108 03 lei de drogas
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Lei das DrogasTRANSCRIPT
GEOVANE MORAES
DPC SP
LEGISLAÇÃO PENAL
ESPECIAL
AULA 03
LEI DE DROGAS
LEI 11.343/06
DOS CRIMES E DAS PENAS
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
drogas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar será submetido às
seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou
curso educativo.
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu
consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas
destinadas à preparação de pequena quantidade de
substância ou produto capaz de causar dependência
física ou psíquica.
TEMAS CABULOSOS
1 – A conduta tipificada ao teor do caput do art. 28 é ou
não crime?
2 – É caracterização de crime sem a imputação de
pena privativa de liberdade?
3 – Seria possível a arguição de criminalidade de
bagatela?
4 – Como deve ser tratada a situação em que o
indivíduo já consumiu a droga e não mais a detém
em seu poder?
5 – Existe a possibilidade de prisão em flagrante
delito?
ARE 728688 AgR / DF - DISTRITO FEDERAL
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM
AGRAVO
Relator(a): Min. LUIZ FUX
Julgamento: 17/09/2013
Órgão Julgador: Primeira Turma
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PENAL. POSSE DE
ENTORPECENTES. USO PRÓPRIO. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. ATIPICIDADE. LEGISLAÇÃO
INFRACONSTITUCIONAL. MATÉRIA COM
REPERCUSSÃO GERAL REJEITADA PELO PLENÁRIO
VIRTUAL NO JULGAMENTO DO AI N.º 747.522. HABEAS
CORPUS DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE.
1. A aplicação do princípio da insignificância, de modo a
tornar a conduta atípica, exige sejam preenchidos
requisitos estabelecidos na legislação
infraconstitucional, posto controvérsia de natureza
infraconstitucional, não revela repercussão geral apta a
tornar o apelo extremo admissível, consoante decidido
pelo Plenário do STF, na análise do AI n.º 747.522–RG,
Relator Min. Cezar Peluso, DJe de 25/9/2009. 2. A
aplicação do princípio da insignificância exige que a
conduta seja minimamente ofensiva, que o grau de
reprovabilidade seja ínfimo, que a lesão jurídica seja
inexpressiva e, ainda, que esteja presente a ausência de
periculosidade do agente.
In casu, não há elementos suficientes a fim de se apreciar o
preenchimento de todos os pressupostos hábeis à
aplicação do aludido princípio, a fim de trancar a ação
penal. 3. In casu, o acórdão recorrido assentou: “PENAL
E PROCESSUAL PENAL. POSSE DE SUBSTÂNCIA
ENTORPECENTE PARA CONSUMO PRÓPRIO. CRIME
TIPIFICADO NO ARTIGO 28 DA LEI N° 11.343/06.
PEQUENA QUANTIDADE. NULA A DECISÃO DE
REJEIÇÃO DA DENÚNCIA. DESCABIMENTO A
INVOCAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. RISCO
POTENCIAL DO DELITO PARA A SOCIEDADE. USUÁRIO
QUE ALIMENTA O COMÉRCIO DA DROGA E PERMITE A
CONTINUIDADE DA ATIVIDADE DO NARCOTRÁFICO.
AUTORIA E MATERIALIDADE SOBEJAMENTE
COMPROVADAS. RECURSO PROVIDO. SENTENÇA
NULA.
1. SUBMETE-SE ÀS PENAS DO ARTIGO 28 DA LEI N°11.343/06 QUEM, POR VONTADE LIVRE E CONSCIENTE,
GUARDA OU TRAZ CONSIGO, PARA USO
PESSOAL, DROGAS SEM AUTORIZAÇÃO OU EM
DESACORDO COM DETERMINAÇÃO LEGAL OU
REGULAMENTAR.2. NÃO HÁ FALAR EM ATIPICIDADE DO
DELITO, POR HAVER POUCA QUANTIDADE DA
SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE, JÁ QUE O CRIME
DESCRITO NO ARTIGO 28 DA LEI N° 11.343/06 É DE
PERIGO ABSTRATO PARA A SAÚDE PÚBLICA - POR SER
CAPAZ DE GERAR DEPENDÊNCIA FÍSICO-QUÍMICA -, DE
MANEIRA QUE O LEGISLADOR ENTENDEU POR BEM
MANTER A TIPICIDADE DA CONDUTA, AINDA QUE SEM
APLICAÇÃO DE PENAS RESTRITIVAS DE LIBERDADE.
3. ‘NUMA SOCIEDADE QUE CRIMINALIZA PSICOATIVOS E
ASSOCIA EXPERIÊNCIAS DE ALUCINÓGENOS À
MARGINALIDADE, O CONSUMO DEDROGAS PROVOCA
UMA SÉRIA QUESTÃO ÉTICA: QUEM CONSOME É TÃO
RESPONSÁVEL POR CRIMES QUANTO QUEM VENDE.
AO CHEIRAR UMA CARREIRA DE COCAÍNA, O NARIZ DO
CAFUNGADOR ESTÁ CHEIRANDO AUTOMATICAMENTE
UMA CARREIRA DE MORTES, CONSCIENTE DA
TRAJETÓRIA DO PÓ. PARA CHEGAR AO NARIZ, A
DROGA PASSOU ANTES PELAS MÃOS DE CRIMINOSOS.
FOI REGADA A SANGUE’.(...) É PROPOSITAL [NO FILME
"O DONO DA NOITE", DE PAUL SCHRADER] A
REPETIÇÃO RITUALÍSTICA DE CENAS QUE MOSTRAM A
ROTINA DO ENTREGADOR, ENCERRADO NUMA
LIMUSINE PRETA E FÚNEBRE.
NESSE CONTEXTO, A DROGA NÃO CUMPRE MAIS A
FUNÇÃO SOCIAL DAS ANTIGAS CULTURAS. ELA É
APENAS UM VEÍCULO DE ALIENAÇÃO E
AUTODESTRUIÇÃO". (FILHO, ANTÔNIO GONÇALVES. A
PALAVRA NÁUFRAGA - ENSAIOS SOBRE CINEMA. SÃO
PAULO: COSAC SC NAIFY, 2001. P. 259-60 - NÃO
GRIFADO NO ORIGINAL). 4. PRECEDENTE: ‘ACÓRDÃO
N. 560684, 20100110754213APJ, RELATOR JOSÉ
GUILHERME DE SOUZA, 2A TURMA RECURSAL DOS
JUIZADOS ESPECIAIS DO DISTRITO FEDERAL,
JULGADO EM 17/01/2012, DJ 25/01/2012 P. 173’.
RECURSO PROVIDO PARA ANULAR A SENTENÇA COM
VISTAS AO PROSSEGUIMENTO DO PROCESSO.” 4.
Agravo regimental DESPROVIDO.
CONTINUANDO O TEXTO NORMATIVO
DIFERENCIAÇÃO PRÁTICA ENTRE TRÁFICO E
CONSUMO
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a
consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à
quantidade da substância apreendida, ao local e
às condições em que se desenvolveu a ação, às
circunstâncias sociais e pessoais, bem como à
conduta e aos antecedentes do agente.
PERGUNTA CABULOSA
- A diferenciação entre tráfico e consumo, com
base nos elementos constantes no parágrafo
segundo pode ser feita pelo Delegado de
Polícia ou é privativa do Magistrado?
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput
deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de
5 (cinco) meses.
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas
nos incisos II e III do caput deste artigo serão
aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será
cumprida em programas comunitários, entidades
educacionais ou assistenciais, hospitais,
estabelecimentos congêneres, públicos ou privados
sem fins lucrativos, que se ocupem,
preferencialmente, da prevenção do consumo ou da
recuperação de usuários e dependentes de drogas.
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas
educativas a que se refere o caput, nos incisos
I, II e III, a que injustificadamente se recuse o
agente, poderá o juiz submetê-lo,
sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
II - multa.
§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que
coloque à disposição do infrator, gratuitamente,
estabelecimento de saúde, preferencialmente
ambulatorial, para tratamento especializado.
PERGUNTA MAIS CABULOSA AINDA
- Não existindo possibilidade de imputação de
pena privativa de liberdade, condenação
irrecorrível por crime de consumo de drogas
suscitará reincidência?
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que
se refere o inciso II do § 6o do art. 28, o juiz,
atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o
número de dias-multa, em quantidade nunca inferior
a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem),
atribuindo depois a cada um, segundo a capacidade
econômica do agente, o valor de um trinta avos até
3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo.
Parágrafo único. Os valores decorrentes da
imposição da multa a que se refere o § 6o do art.
28 serão creditados à conta do Fundo Nacional
Antidrogas.
PRESCRIÇÃO
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a
imposição e a execução das penas,
observado, no tocante à interrupção do
prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes
do Código Penal.
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas
pelas autoridades de polícia judiciária, que recolherão
quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando
auto de levantamento das condições encontradas, com a
delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias
para a preservação da prova.
§ 1o A destruição de drogas far-se-á por incineração, no prazo
máximo de 30 (trinta) dias, guardando-se as amostras
necessárias à preservação da prova.
§ 2o A incineração prevista no§ 1o deste artigo será precedida
de autorização judicial, ouvido o Ministério Público, e
executada pela autoridade de polícia judiciária competente,
na presença de representante do Ministério Público e da
autoridade sanitária competente, mediante auto
circunstanciado e após a perícia realizada no local da
incineração.
§ 3o Em caso de ser utilizada a queimada
para destruir a plantação, observar-se-á,
além das cautelas necessárias à proteção ao
meio ambiente, o disposto no Decreto
no 2.661, de 8 de julho de 1998, no que
couber, dispensada a autorização prévia do
órgão próprio do Sistema Nacional do Meio
Ambiente - Sisnama.
§ 4o As glebas cultivadas com plantações
ilícitas serão expropriadas, conforme o
disposto no art. 243 da Constituição Federal,
de acordo com a legislação em vigor.
TEMA CONTROVERSO
- É possível a expropriação de bem de família
nos termos do artigo em analise?
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,
adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de
500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende,
expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito,
transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico
destinado à preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar,
de plantas que se constituam em matéria-prima para a
preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a
propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância,
ou consente que outrem dele se utilize, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito
de drogas.
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido
de droga:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100
(cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de
lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a
consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e
pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas
previstas no art. 28.
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste
artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a
dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de
direitos, desde que o agente seja primário, de bons
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas
nem integre organização criminosa.
DICAS
1 – Norma penal em branco – Portaria 344/98 –
MS/Anvisa;
2 – Tipo misto alternativo;
3 – Não obrigatoriedade da droga estar com o
agente no momento da sua captura para fins
de caracterizar o delito;
4 – Natureza de delito equiparado a hediondo;
QUESTÕES CABULOSAS
1 – É possível arguição de insignificância?
2 – A investigação do crime deve ser feito pela
PF ou pelas Polícias Civis?
3 – Qual é a competência jurisdicional para
apreciar o delito?
4 – O agente que pratica o tráfico para poder
consumira droga responde por qual crime?
5 – É possível o oferecimento de denúncia
genérica?
OLHA A PEGADINHA DO CONFLITO
APARENTE DE NORMAS
LEI 8069/90
Art. 243. Vender, fornecer ainda que
gratuitamente, ministrar ou entregar, de
qualquer forma, a criança ou adolescente, sem
justa causa, produtos cujos componentes
possam causar dependência física ou psíquica,
ainda que por utilização indevida:
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
multa, se o fato não constitui crime mais grave.
QUESTÕES MUITO COBRADAS EM PROVAS
DE DELTA
- Como caracterizar o flagrante preparado em
sede de tráfico de drogas?
- Seria possível a retroatividade da causa
especial de redução de pena prevista para o
crime de tráfico de drogas, em favor dos
condenados com base na lei anterior?
HC 107583 / MG - MINAS GERAIS
HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. LUIZ FUX
Julgamento: 17/04/2012
Órgão Julgador: Primeira Turma
Ementa: PENAL. HABEAS CORPUS.
TRÁFICO DE ENTORPECENTES (ART. 12 DA LEI N.
6.368/76). PRETENSÃO DE INCIDÊNCIA RETROATIVA DA
MINORANTE PREVISTA NO § 4º DO ART. 33 DA LEI N.
11.343/06 SOBRE A PENA COMINADA NO ART. 12 DA LEI
6.368/76 (ART. 5º, INC. XL, DA CONSTITITUIÇÃO
FEDERAL). IMPOSSIBILIDADE DE MESCLAR PARTES
FAVORÁVEIS DE LEIS CONTRAPOSTAS NO TEMPO, SOB
PENA DE SE CRIAR, PELA VIA DA INTERPRETAÇÃO, UM
TERCEIRO SISTEMA (LEX TERTIA).
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO LEGISLATIVA. VIOLAÇÃO DO
PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES.
POSSIBILIDADEDE APLICAÇÃO DA LEI EM SUA
INTEGRALIDADE, COM O QUE RESTA ATENDIDO O
PRINCÍPIO DA RETROAÇÃO DA LEI BENÉFICA.
CONCESSÃO DA ORDEM, EM PARTE, PELO STJ PARA
QUE O TJ/RS EXAMINASSE O CASO CONCRETO E
APLICASSE, EM SUA INTEGRALIDADE, A LEI MAIS
FAVORÁVEL. MINORANTE DA LEI N. 11.343/2006
NEGADA PELA CORTE ESTADUAL EM RAZÃO DE O
PACIENTE OSTENTAR MAUS ANTECEDENTES,
EMERGINDO FAVORÁVEL A FIXAÇÃO DA PENA
COMINADA NA LEI N. 6.368/76.
AUSÊNCIADE CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
1. A minorante do § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006 não
incide sobre a pena cominada no art. 12 da Lei n. 6.368,
posto não ser possível mesclar partes
favoráveis de normas contrapostas no tempo para criar-
se um terceiro sistema (lex tertia) pela via da
interpretação, sob pena de usurpação da função do
Poder Legislativo e, em consequência, de violação do
princípio da separação dos poderes. 2. A aplicação da lei
mais favorável, vale dizer a Lei n. 6.368/76, sem a
minorante do § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/06, ou a
novel Lei de Entorpecentes, com a minorante do §4º de seu art. 33, atende ao princípio da retroatividade da
lei benéfica, prevista no art. 5º, inc. XL, da Constituição
Federal, desde que aplicada em sua integralidade.
(...)
HC 110046 / PI
Relator(a): Min. LUIZ FUX
Relator(a) p/ Acórdão: Min. DIAS TOFFOLI
Julgamento: 21/05/2013
Órgão Julgador: Primeira Turma
EMENTA Habeas corpus. Penal. Condenação com
base na antiga lei de drogas. Pretendida aplicação
retroativa do § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/06
sobre a pena cominada ao paciente com base na Lei
nº 6.368/76. Possibilidade assentada no julgamento
Plenário do RE nº 596.152/SP, Relator para acórdão o
Ministro Ayres Britto, DJe de 13/2/12. Ordem
concedida.
1. A pretendida aplicação retroativa do § 4º do art. 33
da Lei nº 11.343/06 sobre a pena cominada com base
na Lei nº 6.368/76 encontra amparo em julgado
proferido pelo Tribunal Pleno no RE nº 596.152/SP,
Relator para acórdão o Ministro Ayres Britto. 2.
Ordem concedida de ofício para determinar ao
Juízo de origem que, considerando as
circunstâncias do caso, analise a
possibilidade de aplicação retroativa do § 4º do art.
33 da Lei nº 11.343/06 sobre a pena cominada ao
paciente com base na Lei nº 6.368/76.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE SOBRE ESSE
JULGADO
Por empate na votação, a Turma concedeu a
ordem de habeas corpus, nos termos do
voto do Senhor Ministro Dias Toffoli, Redator
para o acórdão. Votaram pela denegação da
ordem o Senhor Ministro Luiz Fux, Relator-
Presidente, e o Senhor Ministro Marco
Aurélio.
CONTINUANDO
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar,
oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer
título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que
gratuitamente, maquinário, aparelho,
instrumento ou qualquer objeto destinado à
fabricação, preparação, produção ou
transformação de drogas, sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e
pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000
(dois mil) dias-multa.
DICAS IMPORTANTES
- Crime autônomo ao delito de tráfico;
- Natureza equiparada aos crimes hediondos;
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas
para o fim de praticar, reiteradamente ou não,
qualquer dos crimes previstos nos arts. 33,
caput e§ 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e
pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e
duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput
deste artigo incorre quem se associa para a
prática reiterada do crime definido no art. 36
desta Lei.
DICAS MUITO IMPORTANTES
- Para fins de caracterização do delito não é
relevante se um dos agentes for menor de
18 anos;
- É possível a caracterização do delito, ainda
que apenas um dos agentes tenha sido
identificado, desde que existam provas
lícitas da existência do outro agente
delituoso;
PERGUNTAS CABULOSAS
- Para caracterização do delito em analise é
necessário que a associação tenda a
estabilidade ou permanência?
- A caracterização do crime demanda da
efetiva prática do tráfico de drogas?
- A caracterização do crime demanda da
efetiva apreensão da droga?
- Caberia concurso de crimes com o tráfico
que seja efetivamente praticado?
- Em caso afirmativo, este concurso seria
formal ou material?
QUESTÃO MUITO CABULOSA
- Tomemos a seguinte situação hipotética.
Lucas e Luiz, envolvem-se em uma empreitada
criminosa nos seguintes termos:
Lucas fornece a Luiz R$ 10.000,00 para que este
adquira drogas, revenda e depois lhe repasse metade
de todo lucro aferido.
Luiz, com o dinheiro fornecido por Lucas, efetivamente
compra a droga, dedica-se a revendê-la ao longo de
duas semanas e depois repassa para Lucas metade do
lucro.
Qual(ais) as possíveis imputações de Lucas e Luiz?
Art. 36. Financiar ou custear a prática de
qualquer dos crimes previstos nos arts. 33,
caput e§ 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e
pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000
(quatro mil) dias-multa.
TEMA CONTROVERSO
- Quem financia o tráfico e em momento
posterior pratica condutas caracterizadoras
do tráfico por ele financiado, responderá por
qual(ais) crime(s)?
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo,
organização ou associação destinados à prática
de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33,
caput e§ 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
pagamento de 300 (trezentos) a 700
(setecentos) dias-multa.
DUAS PERGUNTAS CABULOSAS
1 – O policial que recebe dinheiro para
informar aos meliantes que se dedicam ao
tráfico de drogas em uma determinada
localidade o dia e a hora que uma operação
de combate e repressão a este crime será
deflagrada, incorre em qual(ais) crime(s)?
2 – Caso pratique a mesma conduta, mas sem
receber nenhum tipo de vantagem indevida,
apenas cedendo a pedido do chefe do
tráfico, seu conhecido de infância?
PARA FINALIZAR
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da
dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso
fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da
ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a
infração penal praticada, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. Quando absolver o agente,
reconhecendo, por força pericial, que este
apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as
condições referidas no caput deste artigo, poderá
determinar o juiz, na sentença, o seu
encaminhamento para tratamento médico adequado.