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11 a 13 Outubro 2006 Seminário de Vilar Casa Diocesana Porto 1

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11 a 13 Outubro 2006 Seminário de Vilar Casa Diocesana Porto 1

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2 III CONGRESSO NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS

> DRA. ANA BERNARDO Médica Residente do Hospital Residencial do Mar; Assistente de Clínica Geral; Mestre em Cuidados Pali-ativos. > DR. ANTÓNIO LOURENÇO MARQUES Chefe de Serviço de Anestesiologia; Professor Associado Convidado da Faculdade de Ciências da Saúde da UBI; Director do Serviço de Medicina Paliativa, Centro Hospitalar Cova da Beira, EPE. > DRA. CRISTINA GALVÃO Licenciada em Medicina; Especialista em Medicina Geral e Familiar; Mestre em Gerontologia e em Cuidados Paliativos; Assistente Graduada de Clínica Geral no Centro de Saúde de Serpa, Sub-Região de Saúde de Beja; Assistente da disciplina de Clínica Geral da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa. > DRA. EDNA GONÇALVES Directora do Serviço de Cuidados Paliativos do IPO, Porto; Especialista em Oncologia e Medicina Interna; Mestre em Oncologia; Pós-graduação em Medicina Paliativa e em Medicina da Dor; Docente do Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar. > DRA. ISABEL COSTA Serviço de Cuidados Paliativos, IPO Francisco Gentil, EPE, Porto; Pós-graduação em Medicina da Dor. > DRA. ISABEL GALRIÇA NETO Mestre em Cuidados Paliativos; Directora da Unidade de Cuidados Paliativos e da U.C. Continuados do Hospital da Luz; Acessora da Direcção Clínica; Assistente da Faculdade de Medicina de Lisboa. > DR. JOÃO MOTA DIAS > ENFº MIGUEL TAVARES Enfermeiro Graduado, no Serviço de Cuidados Paliativos do IPO, Porto, Formador em serviço no mesmo serviço; Licenciado em Enfermagem pela Escola Superior de Enfermagem de D. Ana Guedes, Porto; Licenciado em Ciências da Educação na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação pela Universidade de Lisboa.

COMISSÃO ORGANIZADORA

DRA. ANA BERNARDO > PROF. DOUTORA ANA ESCOVAL Professora Auxiliar de Políticas e Administração de Saúde na Escola Nacional de Saúde Pública; Membro fundador do Observatório Português dos Sistemas de Saúde. > DR. ANTÓNIO LOURENÇO MARQUES > DRA. BETTINA HUSEBO Médica da Unidade de Cuidados Geriátricos e Paliativos do Hospital de Bergen. > ENFª CATARINA SIMÕES Enfer-meira Graduada, Serviço de Cuidados Paliativos do IPO, Porto. > DRA. CONCEIÇÃO PIRES > DRA. CRISTINA GALVÃO > DRA. EDNA GONÇALVES > DR. EMÍLIO HERRERA Director Geral de Atención SocioSanitária y Salud, Serviço Estremeño de Salud. > ENFª FÁTIMA FERREIRA Licenciatura em Enfermagem; Pós-graduação em Enfermagem Oncológica; Mestranda no Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar do Porto. > PROF. DOUTOR FAUSTO PINTO Professor Associado com Agregação da FML; Assistente Hospitalar Graduado do HSM, Lisboa; Director Instituto Cardiovascular de Lisboa. > DR. FERRAZ GONÇALVES Especialista em Medicina Interna e em Oncologia Médica; Chefe do Serviço de Cuidados Paliativos do IPO, Porto; Fundador e primeiro responsável pela primeira Unidade de Cuidados Paliativos do País; Fundador e primeiro Presidente da Associação Nacional de Cuidados Paliativos; Membro do Research Steering Committee da Asso-ciação Europeia de Cuidados Paliativos. > DRA. HELENA SALAZAR > ENFº HENRIQUE DIAS > ENFª HIRONDINA GUARDA Enfermeira Graduada; Coordenadora da Equipa de Cuidados Continuados do Centro de Saúde da Lapa; Mestre em Cuidados Paliativos. > DRA. ISABEL GALRIÇA NETO > DR. JAVIER ROCAFORT Coordenador do Programa Regional de Cuidados Paliativos, Serviço Estremeño de Salud; Membro da Direcção da SECPal. > DR. JOÃO SEQUEIRA CARLOS Médico de Família Centro de Saúde de Benfica; USF Rodrigues Miguéis; Núcleo de Cuidados Paliativos da APMCG. > DR. JOSEP PORTA Especialista en Medicina Interna; Doctor en Medicina por la Universidad de Lleida; Master en Cuidados Paliativos por la Universidad de Barcelona; Master en Bioética por la Universidad Autónoma de Barcelona; Coordinador Médico del Servicio de Cuidados Paliativos del Institut Català d’Oncologia. > DRA. MADALENA FEIO Assistente Hospitalar de Medicina Interna, HES, Évora. > DR. MANUEL CUTILEIRO FERREIRA Especialista em Medicina Geral e Familiar; Assistente Eventual do Centro de Saúde de Odivelas. > ENFº MANUEL LUÍS CAPELAS > ENFª MARIA JOSÉ GONÇALVES Enfermeira Graduada Centro de Saúde de Odivelas, Equipa de Cuidados Continuados. > DRA. MARIA NABAL Responsável da equipa de suporte em Cuidados Paliativos do Hospi-tal Universitário de Lérida; Directora da revista Medicina Paliativa. > DRA. MARILÈNE FILBET Presidente de EAPC; Chef de Service Centre de Soins Palliatifs, CHU, LYON. > DR. MIGUEL CUERVO PINNA Médico Internista; Formación avanzada en Cuidados Paliativos (Madrid, Cataluña); Coordinador del Equipo de Soporte de Cuidados Paliativos de Badajoz. > ENFº MIGUEL TAVARES > ENFª NÉLIA TRINDADE > ENFª PAULA SAPETA > SR. PEDRO BELLO Membro da Acreditar > DR. RICHARD HAIN LATCH Senior Lecturer and Honorary Consultant in Paediatric Palliative Medicine, Department of Child Health, Cardiff School of Medicine, University Hospital of Wales. > DRA. RITA SIL-VEIRA MACHADO Psicóloga Clínica; Mestre em Sexologia. > DR. STEIN HUSEBO Professor Honorário da Universidade de Graz; Director da Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital de Bergen. > PROF. DOUTOR TELMO BAPTISTA > DRA. VIVELINDA GUERREIRO Núcleo de Cuidados Paliativos, Centro de Bioética da Fac. de Medicina, Lisboa. > PROF. DOUTOR WILSON C. ABREU Doutorado em Ciências da Educação, pela Universidade de Lisboa, com Mestrado na mesma disciplina pela mesma Universidade. Docente na Universidade do Porto, na Escola Superior de Enfermagem de D. Ana Guedes.

> DRA. CONCEIÇÃO PIRES Assistente Hospitalar de Medicina Interna; Directora da Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital de São João, Porto. > DRA. HELENA SALAZAR Psicóloga, Unidade Oncologia do Hospital Vila Franca de Xira; Mestre em Cuidados Paliativos. > DR. JOSÉ EDUARDO OLIVEIRA Especialista em Medicina Geral e Familiar; Mestrando em Cuidados Paliativos. > DRA. MADALENA FEIO Assistente Hospitalar de Medicina Interna, HES, Évora. > ENFº MANUEL LUÍS CAPELAS Licenciatura em Enfermagem; Pós-graduação em Cuidados Paliativos; Mestrando em Cuidados Paliativos; Professor Assistente na Escola Superior de Enfermagem S. Francisco das Misericór-dias. > ENFª NÉLIA TRINDADE Enfermeira Especialista em Enfermagem de Reabilitação; Colaboração na Gestão do Centro de Saúde de Odivelas; Membro da ANCP; Membro do Grupo ministerial para o desenvolvimento dos cuidados de Saúde às pessoas idosas e aos cidadãos em situação de dependência. > ENFª PAULA SAPETA Professora Coordenadora na Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias de Castelo Branco; Pós-graduada em Cuidados Paliativos; Mestre em Sociologia; Doutoranda em Enfermagem. > PROF. DOUTOR TELMO BAPTISTA Professor na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa; Presidente da Associação Portuguesa de Terapias Comportamental e Cognitiva (APTCC); Presidente da Associação Pró-Ordem dos Psicólogos (APOP).

ORADORES

COMISSÃO CIENTÍFICA

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11 a 13 Outubro 2006 Seminário de Vilar Casa Diocesana Porto 3

8.30h ABERTURA DO SECRETARIADO

9.30-12.30h W1 - CONTROLO DA DOR > Sala 101

COORDENAÇÃO: Dra. Ana Bernardo

Dr. António Lourenço Marques

COLABORAÇÃO: Enf.º Henrique Dias

W2 - MEDOS DOS PROFISSIONAIS > Sala 205

COORDENAÇÃO: Dra. Helena Salazar

W3 - REQUISITOS PARA A FORMAÇÃO > Sala 222

COORDENAÇÃO: Enf.º Miguel Tavares

FORMAÇÃO POR E-LEARNING: Dra. Vivelinda Guerreiro

FORMAÇÃO DE ADULTOS: Prof. Doutor Wilson C. Abreu

12.30-14.00h Intervalo para Almoço

14.00-16.30h W4 - CUIDADOS NA AGONIA > Sala 101

COORDENAÇÃO: Enf.ª Nélia Trindade

COLABORAÇÃO: Dra. Conceição Pires

Enf.ª Catarina Simões

W5 - COMUNICAÇÃO/CONFERÊNCIA FAMILIAR > Sala 205

COORDENAÇÃO: Dra. Isabel Galriça Neto

COLABORAÇÃO: Enf.ª Fátima Ferreira

W6 - ORGANIZAÇÃO DE CUIDADOS PALIATIVOS > Sala 222

COORDENAÇÃO: Dra. Edna Gonçalves

COLABORAÇÃO: Dr. Emílio Herrera

Dr. João Sequeira Carlos

17.00-18.00h SESSÃO INAUGURAL / CONFERÊNCIA DE ABERTURA AS PERDAS E O AMOR EM CUIDADOS PALIATIVOS (CP)

Dr. Stein Husebo

18.00h Fim das sessões do 1º dia

WORKSHOPS11 OUTUBRO 2006

4ª FEIRA

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4 III CONGRESSO NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS

8.00h ABERTURA DO SECRETARIADO

9.00-10.30h AVANÇOS NA INVESTIGAÇÃO EM CP Dra. Maria Nabal

AS NECESSIDADES DOS DOENTES EM CP Dra. Helena Salazar

DISCUSSÃO

10.30-10.45h Intervalo/café

10.45-12.30h PAINEL 1 CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS COORDENAÇÃO: Dra. Ana Bernardo

TEMAS E PRELECTORES:

PERSPECTIVA GERAL Dr. Richard Hain

CP PEDIÁTRICOS NA COMUNIDADE Dra. Ana Bernardo e Enfª. Maria José Gonçalves

INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA NAS CRIANÇAS EM CP Dra. Rita Silveira Machado

TESTEMUNHO DE UM PAI Sr. Pedro Bello (Membro da Acreditar)

DISCUSSÃO

12.30-14.00h Intervalo para Almoço

14.00-14.30h VISITA AOS POSTERS COORDENAÇÃO: Prof. Doutor Telmo Baptista e Dra. Cristina Galvão

14.30-16.15h PAINEL 2 CRITÉRIOS DE QUALIDADE /FINANCIAMENTO DE SERVIÇOS EM CP COORDENAÇÃO: Enfº. Manuel Luís Capela

TEMAS E PRELECTORES:

INDICADORES DE QUALIDADE DE CUIDADOS EM CP Dr. Javier Rocafort

ANÁLISE DE CUSTOS NUMA UNIDADE DE CP EM PORTUGAL Dra. Edna Gonçalves

FINANCIAMENTO DE UNIDADES DE CP EM PORTUGAL Prof. Doutora Ana Escoval

DISCUSSÃO

14.30-16.00h COMUNICAÇÕES LIVRES COORDENAÇÃO: Enfª. Paula Sapeta e Dra. Conceição Pires

> Sala 205 e 222

16.15-16.45h Intervalo/café

16.45-17.30h CONFERÊNCIA 2 PROCESSO E TOMADA DE DECISÃO EM CP Dra. Isabel Galriça Neto

17.30h ASSEMBLEIA GERAL DA ANCP

PROGRAMA12 OUTUBRO 2006

5ª FEIRA

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11 a 13 Outubro 2006 Seminário de Vilar Casa Diocesana Porto 5

8.00h ABERTURA DO SECRETARIADO

9.00-10.30h FORMAÇÃO EM CP Dra. Marilène Filbet e Enf.º Manuel Capelas

NOVOS FÁRMACOS EM CP - RAZÕES PARA UTLIZAR METADONA, OXICODONA (…) Dr. Josep Porta DISCUSSÃO

10.30-10.45h Intervalo/café

10.45-12.30h PAINEL 3 CUIDADOS PALIATIVOS NÃO ONCOLÓGICOS COORDENAÇÃO: Dra. Isabel Galriça Neto

TEMAS E PRELECTORES:

CP EM GERIATRIA Dra. Bettina Husebo

CP NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Prof. Doutor Fausto Pinto

CP NAS DOENÇAS NEURO MUSCULARES Dr. Manuel Cutileiro Ferreira

DISCUSSÃO

12.30-14.00h Intervalo para Almoço

14.00-14.30h VISITA AOS POSTERS COORDENAÇÃO: Prof. Doutor Telmo Baptista e Dra. Cristina Galvão

14.30-16.15h PAINEL 4 CONTROLO DE SINTOMAS COORDENAÇÃO: Dra. Madalena Feio

TEMAS E PRELECTORES:

DISPNEIA Dr. Miguel Cuervo Pinna

DELÍRIO Dr. Ferraz Gonçalves

AVALIAÇÃO E MONITORIZAÇÃO DE SINTOMAS Dra. Ana Bernardo e Enfª. Hirondina Guarda

DISCUSSÃO

14.30-16.00h COMUNICAÇÕES LIVRES COORDENAÇÃO: Enf.ª Paula Sapeta e Dra. Conceição Pires

> Sala 205 e 222

16.15-16.45h Intervalo/café

16.45-17.30h CONFERÊNCIA 3 PROGNOSTICAR EM CP MITO OU REALIDADE? Dra María Nabal

17.30 h SESSÃO DE ENCERRAMENTO

ENTREGA DE CERTIFICADOS

PROGRAMA13 OUTUBRO 2006

6ª FEIRA

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6 III CONGRESSO NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS

CL 1O Sofrimento do doente em fim de vida e da famíliaMaria Manuela Amorim Cerqueira, Mestre em Cuidados Paliativos, Docente na Escola Superior de Enfermagem de Viana do Castelo; Albertina Álvaro Marques, Mestre em Ciências de Enfermagem.Numa sociedade em que se cultiva a juventude e a beleza, quando surge um processo de doença é normalmente encarada pelo homem como fonte de sofrimento, pois vê-se confrontado com a fragilidade e finitude da vida, gerando sentimentos de angústia, de desespero, de revolta, de culpa, enfim, sentimentos que se encontram na esfera do sofrimento humano. O corpo deteriora-se, colocando-se a questão da morte a qual representa o fim de todo um sofrimento vivido, constatado por os resultados de alguns estudos e pela prática de cuidar através de alguns discursos dos familiares em que manifestam o desejo: “ Que Deus o leve”.Assim, cuidar do doente em fim de vida e da família em sofrimento, toca em particular, os profissionais de saúde educados para o curar, e, em que as políticas de cuidados de saúde hospitalar são orientadas, sobretudo para o tratamento da doença, reabilitação de indivíduos e integração social. Torna-se assim, indispensável que olhemos para o outro, acompanhando-o no seu processo de doença, ajudando-o a encontrar um novo sentido de vida. Parece poder dizer-se: Se quem cuida recusa o sofrimento, está ele próprio a recusar o seu próprio sentido de viver. Vasco Magalhães (2002:1159) afirma que o sentido de vida reside na própria pessoa “ o ir de si para o outro”.No contacto que se vai estabelecendo com os doentes em fim de vida e suas famílias escutamos muitas vezes “ Sr.ª enfermeira acabe com este sof-rimento” no entanto raras vezes se encontra pedidos para acabar com a vida. Por outro lado, os profissionais pensam muitas vezes “ porque é que este doente sofre?”, “ será que estamos a exercer uma má prática clínica?”. Estas e outras questões conduzem-nos a um debruçar atento sobre as estratégias utilizadas pelos enfermeiros no alívio do sofrimento do doente em fim de vida e das famílias. Refere Dame Cicely Saunders que “O sofrimento só é intolerável se ninguém cuida”1.Torna-se assim, importante clarificar as estratégias de cuidados mobilizados pelos enfermeiros no alívio do sofrimento do doente em fim de vida e da família em contexto hospitalar. Os cuidados paliativos inscrevem-se numa etapa de vida onde a reflexão do cuidar em enfermagem, as relações humanas e o trabalho pluridisciplinar têm um papel fundamental. A eficiência dos cuidados paliativos depende de uma verdadeira interacção entre doente/cuidador/profissional de saúde, todos eles com necessidades e funções específicas que conduzem à necessidade de satisfação também úni-cas. Para alcançar um estado de bem-estar, o indivíduo deve ter a percepção que as suas necessidades são satisfeitas. A definição de Cuidados Paliativos da OMS, divulgada em 1990, destaca a necessidade de oferecer a máxima qualidade de vida possível ao indivíduo com doença avançada, incurável e progressiva. Palavras-chave: cuidados paliativos; sofrimento; doente terminal; família; enfermeiros.1. Citado por Pessini, Léo, Barchifontaine, Christian de Paul in Problemas actuais de Bioética, edições Loyola, pág. 285.

RESUMOSCL 2Quando a Alma Dói – pensar o sofrimento em fim de vidaAna Maria Pacheco Viana Ribeiro, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Unidade de Hepatologia; Joana Clara da Silva Madeira, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Unidade de Nefrologia Pediátrica; Susana Maria dos Santos Martins de Jesus, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Medicina II-DComo objectivo principal para a comunicação definimos:Alertar os profissionais de saúde para a importância do sofrimento vivido pelos doentes em fim de vida.Dor e sofrimento são experiências íntimas e solitárias. Mas será que se pode compartilhar a dor? Esta revela-se tão mais significativa e tão mais dor quan-to mais solitária. A dor compartilhada alivia a dor sofrida. Perante a ameaça iminente de morte que assola diariamente o indivíduo em estado terminal, estes conceitos revestem-se de extrema importância. As máquinas não foram formatadas para cuidar. Não percebem o significado de DOR, SOFRIMENTO, FRAGILIDADE, RESPEITO, DIGNIDADE HUMANA...Máquinas não se condoem com a vulnerabilidade humana perante a doença, na percepção da dor, no confronto com a sua finitude… não ouvem, não falam, não dão uma mão, não respondem com um olhar…não respeitam silêncios muitas vezes tão desejados, não confortam… Tendo por base as ideias supra citadas, pareceu-nos pertinente trazer este tema a debate para que todos os profissionais se consciencializem que tam-bém a pessoa em sofrimento emocional precisa encontrar algum alívio, pois o facto de ter uma doença terminal não lhe retira a condição de ser um cidadão de plenos direitos, confere-lhe, isso sim, uma especial atenção porque se encontra num grupo particularmente fragilizado e vulnerável.

CL 3O Sofrimento dos Enfermeiros que Cuidam de Crianças em Fase Terminal de VidaElizabete Maria das Neves Borges, Mestre em Bioética, Enfermeira Especialista em Enfermagem na Comunidade, Enfermeira Responsável do Serviço de Pneumologia do Hospital de Joaquim Urbano – PortoO desenvolvimento técnico e científico, entre outros factores, conduziu a alterações no curso de inúmeras patologias que afectavam o ser humano, nomeadamente as crianças.A enfermagem, pela natureza e complexidade da sua actividade, representa uma profissão, sujeita a riscos profissionais, de que é exemplo o objecto deste estudo, ou seja, o sofrimento dos enfermeiros resultante da percepção que têm do sofrimento da criança e o stresse que a este se associa. Neste contexto, o enfermeiro é ao mesmo tempo, alguém de quem se espera suporte e apoio, mas também alguém que pode ficar vulnerável. Este estudo teve por finalidade conhecer a percepção do sofrimento dos en-fermeiros quando prestam cuidados de enfermagem a crianças, com doença crónica ou em fase final de vida. O estudo situa-se no paradigma de investi-gação qualitativa. Seguimos, dentro do paradigma qualitativo, uma orientação fenomenológica. Optámos, ainda, por uma combinação de métodos, tendo sido utilizada uma abordagem quantitativa das respostas ao stresse e recur-sos de coping, como estratégia para aumentar a fiabilidade dos dados e das conclusões. O contexto do estudo situa-se num Hospital Pediátrico.

COMUNICAÇÕES LIVRESOUTUBRO 2006 | 5ª FEIRA 12

14.30-16.00h > Sala 205

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Salientamos como conclusões do estudo, que fica evidente que o contacto com o sofrimento das crianças, pais e seus familiares constitui para os en-fermeiros uma fonte de sofrimento. Para superar os momentos emocional-mente mais duros, os enfermeiros adoptam estratégias de coping focadas na emoção e no problema. A gestão das emoções dos enfermeiros pode ser desenvolvida numa perspectiva individual ou organizacional. As repostas ao stresse prevalentes nos enfermeiros são: Negação; Raiva e Frustração.

CL 4Necessidades dos familiares cuidadores do doente oncológico terminal Maria Zita Castelo Branco, docente na Escola Superior de Enfermagem de Vila RealActualmente, o doente terminal passa a maior parte do curso da sua doença no domicílio, tendo internamentos cada vez mais curtos e sendo habitual-mente um familiar que se responsabiliza pela prestação de cuidados. Estes cuidadores são pessoas, mais mulheres do que homens, que se dedicam a uma importante actividade diária no cuidado de outras pessoas com de-pendência ou incapacidade permanente, pouco visível e reconhecida social-mente. O presente estudo teve como finalidade aprofundar o conhecimento sobre os familiares cuidadores dos doentes oncológicos terminais, bem como identi-ficar metas de orientação para as intervenções de enfermagem ao familiar cuidador do doente oncológico terminal.Foi efectuado um estudo descritivo simples incluindo 48 familiares cuida-dores de doentes oncológicos em fase terminal, inscritos e atendidos nas consultas de acompanhamento na Consulta de Oncologia e Hospital de Dia, de um Centro Hospitalar. Como instrumento de colheita de informação foi utilizado um formulário, a escala de Karnofsky,e o questionário de avaliação subjectiva da situação dos prestadores de cuidados a familiares (CADI) (Car-ers’ Assessment of Difficulties Index).Das características da população dos familiares cuidadores ressalta : uma idade média de 48,7anos que varia entre os 20 e os 86 anos; são na sua maioria mulheres (72,9%), casadas (85,4%); com baixo nível de escolari-dade; “não activos” em relação ao trabalho (64,6%), por isso aparentemente não remunerados; vivem no mesmo domicilio que o doente (81,0%) e são habitualmente os conjugues (43,8%) que têm a função de prestar cuidados, seguida das filhas, ou filhos (35,4%) e outros familiares (20,8%). Os resulta-dos mostram que a rede de apoio ao cuidador são maioritariamente outros fa-miliares (66,7%). As necessidades identificadas podem ser contextualizadas nas grandes dimensões do ser humano: dimensão física, afectiva, relacional e intelectual. Com base no modelo conceptual de Virgínia Henderson foram identificadas as seguintes necessidades percepcionadas pelos familiares cuidadores: necessidade de dormir e descansar; necessidade de mais in-formação; necessidade de comunicar com o familiar e com o profissional de saúde, necessidade de se divertir e de estar mais tempo com a família e com os amigos; necessidades emocionaisFace ao tipo de estudo realizado, os resultados obtidos são limitados ao seu contexto, não podendo ser generalizados fora dele. No entanto estes podem constituir um ponto de partida para intervir junto dos enfermeiros que cuidam do doente oncológico em fase terminal para que procurem também assistir o familiar cuidador.

CL 5Cuidar dos que cuidamGlória Cristina de Almeida Gonçalves, Serviço de Otorrinolaringologia (BO e Internamento), CHVNGaia; Isabel Cristina Rodrigues Valente, Serviço de Medicina III , CHVNGaiaQuando os profissionais de saúde se confrontam com o insucesso terapêutico surge a frustração chegando ao ponto de considerarem que não há mais nada a fazer. Perante a doença avançada surge a necessidade de cuidados paliativos, para os quais na nossa opinião os profissionais de saúde dos hos-

pitais centrais não se encontram preparados.Foi este processo de reflexão que nos levou a realizar esta comunicação.Pretendemos com este trabalho:- re flectir sobre alguns recursos necessários a quem cuida dos doentes em fase terminal- Alertar para a necessidade de cuidar dos profissionais que trabalham em cuidados paliativosPara cuidar de doente em fim de vida são necessários recursos pessoais e profissionais. Nos recursos individuais destaca-se a motivação. No que res-peita aos recursos profissionais, salienta-se a formação, um equipa multi-disciplinar, grupos de discussão e apoio psicológico. Na nossa prática de cuidados verifica-se que deve ser a instituição a fornecer os recursos profis-sionais, embora estes sejam indissociáveis das características individuais. Prestar cuidados a doentes em fim de vida é uma tarefa árdua.Bibliografia:TWYCROSS, Robert – Cuidados Paliativos. Lisboa: Climepsi Editores, 2003. 207 p. ISBN 972-796-093-6.AHYA, Patra [et all] – Desafios da Enfermagem em Cuidados Paliativos: Cui-dar ética e práticas. Lisboa: Lusociência, 2000.237 p. ISBN 972-8383-17-7 CARREIRAS, Elsa Maria Ganhão; ARRAIOLOS, Narcisa Isabel Picante – O en-fermeiro perante o doente que morre. “Nursing”. Lisboa. ISSN 0871-6196. Ano 14, nº168 ( Julho/Agosto 2002) p. 21-24.RODRIGUES, Ana X. – Dificuldades sentidas pelos enfermeiros que lidam com doentes portadores de cancro. “Nursing”. Lisboa. ISSN 0871-6196. Ano 16, nº 198 (Abril 2005) p. 30-37. PEREIRA, Maria Amélia; PINTO, Maria Augusta Sá – Aspectos do cuidar da pessoa em fim de vida. “Nursing”. Lisboa. ISSN 0871-6196. Ano 15, nº 193 ( Novembro 2004) p. 35-36

CL 6O desafio do cuidar na agoniaAna Ribeiro, Psicóloga, pós-graduada em Cuidados Paliativos, Centro de atendimento a toxicodependentes de Castelo Branco; Neuza Martins,. Enfermeira, pós-graduada em Cuidados Paliativos - Hosp. Amato LusitanoNa sociedade actual a morte é mal aceite e considerada um tabu. Esta per-spectiva é também, muitas vezes, compartilhada por profissionais de saúde que, se encontrando mais treinados para a cura, não aceitam a morte encar-ando-a como um fracasso. Esta visão pode, no seu limite, conduzir a inter-venções desadequadas no cuidado ao doente em fim de vida.Os Cuidados Paliativos consideram a morte como um processo natural, não a antecipando nem atrasando intencionalmente, propondo por isso como objectivos para esta fase da vida o proporcionar o máximo de conforto, quali-dade de vida e uma morte digna, sempre na perspectiva do doente.Os últimos dias de vida têm um elevado impacto emocional sobre o doente e família em consequência da rápida deterioração física e sentida proximi-dade da morte. Assim, para além de um bom controlo de sintomas é req-uerida a disponibilidade de uma equipa multidisciplinar capaz de acolher e dar resposta a todo o sofrimento do doente e família. Não existe consenso sobre a duração da fase de agonia. Esta caracteriza-se por alterações clíni-cas dinâmicas e pelo aparecimento de novos sintomas ou agravamento de alguns já existentes, com um acentuar da progressiva deterioração do estado físico do doente. Reconhecer os sinais e sintomas de agonia é um passo importante para toda a equipa assumir a irreversibilidade da situação, concordando que é indispen-sável redefinir objectivos (realistas) de actuação em conjunto com o doente e família e definir um plano de actuação adequado e individualizado.O objectivo das autoras é, através da “comunicação livre”, captar a atenção dos profissionais de saúde para o facto de que, sendo uma fase dinâmica, a atitude a adoptar não pode ser passiva ou evitativa. As constantes avaliações devem ser intensificadas no sentido de, em cada momento, ir de encontro às necessidades do doente e família, providenciando cuidados físicos, psicológi-cos, sociais e espirituais, evitando manobras invasivas desadequadas que apenas perturbam o bem- estar e conforto do doente.

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8 III CONGRESSO NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS

CL 7Con(viver) com a Morte - cuidar na AgoniaAna Maria Pacheco Viana Ribeiro, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Unidade de Hepatologia; Joana Clara da Silva Madeira, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Unidade de Nefrologia Pediátrica; Susana Maria dos Santos Martins de Jesus, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Medicina II-DHoje em dia, com a mesma facilidade que se prolonga a vida, e se alivia a dor e o sofrimento dos doentes terminais criam-se dilemas éticos, com respostas cada vez mais difíceis. O Homem passou a morrer sozinho, ou seja, longe do seu ambiente familiar, do que é seu! As famílias estão cada vez mais disper-sas e já não desempenham papeis de outrora. Coisas tão simples como velar um moribundo na paz da sua casa, desapareceram! Em vez disso morre-se no hospital!. Aqui, cabe ao enfermeiro proteger e defender a Vida em todas as circunstâncias, respeitando a sua integridade biológica, psíquica, social, cultural e espiritual.Encarar a morte é ainda uma tarefa difícil e complicada. Mais, ainda, é manter uma relação com o doente que vai morrer. Deviam, pois, os profissionais dis-cutir com os seus doentes os cuidados que estes esperam vir a receber nos últimos dias de vida, amenizando, desta forma, o desconforto provocado pela própria morte, e, ficando assim mais aliviados com o pensamento de que se fez aquilo que o doente queria que fosse feito!E é neste âmbito, com grande agrado, que vimos as Ciências da Saúde aparecerem com outra face. Uma face mais humana, voltada para o Homem enquanto Ser capaz de sentir e vivênciar a sua própria existência.A morte de uma pessoa é um momento muito intenso quer para o próprio quer para aqueles que lhe são próximos.O enfermeiro, como prestador directo de cuidados, torna-se num advogado do doente pois assegura, defende e zela para que os seus direitos, desejos e vontades sejam respeitados, mostrando-se disponível, escutando e ajudando o doente/família a dar sentido aos momentos que faltam viver.Estar disponível para ajudar a Morrer, é saber apoiar a dignidade, o amor-próprio, a vontade do doente até ao último momento da sua Vida. A intenção é a prática de cuidados de enfermagem adequados e compassivos, para maximizar o conforto e minimizar o sofrimento. O objectivo destes é uma prestação calma, sensível, individualizada, a cada pessoa, para que a agonia, (experiência humana final), seja tão livre de dor e ansiedade quanto possível.

CL 8Cuidar em Fim de Vida: Impacto nos ProfissionaisSusana Lourenço, Hosp. Curry Cabral; Tiago Cunha, IPO Lisboa“Assistir à morte em paz de um ser humano faz-nos recordar uma estrela cadente, uma de milhões de luzes num vasto céu que brilha durante um curto instante para se extinguir para sempre na noite sem fim”. (Kübler-Ross, 2005).De uma forma geral a morte é um acontecimento que a todos assusta e que nos lembra a nossa vulnerabilidade humana. A morte lembra-nos a nossa impotência e traz-nos frustração. Apesar de todos os avanços científicos e técnicos e do aumento da esperança de vida, a morte continua e continuará a ser uma ameaça do sentimento de omnipotência do homem. Cada um de nós reconhece que a sua vida é limitada no tempo, mas apesar disso, a morte continua a ser rejeitada e a ser recusada obstinadamente e ainda hoje é considerada um tabu na nossa sociedade.Apesar de sabermos que um dia vamos e temos que morrer, há sempre um misto de incerteza e desespero quando nos encontramos perante a morte.Poucos são os doentes que se encontram preparados para a morte e, muito menos são os profissionais de saúde preparados para a morte dos seus doentes. Face à aproximação da morte, o doente vive um processo psicológ-ico dramático e “…enquanto o doente faz este percurso, o técnico de saúde percorre um outro itinerário semelhante, sempre a convergir para a tentação de fuga e é essa tentação de fuga que urge vencer.” (Pinto, 1994).Desta forma pretende-se compreender o impacto nos profissionais de saúde

do cuidar em fim de vida, identificando factores de stress e sinais e sintomas de burnout, dando a conhecer estratégias de resolução e oportunidades de crescimento pessoal e profissional perante o cuidar em fim de vida.“A sociedade dessocializou a morte e encurralou-a nos hospitais ou noutras instituições onde o doente morre sozinho num quarto isolado, numa enferma-ria ou junto de sofisticadas máquina numa unidade de cuidados intensivos, mas sempre sozinho… sem ninguém que compartilhe o medo, a angustia, o sofrimento ou quem sabe, a paz e a alegria de quem parte. Morrer tornou-se hoje um momento solitário e demasiado triste para ser lembrado.” (Sapeta, 1998).Bibliografia: CERQUEIRA, Maria Manuela – O Cuidador e o Doente Paliativo. Formasau – formação e saúde, Lda. Coimbra.2005. p227. FEYTOR PINTO, V. – Entre a vida e a morte, a razão da esperança. In Servir. Vol.39, nº1. Jan/Fev.1991. p.14-15. HENNEZEL, Marie de – Diálogo com a Morte. 3ª Edição. Noticias Editorial. Maio de 1993. ISBN 972-46-0793-3.KÜBLER-ROSS, Elizabeth – Sobre a Morte e o Morrer. Livraria Martins Fontes Editora, Lda. São Paulo.2005. p296. LOFF, Ana – Que risco para o enfermeiro que presta cuidados ao doente ter-minal?. In Cuidados Paliativos. Formasau – formação e saúde, Lda. Coimbra. 2000. p.145. NETO, Isabel Galriça; AITKEN, Helene-Hermine; PALDRON, Tsering. – A Dig-nidade e o Sentido da Vida: Uma Reflexão sobre a Nossa Existência. Cascais: Editora Pergaminho, Lda, 2004. 110 p. ISBN 972-711-645-0. SAPETA, Paula – A família face o doente terminal hospitalizado. In Enferma-gem Oncológica, nº12. Porto, 1999, p.20-24

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CL 9Eutanásia à luz dos cuidados paliativosSofia Silva, Serv. Cuidados Paliativos , IPO PortoA Eutanásia é um assunto a explorar e a reflectir por ser a mais problemática das respostas éticas relativas ao doente terminal.Como discernir com segurança, as causas de reaparecimento deste pedido, com as contradições que encerra e com os movimentos emocionais que provoca? Qual o fundamento real deste pedido?Fazendo todos nós parte da mesma sociedade, nem todos partilhamos dos mesmos princípios éticos. A vida é um valor básico, pessoal e próprio do doente em que a acção de lhe tirar a vida não é eticamente aceitável. Que ar-gumentações válidas ouvimos? O ideal seria apresentar uma argumentação que abarcasse toda a condição de vida possível.Mesmo que legítimo, o desejo eutanásico implica uma decisão tomada pelos outros seguida da sua actuação. O direito à vida é um bem inalienável, um di-reito fundamental e não absoluto. O direito a morrer com dignidade está para além do ter ou não direito a pôr termo à vida. A legitimação deste direito e a resolução de problemas afectos à doença terminal, passa pela necessidade de descobrir o sentido do viver e do morrer. Nasce assim a necessidade de reflectirmos um pouco sobre a eutanásia à luz dos cuidados paliativos.Provavelmente o verdadeiro problema ético da doença terminal é o acom-panhamento à morte. Nos dias de hoje, urge repensar sobre a forma como a sociedade actual encara o doente terminal. Faz falta elaborar um novo “ars moriendi” no seio de uma cultura muito avançada, mas incapaz de ajudar o homem a enfrentar o fim. O mais difícil não é morrer, nem eutanizar activa-mente, mas acompanhar o processo natural de morte.

CL 10A Sexualidade nos Cuidados Paliativos: Representações e Atitudes dos ProfissionaisJosé Miguel Valente Tavares, et. Al , Serviço de Cuidados Paliativos, IPO Francisco Gentil, PortoEsta proposta versa sobre um estudo do tipo exploratório descritivo, realizado

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no Serviço de Cuidados Paliativos do Instituto Português de Oncologia do Porto - Francisco Gentil, E.P.E..Este trabalho, para além da problemática que assentou em três vectores fundamentais, como são a sexualidade, os cuidados paliativos e os concei-tos de representação social, baseou-se, na sua vertente empírica, em seis entrevistas semi-estruturadas realizadas a profissionais do referido serviço, nomeadamente três enfermeiros, dois médicos e uma psicóloga.Os fundamentos epistemológicos e metodológicos do trabalho enquadram-se claramente numa abordagem qualitativa, solidamente alicerçados na opção por um estudo do tipo estudo de caso, onde o caso era o serviço em questão, nomeadamente os seus profissionais.Essencialmente propõe-se apresentar os resultados do referidos estudo, duma forma necessariamente resumida e da discussão gerada pelo cruza-mento da informação analisada com o referencial teórico.

CL 11Estudo de Caso de um doente de Cuidados Paliativos não oncológicoAna Margarida Faustino, Raquel Calado, Sandra Costa, Hospital Residencial do MarObjectivos: Apresentar intervenções da equipa multidisciplinar num estudo de caso de um doente de Cuidados Paliativos não oncológicoResumo: O Sr. M. de 90 anos, internado no Hospital Residencial do Mar com o diagnóstico de Demência de Alzheimer em fase avançada, numa situação de exaustão familiar. O doente faleceu na nossa Instituição um mês após a data de entrada. Durante o internamento, foi implementado o plano individual de cuidados com base nas necessidades detectadas, validado previamente e em parceria com a família e a equipa multidisciplinar, com o objectivo de promover ao doente e família uma melhor qualidade de vida bem como dignidade, serenidade, o apoio no momento da morte e no luto. A abordagem deste doente incluiu con-trolo de sintomas adequado, uma comunicação eficaz com a família, propor-cionando um apoio personalizado às necessidades que foram manifestadas de acordo com os elementos desta família.A equipa manteve a sua intervenção no apoio do luto.

CL 12Estudo de Caso de um doente de Cuidados Paliativos oncológicoAna Margarida Faustino, Raquel Calado, Sandra Costa, Hospital Residencial do MarObjectivos: Apresentar intervenções da equipa multidisciplinar num estudo de caso de um doente de Cuidados Paliativos oncológicoResumo: O Sr. José de 73 anos, internado no Hospital Residencial do Mar com o diagnóstico de Glioblastoma multiforme em fase terminal, numa situação de exaustão familiar. Apresenta ainda como antecedentes uma depressão major, hemiparésia à esquerda (sequela) e dificuldade na comunicação por afasia de expressão.A intervenção da equipa multidisciplinar foi definida, com base nas necessi-dades identificadas e validadas junto do doente e família. Necessidades estas que foram reavaliadas e reajustadas aos diversos momentos vividos pelos mesmos na situação de doença. Foi objectivo primordial da equipa oferecer os melhores cuidados de saúde, conduzindo assim a uma melhor qualidade de vida do Sr. José. A validação do plano de cuidados permitiu-se aferir que, para o Sr. José qualidade se traduzia num controlo de sintomas adequado, evitar o prolongamento inad-equado da vida, manter o controlo da situação, evitar ser um “fardo” para a família e prestadores de cuidados, e o fortalecimento das suas relações com os familiares. A busca constante da qualidade só foi possível através, do constante reajuste do plano individual de trabalho, conseguido com o trabalho multidisciplinar desenvolvido pela equipa desta instituição. O apoio à família foi uma área com especial incidência de cuidados, sobre

a qual a equipa multidisciplinar se debruçou, realçando as competências comunicacionais desenvolvidas. O doente viria a falecer na nossa instituição na presença da sua família.A equipa manteve a sua intervenção do apoio ao luto.

CL 13“Permissão para Partir” - Uma história de vidaCátia Ferreira, IPO - PortoO Serviço de Cuidados Paliativos (SCP) do IPO do Porto, tem como uma das suas valências o Serviço de Assistência domiciliária.Os cuidados aos doentes em fase terminal no seu domicílio desafiam as nos-sas habilidades obrigando a constantes exigências pessoais e profissionais. O trabalho em equipa interdisciplinar, assim como a articulação das difer-entes valências do SCP são fundamentais para o sucesso das intervenções cuidativas, tendo como objectivo primordial prevenir / aliviar o sofrimento dos doentes e seus cuidadores. Na despistagem das várias necessidades, em consonância com a equipa de saúde, são delineadas “estratégias de actu-ação multidisciplinares”.Permissão para Partir é o olhar sobre uma história de vida onde o trabalho de equipa e a articulação das diferentes valências do SCP permitiram caminhar lado a lado com uma doente respondendo em cada fase do processo de doença aos desafios e obstáculos da jornada para que a partida acontecesse de forma digna e em paz.A análise deste estudo de caso permite ainda reflectir sobre o papel da valên-cia da assistência domiciliária numa unidade de cuidados paliativos de nível I assim como o enquadramento do SCP na sua instituição (IPO-Porto).

CL 14Feridas Tumorais: Uma revisão da evidênciaCarlos António Sampaio de Jesus Laranjeira, Hosp. Distrital da Figueira da FozObjectivos: O cuidado com doentes portadores de feridas malignas, exige o domínio de determinados conhecimentos sobre este assunto, desta forma o presente estudo tem como objectivos: 1- concorrer para um cuidado de enfermagem qualificado no tratamento de feridas tumorais; 2 - identificar evi-dências efectivas para o controlo dos sintomas responsáveis pelo desconforto e constrangimento do doente.Metodologia: Trata-se de uma pesquisa retrospectiva, descritiva e documen-tal, na modalidade de revisão de literatura, que tomou como recorte temporal o período de 1990-2006. A recolha dos dados integrou periódicos indexados nas bases de dados LILACS (Literatura latino-americana em Ciências de Saúde) e MEDLINE (Medical Literature and Retrieval System on Line). Estes periódicos divulgam a ciência, são de carácter multidisciplinar, contribuindo para a construção da complexidade do saber. A inclusão dos artigos obedeceu a critérios de presença de pelo menos um dos descritores – feridas malignas, cuidados de enfermagem, cicatrização, fungating wound – previamente seleccionados no texto e contexto do trabalho. A colheita de dados foi realizada no período de Março de 2006 a Agosto de 2006, tendo-se extraído dos periódicos selec-cionados 25 referências sobre a temática, os quais representam a amostra deste estudo. Resultados: Os resultados demonstraram os sintomas que tipificam a presença de uma úlcera tumoral são eles: a dor, o odor, o exsudado, a hemor-ragia e a difícil cicatrização. Identificaram-se ainda as formas de tratamento e os produtos recomendados no controlo dos sintomas através da realização dos pensos.Conclusões: Embora as feridas tumorais sejam um fenómeno antigo associa-do ao cancro, poucas são as pesquisas com números satisfatórios sobre este tema, o que compromete de forma ignóbil a qualidade de vida dos seus porta-dores. Pesquisas experimentais são ainda incipientes. São necessários assim estudos mais exaustivos, que permitam a avaliação dos regimes terapêuticos, tendo em conta as prioridades dos doentes assim como a dos profissionais. É indubitável que não se pode generalizar a abordagem ao doente com ferida maligna. No entanto, é necessária a criação de directrizes de tratamento de

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acordo com os sintomas e características da ferida maligna, e ainda indi-cações sobre os critérios de aplicação dos vários produtos disponíveis. Os doentes com feridas malignas representam um desafio e um apelo à multidisciplinaridade entre os profissionais de saúde, importa não esquecer que independentemente dos recursos disponíveis, os cuidados aos doentes devem basear-se numa filosofia holística, devido às dificuldades sociais gera-das pela presença de feridas tumorais. Bibliografia:1. Doyle D, Hanks G, Mac Donald N. Textbook of palliative care. 2nd ed. Canada: Oxford; 1999.2. Haisfield-Wolfe ME, Baxendale-Cox LM. Staging of malignant cutaneous wounds: a pilot study. Oncol Nur Forum. 1999 Jul;26(6):1055-64.3. Ellis LM, Liu WF, Fan F, Reinmuth N, Shaheen RM, Jung YD, et al. Role of angiogenesis inhibitors in cancer treatment. Oncology. 2001 Jul;15 (7 Suppl 8): 39-46.4. Carruth AK. Antifungal agent used topically to control odor. Oncol Nur Forum. 1993;20(8):1262.5. Upright C, Salton C, Fred R, Murphy J. Evaluation of mesalt dressings and continuous wet saline dressings in ulcerating metastatic skin lesions. Cancer Nurs. 1994;17(2):149-55.6.Manning MP. Metastases to skin. Semin Oncol Nur.1998 Aug;14(30):240-3.7.Haisfield-Wolfe ME, Rund C. Malignant cutaneous wounds: a management protocol. Ostomy Wound Manage. 1997 Jan-Feb;43(1):56-60.8.Haisfield-Wolfe ME, Rund C. Malignant cutaneous wounds: developing education for hospice, oncology and wound care nurses. Int J Palliat Nurs. 2002;8(2):57-66.9.Bates-Jensen B, Early L, Seaman S. Skin disorders. In: Ferrell BR, Coyle N. Text-book of palliative nursing. New York: Oxford University Press; 2001. p. 226-34.10.Naylor W. Palliative management of fungating wounds: clinical manage-ment. Eur J Palliat Care. 2003;10(3):93-7.11.Piggin C. Malodorous fungating wounds: uncertain concepts underlying the management of social isolation. Int J Palliat Nurs. 2003;9(5):216-21.12.Miller C. Nursing aspects. In: Doyle D, Geoffrey WCH, Mc Donald N. Ox-ford textbook of palliative medicine. 2nd ed. New York: Oxford University Press; 1998. p. 646-7.13. Schulz V, Triska OH, Tonkin K. Malignant wounds: caregiver-determined clinical problems. J Pain Sympton Manage. 2002 Dec;24(6):572-7.14. Bauer C, Geriach MA, Doughty D. Care of metastatic skin lesions. J Wound Ostomy Continence Nurs. 2000;27:247-51.15.Jorge AS, Dantas PE. Abordagem multiprofissional do tratamento de feri-das. São Paulo: Atheneu; 2003.

CL 15Utilização de heparinas de baixo peso molecular na prevenção de tromboembolismo venoso em doentes acamadosLuís Pedro Martins Macedo Loureiro, 6ºano medicina, ICBAS/HGSAO tromboembolismo venoso, conjunto de situações clínicas que compreende a trombose venosa profunda e a embolia pulmonar, tem uma incidência de 104/100.000 habitantes na população em geral. No entanto, a incidência da trombose venosa profunda é de cerca de 180/100.000 habitantes na faixa etária dos 65 aos 69 anos, atingindo o seu valor máximo, 310/100.000 nos habitantes com idade compreendida entre os 85 e os 89 anos.Dado que mobilidade reduzida é, segundo a literatura, o mais importante factor de risco para a ocorrência de tromboembolismo venoso e existe um aumento da incidência da trombose venosa profunda com a idade, poder-se-á extrapolar que este aumento está relacionado com a mobilidade reduzida de que gozam a maioria dos habitantes mais idosos.A doença maligna é um outro factor que aumenta o risco de tromboem-bolismo venoso, quer pela actividade directa das células tumorais sobre as plaquetas e as proteínas da coagulação, quer pelas terapias anti-tumorais agressivas. Os habitantes mais idosos além de necessitarem de cuidados paliativos, devido à degenerescência associada ao envelhecimento, também

têm uma maior incidência de cancro.Temos assim o dever de tentar reduzir a incidência de tromboembolismo venoso nos doentes com mobilidade reduzida, em especial nos acometidos por doença maligna. De diversos estudos que foram consultados, conclui-se que as heparinas de baixo peso molecular são os fármacos mais indicados para realizar tromboprofilaxia neste grupo etário. Quer por questões de índole puramente médica (sangramentos menos abundantes), como de conforto para o doente (não necessita de doseamento laboratorial), sendo até mais eficazes do ponto de vista económico.De salientar, que já há quase uma década que os médicos britânicos que trabalham na área de cuidados paliativos, começaram a abandonar a utiliza-ção da warfarina a favor de heparinas de baixo peso molecular na prevenção secundária de tromboembolismo venoso.Um estudo realizado em doentes com cancro internados numa unidade de cuidados paliativos, concluiu que estes doentes preferem realizar trombo-profilaxia com heparinas de baixo peso molecular a longo prazo, em vez de utilizar meias elásticas na prevenção de trombose venosa profunda.A revisão bibliográfica efectuada leva-nos à conclusão de que a utilização de heparinas de baixo peso molecular na prevenção de tromboembolismo venoso deve ser uma prática cada vez mais usual devido a todos os ganhos que acarreta para o doente acamado.

CL 16Papel das nefrostomias percutâneas no contexto de cuidados paliativos oncológicosIsabel Vinhas Carneiro, Interna Complementar Medicina Interna - Hospital de Santo Tirso; Rui Carneiro, Interno Complementar de Medicina Interna - Hos-pital Geral de Santo António; Ferraz Gonçalves, Chefe de Serviço do Serviço de Cuidados Paliativos Instituto Português de Oncologia do Porto Introdução: A insuficiência renal obstrutiva é frequente nos doentes com can-cro avançado, sobretudo nos ginecológicos. A nefrostomia percutânea (NP) é o método mais frequentemente usado para resolver este problema. Há ainda outras razões para a realização de NP como, por exemplo, fístulas vesico-vaginais. Contudo, em cuidados paliativos o objectivo não é apenas a melho-ria da função renal, mas a melhoria da qualidade de vida dos doentes.Material e Métodos: Foram pesquisados através do registo informático da instituição todos os doentes que foram submetidos a NP, admitidos no Serviço de Cuidados Paliativos entre Janeiro de 1995 e Dezembro de 2005 e já fale-cidos. Dos 151 registos obtidos, foram revistos 132 doentes cujos processos foram localizados. Colheram-se dados demográficos e sobre as indicações, complicações imediatas e tardias das nefrostomias e o seu impacto sobre a capacidade funcional, avaliada pela escala ECOG (Easterm Cooperative On-cology Group), bem como a sobrevivência destes doentes.Resultados: A maioria dos doentes eram mulheres (63.2%). A mediana de idades foi de 61 anos (amplitude: 25 a 89). Cerca de 44% apresentavam tumores ginecológicos, seguidos dos urológicos e do tracto gastrintestinal baixo. A razão mais frequente para a colocação de NP foi a insuficiência renal aguda obstrutiva (85%). Houve uma descida acentuada dos valores de creatinina, no caso de insuficiência renal obstrutiva, embora a normalização da função renal não tenha sido frequente. Não houve alteração significativa na capacidade funcional dos doentes. Verificou-se ainda que alguns doentes tiveram uma sobrevivência curta após a realização da nefrostomia.Discussão/Conclusão: Este estudo tem as limitações próprias dos estudos retrospectivos, tais como a falta de muitos dados e a dificuldade de interpretar os registos, que não são apropriados para serem posteriormente estudados.Seria importante determinar a satisfação dos doentes com o procedimento, e o seu impacto no controlo de sintomas e na qualidade de vida. Alguns dos doentes tiveram uma sobrevivência curta após a NP o que pode ter várias razões, como a selecção inapropriada dos doentes para o procedimento ou a dificuldade conhecida de estabelecer com rigor o prognóstico destes doentes. De qualquer modo este facto deve levar a uma reflexão sobre a indicação da NP em cada caso concreto.

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CL 17A via sub cutânea: um recurso a optimizar na prática de cuidadosAna Margarida Faustino , Raquel Calado, Sandra Costa, Hospital Residencial do MarObjectivos: Determinar da taxa de utilização da via SC em Cuidados Con-tinuados no HRM; Caracterizar a população abrangida (por idade, género e motivo de internamento); Indicação de utilização da via SC, tipo de terapêutica e complicações inerentes.Resumo: O Hospital Residencial do Mar é uma instituição cuja filosofia as-senta nos cuidados individualizados e contínuos ao cliente e sua família, nas valências de neuro-reabilitação, em particular a doente com doença de Alzhei-mer, reabilitação e convalescença, conforto e apoio à família.È intuito da equipa multidisciplinar a prestação de cuidados que tenham em conta a individualidade do cliente e da sua doença, implementando o plano individual de cuidados com base nas necessidades detectadas. Plano este validado previamente e em parceria com a família e a equipa, com o objectivo de promover ao doente e família uma melhor qualidade de vida bem como dignidade, serenidade, apoio no momento da morte e no luto. Neste tipo de prestação de cuidados os instrumentos utilizados incluem as competências comunicacionais, o apoio à família, o trabalho em equipa multidisciplinar e o controlo de sintomas sendo este último, o elo essencial da cadeia de inter-venção. O controlo de sintomas deverá constituir o principal foco de atenção. Neste grupo de doentes, a via oral é a eleita para administração de fárma-cos e/ou hidratação, no entanto quando esta não está disponível a via sub cutânea (SC) torna-se uma das principais alternativas a considerar.Com esta comunicação pretende-se mostrar a realidade da prática desta técnica neste Hospital.No final deste trabalho constatou-se que, em cerca de ¼ dos doentes do HRM se recorreu à via SC como uma mais valia na optimização do conforto e qualidade de vida da pessoa/família.

negação, procurando informação fora dos circuitos técnicos (Internet, docu-mentários da televisão, etc.) e centralizada numa atitude de encarniçamento terapêutico, referindo-se aos movimentos involuntários como respostas aos seus estímulos, apesar da limitada probabilidade de regressão do quadro clínico.Conclusão: a equipa apresenta este caso para que se possa discutir a melhor forma de abordagem e intervenção com esta família, uma vez que nos coloca perante um caso diferente do da intervenção feita em doentes paliativos ou cuidados continuados, para os quais está maioritariamente dirigida.

CL 19Toque - uma linguagem mudaAna Maria Pacheco Viana Ribeiro, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Unidade de Hepatologia; Joana Clara da Silva Madeira, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Unidade de Nefrologia Pediátrica; Susana Maria dos Santos Martins de Jesus, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Medicina II-DComo objectivo principal para esta comunicação definimos: Alertar os enfermeiros para os benefícios do toque na relação terapêutica com o doente terminal.Perante as constantes mudanças a que a nossa sociedade está sujeita, torna-se imperativo que a enfermagem evolua no sentido de estar aberta a desafios que contribuam para o aumento da qualidade dos cuidados.Estes assentam não só no saber fazer, mas também no saber ser e estar, que ganham cada vez mais ênfase. Entre enfermeiro e utente estabelece-se uma relação que se pretende empática, onde o processo de comunicação se desenrola de forma fluente, com períodos de grande silêncios que por vezes revelam mais do que as palavras. Existe assim uma complementaridade entre a comunicação verbal e não verbal, complementaridade esta que proporciona uma ambiência calorosa e calma convidativa á partilha de dúvidas ou an-gustias que assolam quem já não espera grande coisa de medicina mas que aprecia e confia nos seus cuidadores.A comunicação verbal é feita de forma consciente, enquanto o processo de comunicação não verbal é mais transparente, contradizendo por vezes o que se diz por palavras, uma vez que é espontânea, fazendo parte da natureza íntima de cada um de nós. Esta forma de comunicação não permite tirar conclusões absolutas, contudo a acumulação de atitudes perante a mesma circunstância pode ser por vezes reveladora, pois as palavras podem ser am-bíguas mas a linguagem corporal não o é.O simples tocar de mãos quebra a barreira que muitas vezes se cria entre o doente/enfermeiro, minimizando a sensação de isolamento que por vezes o doente terminal impõe a si próprio. Ao ter a noção de que a sua imagem corporal está alterada, que as conversas que se desenrolam à sua volta são supérfluas na tentativa frustrada de o fazer esquecer a condição que vive, o doente terminal vai guardando para si todos os sentimentos, ficando a aguardar ansiosamente a visita de alguém que esteja realmente disponível para lhe pegar na mão e ouvi-lo.“O toque é considerado como uma das maneiras mais importantes de comu-nicação não verbal (…)” (Blondis, Jackon, 1982), por tudo isto consideramos que tocar faz a diferença! O toque é não invasivo e proporciona um clima de confiança, favorável à revelação de anseios por parte do doente. Tudo isto passa por aprender a tocar nos outros, tocar em si e aceitar ser tocado. Apreendido este processo o toque passa a ser uma atitude comum, uma intervenção de enfermagem, que estimula o auto-conhecimento, dando uma nova dimensão do cuidar e ao cuidar.

CL 20Gritos MudosAna Maria Pacheco Viana Ribeiro, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Unidade de Hepatologia; Joana Clara da Silva Madeira, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Unidade de Nefrologia Pediátrica; Susana Maria dos Santos Martins de Jesus, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Medicina II-D

14.30-16.00h > Sala 205

OUTUBRO 2006 | 6ª FEIRA 13

CL 18Não quero ouvir, não quero ver, e o que sabem não me chega…Ana Bernardo, Sofia Madureira, Hospital Residencial do MarObjectivo: apresentar e discutir a(s) melhor(es) formas de intervenção com uma família difícil numa unidade de cuidados continuados.Resumo: apresentamos o caso de um doente do sexo masculino, 59 anos, que é enviado de uma Unidade de Intervenção Intensiva após internamento de 2 meses, com quadro de coma vigil por Acidente Vascular Cerebral hemor-rágico, com hipoxia cerebral após paragem cardio-respiratória e reanimação durante 90 min. Dois meses após a admissão no nosso Hospital (Cuidados Continuados), o doente mantém-se em coma vigil, com traqueostomia defini-tiva, com períodos de falência orgânica manifesta que se foram controlando, mantendo-se neste momento, hemodinamicamente estável. Desde o interna-mento neste hospital, tem-se procurado fazer uma abordagem à família, que é constituída pela mulher, enteada e filha, no sentido de ajudar a lidar com esta situação através de: informar de forma clara e objectiva; trabalhar as ex-pectativas de forma realista, de acordo com o prognóstico e situação actual; validar os sentimentos e emoções associadas a esta situação; disponibilizar apoio e orientação técnica. Deparámo-nos com uma família em negação, de grau variável dependendo dos elementos da família, com sentimentos verbalizados de raiva e desconfiança em relação aos técnicos de saúde, con-siderando-os como parte responsável pela situação. Das várias intervenções realizadas (com entrevistas individuais e conferências familiares), e apesar dos objectivo claros e realistas da equipa, a família mantém uma posição de

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Num tempo histórico em que o fascínio pela ciência e tecnologia trouxe à humanidade um fantástico potencial no prolongamento e qualidade da vida, onde as instituições de saúde dispõem de uma parafernália de recursos, faz-se necessária uma reflexão baseada no desfasamento entre conquistas técnicas e científicas e a realidade do quotidiano dos cuidados. Apesar dos hospitais beneficiarem de equipamentos altamente sofisticados, parece o factor humano não ter seguido tal evolução. O hospital parece ter-se des-umanizado.Gask (2000) identifica competências básicas à comunicação entre técnicos de saúde e a pessoa doente que incluem: ouvir, observar, tomas consciência dos nossos próprios sentidos.Reconhecendo a sua importância nas relações interpessoais, arriscámos juntar todas elas numa capacidade básica fundamental (na nossa opinião) à relação de ajuda: ESCUTAR. Escutar é reconhecer importância ao outro, observá-lo, dar atenção “ao seu todo”, estar aberto e disponível para nos envolvermos noutras ideias, experiências, outras formas de olhar o que nos rodeia, sem interpretar, sem julgar!A tendência enquanto enfermeiros, com vontade de ajudar, traduz-se muitas vezes pela necessidade de agir, dizer ou fazer algo, dar respostas. No en-tanto, a verdadeira escuta é um processo activo e voluntário no sentido de compreender verdadeiramente os sons mas também o silêncio. É nele que muitas vezes se esconde a incerteza, a tristeza, o medo e o sofrimento; é um momento rico da relação e nunca um sinal de vazio. Estar disponível para ajudar a pessoa a Morrer bem, é saber apoiar a dignidade, o amor-próprio, a vontade do doente até ao último momento da sua Vida. Estar “atento ao silên-cio é estar à escuta do que o outro vive de mais profundo” LAZURE (1994). E é desta disponibilidade que falamos quando se torna urgente humanizar.

CL 21Encontro com o outro na doença terminalAlzira David, Serviço de Cuidados Paliativos – IPOFG CROP – EPE“Ninguém sai indiferente quando mergulha no sofrimento de um corpo que está a morrer”. Foi uma afirmação deste tipo que nos levou a questionar o encontro com o doente terminal. Queríamos saber se encontrar uma pessoa que padece de uma doença que a levará irremediavelmente à morte tem contornos diferentes de um qualquer outro encontro. Para nosso espanto (ou talvez não) concluímos que, mais do que contornos diferentes, o encontro com o doente terminal pode, e deve, assumir contornos terapêuticos.Partindo da noção de neutralidade no encontro com o outro, chegamos ao porto da importância do corpo no encontro, corpo que nunca se poderá definir como um corpo estranho, mas como um corpo desconhecido. Essa importância fez-nos olhar o corpo que o doente é, como um corpo cansado por dentro, cuja única saída passa sempre pela experiência da relação com o outro. Neste sentido, será que podemos apelidar o encontro com o doente terminal como um encontro terapêutico? Acreditamos que sim, que podemos olhar o encontro através da janela do tratamento terapêutico, pois o encontro é o único caminho para trazer o outro que sofre ao mundo das relações, para fazê-lo compreender que o facto de estar doente não é impedimento para que possa continuar a conduzir a sua vida, para lhe mostrar que existe uma saída para o seu sofrimento, para dizer-lhe que estamos ali até à sua morte, quer ela se aproxime assustadora, quer apaziguadora. Mas também é aprender com o outro, com o seu olhar, com o seu sofrimento; aprender a questionarmo-nos sobre a nossa vida e o seu sentido, sobre a nossa morte que também se aproxima, apaziguadora ou assustadora.Em suma, cremos que podemos definir o encontro com o doente terminal do seguinte modo: quando já foram tentados vários tipos de tratamentos para o controle de uma doença causadora de sofrimento, que não foram eficazes, resta a nossa presença, a nossa compreensão, o nosso fazermo-nos sen-tidos, o nosso toque, o nosso olhar, o nosso sorriso, o tom da nossa voz, o encontrar do outro e o ser encontrado por outro.

CL 22Cuidar com Humor o Doente TerminalAna Maria Pacheco Viana Ribeiro, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa

Maria, Unidade de Hepatologia; Joana Clara da Silva Madeira, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Unidade de Nefrologia Pediátrica; Susana Maria dos Santos Martins de Jesus, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Medicina II-DComo objectivo principal para esta comunicação definimos:Alertar os profissionais de enfermagem para as vantagens da utilização do humor como estratégia major para o estabelecimento de uma relação ter-apêutica eficaz.A enfermagem assenta no principio do cuidar, valorizando-se cada vez mais o cuidar com qualidade. Mas o que esta expressão tão comum traduz real-mente? É certo que para que a equipe de enfermagem consiga funcionar uniformemente, é imperativo que tenham condições físicas que o propor-cionem, mas o ponto fulcral de todo este procedimento passa pela tomada de consciência de quão importante é o aspecto afectivo da relação entre enfermeiro/doente. Esta afectividade permite a partilha de vivências e senti-mentos e através dela o enfermeiro consegue aperceber-se das fragilidades do doente, trabalhando com ele os pontos mais negativos incentivando-o a participar no seu processo de doença.Quando a cura já não é o objectivo primordial como acontece com o doente terminal, a nossa atitude pretende somente aliviar o sofrimento quer físico, quer psicológico, quer espiritual mantendo o melhor bem-estar possível.“Rir é o melhor remédio” diz a sabedoria popular e segundo vários estudos conclui-se que o humor e o riso são muito eficazes no alívio do stress. Uma abordagem bem-humorada ao doente/família proporciona um ambiente re-laxante mais apetecível à ajuda, contornando situações supostamente deli-cadas. O humor aplicado ao cuidar assume toda a pertinência, constituindo uma válida base para a relação terapêutica. Desta forma aumenta-se a auto estima, aliviam-se ansiedades e tensões e promove-se a confiança entre en-fermeiro/doente/família.Tudo isto ganha novas proporções quando estamos na presença de um indi-viduo doente com doença terminal, particularmente fragilizado e vulnerável, cujas alegrias e esperanças se resumem a cada minuto da sua existência, vivendo-os intensamente.

CL 23Musicoterapia como Intervenção Não Farma-cológica no Alívio da Dor do Doente Terminal Ana Maria Pacheco Viana Ribeiro, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Unidade de Hepatologia; Joana Clara da Silva Madeira, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Unidade de Nefrologia Pediátrica; Susana Maria dos Santos Martins de Jesus, Enfermeira Graduada, Hospital de Santa Maria, Medicina II-DComo objectivo principal para a comunicação definimos:Alertar os profissionais de saúde para a importância da música como inter-venção não farmacológica para o alívio da dor.Ao fazermos uso diário dos nossos conhecimentos, várias são as situações que nos levam a pensar que algo mais poderia ser feito. Mas o quê? Perante um doente em fim de vida que para além da dor física que sente é assolado constantemente por uma dor mental que o impede de ver mais além, que lhe impõe barreiras, que o faz sentir-se impotente para as transpor pois vê na morte a única saída para o alivio tão desejado… Poderá a musica ser uma mais valia levando a uma ampliação da consciência individual no processo saúde doença? Entende-se por musicoterapia a utilização da música de forma terapêutica, podendo esta ser aplicada a diferentes áreas do saber. Na enfermagem pode utilizar-se a música como recurso não farmacológico no cuidado ao Ser Hu-mano nomeadamente no que se refere á dor, uma das razões porque se tem recentemente revelado uma ajuda valiosa na área do tratamento paliativo. A música abrange variadas dimensões (física, mental, social, espiritual) e per-mite a expressão de todo o tipo de emoções ajudando a criar um ambiente propicio á aceitação da doença. Neste contexto várias são as experiências que relatam que doentes aos quais é permitido o uso da música como terapia complementar, atingem níveis de relaxamento tais, que levam à diminuição da percepção da dor devolvendo uma sensação de bem-estar. Conclui-se assim que a musica constitui uma abordagem não farmacológica fortemente

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eficaz tendo ainda a grande vantagem de ser bem aceite pela maioria dos doentes.A musicoterapia pode ser aplicada na enfermagem com diversos objectivos terapêuticos como por exemplo no controle da dor crónica, na redução da ansiedade e depressão; no conforto espiritual e na promoção da dignidade humana, entre muitos outros. Mereceu-nos, por isso, um aprofundar de con-hecimentos (no sentido de optimizar os efeitos terapêuticos supracitados) de forma a estabelecer critérios uniformes de actuação que permitam proporcio-nar melhor qualidade de vida ao doente terminal.

CL 24A esperança em cuidados paliativos - - na perspectiva das pessoas doentesAna Querido, Enfermeira, Escola Superior de Saúde de LeiriaNa perspectiva de que a vida, sem esperança não é possível (Ersek, 2001), ela é fundamental na experiência de doença (Nowotny, 1991), sobretudo no contexto de doença avançada, incurável e progressiva.A esperança tem sido considerada como um dos elementos essenciais na vivência das pessoas com doença oncológica. Em contexto de doença ter-minal, quando a cura não é possível, o “focus” da esperança assume uma importância fundamental na forma como as pessoas doentes vivem o período de fim da vida. Perante a fase final da doença oncológica, frequentemente os doentes per-guntam: “será que a doença me leva à morte?”, “será que vou sofrer muito até morrer?”. Também com frequência ouvimos reafirmações de esperança pelo recurso às expressões da sabedoria popular que garante “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe”, “a esperança é a última a morrer”, e “enquanto há vida, há esperança” e até reforçamos esta afirmação na nossa prática clínica, sem no entanto a questionarmos na sua essência e problemática. A relação entre a esperança e a fase final da vida, naquilo que aparentemente sugere um contra-senso, exprime a nossa inquietação pessoal e interesse no estudo do fenómeno da Esperança em cuidados paliativos, na perspectiva das pessoas doentes. Sendo a esperança associada à expectativa de algo positivo e bom no futuro, como pode um futuro definido em horas, dias, se-manas e meses, trazer esperança? (Herth, 1990; Rousseau, 2000). Como é percepcionada a esperança neste contexto?; De que forma ela é expressa?; Que factores influenciam a esperança?Estas questões levantaram uma outra: Como é que os doentes oncológicos submetidos a quimioterapia paliativa mantém a esperança? que serviu de orientação ao estudo que realizámos numa unidade do Centro Hospitalar do Médio Tejo, com o objectivo de Compreender o processo de manutenção da esperança para o doente oncológico.O estudo baseou-se numa metodologia qualitativa, segundo a abordagem da “Grounded Theory”. Para a obtenção dos dados utilizámos entrevistas semi-estruturadas, reali-zadas a onze participantes do estudo, adultos, seleccionados de acordo com critérios de intencionalidade previamente definidos. As entrevistas foram pos-teriormente transcritas e analisadas.A estrutura do fenómeno é composta por quatro temas: A percepção da espe-rança enquanto força interior, fé, resistindo no sentido de atingir os objectos de esperança; A percepção da dimensão temporal, perspectivando o futuro, o tempo e o ciclo de vida; Vivências da esperança, caracterizadas por compor-tamentos, emoções, pensamentos e relações vivenciadas durante o processo de manutenção da esperança; e Mantendo a esperança representando o viver um dia de cada vez, tendo a morte como limite presente, em que foram identificados factores que influenciam a esperança, promotores e inibidores.

CL 25A Finidade da Vida: Um contexto de trabalho, Uma reflexãoMargarida Isabel Freitas Alvarenga, Enfermeira Graduada, Serviço de Cuida-dos Paliativos, IPO-PortoOs Cuidados Paliativos são uma necessidade no Plano Nacional de Saúde.

Uma razão para esta afirmação é o envelhecimento da população, em que são comuns as doenças crónicas que requerem cuidados específicos com vista à diminuição do sofrimento físico, psicológico, espiritual e emocional do doente e sua família. Não sendo ou não devendo ser apenas associados a cuidados terminais, os Cuidados Paliativos requerem conhecimentos cientí-ficos e técnicos que permitam resolver os problemas resultantes da doença, com uma intervenção humanista de uma equipa multidisciplinar que tem como centro dos cuidados e das decisões de trabalho o doente e sua família, não descurando o apoio no luto.A minha opção consciente para trabalhar com doentes em fase avançada, foi sobretudo devida às lacunas que encontrei no decorrer no meu curso de Enfermagem que foi e ainda é, direccionado essencialmente para a cura e prevenção da doença, o que faz com que se encare as doenças incuráveis, como um fracasso da medicina. Por sentir que o doente era muitas vezes abandonado, morrendo com sofrimento e por achar que muito se podia fazer por estes, decidi enfrentar todas as dificuldades que este tipo de cuidado acarreta e dar corpo a uma nova filosofia do cuidar que respondia em pleno às minhas angústias enquanto estudante.Os Cuidados Paliativos são assim um desafio diário para mim, porque se por um lado me levantam questões de ordem pessoal, tais como aceitar a morte, por outro, traduz-se num crescimento pessoal e profissional resultante de um trabalho diário exposto ao sofrimento dos outros que pretendo seja minorado o que nem sempre é possível. As dificuldades diárias encontradas na comunicação com os doentes, no trabalho multi e interdisciplinar, os atrasos na referenciação dos doentes, causam por vezes frustrações pessoais. No entanto, reconheço que o meu trabalho como enfermeira de Cuidados Paliativos, ao ser reconhecido pelos doentes e seus familiares (essencialmente), é a minha principal motivação para continuar, para ser cada vez melhor e um dos profissionais responsáveis pelo incremento desta filosofia de cuidar.Foi sobre estes aspectos que reflecti, e que gostaria de transmitir a outros profissionais, com a consciência que ás vezes as frustrações, os medos e as sensações de impotência são inevitáveis mas fazem parte da vida e do nosso crescimento pessoal e profissional, o que torna gratificante trabalhar em Cuidados Paliativos.

14.30-16.00h > Sala 222

CL 26Pertinência das Unidades de Cuidados PaliativosEnfª Lina Maria Pinto Ferreira de Oliveira Andrade, Mestre em Bioética pela UCP, LisboaSendo enfermeira, discípula, seguidora e admiradora da filosofia dos Cui-dados Paliativos, e, tendo vivenciado o sofrimento da perda após situações de doença incurável, com as quais trabalho também, propus-me conhecer o que pensam os cidadãos da região onde trabalho, sobre os cuidados que se prestam no contexto em que vivem, ao doente /família que vivenciam a doença incurável em fase avançada e terminal, assim como, se, perante o que consideram existir, os cidadãos sentem como uma necessidade a imple-mentação dos Cuidados Paliativos na Região. O estudo teve como objectivo geral, analisar a pertinência de estruturas especializadas na prestação de cuidados específicos á Pessoa com doença incurável, progressiva em fase avançada ou terminal e sua família, com base nas opiniões e vivências dos cidadãos.É um estudo de natureza quantitativa, com base numa pesquisa descritiva de raciocínio dedutivo, cuja finalidade foi observar, descrever e classificar, as respostas ao instrumento de colheita de dados, o inquérito por questionário. Este foi constituído por perguntas de resposta fechada e perguntas de res-posta aberta, as quais, foram categorizadas a posteriori. O conteúdo foi su-jeito a uma análise categorial temática. E, os dados foram trabalhados em Access e Folha de Excel.A população alvo foi constituída por todos os cidadãos. Uma vez que, de acordo com os objectivos do estudo, todos os cidadãos podem opinar ou ter tido qualquer tipo de vivência, no que respeita ao tipo de cuidados a que o

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estudo se reporta. E, apesar de terem sido distribuídos 600 questionários a amostra (não probabilística acidental) foi de 194 participantes.Os resultados do estudo, demonstram que para além da necessidade de continuar a investir na divulgação da filosofia dos Cuidados Paliativos, os par-ticipantes de uma forma geral, consideram que o binómio “doente terminal /família”, não auferem de cuidados adequados à fase da vida que vivenciam, assim como, evidenciam a necessidade de preparação dos cuidadores profis-sionais ou não, para cuidar no processo de morrer por doença incurável e progressiva, apontando de forma relevante a necessidade e pertinência do investimento na implementação dos cuidados paliativos.

CL 27Projecto para a criação de uma Equipa de Suporte Hospitalar em Cuidados Paliativos no Hospital Garcia de Orta, EPE Fernanda Monteiro, Helena Mira, Paula Gomes, Hosp. Garcia de OrtaApesar de legalmente reconhecidos, os Cuidados Paliativos são ainda uma utopia em muitas das nossas instituições. No Hospital Garcia de Orta, EPE não existe Equipa de Suporte em Cuidados Paliativos e desconhece-se a existência de projectos em desenvolvimento neste âmbito.Por se considerar premente a instituição de medidas paliativas eficazes e fundamentadas e dado o défice de profissionais qualificados para a prática de cuidados paliativos e tendo presente que a complexidade dos doentes em fim de vida e suas famílias exigem uma abordagem multidisciplinar e organizada dos profissionais de saúde, bem como a articulação com outro tipo de recursos da comunidade, entende-se que a criação de uma Equipa de Suporte Hospitalar pode centralizar os recursos apoiando as equipas de referência dos diferentes serviços hospitalares.De acordo com as directivas fornecidas pelo Plano Nacional de Cuidados Paliativos, diagnosticou-se quais os serviços considerados como prioridade para a criação de formas e modelos estruturados de prestação de cuidados paliativos.De acordo com a estimativa e em função do número de óbitos do Hospital Garcia de Orta, EPE, pressupõe-se que 601 doentes necessitaram de cui-dados paliativos no ano de 2005. Apesar do diagnóstico não determinar a necessidade de cuidados paliativos mas sim a complexidade das situações, recorreu-se à codificação ICD.9.CM dos doentes internados, para estimar quais os códigos que poderiam identificar/traduzir doentes com necessidades de cuidados paliativos.No Serviço de Hematoncologia registou-se um total de 514 admissões, sendo que 269 foram codificadas como neoplasias metastizadas. O número efec-tivo de doentes com neoplasia metastizada, foi de 154, verificando-se 115 reinternamentos. De forma muito superficial, já que outros códigos poderiam traduzir necessidades de cuidados paliativos, identifica-se um total de 163 doentes com esta necessidade. Já no Serviço de Pneumologia, registou-se um total de 621 admissões sendo que 77 foram codificadas como neoplasias metastizadas. O número efectivo de doentes com neoplasia metastizada foi de 61, verificando-se 16 reinternamentos. Obteve-se um número de 162 doentes codificados como potenciais alvos de cuidados paliativos. Em ambos os serviços as estimativas estão aquém da realidade. Inicialmente, estes sugeriam que o Serviço de Hematoncologia teria mais doentes com necessidades de cuidados paliativos, no entanto e perante alguma codifi-cação comum, os valores aproximaram-se no que se refere ao número de doentes., justificando-se na fase experimental de implementação do projecto a resposta efectiva aos dois serviços.Como Missão da Equipa de Suporte Hospitalar em Cuidados Paliativos do Hospital Garcia de Orta, EPE, temos: garantir a prestação de cuidados palia-tivos de qualidade às pessoas com doença grave, avançada e incurável, bem como aos seus familiares, de modo a acederem a cuidados de saúde dignos e humanizados promovendo a melhor qualidade de vida possível.De acordo com os objectivos da Instituição, do Plano Nacional de Cuidados Paliativos (2004) e atendendo às Recomendações da Associação Nacional de Cuidados Paliativos (2006) delinearam-se, como objectivos desta Equipa:

- Prestar aconselhamento diferenciado, de qualidade, em tempo útil e com eficiência num ambiente humanizado aos doentes do Hospital Garcia de Orta, EPE; - Orientar no plano individual de intervenção os doentes complexos em fase avançada/terminal e suas famílias, nomeadamente no âmbito: - Controlo de sintomas, - Apoio psicológico, espiritual e emocional;- Apoio no luto. - Desenvolver estratégias de formação em Cuidados Paliativos; - Desenvolver capacidades de comunicação entre doente/família/profissionais; - Promover a articulação interdisciplinar.Após definida a missão e objectivos da equipa a desenvolver, abordou-se a estrutura organizacional desejável, e simultaneamente possível, de acordo com os recursos humanos, materiais e económicos. Em seguida foram pla-neadas estratégias de implementação do projecto de modo a que se tornasse possível a operacionalização do mesmo.Palavras-Chave: Cuidados Paliativos, Equipa de Suporte Hospitalar em Cui-dados Paliativos.

CL 28Estudo comparativo da prestação de cuidados em doentes nos últimos dias de vida num hospital terciário e numa unidade de cuidados paliativosRui Carneiro, Isabel Barbedo, Isabel Costa*, Ernestina Reis, Nelson Rocha, Edna Gonçalves* Medicina Interna, Hospital Geral de Santo António, EPE, *Instituto Português de Oncologia do Porto, EPEIntrodução: A alteração do paradigma da morte aliada ao aumento da espe-rança de vida e da incidência de doenças crónicas, oncológicas ou não, dita que dois terços dos óbitos ocorram em hospitais. Embora não se possa fazer uma directa extrapolação do modelo oncológico para outras doenças crónicas avançadas, existe um conjunto de proble-mas principais na fase terminal que poderão, uma vez detectadas, ter uma abordagem similar. Estratégias inapropriadas podem levar a sofrimento desnecessário (e eventualmente, à distanásia).Objectivos: Avaliação da complexidade sintomática de doentes terminais e comparação da estruturação de cuidados numa enfermaria geral de Medicina Interna de um hospital geral que não dispõe de metodologia de prestação de cuidados sintomáticos e de uma Unidade de Cuidados Paliativos de um hospital oncológico.Material e Métodos: Estudo retrospectivo, reportando-se ao ano de 2005, de revisão de 48 doentes falecidos por patologia crónica avançada numa enfer-maria de Medicina Interna com o mesmo número de óbitos de uma Unidade de Cuidados Paliativos Oncológicos. Foram avaliados os dados demográficos e da morbilidade presente, feita a caracterização sintomática dos doentes e da estratégia dirigida, nos últimos 5 dias de vida, ao controlo sintomático, bem como à atenção dada às necessidades psico-espirituais e familiares.Resultados e Discussão: Em populações de doentes com características demográficas pouco díspares foi possível documentar o uso sistemático do padrão de actuação dirigido ao doente agudo na enfermaria de Medicina mesmo quando a situação era manifestamente crónica avançada, com regis-tos dependentes da sensibilidade de observador e não sistematizados nem periodicamente reavaliados; tardiamente e geralmente de forma apenas im-plícita nos dados médicos e de enfermagem se identificou agonia, e é ainda numa minoria destes casos que houve tentativa de simplificação terapêutica, sendo ainda seguido o modelo de garantir acessos endovenoso, nasogástri-cos, manutenção ou inicio de antibioticoterapia. Modalidades de identificação dos problemas eram padronizados na Unidade de Cuidados Paliativos, sendo igualmente a dor, a fadiga e os problemas gastrointestinais a dominar as queixas principais com especial realce para a ponderação de inicio de ter-apêutica que possa ser encarada como fútil e o maior cuidado em registar

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necessidades psico-espiriturais de doentes e familiares.Conclusão: Doentes terminais apresentam, independentemente da natureza do processo mórbido, um leque comum de problemas principais, passíveis de serem sistematicamente elencados e abordados com conjunto de princípios farmacológicos pouco invasivos e eficazes, com especial ênfase no alívio do sofrimento psíquico e familiar. Sistemas de Saúde devem investir em apre-sentar cuidados de excelência no que concerne a orientação de situações crónicas avançadas, por forma a adequar a estratégia de cuidados, tornando a morte mais digna e a facilitar os processos de luto.

CL 29O Serviço Social na Equipa de Cuidados PaliativosSónia Maria Cordeiro Ricardo Lopes, Assistente Social, Responsável Técnica pelo Centro Dia e Serviço de Apoio Domiciliário; Jorge Maria Soares Lopes de Carvalho, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de AzeitãoO Assistente Social tem como instrumento de trabalho privilegiado a EMPATIA – estar nos pés do outro sem calçar os seus sapatos, conhecer o Outro sem estabelecer juízos de valor, procurando uma perspectiva Global do indivíduo.Neste contexto, o Assistente Social poderá ser uma mais valia na Equipa de Cuidados Paliativos. Com a sua formação específica poderá contribuir, desempenhando as seguintes funções:- Mediador proactivo – Elabora um Plano de Acção com o Doente, tendo em conta a realidade do Doente, Familiares, Cuidadores e os Recursos Ex-istentes.- Integrador de Cuidados – Enquadramento em Equipa Multidisciplinar- Procurar Qualidade de Vida e Cidadania – Informar sobre os Direitos e De-veres do Doente, Familiares, Cuidadores- Gestor de Cuidados Sociais – Informar as diferentes opções disponíveis e apoiar as escolhas do Doente e FamíliaO acolhimento do doente e família determina a qualidade das funções desempenhadas.No terreno, o Assistente Social encontra limitações ao desempenho efectivo das suas funções. Os recursos existentes na comunidade manifestam-se in-adequados e insuficientes para as necessidades de um doente em situação de doença crónica progressiva e incurável.Paradigma desta situação: Idosa, viúva, com 68 anos de idade, diagnóstico de neoplasia do pulmão com prescrição de tratamentos de quimioterapia. A única filha, divorciada, com 40 anos, e diagnóstico de neoplasia da mama, tem um filho portador de Trissomia 21, com 4 anos. A filha encontra-se tam-bém a fazer tratamentos. A idosa aufere a pensão do Regime Geral e a filha encontra-se desempregada. A idosa já teve alta hospitalar tendo sido pedido à filha a responsabilidade de cuidar da mãe. Foi atribuído a isenção das Taxas Moderadoras e Complemento por Dependência. A filha desabafou – O As-sistente Social está lá para libertar a cama.»O Programa Nacional de Cuidados Paliativos está orientado para o bem-estar do doente e seus familiares, salientando o inventariar das necessidades do doente e a procura das respostas adequadas.No terreno o Serviço Social, encontra as seguintes limitações para o seu desempenho:- Recursos Materiais e Financeiros Insuficientes - Recursos Humanos escassos e/ou sem formação na área dos Cuidados Paliativos- Respostas Institucionais desadequadas e em número reduzido A Santa Casa da Misericórdia de Azeitão integra na sua actividade uma Eq-uipa de Cuidados Paliativos, multidisciplinar.Áreas Profissionais Presentes na Equipa de Cuidados Paliativos: - Medicina- Enfermagem- Fisioterapia, - Psicologia,- Serviço Social- Ajudantes Familiares e de Centro DiaA equipa recebe Formação na área dos Cuidados Paliativos, quinzenalmente.

A actividade da equipa é enriquecida pelo apoio dos Familiares, Voluntários e Guia Espiritual.A Equipa de Cuidados Paliativos tem parcerias com as Entidades Oficiais e Privadas.Funções do Serviço Social na Equipa de Cuidados Paliativos:- Estabelecer Plano de Acção com os utentes e seus familiares- Acompanha a evolução social dos casos, nomeadamente em situação de luto- Coordenar as tarefas das Ajudantes Familiares e de Centro Dia- Articula com os Parceiros da Comunidade, para aferir recursos- Coordena o Banco de Ajudas TécnicasCaso Prático: Idosa, viúva, com 80 anos, foi-lhe diagnosticado neoplasia no intestino, na altura do diagnóstico apresentava estado avançado de demên-cia, deslocava-se de cadeira de rodas e necessitava do apoio de terceiros para todas as actividades de vida diária. Perante este quadro a filha decide integrar a mãe em lar lucrativo. Passado 6 meses, a idosa foi transferida para o Centro de Dia da Misericórdia, tendo sido estabelecido o Plano de Acção seguinte: Transporte, Alimentação, Higiene Pessoal, Apoio Médico e de Enfermagem, Fisioterapia, ao final da tarde e durante a noite os cuidados eram assegurados pelos familiares e voluntários. Decorreram 3 anos com esta tipologia de apoio. Com a evolução do estado clínico, a idosa entrou em estado agónico e durante duas semanas esteve recolhida no seu domicílio, com o apoio da Equipa de Cuidados Paliativos. Faleceu no domicílio com controlo sintomático, apoio familiar, dos profissionais e voluntários. Foram feitas visitas domiciliárias aos familiares após o óbito, numa dessas visitas a filha disponibilizou-se para ser voluntária da Misericórdia.»O Assistente Social da Misericórdia faz um percurso com o doente e seus familiares. Deve contribuir para o Aumento do Controlo da Vida do doente.

CL 30O processo de tomada de decisão em cuidados paliativos: a propósito de um casoCarla Sousa, Elisabete Francisco , Maria João Lopes, Manuel Ferreira, Paula Carneiro, Casa de Saúde das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de JesusObjectivos: Com a apresentação desta comunicação pretendemos:- Reflectir sobre o processo de tomada de decisão- Aprofundar os pressupostos no processo de tomada de decisão em cuida-dos paliativos- Realçar algumas questões éticas inerentes aos cuidados paliativos- Promover o diálogo e a partilha de experiências dos presentesResumo: A salvaguarda e o respeito inalienável pela pessoa, sobretudo quan-do esta se encontra em circunstâncias de grande vulnerabilidade, exigem um processo de tomada de decisão configurado por critérios e valores que promovam e protejam sempre a dignidade da vida. Os cuidados paliativos ao serem entendidos, como cuidados totais e activos aos doentes com doença crónica e suas famílias, progressiva e incurável (OMS), tocam áreas de intervenção muito frágeis, onde como profissionais de saúde nos questionamos sobre algumas o melhor bem a promover, o que salvaguardar, qual o tratamento ou tratamentos a continuar, quais suspender, quando e em que circunstâncias no cuidado à pessoa. O afirmar o valor da vida e o lidar com o processo de morte como um proc-esso natural implica reflectir e agir à luz da Bioética principalista baseada em quatro grandes princípios: autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça. Os valores principais em causa são o respeito pela vida humana na sua totalidade e integridade, onde a pessoa é reconhecida como fim em si mesma (autonomia) e a promoção do melhor bem (beneficência), uma re-sponsabilidade individual e de todos. O processo de tomada de decisão em cuidados paliativos deverá ser sempre um processo reflectido, dinâmico, par-ticipativo e envolvente (doente, família, equipa). Para além deste pressupos-tos inerentes a qualquer processo de tomada de decisão, o controlo da dor e outros sintomas, a diminuição do sofrimento por problemas psicológicos, sociais e espirituais, a comunicação (doente e família) e o trabalho em equipa interdisciplinar são também critérios que deverão ser tidos em conta.

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O processo de tomada de decisão à luz de princípios bioéticos é apenas, entre outros, um tipo de metodologia de resolução de problemas. A resolução de problemas exige uma apreciação cuidadosa de todos os aspectos relevan-tes, implica uma reflexão sobre os meios alternativos de acção e sobre os resultados prováveis e ainda sobre o tipo de razões que podem ser dadas para justificar um determinado plano de acção. Este processo assenta num constante questionamento de princípios, valores, deveres, crenças, saberes e obrigações, o que o torna dinâmico e adaptado às diferentes circunstâncias da vida humana. Gandara ( 2004) desenvolve o processo de tomada de decisão em quatro etapas: avaliação inicial, planificação, execução e avaliação da decisão. O pri-meiro passo é de suma importância no âmbito dos cuidados paliativos. Exige rigor na apreciação e avaliação do doente e da sua história, conhecimento das características da doença e do impacte desta no processo de tomada de decisão. Weissman (2004) salienta alguns aspectos a ter em conta na avaliação inicial como seja o diagnóstico, o prognóstico, a cormobilidade, a resposta prévia ao tratamento, o papel na família, a capacidade funcional do doente, a idade, a fase do ciclo da vida, os custos do tratamento, etc. Sali-entando que os cuidados paliativos visam sobretudo a prevenção e o alivio do sofrimento causado pelos sintomas, existem algumas intervenções que numa determinada fase da doença são proporcionais e noutra deixam de o ser. Daí que, alguns dilemas éticos se colocam, nomeadamente, o problema de continuar ou suspender algumas intervenções, quando e em que circun-stâncias. A propósito de um doente que tivemos o privilégio de acompanhar nos úl-timos dias da sua vida na Unidade de Cuidados Paliativos da Idanha o qual suscitou em nós o aprofundamento de conhecimentos e reflexão em equipa acerca do processo de decisão e algumas questões éticas subjacentes. Neste momento gostaríamos de partilhar o que foi oportunidade de consulta e apro-fundamento através do diálogo e discussão com os presentes.Conclusão: O processo de tomada de decisão em cuidados paliativos é um imperativo ético da acção e compromisso de todo o profissional de saúde na salvaguarda e promoção da vida humana em qualquer circunstância. Deverá ser sempre dinâmico, participativo, envolvendo o doente, família e equipa, tendo sempre como pressupostos as bases de intervenção subjacentes aos cuidados paliativos. Na busca do melhor para o doente e família não há certe-zas, mas há um caminho de reflexão e acção que todos, os que estamos envolvidos nesta área de intervenção, como outras, estamos chamados a percorrer com competência, humanismo e criatividade.Bibliografia:GONÇALVES, Ferraz, Controlo de sintomas no cancro avançado, Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.CONSEJO PONTIFÍCIO PARA LA PASTORAL DE LA SALUD, Cuidados Pali-ativos, Palabra, 2006.AZPITARTE, Eduardo, Ética e Vida – desafios actuales, Ediciones Paulinas, 1990.PEREIRA, Maria da Graça, et al, O Doente Oncológico e sua família, Climepsi Editores, 2005.SERRÃO, Daniel, et al, Ética em cuidados de Saúde, Porto Editora, 2000.

CL 31A Importância da despistagem precoce de factores de risco sociais em Cuidados Paliativos – Estudo pilotoCarla Reigada, Aluna do 5º ano de Trabalho Social da UTAD ; Edna Gonçalves, Médica do Serviço Cuidados Paliativos do IPO – Porto ; Esperança Silva, Assistente Social do IPO – Porto, Serviço de Cuidados Paliativos do IPO – Porto, E.P.E. Objectivos: Avaliar a importância da detecção precoce (“rastreio”) das neces-sidades sociais de doentes seguidos num serviço de Cuidados Paliativos e seus familiares / cuidadores.Material e Métodos: Entrevista estruturada e questionário assente em in-dicadores sociais, a 102 doentes e/ou familiares de doentes consecutivos

observados no Serviço de Cuidados Paliativos do IPO – Porto (SCP) de 1/1 a 21/4/2006 e nunca avaliados pelo Serviço Social (41 doentes internados no Serviço, 45 da consulta externa e 16 seguidos pela equipa de assistência domiciliária).Resultados: Com idades compreendidas entre os 61 e os 80 anos, 52 doentes eram do sexo feminino e 50 do masculino, residindo a maioria no distrito DO Porto. 38% apresentavam elevado grau de dependência. O agregado familiar tinha em média 2 pessoas e na maioria dos casos o rendimento provinha exclusivamente de uma pensão social ou reforma baixa. Dos 16 doentes seg-uidos pela equipa de assistência domiciliária, 2 não tinham cuidador primário e em 5 casos o cuidador era uma pessoa idosa. 85 dos 102 casos estudados apresentaram indicadores sociais considerados de risco: 28,2% dos casos “sem suporte social”; 16,5% “sem suporte social e económico” e 10,6% “vive só com um familiar idoso”. Conclusões: Embora o número de casos avaliados seja pequeno e os doentes residam todas na mesma área geográfica, este estudo sugere que o despiste precoce (“rastreio”) de factores de risco social possa ser um importante in-strumento na melhoria da qualidade de vida dos doentes seguidos em Cui-dados paliativos ao contribuir para o planeamento e intervenção precoce no suporte social e sócio-económico dos doentes e família.

CL 32O que aprendi em St. Cristopher’s HospiceÂngela Sofia Lopes Simões, Hosp. Amato Lusitano

CL 33Oclusão Intestinal no Doente PaliativoRicardo Rodrigues (**); Ana Rodrigues (*); Aida Santos (**), Raquel Marques (**); (*) Enfermeira(o) Graduada(o) – Unidade de Doentes Neutropénicos - H.S. João, E.P.E. –Porto, (**) Enfermeira Graduada – Unidade Polivalente do Hospital de Dia – H.S. João, E.P.E. – PortoIntrodução: A oclusão Intestinal (OI) é uma complicação frequente no doente paliativo em progressão, sobretudo nos doentes com neoplasias abdominais e pélvicas, sabendo-se que a sua incidência pode ir de 3 a 15% em doentes tratados em Unidades de Cuidados Paliativos. A OI é causada por uma ob-strução do lúmen intestinal ou pela perda da sua propulsão normal que im-pede ou atrasa o trânsito GASTROINTESTINAL.Metodologia/Objectivos: Com este trabalho expositivo, temos como O OBJEC-TIVO mostrar que na OI, mesmo quando seguidos em cuidados paliativos, os doentes podem beneficiar de várias atitudes terapêuticas: desde o conforto ao alívio completo de alguns sintomas. Desenvolvimento: A OI subentende a não progressão do conteúdo gastroin-testinal ao longo do tubo digestivo, quer por obstrução do lúmen, quer por ausência da sua propulsão, podendo qualquer nível estar envolvido, desde a porção gastroduodenal até ao ânus. Nos doentes paliativos a sua insta-lação pode ser lenta e progressiva; pode surgir sob a forma de distensão e dores abdominais, quadro de obstipação alternado com diarreia, náuseas e vómitos.Conclusão: Perante a suspeita de OI, o RX abdominal simples (de pé ou tan-gencial) é o exame de eleição, de simples realização e não invasivo.Em qualquer doente com cancro avançado e oclusão intestinal è importante considerar se a cirurgia è tecnicamente possível e de que forma o doente vai beneficiar da mesma. O beneficio da cirurgia é definido como uma sobrevida de pelo menos 60 dias após a cirurgia; no entanto, esta definiação deve contemplar o bem estar do doente, o alívio da obstrução e a possibilidade de o doente regressar a casa.Bibliografia:- Baines M. Medical management of intestinal obstruction. Bailliére´s Clinical Oncology- steiner n. Controle des symptômes en soins palliatifs: l´iléus terminal. med et hyg 1182-92

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11 a 13 Outubro 2006 Seminário de Vilar Casa Diocesana Porto 17

P 1Resumo do poster da equipa intra hospitalar do Hospital de Santa MariaPurificação Gandra, Amélia Matos, Emília Fradique - Hospital de Santa MariaDe acordo com a O.M.S, os cuidados paliativos visam melhorar a qualidade de vida dos doentes com doenças graves e/ou incuráveis, e suas famílias, através da prevenção e alívio do sofrimento, com recurso à identificação precoce, av-aliação adequada e tratamento rigoroso dos problemas físicos, psicossociais e espirituais presentes. São cuidados totais e activos prestados por uma equipa interdisciplinar, com formação específica e com treino adequado.Assim, o Conselho de Administração do H.S.M. deliberou a constituição de uma equipa intra hospitalar de suporte em cuidados paliativos visando a obtenção da melhor qualidade de vida possível para os doentes e suas famílias.A equipa é constituída por médico, enfermeiro, assistente social, psicólogo e outros colaboradores com formação específica e diferenciada em Cuidados Paliativos, com espaço próprio para a coordenação das suas actividades.O nosso objectivo é prestar apoio global, técnico, humanizado e interdisciplinar ao doente paliativo e sua família, nos domínios físico, psicológico, espiritual e social no processo de doença avançada e no luto. Através da realização de:. Apoio assistencial, sob a forma de Consulta Interna, Consulta Externa e acompanhamento telefónico ao doente/família.. Assessoria a outros profissionais.. Formação interna e externa a vários grupos profissionais.. Actividades na área da investigação.O projecto encontra-se em fase final de implementação, estando previsto o início de funções da equipa de suporte intra – hospitalar de cuidados paliativos para o último trimestre de 2006.

P 2Há um limite para a cura… não para os cuidadosAna Luísa Andrade Graça, IPO – Lisboa; Estela Laurinda Roldão Cancela, Hosp. Sto Antº dos CapuchosSubtítulo: Abordagem ao controlo de sintomasNas pessoas com doença avançada, incurável, progressiva e sem resposta à terapêutica curativa, torna-se fundamental e imperioso proporcionar a máxima qualidade de vida possível.Os cuidados paliativos vêm dar resposta a esta necessidade, assentando obrigatoriamente nos pilares da comunicação entre a equipa multidisciplinar e o doente e família. Estes cuidados englobam o controlo de sintomas, o apoio à família e quebra da conspiração do silêncio, e ainda a preparação para a morte/apoio no luto. É primordial que os profissionais de saúde em cuidados paliativos apostem no conhecimento, identificação e controlo precoce da sin-tomatologia que mais incomoda os doentes paliativos.Proporcionar ao doente um adequado controlo de sintomas é imprescindível por parte da equipa, de forma a minimizar o sofrimento deste e da sua família. Alguns dos principais sintomas presentes nos doentes paliativos são a dor, fadiga, dispneia, obstipação, confusão mental, anorexia, ansiedade e agitação, bem como náuseas e vómitos.Focalizando-nos no controlo de sintomas, pretendemos, através de um poster, fazer uma abordagem ao controlo de sintomas presentes no doente em cui-dados paliativos.Os principais objectivos do nosso poster são:- Expor alguns dos principais sintomas presentes nos doentes em cuidados paliativos;- Abordar cada sintoma, de forma sintética, estabelecendo uma ligação entre estes e os cuidados de enfermagem inerentes;- Evidenciar a importância do controlo precoce dos sintomas, permitindo pro-

porcionar ao doente maior conforto e melhor qualidade de vida.A metodologia adoptada para a elaboração deste poster baseia-se na evidên-cia científica recente, no que concerne ao controlo de sintomas, e na nossa prática diária hospitalar.Esperamos que este poster exponha, de forma clara e apelativa, a temática em questão, e contribua para a melhoria da prestação de cuidados aos doentes paliativos, bem como para uma melhor qualidade de vida.

P 3Experiência de coordenação entre um serviço de oncologia e uma unidade de cuidados paliativosJ. Planas, G. Colomar, C. Farriols, J. Albanell, UFIS de Cuidados Paliativos, Serviço de Oncologia Médica. Hospital del Mar. IMAS. BarcelonaIntrodução: Os doentes com cancro avançado internados num serviço de on-cologia requerem uma equipa de suporte específico em cuidados paliativos (UFIS) para conseguir uma adequada orientação consoante os cuidados de saúde que necessitem. Apresentamos a experiência de coordenação entre uma equipa de suporte hospitalar (UFIS) e a Unidade de Cuidados Paliativos (UCP) do mesmo hospital, para conseguir uma correcta adequação dos cuida-dos e destino dos doentes.Objectivos: Mostrar um modelo de coordenação de uma UFIS hospitalar num Serviço de Oncología. Descrever a actividade da UFIS baseada no modelo de actuação, entre Janeiro de 2003 e Junho de 2006.Material e métodos: Desde 2003 a UFIS de Cuidados Paliativos efectuou 457 consultas do Serviço de Oncologia. Os doentes têm sido avaliados por um médico e um enfermeiro de Cuidados Paliativos e, se necessário, por um as-sistente social. Realizou-se uma avaliação global de cada caso, analisando os sintomas físicos e emocionais e definiram-se os recursos hospitalares em função da avaliação. No quadro seguinte expomos os parâmetros avaliados e os resultados mais relevantes.Conclusões: A UFIS de Cuidados Paliativos constitui um bom recurso para a detecção e gestão de casos de Cuidados Paliativos num Serviço de Oncologia hospitalar.

Pedidos

Idade Doentes

Mulheres

Homens

Neo pulmão

Neo colon/recto

Neo mama

Outras neoplasias

Nº días admissão/ /consulta

Intervalo pedido/ /avaliação

Días avaliação/ /alta

Alta p/ UCP

Alta p/ domicilio

Falecidos hospital

Outros destinos

123

66,75

41

82

41

20

13

49

14,36

1,5

5,97

80

16

19

8

128

67,8

46

82

42

15

15

56

14,64

1,37

6,67

74

21

27

6

141

67,05

58

83

44

15

18

72

14,31

1,47

6

83

28

28

2

2006 1ºsemestre

65

69,26

19

46

24

6

7

35

9,88

1,53

4,64

41

12

12

0

457

67,71

164 (35,9)

293 (64,1)

151 (33,1)

56 (12,2)

53 (11,6)

197 (43,1)

13,3

1,47

5,82

278 (60,9)

77 (16,8)

86 (18,8)

16 (3,5)

200520042003 TOTAL (%)

RESULTADOS

14.00-14.30h

POSTERSOUTUBRO 2006 | 5ª FEIRA 12 RESUMOS

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18 III CONGRESSO NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS

P 4O Papel da Equipa de Cuidados Paliativos no Apoio ao LutoAna Ribeiro, Psicóloga, pós-graduada em Cuidados Paliativos, Centro de at-endimento a toxicodependentes de Castelo Br ; Neuza Martins, Enfermeira, pós-graduada em Cuidados Paliativos, Hosp. Amato LusitanoA morte, sendo uma das certezas absolutas que um ser humano possui, é para além de um acontecimento biológico, um acontecimento psíquico.Perder alguém querido é uma situação causadora de grande sofrimento, havendo todo um processo de luto que deve ser vivido e que é parte inev-itável da vida de uma pessoa. Trata-se de um processo pessoal, normal e dinâmico, que ocorre em resposta a qualquer tipo de perda (física ou sim-bólica) e durante o qual é possível assistir a diversas reacções emocionais, físicas, cognitivas, espirituais e sociais. Neste percurso, a pessoa procura adaptar-se à morte e perda do ente querido. Estando associado a um período de sofrimento intenso para a maioria das pessoas, para outras torna-se um risco para problemas físicos e mentais. Para além do controlo de sintomas, é igualmente importante a disponibilidade de uma equipa multidisciplinar de Cuidados Paliativos capaz de acolher e dar resposta a todo o sofrimento do doente e familiares, sendo que a estes o cuidado deve estender-se para além da morte, ou seja, no processo de luto. É apresentado em formato de “poster” as fases normalmente vivenciadas pela pessoa que atravessa o processo de luto, e o papel da equipa de Cuida-dos Paliativos, que não termina aquando da morte do doente, estendendo-se ao processo de luto. O objectivo das autoras é captar a atenção dos profissionais de saúde para o facto de os cuidados prestados nunca serão integrais se não estiver presente todo um suporte aos múltiplos lutos que doente e família vão vivenciando durante toda a experiência de doença crónica, avançada e progressiva. E este apoio marca a diferença na qualidade dos cuidados prestados.

P 5A vida depois da MorteCláudia Pinhão, Cristina Costa, Maria Manuel Pinto, Naír Gonçalves, Sónia Andrade, IPOLFG, E.P.E, alunas do Mestrado em Cuidados Paliativos, 3ª ediçãoObjectivo: 1. Integrar a intervenção de enfermagem no processo de lutoResumo: A vida depois da morte … vivida na pessoa que fica, é um caminho que atravessa várias fases e durante o qual terão de ser cumpridas várias tarefas para levar a cabo aquilo que é definido como processo de luto. Evidenciam-se teóricos como Twycross na definição de fases do luto (1. Entorpecimento; 2. Separação; 3. Desespero; 4. Reorganização) e Worden na enunciação de tarefas do processo de luto ( 1. Aceitar a realidade da perda; 2. Aceitar o luto como doloroso; 3. Adaptar-se à vida sem a pessoa falecida; 4. Reconduzir a energia emocional investida na relação com o falecido para outras relações.). A SECPAL, patenteia como intervenções de enfermagem (1. Aumentar a realidade da perda; 2. Ajudar a expressar sentimentos; 3. Ajudar na readaptação após a perda; 4. Promover o “dizer adeus” e sentir-se confortável na nova situação). As tarefas do luto, decorrem directamente das fases deste e as intervenções de enfermagem têm como objectivo promover um percurso em que as emoções são vivenciadas de forma saudável, para a concretização deste mesmo processo. Bibliografia:ALBOM, M. – As Terças com Morrie. Cascais, Sinais de Fogo, 1999, 222 p.DOYLE, D., HANKS, G.W.C., MACDONALD, N., Oxford Textbook of Paliative Medicine, 2.ª Edição, Oxford Medical Publications, Nova Iorque, 1998.SOCIEDADE ESPANHOLA DE CUIDADOS PALIATIVOS - Guia de Cuidados Pali-ativos. Em www.secpal.comTWYCROSS, R. – Cuidados Paliativos. 2ª edição, Lisboa, Climepsi Editores, 2003, 207 p.WORDEN, J.William – Grief Conseling and Grief Therapy. Springer Publishing, 2002, 232 p. Em http://books.google.com

P 6Hipodermoclise - Na perda da via oral, a resposta mais confortávelHelena Silva, José Paulo Almeida, Lina Andrade, Maria de Deus Ferro, Nadine Pironet, Enfermeiros do Centro de Saúde de Ponta DelgadaA manutenção do estado de hidratação, apresenta-se como um factor fun-damental, na permanência do conforto físico e prevenção de situações gera-doras de sofrimento.O objectivo do trabalho ao qual nos propomos é:- Enfatizar as vantagens da utilização da via subcutânea, para hidratação, em situação de indisponibilidade ou dificuldade de utilização da via oral.Como profissionais de saúde deparamo-nos muitas vezes com situações de dificuldade ou impossibilidade de hidratação por via oral. Na nossa prática comum recorre-se à hidratação por via entérica ou endovenosa, sendo estas, técnicas invasivas, dolorosas pouco práticas e que muitas vezes implicam hospitalização. Pelo que sentimos necessidade de realçar a utilização da via subcutânea para hidratação, como promotora de maior conforto e menores riscos.Ficamos mais sensibilizados para esta forma de hidratação após a frequência do curso de Pós Graduação em Cuidados Paliativos realizado em Ponta Del-gada, entre Abril e Julho do corrente ano. Assim, consideramos pertinente a exploração deste tema uma vez que a hipodermoclise é uma prática pouco divulgada no nosso contexto de trabalhoPropomo-nos então apresentar no III Congresso Nacional de Cuidados Pali-ativos, um trabalho em forma de poster, elaborado com base em pesquisa bibliográfica e na experiência prática, tendo em atenção os aspectos éticos, salvaguardados através do consentimento informado.

P 7Mitos dos Profissionais de Enfermagem sobre o uso da MorfinaRaquel Flores, Hosp. Fernando da Fonseca; Patrícia Almeida - Hosp. S. BernardoO alívio da dor constitui um direito e um dever dos profissionais de saúde. A morfina é o opiáceo de eleição no seu controlo e tratamento, no entanto a existência de ideias erróneas pré-concebidas, constitui uma das maiores limitações ao seu recurso. O estudo que aqui apresentamos, foi realizado no âmbito do 4º ano do Curso de Licenciatura em Enfermagem (estudo de investigação), pela Escola Su-perior de Enfermagem S. Francisco das Misericórdias, sob a orientação do Mestre Manuel Luis Capelas, no ano de 2005. Trata-se de um estudo do tipo descritivo-exploratório, transversal e prospectivo com abordagem quantita-tiva. Tem como objectivo identificar, descrever e comparar os mitos sobre a morfina, dos enfermeiros de oito hospitais de Lisboa, mediante a influência das variáveis independentes. Considerando-se as variáveis dependentes, os mitos sobre o uso de morfina; as independentes o grau académico, experiên-cia profissional e serviço; as atributo o género e idade.A amostra é constituída por 465 enfermeiros implicados directamente na prestação de cuidados em serviços de cirurgia geral e medicina interna (ex-cluindo-se as especialidades médicas e cirúrgicas).A colheita de dados foi efectuada através de questionário, por nós elaborado, testado através de pré-teste, sendo constituído por 28 afirmações de res-posta dicotómica.Dos sujeitos inquiridos, conclui-se que:- 25% apresentam mitos para 14 das afirmações apresentadas; - a prevalência de mitos diminui com o aumento do grau académico e da experiência profissional;- o serviço, não é factor determinante na prevalência de mitos.A necessidade de minimizar/ erradicar mitos secundários ao déficit de infor-mação/ conhecimento, singem-se à emergência do controlo sintomático e promoção da qualidade de vida dos doentes e família.

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P 8Dor totalCláudia Gonçalves, Serviço de Gastrenterologia do CHCB, EPE e Pós Graduada em Cuidados Paliativos; Ricardo Serra, Enfermeiro no Serviço de Medicina Mulheres do Hospital Dr. José Maria Grande e Pós Graduado em Cuidados Paliativos; Sara Repas, Enfermeira no Serviço de Medicina 2 do CHCB, EPE e Pós Graduada em Cuidados PaliativosO poster por nós elaborado é subordinado ao tema “Dor Total” e insere-se no âmbito da III Congresso Nacional de Cuidados Paliativos. Escolhemos este tema por ter sido fulcral na fundação e desenvolvimento dos Cuidados Pali-ativos. O termo “dor total” foi proposto por Cicely Saunders na década de 60 e enfatiza a dor como a soma de múltiplos factores que afectam a integridade e globalidade da pessoa em todos os domínios da sua vida: físico, psicológico, social e espiritual. Neste sentido, a denominação “dor total” é a expressão de que no ser humano é impossível interpretar apenas o aspecto nocicep-tivo da dor e que todos os aspectos psicológicos, sociais e espirituais estão envolvidos de modo indissociável. O conceito de dor total alerta-nos, assim, para a compreensão da subjectividade da dor e para o facto desta ser uma experiência profundamente pessoal não podendo ser entendida como um fenómeno meramente biológico.A dimensão física da dor está relacionada com uma lesão tecidular existente ou não, que pode ser descrita de acordo com as manifestações próprias de tal lesão, com os sintomas concomitantes à doença ou com os efeitos indesejados dos tratamentos realizados pelo doente. A dimensão psicológica engloba os sentimentos para com a doença, a morte e o morrer que se traduzem muitas das vezes em ansiedade, medo, raiva, incerteza, sentimentos de culpa e desamparo, isolamento, depressão, entre outros.A dimensão social compreende para o doente a perda de posição social, a perda do papel na família, a perda do emprego, a perda das relações sociais existentes que podem levar a sentimentos de inutilidade, abandono e isola-mento. Os aspectos financeiros são também motivo de preocupação para o doente assim como o desejo de morrer ou não no domicílio.A dimensão espiritual envolve questões relacionadas com a morte iminente, a procura de um ser superior ou revolta relativamente a este, o significado do sofrimento, as percepções acerca do passado, presente e futuro que se podem traduzir na perda do sentido, propósito e valor da própria vida.A avaliação da dor é complexa e é a base para a adequação do tratamento a realizar. Este requer o conhecimento e uso adequado de uma variada gama de conceitos e intervenções de natureza múltipla. Quando a dor não é aliviada pode tornar-se no centro da vida do ser humano, bloquear a sua relação com os outros e ser uma ameaça séria à sua existência.Bibliografia:FERREL, B.; COYLE, N. – Textbook of Palliative Nursing. Oxford University Press: New York, 2006. ISBN 978-0-19-517549-3; PAYNE, S.; SEYMOUR, J.; INGLETON, C.: Palliative Care Nursing – Principles and evidence for practice. New York: McGraw-Hill Education, 2004; ASTUDILLO, W., et al.: Principios básicos para el control del dolor total, em Revista da Sociedade Espanhola da Dor, Janeiro – Fevereiro de 1999, vol. 6, nº 1, pp. 59 – 70; CONIAM, S.; DIAMOND, A.: Controlo da dor. Lisboa: Climepsi Editores, 2001. ISBN 972-97250-6-3; Twycross, R.: Cuidados Paliativos. Lisboa: Climepsi Editores, 2003. ISBN 972-796-093-6; REGATEIRO, F; et al – Enfermagem Oncológica. Coimbra: Edições Formasau, Formação e saúde, Lda, 2004, ISBN 972-8485-41-7; PIMENTA, C.; MOTA, D.; MONTEIRO DA CRUZ, D. – Dor e Cuidados Paliativos – Enfermagem, Medicina e Psicologia. Manole: Brasil, 2006. ISBN 85-204-2403-1; ASTUDILLO, W.; MENDINUTA, C. – Cuidados del enfermo en fase terminal y atención a su familia. EUNSA: Navarra, cap. 2, pp. 261-272. ISBN 84-313-1966-6

P 9Cuidar na agonia – caso clinicoFátima Oliveira, Eva Figueiredo, Maria João Lopes, Paula Carneiro, Casa de Saúde das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de JesusObjectivos: Descrever a psicofisiologia da agonia e os objectivos de inter-

venção da equipa interdisciplinar, nesta fase, numa unidade de cuidados pali-ativos.Expor um caso clínico com a evolução da performance do doente através da Palliative Performance Scale (traduzido e adaptado de Wilner e Arnold, 2004), durante o internamento na nossa unidade, com o levantamento das necessidades do doente da família e as intervenções da equipa, enfatizando as intervenções interdisciplinares na fase da agonia.Resumo: A última fase da doença, a que chamamos de agonia, é reconhecida por diversos autores como a mais profunda e difícil experiência com que qualquer ser humano pode confrontar, provocando um conjunto de situações emocionais e psicológicas de grande intensidade e complexidade.Segundo AKISKAL, Hapop S., et al (S/D) a agonia caracteriza-se, habitual-mente, por uma deterioração geral e prolongada, marcada por episódios de complicações e de defeitos secundários, como acontece em alguns casos de cancro. Geralmente, durante o mês anterior à morte diminuem, de forma sub-stancial, a energia, a actividade e o bem-estar. Observa-se um enfraqueci-mento visível do doente e é para todos evidente que a morte se aproxima.A agonia também segue outro curso: às vezes, um doente tratado no hospital com uma terapia agressiva em virtude de uma doença grave pode piorar de repente e só se sabe que está a morrer algumas horas ou dias antes de falecer. No entanto é cada vez mais comum agonizar com uma lenta diminu-ição das capacidade e durante um longo período de tempo, às vezes com episódios de sintomas graves.É fundamental que tanto o doente como a sua família saibam qual será a evolução da doença para que tomem as decisões oportunas.Neste estado – a agonia – o doente está com astenia profunda, acamado a maior parte do tempo, com longos períodos de sonolência, desorientação no tempo, com desinteresse em comer e em beber e com dificuldade em engolir.É chegado o tempo do medo, da falência orgânica, da permanência na cama, da imobilidade, da vulnerabilidade total. O tempo torna-se curto, a morte aproxima-se, os sintomas preexistentes exacerbam, os episódios de con-fusão, de agitação, alterações de consciência.Inicia-se as alterações respiratórias características desta fase.Segundo Gonçalves (2002), os problemas mais relevantes da agonia são: dor, delírio, estretor, dispneia, mioclonias, convulsões, náuseas, vómitos, retenção ou incontinência urinária, sudação e febre.É um tempo de desafio para a equipa terapêutica, cujos esforços se orientam para o cuidar, para acompanhar o doente e família, de forma a dar qualidade e dignidade á vida que lhe resta, proporcionando um ambiente positivo, um clima de segurança e conforto onde a comunicação assume uma importância capital.Iremos expor um caso clínico referente a uma doente de 69 anos, internado na nossa unidade de 6 de Março a 28 de Março com um melanoma maligno da planta do pé esquerdo, diagnosticado em 1984, com metastização hep-ática grave. Enfatizando a intervenção da equipa na fase da agonia.Bibliografia:GONÇALVES Ferraz. Controlo de Sintomas No Cancro Avançado. Serviço de educação e bolsas – Fundação Calouste Gulbenkian, 2002. ISBN 972-31-0960-3. http://quimioterapia.com.sapo.pt/atitudes e comportamentos.htmFRANCISCO, Elisabete. O controlo de sintomas na agonia. Curso de pós grad-uação em Cuidados paliativos – Escola Superior de Enfermagem de Calouste Gulbenkian – Lisboa, Junho 2006.

P 10Comunicação em Cuidados PaliativosAna Margarida Gomes no Serviço de Medicina 1, Élia Afonso no Serviço de Especialidades 1 - Cardiologia/Dermatologia, Hospital Amato Lusitano em Castelo BrancoResumo: A arte de comunicar no ocaso da vida, não se coaduna com princí-pios rígidos, nem tão pouco com desígnios impenetráveis mas sim, com habilidades, atitudes e comportamentos susceptíveis de colorirem a prática quotidiana, dos profissionais de saúde, perante o doente/família em fase

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terminal. A jurisdição do acto de comunicar é ampla, convertendo-se num efectivo processo multidireccional e multidimensional, interactivo e contínuo. É sobre conceitos como partilha, relação, informação e transmissão que se erguem questões e se constroem respostas. E, usando como ferramentas com o tempo e o espaço desenhamos a tecnologia da escuta, das palavras e até mesmo dos silêncios. Como arquitectos temo-nos a nós próprios, profis-sionais de saúde, competentes para, numa mesma paisagem, combinar as palavras com o olhar, com os gestos, com a postura e numa última pincelada adicionar-lhe um toque. Comunicar, significa ajudar na reestruturação de todo o espólio daquele que, fragilizado e debilitado pela doença estremece perante a perda da sua dignidade. O medo de ser abandonado, quebra o mosaico de esperança, subtrai-nos a capacidade de fitar aquela sábia e desconhecida personagem – a morte – que nos surge quiçá, de um mundo sem palavras, onde nada tem para esclarecer, sendo simplesmente a parte incompreensível da vida, aquele parágrafo que nos deixa dúvidas, interrogações e ambivalências. Cabe-nos ajudar o outro a reinventar-se, com toda a plenitude da honesti-dade pois, a mentira desconhece a dignidade intrínseca de cada um, assim como a sua liberdade e unicidade. Com as parcelas da empatia consolidamos a arte de saber ler o mundo do outro, mesmo quando envolto num turbilhão de sentimentos e emoções, basta-nos parar...ouvir os sons dos silêncios e, reflectindo decerto entend-eremos que, algumas vezes, são mais eloquentes que as próprias palavras. Se fugirmos deixamos alguém entregue ao mutismo, ao silencio que impõe o seu lado trágico, porque vindo de uma muda solidariedade não é nada mais que um vazio de palavras. A incomunicação prenuncia a clara eutanásia social e afectiva de quem empreende a ultima viagem, especialmente, quando esse trajecto é percor-rido por detrás dos muros das instituições hospitalares. Profissionalmente, temos como imperativo acompanhar aqueles que estão prestes a partir, não os deixando sós mas, só se caminha lado a lado se: construirmos pontes robustas que, nos levam ao diálogo autentico e, grandes vasos de esperança para dedicar a quem o sofrimento extravasa dos limites mas, que todavia ainda o carrega como uma caixa debaixo do braço e, quando lhe tira a tampa descobre que além de chorar ainda sabe sorrir. P 11Cuidados Paliativos – Como hidratar?Luísa Pires, Mónica Martins, Centro de Saúde de São Mamede/Sta IsabelIntrodução: Cuidar das pessoas em fim de vida exige da parte dos profis-sionais de saúde conhecimentos e intervenção na área preventiva, curativa e paliativa. A hidratação, embora controversa nos últimos dias de vida, deve ser cuidadosamente ponderada e revista com regularidade, tendo em conta a situação do doente, os seus desejos e o seu prognóstico. Objectivo: Pretendemos com este trabalho abordar as indicações das difer-entes vias de hidratação e o papel da hidratação no controlo dos sintomas. Metodologia: Revisão bibliográfica baseada na consulta de manuais actuali-zados e na pesquisa de artigos publicados na base de dados Medline nos últimos 4 anos.Conclusão: A hidratação contribui para o conforto do doente e para o efi-ciente controlo dos sintomas. Nos doentes com problemas de deglutição, náuseas, vómitos ou perturbações cognitivas a hidratação oral é muitas vezes difícil ou impossível. É muitas vezes difícil manter uma via endovenosa por poucos acessos venosos viáveis e/ou dificuldade de supervisão em am-bulatório. A sonda nasogástrica é muito incómoda para os doentes. A via subcutânea constitui a melhor alternativa à utilização da via endovenosa e intramuscular, para hidratação facilitando ainda a administração de medica-mentos tantas vezes necessária nesta fase da vida. A gastrostomia constitui uma boa alternativa à administração de líquidos, medicamentos e alimentos mas esta técnica ainda não está suficientemente implantada. A correcta es-

colha da via a utilizar dependerá da situação clínica de cada doente devendo o médico de família estar apto a efectuar esta decisão. P 12Transmissão de Más NotíciasAna Sofia Santos, Serv. Cirurgia Geral - CUF Descobertas; Rui Mariano, Serv. Medicina A - Hosp. Amato Lusitano; Isabel Lopes, Serv. Oncologia Médica - IPO LisboaA comunicação é um dos quatro pilares fundamentais dos cuidados pali-ativos (1), é portanto fundamental e abarca o doente, a família e a equipa numa interrelação dinâmica e constante, estando presente em todas as actividades.(2) A comunicação é uma arma terapêutica vital que permite desenvolver o princípio de autonomia no doente, o consentimento informa-do, a confiança mútua e a informação que necessita quer para ser ajudado quer para se ajudar a si próprio.(3) Apesar de ser uma tarefa inevitável para o profissional de saúde, dar más notícias ao doente, continua a ser uma função complicada e complexa pois o conhecimento da existência de uma doença grave que envolve risco de morte, incapacidade e outras perdas, provoca sentimentos intensos e dolorosos no doente. Daí ser necessário, enquanto profissionais de saúde desenvolveremos técnicas e habilidades para comunicarmos da melhor forma possível com o objectivo de reduzir ou mesmo eliminar estas mesmas dificuldades ou obstáculos.Existe um protocolo de grande utilidade usado na transmissão de más notí-cias – o protocolo de Buckman - que consiste de seis etapas consecutivas, não se devendo passar para a etapa seguinte sem acabar a anterior, a um ritmo que é ditado pelo doente e acabando na etapa que o doente deseje. (4) Dar as más notícias inclui então: preparação e escolha do local adequado; perceber o que o doente já sabe; saber o que o doente quer saber; dar a notícia; responder às emoções e às perguntas do doente; propor plano de acompanhamento e encerrar a entrevista.Apesar deste protocolo ser bastante útil para a transmissão de más noticias, o que é certo é que não existe uma fórmula, e por este motivo se diz que a este aspecto da comunicação se trata de uma arte. (5)A nossa experiência e formação profissional são ferramentas preciosas ao nosso dispor para enfrentar este delicado processo, mas temos também que ter em conta que não são as únicas na comunicação em cuidados paliativos (5, 6) A aquisição de conhecimentos e treino destas técnicas são bastante eficazes para melhorar este aspecto da comunicação e introduzi--lo pro-gressivamente na nossa prática diária, com resultados bastante positivos tanto para os doentes como para os profissionais. (6)Bibliografia:(1) NETO I. – Para além dos sintomas: a dignidade e o sentido da vida na prática dos cuidados paliativos. In: NETO I AITKEN H, PALDRON T. A digni-dade e o sentido da vida. Cascais: Pergaminho, 2004(2) ALMEIDA AM, SILVA IM – Reflectindo sobre a comunicação com o doente oncológico. Nursing. Lisboa: Novembro 2004. Nº 193, ano 15.(3) NETO I – Manual de Medicina Paliativa. Lisboa: Asta Médica,1996.(4) AYARRA M, LIZARRAGA S – Malas noticias y apoio emocional. Acedido de http://www.cfnavarra.es/salud/anales/textos/suple24_2.html a 12 de Janeiro de 2006(5) SANCHO MG – Como dar las malas noticias en medicina. 2ª ed. Madrid: Arán Ediciones, S.A., 2000(6) LEAL F – Transmissão de más noticias. Revista Portuguesa de Clínica Geral. Janeiro/Fevereiro 2003. Vol.19, nº 1

P 13Cuidados Paliativos em Évora?Dora Coelho, Hospital Distrital Faro; Elsa Vilela, Filomena Simões, Guilher-mina Laranjo, Madalena Feio, Mª Rosário Neto, Sandra Gomes , Hospital Espírito Santo de Évora - HESE

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Objectivos: Determinar as necessidades sentidas pelos médicos e enfermei-ros do HESE na assistência a doentes com doença avançada, progressiva e potencialmente fatalMétodo: Questionário escrito distribuído aos médicos e enfermeiros do HESE em Abril e Maio de 2006Resultados: Foram distribuídos 572 questionários dos quais foram respon-didos 256 (44,75%): 51,32% do total de enfermeiros e 20% do total de médicos.Dos profissionais inquiridos apenas 4% têm algum tipo de formação em Cuidados Paliativos.As situações em que os profissionais sentem maior necessidade de apoio diferenciado são a dor (78.3%) e depressão/ansiedade (73.3%), bem como a intervenção psicológica (82.6%) e a intervenção social (80.3%).A existência de uma Equipa de Cuidados Paliativos é considerada particu-larmente importante na planificação de cuidados individualizados ao doente e família (72.3%), em internamento, e na melhoria da qualidade de vida e conforto (80.3%) bem como na diminuição da ansiedade do doente e famil-iares (75.1%), em ambulatório.O momento de intervenção da Equipa de Cuidados Paliativos foi considerado como mais apropriado logo que seja diagnosticada uma doença grave e potencialmente fatal, principalmente em doentes oncológicos, mas também em doentes com SIDA e com doenças neurológicas crónicas e degenera-tivas.87.4% dos inquiridos concordam em que existem poucas opções para os doentes terminais na nossa comunidade, estando mais de 40% dos profis-sionais disponíveis para adquirir formação e trabalhar nesta área.Conclusões: Verifica-se que é sentida, pelos profissionais do HESE, uma grande necessidade de existência de uma Equipa que dê apoio em Cuidados Paliativos, havendo um número significativo de profissionais que mostra-ram disponibilidade em integrar uma equipa deste género, após formação adequada.

P 14Viver os Últimos dias em CasaAna Paula Bernardo, Sandra Cristina Tapadas, Enfermeiras do Centro de Saúde de Idanha-a-Nova, Pós-Graduadas em Cuidados PaliativosOs Cuidados Paliativos são identificados como: Área prioritária de inter-venção; elemento essencial dos cuidados de saúde; necessidade em termos de saúde pública; imperativo ético promotor dos direitos fundamentais e uma obrigação social. Para a Associação Nacional de Cuidados Paliativos, “a res-posta às necessidades dos diferentes grupos de doentes com doença grave e terminal passa pela criação de uma rede alargada e integrada de serviços, que abranja desde o domicílio aos cuidados em unidades de internamento específicas e em hospitais de agudos, passando pelas instituições de cuida-dos de longa duração”.Os Cuidados Domiciliários de alta qualidade são possíveis, Twycross (2003), refere que “se lhes fosse dada essa oportunidade, a maioria das pessoas es-colheria morrer em sua casa e não num ambiente estranho ou num hospital”. Com o poster “VIVER OS ÚLTIMOS DIAS EM CASA”, pretendemos evidenciar que “Os Cuidados Paliativos promovem a autonomia do doente/família, o seu respeito e a sua dignidade”, através das áreas chave dos Cuidados Paliativos: Controlo dos sintomas; comunicação adequada; apoio à família e do tra-balho em equipa. Pretendemos ainda apresentar as vantagens dos Cuidados Comunitários de Suporte em Cuidados Paliativos para o doente, para a família e para o sistema de saúde.A qualidade de vida do doente paliativo será tanto maior, se os cuidados forem prestados no seu domicílio, uma vez que é aí que o doente se encontra no seu meio natural. Urge que se volte a descobrir a família como espaço de abertura ao outro, mas com o acompanhamento de equipas de saúde multidisciplinares formadas em cuidados paliativos, ajudando os familiares

ao longo do percurso e assegurando uma verdadeira continuidade de cuida-dos, “centrados na importância da dignidade da pessoa ainda que doente, vulnerável e limitada, aceitando a morte como uma etapa natural da vida que, até isso, deve ser vivida intensamente até ao fim” (ANCP).Bibliografia:ASSOCIAÇÂO NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS: Organização de Serviços em Cuidados Paliativos. Recomendações da ANCP. 2006. ASTUDILLO W et al: “Principios Básicos para el Control del Dolor Total”.Rev. Soc. Esp. del Dolor. 1999;6(1). DECRETO-LEI nº 101/2006. Rede de Cuidados Continuados Integrados, Dia-rio da República I Série-A de 6 de Junho. DIRECÇÃO GERAL DA SAÚDE. A Dor como 5º Sinal Vital. Registo Sistemático da Intensidade da Dor. Circular Normativa nº 09/DGCG 2003.GOMEZ-BATISTE X et al: Cuidados Paliativos en Oncologia. Barcelona, Edito-rial JIMSSA, 1996. HENNEZEL M: Diálogo com a Morte. 2ª ed. Lisboa, Noticias Editorial, 1997. LÓPEZ-IMEDIO E: Enfermería en Cuidados Paliativos. Madrid, Editorial Pana-mericana, 1998. MINISTÉRIO DA SAÙDE. DIRECÇÃO GERAL DA SAÚDE. Programa Nacional de Cuidados Paliativos. Despacho Ministerial de 15/06/2004. Circular Normativa nº 14-DGCG de 13/07/2004. ORTIZ J S: La Comunicación en el Enfermo Terminal. In: Baron, M G et al, eds. Tratado de Medicina Paliativa y Tratamiento de Soporte en el Enfermo com Cáncer. Madrid, Editorial Médica Panamericana, 1995. SFAP: L’infirmier(e) et les Soins Palliatifs. “Prende Soin”: Éthique et Pratiques. 2ª ed. Paris, Masson, 2002. STEDEFORD A: Encarando a Morte, Uma Abordagem ao Relacionamento com o Paciente Terminal. Porto Alegre, Artes Médicas, 1986. TWYCROSS R: Cuidados Paliativos. 2ª ed. Lisboa, Climepsi editores, 2003.

P 15Normas de actuação nos últimos dias de vidaAlberto Berenger, Hosp. Central do Funchal , Isabel Gonçalves, Hosp. de Beja Hosp. da Luz , Lucinda Marques, Maria Aparício, Manuel Ferreira, Centro de Saúde de Odivelas Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, 90 % das mortes são por doença crónica, avançada e incurável, sendo as principais causas de morte as doenças cardíacas, as cérebrovasculares, as neoplásicas e as doenças respiratórias. Estudos apontam para que 60% do total dos doentes falecidos apresentam necessidades especificas de cuidados paliativos. Os últimos dias ou horas que antecedem a morte destes doentes, são descritos por Sancho (2005) como “um período mais ou menos longo em que a doença progride e estaciona, de forma intermitente, irregular e com o aparecimento de diversos problemas de todo o tipo”. Este período corresponde a uma fase fisiológica que implica um aumento dos problemas não só para o doente, como também para a família e para a própria equipa de saúde, sendo necessária uma inten-sificação dos cuidados a prestar e da atenção a disponibilizar. O conforto e a qualidade de vida serão os principais objectivos a atingir, sendo preciso não só reconhecer e aceitar a incurabilidade de certas patologias, como desen-volver competências especificas para identificar os sinais da proximidade da morte, o controlo de sintomas, assim como estabelecer medidas adequadas, que ultrapassem o afastamento ou desinvestimento por parte dos profission-ais, e que preservem a dignidade do doente e da sua família.Esta fase exige cuidados diferenciados e específicos, sendo o objetivo deste poster enquadrar e uniformizar os procedimentos dos profissionais de saúde nos objectivos e nos cuidados a prestar nesta fase final da vida dos doentes, baseados em várias referências internacionais e na experiência, e assente nas quatro áreas chave dos Cuidados Paliativos: controlo de sintomas, comu-nicação adequada, trabalho em equipa e apoio á família, com a finalidade de humanizar o fim de vida, ocorra ele onde ocorrer.

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P 16Satisfação dos doentes e seus familiares face à prestação de cuidados de enfermagem numa unidade de cuidados paliativosAna Lúcia Barreto , Neurologia do HEM, Susana Pedrosa, Hematologia do HSACIntrodução: A avaliação do grau de satisfação permite analisar a qualidade dos cuidados prestados. Com o caminhar para o fim da vida as pessoas e as suas necessidades alteram-se, devendo assim todos os profissionais de saúde estarem atentos às mesmas, para que se consiga atingir um nível elevado de satisfação, contribuindo para isso o estabelecimento de uma relação de proximidade entre profissionais de saúde, doentes e famílias. Nunca devemos esquecer que para além dos doentes, as famílias também têm necessidades particulares que importa satisfazer.Objectivos: Identificar e comparar o grau de satisfação dos doentes e fa-miliares face à prestação de cuidados de enfermagem numa Unidade de Cuidados Paliativos.Metodologia: Estudo quantitativo do tipo analítico, transversal e observacional, tendo como população os doentes terminais e seus familiares em Unidades de Cuidados Paliativos.A amostra é do tipo não probabilístico, sendo constituída por 31 doentes e 29 familiares. O instrumento de medida foi o questionário adaptado do “FAMCARE scale”.Conclusões: Em relação aos doentes:Ø Mais de 40% dos doentes encontram-se satisfeitos perante o rigor dos enfermeiros ao avaliar os sintomas; a disponibilidade dos enfermeiros para os doentes e para a família; a forma como são feitos os exames e tratamen-tos; a informação sobre como lidar com os sintomas e face às questões e necessidades dos doentes; coordenação dos cuidados e com a inclusão nas decisões dos cuidados; a atenção do enfermeiro às descrições dos sintomas do doente; a velocidade com que os sintomas são tratados; as respostas às necessidades da família; o prognóstico e evolução da situação e o acompan-hamento do médico; Entre 40 % e 30% os doentes estão satisfeitos com a informação dada sobre os exames; o alivio das dores e informação dada sobre os efeitos secundários da medicação e as reuniões de família; Menos de 30% dos doentes estão satisfeitos com o encaminhamento a es-pecialistas.Em relação aos familiares: Mais de 90% dos familiares estão satisfeitos com a atenção dos enfermeiros sobre sintomas e disponibilidade dos enfermeiros para a família; o alivio das dores; velocidade no controlo de sintomas; informação sobre como lidar com os sintomas; informação sobre os efeitos secundários da medicação; coorde-nação dos cuidados; disponibilidade dos enfermeiros para com os doentes e acompanhamento do médico.Entre 70 e 90% dos familiares mostram-se satisfeitos com o rigor com que os sintomas são avaliados; respostas às questões dos doentes e respostas às necessidades da família; informação sobre prognóstico; forma como são feitos os exames e tratamentos; inclusão nas decisões sobre os cuidados e informação sobre exames. Menos de 70% os familiares estão satisfeitos com o encaminhamento a es-pecialistas e reuniões com à família.Em relação ao grau de insatisfação:Os familiares com menos de 15% apresentam-se insatisfeitos com as re-uniões de família para discussão da doença; velocidade com que os sintomas são controlados; coordenação dos cuidados; respostas às necessidades das famílias e informação sobre o prognóstico.

P 17A Vivência do Doente Paliativo com a … Ortotanásia!Raquel Marques (*), Aida Mª Santos (*), Ana Luísa Rodrigues (**), Ricardo Rodrigues (*), (*) Unidade de Doentes Neutropénicos, H.S. João, E.P.E., Porto; (**) Unidade Polivalente do Hospital de Dia, H.S. João, E.P.E., PortoObjectivos:1 – Reflectir numa perspectiva ética e deontológica sobre a morte;2 – Repensar o proporcionamento de uma morte digna a cada ser humano;3 – Reflectir sobre o desempenho do enfermeiro quanto à sua relação com o doente moribundo;4 – Conhecer alguns factores que possam condicionar a forma como se morre no hospital;5 – Reflectir sobre a importância dos cuidados espirituais ao doente em fase terminal;6 – Proporcionar a reflexão temática com a exibição de um póster.Metodologia: Pesquisa bibliográfica e expositiva, com o auxilio de imagens enquadradas na temática.Desenvolvimento: Em termos simples diríamos que existe vida nas células e que os gâmetas, feminino e masculino, que se fundem constituem o embrião e iniciam uma vida, uma história humana personalizada. E é neste âmbito que cada ser humano deve ser encarado desde o inicio da sua vida até ao seu final.Não podemos esquecer-nos de que a morte, mais do que um acto instantâ-neo, é um processo de desagregação mais ou menos longo. Cabe aos téc-nicos de saúde e especialmente aos enfermeiros fornecer as condições que permitam ao doente terminal manter os seus valoras culturais e a sua filosofia de vida.Não se pode negar que se torna urgente criar lugares e solidariedades para ajudar cada um de nós a enfrentar a sua própria morte, ou a do outro. É cada vez mais aos hospitais que são confiados os doentes terminais, aqueles nos quais a tecnologia falhou e na qual se demonstra que a vida tem ainda um curso normal, o qual o homem não conseguiu ainda alterar.Segundo dados científicos, sete em cada dez pessoas morrem actualmente em instituições que não estão preparadas para acolher e acompanhar aque-les que já não se podem curar.Ao reflectir e analisar a nossa vivência profissional, constatamos um esqueci-mento quase imediato de uma exigência ética e deontológica da carreira de enfermagem: proporcionar uma morte com dignidade.Esta foi a motivação que nos levou a executar o póster “Morrer com Dig-nidade” que pretende proporcionar a todos os restantes profissionais uma reflexão sobre esta temática.Conclusão: Na vivência do “processo de morte” do doente pela equipa de saúde é frequente os profissionais sentirem-se impotentes perante o doente que está a morrer, protegendo-se e restringindo-se aos cuidados físicos, so-brevalorizando tarefas essencialmente técnicas.Esperamos com o presente trabalho permitir a todos os enfermeiros e em especial aos participantes no Congresso da ANCP uma reflexão sobre a ne-cessidade de uma prática de enfermagem cada vez mais centrada no ser humano, não esquecendo a sua visão holística.Bibliografia: ARCHER, Luís; BISCAIA, Jorge; OSSWALD, Walter – Bioética. Verbo, Lisboa, 1996.HENNEZEL, Marie – Diálogo com a Morte. Editorial Notícias, Lisboa, 1997.SERRÃO, Daniel; NUNES, Rui – Ética em Cuidados de Saúde. Porto Editora, Porto, 1998.DIVULGAÇÃO, Revista de Enfermagem Oncológica – Ano VI – n.º21 – Janeiro 1992.

P 18A Relação do Enfermeiro com o Doente PaliativoAna Luísa Rodrigues (**),Raquel Marques (*) Aida Mª Santos (*), Ricardo Ro-drigues (*), (*) Unidade de Doentes Neutropénicos, H.S. João, E.P.E., Porto; (**) Unidade Polivalente do Hospital de Dia, H.S. João, E.P.E., PortoIntrodução: Cuidar do doente em fase paliativa constitui uma das actividades

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mais exigente e desgastante a nível físico e psíquico a que estão sujeitos os profissionais de enfermagem requerendo maturidade profissional e es-tabilidade emocional face à morte e à doença. É frequente encontrar en-fermeiros que, incapazes de se libertarem do seu próprio medo do cancro, do sofrimento e da morte, adoptam estratégias de fuga argumentando mui-tas vezes falta de tempo e de disponibilidade para ouvir e estar junto dos doentes. Surgem então atitudes que se traduzem numa relação distante, fria, desumanizada, que podem influenciar a motivação e a satisfação face ao trabalho com doentes oncológicos, assim como a capacidade de planear e de prestar cuidados a estes doentes. Objectivos/Metodologia: Reflectir sobre as atitudes e os comportamentos dos enfermeiros perante o doente oncológico e Identificar alguns factores condi-cionantes da atitude e do comportamento dos enfermeiros perante o doente oncológico. O método utilizado é o expositivo, em forma de poster.Desenvolvimento: Apesar da motivação que o enfermeiro deve ter para cuidar de doentes paliativos, estes profissionais poderão defrontar-se com situações geradoras de stress, podendo experimentar reacções emocionais de impotência, culpa, frustração, medo, ansiedade, angústia, insegurança, revolta ou embaraço, assim como perturbações somáticas, à medida que são confrontados com a realidade do sofrimento, da morte e da doença terminal. Para além das reacções anteriormente descritas podem igualmente surgir alguns comportamentos e atitudes, como: dificuldade de concentração, fa-diga, agressividade, sinais de desmotivação, absentismo, desejo de mudança de serviço, comportamentos de fuga, alcoolismo e conflitos familiares. Esta sintomatologia não se instala de um dia para o outro, mas surge segundo um processo constituído por várias fases como defendem Edelwich e Brodsky, citados por DUBREUCQ (1989)A primeira fase - Caracterizada pelo entusiasmo idealista exagerado; mais frequente nos jovens recém formados; a pessoa despende energia em diver-sas tarefas, levando-as a bom termo, os que o rodeiam inquietam-se porque o consideram exagerado. A segunda fase - A eficácia começa a marcar passo e surgem os sinais de fadiga, marcada pela estagnação; a pessoa parece ficar vazia; o rendimento diminui; a profissão não oferece tanta satisfação. Começam as primeiras queixas psicossomáticas. A terceira fase - Surge o sentimento de frustração, surgem as interrogações sobre a eficiência e utili-dade da profissão, toma-se irritável com perturbações somáticas e emocion-ais. A quarta fase -A apatia; deslocar-se ao trabalho torna-se uma obrigação; procura fazer o menos possível; o que possa vir ameaçar uma rotina segura é cuidadosamente mantido à distância.Conclusão: Ao concluirmos este trabalho, fica a noção que as atitudes e os comportamentos que adoptamos como pessoas e como enfermeiros são de importância fulcral para uma prática diária adequada com qualquer doente e em especial com o doente terminal e sua família que não podemos alhear do cuidar. Apesar de ser uma temática um pouco difícil de abordar, esperamos que este trabalho suscite, a quem o leia, preocupação e sensibilidade para a realização de outros estudos ou mesmo trabalhos de investigação acerca das atitudes e dos comportamentos dos enfermeiros perante o doente on-cológico.Bibliografia: Dubreucq, J.L. – O Desgaste dos Enfermeiros. Servir. Lisboa. Vol. 36, nº2.1999Gomes, Licínio – Stress em Enfermagem. Divulgação. Porto. Nº23, p.36-40

P 19Na Cultura de Hoje: A Vivência da Morte no Doente Paliativo!Aida Mª Santos (*), Ana Luísa Rodrigues (**),Raquel Marques (*), Aida Mª Santos (*), Ricardo Rodrigues (*), (*) Unidade de Doentes Neutropénicos, H.S. João, E.P.E., Porto; (**) Unidade Polivalente do Hospital de Dia, H.S. João, E.P.E., PortoIntrodução: A morte ocupou como nenhum outro tema o pensamento humano em todos os tempos. Toda a luz que se possa fazer sobre o enigma da morte é insuficiente para pensar e organizar um mundo com sentido. Este pequeno trabalho pretende ser um contributo para iluminar a presença da morte na vida do Homem, pois o horizonte tem grandes virtudes de guiar a razão hu-

mana no que toca a este ponto tão especial. Objectivos: Pretendemos com este trabalho expositivo em forma de poster descrever a vivência da morte na cultura de hoje. Desenvolvimento: Tanto a reflexão da morte como as práticas que acom-panham o morrer sofreram grandes transformações com o “advento” da era industrial e da cultura a que esta deu origem. Nisto, as sociedades do ocidente europeu passaram por um processo de uniformização das suas for-mas de considerar a morte. A sociedade portuguesa viveu, como todas as outras restantes, um processo rápido de secularização, sobretudo no último meio século. A morte, rodeada de um ambiente de mistério, com referência religiosa imediata, sofreu um diluimento social de significado, delimitado so-bretudo pelo contexto urbano da vida moderna. Se a morte continua presente, familiar, ela deixou de ser “caseira”, passa-se fora da casa de família e já não povoa um tempo intenso de despedida e de luto. A atenção social para com a morte desviou-se do registo do “tremendum” e deslocou-se para um espaço de “invisibilidade social”. Conclusão: Se outrora o camponês, telúrico e religioso “vivia continuamente à beira da morte”, seguro de uma vida além-túmulo que implicava certo modo de viver no presente, este é, em boa parte, um universo perdido. Re-sta nos ambientes rurais ou linguagem comum, a qual persiste em usar a morte para exprimir a radicalidade de certos sentimentos. A solidariedade ocasionada noutros tempos por ocasião da morte, tem hoje a brevidade de um cumprimento formal; a memória do defunto avivada por um calendário ritual, recolheu-se ao íntimo dos familiares e amigos. Os pequenos e “toscos” monumentos, as “alminhas”, que nas encruzilhadas do Norte de Portugal assinalavam o local de morte de alguém, violenta ou imprevista, e pediam aos transeuntes a caridade de um pensamento são hoje apenas relíquias de um passado que poucos entendem.Bibliografia:Cunha, Jorge Teixeira da; – “Bioética Breve”. Colecção Fé e Mundo Pós Mod-erno – Paulus Editora, Apelação, 2002.

P 20Organização de uma Rede de Cuidados Paliativos em Oncologia PediátricaAna Forjaz de Lacerda1 , Maria José Ribeiro1, Elsa Pedroso2, Sandra An-drade2, Carla Costa2, Susana Figueiras2, Joana Silvestre2, Manuela Paiva3, Maria de Jesus Moura4, Mário Chagas1; 1 – Quadro Médico, Serviço de Pediatria; 2 – Quadro de Enfermagem, Serviço de Pediatria; 3 – Serviço Social; 4 – Departamento de Psicologia - Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, EPENo Serviço de Pediatria (SP) do Instituto Português de Oncologia de Lisboa (IPOL), um dos 3 Centros de Oncologia Pediátrica do país, são admitidos cer-ca de 150 novos casos por ano. Trata-se de crianças residentes na Zona Sul do Continente e nas Regiões Autónomas da Madeira e Açores, assim como crianças transferidas dos PALOP (cerca de 20/ano) ao abrigo dos acordos de cooperação. Até agora, os 25% de crianças com doença não curável e as suas famílias não dispunham de nenhum programa estruturado de passagem de cuidados curativos para cuidados paliativos (CP). Em 2005 iniciámos um trabalho financiado por uma bolsa da Fundação Cal-ouste Gulbenkian, com vista a implementar um programa de CP para estas crianças, com necessidades tão específicas e uma distribuição geográfica tão dispersa. Este trabalho tem uma duração de dois anos, divididos em 2 fases, findos os quais esperamos corrigir erros/omissões e aplicá-lo de uma forma sistemática. Na 1ª fase (Oct05/Mar06), enviámos um questionário multidisciplinar a todos os Hospitais (H) e Centros de Saúde (CS) da nossa área, de forma a conhecer as suas estruturas, capacidades e necessidades. Responderam 92% dos 25 H e 70% dos 128 CS. Os médicos e enfermeiros dos H atribuíram mais importância à instituição deste programa de CP do que os seus colegas dos CS; a motivação para trabalhar nesta área e a experiência com luto foram semelhantes, enquanto a experiência com procedimentos técnicos e controlo da dor são maiores nos H. Todos os H dispõem de assistente social, com-parado com 66% dos CS; a sua motivação é alta mas a experiência em CP é pouca. 86% dos H dispõem de apoio psicológico (muitos com experiência

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em Psico-Oncologia), versus 48% dos CS. Ao mesmo tempo, preparámos um Manual para os profissionais de saúde (“Manual de CP em Oncologia Pediátrica”) e outro para as famílias (“Cuidar do seu filho doente – um guia do SP do IPOL”). No final, proporcionámos um dia de formação, com especial ênfase nos aspectos psico-sociais, para os técnicos interessados dos H e CS envolvidos, a quem entregámos cópias dos Manuais. Durante a 2ª fase (Abr06/Set07) as crianças em CP e as suas famílias serão apoiadas com base neste programa, numa estreita colaboração e interacção com as Unidades de Saúde do local de residência (H e/ou CS). No final realizaremos um segundo questionário, para avaliar o impacto desta acção junto das famílias e das Unidades de Saúde. Ao longo deste primeiro ano de trabalho pudemos já verificar que os técnicos de saúde das Unidades de Saúde locais (H e CS) reconhecem a importância dos CP e estão motivados para apoiar localmente as famílias, através de um diálogo interactivo multidisciplinar com os profissionais do IPOL. Trabalho financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian.

P 21Linfedema: Prevenir para Melhor Paliar!Cristina Vieira, Hospital Curry Cabral, Medicina. TLM; Dora Coelho, Hospital Distrital de Faro, Serviço de Ortopedia Nascente; Luís Diniz, Instituto Português de Oncologia de Lisboa de Francisco Gentil, Cirurgia de Cabeça e Pescoço; Paulo Simões,Hospital Espírito Santo, Évora, Serviço de Oncologia; Virgínia Trincão, Centro de Saúde de Silves Objectivos: Elucidar o profissional de saúde sobre a prevenção do linfedema;- Melhorar a qualidade de vida dos doentes.Palavras-chave: linfedema, prevenção, paliação.Resumo: Linfedema é um aumento de volume eminentemente crónico e pro-gressivo de uma ou várias partes do corpo devido à acumulação de linfa na espaço intercelular que não pode circular por falhas no sistema linfático. O linfedema é causado por alterações no fluxo ou transporte da linfa que impe-dem a sua normal circulação (ex. extirpação ganglionar em situações de can-cro da mama, infecção pós-operatória, radioterapia, metástases nodulares linfáticas, entre outros), o que leva à acumulação desta na região afectada por acção da gravidade. Os sintomas caracterizam-se pelo aumento de volume na parte afectada, sensação de peso, pele tensa e edema. Consequentemente instalam-se alterações na mobilidade, na pele, na circulação, assimetrias físi-cas e problemas de auto-estima e medo, que por sua vez originam ausências temporárias no trabalho, hospitalizações, infecções, problemas com a roupa e com o calçado, bem como stress e depressão.A equipa interdisciplinar (médico, enfermeiro, fisioterapeuta, psicólogo, as-sistente social) deve: identificar doentes em risco de desenvolverem linfede-ma; informar sobre considerações teóricas acerca do linfedema; disponibilizar tempo e esclarecer dúvidas relacionadas; estimular a realização de exercícios físicos adequados; promover o auto cuidado na higiene, vestir, comer e beber, e outros cuidados relacionados com o membro em risco; educar no sentido da auto-monitorização diária; vigiar periodicamente a evolução do membro em risco e facultar suporte emocional. Pretende-se recuperar a elasticidade da pele do doente, manter ou recuperar a mobilidade do membro, melhorar a postura corporal; melhor o estado geral, físico e psicológico e evitar possíveis complicações. A equipa tem de apostar na sua formação técnica e pedagógica e dotar-se de recursos materiais, tais como, meios audiovisuais, bibliografia, organizando sessões de ensino individuais/ grupo, participativas e dinâmicas que estimulem o doente a aderir a estas medidas de prevenção.Em suma, a importância da prevenção do linfedema sustenta-se no principio dos cuidados paliativos, enquanto cuidados activos e globais prestados a doentes cuja expectativa já não é de cura da doença, nem de prolongamento da vida, mas sim de proporcionar a melhor qualidade de vida possível, sat-isfazendo as suas necessidades físicas, psicológicas, sociais e espirituais. Deste modo, torna-se imperativo, mais do que tratar, prevenir o linfedema. Considerando todos os problemas que advém da sua instalação, espera-se com a prevenção minorar o impacto na qualidade de vida do doente e sua família.Bibliografia: (s/a), Linfedema: prevención y tratamiento, Asociación Espanola Contra El Cancér, Madrid, Agosto, 2005;

Asociación Madrileña Afectados de Linfedema, on-line em http://www.amal.org.es (20-08-2006);TWYCROSS, ROBERT, Cuidados Paliativos, Climepsi editores, Lisboa, Novem-bro, 2003, ISBN 972-792-093-6

P 22Hipodermoclise – uma técnica com futuroFilipa Amaro, Patrícia Lima, Sílvia Simões, Serv. Med. Interna - Hosp. Amato LusitanoA Hipodermoclise é uma técnica que remonta a 1913, tendo caído em desuso nas décadas de 40 e 50, devido à massificação da via endovenosa e à inadequada utilização da via subcutânea, nomeadamente em casos de choque hipovolémico e administração concomitante de solutos hipertónicos, originando casos de colapso circulatório e consequente morte. Actualmente, apesar de ser uma técnica subutilizada, encontra-se em crescente utilização, principalmente devido ao desenvolvimento dos Cuidados Paliativos.A subutilização da Hipodermoclise faz com que seja uma técnica desvalori-zada e por vezes desconhecida da maioria dos profissionais de saúde, pelo que se torna pertinente abordar e esclarecer este tema, incentivando a sua utilização.A utilização da via subcutânea para hidratação ou administração de fárma-cos – Hipodermoclise – justifica-se quando o doente apresenta algum dos seguintes problemas: controlo sintomático em cuidados paliativos e continu-ados; comprometimento da via oral; má absorção gastrointestinal; prevenção e correcção de desidratação ligeira a moderada; debilidade extrema; doentes com sinais de toxicidade a fármacos; diminuição do estado de consciência, agitação ou delírio, convulsões; doentes em fase de agonia e em todas as situações em que a reposição de líquidos não seja emergente.A Hipodermoclise, pelas suas características, é uma técnica que apresenta inúmeras vantagens, das quais se realçam: técnica simples, eficaz, de fácil utilização, pouco dolorosa e de baixo custo económico; menor interferên-cia na mobilidade e promoção da autonomia do doente; permite a auto-ad-ministração e a facilidade de ensino e administração por parte da família; manutenção de concentrações plasmáticas de fármacos estáveis e risco diminuído de sobrecarga de volume e complicações inerentes.São diversos os fármacos e fluidos que podem ser administrados por via subcutânea. A maioria dos fármacos não utilizados por via subcutânea, não o são por estarem contra-indicados, mas antes por não terem sido testados para esta via de administração antes da sua comercialização.Os fármacos mais utilizados são: morfina, haloperidol, furosemida, hidro-morfina, levomepromazina, dexametasona, metoclopramida, clonazepam, buprenorfina, ceftriaxone, butilescopolamina, codeína, fentanil, midazolam, lorazepam, fenobarbital, prometazina, hidroxizina, atropina, dimemidrinato, ranitidina, famotidina, diclofenac e ceterolac.Os fluidos mais utilizados são o Cloreto de Sódio a 0.9%, o Cloreto de Sódio a 0.45% e a Dextrose a 5%.A técnica de introdução do cateter subcutâneo consiste em fazer-se prega cutânea e introduzi-lo num ângulo de 30 a 45º, nos seguintes locais: regiões infra-escapular e infra-clavicular, face anterior e posterior do tórax, região ab-dominal superior, região antro-lateral da coxa e face externa do terço superior do braço. O cateter pode permanecer no mesmo local entre 1 a 7 dias, sendo a média de duração entre 4 a 5 dias.A desidratação é um dos problemas mais frequentes nos doentes portado-res de doença crónica de evolução prolongada. Na prevenção e tratamento da desidratação nestes doentes a Hipodermoclise assume uma posição de excelência pelas características a ela inerentes, promovendo a dignidade, o conforto e a qualidade de vida do doente.No que respeita à Hipodermoclise, pelo seu impacto na melhoria da qualidade vida do doente e família, urge praticá-la e divulgá-la. Neste sentido, com a realização do presente poster, aqui fica o nosso contributo.

P 23Cuidar em Fim de Vida: Impacto nos ProfissionaisSusana Lourenço , Serv. Cirurgia A - Hosp. Curry Cabral ; Tiago Cunha, , Unid. De Enfermagem 5 -IPO Lisboa “Assistir à morte em paz de um ser humano faz-nos recordar uma estrela

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cadente, uma de milhões de luzes num vasto céu que brilha durante um curto instante para se extinguir para sempre na noite sem fim”. (Kübler-Ross, 2005).De uma forma geral a morte é um acontecimento que a todos assusta e que nos lembra a nossa vulnerabilidade humana. A morte lembra-nos a nossa impotência e traz-nos frustração. Apesar de todos os avanços científicos e técnicos e do aumento da esperança de vida, a morte continua e continuará a ser uma ameaça do sentimento de omnipotência do homem. Cada um de nós reconhece que a sua vida é limitada no tempo, mas apesar disso, a morte continua a ser rejeitada e a ser recusada obstinadamente e ainda hoje é considerada um tabu na nossa sociedade.Apesar de sabermos que um dia vamos e temos que morrer, há sempre um misto de incerteza e desespero quando nos encontramos perante a morte.Poucos são os doentes que se encontram preparados para a morte e, muito menos são os profissionais de saúde preparados para a morte dos seus doentes. Face à aproximação da morte, o doente vive um processo psicológ-ico dramático e “…enquanto o doente faz este percurso, o técnico de saúde percorre um outro itinerário semelhante, sempre a convergir para a tentação de fuga e é essa tentação de fuga que urge vencer.” (Pinto, 1994).Lidar com doentes em fim de vida faz-nos vivenciar e relembrar o carácter finito da nossa vida, é gerador de stress e poderá levar-nos ao burnout. Pen-samos que isto nos assusta um pouco, mas na realidade a pessoa em fim de vida ensina-nos a conhecer o valor da vida e como ela é breve, bem como nos ensinam a dar sentido a cada momento que passa, porque cada momento é único e precioso. Assim cuidar em fim de vida tem as suas recompensas na nossa vida como pessoas e como profissionais. “Os que vão morrer ensinam-nos a viver.” (Hennezel, 1993).Desta forma pretende-se compreender e realçar os aspectos recompen-sadores do cuidar em fim de vida, incutindo mensagens de esperança e valorizando o trabalho contínuo e humano inerente à filosofia dos cuidados paliativos. Bibliografia: CERQUEIRA, Maria Manuela – O Cuidador e o Doente Paliativo. Formasau – formação e saúde, Lda. Coimbra.2005. p227. FEYTOR PINTO, V. – Entre a vida e a morte, a razão da esperança. In Servir. Vol.39, nº1. Jan/Fev.1991. p.14-15. HENNEZEL, Marie de – Diálogo com a Morte. 3ª Edição. Noticias Editorial. Maio de 1993. ISBN 972-46-0793-3. KÜBLER-ROSS, Elizabeth – Sobre a Morte e o Morrer. Livraria Martins Fontes Editora, Lda. São Paulo.2005. p296.LOFF, Ana – Que risco para o enfermeiro que presta cuidados ao doente ter-minal?. In Cuidados Paliativos. Formasau – formação e saúde, Lda. Coimbra. 2000. p.145.NETO, Isabel Galriça; AITKEN, Helene-Hermine; PALDRON, Tsering. – A Dig-nidade e o Sentido da Vida: Uma Reflexão sobre a Nossa Existência. Cascais: Editora Pergaminho, Lda, 2004. 110 p. ISBN 972-711-645-0.SAPETA, Paula – A família face o doente terminal hospitalizado. In Enferma-gem Oncológica, nº12. Porto, 1999,

P 24O doente em fase terminal, problemas éticos do final da vidaAbranches, João; Andrade, Isabel; Costa, Pedro, Serviço de Medicina e Hospital Dia do Hospital da Força AéreaResumo:A saúde humana obteve evidentes benefícios com o avanço tec-nológico, permitindo alguns factos notáveis, como o aumento do tempo médio de vida, a prevenção e erradicação de uma série de males, e a re-versibilidade de expectativas na evolução de um grande número de doenças. O aumento da eficácia e segurança das novas modalidades terapêuticas motivam, também, questionamentos quanto a aspectos económicos, éticos, legais resultantes do emprego exagerado de tais medidas e das possíveis indicações inadequadas de sua aplicação. Questões como a morte e o prolongamento da vida, levantadas por Hans Jonas no seu livro “Ética, Medicina e Técnica” apresentam grande pertinência no dia a dia de um enfermeiro e de qualquer profissional de saúde.

Sendo a morte um problema delicado de compreender, devido à nossa cultura e por ser uma experiência desconhecida, torna-se complicado lidar com ela, no entanto é difícil de imaginar o mundo sem a sua existência.Objectivos: Os enfermeiros e os profissionais de saúde, assim como a socie-dade em geral têm dificuldade em lidar com o doente em fase terminal e com a morte, uma vez que na sua formação estes temas são pouco abordados, dando-se mais ênfase ao “curar” e não ao “cuidar”, tornando assim o doente terminal e a morte uma frustração na sua vida.Métodos: Pesquisa Bibliográfica: ANDRADE, Isabel – O Doente em Fase Ter-minal, Cuidados Paliativos. V Curso de Mestrado em Bioética – Universidade de Lisboa. 2004, LisboaConclusões: Resta-nos mudar a nossa atitude e comportamento e conscien-cializarmo-nos que a morte faz parte da vida, pelo que devemos de respeitar a fase final da vida como respeitamos o seu inicio e o e considerá-la como mais uma etapa que necessitamos de percorrer e se possível da melhor ma-neira, sem sofrimento.

P 25Comunicação de más notíciasJosé Eduardo Oliveira; Maria do Céu Rocha; Maria da Conceição Pereira; Margarida Isabel Alvarenga. Alunos do III Mestrado de Cuidados Paliativos – FMULIntrodução: Uma má notícia é qualquer informação que possa alterar drasti-camente a perspectiva sobre o futuro da pessoa. A maioria dos profissionais de saúde não tem formação nesta área. A transmissão de más notícias é um desempenho e não um dom.Objectivos: Pretende-se com este poster apresentar a estratégia proposta por Peter Kaye para ajudar a desenvolver as competências na transmissão da más notícias, de modo a:- Facilitar a aceitação e a compreensão dos doentes e familiares- Reduzir o risco de respostas destrutivas- Evitar a perda de confiança dos doentes e famíliaMetodologia: Pesquisa manual em livros de texto e consulta das suas refer-ências bibliográficas.Descrição: Os 10 passos propostos por Peter Kaye consistem em:- Preparar a consulta- Avaliação do conhecimento prévio pelo doente da sua situação- Dar o “tiro de aviso”- Permitir a negação- Explicar se solicitado e verificar a compreensão- Questionar a necessidade de informação adicional- Ouvir as preocupações- Encorajar a expressão de sentimentos- Resumir e planear- Mostrar e oferecer disponibilidadeConclusão: A comunicação fortalece a relação profissional de saúde/ doente, reforça a colaboração do doente no seu plano de cuidados e permite-lhes viver melhor com a doença planeando o seu futuro. A comunicação de más noticias requer treino e tempo. Sem treino esta tarefa pode ser desconfortável para os profissionais de saúde resultando num afastamento da situação e consequentemente do doente.Bibliografia:Peter Kaye. Citado por: Watson M, Lucas C, Hoy A, Back I. (2005) Oxford handbook of palliative care. Oxford University Press.

P 26A vertente social em cuidados paliativos Alexandra Ramos – Serviço de Medicina I-A ; Paula Costa – Serviço de Oncologia - Hospital de Santa Maria, LisboaA intervenção em cuidados paliativos exige uma equipa multisciplinar, com uma abordagem baseada num modelo de tratamento global, em que se procura a captação da totalidade orgânica, de modo a responder aos danos físicos, como também às consequências emocionais, sociais e espirituais. Para colmatar os factores resultantes do desequilíbrio social, emocional e es-piritual, a assistente social disponibiliza um conjunto de serviços psicossoci-ais numa fase em que a doença já não responde aos tratamentos curativos.

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Serviços psicossociais prestados pela assistente social:- suporte emocional e apoio no período do luto;- facilita a comunicação e a expressão de emoções; - presta aconselhamento individual, familiar ou outro elemento de referência;- reforça capacidades individuais; - ajuda a manter, preservar e promover os laços familiares;- gere projectos de vida, que englobam os critérios clínicos, o contexto social e o envolvimento subjectivo;- promove a advocacia social; - favorece o trabalho em rede e promove a mobilização dos recursos formais e informais, em função das múltiplas necessidades do doente e família;- avalia com a equipa interdisciplicar, partilhando informações relevantes para a prossecução dos cuidados de saúde.Reflexão: O Serviço Social participa activamente na gestão do processo de doença incurável e irreversível, respondendo às diversas necessidades, e procura garantir o conforto, a qualidade de vida e a dignidade humana.

P 27Os Silêncios em Cuidados Paliativos – A primazia da presença HumanaÂngela Simões, Hosp. Amato Lusitano“O silêncio que nos permita sentir a presença de alguém, juntinho de nós, e que, mesmo entre o burburinho dos gestos, nos escute sem falarmos.” (1) p.94O silêncio evoca em nós o diálogo com a vida, e faz-nos ouvir muitos outros sons, profundamente benéficos, que estão abafados pela sonorização neu-rótica e doentia, do quotidiano. No silêncio podemos ouvir a voz da nossa própria interioridade. Os nossos clamores estão revelados no som da culpa angustiante, do espírito inquieto, da tristeza profunda, da agonia “silenciosa” de uma noite mal dormida, ou não dormida. É no silêncio que aprendemos a ouvir a voz do coração, e a desenvolver silenciosamente um diálogo, às vezes difícil mas saudável, connosco mesmos.Diante da palavra “silêncio” tudo se cala. Tudo, menos a curiosidade de en-contrá-lo em meio de palavras e sons. As respostas sucedem-se na cronolo-gia do tempo dedicado a cada uma das nossas conversas, mas cabe a cada um de nós desvendar na palavra do outro o que em nós não cala. Compar-tilhando no dito o não dito, somos convidados a adentrar no inusitado uni-verso do doente, entre palavras, onde o tempo transcorrido entre uma visita e outra nos conduz com suavidade àquela que a sucede. A singularidade, expressa as múltiplas possibilidades que o silêncio evoca. O que escutamos aqui, acorda também em nós a possibilidade de vivê-lo – na medida das possibilidades de cada um – não enquanto meta, mas especialmente como caminho. Porta para o indizível, o Silêncio, convida-nos a encontrar no dis-sonante das vozes, o silêncio em nós. Escutar activamente o doente é fazer calar a voz interior que tem absoluta necessidade de responder a tudo com palavras. estar atento ao silêncio é estar à escuta do que o outro vive de mais profundo. (2) Mas, segundo Bergold, o silêncio não é mutismo nem ausência de som audível, porque o silêncio terapêutico envolve necessariamente uma consciência activa. (3) Sempre que nos relacionamos com doentes terminais, o silêncio é uma possibilidade à nossa espera. Esse silêncio aguarda-nos, no nosso trabalho diário, porque “a matéria do silêncio existe, por vezes insiste, e sempre espera o momento de se dizer, com pertinência, na plenitude do sentido em que pode ser escutada.” (4) p.5Quando entramos no quarto de alguém que se aproxima da morte sente-se de imediato o silêncio, que se distingue nitidamente da azáfama do exterior. Este silêncio convida-nos a entrar no recolhimento interior do próprio doente. “O silêncio compartilhado com alguém que tem asas no coração e está a partir é contemplativo. Não é preciso impor palavras, pois quem se despede diz tudo, sem dizer nada.” (5) p.87Após a perda de um doente, cada profissional deveria reservar para si um período de recolhimento, de escuta interior, de silêncio. “O silêncio permite fazer um intervalo no teatro da vida. Leva-nos aos bastidores onde os papéis são novamente recordados e actualizados. Depois desse instante de des-canso e de encontro com a nossa intimidade, preparamo-nos para entrar de novo em cena.” (6) p.2Respeitar o silêncio do doente pressupõe um profundo respeito pela sua per-sonalidade, um acto profissional sublime em que se manifesta a capacidade

ética do profissional de saúde. É, provavelmente, no momento de aceitação serena da morte que proliferam os períodos de silêncio. O doente já não quer explicações; a sua mente intui a grande verdade. Nesses momentos os profissionais de saúde não devem abandonar o doente. Devem manter esse silêncio, um olhar compreensivo, um suave toque de mãos. Devem estabelec-er um melhor diálogo, nunca um conjunto de palavras vãs. Cuidar é também escutar atentamente, estar presente, partilhar o silêncio, cumplicidade, parar, deixar-se interpelar e emocionar. É acolher… Porque “ Ao sentir-se acom-panhado, quem parte, vai-se libertando da dor e quem acompanha percebe «que tudo o mais é silêncio»” (5)Bibliografia:1- Sá, E. Chega-te a mim e deixa-te estar. Dafundo. Oficina do Livro. 20052 -Mendes, L.N.M. Sssh…Silêncio. 2002. In: http//www.terrasdabeira.com, consultado a 15/01/20063-Bergold, L. Music for care humanization. Online Brazilian Journal Of Nurs-ing. 2003. In: www.uff.br/nepae/objn203bergoldsobral.htm, consultado em 22/01/20064 -Jacob, a. Introdução à filosofia da linguagem. Porto. Rés-Editora. 19845 -Teixeira, M.M. O doloroso silencio de quem cuida. Coimbra. Cadernos de Bioética. 2002;98:83-876 -Bifulco, V.A. Falando de morte. In: http//www.oncoguia.com.br, consultado a 21/01/2006

P 28Apoio à família em cuidados paliativos Ana Manso; Floripes Marques; Isabel Antunes – Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias, Castelo BrancoA família é a pedra basilar no apoio ao doente terminal, sem a sua par-ticipação activa dificilmente se alcançam os objectivos que se estabelecem para acompanhamento do doente terminal. Assim sendo, a família do doente em cuidados paliativos também tem de ser objecto da nossa intervenção e apoio, uma vez que durante o percurso da doença vão-se desenrolar nos seus membros uma série de alterações e “sintomas”. Sintomas que ao con-trario dos do doente terminal não são visíveis e só serão perceptíveis pela equipa caso esta esteja atenta e através de frequentes interrogações acerca das suas necessidades, para assim estabelecer um plano de intervenção de modo a ajudar a família a cuidar do seu doente.O facto do familiar poder ajudar, a fazer alguma coisa pelo seu doente, ajuda-o a passar de um espectador impotente a um cuidador, que contribuirá para que seja menos difícil ver morrer.

P 29O uso da via subcutânea em Cuidados PaliativosEdison, Graça Coito, José Braga, Paula Banha, Otília Vieira - Alunos do III Mestrado em Cuidados Paliativos, FMLEm Cuidados Paliativos a via Subcutânea (S. C.) é utilizada para:- administração de fármacos;- administração de líquidos (hipodermoclise).Técnica para a utilização da via S.C.:- local de eleição de punção;- tipo de agulhas utilizadas;- técnica;- cuidados a ter.Hipodermoclise:- definição- indicações- tipo de soro- ritmo de perfusão e volume.Administração de fármacos:- bólus- infusão continua (tipo de infusores)Tipo de fármacos a administrar:- fármacos habitualmente utilizados por vis S.C.;- mistura de três fármacos compatíveis.Bibliografia:Porta.J. Gómez-Batiste.X,Tuca.A. Control de Sintomas en pacientes com Câncer Avanzado y terminal,2004,Arán Ediciones

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NOTAS:

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> MINISTRO DA SAÚDE> > BASTONÁRIO DA ORDEM DOS MÉDICOS>

> BASTONÁRIO DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS <> BASTONÁRIO DA ORDEM DOS ENFERMEIROS <

> PRESIDENTE DA ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE SAÚDE DA ZONA NORTE <> PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS MÉDICOS DE CLÍNICA GERAL>

> DIRECTOR GERAL DE SAÚDE <> PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO <

> COORDENADORA NACIONAL PARA A SAÚDE DAS PESSOAS IDOSAS E CIDADÃOS EM SITUAÇÃO DE DEPENDÊNCIA <

Calçada de Arroios, 16 C,Sala 3. 1000-027 LisboaT: +351 21 842 97 10F: +351 21 842 97 19E: [email protected] W: www.admedic.pt

Calçada de Arroios, 16 C, Sala 3. 1000-027 LisboaT: +351 21 841 89 50F: +351 21 841 89 59E: [email protected] W: www.admedictours.ptAlvará Nº 1270/2005

SECRETARIADO AGÊNCIA DE VIAGENS OFICIAL DO CONGRESSO

PATROCÍNIO PRINCIPAL

PATROCÍNIOS

PATROCÍNIOS CIENTÍFICOS

ORGANIZAÇÃO

COMISSÃO DE HONRA

COMISSÃO ORGANIZADORA COMISSÃO CIENTÍFICA

www.ancp.pt

> Nélia Trindade > José Eduardo Oliveira > Helena Salazar > Manuel Luís Capelas

> Madalena Feio > Conceição Pires > Telmo Baptista

PRESIDENTE: Paula SapetaPRESIDENTE: Isabel Galriça Neto

> Cristina Galvão> Isabel Costa> João Mota Dias

> Edna Gonçalves> Lourenço Marques> Miguel Tavares> Ana Bernardo