12_da representação estética da finalidade da natureza_immanuel kant

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8/19/2019 12_Da Representação Estética Da Finalidade Da Natureza_Immanuel Kant http://slidepdf.com/reader/full/12da-representacao-estetica-da-finalidade-da-naturezaimmanuel-kant 1/4  I L I O TE A L  N ara quem não quer confundir rigor com rigidez. é útil colui - derar que a filosofia não é somente uma exclusividade desse competente e titulado téc n ico chamado filósofo. Nem se m pre ela se apresentou em públi co revestida de trajes acadêmicos, cultivada em viveiros pro teto r es contra o perigo da reflexão: a própria crítica da razão, de Kan t, com todo o seu ap arato te c nológico, visava , d eclaradamente, libertar os obje tos da me t física do mo no p ólio das Escolas . O f il osofar, desde a antiguidade, tem acon t ecido na f orma de f ragmentos, poemas, d iálogos, cartas, ensaios, confissões, medi tações. paródias, pe ri pa té ticos pa sseios, acompanhados de in- findável comentário, sempre recomeçado, e até os modelo s mai s clássicos de sistema (Espinosa com sua ética, Hegel com sua lógica, i ch e com sua do utrina -da-ciênc ia) s _ o ating idos nesse próprio estatuto sistemático pelo pa radox o c o nstitutivo que os jaz viver. Essa vitali dade da fi losofia, em suas múl tiplas or mas , é denominador comum dos livros desta coleção, que não se pre tende disciplinarme n te f ilosóf ica, mas, justamente, portadora desses grãos de an tidog m atismo q ue impedem o pe nsame nt o de enclausurar-se: um convite à liber dade e à alegria da reflexão. Rubens Rodr igues Torr es Filho Immanuel Kant .. DU S INTRODUÇOES À CRÍTICA DO JUÍZO Organ ização Ric a rd o Ribeiro Terr a } r j ; r u ; ILUM JRAS

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  I L I O TE A PÓ L   N

ara quem

não

quer

confundir rigor com rigidez.

é

útil

colui

-

derar que a filosofia não é somente uma exclusividade desse

competente e titulado técnico chamado filósofo. Nem sempre

ela

se apresentou

em público revestida de trajes acadêmicos,

cultivada em viveiros pro tetores contra o perigo da reflexão: a

própria crítica da razão, de Kant, com todo o seu ap arato tec

nológico, visava, declaradamente, libertar os obje tos da me

t física do monopólio das Escolas .

O f ilosofar, desde a antiguidade, tem acon tecido na f orma de

f ragmentos, poemas, diálogos, cartas, ensaios, confissões, medi

tações. paródias,

pe ripa

téticos passeios, acompanhados de

in-

findável comentário, sempre recomeçado, e até os modelos mai s

clássicos de

sistema

(Espinosa

com sua

ética, Hegel

com sua

lógica, ic h

e

com

sua

doutrina-da-ciênc ia) s_ o ating idos nesse

próprio estatuto sistemático pelo pa radoxo c onstitutivo que os

jaz

viver. Essa vitalidade da

fi

losofia, em suas

múl

tiplas

or

mas,

é denominador

comum

dos livros desta coleção, que não se pre

tende disciplinarmente f ilosófica, mas, justamente, portadora

desses grãos de an tidogmatismo que impedem o pensamento de

enclausurar-se: um convite à liberdade e à alegria da reflexão.

Rubens Rodrigues Torres Filho

Immanuel

Kant

..

DU S INTRODUÇOES

À

CRÍTICA DO

JUÍZO

Organização

Ricardo Ribeiro Terra

}

r

j

; r u ;

ILUM JRAS

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8/19/2019 12_Da Representação Estética Da Finalidade Da Natureza_Immanuel Kant

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Biblioteca Pólen

Dirigida por Rubens Rodrigues Torres Filho

Tftulos originais

Erste Einleitung in die Kritik der Urteilskraft

Einleitung in die Kritik der Urreilskraft

Copyright

©:

Ricardo

R.

Terra e Rubens Rodrigues Torres Filho

Copyright

©dest

edição

Editora Iluminuras Ltda.

Revisão técnica

Márcio Suzuki

Revisão 

Otacílio Fernando Nunes Júnior

Composição

Editorial Ambos Mundos

Impressão

Cromoset Gráfica e Editora

ISBN: 85-7321-008-7

1995

EDITORA ILUMINURAS LTDA.

Rua Oscar Freire, 1233

01426-001 -São

Paulo- SP

Tel.: O11 852-8284

Fax: 011)282-5317

Sumário

No ta preliminar

...

Reflexão e sistema: as duas Introduções

à

Crítica do Juízo .....

11

por Ricardo R Terra

PRIMEIRA INTRODUÇÃO CRÍTICA DO JUÍZO ....... .

 

.... 29

I. Da filosofia como

um

sistema ............. .

. ..... 31

ll. Do sistema das faculdades superiores do conhecimento,

que está no fundamento da filoso fia ... .................. ....................37

Ill. Do sistema

de todas as faculdades

da ment

e

humana

..

..

.... .......

.41

IV. Da experiência

como um sistema para

o Juízo

V.

Do

Juízo reflexionante

VI. Da finalidade das formas da natureza

como outros tantos sistemas particulares

Vi l.

Da

técnica do Juízo como fundamento

da Idéia de uma técnica da natureza

Vlli. Da estética da faculdade-de-julgamento

IX. Do

julgamento

teleológico

..

...

X. Da busca de um princípio do juízo técnico

XI.

Introdução

enciclopédica da Crítica do Juízo

no sistema da crítica da razão pura ..... ........ ......... .

Xll. Divisão da Crítica do Juízo

................53

55

69

....

80

87

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VII

Da representação estética da finalidade da natureza

O que é meramente subjetivo

na

representação de

um

objeto,

isto

é,

o que constitui sua referência ao sujeito, não ao objeto, é a

· sua disposição estética; mas o que nela serve ou pode ser utiliza- .

i do para a

determinação

do objeto para o

conhecimento)

é sua

validade lógica.

No

conhecimento

de um objeto dos sentidos

ocorrem conjuntamente ambas as referências. Na representação

sensível

das coisas externas a mim, a qualidade do espaço,

no

qual as intuímos, é o meramente subjetivo de minha represen

tação delas pelo que permanece incerto o que elas possam ser

como

objetos

em

si), referência graças à qual, também o objeto

é,

dessa maneira, pensado meramente como fenômeno; mas o es

paço,ape

sar de sua qualidade meramente subjetiva, é não obs

tante, um componente do conhecimento das coisas como fenô

menos. Assim como a sensação aqui a externa) exprime o mera-

o

xurr mente subjetivo de nossas representações das coisas

externas

a

A

xu

nó s, exprimindo propriamente, no entanto, o material o real)

destas pelo que algo de existente é dado) , da mesma maneira o

espaço exprime a mera forma priori da possibilidade da intui

ção

elas

coisas; e, não obstante, a sensação também é utilizada

para o conhecimento dos objetos externos a nós.

Mas,

em

uma representação, aquele subjetivo que não pode

de modo

al

gum tornar-se componente

e

conhecimento

é o

pra

zer ou desprazer

a

ela

ligado; pois através destes

nada conheço

do objeto da representação, embora eles possam muito bem ser o

efeito de algum conhecimento.

Também

a finalidade de uma

coisa, na medida em que é representada na percepção, não é um

a r ~ t pró prio do objeto pois tal caráter não pode serpercebi-

118

do), embora possa ser deduzido de um conhecimento das coisas.

Portanto, a finalidade - que precede o conhecimento de um ob

jeto

e que, mesmo não pretendendo usar a representação deste

para fins de um conhecimento, está, não obstante, a ela imediata

mente

l ig d

é o subjetivo da representação, o qual de modo

algum pode tornar-se componente de conhecimento. I ' _ ( ) . , j § . ~ O , o

objeto só é dito final porque sua representação

está

imediata

mente ligada ao sentimento de prazer; e

essa

representação mes-

ma

é

uma

representação estética

da

finalidade. Resta apenas sa- A XLTI

ber

se existe

em

geral tal representação da finalidade. B

XLIV

Se o prazer está ligado

à

mera apreensão

apprehensio

da

forma

de

um objeto da intuição, sem referência dessa apreensão

a um

conceito

para

fins de um conhecimento determinado, então

a representação não está referida, com isso, ao objeto, mas uni

camente ao sujeito; e o prazer não pode exprimir senão a ade

quação Çio objeto às faculdades de conhecimento que estão

em

jogo no Juízo reflexionante e, portanto, na medida em que estas

assim

se

encontram,

exptime

meramente

uma

finalidade subjeti

va e

formal

do objeto.

Pois aquela apreensão das formas na

imaginação jamais pode ocorrer sem que o Juízo reflexionante

as compare pelo menos, ainda

que

não propositadamente, à sua

faculdade de referir intuições a

conceitos.

Ora,

se

nessa com

paração a imaginação como faculdade das íiüuições a priori)

põe-se, sem propósito,

por um representação

dada,

em acordo

com o entendimento

como

faculdade dos

conceitos)

e se, com

isso, é suscitado um sentimento de prazer, o objeto tem então de

ser encarado como final para o Juízo reflexionante.

Tal juízo

é

um juízo estético acerca da finalidade de um objeto, juízo que

não se funda em nenhum conceito disponível do objeto e que

dele não proporciona

nenhum

conceito.

Se

a

forma de

um objeto

não o material da representação dele como sens-ação) é julgada

B

XLV

na mera reflexão sobre ela sem visar um conceito alcançável A

xLm

por meio do

objeto)-

como fundamento de um prazer na repre

sentação dele, julga-se, também, esse prazer como necessaria-

mente ligado a essa representação, conseqüentemente não ape-

nas para o sujeito

que

apreende essa forma, mas para todo judi-

119

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8/19/2019 12_Da Representação Estética Da Finalidade Da Natureza_Immanuel Kant

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cante em geraL O objeto se chama, então, belo; e a faculdade de

julg11 r por meio de um tal prazer (logo, também, com validade

universal), chama-se o gosto. Pois, como o fundamento do pra

zer é posto para a reflexão em geral meramente na forma do ob

jeto

l ogo

não na sensação do objeto e também sem referência

a um conceito que contivesse algum propósito : então, apenas

a legalidade no uso empírico do Juízo em geral

unidade

da

imãg-Íi-ação

com

o entendimento) no sujeito é aquilo

com

que

concorda a representação do objeto

na

reflexão , cujas condições

váiem uni.vér"salmente a priori; e como essa consonância do ob

jeto com as faculdades do sujeito é contingente, ela então provo

ca a representação de uma finalidade do objeto em vista das fa

culdades de conhecimento do sujeito.

Há aqui, pois ,

um prazer

que -

como

todo

prazer

ou des

prazer não provocado pelo conceito da liberdade (isto é, através

s XLVI da determinação precedente da faculdade superior de desejar pe

A xuv la razão pura) jamais pode

ser

discernido, a partir de con

ceitos, como ligado necessariamente à representação de um ob

jeto;

mas taJ

prazer tem de ser sempre conhecido, pela percepção

refletida, apenas como vinculado à representação, não podendo,

conseqüentemente, como todo juízo empírico, anunciar uma ne

cessidade objetiva nem pretender validade a priori. Mas, assim,

o

juízo

de gosto, como qualquer outro juízo empírico, pretende

apenas valer para todos, o que, a despeito de sua contingência

intrínseca, é sempre possível. No entanto, o estranhoe aberrante

repousa no fato de que não é um conceito empírico, mas um sen

timento de prazer (portanto não

um

conceito)

qu e

como se

fosse um predicado ligado ao conhecimento do objeto - deve

ser atribuído a todos e vinculado à representação do objeto, por

meio do juízo de gosto.

Um juízo

singular de experiência - daquele, por exemplo,

que

percebe

uma gota d'água móvel

em um

cristal de rocha -

exige,

com

direito, que qualquer outro tenha de achar o mesmo,

porque ele emitiu esse juízo, segundo as condições universais do

Juízo determinante, sob as leis de uma experiência possível em

geral.

Da

mesma maneira, aquele que, sem ter em vista um con-

-   -

  -

 

· 

.

·

 

-

  •

120

ceito, s e i ~ prazer na mera reflexão sobre a forma de um objeto,

pretende COm direito O assen timen to de

t O d O S ~

ainda que esse juí-

B XLVII

zo seja um juízo empírico e singular, porque o fundamento desse

A

XLV

. :

prazer

é encontrado na condição universal , embora suj:>jetiva,

dos juízos reflexionantes, ou seja,

na

concordância final de um

objeto (seja ele produto

da

natureza ou da arte), exigida para

todo conhecimento empírico, com a relação dasfaculdades de

conhecimento entre

si

(imaginação e entendimento). Portanto, o

prazer no juízo de gosto é, na verdade, dependente de uma repre

sentação empírica e não pode ser ligado priori a nenhum con

ceito (não se pode determinar priori qual objeto será adequado

ou não ao gosto, há que testá-lo); mas esse prazer é o fundamen

to de determinação desse juízo apenas na medida em que se é

consciente de q_ue tal prazer repousa meramente na reflexão e

nas condições universais,

embora

apenas subjetivas, da con

cordânci' do mesmo com o conhecimento dos objetos em geral,

para a qual a forma do objeto é final.

Essa é a causa pela qual também os juízos

do gosto-

segun

do sua possibilidade (porque esta pre ssupõe um princípio prio-

r i

estão sujeitos a uma crítica, embor a esse princípio não seja

nem

um princípio de conhecimento para o entendimento , nem

um princípio prático para a vontade, e portanto, não seja deter

minante a priori

A receptividade a um prazer a partir da reflexão sobre a s for- B XLVlll

mas das coisas (da natureza tanto quanto da arte) designa, p o- A

XLV

I

rém, não

uma finalidade dos objetos em relação ao Juízo re

flexionante, no sujeito, segundo o conceito da natureza, mas in

versamente

também uma

finalidade do sujeito em

vista

dos

objetos consoante sua forma, e mesm o sua não-forma, segundo o

conceito da liberdade; e com isso ocorre que o juízo estético re-

fere-se, enquanto juízo de gosto, não apenas ao belo , mas en-

quanto surgido de um sentimento espiritual, também ao sublime 

e assim, aquela

crítica

do

Juízo estético tem de se dividir em

duas partes principais a eles adequadas.

121