manual licitações e contratos pge

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Estado do Rio Grande do Sul Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS Orientações da Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul à Administração Pública Porto Alegre, 2013

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  • Estado do Rio Grande do Sul

    Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul

    LEI DE LICITAES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

    Orientaes da Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do

    Sul Administrao Pblica

    Porto Alegre, 2013

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    SUMRIO

    APRESENTAO

    INTRODUO

    Captulo 1 - ATOS INICIAIS DO PROCEDIMENTO LICITATRIO

    Captulo 2 - DA HABILITAO

    2.1 Introduo

    2.2 Habilitao jurdica

    2.3 A questo das cooperativas

    2.4 Regularidade fiscal e trabalhista

    2.5 Certido Negativa de Dbitos Trabalhistas (CNDT)

    2.6 Qualificao tcnica

    2.7 Qualificao econmico-financeira

    Captulo 3 - MODALIDADES DE LICITAO

    3.1 Modalidades de licitao - Escolha do procedimento

    3.2 Modalidade e tipo de licitao - Diferenas

    3.3 Dos procedimentos

    3.3.1 Classificao

    3.3.2 Concorrncia

    3.3.2.1 Cabimento

    3.3.2.2 Procedimento

    3.3.2.3 Impugnao ao edital

    3.3.2.4 Ato pblico de recebimento dos envelopes

    com os documentos para habilitao e proposta

    3.3.2.5 Documentao relativa habilitao

    3.3.2.6 Forma da apresentao dos documentos

    3.3.2.7 Possibilidade de serem tomadas dilign-

    cias

    3.3.2.8 Inabilitao dos concorrentes - Licitao

    fracassada

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    3.3.2.9 Deciso de encerramento da fase de ha-

    bilitao e divulgao dos resultados

    3.3.2.10 Recurso da deciso que encerra a fase

    de habilitao

    3.3.2.11 Julgamento das propostas

    3.3.2.12 No caso de todas as propostas serem re-

    jeitadas

    3.3.2.13 No caso de empate

    3.3.2.14 Relatrio, divulgao e recursos

    3.3.2.15 Alternativas da autoridade superior

    3.3.2.16 Pr-qualificao

    3.3.3 Tomada de preos

    3.3.3.1 Cabimento

    3.3.3.2 Procedimento

    3.3.3.3 Atualizao de documentos e validade do

    cadastro

    3.3.4 Convite

    3.3.4.1 Cabimento

    3.3.4.2 Procedimento

    3.3.5 Concurso

    3.3.5.1 Cabimento

    3.3.5.2 Procedimento

    3.3.5.3 Do edital

    3.3.5.4 Julgamento das propostas

    3.3.6 Leilo

    3.3.6.1 Cabimento

    3.3.6.2 Procedimento

    3.3.6.3 Julgamento das propostas

    3.4 Limites para a escolha da modalidade de licitao

    3.4.1 Dos limites

    3.4.2 Parcelamento do objeto da licitao

    3.4.3 Cuidados e critrios no parcelamento

    3.4.4 Licitao por itens

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    3.4.5 Limites temporais - Exerccio oramentrio

    3.4.6 Fracionamento interno

    3.4.7 Reserva de cota microempresa e em-

    presa de pequeno porte - Lei Complementar n

    123/06

    Captulo 4 - DISPENSA DE LICITAO

    4.1 Hipteses de dispensas de licitao na Lei n 8.666/93

    4.2 Outras hipteses de dispensa de licitao

    Captulo 5 - INEXIGIBILIDADE DE LICITAO

    5.1 Da inexigibilidade de licitao

    5.2 Servios tcnicos profissionais especializados

    Captulo 6 - JUSTIFICATIVAS NECESSRIAS S DISPENSAS E INEXI-

    GIBILIDADES DE LICITAES (E AO RETARDAMENTO)

    Captulo 7 - REVOGAO E ANULAO DO PROCEDIMENTO LICITAT-

    RIO

    7.1 Revogao e anulao - Poder de autotutela

    7.2 Revogao

    7.2.1 Hipteses de revogao

    7.3 Anulao e convalidao

    7.4 Ampla defesa e contraditrio - Procedimento

    7.5 Desconstituio do certame e indenizao

    7.6 Revogao e anulao do procedimento de dispensa e de

    inexigibilidade de licitao

    Captulo 8 - FORMALIZAO DOS CONTRATOS

    Captulo 9 - ALTERAO DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

    Captulo 10 - RESCISO CONTRATUAL E SANES ADMINISTRATI-

    VAS

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    Captulo 11 - ALIENAO DE BENS PBLICOS

    11.1 Introduo ao tema

    11.2 Licitao dispensada

    11.3 Requisitos para se ter licitao na alienao de bens p-

    blicos

    11.4 Dispensas de licitao constantes na Lei n 8.666/93

    11.4.1 Imveis

    11.4.2 Mveis

    11.5 Procedimento

    Captulo 12 - PREGO

    12.1 Normas editadas sobre prego pelo Estado do Rio Grande

    do Sul

    Captulo 13 - REGISTRO DE PREOS

    Captulo 14 - ORGANISMO FINANCEIRO INTERNACIONAL - EMPRS-

    TIMO - GUIDELINES

  • 7

    APRESENTAO

    Polticas pblicas implementadas pelo Poder Pblico re- clamam, invariavelmente, a aquisio de um bem ou a presta- o de um servio. Sendo assim, a atuao estatal passar, em algum momento, pelo regime jurdico das licitaes e dos contratos administrativos, fator que mostra a importncia do es- tudo sistemtico do tema.

    Nesse contexto, a Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul diuturnamente fornece a orientao jurdica nes- ta matria, alcanando, ao administrador pblico, a segurana de que o procedimento licitatrio pode seguir com a correo necessria. Alis, a prpria Lei n 8.666/93 (a Lei Geral de Li- citaes e Contratos Administrativos) j percebia a relevncia da orientao jurdica prestada pela advocacia pblica, quando determina, no pargrafo nico do art. 38, que as minutas de editais de licitao, bem como as dos contratos, acordos, con- vnios ou ajustes devem ser previamente examinadas e apro- vadas por assessoria jurdica da Administrao.

    Dessa forma, a partir do conhecimento jurdico acumulado ao longo dos anos, sentiu-se a necessidade de se compilar, em uma nica obra, as principais orientaes da Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul, a fim de que o gestor pblico e a comunidade jurdica em geral pudessem deter em suas mos uma fonte de consulta fcil, rpida e objetiva acerca da matria.

    O trabalho que ora se apresenta contm aquilo que h de mais essencial em matria de licitaes e contratos admi- nistrativos, cujo contedo posto de uma forma agradvel e sistematizada. Logo, considera-se que se trata de uma obra indispensvel a qualquer gestor pblico.

    Que este livro logre plena acolhida na comunidade jurdi- ca e nos rgos de Estado.

    Carlos Henrique Kaipper,

    Procurador-Geral do Estado.

  • 9

    INTRODUO

    As licitaes e os contratos administrativos so o con-

    junto de atos que visam a dar suporte material prestao das

    polticas pblicas, sendo estes institutos jurdicos considerados

    um dos principais aspectos concernentes essncia da Admi-

    nistrao Pblica. Na atualidade, tornaram-se um tema vital no

    sistema jurdico-administrativo, obtendo-se, a partir deste con-

    texto, uma produo jurisprudencial e doutrinria por deveras

    intensa, no esforo de dar preciso terica e dogmtica aos

    institutos legislativos que permeiam a matria.

    E, se bem vistas, as licitaes e os contratos adminis-

    trativos partem de um manancial de regras de extrema com-

    plexidade, reclamando, para tanto, o empenho do intrprete

    no sentido de dar, a este catlogo normativo, sistematicidade,

    unicidade e segurana jurdica. Assim, a Procuradoria-Geral

    do Estado do Rio Grande do Sul, cumprindo com um de seus

    papis institucionais, a partir da exegese conferida pelos seus

    pareceres e informaes, tratou de compilar, em texto objetivo

    e de fcil compreenso, as principais orientaes em temas

    candentes nesse segmento do Direito Administrativo.

    Dessa forma, a presente obra apresenta um conjunto de

    instrues e referncias no domnio prtico das licitaes e dos

    contratos administrativos, em uma difcil tarefa de explorar o

    tema com toda a meticulosidade e prudncia que ele impe, a

    fim de abordar as situaes gerais e especficas, ocasionais e

    constantes. Para tanto, o trabalho aborda, dentre outros prin-

  • 10

    cipais aspectos do procedimento licitatrio, os atos iniciais dos

    certames, a habilitao dos interessados, as modalidades de

    licitao, os casos de dispensa e de inexigibilidade, as justifi-

    cativas necessrias a esses atos, a revogao e a anulao do

    processo, a alienao de bens pblicos, os ritos do registro de

    preos e do prego.

    Ainda, analisam-se os temas relevantes no que concer-

    ne aos contratos administrativos, como a sua formalizao, a

    sua alterao, a resciso contratual e as sanes a eles aplic-

    veis etc. Ao final, a presente obra, de forma indita, traa uma

    abordagem sobre licitaes e contratos realizados com orga-

    nismos financeiros internacionais (emprstimo, guidelines).

    Assim, espera-se que este livro cumpra com o propsito

    de permitir uma compreenso objetiva dos certames pblicos e

    dos pactos a serem celebrados pelo Estado do Rio Grande do

    Sul. Boa leitura!

    Os autores.

  • 11

    Captulo 1

    ATOS INICIAIS DO PROCEDIMENTO LICITATRIO

    A licitao o procedimento utilizado pela Administrao

    Pblica que visa aquisio de bens, obras e servios ou

    viabilizao de alienaes, pelo qual se assegura a igualdade

    de condies a todos os concorrentes, objetivando, ao final, a

    seleo da proposta mais vantajosa. A Constituio Federal,

    em seu art. 37, inciso XXI, conferiu assento constitucional ao

    procedimento licitatrio ao assim dispor:

    Art. 37 A administrao pblica direta e in-

    direta de qualquer dos Poderes da Unio,

    dos Estados, do Distrito Federal e dos

    Municpios obedecer aos princpios da

    legalidade, impessoalidade, moralidade,

    publicidade e eficincia e, tambm, ao se-

    guinte:

    ()

    XXI ressalvados os casos especificados

    na legislao, as obras, servios, compras

    e alienaes sero contratados mediante

    processo de licitao pblica que asse-

    gure igualdade de condies a todos os

    concorrentes, com clusulas que estabe-

    leam obrigaes de pagamento, manti-

    das as condies efetivas da proposta,

  • 12

    nos termos da lei, o qual somente permi-

    tir as exigncias de qualificao tcnica

    e econmica indispensveis garantia do

    cumprimento das obrigaes;

    Tem-se que a licitao destina-se a garantir a observn-

    cia do princpio constitucional da isonomia, a seleo da pro-

    posta mais vantajosa para a administrao e a promoo do

    desenvolvimento nacional sustentvel. Para tanto, este proce-

    dimento dever ser processado e julgado em estrita conformi-

    dade com os princpios bsicos da impessoalidade, da legalida-

    de, da igualdade, da moralidade, da publicidade, da probidade

    administrativa, da vinculao ao instrumento convocatrio, do

    julgamento objetivo e dos que lhe so correlatos, consoante

    estabelece o art. 3 da Lei n 8.666/93.

    Desse modo, com o intuito de possibilitar o controle do

    procedimento licitatrio, em especial para aferio do atendi-

    mento dos princpios que lhe so correspondentes, o art. 38 da

    Lei de Licitaes normatiza e sistematiza o processo adminis-

    trativo referente licitao, especificando os documentos que

    ali devero estar encartados, conforme se infere:

    Art. 38. O procedimento da licitao ser

    iniciado com a abertura de processo admi-

    nistrativo, devidamente autuado, protoco-

    lado e numerado, contendo a autorizao

    respectiva, a indicao sucinta de seu ob-

    jeto e do recurso prprio para a despesa,

    e ao qual sero juntados oportunamente:

    I - edital ou convite e respectivos anexos,

    quando for o caso;

  • 13

    II - comprovante das publicaes do edital

    resumido, na forma do art. 21 desta Lei, ou

    da entrega do convite;

    III - ato de designao da comisso de li-

    citao, do leiloeiro administrativo ou ofi-

    cial, ou do responsvel pelo convite;

    IV - original das propostas e dos docu-

    mentos que as instrurem;

    V - atas, relatrios e deliberaes da Co-

    misso Julgadora;

    VI - pareceres tcnicos ou jurdicos emiti-

    dos sobre a licitao, dispensa ou inexigi-

    bilidade;

    VII - atos de adjudicao do objeto da lici-

    tao e da sua homologao;

    VIII - recursos eventualmente apresenta-

    dos pelos licitantes e respectivas manifes-

    taes e decises;

    IX - despacho de anulao ou de revoga-

    o da licitao, quando for o caso, funda-

    mentado circunstanciadamente;

    X - termo de contrato ou instrumento equi-

    valente, conforme o caso;

    XI - outros comprovantes de publicaes;

    XII - demais documentos relativos licitao.

    Pargrafo nico. As minutas de editais

    de licitao, bem como as dos contratos,

    acordos, convnios ou ajustes devem ser

    previamente examinadas e aprovadas por

    assessoria jurdica da Administrao.

    O procedimento licitatrio tem incio com a abertura de

    um processo administrativo, devidamente autuado, protocolado

    e numerado, o qual conter, necessariamente:

  • 14

    a) solicitao da unidade interessada e autorizao do

    ordenador correspondente;

    b) indicao sucinta do objeto a ser licitado;

    c) referncia do recurso prprio para a despesa (arts. 7,

    2, III, 8 e 14).

    A formao desse processo administrativo, que ocorre

    na chamada fase interna da licitao, ir pautar todo o procedi-

    mento at a contratao. Desse modo, a formalizao e guarda

    dos documentos em expediente nico possibilita melhor contro-

    le e fiscalizao.

    Alm da juntada dos documentos referidos no art. 38, a

    Lei Complementar n 101/00 elenca, em seus arts. 15, 16 e 17,

    outras exigncias que devem ser obedecidas:

    Art. 15. Sero consideradas no autoriza-

    das, irregulares e lesivas ao patrimnio

    pblico a gerao de despesa ou assun-

    o de obrigao que no atendam o dis-

    posto nos arts. 16 e 17.

    Art. 16. A criao, expanso ou aperfeioa-

    mento de ao governamental que acarre-

    te aumento da despesa ser acompanha-

    do de:

    I - estimativa do impacto oramentrio-fi-

    nanceiro no exerccio em que deva entrar

    em vigor e nos dois subsequentes;

  • 15

    II - declarao do ordenador da despesa

    de que o aumento tem adequao ora-

    mentria e financeira com a lei oramen-

    tria anual e compatibilidade com o plano

    plurianual e com a lei de diretrizes ora-

    mentrias.

    1 Para os fins desta Lei Complementar,

    considera-se:

    I - adequada com a lei oramentria anu-

    al, a despesa objeto de dotao especfica

    e suficiente, ou que esteja abrangida por

    crdito genrico, de forma que somadas

    todas as despesas da mesma espcie, rea-

    lizadas e a realizar, previstas no programa

    de trabalho, no sejam ultrapassados os

    limites estabelecidos para o exerccio;

    II - compatvel com o plano plurianual e a

    lei de diretrizes oramentrias, a despesa

    que se conforme com as diretrizes, objeti-

    vos, prioridades e metas previstos nesses

    instrumentos e no infrinja qualquer de

    suas disposies.

    2 A estimativa de que trata o inciso I do

    caput ser acompanhada das premissas e

    metodologia de clculo utilizadas.

    3 Ressalva-se do disposto neste artigo

    a despesa considerada irrelevante, nos

    termos em que dispuser a lei de diretrizes

    oramentrias.

    4 As normas do caput constituem con-

    dio prvia para:

  • 16

    I - empenho e licitao de servios, forne-

    cimento de bens ou execuo de obras;

    II - desapropriao de imveis urbanos a

    que se refere o 3 do art. 182 da Consti-

    tuio.

    Art. 17. Considera-se obrigatria de car-

    ter continuado a despesa corrente deriva-

    da de lei, medida provisria ou ato admi-

    nistrativo normativo que fixem para o ente

    a obrigao legal de sua execuo por um

    perodo superior a dois exerccios.

    1 Os atos que criarem ou aumentarem

    despesa de que trata o caput devero ser

    instrudos com a estimativa prevista no in-

    ciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos

    recursos para seu custeio.

    2 Para efeito do atendimento do 1, o

    ato ser acompanhado de comprovao

    de que a despesa criada ou aumentada

    no afetar as metas de resultados fiscais

    previstas no anexo referido no 1 do art.

    4, devendo seus efeitos financeiros, nos

    perodos seguintes, ser compensados

    pelo aumento permanente de receita ou

    pela reduo permanente de despesa.

    3 Para efeito do 2, considera-se au-

    mento permanente de receita o provenien-

    te da elevao de alquotas, ampliao da

    base de clculo, majorao ou criao de

    tributo ou contribuio.

    4 A comprovao referida no 2, apre-

  • 17

    sentada pelo proponente, conter as pre-

    missas e metodologia de clculo utiliza-

    das, sem prejuzo do exame de compatibi-

    lidade da despesa com as demais normas

    do plano plurianual e da lei de diretrizes

    oramentrias.

    5 A despesa de que trata este artigo no

    ser executada antes da implementao das

    medidas referidas no 2, as quais integra-

    ro o instrumento que a criar ou aumentar.

    6 O disposto no 1 no se aplica s

    despesas destinadas ao servio da dvida

    nem ao reajustamento de remunerao de

    pessoal de que trata o inciso X do art. 37

    da Constituio.

    7 Considera-se aumento de despesa a

    prorrogao daquela criada por prazo de-

    terminado. (grifou-se)

    Com o intuito de uniformizar a matria no mbito da

    Unio, a Advocacia-Geral da Unio editou a Orientao Nor-

    mativa n 2/09, que apresenta o seguinte teor:

    OS INSTRUMENTOS DOS CONTRATOS,

    CONVNIOS E DEMAIS AJUSTES, BEM

    COMO OS RESPECTIVOS ADITIVOS, DE-

    VEM INTEGRAR UM NICO PROCESSO

    ADMINISTRATIVO, DEVIDAMENTE AUTUA-

    DO EM SEQNCIA CRONOLGICA, NU-

    MERADO, RUBRICADO, CONTENDO CADA

  • 18

    VOLUME OS RESPECTIVOS TERMOS DE

    ABERTURA E ENCERRAMENTO.

    Por outro lado, o pargrafo nico do art. 38 estabelece

    que as minutas de editais, contratos, acordos, convnios ou

    ajustes devem ser previamente examinadas e aprovadas por

    assessoria jurdica da Administrao. Tal medida tem por es-

    copo evitar equvocos na formulao desses instrumentos, pri-

    mando pela observncia da legalidade na sua firmatura.

    No Estado do Rio Grande do Sul, alm da manifesta-

    o da assessoria jurdica do rgo, o Decreto estadual n

    42.566/03, e alteraes posteriores, condiciona as seguintes

    contrataes anlise prvia da Procuradoria-Geral do Estado:

    Art. 1 - Ficam submetidos ao exame pr-

    vio da Procuradoria-Geral do Estado todas

    as contrataes da Administrao Direta e

    Indireta do Estado, nas hipteses de:

    I - dispensa de licitao, de que trata o

    artigo 24 da Lei n 8.666, de 21 de junho

    de 1993, quando o objeto a ser contrata-

    do seja de valor superior a R$ 410.000,00

    (quatrocentos e dez mil reais); (valor atua-

    lizado pelo Decreto n 47.366/10)

    II - inexigibilidade de licitao, de que trata

    o artigo 25 da Lei n 8.666, de 21 de junho

    de 1993, quando o objeto a ser contrata-

    do seja de valor superior a R$ 410.000,00

    (quatrocentos e dez mil reais); (valor atua-

    lizado pelo Decreto n 47.366/10)

  • 19

    III - contratao de servios tcnicos espe-

    cializados, definidos no artigo 13, da Lei n

    8.666, de 21 de junho de 1993, relativamen-

    te presena das condies para contra-

    tao direta.

    IV - licitao na modalidade de concorrn-

    cia. (includo pelo Decreto n 42.713/03)

    Art. 2 - A Procuradoria-Geral do Estado

    ser chamada a se manifestar sobre os

    aspectos legais de quaisquer outros pro-

    cedimentos licitatrios, alm dos referi-

    dos neste Decreto, por determinao do

    Governador do Estado.

    Art. 3 - Os procedimentos de aquisio de

    medicamentos, assemelhados, produtos

    hospitalares e similares pela Secretaria

    da Sade, no se submetem ao disposto

    no artigo 1 deste Decreto, bem como ao

    DECRETO N 37.287, de 10 de maro de

    1997, devendo ser realizados diretamente

    por esse rgo, prioritariamente atravs

    da modalidade de prego, de acordo com

    o que estabelece a Lei federal n 10.520 de

    17 de julho de 2002. (revogado pelo Decre-

    to n 42.943/04).

    Art. 3-A - So excetuados do exame e ma-

    nifestao prvia da Procuradoria-Geral

  • 20

    do Estado, os procedimento licitatrios

    em que (artigo includo pelo Decreto n

    42.769/03):

    I - sejam adotados, em sua integralidade,

    os modelos de editais e de termos de con-

    trato institudos pelo DECRETO N 35.994,

    de 25 de maio de 1995;

    II - seu objeto relacione-se com o Registro

    de Preos Pesquisa de Mercado, previsto

    no DECRETO N 37.288, de 10 de maro de

    1997.

    Pargrafo nico - Devero ser submetidos,

    Equipe mencionada no caput deste ar-

    tigo os procedimentos licitatrios em que

    houver necessidade de substituio ou al-

    terao substancial de clusula do edital

    ou termo de contrato aludidos no inciso I.

    Em contrapartida, diversos decretos foram editados com

    o intuito de excetuar a necessidade de remessa para a Procu-

    radoria-Geral do Estado, nas situaes l descritas, a saber:

    Legislao estadual correlata

    DECRETO N 43.776/05

    Art. 1 - No se aplica o disposto no inciso I,

    do artigo 1, do DECRETO N 42.566, de 29

    de setembro de 2003, aos procedimentos dis-

    pensa de licitao promovidos pela Compa-

    nhia Riograndense de Saneamento, para rea-

  • 21

    lizao de contrataes destinadas a atender

    situao de emergncia, de que trata o artigo

    24, inciso IV, da Lei Federal n 8.666, de 21

    de junho de 1993.

    Art. 2 - O exame da regularidade do proce-

    dimento de dispensa de licitao, na hiptese

    de que trata o artigo 1, dever ser realizado

    pela Assessoria Jurdica da CORSAN.

    DECRETO N 45.989/08

    Art. 1 - No se aplica o disposto no inciso I, do

    artigo 1, do Decreto n 42.566, de 29 de se-

    tembro de 2003, aos procedimentos dispen-

    sa de licitao promovidos pela Companhia

    Estadual de Distribuio de Energia Eltrica

    CEEE-D -, pela Companhia Estadual de

    Gerao e Transmisso de Energia Eltrica

    CEEE-GT e pela Companhia Estadual de

    Energia Eltrica Participaes CEEE-Par -,

    para realizao de contrataes destinadas a

    atender situao de emergncia, de que trata

    o artigo 24, inciso IV, da Lei Federal n 8.666,

    de 21 de junho de 1993.

    Art. 2 - O exame da regularidade do proce-

    dimento de dispensa de licitao, na hiptese

    de que trata o artigo 1, dever ser realiza-

    do pelo rgo Jurdico competente do Grupo

    CEEE.

    DECRETO N 46.334/09

    Art. 1 - No se aplica o disposto nos incisos I

  • 22

    e II, do artigo 1, do Decreto n 42.566, de 29

    de setembro de 2003, alterado pelo Decreto

    n. 42.713, de 27 de novembro de 2003, aos

    procedimentos de dispensa e inexigibilidade

    de licitao promovidos pela Companhia Rio-

    grandense de Minerao CRM-, para reali-

    zao de contrataes destinadas a atender

    situao de emergncia, de que trata o arti-

    go 24, inciso IV, e artigo 25, da Lei Federal n

    8.666, de 21 de junho de 1993. (redao dada

    pelo Decreto n 46.454/09).

    Art. 2 - O exame da regularidade do procedi-

    mento de dispensa de licitao, na hiptese de

    que trata o artigo 1 deste Decreto, dever ser

    realizado pela Assessoria Jurdica da CRM.

    DECRETO N 46.528/09

    Art. 1 - No se aplica o disposto no inciso

    II, do artigo 1, do Decreto n 42.566, de 29

    de setembro de 2003, aos procedimentos de

    inexigibilidade licitao promovidos pela SE-

    APPA, para realizao de contrataes des-

    tinadas a atender ao Programa Troca-Troca

    de Sementes, de que trata o artigo 25 da Lei

    Federal n 8.666, de 21 de junho de 1993.

    Art. 2 - O exame da regularidade do proce-

    dimento de dispensa de licitao, na hiptese

    de que trata o artigo 1, dever ser realizado

    pela Assessoria Jurdica da SEAPPA.

  • 23

    DECRETO N 46.864/09

    Art. 1 - No se aplica o disposto no inciso

    I, do artigo 1, do Decreto n 42.566, de 29

    de setembro de 2003, alterado pelo Decreto

    n 42.713, de 27 de novembro de 2003, bem

    como o disposto no artigo 5, II, do Decreto

    n 45.669, de 23 de maio de 2008, aos pro-

    cedimentos de dispensa de licitao promo-

    vidos pela Secretariada Segurana Pblica;

    para realizao de contrataes destinadas

    a atender a situao de emergncia de que

    trata o Decreto n 45.927, de 7 de outubro de

    2008.

    Art. 2 - O exame da regularidade do procedi-

    mento de dispensa de licitao de que trata o

    artigo 1 deste Decreto, dever ser realizado

    pela Assessoria Jurdica da Secretaria da Se-

    gurana Pblica.

    Pareceres da Procuradoria-Geral do

    Estado do Rio Grande do Sul

    [...] pode-se afirmar que os modelos padres

    institudos pelo decreto estadual constituem

    uma instrumentalidade de segundo grau, em

    homenagem s regras da boa administrao,

    cujas principais finalidades imediatas so as-

    segurar que os editais e contratos administra-

  • 24

    tivos estejam em conformidade com as nor-

    mas da Lei n 8.666/93, especialmente com o

    disposto nos arts. 38, 40 e 55, bem como dar

    celeridade chamada fase interna do proce-

    dimento licitatrio, dispensando o exame pr-

    vio de que tratam o art. 38, nico, da Lei

    de Licitaes e Contratos Administrativos, e o

    Decreto Estadual ns 37.024/961.

    [...] A situao ftica descrita pela consulente

    caracteriza-se como irregularidade definitiva-

    mente sanada pela assinatura e publicao

    do Convnio n 080/99. Embora a combina-

    o do disposto nos artigos 4, caput e par.

    nico, 7, III, e 38, todos da Lei n 8.666/93,

    revele ser indispensvel que a abertura do

    procedimento licitatrio seja precedida da

    indicao da fonte de recursos, tem-se que

    a Administrao limitou-se a praticar os atos

    preparatrios ao certame, atos pertinentes

    fase interna da licitao. Esses atos me-

    ramente preparatrios eram incapazes de

    causar prejuzo a terceiros ou prpria Ad-

    ministrao, evidenciando, assim, tratar-se

    de simples defeitos procedimentais (irregula-

    ridades) perfeitamente sanveis a posteriori.

    (PGE-RS, Parecer n 12.739, de 19/05/2000)

  • 25

    Informaes da Procuradoria-Geral do

    Estado do Rio Grande do Sul

    [...] Entendemos oportuno advertir o consu-

    lente de que, nos termos do pargrafo nico

    do art. 38 da Lei das Licitaes, as minutas

    de editais de licitao devem ser previamen-

    te examinadas e aprovadas pela sua prpria

    assessoria jurdica ou departamento jurdico,

    uma vez que o exame pela PGE no supre

    aquela exigncia legal, constituindo um plus

    que a ela se h de somar. (PGE-RS, Informa-

    o n 003/00/PDPE, de 14/01/2000).

    [...] Como de todos sabido, dito exame pr-

    vio tem por fulcro identificar desconformida-

    des dos instrumentos de Edital e de Contrato

    com a legislao especfica, orientando o Po-

    der Pblico para que os harmonizem ao orde-

    namento jurdico antes de instaurado o pro-

    cedimento licitatrio ou, nos casos em que a

    lei excetua, previamente contratao direta.

    Nesse passo, verifica-se de todo prejudicado

    o exame prvio do Segundo Termo Aditivo,

    haja vista estar em execuo h mais de 9

    (nove) meses (26 de junho do ano transato).

    O escoamento do tempo faz com que no

    mais se possa insuflar eficcia Lei e ao

    Decreto citados, impedindo o controle de le-

    galidade prvio neles preconizado.(PGE-RS,

  • 26

    Informao n 100/08/PDPE, de 3/06/2008).

    A fim de dar cumprimento ao disposto no art.

    38, pargrafo nico da Lei n 8.666/93, foi o

    edital de licitao (fls. 170-182) encaminhado

    Assessoria Jurdica da Secretaria da Admi-

    nistrao e dos Recursos Humanos, que as-

    sim se pronunciou (fls. 184-185): (PGE-RS,

    Informao n 031/10/PDPE de 10/03/2010).

    Jurisprudncia do Tribunal de Justia

    do Estado do Rio Grande do Sul

    APELAO CVEL. ADMINISTRATIVO. IM-

    PROBIDADE. PROCEDIMENTO LICITA-

    TRIO REALIZADO PARA ESQUENTAR

    ESCOLHA DE VENCEDOR PREVIAMEN-

    TE FEITA. COMPETNCIA DA JUSTIA

    ESTADUAL. AGRAVO RETIDO. DECISES

    DO TRIBUNAL DE CONTAS E DA CMA-

    RA MUNICIPAL. LICITAO MODALIDA-

    DE CONVITE. LICITAO IRREGULAR E

    IMPROBIDADE. JUZO DE SUFICINCIA.

    RESPONSABILIDADE DO ASSESSOR JU-

    RDICO E DOS MEMBROS DA COMISSO

    PERMANENTE DE LICITAO. GRADUA-

    O DOS SANCIONAMENTOS. 1. Compe-

    tncia da Justia Estadual. Verba federal. Se

    a verba federal se incorporou ao patrimnio

    do Municpio, compete Justia Estadual, e

  • 27

    no Federal, julgar ao civil pblica decor-

    rente de m aplicao. Em tal caso no in-

    cide a Sm. 208 do STJ, e sim a Sm. 209.

    Precedente especfico da Cmara. 2. Agravo

    retido. Se a matria do agravo era compelir

    o juzo a examinar preliminares transferidas

    para a sentena, o agravo na forma retida,

    permitindo o andamento do processo, foi um

    recurso inxio ao fim colimado. 3. Decises

    do tribunal de contas e da cmara municipal.

    As decises do tribunal de contas e da cma-

    ra municipal acerca das contas de determi-

    nado exerccio prestadas pelo Prefeito, no

    vinculam o Judicirio, ainda mais, envolvendo

    improbidade administrativa, face ao art. 12 da

    Lei 8.429/92. 4. Licitao modalidade convite.

    Ostenta-se irregular na forma e no conte-

    do a licitao modalidade convite que inicia

    num dia til e termina no outro, com inclusi-

    ve pagamento ao vencedor. Na forma porque

    modalidade licitatria no dispensa o ato con-

    vocatrio, espcie convite, que o ato disci-

    plinador do certame, com divulgao normal

    e data marcada para o recebimento das pro-

    postas, e que no deve ser confundido com

    a carta-convite dirigida a candidatos escolhi-

    dos. No contedo porque realizado o procedi-

    mento apenas para, dentro os que receberam

    a carta-convite, apenas esquentar (dar apa-

    rncia de legalidade) a uma escolha previa-

  • 28

    mente feita. Exegese do art. 21, 2, IV, do

    art. 22, 3, e do art. 38, I, da Lei 8.666/93. 5.

    Licitao irregular e improbidade. A licitao

    irregular, mxime quando procedida apenas

    para dar aparncia de legalidade a uma esco-

    lha previamente feita, caracteriza ato de im-

    probidade administrativa. Porm, inexistindo

    prova de leso ao errio, caracterizada fica

    apenas violao dos princpios da adminis-

    trao pblica (Lei 8.429/92, art. 11). 6. Juzo

    de suficincia. O pargrafo nico do art. 12

    da Lei 8.429/92 consagra o chamado juzo de

    suficincia, que no significa, porm, excluir

    espcies imperativas de sancionamentos,

    mas graduao das espcies existentes, ob-

    servado o mnimo e o mximo, salvo quando

    a prpria lei exclui a variao. 7. Responsa-

    bilidade do assessor jurdico e dos membros

    da comisso permanente de licitao. 7.1 O

    assessor jurdico no tm funo meramente

    burocrtica de examinar papis sob o ponto

    de vista apenas formal. A lei determina haja

    prvia aprovao por assessoria jurdica pre-

    cisamente para estabelecer uma barreira pro-

    tetiva da Administrao Pblica. bvio que a

    importante funo, inclusive pela especialida-

    de, abrange tambm o exame de eventuais

    vcios de substncia. Exegese do art. 38, VI,

    da Lei 8.666/92, e art. 11 da Lei 8.429/92. 7.2

    - Os membros da comisso permanente de

  • 29

    licitao tm a obrigao preservar a higidez

    dos atos licitatrios tanto no aspecto formal

    quanto no substancial, pois a funo bsica

    resguardar os interesses da Administrao,

    haja vista que a lei exige que sejam funcio-

    nrios qualificados. A Comisso existe para

    constituir-se em mais uma barreira protetiva

    da Administrao, s passando o que regu-

    lar na forma e na substncia. Portanto, no

    se exaure no exame burocrtico de papis.

    Exegese dos arts. 6, XVI, e 51, caput e 3,

    da Lei 8.666/92, e art. 11 da Lei 8.429/92. 8.

    Graduao dos sancionamentos. Graduao

    definida, no caso concreto, conforme a par-

    ticipao de cada um, com sancionamento

    mais severo para os lderes. 9. Apelaes

    providas em parte.

    (TJ-RS, Apelao Cvel N 70006204721, Pri-

    meira Cmara Cvel, j. 16/06/2004).

    ADMINISTRATIVO. PROCEDIMENTO LI-

    CITATRIO REALIZADO APS J CON-

    CLUDA A OBRA. DIRECIONAMENTO.

    IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AO

    CIVIL PBLICA CONTRA O PREFEITO, A

    EMPRESA, O SCIO-GERENTE, OS AS-

    SESSORES JURDICOS DO MUNICPIO E

    OS INTEGRANTES DA COMISSO PER-

    MANENTE DE LICITAO. PREJUZOS AO

    ERRIO. RESPONSABILIDADES. CONSE-

  • 30

    QNCIAS. GRADUAO. JUZO DE SUFI-

    CINCIA. AGRAVOS RETIDOS. 1. Agravos

    retidos. Se na resposta apelao os rus,

    vitoriosos pelo juzo de improcedncia, no

    requerem a apreciao dos diversos agravos

    retidos interpostos, eles no merecem conhe-

    cidos (CPC, art. 523, 1). 2. Improbidade

    administrativa. Realizar licitao aps j con-

    cluda a obra para o fim de esquentar o paga-

    mento (expresso usada pela gria especiali-

    zada), obviamente direcionando o resultado

    para a respectiva concorrente, caracteriza,

    sem dvida, pelo menos, grave violao dos

    deveres de honestidade e legalidade, e por

    conseguinte improbidade contra os princpios

    da administrao pblica (Lei 8.429/92, art.

    11, caput). 3. Prejuzos ao errio. O art. 12

    da Lei 8.429/92 classifica os sancionamen-

    tos por improbidade administrativa que gera

    enriquecimento ilcito (art. 9), por improbi-

    dade que gera prejuzo ao errio (art. 10) e

    por improbidade atentatria aos princpios da

    administrao pblica (art. 11). Neste caso,

    nem sempre h dano ao errio. No haven-

    do, resta, quanto ao aspecto patrimonial, a

    multa civil, que por sua vez nada tem a ver

    com eventualmente multa criminal. Portanto,

    constitui grave erro dizer que a inexistncia

    de prejuzo ao errio descaracteriza a impro-

    bidade, tese bem ao feitio daqueles que na

  • 31

    teoria combatem a impunidade, mas s para

    fins de prosa, uma vez que na prtica vivem

    abraados a ela, com a farsa de que corrupto

    sempre o outro. 4. Responsabilidades. 4.1

    - Incontornvel a responsabilidade do Prefei-

    to, como chefe do Municpio e lder da farsa,

    bem assim da empresa e seu scio-gerente.

    4.2 - Incontornvel de igual modo a respon-

    sabilidade dos membros da comisso perma-

    nente de licitao, no s por serem funcio-

    nrios da Prefeitura e moradores na pequena

    cidade, sabedores, portanto, que a obra j

    havia sido realizada, inclusive fazendo parte

    de um dos mais importantes cartes de visita

    do lugar, mas tambm por ser obrigao pre-

    servar a higidez dos atos licitatrios tanto no

    aspecto formal quanto no substancial, pois a

    funo bsica resguardar os interesses da

    Administrao, haja vista que a lei exige que

    sejam funcionrios qualificados. A Comisso

    existe exatamente para constituir-se em bar-

    reira protetiva da Administrao, s passan-

    do o que regular na forma e na substncia.

    Portanto, no se exaure no exame burocr-

    tico de papis. Exegese dos arts. 6, XVI, e

    51, caput e 3, da Lei 8.666/92, e art. 11 da

    Lei 8.429/92. 4.3 - Incontornvel igualmente

    a responsabilidade dos assessores jurdicos,

    no s por saberem que a licitao j no ti-

    nha objeto, face s mesmas circunstncias

  • 32

    dos membros da comisso, mas tambm

    porque, como estes, no tm funo mera-

    mente burocrtica de examinar papis sob o

    ponto de vista apenas formal. A lei determina

    haja prvia aprovao por assessoria jurdi-

    ca precisamente para estabelecer mais uma

    barreira protetiva da Administrao Pblica.

    bvio que a importante funo, inclusive pela

    especialidade, abrange tambm o exame de

    eventuais vcios de substncia. Exegese do

    art. 38, VI, da Lei 8.666/92, e art. 11 da Lei

    8.429/92. 5. Responsabilidades. Graduao.

    Juzo de suficincia. 5.1 - O pargrafo nico

    do art. 12 da Lei 8.429/92 consagra o cha-

    mado juzo de suficincia, que no significa,

    porm, excluir formas imperativas de sancio-

    namentos, mas graduao das formas exis-

    tentes, observado o mnimo e o mximo, sal-

    vo quando a prpria lei exclui a variao. 5.2

    - Responsabilidades e graduao definidas,

    no caso concreto, conforme a participao de

    cada um, com sancionamento mais severo

    para o lder..

    (TJ-RS, Apelao e Reexame Necessrio

    N 70003329851, Primeira Cmara Cvel, j.

    28/08/2002).

    Art. 40. O edital conter no prembulo o

    nmero de ordem em srie anual, o nome

    da repartio interessada e de seu setor,

  • 33

    a modalidade, o regime de execuo e o

    tipo da licitao, a meno de que ser re-

    gida por esta Lei, o local, dia e hora para

    recebimento da documentao e propos-

    ta, bem como para incio da abertura dos

    envelopes, e indicar, obrigatoriamente, o

    seguinte:

    I - objeto da licitao, em descrio sucin-

    ta e clara;

    II - prazo e condies para assinatura do

    contrato ou retirada dos instrumentos,

    como previsto no art. 64 desta Lei, para

    execuo do contrato e para entrega do

    objeto da licitao;

    III - sanes para o caso de inadimplemen-

    to;

    IV - local onde poder ser examinado e ad-

    quirido o projeto bsico;

    V - se h projeto executivo disponvel na

    data da publicao do edital de licitao

    e o local onde possa ser examinado e ad-

    quirido;

    VI - condies para participao na licita-

    o, em conformidade com os arts. 27 a

    31 desta Lei, e forma de apresentao das

    propostas;

    VII - critrio para julgamento, com disposi-

    es claras e parmetros objetivos;

    VIII - locais, horrios e cdigos de acesso

    dos meios de comunicao distncia em

  • 34

    que sero fornecidos elementos, informa-

    es e esclarecimentos relativos licita-

    o e s condies para atendimento das

    obrigaes necessrias ao cumprimento

    de seu objeto;

    IX - condies equivalentes de pagamento

    entre empresas brasileiras e estrangeiras,

    no caso de licitaes internacionais;

    X - o critrio de aceitabilidade dos preos

    unitrio e global, conforme o caso, permi-

    tida a fixao de preos mximos e veda-

    dos a fixao de preos mnimos, critrios

    estatsticos ou faixas de variao em rela-

    o a preos de referncia, ressalvado o

    disposto nos pargrafos 1 e 2 do art. 48;

    XI - critrio de reajuste, que dever retratar

    a variao efetiva do custo de produo,

    admitida a adoo de ndices especficos

    ou setoriais, desde a data prevista para

    apresentao da proposta, ou do ora-

    mento a que essa proposta se referir, at

    a data do adimplemento de cada parcela;

    XII - (Vetado).

    XIII - limites para pagamento de instalao

    e mobilizao para execuo de obras ou

    servios que sero obrigatoriamente pre-

    vistos em separado das demais parcelas,

    etapas ou tarefas;

    XIV - condies de pagamento, prevendo:

    a) prazo de pagamento no superior a trin-

    ta dias, contado a partir da data final do

  • 35

    perodo de adimplemento de cada parcela;

    b) cronograma de desembolso mximo

    por perodo, em conformidade com a dis-

    ponibilidade de recursos financeiros;

    c) critrio de atualizao financeira dos

    valores a serem pagos, desde a data final

    do perodo de adimplemento de cada par-

    cela at a data do efetivo pagamento;

    d) compensaes financeiras e penaliza-

    es, por eventuais atrasos, e descontos,

    por eventuais antecipaes de pagamen-

    tos;

    e) exigncia de seguros, quando for o

    caso;

    XV - instrues e normas para os recursos

    previstos nesta Lei;

    XVI - condies de recebimento do objeto

    da licitao;

    XVII - outras indicaes especficas ou pe-

    culiares da licitao.

    1 O original do edital dever ser datado,

    rubricado em todas as folhas e assinado

    pela autoridade que o expedir, permane-

    cendo no processo de licitao, e dele ex-

    traindo-se cpias integrais ou resumidas,

    para sua divulgao e fornecimento aos

    interessados.

    2 Constituem anexos do edital, dele fa-

    zendo parte integrante:

    I - o projeto bsico e/ou executivo, com to-

  • 36

    das as suas partes, desenhos, especifica-

    es e outros complementos;

    II - oramento estimado em planilhas de

    quantitativos e preos unitrios;

    III - a minuta do contrato a ser firmado en-

    tre a Administrao e o licitante vencedor;

    IV - as especificaes complementares e

    as normas de execuo pertinentes lici-

    tao.

    3 Para efeito do disposto nesta Lei, con-

    sidera-se como adimplemento da obriga-

    o contratual a prestao do servio, a

    realizao da obra, a entrega do bem ou de

    parcela destes, bem como qualquer outro

    evento contratual a cuja ocorrncia esteja

    vinculada a emisso de documento de co-

    brana.

    4 Nas compras para entrega imediata,

    assim entendidas aquelas com prazo de

    entrega at trinta dias da data prevista

    para apresentao da proposta, podero

    ser dispensadas:

    I - o disposto no inciso XI deste artigo;

    II - a atualizao financeira a que se refe-

    re a alnea c do inciso XIV deste artigo,

    correspondente ao perodo compreendido

    entre as datas do adimplemento e a pre-

    vista para o pagamento, desde que no

    superior a quinze dias.

  • 37

    Edital o instrumento convocatrio que enuncia as con-

    dies de participao na licitao. Consoante fortemente di-

    fundido, o edital constitui a lei interna da licitao, vinculando a

    Administrao e os proponentes s suas clusulas. O disposi-

    tivo em exame est minuciosamente detalhado na lei, cabendo

    destacar que o edital, obrigatoriamente, conter os itens arro-

    lados nos incisos I a XVII anteriormente descritos, sob pena de

    nulidade, mormente considerando o estatudo nos arts. 4 e 41

    da Lei de Licitaes.

    O edital dever evitar o estabelecimento de condies

    ou clusulas que comprometam, restrinjam ou frustrem o ca-

    rter competitivo do certame. Cumpre atentar para o disposto

    no art. 42 da Lei de Licitaes, o qual prev que, nas concor-

    rncias de mbito internacional, o edital dever ajustar-se s

    diretrizes da poltica monetria e do comrcio exterior e s

    exigncias dos rgos competentes.

    O Decreto estadual n 35.994/95 institui modelos de

    editais de licitao, de termos de contratos e de outros atos

    complementares no mbito da Administrao Pblica Estadual,

    prevendo em seus anexos:

    I - MODELO PADRO DE EDITAL DE LICI-

    TAO E DE TERMO DE CONTRATO DE

    PRESTAO DE SERVIOS CONTNUOS;

    II - MODELO PADRO DE EDITAL DE LICI-

    TAO E DE TERMO DE CONTRATO DE

    OBRAS E SERVIOS DE ENGENHARIA;

    III - MODELO PADRO DE EDITAL DE LICI-

    TAO E DE TERMO DE CONTRATO DE

  • 38

    FORNECIMENTO;

    IV - MODELO PADRO DE EDITAL DE LI-

    CITAO E DE TERMO DE CONTRATO DE

    PRESTAO DE SERVIOS EM GERAL;

    V - MODELO PADRO DE EDITAL DE LICI-

    TAO E DE TERMO DE CONTRATO DE

    LOCAO DE BEM IMVEL;

    Pareceres da Procuradoria-Geral do

    Estado do Rio Grande do Sul

    [...] Os servios tcnicos profissionais espe-

    cializados mencionados no artigo 13, incisos

    I, III, IV e VI, da Lei n 8.666/93, como o

    caso sub examine, normalmente no podem

    ter seus objetos completamente definidos,

    sendo que a busca dessa definio precisa-

    mente o objeto de consultorias, planejamen-

    tos, estudos tcnicos, auditorias etc.

    (PGE-RS, Parecer n 12.734, de 12/05/2000)

    [...] Na fixao de preos mximos a Adminis-

    trao dever possibilitar a adequada exeqi-

    bilidade dos servios pelo futuro contratado.

    MARAL JUSTEN FILHO, na obra antes in-

    dicada, pg. 370, discorre sobre o tema, res-

    saltando que a idia de fixao de preo m-

    ximo perfeitamente adequada. Se a Admi-

    nistrao apenas pode realizar a licitao se

    houver previso de recursos oramentrios,

  • 39

    inevitvel a fixao de preos mximos.

    o nico meio de evitar o risco de contrata-

    es destitudas de cobertura oramentria.

    Ressalte-se que o preo mximo fixado pode

    ser objeto de questionamento por parte dos

    licitantes, na medida em que se caracterize

    como inexeqvel. Fixar preo mximo no

    a via para a Administrao inviabilizar contra-

    tao por preo justo. () A fixao de preo

    mximo est diretamente vinculada possibi-

    lidade de exeqibilidade dos servios, a qual,

    nos termos do art. 48, II, da Lei n 8.666/93,

    no dispensa a demonstrao de que os cus-

    tos dos insumos so coerentes com os pre-

    os praticados no mercado. Por isso, realiza-

    das as devidas estipulaes sobre a matria

    na minuta de edital, eventuais necessidades

    de ajustes posteriores devero observar os

    parmetros supramencionados.

    O edital contm previso de reajustamento

    de preos, Clusula Quinta do Anexo II, en-

    tretanto, no estabelece critrio para atualiza-

    o monetria pelo atraso nos pagamentos,

    o que obrigatrio, nos termos dos arts. 40,

    XIV, c, e 55, III, da Lei n 8.666/93.

    (PGE-RS, Parecer n 13.306, de 02/07/2002).

    [...] A clusula ou regra do instrumento con-

    vocatrio do certame que estabelece o(s)

    critrio(s) de aceitabilidade do(s) preo(s)

  • 40

    essencial e obrigatria em qualquer edital

    de licitao (Lei n 8.666/93, art. 40, X), cujo

    descumprimento, por qualquer dos licitantes,

    implica a desclassificao da proposta de

    preo, consoante o disposto no art. 48, I e II,

    da Lei de Licitaes. Portanto, no se est a

    cuidar de mera formalidade ou de exigncia

    cuja inobservncia seja incapaz de compro-

    meter os princpios da igualdade e da com-

    petitividade. O critrio de aceitabilidade de

    preo, no caso concreto, introduziu um limite

    mximo de preo global que seria, por defi-

    nio, intransponvel aos licitantes, sob pena

    de restarem desclassificas as propostas.

    (PGE-RS, Parecer n 14.703, de 05/07/2007).

    [...] A obrigatoriedade de fixao do valor m-

    ximo admissvel nas licitaes no estabe-

    lecido pelo ordenamento jurdico. Devem ser

    desclassificadas as propostas de valor exces-

    sivo e a excessividade verificada de forma

    mais simples quando o edital de licitao de-

    terminar o valor mximo permitido. Entretan-

    to, no existe essa imposio prevista em lei,

    pois o artigo 40, inciso X, da Lei n 8.666/93,

    apenas autoriza a Administrao a fixar um

    valor mximo no edital.

    (PGE-RS, Parecer n 15.489, de 08/08/2011).

    [...] Os sucessivos reclamos perante os Tribu-

    nais para proteger o credor do desgaste da

  • 41

    moeda foram solidificando esse posiciona-

    mento, a ponto de ser considerada obrigatria

    a incluso de clusula prevendo a atualiza-

    o monetria nos ajustes administrativos. A

    Lei n 8.666/93, no art. 40, inciso XIV, impe a

    indicao de critrio de atualizao monetria

    no edital de licitao. No art. 55, III, a mesma

    lei considera clusula necessria no ajuste a

    que estabelea os critrios de correo mo-

    netria. Assim, nulo o contrato administrati-

    vo carente dessa previso essencial, nascen-

    do ao contratado o direito de pleitear em juzo

    a proteo preservao de seu crdito.

    (PGE-RS, Parecer n 12.681, de 20/01/2000).

    PREOS MXIMOS. FIXAO NO EDITAL.

    1) A obrigatoriedade de fixao do valor m-

    ximo admissvel nas licitaes no estabe-

    lecido pelo ordenamento jurdico. Devem ser

    desclassificadas as propostas de valor exces-

    sivo e a excessividade verificada de forma

    mais simples quando o edital de licitao de-

    terminar o valor mximo permitido. Entretan-

    to, no existe essa imposio prevista em lei,

    pois o artigo 40, inciso X, da Lei n 8.666/93,

    apenas autoriza a Administrao a fixar um

    valor mximo no edital. ORGANISMO FI-

    NANCEIRO INTERNACIONAL. EMPRSTI-

    MO. GUIDELINES 2) No caso, tratando-se

    da contratao de obras e servios para o

  • 42

    Programa de Expanso e Modernizao do

    Sistema Eltrico da Regio Metropolitana de

    Porto Alegre, a ser financiado com recursos

    do BID, poder ser aplicado o procedimento

    exigido pelo organismo financeiro internacio-

    nal no que tange s regras do certame licitat-

    rio, na espcie, a no fixao de preo mxi-

    mo no edital, desde que a) seja indispensvel

    para o financiamento; b) esteja estabelecida

    nos contratos de emprstimo, devidamente

    autorizados pelo Senado Federal, a obriga-

    o de serem observadas essas normas e c)

    o edital inclua a previso de desclassificao

    das propostas desconformes ou incompat-

    veis com os preos correntes no mercado,

    com fundamento no artigo 43, inciso IV, da Lei

    n 8.666/93.

    (PGE-RS, Parecer n 15.489, de 08/08/2011).

    Informaes da Procuradoria Geral do

    Estado do Rio Grande do Sul

    [...] necessrio que a CRM explicite cla-

    ramente no edital do certame quais so os

    critrios de aceitabilidade dos preos, espe-

    cialmente o que atine ao preo mximo, nos

    termos do art. 40, X, da Lei n 8.666/93. O

    preo mximo admitido dever servir de par-

    metro para a desclassificao das propostas

    de preo superiores, consoante a norma do

  • 43

    art. 48, II, da Lei de Licitaes e Contratos

    Administrativos.

    Sugere-se que a indicao do valor mximo

    da proposta de preo conste do item 11 do

    edital do certame, na parte em que trata da

    desclassificao das propostas.

    (PGE-RS, Informao n 129/09/PDPE, de

    31/07/2009).

    [...] Do mesmo modo, apesar da situao no

    envolver uma tarifa propriamente dita, em ra-

    zo das peculiaridades do caso, salienta-se a

    ausncia de qualquer referncia quanto aos

    critrios de reajuste e reviso que, de acordo

    com a legislao, devem figurar expressa-

    mente naqueles instrumentos (Lei Federal n

    8.987/95, art. 18, inciso VIII, e art. 23, inciso

    IV; Lei Estadual n 10.086/94, art. 6, inciso

    III, e art. 9, inciso III; Lei Federal n 8.666/93,

    art. 40, inciso XI, e art. 55, inciso III).

    (PGE-RS, Informao n 077/09/PDPE, de

    02/06/2009).

    Jurisprudncia do Superior Tribunal

    de Justia

    ADMINISTRATIVO. CONTRATO ADMINIS-

    TRATIVO. EXTENSO DO PRAZO ENTRE

    A LICITAO (OUTORGA DE RADIODIFU-

    SO) E A CONTRATAO. CORREO

    MONETRIA. PREVISO NO EDITAL. ART.

  • 44

    40 DA LEI N. 8.666/93. MANUTENO DO

    EQUILBRIO ECONMICO-FINANCEIRO

    DO CONTRATO. RECURSO ESPECIAL

    PROVIDO.

    1. certo que, na oportunidade da celebra-

    o do contrato de adeso de permisso at

    a data da efetiva contratao, inseriram-se

    clusulas prevendo mecanismos de manu-

    teno de seu equilbrio econmico-financei-

    ro, como o reajuste monetrio, conforme au-

    torizado pela legislao pertinente.

    2. Est consolidado o posicionamento deste

    Tribunal no sentido de que a correo mone-

    tria no constitui um plus, sendo somente a

    reposio do valor real da moeda, devendo,

    portanto, ser aplicada, integralmente, sob

    pena de enriquecimento sem causa de uma

    das partes.

    3. Recurso especial provido.

    (STJ, REsp 1062672/RS, Segunda Turma, j.

    14/09/2010).

    PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATI-

    VO. RECURSO ESPECIAL. NEGATIVA DE

    PRESTAO JURISDICIONAL. INOCOR-

    RNCIA. AUSNCIA DE PREQUESTIONA-

    MENTO. SMULA 282/STF. ITENS DO EDI-

    TAL. INVIABILIDADE DE EXAME. SMULA

    05/STJ. LICITAO. RECUSA DE ASSINAR

    O CONTRATO ADMINISTRATIVO. MULTA.

  • 45

    INVIABILIDADE DA APLICAO FALTA

    DE PREVISO NO EDITAL.

    1. No viola o artigo 535 do CPC, nem impor-

    ta negativa de prestao jurisdicional, o acr-

    do que adota fundamentao suficiente para

    decidir de modo integral a controvrsia posta.

    2. A ausncia de debate, na instncia recor-

    rida, sobre a matria tratada nos dispositivos

    legais cuja violao se alega no recurso es-

    pecial atrai, por analogia, a incidncia da S-

    mula 282 do STF.

    3. A interpretao de clusula de edital de lici-

    tao no enseja recurso especial. Aplicao

    analgica da Smula 05/STJ.

    4.Invivel a aplicao de penalidade ao adju-

    dicatrio que se recusa a assinar o contrato

    (Lei 8.666/93, art. 81) sem que ela tenha sido

    prevista no edital (art. 40, III, do referido diplo-

    ma legal).

    5. Recurso especial parcialmente conhecido

    e, nessa parte, improvido.

    (STJ, REsp 997259/RS, Segunda Turma, j.

    17/08/2010)

    PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATI-

    VO. RECURSO ESPECIAL. NEGATIVA DE

    PRESTAO JURISDICIONAL. INOCOR-

    RNCIA. AUSNCIA DE PREQUESTIONA-

    MENTO. SMULA 282/STF. ITENS DO EDI-

    TAL. INVIABILIDADE DE EXAME. SMULA

  • 46

    05/STJ. LICITAO. RECUSA DE ASSINAR

    O CONTRATO ADMINISTRATIVO. MULTA.

    INVIABILIDADE DA APLICAO FALTA

    DE PREVISO NO EDITAL.

    1. No viola o artigo 535 do CPC, nem impor-

    ta negativa de prestao jurisdicional, o acr-

    do que adota fundamentao suficiente para

    decidir de modo integral a controvrsia posta.

    2. A ausncia de debate, na instncia recor-

    rida, sobre a matria tratada nos dispositivos

    legais cuja violao se alega no recurso es-

    pecial atrai, por analogia, a incidncia da S-

    mula 282 do STF.

    3. A interpretao de clusula de edital de lici-

    tao no enseja recurso especial. Aplicao

    analgica da Smula 05/STJ.

    4. Invivel a aplicao de penalidade ao ad-

    judicatrio que se recusa a assinar o contrato

    (Lei 8.666/93, art. 81) sem que ela tenha sido

    prevista no edital (art. 40, III, do referido diplo-

    ma legal).

    5. Recurso especial parcialmente conheci-

    do e, nessa parte, improvido. (STJ, REsp

    709378/PE, Primeira Turma, j. 21/10/2008).

    Jurisprudncia do Tribunal de Justia

    do Estado do Rio Grande do Sul

    APELAO CVEL. MANDADO DE SEGU-

    RANA. LICITAO. TOMADA DE PRE-

    OS. PROPOSTA INEXEQUVEL. AUSN-

  • 47

    CIA DE PREVISO DE LUCRO, APESAR

    DO MENOR PREO. DESOBEDINCIA A

    REQUISITOS DO EDITAL. LITISCONSORTE

    NECESSRIA. Buscando a impetrante a sua

    proclamao como vencedora do certame,

    desclassificando-se a empresa que foi apon-

    tada como tal, deveria t-la includo como li-

    tisconsorte passiva necessria. Nulidade que

    restar ultrapassada em razo do resultado

    do writ. O art. 40, inciso X, da Lei n 8.666/93

    afasta a possibilidade de previso de preo

    mnimo, critrios estatsticos ou faixas de va-

    riaes das propostas em processo de licita-

    o. Aplicao do princpio da indisponibilida-

    de do interesse pblico, devendo na espcie

    escolhida buscar a Administrao a oferta que

    lhe seja mais vantajosa. No caso, contudo, o

    valor apresentado pela impetrante no certa-

    me no contm estimativa de lucro, exign-

    cia editalcia, sendo a proposta em montante

    idntico ao seu clculo de custo da prestao

    do servio, configurando-se a inexequibilida-

    de reconhecida. Artigos 44 3 e 48 da Lei n

    8.666/93. APELAO DESPROVIDA.

    (TJ-RS, Apelao Cvel N 70044145449, Se-

    gunda Cmara Cvel, j. 31/08/2011).

    APELAO CVEL. AO DECLARAT-

    RIA. LICITAO. PREGO. MENOR PRE-

    O GLOBAL. JULGAMENTO OBJETIVO.

  • 48

    SANO SUSPENSA. INEXISTNCIA DE

    IMPEDIMENTO PARA PARTICIPAR DA LICI-

    TAO. DESCUMPRIMENTO DOS REQUI-

    SITOS PREVISTOS NO EDITAL. INEXIS-

    TNCIA. A fixao prvia de um critrio para

    julgamento da licitao constitui imposio le-

    gal (art. 40, VII, da Lei n. 8.666/1993) e visa

    atender ao princpio do julgamento objetivo.

    No caso dos autos, a licitao na modalidade

    prego previa ser a melhor proposta, o menor

    preo global para a prestao dos servios de

    vigilncia armada e controle de acessos dos

    trens. No havia exigncia de cumprimento

    de condies tcnicas. Inexistncia de impe-

    dimento por parte da empresa declarada ven-

    cedora de participar do certame, em virtude

    da suspenso dos efeitos da penalidade por

    deciso judicial. Irrelevncia das inconsistn-

    cias quanto ao valor do vale-refeio e frias

    na proposta financeira. Ausncia de previso

    como critrio de julgamento. Demanda impro-

    cedente. Apelao desprovida.

    (TJ-RS, Apelao Cvel N 70030397772, Vi-

    gsima Primeira Cmara Cvel, j. 20/01/2010).

    REEXAME NECESSRIO. LICITAO E

    CONTRATO ADMINISTRATIVO. CLUSULA

    QUE FIXA PREO MNIMO. NULIDADE; RE-

    CONHECIMENTO DA INVALIDADE PELO

    ENTE PBLICO. CONFIRMAO DA SEN-

  • 49

    TENA. 1. nula a clusula editalcia que

    estipula o preo mnimo a ser cobrado pelo

    licitante, na explorao do servio objeto do

    certame. Art. 40, inciso X, da Lei n 8.666/93.

    Tal nulidade, alis, foi reconhecida pelo Poder

    Pblico. SENTENA CONFIRMADA EM RE-

    EXAME NECESSRIO.

    (TJ-RS, Reexame Necessrio N

    70025633876, Segunda Cmara Cvel, j.

    25/02/2009)

    APELAO CVEL. LICITAO E CONTRA-

    TO ADMINISTRATIVO. DECLARATRIA.

    RECURSO NO CONHECIDO QUANTO

    QUESTO DA LEGITIMIDADE TENDO EM

    VISTA QUE SE TRATA DE RAZES RE-

    MISSIVAS. QUANTO AO MRITO SE CO-

    NHECE DO RECURSO. INEXISTNCIA DE

    ILEGALIDADE DO PROCEDIMENTO LICI-

    TATRIO. OBSERVNCIA DAS DISPOSI-

    ES CONSTANTES DOS ARTS. 40 E 45

    DA LEI DE LICITAES. OBJETIVIDADE

    QUANTO S CONDIES DE PARTICIPA-

    O, OBJETO LICITADO E CRITRIOS DE

    JULGAMENTO. APELO CONHECIDO EM

    PARTE E IMPROVIDO.

    (TJ-RS, Apelao Cvel N 70021319249, Pri-

    meira Cmara Cvel, j. 19/12/2007)

    APELAO CVEL. MANDADO DE SEGU-

    RANA. CONTRATO ADMINISTRATIVO.

  • 50

    PAGAMENTO CONDICIONADO APRE-

    SENTAO DE PROVA DE SITUAO

    REGULAR PERANTE A SEGURIDADE SO-

    CIAL. PERTINNCIA E RAZOABILIDADE. 1.

    Se, no edital de licitao, constou que para

    participar do certame era preciso provar a

    situao regular perante a seguridade social

    (Lei 8.666/93, art. 29, IV), bem assim para re-

    ceber os pagamentos, a clusula constante

    do contrato no ilegal, mas, ao invs, se

    ostenta conforme o sistema jurdico, inclusive

    a especial preocupao da Constituio Fe-

    deral (art. 195, 3). Ademais, o art. 40, XIV,

    da Lei 8.666/93, arrola apenas as condies

    de pagamento que devem, obrigatoriamente,

    constar no contrato. No exclui a possibilida-

    de de haver outras, razoveis e pertinentes,

    como a de exigir o no-decaimento da si-

    tuao regular perante a Seguridade Social.

    Noutras palavras, o rol de condies no

    numerus clausus. 2. Apelao desprovida.

    (TJ-RS, Apelao Cvel N 70018882316, Pri-

    meira Cmara Cvel, j. 26/09/2007)

    APELAO CVEL. LICITAO. QUALI-

    FICAO TCNICA. EDITAL OMISSO NO

    QUE TANGE AO CRITRIO. DELEGAO

    IMPLCITA COMISSO. INADMISSIBILI-

    DADE. 1. Viola o princpio do julgamento ob-

    jetivo o edital que, no que tange qualificao

  • 51

    tcnica, limita-se a referir obras equivalentes

    ou superiores objeto da licitao, delegan-

    do, por conseguinte, de modo implcito, Co-

    misso competncia para definir em concreto

    o(s) critrios(s). Ainda que a quantidade de

    rea, adotado pela Comisso, seja objetivo, o

    problema no est no critrio, e sim na defini-

    o do critrio. Ao optar pelo critrio da quan-

    tidade de rea, excluindo outros existentes, a

    Comisso agiu com subjetividade, e isso no

    pode ocorrer. Exegese dos arts. 40, VII, 44 e

    45 da Lei 8.666/93. 2. Apelao provida.

    (TJ-RS, Apelao Cvel N 70016608390, Pri-

    meira Cmara Cvel, j. 22/08/2007)

    APELAO CVEL E REEXAME NECES-

    SRIO. MANDADO DE SEGURANA. LICI-

    TAO. REQUISITOS DO INSTRUMENTO

    CONVOCATRIO. PRINCPIO DO CRIT-

    RIO OBJETIVO. imperativo que conste do

    instrumento convocatrio da licitao, entre

    outros elementos, o critrio de julgamento

    que ser adotado, consoante dispe o art. 40,

    inciso VII, da Lei n 8.666/93. Remessa oficial

    submetida ao art. 475, 2, do CPC. Cus-

    tas so devidas pelo Municpio por metade.

    APELO DESPROVIDO. EXPLICITAO DA

    SENTENA EM REEXAME NECESSRIO.

    (TJ-RS, Apelao e Reexame Necessrio N

    70019307149, Vigsima Segunda Cmara

    Cvel, j. 24/05/2007)

  • 52

    LICITAO E CONTRATO ADMINISTRA-

    TIVO. MANDADO DE SEGURANA. CON-

    CORRNCIA. AQUISIO DE MATERIAIS E

    SUPRIMENTOS PARA INFORMTICA. DE-

    CLARAO OU ATESTADO DO FABRICAN-

    TE CREDENCIANDO O LICITANTE PARA

    A COMERCIALIZAO DOS EQUIPAMEN-

    TOS E ATESTANDO SUA SOLIDARIEDADE

    (CARTA DE SOLIDARIEDADE). CABIMEN-

    TO. Tratando-se de licitao para aquisio

    de materiais e suprimentos para informtica,

    cabvel a exigncia de declarao ou atestado

    do fabricante credenciando o licitante para a

    comercializao dos equipamentos e atestan-

    do sua solidariedade (carta de solidariedade),

    requisito especfico, observadas as peculia-

    ridades da licitao, evitando riscos e preju-

    zos Administrao, possuindo o fabricante

    condies de, se houver necessidade, melhor

    atender ao contrato, resguardando o interesse

    pblico. Declaraes firmadas pelos distribui-

    dores, que no suprem o requisito, autorizan-

    do a denegao da segurana. Inteligncia do

    art. 40, XVII, da Lei n 8.666/93. Precedente

    do TJRGS. Apelao provida. Reexame ne-

    cessrio prejudicado.

    (TJ-RS, Apelao e Reexame Necessrio N

    70019160514, Vigsima Segunda Cmara

    Cvel, j. 13/04/2007).

  • 53

    MANDADO DE SEGURANA. LICITAO.

    DESATENDIDO O PRINCPIO CONSTITU-

    CIONAL DA PUBLICIDADE. ABERTURA DE

    ENVELOPES. ANULABILIDADE. A indicao

    do local, dia e hora para recebimento da do-

    cumentao e proposta, bem como para in-

    cio da abertura dos envelopes (art. 40 da Lei

    8.666/93) d efetividade ao princpio consti-

    tucional da publicidade. Alterado o local da

    entrega dos envelopes sem que precedido de

    ampla, idnea e oportuna divulgao a todos

    os interessados, implica violao dos princ-

    pios da isonomia e da moralidade e frauda o

    procedimento, demandando sua anulao e

    repetio de todos os atos a contar da. Sen-

    tena confirmada.

    (TJ-RS, Reexame Necessrio N

    70001800226, Vigsima Primeira Cmara C-

    vel, j. 06/06/2001).

    Acrdos do Tribunal de Contas da

    Unio

    Smula n 259/2010: Nas contrataes de

    obras e servios de engenharia, a definio

    do critrio de aceitabilidade dos preos unit-

    rios e global, com fixao de preos mximos

    para ambos, obrigao e no faculdade do

    gestor.

  • 54

    Smula n 269/2012: Nas contrataes para

    a prestao de servios de tecnologia da in-

    formao, a remunerao deve estar vincu-

    lada a resultados ou ao atendimento de n-

    veis de servio, admitindo-se o pagamento

    por hora trabalhada ou por posto de servio

    somente quando as caractersticas do objeto

    no o permitirem, hiptese em que a excep-

    cionalidade deve estar prvia e adequada-

    mente justificada nos respectivos processos

    administrativos.

  • 55

    Captulo 2

    DA HABILITAO

    2.1 Introduo

    A habilitao pode ser conceituada como a titularidade

    das condies do direito de licitar, sendo a expresso utilizada

    para referir-se fase procedimental de avaliao das condi-

    es de participar do certame, como a deciso proferida pela

    Administrao Pblica. Ela configura-se tanto como atos reali-

    zados para apurar a idoneidade e a capacidade do particular

    para contratar com o Poder Pblico, como o ato administrativo

    que decide estarem presentes as condies do direito de licitar.

    O art. 27 da Lei n 8.666/93 apresenta a classificao

    das formas de habilitao que constituem numerus clausus:

    habilitao jurdica, qualificao tcnica, qualificao eco-

    nmico-financeira, regularidade fiscal e trabalhista (inciso

    complementado pela Lei federal n 12.440/11) e cumprimento

    do disposto no inciso XXXIII do art. 7 da Constituio Fe-

    deral. Trata o dispositivo:

    Art. 27. Para a habilitao nas licitaes

    exigir-se- dos interessados, exclusiva-

    mente, documentao relativa a:

    I - habilitao jurdica;

    II - qualificao tcnica;

    III - qualificao econmico-financeira;

  • 56

    IV regularidade fiscal e trabalhista;

    V cumprimento do disposto no inciso

    XXXIII do art. 7o da Constituio Federal.

    Ressalte-se que os documentos apresentados pelo lici-

    tante para comprovar as exigncias de habilitao no devem

    estar vencidos. Isso pode ocorrer quando as certides expedi-

    das tm prazo de vigncia expirado ou so antigas. Tambm

    importante frisar que os documentos devem ser firmados,

    quando necessrio, e exibidos por representante legal do parti-

    cular com atribuio para o ato ou pessoa legalmente habilitada

    com poderes para a respectiva finalidade.

    Informaes da Procuradoria-Geral do

    Estado do Rio Grande do Sul

    Por derradeiro, registre-se que se encontram

    vencidos os documentos de habilitao (arts.

    27 e seguintes do Estatuto das Licitaes)

    constantes dos autos administrativos

    (PGE-RS, PGE-RS, Informao n 050/10/

    PDPE, de 16/04/10).

    Os documentos apresentados no procedi-

    mento da licitao precisam ser assinados

    por representante legal da empresa com po-

    deres para esta finalidade (o Diretor pode no

    ter poderes para represent-la individualmen-

    te), ou pessoa legalmente habilitada.

    (PGE-RS, Informao n 080/08/PDPE, de

    27/05/08).

  • 57

    Jurisprudncia do Tribunal de Justia

    do Estado do Rio Grande do Sul

    Agravo de instrumento. Mandado de Segu-

    rana. Liminar indeferida no grau de origem.

    Licitao e contrato administrativo. Edital de

    convocao. Requisitos. Inobservncia. No

    apresentao da documentao exigida para

    a habilitao no prazo fixado. Inabilitao da

    licitante. Possibilidade. Deciso interlocutria

    mantida. Agravo de instrumento desprovido,

    com fulcro no art. 557, caput, do CPC. (TJ-RS,

    Agravo de Instrumento n 70045968856, Se-

    gunda Cmara Cvel, j. 08/11/2011).

    2.2 Habilitao jurdica

    A habilitao jurdica relaciona-se com a comprovao da

    existncia da capacidade de fato e da regular disponibilidade

    para o exerccio das faculdades jurdicas pelos licitantes, j que

    apenas pode formular proposta a pessoa jurdica ou fsica que

    possa contratar validamente, ou melhor, praticar os atos da vida

    civil. Nesse sentido, o particular no pode ser dispensado pela

    Administrao de comprovar os requisitos da habilitao jurdica

    elencados no art. 28 da Lei de Licitaes, citado a seguir.

    Art. 28. A documentao relativa habili-

    tao jurdica, conforme o caso, consistir

    em:

    I - cdula de identidade;

  • 58

    II - registro comercial, no caso de empresa

    individual;

    Sublinhe-se que, em determinadas situaes, a ativida-

    de objeto da contratao caracteriza-se para o particular como

    exerccio da atividade de empresa. O art. 966 do Cdigo Civil diz

    que considerado empresrio quem exerce profissionalmente

    atividade econmica organizada para produo ou circulao

    de bens ou de servios. Sua prtica profissional realizada por

    uma pessoa fsica atribui ao sujeito a condio de empresrio.

    Como a inscrio do empresrio na Junta Comercial obriga-

    tria, o descumprimento leva configurao de irregularidade.

    Se o indivduo faz da atividade empresarial sua profisso de

    forma organizada e no se inscreve no Registro de Empresas,

    est em situao jurdica irregular, no podendo contratar com

    o Poder Pblico.

    III - ato constitutivo, estatuto ou contrato

    social em vigor, devidamente registrado,

    em se tratando de sociedades comer-

    ciais, e, no caso de sociedades por aes,

    acompanhado de documentos de eleio

    de seus administradores;

    No que tange s sociedades, quando o objeto contratual

    configurar exerccio de atividade de empresa, somente pode-

    ro ser admitidas sociedades empresrias no certame. Dessa

    forma, uma sociedade simples no teria a possibilidade de li-

  • 59

    citar quando a execuo do contrato configurasse exerccio da

    atividade de empresa, porque a sociedade simples, ao dedicar-

    se mercancia, estaria atuando de forma irregular.

    O dispositivo menciona ato constitutivo, estatuto ou

    contrato social. Todavia, deve-se entender a redao do inciso

    como a conveno que institui a sociedade e onde se encon-

    tram as regras que a disciplinam.

    Quando uma sociedade por aes participar da licitao,

    o edital deve exigir a apresentao da ata arquivada de assem-

    bleia geral ou reunio do Conselho de Administrao na qual

    conste a eleio dos administradores, com a comprovao da

    publicao pela imprensa da ata arquivada.

    Informaes da Procuradoria-Geral do

    Estado do Rio Grande do Sul

    No caso de sociedades por aes, deve cons-

    tar, ainda, a exigncia de apresentao de do-

    cumentos de eleio de seus administradores

    (art. 28, III, da Lei de Licitaes). (PGE-RS,

    Informao n 065/11/PDPE, de 15/07/11).

    IV - inscrio do ato constitutivo, no caso

    de sociedades civis, acompanhada de pro-

    va de diretoria em exerccio;

    Se a atividade objeto do ajuste puder ser realizada de

    forma regular por sociedade simples, impe-se que sejam re-

  • 60

    queridos os documentos que demonstrem a efetiva inscrio

    no Registro Civil de Pessoas Jurdicas (estatuto e eleio da

    diretoria em exerccio).

    V - decreto de autorizao, em se tratando

    de empresa ou sociedade estrangeira em

    funcionamento no Pas, e ato de registro

    ou autorizao para funcionamento expe-

    dido pelo rgo competente, quando a ati-

    vidade assim o exigir.

    A Lei de Licitaes refere-se exigncia de registro ou

    autorizao para funcionamento, quando o servio assim de-

    mandar, pois a realizao de certas atividades depende de auto-

    rizao da Administrao Pblica (v.g. instituies financeiras).

    Informaes da Procuradoria-Geral do

    Estado do Rio Grande do Sul

    Capacidade jurdica Incluir a exigncia pre-

    vista no inciso V do art. 28 da Lei n 8.666/93

    (V - decreto de autorizao, em se tratando

    de empresa ou sociedade estrangeira em

    funcionamento no Pas, e ato de registro ou

    autorizao para funcionamento expedido

    pelo rgo competente, quando a ativida-

    de assim o exigir). (PGE-RS, Informao n

    053/10/PDPE, de 20/04/10).

  • 61

    2.3 A questo das cooperativas

    Destaque-se o teor do Ofcio Circular GAB/PGE n 2/11,

    firmado pelo Procurador-Geral do Estado e direcionado aos se-

    nhores(as) secretrios(as) do Estado do Rio Grande do Sul:

    Encaminho em anexo cpia do Termo de

    Ajustamento de Conduta n 48/2006, firmado

    em 11 de outubro de 2006, pelo Estado do

    Rio Grande do Sul com o Ministrio Pblico

    do Trabalho. Foi assumido o compromisso,

    por meio do referido Termo, de no contratar

    e no manter trabalhadores por meio de co-

    operativas de mo-de-obra para a prestao

    de servios arrolados na clusula primeira do

    instrumento firmado, tanto para a execuo de

    suas atividades-fim como de suas atividades-

    meio, quando o trabalho, por sua natureza ou

    pelo modo como usualmente executado no

    mercado em geral, demandar subordinao

    jurdica, pessoalidade e no eventualidade,

    quer em relao ao tomador, quer em relao

    ao fornecedor de servios (...).

    Com o objetivo de evitar eventuais discusses judiciais,

    o Procurador-Geral do Estado recomenda, nesse documento,

    que, nos termos do 2 da clusula 3 do Termo de Ajusta-

    mento de Conduta, os editais de licitao que se destinem a

    contratar servios de mo-de-obra disciplinados na clusula

    1 do referido termo, incluam expressa meno ao Termo de

  • 62

    Ajustamento de Conduta n 48/2006, se possvel com integral

    transcrio ou sob forma de anexo.

    Informaes da Procuradoria-Geral do

    Estado do Rio Grande do Sul

    A PGE junta aos autos cpia reprogrfica de

    inteiro teor do referido TAC, Procedimento In-

    vestigatrio - PI N 622/2004, juntamente com

    o Of. CIRC. GAB/PGE n 002/11. (PGE-RS,

    Informao n 116/11/PDPE, de 18/01/11).

    2.4 Regularidade fiscal e trabalhista

    Na anlise da documentao relativa habilitao fiscal,

    deve ser observada a regularidade do licitante perante o fisco.

    A documentao a ser exigida, conforme o caso, resta elenca-

    da na Lei n 8.666/93 da seguinte forma:

    Art. 29. A documentao relativa regu-

    laridade fiscal e trabalhista, conforme o

    caso, consistir em: (Redao dada pela

    Lei n 12.440, de 2011).

    I - prova de inscrio no Cadastro de Pes-

    soas Fsicas (CPF) ou no Cadastro Geral

    de Contribuintes (CGC);

    A exigncia da comprovao de inscrio no cadastro de

    contribuintes pretende identificar o licitante e facilitar a demons-

  • 63

    trao de que exercita suas funes regularmente. A inscrio

    configura-se obrigao tributria acessria, permitindo a fiscali-

    zao de fatos tributrios e a satisfao dos tributos.

    A Lei federal n 12.441/11 acrescenta o inciso VI ao art. 44

    do Cdigo Civil, frisando que so pessoas jurdicas (e no pes-

    soas fsicas) de direito privado as empresas individuais de res-

    ponsabilidade limitada. O art. 980-A do Cdigo Civil dispe que:

    A empresa individual de responsabilidade limitada ser consti-

    tuda por uma nica pessoa titular da totalidade do capital social,

    devidamente integralizado, que no ser inferior a 100 (cem) ve-

    zes o maior salrio-mnimo vigente no Pas. Nesse caso, tratan-

    do-se de pessoa jurdica de direito privado, ela deve apresentar

    a inscrio no CNPJ para contratar com os entes pblicos.

    II - prova de inscrio no cadastro de con-

    tribuintes estadual ou municipal, se hou-

    ver, relativo ao domiclio ou sede do lici-

    tante, pertinente ao seu ramo de atividade

    e compatvel com o objeto contratual;

    III - prova de regularidade para com a

    Fazenda Federal, Estadual e Municipal

    do domiclio ou sede do licitante, ou outra

    equivalente, na forma da lei;

    IV - prova de regularidade relativa Segu-

    ridade Social e ao Fundo de Garantia por

    Tempo de Servio (FGTS), demonstrando

    situao regular no cumprimento dos en-

    cargos sociais institudos por lei. (Reda-

    o dada pela Lei n 8.883, de 1994)

    V prova de inexistncia de dbitos ina-

  • 64

    dimplidos perante a Justia do Trabalho,

    mediante a apresentao de certido ne-

    gativa, nos termos do Ttulo VII-A da Con-

    solidao das Leis do Trabalho, aprovada

    pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de

    1943. (Includo pela Lei n 12.440, de 2011)

    (Vigncia)

    A norma admite a possibilidade de a Administrao P-

    blica recusar a contratao com sujeito que se encontre em

    situao fiscal irregular.

    O Superior Tribunal de Justia (STJ) manifestou-se ex-

    pressamente sobre a exigncia da comprovao da regularida-

    de fiscal nas licitaes em julgamento de recurso especial:

    [...] exigncia de regularidade fiscal para

    a participao no procedimento licitatrio

    funda-se na Constituio Federal, que dis-

    pe no 3 do art. 195 que a pessoa jur-

    dica em dbito com o sistema da seguri-

    dade social, como estabelecido em lei, no

    poder contratar com o Poder Pblico nem

    dele receber benefcios ou incentivos fis-

    cais ou creditcios, e deve ser mantida du-

    rante toda a execuo do contrato, conso-

    ante o art. 55 da Lei 8.666/93. (STJ REsp n

    633.432/MG, Primeira Turma, j. 22/02/2005).

    Na mesma linha, sublinhe-se o posicionamento da Pro-

    curadoria-Geral do Estado:

  • 65

    No que diz respeito regularidade fiscal pre-

    vista no artigo 29, inciso III, do Estatuto das

    Licitaes, cabe apontar tambm que o docu-

    mento de fl. 191 no relativo empresa que

    se pretende contratar (...). A Certido Nega-

    tiva de Dbitos Estaduais ali constante de

    terceiro estranho a esse procedimento (...).

    Desta forma, deve a consulente providenciar

    o documento correto, a fim de demonstrar a

    sua habilitao no procedimento de dispensa

    de licitao. (PGE-RS, Informao n 049/10/

    PDPE, de 15/04/10).

    2.5 Certido Negativa de Dbitos Trabalhistas (CNDT)

    relevante observar que a Lei federal n 12.440/11 in-

    cluiu o inciso V ao art. 29 da Lei de Licitaes, determinando

    que a documentao relativa regularidade trabalhista, confor-

    me o caso, consistir em: V prova de inexistncia de dbitos

    inadimplidos perante a Justia do Trabalho, mediante a apre-

    sentao de certido negativa, nos termos do Ttulo VII-A da

    Consolidao das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei

    no 5.452, de 1o de maio de 1943.

    A Consolidao das Leis do Trabalho (CLT) passa a vi-

    gorar acrescida do seguinte Ttulo VII-A:

    TTULO VII-A

    DA PROVA DE INEXISTNCIA DE DBI-

    TOS TRABALHISTAS

  • 66

    Art. 642-A. instituda a Certido Negativa

    de Dbitos Trabalhistas (CNDT), expedida

    gratuita e eletronicamente, para compro-

    var a inexistncia de dbitos inadimplidos

    perante a Justia do Trabalho.

    1o O interessado no obter a certido

    quando em seu nome constar:

    I o inadimplemento de obrigaes esta-

    belecidas em sentena condenatria tran-

    sitada em julgado proferida pela Justia

    do Trabalho ou em acordos judiciais tra-

    balhistas, inclusive no concernente aos

    recolhimentos previdencirios, a honor-

    rios, a custas, a emolumentos ou a reco-

    lhimentos determinados em lei; ou

    II o inadimplemento de obrigaes de-

    correntes de execuo de acordos firma-

    dos perante o Ministrio Pblico do Traba-

    lho ou Comisso de Conciliao Prvia.

    2o Verificada a existncia de dbitos ga-

    rantidos por penhora suficiente ou com

    exigibilidade suspensa, ser expedida

    Certido Positiva de Dbitos Trabalhistas

    em nome do interessado com os mesmos

    efeitos da CNDT.

    3o A CNDT certificar a empresa em

    re- lao a todos os seus

    estabelecimentos, agncias e filiais.

    4o O prazo de validade da CNDT de 180

    (cento e oitenta) dias, contado da data de

    sua emisso.

  • 67

    Constata-se que a exigncia da CNDT pretende limitar

    o acesso de particulares com dbitos exigveis decorrentes de

    relao de trabalho para contratar com a Administrao Pbli-

    ca, porquanto a mesma lei que a instituiu modificou os arts. 27

    e 29 da Lei de Licitaes.

    2.6 Qualificao tcnica

    A qualificao tcnica abarca a demonstrao de conhe-

    cimentos e habilidades prticas e tericas para a execuo do

    objeto a ser contratado com o ente pblico.

    Art. 30. A documentao relativa qualifi-

    cao tcnica limitar-se- a:

    I - registro ou inscrio na entidade profis-

    sional competente;

    II - comprovao de aptido para desem-

    penho de atividade pertinente e compat-

    vel em caractersticas, quantidades e pra-

    zos com o objeto da licitao, e indicao

    das instalaes e do aparelhamento e do

    pessoal tcnico adequados e disponveis

    para a realizao do objeto da licitao,

    bem como da qualificao de cada um dos

    membros da equipe tcnica que se res-

    ponsabilizar pelos trabalhos;

    III - comprovao, fornecida pelo rgo

    licitante, de que recebeu os documentos,

    e, quando exigido, de que tomou conhe-

  • 68

    cimento de todas as informaes e das

    condies locais para o cumprimento das

    obrigaes objeto da licitao;

    IV - prova de atendimento de requisitos pre-

    vistos em lei especial, quando for o caso.

    1o A comprovao de aptido referida no

    inciso II do caput deste artigo, no caso

    das licitaes pertinentes a obras e ser-

    vios, ser feita por atestados fornecidos

    por pessoas jurdicas de direito pblico

    ou privado, devidamente registrados nas

    entidades profissionais competentes, limi-

    tadas as exigncias a: (Redao dada pela

    Lei n 8.883, de 1994)

    I - capacitao tcnico-profissional: com-

    provao do licitante de possuir em seu

    quadro permanente, na data prevista para

    entrega da proposta, profissional de nvel

    superior ou outro devidamente reconheci-

    do pela entidade competente, detentor de

    atestado de responsabilidade tcnica por

    execuo de obra ou servio de caracters-

    ticas semelhantes, limitadas estas exclu-

    sivamente s parcelas de maior relevncia

    e valor significativo do objeto da licitao,

    vedadas as exigncias de quantidades m-

    nimas ou prazos mximos; (Includo pela

    Lei n 8.883, de 1994)

    II - (Vetado). (Includo pela Lei n 8.883, de 1994)

    a) (Vetado). (Includo pela Lei n 8.883, de

    1994)

  • 69

    b) (Vetado). (Includo pela Lei n 8.883, de

    1994)

    2o As parcelas de maior relevncia tc-

    nica e de valor significativo, mencionadas

    no pargrafo anterior, sero definidas no

    instrumento convocatrio. (Redao dada

    pela Lei n 8.883, de 1994)

    3o Ser sempre admitida a comprovao

    de aptido atravs de certides ou ates-

    tados de obras ou servios similares de

    complexidade tecnolgica e operacional

    equivalente ou superior.

    4o Nas licitaes para fornecimento de

    bens, a comprovao de aptido, quando

    for o caso, ser feita atravs de atestados

    fornecidos por pessoa jurdica de direito

    pblico ou privado.

    5o vedada a exigncia de comprovao

    de atividade ou de aptido com limitaes

    de tempo ou de poca ou ainda em locais

    especficos, ou quaisquer outras no pre-

    vistas nesta Lei, que inibam a participao

    na licitao.

    6o As exigncias mnimas relativas a ins-

    talaes de canteiros, mquinas, equipa-

    mentos e pessoal tcnico especializado,

    considerados essenciais para o cumpri-

    mento do objeto da licitao, sero aten-

    didas mediante a apresentao de relao

    explcita e da declarao formal da sua

  • 70

    disponibilidade, sob as penas cabveis,

    vedada as exigncias de propriedade e de

    localizao prvia.

    7 (Vetado). (Redao dada pela Lei n

    8.883, de 1994)

    I - (Vetado). (Includo pela Lei n 8.883, de

    1994)

    II - (Vetado). (Includo pela Lei n 8.883, de

    1994)

    8o No caso de obras, servios e compras

    de grande vulto, de alta complexidade tc-

    nica, poder a Administrao exigir dos li-

    citantes a metodologia de execuo, cuja

    avaliao, para efeito de sua aceitao ou

    no, anteceder sempre anlise dos pre-

    os e ser efetuada exclusivamente por

    critrios objetivos.

    9o Entende-se por licitao de alta

    com- plexidade tcnica aquela que

    envolva alta especializao, como fator de

    extrema re- levncia para garantir a

    execuo do ob- jeto a ser contratado,

    ou que possa com- prometer a

    continuidade da prestao de servios

    pblicos essenciais.

    10. Os profissionais indicados pelo li-

    citante para fins de comprovao da ca-

    pacitao tcnico-profissional de que tra-

    ta o inciso I do 1o deste artigo devero