1000 reais - 8 turma - tst - 271528_2008_1312538400000

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PROCESSO Nº TST-RR-63500-05.2007.5.24.0001 Firmado por assinatura digital em 28/06/2011 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira. A C Ó R D à O (8ª Turma) GMMEA/lag RECURSO DE REVISTA – AÇÃO CIVIL PÚBLICA. OBRIGAÇÃO DE FAZER. RESCISÕES CONTRATUAIS HABITUALMENTE HOMOLOGADAS EM ATÉ VINTE DIAS DA DATA DA NOTIFICAÇÃO DA DISPENSA. PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS NO PRAZO LEGAL. FIXAÇÃO DE ASTREINTES. POSSIBILIDADE. Pretende o Ministério Público do Trabalho, pela via da ação civil pública, impor à Ré obrigação de fazer, atinente à realização da homologação das rescisões contratuais de seus empregados no prazo previsto em lei para o pagamento das verbas rescisórias, sob pena de multa. O TST tem pacificado o entendimento de que é incabível a multa do art. 477, 8º, da CLT quando as parcelas rescisórias são pagas no prazo legal e apenas a homologação é feita tardiamente, porquanto a multa referida no § 8º se aplica à hipótese de descumprimento do disposto no § 6º, o qual apenas se refere ao prazo para pagamento das verbas rescisórias. É preciso considerar, no entanto, para análise da controvérsia ora encetada, que o § 4º do mesmo dispositivo consolidado dispõe expressamente que o pagamento das verbas rescisórias será efetuado no ato da homologação, o que permite a conclusão de que o referido ato também se submete aos prazos constantes no § 6º, apesar de não sofrer a incidência da multa prevista no § 8º para a hipótese de atraso na sua realização. Resta claro que a lei não deixou ao alvedrio do empregador a data da homologação da rescisão, na medida em que impõe que o pagamento das verbas rescisórias seja efetuado nesse ato, ao mesmo tempo em que estabelece prazo para o pagamento. Com base no disposto no art. 477, §§ 4º e 6º, da CLT e considerando que a demora

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ASTREINTES - TST - 8ª TURMA - R$1.000,00

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  • PROCESSO N TST-RR-63500-05.2007.5.24.0001

    Firmado por assinatura digital em 28/06/2011 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    A C R D O

    (8 Turma)

    GMMEA/lag

    RECURSO DE REVISTA AO CIVIL PBLICA.

    OBRIGAO DE FAZER. RESCISES

    CONTRATUAIS HABITUALMENTE HOMOLOGADAS

    EM AT VINTE DIAS DA DATA DA NOTIFICAO

    DA DISPENSA. PAGAMENTO DAS VERBAS

    RESCISRIAS NO PRAZO LEGAL. FIXAO DE

    ASTREINTES. POSSIBILIDADE. Pretende o

    Ministrio Pblico do Trabalho, pela

    via da ao civil pblica, impor R

    obrigao de fazer, atinente

    realizao da homologao das rescises

    contratuais de seus empregados no prazo

    previsto em lei para o pagamento das

    verbas rescisrias, sob pena de multa.

    O TST tem pacificado o entendimento de

    que incabvel a multa do art. 477, 8,

    da CLT quando as parcelas rescisrias

    so pagas no prazo legal e apenas a

    homologao feita tardiamente,

    porquanto a multa referida no 8 se

    aplica hiptese de descumprimento do

    disposto no 6, o qual apenas se refere

    ao prazo para pagamento das verbas

    rescisrias. preciso considerar, no

    entanto, para anlise da controvrsia

    ora encetada, que o 4 do mesmo

    dispositivo consolidado dispe

    expressamente que o pagamento das

    verbas rescisrias ser efetuado no ato

    da homologao, o que permite a

    concluso de que o referido ato tambm

    se submete aos prazos constantes no

    6, apesar de no sofrer a incidncia da

    multa prevista no 8 para a hiptese

    de atraso na sua realizao. Resta claro

    que a lei no deixou ao alvedrio do

    empregador a data da homologao da

    resciso, na medida em que impe que o

    pagamento das verbas rescisrias seja

    efetuado nesse ato, ao mesmo tempo em

    que estabelece prazo para o pagamento.

    Com base no disposto no art. 477, 4

    e 6, da CLT e considerando que a demora

  • fls.2

    PROCESSO N TST-RR-63500-05.2007.5.24.0001

    Firmado por assinatura digital em 28/06/2011 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    na homologao traduz-se em demora no

    levantamento do FGTS e no recebimento do

    seguro-desemprego, cabvel a fixao

    de multa pela demora na homologao da

    resciso, o que, ressalte-se, no

    conflita com a jurisprudncia pacfica

    desta Corte no que tange no

    incidncia da multa do art. 477, 8,

    da CLT para a mesma situao. Recurso de

    revista conhecido e provido.

    Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso

    de Revista n TST-RR-63500-05.2007.5.24.0001, em que Recorrente

    MINISTRIO PBLICO DO TRABALHO DA 8 REGIO e Recorrida COMPANHIA

    BRASILEIRA DE DISTRIBUIO.

    O TRT da 24 Regio, pelo acrdo de fls. 258/264, deu

    provimento ao Recurso Ordinrio da R.

    Inconformado, o Parquet interps Recurso de Revista

    s fls. 269/281.

    O recurso foi admitido pelo despacho de fls. 283/284.

    Contrarrazes apresentadas s fls. 286/293.

    O Ministrio Pblico do Trabalho opinou pelo

    prosseguimento do feito, tendo em vista que atua como parte no processo

    (fls. 300).

    o relatrio.

    V O T O

    Preenchidos os pressupostos extrnsecos de

    admissibilidade do recurso.

    a) Conhecimento

    AO CIVIL PBLICA. OBRIGAO DE FAZER. COMPANHIA

    BRASILEIRA DE DISTRIBUIO. RESCISES CONTRATUAIS HABITUALMENTE

    HOMOLOGADAS EM AT VINTE DIAS DA DATA DA NOTIFICAO DA DISPENSA.

  • fls.3

    PROCESSO N TST-RR-63500-05.2007.5.24.0001

    Firmado por assinatura digital em 28/06/2011 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISRIAS NO PRAZO LEGAL. FIXAO DE ASTREINTES.

    POSSIBILIDADE.

    O Ministrio Pblico do Trabalho da 24 Regio

    sustenta que o atraso na homologao do Termo de Resciso de Contrato

    de Trabalho implica a demora na movimentao da conta relativa ao FGTS

    e no recebimento do seguro-desemprego, uma vez que tanto a CEF quanto

    o CODEFAT exigem o referido termo devidamente homologado para tal

    finalidade. Sustenta que tal conduta no pode ter o respaldo do

    Judicirio, sob pena de permitir que tal postergao se prolongue no

    tempo, para alm dos atuais 20 dias. Pleiteia, portanto, a obrigao de

    a R proceder homologao das rescises contratuais dos trabalhadores

    com mais de um ano de emprego no prazo legalmente fixado para o pagamento

    das verbas rescisrias, sob pena de incidncia de astreintes. Indica

    afronta ao artigo 477, 4 e 6, da CLT. Colaciona arestos para

    demonstrar dissenso de teses.

    O acrdo regional acolheu o pedido da R, quanto

    reforma da Sentena para julgar improcedentes os pedidos formulados na

    presente Ao Civil Pblica, ao seguinte fundamento:

    "2.1.2 - PRAZO PARA HOMOLOGAO DO TRCT

    O MM. Juiz de origem julgou parcialmente procedentes os pedidos,

    condenando a r a observar o prazo do 6 do art. 477 da CLT nas

    homologaes dos TRCTs, sob pena de pagamento de multa de cinco mil

    reais para cada homologao extempornea, revertida em favor do

    empregado.

    Na fundamentao, concluiu que a homologao pressuposto para o

    pagamento das parcelas rescisrias, devendo preced-las, o que atrai o prazo

    de dez dias (fls. 211/215).

    Insurge-se a r, insistindo que, na quitao das parcelas rescisrias,

    sempre observou o 6 do art. 477 da CLT e que tal prazo no alcana o ato

    de homologao do TRCT. Em razo disso, sustenta que a penalidade

    imposta afronta o princpio da legalidade e importa em bis in idem.

    Alega que o lapso mdio de 20 dias verificado no mbito da empresa

    decorre da centralizao do seu departamento de recursos humanos em

    Braslia, e que no houve qualquer ao individual pleiteando a reparao

    vindicada pelo MPT.

    Tem razo.

  • fls.4

    PROCESSO N TST-RR-63500-05.2007.5.24.0001

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    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    No caso em discusso, incontroverso que os pagamentos foram

    realizados no prazo legal, conforme assinalou o autor: a empresa r, no

    obstante efetuar o pagamento das verbas rescisrias no prazo legal, segundo

    informado pelo Sindicato Profissional, posterga a homologao da resciso

    do contrato para um prazo de at 20 dias contados da data da notificao da

    demisso (fl. 5).

    Da leitura do 6 do art. 477 da CLT, infere-se que o atraso no

    pagamento das verbas rescisrias que caracteriza a mora ensejadora da multa

    prevista no 8 do mesmo dispositivo.

    O simples fato de a homologao ter-se realizado aps o decndio legal

    (fl. 121) no desqualifica aquele pagamento.

    Corroboram esta concluso os arestos seguintes:

    MULTA DO ARTIGO 477, 8 DA CLT - PRAZO

    PARA PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISRIAS

    (ARTIGO 477, 6, DA CLT) - DEPSITO BANCRIO

    EFETUADO NO PRAZO - ASSISTNCIA SINDICAL

    POSTERIOR AO PRAZO - O prazo a que alude o 6 do artigo

    477 da CLT refere-se a pagamento das verbas rescisrias e no

    homologao. Precedentes citados. Recurso de revista

    parcialmente conhecido e provido. (TST - RR

    999/2005-064-02-00.8 - 6 T. - Rel. Min. Horcio Senna Pires -

    DJU 13.04.2007 - Juris Sntese IOB).

    MULTA. ART. 477 DA CLT. As disposies do art. 477,

    caput c/c 6 e 8 da CLT, ao tratarem dos direitos assegurados

    ao empregado ao termo da relao por prazo indeterminado,

    referem apenas ao pagamento e nada mencionam acerca da

    homologao do termo rescisrio. vista disso, se

    incontroverso nos autos que o pagamento das verbas rescisrias

    se deu no prazo preconizado pelo 6 da art. 477 da CLT,

    malgrado a homologao tenha se dado em momento posterior,

    no se pode negar eficcia ao modo como ele fora levado a

    efeito, porque h que se levar em considerao aqui o esprito da

    lei, qual seja o de compelir o empregador a quitar as parcelas

    rescisrias no prazo fixado. Portanto, impe-se reconhecer que

    foi feito em tempo hbil e, por isso, indevida a multa. Recurso

    provido, no particular, por unanimidade. (TRT 24 R - Proc. n

    1209/2005-003-24-00-1-RO.1 - Rel. Des. Joo de Deus Gomes

    de Souza - DO/MS n 6.937 de 27/03/2007).

    Assim, mngua de norma coletiva ou dispositivo legal que estabelea

    prazo para a homologao do TRCT, no cabe fixao de penalidade, em

    face do princpio geral da legalidade, que se desdobra no preceito de que no

    pode haver punio sem previso em lei (nulla poena sine lege).

    Nesse contexto, no pode ser considerado excessivo o incontroverso

    lapso mdio de vinte dias para o ato homologatrio.

  • fls.5

    PROCESSO N TST-RR-63500-05.2007.5.24.0001

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    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    Indevida, portanto, a condenao da r na obrigao de fazer e

    penalidade correlata.

    Ante tais fundamentos, dou provimento ao recurso da r, para reformar

    a sentena, julgando improcedentes os pedidos formulados na presente ao.

    Em decorrncia do acolhimento do recurso da r, prejudicada a

    pretenso do autor (majorao da multa), por falta de objeto." (fls. 258/264,

    grifos nossos).

    Com razo.

    O TST tem entendimento pacfico no sentido de ser

    incabvel a multa do art. 477, 8, da CLT quando a quitao das verbas

    rescisrias feita dentro do prazo aludido no 6, embora a homologao

    tenha sido tardia. Nesse sentido, colhem-se os seguintes precedentes da

    SBDI-1 desta Corte:

    "EMBARGOS - SUJEITOS SISTEMTICA DA LEI N

    11.496/2007 - MULTA DO ARTIGO 477, 8, DA CLT - PAGAMENTO

    OPORTUNO DAS VERBAS RESCISRIAS - HOMOLOGAO

    TARDIA. Evidenciado o pagamento das verbas rescisrias no prazo do art.

    477, 6, da CLT, indevida a aplicao da multa do 8, ainda que a

    homologao da resciso tenha ocorrido a destempo. Precedentes.

    ()

    Embargos parcialmente conhecidos e providos."

    (TST-E-RR-150500-16.2008.5.03.0026, Rel. Min. Maria Cristina Irigoyen

    Peduzzi, DEJT de 12/11/2010).

    "PAGAMENTO DAS PARCELAS RESCISRIAS NO PRAZO

    PRECONIZADO NO 6 DO ART. 477 DA CLT. HOMOLOGAO

    POSTERIOR. MULTA PREVISTA NO 8 DO ART. 477 DA CLT.

    INDEVIDA. A multa prevista no art. 477, 8, da CLT referente mora do

    pagamento das parcelas rescisrias, de modo que a homologao posterior ao

    decurso do prazo estabelecido no 6 no pode ser considerada como fato

    gerador de aplicao da referida multa. Recurso de Embargos de que se

    conhece e a que se d provimento." (TST-RR-31200-33.2003.5.03.0027,

    Rel. Min. Joo Batista Brito Pereira, DJ de 12/9/2008).

    "MULTA. ARTIGO 477, 8, DA CLT. APLICAO.

    HOMOLOGAO DA RESCISO CONTRATUAL. ATRASO

    1. O fato gerador da multa prevista no 8 do artigo 477 da CLT

    vincula-se direta e unicamente ao no-cumprimento dos prazos estabelecidos

    no 6 do mesmo diploma legal para pagamento das verbas rescisrias, e no

    ao ato em si da homologao da resciso contratual.

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    PROCESSO N TST-RR-63500-05.2007.5.24.0001

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    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    2. Por falta de amparo legal, no procede o pedido de pagamento de

    multa pelo atraso na homologao da resciso do contrato de trabalho. No

    se aplica Empresa, nessas circunstncias, o disposto no 8 do artigo 477

    da CLT, ainda mais se, consoante o TRT de origem, a quitao das verbas

    rescisrias deu-se no prazo legal, mediante depsito em conta-corrente do

    Empregado.

    3. Embargos no conhecidos, porque no configurada afronta ao artigo

    896 da CLT." (TST-E-RR-438927-81.1998.5.02.5555, Rel. Min. Joo

    Oreste Dalazen, DJ de 10/10/2003).

    No entanto, o cerne da presente demanda no consiste

    no pedido de aplicao da multa do art. 477, 8, da CLT, de modo que

    a hiptese distinta, atinente to somente obrigao de fazer,

    consistente na homologao das rescises contratuais no mesmo prazo legal

    previsto para o pagamento das verbas rescisrias, sob pena de incidncia

    de multa.

    O Regional entendeu no ser cabvel a fixao de

    penalidade, nessa hiptese, mngua de previso legal ou convencional

    para tanto.

    O art. 477, 4, 6 e 8, da CLT dispe:

    "Art. 477. ()

    ()

    4. O pagamento a que fizer jus o empregado ser efetuado no ato da

    homologao da resciso do contrato de trabalho, em dinheiro ou em cheque

    visado, conforme acordem as partes, salvo se o empregado for analfabeto,

    quando o pagamento somente poder ser feito em dinheiro.

    ()

    6. O pagamento das parcelas constantes do instrumento de resciso

    ou recibo de quitao dever serefetuado nos seguintes prazos:

    a) at o primeiro dia til imediato ao trmino do contrato; ou

    b) at o dcimo dia, contado da data da notificao da demisso,

    quando da ausncia do aviso prvio, indenizao do mesmo ou dispensa de

    seu cumprimento.

    ()

    8. A inobservncia do disposto no 6 deste artigo sujeitar o

    infrator multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim o pagamento da

    multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salrio,

    devidamente corrigido pelo ndice de variao do BTN, salvo quando,

    comprovadamente, o trabalhador der causa mora."

  • fls.7

    PROCESSO N TST-RR-63500-05.2007.5.24.0001

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    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    Depreende-se das disposies supra transcritas que a

    multa referida no 8 se aplica hiptese de descumprimento do disposto

    no 6, o qual apenas se refere ao prazo para pagamento das parcelas

    constantes do termo de resciso contratual de trabalho.

    No entanto, o 4 expresso ao dispor que o pagamento

    ser efetuado no ato da homologao. Logo, estando o pagamento das verbas

    rescisrias atrelado, por fora da lei, ao ato da homologao, outro no

    pode ser o raciocnio de que a homologao tambm se submete aos prazos

    constantes no 6, em que pese tal mora no sofrer a incidncia da multa

    prevista no 8 do mesmo diploma legal.

    No h dvida, entretanto, de que a lei no deixou ao

    alvedrio do empregador a data da homologao do TRCT, porquanto impe

    que o pagamento das verbas rescisrias seja efetuado nesse ato ao mesmo

    tempo em que estabelece prazo para o referido pagamento.

    Assim, considerando que o acerto rescisrio um ato

    complexo, porquanto exige a devida homologao para produzir os seus

    efeitos em sua plenitude tendo em vista que somente a partir desta ser

    vivel para o empregado a utilizao das guias de seguro-desemprego e

    o levantamento do FGTS -, conclui-se que a demora na sua realizao

    resulta em prejuzos para o empregado, no sendo razovel sustentar que

    o intento da lei se restringe a resguardar apenas o pagamento das verbas

    rescisrias.

    Dessa forma, no compartilho do entendimento do

    Regional no sentido de que inexista disposio de lei que estabelea prazo

    para a homologao do TRCT, na medida em que h prazo legal para o

    pagamento das verbas rescisrias e determinao expressa no art. 477,

    4, da CLT no sentido de que o pagamento dever ser efetuado no ato

    da homologao, de modo que considero cabvel a fixao de penalidade

    na hiptese de mora do empregador na homologao do TRCT.

    Assim, conheo do apelo, por violao do art. 477,

    4, da CLT.

    b) Mrito

  • fls.8

    PROCESSO N TST-RR-63500-05.2007.5.24.0001

    Firmado por assinatura digital em 28/06/2011 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP

    2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    Conhecida a Revista por violao do art. 477, 4,

    da CLT, a consequncia lgica o seu provimento para, reformando o

    acrdo regional, restabelecer a sentena, exceto quanto ao valor da

    multa, que fica estabelecido em R$ 1.000,0 (mil reais) por empregado.

    ISTO POSTO

    ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal

    Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do Recurso de Revista

    por violao do art. 477, 4, da CLT, para, reformando o acrdo

    regional, restabelecer a sentena, exceto quanto ao valor da multa, que

    fica estabelecido em R$ 1.000,0 (mil reais) por empregado.

    Braslia, 28 de junho de 2011.

    Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

    MRCIO EURICO VITRAL AMARO Ministro Relator