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Ano XI - Edição 124 - Março 2018 Distribuição Gratuita Dia Mundial da Terra MUDEM DE ATITUDE 2017 foi um ano de turbulências para a nação, mas deveríamos considerar também de muito a- prendizado, e se em 2018 usarmos nossas forças, seremos capazes de retornar ao formato original e recuperar o que é nosso por direi- to. A atual realidade exige, mais do que nunca, que adotemos postura de resiliência para seguir em frente nos moldes necessários. Afinal, são os momentos de crises e dificuldade que nos colocam à prova para trazer à tona o nosso melhor e... Página 2 O Valor da Vida O direito à vida é um direito funda- mental do ser humano e como tal não se pode atribuir um valor a ele. Segundo Kant, a vida não tem pre- ço, tem dignidade, e é insubstituí- vel. A dignidade é inerente ao ser humano. Na premissa concebida por Kant temos a consagração do princípio da igualdade humana. “ Age de tal forma que trates a hu- manidade, tanto na tua pessoa, como na pessoa de qualquer outro, sempre também como um fim e nunca unicamente como um meio.” Página 3 Os danos dos analfabe- tismos Como todos os demais problemas sociais, o analfabetismo também tem causas. Entre elas, falta de motivação das pessoas, falta de estrutura adequada de instituições de ensino, distância longa entre o estabelecimento de ensino e a re- sidência do aluno, indiferença de pais ou responsáveis. Página 4 CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social Agora também no seu Baixe o aplicativo NO SITE www.culturaonlinebr.org A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos! Ela sempre anda a passos largos, o caminho parece ár- duo, tem ar de melancolia. O homem a vê e pergunta: - O que lhe aflige mulher? O que você quer? Pensa no que precisa e responde: Quero ser atendida, quero ser ouvida... Leia mais: Página 6 Lufada de ética na corte Certa vez presenciei uma divertida conversa entre o senador Darcy Ribeiro, recém-chegado ao Sena- do, e o então deputado constituinte Florestan Fer- nandes. Darcy dizia em tom de brincadeira a Florestan que na eleição seguinte ele devia deixar a câmara baixa Leia mais: Página 13 AJUDE-NOS a manter estes projetos de educação (Rádio e Jornal)- www.gazetavaleparaibana.com/apoiadores.htm Oração à Mãe Terra Mãe nossa, cujo corpo é a Terra, santificado seja o teu ser. Floresçam os teus jardins campos e florestas. Seja feita a tua vontade, assim nas cidades co- mo na natureza. Agradecemos há este Dia, o alimento, o ar e a água. Perdoa nossos pecados contra a Terra, como nós perdoamos uns aos outros. E não nos deixes ser extintos, mas livra-nos da nossa insensatez. Pois tua é a beleza e o Poder, e toda a vida, Do nascimento à morte, Do princípio ao fim. Que assim seja e assim se faça para o bem de todos. Abençoado sejas! Desconheço o autor... Editorial Crônica do mês Educação

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Ano XI - Edição 124 - Março 2018 Distribuição Gratuita

Dia Mundial da Terra

MUDEM DE ATITUDE

2017 foi um ano de turbulências para a nação, mas deveríamos considerar também de muito a-prendizado, e se em 2018 usarmos nossas forças, seremos capazes de retornar ao formato original e recuperar o que é nosso por direi-to. A atual realidade exige, mais do que nunca, que adotemos postura de resiliência para seguir em frente nos moldes necessários.

Afinal, são os momentos de crises e dificuldade que nos colocam à prova para trazer à tona o nosso melhor e...

Página 2

O Valor da Vida

O direito à vida é um direito funda-mental do ser humano e como tal não se pode atribuir um valor a ele. Segundo Kant, a vida não tem pre-ço, tem dignidade, e é insubstituí-vel. A dignidade é inerente ao ser humano. Na premissa concebida por Kant temos a consagração do princípio da igualdade humana. “

Age de tal forma que trates a hu-manidade, tanto na tua pessoa, como na pessoa de qualquer outro, sempre também como um fim e nunca unicamente como um meio.”

Página 3

Os danos dos analfabe-tismos Como todos os demais problemas sociais, o analfabetismo também tem causas. Entre elas, falta de motivação das pessoas, falta de estrutura adequada de instituições de ensino, distância longa entre o estabelecimento de ensino e a re-sidência do aluno, indiferença de pais ou responsáveis.

Página 4

CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social

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A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos!

Ela sempre anda a passos largos, o caminho parece ár-duo, tem ar de melancolia. O homem a vê e pergunta: - O que lhe aflige mulher?

O que você quer? Pensa no que precisa e

responde: Quero ser atendida, quero

ser ouvida...

Leia mais: Página 6

Lufada de ética na corte

Certa vez presenciei uma divertida conversa entre o senador Darcy Ribeiro, recém-chegado ao Sena-do, e o então deputado constituinte Florestan Fer-nandes.

Darcy dizia em tom de brincadeira a Florestan que na eleição seguinte ele devia deixar a câmara baixa

Leia mais: Página 13

AJUDE-NOS a manter estes projetos de educação (Rádio e Jornal)- www.gazetavaleparaibana.com/apoiadores.htm

Oração à Mãe Terra Mãe nossa, cujo corpo é a Terra, santificado seja o teu ser. Floresçam os teus jardins campos e florestas. Seja feita a tua vontade, assim nas cidades co-mo na natureza. Agradecemos há este Dia, o alimento, o ar e a água. Perdoa nossos pecados contra a Terra, como nós perdoamos uns aos outros. E não nos deixes ser extintos, mas livra-nos da nossa insensatez. Pois tua é a beleza e o Poder, e toda a vida, Do nascimento à morte, Do princípio ao fim. Que assim seja e assim se faça para o bem de todos. Abençoado sejas!

Desconheço o autor...

Editorial Crônica do mês Educação

Março 2018 Gazeta Valeparaibana Página 2

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MUDEM DE ATITUDE

2017 foi um ano de turbulências para a nação, mas deveríamos considerar também de muito aprendizado, e se em 2018 usarmos nossas forças, seremos capazes de retornar ao formato ori-ginal e recuperar o que é nosso por direito. A atual realidade exige, mais do que nunca, que ado-temos postura de resiliência para seguir em frente nos moldes necessários.

Afinal, são os momentos de crises e dificuldade que nos colocam à prova para trazer à tona o nosso melhor e, assim agindo, demonstraremos capacidade de aprender com os erros, de nos tornar mais fortes e preparados para enfrentar novos desafios e, ao invés de nos acomodar, iremos ao encontro dos propósitos de nossas vidas.

Com a convicção de que temos como não sucumbir aos impactos que recebemos a cada dia para não sermos derrubados, é preciso ter raízes fortes como as árvores que resistem aos tornados e furacões.

Assim como a luz está presente em nossos dias, temos que perceber a luz que habita em nosso interior e fazê-la desabrochar com força, energia e sabedoria.

A política em nosso país tem sido até agora o passaporte para o cidadão ser transportado à carência de educação e falência social. Antes nos apoiávamos na força política acreditando num futuro melhor, mas hoje nos deparamos com um sistema de governo que corrompeu a dignidade humana das pessoas de bem, e que fez nascer a indignação que corrói nossas almas.

A compra de votos, o enriquecimento ilícito, a falsidade ideológica, a propaganda enganosa e a inversão de valores nos fazem viver na amoralidade e com o destino nas mãos de desonestos que usaram suborno e falcatruas para se promoverem e se elegerem enganando seus incautos eleitores.

Essa prática promove o nepotismo, nomeações fantasmas, superfaturamento, caixa dois, sonega-ção, abuso de autoridade, mensalões e eleições fraudulentas. Isso tudo denegriu a administração pública e social. Caçoando dos eleitores, o infrator quando se sente ameaçado, correndo o risco de ser cassado, nega seus atos, defende a ética e moral, elimina as provas que o condena, une-se e fortalece corruptores e corruptos, que continuam contemplados com benefícios que deveriam ser do povo.

Assim, seguem a céu aberto, num mar de lama com altos salários debochando da justiça e de nós.

Os criminosos de colarinho branco e alma negra, em todos os níveis do governo, iludem eleitores ingênuos, que foram privados do seu direito de estudar, ter saúde, segurança e uma vida digna. Eleitores esses que confiaram em palavras falsas escritas por marqueteiros inescrupulosos para seus clientes mais inescrupulosos ainda.

Mas quando se fala em postura resiliente, significa que poderemos intervir e impedir a continua-ção da formação desses grupos de conluio e quadrilhas.

Deixemos que “eles” sintam-se ameaçados e inquietos com o poder de nossa força e, que não temam somente as delações premiadas e sim a nós, que podemos ser os fiscais e delatores de agora em diante.

Num período de crise econômica e moral à beira da nova eleição, o voto precisará ser diferente para que nosso futuro não continue obscuro. Precisaremos avaliar cada proposta, cada candidato em relação às nossas causas e necessidades, não só as imediatas, mas também as propostas a longo prazo e que nos garantam que lá na frente não haverá novas surpresas desagradáveis e nocivas. Não podemos hoje repetir o que foi feito ontem: afinal, quem decide e escolhe somos nós.

Com resiliência, escolhamos quem deverá e poderá estar ao nosso lado, porém, sem acreditar demais, vigiando essa liberdade e cobrando nossos direitos com rigor.

A dor do brasileiro não passa porque nos acostumamos com ela. Essa dor é consequência da nossa falta de expressão e da falta de consciência dos nossos votos.

Fomos e somos governados por desinteressados pelo povo.

Que ninguém entre nós vote em quem não merece. Não votar em corruptos é o primeiro passo para expulsar dos postos executivos e legislativos todos os que tiverem qualquer tipo de mancha na reputação.

Genha Auga – Jornalista – MTB: 15.320

Estar com a corda no pescoço O enforcamento foi, e ainda é em alguns países, um meio de aplicação da pena de morte. A metáfora nasceu de anistias ou comutações de pena chegadas à últi-ma hora, quando o condenado já estava prestes a ser executado e o carrasco já lhe tinha posto a corda no pescoço, situ-ação que, de fato, é um sufoco. Hoje, o ditado significa estar ameaçado, sob pressão ou com problemas financeiros. Como sardinha em lata A palavra sardinha vem do latim sardina. Designa o peixe abundante na Sarde-nha, conhecida região da Itália. É um ali-mento apreciado e nutritivo, de sabor bem peculiar. As sardinhas, quando en-latadas em óleo ou em outro molho, vêm coladas umas às outras. Por analogia, usa-se a expressão popular sardinha em lata para designar a superlotação de veí-culos de transporte público. O pior cego é o que não quer ver Em 1647, em Nimes, na França, na uni-versidade local, o doutor Vicent de Paul D’Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que pas-sou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imagina era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver. Atualmente, o ditado se re-fere a a alguém que se nega a admitir um fato verdadeiro. Andar à toa Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está “à to-a” é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determi-nar. Uma mulher à toa, por exemplo, é aquela que é comandada pelos outros. Jorge Ferreira de Vasconcelos já escre-via, em 1619: Cuidou de levar à toa sua dama. Hoje, o ditado significa andar sem destino, despreocupado, passando o tempo.

Editorial

Março 2018 Gazeta Valeparaibana Página 3

O Valor da Vida

O direito à vida é um direito fundamental do ser humano e como tal não se pode atribuir um valor a ele. Segundo Kant, a vida não tem preço, tem dignidade, e é insubstituível. A dignida-de é inerente ao ser humano. Na premissa concebida por Kant temos a consagração do prin-cípio da igualdade humana. “ Age de tal forma que trates a humanidade, tanto na tua pessoa, como na pessoa de qualquer outro, sempre também como um fim e nunca unicamente como um meio.”

Não é preciso a meu ver, relatar tudo o que já foi e continua sendo dito sobre a preciosidade e a importância que tem a vida. O que me faz abordar o tema é justamente a desvalorização desse direito fundamental. A vida tem sido tratada com total desprezo, sem nenhum cuidado, como se pudéssemos perdê-la e recuperá-la a qualquer tempo, esquecendo que possuímos uma vida. Estamos a mercê de pessoas que não pensam duas vezes antes de sair atirando e matando por motivos os mais fúteis e torpes que se possa imaginar. Mas a verdade é que nada justifica tirar uma vida. Não temos esse direito. Alguns poderão dizer: E o criminoso tem?. Não podemos nos igualar e raciocinar dessa maneira, senão acabaremos todos iguais. As desigualdades sociais, a baixa renda da maioria da população, a criminalidade, o desman-telamento das famílias, a influência da mídia e da internet acabam por criar novos valores na sociedade.

Vemos pessoas serem mortas, por conta de divergência de opinião, por pensarem de forma diferente, por roubos, por motivos políticos, religiosos, crimes que não se justificam, porque a barbárie não tem justificativa. É uma enxurrada diária de violência onde o respeito à vida não existe. Pessoas são mortas por causa de um celular. São roubos, assassinatos, acabando com a vida como se nada fosse. Pergunto-me para onde estamos caminhando, no momento em que o bem mais precioso que possuímos passa a valer nada, então o que realmente im-porta? Devo entender então que o valor da vida assim como outras coisas que nos são caras, tem o valor que lhe atribuímos. Não posso atribuir um valor à vida, porque seu valor é inesti-mável para mim. Infelizmente para muitas pessoas ela não vale nada. Refletir sobre o valor da vida é necessário.

. Alguns concordam que matar bandido é o correto. Acabam endossando a negação do valor da vida e com essa atitude acabam perpetuando a violência. O aumento da violência resulta em mais mortes. Isso acaba se tornando um ciclo vicioso, que é fomentado pela miséria, pela falta de moradia, de trabalho, de salário decente. A negligência do Estado e a falta de políti-cas públicas adequadas e eficientes, propiciam que as pessoas se sentindo abandonadas, pratiquem atos de desrespeito à vida humana, sentindo-se indiferentes as consequências e ao que isso representa. É o abandono dos valores, daquilo que realmente importa.

É sabido que a violência se manifesta de várias maneiras., e qualquer tipo de violência é uma afronta aos direitos humanos. A nossa prioridade devia ser sempre a vida, a preservação e não a desconsideração com ela, como ocorre. A valorização do nosso bem mais valioso, o cuidado e o respeito com o outro, a tolerância são fundamentais para a vida em sociedade. Regras são necessárias para a boa convivência. A violência está presente em todos os meios e grupos sociais, se alastrando como rastilho de pólvora, que não conseguimos apagar. Vive-mos com medo, essa é a verdade, e para nos protegermos nos tornamos agressivos, é um ciclo vicioso. A violência gerando violência. Ela não é externa a sociedade, sempre esteve presente. O que muda é a maneira como cada sociedade lida com ela. A violência é fruto da própria sociedade.

Valorar a vida passa pela família, pela educação, pela perspectiva de uma vida decente, onde não se precise roubar para comer, matar para obter o necessário, onde não se vive com me-do de sair de casa, onde não se viva sempre esperando pelo pior. Uma sociedade que valori-ze a dignidade humana consegue diminuir a violência. Não existe uma sociedade sem violên-cia, mas ela pode ser atenuada com trabalho e esforço. A banalização da morte/a banaliza-ção da vida não deve se tornar regra.

Dizer que o “homem é bom por natureza e a sociedade o corrompe” (Rosseau) não me con-vence. Acho mesmo que nossa natureza não é tão boa assim, e que não somos piores por-que as normas nos limitam. Talvez esteja desencantada e ainda existam pessoas que não foram corrompidas, que são boas sempre, independente de regras ou não.

Mariene Hildebrando Professora e especialista em Direitos Humanos

e-mail: [email protected]

Calendário

Algumas datas

08 - Dia Internacional da Mulher 14 - Dia Nacional dos Animais 15 - Dia da Escola 20 - Dia Internacional da Felicidade 21 - Dia Universal do Teatro 21 - Dia Mundial da Terra 21 - Dia Internacional das Florestas e da Árvore 21 - Dia Mundial da Infância 22 - Dia Mundial da Água 23 - Dia Mundial da Meteorologia 31 - Dia da Integração Nacional

Ver mais sobre na Página 12

Água um direito e um bem a preservar

- Á água é um dos principais elementos da natureza. Não podemos viver sem ela. - Sem água não haveria vida humana, pois ela é cerca de 70% do nosso corpo. - Neste Dia Mundial da Água precisamos nos conscientizar de usar este importante recurso natural de forma sustentável, para que ele nunca falte. - Economizar água é uma medida inteligente, econômica e vital para nossa espécie e para o planeta em geral. - Um das principais violências que o ser hu-mano comete contra a natureza é a poluição das águas de rios, oceanos, lagos , etc.

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Crônica do mês

Março 2018 Gazeta Valeparaibana Página 4

Vivendo de passado Toda civilização que já existiu e ainda existe na Terra tem hierarquia social. Organização em forma de hierarquia é natural para a humani-dade. Uns comandam e outros obedecem ao comando. Uma minoria tem mais dinheiro e mais poder que a maioria e a milênios é assim.

Mas a sociedade civil ser dividia em hierarquia socioeconômica não significa que é necessária péssima distribuição de renda, que a maio-ria tenha que viver na pobreza ou mesmo na miséria, que tem que passar a vida recebendo migalhas, porque a parcela bem abonada da sociedade não quer perder privilégios. Não estamos vivendo mais na Antiguidade, nos tempos dos faraós egípcios, dos filósofos gregos ou dos césares romanos, quando uso de mão de obra escrava era co-mum. Não estamos vivendo mais na Idade Média, quando a mão de obra era servil nos feudos europeus. E também não estamos no Brasil do século XIX, quando o Brasil era basicamente agrícola e a mão de obra era escrava.

Estamos vivendo no século XXI, a tecnologia avançou muito, temos recursos que gerações anteriores a nossa não tinham. É possível os ricos serem ricos e os demais viverem melhor do que vivem atual-mente. Nem todos os países desenvolvidos desta época vivem de in-dústrias, de tecnologia mecânica e eletrônica para terem renda. Há países desenvolvidos que vivem de commodities e serviços, como a Noruega, a Islândia e a Nova Zelândia.

É lógico que, se um país puder ter uma poderosa indústria nacional que produza tecnologia de ponta, deve seguir esse caminho desde

que preserve o meio ambiente. E nem todos os países industrializa-dos desenvolvidos tiveram colônia de exploração na América Latina ou Caribe, na África, na Ásia e na Oceania. Há algum país em que se fale finlandês na América Latina? No Caribe? Há algum país em que se fale norueguês na África? Há algum país no sudeste asiático ou alguma ilha na Oceania em que se fale islandês?

O caminho para um país se desenvolver é proporcionar para toda a população educação escolar de ótima qualidade, facilitar o acesso aos bens culturais e históricos do mundo para a população, investir constantemente em pesquisas científicas diversas, estimular uma boa distribuição de renda de forma a elevar o IDH e o PIB per capta do país. Uma boa educação soluciona uma enorme quantidade de pro-blemas, ou previne.

É claro que a educação não resolve tudo, mas é um dos principais pilares do desenvolvimento de um país. A sociedade necessita se li-bertar dessa mentalidade ultrapassada que hoje predomina e abrir a sua mente para mudanças. Os parâmetros de desenvolvimento desta época são IDH elevado e renda per capta elevada, além de uma po-pulação bem alfabetizada.

Enquanto a sociedade civil brasileira, começando pelas oligarquias, não se conscientizarem disso, o Brasil não vai conseguir chegar lá, vai sempre ficar para trás. Quanto menor for a capacidade de consu-mo da população, menos a população vai consumir, e a saúde finan-ceira do país nunca vai ficar boa. Então, que venham as mudanças!

João Paulo E. Barros

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Desenvolvimento

Os danos dos analfabetismos Como todos os demais problemas sociais, o analfabetismo também

tem causas. Entre elas, falta de motivação das pessoas, falta de es-

trutura adequada de instituições de ensino, distância longa entre o es-

tabelecimento de ensino e a residência do aluno, indiferença de pais

ou responsáveis.

Só que a palavra analfabetismo atualmente não significa somente não

saber ler e nem escrever. Há outras formas de analfabetismo, como o

funcional, que é silencioso e causa sérios prejuízos a qualquer pa-

ís. Esse tipo de analfabetismo reduz a capacidade da pessoa para tra-

balhar e as oportunidades de inclusão social. A pessoa sabe ler e es-

crever basicamente, mas não consegue entender o que lê.

Mas a pior forma de analfabetismo é o analfabetismo político. Porque

devido a ignorância política da maioria, ganha espaço o pior de todos

os bandidos, que é o político corrupto, um problema que atormenta o

Brasil e outros países também. Não só o político corrupto e interessei-

ro como o político incompetente também. Esses dois tipos de analfa-

betismo não prejudicam apenas o indivíduo sozinho, prejudicam a so-

ciedade coletivamente, as famílias também.

O analfabeto funcional e o analfabeto político não são obrigatoriamen-

te pessoas com más intenções. São pessoas que não têm preparo

para lidar com algumas adversidades graves no decorrer de suas vi-

das, é esse o problema. Também, tendem a não ter consciência cívi-

ca.

Outro tipo de analfabetismo também silencioso é o analfabetismo fi-

nanceiro. Quais as características do analfabeto financeiro? Esse tipo

de analfabeto se permite a ser facilmente seduzido pelo consumismo,

sente necessidade de ser aprovado e bem visto pela sociedade e por

isso quer ostentar abundância de bens, e por isso vive preso às par-

celas, vive endividado, não se preocupa com o amanhã, não se inte-

ressa em poupar dinheiro, vive somente o hoje e deixa a vida leva-lo.

Compra o que vê pela frente sem refletir se realmente necessita, não

é amigo da calculadora. Esse tipo de analfabeto não prejudica só a si

mesmo, prejudica seus familiares, e possivelmente seus parentes e

amigos (pede dinheiro emprestado e depois não consegue pagar).

Concluindo, o analfabeto financeiro é aquela pessoa que só paga a

parcela mínima do cartão de crédito, que não presta atenção na taxa

de juros na hora de decidir por uma compra e não tem controle de

quanto gasta durante um dia ou durante um mês, a ânsia por comprar

“fala mais alto”. Se o analfabeto financeiro for um patrão empreende-

dor, dono de uma empresa, ele pode prejudicar também os funcioná-

rios por não saber administrar finanças, e é também por isso que o

Brasil tem uma Justiça Especializada em causas trabalhistas.

Ou mesmo os clientes, e é também por isso que no Brasil há PRO-

CON. Porque os problemas trabalhistas e de relações de consumo

são muitos. É por isso que o Estado tem que regular, senão a vida do

brasileiro vira uma tormenta perene.

Quando alguém afirma que é necessário melhorar a qualidade da e-

ducação no Brasil, é para melhorar a qualidade de vida das pessoas

em geral, melhorar a qualidade dos serviços prestados, dos produtos,

para que toda a sociedade viva em condições cada vez melhores.

No Brasil há grande carência de alfabetização funcional, alfabetização

política e alfabetização financeira. E é algo que a sociedade civil vai

ter que solucionar.

João Paulo E. Barros

Educação

Março 2018 Gazeta Valeparaibana Página 5

A meritocracia

Muitas vozes no país clamam por meritocracia. Meritocracia e tecnocracia são palavras bonitas. Vamos ser sinceros? Na teoria, a proposta da meritocracia é maravilhosa. Mas na prática, é fantasia de muitas mentes. O que importa para o mercado é a criação de valor, receitas.

Esforço, inteligência, talento natural, dedicação, suor do rosto... poucas vezes são muito bem recompensados pelo mercado. O trabalho duro das pessoas por si só não lhes garante nada.

Partamos da hipótese que a meritocracia é possível na prática.

Então ela deve começar pelos poderes da república.

E dos três poderes, ela deve começar pelo legislativo, que é o que representa a população.

Os políticos que têm mandato são muito bem recompensados, muito bem remunerados, e constantemente há algum político envolvido em algum escândalo nos noticiários.

Então, pode-se restringir os cargos políticos eletivos somente a pessoas que realmente os merecerem, pessoas de reputação ilibada e idoneidade moral em suas vidas privadas, com notório saber político e jurídico, passar por concursos públicos que incluam provas de títulos, testes psicotécnicos rigorosos, enfim, “passar um pente bem fino”. Além de condicionar o pagamento dos serviços à produtividade do mandatário.

Em seguida, o poder executivo, os presidentes, governadores e prefeitos e seus respectivos ministros e secretários, todos deveriam passar por rigorosas avaliações prévias, além de serem frequentemente auditados, para servirem de exemplo para o restante da sociedade.

Quanto ao mercado de trabalho, depois que os governos resolverem o problema da má qualidade da educação escolar, o que vai levar décadas, quando o Brasil tiver uma maioria muito bem escolarizada, com reais condições de competir, aí será possível levar em consideração a proposta da meritocracia.

Nas atuais condições, meritocracia plena é falácia.

As pessoas não têm igualdades de condições para competir na atual conjuntura. Para se capacitar para alguma função, cada pessoa precisa de dedicação, cuidado, esforço, competência, é claro que sim! Porém, bons professores, bons materiais didáticos, orientação adequada, suporte e assistência, treinamento eficiente, é essencial para todo e qualquer ser humano.

O todo é a soma das partes. Um avião não consegue voar tendo asas apenas em um dos lados, tem que tê-las nos dois lados.

Na melhor das hipóteses, clamar por meritocracia atualmente é ingenuidade ou entõ má fé.

João Paulo E. Barros

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Mercado de Trabalho Mercado de trabalho

É notório que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente. Dessa forma, é preciso buscar por diferenciais que complementem seu currículo e permitam que ganhe oportunidade nesse concorrido espaço. Isso porque um profissional de sucesso não precisa somen-te de qualificação. É necessário que mantenha-se atualizado, seja criativo, saiba trabalhar e liderar equipes e apresente outras caracte-rísticas que lhe proporcione destaque.

O mercado de trabalho mudou e ele se impõe ao exigir um novo per-fil de profissional: aquele que está em constante mutação. A crise, a recessão, o fechamento de postos de trabalho, a queda de contrata-ções via CLT, a globalização, o aumento do empreendedorismo (muitos por necessidade), tudo isso se apresenta em um momento de transição em que é fundamental para o trabalhador buscar um novo modelo de carreira que o prepare para o futuro, que já bate à porta. Exceto áreas específicas, esqueça o tempo de ser especialis-ta em uma única área da sua formação. Esse tempo acabou. Hoje, o profissional disputado pelas organizações é o que consegue ser mul-titarefa em um mercado em frequente mudança. Se ainda não enxer-gou que o cenário é outro, é melhor abrir os olhos.

Amir El-Kouba, professor de gestão de pessoas em MBAs da Funda-ção Getulio Vargas/Faculdade IBS e consultor empresarial, afirma que se tem algo de positivo em toda essa crise é que “foi feita uma releitura do mundo do trabalho por parte do profissional à revelia da nossa legislação trabalhista.

Formaram-se MEIs (microempreendedor individual), profissionais se associando a outros profissionais para prestar serviço, contratos temporários, consultores, técnicos associados, enfim, uma nova re-configuração”.

O alerta de Amir El-Kouba é que esses novos modelos de trabalho e de renda não são de ordem situacional, mas uma tendência para a cultura brasileira. “O Brasil sempre foi um país empreendedor, com

uma legislação que impede maior salto, o que precisa mudar para a evolução ocorrer”, diz. Um otimista, o professor enfatiza que o bom nesta crise é que todas essas questões e temas são analisados de formas mais sérias e menos emocional”.Amir El-Kouba avisa que as tendências vieram para ficar. “As transformações da carreira indivi-dual e no mercado de trabalho, um outro modelo na relação com o trabalhador, são um caminho sem volta. É a percepção mais clara que a globalização determinou 30 anos atrás.”

Outro ponto de transformação para o qual o professor chama a aten-ção é o encurtamento das distâncias proporcionado pela globaliza-ção (e a tecnologia), inclusive para o nível mais básico de trabalha-dores.

O consultor empresarial destaca também a seriedade de reformas neste sentido, incluindo o discurso da terceirização e a negociação mais livre entre empregador e empregado. E ele ainda chama a a-tenção para o profissional de hoje (pelo menos uma parcela) que já resolveu reavaliar e requalificar sua carreira. “É aquele profissional que tinha experiência e linha de trabalho dentro da TI e saúde e ago-ra resolveu fazer uma pós de gestão empresarial. Decide ampliar sua visão financeira e abre novo campo de atuação.

É assim que o trabalhador do futuro tem de pensar e agir. Investir em uma área complementar, ainda que diferente da sua formação, mas que consiga uma aproximação, para potenciar o currículo. Essa é uma visão estratégica com foco na ampliação do mercado”, avisa o professor..

Portanto, ainda que a recuperação do emprego ocorra (ela virá de maneira lenta e gradual), Amir El-Kouba enfatiza que a retomada do emprego será diferente, terá uma nova redefinição. E ele aponta dois caminhos: em primeiro lugar, possibilidades maiores de cargos porque o profissional se tornou mais capacitado; e em segundo, a migração para áreas que tenham maior demanda.

Da redação

Contos e Poemas da Genha

Março 2018 Gazeta Valeparaibana Página 6

MULHERES Genha Auga – Jornalista MTB:15.320

Ela sempre anda a passos largos, o caminho

parece árduo, tem ar de melancolia.

O homem a vê e pergunta:

- O que lhe aflige mulher? O que você quer?

Pensa no que precisa e responde:

- Quero ser atendida, quero ser ouvida.

Diminui os passos, olha firme como que desafi-

ando aquele homem a lhe dar as respostas ao

que deseja e ouve atentamente.

- Não se desespere se entregue e voe...

- Como posso, se o medo aflige minha alma,

responde-lhe a mulher, esse mundo está cheio

de adversidades, tudo parece piorar a cada dia.

- Tranquilamente ele responde:

- Quando tudo parece estar perdido é que virá o

milagre, coloque à frente seus atributos natu-

rais, suas raízes entrelaçadas com sentimento

e cumplicidade naquilo que faz.

- Não entendo, diz ela. Sou apenas uma mulher

que rema contra a maré para chegar onde que-

ro, esqueço a dor para ter forças e cuidar dos

filhos, do pai e manter meu amor embora com

tantos desafetos.

- Então, lhe responde o homem, esse é seu

dom como mulher: aprimorar o amor, cuidar do

homem, zelar pelos filhos, és guerreira e mãe

da Terra.

- Senhor, apenas procuro fazer o que é preciso

para engrandecer a vida de todos e a minha

própria, embora, minha alma se aflija quando

me sinto enfraquecer, procuro lidar com meu

lado fraco para ser forte. E assim vou seguindo

mesmo que às vezes me sinta cansada nessa

luta desigual entre o homem e a mulher, vou

em frente...

O homem a viu seguir e pensou: uma simples

mulher, que a vida inteira roupa lavou, que pela

família, pelo pão de cada dia, pela pátria, sua

própria vida anulou.

As mulheres podem ser humildes, fortes, famo-

sas ou anônimas, todas têm na sua trajetória o

cansaço, mas não se deixam vencer, seja lá

que mulher for, rasgam o ventre para dar conti-

nuidade à vida na Terra.

Sejam elas mães, amigas, virgens ou amantes

há em todas elas um pouco de mistério. O ho-

mem a contempla enquanto a vê afastando-se

livremente.

Mais à frente se depara novamente com ela

com os passos cansados e pergunta? - Precisa

de alguma coisa?

- Sim, responde ela. Um fôlego para continuar

minha jornada, ela é longa e não posso parar.

Tenho muitos para cuidar e uma vida toda para

trilhar e preciso de forças para seguir com vitó-

rias em minha jornada. Obrigada, acho que o

senhor em nada pode me ajudar, sorri agrade-

cida, para e respira.

A mulher muda o destino do homem, a cada dia

sua beleza se renova, tem a natureza do apri-

morar e como será esse mistério, essa grande-

za que não a deixa perder as forças?

Nessa relação entre Deus e a mulher, aquele

“homem” que a colocou divinamente no Univer-

so a acompanha e, quando sente que diminuiu

os passos,

“Ele” simplesmente a empurra, e ela voa...

As mulheres seguem sempre fortes na sua tra-

jetória e assim, fazem cada uma sua história!

AJUDE-NOS a manter estes projetos de educação (Rádio e Jornal)- www.culturaonlinebr.org/apoiadores.htm

PENSAMENTOS DE UMA MULHER

Genha Auga

Vivi intensamente

Foi um suceder de emoções

Um me entregar totalmente

Sem medir minhas paixões

Acho importante escrever

E repartir minha essência

Fazer todo o mundo saber

Que a vida não é uma ciência

Ela é construída de pequenos momentos

De razão, e de duvidosas lógicas

Mas muitas vezes os sentimentos

Tomam decisões que se revelam trágicas

O importante é pôr-se de pé

Fingir para o mundo que nada aconteceu

Ser forte ao ponto de até

Esquecer o passado, o que de ruim ocorreu

Espero que as linhas aqui escritas

Liberem sentimentos e emoções

E que deem forças irrestritas

Para superar quaisquer decepções

Na pretensa contabilidade

Com que às vezes enxergamos a vida

Considero-me em paz e à vontade

Pronta para minha partida

Augusto dos Anjos e o apedrejamento dos juízes

Nascido no Engenho Pau d’Arco, hoje muni-cípio de Sapé, na Paraíba, o poeta Augusto dos Anjos é um dos grandes nomes da nossa literatura. A morte prematura, aos trinta anos, só lhe permitiu em vida a publicação de um livro, de rígida métrica e rimas preciosíssima, “Eu”, ao qual se incorporaram outros poemas inéditos após a sua morte, passando a ser sistematicamente reeditado com o título de “Eu & outras poesias”.

Guardo de cor, desde os tempos de menino, aquele que é, provavelmente, seu mais famo-so soneto, os “Versos íntimos”. Aqueles dois quartetos e dois tercetos são um exemplo de perfeição, na métrica, na rima, na cadência, no ritmo. E serve para lembrar-nos sobre a ingratidão, aquela pantera, companheira inse-parável.

Pena que alguns membros do judiciário, que há bem pouco eram incensados pelos gran-des conglomerados da mídia e hoje viraram vidraça, não o tenham lido.

Juízes como Moro e Bretas, heróis com direito a capa de revista e merecedores de prêmios para gente que “faz a diferença”, de uma hora para outra viram-se atingidos por jornais e re-vistas, tão amigos até ontem, que agora de-nunciam os seus “penduricalhos” e a imorali-dade dos seus “auxílios-moradia”.

Eram pedras até ontem, quando serviam aos interesses dos grandes. Hoje são vidraças, no ponto de se estilhaçar, quando não tenham mais serventia.

O centenário soneto de Augusto dos Anjos

parece ter sido feito para eles. Ninguém assis-tirá ao “enterro da sua última quimera”. Só os acompanhará a “ingratidão – esta pantera”. O colunista amigo que defendia Moro acima de tudo e de todos, considera “tosco” o seu argu-mento para justificar o recebimento do tão e-xecrado auxílio-moradia. Dona Rosângela, acostumada aos holofotes, aos flashes, às notinhas simpáticas, agora incomoda-se por-que a mesma imprensa que lhe bajulava hoje lhe ataca, publicando o joio, como ela disse.

Deveriam ter lido Augusto dos Anjos, repito. Ele já havia lhes enviado um aviso, mais de um século antes. Há mais de um século o po-eta lhes avisou que “o beijo é a véspera do escarro e que a mão que afaga é a mesma que apedreja”.

Esses juízes, endeusados, beijados, afaga-dos, chegaram a pensar que haviam conquis-tado um lugar à mesa do grande banquete.

Não aprenderam nada sobre as nossas eli-tes. Não aprenderam que não fazem parte de-la, que são meros instrumentos dos seus inte-resses. Com nojo do povo, sem nenhum apre-ço pela democracia, julgaram que haveria lu-gar para eles na sala de estar do baronato.

De nada lhes valeu o exemplo recente daque-le que foi capa de revista como “o menino po-bre que mudou o Brasil”. Quando comandou o primeiro grande ataque que viria a dar na situ-ação em que estamos, aquele juiz foi recebi-do com festas, salamaleques, rapapés.

Cumprido o seu papel no malfadado “mensalão” ele desapareceu, sumiu, não me-rece sequer uma notinha de rodapé na gran-de mídia que ainda ontem o festejava. Era

descartável. Cumpriu o seu papel e foi jogado fora.

Aqueles que fazem parte hoje da “Operação Lava-Jato” também serão descartados. Já co-meçaram a ser, na verdade. O beijo da véspe-ra virou escarro, a mão que os afagava agora os apedreja, utilizando o imoral auxílio-moradia como mote. A grande mídia não é aliada das elites brasileiras, ela é parte delas, integra o seu núcleo. Aqueles que acharam que eram seus iguais, seus pares, agora se-rão levados de volta aos seus devidos luga-res.

Vão voltar cabisbaixos para os seus tribunais, vão ser solenemente ignorados e, se ousarem em querer ser lembrados, haverá sempre uma boa reportagem sobre os seus imóveis luxuo-sos, seus penduricalhos, para lhes lembrar de que calem e voltem para o tribunal de onde vieram.

Já não poderão mais fazer fotos sorridentes com Temer e nem com Aécio sem ser questi-onados, já não poderão posar com armamen-tos pesados sem ser incomodados. Terão que se contentar com o ostracismo, resmungando contra a ingratidão dos que agora “publicam o joio”. Terão que se “acostumar à lama que os espera”.

Quem sabe agora lhes sobre um tempinho para ler Augusto dos Anjos, esse grande poe-ta paraibano.

Autor: Joan Edesson de Oliveira, educador, Mestre em Educação Brasileira pela Universi-dade Federal do Ceará.

Março 2018 Gazeta Valeparaibana Página 7

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A fragilidade da reputação na mídia digital Nos dias atuais em que as pessoas cada vez mais trocam dados por meio eletrônico, as novas tecnologias propiciam novos tipos de es-cândalo. Estamos em um momento de transição em que as relações humanas se tornam cada vez mais interativas através dos dispositi-vos móveis de comunicação. Se lançarmos um olhar sobre esta transição veremos que um dos grandes desafios será o de preservar a reputação diante de um ambi-ente de interconexão provocado pela revolução tecnológica que cria uma esfera pública nova desafiando a credibilidade por parte de pes-soas físicas e jurídicas neste novo ambiente social. A reputação pessoal e das empresas é um patrimônio inestimável que deve ser encarado como uma poupança, onde se procura acu-mular valores diante da percepção do público que ora está sendo po-tencializada através da internet. Temos que admitir que certas horas nos comportamos como primatas high-tech, pois o brasileiro de forma geral adora tecnologia, tem um perfil essencialmente exibicionista, o que contrasta com o seu pouco conhecimento sobre a vulnerabilidade de exposição da sua privacida-de pelo meio eletrônico. É necessário refletir que a potencialidade do dano cometido contra a imagem profissional de um profissional liberal, por exemplo, é imen-sa, pois qualquer deslize pode ter sido cometido na esfera local en-quanto que a repercussão no meio eletrônico pode torná-lo global em

pouco tempo, fazendo com que o desgaste seja bem maior que o próprio erro. Precisamos nos conscientizar que quanto mais avança a tecnologia a nossa privacidade será devassada. Prova disso é o fato dos portado-res de aparelhos celulares terem se tornado paparazzis em potencial diante da facilidade de obter imagens e vídeos além da facilidade ins-tantânea de distribuir pela internet através de blogs e fotoblogs uma imagem ou vídeo comprometedor que será impossível de retirá-la de circulação. Todo este risco provocado pela tecnologia não deve ser encarado co-mo desprotegido pelo Direito Brasileiro. Já temos leis e jurisprudência suficientes sobre o tema para coibir os abusos praticados contra a reputação de pessoas e empresas no meio eletrônico. Todavia, é muito importante criar o hábito de monitorar a divulgação de textos, imagens, vídeos para que seja possível identificar rapidamente o con-teúdo ilícito visando retirá-lo imediatamente de circulação como forma de minimizar o dano. Ninguém dúvida que estamos diante da necessidade de aprendermos

uma nova etiqueta de comportamento social através do mundo eletrô-

nico, demandando um aprendizado para que estejamos preparados

para críticas e execrações digitais que nem sempre poderão ser con-

troladas pela vítima, mas que serão punidas pela Justiça.

Autor: Alexandre Atheniense

Reputações

Março 2018 Gazeta Valeparaibana Página 8

Como conviver bem Cada vez que você perde a calma, deteriora sua saúde e afeta seu círculo de amigos.

Como reagir com alguém que grita e permanecer com muita dignidade

A maioria das pessoas vai lidar, pelo menos, com uma “pessoa irracional” em sua vida. Ou seja, alguém que com frequência age de forma ilógica ou estúpida. Se essa pessoa for um chefe irritadiço, um amigo fanático ou um adolescente emocionalmente volúvel, “não é difícil que sua conduta nos leve nós mesmos a perder o contro-le”. Essa é a opinião de Mark Goulston, psiquiatra e professor da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA, EUA) durante 25 anos. Dessa forma, para preservar nossa saúde, é preciso saber como tratar ou enfren-tar essas condutas detestáveis que podem alterar o nosso equilíbrio emocional. (A paciência nunca é tão impor-tante como quando se está a ponto de perdê-la).

São muitas as vítimas que sofrem essas nocivas relações pessoais e que acreditam ser possível controlar as condutas irracionais. Quando têm de enfrentar essas situações, reagem de forma automática se colocando na defensiva ou sendo agressivas. E, em muitos casos, inclusive pretendem mudar os comportamentos irracionais de tais pessoas tentando fazê-las entrar na razão. Buscam fazê-las ver que suas opiniões ou pontos de vista são errôneos ou absurdos. Mas essa estratégia piora ainda mais as coisas. Nas palavras de Goulston, “em vez de aceitar nossa lógica, a pessoa irracional reage ainda mais irracionalmente e a situação pode se encrespar de ambas as partes até uma discussão louca que não leva a lugar nenhum”.

Essa maneira de lidar com o problema é realmente frustrante, estressante e improdutiva. Nenhuma dessas rela-ções produz resultados satisfatórios. Mas a maioria das pessoas não conhece outra opção. No entanto, tentar convencer com argumentos uma pessoa de conduta irracional não tem sentido porque, do seu ponto de vista, sua conduta é racional. Esse tipo de pessoa tem padrões de pensamento profundamente arraigados em sua (in)consciência. E sua conduta é uma resposta à ameaça que percebe quando alguém põe em dúvida ou discute sua forma de raciocinar.

Render-se não é uma derrota...

Uma forma eficaz de tratar a pessoa irracional é a que propõe a psicóloga clínica Judith Orloff, também professo-ra da UCLA: “Renunciar à necessidade de controlar essas situações difíceis e desistir de obrigar alguém a mu-dar. Ou seja, aceitar a pessoa irracional tal como ela é, especialmente se já se tentou reverter sua conduta e não se conseguiu nada de positivo”.

...é ser mais tolerante

A atitude de renunciar a mudar comportamentos irracionais pode parecer para muitas pessoas um sintoma de rendição ou fraqueza. Mas, ao contrário do que se pode pensar, a rendição é uma escolha ativa que a vida nos oferece. Uma opção para ser mais flexível e tolerante. Ver além daquilo que nos incomoda ou irrita para desco-brir que o que nos convém é desdramatizar as condutas irracionais dos demais para não perdermos nós mes-mos a calma. Como apontava a escritora britânica George Eliot, “a maior força para crescer é nossa capacidade de escolher”.

No mesmo sentido se expressa Lauren Zander, professora do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT, EU-A): “Se alguém decidiu que uma pessoa lhe faz mal, então também é capaz de renunciar à aversão que sente com relação a essa pessoa”. Não necessariamente tem que transformá-la em sua melhor amiga, mas flexibili-zando nosso ponto de vista podemos aprender a tolerar essa pessoa de conduta irracional sem que tenhamos que sofrer um ataque de nervos. Isso significa ignorar seus aspectos negativos e pensar em algo positivo que ela possa ter.

COMO CONTROLAR AS CONDUTAS IRRACIONAIS

As pessoas que agem frequentemente de forma irracional na verdade não querem te prejudicar ou complicar a sua vida. Nem te deixar louco. Só estão preocupadas por suas frustrações e necessidades. Portanto, para en-frentar suas condutas, evitar a escalada do conflito e se manter calmo, o melhor é seguir as orientações dos psi-coterapeutas:

Parar: Se está tenso e incomodado ante uma conduta irracional, não diga nada. Você não é obrigado a reagir imediatamente. Respire fundo. Inale e expulse o ar devagar. Isso contraria o impulso a reagir que provoca a irri-tação e o estresse. Repita para si mesmo: essa é uma oportunidade para aprender a ficar tranquilo.

Escutar sem interromper: Ante uma conduta verbal irracional, o primeiro impulso é cortar o discurso para gritar que a razão está do nosso lado. Mas interromper só intensifica a hostilidade. Não discuta nem tente fazer seu interlocutor entrar na razão. Sua interrupção não mudará a mente de ninguém e só alimenta o conflito. É muito mais fácil o outro mudar sua maneira de agir do que de pensar.

Usar a imaginação: Imagine a água de um rio. Observe como a água não para na mesma pedra, mas sim flui ao redor dos obstáculos que encontra. Da mesma forma, não resista à força irracional de seu interlocutor. Deixe que flua por seu corpo e mente sem que te provoque feridas. “Aquele que não imagina é como quem não sua, arma-zena veneno”, disse Truman Capote.

Respirar para se acalmar: Pense na primeira coisa que gostaria de dizer ou fazer perante uma pessoa irracional, mas não o faça. Respire e exale o ar devagar. Concentre-se nisso.

Autor: Francisco Gavilán

Porque precisamos fazer a Reforma Política Popular no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políticos não vem do nada. Para que existam bons políticos para administrar

o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem su-cesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os po-líticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situação atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

FRASES SOBRE PROGRESSO

John Clapham: “Avanço econômico não é a mesma coisa que progresso humano”.

* * *

Josué de Castro: “O ‘progresso social’ não se exprime apenas pelo volume da renda global ou pela renda média per capita, que é uma

abstração estatística”.

* * *

Saint-Exupéry: “O progresso não é mais do que uma descoberta gradual de que as suas

perguntas não têm significado”.

* * *

Sigmund Freud: “Que processo nós estamos fazendo! Na idade média teriam me queimado.

Agora estão contentes em queimar meus li-vros”.

* * *

Guerra Junqueiro: “O progresso marca-o a distância do salto do tigre, que é de dez me-

tros, ao curso da bala, que é de vinte quilôme-tros. A fera, a dez passos, perturba-nos; o ho-

mem é a fera dilatada”.

* * *

Helen Keller: “O mundo está sempre a pro-gredir, não apenas pelos poderosos empur-rões dos seus heróis, mas também pelo con-junto de todos os pequenos empurrões de ca-

da trabalhador honesto”.

* * *

Georges Blaque: “As aspirações de cada época são limitadas: daí a ilusão do

progresso”.

* * *

Charles Fourier: “A ampliação dos direitos das mulheres é o princípio básico de todo pro-

gresso social”

* * *

Sêneca: “A parte mais importante do progres-so é o desejo de progredir”.

* * *

Sêneca, de novo: Perguntas-me qual foi o meu progresso? Comecei a ser amigo de mim

mesmo”.

* * *

Fernando Pessoa: “A essência do progresso é a decência. Progredir é morrer, porque viver

é morrer”.

Mês que vem tem mais

Comportamental

Março 2018 Gazeta Valeparaibana Página 9

Política e Cidadania

Comunismo

Organização socioeconômica baseada na pro-priedade coletiva dos meios de produção.

O comunismo é uma ideologia política e socio-econômica que pretende estabelecer uma so-ciedade igualitária, através da abolição da pro-priedade privada, das classes sociais e do próprio Estado. Embora a ideia de igualdade baseada no fim das classes tenha sido defen-dida por filósofos desde a antiguidade, o co-munismo está associado, sobretudo à teoria dos pensadores Friedrich Engels e Karl Marx.

Socialismo

Doutrina política e econômica que prega a co-letivização dos meios de produção e de distri-buição, mediante a supressão da propriedade privada e das classes sociais.

O socialismo é uma doutrina política e econô-mica que surgiu entre o fim do século XVIII e a primeira metade do século XIX, no contexto da Primeira Revolução Industrial. Baseada sobre-tudo no princípio de igualdade, a corrente so-cialista emergiu como uma forma de repensar o sistema capitalista que vigorava na época. De uma forma geral, quando falamos em soci-alismo frequentemente associamos o termo à corrente marxista, mas essa não é a única for-ma de socialismo existente.

A partir do século XX, ocorreram no mundo várias tentativas de implementação de regi-mes socialistas. Atualmente, alguns países afirmam apresentar um sistema baseado em tais princípios, mas será que eles são mesmo socialistas?

Capitalismo

Sistema econômico baseado na legitimidade dos bens privados e na irrestrita liberdade de comércio e indústria, com o principal objetivo de adquirir lucro. Sistema social em que o ca-pital está em mãos de empresas privadas ou indivíduos que contratam mão de obra em tro-ca de salário.

As características centrais deste sistema inclu-em a propriedade privada, a acumulação de capital, o trabalho assalariado, a troca voluntá-ria, um sistema de preços e mercados compe-titivos.

Em uma economia de mercado capitalista, a tomada de decisão e o investimento são deter-minados pelos proprietários dos fatores de produção nos mercados financeiros e de capi-tais, enquanto os preços e a distribuição de bens são principalmente determinados pela concorrência no mercado.

Esquerda e Direita

Os termos "direita" e "esquerda" foram criados durante a Revolução Francesa (1789–1799), e referiam-se ao lugar onde políticos se senta-vam no parlamento francês, os que estavam sentados à direita da cadeira do presidente parlamentar.

No espectro político, a esquerda se caracteri-za pela defesa de uma maior igualdade social.

Normalmente, envolve uma preocupação com os cidadãos que são considerados em des-vantagem em relação aos outros e uma supo-sição de que há desigualdades injustificadas que devem ser reduzidas ou abolidas.

No espectro político, a direita descreve uma visão ou posição específica que aceita a hie-rarquia social ou desigualdade social como inevitável, natural, normal ou desejável. Esta postura política geralmente justifica esta posi-ção com base no direito natural e na tradição.

Os termos "esquerda" e "direita" apareceram durante a Revolução Francesa de 1789, quan-do os membros da Assembleia Nacional dividi-am-se em partidários do rei à direita do presi-dente e simpatizantes da revolução à sua es-querda.

Um deputado, o Barão de Gauville explicou:

"Nós começamos a reconhecer uns aos ou-tros: aqueles que eram leais a religião e ao rei, ficaram sentados à direita, de modo a evitar os gritos, os juramentos e indecências que ti-nham rédea livre no lado oposto."

O pobre de direita é um figurante de burguês.

O pobre de direita passa a vida sonhando ser burguês, mas sem capital e propriedade e sendo explorado.

O pobre de direita se acha liberal mesmo não tendo capital e propriedade. Ele é contra os direitos trabalhistas pois espera um dia ter ca-pital e propriedade para ser um explorador da força de trabalho dos outros.Ele é contra os direitos sociais pois acha que isto irá reduzir os seus lucros futuros, quando ele for capita-lista e puder explorar os trabalhadores, sendo que ele é trabalhador mas não se reconhece como tal. Ele é contra o Estado pois acha que quando ele tiver capital e propriedades não vai querer que o Estado estabeleça limites ao seu desejo de ficar rico explorando os trabalhado-res.

O pobre de direita é o produto melhor elabora-do pelos mecanismos de produção de ideolo-gia burguesa para a defesa dos burgueses que tem capital, que tem propriedade e que estão na gestão do Estado para não pagar im-postos, para receber subsídios e incentivos

fiscais, para ganhar dinheiro comprando títulos da dívida pública e terem o controle dos meios de comunicação de forma a propor o mundo dos ricos como o objeto a ser defendido mes-mo que a riqueza da burguesia fosse fruto da exploração dos também pobres de direita. Ele passa a vida toda sonhando ser burguês, mas sem capital e propriedade e sendo explorado.

Entretanto, ele é muito útil para a burguesia, pois já que não tem nem capital, nem proprie-dade capitalista ele se torna o cão de guarda da classe que um dia sonha ser. Sendo assim, ele vai para as ruas defender o capitalismo e vê nos trabalhadores esclarecidos e organiza-dos os seus inimigos de classe. O pobre de direita além de ser um figurante de burguês é terreno fértil para o fascismo. Portanto, o po-bre de direita é um figurante de Burguês que no momento de crise do capitalismo se com-porta como um pitbul da burguesia na defesa de um governo de conteúdo fascista.

Como o pobre de direita tenta ser o espelho dos valores que ele acha que a burguesia tem, passa a ser machista, racista, homofóbico, etc. Ele acaba sendo o portador dos principais preconceitos que a burguesia gerou e perpetu-ou como parte do seu sistema de dominação, porque precisa no racismo para pagar bem menos aos trabalhadores afrodescendentes.

Ser machistas por que os salários das mulhe-res é bem menor que os salários dos homens. Enfim, ele nega sua origem social e tenta ser o que não tem, pois se trata de um trabalhador sem consciência de classe. Por isso se endivi-da para ter uma imagem diferente do seu real poder de compra. São chamados de emergen-tes porque querem negar sua classe assumin-do a aparência de burguês.

Ele come sardinha e arrota caviar, enquanto late sempre mais alto para mostrar à burguesi-a que está protegendo a propriedade do bur-guês, enquanto dorme fora da mansão que sonha um dia ser sua. Ao envelhecer não vai ter emprego e muito menos vai poder pagar um plano de saúde. Desta forma vai precisar de proteção social, porém passou a vida toda defendendo que bastava deixar a mão invisí-vel agir, que o egoísmo sendo potencializado se chegaria ao bem estar coletivo, onde todos teriam chance de um dia ser rico, bastando apenas seu esforço individual e sua capacida-de de assumir riscos. O pobre de direita é um figurante de Burguês que late como pitbul e se cala sobre sua própria exploração.

Autor: José Menezes Gomes, formando pela UFMT, é professor do curso de Economia e do Mestrado em Serviço Social da UFAL.

Sistemas de Governo

Março 2018 Gazeta Valeparaibana Página 10

O poder da música As mil e uma virtudes dos sons musicais

“Sem a música a vida seria um erro”, disse o

filósofo Nietzsche. A música não tem limites,

fronteiras, ou bandeiras. Ela ativa o nosso cé-

rebro, melhora o desempenho esportivo, cata-

lisa as relações sociais, ajuda na educação e

inclusive tira as plantas da depressão! Conhe-

ça algumas das virtudes dos sons sabiamente

organizados com ritmo, melodia e harmonia.

Diz um antigo ditado que “a música amansa as feras”. Ela tem um efeito poderoso sobre nós. Uma melodia, mesmo as mais simples, é capaz de despertar nossas emoções, trazer um sorriso para nossos rostos, fazer-nos es-quecer por alguns momentos as preocupa-ções do dia a dia.

Sabe-se agora que a música não é um recur-so que deve ser usado apenas para despertar nossos sentimentos: entre outras coisas, ela serve também para promover a aprendizagem e melhorar a memória. Logo abaixo damos um pequeno elenco dos efeitos que a música exerce sobre nós. Foi elaborado a partir das conclusões de vários estudos feitos por pes-quisadores do mundo todo. A lista nos ajuda a entender por que, segundo a pesquisadora norte-americana Carol

Krumhansl, especializada dos efeitos psicoló-gicos da música no ser humano, “a música transmitida de geração em geração forma as nossas memórias autobiográficas, preferên-cias e reações emocionais”, fenômeno que ela chama de “choque de reminiscência”.

Dez efeitos pouco conhecidos do poder da música.

1 – Desempenho esportivo – Quando utiliza-da nas competições desportivas, a música não é apenas um acompanhamento de fundo: ela pode determinar o melhor ou o pior de-sempenho do atleta. Segundo estudo da Ge-orgia Southern University, a música ajuda a controlar os níveis de ativação fisiológica (arousal) antes e depois da competição, ajuda os atletas a se concentrar e a criar o espírito de equipe. Uma outra pesquisa, efetuada pela Brunel University (Londres) mostra que a mú-sica adequada pode aumentar a resistência física em até 15%. E um estudo britânico, rea-lizado em 2005, demonstrou que a audição de boa música pode melhorar em até 20% os de-sempenhos desportivos (uma espécie de dop-ping, portanto, porém legal e saudável).

2 – Nascimentos prematuros – A boa músi-ca (de qualidade alta, não agressiva, harmoni-osa) pode constituir um suave pano de fundo para as longas permanências em incubadei-ras e nas maternidades a que são obrigados os bebês nascidos antes do término normal de uma gravidez. Pesquisadores canadenses observaram que proporcionar música aos re-cém nascidos prematuros ajuda os pequeni-nos a suportar melhor a dor e encoraja melho-res hábitos alimentares, favorecendo o au-

mento de peso. Os gêneros preferidos? A mú-sica clássica – com as composições de Mo-zart em primeiro lugar –, e os sons que recor-dam os batimentos cardíacos da mãe e os ruí-dos abafados que o bebê percebe quando es-tá dentro do útero: estes últimos favorecem o sono dos bebês prematuros quando estão in-ternados nos hospitais.

3 – Plantas deprimidas – Além de favorecer o crescimento dos recém-nascidos, a música também encoraja o desenvolvimento das plantas. Pelo menos é isso que afirmam algu-mas teorias elencadas na obra The Sound of Music and Plants, publicado em 1973, escrito pela professora universitária Dorothy Retal-lack, da Universidade do Colorado. Em alguns dos seus experimentos, Retallack forneceu, de modo contínuo, música de dois gêneros musicais diferentes a dois grupos idênticos de plantas: música rock e música lounge respec-tivamente. Duas semanas depois, as plantas que tinham “ouvido” música rock tinham cres-cido, mas recurvadas e com as folhas retorci-das e amareladas. Detalhe: essas plantas ti-nham crescido no sentido contrário de onde estavam os alto-falantes, como se quisessem se afastar deles. Mas as plantas do segundo grupo tinham crescido de maneira uniforme e surgiam muito verdes e luxuriantes, quase se estendendo em direção à fonte musical.

4 – Lesões cerebrais – A música é um im-portante instrumento de reabilitação cognitiva para as pessoas que sofreram lesões cere-brais, e também para quem enfrenta doenças neurodegenerativas. A escuta das músicas preferidas pode melhorar o humor e a disposi-ção para colaborar dos pacientes que sofre-ram um derrame. Estimulações rítmicas po-dem ajudar na recuperação de algumas fun-ções linguísticas e sonoras. Nos pacientes com Parkinson, servem de coadjuvantes nos exercícios destinados à recuperação do equi-líbrio.

5 – Atração e repulsão – A música funciona como catalisador social, proporcionando uma identidade comum a muitos grupos de jovens. Isso é conhecido há bastante tempo, mas sa-be-se agora que ela também pode produzir o efeito oposto: pode inclusive afastar dos luga-res onde se faz música as pessoas que não apreciam o gênero musical que está sendo tocado ou irradiado. O fenômeno é bem co-nhecido por quem dirige ou trabalha em lojas elegantes, bibliotecas silenciosas e na recep-ção de hotéis: nesses locais, usa-se música clássica e de alta qualidade para afastar a cli-entela indesejada (por exemplo, uma audiên-cia de pessoas muito jovens que nem sempre apreciam o gênero). Quando o cérebro escuta alguma coisa que não aprecia, ele inibe a pro-dução de dopamina, um hormônio que nos faz sentir contentes e satisfeitos. Assim sendo, a pessoa irá para outros locais em busca do ti-po de música que as faz se sentir bem.

6 – Proteção dos ouvidos – Em certos ca-sos, a escuta frequente de música pode pre-venir os problemas naturais de perda da audi-

ção ligados à idade. Um estudo feito com a-mostragem de 163 adultos, metade deles mú-sicos profissionais, demonstrou que os culto-res de música conseguem processar os sons melhor do que os indivíduos que não têm tais hábitos, com uma discrepância que aumenta enormemente com a idade. Um músico de 70 anos consegue em média distinguir os sons em um ambiente rumoroso com a mesma efi-ciência de uma pessoa não musicista de 50 anos.

7 – Moléstias cardíacas – No caso de paci-entes que sofreram cirurgias cardíacas ou ti-veram um infarto, foi demonstrado que a es-cuta de música relaxante baixa a pressão sanguínea, reduz os batimentos e ajuda a re-duzir e controlar a ansiedade. Uma música alegre e dinâmica, especialmente quando o paciente gosta dela, provoca a expansão dos vasos e intensifica a circulação do sangue, favorecendo a saúde do coração.

8 – Adolescentes difíceis – No caso de ado-lescentes problemáticos, verificou-se que os efeitos positivos são observados não apenas por causa da melodia da música mas também por seu conteúdo e mensagem. Um estudo britânico de 2008 demonstrou como a escuta de música que contem uma mensagem social positiva (como “Heal the World” de Michael Jackson) encoraja comportamentos colabora-tivos nos adolescentes. Não se obtém o mes-mo efeito com as músicas neutras ou destituí-das de mensagens desse tipo.

9 – Alfabetização e resgate social

Algumas orquestras organizadas em locais muito carentes, como favelas ou bairros muito pobres, conseguem retirar garotas e garotas que vivem nas ruas e encaminhá-los para um novo objetivo comum. No Brasil existem vá-rias iniciativas do gênero em funcionamento, citando-se como exemplo o Projeto Prima, na Paraíba, que já conseguiu recuperar centenas – talvez milhares – de crianças e adolescen-tes que viviam em estado de abandono parci-al ou total. A música pode agir também de maneira ainda mais concreta. Um estudo nor-te-americano de 2009 demonstrou que apren-der a ler música e a reconhecer as notas mu-sicais em idade escolar potencializa também a habilidade de leitura geral, contribuindo de modo notável para a alfabetização. A música não torna as pessoas mais inteligentes, mas certamente auxilia na memorização e na velo-cidade do aprendizado.

10 – Promoções subliminares – Passando das causas sociais para o mundo mais con-creto dos negócios, verificou-se que a música de fundo presente nas lojas encoraja certos tipos de compras. Por exemplo, fazer ouvir música francesa em uma loja de vinhos incre-mentará as compras de garrafas provenientes desse país. Da mesma forma, escutar música alemã leva a um aumento das vendas de vi-nhos alemães. O mesmo acontece para os vinhos italianos.

Autor: Luis Pellegrini

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Musica na vida e na Escola

Março 2018 Gazeta Valeparaibana Página 11

Temos de ser otimistas

Escrever sobre política é sempre adentrar numa seara árida. É trilhar caminhos pedregosos e peri-gosos. Bem se diz que jamais devemos discutir sobre religião e política, pois cada um tem a sua visão sobre esses assuntos e dificilmente haverá acordo. Porém, não escrever sobre esses temas pode ser interpretado como um ato de alienação, quando não de profundo desprezo. Assim, atendendo a pedidos e embora a contragosto, vou pôr no papel – melhor dizendo, no computador – algumas idei-as muito particulares sobre isso. Devo esclarecer que serei sincero e que, de alguma forma, essa maneira de pensar e de encarar tão espinhosos assuntos tem orientado minhas atitudes e, por fim, a minha vida. Não é minha intenção catequizar ninguém, não pretendo assumir um tom professo-ral de quem detém o Conhecimento e tenta trans-feri-lo para outras cabeças. Tão somente exponho aqui o meu modo – muito pessoal – de ver a Reli-gião e a Política. Comecemos pela Religião. Nasci de uma família católica, cresci católico, es-tudei em colégio de padres beneditinos – Colégio Santo Américo – e sou obrigado a admitir que, talvez, a saturação de missas, rezas, orações e tudo o mais que caracteriza a vida de católico a-postólico romano foi responsável por eu ter me tornado mais agnóstico do que qualquer outra coi-sa. Graças a Deus, como diria um outro agnósti-co, um famoso psicoterapeuta meu amigo. De fato, não posso aceitar que vivamos à sombra espiritual de uma organização multinacional – a Igreja Católica – biliardária e altamente lucrativa, que se arvora o direito de pleitear que os mais beneficiados pela deusa Fortuna deem dinheiro para ajudar os necessitados e, como qualquer in-termediário, fique com uma parte polpuda dessas doações. Como entender que os executivos (leia-se bispos, cônegos, monsenhores, arcebispos e cardeais) dessa instituição que se autodenomina “caritativa” usem automóveis de luxo cujo valor em dinheiro poderia alimentar muitas famílias e por muito tem-po. Da mesma maneira, não vejo cabimento nos jantares desses senhores, em que são servidos pratos refinados em serviços de porcelana, talhe-res de prata-de-lei e cristais de Sèvres (veja “A Ceia dos Cardeais”, de Júlio Diniz e que retrata muito bem uma inútil e fútil ostentação praticada, em detrimento absoluto do que deveria ser o obje-tivo maior daqueles que se dizem “Ministros do Senhor”). Mas que Senhor seria este? Seria aquele Deus onipotente, onisciente e boníssimo que aprende-mos a adorar em nossa já remota infância e ado-lescência? Um Deus boníssimo, pai de todos aqui nesta dimensão, permitiria que crianças – puras e inocentes – sofressem com doenças incuráveis, com a fome que grassa pelo mundo? Permitira que essas crianças fossem violentadas e abusa-das por seus próprios ministros, seus represen-tantes aqui na Terra? Um Deus boníssimo não teria a conotação de punição – leia-se “vingança” – que a própria Bíblia transmite. Vingou-se o Se-nhor em Sodoma e Gomorra, em Pompéia e em tantas outras situações mencionadas nas Sagra-das Escrituras… E agora, vingou-se de quê no Japão? E as criancinhas que morreram? Tinham alguma culpa em cartório? Teria sido essa puni-ção porque aquele povo nossa antípoda teria se desenvolvido depressa demais e, com isso, desa-fiado seus desígnios? Por que temos de crescer no “temor a Deus”? É isso que dizem os padres e as beatas… Temos de “temer” a Deus. Por quê? Um líder que lastreia sua liderança no temor não é um líder, é um tira-no. E quanto à dita onipotência? Se ele tudo pode,

não deveria permitir tanta desigualdade no mun-do… Não deveria permitir – e terias poder para tanto – que animais fossem maltratados, que se-res humanos passassem por tantas dificuldades… que o planeta fosse destruído. Enfim, a vida seria muito mais fácil e melhor se esse Deus fosse aquilo que os padres e nossa própria família nos disseram que seria: um Deus boníssimo, que tudo sabe, que tudo pode e que é, antes de tudo, a representação do perdão e não do castigo, da punição, da vingança. Um Deus que exige sacrifícios, que exige a imolação dos sentidos e dos instintos em nome da salvação da alma – cuja existência ainda está para ser prova-da. No que concerne à Política, a situação é ainda mais espinhosa, uma vez que é possível argu-mentar e contra-argumentar com base em fatos que, distorcidos ou não, aí estão para corroborar ou contradizer ideias e pensamentos, quando não atitudes propriamente ditas. Neste nosso país – como, aliás, em muitos outros – a Política acabou por se tornar uma profissão altamente lucrativa. E com a vantagem de não se poder meter na cadeia, através de um processo normal, um político acusado de, por exemplo, cor-rupção. O processo tem de ser autorizado por seus pares e tem de ser levado a cabo através do STJ. Objetivo: dificultar ao máximo e permitir a impunidade. No fundo, manifestação clara de cor-porativismo. Mas temos de ser otimistas. Não podemos pensar apenas no lado negativo da Política – ou seria dos políticos? Vamos tentar enxergar o que tem acontecido de bom para o povo, pois enfim, a Política tem de existir para beneficiar o povo, para suprir suas ne-cessidades básicas, para minimizar o sofrimento que foi imposto por aquele Deus de quem falamos linhas atrás. Assim, deixando de lado as discussões sobre u-ma nova polarização da política brasileira em ape-nas dois partidos (PT e PSDB), praticamente vol-tando para o que aconteceu durante os governos militares com o Arena e o PMDB, o que vai acon-tecer com a extinção – irrevogável – do DEM (antigo PFL), vamos pensar de maneira positiva e elogiar o que é óbvio: a vida do povo melhorou desde que o PT assumiu a presidência e o que era situação passou a ser oposição. Não, não estou jogando confete sobre o PT! Mas não dá para negar que a política econômica vem dado certo – se vai continuar assim, se o pesade-lo da inflação não vai voltar, isso é outra história. Porém, o Mantega tem lidado bem com o seu af-fair e o povo tem tido mais oportunidades de con-sumir. Basta ver que as chamadas Classes C e D têm modificado para melhor (leia-se mais) as suas intenções e efetivações de compras. E a classe média? Esta continua na mesma, arcando com a maior parte dos impostos e com o menor progres-so financeiro. Parece, mesmo, estar destinada a desaparecer… Diz-se – e não sem razão – que toda a estrutura de uma sociedade está lastreada no tripé formado pela Educação, Saúde e Segurança. Nestes três campos, o governo tem, pelo menos, se esforça-do. A Educação fez progressos, o ensino universi-tário se disseminou, o básico da mesma maneira. Se funciona, se realmente é capaz de formar pro-fissionais competentes, também é outra história e devemos lembrar – sempre – do papel do aluno nessa formação. Quem quer estuda. Quem tem uma meta para alcançar luta faz de tudo para atin-gi-la. Temos de lembrar (depois de assistir às de-núncias feitas pela televisão) que o problema da merenda escolar é muito mais das prefeituras do que do governo federal. As fraudes, desvios e malversações do dinheiro destinado à alimenta-ção das crianças das escolas públicas ocorrem no seio das prefeituras municipais e não no Planalto. Até mesmo no âmbito das diretorias das escolas.

A Saúde é, de fato, um imenso abacaxi a ser des-cascado. Porém, se houver honestidade e boa vontade, é uma tarefa que deixa de ser impossí-vel, mais uma vez, em nível municipal. Prova dis-so estás, por exemplo, aqui em São José dos Campos (SP) onde o SUS funciona maravilhosa-mente bem. Tive prova disso comigo mesmo, de-pendente que estou de medicações caras, cadeira de rodas, consultas e tratamento fisioterápico. Im-possibilitado de me locomover, minha esposa conseguiu tudo – de graça – através do SUS. E, sem a necessidade de “molhar a mão” de nin-guém! Pudessem todos os municípios deste Brasil Gigante seguir o exemplo… Certamente o sofrimento do povo diminuiria bas-tante. O sofrimento imposto por aquele Deus bo-níssimo aqui já mencionado. Quanto à Segurança, ainda está sofrível. Temos de lembrar que a criminalidade tem as raízes mais profundas fincadas na falta de educação e de cul-tura. Melhorando a educação do povo, certamente cairão os índices de criminalidade. Sou obrigado, nesse ponto a dar razão ao bom Cristóvão Buar-que, de quem discordo em muitos outros aspec-tos. As UPPs no Rio de Janeiro estão desempe-nhando seu papel e favelas, antes consideradas zonas de guerra, estão transformadas em comuni-dades pacificadas e, por causa disso, prósperas. Lembremos que uma das atividades da “ocupação” dessas favelas é justamente levar um pouco mais de educação para aquele povo. Co-meça-se pelas crianças e, num prazo que antro-pologicamente temos de considerar como médio, obteremos a diminuição dos índices de crimes – quaisquer que sejam. O governo está, portanto, se esforçando. Ao povo cumpre a tarefa de aju-dar. Hoje em dia, devemos adicionar ao tripé mencio-nado, Educação, Saúde e Segurança, uma quarta perna, a Preservação do Meio Ambiente. Vamos chamá-la simplesmente de Ecologia. Esta perna tornou-se de extrema importância a partir do momento em que nos conscientizamos da necessidade que há em preservar para sobre-viver. E este item só pode ser levado a cabo se a população realmente ajudar. Assim, por exemplo, não adianta estabelecer um rodízio de automóveis baseado nas placas dos carros, pois sempre ha-verá quem possa comprar um segundo veículo para poder rodar no dia do rodízio. São poucos os que têm possibilidade de agir assim? Não, não são. Com a facilidade de crédito para adquirir au-tomóveis, praticamente qualquer um pode fazê-lo. O rodízio é bom e necessário, mas poderia haver uma determinação para que o automóvel particu-lar fosse melhor utilizado. Por exemplo, não circu-lar apenas com o motorista, o que acontece na imensa maioria dos casos. Vamos levar para a cidade três vizinhos. Serão três carros a menos circulando. Vamos usar mais o transporte coletivo. Este está precário? Aí sim, o governo teria de to-mar uma posição e melhorá-lo. A diminuição dos gastos com doenças respiratórias causadas pelo escapamento dos carros, acidentes de trânsito e etc., certamente compensariam o investimento na melhoria do transporte coletivo. E, mais uma vez, estaríamos sendo obrigados a entender que a perna mais importante é a Educa-ção. Educação que começa com as nossas crian-ças, passa para nós, adultos através de nossos filhos e chega à classe política. Um político bem educado não é aquele que sorri e tem sempre palavras brandas e de conforto. Não é aquele que come melancia com garfo e faca – não mordendo a fatia e cuspindo o caroço no chão – mas sim aquele que sabe o que tem de fazer para beneficiar o povo que o elegeu. É principalmente aquele que, durante o mandato, age com honestidade, não se deixa corromper e jamais esquece de ser, no mínimo, um patriota .

Autor: Ryoki Inoue

Religião e Política

Março 2018 Gazeta Valeparaibana Página 12

+ Algumas datas comemorativas

08 - Dia Internacional da mulher 21 - Dia Internacional das Florestas e da Árvore

O Dia da Mulher é a celebração das conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres ao longo dos anos, sendo adotado pela Organização das Na-ções Unidas e, consequentemente, por diversos países.

O Dia da Mulher é muitas vezes marcado por presentes simbólicos, como flores, em especial rosas, poemas ou frases, por exemplo.

A luta das mulheres por melhores condições de vida e trabalho começou a partir do final do século XIX, principalmente na Europa e nos Estados Uni-dos. As jornadas de trabalho de 15 horas diárias e a discriminação de gê-nero eram alguns dos pontos que eram debatidos pelas manifestantes da época.

De acordo com registros históricos, o primeiro Dia da Mulher foi celebrado nos Estados Unidos em maio de 1908 (Dia Nacional da Mulher), onde mais de 1.500 mulheres se uniram em prol da igualdade política e econômica no país.

No entanto, o 8 de março teve origem com as manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e trabalho, durante a Primeira Guer-ra Mundial (1917). A manifestação que contou com mais de 90 mil russas ficou conhecida como "Pão e Paz", sendo este o marco oficial para a esco-lha do Dia Internacional da Mulher no 8 de março, porém somente em 1921 que esta data foi oficializada.

Após a Guerra e a Segunda Revolução Industrial, as indústrias incorpora-ram as mulheres para mão-de-obra, e devido às condições insalubres de trabalho, os protestos eram frequentes.

Por muito tempo, a data foi esquecida e acabou sendo recuperada somente com o movimento feminista nos anos 60. A Organização das Nações Uni-das, por exemplo, somente reconheceu o Dia Internacional da Mulher em 1977. Atualmente, além do caráter festivo e comemorativo, o Dia Interna-cional da Mulher ainda continua servindo como conscientização para evitar

as desigualdades de gênero em todas as sociedades.

Esta data celebra uma das instituições de maior importância para a forma-ção educacional da população: a escola.

É na escola que o indivíduo aprende e põe em prática vários conceitos es-senciais para manter uma vida em sociedade. Além disso, também é na escola que as pessoas começam a desenvolver o senso crítico, importante para a construção de uma comunidade politizada e menos alienada.

A escola é nossa segunda casa! O respeito e o zelo devem ser prioridades para manter este ambiente de conhecimento sempre funcional. Vamos a-braçar a nossa escola e cuidar direitinho dela! Feliz Dia da Escola!

A Escola é um local de aprendizagem que se tornou a base da educação de todas as nações do mundo.

No Brasil, as primeiras escolas eram dirigidas pelos jesuítas vindos de Por-tugal, ainda durante o chamado Período Colonial.

Inspirado pelos protestos dos jovens norte-americanos que contestavam a guerra, Gaylord Nelson, desenvolveu esforços para conseguir colocar o te-ma da preservação da Terra na agenda política norte-americana.

Todos os anos, no dia 22 de abril, milhões de cidadãos em todo o mundo manifestam o seu compromisso na preservação do ambiente e da sustenta-bilidade da Terra. Neste dia de cariz educativo escrevem-se frases e poe-mas sobre a importância do planeta Terra nas escolas, entre outras ativida-des.

É possível juntar-se a atividades existentes, criar eventos próprios, doar dinheiro, ou tomar simples atos como plantar uma árvore ou separar o lixo, por exemplo.

O Dia Mundial da Terra conta já com mais de mil milhões de atos realiza-dos em prol do ambiente ao longo da história. É o maior dia do ano para o planeta Terra, desejando que todos os habitantes do mundo realizem al-gum ato que o proteja. Este ato será uma espécie de semente para regar durante o resto do ano.

A data serve para conscientizar as pessoas sobre a importância que os bio-mas florestais possuem para o sustentamento da vida em todo o planeta. Várias organizações não governamentais, escolas e empresas promovem atividades de arborização e reflorestamento pelas cidades de todo o mun-do, criando os chamados "espaços verdes".

As florestas são apelidadas de "pulmão do mundo", e não é a toa. As árvo-res ocupam cerca de 30% da superfície da Terra, sendo responsáveis pela fotossíntese - processo de produção de oxigênio a partir da absorção de dióxido de carbono (CO2).

No Brasil, o Dia da Árvore e Florestas tem um significado ainda mais impor-tante, já que o país acolhe a maior floresta do planeta, na região amazôni-ca.

A iniciativa para a criação desta data foi o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), com o objetivo de conscientizar pais, responsáveis e governantes sobre a importância de garantir uma boa formação social, edu-cacional e de valores para as crianças.

Diferente do Dia das Criança, que possui um caráter mais comercial, o Dia Mundial da Infância representa um período de reflexão sobre o modo como estão sendo formados os "adultos de amanhã".

Esta data ainda lembra que todas as crianças têm direito a liberdade (assim como todo o ser humano, obviamente), e devem ser tratadas com dignida-de e viver num ambiente saudável, longe de qualquer tipo de exploração, agressão, descuido e discriminação.

Alguns antropólogos acreditam que as primeiras manifestações de interpre-tação teatral surgiram ainda nas sociedades humanas primitivas, quando o teatro era associado aos rituais de exorcismo dos maus espíritos ou para atrair fartura e fertilidade do solo.

Com maior entendimento do homem sobre as forças que regem a natureza, o teatro deixou de possuir um caráter ritualístico, passando a ser de cunho didático. Na Grécia Antiga, por exemplo, os gregos faziam representações de comédias e tragédias envolvendo os deuses e deusas de sua mitologia.

No Brasil, as representações teatrais surgiram desde o século XVI, com encenações sobre temáticas religiosas com a intenção de catequizar a po-pulação. No entanto, apenas com a vinda da família real portuguesa para o país, em 1808, foi que os primeiros teatros começaram a surgir no país.

Esta é uma data que serve para conscientizar a população sobre a impor-tância de cobrar os políticos e administradores públicos sobre o objetivo primordial do Ministério da Integração Social: diminuir a desigualdade social e econômica entre as diversas regiões brasileiras.

A integração nacional tem o princípio de desenvolver estratégias que auxili-em no desenvolvimento sustentável das economias de cada uma das regi-ões brasileiras.

No Brasil, sabe-se que as grandes concentrações de poder e capital estão nas regiões Sul e Sudeste, enquanto há um gigantesco abismo em compa-ração com as outras áreas do país.

Devido aos grandes contrastes existentes no Brasil, sejam climáticos, cultu-rais ou mesmo ambientais, juntamente com os séculos de privilegiamento das regiões Sul e Sudeste (devido ao Império e República), atualmente tor-na-se uma luta muito difícil para que todas as regiões consigam estar mini-mamente equilibradas.

Faz parte da contribuição de todo o cidadão brasileiro a contínua cobrança dos devidos responsáveis para projetar e agir em prol do desenvolvimento de todas as regiões de modo igualitário.

Fonte:

31 - Dia da Integração Nacional

www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// www.culturaonlinebr.org

15 - Dia da Escola

21 - Dia Mundial da Terra

21 - Dia Mundial da Infância

21 - Dia Universal do Teatro

Março 2018 Gazeta Valeparaibana Página 13

Frases sobre religião, fé, etc...

Isaac Asimov: “Todas as religiões são a verdade sagrada para quem tem a fé, mas não

passam de fantasia para os fiéis das outras religiões”.

* * *

Anatole France: “A religião prestou ao amor um grande serviço, fazendo dele um pecado”.

* * *

Simone Weil: “A religião como fonte de conso-lação é um obstáculo à verdadeira fé; nesse

sentido, o ateísmo é uma purificação”.

* * *

Afonso Schmidt: “O catolicismo é uma revolu-ção comunista que fracassou”.

* * *

Menotti Del Picchia: “Deus está dentro da ima-ginação que cria e que crê”.

* * *

Simone de Beauvoir: “Eu passava muito bem sem Deus. E, se utilizava seu nome, era para

designar o vazio que tinha, a meus olhos, o clarão da plenitude”.

* * *

William Shakespeare: “O diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém”.

* * *

Voltaire: “A religião mal entendida é uma febre que pode terminar em delírio”

* * *

Clóvis Ernesto Correia: “Foi Deus quem fez o Céu alto para lá não ir ninguém”.

* * *

Nietzsche: “Não posso acreditar num Deus que quer ser louvado o tempo todo”

* * *

Schopenhauer: “Não nos deixar cair em tenta-ção é o mesmo que dizer: não nos deixar ver

quem realmente somos”.

* * *

Medeiros de Albuquerque: “Os crentes cha-mam ‘Deus’ à causa ignorada de tudo que se

conhece.

* * *

Medeiros de Albuquerque, de novo: “O ateís-mo sereno, a certeza de que só conosco deve-mos contar, dá mais tranquilidade ao espírito do

que qualquer religião”.

* * *

Rubem Alves: “Deus nos deu asas do pensa-mento para voar, os homens nos deram as gai-

olas da religião”.

* * *

Mês que vem tem mais...

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Lufada de ética na corte

Certa vez presenciei uma divertida conversa entre o senador Darcy Ribeiro, recém-chegado ao Senado, e o então deputado constituinte Florestan Fernandes.

Darcy dizia em tom de brincadeira a Flores-tan que na eleição seguinte ele devia deixar a câmara baixa (Câmara dos Deputados) e se candidatar à câmara alta (Senado Fede-ral).

"Venha pra cá, Florestan! Isso aqui é um pe-daço da corte! No Brasil, o lugar mais próxi-mo do céu é o Senado da República. Aqui a gente tem tudo que quer. Basta desejar algu-ma coisa que aparece um funcionário para lhe servir. Os dois estavam impressionados com os ares monárquicos da Praça dos Três Poderes.

O professor Florestan dizia que, apesar de tudo, um dos pontos mais interessantes para se observar o Brasil era o Congresso Nacio-nal e que no Plenário chegavam fragmentos políticos, sociais e culturais do país trazidos por cada parlamentar.

Disciplinado, cumpria rigorosamente os horá-rios das sessões. Sentava-se na mesma ca-deira e prestava atenção nos discursos de cada um com o devido respeito, apesar da grande maioria das intervenções serem de baixíssimo nível. Às vezes pedia aparte e de-batia os assuntos com a erudição do cientista social que era, cumprindo sua função parla-mentar. O burburinho do Plenário abrandava para ouvir o mestre.

Ao mesmo tempo era um homem despojado, almoçava todos os dias no restaurante dos funcionários. Não costumava ir ao mais fre-quentado pelos parlamentares.

Ele era tão cuidadoso com a própria conduta que certo dia, em São Paulo, passou mal em casa à noite, chamou um táxi e foi para o hospital do servidor. Dona Myriam, mulher dele, preocupada, ligou para Florestan Fer-nandes Júnior, que estava na TV e pediu pa-ra que ele fosse ao hospital acompanhar o pai.

Quando o filho chegou, o professor Florestan estava numa fila enorme para ser atendido. Ele sofria de hepatite C, doença que havia se agravado e lhe causava crises muito fortes.

Florestan Júnior perguntou por que ele, como deputado, não procurou o hospital Albert E-instein, o Sírio Libanês, ou outro que pudes-

se atendê-lo com rapidez e em melhores condições. Ele respondeu que era servidor público e que aquele era o hospital que teria que cuidar dele.

Perguntou também por que ele estava na fila, em vez de procurar diretamente o atendimen-to de emergência. Ele disse que estava na fila porque tinha fila e que todas as pessoas estavam ali em situação semelhante à dele, com algum problema de saúde, e que ele não tinha direito de ser atendido na frente de ninguém.

Percebendo a gravidade da situação, o filho foi ao plantonista. O professor Florestan só saiu da fila depois que o médico insistiu para que ele entrasse, deitasse numa maca e fos-se medicado.

Na parede onde a maca estava encostada havia um quadro de avisos. Enquanto toma-va soro na veia, olhando ao redor, viu afixado no canto do quadro um recorte de jornal a-marelado pelo tempo. Apontou o dedo e dis-se ao filho:

– Olha, é um artigo meu, publicado no jornal Folha de S. Paulo. Nesse eu defendo a saú-de pública.

Como nos meses seguintes as crises torna-ram-se cada vez mais fortes e frequentes, os médicos que cuidavam dele decidiram fazer transplante do fígado.

Na época, Fernando Henrique Cardoso, seu ex-aluno na USP e amigo pessoal de muitos anos, era presidente da República e ficou sa-bendo que o professor Florestan faria a cirur-gia.

Imediatamente ligou para ele, ofereceu tras-lado e a realização do transplante no melhor hospital de Cleveland, nos Estados Unidos. Florestan tinha alta comenda do país, a Or-dem de Rio Branco, que lhe facultava certas prerrogativas.

Florestan agradeceu a gentileza de Fernando Henrique e disse que não poderia aceitar o privilégio. Que aceitaria se ele fizesse o mes-mo com todos os brasileiros em situação mais grave do que a dele.

Em seguida ele fez o transplante em São Paulo e morreu no hospital por complicações pós-operatórias provocadas por erro huma-no.

Nesse momento de indigência moral e de de-cadência institucional do país, em que autori-dades como magistrados, procuradores, par-lamentares, ministros, o presidente da Repú-blica, posam com exuberantes imposturas, usam e abusam dos cargos e funções públi-cas que ocupam para tirar proveitos próprios, lembrar de homens públicos e intelectuais de grandeza ética como o professor Florestan Fernandes e o professor Darcy Ribeiro talvez ajude a arejar o ambiente degradado da soci-edade brasileira pelo golpe de Estado.

Autor: LAUREZ CERQUEIRA

Ética e Moral

Março 2018 Gazeta Valeparaibana Página 14

Um Problema Mental da Nação

“Na era do empobrecimento da linguagem, quem ousa ser diferente deve ser eliminado”

Os discursos de ódio, a dificuldade de inter-pretar um texto, o desaparecimento das metá-foras, a incompreensão das ironias, a divulga-ção de notícias falsas (ou manipuladas) e o desrespeito à Constituição são fenômenos que podem ser explicados a partir de uma úni-ca causa: o empobrecimento subjetivo.

Empobrecimento que se dá na linguagem. Al-guns chegam a falar na “arte de reduzir cabe-ças”, outros no encolhimento das mentes.

A linguagem, e isso já foi dito antes, sempre antecipa sentidos.

Uma linguagem empobrecida antecipa senti-dos empobrecidos, estruturalmente violentos, pois se fecham à alteridade, às nuances e à negatividade que é constitutiva do mundo e se faz presente em toda percepção da complexi-dade.

Sentidos empobrecidos que não se prestam à reflexão e que são funcionais à manutenção das coisas como estão.

A linguagem empobrecida é resultado e aten-de à razão neoliberal, a esse modo de ver e atuar no mundo que transforma (e trata) a tu-do e a todos como mercadorias, como objetos que podem ser negociados.

A lógica das mercadorias esconde o negativo e o complexo enquanto apresenta discursos que mostram as coisas existentes como pura positividade e simplicidade.

Não é por acaso que para atender ao projeto neoliberal, que poderíamos resumir como a total liberdade voltada apenas para alcançar o lucro e aumentar o capital, cria-se uma oposi-ção à mentalidade subjetiva, apaixonada, ima-ginativa e sensível.

Segundo o mantra neoliberal, não há que se sensibilizar com a violação a direitos funda-mentais diante dos interesses do mercado e da circulação do capital. Há uma recusa a qualquer compaixão ou empatia. A proposta é de que se esqueça como lidar e reagir ao so-frimento e a dor.

Na era do empobrecimento da linguagem, não há espaço para a negatividade que é condi-ção de possibilidade tanto da dialética quanto da hermenêutica mais sofisticada. Tudo se apresenta como simples para evitar conflitos, dúvidas e perspectivas de transformação.

Aposta-se em explicações hipersimplistas de eventos humanos, o que faz com que sejam interditadas as pesquisas, ideias e observa-ções necessárias para um enfoque e uma compreensão necessária dos fenômenos.

Correlata a essa “simplificação” da realidade, há a disposição a pensar mediante categorias rígidas. A população é levada a recorrer ao pensamento estereotipado, fundado com fre-quência em preconceitos aceitos como pre-missas, que faz com que não tenha a necessi-dade de se esforçar para compreender a reali-dade em toda a sua complexidade.

Quem se afasta do pensamento raso e dos slogans argumentativos, e assim coloca em dúvida as certezas que se originam da ade-quação aos preconceitos, torna-se um inimigo a ser abatido, isso se antes não for cooptado.

Nesse sentido, pode-se falar que o empobre-cimento da linguagem gera o ódio direcionado a quem contraria essas certezas e desvela os correlatos preconceitos.

É também o empobrecimento da linguagem que reforça a dimensão domínio-submissão e leva à identificação com figuras de poder (“o poder sou Eu”).

Pense-se em um juiz lançado no empobreci-mento da linguagem, não há teorias, dogmáti-ca, tradição ou lei que sirva de limite: a “lei” é “ele mesmo” a partir de suas convicções e de seu pensamento simplificado.

Em outras palavras, o empobrecimento da lin-guagem abre caminho à afirmação despropor-cional tanto da convicção e de certezas deli-rantes quanto dos valores “força” e “dureza”, razão pela qual pessoas lançadas na lingua-gem empobrecida sempre optam por respos-tas de força em detrimento de respostas ba-seadas na compreensão dos fenômenos e no conhecimento.

Essa ênfase na força e na dureza leva ao anti-intelectualismo e à negação de análises mini-mamente sofisticadas.

A razão neoliberal se sustenta diante da he-gemonia do vazio do pensamento expressa no visível empobrecimento da linguagem, da ausência de reflexão e de uma percepção de-mocrática de baixíssima intensidade.

Qualquer processo reflexivo ou menção aos valores democráticos representam uma ame-aça a esse projeto de mercantilização do mundo.

Não por acaso, a razão neoliberal levou à substituição do sujeito crítico kantiano pelo consumidor acrítico, do sujeito responsável por suas atitudes pelo “a-sujeito” que protago-niza a banalidade do mal, que é incapaz de refletir sobre as consequências de seus atos.

Pode-se, então, identificar a sociedade que atende à razão neoliberal como uma socieda-de do pensamento ultra-simplificado.

A exigência de simplificação tornou-se um verdadeiro fetiche e um tema totalizante. Co-mo em toda perspectiva totalizante, há uma

tendência à barbárie: aos que não cederam ao pensamento simplificado, reserva-se a ex-clusão e, no extremo, a eliminação.

As coisas se tornam simples ao se eliminar qualquer elemento ou nuance capaz de levar à reflexão.

A simplicidade neoliberal exige que se elimine toda negatividade e as diferenças que não po-dem ser objeto de exploração comercial, fa-zendo com que a coisa se torne rasa, plana e incontroversa, para que se encaixe sem resis-tência ao projeto neoliberal.

A simplicidade leva a ações operacionais, no interesse do capital, que se subordinam a um governo passível de cálculo e controle.

A simplicidade se afasta da verdade e mostra-se compatível com a informação (também simplificada).

A verdade, por definição, é complexa, forma-da de positividades e negatividades, a ponto de não ser apreensível por meio de atividade humana. A verdade nunca é meramente ex-positiva.

A informação é construída e manipulada se-gundo a lógica das mercadorias. A informação simplificada recorre aos preconceitos e as convicções dos destinatários para se tornar atrativa e ser consumida.

Da mesma maneira, a simplicidade neoliberal também impede o diálogo, que exige abertura às diferenças, para insistir em discursos, ade-quados ao pensamento estereotipado e sim-plificador, verdadeiros monólogos, por vezes vendidos como “debates”.

O ideal de comunicação na era da simplifica-ção neoliberal parte do paradigma do amor ao igual. A comunicação ideal seria aquela entre iguais, na qual o igual responde ao igual e, então, se gera uma reação em cadeia do i-gual.

É esse amor ao igual, avesso a qualquer re-sistência do outro, o que só é possível diante da linguagem empobrecida, é que explica o ódio ao diferente, a quem se coloca contra esse projeto totalizante e a essa reação em cadeia do igual.

Vale lembrar que Freud já identificava nos ca-sos de paranoia um amor ao igual (amor ho-mossexual) que não era reconhecido e se tor-nava insuportável a quem amava.

Esse ódio, que nasce do amor ao igual e da comodidade gerada pelo pensamento simplifi-cador, direciona-se à alteridade que retarda a velocidade e a operacionalidade da comunica-ção entre iguais, coloca em questão as certe-zas e desestabiliza o sistema.

Quem ousa ser diferente (e pensar para além do pensamento simplificador autorizado), de-ve ser eliminado, simbólica ou fisicamente, em atenção ao projeto neoliberal.

Autor: Rubens Casara Doutor em Direito, Mestre em Ciências Pe-nais, Juiz de Direito do TJ/RJ.

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Sociedade

Março 2018 Gazeta Valeparaibana Página 15

Contas Públicas

Entendendo Economia: Por que as contas

públicas não devem ser entendidas a partir

das contas familiares?

No ano passado, chegou ao Brasil a versão em português do livro “Austeridade: a história de uma ideia perigosa”, cujo autor é o profes-sor Mark Blyth, que ministra aulas de Econo-mia na Universidade de Brown (EUA). Neste livro, o professor vai explicar justamente que o orçamento do governo é algo totalmente distinto do orçamento das famílias e não de-vem ser comparados. Na verdade, a ideia de que o orçamento público é como o das famí-lias tem propiciado uma grande distorção so-bre a compreensão do que é orçamento públi-co. A partir dessa concepção equivocada, muitos governos têm realizado reformas com sérios impactos sociais e econômicos por on-de passa, como aconteceu em Portugal, Es-panha e Grécia.

A vítima da ideia perigosa dessa vez é o Bra-sil, que está enfrentando uma histórica crise social e econômica como resultado dos cortes orçamentários. O bordão “o governo é como uma família, e por isso deve cortar os seus gastos para saldar as dívidas” tem sido disse-minado pelo Governo Temer, pela grande im-prensa e os supostos “especialistas” do mer-cado na tentativa de “fabricar um consenso” em torno da aceitação dos violentos cortes sobre as despesas primárias (saúde, educa-ção, ciência e tecnologia, programas sociais, etc.) e de investimento, mas não dos serviços da dívida pública.

Essa noção sobre as contas do governo se transformou num dos principais “slogans” do governo ilegítimo de Michel Temer, sendo in-clusive parte do seu discurso de posse. Vale recordar que no seu primeiro pronunciamento como presidente, na noite do dia 31 de agos-to de 2016, Temer reproduziu em cadeia na-cional exatamente a seguinte frase: “o gover-no é como a sua família. Se estiver endivida-da, precisa diminuir despesas para pagar as dívidas.” Desde então, a expressão se alas-trou como faísca de fogo em rastro de pólvo-ra, empobrecendo a compreensão sobre as finanças públicas no país. Um tema que en-volve um conjunto de conhecimentos de á-reas como a Economia, a Contabilidade Públi-ca e o Direito Financeiro, passou a ser tratado de maneira simplista pelos grandes meios de comunicação e seus especialistas, construin-do um quadro de desinformação generalizada da opinião pública, com o objetivo claro de convencer a sociedade a aceitar um ajuste fiscal do governo que atinge diretamente a população mais pobre.

Pretendo, neste breve espaço, trazer algumas informações, para o entendimento desse as-sunto que é de suma importância para a cole-

tividade. O orçamento público tem uma capa-cidade significativa de interferir na distribuição de renda da sociedade, e essa característica por si só já é um argumento potente para des-montar o discurso daqueles que insistem na comparação de que o orçamento do governo é igual ao das famílias, ou seja, quando fala-mos em orçamento público estamos falando de agregados completamente diferentes, pois a responsabilidade do governo é com uma Nação, a qual envolve vários setores da soci-edade e a decisão do governo afeta direta-mente a todos. Mas vou além disso, buscarei explorar os seguintes pontos: i) quais são os principais aspectos do orçamento público em nosso país?; ii) no orçamento de 2017, quais foram as despesas cortadas e quais foram as que o governo garantiu o pagamento?

O orçamento público obedece a princípios es-pecíficos e busca atingir objetivos totalmente distintos daqueles que são perseguidos pelas pessoas na gestão do orçamento doméstico. Do ponto de vista econômico, a família é basi-camente uma unidade de consumo, e a sua receita – normalmente composta de salários, rendas oriundas dos famosos “bicos”, transfe-rências do governo e aposentadorias – tem como objetivo o atendimento das despesas de consumo (alimentação, saúde, habitação, educação, transporte, lazer, etc.) que são in-dispensáveis para a manutenção da vida. O governo, por outro lado, é mais complexo e-conomicamente e politicamente do que as fa-mílias, ele é mais do que uma unidade de consumo, é também uma unidade de produ-ção e vetor de distribuição de renda nas soci-edades capitalistas, isto é, as decisões do go-verno tem elevado poder de impactar na dinâ-mica da economia, principalmente estimulan-do ou retraindo a atividade econômica e afe-tando as possibilidades das famílias e das empresas lograrem mais renda e lucro, res-pectivamente.

Enquanto as famílias dispõem de elevado po-der de decisão pessoal para definir como gas-tar os seus recursos, o governo se submete às necessidades da população, que é a sua razão de existir. Diga-se de passagem, nem mesmo as famílias cortam despesas de qual-quer jeito, como a propaganda do Governo Temer quer fazer a população acreditar. É preciso dizer muito claramente que o governo não decide sobre os seus gastos como as fa-mílias, pois ele se submete a um conjunto de normas e objetivos que deve ter como priori-dade o atendimento das necessidades sociais de saúde, educação, moradia, previdência, assistência social, dentre outras.

O orçamento público brasileiro, meu caro lei-tor, além de ser formalmente uma lei autoriza-tiva, conhecida como Lei Orçamentária Anual (LOA), tem também um caráter político. Ele é

uma peça disputada pelos grupos econômi-cos mais influentes da sociedade, e no caso do Brasil, como a atual conjuntura política tem revelado, sabemos que esses grupos têm for-tes influências sobre os poderes políticos. Pa-ra visualizar como esse processo tem ocorri-do no país, basta ver como o Governo Temer gastou os recursos autorizados na LOA (lei orçamentária anual) de 2017. No ano passa-do, enquanto o governo federal cortou violen-tamente as despesas com saúde, educação, habitação e programas sociais, e iniciou um sujo ataque contra a previdência, destinou para os grandes bancos R$ 203,1 bilhões de reais na forma de juros da dívida pública.

No mesmo ano, a despesa com investimen-tos, que significa a construção de novas uni-dades hospitalares, escolares, habitacionais, infraestrutura, etc., foi de apenas R$ 18,4 bi-lhões, ou seja, um valor medíocre em compa-ração ao total do orçamento abocanhado pe-los grandes bancos que seguem batendo re-cordes de lucro no país.

Como se não bastasse, o governo ainda abriu mão de cobrar dívidas bilionárias dos empre-sários para com a União, como no caso da renúncia fiscal dos mais de R$ 10 bilhões de dívidas que o agronegócio acumulava com a previdência. Esse pequeno exemplo mostra que o Governo Temer tem promovido uma transferência de renda dos pobres para os ricos, tendo como um dos efeitos dessas a-ções a piora na distribuição de renda do país, pois ao privilegiar os grandes bancos e as grandes empresas, o governo está atuando como um agente promotor da concentração de renda via orçamento público.

Os absurdos não se limitam à execução do orçamento do ano passado, já que a LOA de 2018 autorizou para o pagamento de juros da dívida pública mais de R$ 316 bilhões. Por isso, quando o Governo Temer lança mão da campanha “o orçamento do governo é igual

ao da família”, ele tem um único objetivo: fa-zer você acreditar que é você quem deve pa-gar a conta pela farra dos milionários invisí-veis, enquanto a grande maioria da sociedade brasileira ficará sem o atendimento público gratuito e de qualidade necessário em servi-ços básicos como saúde, educação, estradas, rodovias, segurança, etc.

Autora: Priscila Martins de Oliveira Santa-na é Integrante do Núcleo de Estudos Con-junturais (NEC) da UFBA - Mestra em Eco-nomia pela Universidade Federal da Bahia. Desenvolve pesquisas em Economia no Gru-po de Estudos em Economia Política e De-senvolvimento (GEPODE) e no Núcleo de Es-tudos Conjunturais (NEC) da UFBA. Integran-te do Comitê Internacional pela Investigação e Anulação das Dívidas Ilegítimas (CADTM).

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‘Dia da Marmota’

Por que o tempo passa mais rápido à me-

dida que envelhecemos?

Para evitar que o tempo passe voando o segredo é evitar os 'dias da marmota'

Já é 2 de fevereiro. E, em alguns países do hemisfério norte, como nos Estados Unidos, já é o Dia da Marmota outra vez. Sim, parece que o do ano passado foi ontem. Ou antes de ontem, não exageremos. À medida que enve-lhecemos, temos a impressão de que o tempo transcorre mais depressa. E, precisamente, o Dia da Marmota ou, melhor dizendo, os dias da marmota têm muito a ver com isso.

Não esqueçamos que Feitiço do Tempo (Groundhog Day) estreou há 22 anos. Ou se-ja, já estamos há mais de 20 anos comentan-do que hoje é o dia em que a marmota Phil sai de sua toca para comprovar se consegue ver a própria sombra ou não –nesta terça-feira, em Punxsutawney, na Pensilvânia (EUA), o Phil original previu que o inverno se-rá curto neste ano.

Em um artigo sobre essa sensação que nos aterroriza porque sentimos que a vida nos es-capa das mãos e nos aproximamos da morte – talvez eu esteja ficando intenso –, a revista Scientific American cita o psicólogo William James, que recorda que à medida que fica-mos mais velhos passamos por menos experi-ências novas, temos menos primeiras vezes. Já não há “primeiro dia do colégio”, “primeiro amor” ou "primeiras férias com amigos". Ago-ra é outro dia no escritório, outra manhã no shopping e um terceiro pedido de divórcio.

Outro estudo sugere que, na realidade, não existe tanta diferença entre idades na percep-ção do tempo, exceto quando se pergunta: com que velocidade transcorreu a última dé-cada? Para as pessoas de 50 anos parece ter passado mais rápido que para os mais jovens. Segundo esse estudo, também ocorre que, ao recordar nossa vida, temos a sensação de que os primeiros anos passaram mais lenta-mente que os posteriores, embora não sentís-semos essa diferença enquanto os vivíamos.

Todos vamos morrer

Outro fator que influi nessa percepção é que recordamos os eventos memoráveis como mais recentes do que foram na realidade. Sur-preende-nos que o Unplugged, do Nirvana, já tenha mais de 20 anos porque gravamos o vídeo do show em uma fita VHS que assisti-mos dezenas de vezes e quase somos capa-zes de recordar a ordem das músicas. Trata-se de uma lembrança que mantemos mais nítida na memória que outras que ocorreram mais tarde, por isso nos parece mais recente. Não surpreende, portanto, que existam Tum-blrs como o do Hematocrítico que registram efemérides como essa e nos recordam que todos vamos morrer.

Diga “já” quando achar que já passou um mi-nuto

A Scientific American acrescenta que, com a idade, nosso relógio biológico desacelera, por isso o tempo exterior parece ir mais depressa. Quanto mais velhos somos, mais nos custa calcular quando passou um minuto sem olhar o relógio: tendemos a acreditar que demora mais a passar.

Também prestamos menos atenção às datas à medida que envelhecemos. Não nos con-centramos tanto em esperar nosso aniversário ou as férias, mas estamos mais dependentes do dia a dia. Do mesmo modo, o estresse e a sensação de que não temos tempo de termi-nar tudo contribuem para nos dar a impressão de que o tempo passa mais depressa.

A vida é curta (ou pelo menos parece)

Por que o tempo passa mais rápido à medida que envelhecemos?

Outro fator importante é a relação entre o tempo passado e a idade, como também diz a Scientific American citando um estudo da Uni-versidade de Hokkaido (Japão). Para um me-nino de cinco anos, doze meses é 20% de to-da sua vida, enquanto para alguém de 40, um ano é 2,5%.

Medimos o tempo levando em conta os even-tos memoráveis e, se tivermos vidas rotinei-ras, não haverá muitos desses momentos

Para citar um exemplo do Washington Post: esperar 24 dias antes de abrir os presentes de Natal aos cinco anos é proporcionalmente o mesmo que esperar um ano quando se tem 54. Esse exemplo foi tirado de uma apresen-tação interativa do desenhista austríaco Maxi-milian Kiener que ilustra a ideia muito bem u-sando o mouse. “Como muitas coisas, isso requer um pouco de paciência. Mas ao final terá terminado antes do que pensava ou que-ria”, escreve Kiener nesse site instrutivo e, ao mesmo tempo, um tanto triste.

“Quando você tem 35 anos, um ano é 2,86% de sua vida. Veja como o tempo passa rápido quando você tem trinta e tantos”. (Da página de Maximilian Kiener).

“Quando você tem 35 anos, um ano é 2,86% de sua vida. Veja como o tempo passa rápido quando você tem trinta e tantos”. (Da página de Maximilian Kiener).

Segundo essa ideia, proposta pela primeira vez pelo filósofo Paul Janet em 1897, “se che-gar aos 100 anos, metade do que percebe que é sua vida terá terminado aos 7 anos”. Mas se levarmos em conta que “não lembra-mos muito bem o que aconteceu nos três pri-meiros anos”, então essa metade seria aos 18. Mas tecnicamente é possível viver a crise dos 40 aos 7.

“A vida é curta – escreve Kiener. Faça as coi-sas agora!”.

Isso, faça coisas (desde que você goste)

Uma forma de evitar que o tempo passe em um piscar de olhos é precisamente evitar os dias da marmota: as novas experiências nos levam a criar novas lembranças. É diferente lembrar que simplesmente trabalhamos e fize-mos mais ou menos as mesmas coisas todos os dias, de segunda a sexta, do que poder associar experiências concretas a esses dias.

A sensação de que não temos tempo de ter-minar tudo contribuem para nos dar a impres-são de que o tempo passa mais depressa

Medimos o tempo levando em conta os even-tos memoráveis e, se tivermos vidas rotinei-ras, não haverá muitos desses momentos. A isso é preciso acrescentar que essas rotinas não costumam ser especialmente agradáveis. Infelizmente, não passamos o dia deitados, lendo e escutando música, mas no escritório tentando pagar o aluguel.

Também é preciso ter em conta que, embora valha a pena tentar experiências novas e a-prender cada dia mais coisas (é óbvio), em geral, o tempo passa mais depressa quando nos divertimos. Como diz na BBC Future Claudia Hammond, autora de Time Warped, sentimos que o tempo passa especialmente devagar quando temos uma febre muito alta, quando nos sentimos rejeitados e quando passamos por uma depressão.

Ou seja, não precisamos nos sentir pressiona-dos a aprender mergulho ou paraquedismo. Podemos voltar para o sofá e ler outro livro. Afinal de contas, não só é importante criar no-vas lembranças, como também gostar de re-cordá-las. Mesmo que seja à custa de sentir que o tempo passa voando.

Autor: JAIME RUBIO HANCOCK

Edição 124 - Março 2018 - Última página

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