nº 17 - janeiro | fevereiro | março 2016

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Janeiro | Fevereiro | Março 2016 Revista digital * * Irá aprender algo mais sobre cães e lobos *

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Revista digital sobre Cães e Lobos propriedade do Centro Canino Cale de Lobos

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Page 1: Nº 17 - Janeiro | Fevereiro | Março 2016

Janeiro | Fevereiro | Março

2016

Revista digital

*

* Irá aprender algo mais sobre cães e lobos

*

Page 2: Nº 17 - Janeiro | Fevereiro | Março 2016

… e donos responsáveis!

Departamento de Formação do:

Características do Curso

Objectivos do Curso: Formar técnica e cientificamente através da aquisição de conhecimentos sobre Criação Canina, todos os criadores, ou que pretendam vir a sê-lo, na medida em que, este Curso abarca toda esta temática, desde os conceitos de Genética Canina até à entrega do cachorro ao futuro dono.

Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio despendido com o curso: +/- 6 meses ou 500 horas (varia em função da disponibilidade e da aplicação do formando). A quem é dirigido este Curso: Este Curso é dirigido a todos os Criadores Caninos que sintam algumas lacunas no seu conhecimento acerca dos Temas propostos no mesmo. É igualmente dirigido a todos aqueles que pretendam iniciar esta apaixonante e nobre atividade que é a Cria-ção Canina. Perspectivas de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/científica e conhecimento profundo de todos os mecanismos ligados ao processo de Criação Canina. No final do mesmo, o formando fica em condições de, conscientemente, Criar cães, uma vez que está na posse de formação técnica e científica específica necessária para o fazer.

Estrutura Programática (Resumida)

Tema 1 - A Genética Canina Tema 2 - O Período Reprodutivo Tema 3 - A Reprodução Tema 4 - A Gestação Tema 5 - A Patologia da Reprodução Tema 6 - A Alimentação da Cadela gestante Tema 7 - O Parto Tema 8 - A Amamentação Tema 9 - O Desmame Tema 10 - Primeiras etapas do desenvolvimento do Cachorro Tema 11 - Enfermidades do Período neonatal Tema 12 - O Crescimento do cachorro Tema 13 - Desparasitação e Vacinação dos Cachorros Tema 14 - A entrega dos Cachorros Tema 15 - Identificação e Registo dos Cachorros

Curso destinado a todos os criadores, ou potenciais criadores caninos.

www.ccvlacademia.com/curso-completo-de-criaccedilatildeo-canina-online.html

Formamos:

Profissionais competentes...

Page 3: Nº 17 - Janeiro | Fevereiro | Março 2016

Pastor de Maremma Para este número da revista tivemos uma nova colaboradora, a Catarina

Assunção, que nos presenteou com a apresentação de uma raça, praticamen-

te desconhecida entre nós, o Cão de Pastor de Maremma. Aconselhamos viva-

mente que o conheçam melhor num excelente artigo publicado a partir da

página 29.

Mas, temos também que assinalar um facto histórico neste número da revista,

uma vez que, além da Catarina, termos a participação de 5 novos colaborado-

res, o que já não acontecia há bastante tempo, são eles, ou elas: Isabel Vital,

Marta Gomes, Ricardo Capucho, Elsa Fonseca e Diego Oliveira. A todos eles o

nosso muitíssimo obrigado.

Como consequência disso, a variedade dos temas dos artigos apresentados é

também bastante grande, e convidamos os nossos leitores a identificarem os

sinais de calma dos vossos cães, a Elsa Fonseca irá dar uma ajuda; Já tenta-

ram saber porque é que o vosso cão apresenta um determinado comportamen-

to? A Isabel Vital vai ajudar; e stress, eles também têm? A Marta Wadsworth

responde; com a ajuda da Marte Gomes irão comprovar que o acto de brincar é

muito importante para a evolução comportamental dos vossos cães; a nossa

indiferença justificará o sofrimento de alguns animais? O Ricardo Capucho da

Associação Esperança Animal prova que não; será que os cães estão a tomar o

lugar dos filhos que não temos? Mais uma interrogação que será respondida

pelo Diego Oliveira; a forma de encarar a doença oncológica nos cães é idênti-

ca à das pessoas? Vamos ter a ajuda da Catarina para nos explicar; ingerir as

fezes, é um problema do cão ou nosso? Porquê e como resolver? O Ricardo

Duarte vai-nos explicar; acreditam em alguns mitos criados à volta do treino

canino? A Marta Wadsworth irá desmontá-los e, por fim um tema muito polémi-

co, a Vanessa Correia já nos habituou a eles, será a homeopatia uma alternati-

va à medicina tradicional?

Leiam esta revista e obtenham respostas.

Até Abril.

Boas leituras.

Navegue connosco nas ondas da web

Centro Canino de Vale de Lobos

www.ccvlonline.com

Departamento de Formação do CCVL

www.ccvlacademia.com

Departamento de Divulgação do CCVL

Blogue: http://comportamento-canino.blospot.com

Fórum: http://comportamento-canino.forumotion.net

www.facebook.com/CCVL.Academia

Revista Cães & Lobos

www.facebook.com/revistacaeselobos

2

Os cães também têm stress

(Marta Wadsworth)

8

Os animais como doentes

oncológicos

(Catarina Assunção)

12

Coprofagia

(Ricardo Duarte)

16

Compreender o nosso cão (Isabel Vital)

21

A brincadeira no comportamento

canino

(Marta Gomes)

25

O preço da indiferença

(Ricardo Capucho)

29

O Pastor de Maremma

(Catarina Assunção)

35

Sinais de calma

(Elsa Fonseca)

38

Homeopatia para animais

(Vanessa Correia)

43

Os 5 mitos do treino canino

(Marta Wadsworth)

49

Nossos filhos... Os cães

(Diego Oliveira)

51 - Histórias (antigas) de Cães.

55 - Espaço Lobo

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Autoria: Marta Wadsworth

Tens reparado nal-

guma alteração ao

comportamento do

teu cão? Maior

ansiedade ou até

um pouco deprimi-

do? É verdade, os

c ã e s t a m b é m

podem ter stress,

aliás este é um pro-

blema bem mais

comum do que ima-

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Tens reparado nalguma alteração ao comportamento

do teu cão? Maior ansiedade ou até um pouco depri-

mido? É verdade, os cães também podem ter stress,

aliás este é um problema bem mais comum do que

imaginas.

O stress é um mecanismo natural que permite aos

animais sobreviver, hormonalmente e fisiologicamen-

te o animal é submetido a alterações que o permitem

sair de onde está, alterar ou fazer algo diferente, nor-

malmente pela sua sobrevivência.

No entanto, o stress pode tornar-se um grande pro-

blema quando o animal não tem capacidade de esca-

par ou alterar a situação em que está. Um cão, por

exemplo, quando entra em stress e não pode libertar-

se do mesmo de forma "natural" poderá então entrar

numa espiral de problemas que devemos evitar.

Muitas vezes os donos reconhecem sinais de stress

no seu cão quando este já está num estado avança-

do do problema. É importante que possamos conhe-

cer os sinais de stress para que possamos fazer algo,

deste o primeiro momento. (Nota: o contexto em que

são apresentados os sinais que descreveremos de

seguida é muito importante. Daí que sugerimos que

contacte um terapeuta comportamental sempre que

identificar alguns dos sinais e não esteja a compreen-

der a sua causa).

7 Sinais De Stress A Que Deverá

Estar Atento:

#1 Diarreia, obstipação ou outras ano-

malias gastro-intestinais Como poderão calcular, estes são sintomas comuns

de alguma doença ou intolerância alimentar, daí que

no caso de observarem estes sinais a primeira coisa

que deverão fazer será contactar o vosso médico-

veterinário.

No caso de terem procedido às recomendações vete-

rinárias e os problemas persistirem, então poderão

considerar que estes poderão ter origem psico-

somática. Problemas digestivos podem ser causados

por ansiedade, tal como ocorre nos seres humanos.

#2 Ladrar compulsivamente É normal os cães ladrarem, é a sua forma de comuni-

car uns com os outros e com o mundo. Existem cães

que vocalizam menos e outros que naturalmente o

fazem com mais intensidade. No entanto, conhecendo

o nosso cão podemos entender quando o ladrar deixa

de ser natural e passa a ser em demasia, associado a

frequentes repetições.

Ladrar excessivamente pode ser associado a ansieda-

de, confinamento, frustração, falta de exercício físico

ou ansiedade de separação. Um bom teste para

entender se este é o caso que leva o teu cão a ladrar

compulsivamente é dedicares mais tempo a longos

passeios com ele, aumentar o espaço em que está

confinado durante o dia e forneceres-lhe brinquedos

com que possa ocupar o seu tempo.

No caso de cães com ansiedade por separação, caso

identifiques vários sinais que possam apontar para

esta patologia ou não consigas resolver o problema,

contacta um especialista em comportamento canino

para que te possa auxiliar no diagnóstico e tratamen-

to.

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Babar-se ou espumar da boca é algo

muito comum quando os cães viajam

de carro, mas pode também ser obser-

vado como sinal de stress noutras oca-

siões. Novamente, caso vejam o vosso

cão a espumar sem razão aparente

devem logo procurar aconselhamento

veterinário já que pode estar a passar-se algo de gra-

ve.

No caso das viagens de carro, sugerimos que colo-

quem os vossos cães dentro de uma transportadora

apropriada para que não possa ver o que se passa lá

fora e assim aproveitar de uma viagem mais calma.

#3 Tremer incessantemente Se o teu cão não está molhado, com frio ou

dor, então tremer é algo que mostra que

existe um problema que ele está a enfrentar.

Normalmente o stress leva a este comporta-

mento quando o cão é sujeito a experiências com as

quais não foi previamente socializado ou com as

quais não se sente confortável, tais como: viagens de

carro, permanecer em canis, a primeira noite numa

nova casa, visitas ao veterinário, foguetes, trovoadas,

entre outros.

Neste caso, devemos fomentar que o cão volte ao

seu estado normal, acalmando-o com palavras cal-

mas e recompensado quando se acalma. É muito

importante que não se esqueçam que nunca se deve

dar festinhas ou biscoitos quando o cão apresenta

este comportamento já que iremos estar a validar o

seu estado de ansiedade e não a ajudá-lo a acalmar

(o estado que queremos que atinja).

#4 Babar-se Como é óbvio que babar na presença da sua refeição

ou brinquedo preferido não é um sinal de stress com

que nos devamos preocupar. Muito menos quando

este é um comportamento normal do cão ou raça

(dentro de certos limites)

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#5 Urinar ou defecar fora do sítio Um cão treinado e que tenha oportunidades regula-

res de fazer as suas necessidades no local apropria-

do não deve, salvo raras excepções, fazer as neces-

sidades em casa. Incontinência em cachorrinhos não

treinados ou cães idosos com problemas típicas da

sua idade avançada podem ser considerados

"normais", no entanto, na maioria dos outros casos

há que levar ao veterinário para um check-up.

Caso o veterinário apontar para que esteja tudo bem

com o vosso cão, então podemos estar perante um

dos sinais de stress. Um cão que faça as necessida-

des em casa pode fazê-lo por vários motivos, como

ansiedade ou marcação. Este é também um dos sin-

tomas que um cão com ansiedade por separação

pode observar.

Em primeiro lugar é recomendável alterar os seus

horários para garantir que o cão tem oportunidades

regulares e rotineiras (sempre à mesma hora) de ir à

rua. Garanta que está bem ensinado e que sabe que

o lugar correto é fora de casa. Se mesmo assim os

problemas persistirem, contacte um profissional

para o ajudar no diagnóstico.

#6 Lamber ou coçar excessivamente Em primeiro lugar, e tal como vimos nos pontos ante-

riores, deve sempre observar de perto se o seu cão

que lambe ou coça excessivamente uma parte do

do corpo não apresenta nenhuma alergia, ferida ou

inflamação (atenção, as feridas presentes poderão

ser, não a origem do comportamento mas uma con-

sequência do mesmo).

Os cães desenvolvem este tipo de comportamento

como manifestação do seu stress em relação a

determinada situação. Pode ser falta de exercício

físico, falta de ocupação ou estimulação mental, ou

outros problemas comportamentais (ansiedade de

separação, sensibilidade a estímulos, entre outros).

Um sinal muito fácil de observar e que pode também

verificar noutros cães que encontra na rua é o de

lamber o focinho. Um cão que não está confortável,

está stressado, frustrado ou confuso tem tendência

a lamber o focinho (podendo também bocejar,

ambos sinais de ansiedade ou stress).

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#7 Hipervigilância ou agitação Cães stressados podem tornar-se muito agitados,

sem serem capazes de relaxar. Saltam por cima de

tudo e todos, sempre atentos a qualquer som ou

movimento. São cães que estão demasiado alertas,

sempre a seguir os donos ou permanecer longos

períodos de tempo junto às janelas.

Uma forma de poder ajudar o cão a acalmar é per-

mitir que este esteja durante curtos períodos de

tempo (até máximo de 4 horas), confinado num

local calmo, escuro e sem quaisquer estímulos. Tal

irá ajudar o seu cão a acalmar (poderá ficar a ladrar

durante os primeiros minutos mas irá acabar por

acalmar), num espaço em que poderá descansar da

sua profissão de vigília. Nunca o tires desse quarto

ou caixinha enquanto ainda estiver ansioso, pois

isso apenas irá transmitir que se ladrar muito irá

concretizar o seu objetivo de sair.

Para melhorar a sua qualidade de vida, poderás

também encontrar brinque-

dos de estimulação mental e

recompensar o seu compor-

tamento calmo.

Alguns conselhos gerais para ajudar o seu cão a lidar com o stress é

começar por:

Criar uma zona segura em que este possa estar para se refugiar daquilo

que está a temer (tempestades por exemplo);

Faça exercício regularmente com o seu cão, durante um período de tempo

apropriado para que este possa libertar a ansiedade acumulada;

Forneça-lhe brinquedos ou objetos que permitam não só que fique ocupa-

do mas também que possa estimular as suas capacidades cognitivas.

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Autoria: Catarina Assunção

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O departamento de oncologia em medicina veteriná-

ria evoluiu a grande velocidade nas últimas décadas,

no que respeita à leitura e ao entendimento da for-

mação do cancro, do diagnóstico e de técnicas de

tratamento. Em Portugal, existem já algumas clínicas

e diversos profissionais que se dedicam exclusiva-

mente a doentes oncológicos, nomeadamente, ani-

mais de companhia.

Um diagnóstico assertivo, assim como a estanquici-

dade correta de um tumor, são vitais para a escolha

do tratamento mais adequado e para a obtenção de

resultados favoráveis para a qualidade de vida do

animal.

No entanto, a chegada de um diagnóstico com a

palavra “cancro” é sempre devastador e quase sem-

pre irrecuperável no nosso entendimento humano.

Percebemos, enquanto donos, que é algo que veio

para ficar, que vai dar luta, que vai fustigar o organis-

mo do nosso amigo, e que certamente o levará, um

dia.

Mas para que este dia caminhe na nossa direção a

passos pequenos, existem diversos elementos que

devemos ter em conta, e principalmente, estar aler-

ta, no dia-a-dia do nosso animal.

Sinais físicos como: inchaço anormal que persiste

em crescer, uma ferida que não cicatriza, perda de

peso, perde de apetite, apatia geral, dificuldade em

andar, brincar ou eliminar, estão dentro do leque

possível que o animal pode demonstrar. Contudo, a

experiência diz-me que outros sinais, como a copro-

fagia (ingestão das próprias fezes ou de outros ani-

mais) espontânea pode consistir num alerta impor-

tante a ter em conta. Fortes evidências de cancro

podem ainda ser obtidas, e despistadas, através de

exames médicos como radiografias, ecografias e

determinados testes sanguíneos, acompanhados

quer pelo exame físico, quer pelo seu historial médi-

co do animal.

Nos casos em que se diagnosticaram metástases, é

possível utilizar-se tratamento paliativo como quimio-

terapia e analgésicos, sendo que, as premissas no

tratamento do cancro devem ser as de que o animal

não deve sofrer com dor, não deve sofrer com efei-

ser bem nutrido. A quimioterapia é uma palavra que

assusta muitos de nós, porque imaginamos os efeitos

secundários que se conhecem nos humanos, embora

desconhecendo que as doses administradas em ani-

mais são menores e consequentemente os efeitos

são menos frequentes.

A constante exposição dos donos a informação publi-

citada (via Internet, redes sociais, comunicação

social, etc.) sobre novas terapêuticas em humanos,

faz com que obtenham mais conhecimento e conse-

quentemente se tornem mais exigentes no tratamen-

to do seu animal.

Aqui, mais uma vez, a experiência mostrou-me que a

nossa resistência ao impacto do diagnóstico advém

quase 80%, da enorme resiliência e adaptação que

os animais nos demonstram perante a doença

(quase que me faz pensar o quão fraco é o ser huma-

no). Posso afirmar que, talvez o primeiro tratamento

de quimioterapia seja o mais impactante, em parte

porque as nossas expectativas são as piores e as

mais assustadoras, quando na verdade, estar ao lado

do nosso animal naquele momento, pode ser tão ou

mais importante como o dia em que nasceu.

Quanto a casos de cancro de maior prevalência, estu-

dos revelam que, apesar que em países de maior

exposição solar o cancro cutâneo seja o mais eviden-

te, é o cancro da mama (carcinoma mamário, por

exemplo) quem está no topo da lista, sendo a castra-

ção em idade jovem um dos métodos mais eficiente

para o não desenvolvimento da doença.

À parte da prevenção da doença, a questão genética,

associada na maioria dos casos à manipulação que é

exercida pelos criadores em busca das característi-

cas que entendem ser “ideais” de uma raça, e a pres-

são exercida sobre os genes que originam os fatores

de beleza, incluem, cada vez mais, catalisadores

genéticos que podem transportar estas patologias,

concluindo assim que a herança oncológica acaba

por ser herdada em conjunto com os genes.

Presentemente, encontra-se no mercado a vacina do

melanoma como sendo o novo medicamento para

tratamento (preventivo) do melanoma, recentemente

aprovado nos E.U.A. Trata-se de um injetável que esti-

mula o sistema imune do cão a reconhecer as células

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cancerígenas e a destruí-las. Esta nova vacina con-

tém A.D.N. Humano, fazendo com que o sistema

imunitário do cão reconheça esta proteína estranha

e ative uma resposta imune contra ela, mas alarga-

da aos melanócitos (células produtoras de melanina)

tumorais, destruindo-os. Esta tecnologia é totalmen-

te inovadora na medicina veterinária e consiste no

último grande avanço na luta contra o melanoma no

cão e encontra-se disponível no nosso país mediante

importação dos E.U.A. e posterior autorização de

administração pela Direção Geral de Veterinária.

Embora esta seja a doença do século, quer em ani-

mais quer em seres humanos, é também a que mais

avanços significativos têm tido ao nível da investiga-

ção e do tratamento. Quando entrei pela primeira

vez no Centro Veterinário de Berna, na Avenida de

Berna, em Lisboa, com a minha cadela de 12 anos,

resgatada de um canil, cujo diagnóstico oncológico

se demonstrava bastante avançado, nem queria

acreditar quando ouvi falar em sessões de quimiote-

rapia e radiação para cães. Confesso que também

eu entrei naquela sala iludida com os sintomas que

conhecia, com as baixas taxas de sobrevivência, e

consciente da experiência de vida que a minha cade-

la tinha, certo seria que a ia perder para a maldita

doença. Imaginei-a imediatamente sem pêlo e com

vómitos constantes, falta de apetite e apática na sua

almofada. Mas nada disto felizmente aconteceu, ten-

do perfeita consciência que foram estes tratamentos

que nos deram mais um ano e meio de vida juntas.

Esta é também uma das causas de abandono de

animais, onde a impossibilidade financeira de recor-

rer a estes tratamentos, leva a que muitas pessoas

se despojem do seu melhor amigo, na rua, ou em

associações de acolhimento a animais, tornado

assim, esta luta de extrema importância, quer para a

saúde animal quer no livre acesso a todos, destas

novas terapêuticas.

___________________________________________

Fontes: Centro Veterinário de Berna, Lisboa. Centro Hospitalar Veterinário, Porto. www.petcancervaccine.com Instagram.com/thedogist/

Satu, perdeu uma pata devido a um cancro. Fonte, The Dogist

Singa, sobreviveu a um cancro no fígado. Fonte, The Dogist

i Termo refere-se à quimioterapia antineoplásica, um dos tratamentos do cancro onde são utilizadas drogas antineoplásicas. ii Tipo de cancro de pele originado das células produtoras

de melanina.

iii Ácido desoxirribonucleico (A.D.N., em português), é um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéti-cas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos.

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A origem da palavra coprofagia vem do latim,

copros – fezes e fagia – ingestão. Desta forma,

a coprofagia caracteriza-se pela prática da

ingestão de fezes.

Autoria:

Ricardo Duarte

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Embora esta prática exista também nos seres huma-

nos, e seja neste caso caracterizada como uma pato-

logia de ordem psíquica, a prática da coprofagia é

bastante frequente em diversas espécies animais,

como cães, gatos, roedores, insetos, etc. Sendo uma

situação particular e que pode originar diversos pro-

blemas é essencial compreender as suas causas de

forma a prevenir ou a tratá-las da forma mais adequa-

da. Neste sentido, é importante estar atento às pri-

meiras manifestações deste comportamento, de for-

ma a intervir eficazmente.

Esta prática pode ser dividida em três tipos distintos:

Auto-coprofagia: quando o animal ingere as

suas próprias fezes;

Coprofagia intraespecíficas: quando o animal

ingere as fezes de outros animais da mesma

espécie, por exemplo um cão que come as

fezes de outro cão;

Coprofagia interespecífica: quando o animal

come as fezes de outros animais de uma espé-

cie diferente, ou seja, quando um canídeo

come as fezes de um felino.

O grande problema desta prática passa pela possível

transmissão de doenças, provocadas pela presença

de parasitas nas fezes. Um cão que ingere fezes arris-

ca-se a ingerir também parasitas ou bactérias nelas

contidas, que lhes podem causar vários tipos de

doenças, algumas até bastante perigosas. Mesmo os

animais desparasitados podem ser alvo destes peri-

gos, uma vez que o desparasitante atua apenas

quando o animal já esta infetado, e não como medida

preventiva. Para além disso, é importante referir que,

muitos destes parasitas presentes nas fezes dos nos-

sos amiguinhos podem ser transmitidos ao homem, o

que faz desta uma questão se saúde pública.

Embora não existam razões completamente bem defi-

nidas sobre as causas que levam ao desenvolvimento

deste comportamento, talvez devido ao grande núme-

ro das mesmas, pode-se no entanto afirmar que exis-

tem dois grandes grupos, os de ordem nutricional e

os de ordem comportamental.

Os tratamentos para esta prática são variados, uma

vez que o comportamento desenvolvido pode ter

diferentes origens e, acima de tudo, muitas vezes as

causas não se encontram muito bem definidas, o

que pode dificultar a estratégia a adotar. Assim, os

tratamentos podem então ser classificados em qua-

tro classes diferentes: tratamento comportamental,

tratamento ambiental, tratamento médico e trata-

mento nutricional.

Tratamento comportamental: Ao nível comportamen-

tal o tratamento passa por adestrar/ condicionar o

animal de forma a prevenir ou a corrigir este tipo

comportamento. Este condicionamento deve ser

sempre baseado em estratégias indolores e não

punitivas para o animal.

Tratamento ambiental: O fator ambiental é um ponto

bastante importante no tratamento deste comporta-

mento. Neste sentido o espaço onde o animal se

encontra deve ser mantido sempre limpo. Assim,

caso o animal seja mantido num espaço onde lhe é

permitido defecar é recomendável que a recolha das

fezes seja feita com bastante frequência. Para além

disso, existem no mercado algumas substâncias

compostas por enzimas específicas que misturadas

com a comida conferem um sabor bastante desagra-

dável às fezes que resultam da sua digestão, o que

acaba por persuadir a sua ingestão, por parte do ani-

mal.

Tratamento médico: Esta abordagem deve ser tida

em conta especialmente, mas não só, em animais

adultos que começaram a apresentar este tipo de

comportamento após a maturidade. Neste caso os

animais deverão ser submetidos a um check-up

veterinário de forma a despistar eventuais patolo-

gias, como por exemplo diarreias, insuficiência pan-

creática, problemas de absorção de nutrientes, entre

outros. Em alguns casos, apenas a administração de

enzimas digestivas, que ajudam a digerir os nutrien-

tes dos alimentos, é suficiente para resolver o pro-

blema.

Tratamento nutricional: A abordagem nutricional

pode também ser uma forma bastante eficaz no tra-

tamento deste comportamento. Por vezes a alimen-

*

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Causas nutricionais estão ligadas a:

Baixos níveis protéicos;

Alimentação insuficiente;

Dietas muito ricas em carbohidratos e

fibras;

Verminoses;

Pancreatite crônica;

Causas comportamentais estão ligadas a:

Cadelas que deram criam comem as fezes

dos cachorros para manter o local limpo;

Ansiedade, stresse;

Cães entediados;

Para chamar a atenção;

Para evitar que o proprietário os puna.

dicada do ponto de vista nutricional. As rações são

todas diferentes e, por vezes, a assimilação de

alguns nutrientes não é feita da forma mais eficaz.

Desta forma, uma possibilidade passa por fazer a

alteração da ração. Com o auxílio do veterinário

que acompanha o animal, pode ser feita uma ava-

liação do mesmo, levando o dono a optar por uma

ração mais apropriada, tendo em conta as necessi-

dades fisiológicas do animal em questão. Para

além disso, a administração de suplementos vita-

mínicos durante algum tempo pode ainda ser uma

alternativa.

Page 18: Nº 17 - Janeiro | Fevereiro | Março 2016

Compreender o nosso cão

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Compreender o nosso cão

O cão, o melhor amigo do homem mas, o que é

que, de facto, sabemos sobre este animal

doméstico?

Para compreender melhor como é que comuni-

cam uns com os outros e os papéis que assu-

mem, precisamos de ter em conta o comporta-

mento do lobo, seu antepassado não tão dis-

tante.

Muitas raças foram super-exploradas, levando a

que fossem conotadas como, por exemplo, peri-

gosas e, portanto, temidas.

Ainda que possamos não aceitar ou reconhecer

o lobo presente nos nossos cães, será que

aquele se revela sempre que estes, enquanto

animais altamente domesticados, comunicam e

interagem?

Qual o valor do conhecimento dos lobos para

compreender e antecipar situações indesejáveis

com nosso cão?

Segundo um testemunho de uma vítima da mor-

dida de um cão, alegadamente agressivo sem

motivo aparente, os cães não deviam conviver

com crianças, uma vez que estas vêm o animal

como seu semelhante e, ainda de acordo com o

mesmo testemunho, os cães punem injusta-

mente as crianças sempre que estas, de acordo

com o cão, procedem mal.

Autoria: Isabel Vital

Page 20: Nº 17 - Janeiro | Fevereiro | Março 2016

Embora os lobos sejam muito semelhantes entre

eles, todos têm papéis e funções muito distintas

dentro da alcateia a que pertencem.

Desde muito cedo que estes diferentes papéis e fun-

ções podem ser claramente identificados nos

cachorros. Infelizmente, para muitos de nós, a má

interpretação ou mesmo a incapacidade de analisar

e interpretar esta estrutura social, pode conduzir a

situações desastrosas.

Algumas pessoas tendem a desvalorizar o laço

ancestral com os lobos. Quando adquirem um cão, o

primeiro critério de seleção é de natureza estética ou

ligado qualquer outro atributo específico do animal.

Por sua vez, esta situação leva a que certas raças

sejam conotadas com uma característica em espe-

cial, a agressividade, por exemplo.

No Reino Unido, o Staffordshire Bull Terrier, para

citar apenas um caso, tem hoje uma péssima reputa-

ção de cão agressivo, quando outrora já foi eleito

como um excelente companheiro para as crianças.

Todos os casos de agressividade têm uma razão de

ser. Outro dos fatores que muito contribui para esta

situação é o facto de muitos dos exemplares caninos

serem eleitos precisamente por serem sinónimo de

determinado atributo, normalmente físico que, por

assim dizer, será associado também ao dono. Por

exemplo, a boa forma física e, inevitavelmente, o

grau de agressividade.

Outra das raças estereotipadas como perigosa é o

Pastor Alemão, no entanto, há diversos testemunhos

de polícias que atestam que estes exemplares

desempenham muito bem o papel de animal de esti-

mação de uma família, esclarecendo ainda que o

Pastor Alemão não é diferente de outras raças, na

medida em que precisa do adestramento adequado

para que entenda qual o seu lugar no grupo em que

se integra, neste caso, a família. Segundo os mes-

mos profissionais, estes são animais inteligentes e

leais que aprendem facilmente a separar os momen-

tos de trabalho na força policial e os momentos de

lazer com a família que o recebe.

Para entendermos o seu comportamento na família

em que se integra, às refeições, voltamos novamente

aos lobos: no mundo destes também a comida é mui-

to importante, não só como garantia de subsistência,

mas também porque os diversos elementos da alca-

teia não se alimentam de forma aleatória. Quando

um grupo de lobos se alimenta da mesma presa (um

animal de grande porte), podemos identificar clara-

mente princípios fundamentais de lealdade, proteção

e respeito entre os vários membros e pela hierarquia

instituída.

Enquanto donos de um animal de estimação, é fre-

quente que muitos de nós não saibamos que, para o

animal, somos principalmente “protetores da comi-

da”, na medida em que somos nós que garantimos a

alimentação do animal, o que nos confere um eleva-

do grau de respeito por parte do cão.

Os cães ainda guardam muitas reminiscências do o

lobo, seu antepassado, isto está sempre patente,

neste caso, no momento em que se alimentam, onde

podemos, mais uma vez, observar a sua organização

social, em função da identidade de cada um dos ani-

mais que, para eles, é fundamental.

Sempre que mais do que um animal se alimenta em

simultâneo, haverá sempre um que se destaca pela

sua posição dominante, e esta mesma posição tem

de ser respeitada a qualquer preço.

Para nós, humanos, este parece ser um dos fatores

mais difíceis de compreender: como é que dois ani-

mais de estimação criados pelas mesmas pessoas e

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no mesmo ambiente podem, de um momento para o

outro, sem causa aparente, tornar-se inimigos?

A explicação tem a ver com problemas de identida-

de, em concreto, são animais aos quais não é reco-

nhecida uma identidade própria, já que partilham

quase tudo, até o prato da comida. Isto pode causar

confusão no animal e acabar por se manifestar de

maneira agressiva.

De acordo com alguns comportamentalistas animais,

outro dos fatores que poderão levar a manifestações

de agressividade são atributos estéticos que, ainda

que tenham muita procura, podem vir a causar difi-

culdade de comunicação entre os animais e, em últi-

ma instância podem levar a comportamentos agres-

sivos. São exemplos disto o nariz sem corte, dema-

siado curto ou rugoso, as orelhas baixas / caídas,

entre outros.

A responsabilidade é exclusivamente nossa sempre

que, tentando favorecer a estética, desvalorizamos

aspetos muito importantes da identidade do cão e

que são também facilitadores da comunicação - um

fator fundamental entre os cães.

Outro conceito de suma importância e demasiadas

vezes ignorado é a socialização.

De acordo com testemunhos que facilmente associa-

mos um vizinho ou conhecido nosso, há milhares de

pessoas que só levam o seu animal e estimação a

passear depois de se assegurarem que mais nin-

guém estará no local do passeio: de madrugada ou

altas horas da noite. Os cães são animais sociais e

precisam sempre de interagir com exemplares da

sua espécie. Ao impedirmos a socialização do nosso

cão estaremos certamente a contribuir para o seu

desequilíbrio.

Salvaguardadas as devidas proporções, tal como

nós, os cães precisam de conviver e “conversar” com

tanta frequência quanta possível.

Mas, mantendo a comparação, se o cão sofrer de

algum tipo de desequilíbrio, rapidamente se propicia

uma situação de conflito. Muitas pessoas, quando

estão num local público com o seu cão receiam os

encontros com outros cães e possíveis situações de

conflito entre eles e, por isso, recorrem a estratégias

tais como açaimes, coletes, trelas muito curtas, mas

todas estas desadequadas porque, por um lado

impedem a comunicação entre os animais e, por

outro podem despoletar mais fácil e rapidamente o

conflito.

Para trabalharmos em equipa com um cão, é muito

mais simples se tirarmos partido dos seus instintos

naturais: perseguir uma presa e, eventualmente,

agarrá-la. Para tal e por razões de segurança, o

adestrador tem de manter sempre o controlo sobre o

animal.

Nos últimos anos é frequente os noticiários darem

conta de ataques de cães a crianças indefesas, facto

este que reforça ainda mais a indignação pública,

segundo a qual se tratou de mais um ataque sem

justificação.

As investigações de Shaun Ellis1, feitas num habitat

natural dos lobos, permitiram-lhe retirar conclusões

muito importantes relativamente à forma como

aqueles animais se alimentam, se cumprimentam,

socializam, e impõem a disciplina no grupo - em

todas estes tipos de interação está bem claro para

estes animais o nível hierárquico que ocupam no

grupo. Para impor a sua posição, os lobos e os cães

podem adotar comportamentos agressivos, como já

dissemos anteriormente, a posição social tem de ser

respeitada a qualquer preço.

Lamentáveis são, portanto todos os casos em que

na interação com crianças, o cão reprova determina-

da atitude da criança e mostra agressividade. Para o

animal representa a correção de um comportamen-

to, para o ser humano é um ataque sem explicação.

É imprescindível que nos entendamos mutuamente,

nós e o nosso cão.

Uma das alternativas é adestrar o nosso animal de

estimação para que interiorize corretamente a sua

posição hierárquica no grupo família em que se inte-

gra.

Outra das medidas a adotar é certamente vigiar sem-

pre cães e crianças juntos, evitando mal entendidos

na comunicação entre um e outro e favorecendo

simultaneamente uma relação saudável e portanto,

um animal mais feliz.

Sempre que houver necessidade de escolher um cão

para ficar connosco durante uns bons anos, há que

observar diversos critérios para responder às neces-

sidades e às capacidades específicas da família.

Serão múltiplos os factores a ter em conta mas, uma

premissa deveria estar no topo da lista: o que procu-

ramos num animal deverá ser o seu caráter e não a

sua estética.

1 EllisShaun Ellis é de nacionalidade Inglesa e um pesquisador que estu-

dou diferentes animais, embora desde 1990 se tenha destacado por ter

vivido entre os lobos, adotado um grupo de crias de lobo abandonadas.

Fundou o projeto que dá pelo nome de Wolf Pack Management e está

ligado a pesquisas na Polónia e nos Estados Unidos.

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Autoria: Marta Gomes

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Quantas vezes nos deparamos com casos em que

não sabemos distinguir se dois ou mais cães estão a

brincar, ou se nos deveríamos preocupar em separá-

los de modo a evitar possíveis conflitos?

Muitas das vezes, aquilo que nos pode parecer um

conflito não passa de uma brincadeira. No entanto,

nem sempre é fácil distinguir determinados compor-

tamentos, principalmente quando não existe da nos-

sa parte um contacto regular com este tipo de inte-

rações entre cães.

O mesmo pode ocorrer também durante as brinca-

deiras entre os próprios donos e os seus cães, sobre

as quais podem existir dúvidas quanto a que com-

portamentos são ou não aceitáveis durante estes

momentos, e quando devemos ou não terminar uma

brincadeira.

A verdade é que este tipo de interações entre cães,

e mesmo entre estes e os seus donos, é muito

importante tanto para o seu desenvolvimento como

para o seu bem-estar, e por isso não devem ser evi-

tadas.

De forma a esclarecer algumas dúvidas, encontrei

um livro que recomendo. Este apresenta resultados

de estudos feitos por todo o mundo relativamente a

esta temática, incluindo as razões pelas quais os

cães brincam e quais os benefícios que tiram desses

momentos. Por outro lado, ajuda-nos a identificar

também que comportamentos devem ou não ser

considerados como fazendo parte de uma brincadei-

ra. O livro é o seguinte: “Canine Play Behavior – The

Science of Dogs at Play” da autora Mechtild Käufer.

Ao longo de todo o livro, existem várias fotografias

ilustrativas que nos ajudam a identificar os compor-

tamentos tidos pelos nossos amigos de 4 patas

durante um momento de diversão. Ajuda, sem dúvi-

da, a tornar a leitura mais clara, divertida e interes-

sante!

Neste artigo exploramos brevemente apenas alguns

dos conceitos abordados no livro, nomeadamente

de que formas os cães brincam, e alguns dos benefí-

cios que tiram dos variados tipos de jogos que

podem realizar.

Formas de brincar

1. Brincar sozinho:

este tipo de jogo

inclui apenas o

próprio cão e,

mas não necessa-

r iamente , um

objeto. Permite ao

cão explorar o seu

corpo, as suas

capacidades e aquilo que o envolve, e por isso mesmo

é muito importante para o seu desenvolvimento. Ao

mesmo tempo, aumenta a confiança do cão, reduz o

stress e encoraja-o a brincar mais e a aprender.

2. Brincar social-

mente: tanto

pode ser com

out ros cães

como com os

d o n o s ( o u

outras pessoas).

Ao brincar com

outros cães, os

c a c h o r r o s

aprendem o sig-

n i f i c a d o d a

c o m u n i c a ç ã o

canina e a utili-

zá-la. Por outro

lado, ao brincar

o cão aprende as regras que determinam um compor-

tamento como certo ou errado, tanto perante outros

cães como perante humanos. De entre o variado leque

de jogos tidos pelos cães quando brincam entre eles,

encontram-se, por exemplo, jogos de perseguição,

jogos de “luta” e “luta” por um objeto.

Benefícios

1. Brincar influencia o comportamento em adul-

to: molda a forma como o animal expõe a

agressividade, comportamentos sexuais, com-

portamentos maternais, e a forma como res-

ponde a situações novas ou que lhe provo-

quem stress;

2. Desenvolvimento cerebral: aumento do núme-

ro de recetores e da sua sensibilidade

(aumentando a sua flexibilidade emocional);

3. Desenvolvimento das capacidades motoras,

como a força e a resistência. Tem um efeito

positivo ao nível dos ossos, músculos, ten-

dões, articulações, pulmões, coração, e

melhora a condição física do cão

(aumentando a sua flexibilidade motora);

Page 25: Nº 17 - Janeiro | Fevereiro | Março 2016

4. Beneficia

a comuni-

cação e

aprendi-

zagem

social;

5. Aumenta

a coope-

ração:

aprendem a evitar conflitos, desenvolvendo

estratégias para os resolver;

6. Ajuda-os a aprender as regras e a distinguir

entre bons e maus comportamentos;

7. Desenvolvimento de competências importantes

como controlar os impulsos, e esperar que seja

a sua vez de brincar;

8. Reduz os níveis de stress: tanto cachorros

como cães adultos utilizam os jogos como for-

ma de equilibrar os seus níveis de stress.

Estes são apenas alguns dos benefícios que os cães

podem tirar das brincadeiras com outro cão, com o

dono, ou sozinhos. Todas estas 3 formas de jogos

(sozinhos, com outro cão ou com o dono) são impor-

tantes para o cão, cada uma delas com determina-

dos benefícios.

Porque é importante brincar com o seu cão?

Para além dos benefícios que pudemos ver anterior-

mente, existem mais razões para brincarmos com os

nossos cães, nomeadamente:

1. É sempre um momento em que ambos se

divertem e relaxam. Para além disso, brincar

não é apenas importante para eles, mas tam-

bém é para nós;

2. Ao brincar com os seus cães, as pessoas aca-

bam por, consciente ou inconscientemente,

influenciar as preferências dos seus animais

relativamente ao ato de brincar e, consequen-

temente, o comportamento que este irá adotar

em brincadeiras no futuro;

3. É muito importante que exista contacto físico

entre o dono e o cão, pois este ajuda a estabe-

lecer uma comunicação mais clara entre os

dois. Desta forma o brincar é muito importante,

e não deve ser confinado apenas ao ato de

brincar com um objeto;

4. Brincar com o nosso cão é a melhor forma de

construir uma relação de confiança entre cão e

dono.

Para além destas curiosidades, o livro explora em

detalhe esta temática, e dessa forma poderá encon-

trar resposta a outras questões, nomeadamente:

Fatores que influenciam o tipo de brincadeira

tida pelos cães: idade, género, raça, nível de

stress,…;

Formas que os cães utilizam para manter a

brincadeira interessante entre os intervenien-

tes, mesmo quando brincam com cães de dife-

rentes tamanhos e força;

Como nos podemos tornar melhores observa-

dores para prevenir que a brincadeira se torne

agressiva, incluindo medidas apropriadas para

intervir

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Autoria: Ricardo Capucho

Natacha Batista

O flagelo dos animais abandonados é um assunto cada vez mais divulgado,

no entanto não é por isso que o número de abandonos deixa de aumentar.

Na altura das férias de verão em especial esse número cresce exponencial-

mente. O destino destes animais passa muitas vezes por recolha em canis

municipais (de abate ou não), recolha por associações de proteção animal

ou quando não chegam a ser recolhidos a tempo o destino mais trágico, a

morte! Seja ela por atropelamento, por maus tratos, fome, desidratação,

entre outras causas.

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Neste artigo procuramos apelar a esta realidade des-

crevendo um dos nossos resgates. Vamos contar-vos

a história de um cão muito jovem, cerca de 10

meses, o Lucky.

O Lucky foi resgatado na noite de 1 de julho de 2015

em Setúbal. Este cachorro, num visível estado de fra-

gilidade física, já tinha sido avistado por uma voluntá-

ria da Associação que o tentou resgatar, mas por fal-

ta de meios técnicos na altura não teve sucesso. Por

isso reuniram-se um conjunto de meios materiais e

humanos para a procura do Lucky. Três dias depois o

resgate do Lucky foi possível, contribuindo para isso

essencialmente o seu estado débil.

O Lucky tinha as patas extremamente inchadas e em

sangue, uma desidratação severa, subnutrição e um

estado inflamatório da pele muito avançado e gene-

ralizado. Quando se deixou apanhar nada fez para

nos resistir. Foi de imediato transportado para as

urgências de um dos Centros Veterinários com proto-

colo com a Associação EsperançAnimal.

O estado de saúde do Lucky, nomeadamente o esta-

do inflamatório da sua pele, não nos era totalmente

desconhecido. Percebemos que se trataria certamen-

te de sarna demodécica (para mais informação em

http://www.portalnossomundo.com/site/saude/

demodecica.html), no entanto era necessário ser vis-

to por um médico veterinário para uma confirmação

do diagnóstico, análises e planeamento de um trata-

mento adequado ao seu estado. O diagnóstico da

sarna demodécica confirmou-se e durante a consulta

vimos que o Lucky tinha sido “tratado” certamente

pelos seus antigos donos, que posteriormente o

abandonaram, pois nas partes em que tinha mais

feridas, o pelo tinha sido cortado e havia vestígios de

uma tentativa de tratamento das feridas.

O termo sarna assusta muitas pessoas, sobretudo

pelo desconhecimento que existe face a esta doença.

Resumindo existem essencialmente três tipo de sar-

na e só a sarna sarcóptica é uma zoonose

(contagiosa entre animais vertebrados e humanos).

A do Lucky assim como em muitos casos é do tipo

demodécica que acaba por aparecer devido a uma

falha imunológica do cão em controlar a população

Fotos:

Página anterior: Lesões no focinho do Lucky

No topo: Lesões no corpo do Lucky

Ao centro: Lucky actualmente

Page 29: Nº 17 - Janeiro | Fevereiro | Março 2016

as próprias necessidades fisiológicas.

Depois de duas semanas de tratamento já se nota-

vam sinais positivos na sua condição física. Passado

um mês melhor ainda e atualmente sabemos através

da sua inicial FAT (Família de Acolhimento Temporá-

rio) e atual adotante que o Lucky é um cão com um

elevado nível de energia, brincalhão e muito diverti-

do. Hoje o Lucky justifica o seu nome e é um dos pou-

cos sortudos com um final feliz.

O caso do Lucky é somente um entre inúmeros

casos, este em especial impressionou pela indiferen-

ça ou mesmo repulsa que deverá ter causado a mui-

tas pessoas por quem passou na rua. Sabemos que

não podemos salvar todos, mas da mesma forma

sabemos que o egoísmo das pessoas e de algumas

entidades se eleva e a luta contra este flagelo passa

para último plano.

São essencialmente voluntários em associações

como a nossa e pessoas com sensibilidade para este

problema que atuam, sem ter grandes apoios, de for-

ma pró-ativa.

Sabe-se que o abandono já é crime e punível por lei,

mas isso serve essencialmente como dissuasão, não

resolve o problema atual. São necessários mecanis-

mos mais interventivos como programas de esteriliza-

ção e castração, campanhas de adoção, ações de

sensibilização, bases de dados atuais de maus ado-

tantes e maus criadores, ação ativa dos inúmeros

veterinários existentes, entre outros.

Erradamente muitas pessoas imputam a estas asso-

ciações uma obrigação de intervir em todo e qualquer

caso julgando que estamos munidos de inúmeras

ajudas estatais, particulares e meios infinitos. A reali-

dade é bem mais cruel, a grande maioria das Asso-

ciações de Proteção Animal não são mais que um

conjunto de pessoas com alguma experiência, muita

vontade de agir e paixão pelos animais. Não tendo

mais apoios que um comum particular que possa aju-

dar a salvar uma vida animal.

E principalmente apelamos à população em geral que

não sejam coniventes com o crime e que sejam

humanos ao ponto de ajudar um animal em perigo.

de ácaros presentes naturalmente nas glândulas

sebáceas dos cães. É muito comum em cachorros e

cães jovens.

Voltando ao Lucky o seu tratamento passou por uma

terapêutica tópica (banhos específicos), sistémica e

recurso a antibióticos para auxiliar o tratamento das

feridas do seu corpo.

Este jovem cão devia ter passado por muito, a sua

exaustão era tal que nos primeiros dias connosco

não teve muita ação, nem tão pouco para fazer as su-

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Autoria: Catarina Assunção

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Confesso que em Portugal, ainda não tive oportuni-

dade de observar nenhum exemplar desta raça, o

Pastor de Maremma (Cane da Pastore Maremmano-

Abruzzese, St-F.C.I. n°201/15.09.1992), contudo,

acredito ser de extremo interesse para o conheci-

mento geral, o reconhecimento da mesma, quer

pelas características do seu temperamento, quer

pelo seu comportamento.

A sua proveniência advém da região de Maremma,

na Toscana, Itália, onde, por volta de 1860, a neces-

sidade de movimentar rebanhos em busca de pasta-

gem, deu origem a esta raça, através do cruzamento

de cães pastores que acompanhavam a travessia.

Os exemplares de Maremma revelam uma aparência

de grande porte, pelagem densa e branca, mandíbu-

la forte e ampla, um semblante confiante mas alerta,

e uma passada enérgica. Mostram-se independentes

dos humanos e diria até, um pouco “primitivos”

demonstrando uma quase ausência de ladrido, subs-

tituído por um uivo proeminente devendo-se, em par-

te, à sua vivência em planícies e terrenos abertos,

sendo, ávidos amantes de neve, e sem se importa-

rem com as baixas temperaturas (a pelagem em

abundância ajudará nesse sentido) ou de permane-

cerem no exterior, tornando-se quase imperfectíveis

perante um nevão abundante.

No entanto, por mais que se consiga ler sobre esta

raça, nada se compara com a sua observação e con-

vivência de perto. A minha experiência revelou isso

mesmo: o acompanhar de um exemplar desde os

seus primeiros dias, denotando a forte presença da

genética canina, e da sua evolução no tempo.

Contudo, não é sobre o trivial da raça, o propósito

deste artigo, mas sim de uma experiência pessoal

com a mesma, que me fez acreditar e olhar para um

cão, de uma forma mais profunda, serena, quase

espiritual, sentindo, simultaneamente, uma constan-

te aprendizagem interior.

Em determinado momento da vida, cruzei-me com

uma fêmea Maremma da qual, ainda hoje, guardo

tremendos ensinamentos sobre bondade, coragem,

e sobre o laço invisível que traça, e une, as relações

entre seres humanos e animais. Familiarizada com

comportamentos, raças, tamanhos, e temperamen-

tos caninos, jamais imaginei que aquele ser, de por-

te gigante, pelagem espessa, e uivo longínquo, me

pudesse mostrar que o apego e o apreço intra-

especie se pudesse exprimir e refletir, apenas num

olhar meigo e assertivo.

Esta fêmea, sempre se mostrou independente, fiel,

pontual, de olhar distante, alerta e veemente no seu

cargo de guardadora de cavalos, animais com o

dobro do seu tamanho.

Apesar do aspeto possante e dominante, carrega

consigo um coração quase do seu tamanho, que

transpira segurança e serenidade, bem expresso na

forma gentil como se encosta a um cavalo para lhe

“mostrar” quando era o momento de ficar imóvel

enquanto lhe limpam os calços, ou quando um potro

morria à nascença e lambia como se fosse seu, ou

ainda quando zelava por um cavalo doente, passan-

do a noite na sua box.

Nunca manteve muito contato com os humanos,

mas sabia o seu lugar, caminhando ao nosso lado no

picadeiro, sabendo sempre que o seu caminho era o

de proteger e guardar. Mesmo que fosse dos pró-

prios humanos.

O seu constante estado de alerta, salvou a vida a

muitas raposas, que não se atreviam a roubar comi-

da por perto. E este estado de alerta ensinou-me a

confiar no que ela ouvia à distância, fosse um animal

selvagem, ou uma tempestade de neve, traduzido

num uivo grotesco que só acalmava quando todos os

cavalos estivessem recolhidos. Percebi que, aquela

cadela, não fora adestrada para aquele propósito,

nem tão pouco forçada a um comportamento de

guarda, percebi sim, que nasceu com ela um forte

sentido de proteção, calcado por gerações passadas

na sua genética. À minha volta apercebia-me que,

aquela fêmea era adorada pela sua forma de ser

somente por demostrar tamanha ternura em qual-

quer das tarefas que desempenhasse, de dia ou de

noite, sem perder o horizonte protetor, podendo

mesmo afirmar não ter ouvido alguém a corrigi-la ou

a repreende-la. Muitas foram as vezes que a assisti a

cheirar as éguas, nomeadamente os seus ventres,

alertando-nos, discretamente, que se encontravam

prenhes. Para além de um cão de guarda, era tam-

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bém um cão pisteiro, por assim dizer.

Não teve crias, mas teve um pequeno macho, que foi

adquirido com o propósito de ser o seu aprendiz, e

que poucos dias depois se tornara a sua sombra.

Enquanto crescia, e ia ganhando peso, a fêmea mos-

trava-lhe o seu lugar na hierarquia canina, e que ele,

embora macho, não seria o Alfa. E realmente não

era, caminhando, inclusive atrás da fêmea, como um

aluno que segue o professor.

Na altura, ainda não entendia muito bem esta dinâ-

mica – e como profunda aficionada de cães, a dis-

tância que o casal de Maremmas mantinha, era-me

profundamente penoso, embora nunca tenha interfe-

rido neste processo – só agora, algum tempo mais

tarde, e 3 módulos do C.C.V.L. depois, me dou conta

do quanto aprendi apenas em observar o comporta-

mento daquele doce animal, cuja natureza se encar-

regou de ensinar e passar o testemunho dos seus

antepassados. A própria forma como o cachorro

seguia a fêmea, aprendendo ao imitar, tornou-se

uma lição diária na minha rotina de acompanhamen-

to.

Recordo o criador indicar que, este era um cão para

a vida, mas que não era um cão para se viver com.

Não iria precisar de o ensinar, porque ele já sabe o

que tem de fazer. Só teria de o deixar ser quem era.

Bem, o moral desta história, que com certeza vou

guardar até ao fim dos dias, é o de que, por vezes as

maiores lições, ensinamentos e exemplos estão

onde, e em quem, menos se espera encontra-los.

Tenho para mim que, a natureza nos dá tudo aquilo

de que precisamos (e muitos mais se virmos com

atenção), sendo que, na maioria das vezes só preci-

samos de deixar que ela aconteça.

Esta cadela ensinou-me claramente a olhar para os

cães com outros olhos, que a bondade e o respeito

pela sabedoria dos animais, é um caminho simples e

natural, e que essa mesma bondade mora em qual-

quer um de nós. Ensinou-me que os animais nos

podem dar grandes lições de vida, de sacrifício e de

coragem.

Um Maremma não é um cão de companhia, mas é

com certeza um cão para trazer no coração.

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Autoria: Elsa Fonseca

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Sendo os cães animais gregários, recorrem a sinais

para comunicarem entre si, nomeadamente através

dos denominados sinais de calma que, consoante o

contexto, servem para se acalmarem a si próprios e

descontraírem, assim como para acalmar outros

cães e mesmo os seres humanos. Muitos ataques

entre cães e com pessoas seriam evitados se todos

estivéssemos cientes destes sinais pois, quando a

mensagem não é corretamente recebida, a frustra-

ção e o stress podem conduzir rapidamente à agres-

sividade.

Mas, não podemos falar de sinais de calma, sem

falar na norueguesa Turid Rugaas, treinadora de

cães que há mais de 20 anos observa e estuda a lin-

guagem corporal e comunicação canina. Segundo

Turid Rugaas, existem cerca de 30 sinais de calma

universais que podem ser exibidos pelos cães de

qualquer parte do mundo:

Bocejar: Um cão pode bocejar em variados

contextos, por exemplo quando alguém se incli-

na sobre ele, quando ouve discussões, quando

nos mostramos furiosos, quando está entedia-

do, quando está feliz, etc. Para acalmarmos

um cão stressado podemos recriar este com-

portamento.

Sorrir: Quando um cão tem os cantos da boca

para cima e para trás ou, mostra os dentes

como se estivesse a sorrir, está a transmitir um

sinal de calma.

Lamber o nariz: Os cães lambem a ponta do

nariz muito rapidamente, por exemplo quando

nos aproximamos deles de forma ameaçadora

do seu ponto de vista ou, quando os agarra-

mos e se sentem desconfortáveis

Farejar o chão: Pode ocorrer de forma muito

rápida ou durante vários minutos, nomeada-

mente quando um cão ou pessoa se aproxima

diretamente na sua direção, quando um desco-

nhecido se aproxima ou em locais de muita

confusão ou ruidosos.

Colar as orelhas à cabeça: Com um ar de

cachorrinho quem lhe fará mal?

Afastar-se/Olhar para o lado: O cão pode virar

a cabeça ligeiramente para o lado, girá-la com-

pletamente ou mesmo voltar-se de costas.

Acontece, por exemplo, quando alguém se

aproxima com ar ameaçador, quando outro cão

se aproxima de forma rápida ou lhe rosna.

Imobilizar-se: O cão fica completamente para-

do, muitas vezes olhando para fora do canto

do olho. Acontece nomeadamente quando este

se encontra numa situação ameaçadora com

outro cão ou humano e é incapaz de escapar,

sendo este comportamento de “congelamento”

uma tentativa de acalmar o outro.

Caminhar devagar: Quando o cão está inseguro

move-se lentamente. Para acalmarmos um cão

inseguro podemos caminhar ainda mais deva-

gar que este.

Sentar-se: Verifica-se, por exemplo, quando um

cão quer acalmar um outro cão que se aproxi-

ma muito rapidamente.

Abordagem em curva: Este é um sinal muito

frequente, pois para os cães a abordagem a

outro cão não deve ocorrer diretamente, mas

contornado a linha fictícia que os separa, redu-

zindo assim a ansiedade e o medo e, conse-

quentemente, o latir e a agressividade.

Abanar a cauda: O abanar da cauda nem sem-

pre significa felicidade. Quando um cão se

mostra ansioso e abana a cauda é claramente

um sinal de calma.

Posição de jogo: O cão baixa as patas diantei-

ras e fica na posição de vénia em situações

como um convite para brincadeira, mas tam-

bém apenas para apaziguamento, por exem-

plo, quando dois cães se aproximam demasia-

do abruptamente.

Entrepor-se: Quando, numa situação tensa, um

cão se entrepõe entre dois cães ou pessoas é

um sinal de calma a fim de evitar possíveis

conflitos. Podemos fazê-lo também para sepa-

rar dois cães em ambiente de possível tensão.

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Outros: Deitar-se, bater com os dentes tipo cas-

tanholas, lamber a boca do outro cão, pestane-

jar, sacudir-se, levantar as patas dianteiras,

fazer-se mais pequeno, arrastar-se, urinar-se.

Ao analisarmos um vídeo (https://www.youtube.com/

watch?v=V59y0zeEUgQ) em que um cão ataca uma

jornalista em direto, podemos verificar que o mesmo

além de ter sido resgatado apenas 2 dias antes da

entrevista, encontrando-se em stress naquele

ambiente novo, apresentou evidentes sinais de cal-

ma antes de atacar: lambeu os lábios, estava ofegan-

te num ambiente supostamente de temperatura

agradável, virou a cabeça, levantou o lábio e rosnou.

Claramente quis transmitir “Não se aproxime de mim

porque não estou confortável!”. De reparar ainda que

o cão não tinha opção de fuga, caso estivesse des-

confortável, pois estava seguro com força pela colei-

ra. A jornalista ao querer beijá-lo não observou, ou

desconhecia, os sinais e, sem esperar, aproximou-se

rapidamente para o fazer, momento em que o cão a

atacou, resultando em 70 pontos na boca e no nariz.

Este tipo de ataque pode acontecer com qualquer

raça, a gravidade do estrago é que irá diferir. Um cão

dá sinais quando está desconfortável, podendo mes-

mo atacar se não respeitarmos o aviso.

A humanização dos cães leva a que interpretemos o

comportamento dos cães à luz do nosso comporta-

mento e, eles comunicam sinais muito diferentes dos

nossos, daí a necessidade de sabermos interpretar a

linguagem canina, podendo aliás recorrermos a este

tipo de sinais e reproduzi-los para acalmar um cão

mais ansioso.

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Autoria: Vanessa Correia

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Como é que funciona?

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Os animais também podem usufruir desse tipo de

tratamento que não provoca efeitos colaterais. A

Homeopatia foi criada em 1796 pelo médico alemão

Samuel Hahnemann, ganhou bastante notoriedade e

passou a ser difundida e praticada em meados dos

anos 1970. Seu princípio baseia-se em que qualquer

mal que atinja o corpo é uma forma de desequilíbrio

ocasionada por algum tipo de perturbação da energia

vital e, para curá-lo, basta restaurar esse equilíbrio, o

que é feito por meio de medicamentos naturais em

quantidades muito pequenas que são misturados a

grandes volumes de água ou álcool. Os medicamen-

tos homeopáticos também podem ter diversos

aspectos diferentes, glóbulos, comprimidos, soluções

e até mesmo pomadas. Esse é um método que ainda

é bastante polêmico em relação à sua eficácia e, por

ser um tipo de tratamento holístico, pois acredita na

questão de que algo provocou uma mudança na

energia vital, ainda é visto por muitos com olhos des-

crentes e taxado de charlatanismo. No entanto, é

considerada uma prática médica e recomendada

pela Organização Mundial de Saúde - OMS. A homeo-

patia passou a ser utilizada na medicina veterinária a

partir dos anos 1980, mas ganhou espaço nos últi-

mos 10 anos. O tratamento homeopático para ani-

mais conta com o mesmo princípio que para seres

humanos: os animais também têm essa energia vital

que pode sofrer desequilíbrios, e a restauração des-

sa ordem os levaria a recuperar a saúde. A homeopa-

tia estimula diretamente o sistema imunológico no

nível mais básico, o que poucas modalidades médi-

cas podem fazer. É dito que a homeopatia estimula o

organismo em níveis subatômicos, ou seja, age em

unidades que compõem os elementos das células.

Tratamentos herbais e alopáticos podem, na melhor

das hipóteses, afetar apenas o nível molecular; no

entanto, a medicina homeopática vai à raiz do pro-

blema.

A homeopatia é uma medicina natural que utiliza

substâncias medicamente ativas em doses infinitesi-

mais (extremamente pequenas) que estimulam o sis-

tema imunológico, com o objetivo de permitir a auto-

cura pelo restabelecimento do equilíbrio. Os homeo-

patas garantem que, quando praticado corretamente

sob as orientações adequadas, o tratamento é capaz

paz de fazer grandes mudanças, obtendo-se ótimos

resultados. Esse tratamento holístico apenas promo-

ve as condições ideais e os estímulos necessários ao

sistema imunológico para que a pessoa, ou nesse

caso, o animal, consiga se curar sozinho.

A homeopatia estimula o sistema imunológico do

organismo e, então, o animal sob influência homeo-

pática pode se restabelecer e curar.A princípio, a

homeopatia pode ser utilizada para tratar qualquer

tipo de problema de saúde dos animais, e pode ser

usada em qualquer animal, desde pequenos até

grandes animais como cavalos.

Há quem acredite que, por utilizar doses bem peque-

nas (daí o termo "doses homeopáticas"), o tratamen-

to será lento e os resultados irão demorar muito a

aparecer, mas isso não é verdade. Como já foi colo-

cado, quem se cura é o animal, e a velocidade dos

resultados depende de como seu organismo vai rea-

gir e do quanto precisa ser restabelecido. Por exem-

plo, se o animal está com uma diarreia, logo nas pri-

meiras doses ele já começa a melhorar e a se resta-

belecer; no entanto, problemas crônicos, como as

dermatites em cães que têm essa tendência, como

no Buldogue Francês, podem requerer um tratamen-

to mais longo, pois o desiquilíbrio é maior..Muitos

donos também apresentam certa resistência à utili-

zação da homeopatia como forma de tratamento por

acreditarem que terão que medicar o seu animal de

meia em meia hora ou em intervalos muito peque-

nos, o que pode ser bastante trabalhoso, tanto para

o dono quanto para o pet, afinal, dar remédios aos

animais nem sempre é muito simples. Isso, porém,

não é verdade: as doses homeopáticas serão admi-

nistradas conforme indicado pelo médico veterinário

baseado no quadro do animal, o que pode significar

intervalos maiores ou menores, mas não tão frequen-

tes quanto muitos acreditam.A homeopatia aplicada

ao homem e a homeopatia de animais é muito simi-

lar em sua formulação, o que difere é o uso do álcool

e do açúcar, que para os animais é bem menor e

mais restrito. O álcool, por exemplo, é trocado por

água para diluir as substâncias. É bom lembrar que,

apesar de raramente apresentar efeitos colaterais,

os medicamentos homeopáticos devem ser prescri-

tos por um médico veterinário que diagnosticará a

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Arnica - Principal elemento para auxiliar a cicatriza-

ção, é ótimo para lesões, hematomas, traumatismo

craniano. Pode ser muito útil na prevenção de aci-

dentes vasculares cerebrais;

Acônito - Inflamação, ansiedade e inquietação, boca

seca, calafrios e otites;

Apis - Lembra o própolis ou até o mel, indicado para

reações alérgicas, urticária, inchaço e fechamento da

garganta devido à alergia;

Arsenicum album - O arsênico pode ser altamente

tóxico, mas em doses ministradas na homeopatia é

um ótimo aliado contra cólicas com vômito e diar-

reia, intoxicação alimentar, sepse, ansiedade e

inquietação;

Bryonia - Cólicas, todos os sintomas de "doença do

movimento" como enjoo e mal-estar, sede excessiva,

vômito e constipação;

Calcarea carbonica - Auxilia o corpo na utilização de

cálcio e tornando-o mais disponível;

Calêndula - Para acelerar a cicatrização de feridas;

Camomila - Problemas de dentição, irritabilidade,

cólicas, nervosismo e ansiedade;

Hepar Sulphur - É um remédio excelente para infec-

ções, à base de enxofre. É usado para problemas res-

piratórios, sinusite e abscessos. Se a infecção for nos

olhos, nos ouvidos, nos pulmões ou na pele, o Hepar

Sulphur pode ajudar a curar como nenhum outro

remédio. Ótimo para resfriados e gripes;

Hypecarium (erva de São João) - Muito bom no trata-

mento de feridas onde as terminações nervosas

estão danificadas. Indicado para lesões no pescoço e

na cauda do animal;

Nux vomica - Cólicas constipação, sinusite; serve

também como digestivo e atua em problemas esto-

macais caso o bichinho tenha ingerido algo que não

devia;

Pulsatilla - Cólicas, infecções de ouvido e corrimen-

tos;

Ruta - Ótima para contusões musculares e proble-

mas ósseos, cartilagens, tendões, bem como para a

inserção dos tendões e cartilagens articulações.

Geralmente é um dos ingredientes no tratamento de

luxações patelares e displasias coxofemorais;

Sepia - Feita a partir da tinta das lulas e polvos, é

indicada para cistite crônica, problemas no útero,

doença e escolherá o melhor tratamento.

A homeopatia é recomendada inclusive para proble-

mas de comportamento como depressão, hiperativi-

dade, destrutividade, agressividade, pois enxerga

esses males como perturbações da energia vital.

Males bastante comuns como a displasia coxofemo-

ral e luxação de patela também respondem bem ao

tratamento.

Os medicamentos homeopáticos podem ser compos-

tos de substâncias vegetais, como ervas, de mine-

rais, como cálcio, e também de substâncias de ori-

gem animal, como a tinta de lula ou o mel.

Os ingredientes mais comuns e mais utilizados

no universo homeopático e suas indicações são:

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Que existem muitas formas de treinar os nossos cães isso todos nós já sabemos. No entanto, o que muitos donos não

sabem é que por vezes é nas coisas mais simples que poderá estar a solução para os problemas mais complexos que

têm vindo a incomodar o seu dia-a-dia e talvez até a deteriorar o seu relacionamento com o seu cão.

Page 45: Nº 17 - Janeiro | Fevereiro | Março 2016

Autoria: Marta Wadsworth

Que existem muitas formas de treinar os nossos cães isso todos nós já sabemos. No entanto, o que muitos donos não

sabem é que por vezes é nas coisas mais simples que poderá estar a solução para os problemas mais complexos que

têm vindo a incomodar o seu dia-a-dia e talvez até a deteriorar o seu relacionamento com o seu cão.

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Um dos grandes objetivos que temos aqui é o de

informar para ajudar. E podem estar a pensar que ao

informar os donos os estamos a ajudar... bem, sim e

não! A verdade é que no nosso ponto de vista, ao

informarmos (e formarmos) donos estamos na verda-

de a ajudar os cães, estamos a trazer equilíbrio para

a família e, em último caso a evitar mais um caso de

abandono ou maus-tratos.

Mas voltando ao tema de hoje, quando educamos ou

treinamos um cão (e especialmente se este é o nos-

so primeiro cão) existem muitas coisas que vamos

ouvir "por aí", muitos conselhos que iremos ler, mui-

tas dicas de como fazer isto, ou conseguir que o meu

cão faça aquilo. No entanto, quantas vezes paramos

para pensar e entendemos que pouco do que lemos

faz de facto sentido?

Neste artigo pretendemos explorar alguns mitos

(quase) urbanos, relacionados com o treino canino e

desvendar as verdades e mentiras por detrás de

cada um deles, assim como proporcionar algumas

dicas para terem mais sucesso no treino do vosso

cão, sempre pela positiva!

Mito #1: Tens de te tornar o Alfa para

que o teu cão te respeite

Inspirados em programas de televisão, livros ou

vídeos, muitos donos têm acreditado na teoria de

que não se tornam eles o alfa, então o seu cão nun-

ca os irá ouvir nem obedecer. Ora, este é um dos

mitos mais enraizados nos dias de hoje e para que

possamos explicar o que tem de verdade e de menti-

ra (sim, porque quase nada no Universo é absoluto

na sua essência ;) temos de começar pelo início. Afi-

nal, o que é isso de ser alfa?

Provavelmente já saibas que este termo tem origem

no nome dado ao casal de lobos com a posição mais

elevada da hierarquia social de uma alcateia, confor-

me podemos ver na imagem seguinte. A seguir ao

Alfa vem o Beta, Gamma e por aí diante até chegar

ao Omega, o elemento com posição social inferior.

Numa alcateia, o macho e fêmea alfa são de facto os

"líderes" da alcateia, responsáveis por garantir a

sobrevivência da mesma, reproduzindo-se, liderando

o ataque às presas para alimentação da alcateia e

ainda coordenado os relacionamentos de forma a

garantir estabilidade e segurança.

Muito bem, até aqui estamos todos de acordo. O

"problema" é que apesar de os cães terem tido, de

facto, origem nos lobos, a sua domesticação alterou

fortemente o seu comportamento. Vemos isso em

inúmeros aspetos, na dependência de afetos que os

cães têm em relação aos donos (nunca verificada

nos lobos, nem mesmo em cativeiro por longos perío-

dos de tempo), na neotenia, isto é, na manutenção

dos carateres juvenis em adulto - tal é verificado no

facto de o cão ladrar (algo que apenas os lobos

jovens fazem) e de brincar durante toda a sua vida,

entre outros.

Os cães "de hoje em dia" são em muito diferentes

dos primeiros cães domesticados e ainda mais dis-

tantes em termos de comportamento dos seus

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seus ancestrais lobos. Se não acreditam, podem

sempre ler um dos muitos estudos científicos já ela-

borados no tema. Então, sempre que voltarem a

ouvir falar deste mito lembrem-se do seguinte:

1. Os cães não são lobos e por isso não podemos

assumir de forma nenhuma que se comportem

da mesma forma

2. Mesmo entre vários cães o sentido natural de

"alcateia" não existe quando se trata de cães

não relacionados. Uma alcateia é geralmente

formada por elementos com laços familiares

próximos, o que não acontece normalmente

nas nossas casas.

3. Os cães sabem que nós não somos cães, por

isso logo à partida, não faz qualquer sentido

tentarmos assumir-nos como o "alfa da mati-

lha"

No entanto, como falámos anteriormente, existe

alguma "verdade" neste mito. Apesar de não dever-

tentar ser o "alfa" da matilha, é muito importante que

desde o primeiro dia que acolhemos o nosso cão na

nossa família que lhe mostremos que existem regras

e limites e que ele deve respeitar-nos como seu tutor

e líder.

Tal não implica dar beliscões ou colocar-nos em posi-

ções ameaçadoras, mas sim parte de lhe mostrar-

mos aquilo que nos deixa feliz - recompensado-o. Os

cães fazem tudo mas tudo por atenção, por afeto e

brincadeira por isso utiliza isso em tua vantagem

para estabelecer qual o comportamento desejado e

qual a sua posição na família. Um cão sem regras

nem limites acaba por se tornar um cão muito dese-

quilibrado, que poderá tentar criar as suas próprias

regras e, no limite, causar muitos problemas!

Page 48: Nº 17 - Janeiro | Fevereiro | Março 2016

Mito #2: Os cães de certas raças nunca

conseguem aprender

Mentiraaaaa! Todos os cães, mas todos são capazes

e querem aprender. Voltando um bocadinho atrás,

todos os cães fazem tudo pela atenção dos seus

donos (isto quando têm as suas necessidades bási-

cas supridas claro). Cabe ao dono entender qual é o

motivador certo para o seu cão, aquela coisa espe-

cial que o faz acordar de manhã ou correr pela casa

de rabinho a abanar. Pode ser uma bola, um biscoito

especial, um brinquedo, uma brincadeira, uma peça

de roupa, enfim!

Depois, cabe ao dono limitar essa coisa espe-

cial para os momentos de treino (ou aprendizagem

em geral). Um exemplo muito concreto, querem que

o vosso cão aprenda a ficar sentado (e sim, funciona

com todas as raças!), então esperem até ele estar

com fomeca (caso aquela coisa seja um biscoito),

coloquem a recompensa por cima da cabeça

enquanto dizem "Senta!", ao sentar - clickem e ofere-

çam a recompensa. Este é um exemplo básico de um

dos comandos mais simples do treino canino, no

entanto podem utilizar o método com basicamente

tudo e sim, qualquer cão vai acabar por responder ao

que pedem (até os mais teimosos).

PS: Tudo isto que acabámos de dizer em letras bonitinhas baseia

-se no princípio de que todos os cães são inteligentes e que

todos eles aprendem com base na associação de experiências (e

não no raciocínio como nós - a maioria dos seres humanos).

Associa recompensas a comportamentos desejáveis e voilá!

PS2: Sabias que até galinhas é possível treinar utilizando o clic-

ker?

Mito #3: O reforço positivo não funciona

em cães grandes, difíceis, teimosos, com

medo ou agressivos

Este é um mito muito injusto para muitos dos nossos

amigos patudos. Em Portugal (infelizmente) ainda

vemos muitas pessoas e escolas de treino a utilizar

métodos aversivos em cães de forma indiscriminada,

simplesmente porque 1) acreditam neste mito ou 2)

não sabem resolver problemas de outra forma - mui-

tas vezes porque não conhecem "o" cão.

Qualquer cão, de qualquer origem pode aprender e

modificar comportamentos pela positiva e provas dis-

so não faltam! Quantas vezes visitamos associações

Page 49: Nº 17 - Janeiro | Fevereiro | Março 2016

com cães agressivos, que já morderam metade dos

voluntários e que afinal tudo estava na forma como

entravam, nos objetos que tinham consigo, ou na

abordagem que tinham com o cão? Quantas vezes

detectamos que cães muito agressivos com outros

não passam de medricas quando se lhes solta a tre-

la? Quantas vezes vemos que quem passa a

"insegurança" é o dono e que o cão ataca apenas

para proteger?

Estes são apenas alguns exemplos que mostram o

ponto essencial que queremos realçar: antes de cor-

rigir, é preciso entender e aí sim, adaptamos a nossa

intervenção no sentido de ajudar o cão. O que acham

que irá acontecer a um cão que já de si é medroso e

tem falta de auto-confiança quando lhe é aplicado

uma estranguladora para que "pare com o comporta-

mento X" (que pode incluir agressividade)? Pois...

isso mesmo.

O reforço positivo é eficaz sim! É preciso mudar men-

talidades e isso parte de cada um de nós procurar-

mos cada vez melhor conhecer

a essência do cão, da sua lin-

guagem corporal e de entender

a origem dos seus comporta-

mentos - mais do que aplicar

métodos que até podemos não

nos sentir confortáveis (e que

agora são crime!) apenas por-

que "já tentámos tudo".

Mito #4: O meu cão faz

asneiras porque está

chateado comigo

Biiiiiiip! Lá estamos nós a ten-

tar colocar sentimentos e pen-

samentos de humanos nos

nossos cães. Os cães não têm

sentimentos complexos como

culpa, vergonha, vingança,

entre outros. Felizmente!

Olhem o que seria?!

A verdade é que muitos donos ainda acreditam que

"quando ele faz aqueles olhinhos enquanto eu ralho

com ele é porque ele sabe bem o que fez", ou "eu

hoje saí de casa e não lhe dei 3 beijinhos como o

normal então ele roeu-me o sofá para se vingar".

Meus queridos leitores, chega! Os cães fazem asnei-

ras por muitas razões, normalmente apenas porque

não sabem que é asneira, mas nunca para vos afetar

de forma pseudo-consequente. Além disso, se ele faz

alguma coisa de certeza absoluta que não se vai lem-

brar que os vossos gritos 5 horas depois se referiam

a isso…

1. Já alguma vez lhe ensinaram (e testaram que

sabe de facto) como se deve comportar?

2. Será que o vosso cão anda aborrecido e sem

nada para fazer durante o dia?

3. Será que o vosso cão tem exercício suficiente?

(o passeio curto de xixi-cócó não conta)

4. Já falaram com um veterinário para despistar

problemas médicos ou com um adestrador

para desvios comportamentais?

Mito #5: "Oh é tão fofinho, deixa-o em

paz que quando crescer deixa de fazer

isso"

Este é um grande cartão vermelho. Não, se ensinam

o vosso cão que não faz mal morder-vos o nariz, pelo

contrário até se riem, acham piada e dão umas festi-

nhas ele não vai deixar de o fazer quando crescer...

e, más notícias, com a nova dentição poderá não ser

tão fofinho, mas isto sou só eu...

Page 50: Nº 17 - Janeiro | Fevereiro | Março 2016

Este mito é tão abrangente que encontramos donos

que acreditam nele em várias áreas: o cachorrinho

que pode fazer xixi onde quiser; o cachorrinho que

pode puxar os cabelos; o cachorrinho que pode saltar

para as pernas quando chegamos a casa; o cachorri-

nho que pode

comer à mão

porque não quer

comer sozinho;

o cachorrinho

que gosta de

roer tudo o que

encontra pela

casa; o cachorri-

nho que pode

chorar durante

a noite que

vamos logo bus-

cá-lo para perto

de nós; (a lista é

tão grande que

já podia fazer

uma sequela)...

Desde o dia que traze-

mos o nosso cachorri-

nho para casa temos o

dever de transmitir-lhe

quais são as regras e

limites (sim acabámos

de voltar ao Mito #1). O

cachorrinho não vai

mudar um comporta-

mento que foi reforça-

do durante toda a sua

infância só porque sim.

"Se eu sempre gostei

que ele saltasse para

cima de mim então

porque é que agora

que é grande fico cha-

teado?" - pensem nis-

so... O que ensinam

hoje é aquilo que ele

irá conhecer o resto da

vida. E se podemos

ensinar o nosso cão a viver em harmonia com as

nossas regras desde o primeiro dia, porque não fazê-

lo?

Page 51: Nº 17 - Janeiro | Fevereiro | Março 2016

O número de cães que integram as famílias é cres-

cente em todo o mundo, tornando-os verdadeiros

filhos, únicos ou dividem a atenção com outros

irmãos cães ou humanos. Até mesmo quem vive sozi-

nho, o cão é sua família e seu verdadeiro amigo.

Ao longo dos anos vem se fortalecendo este novo

conceito de família que tem o cão como ator princi-

pal, sendo o centro das atenções e de muitos mimos.

Na verdade, ninguém pode negar que uma casa que

tenha cães é bem mais divertida e cheia de alegria,

não importando muito de como é formada esta famí-

lia, mas sim do seu real sentido.

Com a vida cada vez mais atribulada e cheia de afa-

zeres, enxergarmos neles a possibilidade de nos des-

ligarmos um pouco dos problemas e preocupações,

vivendo momento únicos na sua companhia. Estão

sempre dispostos para uma caminhada, passeio na

praça ou para apenas ficar ao nosso lado.

A tempo os cães deixaram os quintais e comer restos

de comida, para se tornar membro desta “nova”

família. E por trás um mercador promissor, que não

deixa a desejar na elaboração de novos produtos e

serviços, para atender cada vez mais estes clientes

peludos e seus donos, que não medem esforços para

lhes proporcionar o que tem de melhor.

São os mais variados produtos e serviços que sur-

gem a cada dia, desde camas personalizadas até

padarias que fabricam guloseimas exclusivas aos

cães. Temos também passeadores, para os donos

dispõem de muito tempo para os passeios e os

hotéis para ficarem hospedados enquanto a outra

parte da família viaja. Cães de celebridades fazem

até terapia, afinal este mundo não está fácil para nin-

guém!

Brincadeiras a parte, não podemos esquecer que

apesar desta diversidade que o mercado oferece,

eles são cães e gostam de serem tratados como tal -

mesmo que seu dono não enxergue ou não queira

isso. Então, muito cuidado no que você compra ou

proporciona para seu cão, tem vários produtos peri-

gosos e nocivos a sua saúde, que muitas vezes estão

camuflados em uma simples bolinhas por exemplo;

mas que é feita de materiais tóxicos ou que se des-

pedaçam com facilidade e pode ser ingerido.

É muito importante verificar a procedência dos pro-

dutos e serviços, observar se é de uma marca concei-

tuada e que se preocupa com seu cão e não quer

apenas empurrar mais uma venda. Outro ponto

importante, antes de escolher o local de banho e tos-

quia ou de hospedagem, faça uma visita prévia,

observe as instalações e a equipa que vai cuidar do

seu amigo. Quem faz este tipo serviço tem que trans-

mitir calma, tranquilidade e saber o que faz.

Outra dica, se você levou seu cão em determinado

local para lhe prestarem um serviço e, ao buscar,

notar que ele não gostou de ter ficado ou quer logo ir

embora, pode ter certeza que alguma coisa tem de

errado. Cachorro é como criança, não

esconde de ninguém quando não gosta

de algo.

Autoria: Diego Oliveira

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Page 53: Nº 17 - Janeiro | Fevereiro | Março 2016

Nesta nova secção, do qual esta é

a terceira publicação, vamos conti-

nuar a publicar algumas histórias,

muito interessantes, engraçadas,

por vezes hilariantes, mas tam-

bém, nalguns casos, relatos puros

de bravura e heroísmo, que se pas-

saram durante os séculos XIX e

primeira metade do século XX.

Mas iremos igualmente publicar

nesta secção muitas outras curio-

sidades acerca da forma como os

cães eram encarados na socieda-

de de então, fotos da morfologia

de algumas raças para as poder-

mos comparar com as de agora, a

educação e o ensino, a legislação,

a saúde e a reprodução a higiene,

etc.

São preciosidades, pela sua rarida-

de, que só são possíveis de as dar

a conhecer ao público, pelo esfor-

ço que o Centro Canino Vale de

Lobos tem vindo a levar a efeito na

procura e aquisição dos poucos

livros que foram publicados sobre

este tema antes do 2º terço do

século XX .

Esperamos que a sua leitura vos

dê tanto prazer como nos deu a

nós.

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Neste número vamos continuar a apresentar o

livro intitulado: “o Cão” da autoria de José Val-

dez . Conseguimos adquirir a primeira edição de

1911, sabemos que foram feitas várias outras edi-

ções , até à quarta 1942 que nós também possuí-

mos.

O CÃO

De José Valdez

1911

Desta vez vamos reproduzir algumas páginas do

livro, para que os leitores possam apreciar o tipo de

escrita e o conteúdo, neste caso, relativo a uma

Legislação Canina criada pela Câmara Municipal de

Lisboa e datada de 02 de Dezembro de 1887.

É mais uma preciosidade que nos permite compa-

rar com a legislação actual.

Introdução

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Introdução

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Crendices de ontem e de hoje

Em Trás-os-Montes, sobrevive na memória dos mais velhos uma oração em forma de pequena história, destinada a invocar a

protecção divina para rebanhos: ao caminharem pelas serras, S. João e S. António encontram alguns lobos. E perguntam-lhes

onde vão eles, de passo tão estugado. A resposta foi sincera: “Vamos ao gado do João, que está sem pastor e sem cão.”

Ouvindo isto, os santos protectores não hesitam na resposta em forma de ordem: “Atrás voltai. A tal gado não ireis e mal não

lhe fareis”.

Ocupando até as noites dos santos, o lobo sempre se agigantou entre as nossas superstições. Começando pelos inevitáveis

lobisomens, que na sua encarnação portuguesa têm a forma simples de bichos, distinguindo-se por andarem sobre duas

patas apenas. O Abade de Baçal aponta-lhes características que os marcam, mesmo sob forma humana: “de cor tipicamente

pálida, olhos massados e mãos extraordinariamente calosas”.

O lobo, como outros entes “maléficos”, também podia ser usado para o bem, esconjurando maldições e maleitas. Um olho de

lobo guardado na algibeira dava coragem ao seu portador; uma cabeça pregada numa porta afastaria qualquer feitiço que pai-

rasse sobre os moradores da casa. Água passada por uma “gola” (parte da traqueia do bicho) transformava-se logo em cura

para doenças dos porcos; o “unto do lobo”, gordura que sobra da cozedura da carcaça de um lobo, aliviaria enfermidades dos

ossos.

Hoje, estas fantasias não passam de histórias nostálgicas, boas para assombrar os netos e encher de maravilha os serões

entre amigos. No entanto, outros mitos tomaram o lugar das lendas dos nossos avós. Como o das “largadas” de lobos.

Há décadas que esta mentira viaja de aldeia em aldeia, sempre adornada por bizarros pormenores, sempre sob a forma de

relatos anónimos, nunca na primeira pessoa. Ouvimos falar de um primo ou de um amigo de um amigo que jura ter visto carri-

nhas algures no meio do mato a soltar os tais lobos; por vezes, a história até inclui helicópteros e pára-quedas!

Ora, ninguém anda a “largar” lobos em lugar algum. Em toda a Europa, nunca houve qualquer programa de reintrodução do

lobo.

Embora tenha sido exterminado em muitas paragens de Portugal, este predador nunca deixou de estar presente. Com o aban-

dono de muitas terras, todos os animais silvestres ganharam espaço e condições para aumentar os seus números. A pastorí-

cia, ao integrar menos cabeças de gado, adopta circuitos mais próximos das povoações, o que aproxima inevitavelmente os

predadores do Homem.

O aspecto supostamente “diferente” dos tais lobos “botados” ou “largados” explica-se pela grande variação que os lobos apre-

sentam nas suas pelagens do Verão para o Inverno e por diferenças entre exemplares, que podem ser significativas. Já o seu

carácter destemido é pura invenção: só os lobos mais prudentes sobreviveram à perseguição dos homens, dando origem a

uma população muito mais tímida.

Mas, e isto é muito grave, por vezes até jornais e estações televisivas insistem no espalhar destes mitos, sem cuidar de obter

testemunhos abalizados ou informações fidedignas. Prova de que nem o século XXI conseguiu iluminar de vez a nossa relação

com o lobo.

Texto produzido no âmbito do Projecto LIFE Med-Wolf, co-financiado pela Comissão Europeia, integrando o programa LIFE.

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Crendices de ontem e de hoje

Em Trás-os-Montes, sobrevive na memória dos mais velhos uma oração em forma de pequena história, destinada a invocar a

protecção divina para rebanhos: ao caminharem pelas serras, S. João e S. António encontram alguns lobos. E perguntam-lhes

onde vão eles, de passo tão estugado. A resposta foi sincera: “Vamos ao gado do João, que está sem pastor e sem cão.”

Ouvindo isto, os santos protectores não hesitam na resposta em forma de ordem: “Atrás voltai. A tal gado não ireis e mal não

lhe fareis”.

Ocupando até as noites dos santos, o lobo sempre se agigantou entre as nossas superstições. Começando pelos inevitáveis

lobisomens, que na sua encarnação portuguesa têm a forma simples de bichos, distinguindo-se por andarem sobre duas

patas apenas. O Abade de Baçal aponta-lhes características que os marcam, mesmo sob forma humana: “de cor tipicamente

pálida, olhos massados e mãos extraordinariamente calosas”.

O lobo, como outros entes “maléficos”, também podia ser usado para o bem, esconjurando maldições e maleitas. Um olho de

lobo guardado na algibeira dava coragem ao seu portador; uma cabeça pregada numa porta afastaria qualquer feitiço que pai-

rasse sobre os moradores da casa. Água passada por uma “gola” (parte da traqueia do bicho) transformava-se logo em cura

para doenças dos porcos; o “unto do lobo”, gordura que sobra da cozedura da carcaça de um lobo, aliviaria enfermidades dos

ossos.

Hoje, estas fantasias não passam de histórias nostálgicas, boas para assombrar os netos e encher de maravilha os serões

entre amigos. No entanto, outros mitos tomaram o lugar das lendas dos nossos avós. Como o das “largadas” de lobos.

Há décadas que esta mentira viaja de aldeia em aldeia, sempre adornada por bizarros pormenores, sempre sob a forma de

relatos anónimos, nunca na primeira pessoa. Ouvimos falar de um primo ou de um amigo de um amigo que jura ter visto carri-

nhas algures no meio do mato a soltar os tais lobos; por vezes, a história até inclui helicópteros e pára-quedas!

Ora, ninguém anda a “largar” lobos em lugar algum. Em toda a Europa, nunca houve qualquer programa de reintrodução do

lobo.

Embora tenha sido exterminado em muitas paragens de Portugal, este predador nunca deixou de estar presente. Com o aban-

dono de muitas terras, todos os animais silvestres ganharam espaço e condições para aumentar os seus números. A pastorí-

cia, ao integrar menos cabeças de gado, adopta circuitos mais próximos das povoações, o que aproxima inevitavelmente os

predadores do Homem.

O aspecto supostamente “diferente” dos tais lobos “botados” ou “largados” explica-se pela grande variação que os lobos apre-

sentam nas suas pelagens do Verão para o Inverno e por diferenças entre exemplares, que podem ser significativas. Já o seu

carácter destemido é pura invenção: só os lobos mais prudentes sobreviveram à perseguição dos homens, dando origem a

uma população muito mais tímida.

Mas, e isto é muito grave, por vezes até jornais e estações televisivas insistem no espalhar destes mitos, sem cuidar de obter

testemunhos abalizados ou informações fidedignas. Prova de que nem o século XXI conseguiu iluminar de vez a nossa relação

com o lobo.

Texto produzido no âmbito do Projecto LIFE Med-Wolf, co-financiado pela Comissão Europeia, integrando o programa LIFE.

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O desafio e a oportunidade

Centro de Ciência Viva do Lousal

17 de Outubro 2015 a 30 de Junho 2016

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Cães & Lobos Edição Nº 1

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Cães & Lobos Edição Nº 1

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Estrutura Programática do Curso

Formamos:

Profissionais competentes...

… e donos responsáveis!

Departamento de Formação do:

CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS

Curso destinado a todos aqueles que nutrem uma paixão pelos cães e por todos os mecanismos

que têm a ver com o seu comportamento. Nesta situação enquadram-se os Adestradores

caninos, os Veterinários e os Tratadores, mas fundamentalmente é destinado a todos aqueles

que, não tendo formação nesta área, têm como sonho trabalhar com cães, não só lúdica como

profissionalmente.

Primeiro curso administrado em Portugal com base nas últimas investigações

Presencial

Módulo 1 (teórico)

1.1 CONHECER O CÃO

1.1.1 Conhecer como funciona um cão

1.1.2 O Carácter num cão

1.1.3 O Temperamento num cão

1.1.4 A Comunicação canina

1.1.5 Os Instintos Básicos caninos

1.1.6 Conhecer o cão que se vai adestrar

1.2 MÉTODOS DE ADESTRAMENTO

1.2.1 Métodos de Adestramento

1.2.2 Traçar objetivos

1.2.3 Escolher o melhor método de Adestramento

1.2.3.1 Em função do cão

1.2.3.2 Em função do dono

1.2.3.3 Em função dos objetivos

1.2.4 As várias fases do Adestramento

1.3 CONDICIONAMENTO OPERANTE

1.3.1 Definição

1.3.2 O que é o Clicker

1.3.3 O treino com Clicker

Módulo 2 (prático)

2.1 O ADESTRAMENTO EM OBEDIÊNCIA SOCIAL

2.1.1 Material de adestramento

2.1.1.1 Material de contenção

2.1.1.2 Material de assistência

2.1.1.3 Material didático

2.1.2 Postura corporal do adestrador

2.1.3 Desenvolvimento da motivação do cão

2.1.4 Condicionamento e aquisição de hábito

2.1.5 Exercícios de Obediência Básica

2.1.5.1 Exercício de andar ao lado

2.1.5.2 Exercício de sentar

2.1.5.3 Exercício de deitar

2.1.5.4 Exercício de deitar e ficar quieto

2.1.5.5 Exercício de chamada

2.2 SOCIABILIZAÇÃO

2.2.1 Sociabilização intraespecífica

2.2.2 Sociabilização interespecífica

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Cães & Lobos Edição Nº 4

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Entrevista Cães & Lobos Edição Nº 1

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Cães & Lobos Edição Nº 1

Página 1

Formamos:

Profissionais competentes...

… e donos responsáveis!

Departamento de Formação do:

CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS

Módulo 3 (prático)

3.1 ADESTRAMENTO EM GUARDA E DEFESA

3.1.1 Determinar as aptidões do cão

3.1.2 O Figurante (Homem de ataque)

3.1.2.1 Vestuário

3.1.2.2 Equipamento

3.1.2.3 Formação

3.1.3 O trabalho de motivação

3.1.4 O treino técnico das mordidas

3.1.5 O treino da inibição da mordida (larga)

3.1.6 O treino da fuga do figurante

3.1.7 O treino da busca do figurante

3.1.8 O treino do ataque surpresa ao guia

3.1.9 O treino do ataque longo

Módulo 4 (teórico)

4.1 COMPORTAMENTOS ANÓMALOS E DESVIANTES

4.1.1 Agressividades

4.1.1.1 Definição e tipologias

4.1.2 Micção ou defecação inadequadas 4.1.2.1 Definição

4.1.2.2 Tratamento

4.1.3 Ansiedade por separação

4.1.3.1 Definição

4.1.3.2 Tratamento

4.1.4 Fobias

4.1.4.1 Definição

4.1.4.2 Tratamento

4.1.5 Manias Maternais

4.1.5.1 Definição

4.1.5.2 Tratamento

4.1.6 Hiperatividade e hiperexceptibilidade

4.1.6.1 Definição

4.1.6.2 Tratamento

4.1.7 Comportamentos estereotipados

4.1.7.1 Definição

4.1.7.2 Tratamento

4.1.8 Ingestão Inadequada

4.1.8.1 Alimentação Estranha

4.1.8.2 Coprofagia

4.1.8.3 Objetos

4.1.9 Síndrome de Disfunção Cognitiva

Curso intensivo de formação de monitores de

adestramento científico canino (presencial)

Curso destinado a todos aqueles que nutrem uma paixão pelos cães e por todos os mecanismos que têm a ver com o seu comportamento. Nesta situação enquadram-se os Adestradores caninos, os Veterinários e os Tratadores, mas fundamentalmente é destinado a todos aqueles que, não tendo formação nesta área, têm como sonho trabalhar com cães, não só lúdica como profissionalmente

Características do Curso

Tipo de Curso: Curso presencial ministrado em sistema intensivo de 15 dias de duração, com uma carga horária lectiva diária de 4 horas, incluindo as componentes prática e teórica. Início do Curso: A combinar com o formando Local das Aulas: Campo de Trabalho do Centro Canino de Vale Lobos – Vale de Lobos - Sintra Método de Ensino: Científico Quantidade de Alunos por Curso: 1 Documento fim de Curso: Certificado com informação detalhada sobre as avaliações intercalares e finais e matéria leccionada

Estrutura Programática do Curso Módulo 1 (teórico)

Módulo 2 (prático) Do Curso de duração normal

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Propriedade:

Centro Canino de Vale de Lobos

www.ccvlonline.com

[email protected]

Edição:

Dep. Divulgação do CCVL

http://Comportamento-

canino.blogspot.com

Revista Digital de Cães e Lobos

Editor:

Sílvio Pereira

[email protected]

Colaboraram nesta Edição:

Catarina Assunção, Diego Olivei-

ra, Elsa Fonseca, Grupo Lobo,

Isabel Vital, Marta Gomes, Marta

Wadsworth, Ricardo Capucho,

Ricardo Duarte, Vanessa Correia

Paginação e execução gráfica:

Sílvio Pereira

Nota:

Todo o material publicado nesta

edição é da exclusiva responsa-

bilidade dos seus autores.

_________________________

Página web: http://revistacaeselobos.weebly.com

[email protected]

Cães & Lobos Nº 17

Colaboradoraram nesta edição:

Catarina Assunção

[email protected]

Diego Oliveira

[email protected]

www.souldog.pt

Elsa Fonseca

[email protected]

Grupo Lobo

[email protected]

http://lobo.fc.ul.pt/

Isabel Vital

[email protected]

Marta Gomes

[email protected]

Marta Wadsworth

[email protected]

www.dogloversportugal.com

Ricardo Capucho

[email protected]

Ricardo Duarte

[email protected]

Vanessa Correia

[email protected]

www.acasaprateada.com

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Formamos:

Profissionais competentes...

… e donos responsáveis!

Departamento de Formação do:

Curso destinado a todos os proprietários que queiram adestrar os seus cães em casa

(portanto, no seu território) evitando assim as sempre stressantes e por vezes

traumatizantes idas às escolas de treino canino.

Características do Curso Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio despendido com o curso: De 2 a 4 meses ou 200 horas (varia em função da disponibilidade e da aplicação do aluno).

A quem é dirigido este Curso: Com este Curso o dono dispensa as sempre angustiantes e traumáticas idas às escolas de trei-no, uma vez que o cão aprende no seu próprio território, portanto, qualquer pessoa está em condições de frequentar este curso, a única limitação prende-se com a obrigatoriedade de possuir um cão (seja ele de que raça for) uma vez que numa das fases do Curso terá que aplicar na prática, as técnicas que vão sendo estudadas.

Perspectivas de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/teórica e conhecimento profundo do aspeto funcional do cão, assim como uma identificação da interação dos mecanismos da aprendizagem com os vários tipos de condicionamento. No aspeto prático adquire-se um conhecimento básico dos princípios gerais do Condicionamento Operante assim como a utiliza-ção do clicker como instrumento fundamental no moderno treino científico canino. Resumindo, o formando fica perfeitamente preparado não só para poder treinar o seu cão positivamente mas também para com-preender a sua linguagem, o seu carácter, a sua personalidade e o seu temperamento.

Módulo 1 (teórico)

1ª Parte - Conhecer o Aspeto Funcional do Cão

2ª Parte - O Carácter e o Temperamento num Cão

3ª Parte - A Comunicação Canina

4ª parte - Os Instintos

5ª Parte - Condicionamento Operante

6ª parte - Descobrir o Clicker

Estrutura Programática (resumida)

Módulo 2 (prático)

7ª Parte - O Adestramento em Obediência Social

8ª Parte - Motivar e Condicionar o Cão

9ª parte - Exercícios de Obediência Básica

10ª Parte - Sociabilização

www.ccvlacademia.com/curso-on-line-de-adestramento-positivo-canino.html

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Formamos:

Profissionais competentes...

… e donos responsáveis!

Departamento de Formação do: CENTRO CANINO DE VALE DE LOBOS

Características do Curso

Objetivos do Curso: Formar técnica e cientificamente através da aquisição de conhecimentos sobre a identificação, diagnóstico, tratamento e prevenção dos Comportamentos anómalos, desviantes e patológicos dos cães que vivem integrados na sociedade humana. É um Curso abrangente uma vez que é transversal a todos os Problemas Comportamentais dos canídeos domésticos.

Início do Curso: Imediato Método de Ensino: Científico Documento fim de Curso: Diploma final de Curso com a qualificação obtida. Tempo médio despendido com o curso: +/- 3 meses ou 200 horas (varia em função da disponibilidade e da aplicação do for-mando).

A quem é dirigido este Curso: Este Curso é dirigido a todos os Adestradores Caninos que sentem dificuldades na interpretação e tratamento destas patologias cada vez mais presentes na interação dos cães com os seus donos e o meio envolvente. Mas tam-bém a todos os interessados na temática do Comportamento Canino e nas alterações causadas por via da domesticação.

Perspetival de conhecimentos adquiridos no final do Curso: Excelente bagagem técnico/científica e conhecimento profundo de todos os mecanismos ligados ao processo de interpretação, diagnóstico, tratamento e prevenção das Patologias do Comporta-mento. No final do mesmo, o formando fica em condições de, conscientemente, resolver todos os problemas ligados à área Com-portamental.

Tema 1 - Como Funciona um Cão

Tema 2 - O Carácter

Tema 3 - O Temperamento

Tema 4 - A Comunicação Canina

Tema 5 - Os Instintos Básicos de Sobrevivência

Tema 6 - Os Condicionamentos Tema 7 - As Agressividades

Tema 8 - Ansiedade por Separação

www.ccvlacademia.com/curso-de-psicologia-canina.html

Estrutura Programática do Curso (Resumido)

Tema 9 - Síndrome de Disfunção Cognitiva

Tema 10 - Fobias

Tema 11 - Manias Maternais

Tema 12 - Hiperatividade e Hiperexcitabilidade

Tema 13 - Comportamentos estereotipados

Tema 14 - Ingestão Inadequada

Tema 15 - Eliminação Inadequada