12 - licitações e contratos

24
LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009 CONCORRÊNCIA O que significa valor para a concorrência? Esses fatores que levam à escolha da concorrência estão no art. 23, da Lei 8.666. Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação: I - para obras e serviços de engenharia: a) convite - até R$ 150.000,00; b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00; c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00; II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior: a) convite - até R$ 80.000,00; b) tomada de preços - até R$ 650.000,00; c) concorrência - acima de R$ 650.000,00. Eu disse que a concorrência é determinada em razão do valor, mas que também pode ser exigida em razão do objeto. E quando isso acontece? A própria lei estabelece essa obrigatoriedade quanto à concorrência para certos objetos. Quando é que a lei diz que não interessa o valor? Que independentemente do valor, a concorrência terá que ser utilizada? A concorrência vai ser obrigatória nos seguintes objetos: 1º Objeto obrigatório em concorrência – Para comprar ou vender IMÓVEL . Não importa o valor, se é para comprar ou vender imóvel, será por concorrência. Cuidado. Excepcionalmente, nos imóveis não é necessária a concorrência. Se uma propriedade rural chegar para a Administração via decisão judicial e via dação em pagamento, quando a Administração quiser vender esse imóvel, pode usar concorrência ou leilão. A exceção está no art. 19: Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou 133

Upload: gustavo-cardoso

Post on 03-Jan-2016

8 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 12 - Licitações e Contratos

LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009

CONCORRÊNCIA

O que significa valor para a concorrência? Esses fatores que levam à escolha da concorrência estão no art. 23, da Lei 8.666.

Art. 23.  As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:

I - para obras e serviços de engenharia: a) convite - até R$ 150.000,00; b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00;  c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00;  

II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:

a) convite - até R$ 80.000,00;  b) tomada de preços - até R$ 650.000,00;  c) concorrência - acima de R$ 650.000,00. 

Eu disse que a concorrência é determinada em razão do valor, mas que também pode ser exigida em razão do objeto. E quando isso acontece? A própria lei estabelece essa obrigatoriedade quanto à concorrência para certos objetos. Quando é que a lei diz que não interessa o valor? Que independentemente do valor, a concorrência terá que ser utilizada? A concorrência vai ser obrigatória nos seguintes objetos:

1º Objeto obrigatório em concorrência – Para comprar ou vender IMÓVEL. Não importa o valor, se é para comprar ou vender imóvel, será por concorrência. Cuidado. Excepcionalmente, nos imóveis não é necessária a concorrência. Se uma propriedade rural chegar para a Administração via decisão judicial e via dação em pagamento, quando a Administração quiser vender esse imóvel, pode usar concorrência ou leilão. A exceção está no art. 19:

Art. 19.  Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da autoridade competente, observadas as seguintes regras:

I - avaliação dos bens alienáveis;

II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;

III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou leilão.

Se o administrador quiser escolher concorrência, ele pode, se quiser, escolher leilão, também pode.

O que significa decisão judicial? É uma ordem judicial, qualquer uma delas. O Judiciário mandou dar a fazenda ao Poder Público. Pronto. É uma decisão judicial. Então, se o imóvel

133

Page 2: 12 - Licitações e Contratos

LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009

chegar à Administração por decisão judicial, quando o poder público quiser vender, pode vender pelas duas modalidades.

E dação em pagamento? O que é isso? Via de regra, se paga imposto em moeda corrente, mas o CTN prevê que se a lei autorizar e a Fazenda concordar é possível pagar de outra forma, a exemplo, de uma propriedade rural. Eu posso pagar um tributo, que deveria ser feito em dinheiro, com uma propriedade rural, por exemplo. E se eu vou pagar o tributo que não em dinheiro, faço dação em pagamento.

Então, imóvel originário de decisão judicial, originário de dação em pagamento pode ser alienado via concorrência ou leilão. O art. 19 cai muito em prova de concurso.

2º Objeto obrigatório em concorrência – Quando se tratar de CONCESSÃO. Seja uma concessão comum, seja uma concessão especial de serviço, ela vai ser por concorrência. Mas também vai ser a concessão de direito real de uso de bem público. Quando o poder público vai transferir o uso de bem público, ele também faz por concorrência. Então, a concorrência vai ser obrigatória na concessão, seja concessão de serviço, seja concessão de direito real de uso.

A concessão de direito real de uso é estudada dentro de bens públicos porque é justamente a transferência da utilização de um bem público e a concessão de serviço vamos estudar nas próximas aulas.

Só existe uma questão que deve ser lembrada aqui. No Brasil, a partir de 1995, houve o Programa Nacional de Desestatização, ou Programa das Privatizações. O Estado passou a transferir os serviços para a iniciativa privada, enxugando a máquina. Dentro desse programa nacional a lei disse: a transferência pode ser feita também por leilão. Os serviços foram transferidos por leilão. A regra da concessão de serviço é concorrência, mas, excepcionalmente, pode ser leilão, se o serviço estiver no PND. Exemplo disso: Telefonia. Esse PND foi previsto na Lei 9.074/95. Qualquer concessão de serviço que faça parte do PND pode ser feita por leilão. Não está no PND, vai ter que ser concorrência.

3º Objeto obrigatório em concorrência – No caso de LICITAÇÕES INTERNACIONAIS. Isso cai muito pouco em prova. Alguns doutrinadores nem tocam nisso. A licitação internacional é a que envolve empresas estrangeiras. Havendo na licitação a participação de empresas estrangeiras, ela é elevada ao patamar de licitação internacional. E o que significa ser uma licitação internacional? Ela tem requisitos próprios: tem regrinhas próprias, como publicação mais ampla, tem que dar mais publicidade, edital tem que tomar cuidado com relação aos documentos estrangeiros, mas é uma licitação como outra qualquer, somente com algumas peculiaridades ditadas pela presença de empresas estrangeiras. A licitação internacional exige concorrência, mas há duas exceções, na licitação internacional que não será utilizada concorrência.

A regra é a concorrência, mas, excepcionalmente, eu posso usar outra modalidade na licitação internacional, que é a TOMADA DE PREÇOS . A condição para usar a tomada de preços, será preciso preencher duas condições:

1) O valor do contrato tem que estar compatível com o parâmetro da tomada de preços, tem que ser correspondente à modalidade tomada. E mais do que isso.

134

Page 3: 12 - Licitações e Contratos

LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009

2) É preciso ter um cadastro de empresas estrangeiras para usar na modalidade tomada, lembrando que a tomada de preços é uma modalidade de licitação para licitante cadastrado.

Então, para que a administração possa fazer tomada nesse caso, ela vai precisar atender ao valor da chamada e da existência de um cadastro de empresas estrangeiras. O cadastro é um banco de dados, com os documentos dessas empresas. Só vai poder adotar a tomada se o preço for compatível com a tomada e tiver cadastro das empresas estrangeiras.

Também é possível, excepcionalmente, adotar a modalidade CONVITE em licitação internacional. Se é internacional, a regra é fazer concorrência. Mas, excepcionalmente, posso fugir dessa regra e usar o convite, se atender a duas condições:

1) O valor do contrato tem que estar compatível com o parâmetro do convite.

2) Eu não posso ter fornecedores no País para usar na modalidade convite.

Faltou uma dessas condições, na dúvida, concorrência. Só vai ser possível outra modalidade preenchidas as duas exceções dos dois requisitos. Só nessas condições eu fujo da modalidade-regra concorrência.

Prazo de INTERVALO MÍNIMO na CONCORRÊNCIA

Em cada modalidade de licitação, há um prazo de intervalo mínimo. Ele vai da publicação do edital até a entrega dos envelopes. Esse é um prazo obrigatório para que as empresas preparem os documentos. Se a lei diz: intervalo mínimo, o prazo mínimo tem que ser observado. Esses prazos estão previstos no art. 21, da lei.

No caso da concorrência, ele pode ser de 45 ou de 30 dias. Cada modalidade tem seus prazos (de 5 a 45 dias), mas na concorrência é de 30 ou 45 dias:

Técnica – 45 dias Técnica e preço – 45 dias Preço – 30 dias

A proposta técnica é mais elaborada, dá mais trabalho, daí exigir um prazo maior.

Atenção! Esses são dias corridos!

TOMADA DE PREÇOS

Tem como parâmetro o valor. Já caiu várias vezes no Cespe: A tomada de preços é a modalidade que fica entre a concorrência e o convite. “Tomada de preços está no limite mínimo do convite com o limite máximo da concorrência.” É o inverso! A tomada está entre o mínimo da concorrência e no máximo do convite.

Para obras e serviços de engenharia: Acima de R$ 150 mil até R$ 1 milhão e 500 mil.

135

Page 4: 12 - Licitações e Contratos

LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009

Para outros bens e serviços: R$ 80 mil reais até R$ 650 mil.

A tomada de preços está no limite máximo do convite até o limite mínimo da concorrência.

Se o contrato for de engenharia e o valor for de 150 mil, qual vai ser a modalidade licitatória? Vai ser convite porque a tomada é acima de 150 mil. O valor redondo é a modalidade de baixa. Exatamente 150 mil é a modalidade convite. Mas se for R$ 1 milhão e 500 mil é tomada ainda. Acima disso é que é concorrência.

A tomada de preços tem como base o valor, mas tem algumas peculiaridades:

Quem pode participar da tomada de preços?

A tomada é modalidade própria para licitantes cadastrados. Participam da tomada de preços os licitantes cadastrados! O que significa o cadastramento? Nada mais é do que um banco de dados da Administração. Ela organiza um banco de dados com documentos de várias empresas. Isso facilita porque a Administração já sabe que a empresa é regular, que tem qualificação técnica, etc. O cadastramento, nada mais é do que uma habilitação, mas é uma habilitação prévia. As empresas que preencherem os requisitos estarão cadastradas. A empresa habilitada receberá um certificado, chamado de certificado de registro cadastral. O que acontece com esse certificado? Quando for participar de uma licitação, ela não vai precisar todos os documentos de novo. Basta o certificado que significa que o licitante já está cadastrado.

Com isso, a tomada é uma modalidade mais rápida porque a fase de habilitação já aconteceu à época do cadastramento. A fase de habilitação vai ser reduzida, vai ser enxuta porque o licitante já está cadastrado. O licitante vai ser habilitado com esse certificado.

Toda Administração tem que ter o seu cadastramento? Posso usar o cadastramento de outro ente? Isso é possível, mas vai depender de convênio, de credibilidade do cadastramento, etc. É possível, por exemplo, que no âmbito federal exista um cadastramento para todas as empresas.

Se eu precisar na licitação de um documento especial, que não está no cadastramento, pode ser pedido? Sim. Mas é uma situação especial porque, normalmente, bastam aqueles, bastam os documentos que foram entregues até o cadastramento.

Então, participam da tomada, os participantes cadastrados na fase de habilitação prévia. E quem não ficou sabendo do cadastramento e não teve como se cadastrar, ou na época não teve interesse, pode participar agora sem o certificado de registro cadastral? Sim.

Participam da tomada:

os licitantes cadastrados e

aqueles interessados que preencherem os requisitos para o cadastramento até o terceiro dia anterior à entrega dos envelopes.

Como o licitante vai comprovar que até o terceiro dia anterior ele já preenchia os requisitos? Ele faz um requerimento para se cadastrar e entrega os documentos. Ele comprova requerendo à Administração, dizendo que preenche os requisitos, e apresenta os documentos através desse requerimento. Ele, então, até o terceiro dia anterior, apresenta um requerimento,

136

Page 5: 12 - Licitações e Contratos

LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009

instruído com os documentos de habilitação, demonstrando que preenche os requisitos. O ideal é que, nesses três dias a Administração resolva, para não bagunçar a licitação, mas não existe um prazo na lei para a Administração decidir sobre esse pedido.

Prazo de INTERVALO MÍNIMO da TOMADA

Também está previsto no art. 21 e também são dois prazos (cuidado que esses prazos caem muito):

Técnica – 30 dias Técnica e preço – 30 dias Preço – 15 dias

O prazo é mínimo, pode ser maior que isso. O prazo é de dias corridos porque a lei não falou em dias úteis.

CONVITE

O convite é selecionado pelo valor ou pelo objeto? È modalidade de valor. Também é selecionado em razão do valor.

Para obras e serviços de engenharia: De R$ 0 até R$ 150 mil. Para outros bens e serviços: De R$ 0 até R$ 80 mil reais.

Se o valor for pequeno, a licitação é dispensável. E quem decide se vai licitar ou não é o Administrador. Se o administrador quiser licitar, ele pode. Neste caso, querendo licitar, a modalidade vai ser convite. O convite, então, sai do zero a 150 mil (Engenharia) ou de zero até 80 mil (outros bens e serviços).

Quem participa da licitação na modalidade convite?

Os licitantes convidados. Mas quem pode ser convidado? Pode ser convidado o cadastrado e o não cadastrado. Pode ser convidado por convite qualquer empresa da área. Se a empresa está naquele ramo de atividades, pode ser convidada. Então, participam do convite, os licitantes convidados, sejam eles cadastrados ou não. Não importa se ele está cadastrado ou não.

Acontece que, cadastrados ou não, devem ser convidados em número mínimo de três. Se você fala em comprar canetas, vamos convidar papelarias, sejam elas cadastradas ou não.

A lei diz: convidados em número mínimo de três. Aí, eu pergunto: e se não houver três naquele ramo? Eu só consegui duas. De igual forma, se eu convido três, mas só duas querem participar, eu posso prosseguir com um número menor?

Para o Tribunal de Contas, é preciso haver três propostas, ou seja, três licitantes participando do convite, propostas apresentadas em número de três. Mas para os concursos, não é essa posição que está caindo, porque a lei fala outra coisa. Se não houver três empresas no mercado ou se convido três e só duas aparecem, a lei diz o seguinte: se existir uma restrição de mercado ou se eu convidar três e só aparecerem dois, ou não vem ninguém, eu posso justificar

137

Page 6: 12 - Licitações e Contratos

LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009

essa situação e seguir adiante. O TC pega mais pesado, exigindo as três propostas, porque ele parte da presunção da fraude. Mas pela lei, não é assim. O que o TC quer, é que a competição exista.

Se uma pessoa que não foi convidada, pode participar? Sim. Podem participar do convite os cadastrados, mas não convidados, e que manifestaram o interesse em participar com 24 horas de antecedência. Mas para isso, ele tem que estar cadastrado.

Quem pode participar do convite?

Licitantes cadastrados convidados

Todos os cadastrados que manifestarem interesse com 24 horas de antecedência

Não cadastrados, desde que tenham sido convidados. O não cadastrado só participa se for convidado.

Qual é o instrumento convocatório do convite?

Normalmente, o instrumento convocatório é o edital. Excepcionamente, no convite, a convocação é feita via carta-convite. Mas e se cair: “Na licitação convite não há publicidade.” Isso é falso porque se eu tenho licitação de portas abertas, se vou encaminhar o convite, estou fazendo com publicidade. No convite não há publicação de edital, daí o questionamento do concurso que queria que você confundisse publicidade com publicação. Publicidade é fazer de portas abertas, é encaminhar o convite aos convidados. O que não existe é publicação em diário oficial. No convite, a carta-convite não vai para o diário oficial (mas se Administração quiser, pode). Ela tem duas obrigações:

encaminhamento aos convidados e

fixação no átrio da repartição

Prazo de INTERVALO MÍNIMO do CONVITE

Intervalo mínimo, como eu disse, é da publicação até a entrega dos envelopes. Se aqui não tem publicação, como fica esse prazo? O prazo de intervalo mínimo aqui vai ser de

5 dias úteis do recebimento do convite até a entrega dos envelopes.

Aqui são dias úteis! Normalmente a Administração deixa um pouco mais para não correr risco de ter prazo inferior a 5 dias.

Ponto facultativo é dia útil? E se fecharam o órgão em razão de luto? E se estão reformando e fecharam por uma semana? Cuidado! Dia útil é dia de funcionamento da repartição. Se a repartição está fechada, por qualquer razão, não conta como dia útil. Dia útil é aquele em que a repartição funciona efetivamente. Ponto facultativo é dia útil? É uma faculdade. Não é sinônimo de feriado. Significa dizer que se você quiser, você pode trabalhar. Então, ponto facultativo pode ser dia útil, mas na prática acaba sendo sinônimo de feriado.

A comissão de licitação no convite.

Atenção para o seguinte: normalmente a licitação é realizada por uma comissão, cuja regra está tratada no art. 51 que fala em, pelo menos três servidores. No caso da modalidade

138

Page 7: 12 - Licitações e Contratos

LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009

convite, o art. 51 faz uma ressalva: se a repartição for pequena e selecionar três prejudicar o andamento do serviço, é possível fazer convite com apenas um servidor. Se o órgão é pequeno, a repartição é pequena, dá para fazer com um servidor. É uma peculiaridade do convite.

Aqui vimos o que há de mais importante para o convite.

MODALIDADES DE LICITAÇÃO: OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

Quando a nossa lei estabelece a modalidade licitatória, é possível trocar por outra modalidade? Pela lei, se a modalidade é mais simples, é possível substituí-la por mais rigorosa. Se a lei diz que é convite, o administrador pode fazer tomada. Do convite para tomada, ele pode trocar. se a lei diz que é convite, pode o administrador trocar para concorrência.

Quando o contrato é celebrado e, havendo necessidade de alteração posterior, a Administração pode fazer isso. Mas as alterações não podem ultrapassar o valor da modalidade escolhida. Você escolheu a modalidade convite, você celebra o contrato, depois disso, há alterações passíveis nesse contrato, só que essas alterações não podem fugir do valor da modalidade. Então, por exemplo, se eu celebro engenharia com 150 e faço convite, esse contrato não pode ser alterado porque já estou no limite da modalidade. Se eu fiz com 100 mil, eu até poso alterar depois, mas só posso chegar até 150 mil.

As alterações contratuais supervenientes não podem ultrapassar o limite da modalidade. Então, se o contrato estiver na linha divisória, é melhor escolher a mais rigorosa porque poderei alterar o contrato depois se for preciso. Então, quando a Administração tiver dúvidas sobre alterações futuras, ela pode usar a modalidade mais rigorosa. Pode trocar convite por tomada ou por concorrência.

E o contrário? Se o valor o próprio da concorrência, não posso escolher tomada ou convite.

Você vai encontrar no art. 23, § 5º, da Lei uma regra que cai muito. A Administração preciso locar um carro. Mas ela sabe que até o final do ano, vai precisar locar outros dez carros locados. Ela pode contratar um de cada vez? Hoje faz um, daqui a quinze dias faz outro e por aí vai. Se eu contrato tudo de uma vez, o valor será relativo à concorrência. Se eu contrato um de cada vez, o valor vai ter convite. Um de cada vez, modalidade mais simples, todos de uma vez, modalidade mais rigorosa. A lei chama isso de fracionamento de despesa. E isso é proibido. Se o meu objeto pode ser contratado por inteiro e vai precisar de uma modalidade mais rigorosa, eu não posso picotar, eu não posso fracionar para modalidades mais simples. O § 5º, do art. 23 fala desse fracionamento de despesas e diz que é proibido fazer isso. Se eu posso contratar com inteiro e não posso fracionar.

§ 5o  É vedada a utilização da modalidade "convite" ou "tomada de preços", conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o caso de "tomada de preços" ou "concorrência", respectivamente, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica que possam ser executadas por pessoas ou

139

Page 8: 12 - Licitações e Contratos

LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009

empresas de especialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço.  

A própria falta de planejamento pode gerar fraude à licitação. Eu suspeito que vou precisar de dez carros, mas não tenho certeza. Então, tem que usar a concorrência, mesmo contratando um único carro porque eu vou usar a possibilidade já pensando nos dez. A idéia é evitar a usar a modalidade mais simples em casos assim, para evitar a fraude à licitação.

Se eu posso contratar por inteiro, não posso parcelar porque isso faz com que eu caia na modalidade mais simples e acabe contratando com dispensa de licitação. Se eu sei que vou precisar de muito mais do que aquilo, eu tenho que contratar por inteiro, pelo valor completo. Se houver dúvidas sobre a necessidade posterior, use a modalidade mais rigorosa. Isso já caiu em parecer de concurso em segunda fase, sobre a escolha da modalidade licitatória em caso de locação de veículos, justamente esse caso que estou citando aqui.

Esses valores serão duplicados ou triplicados quando se tratar de consórcios públicos (da Lei 11.107). Isso está no parágrafo 8º, do art. 23 da Lei.

Se o consórcio for composto por até três entes (União, um Estado e um Município), os valores serão dobrados.

Se o consórcio tiver mais de três entes (União, Estado e três Municípios), os valores serão triplicados.

§ 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos valores mencionados no caput deste artigo quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior número. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)

(Fim da 1ª parte da aula)

A DISPENSA DE LICITAÇÃO

Vimos que temos como parâmetro para dispensa de licitação o limite do convite. É isso que serve como parâmetro. A lei diz que a licitação é dispensável até o limite de 10% do convite.

Obras e serviços de engenharia: 10% de 150 mil reais, são 15 mil reais. Outros bens e serviços: 10% de 80 mil, são 8 mil reais.

Aqui estamos falando do art. 24, incisos I e II, da Lei.

Art. 24.  É dispensável a licitação:

I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;

140

Page 9: 12 - Licitações e Contratos

LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009

II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez; 

Mas algumas pessoas jurídicas têm o limite dobrado, ou seja, têm dispensa de licitação com uma flexibilidade maior. Algumas gozam de 20% sobre o valor do convite para dispensa de licitação.

Obras e serviços de engenharia: 20% de 150 mil reais, são 30 mil reais. Outros bens e serviços: 20% de 80 mil, são 16 mil reais.

Isso está no art. 24, § único da lei:

Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas. (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005)

Então, haverá dispensa de licitação para:

Consórcios públicos Sociedade de economia mista Empresa pública Autarquia ou fundação qualificadas como Agências Executivas

Se, nesses dois casos (Art. 24, II e II e art. 24, § único) a licitação é dispensável, significa dizer que o administrador pode licitar e se ele quiser licitar nos limites da dispensa, terá que fazê-lo por meio de convite.

LEILÃO

Qual é o parâmetro para o leilão? Valor ou objeto? É o objeto. O leilão só serve para alienação, para vender. O que se aliena por meio de leilão? Bens móveis e imóveis. Eu posso alienar bens imóveis, mas não é qualquer imóvel e não é qualquer móvel:

IMÓVEIS - Só aqueles decorrentes de decisão judicial e de dação em pagamento. Art. 19 (também pode ser concorrência).

MÓVEIS : inservíveis, apreendidos e penhorados. E também aqueles até o limite de 650 mil reais.

Bens móveis inservíveis – são os que não servem mais para o órgão público. A Administração tem um carro velho que não serve mais. Não significa necessariamente sucata.

141

Page 10: 12 - Licitações e Contratos

LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009

Pode não servir para essa atividade, mas pode servir para outra. Para um órgão que usa muita tecnologia, um computador mais antigo não serve, mas pode servir para outro órgão.

Bens móveis apreendidos – São aqueles vendidos no leilão da Receita (apreendidos por falta de pagamento de tributo) ou da Polícia Federal. Bens apreendidos, como produto de crime. Objeto proveniente de falsificação não pode ser leiloado, tem que ser destruídos.

Bens móveis penhorados – O juiz realiza a penhora na ação de execução. Os bens penhorados, ao final do processo, são vendidos em hasta pública. Pode acontecer em hasta pública, via praça (móveis) ou via leilão (imóveis). O leilão da ação de execução é o Leilão da 8666? É claro que não. O leilão do CPC, de bens alienados em ação de execução, é outro. O legislador da Lei 8666, ao falar em penhora, se equivocou, porque o juiz, jamais vai fechar o CPC e vai para a Lei 8666. O legislador, na verdade, estava falando de bens empenhados e não de bens penhorados. Ele estava se referindo, não aos bens objetos de penhora, alienados em hasta pública, mas aos bens empenhados. Você vai à CEF pedir um empréstimo e dá em garantia o seu anel. Se você não paga o empréstimo, a CEF vai leiloar. Jóia objeto de penhor é bem empenhado. Esse leilão da Caixa, que é um leilão de bens empenhados, é o leilão da 8666. Então, na verdade, quando o legislador falou em bens penhorados, quis se referir a bens empenhados, a bens objeto de penhor e não de penhora. Lembrando que penhor é aquela garantia fora do juízo, que você dá ao banco, fora da ação de execução.

Se a questão colocar “penhorado”, marca como certo porque a questão estará copiando a lei, mas nos concursos mais recentes, já estão colocando “empenhados”. Mas se você perceber que é transcrição do texto da lei, “penhorado” estaria certo.

Eu disse que os bens alienados por leilão são selecionados pelo objeto, que o leilão é modalidade que tem como parâmetro objeto, mas há uma situação que ressalva isso porque exige limite de valor e que limite é esse? O art. 17, § 6º, da Lei 8666 diz que eu posso alienar os móveis até o limite de 650 mil reais por leilão. Ele não fala de móveis inservíveis, apreendidos ou penhorados. Nesta hipótese, o objeto não foi adjetivado. Nesta hipótese, estou olhando o limite de valor.

§ 6o  Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou globalmente, em quantia não superior ao limite previsto no art. 23, inciso II, alínea "b" desta Lei (650 mil reais), a Administração poderá permitir o leilão.

Se for inservível, apreendido, empenhado, não importa o valor porque nesses casos, importa a qualidade do objeto. Mas fora dessas hipóteses, bens móveis até 650 mil, podem ser vendidos por leilão.

Quem faz leilão no Brasil – Há uma comissão? Quem faz isso é o leiloeiro. Funciona como um leilão de arte. Tem concurso para leiloeiro? Na verdade, o leiloeiro é, normalmente, um servidor designado para essa função, mas se quiser criar um cargo de leiloeiro, pode criar essa função. Cria o cargo por lei e vai ter concurso para leiloeiro. Não há vedação.

Procedimento do Leilão – Não tem procedimento definido na Lei 8666. Segue a praxe administrativa. É quem dá mais mesmo.

Prazo de intervalo mínimo do leilão – Entre a publicação do edital e o dia do quem dá mais qual é o intervalo mínimo? 15 dias corridos.

142

Page 11: 12 - Licitações e Contratos

LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009

CONCURSO

Concurso público é concurso da Lei 8666? Não. São dois institutos diferentes. O STJ precisou dizer expressamente: Concurso público não é modalidade de licitação. O concurso da Lei 8666 é outra história. O concurso público é para provimento, preenchimento de cargo, de emprego. O concurso da Lei 8666 serve para escolha de trabalho técnico, artístico ou científico. Só que a contrapartida aqui não é um cargo, mas um prêmio ou uma remuneração.

Exemplo: Concurso para escolha da escultura da praça. Quem ganhar o concurso, vai ganhar uma bolsa de estudos, um carro zero, um milhão de reais. Em nenhum momento a lei fala de cargo, de salário. Um novo projeto arquitetônico de restauração, novo projeto de campanha para a saúde do próximo ano, são exemplos de objetos de concurso.

São três as informações que devemos guardar sobre concurso:

Procedimento do concurso – Também não está previsto na lei. O concurso da Lei 8666 tem o seu procedimento previsto em regulamento. Cada concurso vai ter o seu. Funciona como ocorre na iniciativa privada quando lançam concurso para a escolha da melhor frase da Parmalat.

Comissão de licitação – Projeto arquitetônico de restauração do centro da cidade. E se na prefeitura não há servidores entendidos sobre o tema? A comissão do concurso é especial. Normalmente uma comissão é composta de, pelo menos 3 servidores. Mas aqui, ela não precisa ser composta por servidores. Qualquer pessoa que seja idônea e com conhecimento na área, pode participar. Mas eu posso preencher com servidores se houver servidores capacitados para tal.

Prazo de intervalo mínimo – É de 45 dias. Eu não sei por que isso é o que mais cai em prova. Em alguns concursos públicos também há essa determinação.

PREGÃO

Quando usamos pregão no Brasil? Serve para comprar ou para vender? Enquanto o leilão serve para vender, o pregão serve para comprar. O pregão é modalidade de licitação para aquisição. Só serve para isso. Aquisição de quê? De bens e serviços comuns.

O que é um bem e um serviço comum? É aquele que pode ser utilizado ou definido no edital com expressão usual de mercado. A lei não disse nada. Bem e serviço comum, não significa fácil de fazer, simples. É bem que eu compro fácil na loja. Uma TV de 29 polegadas é um bem comum porque eu posso definir e qualquer pessoa entende.

O quadro branco feito sob medida, usado no curso, para as aulas, pode ser comprado em qualquer lugar? É um bem comum? Não. Por mais simples que seja para um marceneiro fazer um quadro branco, não é algo que se encontre para comprar. Por isso não é um bem comum. Então, bens simples podem não ser bens comuns porque eu preciso de um conhecimento na área.

Bens comuns: copinho de água mineral, caneta, geladeira. É aquele que eu coloco no edital e qualquer um entende.

143

Page 12: 12 - Licitações e Contratos

LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009

Serviços de engenharia, em regra, não entram aqui porque para sua execução são necessários conhecimentos especiais.

O pregão está previsto em norma própria, na lei 10.520/02, de leitura obrigatória. É lei pequena e simples isso porque só traz o que é diferente, no restante, segue a Lei 8666. Sugestão: Ler primeiro a 8666 e depois parta para a 10520.

O pregão pode ser eletrônico ou presencial.

Eletrônico – acontece no ambiente virtual. O licitante que quiser participar, vai contatar a Administração e pedir uma senha, chamada de chave. No âmbito federal, a preferência é para o eletrônico. O Presidente da República já determinou. Para o âmbito federal, é preferencial.

Presencial – o nome está a dizer. Os licitantes comparecem pessoalmente ao órgão.

O pregão só pode ser usado para o menor preço. Não se usa para tipo técnica e nem técnica e preço. Como o bem é comum, não há que se falar em escolha de técnica.

Quem faz pregão – É o pregoeiro, assistido por uma equipe de apoio. A equipe serve para assistir o pregoeiro, mas as decisões importantes do pregão, são feitas pelo pregoeiro. A equipe de apoio vai ajudar o pregoeiro a formalizar o processo, a juntar documentos.

Procedimento do Pregão – É invertido, de trás para frente. E esse é o grande segredo. Será visto depois de estudarmos o procedimento da licitação.

Intervalo mínimo – o prazo de intervalo mínimo no pregão é de 8 dias úteis. Tomem cuidado, porque os dois menores prazos, 5 do convite e 8 do pregão, são contados em dias úteis.

PROCEDIMENTO DA LICITAÇÃO

Daqui para frente, vamos estudar a regra geral, que serve para concorrência, para tomada de preço e para o convite. O que vamos ter? Algumas diferenças de uma modalidade para outra e que vamos citando pelo caminho. O que muda, em síntese, são alguns prazos. Ao final, invertemos a regra geral, para você entender o procedimento do pregão.

Leilão – Não tem procedimento. Segue a praxe administrativa Concurso – não tem procedimento. Segue cada regulamento.

Eu preciso que você comece a idealizar uma licitação na sua cabeça, como se fizesse parte da comissão. Isso vai facilitar a explicação. Se você continuar olhando a licitação de fora, como se não fosse um problema seu, você nunca vai aprender procedimento de licitação porque são muitos os detalhes e decoreba é muito mais difícil para a prova.Vamos seguir a ordem normal, lógica do procedimento. E depois que fizermos isso, quero que você vá até a Lei 8.666 porque fica mais fácil estudá-la depois de ver isso. A lei é bagunçada. Fala de um artigo, depois

144

Page 13: 12 - Licitações e Contratos

LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009

pula pra outro, depois volta e por aí vai. Você lê a lei e passa a entender em qual momento cada regra daquela vai aparecer.

1ª ETAPA – FASE INTERNA DA LICITAÇÃO

Qual é o primeiro passo para se fazer a licitação? Qual é a primeira coisa a ser feita? Definir o objeto! Se a gente não conhece a necessidade da Administração, não há o que licitar. Antes de fazer o edital, é preciso definir o objeto e se há dinheiro para licitar. Eu preciso disso e tenho dinheiro para licitar. Agora, sim, posso colocar a mão na massa. Tudo isso que se faz, antes de se lançar o edital, é a chamada fase interna da licitação. É o momento que vamos formalizar o processo: vamos identificar a necessidade, verificar o recurso orçamentário, autuar o processo administrativo e tudo isso acontece na chamada fase interna da licitação.

Já foi dito no Brasil que a primeira etapa da licitação é a elaboração do edital. Hoje, não mais. Hoje, os doutrinadores já não concordam mais com essa idéia, que não é lógica. Essa informação não consta mais da doutrina.

O procedimento, que começa com a fase interna da licitação, vai seguir a mesma linha da concorrência, da tomada de preços e do convite.

Fase interna é toda a preparação que vai até a publicação do edital. Publicou, começa a fase externa.

1º Passo da fase interna – Formalização do processo.

A primeira coisa aqui é a autuação. A fase interna começa com a autuação do processo, que significa colocar número, colocar capa, identificar os dados na capa, etc. Do mesmo jeito que acontece na via judicial.

Na primeira folha estão identificadas as necessidades. O que precisamos para fazer a licitação (comprar caneta, papel, cadeiras). Alguém no órgão apontou a necessidade. Muitas vezes eu peço 2 mil, mas só posso comprar 500. A necessidade será adaptada de acordo com os recursos. A Secretaria de Transporte da cidade apontou a necessidade de construir um novo viaduto, por exemplo.

Feita a autuação, identificada a necessidade, a Administração vai identificar os recursos orçamentários. “A obra não foi concluída porque os recursos acabaram.” Se você ouviu isso, é porque tem algo errado na história porque antes de qualquer coisa, é preciso que o recurso orçamentário seja reservado de uma parcela do orçamento. O dinheiro entra já comprometido com esse contrato. Se estiver tudo certo, o dinheiro vai entrar, o contrato vai ser respeitado e a obra vai ser concluída. Muitas vezes há desvio orçamentário, entre outras fraudes.

O TCU decidiu por amostragem investigar alguns Estados e Municípios e encontra as situações mais absurdas que há. A situação é crítica. O administrador usa o dinheiro como se fosse dele. O Fundo de Participação dos Municípios chega a ser usado para pagar compras no shopping. Um prefeito foi para uma casa de prostituição e pagou com um cheque do FPM. A dona do prostíbulo sem saber o que fazer, vai ao MP para saber se deveria compensar o cheque. O prefeito está lá, citado na Cartilha da Corrupção e sendo processado por improbidade administrativa. Isso é muito comum. É o caso do cartão corporativo.

Outro caso: Um certo município tinha muitos IPTU’s para cobrar de imóveis não regularizados e cujos proprietários não estavam identificados. Mais de mil execuções fiscais

145

Page 14: 12 - Licitações e Contratos

LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009

foram ajuizadas contra Odarongi da Siva (“Ignorado” da Silva) e com base no suposto crédito proveniente dessas execuções (que jamais seriam concluídas), muitos contratos administrativos foram firmados. E a história vai se complicando. Parece piada, mas é verdade.

Então, ao identificar a necessidade, é necessário que a Administração separe o dinheiro para isso e faça a identificação do recurso orçamentário. É a separação do recurso orçamentário que vai legitimar aquela contratação.

Autuação: ok. Identificação das necessidades: ok. Recurso orçamentário: ok.

2º Passo da fase interna – Nomeação da COMISSÃO

Feito isso, nomeia-se a comissão de licitação. Os detalhes sobre a comissão de licitação estão no art. 51, da Lei 8666, e vale a pena olhar com carinho porque há regrinhas que aparecem em concurso (nós estávamos lá no art. 7º, que trata dos detalhes orçamentários e agora esta mos no art. 51, que fala da nomeação da comissão):

Art. 51.  A habilitação preliminar, a inscrição em registro cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as propostas serão processadas e julgadas por comissão permanente ou especial de, no mínimo, 3 (três) membros, sendo pelo menos 2 (dois) deles servidores qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos da Administração responsáveis pela licitação.

§ 1o  No caso de convite, a Comissão de licitação, excepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e em face da exigüidade de pessoal disponível, poderá ser substituída por servidor formalmente designado pela autoridade competente.

§ 2o  A Comissão para julgamento dos pedidos de inscrição em registro cadastral, sua alteração ou cancelamento, será integrada por profissionais legalmente habilitados no caso de obras, serviços ou aquisição de equipamentos.

§ 3o  Os membros das Comissões de licitação responderão solidariamente por todos os atos praticados pela Comissão, salvo se posição individual divergente estiver devidamente fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que tiver sido tomada a decisão.

§ 4o  A investidura dos membros das Comissões permanentes não excederá a 1 (um) ano, vedada a recondução da totalidade de seus membros para a mesma comissão no período subseqüente.

§ 5o  No caso de concurso, o julgamento será feito por uma comissão especial integrada por pessoas de reputação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores públicos ou não.

A comissão pode ser nomeada de duas formas:

146

Page 15: 12 - Licitações e Contratos

LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009

Comissão permanente de licitação – faz todas as licitações do período (1 ano é o tempo da comissão permanente)

Comissão temporária de licitação – para um procedimento específico.

O período é de 1 ano e o agente não pode ser reconduzido para o mesmo papel na comissão. Se foi nomeado presidente, no ano seguinte, ele até pode fazer parte da comissão, mas não pode ser o presidente. Na prática, eles, normalmente, preparam 4 servidores que vão se alternando, ano a ano. O que eu não posso é reconduzir a totalidade nas mesmas funções.

Nomeada a comissão, passa-se à elaboração do edital.

3º Passo da fase interna – Elaboração do EDITAL

Para tanto, há os requisitos do art. 40, da lei. As regras do edital estão no art. 40.

Art. 40.  O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte:

I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;

II - prazo e condições para assinatura do contrato ou retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta Lei, para execução do contrato e para entrega do objeto da licitação;

III - sanções para o caso de inadimplemento;

IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o projeto básico;

V - se há projeto executivo disponível na data da publicação do edital de licitação e o local onde possa ser examinado e adquirido;

VI - condições para participação na licitação, em conformidade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de apresentação das propostas;

VII - critério para julgamento, com disposições claras e parâmetros objetivos;

VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de comunicação à distância em que serão fornecidos elementos, informações e esclarecimentos relativos à licitação e às condições para atendimento das obrigações necessárias ao cumprimento de seu objeto;

IX - condições equivalentes de pagamento entre empresas brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações internacionais;

X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global, conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos e vedados a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou faixas de variação em relação a preços de referência, ressalvado o dispossto nos parágrafos 1º e 2º  do art. 48;

XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais, desde a data prevista para apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa proposta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela;

XII - (Vetado).

XIII - limites para pagamento de instalação e mobilização para execução de obras ou serviços que serão obrigatoriamente previstos em separado das demais parcelas, etapas ou tarefas;

XIV - condições de pagamento, prevendo: a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, contado a partir da data final do período de

147

Page 16: 12 - Licitações e Contratos

LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 12– Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 05/06/2009

adimplemento de cada parcela; b) cronograma de desembolso máximo por período, em conformidade com a disponibilidade de recursos financeiros; c) critério de atualização financeira dos valores a serem pagos, desde a data final do período de adimplemento de cada parcela até a data do efetivo pagamento; d) compensações financeiras e penalizações, por eventuais atrasos, e descontos, por eventuais antecipações de pagamentos; e) exigência de seguros, quando for o caso;

XV - instruções e normas para os recursos previstos nesta Lei;

XVI - condições de recebimento do objeto da licitação;

XVII - outras indicações específicas ou peculiares da licitação.

§ 1o  O original do edital deverá ser datado, rubricado em todas as folhas e assinado pela autoridade que o expedir, permanecendo no processo de licitação, e dele extraindo-se cópias integrais ou resumidas, para sua divulgação e fornecimento aos interessados.

§ 2o  Constituem anexos do edital, dele fazendo parte integrante: I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas partes, desenhos, especificações e outros complementos; II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários; III - a minuta do contrato a ser firmado entre a Administração e o licitante vencedor; IV - as especificações complementares e as normas de execução pertinentes à licitação.

§ 3o  Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se como adimplemento da obrigação contratual a prestação do serviço, a realização da obra, a entrega do bem ou de parcela destes, bem como qualquer outro evento contratual a cuja ocorrência esteja vinculada a emissão de documento de cobrança.

§ 4o  Nas compras para entrega imediata, assim entendidas aquelas com prazo de entrega até trinta dias da data prevista para apresentação da proposta, poderão ser dispensadas:  I - o disposto no inciso XI deste artigo; II - a atualização financeira a que se refere a alínea "c" do inciso XIV deste artigo, correspondente ao período compreendido entre as datas do adimplemento e a prevista para o pagamento, desde que não superior a quinze dias.

Imaginemos que o objeto de edital seja a construção do viaduto e você é o presidente da comissão de licitação. Como definir o viaduto? Você é o presidente da comissão de licitação e não entende nada de viaduto. Se não tiver ninguém no seu órgão que entenda de viaduto, o que você vai precisar? Alguém vai ter que fazer. Contrato alguém que saiba. Nesse caso, eu vou ter que licitar de novo? Se eu vou precisar de contratar alguém é um novo contrato. É o contrato do contrato. E agora? Dependendo da complexidade do meu objeto, eu vou precisar fazer um outro contrato. E tenho que licitar de novo para a feitura do chamado projeto básico. O projeto básico é que vai definir o objeto da licitação. E vou contratar uma empresa que vai cuidar do projeto básico. Ela vai definir o objeto da minha licitação. E, a depender do valor, serei obrigado a fazer outra licitação. Então, será uma licitação só para definir o objeto da licitação.

Pergunta-se: Toda licitação precisa de projeto básico? Não. Para comprar canetas não há necessidade.

A empresa que participa do projeto básico, pode participar da licitação? Suponhamos que a empresa elabore o projeto básico com uma técnica que só ela conhece. Quem faz o projeto básico manipula o objeto, então, não pode participar da licitação. Quem faz o projeto básico não participa da licitação!

148