12_da representação estética da finalidade da natureza_immanuel kant
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8/19/2019 12_Da Representação Estética Da Finalidade Da Natureza_Immanuel Kant
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I L I O TE A PÓ L N
ara quem
não
quer
confundir rigor com rigidez.
é
útil
colui
-
derar que a filosofia não é somente uma exclusividade desse
competente e titulado técnico chamado filósofo. Nem sempre
ela
se apresentou
em público revestida de trajes acadêmicos,
cultivada em viveiros pro tetores contra o perigo da reflexão: a
própria crítica da razão, de Kant, com todo o seu ap arato tec
nológico, visava, declaradamente, libertar os obje tos da me
t física do monopólio das Escolas .
O f ilosofar, desde a antiguidade, tem acon tecido na f orma de
f ragmentos, poemas, diálogos, cartas, ensaios, confissões, medi
tações. paródias,
pe ripa
téticos passeios, acompanhados de
in-
findável comentário, sempre recomeçado, e até os modelos mai s
clássicos de
sistema
(Espinosa
com sua
ética, Hegel
com sua
lógica, ic h
e
com
sua
doutrina-da-ciênc ia) s_ o ating idos nesse
próprio estatuto sistemático pelo pa radoxo c onstitutivo que os
jaz
viver. Essa vitalidade da
fi
losofia, em suas
múl
tiplas
or
mas,
é denominador
comum
dos livros desta coleção, que não se pre
tende disciplinarmente f ilosófica, mas, justamente, portadora
desses grãos de an tidogmatismo que impedem o pensamento de
enclausurar-se: um convite à liberdade e à alegria da reflexão.
Rubens Rodrigues Torres Filho
Immanuel
Kant
..
DU S INTRODUÇOES
À
CRÍTICA DO
JUÍZO
Organização
Ricardo Ribeiro Terra
}
r
j
; r u ;
ILUM JRAS
8/19/2019 12_Da Representação Estética Da Finalidade Da Natureza_Immanuel Kant
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Biblioteca Pólen
Dirigida por Rubens Rodrigues Torres Filho
Tftulos originais
Erste Einleitung in die Kritik der Urteilskraft
Einleitung in die Kritik der Urreilskraft
Copyright
©:
Ricardo
R.
Terra e Rubens Rodrigues Torres Filho
Copyright
©dest
edição
Editora Iluminuras Ltda.
Revisão técnica
Márcio Suzuki
Revisão
Otacílio Fernando Nunes Júnior
Composição
Editorial Ambos Mundos
Impressão
Cromoset Gráfica e Editora
ISBN: 85-7321-008-7
1995
EDITORA ILUMINURAS LTDA.
Rua Oscar Freire, 1233
01426-001 -São
Paulo- SP
Tel.: O11 852-8284
Fax: 011)282-5317
Sumário
No ta preliminar
...
Reflexão e sistema: as duas Introduções
à
Crítica do Juízo .....
11
por Ricardo R Terra
PRIMEIRA INTRODUÇÃO CRÍTICA DO JUÍZO ....... .
.... 29
I. Da filosofia como
um
sistema ............. .
. ..... 31
ll. Do sistema das faculdades superiores do conhecimento,
que está no fundamento da filoso fia ... .................. ....................37
Ill. Do sistema
de todas as faculdades
da ment
e
humana
..
..
.... .......
.41
IV. Da experiência
como um sistema para
o Juízo
V.
Do
Juízo reflexionante
VI. Da finalidade das formas da natureza
como outros tantos sistemas particulares
Vi l.
Da
técnica do Juízo como fundamento
da Idéia de uma técnica da natureza
Vlli. Da estética da faculdade-de-julgamento
IX. Do
julgamento
teleológico
..
...
X. Da busca de um princípio do juízo técnico
XI.
Introdução
enciclopédica da Crítica do Juízo
no sistema da crítica da razão pura ..... ........ ......... .
Xll. Divisão da Crítica do Juízo
................53
55
69
....
80
87
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VII
Da representação estética da finalidade da natureza
O que é meramente subjetivo
na
representação de
um
objeto,
isto
é,
o que constitui sua referência ao sujeito, não ao objeto, é a
· sua disposição estética; mas o que nela serve ou pode ser utiliza- .
i do para a
determinação
do objeto para o
conhecimento)
é sua
validade lógica.
No
conhecimento
de um objeto dos sentidos
ocorrem conjuntamente ambas as referências. Na representação
sensível
das coisas externas a mim, a qualidade do espaço,
no
qual as intuímos, é o meramente subjetivo de minha represen
tação delas pelo que permanece incerto o que elas possam ser
como
objetos
em
si), referência graças à qual, também o objeto
é,
dessa maneira, pensado meramente como fenômeno; mas o es
paço,ape
sar de sua qualidade meramente subjetiva, é não obs
tante, um componente do conhecimento das coisas como fenô
menos. Assim como a sensação aqui a externa) exprime o mera-
o
xurr mente subjetivo de nossas representações das coisas
externas
a
A
xu
nó s, exprimindo propriamente, no entanto, o material o real)
destas pelo que algo de existente é dado) , da mesma maneira o
espaço exprime a mera forma priori da possibilidade da intui
ção
elas
coisas; e, não obstante, a sensação também é utilizada
para o conhecimento dos objetos externos a nós.
Mas,
em
uma representação, aquele subjetivo que não pode
de modo
al
gum tornar-se componente
e
conhecimento
é o
pra
zer ou desprazer
a
ela
ligado; pois através destes
nada conheço
do objeto da representação, embora eles possam muito bem ser o
efeito de algum conhecimento.
Também
a finalidade de uma
coisa, na medida em que é representada na percepção, não é um
a r ~ t pró prio do objeto pois tal caráter não pode serpercebi-
118
do), embora possa ser deduzido de um conhecimento das coisas.
Portanto, a finalidade - que precede o conhecimento de um ob
jeto
e que, mesmo não pretendendo usar a representação deste
para fins de um conhecimento, está, não obstante, a ela imediata
mente
l ig d
é o subjetivo da representação, o qual de modo
algum pode tornar-se componente de conhecimento. I ' _ ( ) . , j § . ~ O , o
objeto só é dito final porque sua representação
está
imediata
mente ligada ao sentimento de prazer; e
essa
representação mes-
ma
é
uma
representação estética
da
finalidade. Resta apenas sa- A XLTI
ber
se existe
em
geral tal representação da finalidade. B
XLIV
Se o prazer está ligado
à
mera apreensão
apprehensio
da
forma
de
um objeto da intuição, sem referência dessa apreensão
a um
conceito
para
fins de um conhecimento determinado, então
a representação não está referida, com isso, ao objeto, mas uni
camente ao sujeito; e o prazer não pode exprimir senão a ade
quação Çio objeto às faculdades de conhecimento que estão
em
jogo no Juízo reflexionante e, portanto, na medida em que estas
assim
se
encontram,
exptime
meramente
uma
finalidade subjeti
va e
formal
do objeto.
Pois aquela apreensão das formas na
imaginação jamais pode ocorrer sem que o Juízo reflexionante
as compare pelo menos, ainda
que
não propositadamente, à sua
faculdade de referir intuições a
conceitos.
Ora,
se
nessa com
paração a imaginação como faculdade das íiüuições a priori)
põe-se, sem propósito,
por um representação
dada,
em acordo
com o entendimento
como
faculdade dos
conceitos)
e se, com
isso, é suscitado um sentimento de prazer, o objeto tem então de
ser encarado como final para o Juízo reflexionante.
Tal juízo
é
um juízo estético acerca da finalidade de um objeto, juízo que
não se funda em nenhum conceito disponível do objeto e que
dele não proporciona
nenhum
conceito.
Se
a
forma de
um objeto
não o material da representação dele como sens-ação) é julgada
B
XLV
na mera reflexão sobre ela sem visar um conceito alcançável A
xLm
por meio do
objeto)-
como fundamento de um prazer na repre
sentação dele, julga-se, também, esse prazer como necessaria-
mente ligado a essa representação, conseqüentemente não ape-
nas para o sujeito
que
apreende essa forma, mas para todo judi-
119
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cante em geraL O objeto se chama, então, belo; e a faculdade de
julg11 r por meio de um tal prazer (logo, também, com validade
universal), chama-se o gosto. Pois, como o fundamento do pra
zer é posto para a reflexão em geral meramente na forma do ob
jeto
l ogo
não na sensação do objeto e também sem referência
a um conceito que contivesse algum propósito : então, apenas
a legalidade no uso empírico do Juízo em geral
unidade
da
imãg-Íi-ação
com
o entendimento) no sujeito é aquilo
com
que
concorda a representação do objeto
na
reflexão , cujas condições
váiem uni.vér"salmente a priori; e como essa consonância do ob
jeto com as faculdades do sujeito é contingente, ela então provo
ca a representação de uma finalidade do objeto em vista das fa
culdades de conhecimento do sujeito.
Há aqui, pois ,
um prazer
que -
como
todo
prazer
ou des
prazer não provocado pelo conceito da liberdade (isto é, através
s XLVI da determinação precedente da faculdade superior de desejar pe
A xuv la razão pura) jamais pode
ser
discernido, a partir de con
ceitos, como ligado necessariamente à representação de um ob
jeto;
mas taJ
prazer tem de ser sempre conhecido, pela percepção
refletida, apenas como vinculado à representação, não podendo,
conseqüentemente, como todo juízo empírico, anunciar uma ne
cessidade objetiva nem pretender validade a priori. Mas, assim,
o
juízo
de gosto, como qualquer outro juízo empírico, pretende
apenas valer para todos, o que, a despeito de sua contingência
intrínseca, é sempre possível. No entanto, o estranhoe aberrante
repousa no fato de que não é um conceito empírico, mas um sen
timento de prazer (portanto não
um
conceito)
qu e
como se
fosse um predicado ligado ao conhecimento do objeto - deve
ser atribuído a todos e vinculado à representação do objeto, por
meio do juízo de gosto.
Um juízo
singular de experiência - daquele, por exemplo,
que
percebe
uma gota d'água móvel
em um
cristal de rocha -
exige,
com
direito, que qualquer outro tenha de achar o mesmo,
porque ele emitiu esse juízo, segundo as condições universais do
Juízo determinante, sob as leis de uma experiência possível em
geral.
Da
mesma maneira, aquele que, sem ter em vista um con-
- -
-
·
.
·
-
•
120
ceito, s e i ~ prazer na mera reflexão sobre a forma de um objeto,
pretende COm direito O assen timen to de
t O d O S ~
ainda que esse juí-
B XLVII
zo seja um juízo empírico e singular, porque o fundamento desse
A
XLV
. :
prazer
é encontrado na condição universal , embora suj:>jetiva,
dos juízos reflexionantes, ou seja,
na
concordância final de um
objeto (seja ele produto
da
natureza ou da arte), exigida para
todo conhecimento empírico, com a relação dasfaculdades de
conhecimento entre
si
(imaginação e entendimento). Portanto, o
prazer no juízo de gosto é, na verdade, dependente de uma repre
sentação empírica e não pode ser ligado priori a nenhum con
ceito (não se pode determinar priori qual objeto será adequado
ou não ao gosto, há que testá-lo); mas esse prazer é o fundamen
to de determinação desse juízo apenas na medida em que se é
consciente de q_ue tal prazer repousa meramente na reflexão e
nas condições universais,
embora
apenas subjetivas, da con
cordânci' do mesmo com o conhecimento dos objetos em geral,
para a qual a forma do objeto é final.
Essa é a causa pela qual também os juízos
do gosto-
segun
do sua possibilidade (porque esta pre ssupõe um princípio prio-
r i
estão sujeitos a uma crítica, embor a esse princípio não seja
nem
um princípio de conhecimento para o entendimento , nem
um princípio prático para a vontade, e portanto, não seja deter
minante a priori
A receptividade a um prazer a partir da reflexão sobre a s for- B XLVlll
mas das coisas (da natureza tanto quanto da arte) designa, p o- A
XLV
I
rém, não
só
uma finalidade dos objetos em relação ao Juízo re
flexionante, no sujeito, segundo o conceito da natureza, mas in
versamente
também uma
finalidade do sujeito em
vista
dos
objetos consoante sua forma, e mesm o sua não-forma, segundo o
conceito da liberdade; e com isso ocorre que o juízo estético re-
fere-se, enquanto juízo de gosto, não apenas ao belo , mas en-
quanto surgido de um sentimento espiritual, também ao sublime
e assim, aquela
crítica
do
Juízo estético tem de se dividir em
duas partes principais a eles adequadas.
121