11 de jan 2011

35
11/01/2011 02 XIX

Upload: clipping-ministerio-publico-de-minas-gerais

Post on 11-Mar-2016

230 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Clipping Digital

TRANSCRIPT

Page 1: 11 de jan 2011

11/01/201102XIX

Page 2: 11 de jan 2011

ENTREVISTA

O Ministério Público está cada vez mais perto do cidadãoEmpossado em dezembro último como procurador-geral

de Justiça de Minas Gerais para o biênio 2011/2012, o minas-tenista Alceu José Torres Marques foi reconduzido ao cargo pelo governador Antonio Anastasia, quase que imediatamente depois de vencer a eleição, com 227 votos a mais que o segun-do colocado. Porém, até chegar ao comando do Ministério Pú-blico mineiro, esse belo-horizontino de 47 anos, graduado em Direito, pela UFMG, e em Engenharia Industrial, pelo CEFET, foi promotor de Justiça, começando carreira no Ministério Pú-blico em 1987, e presidiu a Associação Mineira do Ministério Público (AMMP), de 2001 a 2003.

Nesta entrevista, Alceu Torres fala da profissão de pro-motor de Justiça, principalmente como agente transformador social, da atuação do Ministério Público voltada para a socie-dade, dos planos para seu próximo mandato à frente da Procu-radoria-Geral de Minas Gerais e também de seu relacionamen-to com o Minas, “um xodó de todos nós”.

Quais fatores contribuíram para a expressiva votação ue o senhor teve nessa segunda eleição para a presidência do Ministério Público?

O que houve foi a crença no projeto que apresentamos no primeiro biênio e um desejo dos colegas, muito claro, de dar sequência ao trabalho. O mandato foi muito curto, é um trabalho que você precisa de um prazo, às vezes, maior, para concluire ver o resultado dos projetos que são postos em an-damento. Acredito que essa aceitação, de em torno de 75%, vem, na verdade, referendar o que já foi feito, no início desse nosso trabalho.

Quais são os principais serviços prestados pelo MPMG à sociedade?

Vejo que conseguimos avançar muito, dando ao trabalho dos promotores de Justiça melhores condições, e, a eles, o perfil de agente transformador da realidade social, em tudo o que foi feito e em todas as áreas, motivando muito o Ministé-rio Público. Vamos continuar esse trabalho, aperfeiçoando e estimulando projetos de programas sociais. Existem algumas áreas que estão mais avançadas, como a do Meio Ambiente, da Infância e da Juventude e a do Patrimônio Público. Hoje, sabemos que as coisas estão começando a fluir no sentido em que nós gostaríamos e esperávamos. Quero crer que, daqui

a seis meses, tudo estará funcionando adequadamente, dentro do que estamos fazendo e já foi iniciado, dentro do planejamento estratégico da nossa Instituição.

Aproximar o MPMG do cidadão foi um dos prin-cipais focos da sua gestão anterior. Os resultados foram satisfatórios? Há planos visando manter essa aproximação?

Os resultados foram muito satisfatórios. Hoje, temos consciência de que o cidadão, de maneira geral, ainda que não lidando diretamente com o Direito, tem o co-nhecimento da Instituição e de seu papel. Então, não podemos abrir mão de dar sequência ao trabalho. Temos nossos projetos e instrumentos de aproximação, como o “Ministério Público Itinerante” e o “Por dentro do Mi-nistério Público”, que trazem alunos das escolas públi-cas para conhecer a Casa, ouvir palestras de promotores e procuradores e visitar o gabinete do procurador-geral. Esse é um trabalho que não vai ser abandonado, e esta-mos buscando uma forma mais eficiente de aproximar o Ministério Público, como programas de rádio e televisão, que mostrarão à sociedade, em uma abordagem maior, qual é o verdadeiro trabalho do promotor de Justiça, em casos concretos.

Como será a atuação do MP em sua gestão no bi-ênio 2011/2012?

Imediatamente, vamos dar uma espécie de choque na atuação do Ministério Público na área Criminal, en-quanto Instituição que pode contribuir para a melhoria da paz social e da ordem social. Vamos trabalhar com inteligência e com articulação dos vários órgãos do Mi-nistério Público e mesmo entre o Ministério Público e as outras instituições ligadas à área, como as Polícias Mili-tar e Civil, e as Receitas Estadual e Federal. O que esta-mos querendo é buscar um formato moderno e arrojado para investir na área e ter o Ministério Público como uma instituição capaz de garantir paz social.

A figura do promotor ou procurador de Justiça idoso e carrancudo está cada vez mais longe da re-alidade. Temos visto profissionais dos MPs cada vez mais jovens e também mais combativos. Na opinião do senhor, a que se deve esse “rejuvenescimento” dos MPs, em todo o País?

Primeiro, à Constituição de 1988, que deu uma ca-racterística na carreira do promotor de Justiça, que, no passado, era esse carrancudo, a que você se referiu, e que, basicamente, era responsável pelas acusações criminais, tentando prender as pessoas e fazendo os tribunais do júri. Com a Constituição de 1988, abriu-se um leque de atividades no Ministério Público, como o trabalho na área do Meio Ambiente, do Consumidor, da Saúde, Infância e Juventude, e tentando dar melhores condições, por exem-plo, de acessibilidade às pessoas com deficiência. Enfim, abriu-se um leque muito grande de atuação e isso fez com que a profissão ficasse cada vez mais reconhecida e mais

REVISTA do mINAS - oN LINE - JAN/2011

01

Page 3: 11 de jan 2011

valorizada. Hoje, temos pessoas que já entram para a Faculdade de Direito querendo ser promotor de Justiça. Ficamos uito felizes com isso, porque, em Minas Gerais, por exemplo, podemos con-tar com uma mão-de-obra extremamente bem qualificada.

Assim como o Minas, que está construindo o Centro de Facilidades, na Unidade I, o MPMG promove melhorias constantes de infraestrutura. Qual é a importância da boa estruturação ísica, para o sucesso da Instituição?

Historicamente, o promotor de Justiça trabalhou dentro do Fórum, junto a juízes e ao lado das Varas Judiciais. Com o tem-po, mudaram as nossas atribuições e o nosso perfil. Hoje, existe uma demanda maior de atendimento do Ministério Público ao cidadão, e os próprios Fóruns não comportam mais. Então, com a evolução e a melhoria das Sedes, você acaba, primeiro, facili-tando o trabalho do Judiciário, que ganha espaço, com a saída do MP dos Fóruns, e, o mais importante, você acaba tendo melho-res condições de atender à sociedade. Atualmente, o Ministério Público trabalha em contato e diálogo permanente com organi-zações não governamentais e com a base da sociedade. Com a implementação e o crescimento das Sedes, conseguimos prestar melhor serviço e, ao mesmo tempo, planejar esse serviço.

Na opinião do senhor, o que o Minas representa para Belo Horizonte e o Estado?

A história de Belo Horizonte e Minas Gerais está atrelada à marca Minas Tênis Clube e é uma história de sucesso. As vitórias do Minas, seja no futsal, no vôlei ou na natação, são vitórias festejadas por todos, ilusive atleticanos, cruzeirenses e americanos. O Minas conse-gue unir e acaba sendo um clube xodó de todos nós. O mineiro, por natureza, tradição e personalidade, é bair-rista. Ninguém vive entre montanhas, sem ficar com esse apego às suas tradições. Então, o nome, a marca Minas Tênis Clube é uma marca incorporada por todos. É um xodozinho de todos nós.

Como associado, o que o senhor mais aprecia no Clube?

Frequentava muito a sauna, no Minas II, já fiz aula de tênis e musculação e participava das festas do Minas. Hoje, infelizmente, já não tenho tanta disponibilidade de tempo. Mas os meus filhos, por exemplo, fazem do Minas um ponto de encontro deles com os amigos. E eu ia muito também ao Restaurante do Minas I, para comer a feijoada do Minas.Houve uma época, há muito tempo, quando eu era promotor do Tribunal do Júri, uma turma levada pelo professor Ariosvaldo, que foi presidente do Minas, toda quinta à noite, passava no Restaurante do Minas I e tinha uma mesa lá para falar de tudo.

Já que estamos iniciando um novo ano, gosta-ríamos que o senhor deixasse uma mensagem para os mineiros.

O que eu espero, na verdade, é que essa onda de otimismo que estamos vivenciando em Minas Gerais, em todos os sentidos, se concretize. Espero que o Es-tado resgate seu papel político, sua força econômica e sua autoestima com as coisas de Minas, e que seja um ano muito bom para todo mundo, um ano de muitas vitórias para todos nós, principalmente para o Minas e para as coisas de Minas, de uma maneira geral. Que o Minas Tênis Clube possa dar sequência a essa sua história umbilicalmente ligada à nossa Capital e que ele possa estar junto nesse movimento de ascensão, nessa onda vitoriosa.

EntrevistaAlceu Torres, sócio eprocurador-geral do Estadode Minas Gerais.

CoNT.... REVISTA do mINAS - oN LINE - JAN/2011

02

Page 4: 11 de jan 2011

HoJE Em dIA - 1ª p. E p. 17 - 11.01.2011

03

Page 5: 11 de jan 2011

CoNT.... HoJE Em dIA - p. 17 - 11.01.2011

04

Page 6: 11 de jan 2011

HoJE Em dIA - p.03 - 11.01.2011

05

Page 7: 11 de jan 2011

CoNT.... HoJE Em dIA - p.03 - 11.01.2011

06

Page 8: 11 de jan 2011

CoNT.... HoJE Em dIA - p.03 - 11.01.2011

07

Page 9: 11 de jan 2011

ESTAdo dE mINAS - p. 8 - 11.01.2011

08

Page 10: 11 de jan 2011

CoNT... ESTAdo dE mINAS - p. 8 - 11.01.2011

Parlamentares serão ouvidos

09

Page 11: 11 de jan 2011

ESTAdo dE mINAS - p. 23 - 11.01.2010

10

Page 12: 11 de jan 2011

CoNT... ESTAdo dE mINAS - p. 23 - 11.01.2010

11

Page 13: 11 de jan 2011

HoJE Em dIA - p.08 - 11.01.2011

12

Page 14: 11 de jan 2011

o TEmpo - p. 3 - 11.01.2011

13

Page 15: 11 de jan 2011

HoJE Em dIA - p.22 - 11.01.2011

CoNT... o TEmpo - p. 3 - 11.01.2011 Benefícios

Gasto do Legislativo é alto

14

Turista destrói patrimônio histórico

Page 16: 11 de jan 2011

o TEmpo - p. 24 - 11.01.2011

15

Page 17: 11 de jan 2011

7De acordo com o balanço da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), as ocorrências de acidentes se con-centram, principalmente, à tarde, entre 12h e 18h, e também aos do-mingos. O sargento, no entanto, ob-serva que muitos acidentes envol-vem os passageiros que se dirigem ao aeroporto.

“Muitas vezes, as pessoas se atrasam e querem tirar a diferença na estrada. Além disso, temos os cha-mados domingueiros. Há um grande fluxo de pessoas que vai para sítios na região metropolitana”, explicou.

Já o contato da pediatra Tatiane Miranda com a MG-010 é diário, já que mora em Lagoa Santa e trabalha em Belo Horizonte. Ela não esconde que a tensão de trafegar pela rodovia é causada pela irresponsabilidade de muitos motoristas.

“Já perdi a conta de quantos car-ros batidos já vi, principalmente no fim da tarde e nos finais de semana. Alguns veículos que me ultrapassa-ram estavam batidos poucos quilô-metros à frente. As pessoas correm demais”, comenta a médica. O li-mite de velocidade da via é de 110 km/h, exceto em Lagoa Santa, onde a máxima permitida é de 60 km/h.

Imprudência. Em setembro do ano passado, o excesso de velocida-de causou uma tragédia que chamou a atenção pela violência. Estanislau Rodrigues, 44, dirigia em alta velo-cidade quando tentou ultrapassar um ônibus e bateu em uma barra de fer-ro. Após o acidente, o velocímetro ficou cravado em 150 km/h. O carro se partiu em três pedaços. A passa-geira Renata dos Santos, 36, morreu na hora. (TT)

Rumo ao Aeroporto

Colisões envolvem carros que seguem para Confins

CoNT.. o TEmpo - p. 24 - 11.01.2011

16

Page 18: 11 de jan 2011

ESTAdo dE mINAS - p. 25 - 11.01.2011

17

Page 19: 11 de jan 2011

O Ministério Público Estadual (MPE) ofereceu denúncia contra 12 torcedores atleticanos acusados de es-pancar até a morte o cruzeirense Otá-vio Fernandes, 19, em novembro do ano passado. Se o juiz responsável pelo caso acatar a denúncia, os suspeitos po-dem ir a júri popular.

O documento foi entregue ontem no cartório do 2º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette pelo promotor Francisco Assis Santiago. O represen-tante do MPE também pediu a prisão preventiva (por tempo indeterminado) dos 12 acusados - a decisão deve ser tomada ainda hoje e, caso contrário, al-guns deles que já estão detidos poderão ser soltos.

Dos oito suspeitos que estavam presos temporariamente, apenas Diego Felipe de Jesus, 22, o Feijão, não irá responder por nenhum crime. Para o MPE, as investigações da Polícia Civil não comprovaram a participação dele e das outras 28 pessoas que também ha-viam sido indiciadas.

Ontem, o advogado de Feijão, Dino Miraglia, informou que o cliente está solto desde sexta-feira, quando a

prisão temporária dele expirou.De acordo com o promotor, a

denúncia feita pelo MPE é rigorosa principalmente contra o presidente da Galoucura, Roberto Augusto Pereira, 32, e o vice-presidente da agremiação, William Thomaz Palumbo, 33. Os dois são acusados de homicídio triplamente qualificado e tentativa de homicídio. Eles e os outros dez envolvidos tam-bém são acusados de formação de qua-drilha (veja mais quadro abaixo).

“Apesar de o presidente e o vice da Galoucura não participarem efeti-vamente da morte, os dois exerciam liderança sobre os demais envolvidos. Testemunhas afirmam terem visto eles gritando e incentivando a confusão. Se eles tivessem falado para parar a bri-ga, a morte teria sido evitada”, afirmou Santiago.

Otávio foi espancado em frente ao Chevrolet Hall, na Savassi, em Belo Horizonte, após um evento de lutas. Na ocasião, outros três torcedores tam-bém foram feridos. As agressões foram flagradas por câmeras de vigilância da casa de shows e do shopping Pátio Sa-vassi.

Liberdade. Apesar da denúncia oferecida pelo MPE, o acusado Cláu-dio Henrique Souza Araújo, o Macalé, teve a prisão temporária expirada e está solto desde anteontem. O defensor do acusado não informou se o suspeito irá se apresentar à Justiça caso a prisão dele seja novamente decretada.

A Polícia Civil ainda investiga o envolvimento de outros dois atleticanos que aparecem nas imagens da agressão, mas ainda não foram identificados.

o TEmpo - oN LINE - 11.01.2011Barbárie.Presidente e vice da Galoucura estão entre os acusados de homicídio triplamente qualificado

MPE denuncia 12 por mortePromotor solicitou prisão a preventiva dos envolvidos, que deve sair hoje

18

Page 20: 11 de jan 2011

Ernesto Braga Quando a Polícia Civil come-

çou a investigar o desaparecimento da modelo Eliza Samudio, em ju-nho, e a juntar indícios para provar que ela foi assassinada, uma dúvi-da pairava sobre todas as rodas de bate-papo: a Justiça acataria a acu-sação de homicídio caso o corpo da amante do goleiro Bruno Fernandes não fosse encontrado? Sem sucesso nas buscas pelos restos mortais da vítima, peritos do Instituto de Cri-minalística (IC) entraram em cam-po para sustentar a tese defendida pelo Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP). A principal prova técnica anexada ao inquérito presidido pelo delegado Edson Moreira foi o laudo que confirmou ser de Eliza o sangue encontrado na caminhonete Range Rover do jogador.

Seis meses depois, a juíza Ma-rixa Fabiane Lopes Rodrigues, do Tribunal do Júri de Contagem, na Grande Belo Horizonte, considerou incontestáveis as provas técnicas e, mesmo sem a localização do corpo, mandou Bruno e mais sete pesso-as a júri popular. Entre os crimes a eles imputados estão homicídio e ocultação de cadáver. Para a perita criminal Ângela Romano, chefe da Seção de Perícia de Crimes contra a Vida do IC, a pronúncia da magis-trada coroou o esforço dos peritos para auxiliar os investigadores do DIHPP a desvendar o misterioso su-miço de Eliza. “Era preciso a prova material para fundamentar a subjeti-va (depoimentos)”, disse.

No ano passado, além do caso Bruno, a Seção de Perícia de Cri-mes Contra a Vida usou técnicas modernas, equipamentos e produtos de última geração para elucidar ou-

tros crimes na Região Metropolita-na de Belo Horizonte, que tiveram repercussão internacional. Testes de DNA comprovaram ser de Marcos Antunes Trigueiro as amostras de sêmen colhidas nos corpos de cinco mulheres, estupradas e cruelmente assassinadas em Contagem, onde o serial killer agia. A mesma técnica foi usada para identificar os corpos dos empresários Rayder Santos Ro-drigues e Fabiano Ferreira Moura, vítimas do Bando da degola, encon-trados carbonizados, decapitados e sem os dedos das mãos, em Nova Lima. LUmINoL

O primeiro passo da perícia à procura de vestígios do assassina-to de Eliza Samudio foi vasculhar a Range Rover do goleiro Bruno, usada para transportar a modelo do Rio de Janeiro até Minas. Em depoi-mento à polícia, o menor J., primo do jogador, afirmou tê-la agredido com coronhadas dentro do carro, no meio do caminho. Para confirmar a versão do adolescente, os peritos usaram uma das suas principais ar-mas: a substância química luminol. Borrifado em qualquer superfície, o luminol reage com outra substân-cia que contenha ferro, apontando a possível presença de sangue no local. “O luminol nos aponta uma mancha, mas não é suficiente para afirmar se ela é mesmo de sangue. Para isso, usamos em seguida outra substância, chamada hexagon obti, que reage especificamente com san-gue humano”, explicou Ãngela Ro-mano.

Para localizar as marcas de sangue na Range Rover, o veículo foi colocado num galpão fechado, escuro, ambiente necessário para o uso de outro equipamento essen-

cial no dia a dia dos peritos: a luz forense. “As manchas de sangue fi-cam com luminosidade azul com a aplicação da luz forense, se tornan-do uma prova incontestável, mesmo se tentarem apagar as pistas, como fizeram na Range Rover”, disse a perita criminal. Para confirmar que o sangue era de Eliza, bastou fazer o teste de DNA, confrontando as amostras recolhidas no carro com as de saliva do filho da modelo.

A perícia, no entanto, não con-seguiu provar o que mais chocou a opinião pública no desenrolar das investigações do assassinato de Eli-za. Segundo J., depois de ser trazi-da para Minas na Range Rover, ela foi morta por asfixia, esquartejada e partes do corpo da vítima foram jogadas para cães da raça rottewi-ler. “Só encontraríamos vestígios nas fezes dos cachorros até 18 ho-ras depois do acontecido. Já havia se passado um mês do assassinato quando a perícia foi feita”, ressaltou Ângela Romano. Os peritos chega-ram a usar substância semelhante ao luminol no pelo dos animais. “En-comendamos dos Estados Unidos a substância hemascein, que tem a mesma função do luminol, mas não é tóxico.”

Exames são cada vez mais precisos

O trabalho minucioso do De-partamento de Biologia da Seção de Perícia de Crimes contra a Vida colocou atrás das grades um homem frio e cruel, que aterrorizou o Bairro Industrial, em Contagem, na Grande Belo Horizonte. De boa aparência e poucas palavras, Marcos Antunes Trigueiro não despertava suspeitas, mas confessou ter estuprado e as-sassinado cinco mulheres. A seme-

ESTAdo dE mINAS – p. 26 – 09.01.2011

Tecnologia contra o crimeInstituto de Criminalística de Minas usa equipamentos avançados para conseguir provas

irrefutáveis contra suspeitos de delitos misteriosos, como o desaparecimento de Eliza

19

Page 21: 11 de jan 2011

lhança entre os crimes chamou a atenção da Polícia Civil. Após a confirmação de que o sêmen en-contrado em três vítimas era do mesmo criminoso, o serial killer foi identificado e preso.

A chefe da seção, a perita cri-minal Ângela Romano, explica que o departamento de biologia é responsável pela análise de san-gue, sêmen e fluidos corpóreos. “Colhidas as amostras de sêmen nas vítimas, elas foram jogadas num banco de dados e exames de DNA confirmaram que eram de um mesmo homem. Com a confirmação, foi iniciada a caça ao suspeito”. Segundo Ângela, depois de preso, Trigueiro forne-ceu amostras de saliva, retiradas da bochecha do serial killer com um objeto chamado swab (seme-lhante a um cotonete).

Graças ao exame de DNA, foi possível confirmar que as amostras de sangue encontradas pelos peritos no apartamento do líder do Bando da degola, Fre-derico Flores, no Bairro Sion, Região Centro-Sul de Belo Ho-rizonte, eram dos empresários Rayder Santos Rodrigues e Fa-biano Ferreira Moura. Eles fo-ram extorquidos e assassinados. Para dificultar a identificação, o bando arrancou as cabeças e de-dos das mãos das vítimas e pôs fogo nos corpos. “A forma mais rápida de identificar um corpo é pelas digitais, chamada de papi-loscopia, em que são analisados 11 pontos em cada dedo da mão. Nesse caso, só foi possível pelo DNA”, disse a perita.

Além do departamento de biologia, outros setores são im-prescindíveis para a perícia de crimes contra a vida. A seção de engenharia, por exemplo, atua em casos de mortes provocadas

por incêndios, enquanto o de química faz análises de óbitos provocados por ingestão de dro-gas e medicamentos. A química também é capaz de apontar a presença de pólvora nas mãos de um suspeito, e o exame de balís-tica identifica a arma e calibre da munição. “Temos a perícia de trânsito, a seção patrimonial, para casos de roubos e assaltos, e o setor de áudio e vídeo, que analisa imagens feitas por circui-tos de segurança”, listou Ângela Romano.

Acusado de estuprar dentis-tas em Belo Horizonte, Arqui-medes de Abreu Filho foi preso após ter sido flagrado por câ-meras instaladas no elevador do prédio onde funcionava o con-sultório de uma de suas vítimas. Com o equipamento chamado levantador eletrostático também foi possível identificar pegadas do estuprador no local onde co-meteu o crime. (EB)

Concentração amplia diálogoO governo de Minas tem

planos de construir um centro integrado para unir a Divisão de Crimes contra a Vida (DCcV), a Divisão de Referência a Pessoas Desaparecidas, o Instituto Mé-dico-Legal (IML) e o Instituto de Criminalística (IC), dando mais agilidade às investigações, principalmente de assassinatos. O terreno de 10,9 mil metros no qual o prédio poderá ser erguido, na Rua Nicias Continentino, no Bairro Gameleira, Região Oeste de Belo Horizonte, foi visitado em abril pelo governador Anto-nio Augusto Anastasia (PSDB). Segundo a Polícia Civil, os estu-

dos de viabilidade da obra devem ficar prontos no início de 2011.

O terreno foi aprovado por Anastasia, que estava acompa-nhado do secretário de Estado de Defesa Social, Moacyr Lobato, do chefe da Polícia Civil, dele-gado Marco Antônio Monteiro e outras autoridades. A concre-tização do projeto seria a res-posta a falhas de comunicação verificadas na apuração dos cri-mes cometidos pelo serial killer Marcos Antunes Trigueiro, que confessou ter estuprado e matado cinco mulheres. O corpo de uma das vítimas, Natália Cristina de Almeida Paiva, ficou vários dias esquecido numa das gavetas do IML, exatamente porque não houve diálogo rápido entre as di-visões de Crimes contra a Vida e de Desaparecidos.

A DCcV e a Divisão de Re-ferência a Pessoas Desaparecidas estão instaladas no prédio do De-partamento de Investigação (DI), no Bairro Lagoinha, na Região Noroeste, o IML, na Gameleira – em área vizinha à candidata a receber a unidade integrada –, e o IC, no Barro Preto, na Centro-Sul. O distanciamento dificulta o diálogo entre as quatro unidades, prejudicando as investigações. Na visita ao terreno, o governa-dor explicou que a área foi do-ada na década de 1970 à Funda-ção Mineira de Educação para a construção de uma unidade edu-cacional, o que não ocorreu.

Na ocasião, Anastasia afir-mou que o centro integrado re-ceberá equipamentos de última geração. “Um prédio novo não vem sozinho, precisa ter conte-údo moderno. A Polícia Civil já tem projetos, inclusive de perícia técnica, que serão desdobrados”, disse. (EB)

CoNT.... ESTAdo dE mINAS – p. 26 – 09.01.2011

20

Page 22: 11 de jan 2011

Renata Mariz Com uma barriga de três meses, Valquíria (*) flagrou o ma-

rido na própria cama com outra mulher. Esfaqueou o pai do filho que gestava e matou, horas depois, a amante dele. Passados nove meses de separação, Amanda (*) continuava brigando com o ex-companheiro, muitas vezes no meio da rua. Os conflitos se encer-raram com três tiros disparados por ela. Rosa (*) entregou quatro balas a um homem que prometeu, e cumpriu, acabar com seu ma-rido. Por motivos, em cirscunstâncias e de formas completamente distintas, as três mulheres, atualmente presas no Distrito Federal, representam bem a falta de consenso sobre o perfil da assassina passional.

Para Luiza Nagib Eluf, procuradora de Justiça de São Paulo que já estudou centenas de processos de homicídios passionais, os casos protagonizados por mulheres não primam pela vingança. “Os homens, quando matam, planejam o ato. A mulher só comete o crime no meio de uma discussão e se tiver a arma nas mãos, quase sempre de propriedade do seu companheiro”, explica a procurado-ra. Com opinião oposta, o promotor do Distrito Federal Maurício Miranda diz observar uma certa premeditação na homicida. “Até por uma desvantagem física, noto que a mulher usa da traição, da emboscada. Mata o marido dormindo ou contrata alguém para executá-lo.”

As divergências vêm de um ponto pacífico entre todos os especialistas: a baixa frequência desse tipo de caso. “É raro um crime passional cometido pela mulher, pois ela é privilegiada do ponto de vista biológico, genético e hormonal no que diz respeito ao comportamento violento. Por isso, não temos como falar muito em perfil”, afirma o psiquiatra forense Luiz Carlos Illafont Co-ronel, ligado à Associação Brasileira de Psiquiatria. Os dados do sistema penitenciário brasileiro corroboram a explicação do médi-co ao apontarem que, dos 50.518 assassinos presos atualmente no país, somente 1.471 (2,9%) são mulheres.

Machismo Outra questão unânime entre quem entende do as-sunto é o machismo – que quase sempre leva o homem a matar a mulher – como causa também da morte masculina. “Não raras vezes, o próprio Ministério Público defende uma redução de pena para a mulher cuja agressão sofrida por um marido violento levou-a a cometer o crime”, diz Miranda. Rosa, que aguarda o julgamen-to presa, espera que seu relato sobre os 22 anos de terror vividos ao lado do marido morto, um policial militar, seja considerado pelos jurados. Apesar de presa há cerca de um ano, ela não maldiz seu destino. “Foi na cadeia que encontrei paz. Lá for a, eu ia morrer nas mãos dele. Aqui não tem gritos, ninguém me bate. Até voltei a estudar”, diz Rosa.

A mineira de 46 anos, há mais de 25 no Distrito Federal, não sabe dizer o que sentiu na hora em que foi buscar a munição do próprio marido, enrolada em um papel na estante de casa, para en-tregar a um conhecido da rua onde morava, em Samambaia. “Ele disse que ia acabar com meu marido e com meu sofrimento. Eu só tinha medo de morrer”, conta. Quando soube da morte do marido quase em frente à casa onde residiam, os sentimentos se mistura-ram. “Me deu medo, mas também um alívio. É difícil dizer. Errei e vou pagar por isso, mas não faria novamente”, afirma a mulher.

Valquíria, condenada a nove anos por ter matado a amante do marido, recorda o que pensou ao encontrar a vítima, horas depois

do flagrante, numa festa: “De hoje você não passa”. Ela relata que estava “maquinada”, gíria para dizer armada, e que tinha tomado “pinga e cheirado”, apesar da gravidez. O irmão, segundo conta, tomou a arma dela, mas dois amigos deram-lhe uma faca. “Quan-do vi a mulher, dei uma facada na saboneteira dela”, lembra. Presa há mais de dois anos para cumprir uma pena de nove, Valquíria conta o que faria diferente. “Se fosse hoje, eu daria o desprezo para ele”, diz a jovem de 21 anos. Sobre a vítima, titubeia: “Ela mereceu”.

Imperícia Amanda, que vendia drogas na Candangolândia na época do crime, já estava separada havia nove meses do homem que matou. Mas as brigas nunca cessaram. “Como eu ficava na rua, ele vinha atrás de mim, a gente se agredia mesmo, chega-mos a ir para a delegacia algumas vezes”, conta. Um certo dia, segundo Amanda, ele passou de moto e deu uma pesada em suas costas. “Caí no chão, quando levantei, peguei a arma. Ele tirou onda: ‘Nossa, você vai me matar?’ Eu, leiga total de arma, dei três tiros, joguei a arma no chão e fiquei desesperada. Pensei: ‘A bala acabou, e ele vai me pegar. Saí correndo’”, diz Amanda.

Ela ficou escondida, segundo seu próprio relato, num mata-gal, durante muitas horas. Depois é que soube, diz, que não só havia atingido como matado o ex-marido. Aos 31 anos, mãe de três filhos, dos quais dois são do homem que assassinou, Amanda não atribui a drogas o crime, mas à imperícia com a arma. “Eu só vendia, não usava. O problema foi ter aceitado aquela arma como pagamento. Eu nunca tinha mexido em arma. Mas, no mundo da malandragem, você sempre quer sair por cima”, filosofa Amanda, cuja pena pelo homicídio somada a outra por roubo totaliza oito anos e quatro meses.

(*) Os nomes são fictícios para preservar a identidade das entrevistadas.

A Fera da Penha

“Ela quis matar Antônio em vida”, definiu o promo-tor que acusou Neide Maria Lopes, mais conhecida como a Fera da Penha. O caso abalou o Rio de Janeiro nos anos 1960 pela crueldade e pelos traços de passionalidade, ain-da que indiretamente. Depois de namorar três meses com Antonio, Neide descobriu que ele era casado. Deu uma se-mana para o homem deixar a mulher. Quando percebeu que o namorado não se separaria da companheira oficial, Nilza, ela armou uma trama para pegar Tânia, filha do casal, na escola. Passou numa farmácia, onde comprou álcool. Le-vou a menina para um matadouro no bairro da Penha, no Rio, deu-lhe um tiro na cabeça e, em seguida, ateou fogo no cadáver. Neide, à época com 22 anos, negou o crime por um tempo, mas foi desmascarada pelas provas da polícia e aca-bou confessando as cenas de horror. Condenada a 33 anos de reclusão, cumpriu 15 e obteve a liberdade condicional. Também chamada de Frankenstein de saias, mulher-fera e besta-humana, Neide acabou se casando com um funcioná-rio do presídio.

ESTAdo dE mINAS - p. 13 - 11.01.2011 AmoR, ÓdIo E moRTE

Fúria femininaMulheres são minoria entre assassinos. Especialistas apontam o machismo como principal causa dos crimes cometidos por elas

21

Page 23: 11 de jan 2011

Renata Mariz

Brasília – “Depois que dei o primeiro furo nela, não lembro mais de nada, mas ‘Sua’ Excelência falou que foram 16”, conta Jorge*. Preso desde setembro de 2008, o homem de 49 anos, estatura média, pele morena, bigode bem apa-rado e mãos algemadas encerra assim o relato sobre como matou a mulher com quem se relacionava havia 14 anos. O processo revela, entretanto, que, depois das estocadas com uma chave de fenda, na beira de uma estrada, à noite, no Recanto das Emas, cidade do Distrito Federal, Jorge ateou fogo nas partes íntimas de Denise*, ainda com vida. Tama-nha brutalidade destoa do sentimento que o confeiteiro dizia nutrir pela vítima. A tese da paixão, aos poucos, deixou de encontrar guarida nos tribunais, em laudos psiquiátricos e na própria sociedade. O que, então, leva homens e mulheres, na maioria das vezes acima de qualquer suspeita, a matar pessoas para as quais fizeram juras de amor?

Atrás de respostas, o Estado de Minas entrevistou homi-cidas passionais, promotores, defensores públicos, criminó-logos, juízes e psiquiatras forenses. O resultado está na série Amor, ódio e morte, que começa hoje e vai até terça-feira.

Para Luiz Carlos Illafont Coronel, psiquiatra forense da Associação Brasileira de Psiquiatria, o problema todo está no sentimento de poder sobre o outro. “Evoluímos muito nas relações jurídicas, no uso do corpo, nos papéis sociais, mas do ponto de vista emocional ainda há fortemente o para-digma baseado na posse”, sintetiza o especialista. Ninguém sabe, ao certo, quantos dos 50.518 homicidas atualmente atrás das grades no país protagonizaram um crime passional. Mas não são poucos. Somente nos últimos 20 dias, 10 pes-soas morreram pelas mãos de algozes com os quais, um dia, partilharam sentimentos nobres (veja quadro abaixo). Isso sem contar os episódios que não chegam ao conhecimento da sociedade.

Um perfil traçado por Luiza Nagib Eluf, procuradora de Justiça de São Paulo e uma das maiores estudiosas do as-sunto no Brasil, aponta o homicida passional como homens de meia-idade, inseguros, que consideram a mulher um ser inferior, ao mesmo tempo em que a elegem o ‘problema’ mais importante de suas vidas. “Quanto mais velho, mais inseguro, mais ciumento e com menor desempenho sexual. Revoltado contra a própria natureza e sentindo-se proprietá-rio de uma parceira mais jovem, esse homem não aceita uma separação ou traição”, destaca Luiza. A explicação da procu-radora se encaixa na análise que Jorge faz da própria história — menos sobre a diferença de idade de Denise, oito anos mais jovem que ele, e mais quanto à ira provocada pela trai-ção da mulher. “Houve desrespeito dela em sair com outro na minha frente. Eu cuidei muito bem dessa pessoa, construí uma casinha para ela, ajudei nos estudos”, cobra o homem.

Embora o arrependimento não seja claramente expres-

sado por Jorge, que parece evitar palavras fortes, ele afirma ter vontade de voltar no tempo. “Queria levantar aquela mu-lher e devolver a vida a ela. Às vezes, penso como posso ter atingido alguém de quem gostava tanto”, ressalta. Passados dois anos e meio do crime, ele garante que continua não se lembrando do momento exato do assassinato. Talvez por-que tivesse misturado dois tipos de bebida alcoólica antes de assassinar a companheira. Psiquiatra forense famoso por laudos memoráveis, como o de Chico Picadinho e do Bandi-do da Luz Vermelha, Antonio José Eça destaca ser possível, especialmente em um momento de embriaguez, a falta de recordação dos fatos. No entanto, desconfia desse tipo de relato. “Muitas vezes, faz parte de uma estratégia de defesa”, critica o especialista.

Com experiência de cerca de 300 júris como defenso-ra pública, Leandra Paronuto afirma que pelo menos 90% dos homicidas passionais estavam bêbados na hora do cri-me, assim como 70% das vítimas. O psiquiatra Luiz Carlos corrobora a observação da defensora, apontando o álcool, a cocaína e o crack como drogas liberadoras. “Elas liberam os demônios que temos dentro de cada um de nós”, afirma o médico. Ao contrário de todas essas evidências jurídicas e científicas, o exame toxicológico de Adriano* deu negativo. Ele ainda lembra do espanto da delegada de Santa Maria, cidade do Distrito Federal. “Ela disse: ‘Você não tem passa-gem, não usa drogas, é bom funcionário, por que não deixou essa mulher ir embora?’”, conta o cearense de 29 anos que mora na capital há 14. Depois de quatro anos do crime co-metido, a resposta é a mesma: “Fiquei cego”.

A história, que terminou com o assassinato de Lorena*, no início de 2007, começou bem antes. Ela conheceu Adria-no na igreja que ambos frequentavam. Namoraram por um ano para, em seguida, casarem-se no civil e no religioso. Nos sete anos juntos, compraram um carro, uma casa finan-ciada pela Caixa Econômica Federal e tiveram uma filha. A vida deles sempre foi considerada, até por familiares da vítima, equilibrada. Adriano, que tem o ensino médio com-pleto, nunca ficou sem trabalhar. Orgulha-se dos 12 cursos que fez, quase todos na área de segurança. Lorena era cai-xa de uma drogaria. Ele conta que, certo dia, ao esquecer o crachá da empresa onde atuava como vigilante, voltou para casa, quando flagrou a mulher com outra na cama. Menos de um mês depois, ele fingiu que ia trabalhar e, de volta ao lar, a cena se repetiu. No meio da discussão, Lorena avisou que ia sair de casa para ficar com a mulher.

“Falei que se ela não fosse minha não seria de mais nin-guém. Depois daí, tenho um branco na minha cabeça. Os vizinhos disseram que me viram saindo de casa, de bermu-da, descalço, sujo de sangue e com minha filha no colo”, recorda Adriano. Ele foi para a casa da mãe, contou o que havia ocorrido e se entregou à polícia. Condenado a 16 anos e seis meses de reclusão, Adriano obteve o direito ao traba-

ESTAdo dE mINAS – p. 10 E 11 - 09.01.2011 AmoR, ÓdIo E moRTE

Paixão assassinaSérie do Estado de Minas mostra o que se passa na cabeça e no coração de quem mata a

pessoa pela qual fez juras de amor. Somente nos últimos 20 dias, foram 10 casos em todo o Brasil

22

Page 24: 11 de jan 2011

lho externo e visita os familiares quinzenalmente. Em duas ocasiões, levou flores ao túmulo da ex-esposa. Quanto à filha, que nunca mais viu por imposição da família da ex-mulher, pretende ingressar com uma ação na Justiça para regulamentar visitas e dar a pensão alimentícia com o auxí-lio-reclusão a que tem direito. “Vou explicar a ela que não sou um monstro”, planeja. O problema é que, muitas vezes, o próprio Adriano parece duvidar disso. Perguntado sobre quantos golpes deu em Lorena com a faca de cortar pão, ele diz: “Essa é a única coisa que não gosto de falar. Minha mãe me contou, mas eu não acreditei que tinha feito isso com ela”. O laudo cadavérico identificou 29 facadas.

(*) Nomes fictícios para preservar a identidade dos en-trevistados e das vítimas

CRIMES PASSIONAISaiba mais sobre os 10 casos que chegaram ao noticiá-

rio nos últimos 20 dias de homens e mulheres que mataram companheiros

Rio de Janeiro (RJ), 19 de dezembro de 2010Luís Felipe Anacleto da Cruz, agente penitenciário de

35 anos, disparou de cinco a seis tiros contra a esposa, Ca-rina de Aguiar, de 31 anos, dentro do apartamento do casal, na Praia de Botafogo.

Camaragibe (PE), 19 de dezembro de 2010Durante o próprio casamento, Rogério Damascena, de

29 anos, anunciou uma surpresa. E matou a noiva, Renata Alexandre Silva, de 25 anos, e o amigo e padrinho, Marcelo Guimarães, 40 anos, que era seu chefe. Depois se matou.

]Ceilândia (DF), 19 de dezembro de 2010Uma menor matou, com uma facada no peito, o com-

panheiro, Éric Gladson Fonseca Gomes, durante uma briga, de madrugada. Ela alegou ter sido agredida pela vítima e de tê-la esfaqueado porque tentava se defender.

São Paulo (SP), 23 de dezembro de 2010

A delegada Denise Quioca foi morta pelo ex-policial civil Fábio Agostino Macedo, com quem namorou por nove anos, e de quem, desde janeiro do ano passado, estava sepa-rada. Dezessete disparos mataram Denise, meses depois de ter registrado ocorrência de agressão contra o ex.

Abreu e Lima (PE), 25 de dezembro de 2010Lúcia Maria Bezerra, 52 anos, foi assassinada a facadas

pelo companheiro, Juvanil de Lima, durante uma briga na Região Metropolitana de Recife. O motivo foi a desconfian-ça da mulher quanto à fidelidade do marido.

Mandaguari (PR), 29 de dezembro de 2010Dival Peres Pepinelli, 55 anos, matou a esposa, Maria

José Braga Pepinelli, 54, com 17 facadas em um sítio. Os golpes atingiram toda a região do tronco da mulher, incluin-do braços e pescoço.

Serra (ES), 1º de janeiro de 2011Por ciúmes da ex-mulher, Reinaldo Ferreira Apolinário,

25 anos, matou a facadas a auxiliar de limpeza, Edilene Za-nela Sarmento, 22, e feriu o namorado dela, Adelson dos Santos Reis, 28.

Osasco (SP), 2 de janeiro de 2011Pouco antes de 1h da manhã, um homem matou a espo-

sa com seis facadas em Osasco. O nome do autor e da vítima foram preservados pela polícia.

Londrina (PR), 3 de janeiro de 2011Deolinda Araujo de Moraes, 41 anos, matou com duas

facadas na região do pescoço e do tórax o marido, Antônio Sibim, 65, após uma discussão. Ela alegou apanhar e receber ameaças constantes de morte do companheiro.

Toledo (PR), 5 de janeiro de 2011João Batista de Brites, 40 anos, matou a esposa, a cos-

tureira Celir Coles de Brites, 39, com um tiro na cabeça. Depois, ele tentou suicídio, mas foi socorrido pelos bom-beiros.

ESTAdo dE mINAS – p. 10 E 11 - 09.01.2011

Não retornar aos presídios após a saída temporária para os feriados foi a opção de 78 detentos que tiveram direito ao benefí-cio no fim do ano passado em Minas Gerais - cerca de 2% do total de 3.826 presos que puderam passar o Natal e o réveillon com a família.

Apesar do alerta, o índice é considerado positivo pela Secre-taria de Estado de Defesa Social (Seds) se comparado ao do mes-mo período em 2009, quando 178 dos 5.155 presos beneficiados não se reapresentaram às suas unidades prisionais - aproximada-mente 3,45%.

Segundo o secretário adjunto de Defesa Social, Genilson Ze-ferino, o número de presos foragidos no Estado vem diminuindo devido ao acompanhamento e à orientação. “Antes da concessão do benefício, realizamos ações de ressocializa-ção e avaliação psi-cológica. A partir daí, são apontados quais serão os presos benefi-ciados”, declarou.

O Programa Individual de Ressocialização (PIR) é voltado

para os detentos que já cumpriram o mínimo da pena em regime fechado, antes de serem transferidos para o sistema semiaberto - eles passam a ter direito a 35 saídas durante o ano.

Segundo a avaliação do pesquisador Robson Sávio Souza, do Centro de Estudos de Crime e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (Crisp/UFMG), a ameaça de regressão da pena também é outro facilitador para a redução das fugas. “Para quem já está no sistema semiaberto, não voltar para a penitenciária pode significar a volta para o regime fechado, tudo o que o preso não deseja”, argumentou.

Tornozeleiras. Diferentemente do Estado de São Paulo, que reduziu o número de detentos foragidos por meio da utilização de tornozeleiras eletrônicas, em Minas Gerais o equipamento será utilizado apenas no monitoramento de presos em regime semia-berto. De acordo com Zeferino, as tornozeleiras eletrônicas devem ser implantadas no sistema prisional de Minas Gerais ainda neste ano, após a escolha da tecnologia aplicada.

o TEmpo - oN LINE - 11.01.2011Benefício.Saldo do último período de feriados é considerado positivo quando comparado ao de 2009

Após saída temporária, 78 presos permanecem nas ruas

23

Page 25: 11 de jan 2011

o GLoBo - p. 3 - 11.01.2011

24

Page 26: 11 de jan 2011

CoNT... o GLoBo - p. 3 - 11.01.2011

25

Page 27: 11 de jan 2011

HoJE Em dIA - p. 21 - mINAS - 11.01.2011

Recrutamento de policiais é deficienteEspecialistas cobram maior rigor e controle na seleção para ingresso

nas polícias Civil e Militar de Minas Gerais

26

Page 28: 11 de jan 2011

o GLoBo - p. 3 - 09.01.2011

“No Brasil todo há grupos de extermínio”Para ouvidor violações de direitos humanos são alimentadas pela negligência do Judiciário e pelo corporativismo policial

27

Page 29: 11 de jan 2011

CoNT.... o GLoBo - p. 3 - 09.01.2011

28

Page 30: 11 de jan 2011

CoNT.... o GLoBo - p. 3 - 09.01.2011

dIÁRIo do ComÉRCIo - p. 26 - 11.01.2010

29

Page 31: 11 de jan 2011

VEJA - Sp - p. 57 - 12.01.2011

30

Page 32: 11 de jan 2011

CARTA CApITAL - p. 70 A 73 - 12.01.2011

31

Page 33: 11 de jan 2011

32

CoNT.... CARTA CApITAL - p. 70 A 73 - 12.01.2011

Page 34: 11 de jan 2011

33

CoNT.... CARTA CApITAL - p. 70 A 73 - 12.01.2011

Page 35: 11 de jan 2011

Em construção há quatro anos, quando finalmente ter-minada a nova sede do Tribu-nal Superior Eleitoral (TSE) deverá pôr fim a uma dúvida que assalta os contribuintes: qual é o “palácio” mais sun-tuoso do Poder Judiciário? O Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Tribunal Superior do Trabalho (TST), que hoje disputam essa ominosa hon-raria, perderão a vez.

Com 115,5 mil metros quadrados, mobiliário lu-xuoso, gabinetes privativos com banheiros majestosos e 23 pórticos com detectores de metais, a obra, repetindo o que aconteceu nas constru-ções das demais sedes de tri-bunais superiores no Distrito Federal, estourou o orçamen-to original - e ninguém, até recentemente, achou isso es-tranho. Quando o projeto foi anunciado, em 2007, a nova sede do TSE tinha um custo estimado em R$ 89 milhões. Em 2008, a dotação previs-ta pelo Orçamento-Geral da União foi aumentada para R$ 120 milhões. Em 2010, o TSE informou em seu site ter gasto nas obras cerca de R$ 285 milhões até o mês de julho. E, na semana passada, segundo os números do Sis-tema Integrado de Adminis-tração Financeira do Gover-no Federal (Siafi), a constru-ção já havia consumido mais de R$ 360 milhões.

A estimativa é de que, ao seu término, que está previsto para o final deste ano, ela de-verá ter um custo total de R$ 440 milhões. Como em todas as obras de edifícios públicos

em Brasília, o projeto arqui-tetônico - que custou R$ 5,9 milhões e foi escolhido sem licitação - é de autoria do es-critório de Oscar Niemeyer. Somente com mesas, cadei-ras, poltronas, móveis para a biblioteca e equipamentos de som, ar-condicionado, in-formática, aparelhos de cozi-nha, extintores de incêndio, cercas e portões os gastos serão superiores a R$ 76 mi-lhões. As medidas de segu-rança devem chegar a R$ 6 milhões. Os valores constam dos pregões registrados pelo TSE. A decoração dos gabi-netes dos ministros custará R$ 693 mil.

Alegando que o TSE fe-riu os princípios constitucio-nais da economicidade, da moralidade e da finalidade da administração pública e que o Tribunal de Contas da União (TCU) constatou indí-cios de superfaturamento e de outras graves irregularida-des, o Ministério Público Fe-deral (MPF) impetrou ação civil pública contra a última instância da Justiça Eleitoral. Em sua defesa, a direção do TSE afirma que vem toman-do providências para reduzir custos e explica que os mó-veis e equipamentos da sede atual serão levados para a nova. A aquisição de mais 4 mil peças de mobiliário seria apenas “complementar”.

Os custos absurdos são apenas um dos lados da questão. O outro - na verda-de, o principal - diz respeito à necessidade de a Justiça Eleitoral ter uma sede suntu-osa para abrigar sete minis-

tros - dos quais três integram o Supremo Tribunal Federal e dois pertencem ao Superior Tribunal de Justiça. Lá eles já dispõem de amplos ga-binetes e de estruturas pró-prias, o que torna a obra do TSE desnecessária.

O Tribunal Superior Eleitoral é o braço do Po-der Judiciário com menor demanda de serviços. Em 2009, ele recebeu somente 4.514 processos. No mesmo ano, o Supremo Tribunal Fe-deral recebeu mais de 103 mil ações e o STJ e o TST julgaram 354 mil e 204,1 mil processos, respectivamente.

Na realidade, o TSE é uma corte que atua basica-mente nos períodos eleitorais - a cada dois anos. Dos sete ministros, apenas dois preci-sariam de gabinetes, por não pertencerem aos quadros da magistratura. Eles represen-tam a classe dos advogados. Os profissionais que traba-lham com direito eleitoral consideram que a atual sede do TSE é mais do que sufi-ciente e adequada para suas atividades.

Nada justifica o tamanho e o luxo nababesco da nova sede do TSE. Em vez de gastar rios de dinheiro com palácios suntuosos e desne-cessários, a Justiça agiria de maneira mais responsável se concentrasse seus gastos na modernização e na melhoria de atendimento da primeira instância, para dar aos cida-dãos comuns que dependem de seus serviços o tratamen-to digno e eficiente a que têm direito.

o ESTAdo dE Sp - p. A3 - 11.01.2010

A suntuosa nova sede do TSE

34