email protected]

RUI GAUDÊNCIO

Portugal soma três derrotas e uma vitória na fase de apuramento

A selecção nacional de râguebi com-

prometeu ontem, de forma quase

defi nitiva, as possibilidades de con-

seguir o apuramento para o Campeo-

nato do Mundo, que será disputado,

em 2015, em Inglaterra. Em Santiago

de Compostela, frente a uma equi-

pa espanhola de fraca qualidade,

os portugueses voltaram a realizar

uma exibição medíocre e permitiram

que os espanhóis, na última jogada,

chegassem ao empate (9-9). Com

este resultado, o neozelandês Errol

Brain deverá abandonar o comando

da equipa portuguesa.

Depois de três derrotas e uma vi-

tória pouco convincente, nas primei-

ras jornadas da fase de apuramento,

Brain fi cou numa posição muito de-

licada. O neozelandês termina con-

trato com a Federação Portuguesa de

Râguebi (FPR) no fi nal deste mês, e

Carlos Amado da Silva, presidente da

FPR, já tinha declarado publicamen-

te que não estava satisfeito com os re-

sultados. Dessa forma, para Brain, o

jogo de ontem era decisivo, e apenas

uma grande exibição e uma vitória

clara de Portugal poderiam evitar

que a partida em Espanha fosse uma

despedida para o neozelandês. No

entanto, o que se viu por parte dos

Lobos voltou a ser muito mau.

O jogo foi condicionado pelo mau

estado do encharcado relvado do

Multiusos de San Lazaro, mas mes-

mo essa condicionante não justifi ca

a inépcia portuguesa. Na primeira

parte, a jogar a favor do vento, a Es-

panha aproveitou os erros portugue-

ses para amealhar pontos. Dominado

nas formações ordenadas, mal nos

alinhamentos e com demasiadas fal-

tas desnecessárias, Portugal chegou

ao intervalo a perder por 6-0.

Nos últimos 40 minutos, a presta-

ção nacional melhorou ligeiramente

e, aos 47’, Pedro Leal reduziu para

6-3, na conversão de uma penalida-

de. O ascendente português seria re-

compensado aos 63’, quando Samuel

Marques empatou o jogo (6-6). A me-

lhor qualidade dos jogadores nacio-

nais era óbvia e Portugal, sem surpre-

sa, passou pela primeira vez para a

frente do marcador a oito minutos

do fi m, através de uma penalidade

Portugal volta a ser medíocre, oferece empate à Espanha e está quase fora do Mundial

deiro esforço e, na última jogada,

receberam um brinde: um jogador

português fez uma falta infantil e Co-

rey Simpson, ao contrário de Pedro

Leal, não falhou.

Portugal oferecia o empate à Es-

panha e deitava fora dois pontos que

colocam os Lobos praticamente fora

do Mundial 2015. No próximo ano,

terão de fazer uma segunda volta

perfeita para conseguir o passaporte

para Inglaterra. Mas isso, com quase

toda a certeza, já não será trabalho

para Errol Brain.

de Pedro Leal (9-6). Com mais um

jogador em campo (Matthew Cook ti-

nha sido excluído por 10 minutos), os

Lobos tinham a indispensável vitória

na mão e, aos 77’, Pedro Leal teve nos

pés uma oportunidade de ouro para

conquistar uma confortável vanta-

gem de seis pontos. No entanto, o

jogador do Direito desperdiçou uma

penalidade fácil — a quinta falhada

por Portugal no jogo — e reacendeu

a esperança espanhola.

Com apenas três minutos para jo-

gar, os espanhóis fi zeram um derra-

RâguebiDavid Andrade

No último jogo da primeira volta da fase de apuramento, a selecção nacional deixou-se empatar na derradeira jogada

Torneio das Seis Nações

País de Gales avassalador, França em último

O País de Gales derrotou, no Millenium Stadium, em Cardiff, a Inglaterra, por 30-3, e conquistou pela

segunda vez consecutiva o Torneio das Seis Nações. A dois pontos de distância dos ingleses, os galeses necessitavam de uma vitória por mais de seis pontos, mas fizeram muito mais do que isso: com uma exibição soberba, alcançaram o maior triunfo de sempre frente à Inglaterra.

No historial de 123 confrontos entre as duas selecções, a vitória mais desnivelada dos galeses era um 25-0, no longínquo ano de 1905. Depois disso, houve um 27-3 (1979), mas nas últimas três décadas o melhor que o País de Gales tinha conseguido frente aos ingleses foi uma vitória por 10 pontos. Ontem, com uma exibição a fazer lembrar o excelente Mundial

de 2011, a equipa comandada interinamente pelo treinador Rob Howley humilhou a Inglaterra e fez a festa em casa. Os galeses, que acabaram a partida com 63% de posse de bola, marcaram dois ensaios, pelo ponta do Cardiff Blues Alex Cuthbert, e a eficácia de Halfpenny e Dan Bigger, na transformação de penalidades e conversões, fez o resto.

No jogo que abriu a última jornada, a Itália derrotou, em Roma, a Irlanda, por 22-15, e escapou ao último lugar. Na partida que encerrou a prova, a França precisava de uma vitória por mais de 16 pontos contra a Escócia para entregar a última posição à Irlanda, mas os franceses ganharam por 23-16 e, pela primeira vez desde que a Itália entrou para o torneio, ficaram no último lugar. D.A.

Page 43: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | 43

ESPAÇOPÚBLICOCARTAS À DIRECTORA

Que país é este?

Todos os dias somos bombardeados

com as mais negativas informações

de que estamos a envelhecer da

pior maneira e em condições

cada vez mais desumanas. Que

o país está cada vez mais velho.

Que não há renovação. Que não

há nascimentos. Que não há nada

de positivo para uma normal

sustentação vivencial num país

que, apesar possuir paradisíacos

jardins e mansas águas mil, é um

autêntico infernal deserto para a

grande maioria da população.

Assim, depois dos mais novos

e válidos compatriotas serem

obrigados (enxotados) a procurar

o sustento fora de portas, uma

notícia televisiva deixou-me ainda

mais angustiado: que o número de

suicídios em Portugal nos últimos

tempos cifra-se em 5 mortes por

dia, o que equivale a 1800 pobres

concidadãos que anualmente

As cartas destinadas a esta secção

devem indicar o nome e a morada

do autor, bem como um número

telefónico de contacto. O PÚBLICO

reserva-se o direito de seleccionar

e eventualmente reduzir os textos

não solicitados e não prestará

informação postal sobre eles.

Email: [email protected]

Contactos do provedor do Leitor

Email: [email protected]

Telefone: 210 111 000

deixam de pertencer ao rol dos

vivos. Pergunto: que país é este

que expulsa tantos milhares de

conterrâneos e leva ao suicídio

tanta gente sem esperança?

José Amaral, Vila Nova de Gaia

Concessões de transportes ferroviários

Eu sou um dos vários milhares

de ferroviários e ferroviários

reformados que benefi ciavam

de concessões de transportes

ferroviários, as quais nos foram

agora retiradas pela lei do

Orçamento. Sobre este tema, quero

tecer algumas considerações, que

deixo à atenção de quem as ler:

— As concessões de transporte

ferroviário atribuídas aos

ferroviários são um salário em

espécie. Este procedimento é

comum a muitas empresas no

nosso país — telecomunicações

móveis, fornecimento de

energia, banca, agências de

viagem, transporte aéreo, etc.

— algumas das quais vêm já do

anterior regime. No que respeita

ao caminho-de-ferro, esta é

uma situação internacional,

que funciona com base na

reciprocidade entre empresas.

— Esta utilização do comboio integra

o “efeito imitação”, ou seja, quanto

maior for esta utilização, maior será

o interesse das pessoas em imitar os

utilizadores e em experimentarem

também o comboio.

— As concessões utilizadas pelos

trabalhadores da Refer são pagas

à CP por aquela empresa. A

proibição do Governo, podendo

signifi car alguma poupança para a

Refer, signifi ca uma diminuição da

ocupação e da receita para a CP.

Por outro lado, a lei do Orçamento

consagra um largo conjunto de

utilizações gratuitas do comboio,

atribuídas a pessoas/entidades que

nada têm a ver com o caminho-

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

de-ferro, que apenas servem de

poupança para o Governo.

— Se os comboios estivessem tão

cheios de ferroviários e familiares

que difi cultassem a entrada de

outros clientes, bastaria atrelar

mais carruagens ao comboio para

resolver o problema.

— Os custos de funcionamento

do comboio, maioritariamente

fi xos, são quase os mesmos quer

o comboio circule cheio ou vazio.

Retirar-lhe passageiros e receitas

conduz, naturalmente, ao aumento

do défi ce de funcionamento da CP.

Os ferroviários, nomeadamente

os reformados, além de tudo o

que já perderam, vêem-se agora

também privados da possibilidade

de se deslocarem gratuitamente

de comboio, para muitos um meio

insubstituível, para acederem

a cuidados de saúde, contactos

familiares, negócios, lazer,

cultura, etc.

Francisco Abreu, Lisboa

O cobrador de impostos

O anterior director-geral de Con-

tribuições e Impostos é hoje

ministro da Saúde.

Muitos pensarão que este

percurso é estranho e não faz

sentido nenhum.

Como é que um cobrador de

impostos pode ser designado

para gerir a política de Saúde

do país?

Compreendo as dúvidas, mas, em minha

opinião, aquele percurso faz todo o sentido.

O dr. Paulo Macedo não foi designado

ministro da Saúde para gerir a política de

Saúde. Disso, ele sabe pouco.

Foi designado ministro da Saúde pelo seu

sucesso na cobrança de impostos, quando

esteve no Ministério das Finanças.

O que se pediu ao dr. Paulo Macedo não

foi uma visão inovadora da política de

Saúde. Era pedir de mais.

O que se lhe pediu foi para gastar menos.

É isso que o ministro tem feito.

Se lhe falta dinheiro para atingir as metas

da troika, reduz os preços e as margens aos

fornecedores e as comparticipações aos

doentes.

Mas isto não é política de Saúde.

Isto não é mais do que uma forma

indirecta de arrecadar impostos e sem

qualquer controlo da Assembleia da

República.

Como o Ministério da Saúde é o principal

consumidor de serviços de saúde e tem o

poder legislativo nas mãos, nem precisa de

pensar a fundo nas questões.

Aumenta a receita e reduz a despesa

sempre que quiser e na medida em que

quiser.

O ministro Paulo Macedo é mestre

nesta “política” de cobrar impostos e não

revela a menor preocupação com as suas

consequências nos sectores económicos e

profi ssionais da área da Saúde.

Mas a política mede-se pelos seus efeitos.

Ora, o ministro Paulo Macedo está a

deixar atrás de si um rasto de destruição em

diferentes sectores da área da Saúde.

Herdou uma rede de farmácias

equilibrada e de qualidade, em que a

população confi ava.

Transformou-a em menos de dois anos

num sector em processo acelerado de

destruição: 300 milhões de dívidas aos

fornecedores,

1.600 farmácias

com suspensão

de fornecimentos

e 250 farmácias

em processos

de insolvência e

penhoradas.

É este o saldo

da sua governação

em relação às

farmácias.

Confrontado com

a crise, fi nge que

não percebe ou que

não tem nada a ver

com isso.

Tem medo do

diálogo e refugia-se

no silêncio.

Mais grave do que

isso, não revela em

relação aos sectores públicos da Saúde que

tutela a mesma arrogância que revela com

os sectores privados.

O consumo hospitalar de medicamentos,

por exemplo, que está sob a sua gestão, é hoje

exactamente igual ao consumo verifi cado

quando o actual ministro tomou posse.

Paulo Macedo foi designado ministro da Saúde pelo seu sucesso na cobrança de impostos

Não poupou até hoje um único cêntimo

nesse consumo, apesar de constituir uma

despesa pública anual na ordem dos mil

milhões de euros.

O ministro Paulo Macedo é um dos

heróis da troika, mas esse heroísmo, muito

apreciado por autoridades estrangeiras, não

corresponde aos interesses do país.

Deixa atrás de si um sistema de saúde

em regressão, em crise de organização,

em crise de valores, menos solidário,

pior, portanto, do que aquele que

encontrou.

Deixa um Serviço Nacional de Saúde à

deriva, com profi ssionais desmotivados e

sem esperança no futuro.

Ainda não se percebeu quais são as linhas

orientadoras da política deste Governo em

relação à Saúde.

Este ministro só vê troika e défi ce

público. E o pior é que vê de mais.

Não se percebe o ar distante e arrogante

que exibe diariamente aos portugueses.

Possivelmente ainda não se apercebeu

que já não é director-geral de Contribuições

e Impostos.

Presidente da Associação Nacional de Farmácias

Tribuna Política de SaúdeJoão Cordeiro

Page 44: 17 Março - PÚBLICO

44 | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

Já nem o Papa é europeu

1.Que me lembre, houve nos

últimos anos dois momentos em

que os experimentados e cépticos

jornalistas europeus (e de outras

paragens) bateram palmas no

fi m de uma conferência de

imprensa. Espontaneamente

e sem remorso. Na primeira

conferência de imprensa do

Presidente Obama, quando, em

Abril de 2009, veio a Londres participar

na sua primeira cimeira do G20. Ontem,

no fi nal do encontro do novo Papa com

os jornalistas que cobriam os últimos

acontecimentos do Vaticano. Obama era

uma tremenda lufada de ar fresco e uma

fonte de inspiração onde cada um podia

projectar as suas expectativas, ao ponto de

fazer esquecer que ele era, antes de mais, o

Presidente dos Estados Unidos da América.

A eleição do Papa Francisco transformou-se

num acontecimento inspirador, ao ponto

de fazer esquecer que ele é, acima de tudo,

o chefe da Igreja Católica. Com Obama,

a América provou a sua extraordinária

capacidade de renovação. Com Francisco, a

Igreja Católica mostrou que compreende o

mundo em que vive e está disposta a mudar.

O novo Papa vai acabar por desiludir muita

gente. Reformar uma Cúria em decadência,

maioritariamente europeia, fechada sobre

os seus privilégios e entretida em lutas de

poder muito pouco cristãs, é uma tarefa

hercúlea. Teve um poderoso aliado em

Bento XVI, cuja renúncia não vai permitir

que tudo fi que exactamente na mesma.

Obama foi o primeiro Presidente negro

dos Estados Unidos. Francisco é o primeiro

Papa que veio “do fi m do mundo” e que

é um jesuíta. São sinais poderosos que

nos interpelam. São acontecimentos

vividos à escala global e em directo,

graças a cobertura mediática. O novo

Papa mostrou que compreende a função

dos media, oferecendo uma sucessão de

gestos simples que pretenderam mostrar

ao que vinha e o que queria: “Uma Igreja

pobre e dos pobres”. É impossível fi car-lhe

indiferente. É impossível não refl ectir sobre

o signifi cado político da sua escolha. Que

nasce de uma nova ruptura. A primeira foi a

escolha do primeiro Papa não italiano, que

veio do Leste e que precedeu a queda do

Muro de Berlim e a unifi cação da Europa.

“Com João Paulo II, a Santa Sé deixou de

parecer um clube de italianos”, escreve a

Economist. A segunda ruptura começou

com a resignação de Ratzinger, que não

desistiu apenas de mudar a Cúria, da

qual fez parte quase toda a sua vida, mas

desistiu também de uma Europa que via

como cada vez mais desprovida de valores.

Com o seu gesto abriu as portas à escolha,

pela primeira vez em mais de mil anos, de

um Papa que não é europeu. Este é mais

um sinal indesmentível de que o Velho

Continente está a ver o mundo passar-lhe

ao lado sem sequer dar por isso, mesmo

quando os sinais vêm da cidade onde foi

assinado o Tratado de Roma.

2. Enquanto olhávamos para Roma e

para o seu novo bispo, os líderes europeus

reuniam-se mais uma vez no tristonho

edifício Justus Lipius de Bruxelas para

uma cimeira que não gerou qualquer

expectativa. Com a Europa em recessão,

com os países do Sul mergulhados numa

crise económica e social que não pára

de se agravar, com as eleições italianas

a constituírem o último e mais sério

aviso do preço político que está a ser

pago pelos programas de austeridade,

a cimeira foi um não-acontecimento.

Serviu para mais do mesmo. Ou seja,

para mais um exercício de retórica sobre

a necessidade de conciliar austeridade

e crescimento, absolutamente vazio no

que toca à segunda parte da equação.

Já se sabia que iria ser assim. Berlim já

tinha avisado que não haveria qualquer

alteração real de estratégia. Reconhecer

que os programas de ajustamento estão

a falhar clamorosamente em Portugal

ou na Grécia e que a austeridade está a

penalizar brutalmente a Itália e a Espanha

não é coisa que as autoridades de Berlim

e os seus amigos do Norte tencionam

fazer, pelo menos no curto prazo. As

gesticulações de Christine Lagarde ou

de Durão Barroso sobre os resultados

desta estratégia, por enquanto não

passam disso. Nem sequer têm o mínimo

efeito nas avaliações da troika aos países

intervencionados, cujos representantes

continuam diligentemente a debitar o

mesmo discurso e as mesmas receitas.

E nem vale a pena deitar foguetes com a

possibilidade de prolongar por mais um

ano o cumprimento

das metas do

défi ce ou alguma

abertura para

alargar os prazos

de pagamento

dos empréstimos.

Isso não signifi ca

nenhuma mudança

política, mas apenas

a constatação de

que o cumprimento

nas datas previstas

era pura e

simplesmente

impossível

graças aos erros

clamorosos dos

próprios programas

e ao total falhanço

das suas previsões.

Nem o tempo a mais

É impossível não reflectir sobre o significado político da escolha do Papa

chega para resolver alguma coisa, nem a

mesma política dará diferentes resultados.

“Os factos são muito teimosos. Quando os

factos mudam, ou se tornam mais claros,

as políticas têm de ser ajustadas”, escrevia

Timothy Garton Ash na sua última coluna

do Guardian, que é também um apelo à

Alemanha para que faça alguma coisa em

nome do seu próprio interesse.

Podemos não estar de acordo com tudo

aquilo que Jean-Claude Juncker disse na

entrevista à Spiegel da semana passada

quando comparou a actual situação da

Europa com 1913. Mas historiador britânico,

embora um pouco mais optimista, não

resistiu à mesma comparação. “É pura

coincidência que a Alemanha enfrente

este desafi o quando nos aproximamos do

centésimo aniversário de 1914; mas é uma

coincidência que revela uma histórica

oportunidade (…). Vá lá, Alemanha, agarra

aquilo que Fritz Stern chamou uma vez

a tua histórica segunda oportunidade e

utiliza-a bem”.

3. Já nem Vítor Gaspar parece acreditar

no que está a fazer. Imagina-se o que lhe

terá custado apresentar, na sexta-feira,

os resultados da sétima avaliação e as

previsões subsequentes. O primeiro-

ministro, que continua a falar como se

fosse o chefe de uma empresa, só se

lembrou de dizer que é preciso derrotar

as previsões. Como? Há formas de o fazer.

Mas não, certamente, aquelas que ele tem

defendido.

O problema é que, às vezes, as coisas

têm mesmo que mudar, como o prova a

escolha do novo Papa. E o que foi exposto

pelo ministro das Finanças sobre a

realidade portuguesa mais a pobreza de

Conselho Europeu podem acabar por abrir

as portas a uma crise política de resultados

imprevisíveis. As autárquicas estão à

porta e os partidos da coligação que nos

governa fi carão cada dia mais nervosos.

António José Seguro resolveu anunciar que

“rompia” com o Governo, numa súbita

radicalização do discurso cuja lógica só

pode estar na sua própria fraqueza. O que

havia de dizer no mesmo dia em que uma

sondagem (da Católica para o DN, a Antena

1 e a RTP) revelava um empate técnico

entre PSD e PS, mesmo que a favor do

segundo? Outras sondagens dão resultados

diferentes, é verdade. Mas quase todas

elas mostram uma verdade incontornável:

o PS não consegue ser percebido pelos

eleitores como uma alternativa. As pessoas

estão a precisar urgentemente de alguma

coisa que lhes devolva a esperança e não

há o mais ligeiro sinal de que isso possa

acontecer. Aqui ou em Bruxelas. Mesmo

para uma Europa desenvolvida e laica, o

Papa Francisco é mais inspirador do que

qualquer líder europeu.

Jornalista. Escreve ao domingo

MAX ROSSI/REUTERS

Mesmo para uma Europa desenvolvida e laica, o Papa é mais inspirador do que qualquer líder europeu

Teresa de SousaSem fronteiras

Page 45: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | 45

Economia do bem comum — modelo alternativo?

1. Quando, perante uma situação

insuportável, na Igreja ou na

sociedade, no âmbito teológico

ou político, se diz que não há

alternativa, é sinal de que a

ditadura não anda longe. Se não

for passagem para uma possível

superação, o simples jogo dos

“prós e contras” não passa de um

entretém. O importante é uma

arquitectura que supere e integre o que existe

de fecundo entre posições que enlouquecem

no isolamento ou no choque frontal.

Na Doutrina Social da Igreja (DSI) (1), o tema

do bem comum é incontornável. Para João

Paulo II, constituía mesmo o seu ponto-chave.

Para Friedrich A. Hayek, o bem comum

é um conceito primitivo que remonta aos

instintos ancestrais de tribos de caçadores,

no tempo em que as pulsões colectivistas

dominavam a consciência humana.

Ao contrário deste célebre autor, a noção

de justiça social e de bem comum têm

outras fontes, bíblicas e greco-romanas,

alimentadas por alguns Padres da Igreja.

Tomás de Aquino, na linha de Aristóteles,

deu a este conceito a função de princípio da

sua arquitectura ético-política.

Já Santo Agostinho (2) via que a questão

social não se resolve com falsos elogios à

caridade: “não devemos desejar que haja

indigentes para poder exercitar as obras

de caridade. Dás pão ao faminto, mas

melhor seria que ninguém passasse fome

e não fosse necessário socorrer ninguém.

[…] Todas estas acções são motivadas pela

misericórdia. Esquece, porém, os indigentes

e logo cessarão as obras de misericórdia;

mas acaso se extinguirá a caridade? Mais

autenticamente amas o homem feliz a quem

não há necessidade de socorrer; mais puro

será este amor e muito mais sincero. Porque,

se socorres o necessitado, desejas elevar-

te acima dele e que ele te fi que sujeito,

porque recebe de ti um benefício. O

necessitado, tu o ajudaste por isso te crês

como superior aquele a quem socorreste”.

No pensamento de Tomás de Aquino,

recolhido na DSI, o princípio dos princípios é

o destino universal dos bens, que não impede

a propriedade privada, mas não faz dela um

absoluto. É, precisamente, o conceito de bem

comum que integra os direitos e os deveres

das pessoas, num todo, sem excluir ninguém.

Pertence à virtude da justiça garantir que

os direitos e deveres de uns não neguem os

direitos e deveres de outros.

2. Jacques Maritain (3) teve o mérito de, nos

anos 40, obrigar a debater as relações entre a

pessoa e o bem comum, não como excluindo-

se, mas como exigindo-se mutuamente. O

primado da pessoa é o primado de todas

as pessoas, não é o privilégio de algumas.

Pertence aos governantes o cuidado do

bem comum, para que a política não sirva

privilégios, mas a justiça.

Michael Novak (4), em pleno triunfo do

liberalismo, lembrou que a democracia

liberal tinha as suas raízes na tradição

judaico-cristã e não na teoria racionalista do

século XVIII. Pretende que a noção de bem

comum é tão familiar aos antigos gregos,

aos Padres da Igreja, como à democracia

norte-americana. Matéria de discussão. De

qualquer modo, estamos longe de fazer da

noção de bem comum um primitivismo

sobrevivendo mal na DSI.

3. Christian Felber (5) é uma personalidade

singular. Professor de Economia na

Universidade de Viena, escreve sobre

Economia e Sociologia, sem deixar de ser

bailarino de dança contemporânea. É membro

fundador do movimento de justiça global

Attac, na Áustria, e iniciador da denominada

Banca Democrática. Com um grupo de

empresários de sucesso, Felber desenvolveu

um modelo conhecido como Economia do Bem

Comum ou Economia do Bem-estar Público,

como alternativa teórica ao capitalismo de

mercado e à economia planifi cada.

Este tipo de economia deve reger-se por

uma série de princípios básicos: confi ança,

honestidade, responsabilidade, cooperação,

solidariedade, generosidade e compaixão,

entre outros. Para os seus defensores, as

empresas que se guiarem por estes valores

deveriam obter vantagens legais que lhes

permitissem sobreviver onde imperam as leis

do lucro e da competição.

Hoje em dia, mede-se o êxito económico

por indicadores monetários: produto interno

bruto e lucros que excluem os seres humanos

e o seu meio ambiente. Estes indicadores

não dizem se há guerra, ditadura, destruição

do meio ambiente, etc. De igual modo, uma

empresa que obtém lucros — e deve-os obter

— não diz em que condições vivem os seus

trabalhadores, o que

produzem, ou como

o produzem.

Pelo contrário,

o balanço do bem

comum de uma

empresa mede-se

pelo modo como

nela se vive: a

dignidade humana,

a solidariedade,

a justiça social, a

sustentabilidade

ecológica, a

democracia com

todos os que nela

participam e com os

seus clientes.

Tudo isto poderia

ser apenas o mundo

de boas intenções.

As suas realizações em vários países mostram

que são possíveis alternativas ao capitalismo

de mercado e à economia planifi cada.

O que Felber diz das abissais desigualdades

de salário na Alemanha, onde os altos

executivos ganham 5.000 vezes mais do que

o salário mínimo legal, deveria ser proibido

por lei. Não só na Alemanha (www.economia-

del-bien-comun.org).

1) Compêndio da Doutrina Social da Igreja, Principia,

2005; 2) Sobre a Epístola de S. João aos Partos, Tratado

VIII, n.º 5; 3) La Personne et le Bien commun, 1946; 4)

Free Persons and the Common Good, Madison Books,

1989; 5) La economía del bien común, Versão Kindle, 2012

Escreve ao domingo

Quando se diz que não há alternativa, é sinal de que a ditadura não anda longe

Frei Bento Domingues O.P.

Ver e ler um livro

Como ex-aluno de dez anos do

colégio inglês (como se chamava

ao St. Julian’s, em Carcavelos,

não havendo outro digno de tal

adjectivo), foi uma experiência

sobredeterminada, por assim

dizer, ler a espertíssima

reportagem de António

Rodrigues, saída no Ípsilon

de anteontem, sobre Building

Stories, a caixa com 14 volumes de banda

desenhada desenhada, escrita e concebida

por Chris Ware. Encomendei o caixote em

Outubro do ano passado. A amazon.co.uk

oferecia-a por dezanove libras: menos onze

do que custava nas livrarias do Reino Unido.

Só que custou mais imprimir e distribuir o

conjunto de cadernos e cartolinas, publicado

pela Jonathan Cape (que já foi uma editora

gloriosa) do que vendê-lo.

Durante dois meses, a amazon mandou-

me mails a adiar o envio de Building Stories,

protestando que a culpa não era dela.

Suspeito que a culpa era da editora, que

deve perder dinheiro com cada caixa.

Building Stories chegou só em Janeiro

deste ano. Era um presente para a Maria

João. Tanto ela como eu abrimos a caixa

e folheámos os panfl etos que contém.

Mas já estamos para além dos meados de

Março e nem ela nem eu lemos mais do

que pedacinhos do que está lá escrito e

desenhado. O caixote é um convite. Um

livro é um livro, por muito fragmentado

que seja: anteontem li, sem poder parar,

o romance disfarçado de digressões que é

Elizabeth Costello, escrito através de ensaios

coligados por J. M. Coetzee.

É bom poder ler o que é escrito para ser

lido. Senão...

Miguel Esteves CardosoAinda ontem

BARTOON LUÍS AFONSO

Page 46: 17 Março - PÚBLICO

46 | PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013

A saúde não pode ser low cost

Ouvi, há tempos, um

interessante programa de

debate sobre o tema da saúde

em Portugal. Nele intervinham

admiráveis líderes de opinião.

Aquilo que nos vieram dizer é

que “tal como está, será difícil

aguentar”. Talvez “cortar

gorduras”, talvez “fazer pagar

uma parte ao utente”, etc., etc.

Todos nós, de uma forma ou de outra,

comentamos sobre os serviços de saúde,

damos “dicas”, exigimos. Mas, quanto a

cortes, teremos que admitir que a Saúde

não deve ser low cost, não se pode cortar

no conforto. O conforto faz parte do

tratamento. Não se pode, por exemplo,

levar a comida e a roupa de casa para o

hospital!

Foi no sentido de contribuir com

ideias para este debate, que é europeu,

que apresentamos à Comissão Europeia

um documento intitulado Fair Cost

Health Care. Trata-se de um contributo

português, subscrito por dois médicos e

um engenheiro, para um debate europeu e

nacional. Tivemos, também, o cuidado de

o enviar ao nosso Governo e à Assembleia

da República.

Este pequeno documento apresenta

seis áreas para baixar custos da saúde na

Europa, ao mesmo tempo que pretende

melhorar a qualidade. Seis áreas que

podem resumir-se em três pontos:

gestão de projetos, inovação disruptiva e

polimedicação.

A gestão dos projetos, em oposição

à atual “massifi cação”, parece trazer

racionalidade na gestão; a inovação

disruptiva traz poupanças de efi cácia

tecnológica; o controlo da polimedicação

benefi cia os doentes, diminui a poluição

do ambiente (águas e solos) e baixa,

grandemente, os custos. Em Portugal,

a título de exemplo, o consumo médio

per capita acima dos 65 anos é de sete

medicamentos (estudo feito, em 2010,

pela da Faculdade de Farmácia de

Lisboa). Como comparação, nos EUA, é

de 6,5 medicamentos, sendo esta situação

responsável por 28% dos internamentos

hospitalares.

Temos de ver que o mundo mudou muito

desde o pós-guerra, do qual saiu o modelo

social europeu com serviços de saúde

dependentes do Estado, gratuitos e de cariz

universal.

No mundo mais avançado estas

estruturas sofreram evolução. Há novos

paradigmas sociais, económicos, científi cos

e médicos, aos quais nos devemos adaptar.

O tema é tão extenso que hoje vou

concentrar-me, apenas, num aspeto, dado

que se debate o futuro do Serviço Nacional

de Saúde. Teremos que estar atentos às

experiências concretas que nos chegam

dos países mais avançados. Na Suécia, por

exemplo, onde mais se investiu no Serviço

Nacional de Saúde, é agora permitida

a liberdade de escolha, um designado

“sistema de saúde controlado pelo doente”

(Ministério da Saúde e dos Assunrtos Sociais

da Suécia, Agosto de 2009). Neste sistema

é dado ao utente a liberdade de escolher o

seu prestador, ou seja, o Governo atribui

aos cidadãos o direito de escolher o médico,

o hospital público ou privado, na utilização

da verba disponível para cada doente.

Ora, este sistema parece-nos muito

semelhante à nossa ADSE, que funciona e

tem uma experiência de muitos anos. Não

tem listas de espera, que é uma mais-valia,

tal como o sistema das Forças Armadas, da

GNR, da PSP. Alivia

o Serviço Nacional

de Saúde, torna os

seus utilizadores

mais responsáveis

pelos gastos.

O programa sueco

tem, ainda, quatro

pontos importantes,

passando

grande parte da

responsabilidade

para os cidadãos: o

doente deve obter

consulta, pelo

menos telefónica,

no próprio dia, a

espera máxima é

de sete dias e os

doentes deverão

ter acesso aos seus

dados clínicos pela

Internet. O Governo

suportará os custos

de ter informação

de qualidade para

o público em

geral, através de

uma página web, e

apoia a Comissão

Europeia a

incentivar o direito

dos europeus a

poderem tratar-se noutros países da União.

O plano eHealth da Comissão é, também,

apoiado, incluindo a receita eletrónica

entre diferentes países.

O ministro Göran Hägglung não é

nenhum inconsciente e nós portugueses

não somos menos que os suecos e os outros

cidadãos europeus. Temos, como diz o

nosso fi lósofo José Gil, “tendência a ver

só o que se passa à nossa porta” e a troika

também parece ter vistas curtas.

Cirurgião cardiovascular CEO da Iberia Advanced Healthcare Presidente da Altec – Associação de Laserterapia e Tecnologias Afins

Na Suécia, onde mais se investiu no Serviço Nacional de Saúde, é agora permitida a liberdade de escolha, um designado “sistema de saúde controlado pelo doente”

Debate Cortes na SaúdeAntónio Lúcio Baptista

A Bíblia hebraica revisitada

1. Assim como os fi lósofos

escreveram a Filosofi a grega,

também os profetas escreveram

a Bíblia hebraica. Eis o paralelo

que se pode estabelecer a partir

da revolução paradigmática dos

estudos exegéticos, sobretudo

protestantes de língua alemã,

relativos aos seus cinco primeiros

livros, o Pentateuco, revolução

essa que desencadeou a partir de 1975 e de

que dá fé, em língua acessível a latinos, o

livro organizado pelo suíço Albert de Pury,

Le Pentateuque en Question. Les origines et

la composition des cinq premiers livres de la

Bible à la lumière des recherches récentes,

Labor et Fides, 1989, em que colaboram

os principais obreiros desta renovação

espectacular.

2. Na Bíblia hebraica, além desses cinco

livros contando a pré-história lendária

dos antepassados Abraão e Moisés, segue-

se noutros cinco a história da monarquia

inaugurada por David (por volta do ano

1000 antes da nossa era tomou Jerusalém

e fez dela a sua capital) e que terminou em

587 com a derrota de Judá e Israel face aos

caldeus da Babilónia. Depois vêm os livros

dos grandes profetas, Isaías, Jeremias,

Ezequiel e mais uns tantos menores,

fortemente críticos da falta de justiça social

dos monarcas e que reclamam falar em

nome do próprio Deus de Israel, Yahvé.

Durante o século XX, pensou-se que, das

quatro redacções de que o Pentateuco é

composto, a primeira era do tempo do

rei Salomão, fi lho de David, a segunda

contemporânea dos profetas do século

VIII, a terceira o livro dito Deuteronómio

em grego, de cerca de 640, e a quarta já no

século V provavelmente, após a restauração

de Israel, na paz de vassalos que os persas

lhe garantiram entre vencerem os caldeus

em 539 até serem derrotados por Alexandre

em 331. Esta última mão fez o acabamento

do Pentateuco, a chamada Tora, a Lei de

Moisés que ainda hoje é lida solenemente

nas sinagogas.

3. O argumento fundamental da

revolução paradigmática é este: nenhum

dos Profetas fala de Abraão, de Moisés, da

saída do Egipto, da aliança e outorga dos

10 Mandamentos no Sinai, o que implica

necessariamente que os textos que contam

essas lendas foram escritos apenas depois

dos textos dos profetas, o primeiro dos

livros do Pentateuco sendo o Deuteronómio,

o tal de 640. Explica-se assim, exemplo

importante, que apareça por duas vezes,

no cap. 12 do Génesis e no início do Êxodo, a

fi gura antropologicamente impossível dum

Deus sem povo que escolhe um: primeiro o

seu antepassado Abraão, depois o seu líder

libertador Moisés; trata-se, pois, de uma

fi gura teológica, que é a grande invenção

profética, com o motivo da aliança – fabulosa

fi cção! – que Yahvé estabeleceu no deserto

com o povo mediante Moisés, outorgando os

10 Mandamentos; o Deuteronómio prossegue

com vários capítulos de leis que reformam

o sistema de culto e estabelecem um direito

comum cuja pérola é “que não haja pobre no

meio de ti” (cap. 15, 4): a lógica da aliança é

que, se o povo for fi el à justiça da prática da

lei, Yahvé garante-

lhe a paz face aos

inimigos. Esse texto

foi usado pelo rei

Josias para encenar

essa aliança (2.º livro

dos Reis, cap. 22-23),

tendo os Profetas

concluído que a

derrota de 587 veio

da infi delidade de

reis e povo.

4. Por que

é que essa cena-

fi cção se passa no

deserto? Havia já

três séculos e meio

de monarquia

em Israel, com

agricultura e muitos

usos e costumes

arreigados. A cena

passa-se antes

desses usos, no

deserto não há

agricultura, o

povo está como

que nu diante de

Yahvé: trata-se da

operação fi losófi ca

de redução da realidade social — um tipo

específi co da Bíblia — para deixar à vista

apenas a questão ética e espiritual da

aliança, deixar sobressair a origem divina

das leis que os profetas propõem. E é onde

se pode estabelecer um paralelo com os

fi lósofos, nomeadamente é possível fazer

Trata-se de fazer da separação entre o Céu e a Terra a medida ética quase infinita duma formidável reforma política da cidade dos humanos

Tribuna Filosofia e religiãoFernando Belo

Page 47: 17 Março - PÚBLICO

PÚBLICO, DOM 17 MAR 2013 | 47

GIL COHEN MAGEN/REUTERS

uma comparação com a República de

Platão, mutatis mutandis: em ambos os

casos – formas ideais celestes e Yahvé – se

trata de fazer da separação entre o Céu e a

Terra a medida ética quase infi nita duma

formidável reforma política da cidade dos

humanos, cada um reinventando a origem

das suas respectivas sociedades: a origem

justa da polis no fi lósofo, o deserto ancestral

no profeta.

5. Tiro três consequências apenas: a)

Torna-se possível distinguir claramente

a Bíblia hebraica – a referência maior dos

judeus – do Antigo Testamento como

parte da Bíblia cristã, onde é apenas uma

“letra” que anuncia um “espírito”, o

Novo Testamento: letra esvaziada do seu

potencial ético-político, subordinada ao

novo “espiritual”. Ou à inglesa, without: a

Bíblia hebraica é a Bíblia com (with) o não

ter (out) o cristianismo. b) A revolução

paradigmática da exegese do Pentateuco

e as consequências fi losófi cas que lhe

acrescentei permitem retomar a primeira

frase deste texto: assim como os fi lósofos

escreveram a Filosofi a grega, também os

profetas escreveram a Bíblia hebraica.

E assim como se pode estimar Platão e

detestar o platonismo, creio ser possível aos

intelectuais judeus que não acreditam no

Yahvé do deserto procurarem, se quiserem,

uma base sólida nos seus antepassados

para se afi rmarem culturalmente. Foi esse

livro e a endogamia que ele preconizou

que permitiu a inverosímil aventura da

Diáspora, com tanta dor e perseguição.

c) Se for verdade que a Bíblia hebraica e

a Filosofi a socrática são os dois pilares do

pensamento ocidental, também para os

intelectuais ocidentais em geral pode ser

uma grande e saborosa novidade que os

alicerces desses pilares sejam dois textos

que pensam a cidade, busquem uma aliança

do pensamento com a justiça.

Filósofo (http://phenomenologiehistorique. blogspot.pt/, Prophètes et Philosophes)

Manter o curso

Após as eleições legislativas

na Itália, uma tese há muito

veiculada em determinados

quadrantes ganhou um

novo impulso: a de que foi

uma política de contenção

orçamental unilateral, imposta

de fora, e não os problemas

internos a conduzir a estes

resultados eleitorais; que este

“curso de austeridade“ teria sido agora

derrotado nas eleições; que o crescimento

se poderia produzir rápida e facilmente

através de programas de despesa,

fi nanciados pelo endividamento.

Esta visão das coisas é duplamente

errada. Em primeiro lugar, apesar das

difi culdades consideráveis, nos Estados

da zona euro particularmente afectados

pela crise foram eleitos precisamente os

Governos que prosseguiram com um sólido

curso de estabilidade nos seus países. Isto

aplica-se a Portugal e à Espanha, assim

como à Irlanda e à Grécia. Inclusivamente

o novo Governo de Chipre já anunciou

reformas estruturais. Mesmo na própria

Itália, Silvio Berlusconi acabou por apoiar

o curso das reformas de Mario Monti, ainda

que tarde e sem grande convicção.

Em segundo lugar, o binómio

“austeridade ou crescimento” pode ser

adequado enquanto argumento político,

mas não enquanto descrição de alternativas

reais. Quem alega que a consolidação e o

crescimento são conceitos contraditórios e

inconciliáveis, também parte do princípio

de que o crescimento só pode resultar de

novo endividamento. Contudo, sabemos

que há muito que as despesas do Estado

alimentadas a crédito podem apenas,

quando muito, acender um “fogo de

palha” conjuntural, mas não constituirão

certamente os fundamentos de uma

retoma sustentável. E mais, perante um

endividamento público sempre crescente,

mais cedo ou mais tarde chega o momento

da verdade, nomeadamente quando os

mercados, enquanto credores, perdem a

confi ança na sustentabilidade da dívida.

Não há nada pior para um Estado do que

enveredar pelo caminho de uma grande

dependência dos mercados fi nanceiros.

2013 poderá vir a ser o mais difícil ano

de crise para a Europa. É verdade que as

reformas começam a mostrar os primeiros

resultados. A confi ança voltou a crescer

nos mercados fi nanceiros, os défi ces

orçamentais e desequilíbrios dentro da

zona euro começam a regredir. Contudo, é

necessário tempo para que este prenúncio

de retoma chegue à economia real. Para

já, a zona euro continua em recessão.

Em alguns países, o desemprego jovem

aumentou para níveis insuportáveis.

De facto, na Europa encontramo-

nos perante a seguinte alternativa: ou

optamos por dar continuidade à nossa

política da tríade equilibrada composta

por solidariedade, crescimento através

de mais competitividade e consolidação

orçamental, ou voltamos a cair na velha e

malograda política do endividamento.

A última alternativa seria fatal, dado ser

indiscutível a existência de uma relação

entre uma política de fi nanças sólidas,

crescimento e emprego. Nos países em que

as regras da solidez não foram devidamente

respeitadas, regista-se hoje o maior nível

de desemprego, uma vez que ninguém

ali investe. Assim, quem recair no velho

padrão do endividamento não contribui

para melhorar nada, mas sim para cimentar

o desemprego em massa na Europa,

durante anos ou mesmo décadas.

Não existem atalhos, nem caminhos

fáceis para o aumento da competitividade,

ainda que o remédio seja frequentemente

amargo. Na

Alemanha também

passámos por

esta experiência.

Agora é decisivo

implementar a

mistura correcta

de reformas

coordenadas entre

si. Necessitam

de tempo, mas

resultam.

Mas tão

importante como

as reformas é não

perder a convicção

de que o remédio

funciona. Por esta

razão, a luta contra

o desemprego,

particularmente

a promoção do

emprego jovem,

tem agora de ter a

prioridade absoluta

na agenda europeia.

Estar desempregado

é uma tragédia

tanto para os

directamente

envolvidos como para a economia do

país. Nenhum Estado se pode permitir

desperdiçar a capacidade de trabalho e a

inspiração dos seus cidadãos.

As reformas para a modernização dos

mercados de trabalho e para a promoção

da mobilidade no mercado de trabalho

continuam a ser prioritárias. Fundamental

é também haver mais investimento na

formação e investigação. A Alemanha pode

ajudar neste âmbito, através de uma estreita

colaboração na formação profi ssional.

Como acontece na Alemanha, deveriam

ser fortemente incentivadas por toda a

Europa – através de um acesso mais fácil

O navio europeu encontra-se actualmente numa situação crítica. Os escolhos mais perigosos foram evitados, mas ainda não alcançámos o porto

GERARD CERLES/AFP

Tribuna União EuropeiaGuido Westerwelle

aos mercados de crédito – as empresas que

pretendem criar novos postos de trabalho.

Os bancos de fomento, como o Banco de

Investimento Europeu, têm aqui um papel

fundamental.

Em toda a Europa temos de ter uma

constante capacidade e disponibilidade

para encetar reformas. Obviamente que

este princípio também é válido para a

Alemanha. Conseguimos atravessar a crise

melhor do que alguns dos nossos parceiros

europeus e há muito tempo que não nos

posicionávamos tão bem como hoje. Isto

deve-se ao facto de termos levado a cabo

atempadamente reformas profundas e

dolorosas e de termos iniciado a política

de consolidação orçamental já no início

de 2010. Desta forma, evitámos cair no

turbilhão psicológico da crise.

Contudo, seria um grave erro pensar

que a Alemanha ganhou uma imunidade

permanente contra crises e que já não

necessita de mais reformas. Convém

relembrar que há pouco mais de 10 anos a

Alemanha ainda era considerada o “homem

doente da Europa”. Por isso, o Governo

federal aposta enfaticamente numa política

sólida de fi nanças públicas, inclusive um

orçamento federal equilibrado em 2014, e

aponta o seu rumo de reforma em direcção

a mais competitividade. Fortalecemos

igualmente a procura, o que favorece as

exportações dos nossos parceiros europeus

para a Alemanha, e oferecemos verdadeiras

perspectivas no mercado de trabalho

alemão para jovens europeus qualifi cados,

pois sabemos que, se os nossos parceiros

europeus estão numa situação difícil, a

prazo, também a economia alemã terá

difi culdades.

O navio europeu encontra-se actualmente

numa situação crítica. Os escolhos mais

perigosos foram evitados, mas ainda não

alcançámos o porto. Não podemos deitar

a perder o que foi recuperado em termos

de confi ança. Temos de reunir as forças

políticas por forma a prosseguir com o

curso da política de estabilidade. Porque

manter o curso trará o retorno.

Ministro alemão dos Negócios Estrangeiros

Page 48: 17 Março - PÚBLICO

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ESCRITO NA PEDRA

“A chave de todas as ciências é inegavelmente o ponto de interrogação”Honoré de Balzac (1799-1850), escritor francês

I S S N : 0 8 7 2 - 1 5 4 8

DOM 17 MAR 2013

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Analista fala da batalha entre os candidatos a sucessores de Chávez p22/23

Região cumpriu metas, mas tem desafi os de ajuste, dizem Finanças p17

Instituição diz que pobreza aumentará e pede “urgente reforço de meios” p12

“Maduro não tem peso específico para ganhar, usa Chávez”

Madeira obrigadaa novas medidasde contenção

Cáritas pede mais apoio para emergências

Totoloto

11 12 21 28 35 1

3.500.000€1.º Prémio

WWW.PUBLICO.PT

O PÚBLICO comemora mais um recorde

Pela primeira vez, o site do PÚBLICO lidera simultaneamente o ranking de visitas e pageviews entre jornais, rádios e televisões generalistas medidos pelo Netscope. Em Fevereiro, o PÚBLICO registou mais de 10,8 milhões de visitas e quase 52,8 milhões de pageviews. O PÚBLICO é há anos o líder em visitas. Com o novo recorde em pageviews ultrapassou o Correio da Manhã, que liderava em páginas visitadas. Esta semana, o site da Fugas ultrapassou os 100 mil fãs no Facebook. Para comemorar, lançamos um passatempo. Conte a sua história com um vinho e ganhe uma garrafa de vinho tinto Diálogo, de 2010, e uma entrada para duas pessoas no Adegga Summer Wine Market.fugas.publico.pt

Os primeiros dias do Papa Francisco em imagens

São sete fotogalerias e dezenas de vídeos que têm como

destaque o Papa Francisco, a comoção no Vaticano, em Roma, em Buenos Aires. As reacções no mundo.publico.pt/multimedia

Base de dados de doutoramentos em Portugal

Base de dados reúne os doutoramentos realizados ou reconhecidos em Portugal entre 1917 e 2010. publico.pt/multimedia/infografia/evolucao-dos-doutoramentos

OPINIÃO

Voltar à tradição

Desde o princípio do

liberalismo (digamos,

1820) que Portugal está

falido ou muito perto

disso. E antes também,

embora a coisa não fosse

tão visível. Mas dali em diante o

“escândalo” nunca mais parou.

“Escândalo” (entre aspas) porque

toda a gente sabia e ninguém

particularmente se importava.

De quando em quando, havia

uma bancarrota para animar

a festa e dar aos políticos um

pretexto para congeminarem um

pronunciamento ou um ameaço

Vasco Pulido Valente

de guerra civil. A vida normal era

esta, até Fontes Pereira de Melo

conseguir fazer aceitar os títulos

da dívida portuguesa na bolsa

de Londres; o que permitiu uma

certa tranquilidade durante 20

anos. De 1892 a Salazar (1928),

voltaram os velhos costumes com

muita pancadaria pelo meio, que

serviu de pouco e nos levou, sem

grande custo, a uma infi ndável

ditadura.

Como é que Salazar se arranjou

para fabricar o Portugal dos

Pequeninos? Muito facilmente:

com o Exército, a GNR, a polícia

de segurança e a polícia política

e, também, a partir de 1936, com

um mundo hostil à sua volta. Esta

obra, tão gabada pelos prosélitos

do regime, implicava a miséria

geral do país. Só que Salazar,

que vira essa miséria desde

que nasceu, não se preocupava

muito com ela. Na sua cabeça de

provinciano e de seminarista, a

miséria era um estado natural,

que não se devia perturbar; e

o “desenvolvimento” (como se

dizia) o princípio do caos e da

subversão. Sempre tenazmente

se opôs a qualquer espécie de

aventura que pudesse tornar

Portugal mais rico. Primeiro,

porque a estabilidade do regime

dependia da pobreza. E, segundo,

porque julgava que um país pobre

seria mais forte e com certeza

mais livre.

O “25 de Abril” queria corrigir

(e depressa) a injustiça do

“salazarismo” e queria, além

disso, em particular quando o

dr. Cavaco chegou a S. Bento,

“modernizar” Portugal. Por que

meios? Pelo aumento da receita

fi scal e pela dívida. Como se

calculará, a receita fi scal fi cou

muito aquém das necessidades da

“modernização” e, devagarinho,

os Governos começaram a

recorrer à dívida. E, como a

“modernização” é, por natureza,

contínua, a dívida acabou por

chegar a proporções que roçavam

a pura loucura. O sr. Gaspar,

que neste momento administra

este irresolúvel sarilho, não tem

muitas saídas (tirando uma fuga

rápida para Bruxelas). Excepto

se imitar o seu antecessor Silva

Carvalho, que numa situação

parecida deitou fogo ao Ministério

das Finanças. Mas com a Internet

é duvidoso que mesmo isso o

salvasse.

PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP