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Ano Vara Ajuda? Díg Ano Órg Trib Vara Numeração Antiga Até 2009 Numeração Única A partir de 2010 Processos correlatos: 29/03/2012 - Recurso Ordinário 21/10/2009 - Ação Trabalhista - Rito Ordinário Recurso Ordinário Numeração Antiga: 01780-2009-015-10-00-6 Numeração Única: 0178000-61.2009.5.10.0015 Autuação 29/03/2012 Distribuição 11/04/2012 Relator Desembargador DORIVAL BORGES DE SOUZA NETO Revisora Desembargadora FLÁVIA SIMÕES FALCÃO Recorrente José Antônio de Sousa Advogado Rafael Rodrigues de Oliveira - OAB: 26962/DF Recorrido Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaria Advogado Luciana Tenório Ebert - OAB: 186/SE Acórdãos 29/06/2012 Andamentos Data Local Andamento 13/07/2012 SETOR DE PUBLICAÇOES DA 1A. TURMA Recebidos os autos 13/07/2012 SECRETARIA DA 15A. VARA BRASILIA Baixado o processo defi 12/07/2012 SETOR DE PUBLICAÇOES DA 1A. TURMA Transitado em julgado 06/07/2012 SETOR DE PUBLICAÇOES DA 1A. TURMA Juntada de procuração/ 29/06/2012 SETOR DE PUBLICAÇOES DA 1A. TURMA Entregues os autos em 29/06/2012 SETOR DE PUBLICAÇOES DA 1A. TURMA Protocolizada petição 29/06/2012 SETOR DE PUBLICAÇOES DA 1A. TURMA Publicado(a) o(a) acórd 18/06/2012 SETOR DE ACORDÃOS DA 1A. TURMA Lavrado o acórdão ilíqui 15/06/2012 SETOR DE ACORDÃOS DA 1A. TURMA Recebidos os autos para 15/06/2012 SETOR DE ACORDÃOS DA 1A. TURMA Remetidos os autos par 15/06/2012 SECRETARIA DA 1A. TURMA Conhecido o recurso do 12/06/2012 SECRETARIA DA 15A. VARA BRASILIA Publicado(a) o(a) pauta Andamento excluído 08/06/2012 SECRETARIA DA 1A. TURMA Incluído em pauta 15/0 04/06/2012 SECRETARIA DA 1A. TURMA Recebidos os autos para 04/06/2012 SECRETARIA DA 1A. TURMA Remetidos os autos par 07/05/2012 GABINETE DES. FLÁVIA SIMÕES FALCÃO Conclusos os autos para 07/05/2012 GABINETE DES. FLÁVIA SIMÕES FALCÃO Recebidos os autos para 07/05/2012 GABINETE DES. FLÁVIA SIMÕES FALCÃO Remetidos os autos par 13/04/2012 GABINETE DO DESEMBARGADOR DORIVAL BORGES DE SOUZA Conclusos os autos para 13/04/2012 GABINETE DO DESEMBARGADOR DORIVAL BORGES DE SOUZA Recebidos os autos para 13/04/2012 GABINETE DO DESEMBARGADOR DORIVAL BORGES DE SOUZA Remetidos os autos da 11/04/2012 COORDENADORIA DE CAD. E DIST. DE FEITOS DO 2ºGRAU Distribuído por sorteio 29/03/2012 COORDENADORIA DE CAD. E DIST. DE FEITOS DO 2ºGRAU Recebidos os autos para 29/03/2012 COORDENADORIA DE CADASTRAMENTO E DISTRIB. PROCESSU Autuado o processo 29/03/2012 COORDENADORIA DE CADASTRAMENTO E DISTRIB. PROCESSU Recebido pela distribuiçã Tribunal Regional do Trabalho - 10ª Região http://www.trt10.jus.br/index.php 1 de 2 10/03/2014 18:09

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Nº Ano Vara Ajuda? Nº Díg Ano Órg Trib Vara

Numeração AntigaAté 2009

Numeração ÚnicaA partir de 2010

Processos correlatos: 29/03/2012 - Recurso Ordinário21/10/2009 - Ação Trabalhista - Rito Ordinário

Recurso Ordinário

Numeração Antiga: 01780-2009-015-10-00-6Numeração Única: 0178000-61.2009.5.10.0015Autuação 29/03/2012Distribuição 11/04/2012Relator Desembargador DORIVAL BORGES DE SOUZA NETORevisora Desembargadora FLÁVIA SIMÕES FALCÃORecorrente José Antônio de Sousa Advogado Rafael Rodrigues de Oliveira - OAB: 26962/DFRecorrido Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaria Advogado Luciana Tenório Ebert - OAB: 186/SE

Acórdãos

29/06/2012

Andamentos

Data Local Andamento13/07/2012 SETOR DE PUBLICAÇOES DA 1A. TURMA Recebidos os autos13/07/2012 SECRETARIA DA 15A. VARA BRASILIA Baixado o processo definitivamente12/07/2012 SETOR DE PUBLICAÇOES DA 1A. TURMA Transitado em julgado06/07/2012 SETOR DE PUBLICAÇOES DA 1A. TURMA Juntada de procuração/substabelecimento29/06/2012 SETOR DE PUBLICAÇOES DA 1A. TURMA Entregues os autos em carga/vista a(o) adv. do29/06/2012 SETOR DE PUBLICAÇOES DA 1A. TURMA Protocolizada petição29/06/2012 SETOR DE PUBLICAÇOES DA 1A. TURMA Publicado(a) o(a) acórdão18/06/2012 SETOR DE ACORDÃOS DA 1A. TURMA Lavrado o acórdão ilíquido pelo relator15/06/2012 SETOR DE ACORDÃOS DA 1A. TURMA Recebidos os autos para prosseguir15/06/2012 SETOR DE ACORDÃOS DA 1A. TURMA Remetidos os autos para Secretaria - setor de15/06/2012 SECRETARIA DA 1A. TURMA Conhecido o recurso do autor e não provido

12/06/2012 SECRETARIA DA 15A. VARA BRASILIA Publicado(a) o(a) pauta de julgamentoAndamento excluído - 07/08/2012 17:04

08/06/2012 SECRETARIA DA 1A. TURMA Incluído em pauta 15/06/2012 14:0004/06/2012 SECRETARIA DA 1A. TURMA Recebidos os autos para incluir em pauta04/06/2012 SECRETARIA DA 1A. TURMA Remetidos os autos para Secretaria incluir em p07/05/2012 GABINETE DES. FLÁVIA SIMÕES FALCÃO Conclusos os autos para julgamento (revisar)07/05/2012 GABINETE DES. FLÁVIA SIMÕES FALCÃO Recebidos os autos para (revisar)07/05/2012 GABINETE DES. FLÁVIA SIMÕES FALCÃO Remetidos os autos para Gabinete do Revisor p13/04/2012 GABINETE DO DESEMBARGADOR DORIVAL BORGES DE SOUZA Conclusos os autos para julgamento (relatar)13/04/2012 GABINETE DO DESEMBARGADOR DORIVAL BORGES DE SOUZA Recebidos os autos para (relatar)13/04/2012 GABINETE DO DESEMBARGADOR DORIVAL BORGES DE SOUZA Remetidos os autos da distribuição ao gab. rela11/04/2012 COORDENADORIA DE CAD. E DIST. DE FEITOS DO 2ºGRAU Distribuído por sorteio29/03/2012 COORDENADORIA DE CAD. E DIST. DE FEITOS DO 2ºGRAU Recebidos os autos para distribuir29/03/2012 COORDENADORIA DE CADASTRAMENTO E DISTRIB. PROCESSU Autuado o processo29/03/2012 COORDENADORIA DE CADASTRAMENTO E DISTRIB. PROCESSU Recebido pela distribuição autos para autuar

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Poder JudiciárioJustiça do Trabalho

Tribunal Regional do Trabalho - 10ª Região

Processo: 01780-2009-015-10-00-6-ROAcórdão do(a) Exmo(a) Desembargador(a) Federal do Trabalho DORIVALBORGES DE SOUZA NETO

Ementa: 1.PRELIMINAR DE NULIDADE. NEGATIVADE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. O princípio do livreconvencimento motivado ou da persuasão racional garanteao juiz prolator da decisão que a faça de acordo com aconvicção formada pela análise do conjunto probatório,não sendo vinculado a nenhum tipo de prova, uma vez quenosso ordenamento não alberga a tarifação ou valorizaçãodas provas. Outrossim, o sistema do livre convencimentomotivado ou da persuasão racional aplicado na valoraçãodas provas repudia a possibilidade do convencimento domagistrado destoante do conjunto probatório. No caso emexame, verifica-se o regular exercício jurisdicional, cujasentença reflete o exame analítico do contexto processuale do conjunto probatório inserto nos autos.2.PRELIMINAR DE NULIDADE. AMPLA DEFESA ECONTRADITÓRIO. PROVA TÉCNICA.IMPUGNAÇÃO. A Constituição Federal estabelece comogarantia a observância aos princípios do contraditório e daampla defesa conjuntamente no inciso LV de seu artigo 5º.O princípio do contraditório contém o enunciado de quetodos os atos e termos processuais devem primar pelaciência das partes e pela possibilidade de tais atos seremcontrariados com alegações e provas. O laudo pericial éprova técnica e, como todas as provas, destina-se àformação do convencimento do Juiz, que poderá admiti-loou não. Por sua sorte, a mera impugnaçãodesacompanhada de elementos probatórios não é bastantea elidir prova técnica. 3.INSALUBRIDADE. PROVA.LAUDO TÉCNICO PERICIAL. IMPUGNAÇÃO.Conforme disposto no artigo 195 da CLT, a caracterizaçãoe classificação da insalubridade far-se-á mediante perícia.Portanto, o laudo pericial é prova técnica elaborada porperito, que é a autoridade competente para apuração, nocaso, da insalubridade e do grau em que é devido ou não orespectivo adicional, e deve ser combatido comargumentos técnicos devidamente comprovados nos autos.

Relatório

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O Excelentíssimo Juiz AUGUSTO CÉSAR ALVES DESOUZA BARRETO, na titularidade da 15ª Vara do Trabalho de Brasília/DF, proferiu a sentençade fls. 266/271, julgando improcedentes os pedidos formulados por JOSÉ ANTÔNIO DESOUSA em desfavor de EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Oreclamante interpôs recurso ordinário às fls. 274/279. A reclamada apresentou contrarrazões àsfls. 282/299. Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho na forma doartigo 102, I, do Regimento Interno deste Regional.

Voto

ADMISSIBILIDADE O reclamante é beneficiário dajustiça gratuita e está regularmente representado, conforme procuração de fl. 8. O recurso éregular e tempestivo, merecendo conhecimento. Tempestivas e regulares as contrarrazões, delasconheço. PRELIMINAR DE NULIDADE. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Oreclamante suscita preliminar de nulidade pela negativa de prestação jurisdicional, ao argumentode que o juiz sentenciante não providenciou a análise da impugnação formulada em relação aolaudo pericial. Ao analisar o histórico processual dos autos, verifica-se inicialmente que foidesignada a perita Tânia Aparecida Artur para apuração da alegada insalubridade, tendoapresentado laudo técnico às fls. 153/168. Sobre referido laudo apenas a reclamada se manifestouàs fls. 173/174, afirmando a nulidade da perícia, o que foi rebatido pela perita (fls. 197/198).Conclusos os autos para elaboração da sentença, entendeu o MM. Juiz sentenciante converter ojulgamento em diligência, determinando a intimação da perita para esclarecimentoscomplementares, consoante despacho de fls. 208/209. Diante dos esclarecimentos prestados àsfls. 214/217, concluiu o MM. Juiz por realizar nova perícia, designando-se Márcio Andrey Rosellino encargo de perito judicial, o qual apresentou laudo técnico de fls. 226/249. Instadas as partespara se manifestarem, a reclamada apresentou petitório de fl. 253 e o reclamante o de fls.254/255. Por sua vez, o perito prestou esclarecimentos e, diante da impugnação obreira, reafirmouo laudo técnico (fls. 261/263). Em suas razões de convencimento, o MM. Juiz sentencianteesclareceu que a determinação para realização de nova perícia decorreu da disparidade dasconclusões do laudo apresentado pela perita anteriormente designada pelo juízo e das conclusõesobtidas em caso similar em trâmite na 19ª Vara do Trabalho de Brasília, cuja cópia foi anexadapela reclamada às fls. 179/194. O princípio do livre convencimento motivado ou da persuasãoracional garante ao juiz prolator da decisão que a faça de acordo com a convicção formada pelaanálise do conjunto probatório, não sendo vinculado a nenhum tipo de prova, uma vez que nossoordenamento não alberga a tarifação ou valorização das provas. Outrossim, o sistema do livreconvencimento motivado ou da persuasão racional aplicado na valoração das provas repudia apossibilidade do convencimento do magistrado destoante do conjunto probatório. Sobre o tema,leciona o professor Humberto Theodoro Júnior, in verbis: “Enquanto no livre convencimento ojuiz pode julgar sem atentar, necessariamente, para a prova dos autos, recorrendo a métodos queescapam ao controle das partes, no sistema da persuasão racional, o julgamento deve ser fruto deuma operação lógica armada com base nos elementos de convicção existentes no processo. Sem arigidez da prova legal, em que o valor de cada prova é previamente fixado na lei, o juiz, atendo-seapenas às provas do processo, formará seu convencimento com liberdade e segundo a consciênciaformada. Embora seja livre o exame das provas, não há arbitrariedade, porque a conclusão develigar-se logicamente à apreciação jurídica daquilo que restou demonstrado nos autos. E o juiz nãopode fugir dos meios científicos que regulam as provas e sua produção, nem tampouco às regrasda lógica e da experiência.” (in Curso de Direito Processual Civil – Teoria Geral do ProcessoCivil e Processo de Conhecimento, Forense, 50ª ed, Rio de Janeiro, 2009, págs. 415/416) No casoem exame, verifica-se o regular exercício jurisdicional, cuja sentença reflete o exame analítico docontexto processual e do conjunto probatório inserto nos autos. Ao contrário do que alega orecorrente, a decisão hostilizada enfrentou as questões suscitadas, inclusive a impugnação aosegundo laudo pericial, tendo se manifestado expressamente nos seguintes termos: “Por outrolado, não procedem às impugnações lançadas pela reclamante ao segundo laudo pericial,considerando os elementos de convicção trazidos aos autos, balizadores da decisão deimprocedência do pedido de adicional de insalubridade. ...................................................Embora impugnado pelo reclamante o laudo pericial, não foi ofertado nenhum elemento capaz demacular a prova pericial produzida, pelo que deve ser acolhida a prova técnica produzida em todasua extensão” (fls. 269/270). Inexistentes as alegadas irregularidades, não há falar em ofensa aosartigos 5º, XXXV, e 93, IX, da Constituição Federal, tampouco aos artigos 131, 302, 333 e 458, II,

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do CPC, nem aos artigos 818 e 832 da CLT. Rejeito a preliminar de nulidade. PRELIMINAR DENULIDADE. VIOLAÇÃO AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA. O reclamante suscitapreliminar de nulidade, aduzindo que a sentença recorrida não observou os princípios docontraditório e da ampla defesa. Argumenta, em linhas sucintas, que não lhe foi oportunizada a“defesa pericial”. Pois bem. A Constituição Federal estabelece como garantia a observância aosprincípios do contraditório e da ampla defesa conjuntamente no inciso LV de seu artigo 5º, quedispõe: "Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral sãoassegurados o contraditório e a ampla defesa, com meios e recursos a ela inerentes;" O princípiodo contraditório contém o enunciado de que todos os atos e termos processuais devem primarpela ciência das partes e pela possibilidade de tais atos serem contrariados com alegações eprovas. Neste sentido, leciona Vicente Greco Filho em analítico escorço: “O contraditório seefetiva assegurando-se os seguintes elementos: a) o conhecimento da demanda por meio de atoformal de citação; b) a oportunidade, em prazo razoável, de se contrariar o pedido inicial; c) aoportunidade de produzir prova e se manifestar sobre a prova produzida pelo adversário; d) aoportunidade de estar presente a todos os atos processuais orais, fazendo consignar asobservações que desejar; e) a oportunidade de recorrer da decisão desfavorável” (in DireitoProcessual Civil Brasileiro, 2º volume, 11ª edição, Editora Saraiva, São Paulo, 1996, pág. 90). Nocaso em exame, verifica-se que, tanto em relação ao primeiro quanto ao segundo laudo técnicoapresentado, foi regularmente concedido prazo às partes para manifestação, conforme fls. 169 e250. Especificamente, quando da apresentação do primeiro laudo, o reclamante pronunciou suaconcordância em audiência, fl. 169. Em relação ao segundo laudo, o reclamante impugnou-o nostermos de fls. 254/255. Saliente-se que os questionamentos formulados na impugnação doreclamante foram devidamente respondidos pelo perito em sua manifestação de fls. 261/263.Cabe por oportuno esclarecer que o laudo pericial é prova técnica e, como todas as provas,destina-se à formação do convencimento do Juiz, que poderá admiti-lo ou não. Por sua sorte, amera impugnação desacompanhada de elementos probatórios não é bastante a elidir a referidaprova técnica. Não vislumbradas as alegadas violações aos artigos 5º, LV e LXXIV, daConstituição Federal, e 195 da CLT, tampouco à OJ 98/SDI1/TST, rejeito a preliminar. MÉRITO.INSALUBRIDADE. PROVA. LAUDOS PERICIAIS. A insurgência obreira se assenta noindeferimento do pedido de restabelecimento do adicional de insalubridade, que segundo alega édecorrente da apreciação errônea pautada nos laudos periciais elaborados por iniciativa dareclamada e pelo segundo perito designado pelo juízo. De início, convém esclarecer que,conforme disposto no artigo 195 da CLT, a caracterização e classificação da insalubridadefar-se-á mediante perícia. Portanto, o laudo pericial é prova técnica elaborada por perito, que é aautoridade competente para apuração, no caso, da insalubridade e do grau em que é devido ounão o respectivo adicional, e deve ser combatido com argumentos técnicos devidamentecomprovados nos autos. Em que pesem as incisivas argumentações recursais, cabe esclarecer quea decisão hostilizada de modo algum se baseou na apreciação exclusiva do laudo técnicorealizado pelo SESI/DF, por iniciativa da reclamada. É de notar que a reclamada tambémcolacionou laudo técnico de fls. 179/194, o qual reflete caso similar ocorrido no processo nº01785-2009-019-10-00-4 em trâmite na MM. 19ª do Trabalho de Brasília/DF. Referido laudotécnico, de lavra da engenheira Letícia de Almeida Dias, apresentou as seguintes notasconclusivas: “7. CONCLUSÃO O reclamante não laborava com pintura a pistola com tintascontendo hidrocarbonetos aromáticos e a pintura com pincel e limpeza de peças contendohidrocarbonetos era uma atividade totalmente eventual, tomando 5 a 10% de suas atividadeslaborativas. Não encontrando respaldo na legislação para caracterização da insalubridade, fade àeventualidade e não habitualidade do uso do produto. Não existia uma rotina de trabalho diáriocom esgoto, os serviços eram executados de acordo com a solicitação de reparos. Não houvecontato permanente do reclamante com o esgoto, e sim eventual. Visto que 25% a 30% das suasatividades dividiam-se em reparos de instalação de água e esgoto. Ademais o labor não se deu nointerior de galeria e tanques como prevê a norma para fazer jus à perceber o adicional deinsalubridade. Portanto, após elucidação da legislação pertinente ao assunto, no item 5 dopresente documento, por todo exposto no item 4, com análise minuciosa da legislação e suainterpretação, verificado o uso e EPIs e a freqüência de atividades, conclui-se que não háenquadramento legal das atividades do reclamante como sendo insalubre perante a legislação,informação baseada na Legislação Brasileira vigente, analisando a exposição aos agentes da NR –15, Portaria 3.214/78” (grifos do original). Não diferente, o laudo técnico apresentado nospresentes autos pelo engenheiro Márcio Andrey Roselli informa em suas notas conclusivas que:“Considerando as análises efetuadas no item 7 do laudo ora apresentado, com base na Norma

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Regulamentadora nº 15, aprovada pela Portaria GM nº 3.214, de 08.06.1978, do Ministério doTrabalho e Emprego é o parecer técnico deste vistor que o Reclamante na função de assistente Bnão estava exposto de forma permanente ou intermitente à agentes físicos, químicos ou biológicosnocivos à saúde, inexistindo, por conseguinte, a insalubridade pleiteada. As atividades debombeiro hidráulico compreendiam cerca de 10% (dez por cento) do tempo de trabalho, sendosazonais ao longo do ano. Cabe ponderar que apenas algumas atividades de bombeiro hidráulicoenvolvem trabalhos com esgoto, não ocorrendo no interior de galerias e tanques, locais onde ocontato é permanente, e não eventual como nas atividades de desentupimento de caixas de esgotoe sanitários. O processo de pintura utilizando hidrocarbonetos aromáticos é realizado de formaeventual pelo Reclamante, ocorrendo fortuitamente em períodos específicos do ano” (fls. 248/249– grifos do original). Neste ponto passo à análise da insurgência obreira manifestada contra olaudo apresentado pelo perito do juízo. As ferrenhas argumentações obreiras representam seuinconformismo ao indeferimento de suas pretensões, todavia, sem razão alguma. Não há omissõesou contradições no laudo técnico nem nos esclarecimentos prestados pelo perito do juízo, osquais são claros ao afirmar a inexistência de agentes insalubres nas atividades laboraisdesenvolvidas pelo reclamante, salientando que a exposição a agentes químicos era eventual esazonal. Por sua vez, esses laudos técnicos acima transcritos corroboram o laudo técnicoapresentado pelos peritos do SESI/DF. Ao analisar o grupo de atividade similar 03, no qual oreclamante se encaixa, porquanto se refere ao setor de serviços auxiliares – setor de obras emanutenção (função assistente), foram relacionadas as atividades desenvolvidas, quais sejam:realizar diariamente manutenções preventivas e corretivas nas redes hidráulicas da Unidade; fazera limpeza das caixas d'água do Centro, preparar tintas, lixar paredes e realizar pequenas pinturas;auxiliar no trans- porte de material de construção (cimento, areira, tijolo e brita); preparar massade concreto, misturando areia, cimento e brita; aterrar e escavar buracos; auxiliar no preparo deferragens, confeccionar paredes em alvenaria, rebocar paredes, assentar cerâmica, azulejo eardósia e executar contrapiso; realizar pequenas reformas; executar serviços em carpintaria,confecção e reparo de móveis em geral, confecção de placas e estacas para experimento;montagem de divisórias em fórmica. Das atividades desenvolvidas acima, os únicos riscosambientais existentes constatados foram a manipulação de hidrocarbonetos aromáticos e aexposição a ruídos, todavia, tal exposição ocorria de modo eventual. Portanto, o referido laudotécnico apresentou a seguinte conclusão: “ENQUADRAMENTO SEGUNDO O MTE Ostrabalhadores do GRUPO DE ATIVIDADE SIMILAR 03 – SETOR DE SERVIÇOS AUXILIARES– SETOR DE OBRAS E MANUTENÇÃO (Função-Assistente) no desenvolvimento de suasatividades laborais não ficam sujeitos a nenhuma condição insalubre, de acordo com a Portaria Nº3.214 de 08 de junho de 1978 do Ministério do Trabalho e Emprego, portanto não fazem jus aoadicional de insalubridade” (fl. 80 – grifos do original). Diante de todo acima exposto, adeclaração de irregularidade ou invalidade do referido laudo técnico elaborado pelos peritos doSESI/DF em nada socorre a pretensão obreira. Observe-se que o Juiz sentenciante, com embasadaexperiência judicante e primor na prestação jurisdicional, examinou os laudos colacionados pelaempresa, bem como determinou a realização de perícias técnicas, das quais a primeira foidescartada, porquanto em total discrepância aos outros elementos probatórios. Em suas razões deconvencimento, o Exmo. Juiz de primeiro grau assim se manifestou: “Primeiramente, o Juiz nãoestá adstrito a qualquer laudo pericial, pois pode formar sua convicção com base em outroselementos, segundo os princípios insculpidos nos artigos 436 e 437 do CPC. Na presentehipótese, o autor postulou o pagamento do adicional de insalubridade com suporte no recebimentodo mesmo, em grau máximo, até o mês de junho de 2009 e na assertiva de que no exercício desuas atividades manipulação de produtos químicos, com tinta PVA, esmalte sintético, argamassa,além do trabalho como bombeiro que o colocava exposto a esgotos laboratoriais e residenciais. Aempresa acionada contestando o pleito, afirma que perícia técnica realizada pelos peritos do SESI,contratada para análise das condições ambientais de trabalho, concluíram através de emissão delaudo técnico que os empregados lotados no setor de serviços auxiliares – setor de obras emanutenção no desenvolvimento de suas atividades laborais não estavam sujeitos a nenhumacondição insalubre, trazendo aos autos o doc. de fls. 68/81 A empresa reclamada, também, trouxeaos autos cópia de laudo pericial da perita Letícia de Almeida Dias, elaborado por determinaçãodo juiz da 19ª Vara do Trabalho, nos autos do Processo n. 1785-2009, em que era reclamanteSebastião Carlos Oliveira da Conceição, empregado da reclamada, que exerce a mesma função doautor, ou seja, assistente B, fls179/194. Pois bem. Determinado pelo juízo a realização de períciatécnica para verificação da alegada insalubridade, concluiu a perita Tania Aparecida Arthur,através do laudo de fls. 153/160 que o autor no exercício de suas atividades estava exposto a

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agentes nocivos à saúde, em razão de riscos provocados por agentes biológicos, em face dotrabalho realizado em contato permanente com esgotos (galerias e tanques) em grau máximo eagentes químicos, pelo manuseio de álcalis cáusticos, em grau médio. Pelos laudos existentes nosautos, constatou-se que no tocante aos agentes biológicos, o autor não trabalhava no interior DEgalerias ou tanques, como prevê a norma, mas em atividades de reparos de instalações de água eesgoto. No que tange aos agentes químicos, o autor não trabalhava com pintura a pistola e comtintas contendo hidrocarbonetos aromáticos, sendo que o trabalho de pintor do autor representava5%/10% de suas atividades na empresa reclamada. No entanto, considerando que os laudos eramdiametralmente opostos em suas conclusões, decidiu o juízo pela realização de nova períciatécnica, nomeando perito o Dr. Márcio Andrey Roselli, que apresentou o laudo de fls. 226/249,complementado pelas informações de fls. 261/263, concluindo o expert designado queinexistência da insalubridade postulada. Em seu laudo pericial, afirmou o perito designado que asatividades do autor eram de pintura, bombeiro hidráulico, pedreiro e armador, existindo naempresa quatro empregados ocupantes da função de assistente B. Relatou o perito que nasatividades de pintor, o autor trabalhava como tinta acrílica e massa PVA e eventualmente comesmalte sintético; nas atividades de pedreiro, o reclamante realizava obras de pequeno porte nasinstalações da empresa, utilizando eventualmente máquina de corte, sendo que as atividades depedreiro representam 60% do labor do obreiro; que na atividade de bombeiro hidráulico, realizavadesentupimento e manutenção corretiva em tubulações, caixas de esgotos e sanitários, nãoguardando qualquer semelhança com as atividades realizadas em tanques e galerias de esgotos.Portanto, o conjunto da prova não favorece ao reclamante, sendo certo que o laudo elaborado pelaperita Tania Aparecida, parte de premissas falsas, posto que o autor não realizava atividades emtanques e galerias de esgotos, com exigi o Anexo 14 da NR n.15, bem como não mantinha contatopermanente álcalis caustico, sem o uso de EPI’s. O manuseio de álcalis cáusticos, constantes doAnexo 13 da NR 15, à obviedade se referem ao contato direto com a substância álcalis cáusticos.No caso dos autos, o laudo apresentado pelo segundo perito do Juízo veicula a constatação deque realmente não se configura a insalubridade no trabalho prestado pelo reclamante, já que asujeição a fatores que poderiam ser considerados insalubres é apenas eventual, além de calcadaem firmes preceitos técnicos e no extenso exame das condições de trabalho do reclamante. Diantedo exposto, há de se rejeitar o laudo pericial realizado pela perita Tania Aparecida Arthur. Poroutro lado, não procedem às impugnações lançadas pela reclamante ao segundo laudo pericial,considerando os elementos de convicção trazidos aos autos, balizadores da decisão deimprocedência do pedido de adicional de insalubridade. Embora impugnado pelo reclamante olaudo pericial, não foi ofertado nenhum elemento capaz de macular a prova pericial produzida,pelo que deve ser acolhida a prova técnica produzida em toda sua extensão. Diante do exposto,dada a inexistência de agressão ou de risco à saúde e incolumidade física do autor, que imponha opagamento do adicional remuneratório vindicado na inicial, nos termos das normas que regulam amatéria, tem-se por improcedente o pedido de adicional de insalubridade, seguindo a mesma sortea integração e reflexos postulados”. Assim, após a análise do recurso frente ao contexto dosautos, resta incólume a sentença recorrida. Nego provimento ao recurso. CONCLUSÃO Peloexposto, conheço do recurso ordinário, rejeito as preliminares de nulidade e, no mérito, nego-lheprovimento, nos termos da fundamentação. É o meu voto.

Acórdão

ACORDAM os Desembargadores da Primeira Turma doEgrégio Tribunal Regional do Trabalho da Décima Região, em sessão realizada na data e nostermos da respectiva certidão de julgamento, aprovar o relatório, conhecer do recurso ordinário,rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar-lhe provimento, nos termos do voto doDesembargador Relator. Ementa aprovada. Brasília/DF, 15 de junho de 2012(data de julgamento).assinado digitalmente DORIVAL BORGES Desembargado Relator

Certidão(ões)

ÓrgãoJulgador: 1ª Turma

3ª Sessão Extraordinária do dia 15/06/2012Presidente: Desembargadora MARIA REGINA MACHADO GUIMARÃES

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Relator: Desembargador DORIVAL BORGES DE SOUZA NETOComposição:

Desembargadora FLÁVIA SIMÕES FALCÃO Presente NORMAL

Desembargador PEDRO LUIS VICENTIN FOLTRAN Presente NORMAL

Desembargador DORIVAL BORGES DE SOUZA NETO Presente NORMAL

Desembargador RICARDO ALENCAR MACHADO Ausente FERIAS

por unanimidade aprovar o relatório, conhecer do recurso ordinário, rejeitar as preliminares suscitadase, no mérito, negar-lhe provimento, nos termos do voto do Des. Relator. Ementa aprovada.

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Tribunal Regional do Trabalho da 16ª RegiãoMaranhão Número Dígito Justiça

5.16Ano

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Julgado em 17/01/12 Publicado em 24/01/12 [Visualizar]

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Processo de 2ª Instância

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NUMERAÇÃO TRT : 00187-2010-009-16-00-1NUMERAÇÃO CNJ: 0018700-79.2010.5.16.0009ESPÉCIE: RECURSO ORDINÁRIORECLAMADO: MARCUS PABLO MOURA PARENTE

ACORDÃOS

ASSUNTOS» DIREITO DO TRABALHO / Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Salário | Diferença Salarial» DIREITO DO TRABALHO / Duração do Trabalho / Horas Extras» DIREITO DO TRABALHO / Rescisão do Contrato de Trabalho / Verbas Rescisórias / Multa do Artigo 477 da CLT

ORIGEM DESTINO LANÇAMENTO ANDAMENTO

CDCP VTCA 06/02/2012 16:52 REMESSA À ORIGEM

CDCP CDCP 06/02/2012 15:06 NÃO HOUVE RECURSO / TRANSITADO EM JULGADO -02/02/2012

CRJA CDCP 03/02/2012 15:22 CERTIFICAR SE HOUVE RECURSO

DSAD CRJA 24/01/2012 09:40 REMESSA DOS AUTOS

DSAD DSAD 24/01/2012 09:01 PUBLICADO ACORDÃO / AGUARDANDO PRAZO

GDJMAF DSAD 20/01/2012 14:58 PUBLICAR ACÓRDÃO

STP GDJMAF 18/01/2012 14:30 PARA LAVRAR ACÓRDÃO

STP STP 17/01/2012 15:00 NÃO PROVIDO

STP STP 17/01/2012 09:00 PAUTA PARA JULGAMENTO - Turma 2

STP STP 11/01/2012 18:00 PAUTA PUBLICADA - Turma 2

STP STP 11/01/2012 08:19 PAUTA PARA PUBLICAÇÃO

STP STP 31/08/2011 18:00 AGUARDANDO INCLUSÃO EM PAUTA

GDJMAF STP 31/08/2011 16:44 INCLUIR EM PAUTA DE JULGAMENTO

DSAD GDJMAF 25/03/2011 09:51 REMESSA DOS AUTOS AO RELATOR SORTEADO - Dist. do dia25/03/2011 Rel. DJMAF

DSAD DSAD 25/03/2011 08:56 DISTRIBUÍDO POR SORTEIO

CDCP DSAD 24/03/2011 15:39 REMETIDOS OS AUTOS PARA DISTRIBUIR

CDCP CDCP 23/03/2011 08:55 AUTUADO O PROCESSO

CDCP CDCP 11/03/2011 08:55 RECEBIDO AUTOS PARA AUTUAR

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Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Regional do Trabalho - 10ª Região

Processo: 00280-2007-018-10-00-4-ROAcórdão do(a) Exmo(a) Desembargador(a) Federal do Trabalho ANDRÉ R. P.V. DAMASCENO

Ementa: PENSIONAMENTO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAISDECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO. SALÁRIO MÍNIMO. A reparação dodano sofrido pela diminuição da capacidade para o trabalho, longe de propiciar enriquecimentoindevido à custa da sociedade empresária, há de se efetivar em padrões razoáveis, segundo osparâmetros médios do trabalhador brasileiro. Não foi por outro motivo que legisladorconstituinte estabeleceu como fundamentos do Estado Democrático de Direito, não apenas ovalor social do trabalho, como também o da livre iniciativa (Constituição Federal, art. 1º, IV).Os parâmetros médios do trabalhador brasileiro são pautados pelo salário mínimo como aqueleconsiderado necessário a atender à dignidade do trabalhador e de sua família, porquanto assimtratado como direito social assegurado pelo art. 6º, IV, da Constituição da República. Reforça-se, assim, a adequação social do entendimento traçado pelo Exc. STF na Súmula nº 490, nosentido de que a pensão correspondente à indenização oriunda da responsabilidade civil deve sercalculada com base no salário mínimo vigente ao tempo da sentença.

Relatório

O Exmo. Juiz da Eg. 18ª Vara doTrabalho de Brasília- DF, Dr. Rossifran Trindade Souza, por meio da sentença de fls. 658/680,complementada pela decisão de fls. 723/724, proferida em sede de embargos declaratórios,afastou a prescrição e julgou procedentes, em parte, os pedidos deduzidos na inicial, nos termosda fundamentação. Inconformado, recorre ordinariamente o reclamado às fls. 687/720,ratificando o recurso à fl. 727. Contra-razões às fls. 728/742. Dispensada a remessa dos autos aoMinistério Público do Trabalho, nos termos do art. 102 do Regimento Interno desta Eg. Corte. Éo relatório.

Voto

ADMISSIBILIDADE Atendidos ospressupostos de admissibilidade, conheço do recurso. MÉRITO DA PRESCRIÇÃO.Depreende-se do teor da causa de pedir e do pedido, que a pretensão autoral é de pagamento deindenização a título de danos materiais e morais decorrentes de acidente de trabalho. Logo, aprescrição aplicável é a prevista no art. 7º, XXIX, da Constituição Federal, norma de naturezaespecífica, que prevalece sobre as disposições da Lei Civil. Nesse sentido, está a jurisprudênciamajoritaria do Col. TST (E-ED-RR 96752/2003-900-01-00.7, Ac. SBDI-1, relator MinistroMilton de Moura França, DJ 23.2.2007) e desta Corte (RO 01014-2005-015-10-00-8, 1ª Turma,relator Juiz Oswaldo Florêncio Neme Júnior, DJ 28.4.2006; ROPS 00203-2006-821-10-00-1, 1ªTurma, relator Juiz Pedro Luis Vicentin Foltran, DJ 20.04.2007; RO 01092-2005-014-10-00-6,1ª Turma, relator Juiz Braz Henriques de Oliveira, DJ 16.3.2007). O documento de fl. 25 revelaque o contrato de trabalho não está extinto, mas suspenso, em virtude da concessão deaposentadoria por invalidez por motivo de acidente de trabalho (92), com início de vigência em9.12.2006. A presente ação veio ajuizada em 21.3.2007. A fruição de aposentadoria porinvalidez, ou mesmo de auxílio-doença, não tem nenhum efeito sobre a fluência do prazoprescricional. No mesmo sentido vem-se consolidando o entendimento da Eg. SDI-1 do Col.TST, a teor dos julgados a seguir lançados: "APOSENTADORIA POR INVALIDEZ -

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SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO - PRESCRIÇÃO. A suspensão do contratode trabalho, em virtude de concessão de aposentadoria por invalidez, não implica em suspensãodo prazo prescricional qüinqüenal relativamente a parcelas que não são exigíveis, somente coma rescisão do contrato, pois, essa hipótese não está contemplada na lei como causa interruptivaou suspensiva do instituto da prescrição" (E-ED-RR - 1884/2001-111-03-00, SDI1, Min.Vantuil Abdala, DJ 13/06/2008). "EMBARGOS. AUXÍLIO-DOENÇA COM POSTERIORAPOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.AUSÊNCIA DE INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. Meu entendimento pessoalquanto à presente matéria é no sentido de que não flui a prescrição durante o período em quesuspenso o contrato de trabalho do empregado decorrente da percepção do auxílio-doença. Noentanto, a douta maioria da c. SBDI-1, recentemente, firmou posicionamento no sentidodiametralmente oposto, entendendo que não há que se cogitar em suspensão ou interrupção doprazo prescricional em hipóteses como a dos autos. Com efeito, manifesta-se este Colegiado quea causa suspensiva da prescrição, ora invocada, não está contemplada na lei e o art. 199 doCódigo Civil não comporta interpretação extensiva ou analógica para a inclusão de outrascausas de suspensão. Precedentes: E-RR-3319/1999-070-02-00, Relator Ministro CarlosAlberto, DJ-27/04/2007; E-RR-789/2002-920-20-00.8, Redatora Designada Ministra MariaCristina Irigoyen Peduzzi, DJ-04.05.2007. Embargos não conhecidos" (E-RR-503/2004-002-20-00, Rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, DJ de 10/8/2007). Em decorrência, o prazoprescricional a ser adotado é o qüinqüenal, considerando-se como dies a quo a data daconcessão da aposentadoria, não havendo, no caso em exame, prescrição a ser pronunciada.Portanto, ainda que por fundamentos diversos, mantenho a r. decisão recorrida, no particular.Recurso desprovido. DOENÇA PROFISSIONAL. PARTICIPAÇÃO DO RECLAMADO NOEVENTO DANOSO. A reclamante alega na inicial ter adquirido moléstia profissional emdecorrência da negligência do reclamado no tocante à adoção de medidas preventivas. Postula opagamento de indenização por danos morais e materiais, este último, sob a forma depensionamento. Contestando a pretensão, o reclamado sustenta que sempre adotouprocedimentos com vistas a melhorar a qualidade de vida de seus funcionários, tais comorealização de exames médicos periódicos, atendimento médico especializado e programasespecíficos, dentre os quais o de Prevenção de Acidentes e Doenças do Trabalho - PPADT, o deControle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO e o de Prevenção de Riscos Ambientais -PPRA, todos com ampla divulgação no âmbito da empresa. Acrescenta que o mobiliário mostra-se adequado às soluções ergonômicas que vão sendo criadas. Acena, ainda, para a ausência denexo de causalidade entre o trabalho desenvolvido pela reclamante e a doença adquirida, quetem origem em vários fatores. Aponta para a inexistência de prejuízos à obreira em decorrênciade sua aposentadoria, pois o plano de assistência da CASSI promove o ressarcimento dasdespesas médicas, bem como procede à complementação da aposentadoria paga pelo INSS. OJuízo primário houve por bem acolher a pretensão indenizatória decorrente de doençaprofissional, sob o fundamento de que a prova dos autos aponta para a existência de culpa doempregador pelo dano sofrido pela autora e, bem assim, de nexo de causalidade entre aatividade laboral e a doença que acometeu a obreira. Inconformado, recorre o reclamado,aduzindo que a prova documental coligida aos autos (inclusive aquela carreada pela própriareclamante), afasta a culpa que lhe foi imputada. Acentua que "o laudo pericial em engenhariade segurança do trabalho é inservível como prova para a condenação imposta, tendo em vistaque ele não reproduz o ambiente de trabalho. Ao revés, reproduz ambiente de trabalho de outrainstituição financeira, qual seja: a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL" (sic, fl. 697). Assinalaque o laudo pericial é imprestável em matéria de prova, porque, na sua ótica, "o expert nãocumpriu escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, com potencial ofensa ao artigo 422CPC" (sic, fl. 698). Prossegue, exculpando-se de qualquer responsabilidade, sob o argumento deque há farta documentação que prova a preocupação pioneira sobre as LER/DORT. Ressalta,por fim, que o fato de a reclamante ter adquirido a doença, não faz presumir culpa única eexclusivamente empresarial. É indiscutível que as lesões acidentárias derivadas do cumprimentodo contrato de trabalho podem ocasionar tanto perdas patrimoniais, como danos de ordem moralao trabalhador. Contudo, para que tais danos possam dar ensejo à indenização por parte doempregador, é necessário que determinados requisitos sejam preenchidos, a saber: existência

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efetiva de dano; nexo causal e culpa empresarial (art. 186 c/c art. 927 do Código Civil/2002). Acontrovérsia devolvida à apreciação desta Eg. Corte Revisora está cingida à existência de nexode causalidade entre o trabalho desenvolvido pela obreira e o dano sofrido por esta, bem assim,à ocorrência de culpa do reclamado para a ocorrência do indigitado dano. Cabe esclarecer, notocante ao pressuposto do nexo de causalidade entre o dano material sofrido e as atividadeslaborais, que a simples expedição da C.A.T., noticiando a existência de acidente de trabalho nãoconstitui prova de que a doença esteja relacionada ao trabalho. Trata-se, apenas, deprocedimento obrigatório a cargo da empresa. E no caso específico da LER/DORT, a InstruçãoNormativa INSS/DC nº 98, de 05.12.2003, determina a expedição de C.A.T ante a mera suspeitade diagnóstico de LER/DORT. Sob outro prisma, é imperativo que se assinale que aresponsabilidade civil não repousa sobre as mesmas premissas legais adotadas pelaresponsabilidade acidentária. Logo, o fato de o INSS, ao final, atribuir à doença adquirida peloempregado a natureza de acidente de trabalho não exime a obreira - para fins deresponsabilização civil do empregador - de comprovar que o dano guarda relação direta eimediata com uma ação ou omissão culposa da empresa. Impende, assim, perquirir acerca daefetiva existência de nexo de causalidade entre a doença que acometeu a autora, levando-a àaposentadoria, e as atividades desenvolvidas na empresa e, ainda, à conduta do empregador.Não resta dúvida de que a LER decorre de uma série de fatores, não estando atreladaexclusivamente às atividades laborais desenvolvidas. Não obstante, segundo ressaltado na suprareferida Instrução Normativa INSS/DC nº 98, "Do ponto de vista da legislação previdenciária,havendo relação com o trabalho, a doença é considerada ocupacional, mesmo que haja fatoresconcomitantes não relacionados à atividade laboral" (destaque meu). Daí a importância de seproceder, caso a caso, a análise dos fatores de risco relacionados à atividade profissional, a fimde aferir se estes, considerados em seu conjunto, contribuíram para o desenvolvimento daLER/DORT. Havendo tal correlação, e evidenciado que os fatores de risco estão relacionados àscondições oferecidas pelo empregador, configurado está o nexo de causalidade ensejador dareparação do dano, sendo, então, necessário perquirir acerca da culpa da empresa. No caso oraexaminado, não existem dúvidas sobre o diagnóstico de DORT/LER, relacionado com ascondições em que o labor da autora como bancária se desenvolveu, desde meados da década de90, tendo-se aposentado por invalidez acidentária em dezembro de 2006. Vale destacar aexistência de dois laudos: a) de engenharia em segurança do trabalho (fls. 496/530), e b)elaborado por médico pericial (fls. 564/610). O primeiro, analisando a questão dos riscosergonômicos, assim concluiu: "Tendo em vista a avaliação e diagnóstico ergonômicosrealizados, em função das variáveis citadas nos itens IV e V do presente Laudo, com base nodispositivo legal, qual seja, a Norma Regulamentadora NR-17, aprovada pela Portaria nº 3214de 08.06.1978, é do parecer técnico desta Vistora que a reclamante desempenhou as suasatividades de forma ergonomicamente indadequadada, haja vista que a reclamada deixou decumprir várias determinações impostas pela legislação vigente no que tange a indentificar osriscos ergonômicos nas atividades que eram executadas pela autora, tanto quanto tomar medidasprevencionistas ao surgimento de patologias profissionais à época laboral da autora" (fl. 529,grifos do original). Releva ponderar que o ilustre perito procurou reconstituir o ambiente detrabalho desde o ano de 1980 até o ano de 2003. As medidas adotadas posteriormente pelodemandado, consoante revelam os elementos instrutórios dos autos, não chegaram a beneficiar aautora. Observa-se, ainda, que antes de concluir pelo labor em ambiente inadequado, ponderouo Sr. Perito que "o diagnóstico da doença adquirida pela autora e confirmação do nexo decausalidade é de competência de profissional Médico do Trabalho" (fl. 529). O segundo laudo,elaborado pelo médico do trabalho constatou a presença de DORT/LER com redução de 80 a85% da capacidade laborativa global, o que leva, em termos laborais, às seguintesconseqüências (fl. 607): "A autora está permanentemente incapacitada para exercer sua funçãohabitual de bancária e similares". É altamente recomendável que a pericianda não executetarefas como as descritas acima, sob pena de recrudescência dos sintomas". Ante tal contexto,não resta dúvida de que o reclamado, em face da sua omissão em observar as normaspreventivas desde a admissão da autora, contribuiu culposamente para o desenvolvimento dadoença ocupacional, a ponto de torná-la inapta para as atividades laborais para as quais foitreinada e capacitada. Constatou-se, por outra face, a existência de capacidade laborativa

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residual, no índice de 20%, "preservada nos membros superiores, motivo pelo qual não pode seconsiderada totalmente inválida" para o exercício de atividades domésticas e para a condução deveículo automotor (fl. 608). Logo, não merece reparos a r. sentença, na parte em que houvereconhecimento da participação do reclamado para o desenvolvimento e agravamento da doençaprofissional. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. A autora postulou indenização atítulo de danos morais, no valor equivalente a 5 anos de deu salário bruto, perfazendo o total deR$430.000,00, em valores atuais. O juízo de origem arbitrou o valor de R$30.000,00,considerado "razoável em face da gravidade dos fatos apurados nos autos e compatível com asituação econômica do ofensor" (fl. 679). No que tange ao montante estimado, vale enunciaralguns julgados desta Corte versando sobre controvérsias em iguais circunstâncias -LER/DORT, bancário, incapacidade permanente, idade aproximada de 40 anos dedesenvolvimento da doença: R$50.000,00 (TRT/10, 2ª Turma, RO 953-2005-012-10-00-6, rel.Juíza Maria Piedade Bueno Teixeira, DJ 19.10.2007); R$25.000,00 (TRT/10, 3ª Turma, RO00862-2005-004-10-85-9, red. design. Juiz Douglas Alencar Rodrigues, DJ 23.11.2007);R$65.000,00 (TRT/10, 1ª Turma, RO 00491-2006-009-10-00-5, rel. Juiz Pedro Luis VicentimFoltran, DJ 13.7.2007); R$50.000,00 (TRT/10, 1ª Turma, RO 00444-2006-802-10-00-2, rel.Juiz André R. P. V. Damasceno, DJ 14.9.2007); R$65.000,00 (TRT/10, 1ª Turma, RO 491-2006-009-10000-5, rel. Pedro Luis Vicentin Foltran, DJ 13.7.2007). Como se pode notar, emque pese a existência de alguma variação em termos de valores, notadamente em face daspeculiaridades caso a caso, a quantia arbitrada pelo juízo de origem - R$30.000,00 - encontraressonância nesta Corte, máxime quando se constata que o reclamado contribuiu para aincapacidade permanente da obreira. A existência de capacidade residual de 20% nos membrossuperiores não constitui, por si só, motivo para redução do valor a ser estimado, uma vez queestá constatada a incapacidade permanente para o trabalho bancário, sem que se tenha apurado aexistência de causas outras que poderiam ter contribuído para o agravamento da doença. Logo,nego provimento ao apelo, no particular. DA INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOSMATERIAIS. PENSIONAMENTO. CABIMENTO. VALOR. A pretensão indenizatória, atítulo de danos materiais, resume-se ao pensionamento, a partir da ciência inequívoca da doença- 9.12.2006 - com termo final coincidente com sua expetativa de vida sgundo o IBGE (79 anos),no valor do último salário bruto, equivalente a 20,83 salários mínimos da época, incluídos ossalários trezenos. A autora requer, ainda, o arbitramento e pagamento de uma só vez. Assinalaque, segundo seus cálculos, a indenização pretendida alcança 8.581,91 salários mínimos,perfazendo a quantia de R$3.003.668,50. A condenação imposta pelo juízo de origem a título dedanos morais, alcança o montante de R$ 2.145.490,00 (fl. 675), nos exatos limites do pedido.Assim, a condenação está limitada ao período de 31 anos e 9 meses, baseada na expectativa devida segundo o índice do IBGE, com inclusão dos salários trezenos. Em seu recurso ordinário, odemandado requer a redução desse montante. Acena com a existência de capacidade residual, ascontribuições efetuadas pelo banco reclamado para a aposentadoria por invalidez, os descontosem favor do INSS, IRRPF, CASSI e PREVI, sob pena de enriquecimento sem causa. O art. 7º,XXVIII, da Constituição Federal estabelece ao trabalhador a garantia de "seguro contraacidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este estaobrigado, quando incorrer em dolo ou culpa". Preceitua o art. 950 da Lei Civil: "se da ofensaresultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhediminua o valor do trabalho, a indenização, além das despesas de tratamento, e lucros cessantesaté ao fim da convalescença, incluirá uma pensão correspondente à importância do trabalho,para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu". A indenização, portanto, consiste nopagamento de a)despesas com tratamento, b)lucros cessantes e c) pensionamentocorrespondente à inabilitação para o trabalho. Como se pode notar, o dispositivo legal é bastanteclaro sobre aquilo que é devido a título de indenização por danos materiais. E no caso emanálise a pretensão indenizatória de danos materiais se resume ao pensionamento, encontrando,assim, amparo legal. o pensionamento traduz o ressarcimento a cargo do empregador, que temcaráter pessoal; não se assimila nem se comunica com benefícios previdenciários recebidos peloINSS (art. 121 da Lei nº 8.213/91). Por esse motivo, faz-se indevida a compensação comqualquer pagamento recebido a título de auxílio-doença previdenciário, aposentadoria,complementação de aposentadoria ou mesmo seguro ou prêmios de seguro, tendo em vista que

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tais parcelas ostentam diversa natureza. Assim, é devido o pensionamento, na forma comodefinida pelo julgado origem - e observados os limites do pedido - quanto à estimativa nosalário mínimo referente a junho de 2005, quanto ao período estimado, o termo inicial e opagamento de uma só vez, que encontra amparo no art. 950, parágrafo único, do Código Civil.O julgado merece reforma somente quanto ao montante mensal estimado - 20,83 saláriosmínimos - valor da última remuneração mensal. Note-se que tal montante, considerado o valordo salário mínimo à época (R$250,00), observado o período de 31 anos e nove meses, além de31 salários trezenos, somaria o total de 412 meses, que, multiplicados por 20,83 saláriosmínimos mensais, alcançaria a cifra de R$2.145.490,00. É oportuno rememorar que já estáreconhecido à autora o direito de receber R$30.000,00 a título de danos morais pelo mesmodano por ela experimentado. Forçoso reconhecer, nesse sentido, que a reparação do dano sofridopela diminuição da capacidade para o trabalho, longe de propiciar enriquecimento indevido àcusta da sociedade empresária, há de se efetivar em padrões razoáveis, segundo os parâmetrosmédios do trabalhador brasileiro. Não foi por outro motivo que legislador constituinteestabeleceu como fundamentos do Estado Democrático de Direito não apenas o valor social dotrabalho, como também o da livre iniciativa (Constituição Federal, art. 1º, IV). Os parâmetrosmédios do trabalhador brasileiro são pautados pelo salário mínimo como aquele consideradonecessário a atender à dignidade do trabalhador e de sua família, porquanto assim tratado comodireito social assegurado pelo art. 6º, IV, da Constituição da República. Reforça-se, assim, aadequação social do entendimento traçado pelo Exc. STF no verbete sumular antes referido.Assim, valendo-me de precedentes desta Eg. Turma relatados por este magistrado, v.g. RO1080-2005-011-10-00-2, RO 00473-2006-10-00-1, que trazem premissas fáticas assemelhadas,estabeleço que o valor a título de pensionamento terá como base de cálculo 100% do saláriomínimo referente a junho de 2005, devendo ser pago de uma só vez, na forma do art. 950,parágrafo único, da Lei Civil. Juros e correção monetária na forma da legislação do trabalho.Recurso parcialmente provido. CONCLUSÃO Conheço do recurso da reclamada e, no mérito,dou-lhe provimento parcial para reduzir o valor da condenação arbitrada a título de danosmateriais. Atribuo à condenação o valor de R$200.000,00, que considero adequado. É o meuvoto.

Acórdão

Por tais fundamentos, ACORDAM osJuízes da Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Décima Região, em sessãorealizada na data e nos termos contidos na respectiva certidão de julgamento, aprovar orelatório, conhecer do recurso da reclamada e, no mérito, dar-lhe provimento parcial parareduzir o valor da condenação a título de danos materiais. Valor da condenação alterado paraR$200.000,00. Brasília-DF, de 2008. ANDRÉ. R. P. V. DAMASCENO Juiz RelatorProcurador(a)

Certidão(ões)

ÓrgãoJulgador:

1ª Turma

27ª Sessão Ordinária do dia 06/08/2008

Presidente: Desembargador ANDRÉ R. P. V. DAMASCENO

Relator: Desembargador ANDRÉ R. P. V. DAMASCENO

Composição:

Desembargadora MARIA REGINA MACHADO GUIMARÃES Presente NORMAL

Juíza MARLI LOPES DA COSTA DE GÓES NOGUEIRA Presente CONVOCADO

Juiz JOÃO LUIS ROCHA SAMPAIO Presente CONVOCADO

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Juiz PAULO HENRIQUE BLAIR Presente CONVOCADO

Desembargadora FLÁVIA SIMÕES FALCÃO Ausente FERIAS

Desembargadora ELAINE MACHADO VASCONCELOS Ausente LICENÇA

Desembargador PEDRO LUIS VICENTIN FOLTRAN Ausente FERIAS

por unanimidade aprovar o relatório, conhecer do recurso da reclamada e, no mérito, por maioria,dar-lhe provimento parcial para reduzir o valor da condenação a título de danos materiais, tudo nostermos do voto do Juiz Relator e com ressalvas da Juíza Maria Regina Machado Guimarães quantoao cálculo do pensionamento. Valor da condenação alterado para R$200.000,00. Vencida a JuízaMarli Lopes da Costa de Góes Nogueira, que dava provimento ao recurso. Ementa aprovada.

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Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Regional do Trabalho - 10ª Região

Processo: 00280-2007-018-10-00-4-ROAcórdão do(a) Exmo(a) Desembargador(a) Federal do Trabalho ANDRÉ R. P.V. DAMASCENO

Ementa: PENSIONAMENTO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAISDECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO. SALÁRIO MÍNIMO. A reparação dodano sofrido pela diminuição da capacidade para o trabalho, longe de propiciar enriquecimentoindevido à custa da sociedade empresária, há de se efetivar em padrões razoáveis, segundo osparâmetros médios do trabalhador brasileiro. Não foi por outro motivo que legisladorconstituinte estabeleceu como fundamentos do Estado Democrático de Direito, não apenas ovalor social do trabalho, como também o da livre iniciativa (Constituição Federal, art. 1º, IV).Os parâmetros médios do trabalhador brasileiro são pautados pelo salário mínimo como aqueleconsiderado necessário a atender à dignidade do trabalhador e de sua família, porquanto assimtratado como direito social assegurado pelo art. 6º, IV, da Constituição da República. Reforça-se, assim, a adequação social do entendimento traçado pelo Exc. STF na Súmula nº 490, nosentido de que a pensão correspondente à indenização oriunda da responsabilidade civil deve sercalculada com base no salário mínimo vigente ao tempo da sentença.

Relatório

O Exmo. Juiz da Eg. 18ª Vara doTrabalho de Brasília- DF, Dr. Rossifran Trindade Souza, por meio da sentença de fls. 658/680,complementada pela decisão de fls. 723/724, proferida em sede de embargos declaratórios,afastou a prescrição e julgou procedentes, em parte, os pedidos deduzidos na inicial, nos termosda fundamentação. Inconformado, recorre ordinariamente o reclamado às fls. 687/720,ratificando o recurso à fl. 727. Contra-razões às fls. 728/742. Dispensada a remessa dos autos aoMinistério Público do Trabalho, nos termos do art. 102 do Regimento Interno desta Eg. Corte. Éo relatório.

Voto

ADMISSIBILIDADE Atendidos ospressupostos de admissibilidade, conheço do recurso. MÉRITO DA PRESCRIÇÃO.Depreende-se do teor da causa de pedir e do pedido, que a pretensão autoral é de pagamento deindenização a título de danos materiais e morais decorrentes de acidente de trabalho. Logo, aprescrição aplicável é a prevista no art. 7º, XXIX, da Constituição Federal, norma de naturezaespecífica, que prevalece sobre as disposições da Lei Civil. Nesse sentido, está a jurisprudênciamajoritaria do Col. TST (E-ED-RR 96752/2003-900-01-00.7, Ac. SBDI-1, relator MinistroMilton de Moura França, DJ 23.2.2007) e desta Corte (RO 01014-2005-015-10-00-8, 1ª Turma,relator Juiz Oswaldo Florêncio Neme Júnior, DJ 28.4.2006; ROPS 00203-2006-821-10-00-1, 1ªTurma, relator Juiz Pedro Luis Vicentin Foltran, DJ 20.04.2007; RO 01092-2005-014-10-00-6,1ª Turma, relator Juiz Braz Henriques de Oliveira, DJ 16.3.2007). O documento de fl. 25 revelaque o contrato de trabalho não está extinto, mas suspenso, em virtude da concessão deaposentadoria por invalidez por motivo de acidente de trabalho (92), com início de vigência em9.12.2006. A presente ação veio ajuizada em 21.3.2007. A fruição de aposentadoria porinvalidez, ou mesmo de auxílio-doença, não tem nenhum efeito sobre a fluência do prazoprescricional. No mesmo sentido vem-se consolidando o entendimento da Eg. SDI-1 do Col.TST, a teor dos julgados a seguir lançados: "APOSENTADORIA POR INVALIDEZ -

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SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO - PRESCRIÇÃO. A suspensão do contratode trabalho, em virtude de concessão de aposentadoria por invalidez, não implica em suspensãodo prazo prescricional qüinqüenal relativamente a parcelas que não são exigíveis, somente coma rescisão do contrato, pois, essa hipótese não está contemplada na lei como causa interruptivaou suspensiva do instituto da prescrição" (E-ED-RR - 1884/2001-111-03-00, SDI1, Min.Vantuil Abdala, DJ 13/06/2008). "EMBARGOS. AUXÍLIO-DOENÇA COM POSTERIORAPOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.AUSÊNCIA DE INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. Meu entendimento pessoalquanto à presente matéria é no sentido de que não flui a prescrição durante o período em quesuspenso o contrato de trabalho do empregado decorrente da percepção do auxílio-doença. Noentanto, a douta maioria da c. SBDI-1, recentemente, firmou posicionamento no sentidodiametralmente oposto, entendendo que não há que se cogitar em suspensão ou interrupção doprazo prescricional em hipóteses como a dos autos. Com efeito, manifesta-se este Colegiado quea causa suspensiva da prescrição, ora invocada, não está contemplada na lei e o art. 199 doCódigo Civil não comporta interpretação extensiva ou analógica para a inclusão de outrascausas de suspensão. Precedentes: E-RR-3319/1999-070-02-00, Relator Ministro CarlosAlberto, DJ-27/04/2007; E-RR-789/2002-920-20-00.8, Redatora Designada Ministra MariaCristina Irigoyen Peduzzi, DJ-04.05.2007. Embargos não conhecidos" (E-RR-503/2004-002-20-00, Rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, DJ de 10/8/2007). Em decorrência, o prazoprescricional a ser adotado é o qüinqüenal, considerando-se como dies a quo a data daconcessão da aposentadoria, não havendo, no caso em exame, prescrição a ser pronunciada.Portanto, ainda que por fundamentos diversos, mantenho a r. decisão recorrida, no particular.Recurso desprovido. DOENÇA PROFISSIONAL. PARTICIPAÇÃO DO RECLAMADO NOEVENTO DANOSO. A reclamante alega na inicial ter adquirido moléstia profissional emdecorrência da negligência do reclamado no tocante à adoção de medidas preventivas. Postula opagamento de indenização por danos morais e materiais, este último, sob a forma depensionamento. Contestando a pretensão, o reclamado sustenta que sempre adotouprocedimentos com vistas a melhorar a qualidade de vida de seus funcionários, tais comorealização de exames médicos periódicos, atendimento médico especializado e programasespecíficos, dentre os quais o de Prevenção de Acidentes e Doenças do Trabalho - PPADT, o deControle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO e o de Prevenção de Riscos Ambientais -PPRA, todos com ampla divulgação no âmbito da empresa. Acrescenta que o mobiliário mostra-se adequado às soluções ergonômicas que vão sendo criadas. Acena, ainda, para a ausência denexo de causalidade entre o trabalho desenvolvido pela reclamante e a doença adquirida, quetem origem em vários fatores. Aponta para a inexistência de prejuízos à obreira em decorrênciade sua aposentadoria, pois o plano de assistência da CASSI promove o ressarcimento dasdespesas médicas, bem como procede à complementação da aposentadoria paga pelo INSS. OJuízo primário houve por bem acolher a pretensão indenizatória decorrente de doençaprofissional, sob o fundamento de que a prova dos autos aponta para a existência de culpa doempregador pelo dano sofrido pela autora e, bem assim, de nexo de causalidade entre aatividade laboral e a doença que acometeu a obreira. Inconformado, recorre o reclamado,aduzindo que a prova documental coligida aos autos (inclusive aquela carreada pela própriareclamante), afasta a culpa que lhe foi imputada. Acentua que "o laudo pericial em engenhariade segurança do trabalho é inservível como prova para a condenação imposta, tendo em vistaque ele não reproduz o ambiente de trabalho. Ao revés, reproduz ambiente de trabalho de outrainstituição financeira, qual seja: a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL" (sic, fl. 697). Assinalaque o laudo pericial é imprestável em matéria de prova, porque, na sua ótica, "o expert nãocumpriu escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, com potencial ofensa ao artigo 422CPC" (sic, fl. 698). Prossegue, exculpando-se de qualquer responsabilidade, sob o argumento deque há farta documentação que prova a preocupação pioneira sobre as LER/DORT. Ressalta,por fim, que o fato de a reclamante ter adquirido a doença, não faz presumir culpa única eexclusivamente empresarial. É indiscutível que as lesões acidentárias derivadas do cumprimentodo contrato de trabalho podem ocasionar tanto perdas patrimoniais, como danos de ordem moralao trabalhador. Contudo, para que tais danos possam dar ensejo à indenização por parte doempregador, é necessário que determinados requisitos sejam preenchidos, a saber: existência

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efetiva de dano; nexo causal e culpa empresarial (art. 186 c/c art. 927 do Código Civil/2002). Acontrovérsia devolvida à apreciação desta Eg. Corte Revisora está cingida à existência de nexode causalidade entre o trabalho desenvolvido pela obreira e o dano sofrido por esta, bem assim,à ocorrência de culpa do reclamado para a ocorrência do indigitado dano. Cabe esclarecer, notocante ao pressuposto do nexo de causalidade entre o dano material sofrido e as atividadeslaborais, que a simples expedição da C.A.T., noticiando a existência de acidente de trabalho nãoconstitui prova de que a doença esteja relacionada ao trabalho. Trata-se, apenas, deprocedimento obrigatório a cargo da empresa. E no caso específico da LER/DORT, a InstruçãoNormativa INSS/DC nº 98, de 05.12.2003, determina a expedição de C.A.T ante a mera suspeitade diagnóstico de LER/DORT. Sob outro prisma, é imperativo que se assinale que aresponsabilidade civil não repousa sobre as mesmas premissas legais adotadas pelaresponsabilidade acidentária. Logo, o fato de o INSS, ao final, atribuir à doença adquirida peloempregado a natureza de acidente de trabalho não exime a obreira - para fins deresponsabilização civil do empregador - de comprovar que o dano guarda relação direta eimediata com uma ação ou omissão culposa da empresa. Impende, assim, perquirir acerca daefetiva existência de nexo de causalidade entre a doença que acometeu a autora, levando-a àaposentadoria, e as atividades desenvolvidas na empresa e, ainda, à conduta do empregador.Não resta dúvida de que a LER decorre de uma série de fatores, não estando atreladaexclusivamente às atividades laborais desenvolvidas. Não obstante, segundo ressaltado na suprareferida Instrução Normativa INSS/DC nº 98, "Do ponto de vista da legislação previdenciária,havendo relação com o trabalho, a doença é considerada ocupacional, mesmo que haja fatoresconcomitantes não relacionados à atividade laboral" (destaque meu). Daí a importância de seproceder, caso a caso, a análise dos fatores de risco relacionados à atividade profissional, a fimde aferir se estes, considerados em seu conjunto, contribuíram para o desenvolvimento daLER/DORT. Havendo tal correlação, e evidenciado que os fatores de risco estão relacionados àscondições oferecidas pelo empregador, configurado está o nexo de causalidade ensejador dareparação do dano, sendo, então, necessário perquirir acerca da culpa da empresa. No caso oraexaminado, não existem dúvidas sobre o diagnóstico de DORT/LER, relacionado com ascondições em que o labor da autora como bancária se desenvolveu, desde meados da década de90, tendo-se aposentado por invalidez acidentária em dezembro de 2006. Vale destacar aexistência de dois laudos: a) de engenharia em segurança do trabalho (fls. 496/530), e b)elaborado por médico pericial (fls. 564/610). O primeiro, analisando a questão dos riscosergonômicos, assim concluiu: "Tendo em vista a avaliação e diagnóstico ergonômicosrealizados, em função das variáveis citadas nos itens IV e V do presente Laudo, com base nodispositivo legal, qual seja, a Norma Regulamentadora NR-17, aprovada pela Portaria nº 3214de 08.06.1978, é do parecer técnico desta Vistora que a reclamante desempenhou as suasatividades de forma ergonomicamente indadequadada, haja vista que a reclamada deixou decumprir várias determinações impostas pela legislação vigente no que tange a indentificar osriscos ergonômicos nas atividades que eram executadas pela autora, tanto quanto tomar medidasprevencionistas ao surgimento de patologias profissionais à época laboral da autora" (fl. 529,grifos do original). Releva ponderar que o ilustre perito procurou reconstituir o ambiente detrabalho desde o ano de 1980 até o ano de 2003. As medidas adotadas posteriormente pelodemandado, consoante revelam os elementos instrutórios dos autos, não chegaram a beneficiar aautora. Observa-se, ainda, que antes de concluir pelo labor em ambiente inadequado, ponderouo Sr. Perito que "o diagnóstico da doença adquirida pela autora e confirmação do nexo decausalidade é de competência de profissional Médico do Trabalho" (fl. 529). O segundo laudo,elaborado pelo médico do trabalho constatou a presença de DORT/LER com redução de 80 a85% da capacidade laborativa global, o que leva, em termos laborais, às seguintesconseqüências (fl. 607): "A autora está permanentemente incapacitada para exercer sua funçãohabitual de bancária e similares". É altamente recomendável que a pericianda não executetarefas como as descritas acima, sob pena de recrudescência dos sintomas". Ante tal contexto,não resta dúvida de que o reclamado, em face da sua omissão em observar as normaspreventivas desde a admissão da autora, contribuiu culposamente para o desenvolvimento dadoença ocupacional, a ponto de torná-la inapta para as atividades laborais para as quais foitreinada e capacitada. Constatou-se, por outra face, a existência de capacidade laborativa

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residual, no índice de 20%, "preservada nos membros superiores, motivo pelo qual não pode seconsiderada totalmente inválida" para o exercício de atividades domésticas e para a condução deveículo automotor (fl. 608). Logo, não merece reparos a r. sentença, na parte em que houvereconhecimento da participação do reclamado para o desenvolvimento e agravamento da doençaprofissional. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. A autora postulou indenização atítulo de danos morais, no valor equivalente a 5 anos de deu salário bruto, perfazendo o total deR$430.000,00, em valores atuais. O juízo de origem arbitrou o valor de R$30.000,00,considerado "razoável em face da gravidade dos fatos apurados nos autos e compatível com asituação econômica do ofensor" (fl. 679). No que tange ao montante estimado, vale enunciaralguns julgados desta Corte versando sobre controvérsias em iguais circunstâncias -LER/DORT, bancário, incapacidade permanente, idade aproximada de 40 anos dedesenvolvimento da doença: R$50.000,00 (TRT/10, 2ª Turma, RO 953-2005-012-10-00-6, rel.Juíza Maria Piedade Bueno Teixeira, DJ 19.10.2007); R$25.000,00 (TRT/10, 3ª Turma, RO00862-2005-004-10-85-9, red. design. Juiz Douglas Alencar Rodrigues, DJ 23.11.2007);R$65.000,00 (TRT/10, 1ª Turma, RO 00491-2006-009-10-00-5, rel. Juiz Pedro Luis VicentimFoltran, DJ 13.7.2007); R$50.000,00 (TRT/10, 1ª Turma, RO 00444-2006-802-10-00-2, rel.Juiz André R. P. V. Damasceno, DJ 14.9.2007); R$65.000,00 (TRT/10, 1ª Turma, RO 491-2006-009-10000-5, rel. Pedro Luis Vicentin Foltran, DJ 13.7.2007). Como se pode notar, emque pese a existência de alguma variação em termos de valores, notadamente em face daspeculiaridades caso a caso, a quantia arbitrada pelo juízo de origem - R$30.000,00 - encontraressonância nesta Corte, máxime quando se constata que o reclamado contribuiu para aincapacidade permanente da obreira. A existência de capacidade residual de 20% nos membrossuperiores não constitui, por si só, motivo para redução do valor a ser estimado, uma vez queestá constatada a incapacidade permanente para o trabalho bancário, sem que se tenha apurado aexistência de causas outras que poderiam ter contribuído para o agravamento da doença. Logo,nego provimento ao apelo, no particular. DA INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOSMATERIAIS. PENSIONAMENTO. CABIMENTO. VALOR. A pretensão indenizatória, atítulo de danos materiais, resume-se ao pensionamento, a partir da ciência inequívoca da doença- 9.12.2006 - com termo final coincidente com sua expetativa de vida sgundo o IBGE (79 anos),no valor do último salário bruto, equivalente a 20,83 salários mínimos da época, incluídos ossalários trezenos. A autora requer, ainda, o arbitramento e pagamento de uma só vez. Assinalaque, segundo seus cálculos, a indenização pretendida alcança 8.581,91 salários mínimos,perfazendo a quantia de R$3.003.668,50. A condenação imposta pelo juízo de origem a título dedanos morais, alcança o montante de R$ 2.145.490,00 (fl. 675), nos exatos limites do pedido.Assim, a condenação está limitada ao período de 31 anos e 9 meses, baseada na expectativa devida segundo o índice do IBGE, com inclusão dos salários trezenos. Em seu recurso ordinário, odemandado requer a redução desse montante. Acena com a existência de capacidade residual, ascontribuições efetuadas pelo banco reclamado para a aposentadoria por invalidez, os descontosem favor do INSS, IRRPF, CASSI e PREVI, sob pena de enriquecimento sem causa. O art. 7º,XXVIII, da Constituição Federal estabelece ao trabalhador a garantia de "seguro contraacidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este estaobrigado, quando incorrer em dolo ou culpa". Preceitua o art. 950 da Lei Civil: "se da ofensaresultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhediminua o valor do trabalho, a indenização, além das despesas de tratamento, e lucros cessantesaté ao fim da convalescença, incluirá uma pensão correspondente à importância do trabalho,para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu". A indenização, portanto, consiste nopagamento de a)despesas com tratamento, b)lucros cessantes e c) pensionamentocorrespondente à inabilitação para o trabalho. Como se pode notar, o dispositivo legal é bastanteclaro sobre aquilo que é devido a título de indenização por danos materiais. E no caso emanálise a pretensão indenizatória de danos materiais se resume ao pensionamento, encontrando,assim, amparo legal. o pensionamento traduz o ressarcimento a cargo do empregador, que temcaráter pessoal; não se assimila nem se comunica com benefícios previdenciários recebidos peloINSS (art. 121 da Lei nº 8.213/91). Por esse motivo, faz-se indevida a compensação comqualquer pagamento recebido a título de auxílio-doença previdenciário, aposentadoria,complementação de aposentadoria ou mesmo seguro ou prêmios de seguro, tendo em vista que

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tais parcelas ostentam diversa natureza. Assim, é devido o pensionamento, na forma comodefinida pelo julgado origem - e observados os limites do pedido - quanto à estimativa nosalário mínimo referente a junho de 2005, quanto ao período estimado, o termo inicial e opagamento de uma só vez, que encontra amparo no art. 950, parágrafo único, do Código Civil.O julgado merece reforma somente quanto ao montante mensal estimado - 20,83 saláriosmínimos - valor da última remuneração mensal. Note-se que tal montante, considerado o valordo salário mínimo à época (R$250,00), observado o período de 31 anos e nove meses, além de31 salários trezenos, somaria o total de 412 meses, que, multiplicados por 20,83 saláriosmínimos mensais, alcançaria a cifra de R$2.145.490,00. É oportuno rememorar que já estáreconhecido à autora o direito de receber R$30.000,00 a título de danos morais pelo mesmodano por ela experimentado. Forçoso reconhecer, nesse sentido, que a reparação do dano sofridopela diminuição da capacidade para o trabalho, longe de propiciar enriquecimento indevido àcusta da sociedade empresária, há de se efetivar em padrões razoáveis, segundo os parâmetrosmédios do trabalhador brasileiro. Não foi por outro motivo que legislador constituinteestabeleceu como fundamentos do Estado Democrático de Direito não apenas o valor social dotrabalho, como também o da livre iniciativa (Constituição Federal, art. 1º, IV). Os parâmetrosmédios do trabalhador brasileiro são pautados pelo salário mínimo como aquele consideradonecessário a atender à dignidade do trabalhador e de sua família, porquanto assim tratado comodireito social assegurado pelo art. 6º, IV, da Constituição da República. Reforça-se, assim, aadequação social do entendimento traçado pelo Exc. STF no verbete sumular antes referido.Assim, valendo-me de precedentes desta Eg. Turma relatados por este magistrado, v.g. RO1080-2005-011-10-00-2, RO 00473-2006-10-00-1, que trazem premissas fáticas assemelhadas,estabeleço que o valor a título de pensionamento terá como base de cálculo 100% do saláriomínimo referente a junho de 2005, devendo ser pago de uma só vez, na forma do art. 950,parágrafo único, da Lei Civil. Juros e correção monetária na forma da legislação do trabalho.Recurso parcialmente provido. CONCLUSÃO Conheço do recurso da reclamada e, no mérito,dou-lhe provimento parcial para reduzir o valor da condenação arbitrada a título de danosmateriais. Atribuo à condenação o valor de R$200.000,00, que considero adequado. É o meuvoto.

Acórdão

Por tais fundamentos, ACORDAM osJuízes da Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Décima Região, em sessãorealizada na data e nos termos contidos na respectiva certidão de julgamento, aprovar orelatório, conhecer do recurso da reclamada e, no mérito, dar-lhe provimento parcial parareduzir o valor da condenação a título de danos materiais. Valor da condenação alterado paraR$200.000,00. Brasília-DF, de 2008. ANDRÉ. R. P. V. DAMASCENO Juiz RelatorProcurador(a)

Certidão(ões)

ÓrgãoJulgador:

1ª Turma

27ª Sessão Ordinária do dia 06/08/2008

Presidente: Desembargador ANDRÉ R. P. V. DAMASCENO

Relator: Desembargador ANDRÉ R. P. V. DAMASCENO

Composição:

Desembargadora MARIA REGINA MACHADO GUIMARÃES Presente NORMAL

Juíza MARLI LOPES DA COSTA DE GÓES NOGUEIRA Presente CONVOCADO

Juiz JOÃO LUIS ROCHA SAMPAIO Presente CONVOCADO

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Juiz PAULO HENRIQUE BLAIR Presente CONVOCADO

Desembargadora FLÁVIA SIMÕES FALCÃO Ausente FERIAS

Desembargadora ELAINE MACHADO VASCONCELOS Ausente LICENÇA

Desembargador PEDRO LUIS VICENTIN FOLTRAN Ausente FERIAS

por unanimidade aprovar o relatório, conhecer do recurso da reclamada e, no mérito, por maioria,dar-lhe provimento parcial para reduzir o valor da condenação a título de danos materiais, tudo nostermos do voto do Juiz Relator e com ressalvas da Juíza Maria Regina Machado Guimarães quantoao cálculo do pensionamento. Valor da condenação alterado para R$200.000,00. Vencida a JuízaMarli Lopes da Costa de Góes Nogueira, que dava provimento ao recurso. Ementa aprovada.

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Fls. 1

PROC. N.º TRT – 0001112-96-2010.5.06.0313 (RO)Orgão Julgador : PRIMEIRA TURMARelatora : DESEMBARGADORA DINAH FIGUEIRÊDO BERNARDORecorrente : UNIÃO (INSS)Recorridos : ERALDO RODRIGUES DA SILVA

GILSON BERTULINO DA SILVA - MEProcurador : JOSÉ GALDINOAdvogados : MARCONIA BRUCE BARROS

EMERSON LUIS DA SILVA PETRIMPERNIProcedência : 3ª VARA DO TRABALHO DE CARUARU

EMENTA: CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS – PERÍODOCLANDESTINO. EXECUÇÃO. INCOMPETÊNCIA. Ante opronunciamento, com caráter de repercussão geral, que seráobjeto de súmula vinculante, do Supremo Tribunal Federal,impõe-se a declaração de incompetência da Justiça doTrabalho para executar as contribuições previdenciáriasincidentes sobre os salários pagos no curso de relação deemprego mantido na informalidade. Recurso improvido.

VISTOS ETC.

Cuida-se de recurso ordinário interposto pela UNIÃO à decisão proferidapelo MM Juízo da Vara do Trabalho de Caruaru, nos domínios da reclamatória trabalhistaajuizada por ERALDO RODRIGUES DA SILVA em desfavor de GILSON BERTULINO DASILVA - ME.

A recorrente, através do arrazoado reproduzido às fls. 03/14, afirma que adecisão viola o disposto no art. 114, VIII, da Constituição Federal, que não faz menção àlimitação de período em relação ao qual a Justiça do Trabalho detém competência paraexecutar as contribuições previdenciárias decorrentes das sentenças que proferir. Pontuaque a alteração promovida na redação do art.876, parágrafo único, da CLT, pôs fim aodilema acerca da competência desta Especializada, ao determinar a execução ex officiodas “contribuições sociais devidas em decorrência de decisãoproferida pelos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes decondenação ou homologação de acordo, inclusive sobre os saláriospagos durante o período contratual reconhecido.” Acrescenta que tambémnão foram devidamente observados os critérios de cálculo estabelecidos nos arts. 11, 35 e43, da Lei 8.212/91, sustentando que o fato gerador da contribuição previdenciária é a datada prestação do serviço, aplicando-se os acréscimos legais (juros e multa) desde então.Colaciona arestos e pugna pelo provimento do apelo.

Sem contrarrazões.

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Fls. 2

Parecer Ministerial às fls.43/4.

É o relatório.

VOTO:

Admissibilidade

Apelo tempestivo. Preparo inexigível. Configurados os demaispressupostos de admissibilidade, dele conheço.

Mérito

Primeiramente, a recorrente pretende seja determinada a execução dascontribuições previdenciárias incidentes sobre os salários pagos no período clandestino darelação de emprego reconhecida judicialmente, no que não lhe assiste razão.

Ora, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, negando provimento aRecurso Extraordinário interposto pelo INSS (569056), limitou a competência da Justiça doTrabalho para a execução de contribuições previdenciárias incidentes sobre as parcelas denatureza salarial deferidas em sentença, aprovando, inclusive, proposta do MinistroMenezes Direito para a edição de súmula vinculante sobre o tema.

Extraio do voto do eminente relator do referido Recurso Extraordinário n.569056, Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, os seguintes trechos:

“No caso, a decisão trabalhista que não dispõe sobre pagamento desalários, mas apenas se limita a reconhecer a existência do vínculo, nãoconstitui título executivo judicial no que se refere ao crédito decontribuições previdenciárias.”

“No caso da contribuição social atrelada ao salário objeto da condenação,é fácil perceber que o título que a corporifica é a própria sentença cujaexecução, uma vez que contém o comando para o pagamento do salário,envolve o cumprimento do dever legal específico de retenção dasparcelas devidas ao sistema previdenciário.”

“Que entender possível a execução de contribuição social desvinculadade qualquer condenação, de qualquer transação, seria consentir com umaexecução sem título executivo, já que a sentença de reconhecimento devínculo, de carga predominantemente declaratória (no caso, de existênciade vínculo trabalhista), não comporá execução que origine o seurecolhimento.”

“O comando constitucional que se tem de interpretar é muito claro nosentido de impor que isso se faça de ofício, sim, mas considerando assentenças que a própria Justiça do Trabalho proferir.”

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Fls. 3

E mais:

“Pelas razões que acaba de deduzir, eu entendo que não merece reparoa decisão apresentada pelo TST no sentido de que a execução dascontribuições previdenciárias está de fato ao alcance da Justiça doTrabalho, quando relativas ao objeto da condenação constante de suassentenças, não podendo abranger a execução de contribuiçõesprevidenciárias atinentes ao vínculo de trabalho reconhecido na decisão,mas sem condenação ou acordo quanto ao pagamento das verbassalariais que lhe possam servir como base de cálculo.” - destaquei

Em sendo assim, não há como se distanciar ou decidir de forma diversa,ante o pronunciamento explícito, com caráter de repercussão geral, que será objeto desúmula vinculante do Pretório Excelso. Daí porque declaro a incompetência da Justiça doTrabalho para executar contribuições previdenciárias incidentes sobre parcelas salariaisquitadas ao longo de relação de emprego clandestina.

Destaco que apreciando o E-RR-346/2003-021-23-00.4, em sessão do dia03/09/2007, a e. SBDI-I da Corte Maior Trabalhista, decidiu suspender a proclamação doresultado do julgamento para, nos termos do artigo 76, II, do RITST, remeter os autos aoPleno, a fim de que procedida a revisão, se fosse o caso, da Súmula 368, item I. E o c.Tribunal Pleno, julgando o referido processo decidiu, em 17/11/2008, manter a redaçãoatual conferida ao item I daquela diretriz sumular, ressalvados os pontos de vista dosExmos. Ministros João Oreste Dalazen, Barros Levenhagen, Lelio Bentes Corrêa, Horáciode Senna Pires, Rosa Maria Weber, Vieira de Mello Filho, Alberto Luiz Bresciani, Maria deAssis Calsing, Maurício Godinho Delgado e Rider de Brito, nos termos da ementa a seguirtranscrita:

“SÚMULA Nº 368, ITEM I, DO TST. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DOTRABALHO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SENTENÇASMERAMENTE DECLARATÓRIAS DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO. Aatual redação da Súmula nº 368, item I, do TST é fruto da exegesesistemática conferida ao art. 114, inciso VIII, da Constituição Federal e daregra-matriz relativa à contribuição previdenciária, inscrita no art. 195,inciso I, alínea a, da Constituição Federal. Assim, a melhor interpretaçãoda alteração introduzida pela Lei nº 11.457, de 15/03/2007, ao art. 876,parágrafo único, parte final, é a de que, efetivamente, a execução dascontribuições sociais estaria adstrita aos salários pagos em decorrênciade condenação em sentença ou de acordo homologado judicialmente quereconheça a relação de emprego. Confirmando esse entendimento, oSupremo Tribunal Federal, por intermédio de seu Tribunal Pleno, emdecisão unânime proferida em 11/09/2008, nos autos do Processo RE569.056/PA, de relatoria do Excelentíssimo Senhor Ministro CarlosAlberto Menezes Direito, concluiu que a competência da Justiça doTrabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-seàs sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto

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Fls. 4

de acordo homologado, que integrem o salário-de-contribuição, e aprovouproposta de edição de súmula vinculante, determinando que não cabe àJustiça do Trabalho estabelecer, de ofício, débito de contribuição socialpara o INSS, com base em decisão que apenas declare a existência devínculo empregatício. Assim, pelos fundamentos expostos no parecerexarado pela Comissão de Jurisprudência e de Precedentes Normativosdesta Corte e com suporte na decisão proferida pelo Supremo TribunalFederal, mantém-se a redação atual conferida ao item I da Súmula nº 368desta Corte” (DJU 05/12/2008)

Na mesma linha:

“EXECUÇÃO. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. INCIDÊNCIARETROATIVA. RELAÇÃO DE EMPREGO RECONHECIDA MEDIANTEACORDO FORMALIZADO EM JUÍZO. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇADO TRABALHO. O Tribunal Pleno desta Corte superior, emsessão realizada em 17/11/2008, decidiu manterinalterada a redação do item I da Súmula n.º 368 doTST, de seguinte teor: -a Justiça do Trabalho écompetente para determinar o recolhimento dascontribuições fiscais. A competência da Justiça doTrabalho, quanto à execução das contribuiçõesprevidenciárias, limita-se às sentenças condenatóriasem pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordohomologado, que integrem o salário-de-contribuição-.Recurso de revista conhecido e provido.[..]” (TST-RR-178600-54.2004.5.06.0020, 1ª T., Rel. Min. Lélio BentesCorrea, DEJT 5/08/2011)

“RECURSO DE REVISTA. PROCESSO DE EXECUÇÃO.CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RECONHECIMENTO DEVÍNCULO DE EMPREGO. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DOTRABALHO. SÚMULA 368, I, DO TST. De acordo com a Súmula368, I, do TST, a competência da Justiça do Trabalho,quanto à execução das contribuições previdenciárias,limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia queproferir e aos valores, objeto de acordo homologado,que integrem o salário-de-contribuição , não alcançandoas contribuições incidentes sobre os saláriospercebidos durante todo o curso da relação de empregoreconhecida em Juízo . Recurso de Revista conhecido eprovido.” (TST-RR-173600-05.2005.5.09.0069, 8ª T., Rel.Min. Márcio Eurico Vitral Amaral, DEJT 27/08/2010)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO.CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DO PERÍODO DE EMPREGO

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RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO PECUNIÁRIA.INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. DECISÃO DOTRIBUNAL REGIONAL PROFERIDA EM CONFORMIDADE COM O ITEMI DA SÚMULA 368/TST. Somente em relação a parcelasremuneratórias de sentença condenatória ou acordohomologado, torna-se possível à Justiça do Trabalhoefetivar a execução das contribuições sociais. Nessesentido o item I da Súmula 368/TST, cuja redação foimantida em decisão proferida pelo Tribunal Pleno doTST. Agravo de Instrumento a que se nega provimento”(TST-AIRR-1045/2005-016-10-40, 6ª Turma, Rel. MinHorário Senna Pires, DEJT 4.9. 2009)

Improvejo.

Igualmente não merece reparos a decisão hostilizada no tocante ao fatogerador das contribuições previdenciárias a serem executadas.

As contribuições previdenciárias passíveis de execução perante estaJustiça Especializada são, tão somente, aquelas incidentes sobre as parcelas trabalhistasde natureza salarial deferidas em sentença. Daí não se poder eleger o momento daprestação de serviços como o fato gerador.

Neste sentido dispõe o artigo 132, da Instrução Normativa MPS/SRP Nº 3,de 14 de julho de 2005, publicada no DOU de 15/07/2005:

“Art. 132. Serão adotadas as competências dos meses emque foram prestados os serviços pelos quais aremuneração é devida, ou dos abrangidos peloreconhecimento do vínculo empregatício, quandoconsignados nos cálculos de liquidação ou nos termos doacordo.§ 1º Quando, nos cálculos de liquidação de sentença ounos termos do acordo, a base de cálculo dascontribuições sociais não estiver relacionada, mês amês, ao período específico da prestação de serviçosgeradora daquela remuneração, as parcelasremuneratórias serão rateadas, dividindo-se seu valorpelo número de meses do período indicado na sentença ouno acordo, ou, na falta desta indicação, do períodoindicado pelo reclamante na inicial, respeitados ostemos inicial e final do vínculo empregatício anotadoem CTPS ou judicialmente reconhecido na reclamatóriatrabalhista’.

§ 2º Se o rateio mencionado no parágrafo anteriorenvolver competências anteriores a janeiro de 1995,

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para a obtenção do valor originário relativo a cadacompetência, o valor da fração obtida com o rateio deveser dividido por 0,9108 (valor da UFIR vigente em1º.01.1997, a ser utilizado nos temos do art. 29 da Leinº 10.522, de 2002), dividindo-se em seguida oresultado dessa operação pelo Coeficiente em UFIRexpresso na Tabela Prática Aplicada em ContribuiçõesPrevidenciárias elaborada pela SRP para aquelacompetência.

§ 3º Na hipótese de não reconhecimento de vínculo, equando não fizer parte do acordo homologado a indicaçãodo período em que foram prestados os serviços aos quaisse refere o valor pactuado, será adotada a competênciareferente à data da homologação do acordo, ou à data dopagamento, se este anteceder aquela”.

Aliás, este Egrégio Regional, mediante o Incidente de Uniformização deJurisprudência suscitado nos autos do Processo nº TRT (AP) 00381-2003-020-06-85,firmou o entendimento de que o fato gerador das contribuições para custeio da seguridadesocial é o pagamento ou o crédito dos rendimentos decorrentes do título executivo judicialtrabalhista, consolidando-o com a edição da Súmula 14, de seguinte teor:

“CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. MOMENTO DE INCIDÊNCIADE JUROS E MULTA. A hipótese de incidência dacontribuição social prevista no artigo 195, inciso I,alínea “a”, da Constituição da República Federativa doBrasil ocorre quando há o pagamento ou o crédito dosrendimentos de natureza salarial decorrentes do títulojudicial trabalhista, razão pela qual, a partir daí,conta-se o prazo legal para o seu recolhimento, após oque, em caso de inadimplência, computar-se-ão osacréscimos pertinentes a juros e multa mencionados nalegislação ordinária aplicável a espécie.”

Com efeito, as contribuições sociais ficam sujeitas aos acréscimosprevistos na legislação previdenciária (juros equivalentes à taxa referencial do SistemaEspecial de Liquidação e de Custódia-SELIC e multa variável), nos termos do artigo 35, daLei nº 8.212/91, se quitadas após o vencimento da obrigação, cujo fato gerador é opagamento do crédito trabalhista dos valores alusivos às parcelas de naturezaremuneratória, aplicando-se o disposto no art. 276, “caput”, do Decreto nº 3048/99. Segueo mesmo entendimento o art. 83, da Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geralda Justiça do Trabalho.

Portanto, ocorrido o fato gerador, caberá o recolhimento das contribuiçõesprevidenciárias calculadas sobre as parcelas de natureza salarial deferidas em sentença.Antes disto, não haverá incidência de multas e juros. Apenas o recolhimento com atraso

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Fls. 7

redunda na aplicação de juros, incidente sobre o valor atualizado, e multa, na formadisposta no art. 35, da Lei 8212/91. Veja-se a propósito:

“RECURSO DE REVISTA. SENTENÇA CONDENATÓRIA.CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. FATO GERADOR. INCIDÊNCIADE JUROS E MULTA. 1. O Tribunal Regional adotou tese nosentido de que o fato gerador da contribuiçãoprevidenciária decorrente de parcelas salariaisoriundas de ação judicial é o efetivo pagamento docrédito ao trabalhador, de modo que a atualização dovalor devido à Previdência Social ocorrerá somente apartir do dia dois do mês seguinte ao da liquidação dasentença, conforme preconizado no art. 276 do Decretonº 3.048/99. 2. Decisão em harmonia com a iterativa eatual jurisprudência desta Corte Superior. Óbices doart. 896, § 4º, da CLT e da Súmula nº 333 desteTribunal. 3. Recurso de revista de que não se conhece.”(TST-RR-8400-63-2008.5.06.0023, 4ª T., Rel. Min.Fernando Eizo Ono, DEJT 5/08/2011)

Acresça-se que a determinação de incidência dos juros e multa somentea partir do pagamento se impõe, exatamente, a vista do comando inserto no art. 195, I “a”da Carta Constitucional, na medida em que estabelece decorrer do pagamento, ou crédito,a obrigação com a Seguridade.

Finalmente, aplicando a diretriz da OJ 118, da SDI-1, do Col. TST, deixoclaro que a presente decisão não implica violação aos dispositivos legais e constitucionaisinvocados pela recorrente.

Com essas considerações, acompanhando o Parecer Ministerial, negoprovimento ao recurso.

ACORDAM os Desembargadores da Primeira Turma do Egrégio TribunalRegional do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, negar provimento ao recurso,sendo que o Exmo. Juiz Revisor ressalva entendimento pessoal no tocante ao fato geradorda contribuição previdenciária (prestação de serviços).

Recife, 06 de outubro de 2011.

DINAH FIGUEIRÊDO BERNARDODesembargadora Relatora

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1ª Turma - Proc. TRT – RO 0001112-96-2010.5.06.0313Desembargadora Relatora – Dinah Figueirêdo Bernardo

Fls. 1

PROC. N.º TRT – 0001112-96-2010.5.06.0313 (RO)Orgão Julgador : PRIMEIRA TURMARelatora : DESEMBARGADORA DINAH FIGUEIRÊDO BERNARDORecorrente : UNIÃO (INSS)Recorridos : ERALDO RODRIGUES DA SILVA

GILSON BERTULINO DA SILVA - MEProcurador : JOSÉ GALDINOAdvogados : MARCONIA BRUCE BARROS

EMERSON LUIS DA SILVA PETRIMPERNIProcedência : 3ª VARA DO TRABALHO DE CARUARU

EMENTA: CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS – PERÍODOCLANDESTINO. EXECUÇÃO. INCOMPETÊNCIA. Ante opronunciamento, com caráter de repercussão geral, que seráobjeto de súmula vinculante, do Supremo Tribunal Federal,impõe-se a declaração de incompetência da Justiça doTrabalho para executar as contribuições previdenciáriasincidentes sobre os salários pagos no curso de relação deemprego mantido na informalidade. Recurso improvido.

VISTOS ETC.

Cuida-se de recurso ordinário interposto pela UNIÃO à decisão proferidapelo MM Juízo da Vara do Trabalho de Caruaru, nos domínios da reclamatória trabalhistaajuizada por ERALDO RODRIGUES DA SILVA em desfavor de GILSON BERTULINO DASILVA - ME.

A recorrente, através do arrazoado reproduzido às fls. 03/14, afirma que adecisão viola o disposto no art. 114, VIII, da Constituição Federal, que não faz menção àlimitação de período em relação ao qual a Justiça do Trabalho detém competência paraexecutar as contribuições previdenciárias decorrentes das sentenças que proferir. Pontuaque a alteração promovida na redação do art.876, parágrafo único, da CLT, pôs fim aodilema acerca da competência desta Especializada, ao determinar a execução ex officiodas “contribuições sociais devidas em decorrência de decisãoproferida pelos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes decondenação ou homologação de acordo, inclusive sobre os saláriospagos durante o período contratual reconhecido.” Acrescenta que tambémnão foram devidamente observados os critérios de cálculo estabelecidos nos arts. 11, 35 e43, da Lei 8.212/91, sustentando que o fato gerador da contribuição previdenciária é a datada prestação do serviço, aplicando-se os acréscimos legais (juros e multa) desde então.Colaciona arestos e pugna pelo provimento do apelo.

Sem contrarrazões.

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Fls. 2

Parecer Ministerial às fls.43/4.

É o relatório.

VOTO:

Admissibilidade

Apelo tempestivo. Preparo inexigível. Configurados os demaispressupostos de admissibilidade, dele conheço.

Mérito

Primeiramente, a recorrente pretende seja determinada a execução dascontribuições previdenciárias incidentes sobre os salários pagos no período clandestino darelação de emprego reconhecida judicialmente, no que não lhe assiste razão.

Ora, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, negando provimento aRecurso Extraordinário interposto pelo INSS (569056), limitou a competência da Justiça doTrabalho para a execução de contribuições previdenciárias incidentes sobre as parcelas denatureza salarial deferidas em sentença, aprovando, inclusive, proposta do MinistroMenezes Direito para a edição de súmula vinculante sobre o tema.

Extraio do voto do eminente relator do referido Recurso Extraordinário n.569056, Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, os seguintes trechos:

“No caso, a decisão trabalhista que não dispõe sobre pagamento desalários, mas apenas se limita a reconhecer a existência do vínculo, nãoconstitui título executivo judicial no que se refere ao crédito decontribuições previdenciárias.”

“No caso da contribuição social atrelada ao salário objeto da condenação,é fácil perceber que o título que a corporifica é a própria sentença cujaexecução, uma vez que contém o comando para o pagamento do salário,envolve o cumprimento do dever legal específico de retenção dasparcelas devidas ao sistema previdenciário.”

“Que entender possível a execução de contribuição social desvinculadade qualquer condenação, de qualquer transação, seria consentir com umaexecução sem título executivo, já que a sentença de reconhecimento devínculo, de carga predominantemente declaratória (no caso, de existênciade vínculo trabalhista), não comporá execução que origine o seurecolhimento.”

“O comando constitucional que se tem de interpretar é muito claro nosentido de impor que isso se faça de ofício, sim, mas considerando assentenças que a própria Justiça do Trabalho proferir.”

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E mais:

“Pelas razões que acaba de deduzir, eu entendo que não merece reparoa decisão apresentada pelo TST no sentido de que a execução dascontribuições previdenciárias está de fato ao alcance da Justiça doTrabalho, quando relativas ao objeto da condenação constante de suassentenças, não podendo abranger a execução de contribuiçõesprevidenciárias atinentes ao vínculo de trabalho reconhecido na decisão,mas sem condenação ou acordo quanto ao pagamento das verbassalariais que lhe possam servir como base de cálculo.” - destaquei

Em sendo assim, não há como se distanciar ou decidir de forma diversa,ante o pronunciamento explícito, com caráter de repercussão geral, que será objeto desúmula vinculante do Pretório Excelso. Daí porque declaro a incompetência da Justiça doTrabalho para executar contribuições previdenciárias incidentes sobre parcelas salariaisquitadas ao longo de relação de emprego clandestina.

Destaco que apreciando o E-RR-346/2003-021-23-00.4, em sessão do dia03/09/2007, a e. SBDI-I da Corte Maior Trabalhista, decidiu suspender a proclamação doresultado do julgamento para, nos termos do artigo 76, II, do RITST, remeter os autos aoPleno, a fim de que procedida a revisão, se fosse o caso, da Súmula 368, item I. E o c.Tribunal Pleno, julgando o referido processo decidiu, em 17/11/2008, manter a redaçãoatual conferida ao item I daquela diretriz sumular, ressalvados os pontos de vista dosExmos. Ministros João Oreste Dalazen, Barros Levenhagen, Lelio Bentes Corrêa, Horáciode Senna Pires, Rosa Maria Weber, Vieira de Mello Filho, Alberto Luiz Bresciani, Maria deAssis Calsing, Maurício Godinho Delgado e Rider de Brito, nos termos da ementa a seguirtranscrita:

“SÚMULA Nº 368, ITEM I, DO TST. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DOTRABALHO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SENTENÇASMERAMENTE DECLARATÓRIAS DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO. Aatual redação da Súmula nº 368, item I, do TST é fruto da exegesesistemática conferida ao art. 114, inciso VIII, da Constituição Federal e daregra-matriz relativa à contribuição previdenciária, inscrita no art. 195,inciso I, alínea a, da Constituição Federal. Assim, a melhor interpretaçãoda alteração introduzida pela Lei nº 11.457, de 15/03/2007, ao art. 876,parágrafo único, parte final, é a de que, efetivamente, a execução dascontribuições sociais estaria adstrita aos salários pagos em decorrênciade condenação em sentença ou de acordo homologado judicialmente quereconheça a relação de emprego. Confirmando esse entendimento, oSupremo Tribunal Federal, por intermédio de seu Tribunal Pleno, emdecisão unânime proferida em 11/09/2008, nos autos do Processo RE569.056/PA, de relatoria do Excelentíssimo Senhor Ministro CarlosAlberto Menezes Direito, concluiu que a competência da Justiça doTrabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-seàs sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto

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de acordo homologado, que integrem o salário-de-contribuição, e aprovouproposta de edição de súmula vinculante, determinando que não cabe àJustiça do Trabalho estabelecer, de ofício, débito de contribuição socialpara o INSS, com base em decisão que apenas declare a existência devínculo empregatício. Assim, pelos fundamentos expostos no parecerexarado pela Comissão de Jurisprudência e de Precedentes Normativosdesta Corte e com suporte na decisão proferida pelo Supremo TribunalFederal, mantém-se a redação atual conferida ao item I da Súmula nº 368desta Corte” (DJU 05/12/2008)

Na mesma linha:

“EXECUÇÃO. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. INCIDÊNCIARETROATIVA. RELAÇÃO DE EMPREGO RECONHECIDA MEDIANTEACORDO FORMALIZADO EM JUÍZO. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇADO TRABALHO. O Tribunal Pleno desta Corte superior, emsessão realizada em 17/11/2008, decidiu manterinalterada a redação do item I da Súmula n.º 368 doTST, de seguinte teor: -a Justiça do Trabalho écompetente para determinar o recolhimento dascontribuições fiscais. A competência da Justiça doTrabalho, quanto à execução das contribuiçõesprevidenciárias, limita-se às sentenças condenatóriasem pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordohomologado, que integrem o salário-de-contribuição-.Recurso de revista conhecido e provido.[..]” (TST-RR-178600-54.2004.5.06.0020, 1ª T., Rel. Min. Lélio BentesCorrea, DEJT 5/08/2011)

“RECURSO DE REVISTA. PROCESSO DE EXECUÇÃO.CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RECONHECIMENTO DEVÍNCULO DE EMPREGO. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DOTRABALHO. SÚMULA 368, I, DO TST. De acordo com a Súmula368, I, do TST, a competência da Justiça do Trabalho,quanto à execução das contribuições previdenciárias,limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia queproferir e aos valores, objeto de acordo homologado,que integrem o salário-de-contribuição , não alcançandoas contribuições incidentes sobre os saláriospercebidos durante todo o curso da relação de empregoreconhecida em Juízo . Recurso de Revista conhecido eprovido.” (TST-RR-173600-05.2005.5.09.0069, 8ª T., Rel.Min. Márcio Eurico Vitral Amaral, DEJT 27/08/2010)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO.CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DO PERÍODO DE EMPREGO

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RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO PECUNIÁRIA.INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. DECISÃO DOTRIBUNAL REGIONAL PROFERIDA EM CONFORMIDADE COM O ITEMI DA SÚMULA 368/TST. Somente em relação a parcelasremuneratórias de sentença condenatória ou acordohomologado, torna-se possível à Justiça do Trabalhoefetivar a execução das contribuições sociais. Nessesentido o item I da Súmula 368/TST, cuja redação foimantida em decisão proferida pelo Tribunal Pleno doTST. Agravo de Instrumento a que se nega provimento”(TST-AIRR-1045/2005-016-10-40, 6ª Turma, Rel. MinHorário Senna Pires, DEJT 4.9. 2009)

Improvejo.

Igualmente não merece reparos a decisão hostilizada no tocante ao fatogerador das contribuições previdenciárias a serem executadas.

As contribuições previdenciárias passíveis de execução perante estaJustiça Especializada são, tão somente, aquelas incidentes sobre as parcelas trabalhistasde natureza salarial deferidas em sentença. Daí não se poder eleger o momento daprestação de serviços como o fato gerador.

Neste sentido dispõe o artigo 132, da Instrução Normativa MPS/SRP Nº 3,de 14 de julho de 2005, publicada no DOU de 15/07/2005:

“Art. 132. Serão adotadas as competências dos meses emque foram prestados os serviços pelos quais aremuneração é devida, ou dos abrangidos peloreconhecimento do vínculo empregatício, quandoconsignados nos cálculos de liquidação ou nos termos doacordo.§ 1º Quando, nos cálculos de liquidação de sentença ounos termos do acordo, a base de cálculo dascontribuições sociais não estiver relacionada, mês amês, ao período específico da prestação de serviçosgeradora daquela remuneração, as parcelasremuneratórias serão rateadas, dividindo-se seu valorpelo número de meses do período indicado na sentença ouno acordo, ou, na falta desta indicação, do períodoindicado pelo reclamante na inicial, respeitados ostemos inicial e final do vínculo empregatício anotadoem CTPS ou judicialmente reconhecido na reclamatóriatrabalhista’.

§ 2º Se o rateio mencionado no parágrafo anteriorenvolver competências anteriores a janeiro de 1995,

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para a obtenção do valor originário relativo a cadacompetência, o valor da fração obtida com o rateio deveser dividido por 0,9108 (valor da UFIR vigente em1º.01.1997, a ser utilizado nos temos do art. 29 da Leinº 10.522, de 2002), dividindo-se em seguida oresultado dessa operação pelo Coeficiente em UFIRexpresso na Tabela Prática Aplicada em ContribuiçõesPrevidenciárias elaborada pela SRP para aquelacompetência.

§ 3º Na hipótese de não reconhecimento de vínculo, equando não fizer parte do acordo homologado a indicaçãodo período em que foram prestados os serviços aos quaisse refere o valor pactuado, será adotada a competênciareferente à data da homologação do acordo, ou à data dopagamento, se este anteceder aquela”.

Aliás, este Egrégio Regional, mediante o Incidente de Uniformização deJurisprudência suscitado nos autos do Processo nº TRT (AP) 00381-2003-020-06-85,firmou o entendimento de que o fato gerador das contribuições para custeio da seguridadesocial é o pagamento ou o crédito dos rendimentos decorrentes do título executivo judicialtrabalhista, consolidando-o com a edição da Súmula 14, de seguinte teor:

“CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. MOMENTO DE INCIDÊNCIADE JUROS E MULTA. A hipótese de incidência dacontribuição social prevista no artigo 195, inciso I,alínea “a”, da Constituição da República Federativa doBrasil ocorre quando há o pagamento ou o crédito dosrendimentos de natureza salarial decorrentes do títulojudicial trabalhista, razão pela qual, a partir daí,conta-se o prazo legal para o seu recolhimento, após oque, em caso de inadimplência, computar-se-ão osacréscimos pertinentes a juros e multa mencionados nalegislação ordinária aplicável a espécie.”

Com efeito, as contribuições sociais ficam sujeitas aos acréscimosprevistos na legislação previdenciária (juros equivalentes à taxa referencial do SistemaEspecial de Liquidação e de Custódia-SELIC e multa variável), nos termos do artigo 35, daLei nº 8.212/91, se quitadas após o vencimento da obrigação, cujo fato gerador é opagamento do crédito trabalhista dos valores alusivos às parcelas de naturezaremuneratória, aplicando-se o disposto no art. 276, “caput”, do Decreto nº 3048/99. Segueo mesmo entendimento o art. 83, da Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geralda Justiça do Trabalho.

Portanto, ocorrido o fato gerador, caberá o recolhimento das contribuiçõesprevidenciárias calculadas sobre as parcelas de natureza salarial deferidas em sentença.Antes disto, não haverá incidência de multas e juros. Apenas o recolhimento com atraso

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redunda na aplicação de juros, incidente sobre o valor atualizado, e multa, na formadisposta no art. 35, da Lei 8212/91. Veja-se a propósito:

“RECURSO DE REVISTA. SENTENÇA CONDENATÓRIA.CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. FATO GERADOR. INCIDÊNCIADE JUROS E MULTA. 1. O Tribunal Regional adotou tese nosentido de que o fato gerador da contribuiçãoprevidenciária decorrente de parcelas salariaisoriundas de ação judicial é o efetivo pagamento docrédito ao trabalhador, de modo que a atualização dovalor devido à Previdência Social ocorrerá somente apartir do dia dois do mês seguinte ao da liquidação dasentença, conforme preconizado no art. 276 do Decretonº 3.048/99. 2. Decisão em harmonia com a iterativa eatual jurisprudência desta Corte Superior. Óbices doart. 896, § 4º, da CLT e da Súmula nº 333 desteTribunal. 3. Recurso de revista de que não se conhece.”(TST-RR-8400-63-2008.5.06.0023, 4ª T., Rel. Min.Fernando Eizo Ono, DEJT 5/08/2011)

Acresça-se que a determinação de incidência dos juros e multa somentea partir do pagamento se impõe, exatamente, a vista do comando inserto no art. 195, I “a”da Carta Constitucional, na medida em que estabelece decorrer do pagamento, ou crédito,a obrigação com a Seguridade.

Finalmente, aplicando a diretriz da OJ 118, da SDI-1, do Col. TST, deixoclaro que a presente decisão não implica violação aos dispositivos legais e constitucionaisinvocados pela recorrente.

Com essas considerações, acompanhando o Parecer Ministerial, negoprovimento ao recurso.

ACORDAM os Desembargadores da Primeira Turma do Egrégio TribunalRegional do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, negar provimento ao recurso,sendo que o Exmo. Juiz Revisor ressalva entendimento pessoal no tocante ao fato geradorda contribuição previdenciária (prestação de serviços).

Recife, 06 de outubro de 2011.

DINAH FIGUEIRÊDO BERNARDODesembargadora Relatora

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TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA SEXTA REGIÃOGABINETE DESEMBARGADORA DIONE FURTADO

2ª Turma - Proc. TRT- 0000106-20.2011.5.06.0022 (RO)Relatora - Juíza Ana Catarina Cisneiros Barbosa de Araújo

Kvva fls. 1

PROC. N.º TRT – 0000106-20.2011.5.06.0022 (RO)Órgão Julgador : 2ª TurmaRelatora : Juíza Ana Catarina Cisneiros Barbosa de AraújoRecorrente : SOLL SERVIÇOS OBRAS E LOCAÇÕES LTDA.Recorrido : GILMAR JOSÉ DOS SANTOSAdvogados : Alexandre Dimitri Moreira de Medeiros e Gustavo

André BarrosProcedência : 22ª Vara do Trabalho do Recife – PE

EMENTA: ACORDO COLETIVO. SUPRESSÃO DE DIREITO.INVALIDADE. Não se pode atribuir validade aacordo coletivo, por meio do qual o Sindicatoobreiro, ao invés de atuar na defesa dostrabalhadores, frente aos princípios que norteiam aatuação sindical, age em conjunto com a empresapara suprimir parcela trabalhista, prevista nalegislação constitucional e ordinária. Incidência dosartigos 9º, 444 e 468, da CLT.

Vistos etc.

Recurso Ordinário interposto por SOLL SERVIÇOS OBRAS ELOCAÇÕES LTDA. de decisão proferida pelo MM. Juízo da 22ª Vara doTrabalho do Recife – PE, que julgou procedentes, em parte, os pedidosformulados na Reclamação Trabalhista ajuizada por GILMAR JOSÉ DOSSANTOS, nos termos da sentença de fls. 171/175.

Embargos de declaração opostos pelo reclamado, às fls. 177/179,rejeitados às fls. 183/184.

Em suas razões recursais de fls. 186/194, irresigna-se com adecisão de 1º grau que reconheceu o período de um mês clandestino detrabalho do autor. Diz que a prova oral constituída pelo reclamante é claraquanto à incerteza da data do inicio do contrato com a recorrente, alegandoque, em vista disso, foi determinada a apresentação de sua CTPS que contémregistro de dispensa na empresa anterior em 12/02/2007, o que, no seuentender, já cai por terra a alegação de contrato do autor com a recorrente apartir de 01/02/2007. Acusa julgamento além dos limites da lide a condenaçãoem multa do art. 477 da CLT pelo pagamento das verbas fora do prazo, quandoa alegação da inicial estaria centrada, unicamente, no pagamento incorretodesses haveres. Ainda sobre a multa rescisória, pugna pela interpretaçãorestritiva da norma, traçando argumento de que, há previsão em AcordoColetivo da data da rescisão em 09/09/2010; de que no curso do aviso prévio, o

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2ª Turma - Proc. TRT- 0000106-20.2011.5.06.0022 (RO)Relatora - Juíza Ana Catarina Cisneiros Barbosa de Araújo

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autor já se encontrava trabalhando para a nova prestadora de serviços; e deque o prazo final para o pagamento das verbas era o exato dia 09/09/2010. Arespeito do aviso prévio, revela que a comunicação da dispensa se deu em02/08/2010, salientando que a CTPS do autor faz prova de que, desde01/09/2010, passou a ser contratado pela nova prestadora de serviços à CaixaEconômica Federal, o que, também no seu entender, ilegitima a condenaçãoem indenização do aviso prévio, ao argumento de que a sua finalidade restoucumprida. Revela, também, que há cláusula normativa prevendo apossibilidade de estabilidade de 12 meses na SOLL, no caso de desistência doobreiro em permanecer prestando serviços à CEF, mediante contrato de novaempresa prestadora de serviços. Assevera que a norma coletiva que negocioua garantia de continuidade no emprego, reconhece a redução do valor da multade 40 % sobre o FGTS nas verbas rescisórias, alegando que o Magistrado, aodeixar de observar tais disposições, violou o art. 7º, XXVI, da CF. Finalizadizendo que não houve nenhuma prova nos autos de vício de consentimentona formalização do ato homologatório, alegando que o autor é subscritor deautorização específica do desconto e da lista de presença da assembléiasindical que debateu acerca do tema controvertido nos autos. Quanto às horasextras, alega que a norma coletiva prevê a compensação de jornada, ante aausência de labor aos sábados. Acusa constituir prova legítima os cartões deponto anexados aos autos, alegando a ausência de impugnação, bem assimque seus apontamentos eram feitos e assinados pelo autor. Salienta que aempresa não concorreu para o registro de eventuais anotações britânicas noscontroles de jornada. Pugna pela exclusão dos honorários advocatícios, umavez que não foram preenchidos os requisitos das Súmulas 219 e 329 do c.TST.

Contrarrazões apresentadas às fls. 205/206.

Desnecessária a remessa dos autos à Procuradoria Regional doTrabalho, porquanto não se vislumbra interesse público no presente litígio(artigo 49 do Regimento Interno deste Regional).

É o relatório.

VOTO:

Admissibilidade

O recurso foi tempestivamente apresentado e está subscrito porprofissional regularmente habilitado (fl. 31). Preparo realizado às fls. 196/197,mediante declaração de autenticidade nos termos da lei (fl. 187).

Conheço-o, vez que preenchidos os pressupostos de

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admissibilidade.

Do labor clandestino

Acerca da matéria, o Magistrado de 1º grau decidiu:

“Inicialmente, o Autor alega que sua CTPS não foi anotada nomomento da real admissão, ou seja, 1º de fevereiro de 2007, e sim umpouco depois disso, em 1º de março seguinte, sendo essa, segundo ela,uma das irregularidades praticadas pela empregadora, que depois aindaviria a não computar o aviso prévio no tempo de serviço.

Há que se dar razão ao demandante, quanto ao fato de tertrabalhado clandestinamente, por um mês.

A Reclamada não admitiu o fato, em sua contestação, e a preposta oreforça, dizendo que a empresa não contrata ninguém assim, para laborde forma clandestina. Acontece que a testemunha trazida pelodemandante, Nadja Selma Tenório de Carvalho, ex-empregada datambém, disse ter passado pelo mesmo processo de contratação antes deter a anotação da CTPS, apesar de a CTPS dela conter um registro desaída feita pela empresa TGS Tcno Global em 12/02/2007. (...)

Na realidade, não é de hoje que empresas prestadoras de serviços,ao perderem os contratos com as tomadoras, socorrem-se da situação decontarem com a contratação imediata de boa parte dos trabalhadores deentão por aquela empresa da vez, que ganhou a licitação, e o mais apartir daí, seja registro na carteira profissional dos até então empregados,repercussão do aviso prévio ou até concessão deste, pagamento deverbas rescisórias, enfim, qualquer coisa que tenha a ver comcumprimento da legislação tutelar do trabalho, passa a ser secundário.

(...)

Daí não estranhar que a testemunha que o Autor trouxe tenhaingressado na Reclamada, dizendo-o em 1º de fevereiro de 2007 e abaixa na CTPS pela empresa anterior conste em 12 de fevereiro de 2007.A conveniência para a Ré de ter, depois, que fazer o registro somente em1º de março de 2007, parece ser de somenos importância.

E se a postura de uma empresa deve ser vista num contexto, o dosautos em nada é favorável à Ré, (...)”

Divirjo do entendimento.

Ora, consoante registrado em ata, a testemunha somente teve ovínculo rompido com a antiga empregadora (TGS), em 12.02.2007, de modo que,

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já aí, afigura-se impossível, frente ao princípio da razoabilidade, que o liame coma recorrente já tivesse sido iniciado em 01.02.2007. Diga-se o mesmo, comrelação ao autor, à luz da cópia de sua CTPS, às fls. 169, ainda mais à vista dajornada descrita na exordial (9 horas diárias, até dez/2008; e 8 horas dia, a partirde jan/2009, além de labor em sábados e domingos).

Destarte, não se inferem provas concretas, nestes fólios, aconvencer esta Relatora, acerca do período clandestino, não sendo fatosocorridos extra-autos, com relação a outras empresas, data vênia”, que levem àconclusão diversa.

Provejo, pois, o apelo, para expurgar da condenação, adeterminação de retificação da CTPS, quanto à admissão, bem como a multafixada para a aludida obrigação.

Do aviso prévio indenização e saldo de salário deagosto/2010

Alegou o reclamante, na inicial, que foi dispensada sem justacausa, em 31.08.2010, sustentando que a rubrica ‘AVISO PRÉVIO TRAB’ noTRCT (fl. 38) corresponde, tão somente, ao salário “NÃO pago pela reclamadano último mês laborado”.

A reclamada, em sua defesa, asseverou que o obreiro foi pré-avisado de sua dispensa, em 02.08.2010, tendo acostado o documento de fl.39, assinado pelo reclamante.

Do documento de fl. 39 (‘aviso prévio do empregador’), observe-se que o reclamante apôs a sua assinatura e fez constar a data em que estavasendo cientificado de seu conteúdo, em 09/09/2010, que corresponde,exatamente, à data em que foi procedida à homologação da rescisão de seucontrato de trabalho, consoante se infere da simples análise do TRCT de fl. 38.

Nesse contexto, não se sustenta a alegação de que o reclamante,em data de 02/08/2010, teria sido pré-avisado acerca da dispensa imotivada deseus serviços, na medida em que a carta que contém a comunicação daconcessão do aviso prévio somente lhe foi apresentada para assinatura do dia09/09/2010, quando o contrato de trabalho não mais estava em vigor.

Na realidade, o documento em questão, a par de ter sido coligidoaos autos por iniciativa da reclamada, acabou por demonstrar que o reclamantesó assinou o aviso prévio no dia da homologação de sua rescisão contratual nosindicato da categoria, eis que a data nele aposta corresponde àquela em queo órgão de classe procedeu à homologação do ato rescisório (09/09/2010).

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Note-se, ainda, que pelas razões da própria defesa e do recurso,tivesse sido assegurado ao trabalhador o direito a optar por pedir demissão eser contratado por outra prestadora de serviços, ou de ser encaminhado parapostos de trabalho por ela mantidos junto a outros tomadores, não poderiajamais ter “concedido” aviso prévio.

Ademais, observe-se que na comunicação de aviso prévio sequerhá a indicação da opção pela redução da jornada de trabalho em 02 (duas)horas diárias ou pela falta ao serviço durante 07 (sete) dias corridos, estandoem branco os campos respectivos.

Nesse contexto, inválido o documento de fl. 39, porquedesatendidas as exigências contidas no art. 488, parágrafo único, da CLT,mantendo-se a condenação no aviso prévio.

A condenação abrange, também, o salário de agosto/2010, mas jáhouve determinação de dedução do valor pago na rescisão (fl. 173), incluindo,pois , o que consignado sob a rubrica “aviso prévio trab.” de modo que nada háa ser alterado.

Nego provimento.

Da compensação da multa rescisório de 40% sobre o FGTS

A reclamada sustentou, em defesa, a tese de que se afigura lícitoo desconto do valor correspondente à multa de 40% do FGTS sobre omontante devido ao reclamante a título de verbas rescisórias, asseverando quepor ocasião da rescisão do contrato de prestação de serviços firmado com aCaixa Econômica Federal, foi acionado o STEALMOAIC/PE – Sindicato dosTrabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação, Limpeza Urbana,Locação de Mão-de-Obra, Administração de Imóveis, Condomínio de EdifícioResidencial e Comercial do Estado de Pernambuco, a fim de intermediar asrescisões ou a continuidade dos trabalhos intermediados através de outraempresa, esta, também, na condição de prestadora de serviços daquelainstituição financeira.

Registrou que, em assembléia no dia 31 de agosto de 2010,todos os trabalhadores foram notificados sobre a mudança do empregador,bem assim acerca da existência de postos de trabalho disponíveis junto àprópria reclamada, e da possibilidade de manutenção do emprego, sob asordens da nova empresa, nas agências da Caixa Econômica Federal.

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Kvva fls. 6

Salientou que o STEALMOAIC/PE, durante a assembléia geralrealizada em 31/08/2010, explicou aos funcionários ali presentes que aimportância correspondente à multa rescisória de 40% do FGTS seriadepositada, regularmente, na conta vinculada de cada um deles, todavia,diante da continuidade do emprego na mesma função, circunstância e local, ostermos de rescisão contratual seriam homologados na sede do sindicato declasse, havendo, na oportunidade, a devolução (compensação) financeiradaquela verba à antiga empregadora, com fundamento nos arts. 444, 468 e477, § 1º, da CLT.

Neste contexto, defende a recorrente a validade do Termo deRescisão Contratual homologado pelo órgão de classe, porquanto não teriahavido nenhuma prova de vício de consentimento na formalização do atohomologatório que culminou com o desconto do valor correspondente à multade 40% do FGTS, já que o autor subscreve autorização específica dodesconto, figurando na lista de presença da assembléia sindical que debateu otema controvertido nos autos.

Com base nesses argumentos, a recorrente busca obter areforma do julgado que condenou a empresa a restituir ao reclamante aimportância correspondente à multa rescisória do FGTS, que foi descontada deseus haveres rescisórios, sob alegação de que o juízo de origem teria incorridoem erro na valoração das provas, o qual teria se afigurado bastante paraprejudicar a empresa quanto à solução dada ao litígio, haja vista que o acordocoletivo celebrado não poder ser desprezado.

A realização da assembléia geral, assim como a presença dareclamante a este ato presidido pelo órgão de classe, restaram devidamentecomprovadas através da cópia da “Lista de Presença da Assembléia GeralExtraordinária dos Trabalhadores das Empresas Soll Serviços Realizada noDia 31/08/2010, às 17:30 Horas, nas Dependências do Stealmoaic, para tratardas Verbas Rescisórias”, que se encontra acostada às fls. 117/120.

Note-se, entretanto, que nesses documentos, não restou firmadoqualquer flexibilização dos efeitos financeiros da rescisão contratual,representada pela renúncia do direito ao recebimento da multa rescisória deque trata o art. 18, § 1º, da Lei n. 8.036/90.

É certo, porém, que há Acordo Coletivo dispondo (fl. 167/168):

“CLÁUSLA SEGUNDA – DA OPÇÃO EM PERMANECERTRABALHANDO NA SOLL OU NA CEF/PE, ATRAVÉS DA NOVAPRESTADORA DE SERVIÇOS (SEMPRE SERV TERCEIRIZAÇÃO ECOMÉRCIO LTDA.) Fica convencionado que os trabalhadores quedesejarem permanecer prestando serviços através da nova empresa

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vencedora da licitação (SEMPRE SERV TERCEIRIZAÇÃO ECOMÉRCIO LTDA.), farão jus a todos os direitos da rescisão sem justacausa, à exceção da multa prevista no art. 18 da Lei 8.036/90, nostermos previstos na cláusula terceira deste instrumento.Parágrafo Primeiro: Os empregados que optem em permanecertrabalhando na empresa SOLL deverão ser absorvidos em outroscontratos, sendo assegurada a permanência na empresa pelo períodode 12 (doze) meses.CLAÚSULA TERCEIRA – DO DESCONTO DA MULTA PREVISTA NOART. 18 DA LEI 8.036/90 (MULTA DO FGTS). Fica convencionado quea empresa SOLL – SERVIÇOS, OBRAS E LOCAÇÕES LTDA. deverádescontar, no ato do pagamento da rescisão dos contratos de trabalhoo valor da multa prevista no art. 18. da Lei 8.036/90.”

Vê-se, a toda evidência, a fraude praticada pela empresa, com aefetiva participação do órgão de classe dos trabalhadores, na medida em queagiram em conjunto para simular rescisões contratuais sem justa causa,mediante condição de devolução da importância depositada na conta vinculadaa título de multa de 40% do FGTS, ferindo os princípios mais básicos dalegislação trabalhista, e os que devem nortear a atuação sindical.

Nesta linha de raciocínio, o autor sequer estava obrigado a fazerprova da coação de que alega ter sido vítima ao proceder à devolução do valorrelativo à multa rescisória de 40% do FGTS, vez que a ex-empregadora eraefetivamente devedora da multa em questão, não podendo ser entendida comoflexibilização de direitos a renúncia ao recebimento desta verba.

Conclui-se que, mesmo que fosse admitida a legalidade do ACT,o que não é o caso, persistiria a ilicitude do desconto, posto que efetuado emcontraveniência à norma encartada no § 5º, do art. 477, que veda qualquercompensação no pagamento das verbas rescisórias que ultrapasse o valorequivalente a 1 (um) mês de remuneração do empregado.

Diante de todo o contexto, nego provimento ao recurso.

Das horas extras

O reclamante alegou, na inicial, a jornada de segunda a sexta-feira, das 08h às 18h, com intervalo de uma hora, indicando que em apenas umdia na semana laborava oito horas diárias, isto até dez/2008. Revelou que apartir de janeiro de 2009 passou a laborar no horário das 08h às 17h, com umahora de intervalo, com prestação de serviço de duas horas aos sábados edomingos.

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A reclamada, em defesa, afirmou que “não há que se falar emhora extra visto que o controle de jornada era preenchido e assinado pela partereclamante, sem qualquer imposição da reclamada quanto à anotação reduzidaem uma hora nas sextas-feiras. Esse registro de jornada é legítimo (permitidonas CCT em anexo), e feito para aqueles trabalhadores de limpeza cujo localde trabalho não abre aos sábados (notadamente, as instituições bancárias), afim de equalizar a falta (4h de jornada no sábado, fracionando-se 1h por diaentre segunda e quinta-feira (poderia ser em qualquer dia da semana).”

O juízo de 1º grau deferiu uma hora extra em quatro dias nasemana e, a partir de janeiro de 2009, a dobra de domingos alternados a cadamês.

De início, impõe dizer que não há controvérsia acerca da jornadaalegada na inicial, tratando a questão de saber sobre a legalidade dacompensação de horário estabelecida pela ré.

Vieram aos autos, apenas parte das Convenções Coletivas deTrabalho dos anos de 2007 e 2008, imprestáveis a qualquer fim, já que odocumento deveria ter sido juntado, na íntegra, sendo indivisível se objetivadocomo meio de prova, à luz do art. 373, do Código de Processo Civil.

Destarte, não há o que ser alterado, quanto à condenaçãoimposta.

Quanto ao período posterior a janeiro de 2009, o Juízo de 1ºreconheceu apenas o direito a dobra dos domingos, matéria sobre a qual aalegação recursal se motiva na negativa de labor nesses dias (fl. 194),reportando-se aos controles de jornada.

Sobre a questão, confirmou a testemunha do autor que “trabalhavaem sábados e domingos”, de modo que comprovado o alegado labor nessesdias, o que, assim, não acarreta qualquer alteração.

Da multa do art. 477 da CLT

Cinge-se o recurso ordinário à multa do artigo 477, § 8º, da CLT,alegando a recorrente que o fundamento da exordial foi de que a multa seriadevida em razão do pagamento incorreto das verbas rescisórias, configurandoultra petita a condenação fundada em mora. Pede o reconhecimento dainterpretação restritiva na norma.

Não prospera a sua irresignação.

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O Magistrado de 1º grau entendeu que a empresa ré incorreu emmora, reconhecendo fraude no ato rescisório.

De fato, observo que apenas parte dos haveres rescisórios forampago no prazo legal, já que suprimida a multa de 40% do FGTS.

Por outro lado, o entendimento majoritário dessa Turma é nosentido de admitir a sua incidência em decorrência de diferenças reconhecidas.Na hipótese, como ressaltado, a empresa não quitou todas as verbastrabalhistas, a par de desconto indevido por ocasião da homologação do termorescisório.

Por oportuno, destaque-se que a exigência que se faz da petiçãoinicial trabalhista é a de que contenha nexo jurídico, ou seja, que hajacorrelação lógica entre os fatos narrados e o direito que está sendo pleiteado,não sendo necessário expressar o artigo da lei que embasa o direito, cabendoao Magistrado aplicar o fundamental legal ao caso concreto. Nesse sentido, é obrocardo latino: “Mihi factum, dabo tibi jus” - “Dá-me os fatos, que eu lhe darei odireito”.

Assim, nego provimento.

Dos honorários advocatícios

Encontrando-se assistido, o recorrente, por advogado particular,incidem as diretrizes traçadas por intermédio das Súmulas nºs 219 e 329, doC.TST.

Dou provimento ao apelo para excluir da condenação oshonorários advocatícios da sucumbência, permanecendo, por óbvio, o teor docontrato firmado entre autor e seu patrono, à fl. 11.

CONCLUSÃO

Ante o exposto, dou provimento parcial ao recurso para excluir dacondenação os honorários da sucumbência, a obrigação concernente naretificação da CTPS, quanto à admissão, e a multa referente a tal obrigação.Ao decréscimo, arbitro o valor de R$ 2.000,00, com custas reduzidas em R$40,00.

ACORDAM os Componentes da Segunda Turma do TribunalRegional do Trabalho da Sexta Região, por unanimidade, dar provimentoparcial ao recurso para excluir da condenação o saldo de salário do mês deagosto/2010, bem assim as horas extras e repercussões e os honorários

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advocatícios. Ao decréscimo, arbitra-se o valor de R$ 2.000,00, com custasreduzidas em R$ 40,00.

Recife, 09 de novembro de 2011.

ANA CATARINA CISNEIROS BARBOSA DE ARAÚJOJuíza Relatora Convocada

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CONTROLES BRITÂNICOS. HORAS EXTRASDEVIDAS. Ao implantar os chamados"controles horários britânicos", que sepresumem irreais e inválidos, o empregadorassume o ônus advindo da irregularidadedesse procedimento, endereçando-se-lhe oencargo de prova quanto à inexistência dajornada declinada na exordial (Súmula no 338do C. TST). Presumida a carga horária dainicial, ausente prova válida por parte dareclamada e coerente a prova oral produzidapelo autor, prestigia-se sentença que deferiuas horas extras e respectivos reflexos, comopleiteadas. 2. MOVIMENTOS REPETITIVOS.LER. NEXO CAUSAL. DEVER DE INDENIZAR.Trabalhando por mais de quinze anos emfunções que exigiam movimentos repetitivos,com resultado danoso (LER) quecomprometeram a saúde do reclamante,invalidando-o para as atividades anteriores ereduzindo parcialmente sua capacidade para otrabalho em geral, de tudo resulta o dever daempresa de indenizar os manifestos prejuízosmateriais e morais daí decorrentes, inclusivesob a forma de pensionamento (incidência dosartigos 186 e 927 do Código Civil). Sentençamantida. (TRT/SP - 01766200546302009 - RO- Ac. 4aT 20090271216 - Rel. Ricardo ArturCosta e Trigueiros - DOE 28/04/2009)

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CONTROLES BRITÂNICOS. HORAS EXTRASDEVIDAS. Ao implantar os chamados"controles horários britânicos", que sepresumem irreais e inválidos, o empregadorassume o ônus advindo da irregularidadedesse procedimento, endereçando-se-lhe oencargo de prova quanto à inexistência dajornada declinada na exordial (Súmula no 338do C. TST). Presumida a carga horária dainicial, ausente prova válida por parte dareclamada e coerente a prova oral produzidapelo autor, prestigia-se sentença que deferiuas horas extras e respectivos reflexos, comopleiteadas. 2. MOVIMENTOS REPETITIVOS.LER. NEXO CAUSAL. DEVER DE INDENIZAR.Trabalhando por mais de quinze anos emfunções que exigiam movimentos repetitivos,com resultado danoso (LER) quecomprometeram a saúde do reclamante,invalidando-o para as atividades anteriores ereduzindo parcialmente sua capacidade para otrabalho em geral, de tudo resulta o dever daempresa de indenizar os manifestos prejuízosmateriais e morais daí decorrentes, inclusivesob a forma de pensionamento (incidência dosartigos 186 e 927 do Código Civil). Sentençamantida. (TRT/SP - 01766200546302009 - RO- Ac. 4aT 20090271216 - Rel. Ricardo ArturCosta e Trigueiros - DOE 28/04/2009)

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PROCESSO Nº: 02256/2000-008-07-00-2 TIPO: RECURSOS ORDINÁRIOSRECORRENTES: MANOEL VERCOSA NETO E OUTRORECORRIDOS: NACIONAL GAS BUTANO DISTRIBUIDORA LTDA E OUTROS

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de RECURSOS ORDINÁRIOS , emque são partes MANOEL VERCOSA NETO E OUTRO e NACIONAL GAS BUTANO DISTRIBUIDORALTDA E OUTROS.Tratam-se de recursos ordinários interpostos, respectivamente, por MANOELVERÇOSA NETO, reclamante e NACIONAL GÁS BUTANO DISTRIBUIDORA LTDA., reclamada,irresignados com a decisão da MM. 8ª Vara Federal do Trabalho de Fortaleza.Alega o primeiro recorrente (reclamante), que são devidos os honoráriosadvocatícios.Por seu turno, a demandada-recorrente sustenta que não pode ser condenada naresponsabilidade subsidiária e que a contratação de serviço terceirizado não éilegal.Foram oferecidas contra-razões apenas pela reclamada/recorrente.O órgão do Ministério Público do trabalho apenas reiterou o seu direito deintegrar o feito quando necessário.É O RELATÓRIO

ISTO POSTO:ADMISSIBILIDADEConheço dos recursos por satisfeitos os pressupostos intrínsecos,extrínsecos, objetivos e subjetivos de cognoscibilidade.

MÉRITO

RECURSO DA RECLAMADANo mérito, o apelo da reclamada não consegue sobrepujar a couraça de sólidafundamentação jurídico-legal da peça decisória sob exame.Primeiramente, temos que partir do tratamento legal para o assunto, conformeconsta do art. 455 da CLT, "verbis":

"Art. 455. Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelasobrigações derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia,aos empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro principal peloinadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro.Parágrafo único. Ao empreiteiro principal fica ressalvada, nos termos da leicivil, ação regressiva contra o subempreiteiro e a retenção de importâncias a

EMENTA: O julgador, com aguçada sensibilidade, constatou a ilegalidade daterceirização tão protegida pela demandada, pois restou comprovado que otrabalhador prestava serviço direcionado à atividade-fim da reclamada, qualseja, a distribuição de gás. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - Os honorários advocatícios têm arrimo na própriaConstituição Federal. Se é verdade que a CF/88 não retirou das partes o "JusPostulandi", também o é que a Carta Magna deslocou para a órbita do estado(art. 5º, LXXIV) - só para a dele - a obrigação de prestar assistênciajurídica gratuita aos necessitados, vedando, ainda, qualquer ingerência doestado nas agremiações sindicais (art. 8º, I). Por conseguinte, asmanifestações legislativas infra-constitucionais, em sentido contrário (CLTart. 789, § 10, com redação dada pela Lei nº 10.278/01), estão em rota decolisão com a Carta Republicana.Recursos conhecidos.Provido o do reclamante.Improvido o da reclamada.

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PROCESSO Nº: 02256/2000-008-07-00-2 TIPO: RECURSOS ORDINÁRIOSRECORRENTES: MANOEL VERCOSA NETO E OUTRORECORRIDOS: NACIONAL GAS BUTANO DISTRIBUIDORA LTDA E OUTROS

este devidas, para a garantia das obrigações previstas neste artigo".

Valentin Carrion, nos seus Comentários à CLT, discorre sobre a matéria doseguinte modo:

"Subempreitada e locação de mão-de-obra. Responsabilidade solidária etitularidade empresarial do vínculo. Terceirização. Os cinco conceitos sãodistintos, mas se entrelaçam em sua materialização concreta. Nasubempreitada, quem se comprometeu a efetuar certa obra a repassa a alguémpara que este a execute parcial ou totalmente; assim procede a empresaconstrutora de todo um edifício, quando subcontrata a carpintaria ou aeletricidade; na autêntica subempreitada, existe do lado subcontratado umempreendedor, uma empresa (mesmo informal e sem personalidade jurídica) quedesenvolve a atividade pactuada com ordens próprias, iniciativa e autonomia.Na locação de mão-de-obra e na falsa subempreitada, quem angariatrabalhadores os coloca simplesmente (ou quase) à disposição de umempresário, de quem recebem as ordens com quem se relacionam constante ediretamente, inserindo-se no meio empresarial do tomador de serviço, muitomais do que no de quem os contratou e os remunera; o locador é apenas umintermediário que se intromete entre ambos, comprometendo o relacionamentodireto entre o empregado e seu patrão natural; em seu grau extremo, quando,sem mais, apenas avilta o salário do trabalhador e lucra o intermediário(Camerlynck, "Le contrat"). É a figura do marchandage, com suascaracterísticas mais ou menos nítidas e que é proibida em vários países(França, México etc.) e até punida criminalmente (art. 43 da L. 8/80,Estatuto de los Trabajadores, da Espanha). A caracterização dessa anomaliadepende das circunstâncias: menor atuação do locador e o longo tempo dalocação, sua constância, habitualidade e exclusividade. Pode ocorrer noâmbito urbano e no rural (empreiteiros, gatos, com os "volantes" e outrasfiguras; v. art. 7°, notas 7, 9 e 10). O reconhecimento da responsabilidadesolidária ou subsidiária e a correção da titularidade empresarial da relaçãoempregatícia são as formas judiciárias de sanar o defeito; a empreitada real,não simples locação, porque o subempreiteiro, ou mesmo o empreiteiro, tematividade, apenas torna responsável o empreiteiro quando do inadimplementodas obrigações (CLT, art. 455). Nos demais casos, a sentença poderá condenarambos os empresários solidariamente: a) declarando ou não a existência devínculo empregatício com o tomador de serviço; b) conferindo ao trabalhadoros direitos mais benéficos, da categoria do tomador ou do locador, quanto àjornada de trabalho, salário normativo etc. A fundamentação legal para assimproceder está na fraude que obsta direitos laborais (CLT, art. 9°), ajustesentre empregadores que prejudicam o trabalhador (figura do grupo econômico,CLT, art. 2°, § 2°), no conceito de empregador (assume, admite, assalaria edirige a prestação pessoal de serviços; CLT, art. 2°) e nos princípios dodireito do trabalho (integração do trabalhador na empresa). Há duas situaçõesque, legalmente, estão ao amparo da suspeita de marchandage: o trabalhotemporário da L. 6.019/74 (art. 443, nota 6) e o de vigilante bancário (art.226, nota l, e L. 7.102/83). A terceirização é o ato pelo qual a empresaprodutora, mediante contrato, entrega a outra empresa certa tarefa(atividades ou serviços não incluídos nos seus fins sociais) para que esta arealize habitualmente com empregados desta; transporte, limpeza e restaurantesão exemplos típicos. Quando não fraudulenta é manifestação de modernastécnicas competitivas. A Súmula 256 do TST foi um freio à terceirização; a331, um estímulo e uma concessão à realidade. Os altos percentuais de

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PROCESSO Nº: 02256/2000-008-07-00-2 TIPO: RECURSOS ORDINÁRIOSRECORRENTES: MANOEL VERCOSA NETO E OUTRORECORRIDOS: NACIONAL GAS BUTANO DISTRIBUIDORA LTDA E OUTROS

desemprego em todo o mundo levaram inúmeros países industrializadas a reduziro protecionismo, para estimular a contratação de desempregados; parteconsiderável da doutrina brasileira sugere esse caminho como remédioinafastável. Denunciação da lide (CPC, art. 70). Responsabilidade solidária."

Então, percebe-se que é com um olhar entre atento e desconfiado, que oestudioso do Direito do Trabalho e, entre outros tantos aplicadores doDireito, os magistrados especializados, dedicam especial atenção a taisrelações terceirizadas, a fim de que, ao final, não fiquem os empregados nolimbo processual, sem ter para quem apelar.No caso dos autos, não é difícil constatar que o demandante trabalhava para arecorrente, não indiretamente na qualidade de empregado da LDB Transportes deCargas Ltda., mas diretamente subordinado à Nacional Gás Butano DistribuidoraLtda.Dito isto, afasta-se de plano qualquer irresignação da recorrente no tocantea responsabilidade subsidiária, uma vez que foi considerada empregadoradireta do reclamante.Contudo, além da inexistente condenação na responsabilidade subsidiária, ademandada também se insurgiu contra o entendimento de que a terceirização erailícita.Outra vez, razão não lhe assiste.O julgador, com aguçada sensibilidade, constatou a ilegalidade daterceirização tão protegida pela demandada, pois restou comprovado que otrabalhador prestava serviço direcionado à atividade-fim da reclamada, qualseja, a distribuição de gás. Vejamos um trecho da notável peça decisória de fls. 164/174, "in verbis":"(...)Em decorrência, tem-se que a terceirização deve alcançar apenas as atividadesnão essenciais do empreendimento da empresa cliente, não se admitindo,juridicamente, a transferência de atividades finalísticas da empresaprincipal para as contratadas. Este é, aliás, o entendimento cristalizado emtorno do Enunciado nº 331, do Sodalício Tribunal Superior do Trabalho, (...)(...)Assim, sendo esta a orientação vigente da jurisprudência pátria, a presentecontenda será solucionada à luz desse entendimento, até mesmo por questõespráticas.São quatro as situações de terceirização lícita claramente assentadas pelotexto do enunciado em comento, a saber: a) contratação de trabalhotemporário, para atender a necessidades transitórias de substituição depessoal regular e permanente da empresa tomadora ou necessidade resultante deacréscimo extraordinário de serviços dessa empresa; b) atividades devigilância; c) atividades de limpeza e conservação; e d) serviçosespecializados ligados à atividade-meio do tomador, valendo destacar que alicitude das três últimas situações está ainda condicionada à inexistência depessoalidade e subordinação direta entre o trabalhador terceirizado e otomador dos serviços.(...)Excluídas as quatro situações apontadas, não há na ordem jurídica do paíspreceito legal a dar validade trabalhista a contratos mediante os quais umapessoa física preste serviços ineventuais, onerosos, pessoais e subordinadosa outrem, sem que o tomador dos serviços responda juridicamente pela relaçãolaboral estabelecida. Não importa se a empresa terceirizante é licitamenteconstituída e patrimonialmente idônea, já que o núcleo da temática diz

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TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃOGABINETE DO JUIZ SÍLVIO DE ALBUQUERQUE MOTA

PROCESSO Nº: 02256/2000-008-07-00-2 TIPO: RECURSOS ORDINÁRIOSRECORRENTES: MANOEL VERCOSA NETO E OUTRORECORRIDOS: NACIONAL GAS BUTANO DISTRIBUIDORA LTDA E OUTROS

respeito ao vínculo de emprego e não à responsabilidade trabalhista.Na hipótese dos autos, o reclamante não foi contratado para atender anecessidade transitória de substituição de pessoal ou necessidade resultantede acréscimo extraordinário de serviços da empresa tomadora, nem tampouco foicontrato para exercer atividades de vigilância, de limpeza ou conservação,ou, ainda, para executar serviços especializados ligados à atividade-meio dotomador. Muito pelo contrário, o reclamante trabalhou em favor da tomadoraexecutando atividades essenciais ao empreendimento dessa empresa, restando,assim, evidenciada a ilicitude da terceirização.De fato, o reclamante exercia função de ajudante de motorista na distribuiçãode gás e, pela própria denominação da tomadora dos serviços, esta tem comoatividade preponderante a distribuição de gás. Logo se conclui que aatividade do reclamante estava relacionada com os objetivos da tomadora,restando, assim, configurado o vínculo empregatício com a tomadora.Ademais, ainda que assim não fosse, a convenção coletiva de trabalho, cujacópia demora às fls. 49/68, veda, em sua cláusula 41ª, a contratação deterceiros para a execução de serviços de entrega domiciliar e industrial. Talfato, por si só, levaria a aplicação do disposto no art. 9º da CLT, com oconseqüente reconhecimento da relação de emprego entre o reclamante e atomadora dos serviços."Perfilho, quanto a esta matéria, os fundamentos do "decisum" fustigado.Nada, por conseguinte, a mudar naquele prisma.

RECURSO DO RECLAMANTEO recurso da reclamante tem ressonância e encontra abrigo na jurisprudênciadesta Corte.Os honorários advocatícios têm arrimo na própria Constituição Federal. Se éverdade que a CF/88 não retirou das partes o "Jus Postulandi", também o é quea Carta Magna deslocou para a órbita do estado (art. 5º, LXXIV) - só para adele - a obrigação de prestar assistência jurídica gratuita aos necessitados,vedando, ainda, qualquer ingerência do estado nas agremiações sindicais (art.8º, I). Por conseguinte, as manifestações legislativas infra-constitucionais,em sentido contrário (CLT art. 789, § 10, com redação dada pela Lei nº10.278/01), estão em rota de colisão com a Carta Republicana.Portanto, inexistindo a Defensoria Pública da União atuando perante estaEspecializada, correta a decisão que deferiu os honorários ao causídicoassistente, uma vez que a Constituição valoriza o trabalho humano (art. 1º,III), não sendo dado, justo ao Juiz do Trabalho, impor ao profissional dodireito, labor não remunerado ou a incômoda e desarrazoada condição de sóciodo hipossuficiente na demanda. Por força do art. 11, parágrafo 1º, da Lei nº1.060/50, tal parcela é fixada em 15% (quinze por cento).

CONCLUSÃOAnte o exposto, conheço dos recursos, nego provimento ao da reclamada e douprovimento ao da reclamante para deferir os honorários à base de 15%.ANTE O EXPOSTO:ACORDAM OS JUÍZES DO TRIBUNAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por unanimidade,conhecer dos recursos e, por maioria, negar provimento ao da reclamada e darprovimento ao da reclamante para deferir os honorários à base de 15%.Vencidos a Juíza Revisora, que mantinha a sentença original, e o Juiz ManoelArízio Eduardo de Castro que excluía a Gás Butano da relação processual. Fortaleza, 12 de março de 2003

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PROCESSO Nº: 02256/2000-008-07-00-2 TIPO: RECURSOS ORDINÁRIOSRECORRENTES: MANOEL VERCOSA NETO E OUTRORECORRIDOS: NACIONAL GAS BUTANO DISTRIBUIDORA LTDA E OUTROS

SÍLVIO DE ALBUQUERQUE MOTAJuiz Relator Designado

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Proc. N.º TRT - 01285-2007-019-06-00-2 (RO)Pág. 1

PROC. N.º TRT- 01285-2007-019-06-00-2 (RO)Órgão Julgador : 2.ª TurmaDesembargadora Relatora : Josélia MoraisRecorrente : ISABELLA DA FONTE COSTA E SILVARecorridos : BANCO GMAC S.A. e OUTRO (2)Advogados : Ana Maria Souza dos Santos; e Simone

Fiúza LimaProcedência : 19.ª Vara do Trabalho do Recife (PE)

EMENTA: DANO MORAL – INDENIZAÇÃO – VALOR FIXADO– MANUTENÇÃO. Considerando os princípios darazoabilidade e proporcionalidade, a gravidade doato, o grau de culpabilidade, o dano (dor física emoral em razão da incapacidade laboral por conta daLER/DORT), o agravamento da doença, ainobservância às normas de segurança do trabalho,a finalidade pedagógica e o artigo 944 do CódigoCivil, não acolho o inconformismo da reclamante, eisque entendo que o valor fixado - R$ 30.000,00 (trintamil reais) - é compatível com o dano sofrido.

Vistos etc.

Cumpridas as formalidades legais, ISABELLA DA FONTE COSTAE SILVA recorre, ordinariamente, da sentença proferida pelo ExcelentíssimoJuiz da 19.ª Vara do Trabalho do Recife (PE), que, nos termos dafundamentação às fls. 1340/1355, julgou parcialmente procedente areclamação trabalhista por ela ajuizada em face do BANCO GMAC S.A. eOUTRO (2).

Embargos de declaração opostos pela autora, fls. 1358/1360, osquais foram julgados procedentes, em parte, conforme os fundamentos de fls.1361/1362.

Em suas razões recursais às fls. 1387/1402, a recorrente insurge-se contra a incidência da prescrição quinquenal total em relação aos pedidosde nulidade da transferência para a prestadora de serviços e de equiparaçãosalarial. Afirma, ainda, que suspendeu-se a aplicação da prescriçãoquinquenal, em face da suspensão do seu contrato de trabalho, pois estavapercebendo benefício previdenciário. Aduz que o valor arbitrado à indenizaçãopor danos morais deve ser elevado para R$ 100.000,00 (cem mil reais).

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Proc. N.º TRT - 01285-2007-019-06-00-2 (RO)Pág. 2

Contrapõe-se ao indeferimento da indenização por danos materiais,condenando-se os réus ao pagamento do plano de saúde, no valor de umapensão mensal até a autora completar 60 (sessenta) anos, e ao fornecimentode um veículo especial, o qual possibilite que portadores de LER/DOT o dirijam(automático e com pomo giratório). Assevera que os reclamados suspenderamde forma arbitrária a complementação do auxílio-previdenciário, o que violou oseu direito adquirido, eis que tal benefício havia sido incorporado ao seucontrato de trabalho. Requer que seja determinada a retificação da data desaída na sua CTPS. Por fim, pretende o deferimento da multa prevista noartigo 477 da CLT, visto que não houve o pagamento correto das suas verbasrescisórias.

Contrarrazões às fls. 1414/1428.É o relatório.

VOTO:

Da prescrição

Não prosperam as alegações da reclamante.Inicialmente cumpre destacar que não há suspensão do prazo

prescricional pelo fato de a autora receber auxílio-doença, uma vez que estahipótese não se enquadra em qualquer das causas suspensivas, impeditivasou interruptivas do prazo prescricional, previstas nos artigos 197, 198, 199, 200e 202 do Código Civil de 2002.

Transcrevo, por oportuna, a jurisprudência que segue:

“EMBARGOS. SUSPENSÃO DO CONTRATO DETRABALHO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PRESCRIÇÃOQÜINQÜENAL. TRANSCURSO NORMAL 1. A suspensão da prescrição sótem lugar se as condições fáticas impossibilitam ao titular do direito buscarem juízo a reparação pelas lesões eventualmente sofridas. Assim é paracitar o exemplo legal indicado pelo Reclamante coma pendência decondição suspensiva do contrato. Segundo o dispositivo, pendendocondição que levante a eficácia de determinado contrato, não correrácontra o titular do direito prescrição em razão das lesões que só ocorrerãose estabelecida ou restabelecida a eficácia do contrato. 2. Na espécie, aocontrário, o Reclamante, que teve suspenso o contrato de trabalho emrazão de percepção de auxílio-doença, pleiteou, após o prazo relativo àprescrição parcial, reparação por eventos ocorridos anteriormente àsuspensão . 3. Assim, está correta a C. Turma ao confirmar a prescriçãoparcial pronunciada pelo Eg. Tribunal Regional. Precedentes da C. SBDI-1.Embargos não conhecidos.” (PROC. N.º TST-E-RR-167/2002-027-12-00.4.

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Proc. N.º TRT - 01285-2007-019-06-00-2 (RO)Pág. 3

SBDI-1; DJ - 19/5/2006. Relatora: Min. MARIA CRISTINA IRIGOYENPEDUZZI).

“EMBARGOS. AUXÍLIO DOENÇA. SUSPENSÃO DOPRAZO PRESCRICIONAL. Suspenso o contrato de trabalho, em virtude deo empregado haver sido acometido de doença profissional, com percepçãode auxílio-doença, não se pode afirmar que ocorra, igualmente, asuspensão do fluxo prescricional, porque esta hipótese não estácontemplada no art. 199 do Código Civil, como causa interruptiva oususpensiva do instituto prescricional. O referido preceito legal nãocomporta interpretação extensiva ou analógica para a inclusão de outrascausas de suspensão não previstas pelo legislador ordinário, sob pena deofensa ao princípio da segurança jurídica. Embargos conhecidos eprovidos.” (PROC. N.º TST-E-RR-3319/1999-070-02-00.0. SBDI-1; DJ27/4/2007. Relator: Min. CARLOS ALBERTO REIS DE PAULA).

“AUXÍLIO-DOENÇA. SUSPENSÃO DO CONTRATO DETRABALHO INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. Salvo a hipótese de oempregado estar impossibilitado, física ou mentalmente, de ir a Juízo, oajuizamento de sua ação deve ocorrer a partir do momento em que éviolado o seu direito. Inexiste no ordenamento jurídico dispositivo queautorize conclusão diversa, segundo se depreende dos artigos 168, 169,170 e 172 do CC/1916 e 197, 198, 199 e 200 do CC/2002. Recurso deembargos não provido.” (PROC. N.º TST-E-RR-2713/2002-076-02-00.6.SBDI-1; DJ - 15/6/2007. Relator: Min. MILTON DE MOURA FRANÇA).

Alega, ainda, a recorrente que não se encontram prescritos o seupedido de nulidade da transferência do banco para a prestadora de serviçonem o pedido de equiparação salarial com o Sr. Aloísio Lopes, o qual exerceua mesma função que a reclamante até maio de 2001.

Adoto, in totum, o posicionamento do Juízo de Origem.Com efeito, entendo que o pleito da reclamante encontra-se

atingido pela prescrição quinquenal extintiva, nos moldes do preceituado naSúmula n.º 294/TST.

No caso em tela, a pretendida alteração no contrato de trabalho –transferência para a prestadora de serviço e equiparação salarial, consoanteinformado na peça exordial - teria ocorrido em maio de 2000, e a reclamantetrabalhou com o paragonado até maio de 2001. Ajuizada a reclamação em10.10.2007, os pleitos da autora encontram-se fulminados pela prescrição, oque gera a extinção dos pedidos, com julgamento do mérito.

Ora, configura-se o ato único quando, para concessão do direitopleiteado, houver necessidade de se perquirir sobre a legalidade ou não doato.

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A propósito transcrevo jurisprudência:

“Quando é um direito conhecido, sobre o qual não sequestiona, aí, são as prestações que vão prescrevendo, mas, se o direitoàs prestações decorre do direito à anulação do ato, é claro que prescrita aação em relação a este, não é possível julgar prescritas apenas asprestações, porque prescreveu a ação para o conhecimento do direito doqual decorreria o direito às prestações. Do contrário, seria admitir o efeitosem a causa. Precedentes: RR-RR 73.958, RR 94.679/9-SP, STF.Conhecido e provido.” - Transcrição de “Comentários aos Enunciados doTST” - Francisco Antonio de Oliveira, 4.ª Edição, pág. 720.

Segundo este raciocínio, quando a autora ajuizou a ação, em10.10.2007, já se havia consumado a prescrição total, em face do decurso doprazo contado da data da alteração contratual, ocorrida em maio de 2000 emaio de 2001.

Saliento que o direito pretendido pela demandante (nulidade datransferência e diferença salarial) não se encontra amparado por preceito de lei(stricto sensu).

Por fim, destaco que a Súmula 156 do TST não é aplicável aopresente caso, eis que a autora pretende o reconhecimento da nulidade datransferência e, obviamente, unicidade do contrato de trabalho, por entenderque continuou a prestar seus serviços ao banco e que a rescisão operada em1.º.5.2000 é nula.

Nada, pois, a reformar.

Do quantum da indenização por danos morais

A parte recorrente não está satisfeita com o valor da indenizaçãofixado pelo Juízo de Origem em R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Considerando os princípios da razoabilidade e proporcionalidade,a gravidade do ato, o grau de culpabilidade, o dano (dor física e moral emrazão da incapacidade laboral por conta da LER/DORT), o agravamento dadoença, a inobservância às normas de segurança do trabalho, a finalidadepedagógica e o artigo 944 do Código Civil, não acolho o inconformismo dareclamante, eis que entendo que o valor fixado - R$ 30.000,00 (trinta mil reais)- é compatível com o dano sofrido.

Esclareço que, diversamente do alegado pela reclamante, nãoforam contrariados os incisos V e X do artigo 5.º da Constituição Federal.Demais, não havendo o legislador estabelecido critério para quantificação dodano, pretendeu deixá-lo ao arbítrio do julgador, em conformidade com cadahipótese em apreciação.

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Do dano material

Afirma a reclamante que a empresa ré deve efetuar o pagamentode uma indenização para que possa adquirir um veículo com direçãohidráulica, com pomo giratório, responsabilizando-se pelo pagamento do planode saúde e o de uma pensão mensal até completar 60 (sessenta) anos.

Com parcial razão a autora.Com efeito, restou atestada a responsabilidade subjetiva dos

empregadores, em face da doença profissional, a qual gerou a procedência dopleito de indenização por danos morais.

A reclamante, apesar de apta para o trabalho, já teve alta dobenefício previdenciário, restando prejudicada a sua capacidade laboral, eisque, por conta da doença (LER/DORT), perdeu parte da força dos seus braços,o que não lhe permite ter emprego mais qualificado e, obviamente, com umsalário mais vantajoso.

O art. 7.º, XXVIII, da Constituição Federal, o qual garante umseguro contra acidentes de trabalho, não exclui o direito à indenização, quandohouver dolo ou culpa do empregador.

Por sua vez, o art. 121 da Lei n.º 8.213/91 determina, in verbis:

“O pagamento, pela Previdência Social, das prestações poracidente de trabalho não exclui a responsabilidade civil da empresa ou deoutrem.”

A matéria tem previsão nos artigos 949, 950 e 951 do CódigoCivil:

“Art. 949 - No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, oofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucroscessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que oofendido prove haver sofrido.”

“Art. 950 - Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendidonão possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua acapacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento elucros cessantes até o fim da convalescença, incluirá pensãocorrespondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou dadepreciação que ele sofreu.

Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigirque a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.”

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Proc. N.º TRT - 01285-2007-019-06-00-2 (RO)Pág. 6

“Art. 951 - O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-seainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício deatividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar amorte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo parao trabalho.”

O STF, por meio da Súmula n.º 229, determina que “aindenização acidentária não exclui a do direito comum, em caso de dolo ouculpa grave do empregador.”

A propósito, Hamid Charaf Bdine Jr., na obra “Código CivilComentado”, coordenada pelo Ministro Cezar Peluso, 2.ª edição, Ed. Manole,São Paulo, 2008, p. 371, destaca, in verbis:

“Os danos emergentes correspondem à importâncianecessária para afastar a redução patrimonial suportada pela vítima. Lucroscessantes são aqueles que ela deixou de auferir em razão doinadimplemento. Este artigo estabelece que os lucros cessantes serãorazoáveis. Com isso, pretende que eles não ultrapassem aquilo querazoavelmente se pode supor que a vítima receberia. Em contrapartida,este artigo estabelece que os danos emergentes não podem serpresumidos e devem abranger aquilo que a vítima efetivamente perdeu”.

Destaco, ainda, o ensinamento de SEBASTIÃO GERALDO DEOLIVEIRA, em sua obra “Indenização por Acidente do Trabalho ou DoençaOcupacional”, 4.ª edição, São Paulo, LTr, 2008, pág. 197:

“Além das perdas dos danos emergentes a vítima tambémpode ficar privada dos ganhos futuros, ainda que temporariamente. Paraque a reparação do prejuízo seja completa, o art. 402 do Código Civildetermina o cômputo dos lucros cessantes, considerando-se como taisaquelas parcelas cujo recebimento, dentro da razoabilidade, seria corretoesperar. Assim, como ponto de equilíbrio, não pode ser considerada a meraprobabilidade de alguma renda, nem se exige, por outro lado, certezaabsoluta dos ganhos.

O critério de razoabilidade expresso na lei indica que aapuração deverá ser norteada pelo bom senso e pela expectativa daquiloque ordinariamente acontece”

In casu, a responsabilidade da empresa ré decorre de culpa, vistoque a doença adquirida pela recorrente foi resultante do seu trabalho. Assimsendo, pelo fato de a doença ter sido adquirida em razão do labor, por falta deobservância às normas de proteção à saúde do trabalhador, deve a reclamadaindenizar a autora materialmente, de forma pecuniária.

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Destarte, considerando a responsabilidade subjetiva da empresaré, condeno a reclamada no pagamento da indenização por danos materiais, aqual arbitro em R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Da suspensão da complementação do auxílio previdenciário

Afirma a reclamante que a empresa reclamada complementou oseu auxílio previdenciário até maio de 2004, porém, de forma unilateral, sustouo pagamento. Requer, portanto, que a reclamada seja condenada nopagamento da complementação do auxílio previdenciário do período de junhode 2004 até maio de 2007.

Prosperam as alegações da demandante.Com efeito, restou incontroverso que a reclamada efetuou o

pagamento da complementação entre o valor do auxílio previdenciário e ovalor do salário da autora, durante o período de janeiro de 2002 a maio de2004.

O Juízo de Origem indeferiu o pleito, por considerar que a NormaColetiva previa o pagamento até o centésimo vigésimo dia. Fato tambémincontroverso.

Ocorre, todavia, que o direito ao pagamento da complementaçãodo auxílio previdenciário, por período bem superior ao previsto nas NormasColetivas (condição mais benéfica), passou a integrar o contrato de trabalhoda autora, e a supressão unilateral do seu pagamento viola o preceituado noart. 468 da CLT.

A autora, portanto, faz jus ao pagamento da complementação doauxílio previdenciário para o seu salário, durante o período de junho de 2004 a10.5.2007.

Da anotação da CTPS

Afirma a reclamante que deve ser determinada a retificação dadata de demissão na sua CTPS, em face do período estabilitário.

Não procede o requerimento da autora.Com efeito, a reclamante, em sua exordial, não pleiteou a

alteração da sua data de demissão. O pedido, portanto, neste momentoprocessual não pode ser deferido, eis que o mesmo foge aos limites da lide.

Da multa do artigo 477 da CLT

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Sem razão a recorrente.A multa estipulada no § 8.º do artigo 477 da CLT, aplicada em

razão da inobservância dos prazos legais para o pagamento das verbasrescisórias, configura apenação para o empregador inadimplente, desde queconstituída a obrigação de quitar parcelas rescisórias. A aplicabilidade doartigo 477 da CLT restringe-se exclusivamente à fixação de multa decorrentedo atraso no pagamento de parcelas rescisórias incontroversas.

Na hipótese dos autos, esse pagamento foi efetuado dentro dodecêndio legal (v. TRCT de fl. 205 e documento de fl. 204). As diferenças dasparcelas quitadas decorrem da sentença, objeto do recurso.

Em face do exposto, conheço do recurso e, no mérito, dou-lheprovimento parcial para deferir o pagamento da complementação do auxílioprevidenciário para o salário da autora, durante o período de junho de 2004 a10 de maio de 2007, bem como o pagamento da indenização por danosmateriais, no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Custas de R$ 800,00 (oitocentos reais), calculadas sobre R$40.000,00 (quarenta mil reais), valor arbitrado ao acréscimo à condenação.

ACORDAM os Desembargadores que integram a 2.ª Turma doTribunal Regional do Trabalho da 6.ª Região, por maioria, dar provimentoparcial ao recurso ordinário para deferir o pagamento da complementação doauxílio previdenciário para o salário da autora, durante o período de junho de2004 a 10 de maio de 2007, bem como o pagamento da indenização pordanos materiais, no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), divergindo, emparte, o Desembargador Revisor, que julgava procedentes os pleitos denulidade da cessão do contrato de emprego e de equiparação salarial, naforma reivindicada, e, no tocante à indenização por danos materiais, mantinhaa sentença guerreada por seus próprios e jurídicos fundamentos. Custas deR$ 800,00, calculadas sobre R$ 40.000,00, valor arbitrado ao acréscimo àcondenação.

Recife, 25 de novembro de 2009.

Josélia MoraisDesembargadora Relatora

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PROC. N.º TRT- 01285-2007-019-06-00-2 (RO)Órgão Julgador : 2.ª TurmaDesembargadora Relatora : Josélia MoraisRecorrente : ISABELLA DA FONTE COSTA E SILVARecorridos : BANCO GMAC S.A. e OUTRO (2)Advogados : Ana Maria Souza dos Santos; e Simone

Fiúza LimaProcedência : 19.ª Vara do Trabalho do Recife (PE)

EMENTA: DANO MORAL – INDENIZAÇÃO – VALOR FIXADO– MANUTENÇÃO. Considerando os princípios darazoabilidade e proporcionalidade, a gravidade doato, o grau de culpabilidade, o dano (dor física emoral em razão da incapacidade laboral por conta daLER/DORT), o agravamento da doença, ainobservância às normas de segurança do trabalho,a finalidade pedagógica e o artigo 944 do CódigoCivil, não acolho o inconformismo da reclamante, eisque entendo que o valor fixado - R$ 30.000,00 (trintamil reais) - é compatível com o dano sofrido.

Vistos etc.

Cumpridas as formalidades legais, ISABELLA DA FONTE COSTAE SILVA recorre, ordinariamente, da sentença proferida pelo ExcelentíssimoJuiz da 19.ª Vara do Trabalho do Recife (PE), que, nos termos dafundamentação às fls. 1340/1355, julgou parcialmente procedente areclamação trabalhista por ela ajuizada em face do BANCO GMAC S.A. eOUTRO (2).

Embargos de declaração opostos pela autora, fls. 1358/1360, osquais foram julgados procedentes, em parte, conforme os fundamentos de fls.1361/1362.

Em suas razões recursais às fls. 1387/1402, a recorrente insurge-se contra a incidência da prescrição quinquenal total em relação aos pedidosde nulidade da transferência para a prestadora de serviços e de equiparaçãosalarial. Afirma, ainda, que suspendeu-se a aplicação da prescriçãoquinquenal, em face da suspensão do seu contrato de trabalho, pois estavapercebendo benefício previdenciário. Aduz que o valor arbitrado à indenizaçãopor danos morais deve ser elevado para R$ 100.000,00 (cem mil reais).

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Contrapõe-se ao indeferimento da indenização por danos materiais,condenando-se os réus ao pagamento do plano de saúde, no valor de umapensão mensal até a autora completar 60 (sessenta) anos, e ao fornecimentode um veículo especial, o qual possibilite que portadores de LER/DOT o dirijam(automático e com pomo giratório). Assevera que os reclamados suspenderamde forma arbitrária a complementação do auxílio-previdenciário, o que violou oseu direito adquirido, eis que tal benefício havia sido incorporado ao seucontrato de trabalho. Requer que seja determinada a retificação da data desaída na sua CTPS. Por fim, pretende o deferimento da multa prevista noartigo 477 da CLT, visto que não houve o pagamento correto das suas verbasrescisórias.

Contrarrazões às fls. 1414/1428.É o relatório.

VOTO:

Da prescrição

Não prosperam as alegações da reclamante.Inicialmente cumpre destacar que não há suspensão do prazo

prescricional pelo fato de a autora receber auxílio-doença, uma vez que estahipótese não se enquadra em qualquer das causas suspensivas, impeditivasou interruptivas do prazo prescricional, previstas nos artigos 197, 198, 199, 200e 202 do Código Civil de 2002.

Transcrevo, por oportuna, a jurisprudência que segue:

“EMBARGOS. SUSPENSÃO DO CONTRATO DETRABALHO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PRESCRIÇÃOQÜINQÜENAL. TRANSCURSO NORMAL 1. A suspensão da prescrição sótem lugar se as condições fáticas impossibilitam ao titular do direito buscarem juízo a reparação pelas lesões eventualmente sofridas. Assim é paracitar o exemplo legal indicado pelo Reclamante coma pendência decondição suspensiva do contrato. Segundo o dispositivo, pendendocondição que levante a eficácia de determinado contrato, não correrácontra o titular do direito prescrição em razão das lesões que só ocorrerãose estabelecida ou restabelecida a eficácia do contrato. 2. Na espécie, aocontrário, o Reclamante, que teve suspenso o contrato de trabalho emrazão de percepção de auxílio-doença, pleiteou, após o prazo relativo àprescrição parcial, reparação por eventos ocorridos anteriormente àsuspensão . 3. Assim, está correta a C. Turma ao confirmar a prescriçãoparcial pronunciada pelo Eg. Tribunal Regional. Precedentes da C. SBDI-1.Embargos não conhecidos.” (PROC. N.º TST-E-RR-167/2002-027-12-00.4.

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Proc. N.º TRT - 01285-2007-019-06-00-2 (RO)Pág. 3

SBDI-1; DJ - 19/5/2006. Relatora: Min. MARIA CRISTINA IRIGOYENPEDUZZI).

“EMBARGOS. AUXÍLIO DOENÇA. SUSPENSÃO DOPRAZO PRESCRICIONAL. Suspenso o contrato de trabalho, em virtude deo empregado haver sido acometido de doença profissional, com percepçãode auxílio-doença, não se pode afirmar que ocorra, igualmente, asuspensão do fluxo prescricional, porque esta hipótese não estácontemplada no art. 199 do Código Civil, como causa interruptiva oususpensiva do instituto prescricional. O referido preceito legal nãocomporta interpretação extensiva ou analógica para a inclusão de outrascausas de suspensão não previstas pelo legislador ordinário, sob pena deofensa ao princípio da segurança jurídica. Embargos conhecidos eprovidos.” (PROC. N.º TST-E-RR-3319/1999-070-02-00.0. SBDI-1; DJ27/4/2007. Relator: Min. CARLOS ALBERTO REIS DE PAULA).

“AUXÍLIO-DOENÇA. SUSPENSÃO DO CONTRATO DETRABALHO INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. Salvo a hipótese de oempregado estar impossibilitado, física ou mentalmente, de ir a Juízo, oajuizamento de sua ação deve ocorrer a partir do momento em que éviolado o seu direito. Inexiste no ordenamento jurídico dispositivo queautorize conclusão diversa, segundo se depreende dos artigos 168, 169,170 e 172 do CC/1916 e 197, 198, 199 e 200 do CC/2002. Recurso deembargos não provido.” (PROC. N.º TST-E-RR-2713/2002-076-02-00.6.SBDI-1; DJ - 15/6/2007. Relator: Min. MILTON DE MOURA FRANÇA).

Alega, ainda, a recorrente que não se encontram prescritos o seupedido de nulidade da transferência do banco para a prestadora de serviçonem o pedido de equiparação salarial com o Sr. Aloísio Lopes, o qual exerceua mesma função que a reclamante até maio de 2001.

Adoto, in totum, o posicionamento do Juízo de Origem.Com efeito, entendo que o pleito da reclamante encontra-se

atingido pela prescrição quinquenal extintiva, nos moldes do preceituado naSúmula n.º 294/TST.

No caso em tela, a pretendida alteração no contrato de trabalho –transferência para a prestadora de serviço e equiparação salarial, consoanteinformado na peça exordial - teria ocorrido em maio de 2000, e a reclamantetrabalhou com o paragonado até maio de 2001. Ajuizada a reclamação em10.10.2007, os pleitos da autora encontram-se fulminados pela prescrição, oque gera a extinção dos pedidos, com julgamento do mérito.

Ora, configura-se o ato único quando, para concessão do direitopleiteado, houver necessidade de se perquirir sobre a legalidade ou não doato.

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Proc. N.º TRT - 01285-2007-019-06-00-2 (RO)Pág. 4

A propósito transcrevo jurisprudência:

“Quando é um direito conhecido, sobre o qual não sequestiona, aí, são as prestações que vão prescrevendo, mas, se o direitoàs prestações decorre do direito à anulação do ato, é claro que prescrita aação em relação a este, não é possível julgar prescritas apenas asprestações, porque prescreveu a ação para o conhecimento do direito doqual decorreria o direito às prestações. Do contrário, seria admitir o efeitosem a causa. Precedentes: RR-RR 73.958, RR 94.679/9-SP, STF.Conhecido e provido.” - Transcrição de “Comentários aos Enunciados doTST” - Francisco Antonio de Oliveira, 4.ª Edição, pág. 720.

Segundo este raciocínio, quando a autora ajuizou a ação, em10.10.2007, já se havia consumado a prescrição total, em face do decurso doprazo contado da data da alteração contratual, ocorrida em maio de 2000 emaio de 2001.

Saliento que o direito pretendido pela demandante (nulidade datransferência e diferença salarial) não se encontra amparado por preceito de lei(stricto sensu).

Por fim, destaco que a Súmula 156 do TST não é aplicável aopresente caso, eis que a autora pretende o reconhecimento da nulidade datransferência e, obviamente, unicidade do contrato de trabalho, por entenderque continuou a prestar seus serviços ao banco e que a rescisão operada em1.º.5.2000 é nula.

Nada, pois, a reformar.

Do quantum da indenização por danos morais

A parte recorrente não está satisfeita com o valor da indenizaçãofixado pelo Juízo de Origem em R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Considerando os princípios da razoabilidade e proporcionalidade,a gravidade do ato, o grau de culpabilidade, o dano (dor física e moral emrazão da incapacidade laboral por conta da LER/DORT), o agravamento dadoença, a inobservância às normas de segurança do trabalho, a finalidadepedagógica e o artigo 944 do Código Civil, não acolho o inconformismo dareclamante, eis que entendo que o valor fixado - R$ 30.000,00 (trinta mil reais)- é compatível com o dano sofrido.

Esclareço que, diversamente do alegado pela reclamante, nãoforam contrariados os incisos V e X do artigo 5.º da Constituição Federal.Demais, não havendo o legislador estabelecido critério para quantificação dodano, pretendeu deixá-lo ao arbítrio do julgador, em conformidade com cadahipótese em apreciação.

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Proc. N.º TRT - 01285-2007-019-06-00-2 (RO)Pág. 5

Do dano material

Afirma a reclamante que a empresa ré deve efetuar o pagamentode uma indenização para que possa adquirir um veículo com direçãohidráulica, com pomo giratório, responsabilizando-se pelo pagamento do planode saúde e o de uma pensão mensal até completar 60 (sessenta) anos.

Com parcial razão a autora.Com efeito, restou atestada a responsabilidade subjetiva dos

empregadores, em face da doença profissional, a qual gerou a procedência dopleito de indenização por danos morais.

A reclamante, apesar de apta para o trabalho, já teve alta dobenefício previdenciário, restando prejudicada a sua capacidade laboral, eisque, por conta da doença (LER/DORT), perdeu parte da força dos seus braços,o que não lhe permite ter emprego mais qualificado e, obviamente, com umsalário mais vantajoso.

O art. 7.º, XXVIII, da Constituição Federal, o qual garante umseguro contra acidentes de trabalho, não exclui o direito à indenização, quandohouver dolo ou culpa do empregador.

Por sua vez, o art. 121 da Lei n.º 8.213/91 determina, in verbis:

“O pagamento, pela Previdência Social, das prestações poracidente de trabalho não exclui a responsabilidade civil da empresa ou deoutrem.”

A matéria tem previsão nos artigos 949, 950 e 951 do CódigoCivil:

“Art. 949 - No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, oofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucroscessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que oofendido prove haver sofrido.”

“Art. 950 - Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendidonão possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua acapacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento elucros cessantes até o fim da convalescença, incluirá pensãocorrespondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou dadepreciação que ele sofreu.

Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigirque a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.”

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Proc. N.º TRT - 01285-2007-019-06-00-2 (RO)Pág. 6

“Art. 951 - O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-seainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício deatividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar amorte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo parao trabalho.”

O STF, por meio da Súmula n.º 229, determina que “aindenização acidentária não exclui a do direito comum, em caso de dolo ouculpa grave do empregador.”

A propósito, Hamid Charaf Bdine Jr., na obra “Código CivilComentado”, coordenada pelo Ministro Cezar Peluso, 2.ª edição, Ed. Manole,São Paulo, 2008, p. 371, destaca, in verbis:

“Os danos emergentes correspondem à importâncianecessária para afastar a redução patrimonial suportada pela vítima. Lucroscessantes são aqueles que ela deixou de auferir em razão doinadimplemento. Este artigo estabelece que os lucros cessantes serãorazoáveis. Com isso, pretende que eles não ultrapassem aquilo querazoavelmente se pode supor que a vítima receberia. Em contrapartida,este artigo estabelece que os danos emergentes não podem serpresumidos e devem abranger aquilo que a vítima efetivamente perdeu”.

Destaco, ainda, o ensinamento de SEBASTIÃO GERALDO DEOLIVEIRA, em sua obra “Indenização por Acidente do Trabalho ou DoençaOcupacional”, 4.ª edição, São Paulo, LTr, 2008, pág. 197:

“Além das perdas dos danos emergentes a vítima tambémpode ficar privada dos ganhos futuros, ainda que temporariamente. Paraque a reparação do prejuízo seja completa, o art. 402 do Código Civildetermina o cômputo dos lucros cessantes, considerando-se como taisaquelas parcelas cujo recebimento, dentro da razoabilidade, seria corretoesperar. Assim, como ponto de equilíbrio, não pode ser considerada a meraprobabilidade de alguma renda, nem se exige, por outro lado, certezaabsoluta dos ganhos.

O critério de razoabilidade expresso na lei indica que aapuração deverá ser norteada pelo bom senso e pela expectativa daquiloque ordinariamente acontece”

In casu, a responsabilidade da empresa ré decorre de culpa, vistoque a doença adquirida pela recorrente foi resultante do seu trabalho. Assimsendo, pelo fato de a doença ter sido adquirida em razão do labor, por falta deobservância às normas de proteção à saúde do trabalhador, deve a reclamadaindenizar a autora materialmente, de forma pecuniária.

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Proc. N.º TRT - 01285-2007-019-06-00-2 (RO)Pág. 7

Destarte, considerando a responsabilidade subjetiva da empresaré, condeno a reclamada no pagamento da indenização por danos materiais, aqual arbitro em R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Da suspensão da complementação do auxílio previdenciário

Afirma a reclamante que a empresa reclamada complementou oseu auxílio previdenciário até maio de 2004, porém, de forma unilateral, sustouo pagamento. Requer, portanto, que a reclamada seja condenada nopagamento da complementação do auxílio previdenciário do período de junhode 2004 até maio de 2007.

Prosperam as alegações da demandante.Com efeito, restou incontroverso que a reclamada efetuou o

pagamento da complementação entre o valor do auxílio previdenciário e ovalor do salário da autora, durante o período de janeiro de 2002 a maio de2004.

O Juízo de Origem indeferiu o pleito, por considerar que a NormaColetiva previa o pagamento até o centésimo vigésimo dia. Fato tambémincontroverso.

Ocorre, todavia, que o direito ao pagamento da complementaçãodo auxílio previdenciário, por período bem superior ao previsto nas NormasColetivas (condição mais benéfica), passou a integrar o contrato de trabalhoda autora, e a supressão unilateral do seu pagamento viola o preceituado noart. 468 da CLT.

A autora, portanto, faz jus ao pagamento da complementação doauxílio previdenciário para o seu salário, durante o período de junho de 2004 a10.5.2007.

Da anotação da CTPS

Afirma a reclamante que deve ser determinada a retificação dadata de demissão na sua CTPS, em face do período estabilitário.

Não procede o requerimento da autora.Com efeito, a reclamante, em sua exordial, não pleiteou a

alteração da sua data de demissão. O pedido, portanto, neste momentoprocessual não pode ser deferido, eis que o mesmo foge aos limites da lide.

Da multa do artigo 477 da CLT

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Proc. N.º TRT - 01285-2007-019-06-00-2 (RO)Pág. 8

Sem razão a recorrente.A multa estipulada no § 8.º do artigo 477 da CLT, aplicada em

razão da inobservância dos prazos legais para o pagamento das verbasrescisórias, configura apenação para o empregador inadimplente, desde queconstituída a obrigação de quitar parcelas rescisórias. A aplicabilidade doartigo 477 da CLT restringe-se exclusivamente à fixação de multa decorrentedo atraso no pagamento de parcelas rescisórias incontroversas.

Na hipótese dos autos, esse pagamento foi efetuado dentro dodecêndio legal (v. TRCT de fl. 205 e documento de fl. 204). As diferenças dasparcelas quitadas decorrem da sentença, objeto do recurso.

Em face do exposto, conheço do recurso e, no mérito, dou-lheprovimento parcial para deferir o pagamento da complementação do auxílioprevidenciário para o salário da autora, durante o período de junho de 2004 a10 de maio de 2007, bem como o pagamento da indenização por danosmateriais, no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Custas de R$ 800,00 (oitocentos reais), calculadas sobre R$40.000,00 (quarenta mil reais), valor arbitrado ao acréscimo à condenação.

ACORDAM os Desembargadores que integram a 2.ª Turma doTribunal Regional do Trabalho da 6.ª Região, por maioria, dar provimentoparcial ao recurso ordinário para deferir o pagamento da complementação doauxílio previdenciário para o salário da autora, durante o período de junho de2004 a 10 de maio de 2007, bem como o pagamento da indenização pordanos materiais, no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), divergindo, emparte, o Desembargador Revisor, que julgava procedentes os pleitos denulidade da cessão do contrato de emprego e de equiparação salarial, naforma reivindicada, e, no tocante à indenização por danos materiais, mantinhaa sentença guerreada por seus próprios e jurídicos fundamentos. Custas deR$ 800,00, calculadas sobre R$ 40.000,00, valor arbitrado ao acréscimo àcondenação.

Recife, 25 de novembro de 2009.

Josélia MoraisDesembargadora Relatora

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TRT SP Nº 0001001-61.2010.5.02.0463

6ª TURMAPROCESSO TRT/SP Nº 0001001-61.2010.5.02.0463RECURSO ORDINÁRIOORIGEM: 03ª VARA DO TRABALHO DE S.B. DO CAMPORECLAMANTE: CARVAJAL INFORMAÇÃO LTDA.RECLAMADO: LEDA CRISTINA PASTORELLI LOPES ADORNO

RECORRENTE: RECLAMADA

DANO MORAL – PERDA AUDITIVA - LAUDO PERICIAL – OUTRAS PROVAS PRESENTES NOS AUTOS. Ainda que a prova pericial tenha concluído pela ausência de nexo de causalidade entre a perda auditiva da autora e o trabalho realizado, a presença de diversos exames audiometricos juntados com a inicial permitem conclusão em contrário, sobretudo diante da generalidade do laudo. Recurso ordinário a que se nega provimento.

Recurso ordinário da reclamada, às fls. 151/153, em face da r. decisão de fls. 145/149, cujo relatório adoto, que julgou a reclamação parcialmente procedente.

Contra-razões da reclamante às fls. 158/160.

É o relatório.

V O T O

Pressupostos:

Conheço do recurso ordinário da reclamada, eis que tempestivo (fls.150), preparado (v. fls. 154v/155v) e assinado por quem de direito (v. fls. 129/131).

Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade legal nos termos da Lei n. 11.419/2006. Disponibilização e verificação de autenticidade no site www.trtsp.jus.br. Código do documento: 939444; data da assinatura: 26/11/2013, 02:25 PM

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RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA

Preliminar de cerceamento de defesa

Sem razão a reclamada em sua preliminar de cerceamento. O MM. Juízo a quo não impediu a produção de qualquer tipo de prova requerida pela empresa ré, tendo encerrado a instrução processual sem protestos da reclamada.

Anote-se que a não concordância da ora recorrente com relação aos fundamentos da r. decisão de primeiro grau não caracteriza o cerceamento de defesa, pois essa é matéria que diz respeito ao mérito da questão. Rejeito a preliminar.

Dano Moral

Insurge-se a reclamada contra a r. decisão de origem que, desconsiderando a conclusão do laudo pericial, lhe condenou no pagamento de indenização por dano moral em razão da perda auditiva sofrida pela reclamante. Segundo o MM. Juízo a quo, os exames acostados com a inicial são suficientes para afastar a conclusão do perito no sentido de que a perda auditiva da autora é de natureza condutiva, ou seja, decorrente de alguma forma de bloqueio que impede a passagem correta do som do ouvido externo até o ouvido interno, não tendo relação com o trabalho realizado.

Sem razão a reclamada. O exame médico admissional revela que a reclamante foi contratada sem nenhum problema auditivo, eis que foi considerada apta ao trabalho após a realização de exame audiométrico (v. fls. 14). Esse mesmo documento já revela que ela se trabalharia exposta a ruído excessivo, pois aponta a presença de risco ocupacional decorrente de níveis elevados de pressão sonora.

Não é de se surpreender, portanto, que os documentos médicos posteriores a sua admissão revelem uma progressiva e severa perda auditiva da autora. Nesse sentido, consta dos autos uma declaração de seu médico confirmando a perda auditiva em todas as freqüências sonoras, que aparenta ser decorrente de trauma acústico (v. fls. 27). As avaliações audiológicas subseqüentes confirmam essa hipótese, eis que todos os exames apontam uma perda auditiva neurosensorial severa (v. fls. 30/36 e 43/46).

Logo, entendo que a conclusão do laudo pericial de que a perda auditiva tem natureza condutiva e sem relação com o ambiente de trabalho vai em sentido contrário a todos os exames presentes nos autos, contrariando a opinião de outros cinco médicos que entenderam se tratar de perda auditiva neurosensorial sugestiva de trauma acústico.

Registro ainda que o laudo pericial foi extremamente genérico e lacônico, pois se limitou a repetir as características usuais da PAIR – perda auditiva induzida por ruído e afirmar que a perda auditiva da reclamante é de natureza condutiva, sem nexo com o trabalho. O perito deixou de fundamentar sua conclusão, não tendo tecido sequer uma única linha sobre a conclusão dos exames audiométricos de que a perda é neurosensorial, tampouco sobre o fato de a reclamante trabalhar utilizando fone em apenas um dos ouvidos, fato que

Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade legal nos termos da Lei n. 11.419/2006. Disponibilização e verificação de autenticidade no site www.trtsp.jus.br. Código do documento: 939444; data da assinatura: 26/11/2013, 02:25 PM

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TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO6ª Turma

TRT SP Nº 0001001-61.2010.5.02.0463

torna verossímil que a perda auditiva tenha sido unilateral. É de se entender que não tenha mesmo se pronunciado sobre esse ponto, já que nem mesmo se interessou em realizar vistoria no local de trabalho e auferir os níveis de ruído a que a reclamante estava submetida.

Não é demais ressaltar que a reclamada foi omissa ao deixar de acompanhar o desenvolvimento do problema auditivo da autora mediante exames periódicos e tomar providências que impedissem seu agravamento, sobretudo sabendo desde o início da relação de emprego que a função importava em risco auditivo. Não há qualquer prova nos autos de que a empresa monitorasse os níveis de ruído nos fones de ouvido ou mesmo instruísse seus empregados a alternar os ouvidos em que utilizavam esse equipamento. Portanto, mais do que caracterizada a culpa.

Diante de todas essas razões, correta a r. sentença de origem ao acolher o pleito de indenização por dano moral decorrente da perda auditiva sofrida pela reclamante, pois comprovado o dano, seu nexo de causalidade e a culpa da reclamada. Mantenho.

FACE AO EXPOSTO, ACORDAM os Magistrados da 6ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em: CONHECER do recurso ordinário da reclamada, NEGAR-LHE PROVIMENTO e MANTER íntegra a r. sentença de origem.

RICARDO APOSTÓLICO SILVAJuiz Relator

DDD

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ACÓRDÃO PROC. NU:0079300-19.2011.5.13.0008

RECURSO ORDINÁRIO

RECORRENTE: DRICOS MÓVEIS E ELETRODOMÉSTICOS LTDA

RECORRIDO: ABMAEL BEZERRA DOS SANTOS

E M E N T A: HORAS EXTRAS. CARTÕES DE PONTO. APRESENTAÇÃO EM

JUÍZO APENAS DE PARTE DO PERÍODO TRABALHADO..

PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DA JORNADA DECLINADA NA

EXORDIAL. A teor da orientação traçada na Súmula n. 338 do

TST, a não apresentação parcial ou total e injustificada dos

controles de ponto leva à presunção de veracidade da jornada

declinada na exordial. Tal presunção, juntamente com a prova oral

produzida pelo empregado, justifica a condenação ao pagamento

de horas extras e reflexos decorrentes da sobrejornada e da

inobservância do intervalo intrajornada.

Vistos etc.

Trata-se de Recurso Ordinário interposto por DRICOS MÓVEIS E

ELETRODOMÉSTICOS LTDA, por não se conformar com a decisão proferida pelo Juiz da 2ª

Vara do Trabalho de Campina Grande- PB, que julgou parcialmente procedente a

Reclamação Trabalhista ajuizada por ABMAEL BEZERRA DOS SANTOS em face da

recorrente, condenando a mesma a pagar ao reclamante horas extras e reflexos no período

de 07.07.2009 a 07.07.2010, bem como uma hora extra por dia, decorrente da não

concessão do intervalo intrajornada, no mesmo período, além dos reflexos, tudo conforme

decisão digitalizada no sequencial 009.

Irresignada, a empresa demandada interpôs Recurso Ordinário

(seq. 018). Assegura que os controles de ponto adunados aos autos registram a verdadeira

jornada de trabalho do empregado e que o depoimento frágil e de uma única testemunha é

insuficiente para ilidir o valor probante daqueles documentos.

Afirma que o reclamante não se desvencilhou satisfatoriamente do

ônus que lhe cabia, razão pela qual restam indevidas as horas extras e reflexos.

Pede que, acaso mantida a condenação ao pagamento de horas

extras, o horário inicial seja fixado às 07:30 horas, como declinado pelo autor na exordial.

ASSINADO ELETRONICAMENTE PELA JUÍZA MARGARIDA ALVES DE ARAUJO SILVA (Lei 11.419/2006)

EM 26/01/2012 13:52:43 (Hora Local) - Autenticação da Assinatura: 5AF627FD6E.6E77DE5A45.3A5C9EEDD9.476928595C

Page 84: Doc Tst Pesquisasa

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PROC. NU:0079300-19.2011.5.13.0008

Deposito recursal recolhido e custas processuais pagas

(seq. 019).

Não há contrarrazões.

A hipótese não é de intervenção obrigatória do

Ministério Público do Trabalho.

É o relatório.

V O T O

ADMISSIBILIDADE

Conheço do Recurso interposto, eis que preenchidos os

pressupostos de admissibilidade recursal.

MÉRITO

A recorrente busca, em suas razoes recursais (seq.

018), reverter a condenação ao pagamento de horas extras e reflexos, tanto

decorrentes do trabalho em sobrejornada, quanto da inobservância do intervalo

intrajornada.

Vejamos o que dizem os autos.

Segundo a inicial, o reclamante laborava das 07:20 às

20:00 horas, com intervalo de vinte minutos para refeição e descanso, de segunda

a sexta-feira e, aos sábados, das 07:20 às 15:00 horas, sem intervalo intrajornada.

Disse, ainda, que não registrava o horário efetivamente

laborado nos cartões de ponto por exigência da empresa.

Ao contestar, a reclamada negou o trabalho

extraordinário, apontando jornada nos limites legais e juntados os controles de

ponto digitalizados no sequencial 007.

Em primeiro lugar, os controles colacionados aos autos

não correspondem ao período integral de trabalho, mas apenas alguns dias, o que

faz incidir a orientação traçada na Súmula n. 338 do TST, verbis:

ASSINADO ELETRONICAMENTE PELA JUÍZA MARGARIDA ALVES DE ARAUJO SILVA (Lei 11.419/2006)

EM 26/01/2012 13:52:43 (Hora Local) - Autenticação da Assinatura: 5AF627FD6E.6E77DE5A45.3A5C9EEDD9.476928595C

Page 85: Doc Tst Pesquisasa

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PROC. NU:0079300-19.2011.5.13.0008

“JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA

PROVA. (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais

nºs 234 e 306 da SBDI-1) – Res. 129/2005 - DJ

20.04.2005

I - É ônus do empregador que conta com mais de 10

(dez) empregados o registro da jornada de trabalho na

forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação

injustificada dos controles de freqüência gera

presunção relativa de veracidade da jornada de

trabalho, a qual pode ser elidida por prova em

contrário. (ex-Súmula nº 338 - Res. 121, DJ

21.11.2003)

II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho,

ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser

elidida por prova em contrário. (ex-OJ nº 234 - Inserida

em 20.06.2001)

III - os cartões de ponto que demonstram horários de

entrada e saída uniformes são inválidos como meio de

prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas

extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo

a jornada da inicial se dele não se desincumbir. (ex- OJ

nº 306 - DJ 11.08.2003)”

Pois bem. O valor probante dos referidos controles de

ponto foram elididos também pelo depoimento da testemunha Patrícia da Silva

Laurindo, como veremos adiante:

“que trabalhou para o réu; que foi admitida pelo réu em

25/08/2009, conforme crachá da empresa apresentado

ASSINADO ELETRONICAMENTE PELA JUÍZA MARGARIDA ALVES DE ARAUJO SILVA (Lei 11.419/2006)

EM 26/01/2012 13:52:43 (Hora Local) - Autenticação da Assinatura: 5AF627FD6E.6E77DE5A45.3A5C9EEDD9.476928595C

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PROC. NU:0079300-19.2011.5.13.0008

em audiência, tendo laborado por um ano e um mês,

mas não recordando a data exata em que foi desligada

da empresa; que trabalhava como operadora de caixa

mas acumulava a função com a de crediarista; que

trabalhava das 07:00 às 19:40/ 20:00 horas, com 15 a

20 minutos de intervalo intrajornada, de segunda à

sexta-feira; que aos sábados trabalhava das 07:00 às

15:40/ 16:00 horas, até atender o último cliente que

ficava na loja; que a loja abria ao público às 08:00

horas e fechava às 18:00 horas; que chegava antes do

horário de abertura da loja em virtude de ter que

organizar o caixa, os relatórios que eram tirados nos

dias anteriores; que saía depois do horário de

fechamento da loja em virtude de ter que atender até o

último cliente bem como depois disso tirar os relatórios;

que a depoente foi treinada pelo autor; que o autor

trabalhava no mesmo horário que a depoente; que o

autor veio à cidade de Campina Grande para treinar os

trabalhadores; que registrava os horários

incorretamente, uma vez que tinha de consignar os

horários determinados pelo réu, como o horário de

entrada, que era consignado após a mesma já estar

trabalhando, os horários dos intervalos para refeições,

onde neste caso registrava a saída para o intervalo

intrajornada mas permanecia trabalhando e, ainda, com

relação ao horário de saída, eis que trincava o horário

mas permanecia trabalhando; que tal determinação era

imposta a todos os empregados, a exemplo do autor;...”

ASSINADO ELETRONICAMENTE PELA JUÍZA MARGARIDA ALVES DE ARAUJO SILVA (Lei 11.419/2006)

EM 26/01/2012 13:52:43 (Hora Local) - Autenticação da Assinatura: 5AF627FD6E.6E77DE5A45.3A5C9EEDD9.476928595C

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PROC. NU:0079300-19.2011.5.13.0008

Como se vê, o horário declinado na exordial, inclusive

no que diz respeito à inobservância do intervalo intrajornada, foi confirmada, em

linhas gerais, pela testemunha do autor.

Extrapolada a jornada legal de forma habitual, são

devidas as horas extras e reflexos, com adicional previsto na norma coletiva da

categoria adunadas aos aos autos (seq. 001).

Merece, contudo, pequeno reparo a decisão quando

fixou o início da jornada do reclamante às 07:00 horas, quando na inicial o autor

admite que começava a jornada às 07:20 horas.

Sendo assim, é de se dar provimento parcial ao

Recurso Ordinário para que as horas extras e reflexos sejam apuradas com base

na jornada das 07:20 às 19:40 horas, de segunda a sexta-feira, com intervalo

intrajornada de 20 (vinte) minutos, bem como, aos sábados, das 7:20 às 15:00,

também com o intervalo de vinte minutos.

Ante o exposto, conheço do Recurso Ordinário do

reclamante e dou-lhe provimento parcial para determinar que para fins de

apuração das horas extras, considere-se a jornada iniciada às 07:20 horas, de

segunda-feira a sábado, mantendo a sentença quanto ao mais.

ACORDA A COLENDA 1ª TURMA do Tribunal Regional

do Trabalho da 13ª Região, por unanimidade, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao

Recurso Ordinário para determinar que para fins de apuração das horas extras,

considere-se a jornada iniciada às 07:20 horas, de segunda-feira a sábado,

mantendo a sentença quanto ao mais.

João Pessoa, 19 de janeiro de 2012

MARGARIDA ALVES DE ARAÚJO SILVA

Juíza Relatora

ASSINADO ELETRONICAMENTE PELA JUÍZA MARGARIDA ALVES DE ARAUJO SILVA (Lei 11.419/2006)

EM 26/01/2012 13:52:43 (Hora Local) - Autenticação da Assinatura: 5AF627FD6E.6E77DE5A45.3A5C9EEDD9.476928595C

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PROC. NU:0079300-19.2011.5.13.0008

GDAM(MA)/amh(csm)

ASSINADO ELETRONICAMENTE PELA JUÍZA MARGARIDA ALVES DE ARAUJO SILVA (Lei 11.419/2006)

EM 26/01/2012 13:52:43 (Hora Local) - Autenticação da Assinatura: 5AF627FD6E.6E77DE5A45.3A5C9EEDD9.476928595C

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Fls._____

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ACÓRDÃO

AÇÃO/RECURSO: RECURSO ORDINÁRIO N°0001231-33.2010.5.20.0001PROCESSO Nº 0001231-33.2010.5.20.0001ORIGEM: 1ª VARA DO TRABALHO DE ARACAJUPARTES:RECORRENTE: JOSÉ ELOILSON DE CARVALHORECORRIDO: BRASCOBRA CENTER LTDA.RELATORA: DESEMBARGADORA RITA DE CÁSSIA PINHEIRO DE OLIVEIRA

EMENTA:HORAS EXTRAS. NÃO JUNTADA DATOTALIDADE DOS CARTÕES DE PONTO EHORÁRIO INVARIÁVEL. INVERSÃO DO ÔNUSPROBATÓRIO. DEFERIMENTO. Considerando-se quea empresa não colacionou os cartões de ponto de todo operíodo laboral e entre os registros juntados encontram-sealguns que contêm horário invariável, aplica-se o quepreconizam a Súmula 338, I, e OJ 306 da SDI-1, ambas doTST, prevalecendo o horário apontado na inicial.

RELATÓRIO:JOSÉ ELOILSON DE CARVALHO recorre ordinariamente (fls.

155/159), pretendendo a reforma da sentença proferida pelo Juízo da 1ª Vara deAracaju (fls. 136/152), que julgou parcialmente procedentes os pedidosformulados na reclamação trabalhista interposta em face de BRASCOBRACENTER LTDA.

Regularmente notificada, a empresa apresentou razões de contrariedadeàs fls. 161/163.

Autos à STP para inclusão em pauta de julgamento.

VOTO:

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RO 0001231-33.2010.5.20.0001DO CONHECIMENTOPresentes os pressupostos de admissibilidade, conhece-se do recurso

ordinário.

DO MÉRITODAS HORAS EXTRASO recorrente pretende a reforma da sentença quanto ao deferimento

parcial do pedido de horas extras.Aduz que houve um equívoco do julgador a quo, ao analisar o

depoimento da primeira testemunha, quando consignou sua imprestabilidadepara comprovação da jornada por trabalhar em outro Banco.

Coloca que, ao contrário do consignado no decisum, a referidatestemunha trabalhava, juntamente com ele, na recorrida, ressaltando que esta éuma empresa de recuperação de crédito para os Bancos.

Assim, defende que, quando a testemunha afirmou que laborava paraoutro Banco, se referiu à recuperação de crédito, mas o local da prestação deserviços era o mesmo do autor, tanto que consignou que laboravam no mesmohorário.

Sustenta que a segunda testemunha esclareceu se tratar de carteira decobrança e não do local da prestação do serviço, tanto assim que anotava cartãode ponto apesar de não corresponder ao real horário de serviço em vista dolabor externo, invariabilidade dos registros e juntada parcial dos mesmos.

Em exame.O juiz decidiu nos seguintes termos:“O reclamante pugna pelo pagamento das horas extras. A sua 1ª

testemunha trabalhava em outro banco, o que a impossibilitava de comprovara jornada do reclamante. A 2ª testemunha apresentada, aumentou em muito ajornada do reclamante ao afirmar que reclamante e depoente trabalhavam atéàs 21 horas. Apesar disso, a testemunha da reclamada reconheceu que emtorno de 4 vezes por mês, o reclamante excedia sua jornada em 30 minutos, emmédia, o que totaliza duas horas extras por mês. Sendo assim, procede o pedidode pagamento dessas duas horas extras, acrescidas de 50%, bem como seusreflexos no aviso prévio, férias com 1/3, 13º salário, FGTS com 40% e norepouso semanal.” (fls. 136).

O reclamante, em seu interrogatório, disse:“(...) que não havia registro de horário, que, na verdade, os registros

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RO 0001231-33.2010.5.20.0001não estavam corretos, pois o depoente trabalhava das 07:30 às 11:30 e das12:30 às 19:30, de segunda a sexta e, aos sábados, das 08:30 às 15:00, com 30minutos de intervalo; que não trabalhava em domingos e feriados.” (fls.133).

Embora a primeira testemunha ouvida em prol do autor, tenha sereportado a horário de labor coincidente, o seu depoimento perde valorprobatório quando informa que trabalhava em local diverso do reclamante,revelando não poder atestar a jornada deste. Veja que a testemunha assevera:“(...) que a depoente não trabalhava no mesmo banco que o reclamante; que adepoente trabalhava no HSBC e o reclamante no Finasa; (...)” (grifos daRelatora).

Ao contrário do que afirma o recorrente, não há como fazer crer que atestemunha estava apenas se referindo à carteira de trabalho, tampouco asegunda testemunha direciona a questão no sentido que o autor pretendeconferir, pois ao se referir ao trabalho no Bradesco, confirma que o labor sedava no Banco para o qual a firma estava prestando serviços.

Ademais, corrobora o convencimento pela prestação de serviços em localdiverso quando a primeira testemunha acrescenta: “(...) que independentementede qual o banco o reclamado trabalhasse, o horário era o mesmo (...)”.

Nessa esteira, a princípio, estaria correta a sentença que, diante daausência de comprovação do labor extraordinário pelo reclamante, baseou-senas declarações da testemunha da reclamada, reconhecendo a prestação deserviço suplementar apenas parcialmente, deferindo duas horas extras mensais,acrescidas de 50%, e reflexos.

Entretanto, considerando-se que a empresa não colacionou os cartões deponto de todo o período laboral (fls. 50/58), e entre os juntados encontram-sealguns que contêm horário britânico, tal solução não encontra ressonância najurisprudência, mormente diante do que preconizam a Súmula 338, I, e OJ 306da SDI-1, ambas do TST, in litteris:

SUM-338 JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DAPROVA

I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados oregistro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. Anão-apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunçãorelativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida porprova em contrário. (ex-Súmula nº 338 – alterada pela Res. 121/2003, DJ21.11.2003)

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RO 0001231-33.2010.5.20.0001OJ-SDI1-306 HORAS EXTRAS. ÔNUS DA PROVA. REGISTRO

INVARI-ÁVELOs cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída

invariáveis são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova,relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo ohorário da inicial se dele não se desincumbir.

Perceba-se que na contestação, fls. 22, a empresa limitou-se a dizer quenão juntou a totalidade dos cartões de ponto por questões internas da empresa,requerendo a produção de prova oral, o que não pode ser acolhido em prejuízodo reclamante, se não conseguir provar a jornada defendida.

Nesse toar, considera-se que o ônus probatório das horas extras, de iníciodo reclamante, restou invertido, de modo a se perguntar se a testemunhaapresentada pela empresa logrou livrá-la do encargo que lhe cumpria.

A resposta é negativa, pois se o julgador a quo desconsiderou o valorprobatório da testemunha do reclamante por trabalhar em local diverso, nãopoderia prevalecer medida diferente no sopesamento das informaçõesfornecidas pela testemunha da reclamada, que prestava serviços para a carteirado Itaú, considerando-se que, com essa assertiva, o labor se dava em tal local,enquanto o reclamante laborava na Finasa.

Mesmo se o julgador a quo considerasse que a referência à carteira detrabalho não significava mudança de local da prestação de serviços econtinuasse indiferente à problemática dos registros de frequência, a solução dademanda ainda caminharia pela aceitação do horário da inicial, pois, assim,valeria a assertiva da testemunha autoral, que repete a jornada da vestibular.

Porém, em que pese as digressões acerca do convencimento delineadoem primeira instância, o deslinde, realmente, pontua-se na inversão do ônus daprova diante dos fundamentos supra esposados, concernentes aos cartões deponto.

Assim, deve prevalecer o horário apontado na inicial para efeito decômputo de horas extraordinárias para os meses em que não foram juntadoscartões de ponto ou que estes contenham anotação de horário invariável,considerando-se para os demais meses, a jornada registrada e deduzindo-se osvalores pagos a tal título, conforme se constate nos contracheques juntados aosautos.

Assim, altera-se a sentença para deferir ao reclamante as horasextraordinárias e reflexos, considerando-se o horário da inicial para os meses

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RO 0001231-33.2010.5.20.0001não cobertos pelos cartões de ponto, bem como para aqueles meses em que estescontenham horário invariável, considerando-se a jornada registrada para osdemais meses e deduzindo-se os valores pagos a idêntico título, conforme seconstate nos contracheques juntados aos autos.

DAS COMISSÕESO recorrente pretende a reforma da sentença para se reconhecer

pagamento de comissões por fora, tendo em vista que as testemunhascomprovaram que havia pagamento semanal das mesmas, o que não se verificanos contracheques.

Aprecia-se.O juiz consignou:“O reclamante não comprovou o recebimento das comissões pagas “por

fora”. Desta forma, procede o pedido de reflexo das comissões pagas emcontracheques sobre o repouso semanal remunerado. Improcede o pedido depagamento das comissões do mês de outubro de 2007, vez que quitado nocontracheque do referido mês.” (fls.137).

De fato, do compulso dos autos, verifica-se que o reclamante não logroucomprovar percebimento de comissão “por fora”, não cumprindo o encargoprobatório que lhe cabia, nos termos dos artigos 818 da CLT e 333, I, do CPC.

Mantém-se a sentença.

Isto posto, conhece-se do recurso ordinário para, no mérito, dar-lheparcial provimento, alterando-se a sentença para deferir ao reclamante as horasextraordinárias e reflexos, considerando-se o horário da inicial para os mesesnão cobertos pelos cartões de ponto, bem como para aqueles meses em que estescontenham horário invariável, considerando-se a jornada registrada para osdemais meses e deduzindo-se os valores pagos a idêntico título, conforme seconstate nos contracheques juntados aos autos.

DECISÃO:Acordam os Exmos. Srs. Desembargadores e Juiz Convocado do

Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região, por unanimidade,conhecer do recurso para, no mérito, dar-lhe parcial provimento, alterando-sea sentença para deferir ao reclamante as horas extraordinárias e reflexos,considerando-se o horário da inicial para os meses não cobertos pelos cartões de

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TRT20ª Região

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PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA DO TRABALHOTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20a REGIÃO

RO 0001231-33.2010.5.20.0001ponto, bem como para aqueles meses em que estes contenham horárioinvariável, considerando-se a jornada registrada para os demais meses ededuzindo-se os valores pagos a idêntico título, conforme se constate noscontracheques juntados aos autos.///

Aracaju, 26 de maio de 2011.

Assinado DigitalmenteRITA DE CÁSSIA PINHEIRO DE OLIVEIRA

Desembargadora Relatora

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PROCESSO: 0001873-75.2010.5.01.0246 - ConPag

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Acórdão1a Turma

DAS HORAS EXTRAORDINÁRIAS.

CARTÕES DE PONTO. NÃO APRESENTAÇÃO.

Embora contando com mais de dez

empregados, não foram acostados aos

autos controles de horário, restando

inobservado o disposto no §

2º do artigo 74 da CLT, sendo incontroversa a

ausência de fiscalização da jornada por parte da

recorrente. Não se enquadrando a autora nas

hipóteses de exceção do controle da jornada,

previstas no artigo 62 da CLT, tinha a recorrente

obrigação de efetuá-lo. O registro de horário

constitui prova pré-constituída da jornada de

trabalho do empregado. Enquadrando-se o caso

na hipótese da norma supracitada, incumbe ao

empregador a prova do controle da jornada, sob

pena de se presumir verdadeira a jornada

declinada na inicial. Nos termos da Súmula nº

338, item I, do TST, é ônus do empregador que

conta com mais de 10 (dez) empregados o

registro da jornada de trabalho, na forma do

artigo 74, § 2º, da CLT, do qual não se

desincumbiu.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Recurso

Ordinário, onde figura como recorrente CASAS GUANABARA COMESTÍVEIS

LTDA e, como recorrida, ALINE PANDOLFI BARBOSA.

Trata-se de recurso ordinário interposto pela consignante/reconvinda

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PROCESSO: 0001873-75.2010.5.01.0246 - ConPag

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às fls.61/64, objetivando a reforma da sentença de fls.51/55, complementada pela

decisão de fls.59, proferidas pela MM. 6ª Vara do Trabalho de Niterói, da lavra da

ilustre Juiz Ronaldo Callado, que julgou improcedente o pedido contido na ação de

consignação e pagamento e procedente em parte os pedidos formulados na

reconvenção.

A autora/reconvinda sustenta que merece reforma a decisão de origem

na parte em que deferiu o pagamento de horas extras e reflexos à reclamante.

Afirma que a autora não comprovou a extrapolação da jornada e, assim, não se

desincumbiu do ônus da prova que lhe incumbia.

Depósito recursal e custas recolhidos e comprovados às fls.65/66139.

Contrarrazões da consignatária/reconvinte às fls.6970, sem

preliminares e, no mérito, protestando pela manutenção da sentença.

É o relatório.

V O T O

DO CONHECIMENTO

Conheço do recurso ordinário interposto pela reclamada, por atendidos

os pressupostos objetivos de admissibilidade.

DO MÉRITO

DAS HORAS EXTRAORDINÁRIAS E REFLEXOS.

Investe a recorrente contra a decisão de origem, no tocante a sua

condenação ao pagamento de horas extras e reflexos.

Sustenta que não comprovou a empregada/reconvinte o trabalho

extraordinário, razão porque entende descabida a sua condenação em horas extras

e reflexos já que não se desincumbiu do encargo probatório.

A reclamante alega em sua reconvenção (fls.26/30) que sempre

trabalhou de segunda a sábado das 15h30 às 00h, com trinta minutos de intervalo e

aos domingos das 15h às 00h sem intervalo fazendo jus, portanto, as horas

extraordinárias. A ré em sua defesa (fls.37/49) nega a jornada apontada na inicial e

afirma que a autora não trabalhava nos domingos e feriados e, excepcionalmente,

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PROCESSO: 0001873-75.2010.5.01.0246 - ConPag

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caso trabalhasse nesses dias compensava na semana subsequente recebendo,

ainda, o pagamento das horas extras do dia traballhado. Destacou a ré que o

intervalo intrajornada também sempre foi respeitado.

O princípio de que a prova deve ser produzida por quem alega o fato

constitutivo de seu direito vem sendo excepcionado no processo do trabalho, quando

encontra-se em discussão jornada de trabalho, notadamente prestação de horas

extraordinárias, vez que, tendo a empresa mais de dez empregados, por obriga ção

legal (artigo 74 e parágrafos, da Consolidação das Leis do Trabalho), deverá manter

registro, mecânico ou não, da entrada e saída dos seus empregados, diariamente no

local de prestação de serviços. E, em sendo os registros idôneo s e espelhando a

real jornada de trabalho cumprida pelo empregado, bastará sua juntada aos autos,

não só para refutar a pretensão da reclamante quanto às horas extraordinárias

pleiteadas, mas, também, para corroborar a jornada declinada na defesa em

substituição àquela apontada na inicial, independente de requerimento judicial.

Ressalte-se que este entendimento já encontra-se abalizado pela

Jurisprudência: “Empresa com mais de dez empregados deverá produzir prova

documental, juntando os documentos com a defesa. Essa é uma obrigação prevista

em lei, de cunho obrigatório e não facultativo” (TRT-2ª Reg., 3ª Turma, RO-

02900210679, Rel. Juiz Antonio de Oliveira, DJSP 01/09/92).

Outrossim, tendo a reclamada negado o horário de trabalho apontado

na inicial e não tendo juntado aos autos, a integralidade dos controles de freqüência

da reclamante, referente a todo o período contratual, que ela deveria possuir, tem-

se que aplicável à reclamada da pena prevista no artigo 359, do Código de Processo

Civil e, conseqüentemente, do reconhecimento do pagamento das horas

extraordinárias, conforme inteligência do disposto na Súmula nº 338, do Colendo

Tribunal Superior do Trabalho.

Registre-se que ainda que a autora tivesse em sua peça de ingresso

impugnado os cartões de ponto (o que sequer aconteceu na hipótese dos autos) tal

fato não afastaria a obrigação da ré de juntar tais documentos.

Ademais, como bem destacado na sentença, a ré não só não juntou os

controles como também sequer tentou comprovar a jornada declinada na defesa por

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PROCESSO: 0001873-75.2010.5.01.0246 - ConPag

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outro meio de prova.

Não se enquadrando a autora nas hipóteses de exceção do controle da

jornada, previstas no artigo 62 da CLT, tinha a recorrente obriga ção de efetuá-lo. O

registro de horário constitui prova pré-constituída da jornada de trabalho do

empregado. Enquadrando-se o caso na hipótese da norma supracitada, incumbe ao

empregador a prova do controle da jornada, sob pena de se presumir verdadeira a

jornada declinada na inicial. Nos termos da Súmula nº 338, item I, do TST, é ônus do

empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de

trabalho, na forma do artigo 74, § 2º, da CLT, do qual não se desincumbiu.

Diante da habitualidade na prestação de horas extras faz jus a autora a

integração no seu salário para efeito de cálculo do repouso semanal remunerado

(Súmula 172, do TST), 13º salários (Súmula 45, do TST), férias acrescidas de 1/3

(parágrafo 5°, do artigo 142, da CLT), FGTS acrescidos de 40% (quarenta por

cento).

Assim, diante dos elementos dos autos escorreita a sentença que

considerou verdadeira a jornada apontada na inicial autorizando, inclusive, a

dedução das parcelas pagas sob os mesmos títulos a fim de evitar o enriquecimento

sem causa.

Nego provimento.

A C O R D A M os Desembargadores que compõem a Primeira Turma

do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região, por unanimidade, conhecer

do recurso interposto pela reclamada e, no mérito, negar-lhe provimento para,

de acordo com a fundamentação, manter íntegra a decisão recorrida.

Rio de Janeiro, 21 de Março de 2012.

Desembargadora Federal do Trabalho Mery Bucker CaminhaRelatora

apb/lmv

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Acórdão1a Turma

DAS HORAS EXTRAORDINÁRIAS.

CARTÕES DE PONTO. NÃO APRESENTAÇÃO.

Embora contando com mais de dez

empregados, não foram acostados aos

autos controles de horário, restando

inobservado o disposto no §

2º do artigo 74 da CLT, sendo incontroversa a

ausência de fiscalização da jornada por parte da

recorrente. Não se enquadrando a autora nas

hipóteses de exceção do controle da jornada,

previstas no artigo 62 da CLT, tinha a recorrente

obrigação de efetuá-lo. O registro de horário

constitui prova pré-constituída da jornada de

trabalho do empregado. Enquadrando-se o caso

na hipótese da norma supracitada, incumbe ao

empregador a prova do controle da jornada, sob

pena de se presumir verdadeira a jornada

declinada na inicial. Nos termos da Súmula nº

338, item I, do TST, é ônus do empregador que

conta com mais de 10 (dez) empregados o

registro da jornada de trabalho, na forma do

artigo 74, § 2º, da CLT, do qual não se

desincumbiu.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Recurso

Ordinário, onde figura como recorrente CASAS GUANABARA COMESTÍVEIS

LTDA e, como recorrida, ALINE PANDOLFI BARBOSA.

Trata-se de recurso ordinário interposto pela consignante/reconvinda

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PROCESSO: 0001873-75.2010.5.01.0246 - ConPag

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às fls.61/64, objetivando a reforma da sentença de fls.51/55, complementada pela

decisão de fls.59, proferidas pela MM. 6ª Vara do Trabalho de Niterói, da lavra da

ilustre Juiz Ronaldo Callado, que julgou improcedente o pedido contido na ação de

consignação e pagamento e procedente em parte os pedidos formulados na

reconvenção.

A autora/reconvinda sustenta que merece reforma a decisão de origem

na parte em que deferiu o pagamento de horas extras e reflexos à reclamante.

Afirma que a autora não comprovou a extrapolação da jornada e, assim, não se

desincumbiu do ônus da prova que lhe incumbia.

Depósito recursal e custas recolhidos e comprovados às fls.65/66139.

Contrarrazões da consignatária/reconvinte às fls.6970, sem

preliminares e, no mérito, protestando pela manutenção da sentença.

É o relatório.

V O T O

DO CONHECIMENTO

Conheço do recurso ordinário interposto pela reclamada, por atendidos

os pressupostos objetivos de admissibilidade.

DO MÉRITO

DAS HORAS EXTRAORDINÁRIAS E REFLEXOS.

Investe a recorrente contra a decisão de origem, no tocante a sua

condenação ao pagamento de horas extras e reflexos.

Sustenta que não comprovou a empregada/reconvinte o trabalho

extraordinário, razão porque entende descabida a sua condenação em horas extras

e reflexos já que não se desincumbiu do encargo probatório.

A reclamante alega em sua reconvenção (fls.26/30) que sempre

trabalhou de segunda a sábado das 15h30 às 00h, com trinta minutos de intervalo e

aos domingos das 15h às 00h sem intervalo fazendo jus, portanto, as horas

extraordinárias. A ré em sua defesa (fls.37/49) nega a jornada apontada na inicial e

afirma que a autora não trabalhava nos domingos e feriados e, excepcionalmente,

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PODER JUDICIÁRIO FEDERALJUSTIÇA DO TRABALHOTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃOGab Des Mery Bucker CaminhaAv. Presidente Antonio Carlos,251 6o andar - Gab.49Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJ

PROCESSO: 0001873-75.2010.5.01.0246 - ConPag

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caso trabalhasse nesses dias compensava na semana subsequente recebendo,

ainda, o pagamento das horas extras do dia traballhado. Destacou a ré que o

intervalo intrajornada também sempre foi respeitado.

O princípio de que a prova deve ser produzida por quem alega o fato

constitutivo de seu direito vem sendo excepcionado no processo do trabalho, quando

encontra-se em discussão jornada de trabalho, notadamente prestação de horas

extraordinárias, vez que, tendo a empresa mais de dez empregados, por obriga ção

legal (artigo 74 e parágrafos, da Consolidação das Leis do Trabalho), deverá manter

registro, mecânico ou não, da entrada e saída dos seus empregados, diariamente no

local de prestação de serviços. E, em sendo os registros idôneo s e espelhando a

real jornada de trabalho cumprida pelo empregado, bastará sua juntada aos autos,

não só para refutar a pretensão da reclamante quanto às horas extraordinárias

pleiteadas, mas, também, para corroborar a jornada declinada na defesa em

substituição àquela apontada na inicial, independente de requerimento judicial.

Ressalte-se que este entendimento já encontra-se abalizado pela

Jurisprudência: “Empresa com mais de dez empregados deverá produzir prova

documental, juntando os documentos com a defesa. Essa é uma obrigação prevista

em lei, de cunho obrigatório e não facultativo” (TRT-2ª Reg., 3ª Turma, RO-

02900210679, Rel. Juiz Antonio de Oliveira, DJSP 01/09/92).

Outrossim, tendo a reclamada negado o horário de trabalho apontado

na inicial e não tendo juntado aos autos, a integralidade dos controles de freqüência

da reclamante, referente a todo o período contratual, que ela deveria possuir, tem-

se que aplicável à reclamada da pena prevista no artigo 359, do Código de Processo

Civil e, conseqüentemente, do reconhecimento do pagamento das horas

extraordinárias, conforme inteligência do disposto na Súmula nº 338, do Colendo

Tribunal Superior do Trabalho.

Registre-se que ainda que a autora tivesse em sua peça de ingresso

impugnado os cartões de ponto (o que sequer aconteceu na hipótese dos autos) tal

fato não afastaria a obrigação da ré de juntar tais documentos.

Ademais, como bem destacado na sentença, a ré não só não juntou os

controles como também sequer tentou comprovar a jornada declinada na defesa por

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outro meio de prova.

Não se enquadrando a autora nas hipóteses de exceção do controle da

jornada, previstas no artigo 62 da CLT, tinha a recorrente obriga ção de efetuá-lo. O

registro de horário constitui prova pré-constituída da jornada de trabalho do

empregado. Enquadrando-se o caso na hipótese da norma supracitada, incumbe ao

empregador a prova do controle da jornada, sob pena de se presumir verdadeira a

jornada declinada na inicial. Nos termos da Súmula nº 338, item I, do TST, é ônus do

empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de

trabalho, na forma do artigo 74, § 2º, da CLT, do qual não se desincumbiu.

Diante da habitualidade na prestação de horas extras faz jus a autora a

integração no seu salário para efeito de cálculo do repouso semanal remunerado

(Súmula 172, do TST), 13º salários (Súmula 45, do TST), férias acrescidas de 1/3

(parágrafo 5°, do artigo 142, da CLT), FGTS acrescidos de 40% (quarenta por

cento).

Assim, diante dos elementos dos autos escorreita a sentença que

considerou verdadeira a jornada apontada na inicial autorizando, inclusive, a

dedução das parcelas pagas sob os mesmos títulos a fim de evitar o enriquecimento

sem causa.

Nego provimento.

A C O R D A M os Desembargadores que compõem a Primeira Turma

do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região, por unanimidade, conhecer

do recurso interposto pela reclamada e, no mérito, negar-lhe provimento para,

de acordo com a fundamentação, manter íntegra a decisão recorrida.

Rio de Janeiro, 21 de Março de 2012.

Desembargadora Federal do Trabalho Mery Bucker CaminhaRelatora

apb/lmv

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Acórdão1a Turma

DAS HORAS EXTRAORDINÁRIAS. CARTÕES

DE PONTO. NÃO APRESENTAÇÃO. Embora

contando com mais de dez empregados, não

foram acostados aos autos controles de

horário, restando inobservado o disposto no §

2º do artigo 74 da CLT, sendo incontroversa a

ausência de fiscalização da jornada por parte da

recorrente. Não se enquadrando a autora nas

hipóteses de exceção do controle da jornada,

previstas no artigo 62 da CLT, tinha a recorrente

obrigação de efetuá-lo. O registro de horário

constitui prova pré-constituída da jornada de

trabalho do empregado. Enquadrando-se o caso

na hipótese da norma supracitada, incumbe ao

empregador a prova do controle da jornada, sob

pena de se presumir verdadeira a jornada

declinada na inicial. Nos termos da Súmula nº

338, item I, do TST, é ônus do empregador que

conta com mais de 10 (dez) empregados o

registro da jornada de trabalho, na forma do

artigo 74, § 2º, da CLT, do qual não se

desincumbiu.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Recurso

Ordinário, onde figura como recorrente CASAS GUANABARA COMESTÍVEIS

LTDA e, como recorrida, ALINE PANDOLFI BARBOSA.

Trata-se de recurso ordinário interposto pela consignante/reconvinda

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PROCESSO: 0001873-75.2010.5.01.0246 - ConPag

às fls.61/64, objetivando a reforma da sentença de fls.51/55, complementada pela

decisão de fls.59, proferidas pela MM. 6ª Vara do Trabalho de Niterói, da lavra da

ilustre Juiz Ronaldo Callado, que julgou improcedente o pedido contido na ação de

consignação e pagamento e procedente em parte os pedidos formulados na

reconvenção.

A autora/reconvinda sustenta que merece reforma a decisão de origem

na parte em que deferiu o pagamento de horas extras e reflexos à reclamante.

Afirma que a autora não comprovou a extrapolação da jornada e, assim, não se

desincumbiu do ônus da prova que lhe incumbia.

Depósito recursal e custas recolhidos e comprovados às fls.65/66139.

Contrarrazões da consignatária/reconvinte às fls.6970, sem

preliminares e, no mérito, protestando pela manutenção da sentença.

É o relatório.

V O T O

DO CONHECIMENTO

Conheço do recurso ordinário interposto pela reclamada, por atendidos

os pressupostos objetivos de admissibilidade.

DO M É RITO

DAS HORAS EXTRAORDIN Á RIAS E REFLEXOS.

Investe a recorrente contra a decisão de origem, no tocante a sua

condenação ao pagamento de horas extras e reflexos.

Sustenta que não comprovou a empregada/reconvinte o trabalho

extraordinário, razão porque entende descabida a sua condenação em horas extras

e reflexos já que não se desincumbiu do encargo probatório.

A reclamante alega em sua reconvenção (fls.26/30) que sempre

trabalhou de segunda a sábado das 15h30 às 00h, com trinta minutos de intervalo e

aos domingos das 15h às 00h sem intervalo fazendo jus, portanto, as horas

extraordinárias. A ré em sua defesa (fls.37/49) nega a jornada apontada na inicial e

afirma que a autora não trabalhava nos domingos e feriados e, excepcionalmente,

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PROCESSO: 0001873-75.2010.5.01.0246 - ConPag

caso trabalhasse nesses dias compensava na semana subsequente recebendo,

ainda, o pagamento das horas extras do dia traballhado. Destacou a ré que o

intervalo intrajornada também sempre foi respeitado.

O princípio de que a prova deve ser produzida por quem alega o fato

constitutivo de seu direito vem sendo excepcionado no processo do trabalho, quando

encontra-se em discussão jornada de trabalho, notadamente prestação de horas

extraordinárias, vez que, tendo a empresa mais de dez empregados, por obrigação

legal (artigo 74 e parágrafos, da Consolidação das Leis do Trabalho), deverá manter

registro, mecânico ou não, da entrada e saída dos seus empregados, diariamente no

local de prestação de serviços. E, em sendo os registros idôneo s e espelhando a

real jornada de trabalho cumprida pelo empregado, bastará sua juntada aos autos,

não só para refutar a pretensão da reclamante quanto às horas extraordinárias

pleiteadas, mas, também, para corroborar a jornada declinada na defesa em

substituição àquela apontada na inicial, independente de requerimento judicial.

Ressalte-se que este entendimento já encontra-se abalizado pela

Jurisprudência: “Empresa com mais de dez empregados deverá produzir prova

documental, juntando os documentos com a defesa. Essa é uma obrigação prevista

em lei, de cunho obrigatório e não facultativo” (TRT-2ª Reg., 3ª Turma, RO-

02900210679, Rel. Juiz Antonio de Oliveira, DJSP 01/09/92).

Outrossim, tendo a reclamada negado o horário de trabalho apontado

na inicial e não tendo juntado aos autos, a integralidade dos controles de freqüência

da reclamante, referente a todo o período contratual, que ela deveria possuir, tem-

se que aplicável à reclamada da pena prevista no artigo 359, do Código de Processo

Civil e, conseqüentemente, do reconhecimento do pagamento das horas

extraordinárias, conforme inteligência do disposto na Súmula nº 338, do Colendo

Tribunal Superior do Trabalho.

Registre-se que ainda que a autora tivesse em sua peça de ingresso

impugnado os cartões de ponto (o que sequer aconteceu na hipótese dos autos) tal

fato não afastaria a obrigação da ré de juntar tais documentos.

Ademais, como bem destacado na sentença, a ré não só não juntou os

controles como também sequer tentou comprovar a jornada declinada na defesa por

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PROCESSO: 0001873-75.2010.5.01.0246 - ConPag

outro meio de prova.

Não se enquadrando a autora nas hipóteses de exceção do controle da

jornada, previstas no artigo 62 da CLT, tinha a recorrente obrigação de efetuá-lo. O

registro de horário constitui prova pré-constituída da jornada de trabalho do

empregado. Enquadrando-se o caso na hipótese da norma supracitada, incumbe ao

empregador a prova do controle da jornada, sob pena de se presumir verdadeira a

jornada declinada na inicial. Nos termos da Súmula nº 338, item I, do TST, é ônus do

empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de

trabalho, na forma do artigo 74, § 2º, da CLT, do qual não se desincumbiu.

Diante da habitualidade na prestação de horas extras faz jus a autora a

integração no seu salário para efeito de cálculo do repouso semanal remunerado

(Súmula 172, do TST), 13º salários (Súmula 45, do TST), férias acrescidas de 1/3

(parágrafo 5°, do artigo 142, da CLT), FGTS acrescidos de 40% (quarenta por

cento).

Assim, diante dos elementos dos autos escorreita a sentença que

considerou verdadeira a jornada apontada na inicial autorizando, inclusive, a

dedução das parcelas pagas sob os mesmos títulos a fim de evitar o enriquecimento

sem causa.

Nego provimento.

A C O R D A M os Desembargadores que compõem a Primeira Turma

do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região, por unanimidade, conhecer

do recurso interposto pela reclamada e, no mérito, negar-lhe provimento para,

de acordo com a fundamentação, manter íntegra a decisão recorrida.

Rio de Janeiro, 21 de Março de 2012.

Desembargadora Federal do Trabalho Mery Bucker CaminhaRelatora

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Page 107: Doc Tst Pesquisasa

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃO

PROCESSO: 00268.2009.004.14.00-7CLASSE: RECURSO ORDINÁRIOÓRGÃO JULGADOR: 1ª TURMA ORIGEM: 4ª VARA DO TRABALHO DE PORTO VELHO - RORECORRENTE: EMBRACE – EMPRESA BRASIL CENTRAL DE ENGENHARIA

LTDAADVOGADOS: ELIANE OLIVEIRA DE PLATON AZEVEDO E OUTROS1º RECORRIDO: PEDRO GONÇALVES DA SILVAADVOGADOS: LUIZ ZILDEMAR SOARES E OUTRO2ª RECORRIDA: MADEIRA ENERGIA S/A - MESAADVOGADOS: LUCIANA SALES NASCIMENTO E OUTROSRELATOR: DESEMBARGADOR VULMAR DE ARAÚJO COÊLHO JUNIORREVISOR: JUIZ CONVOCADO SHIKOU SAKAHIRO

DEFESA. IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DOS FATOS. PRINCÍPIO DA CONTESTAÇÃO ESPECÍFICA. A defesa em face de uma reclamatória trabalhista segue um princípio fundamental que está disciplinado no art. 302 do CPC, qual seja, o da contestação específica, ou, como chamado por outros, impugnação específica dos fatos. Assim, não é permitida a contestação genérica ou por negação geral, cabendo ao reclamado impugnar um a um os fatos narrados pelo autor. Dessarte, os fatos não impugnados são presumidos verdadeiros.

1 RELATÓRIO

Trata-se de recurso ordinário, às fls. 182/186, da EMBRACE – EMPRESA BRASIL CENTRAL DE ENGENHARIA LTDA, ora recorrente, em face da sentença de fls. 166/177, em que o magistrado de primeira instância julgou parcialmente procedentes os pedidos contidos na inicial de fls. 03/09.

Em suas razões recursais, a EMBRACE pede a exclusão da condenação em horas extras e reflexos.

A sociedade empresarial MADEIRA ENERGIA S/A – MESA apresentou contrarrazões às fls. 197/203, pugnando pelo provimento do apelo de fls. 182/186.

F 291 v

Page 108: Doc Tst Pesquisasa

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃOPROCESSO 00268.2009.004.14.00-7

2

O reclamante, apesar de devidamente cientificado da interposição do apelo de fls. 182/186, conforme certidão à fl. 196, deixou transcorrer in albis o prazo para oferecer suas contrarrazões, segundo certidão à fl. 205.

Inexigível a remessa dos presentes autos à Procuradoria Regional do Trabalho, em conformidade com o art. 89 do Regimento Interno deste Tribunal.

2 FUNDAMENTOS

2.1 DO CONHECIMENTO

O recurso é tempestivo, considerando que a EMBRACE, ora recorrente, ficou ciente da sentença de fls. 166/177 no dia 28.04.2009 (terça-feira), conforme certidão à fl. 180, e interpôs o presente apelo em 30.04.2009 (quinta-feira), segundo autenticação mecânica à fl. 182, dentro, portanto, do prazo legal.

A representação processual encontra-se regular, conforme instrumento de mandato de fl. 188.

Custas processuais e depósito recursal em documentos legíveis e em ordem, respetivamente às fls. 192 e 190.

As contrarrazões de fls. 197/203 também são tempestivas, pois a sociedade empresarial Madeira Energia S/A - MESA foi cientificada da interposição do recurso ordinário de fls. 182/186 no dia 08.05.2009 (sexta-feira), conforme certificado à fl. 196, e apresentou sua petição em 18.05.2009 (segunda-feira), segundo autenticação mecânica à fl. 197, logo, em respeito ao art. 900 da CLT.

Assim, preenchidos os pressupostos extrínsecos e intrínsecos, conheço do presente recurso ordinário e das contrarrazões de fls. 197/203.

Page 109: Doc Tst Pesquisasa

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃOPROCESSO 00268.2009.004.14.00-7

3

2.2 MÉRITO

2.2.1 DAS HORAS EXTRAS E REFLEXOS

Insurge-se a sociedade empresária EMBRACE – EMPRESA BRASIL CENTRAL DE ENGENHARIA LTDA em face da sua condenação em horas extras e reflexos, alegando que “ao contrário do que concluiu o v. Julgado, o Autor não elencou dentre suas pretensões a condenação da Reclamada no pagamento de horas extras e reflexos” (ipsis litteris – fl. 184).

Argumenta, ainda, que “não veio aos autos qualquer indício de prova de que a Reclamada contasse com mais de dez empregados na obra até mesmo porque a matéria em debate diz respeito à contratação de um empreiteiro” (ipsis litteris – fl. 185).

Pelo exposto, pede a exclusão da condenação em horas extras e reflexos.

Com parcial razão, conforme se verá a seguir.

Em relação à alegação de que o trabalhador não fez pedido específico de condenação em horas extras, entendo que improspera a insurgência patronal, pois há pleito claro na inicial de fls. 03/09, obedecendo-se ao contido no art. 840, §1º, da CLT, senão vejamos (fl. 04):

O Reclamante tinha como horário de trabalho diário de trabalho das 06:30 as 11:30 e das 12:30 as 18:00 horas de Segunda a Sexta-feira e aos sábados das 06:30 as 11:30 horas.

(...)

Desta forma, as Reclamadas devem ser condenadas a pagar ao Reclamante 03 horas e 40 minutos de horas extras diárias de segunda a sexta-feira e de uma hora aos sábados durante todo o período laborado com reflexos nas demais verbas legais. (sublinhei)

De mais a mais, entendo que a condenação das reclamadas em relação às horas extras e reflexos deve ser mantida, contudo, por fundamentos diversos dos expostos na sentença de fls. 166/177.

Page 110: Doc Tst Pesquisasa

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃOPROCESSO 00268.2009.004.14.00-7

4

Ocorre que, in casu, não deve ser aplicado o disposto na Súmula 338 do c. TST porque os documentos de fls. 42/46 indicam que a EMBRACE possui mais de 10 (dez) trabalhadores, sendo que o entendimento jurisprudencial exige a condição de empregados a tais obreiros.

Atente-se que não há prova nos presentes autos de que as pessoas mencionadas às fls. 42/46 mantêm vinculo de natureza empregatícia com a EMBRACE. Afinal, em análise à cláusula segunda do contrato social da sociedade empresária, denota-se que a mesma estabelece diversos contratos de empreitada e prestação de serviço.

Apesar disso, verifico das defesas de fls. 20/26 e 48/61 que as reclamadas não contestaram o pedido obreiro de condenação em horas extras.

Ora, é consabido que a defesa em face de uma reclamatória trabalhista segue um princípio fundamental que está descrito no art. 302 do CPC, qual seja, o da contestação específica, ou, como chamado por outros, impugnação específica dos fatos.

Assim, não é permitida a contestação genérica ou por negação geral. Cabe ao reclamado impugnar um a um os fatos narrados pelo autor. Dessarte, os fatos não impugnados são presumidos verdadeiros.

É claro que a presunção enunciada é relativa, mas, compulsando os presentes autos, não vejo qualquer produção probatória que elida tal reconhecimento.

Em verdade, faltou diligência às reclamadas, pois a reclamatória trabalhista, diferentemente das petições dirigidas pelo direito processual comum, não obriga ao obedecimento de um formalismo especial, pois, nos termos do art. 840, §1º, exige-se uma “breve exposição dos fatos”.

Diante desse quadro, entendo que merece ser mantida a condenação da empregadora em horas, exceto quanto à jornada de trabalho, pois, em audiência, o reclamante contradisse o narrado

Page 111: Doc Tst Pesquisasa

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃOPROCESSO 00268.2009.004.14.00-7

5

na inicial, senão vejamos (fl. 17-verso):

(...) que trabalhava diariamente, inclusive aos domingos; que ia trabalhar de bicicleta; que tinha que começar as 07h e largar às 17h; que não tinha registro de ponto(...) (sublinhei)

Portanto, dou parcial provimento ao recurso ordinário, a fim de, mantendo a condenação das reclamadas em horas extras e reflexos, porem pelos fundamentos aqui expostos, declarar que o início da jornada de trabalho do autor, de segunda a sexta-feira, se iniciava às 7h, e o término às 17h. Com relação ao horário de trabalho aos sábados, entendo irretocável a decisão singular neste aspecto.

2.3 CONCLUSÃO

Dessa forma, conheço do recurso ordinário. No mérito, dou-lhe parcial provimento, a fim de, mantendo a condenação das reclamadas em horas extras e reflexos – mas pelos fundamentos aqui expostos -, declarar que o início da jornada de trabalho do autor, de segunda a sexta-feira, se iniciava às 7h, e o término às 17h. Com relação ao horário de trabalho aos sábados, entendo irretocável a decisão singular neste aspecto.

3 DECISÃO

ACORDAM os Magistrados da 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região, à unanimidade, conhecer do recurso ordinário. No mérito, dar-lhe parcial provimento, nos termos do voto do Desembargador Relator. Sessão de julgamento realizada no dia 26 de junho de 2009.

Porto Velho-RO, 26/06/2009.

VULMAR DE ARAÚJO COÊLHO JUNIORDESEMBARGADOR RELATOR

Page 112: Doc Tst Pesquisasa

PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA DO TRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 16ª REGIÃO

CONSULTA JURISPRUDENCIAL - INTEIRO TEOR

NUMERO ÚNICO: 00187-2010-009-16-00-1-RORECORRENTE: SOCIEDADE EDUCACIONAL CAXIENSE S/C LTDA.Adv.:Dr(s). ANDREA MARQUES MARANHÃORECORRIDO: MARCUS PABLO MOURA PARENTEAdv.:Dr(s). EDSON PEREIRA DE SÁDES(A). RELATOR(A): JAMES MAGNO ARAÚJO FARIASDES(A). PROLATOR(A) DO ACÓRDÃO: JAMES MAGNO ARAÚJO FARIASDATA DE JULGAMENTO: 17/01/2012 - DATA DE PUBLICAÇÃO: 24/01/2012

E M E NT AHORAS EXTRAS. CONTESTAÇÃO GENÉRICA. VERACIDADE DA JORNADA DE TRABALHOAPONTADA PELO AUTOR. O Código de Processo Civil, em seu art. 302, de aplicaçãosubsidiária ao processo do trabalho por força do art. 769 da CLT, é claro ao estabelecero ônus da impugnação especificada ao réu, não lhe sendo possível apresentaralegações genéricas para refutar os fatos narrados pelo autor, bem como as provas poreste anexadas ao processo. Deste modo, tenho que agiu com acerto o Juízo a quo aoreconhecer a veracidade da jornada de trabalho apontada pelo autor, deferindo-lhe osacréscimos de 50% sobre as horas extras laboradas.

R E L A T Ó R I OTrata-se de recurso ordinário interposto pela SOCIEDADE EDUCACIONAL CAXIENSES/C LTDA - SOEDUCA em face da sentença proferida pela Vara do Trabalho de Caxiasnos autos da reclamação trabalhista ajuizada por MARCUS PABLO MOURA PARENTEcontra a recorrente.

Após regular instrução do feito, o Juízo de 1º grau, às fls. 197/200, rejeitou apreliminar de carência de ação e, no mérito, julgou parcialmente procedente o pedidoveiculado na inicial para condenar a reclamada a proceder à anotação do contrato detrabalho na CTPS do autor, bem como a pagar as parcelas de: acréscimos de 50%sobre 04 horas extras prestadas em cada semana trabalhada de 01/04/2008 a31/07/2008, com reflexos sobre descanso semanal remunerado; acréscimos de 50%sobre 12 horas extras prestadas em cada semana trabalhada de 01/08/2008 a31/01/2009, com reflexos sobre descanso semanal remunerado, 13º proporcional de2008 e férias de 2008/2009; diferenças salariais devidas de 01/02/2009 a31/07/2009, como tal entendidos os valores encontrados a partir do confronto entre osmontantes salariais devidos ao reclamante até 31/01/2009 e os praticados a partir defevereiro/2009; aviso prévio; 13º salário proporcional de 2010, na razão de 8/12;multa do art. 477, § 8º, da CLT e FGTS + 40%.

Inconformada, a reclamada busca, através do recurso ordinário de fls. 203/209, areforma da decisão. Para tal, sustenta que não houve irregularidade na redução dajornada de trabalho do obreiro, não havendo, portanto, que se falar em pagamento dediferenças salariais. Aduz, ainda, a improcedência do pleito de horas extras, haja vistaque o reclamante não se desincumbiu do ônus de provar o labor em sobrejornada, atéporque sua jornada estava em conformidade com os moldes legais. Por fim, impugna acondenação na multa do art. 477, § 8º, da CLT, tendo em vista que a complexidadedas verbas devidas somente poderá ser ilidida através de decisão judicial.

Contrarrazões do recorrido às fls. 217/221, pela manutenção do julgado.

V O T OAdmissibilidade

Conheço do recurso ordinário, eis que preenchidos os requisitos genéricos deadmissibilidade.

Mérito

Inconformada, a reclamada busca, em suas razões de recurso, a reforma da decisão.Para tal, sustenta que não houve irregularidade na redução da jornada de trabalho do

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obreiro, não havendo, portanto, que se falar em pagamento de diferenças salariais.Aduz, ainda, a improcedência do pleito de horas extras, haja vista que o reclamantenão se desincumbiu do ônus de provar o labor em sobrejornada, até porque suajornada estava em conformidade com os moldes legais. Por fim, impugna acondenação na multa do art. 477, § 8º, da CLT, tendo em vista que a complexidadedas verbas devidas somente poderá ser ilidida através de decisão judicial.

Compulsando os autos, constata-se que não assiste razão à recorrente, vejamos.

O reclamante alega que no período de 01/04/2008 a 31/07/2008 esteve submetido aprestação de duas jornadas de trabalho de 08 horas de labor intercalado por cadasemana, o que, a teor do art. 318, da CLT, lhe impõe a prestação de 04 horasextraordinárias. Sustenta, ainda, que no período de 01/08/2008 a 31/01/2009 estevesubmetido a prestação de duas jornadas de trabalho de 10 horas de labor ininterruptopor cada semana, o que lhe impõe a prestação de 12 horas extras, nos termos docitado dispositivo legal.

A reclamada, por sua vez, não formulou contestação específica à esse título, nãocuidando sequer em declinar a jornada de trabalho realmente cumprida peloreclamante.

Ora, o Código de Processo Civil, em seu art. 302, de aplicação subsidiária ao processodo trabalho por força do art. 769 da CLT, é claro ao estabelecer o ônus da impugnaçãoespecificada ao réu, não lhe sendo possível apresentar alegações genéricas pararefutar os fatos narrados pelo autor, bem como as provas por este anexadas aoprocesso. Deste modo, tenho que agiu com acerto o Juízo a quo ao reconhecer averacidade da jornada de trabalho apontada pelo autor, deferindo-lhe os acréscimos de50% sobre as horas extras laboradas.

No tocante ao pleito de diferenças salariais, melhor sorte não lhe assiste, vejamos.

Noticiou o reclamante que a partir de março/2009 teve sua carga horáriadrasticamente reduzida, passando de 22 para 11 horas-aula semanais, comrepercussão sobre os salários devidos a partir de fevereiro/2009, o que constituiu emalteração unilateral do contrato de trabalho protagonizada pela reclamada, em afrontaao art. 468 da CLT.

Em sua peça de defesa, a reclamada alega que não houve alteração ilícita do contratode trabalho, vez que, com arrimo na OJ nº 244, da SBDI-1, do c. TST, a redução dacarga horária do obreiro se deu em virtude da redução do número de alunos.

Do cotejo dos autos, constata-se que a reclamada não se desincumbiu do encargo deprovar suas alegações (art. 818, da CLT), pois esta sequer trouxe aos autos qualquerdocumento hábil a comprovar que a redução significativa em seu quadro discentecomprometera a continuidade de sua atividade econômica. Nem tampouco produziuprova de que de fato houve entre o segundo semestre de 2008 e o primeiro semestrede 2009 uma redução em seu rol de alunos.

Pelo contrário, infere-se dos depoimentos da preposta da reclamada (fls. 76/78) e datestemunha Walterby Barros Porto Noleto (fls. 164/165) que a unificação de turmasque ocasionou a redução da jornada de trabalho do autor não foi motivada pelaredução do número de alunos, pois este restou mantido, tendo havido, sim, meraaglutinação daqueles matriculados anteriormente nos turnos vespertino e noturno,razão pela qual corretamente conclui-se que não existiu redução do rol de alunos dareclamada no período imediatamente anterior à redução da carga horária do obreiro,mas sim tal providência resultou de livre eleição da reclamada, seguramente orientadapara otimizar seus lucros, não sendo, pois aplicável à espécie a OJ citada.

Ademais, a inadimplência da clientela da empresa também não pode ser motivo deredução salarial, pois, na relação de trabalho subordinada, os riscos doempreendiemnto pertencem exclusivamente ao empregador, não podendo sertransferido aos empregados (alteridade do contrato de trabalho).

Acrescente-se, ainda, que não merece guarida a alegação da ré de que o autor não sedesincumbiu do ônus da prova de suas alegações, posto que não colacionou aos autosa convenção coletiva de trabalho que dispõe especificamente sobre a irredutibilidadede salário e carga horária, no sentido de proibir qualquer redução unilateral por partedo empregador, pois a norma coletiva não pode autorizar nem a redução salarial direta(diminuição nominal de salários) nem a redução salarial indireta (redução da jornadaou do serviço, com consequente redução salarial).

Por fim, quanto à multa do art. 477 da CLT, não merece guarida a pretensão darecorrente, porquanto verifica-se, sem maiores esforços, que a reclamada não efetuoua quitação da rescisão contratual no prazo legal (doc. de fl. 79), razão pela qual deveser mantida a condenação na multa referida.

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A C Ó R D Ã OPor tais fundamentos,

ACORDAM os Desembargadores da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 16ªRegião, por unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento paramanter a decisão de 1º grau.

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Tribunal Regional do Trabalho da 16ª RegiãoMaranhão Número Dígito Justiça

5.16Ano

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Julgado em 17/01/12 Publicado em 24/01/12 [Visualizar]

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Processo de 2ª Instância

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NUMERAÇÃO TRT : 00187-2010-009-16-00-1NUMERAÇÃO CNJ: 0018700-79.2010.5.16.0009ESPÉCIE: RECURSO ORDINÁRIORECLAMADO: MARCUS PABLO MOURA PARENTE

ACORDÃOS

ASSUNTOS» DIREITO DO TRABALHO / Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Salário | Diferença Salarial» DIREITO DO TRABALHO / Duração do Trabalho / Horas Extras» DIREITO DO TRABALHO / Rescisão do Contrato de Trabalho / Verbas Rescisórias / Multa do Artigo 477 da CLT

ORIGEM DESTINO LANÇAMENTO ANDAMENTO

CDCP VTCA 06/02/2012 16:52 REMESSA À ORIGEM

CDCP CDCP 06/02/2012 15:06 NÃO HOUVE RECURSO / TRANSITADO EM JULGADO -02/02/2012

CRJA CDCP 03/02/2012 15:22 CERTIFICAR SE HOUVE RECURSO

DSAD CRJA 24/01/2012 09:40 REMESSA DOS AUTOS

DSAD DSAD 24/01/2012 09:01 PUBLICADO ACORDÃO / AGUARDANDO PRAZO

GDJMAF DSAD 20/01/2012 14:58 PUBLICAR ACÓRDÃO

STP GDJMAF 18/01/2012 14:30 PARA LAVRAR ACÓRDÃO

STP STP 17/01/2012 15:00 NÃO PROVIDO

STP STP 17/01/2012 09:00 PAUTA PARA JULGAMENTO - Turma 2

STP STP 11/01/2012 18:00 PAUTA PUBLICADA - Turma 2

STP STP 11/01/2012 08:19 PAUTA PARA PUBLICAÇÃO

STP STP 31/08/2011 18:00 AGUARDANDO INCLUSÃO EM PAUTA

GDJMAF STP 31/08/2011 16:44 INCLUIR EM PAUTA DE JULGAMENTO

DSAD GDJMAF 25/03/2011 09:51 REMESSA DOS AUTOS AO RELATOR SORTEADO - Dist. do dia25/03/2011 Rel. DJMAF

DSAD DSAD 25/03/2011 08:56 DISTRIBUÍDO POR SORTEIO

CDCP DSAD 24/03/2011 15:39 REMETIDOS OS AUTOS PARA DISTRIBUIR

CDCP CDCP 23/03/2011 08:55 AUTUADO O PROCESSO

CDCP CDCP 11/03/2011 08:55 RECEBIDO AUTOS PARA AUTUAR

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PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA DO TRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 16ª REGIÃO

CONSULTA JURISPRUDENCIAL - INTEIRO TEOR

NUMERO ÚNICO: 00187-2010-009-16-00-1-RORECORRENTE: SOCIEDADE EDUCACIONAL CAXIENSE S/C LTDA.Adv.:Dr(s). ANDREA MARQUES MARANHÃORECORRIDO: MARCUS PABLO MOURA PARENTEAdv.:Dr(s). EDSON PEREIRA DE SÁDES(A). RELATOR(A): JAMES MAGNO ARAÚJO FARIASDES(A). PROLATOR(A) DO ACÓRDÃO: JAMES MAGNO ARAÚJO FARIASDATA DE JULGAMENTO: 17/01/2012 - DATA DE PUBLICAÇÃO: 24/01/2012

E M E NT AHORAS EXTRAS. CONTESTAÇÃO GENÉRICA. VERACIDADE DA JORNADA DE TRABALHOAPONTADA PELO AUTOR. O Código de Processo Civil, em seu art. 302, de aplicaçãosubsidiária ao processo do trabalho por força do art. 769 da CLT, é claro ao estabelecero ônus da impugnação especificada ao réu, não lhe sendo possível apresentaralegações genéricas para refutar os fatos narrados pelo autor, bem como as provas poreste anexadas ao processo. Deste modo, tenho que agiu com acerto o Juízo a quo aoreconhecer a veracidade da jornada de trabalho apontada pelo autor, deferindo-lhe osacréscimos de 50% sobre as horas extras laboradas.

R E L A T Ó R I OTrata-se de recurso ordinário interposto pela SOCIEDADE EDUCACIONAL CAXIENSES/C LTDA - SOEDUCA em face da sentença proferida pela Vara do Trabalho de Caxiasnos autos da reclamação trabalhista ajuizada por MARCUS PABLO MOURA PARENTEcontra a recorrente.

Após regular instrução do feito, o Juízo de 1º grau, às fls. 197/200, rejeitou apreliminar de carência de ação e, no mérito, julgou parcialmente procedente o pedidoveiculado na inicial para condenar a reclamada a proceder à anotação do contrato detrabalho na CTPS do autor, bem como a pagar as parcelas de: acréscimos de 50%sobre 04 horas extras prestadas em cada semana trabalhada de 01/04/2008 a31/07/2008, com reflexos sobre descanso semanal remunerado; acréscimos de 50%sobre 12 horas extras prestadas em cada semana trabalhada de 01/08/2008 a31/01/2009, com reflexos sobre descanso semanal remunerado, 13º proporcional de2008 e férias de 2008/2009; diferenças salariais devidas de 01/02/2009 a31/07/2009, como tal entendidos os valores encontrados a partir do confronto entre osmontantes salariais devidos ao reclamante até 31/01/2009 e os praticados a partir defevereiro/2009; aviso prévio; 13º salário proporcional de 2010, na razão de 8/12;multa do art. 477, § 8º, da CLT e FGTS + 40%.

Inconformada, a reclamada busca, através do recurso ordinário de fls. 203/209, areforma da decisão. Para tal, sustenta que não houve irregularidade na redução dajornada de trabalho do obreiro, não havendo, portanto, que se falar em pagamento dediferenças salariais. Aduz, ainda, a improcedência do pleito de horas extras, haja vistaque o reclamante não se desincumbiu do ônus de provar o labor em sobrejornada, atéporque sua jornada estava em conformidade com os moldes legais. Por fim, impugna acondenação na multa do art. 477, § 8º, da CLT, tendo em vista que a complexidadedas verbas devidas somente poderá ser ilidida através de decisão judicial.

Contrarrazões do recorrido às fls. 217/221, pela manutenção do julgado.

V O T OAdmissibilidade

Conheço do recurso ordinário, eis que preenchidos os requisitos genéricos deadmissibilidade.

Mérito

Inconformada, a reclamada busca, em suas razões de recurso, a reforma da decisão.Para tal, sustenta que não houve irregularidade na redução da jornada de trabalho do

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obreiro, não havendo, portanto, que se falar em pagamento de diferenças salariais.Aduz, ainda, a improcedência do pleito de horas extras, haja vista que o reclamantenão se desincumbiu do ônus de provar o labor em sobrejornada, até porque suajornada estava em conformidade com os moldes legais. Por fim, impugna acondenação na multa do art. 477, § 8º, da CLT, tendo em vista que a complexidadedas verbas devidas somente poderá ser ilidida através de decisão judicial.

Compulsando os autos, constata-se que não assiste razão à recorrente, vejamos.

O reclamante alega que no período de 01/04/2008 a 31/07/2008 esteve submetido aprestação de duas jornadas de trabalho de 08 horas de labor intercalado por cadasemana, o que, a teor do art. 318, da CLT, lhe impõe a prestação de 04 horasextraordinárias. Sustenta, ainda, que no período de 01/08/2008 a 31/01/2009 estevesubmetido a prestação de duas jornadas de trabalho de 10 horas de labor ininterruptopor cada semana, o que lhe impõe a prestação de 12 horas extras, nos termos docitado dispositivo legal.

A reclamada, por sua vez, não formulou contestação específica à esse título, nãocuidando sequer em declinar a jornada de trabalho realmente cumprida peloreclamante.

Ora, o Código de Processo Civil, em seu art. 302, de aplicação subsidiária ao processodo trabalho por força do art. 769 da CLT, é claro ao estabelecer o ônus da impugnaçãoespecificada ao réu, não lhe sendo possível apresentar alegações genéricas pararefutar os fatos narrados pelo autor, bem como as provas por este anexadas aoprocesso. Deste modo, tenho que agiu com acerto o Juízo a quo ao reconhecer averacidade da jornada de trabalho apontada pelo autor, deferindo-lhe os acréscimos de50% sobre as horas extras laboradas.

No tocante ao pleito de diferenças salariais, melhor sorte não lhe assiste, vejamos.

Noticiou o reclamante que a partir de março/2009 teve sua carga horáriadrasticamente reduzida, passando de 22 para 11 horas-aula semanais, comrepercussão sobre os salários devidos a partir de fevereiro/2009, o que constituiu emalteração unilateral do contrato de trabalho protagonizada pela reclamada, em afrontaao art. 468 da CLT.

Em sua peça de defesa, a reclamada alega que não houve alteração ilícita do contratode trabalho, vez que, com arrimo na OJ nº 244, da SBDI-1, do c. TST, a redução dacarga horária do obreiro se deu em virtude da redução do número de alunos.

Do cotejo dos autos, constata-se que a reclamada não se desincumbiu do encargo deprovar suas alegações (art. 818, da CLT), pois esta sequer trouxe aos autos qualquerdocumento hábil a comprovar que a redução significativa em seu quadro discentecomprometera a continuidade de sua atividade econômica. Nem tampouco produziuprova de que de fato houve entre o segundo semestre de 2008 e o primeiro semestrede 2009 uma redução em seu rol de alunos.

Pelo contrário, infere-se dos depoimentos da preposta da reclamada (fls. 76/78) e datestemunha Walterby Barros Porto Noleto (fls. 164/165) que a unificação de turmasque ocasionou a redução da jornada de trabalho do autor não foi motivada pelaredução do número de alunos, pois este restou mantido, tendo havido, sim, meraaglutinação daqueles matriculados anteriormente nos turnos vespertino e noturno,razão pela qual corretamente conclui-se que não existiu redução do rol de alunos dareclamada no período imediatamente anterior à redução da carga horária do obreiro,mas sim tal providência resultou de livre eleição da reclamada, seguramente orientadapara otimizar seus lucros, não sendo, pois aplicável à espécie a OJ citada.

Ademais, a inadimplência da clientela da empresa também não pode ser motivo deredução salarial, pois, na relação de trabalho subordinada, os riscos doempreendiemnto pertencem exclusivamente ao empregador, não podendo sertransferido aos empregados (alteridade do contrato de trabalho).

Acrescente-se, ainda, que não merece guarida a alegação da ré de que o autor não sedesincumbiu do ônus da prova de suas alegações, posto que não colacionou aos autosa convenção coletiva de trabalho que dispõe especificamente sobre a irredutibilidadede salário e carga horária, no sentido de proibir qualquer redução unilateral por partedo empregador, pois a norma coletiva não pode autorizar nem a redução salarial direta(diminuição nominal de salários) nem a redução salarial indireta (redução da jornadaou do serviço, com consequente redução salarial).

Por fim, quanto à multa do art. 477 da CLT, não merece guarida a pretensão darecorrente, porquanto verifica-se, sem maiores esforços, que a reclamada não efetuoua quitação da rescisão contratual no prazo legal (doc. de fl. 79), razão pela qual deveser mantida a condenação na multa referida.

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A C Ó R D Ã OPor tais fundamentos,

ACORDAM os Desembargadores da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 16ªRegião, por unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento paramanter a decisão de 1º grau.

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TRT-13 - ACÓRDÃO PROC. NU.: Recurso Ordinário : RO 105165 PB00470.2008.009.13.00-5RECURSO ORDINÁRIORECORRENTE: EMPREENDIMENTOS PAGUE MENOS S/ARECORRIDOS: JAILSON NEVES PORTOINSS INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

E M E N T A: CONTROLES DE FREQÜÊNCIA. VALIDADE. A fragilidadeda prova testemunhal revelou-se insuficiente para se sobrepor aoscontroles de freqüência coligidos pela empresa, concluindo-se que osmesmos consignavam a real jornada de trabalho do empregado.DANO MORAL. DESPEDIDA DISCRIMINATÓRIA. A despedida doempregado ocorrida em represália ao ajuizamento de demanda juntoao CINCON (Centro Intersindical de Conciliação Trabalhista) importana configuração de dano moral.

“Vistos etc.A 6 ª Vara do Trabalho de João Pessoa/Pb, através do sentenciado defls. 596/612, preliminarmente extinguiu o processo sem resolução domérito (art. 267, I, do CPC), em relação ao pedido de dano materialdecorrente do desconto de valores de celulares furtados. No mérito,julgou procedente, em parte, a reclamação ajuizada por JAILSONNEVES PORTO em face de EMPREENDIMENTOS PAGUE MENOS S/A,para condenar a reclamada ao pagamento dos títulos de: a) reflexosdas comissões pagas “por fora”; b) diferença de comissões e reflexos;c) horas extras com adicional de 90% e reflexos; d) 01 hora extra,com adicional de 90% por dia efetivo de trabalho, em razão dointervalo não concedido e reflexos; e) multa normativa; f) devoluçãode descontos; g) indenização por dano moral referente aodespedimento abusivo, no montante de R$ 20.000,00 e h)indenização por dano moral no valor de R$ 15.000,00 referente àacusação de furto. Foram concedidos os benefícios da justiça gratuitaao reclamante e autorizada a retenção dos descontos previdenciáriose fiscais. Além disso foi determinado que a demandada fornecesse,em até quinze dias da publicação da decisão, carta de referência aoobreiro, sob pena de multa de R$(três mil reais).Irresignada, a reclamada recorreu ordinariamente, às fls. 617/651,sustentando que os laboratórios farmacêuticos, numa forma deincentivar a demonstração de seus produtos e aumentar as vendas,disponibilizam gratificações como prêmio (“gueltas”), destinadas aosseus empregados que atingem uma meta por eles estipulada,pagando-as diretamente ao funcionário. Não há qualquerinterferência da recorrente, que serve apenas de mediadora norepasse dos valores devidos. Nega categoricamente o valor dascomissões fixado na sentença e insurge-se contra os reflexos da

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parcela sobre os títulos de aviso prévio, adicional noturno, horasextras e repouso remunerado, na esteira das Súmulas 354 e 225 doTST, esta última por aplicação analógica.No que se refere às horas extras e reflexos, assevera que os registrosde ponto acostados com a defesa demonstram a inexistência de laborextraordinário e a concessão de intervalo intrajornada nunca inferiora 01 hora, além de ressaltar que o reclamante não comprovara ohorário de trabalho declinado na exordial. Acrescenta, ainda, que asentença não observou o disposto na súmula 340 do TST, nemtampouco os limites da jornada de trabalho apontada pelo autor,assim como deixara de atentar que o intervalo intrajornada possuiapenas natureza indenizatória.Alega também que os descontos efetuados no salário do empregadoforam lícito. Volta-se contra a condenação em indenização por danosmorais, multa convencional e incidência da multa do art. 475-J doCPC. Pugna, ao final, pelo provimento do apelo e improcedência totalda reclamatória e requer que todas as publicações dos atosprocessuais sejam feitas em nome do advogado Wilson SalesBelchior.Depósito recursal e custas recolhidos às fls. 652/653.Contra-razões às fls. 657/691 pelo reclamante. O INSS não impugnouo apelo.Em intervenção à fl. 696, o Ministério Público do Trabalho ressalta ainexistência de interesse público primário que exija a emissão deparecer circunstanciado, ressalvando a possibilidade de pronunciar-severbalmente ou pedir vista na sessão de julgamento, caso entendanecessário.”É o relatório, aprovado em sessão.V O T OPeço vênia à Exma. Relatora para adotar suas razões de decidir, nospontos em que estivemos de acordo, conforme grifos lançados.ADMISSIBILIDADEApelo interposto a tempo e modo. Conheço-o.MÉRITO“Pretende a reclamada reverter a condenação ao pagamento dereflexos das comissões pagas por fora, diferenças de comissões comreflexos, horas extras, devolução de descontos indevidos, indenizaçãopor danos morais decorrentes de assédio moral e despedidaarbitrária, multa convencional e multa do art. 475-J do CPC.REFLEXOS DAS COMISSÕES PAGAS "POR FORA"Segundo a inicial, o reclamante laborou para Empreendimentos PagueMenos de 01.08.2000 a 20.04.2008. Desde a sua contrataçãopercebia, além da remuneração fixa, comissões pagas "por fora",numa média mensal de R$150,00 a R$170,00, quando era operadorde caixa, e entre R$ 650,00 a R$ 700,00 na função de auxiliar defarmácia (balconista). Sustenta que em decorrência do Termo deAjustamento de Conduta celebrado junto ao MPT, a partir de abril de2007 a empresa passara a incorporar as citadas comissões ao salário,

Page 121: Doc Tst Pesquisasa

embora em valor inferior ao devido, deixando, no entanto, deproceder a repercussão da parcela sobre os títulos de aviso prévio,repouso semanal remunerado, FGTS + 40%, férias + 1/3 e 13ºsalário, o que foi deferido pelo Juízo a quo, à exceção do pré-aviso.A promovida, embora não negue a existência de valores pagos "porfora", afirma que eram eles pertinentes a bonificações (“gueltas”)pagas diretamente pelos laboratórios farmacêuticos e que apenasrepassava tais valores, sendo que em abril/2007 resolvera, por meraliberalidade, incorporá-los ao salário de seus empregados, sob arubrica “gratificação produtos campanha”, não podendo assim arcarcom qualquer responsabilidade ou repercussão proveniente daquelespagamentos.Ao admitir a reclamada o pagamento de comissões ou prêmios pagos"extra-folha", o que foi inclusive confessado pelo preposto (fl. 229vol. 02), cabia-lhe o ônus de comprovar a alegação de que taispagamentos provinham dos laboratórios, por tratar-se de fatoobstativo do direito do vindicante, o que não ocorreu.Sua única testemunha sequer se reportou ao pagamento das"bonificações" ("gueltas"). Além disso, a empresa confirma que apósabril de 2007 tais bonificações passaram a ser pagas por seuintermédio, através de contracheque.Ora, o fato de a empresa ter assumido o pagamento de taiscomissões e implantado a rubrica nos contracheques de seusempregados evidencia que era responsável pelo pagamento.Por conseguinte, reconhecida na defesa a existência dos pagamentos"por fora", mencionados na exordial, e não comprovada a sua versãode que os mesmos seriam efetuados pelos laboratórios, conclui-seque eram pagos pela própria demandada e tinham natureza deautênticas “comissões” sobre as vendas efetuadas.Conseqüentemente, dada a natureza salarial dos pagamentosefetuados, repercutem eles no cálculo das verbas trabalhistas,inclusive sobre o repouso semanal remunerado, tal como determinoua decisão combatida.A demandada, em seu apelo, volta à tese de que os valores pagos"por fora" não seriam comissões, mas simples prêmio. Assim,argumenta que, por via analógica, deveria ser aplicado oentendimento contido na súmula 225 do TST, que dispõe que asgratificações por tempo de serviço e produtividade, por serem pagasmensalmente, não repercutem no cálculo do repouso remunerado.Ora, como já exaustivamente abordado, os valores eram pagos atítulo de comissão e, como esta remunera apenas o trabalho efetivo,e não o repouso remunerado, correta a incidência determinada nasentença.Inaplicável, de igual modo, a Súmula 354 do TST, eis que oentendimento ali constante se dá em relação às gorjetas, que, comose sabe, não possuem caráter salarial, razão pela qual descabida apostulação recursal nesse sentido.

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Esta Corte, inclusive, ao apreciar anteriormente matérias idênticas,em que a reclamada fora ré, já teve oportunidade de se pronunciar arespeito do cunho salarial dessas “bonificações” pagas pela empresa,conforme se pode colher do julgado abaixo, em que atuei comorelatora, verbis:PARCELAS. NATUREZA SALARIAL. É salarial a natureza das parcelaspagas “por fora”, quando a empresa confirma a existência de taispagamentos e não consegue comprovar sua alegação de que osmesmos eram efetuados, diretamente, pelos laboratóriosfarmacêuticos aos funcionários que mais vendessem os produtos poreles fabricados. (RO-No que tange à média remuneratória das comissões, a decisãocomporta pequeno reparo no que tange aos valores auferidos à épocaem que o vindicante era operador de caixa.A segunda testemunha do autor, ao depor em juízo (fls. 231 – vol.02), afirmou que trabalhava na empresa como operador de caixa,recebendo, em média, R$80,00 de bonificação, o que confirma aversão do preposto da empresa, no sentido de que o caixa recebiaentre R$50,00 e R$ 80,00 de bonificação. Assim sendo, a decisãodeve ser modificada, a fim de ser considerada como médiaremuneratória das comissões o valor de R$ 80,00, no período em queo reclamante laborava como operador de caixa.Quanto ao restante do período em que trabalhava como auxiliar defarmácia, correto o decisum. A testemunha da ré sequer se reportouàs bonificações auferidas. Além disso, os extratos de fls. 510 eseguintes não servem para demonstrar o valor pago a esse título, eisque produzidos unilateralmente pela empresa. Assim, como nãodemonstrado pela recorrente o montante das comissões pagas “extrafolha”, descabido o seu inconformismo.DIFERENÇAS DE COMISSÕES COM REFLEXOSA sentença de 1º grau entendeu que a média de comissões auferidapelo autor em março de 2007 era da ordem de R$650,00, razão peladeferiu as diferenças do título em função da empresa ter procedido asua incorporação nos contracheques, a partir de abril/2007, semobservar esse parâmetro.Nega a promovida a redução das comissões, por entender que amédia remuneratória não era a reconhecida no decisum.Tendo em vista o que foi esboçado no tópico anterior, em que entendique o valor reconhecido pela sentença em relação ao período em queo obreiro exercera a função de auxiliar de farmácia (no períododiurno a partir de agosto/2005) estava correto, não há como deixar-se de tomar essa média como parâmetro.A ré sustenta em seu apelo que a verba era paga sob a rubrica 9016(gratificação de produtos campanha). Todavia, se formos considerarno cálculo apenas essa rubrica, a diferença de comissões iria sermaior do que o considerado pela sentença, resultando numareformatio in peius.

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Desta forma, a fim de evitar um prejuízo para a demandada, impõe-se reconhecer, tal como posto na sentença, que a parcela era pagatanto na rubrica 9016 quanto na 9005 (comissões de produtividade egratificação de produtividade).Dado o caráter salarial da verba, procedem os seus reflexos.Nada a reformar nesse particular.DAS HORAS EXTRASNa inicial o vindicante apontou jornada variada, com concessão, noperíodo imprescrito, de 15 a 20 minutos de intervalo para repouso.Na defesa (fls. 234/282 – vol. 02), a reclamada nega o labor emsobrejornada, sob o argumento de que o obreiro laborava apenas7he20min durante a semana, a exemplo da jornada exercida em2007, ou seja, das 13:40 às 22:00h, com 02 horas de intervalo e 04horas nos fins de semana, conforme registros de ponto carreados aosautos.A sentença primária desconsiderou os controles de horário, sob ofundamento de que os horários neles consignados era britânico, ouseja, invariáveis. Com base na prova oral produzida nos autos,deferiu horas extras, ao autor, o que levou a empresa a adentrar como presente recurso, reiterando a validade dos registros de ponto.Observando os controles de ponto do período imprescrito juntados àsfls. 397/461 (vols. 02 e 03), verifica-se que não retratam jornadainvariável. Há inúmeras variações de minutos nos registros deentrada e saída, como também em relação ao intervalo intrajornada.Embora essa variação tenha se dado com mais freqüência a partir deabril/2004 (fl. 41), isso não significa que no período anterior tal nãoocorrera. Vejamos, por exemplo, os registros de fls. 397/399,403/405, em que constam variações de diversos minutos.Como é sabido, para infirmar o valor probante dos controles deponto, mister se faz que o empregado demonstre, através dedocumentos ou testemunhas, que os horários registrados nãocorrespondiam à realidade. Todavia, deste mister não sedesvencilhou a contento.De acordo com o depoimento da 1ª testemunha do postulante (fls.230/231-vol. 02), ela laborara junto com o autor em duasoportunidades: de novembro/2007 a janeiro 2008 (em novembro de2007 a testemunha foi transferida para a filial 146 onde laborava oobreiro, lá permanecendo até janeiro/2008 em função de suatransferência para a filial 272) e durante o período imprescrito dejulho/2003 ao início de 2004.É bem verdade que no interregno de novembro/2007 a janeiro/2008,a testemunha confirmou o horário declinado pelo autor. Todavia emrelação ao interstício de julho/2003 ao início de 2004 não éverdadeira a afirmação no sentido de que laborara junto com opromovente. Ora, nesse intervalo temporal, o vindicante prestavaserviços na filial 146, conforme declarado no seu depoimento (“queem 2002 passou a trabalhar na filial 146, Rua Vila Nova da Rainha,

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onde ficou até janeiro de 2008” – fl. 228 – vol. 02). Já a testemunha,nesse mesmo período (julho/2003 ao início de 2004) laborava na filial145 como se pode verificar do seu depoimento prestado nos autos doprocesso Nºque trabalhou para a reclamada...inicialmente como caixa, passandoa auxiliar de escritório, auxiliar de gerente e, ao final, gerente; que adepoente sempre trabalhou na filial 145, exceto quando foi gerente, apartir de março de 2006, quando passou a trabalhar na filial 272...;que a partir de novembro de 2006 retornou à função de assistente degerente na filial 145 ficando até novembro de 2007 quando foitransferida para a loja 146 até a data de seu desligamento (fl. 192 –vol.01) – grifo posto.Como se pode ver a testemunha em tela visou falsear a verdade aodizer que laborara junto com o reclamante, com o intuito debeneficiá-lo, razão pela qual não se pode dar credibilidade às suasdeclarações.A segunda testemunha do autor, ao depor em juízo (fl. 231 – vol 02),alegou:que trabalhou na empresa de janeiro a dezembro de 2005, na filial146, na função de operador de caixa; que trabalhava das 13:50 às22:00, em escala de 5x1;..que Jailson ‘pegava um pouco mais cedo,e saía um pouco mais cedo do que eu...Nesse período, o vindicante apontou, em seu depoimento (fls.227/229) quatro horários distintos: das 21:00h às 8:30h, das 09:00às 20:30h, das 11:00 às 21:30 e, por fim, das 13:20 às 22:30h. Dodepoimento supra (2ª testemunha), infere-se que ela se refere a esseúltimo horário de trabalho.Ocorre porém que a testemunha em tela afirmou que o reclamantechegava e saía mais cedo do que ela. Ora, se a testemunha afirmaque saía da empresa às 22:00h e o autor diz que saía às 22:30h,como poderia tal assertiva ser verdadeira?Por fim, a terceira e última testemunha do demandante assim sepronunciou em juízo:...que trabalhou à noite com o reclamante; que o depoente iniciava ajornada às 21:15/21:30, encerrando por volta das 07:00/07:30 damanhã; que o horário do reclamante era o mesmo... (fls. 231/232 –vol. 02).Porém, o obreiro, ao prestar depoimento, declarou:...que quando foi vendedor noturno, trabalhava das 21:00 horas às08:30 da manhã sem intervalo... (fl. 228)Ante as contradições de horário, não há também como se acolher asalegações da testemunha. Ademais, na inicial o obreiro disse quenesse período usufruía de 15 a 30 minutos de intervalo (fl. 09) e, deforma contraditória, alega ao depor que não possuía período derepouso.Não tendo pois o autor se desincumbido do onus probandi, há queprevalecer a prova documental trazida pela empresa. Impõe-se a

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reforma do julgado, a fim de extirpar da condenação as horas extras,inclusive em relação ao intervalo intrajornada, e seus reflexos.DOS DESCONTOS INDEVIDOSA decisão de 1º grau condenou a empresa na devolução dos valoresrelativos aos descontos de "quebra normas inventário" e "quebra denorma vencimento/estrago".A reclamada alega que tais descontos foram estabelecidos pornormas internas da empresa, às quais anuiu o empregado. Sustentaque cada operador de caixa responsabiliza-se pelos produtoslocalizados sobre o check out de seu caixa, bem como por outrosconstantes de uma lista especial relativa a medicamentos vendidosapenas sobre prescrição médica e quanto aos produtos dispostos nosestrados do caixa, em geral, os laboratórios estabelecem um prazopara a troca antes de vencidos ou estragados. Destaca que osdescontos só eram feitos na ocorrência desses eventos.Ora, os riscos do negócio cabem ao empregador, não podendo sertransferido aos empregados. De mais a mais, não consta dos autosqualquer autorização do reclamante para o desconto em suaremuneração, nos termos do art. 462 da CLT.Correta pois, a sentença.DOS DANOS MORAISO vindicante requereu, na inicial, indenização por danos moraisfulcrada em dois argumentos: acusação de furto de celulares edispensa discriminatória em razão de ter adentrado com reclamaçãojunto ao CINCON (Centro Intersindical de Conciliação Trabalhista)antes de sua despedida.A prova oral produzida nos autos deixa à mostra que odesaparecimento de celulares ocorrera no turno em que trabalhava oautor e mais outros cinco empregados, dentre eles, o própriofuncionário responsável pela chave do setor onde eram guardados osobjetos. Registre-se que essa chave também desapareceu,juntamente com os celulares.Tais circunstâncias restringem as suspeitas apenas aos empregadosque se encontravam presentes no local, na hora provável em queocorreu o sumiço. Isso porque, em que pese a eventual presença declientes na loja, o acesso ao local da chave e dos celulares erarestrito aos empregados.Natural, portanto, a conclusão de que um deles teria subtraídoaquelas mercadorias. O constrangimento, no caso, não foi provocadopela empresa, mas sim por quem efetuou o furto, vez quenaturalmente fez recair suspeitas sobre todos os empregadospresentes naquele momento, embora de forma vaga eindeterminada.Evidencia-se, inclusive, pelo próprio depoimento do demandante (fl.228), que a empresa apenas procurou descobrir, junto a cada um dospossíveis autores do furto, quem teria subtraído os celulares. Não foifeita nenhuma acusação direta, a nenhum deles, apenas indagaçõesgenéricas. Tanto é assim que o vindicante esclareceu que todos

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foram interrogados individualmente pelo gerente, sem testemunhas.Vejamos:...que Paulo disso que ligou para Sandra, Gerente Regional, e queesta disse que o prejuízo deveria ser rateado; que como “PauloSantiago era coerente, fez uma reunião individual com cada um dosseis (fl. 228).Não vejo nesse procedimento nenhuma ilicitude, agressão ouacusação indevida. Afinal, que atitude deveria a empresa ter tomadoem tal situação? Cabia-lhe unicamente investigar, como o fez.Ademais se tivesse comunicado o ocorrido à polícia, a quem cabeefetuar esse tipo de investigação, certamente o constrangimentoseria bem maior.Ao meu ver, a reclamada errou apenas ao impor o rateio dosprejuízos entre os suspeitos, embora sem ter conseguido identificar oculpado, o que é vedado por lei. Entretanto, o alegadoconstrangimento decorrente do procedimento adotado pela empresapara descobrir o culpado pelo furto, de forma alguma configurou danomoral.Desta forma, deve ser extirpada do decisum a indenização respectiva.Todavia, em relação à dispensa discriminatória, a sentença nãocomporta reparos.Constata-se da prova produzida nos autos que a empresa, em cercade dois meses, efetuara a dispensa de diversos funcionários dareclamada, coincidentemente após o ingresso deles no CINCON(Centro Intersindical de Conciliação Trabalhista).O próprio depoimento do preposto leva a essa conclusão:"...que na época em que o reclamante foi demitido, a reclamada tinhaem torno de 76 empregados; que entre março e abril de 2008, foramdesligados em torno de 10 a 12 empregados; que foramrecontratados empregados para os lugares dos desligados; que nemtodos os que foram desligados nessa época, entraram com demandano CINCON, referindo especificamente o Sr. Sebastião Ricardo..." (fl.229 – vol. 02).A testemunha Ana Lúcia Barreto também confirmou que o autor foradispensado por ter adentrado com reclamação (fl. 230).Além disso, foram juntadas ao presente processo as atas deaudiência das ações de nsº 327.2008.009.13.00-3 e327.2008.023.13.00-0 (fls. 188/204 – vol. 01), em que orepresentante legal da Pague Menos e as testemunhas ali ouvidasreconheceram que vários empregados da reclamada entraram comdemanda junto ao CINCON e todos foram demitidos.Ressalte-se que tais demissões não foram por motivos financeiros, jáque outros empregados foram admitidos para ocupar as funçõesvagas.É verdade que o representante da Pague Menos argumentou quehavia um motivo particular par a demissão de cada empregado. Noentanto, desafia o bom senso admitir tal coincidência.

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Destarte, não há como negar que a despedida do reclamante se deuem represália ao exercício do direito de reclamar junto à CCP, atitudeque não pode ser tolerada por esta Justiça Especializada.Forçoso considerar, contudo, que para o empregado essa dispensaenseja os mesmos resultados de uma dispensa sem justa causa, emque não se evidenciam danos morais.Por outro lado, vários empregados foram dispensados e, ao queparece, todos ajuizaram reclamação com idêntico objeto.O dano moral que se visualiza em situações tais, ensejando adecorrente indenização, tem mais o escopo pedagógico, de inibiressas práticas discriminatórias pela empresa.”Assim, entendo razoável fixar a indenização em R$ 10.000,00,considerando que, ao servir de parâmetro para as demais, deverátotalizar soma razoável, suficiente para desestimular a permanênciadessa prática reprovável, pela empresa.“DA MULTA CONVENCIONALConstatada a existência de pagamentos "extra-folha", correto odeferimento da multa convencional, na forma exposta no decisum.DA MULTA DO ART. 475-J DO CPCInexistiu na sentença cominação da multa em foco, razão pela qualinconsistente o inconformismo da demandada nesse aspecto.DAS PUBLICAÇÕESRequer a promovida que todas as publicações dos atos processuaissejam feitas em nome do advogado Wilson Sales Belchior.Tendo em vista que a reclamada concedeu poderes ao referidoadvogado para representá-la em juízo (procuração de fl. 283), defiroo pedido.”Isso posto, dou parcial provimento ao Recurso para considerar que acomissão média do reclamante era de R$80,00, quando operador decaixa e para excluir da condenação os títulos de horas extras ereflexos e de indenização por dano moral decorrente de acusação defurto, assim como para reduzir a indenização por dispensadiscriminatória para R$10.000,00. Observe o setor competente apublicação dos atos processuais em nome do Dr. Wilson SalesBelchior (advogado da reclamada). Custas reduzidas paraR$1.000,00, calculadas sobre R$ 50.000,00, novo valor arbitrado àcondenação.ACORDAM os Juízes da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da13ª Região, com a presença do Representante da ProcuradoriaRegional do Trabalho, Sua Excelência o Senhor Procurador JOSÉCAETANO DOS SANTOS FILHO, por maioria, pelo voto médio, darPARCIAL PROVIMENTO ao recurso para considerar que a comissãomédia do reclamante era de R$ 80,00, quando operador de caixa epara excluir da condenação os títulos de horas extras e reflexos,assim como para reduzir a indenização por dispensa discriminatóriapara R$ 10.000,00. Certifico, ainda, ter a Colenda Turmadeterminado a observância, por parte do setor competente, da

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publicação dos atos processuais em nome do Dr. Wilson SalesBelchior (advogado da reclamada), vencida parcialmente Sua Exa. aSra. Juíza Relatora e com a divergência parcial de Sua Exa. o Sr. JuizCarlos Coelho de Miranda Freire. Custas reduzidas para R$ 1.000,00,calculadas sobre R$ 50.000,00, novo valor arbitrado à condenação.João Pessoa, 17 de dezembro de 2008.ARNALDO JOSÉ DUARTE DO AMARALJuiz Revisor designado para redigir o AcórdãoGJAF/VR/CFpor maioria, pelo voto médio, dar PARCIAL PROVIMENTO ao recursopara considerar que a comissão média do reclamante era de R$80,00, quando operador de caixa e para excluir da condenação ostítulos de horas extras e reflexos e para minorar a condenaçãorelativa à indenização por dano moral decorrente de acusação defurto para o valor de R$(dez mil reais), assim como para reduzir a indenização por dispensadiscriminatória para R$ 5.000,00. Certifico, ainda, ter a ColendaTurma determinado a observância, por parte do setor competente, dapublicação dos atos processuais em nome do Dr. Wilson SalesBelchior (advogado da reclamada). Custas reduzidas para R$1.000,00, calculadas sobre R$ 50.000,00, novo valor arbitrado àcondenação.

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TRT-13 - ACÓRDÃO PROC. NU.: Recurso Ordinário : RO 105165 PB00470.2008.009.13.00-5RECURSO ORDINÁRIORECORRENTE: EMPREENDIMENTOS PAGUE MENOS S/ARECORRIDOS: JAILSON NEVES PORTOINSS INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

E M E N T A: CONTROLES DE FREQÜÊNCIA. VALIDADE. A fragilidadeda prova testemunhal revelou-se insuficiente para se sobrepor aoscontroles de freqüência coligidos pela empresa, concluindo-se que osmesmos consignavam a real jornada de trabalho do empregado.DANO MORAL. DESPEDIDA DISCRIMINATÓRIA. A despedida doempregado ocorrida em represália ao ajuizamento de demanda juntoao CINCON (Centro Intersindical de Conciliação Trabalhista) importana configuração de dano moral.

“Vistos etc.A 6 ª Vara do Trabalho de João Pessoa/Pb, através do sentenciado defls. 596/612, preliminarmente extinguiu o processo sem resolução domérito (art. 267, I, do CPC), em relação ao pedido de dano materialdecorrente do desconto de valores de celulares furtados. No mérito,julgou procedente, em parte, a reclamação ajuizada por JAILSONNEVES PORTO em face de EMPREENDIMENTOS PAGUE MENOS S/A,para condenar a reclamada ao pagamento dos títulos de: a) reflexosdas comissões pagas “por fora”; b) diferença de comissões e reflexos;c) horas extras com adicional de 90% e reflexos; d) 01 hora extra,com adicional de 90% por dia efetivo de trabalho, em razão dointervalo não concedido e reflexos; e) multa normativa; f) devoluçãode descontos; g) indenização por dano moral referente aodespedimento abusivo, no montante de R$ 20.000,00 e h)indenização por dano moral no valor de R$ 15.000,00 referente àacusação de furto. Foram concedidos os benefícios da justiça gratuitaao reclamante e autorizada a retenção dos descontos previdenciáriose fiscais. Além disso foi determinado que a demandada fornecesse,em até quinze dias da publicação da decisão, carta de referência aoobreiro, sob pena de multa de R$(três mil reais).Irresignada, a reclamada recorreu ordinariamente, às fls. 617/651,sustentando que os laboratórios farmacêuticos, numa forma deincentivar a demonstração de seus produtos e aumentar as vendas,disponibilizam gratificações como prêmio (“gueltas”), destinadas aosseus empregados que atingem uma meta por eles estipulada,pagando-as diretamente ao funcionário. Não há qualquerinterferência da recorrente, que serve apenas de mediadora norepasse dos valores devidos. Nega categoricamente o valor dascomissões fixado na sentença e insurge-se contra os reflexos da

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parcela sobre os títulos de aviso prévio, adicional noturno, horasextras e repouso remunerado, na esteira das Súmulas 354 e 225 doTST, esta última por aplicação analógica.No que se refere às horas extras e reflexos, assevera que os registrosde ponto acostados com a defesa demonstram a inexistência de laborextraordinário e a concessão de intervalo intrajornada nunca inferiora 01 hora, além de ressaltar que o reclamante não comprovara ohorário de trabalho declinado na exordial. Acrescenta, ainda, que asentença não observou o disposto na súmula 340 do TST, nemtampouco os limites da jornada de trabalho apontada pelo autor,assim como deixara de atentar que o intervalo intrajornada possuiapenas natureza indenizatória.Alega também que os descontos efetuados no salário do empregadoforam lícito. Volta-se contra a condenação em indenização por danosmorais, multa convencional e incidência da multa do art. 475-J doCPC. Pugna, ao final, pelo provimento do apelo e improcedência totalda reclamatória e requer que todas as publicações dos atosprocessuais sejam feitas em nome do advogado Wilson SalesBelchior.Depósito recursal e custas recolhidos às fls. 652/653.Contra-razões às fls. 657/691 pelo reclamante. O INSS não impugnouo apelo.Em intervenção à fl. 696, o Ministério Público do Trabalho ressalta ainexistência de interesse público primário que exija a emissão deparecer circunstanciado, ressalvando a possibilidade de pronunciar-severbalmente ou pedir vista na sessão de julgamento, caso entendanecessário.”É o relatório, aprovado em sessão.V O T OPeço vênia à Exma. Relatora para adotar suas razões de decidir, nospontos em que estivemos de acordo, conforme grifos lançados.ADMISSIBILIDADEApelo interposto a tempo e modo. Conheço-o.MÉRITO“Pretende a reclamada reverter a condenação ao pagamento dereflexos das comissões pagas por fora, diferenças de comissões comreflexos, horas extras, devolução de descontos indevidos, indenizaçãopor danos morais decorrentes de assédio moral e despedidaarbitrária, multa convencional e multa do art. 475-J do CPC.REFLEXOS DAS COMISSÕES PAGAS "POR FORA"Segundo a inicial, o reclamante laborou para Empreendimentos PagueMenos de 01.08.2000 a 20.04.2008. Desde a sua contrataçãopercebia, além da remuneração fixa, comissões pagas "por fora",numa média mensal de R$150,00 a R$170,00, quando era operadorde caixa, e entre R$ 650,00 a R$ 700,00 na função de auxiliar defarmácia (balconista). Sustenta que em decorrência do Termo deAjustamento de Conduta celebrado junto ao MPT, a partir de abril de2007 a empresa passara a incorporar as citadas comissões ao salário,

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embora em valor inferior ao devido, deixando, no entanto, deproceder a repercussão da parcela sobre os títulos de aviso prévio,repouso semanal remunerado, FGTS + 40%, férias + 1/3 e 13ºsalário, o que foi deferido pelo Juízo a quo, à exceção do pré-aviso.A promovida, embora não negue a existência de valores pagos "porfora", afirma que eram eles pertinentes a bonificações (“gueltas”)pagas diretamente pelos laboratórios farmacêuticos e que apenasrepassava tais valores, sendo que em abril/2007 resolvera, por meraliberalidade, incorporá-los ao salário de seus empregados, sob arubrica “gratificação produtos campanha”, não podendo assim arcarcom qualquer responsabilidade ou repercussão proveniente daquelespagamentos.Ao admitir a reclamada o pagamento de comissões ou prêmios pagos"extra-folha", o que foi inclusive confessado pelo preposto (fl. 229vol. 02), cabia-lhe o ônus de comprovar a alegação de que taispagamentos provinham dos laboratórios, por tratar-se de fatoobstativo do direito do vindicante, o que não ocorreu.Sua única testemunha sequer se reportou ao pagamento das"bonificações" ("gueltas"). Além disso, a empresa confirma que apósabril de 2007 tais bonificações passaram a ser pagas por seuintermédio, através de contracheque.Ora, o fato de a empresa ter assumido o pagamento de taiscomissões e implantado a rubrica nos contracheques de seusempregados evidencia que era responsável pelo pagamento.Por conseguinte, reconhecida na defesa a existência dos pagamentos"por fora", mencionados na exordial, e não comprovada a sua versãode que os mesmos seriam efetuados pelos laboratórios, conclui-seque eram pagos pela própria demandada e tinham natureza deautênticas “comissões” sobre as vendas efetuadas.Conseqüentemente, dada a natureza salarial dos pagamentosefetuados, repercutem eles no cálculo das verbas trabalhistas,inclusive sobre o repouso semanal remunerado, tal como determinoua decisão combatida.A demandada, em seu apelo, volta à tese de que os valores pagos"por fora" não seriam comissões, mas simples prêmio. Assim,argumenta que, por via analógica, deveria ser aplicado oentendimento contido na súmula 225 do TST, que dispõe que asgratificações por tempo de serviço e produtividade, por serem pagasmensalmente, não repercutem no cálculo do repouso remunerado.Ora, como já exaustivamente abordado, os valores eram pagos atítulo de comissão e, como esta remunera apenas o trabalho efetivo,e não o repouso remunerado, correta a incidência determinada nasentença.Inaplicável, de igual modo, a Súmula 354 do TST, eis que oentendimento ali constante se dá em relação às gorjetas, que, comose sabe, não possuem caráter salarial, razão pela qual descabida apostulação recursal nesse sentido.

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Esta Corte, inclusive, ao apreciar anteriormente matérias idênticas,em que a reclamada fora ré, já teve oportunidade de se pronunciar arespeito do cunho salarial dessas “bonificações” pagas pela empresa,conforme se pode colher do julgado abaixo, em que atuei comorelatora, verbis:PARCELAS. NATUREZA SALARIAL. É salarial a natureza das parcelaspagas “por fora”, quando a empresa confirma a existência de taispagamentos e não consegue comprovar sua alegação de que osmesmos eram efetuados, diretamente, pelos laboratóriosfarmacêuticos aos funcionários que mais vendessem os produtos poreles fabricados. (RO-No que tange à média remuneratória das comissões, a decisãocomporta pequeno reparo no que tange aos valores auferidos à épocaem que o vindicante era operador de caixa.A segunda testemunha do autor, ao depor em juízo (fls. 231 – vol.02), afirmou que trabalhava na empresa como operador de caixa,recebendo, em média, R$80,00 de bonificação, o que confirma aversão do preposto da empresa, no sentido de que o caixa recebiaentre R$50,00 e R$ 80,00 de bonificação. Assim sendo, a decisãodeve ser modificada, a fim de ser considerada como médiaremuneratória das comissões o valor de R$ 80,00, no período em queo reclamante laborava como operador de caixa.Quanto ao restante do período em que trabalhava como auxiliar defarmácia, correto o decisum. A testemunha da ré sequer se reportouàs bonificações auferidas. Além disso, os extratos de fls. 510 eseguintes não servem para demonstrar o valor pago a esse título, eisque produzidos unilateralmente pela empresa. Assim, como nãodemonstrado pela recorrente o montante das comissões pagas “extrafolha”, descabido o seu inconformismo.DIFERENÇAS DE COMISSÕES COM REFLEXOSA sentença de 1º grau entendeu que a média de comissões auferidapelo autor em março de 2007 era da ordem de R$650,00, razão peladeferiu as diferenças do título em função da empresa ter procedido asua incorporação nos contracheques, a partir de abril/2007, semobservar esse parâmetro.Nega a promovida a redução das comissões, por entender que amédia remuneratória não era a reconhecida no decisum.Tendo em vista o que foi esboçado no tópico anterior, em que entendique o valor reconhecido pela sentença em relação ao período em queo obreiro exercera a função de auxiliar de farmácia (no períododiurno a partir de agosto/2005) estava correto, não há como deixar-se de tomar essa média como parâmetro.A ré sustenta em seu apelo que a verba era paga sob a rubrica 9016(gratificação de produtos campanha). Todavia, se formos considerarno cálculo apenas essa rubrica, a diferença de comissões iria sermaior do que o considerado pela sentença, resultando numareformatio in peius.

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Desta forma, a fim de evitar um prejuízo para a demandada, impõe-se reconhecer, tal como posto na sentença, que a parcela era pagatanto na rubrica 9016 quanto na 9005 (comissões de produtividade egratificação de produtividade).Dado o caráter salarial da verba, procedem os seus reflexos.Nada a reformar nesse particular.DAS HORAS EXTRASNa inicial o vindicante apontou jornada variada, com concessão, noperíodo imprescrito, de 15 a 20 minutos de intervalo para repouso.Na defesa (fls. 234/282 – vol. 02), a reclamada nega o labor emsobrejornada, sob o argumento de que o obreiro laborava apenas7he20min durante a semana, a exemplo da jornada exercida em2007, ou seja, das 13:40 às 22:00h, com 02 horas de intervalo e 04horas nos fins de semana, conforme registros de ponto carreados aosautos.A sentença primária desconsiderou os controles de horário, sob ofundamento de que os horários neles consignados era britânico, ouseja, invariáveis. Com base na prova oral produzida nos autos,deferiu horas extras, ao autor, o que levou a empresa a adentrar como presente recurso, reiterando a validade dos registros de ponto.Observando os controles de ponto do período imprescrito juntados àsfls. 397/461 (vols. 02 e 03), verifica-se que não retratam jornadainvariável. Há inúmeras variações de minutos nos registros deentrada e saída, como também em relação ao intervalo intrajornada.Embora essa variação tenha se dado com mais freqüência a partir deabril/2004 (fl. 41), isso não significa que no período anterior tal nãoocorrera. Vejamos, por exemplo, os registros de fls. 397/399,403/405, em que constam variações de diversos minutos.Como é sabido, para infirmar o valor probante dos controles deponto, mister se faz que o empregado demonstre, através dedocumentos ou testemunhas, que os horários registrados nãocorrespondiam à realidade. Todavia, deste mister não sedesvencilhou a contento.De acordo com o depoimento da 1ª testemunha do postulante (fls.230/231-vol. 02), ela laborara junto com o autor em duasoportunidades: de novembro/2007 a janeiro 2008 (em novembro de2007 a testemunha foi transferida para a filial 146 onde laborava oobreiro, lá permanecendo até janeiro/2008 em função de suatransferência para a filial 272) e durante o período imprescrito dejulho/2003 ao início de 2004.É bem verdade que no interregno de novembro/2007 a janeiro/2008,a testemunha confirmou o horário declinado pelo autor. Todavia emrelação ao interstício de julho/2003 ao início de 2004 não éverdadeira a afirmação no sentido de que laborara junto com opromovente. Ora, nesse intervalo temporal, o vindicante prestavaserviços na filial 146, conforme declarado no seu depoimento (“queem 2002 passou a trabalhar na filial 146, Rua Vila Nova da Rainha,

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onde ficou até janeiro de 2008” – fl. 228 – vol. 02). Já a testemunha,nesse mesmo período (julho/2003 ao início de 2004) laborava na filial145 como se pode verificar do seu depoimento prestado nos autos doprocesso Nºque trabalhou para a reclamada...inicialmente como caixa, passandoa auxiliar de escritório, auxiliar de gerente e, ao final, gerente; que adepoente sempre trabalhou na filial 145, exceto quando foi gerente, apartir de março de 2006, quando passou a trabalhar na filial 272...;que a partir de novembro de 2006 retornou à função de assistente degerente na filial 145 ficando até novembro de 2007 quando foitransferida para a loja 146 até a data de seu desligamento (fl. 192 –vol.01) – grifo posto.Como se pode ver a testemunha em tela visou falsear a verdade aodizer que laborara junto com o reclamante, com o intuito debeneficiá-lo, razão pela qual não se pode dar credibilidade às suasdeclarações.A segunda testemunha do autor, ao depor em juízo (fl. 231 – vol 02),alegou:que trabalhou na empresa de janeiro a dezembro de 2005, na filial146, na função de operador de caixa; que trabalhava das 13:50 às22:00, em escala de 5x1;..que Jailson ‘pegava um pouco mais cedo,e saía um pouco mais cedo do que eu...Nesse período, o vindicante apontou, em seu depoimento (fls.227/229) quatro horários distintos: das 21:00h às 8:30h, das 09:00às 20:30h, das 11:00 às 21:30 e, por fim, das 13:20 às 22:30h. Dodepoimento supra (2ª testemunha), infere-se que ela se refere a esseúltimo horário de trabalho.Ocorre porém que a testemunha em tela afirmou que o reclamantechegava e saía mais cedo do que ela. Ora, se a testemunha afirmaque saía da empresa às 22:00h e o autor diz que saía às 22:30h,como poderia tal assertiva ser verdadeira?Por fim, a terceira e última testemunha do demandante assim sepronunciou em juízo:...que trabalhou à noite com o reclamante; que o depoente iniciava ajornada às 21:15/21:30, encerrando por volta das 07:00/07:30 damanhã; que o horário do reclamante era o mesmo... (fls. 231/232 –vol. 02).Porém, o obreiro, ao prestar depoimento, declarou:...que quando foi vendedor noturno, trabalhava das 21:00 horas às08:30 da manhã sem intervalo... (fl. 228)Ante as contradições de horário, não há também como se acolher asalegações da testemunha. Ademais, na inicial o obreiro disse quenesse período usufruía de 15 a 30 minutos de intervalo (fl. 09) e, deforma contraditória, alega ao depor que não possuía período derepouso.Não tendo pois o autor se desincumbido do onus probandi, há queprevalecer a prova documental trazida pela empresa. Impõe-se a

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reforma do julgado, a fim de extirpar da condenação as horas extras,inclusive em relação ao intervalo intrajornada, e seus reflexos.DOS DESCONTOS INDEVIDOSA decisão de 1º grau condenou a empresa na devolução dos valoresrelativos aos descontos de "quebra normas inventário" e "quebra denorma vencimento/estrago".A reclamada alega que tais descontos foram estabelecidos pornormas internas da empresa, às quais anuiu o empregado. Sustentaque cada operador de caixa responsabiliza-se pelos produtoslocalizados sobre o check out de seu caixa, bem como por outrosconstantes de uma lista especial relativa a medicamentos vendidosapenas sobre prescrição médica e quanto aos produtos dispostos nosestrados do caixa, em geral, os laboratórios estabelecem um prazopara a troca antes de vencidos ou estragados. Destaca que osdescontos só eram feitos na ocorrência desses eventos.Ora, os riscos do negócio cabem ao empregador, não podendo sertransferido aos empregados. De mais a mais, não consta dos autosqualquer autorização do reclamante para o desconto em suaremuneração, nos termos do art. 462 da CLT.Correta pois, a sentença.DOS DANOS MORAISO vindicante requereu, na inicial, indenização por danos moraisfulcrada em dois argumentos: acusação de furto de celulares edispensa discriminatória em razão de ter adentrado com reclamaçãojunto ao CINCON (Centro Intersindical de Conciliação Trabalhista)antes de sua despedida.A prova oral produzida nos autos deixa à mostra que odesaparecimento de celulares ocorrera no turno em que trabalhava oautor e mais outros cinco empregados, dentre eles, o própriofuncionário responsável pela chave do setor onde eram guardados osobjetos. Registre-se que essa chave também desapareceu,juntamente com os celulares.Tais circunstâncias restringem as suspeitas apenas aos empregadosque se encontravam presentes no local, na hora provável em queocorreu o sumiço. Isso porque, em que pese a eventual presença declientes na loja, o acesso ao local da chave e dos celulares erarestrito aos empregados.Natural, portanto, a conclusão de que um deles teria subtraídoaquelas mercadorias. O constrangimento, no caso, não foi provocadopela empresa, mas sim por quem efetuou o furto, vez quenaturalmente fez recair suspeitas sobre todos os empregadospresentes naquele momento, embora de forma vaga eindeterminada.Evidencia-se, inclusive, pelo próprio depoimento do demandante (fl.228), que a empresa apenas procurou descobrir, junto a cada um dospossíveis autores do furto, quem teria subtraído os celulares. Não foifeita nenhuma acusação direta, a nenhum deles, apenas indagaçõesgenéricas. Tanto é assim que o vindicante esclareceu que todos

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foram interrogados individualmente pelo gerente, sem testemunhas.Vejamos:...que Paulo disso que ligou para Sandra, Gerente Regional, e queesta disse que o prejuízo deveria ser rateado; que como “PauloSantiago era coerente, fez uma reunião individual com cada um dosseis (fl. 228).Não vejo nesse procedimento nenhuma ilicitude, agressão ouacusação indevida. Afinal, que atitude deveria a empresa ter tomadoem tal situação? Cabia-lhe unicamente investigar, como o fez.Ademais se tivesse comunicado o ocorrido à polícia, a quem cabeefetuar esse tipo de investigação, certamente o constrangimentoseria bem maior.Ao meu ver, a reclamada errou apenas ao impor o rateio dosprejuízos entre os suspeitos, embora sem ter conseguido identificar oculpado, o que é vedado por lei. Entretanto, o alegadoconstrangimento decorrente do procedimento adotado pela empresapara descobrir o culpado pelo furto, de forma alguma configurou danomoral.Desta forma, deve ser extirpada do decisum a indenização respectiva.Todavia, em relação à dispensa discriminatória, a sentença nãocomporta reparos.Constata-se da prova produzida nos autos que a empresa, em cercade dois meses, efetuara a dispensa de diversos funcionários dareclamada, coincidentemente após o ingresso deles no CINCON(Centro Intersindical de Conciliação Trabalhista).O próprio depoimento do preposto leva a essa conclusão:"...que na época em que o reclamante foi demitido, a reclamada tinhaem torno de 76 empregados; que entre março e abril de 2008, foramdesligados em torno de 10 a 12 empregados; que foramrecontratados empregados para os lugares dos desligados; que nemtodos os que foram desligados nessa época, entraram com demandano CINCON, referindo especificamente o Sr. Sebastião Ricardo..." (fl.229 – vol. 02).A testemunha Ana Lúcia Barreto também confirmou que o autor foradispensado por ter adentrado com reclamação (fl. 230).Além disso, foram juntadas ao presente processo as atas deaudiência das ações de nsº 327.2008.009.13.00-3 e327.2008.023.13.00-0 (fls. 188/204 – vol. 01), em que orepresentante legal da Pague Menos e as testemunhas ali ouvidasreconheceram que vários empregados da reclamada entraram comdemanda junto ao CINCON e todos foram demitidos.Ressalte-se que tais demissões não foram por motivos financeiros, jáque outros empregados foram admitidos para ocupar as funçõesvagas.É verdade que o representante da Pague Menos argumentou quehavia um motivo particular par a demissão de cada empregado. Noentanto, desafia o bom senso admitir tal coincidência.

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Destarte, não há como negar que a despedida do reclamante se deuem represália ao exercício do direito de reclamar junto à CCP, atitudeque não pode ser tolerada por esta Justiça Especializada.Forçoso considerar, contudo, que para o empregado essa dispensaenseja os mesmos resultados de uma dispensa sem justa causa, emque não se evidenciam danos morais.Por outro lado, vários empregados foram dispensados e, ao queparece, todos ajuizaram reclamação com idêntico objeto.O dano moral que se visualiza em situações tais, ensejando adecorrente indenização, tem mais o escopo pedagógico, de inibiressas práticas discriminatórias pela empresa.”Assim, entendo razoável fixar a indenização em R$ 10.000,00,considerando que, ao servir de parâmetro para as demais, deverátotalizar soma razoável, suficiente para desestimular a permanênciadessa prática reprovável, pela empresa.“DA MULTA CONVENCIONALConstatada a existência de pagamentos "extra-folha", correto odeferimento da multa convencional, na forma exposta no decisum.DA MULTA DO ART. 475-J DO CPCInexistiu na sentença cominação da multa em foco, razão pela qualinconsistente o inconformismo da demandada nesse aspecto.DAS PUBLICAÇÕESRequer a promovida que todas as publicações dos atos processuaissejam feitas em nome do advogado Wilson Sales Belchior.Tendo em vista que a reclamada concedeu poderes ao referidoadvogado para representá-la em juízo (procuração de fl. 283), defiroo pedido.”Isso posto, dou parcial provimento ao Recurso para considerar que acomissão média do reclamante era de R$80,00, quando operador decaixa e para excluir da condenação os títulos de horas extras ereflexos e de indenização por dano moral decorrente de acusação defurto, assim como para reduzir a indenização por dispensadiscriminatória para R$10.000,00. Observe o setor competente apublicação dos atos processuais em nome do Dr. Wilson SalesBelchior (advogado da reclamada). Custas reduzidas paraR$1.000,00, calculadas sobre R$ 50.000,00, novo valor arbitrado àcondenação.ACORDAM os Juízes da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da13ª Região, com a presença do Representante da ProcuradoriaRegional do Trabalho, Sua Excelência o Senhor Procurador JOSÉCAETANO DOS SANTOS FILHO, por maioria, pelo voto médio, darPARCIAL PROVIMENTO ao recurso para considerar que a comissãomédia do reclamante era de R$ 80,00, quando operador de caixa epara excluir da condenação os títulos de horas extras e reflexos,assim como para reduzir a indenização por dispensa discriminatóriapara R$ 10.000,00. Certifico, ainda, ter a Colenda Turmadeterminado a observância, por parte do setor competente, da

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publicação dos atos processuais em nome do Dr. Wilson SalesBelchior (advogado da reclamada), vencida parcialmente Sua Exa. aSra. Juíza Relatora e com a divergência parcial de Sua Exa. o Sr. JuizCarlos Coelho de Miranda Freire. Custas reduzidas para R$ 1.000,00,calculadas sobre R$ 50.000,00, novo valor arbitrado à condenação.João Pessoa, 17 de dezembro de 2008.ARNALDO JOSÉ DUARTE DO AMARALJuiz Revisor designado para redigir o AcórdãoGJAF/VR/CFpor maioria, pelo voto médio, dar PARCIAL PROVIMENTO ao recursopara considerar que a comissão média do reclamante era de R$80,00, quando operador de caixa e para excluir da condenação ostítulos de horas extras e reflexos e para minorar a condenaçãorelativa à indenização por dano moral decorrente de acusação defurto para o valor de R$(dez mil reais), assim como para reduzir a indenização por dispensadiscriminatória para R$ 5.000,00. Certifico, ainda, ter a ColendaTurma determinado a observância, por parte do setor competente, dapublicação dos atos processuais em nome do Dr. Wilson SalesBelchior (advogado da reclamada). Custas reduzidas para R$1.000,00, calculadas sobre R$ 50.000,00, novo valor arbitrado àcondenação.

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PODER JUDICIÁRIO FEDERALJUSTIÇA DO TRABALHOTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃOGab Des Rildo Albuquerque Mousinho de BritoAvenida Presidente Antonio Carlos 251 - 7º andar - Gab. 36 Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJ

PROCESSO: 0000927-76.2011.5.01.0082 - RTOrd

ACÓRDÃO3ª TURMA

EMENTA: DIFERENÇAS SALARIAIS. DESVIO DE FUNÇÃO COMPROVADO. RECURSO PROVIDO. Se do exame das provas resultar que não havia diferença substancial entre as atividades inerentes ao cargo paradigma, e as exercidas pelo obreiro, é devida a diferença salarial em decorrência do desvio funcional.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos dos recursos ordinários em que Rio Nave Serviços Navais Ltda. e Eduardo Rampazio Martins figuram como recorrentes e recorridos.

Insatisfeita com a sentença de fls. 151/156, proferida pelo Exmo. Sr. Juiz Ângelo Galvão Zamorano, da 82ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, recorre a reclamada nas fls. 157/165, insurgindo-se contra o deferimento de horas extras.

Por seu turno, o reclamante, por meio do apelo de fls. 176/179, quer incluir na condenação as diferenças salariais.

Os recorridos ofereceram contrarrazões nas fls. 171/174 e 185/192.

O Ministério Público do Trabalho não interveio no processo.

É o relatório.

VOTO

1. CONHECIMENTO

Porque presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço dos recursos.

2. MÉRITO

2.1. Recurso da reclamada

Pretende a recorrente reformar a sentença sob o argumento de

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que não houve habitualidade na prestação de labor em sobrejornada, de modo que deve prevalecer o acordo de compensação de horas instituído pela convenção coletiva.

Razão não lhe assiste.

Admite a demandada (folha 60) que a jornada do recorrido ultrapassava, rotineiramente, o limite de 8 horas diárias e 44 semanais, uma vez que o obreiro, da contratação até 24/09/2010, trabalhava das 07h00 às 17h00, com uma hora de intervalo intrajornada; daí até 26/11/2010, laborou das 19h30 às 04h30; até 03/12/2010, cumpriu horário das 14h12 às 04h30; e, finalmente, daquela data até a dispensa, ativou-se das 07h12 até às 17h00.

Destaca-se que é entendimento pacificado nesta Justiça Especializada (Súmula 85, IV, do TST) que a prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de jornada.

Nessa linha de raciocínio, aplicando-se ao caso o referido verbete, conclui-se que a sentença merece reforma parcial, a fim de que somente as horas que extrapolaram a 44ª semanal sejam pagas como extras, remanescendo apenas o adicional em relação às destinadas à compensação.

Também excluo os reflexos dúplices do repouso semanal remunerado, em harmonia com a OJ 394 da SDI1 do TST.

Dou provimento parcial.

2.2. Recurso do reclamante

Insiste o recorrente no acréscimo de diferenças salariais à condenação, sustentando que restou comprovado, pela testemunha por ele indicada (folha 148), o exercício da função de soldador.

Extrai-se da referida prova oral que, “...em tese o praticante não poderia fazer uma solda mais complexa, ultrassom, por exemplo, mas na prática faziam a mesma coisa ... que o soldador; que se utilizava do ultrassom”.

A testemunha indicada pela empregadora (folha 149), por outro lado, mostrou-se contraditória, pois afirmou que “...trabalha na ré desde 2003 até a presente data, tendo sido inicialmente como soldador e por último encarregado desde o ano de 2006”, para informar, em seguida, que “todo profissional nessa área quando começa na ré é praticante”, esquecendo-se de que havia dito ter ingressado na recorrida já como soldador. Aliás, no final do seu depoimento, confirmou que realmente começou como soldador, mas acrescentou a novidade de que havia sido praticante em outros estaleiros.

Ademais, o preposto esclareceu que o autor, ao ser contratado, teve de apresentar a sua qualificação como soldador, o que significa que ele estava habilitado para desempenhar esse papel, como informou a sua testemunha.

Portanto, cabe reparo na decisão, nesse aspecto, uma vez que se conclui que não havia, na prática, diferenças entre as atribuições do apelante e as do exercente do cargo de soldador.

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Dou provimento ao recurso, para incluir na condenação as diferenças salariais referentes ao piso previsto nas convenções coletivas para o cargo de soldador (salário do trabalhador qualificado), com repercussão em horas extraordinárias prestadas (pagas e devidas), adicional noturno, aviso prévio, gratificações natalinas, férias com um terço, FGTS e respectiva indenização de 40%.

3. CONCLUSÃO

Ante o exposto, conheço dos recursos e, no mérito, dou provimento parcial ao da demandada, para aplicar a Súmula 85, IV, e a OJ 394 da SDI1, ambas do TST, e dou provimento ao do reclamante, para acrescer à condenação as diferenças salariais e seus reflexos, tudo nos termos da fundamentação.

Custas mantidas.

As parcelas agora deferidas têm natureza salarial, exceto os reflexos sobre aviso prévio e FGTS + 40%.

ACORDAM os desembargadores que compõem a 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer dos recursos e, no mérito, dar provimento parcial ao da demandada, para aplicar a Súmula 85, IV, e a OJ 394 da SDI1, ambas do TST, e dar provimento ao do reclamante, para acrescer à condenação as diferenças salariais e seus reflexos, tudo nos termos da fundamentação. Custas mantidas. As parcelas agora deferidas têm natureza salarial, exceto os reflexos sobre aviso prévio e FGTS + 40%.

Rio de Janeiro, 29 de outubro de 2012.

DESEMBARGADOR RILDO ALBUQUERQUE MOUSINHO DE BRITORelator

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fls.1

PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA DO TRABALHOTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO

TRT-PR-09043-2009-651-09-00-0 (RO)

OFENSAS VERBAIS - VERSÃO DO AUTOR SEMSUFICIENTE COMPROVAÇÃO - DANO MORAL NÃO

.  Postulada  indenização  por  danosCARACTERIZADOmorais  decorrentes  de  ofensas  verbais,  estas,  enquantofatos constitutivos do direito postulado (artigos 818 da CLTe 333,I, do CPC), devem ser satisfatoriamente comprovadaspor  aquele  que  se  afirma  vilipendiado  em  seu  patrimônioimaterial.  Não  satisfaz  tal  ônus  probatório  a  provatestemunhal  que  relata  somente  uma  discussão  maisacirrada,  sem  que  desta  tenha  resultado  maioresconsequências  aptas  a  ensejar  um  efetivo  abalo  moral.Mero  desentendimento,  portanto,  ainda  que  possa  tercausado certo  incômodo para ambos os envolvidos, não ésuficiente ao reconhecimento de dano moral ressarcível, oqual  exige  um  grau  mínimo  de  robustez,  tanto  no  fatoafirmado,  quanto  nos  elementos  de  convicção produzidos.Ante a fragilidade da versão apresentada e, igualmente, daprova  existente,  não  restam  configurados  os  elementosnecessários  ao  dever  de  indenizar  (artigo  186  e  927  doCCB). Sentença que se mantém.

SEGURO - DESEMPREGO - DEFERIMENTOJUDICIAL DE PARCELAS QUE INTEGRAM OBENEFÍCIO - DIFERENÇAS DEVIDAS -INDENIZAÇÃO DEFERIDA: O  cálculo  doseguro-desemprego  é  tomado  pela  média  das  parcelassalariais percebidas durante o período aquisitivo, conformese extrai do disposto na Lei nº 7.998/1990 e na Resolução392/2004,  do  CODEFAT.  Deferidas,  no  caso,  parcelassalariais  que  integram  a  fórmula  do  cálculo  do  benefício(art. 3º, I, Lei nº 7.998/1990), correto o autor que sustenta onão  recebimento  integral  do  benefício    por  culpa  da  ré

4ª TURMA

Documento assinado com certificado digital por Sueli Gil El Rafihi - 31/01/2011Confira a autenticidade no sítio www.trt9.jus.br/processoeletronico

Código: ZN2T-CP1L-1416-918R

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PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA DO TRABALHOTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO

TRT-PR-09043-2009-651-09-00-0 (RO)

e  pretende  ver-se  indenizado  pelas  respectivasdiferenças,  respeitado,  obviamente,  o  teto  máximolegal.    Evidentemente,  os  valores  do  seguro-desempregorecebidos  pelo  autor  não  corresponderam  aos  queefetivamente lhe seriam pagos, caso a ré não lhe houvessesonegado  as  parcelas  salariais  ora  reconhecidas,  nãohavendo  a  possibilidade  do  recebimento  de  diferenças  dobenefício  do  seguro-desemprego  diretamente  do  órgãoresponsável. Como causadora,  portanto,  de prejuízos,  nostermos do art. 927 do Código Civil, deve a ré repará-los aoautor,  por  meio  de  indenização  substitutiva.  Recurso

.obreiro a que se dá parcial provimento

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de

, provenientes da RECURSO ORDINÁRIO MM.ª 17ª VARA DO TRABALHO DE

, sendo Recorrente e Recorridos CURITIBA - PR EVERSON AUGUSTO JASKIU

TORTUGA PRODUTOS DE BORRACHA LTDA. e MAURICIO ALBANO

.NEVES

I. RELATÓRIO

Inconformado com a r. sentença de fls. 360/366,

complementada pela decisão resolutiva de embargos de fls. 373/374, ambas proferidas

pela Exma. Juíza do Trabalho Ana Maria São João Moura, que acolheu parcialmente os

pedidos, recorre o Autor.

Em razões aduzidas às fls. 377/391, postula a reforma da r.

sentença quanto aos seguintes tópicos: a) nulidade da decisão de embargos de

declaração; b) documentos sem valor probatório; c) adicional de insalubridade - base de

cálculo; d) horas extras - minutos residuais - adicional noturno - compensação e

prorrogação de jornada; e) férias - gratificação natalina - aviso prévio indenizado

- existência de diferenças; f) reajuste salarial; g) indenização de seguro desemprego;

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h) cesta básica; i) FGTS; j) danos morais; k) projeção do aviso prévio; l) multa do art.

477 da CLT; m) multa do art. 467 da CLT; n) honorários advocatícios; o) contribuições

previdenciárias e fiscais; e p) abatimentos.

Contrarrazões apresentadas pela 1ª Ré às fls. 395/404.

Apesar de devidamente intimado, o 2º Réu não apresentou

contrarrazões.

Considerando-se o disposto no Provimento nº 01/2005, da

Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, entendo que os interesses em causa não

justificam a remessa prévia dos autos ao Ministério Público do Trabalho.

II. FUNDAMENTAÇÃO

1. ADMISSIBILIDADE

Presentes os pressupostos legais de admissibilidade,

o recurso ordinário, bem assim as regulares contrarrazões.ADMITO

2. PRELIMINAR

a. NULIDADE DA DECISÃO DE EMBARGOS DEDECLARAÇÃO - NEGATIVA DE PRESTAÇÃOJURISDICIONAL

O Autor, em sede preliminar, argui a nulidade da decisão

proferida em embargos declaratórios opostos em face da r. sentença de fls. 360/366,

fundamentando haver ofensa ao inciso IX, do art. 93, da Carta Magna, bem como, ao art.

458, do Código de Processo Civil.

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Em suas razões, sustenta a permanência de omissão do MM.

Juízo quando da decisão dos embargos, a qual não conteve a devidaa  quo

fundamentação sobre os tópicos suscitados, persistindo a incompleta prestação

jurisdicional.

Reconhecendo-se a nulidade requer, ainda, o retorno dos

autos à origem, para que seja proferida nova decisão que abranja a todos os temas

delimitados.

Inexiste nulidade a ser declarada.

Em sede de embargos, sustentou o Autor que havia omissão

nos tópicos atinentes à base de cálculo do adicional de insalubridade, projeção do aviso

prévio no tempo de serviço e horas extras, quanto a estas, especificamente no ponto em

que entende que existe incompatibilidade com a prorrogação e a compensação

simultânea da jornada de trabalho.

Consoante art. 794 da CLT, nos processos sujeitos à

apreciação da Justiça do Trabalho, só haverá nulidade quando resultar dos atos

inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes.

Por outro lado, convém relembrar o magistério de Rui

Portanova, no sentido de que o § 1º do art. 515 do CPC "amplia o objeto do recurso,

possibilitando  que  todas  as  questões  suscitadas  e  discutidas  no  processo  sejam

apreciadas e julgadas pelo tribunal. Essas questões podem ser apreciadas em segundo

grau  de  jurisdição, mesmo  que  a  sentença  não  as  tenha  julgado  por  inteiro  e  ainda

.quando o juiz acolheu apenas um dos fundamentos apresentados pelas partes"

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Em que pese a r. decisão de primeiro grau tenha sido

contrária às pretensões do Reclamante, ou mesmo se lhe afigure como deficiente ou

lacônica, não deixou de se apresentar fundamentada. Não há, pois, negativa de prestação

jurisdicional a ser corrigida (art. 93, inciso IX da Constituição Federal).

Ainda que as alegações formuladas em sede de embargos de

declaração pelo Autor não tenham sido rebatidas pelo r. Juízo, o efeito devolutivo amplo

decorrente da interposição do recurso ordinário fez com que toda a matéria seja

devolvida ao Juízo "ad quem".

Inexistente, portanto, prejuízo ao Reclamante, nenhuma

nulidade há a ser declarada (inteligência dos arts. 794, da CLT e 515 do CPC).

REJEITO a preliminar de nulidade arguida pelo Autor, por

negativa de prestação jurisdicional.

b. DOCUMENTOS SEM VALOR PROBATÓRIO

O Reclamante aduz ainda, preliminarmente, que os

documentos apresentados com a contestação são inaptos a embasarem a r. sentença

definitiva.

Requer, deste modo, que os ditos documentos sejam

considerados sem efeito, bem como, que os fatos alegados na inicial sejam reconhecidos

válidos. Destarte, pugna pela nulidade da r. sentença ou, sucessivamente, na parte que se

baseou nos documentos da contestação, sendo os autos remetidos à origem para as

cabíveis providências.

Sem razão.

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Dispõe o art. 131, do Código de Processo Civil, in verbis:

"O juíz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes

dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá  indicar, na  sentença, os

motivos que lhe formaram o convencimento".

O entendimento do Julgador, a favor ou contra o

demandante, derivado da análise da prova, é manifestação do princípio do livre

convencimento motivado, que norteia a apreciação das provas.

Segundo Alexandre Freitas Câmara, "Documento  é  toda

atestação escrita ou gravada de um fato". [...] Esses documentos podem ser públicos e

privados  e  podem  ser  utilizados  como  prova,  em  original  ou  através  de  cópias.

Obviamente,  têm  maior  valor  probante  os  documentos  originais  e  os  firmados  por

autoridades. Os documentos são uma espécie de prova que gozam de muito prestígio,

haja  vista  que  detêm  grande  poder  de  convencimento  do  juiz." (CÂMARA, Alexandre

Freitas. Lições de Direito Processual Civil. 11.ed. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2004, v.1, p. 418.)

Ainda que impugnados elementos documentais, tal

impugnação volta-se principalmente ao aspecto formal da prova e, ainda assim, depende

de comprovação dos vícios alegados, pois a falta de autenticação, por si só, não invalida

os documentos, sendo necessário que seja desconstituído o seu conteúdo. Mera

impugnação formal, portanto, não se presta a invalidar os documentos, muito menos

enseja a declaração de nulidade.

A unilateralidade na produção da prova documental também

não enseja nulidade, sendo passível de exame no mérito do recurso.

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Ademais, nos termos do art. 794, da CLT, as nulidades

somente serão declaradas, quando provado causarem manifesto prejuízo à parte que as

invocar. Inexiste prejuízo ao Reclamante, vez que a decisão pode ser revista por este e.

Tribunal, conforme inclusive consta do pedido recursal.

Por conseguinte, reporto-me também ao que foi

fundamentado no tópico anterior, quanto ao efeito devolutivo amplo do recurso e

ausência de prejuízo (arts. 794, da CLT e 515 do CPC).

REJEITO.

3. MÉRITO

a. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE - BASE DECÁLCULO

Sustenta o Autor que o adicional de insalubridade incide

sobre sua remuneração e, quando menos, sobre o piso salarial da categoria, alegando que

é ilegal a vinculação ao salário mínimo. Razões pelas quais, pugna pelo deferimento de

diferenças decorrentes da base de cálculo incorreta e reflexos, alegando que referida

parcela foi paga com base no salário mínimo.

Não tem razão.

Consta na r. sentença: "Observa-se que os demonstrativos

de pagamento evidenciam o pagamento de adicional de insalubridade de 20% sobre o

salário normativo de ingresso, conforme disposto na cláusula 17 da referida CCT".

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Na decisão de embargos ficou expresso que: "restaram

indeferidas  diferenças  pelo mesmo postuladas  sob  tal  título,  justamente  considerando

correto  o  pagamento  feito  com base  no  salário  normativo,  conforme  norma  coletiva,

ficando patente o entendimento deste Juízo no sentido de correção da base de cálculo

(fl. 373/verso).em questão adotada pela reclamada."

Neste vértice, estabelece a cláusula 17ª da CCT da categoria

que: "O adicional de insalubridade a ser pago aos trabalhadores que fizerem jus serão

calculados sobre o salário normativo de ingresso, no valor de R$ 510,00 (quinhentos e

(fl. 28)dez reais)."

Decidiu o c. TST, por unanimidade de votos, revisar a

Súmula nº 228, ajustando seu posicionamento às reiteradas decisões do e. STF acerca da

interpretação do art. 192 da CLT, frente ao inciso IV, do art. 7º da CF/88.

Com isso, a agora Súmula nº 228 passou a ter a seguinte

redação:

"Nº 228 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. BASE DE CÁLCULO -Nova  redação  -  Res.  121/2003,  DJ  21.11.2003.  O  percentual  doadicional de insalubridade incide sobre o salário mínimo de que cogitao art. 76 da CLT, salvo as hipóteses previstas na Súmula nº 17."

Por seu turno, esta última Súmula, também restaurada pela

Resolução 121/2003, assim dispõe:

"17  -  ADICIONAL  DE  INSALUBRIDADE  -  O  adicional  deinsalubridade devido ao empregado que, por  força de  lei, convençãocoletiva  ou  sentença  normativa,  percebe  salário  profissional  serásobre este calculado."

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Do exposto, deduz-se que o salário mínimo permanece

como base de cálculo do adicional de insalubridade, ressalvando-se as hipóteses

declinadas na citada Súmula nº 17, do c. TST. Aplica-se o preceito contido na Orientação

Jurisprudencial nº 2, da SBDI-1, do c. Tribunal Superior do Trabalho:

"OJ  n°2:  Adicional  de  insalubridade.  Base  de  cálculo,  mesmo  navigência da CF/88: salário mínimo".

Considerando-se que no presente caso os instrumentos

coletivos trazidos aos autos (fls. 24/36), prevêem valor diferenciado para servir de base

de cálculo para o adicional de insalubridade, adota-se o salário normativo para o cálculo

do referido adicional.

Observa-se que a 1ª Ré pagava o adicional de insalubridade

de acordo com a previsão estabelecida na cláusula 17ª, que estabeleceu o salário de

ingresso de R$ 510,00, como base de incidência do adicional de insalubridade, no

período de vigência da CCT 2008/2009. Por exemplo, no mês de agosto de 2008, consta

que fora pago R$ 102,00, a título de adicional de insalubridade (fl. 183).

E da análise perfunctória dos demais recibos mensais, onde

consta o pagamento da referida verba, também não se vislumbra a existência de

diferenças, eis que não foram colacionados os demais instrumentos normativos aos

autos, cujo encargo probatório incumbia ao Autor. Por outro lado, apontam referidos

documentos que os valores pagos suplantavam o importe de 20% sobre o salário mínimo,

donde se extrai que a Reclamada pagou corretamente a verba, não restando

demonstradas diferenças inadimplidas.

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Desta feita, MANTENHO a r. sentença que definiu a base

de cálculo do adicional de insalubridade como sendo o salário normativo de ingresso e

indeferiu as diferenças postuladas.

b. HORAS EXTRAS - MINUTOS RESIDUAIS -TROCA DE UNIFORME E GINÁSTICA LABORAL

Pretende o Reclamante a reforma da r. sentença no

tocante aos 20 minutos que antecediam o horário de entrada, os quais o MM. Juízo a quo

não incluiu como horário extraordinário. Aduz que chegava diariamente 20 minutos

antes do horário do expediente para a realização de ginástica laboral, bem como para

trocar de roupa, por imposição da Ré, o que, segundo alega, restou comprovado pela

prova produzida nos autos, mormente as testemunhas.

Analisa-se.

A r. sentença reconheceu que o Autor chegava mais

cedo para trocar de roupa, embora sem proibição de já vir uniformizado. Ainda, entendeu

a Magistrada, que não houve comprovação de que a ginástica laboral fosse realizada

antes dos empregados baterem o cartão-ponto.

Quanto à troca de uniforme, não se vislumbra a

obrigatoriedade, eis que a testemunha indicada pelo próprio Autor, Sr. Marcos Henrique

de Paula, disse que: "acredita  que  podia  vir  de  casa  uniformizado,  não  havendo

(transposto do audiovisual), o que se coaduna com o depoimentoproibição da empresa;"

das testemunhas indicadas pela Ré. Indevido, portanto, esse tempo como horas extras.

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Da mesma forma, não procedem as horas extras no que se

refere aos minutos destinados à ginástica laboral, eis que não restou suficientemente

demonstrado pelas testemunhas que era feita antes do batimento dos cartões-ponto. As

testemunhas indicadas pela Ré negaram que tal fato tenha ocorrido e a testemunha

Marcos Henrique, convidada pelo Autor, procurou beneficiá-lo, declarando jornadas

superiores às da inicial, o que compromete a confiabilidade do depoimento, no que se

refere às horas extras.

Não há nenhuma evidência, no depoimento do preposto, de

que o tempo da ginástica laboral não fosse anotado nos cartões de ponto, como alegou o

Autor em recurso.

NADA A DEFERIR.

c. ADICIONAL NOTURNO

Insurge-se o Reclamante com a r. sentença que indeferiu o

adicional noturno, com alusão ao tópico anterior relativo às horas extras.

Sustenta o Recorrente que o trabalho noturno é fato

incontroverso, devidamente comprovado no decorrer dos autos e que não poderia ser

indeferido, haja vista o não recebimento correto de tal verba. Requer ao final, o

deferimento do pedido nos termos da inicial.

O recurso não enseja provimento.

Na inicial, afirmou o Autor que não era computada a

redução da hora noturna, de 52'30''. Requereu que fossem consideradas horas noturnas

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aquelas trabalhadas após às 22h e prorrogadas após às 05h da manhã, nos termos do art.

73, da CLT.

Inicialmente, ressalta-se que não foi acolhido o pedido de

horas extras formulado no tópico precedente. Via de consequência, não procede a

insurgência como decorrência do pedido anterior.

Em relação às horas extras , já restou determinadodeferidas

pela Magistrada sentenciante que deve ser observado o adicional noturno e a redução da

hora noturna para as horas laboradas após às 22h00 horas, com aplicação do disposto na

Súmula 60, do c. TST, quanto ao adicional noturno.

No que se refere ao adicional noturno pago, a parte autora

não apresentou qualquer demonstrativo de diferenças, quando era esse o seu ônus, nos

termos dos artigos 818 da CLT e art. 333, I, do CPC. Não é dado ao Julgador, nessa

situação, prospectar nos autos horas noturnas não adimplidas, sendo certo que é de

interesse do Autor tal conduta. Não apontando as diferenças que entendia existentes,

impossível o deferimento do pedido.

Nesse sentido já decidi, conforme a seguinte ementa:

ADICIONAL  NOTURNO  -DEMONSTRATIVO  -  ÔNUS  DA  PARTEAUTORA. É do autor o ônus da prova quanto ao fato constitutivo doseu  direito  -  artigos  818  da  CLT  e  333,  inciso  I,  do  CPC.  Aincontrovérsia sobre o conteúdo dos documentos não afasta o ônus daparte  em  apresentar  numericamente  as  diferenças  que  alega,  nãopodendo  a  omissão  ser  suprida  pelo  julgador  sob  pena  de  sedesequilibrar  a  relação  processual. (Processo00998-2008-023-09-00-2 -Publ. em 04/05/2010 - Des. Relatora SueliGil El Rafihi)

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Finalmente, quanto à aplicação do artigo 73, § 5º, da CLT,

é incisivo ao determinar que também às prorrogações do trabalho noturno aplica-se o

disposto relativamente às horas noturnas propriamente ditas (entre 22h00 e 5h00).

Tal questão, inclusive, hoje mostra-se pacificada no c. TST,

na forma da Súmula 60, inciso II:

"II  -  Cumprida integralmente a jornada no período noturno e,  devido  é  também  o  adicional  quanto  às  horasprorrogada esta

prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT" (destaquei)

No caso concreto, não faz jus o Autor ao direito previsto

para o caso de prorrogação de jornada noturna, pela simples razão de que a jornada não

era cumprida integralmente dentro do horário noturno, constatação feita a partir dos

controles de jornada encartados (fls. 154 e seguintes), eis que cumpria a jornada no

horário das 22h56 às 08h do dia seguinte, com uma hora de intervalo.

Portanto, no que se refere à aplicação do artigo 73, § 5º, da

CLT, a prorrogação só se caracteriza quando o trabalhador completa aintegralmente

sua jornada normal dentro do horário noturno, continua trabalhando e ingressa no horário

diurno. Apenas nessa hipótese o horário diurno é considerado prorrogação do trabalho

noturno, o que não ocorreu no caso concreto, pois o Autor cumpria

inequivocamente jornada mista.

Destarte, por qualquer prisma, MANTENHO a r. sentença.

d. INCOMPATIBILIDADE DA EXISTÊNCIACONCOMITANTE DOS INSTITUTOS DACOMPENSAÇÃO E PRORROGAÇÃO DE JORNADA

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A Reclamante sustenta a incompatibilidade dos acordos de

compensação e de prorrogação da jornada, reportando-se à confissão do preposto quanto

à ocorrência de trabalho extraordinário em razão da compensação por ocasião dos "dias

ponte", decorrentes de feriados que recaíam durante a semana.

Não tem razão.

Quanto ao acordo de compensação de horas, é cediço que

tal instituto consiste em um ajuste firmado para legitimar o excesso de jornada de um

determinado dia de trabalho, em face do decréscimo proporcional de outro, dentro de um

lapso temporal expressamente previsto em lei ou instrumento normativo da categoria

profissional.

A Constituição Federal autoriza o regime de compensação

no art. 7º, XIII, dispondo que "duração do trabalho normal não superior a oito horas

diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução

.da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho"

Também segundo o teor da Súmula nº 85, incisos I e II, do

c. TST, a compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo individual

escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva, porquanto previsto no citado art. 7º,

inciso XIII, da Constituição Federal, no qual é facultada a compensação de horários e a

redução de jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.

Vieram aos autos os ACT's (fls. 215 e seguintes), que

estabelecem a compensação da jornada com a supressão do trabalho aos sábados, bem

como foram juntados os acordos de prorrogação e compensação das jornadas de trabalho

em relação aos dias pontes, em razão dos feriados.

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Formalmente válidos os acordos, portanto.

Especificamente quanto à ocorrência de trabalho

extraordinário, este não gera, por si só, a nulidade da compensação prevista em acordos

de trabalho, reputados válidos. E assim entende-se por duas razões distintas, ambas

destituídas de complexidade. Primeiro, a ausência, no ordenamento jurídico, de norma

proibitiva neste sentido, nem mesmo constitucional. E, depois, por uma questão de

bom-senso, considerando-se que, no mais das vezes, os acordos de compensação de

jornada vêm, efetivamente, em benefício do empregado, que passa, em geral, a ter mais

um dia de convívio familiar.

Entretanto, imperiosa se faz a análise do caso em concreto,

sendo que, em qualquer hipótese, a validade do acordo de compensação se condiciona

a ausência de desrespeito ao limite diário de jornada estabelecido no artigo 59 da CLT,

vale dizer, dez horas diárias.

No caso em apreço, prevalecem os horários assinalados nos

cartões-ponto, com exceção da participação em cursos, fixada em duas sextas-feiras por

mês, até às 09h da manhã. Não se vislumbra, no caso vertente, labor excedente à 10ª hora

diária, tampouco existe demonstrativo pelo Autor, ônus que lhe incumbia.

Ainda, quanto à existência de prorrogação e compensação

referente aos dias ponte, observa-se que foram alvo de negociação coletiva específica,

com folgas compensatórias em vésperas de feriados, proporcionando aos empregados

descansos prolongados. Dessa forma, reputo que o labor extraordinário não tem o condão

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TRT-PR-09043-2009-651-09-00-0 (RO)

de invalidar a sistemática de compensação, devidamente autorizada pelos instrumentos

coletivos e cumprida fielmente, como se infere das várias anotações de "compensado"

nos registros de ponto.

A adoção concomitante da compensação e prorrogação da

jornada de trabalho, em si, não leva à nulidade de qualquer deles, pois nota-se que

houve autorização convencional para a adoção simultânea da compensação do sábado e

dos denominados "dias ponte" (cláusula 23ª, fl. 28).

MANTENHO a r. sentença.

e. FÉRIAS - GRATIFICAÇÃO NATALINA - AVISOPRÉVIO INDENIZADO - EXISTÊNCIA DEDIFERENÇAS

O Reclamante não se conforma com a r. sentença que não

reconheceu diferenças relativas às férias, 13° salário e aviso prévio. Sustenta que os

documentos apresentados pela Reclamada foram devidamente impugnados e que não

refletem a verdade dos fatos.

Pois bem.

No que tange às férias, com peculiar acerto decidiu a MM.

Juíza, ao salientar que a prova testemunhal do Reclamante não foi apta a

rebater satisfatoriamente os documentos apresentados pela Reclamada, bem como, em

não comprovar as alegações do Reclamante, uma vez que não soube especificar se houve

o gozo das férias ou não, além das coletivas.

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Transcrevo a r. sentença, quanto ao ponto: "A  testemunha

ouvida a convite do autor, Marcos Henrique, não soube afirmar se no período em que

laborou com o autor este  trabalhou  ininterruptamente. Acrescentou que havia no réu,

férias coletivas no final do ano, as quais eram em média de 15 dias. Aduziu que além

das férias coletivas o depoente também tirava férias em outros períodos, sendo que às

vezes  acontecia  de  acumular  e  tirar  todos  os  períodos  junto.  Afirmou  ainda  que

acontecia de vender férias e nesses casos constavam nos recibos de férias. Entendo que

o depoimento da  testemunha não é suficiente para elidir os recibos e avisos de  férias

juntados  aos  autos,  uma  vez  que  não  soube  afirmar  que  o  autor  trabalhou

(fl. 362/verso)ininterruptamente ou se usufruiu férias além das coletivas."  

Concluiu o MM. Juízo "a quo", em seguida, que: "Os

documentos  de  fls.  103/120  referem-se  a  avisos  e  recibos  de  férias  relativos  à

contratualidade. Tais documentos, bem como o TRCT de  fl. 83 demonstram o correto

pagamento das férias ao autor. Ademais, tendo em vista que a impugnação do autor com

relação  aos  referidos  recibos  se  deu  de  forma  genérica,  deixando  de  indicar

especificamente  diferenças  em  seu  favor,  considero  válidos  os  referidos  documentos

inexistindo diferenças em favor do autor."

MANTENHO a r. sentença, como posta, adotando seus

precisos fundamentos como razões de decidir.

Da mesma forma, prevalece a prova documental em relação

às demais verbas supracitadas, não desconstituída pelo Autor, pois a impugnação

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genérica não se presta a isso. Necessário seria o apontamento de diferenças pelo

Reclamante, encargo probatório do qual não se desonerou, sendo cediço que tal

perscrutamento não pode ser transferido ao Julgador, que não é o contador das partes.

Razões pelas quais, NADA HÁ A REFORMAR.

f. REAJUSTE SALARIAL

O Reclamante não se conforma com a r. sentença, que

indeferiu o pedido atinente ao reajuste salarial.

Em suas alegações, aduz que os documentos juntados pela

Reclamada não condizem com a verdade e que os mesmos foram devidamente

impugnados. Neste ínterim, sustenta que não foram considerados, de igual forma, os

reflexos concernentes às férias, 1/3 de férias, FGTS mais 40%, aviso prévio, DSR e

demais repercussões sobre os pedidos incluídos na demanda.

Requer ao final, que seja dado provimento ao presente

recurso, reiterando-se os pedidos encartados na inicial.

Não tem razão.

Na r. sentença, a MMª Juíza fundamentou que o recibo de

pagamento do mês de agosto/2008 demonstra que o reajuste previsto na cláusula 4ª,

da CCT 2008/2009, foi devidamente pago ao Reclamante.

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A referida cláusula 4ª da CCT da categoria (fl. 26), prevê o

reajuste de 8% sobre o salário de agosto de 2008 do empregado, levando-se em conta o

salário do mês de agosto de 2007, devendo ser observado o teto máximo de R$ 5.000,00

(cinco mil reais).

Dessa forma, vislumbra-se que o salário praticado em

agosto/2007, que era de R$ 819,00 (fl. 170), passou para R$ 1.014,25 (fl. 183), em

agosto/2008, em face do reajuste de 8%, estabelecido na convenção coletiva.

Assim, restou demonstrado que foi concedido o reajuste

salarial pela Reclamada, não merecendo reparos a decisão originária.

Os reflexos postulados na inicial são consectários do pedido

indeferido de diferenças salariais.

MANTENHO.

g. INDENIZAÇÃO DO SEGURO-DESEMPREGO

Na r. sentença de fls. 360/366, o MM. Juízo "a quo" deferiu

o pedido do Autor, equivocadamente, o que foi sanado via declaratória (fls. 373/374),

pois a verba foi deferida em razão de equiparação salarial, sequer postulada na inicial.

O Reclamante irresigna-se com a decisão de primeiro grau,

alegando que não recebeu o benefício de forma integral, postulando a inclusão de

diferenças concernentes às horas extras e demais verbas salariais reconhecidas em Juízo.

Com razão.

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TRT-PR-09043-2009-651-09-00-0 (RO)

O cálculo do seguro-desemprego é tomado pela média das

parcelas salariais percebidas durante o período aquisitivo. É o que se extrai do disposto

na Lei nº 7.998/1990 e na Resolução 392/2004, do CODEFAT.

No caso concreto foram deferidas parcelas salariais que

integram a fórmula do cálculo do benefício (art. 3º, I, Lei nº 7.998/1990), de modo que

os valores do seguro-desemprego recebidos pelo Autor não correspondem aos que

efetivamente lhe seriam pagos, caso a Ré não houvesse sonegado as parcelas salariais

deferidas. A Ré causou prejuízos ao Autor e nos termos do art. 927 do Código Civil,

deve repará-los.

Desse modo, observados os parâmetros fixados em lei, e

após verificados os salários devidos ao Autor, considerados os títulos onde houve

condenação, deve a Ré arcar com o pagamento do equivalente às diferenças do

seguro-desemprego a que tinha direito o Autor, por ocasião da rescisão do contrato.

Esse entendimento encontra-se cristalizado na recente

Súmula 389, item II, do TST, que converteu as Orientações Jurisprudenciais nºs 210 e

211 da SDI-I, estando redigida nos seguintes termos:

"SÚMULA  389.  SEGURO-DESEMPREGO.  COMPETÊNCIA  DAJUSTIÇA DO  TRABALHO.  DIREITO  À  INDENIZAÇÃO  POR  NÃOLIBERAÇÃO DE GUIAS. I - Inscreve-se na competência material daJustiça do Trabalho a lide entre empregado e empregador tendo porobjeto  indenização  pelo  não-fornecimento  das  guias  doseguro-desemprego.  II - O não-fornecimento pelo empregador daguia necessária para o recebimento do seguro-desemprego dá origem

."ao direito à indenização

No caso dos autos, o reconhecimento de verbas

salariais deu-se somente em sede judicial, não havendo a possibilidade do recebimento

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TRT-PR-09043-2009-651-09-00-0 (RO)

de diferenças do benefício do seguro-desemprego diretamente do órgão responsável,

motivo pelo qual faz jus o Reclamante à indenização substitutiva.

REFORMO PARCIALMENTE para deferir diferenças de

seguro-desemprego, em face do reconhecimento de verbas salariais em Juízo.

h. CESTA BÁSICA

Em suas razões recursais, insiste o Reclamante que os

documentos juntados pela Recorrida foram devidamente impugnados por não refletirem

a verdade dos acontecimentos. Reporta-se ao pedido e causa de pedir formulados na

inicial.

Na inicial, alegou que não recebeu o valor mensal previsto

na CCT da categoria, convencionado a título de cesta básica.

Na r. sentença, a MMª Juíza decidiu o seguinte: "Tendo o

autor  impugnado  os  referidos  documentos  somente  sob  o  argumento  de  que  nos

referidos comprovantes de entrega não consta o valor da cesta básica fornecida e, não

(fl.tendo  apontado  especificamente  diferenças  em  seu  favor,  indefiro  o  pleito"

363/verso)

Mantenho a r. decisão.

Analisando-se os autos, verifica-se que a Reclamada juntou

às fls. 125/184 e 249/298, comprovantes de pagamento com inclusão da cesta básica,

bem como, relação de entrega do referido benefício.

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TRT-PR-09043-2009-651-09-00-0 (RO)

Em sua manifestação à fl. 58, o Autor não

impugnou validamente os documentos juntados com a contestação, pois o fez sob o

argumento de que não consta o valor da cesta básica fornecida, permanecendo diferenças

em relação ao valor previsto nas CCT's.

Nesse sentido, há de se considerar que não há testemunhas

ou quaisquer outras provas que atestem a veracidade dos fatos alegados pelo

Reclamante.

Verifica-se, ainda, que os documentos juntados pela Ré,

quanto ao recebimento de cesta básica, não foram produzidos de modo unilateral. Isso se

denota ao analisar os recibos juntados pela Reclamada, uma vez que foram assinados

pelo Autor, bem como a relação de entrega do benefício.

Portanto, a principal alegação à qual se apega o Reclamante,

por si só, não é suficiente para comprovar a existência das diferenças inadimplidas, eis

que sequer apontou referidas diferenças em seu favor, o que se lhe impunha, pois

tratava-se de fato constitutivo do seu direito.

Portanto, acertada a r. sentença, a qual MANTENHO.

i. FGTS

No que se refere ao FGTS de todo o período laborado, alega

o Reclamante que o ônus da prova quanto aos depósitos da conta vinculada é

da Reclamada, de acordo com jurisprudência majoritária. Alega, ainda, que havendo

diferenças decorrentes das verbas postuladas, incide o FGTS e a multa de 40%.

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TRT-PR-09043-2009-651-09-00-0 (RO)

Contudo, não lhe assiste razão.

A MMª Juíza indeferiu o pedido sob o seguinte fundamento:

"Quanto aos valores oficialmente remunerados na constância do pacto laboral, cabia ao

autor  demonstrar  a  existência  de  diferenças,  não  havendo  falar-se  em  obrigação  do

reclamado  em  comprovar  os  depósitos  efetivamente  efetuados.  Ocorre  que  desde  a

petição inicial, tinha o reclamante condições de apontar quais as diferenças que entende

devidas, considerando que o mesmo tinha acesso aos extratos de sua conta vinculada ao

(fl. 363/verso)FGTS [...]"

Na inicial (fl. 08), o Reclamante pleiteou o recolhimento do

FGTS de toda a contratualidade e diferenças de depósitos acrescidas da multa de 40%,

sobre as verbas deferidas. Não juntou extratos da conta vinculada, aos quais, como é

cediço, tinha pleno acesso e tampouco indicou diferenças inadimplidas.

Nesta situação, sequer há alegação de irregularidades. E,

ainda que se considerasse que o há, implicitamente, tenho que permaneceu com o

Demandante o ônus da prova. São esses os termos da OJ 301 da SDI-TST: "Definido

pelo  reclamante o período no qual não houve depósito do FGTS, ou houve em valor

inferior,  alegada  pela  reclamada  a  inexistência  de  diferença  nos  recolhimentos  de

FGTS,  atrai  para  si  o  ônus  da  prova,  incumbindo-lhe,  portanto,  apresentar  as  guias

respectivas, a fim de demonstrar o fato extintivo do direito do autor (art. 818 da CLT c/c

art. 333, II, do CPC)".

E, a rigor, o Autor não indicou, como prescreve a OJ em

tela, , limitando-se, na exordial, a"o  período  no  qual  não  houve  depósito  do  FGTS"

tão-somente a pedir a comprovação da correção dos depósitos, sem sequer comprovar

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TRT-PR-09043-2009-651-09-00-0 (RO)

suas afirmativas de modo a demonstrar irregularidades, sem nem ao menos indicar os

meses em que teriam ocorrido as irregularidades.

A Ré, por sua vez, afirmou que efetuou corretamente os

depósitos, bem como juntou os extratos da conta vinculada do Autor, conforme se

observa às fls. 99/102, onde consta que os recolhimentos foram realizados mensalmente.

E, manifestando-se sobre a defesa e documentos, o

Reclamante apenas o fez de modo geral e remetendo-se aos fatos alegados na inicial, não

apontando, sequer, diferenças inadimplidas, devendo-se lembrar que mesmo quando

anexados aos autos as guias respectivas, ainda assim continua sendo do Autor o dever de

apontar diferenças, pois não se pode transferir ao Magistrado e nem mesmo ao contador

do Juízo a incumbência de revisar os depósitos efetuados, cujo período pode chegar até

a 30 anos.

Este tem sido o entendimento desta e. Turma, como o

demonstra a seguinte ementa:

"DEPÓSITO  DO  FGTS.  DIFERENÇAS.  ÔNUS  DA  PROVA.Constatando-se que o pedido  inicial  relativo aos depósitos do FGTSabrangeu  todo  o  período  do  contrato  de  trabalho,  não  tendo  odemandante  indicado  o mês,  ou  os meses,  em  que  não  teria  havidodepósito do FGTS, ou em que teria havido recolhimento a menor que odevido, o ônus de comprovar eventuais diferenças paira sobre o autor,ante a dicção do arts. 818 da CLT, e 333, I, do CPC, bem assim dapacífica jurisprudência sobre o tema (Orientação Jurisprudencial 301d a   S B D I - 1   d o   C .   T S T ) "(TRT-PR-00968-2004-654-09-00-0-ACO-11935-2006 - Relatora:SUELI GIL EL-RAFIHI - Publicado no DJPR em 28-04-2006).

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Destarte, não apontada na inicial a irregularidade de

recolhimentos do FGTS e, de toda a feita, não discriminados quais são os valores

devidos com referência ao FGTS da contratualidade, nego provimento ao recurso, no

particular.

MANTENHO.

j. DANOS MORAIS

O Reclamante afirma ter sofrido dano moral. Tal dano

estaria comprovado, segundo alega, pela prova testemunhal produzida, a qual atesta que

havia ofensas pessoais e xingamentos em público por parte de seus superiores

hierárquicos, Sr. Maurício Albano Nunes e o encarregado Sr. Roberto. Neste sentido,

argumenta que passou por um quadro de depressão, em razão das humilhações sofridas.

O MM. Juízo "a quo" decidiu pela improcedência do

pedido, ante a falta de comprovação das circunstâncias potencialmente geradoras do

dano e, mesmo, do dano em si. O fundamento em que se encontra supedaneada a decisão

é o de que a declaração da testemunha Marcos, indicada pelo Autor, não concretizou os

fatos narrados pelo mesmo, eis que não soube informar com precisão tais ofensas e

tampouco quem as fazia. Assim, ao entendimento de que cabe à parte que alega fazer

provas em seu favor, indeferiu o pleito indenizatório.

A decisão não merece reparo. Senão vejamos.

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Ingressou o Autor com pedido de tutela a fim de ver

reconhecido seu direito à indenização por danos morais, por haver sido ofendido em

sua honra, no sentido de sofrer xingamentos, tais como, "vagabundo", "pior funcionário

do setor", "incompetente", o que levou-o a quadro clínico de depressão.

Segundo a doutrina, "dano é o  resultado de uma ação ou

omissão,  não  estribada  em  exercício  regular  de  um  direito,  em  que  o  agente  causa

(SÜSSEKIND, Arnaldo.prejuízo  ou  viola  direito  de  outrem,  por  dolo  ou  culpa."

Instituições de direito do trabalho, 18 ed. São Paulo: LTr, 1999).

O dano moral trabalhista consiste no "agravo  ou

constrangimento  moral  infligido  quer  ao  empregado,  quer  ao  empregador,  mediante

violação  de  direitos  ínsitos  à  personalidade,  'como  conseqüência  da  relação  de

(DALAZEN, João Oreste. Aspectos do dano moral trabalhista, Revista doemprego'"

Tribunal Superior do Trabalho, vol. 65, nº 1, out/dez 1999).

Para a configuração do dano moral é preciso,

inequivocamente, a prova de três circunstâncias: a) o elemento objetivo, consistente na

ocorrência efetiva de uma ação ou omissão; b) o elemento subjetivo, consistente nos

efeitos produzidos por tais atos ou omissões (o dano); c) o nexo causal, de tal forma que

se possa dizer extreme de dúvida que houve ação ou omissão culposa ou dolosa do

empregador. Ou seja, o dano moral passível de reparação exige prova robusta da prática

do ilícito, além da ampla demonstração do prejuízo sofrido.

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Assim, o dano não se sustenta somente na impressão

subjetiva do empregado acerca de lesão a direito ínsito de sua personalidade, apesar de

caracterizar-se por atingir bens incorpóreos como a auto-estima, a honra, a privacidade, a

imagem, etc.

Todavia, no caso "sub judice" não restou comprovado que o

Autor sofria humilhações de seus superiores Sr. Maurício Albano Nunes e o encarregado

Sr. Roberto, os quais, segundo alegou na inicial, o "taxavam" de incompetente,

vagabundo, palhaço e afirmavam ser o obreiro o pior empregado do setor, sendo que isso

era feito aos gritos e perante terceiros (fl. 11).

Afirmou a testemunha ouvida a convite do Autor, Sr.

Marcos Henrique de Paula, que não tinha problemas como o Sr. Maurício ou com o

encarregado Roberto, e que não teve conhecimento de comentários na empresa de

ofensas praticadas pelos mesmos em relação ao Autor. Noticiou apenas um "bafafá"

sobre um desentendimento entre eles na empresa, no entanto, referida testemunha não

presenciou os fatos e sequer soube dizer se seriam ou não verdadeiros, nem se lembrou

das pessoas que teriam tecido aludidos comentários.

Segundo afirmou a testemunha, ainda, as partes tiveram um

"arranca rabo", o que pode significar uma discussão na qual os ânimos se encontram

acirrados, todavia não significa que tenha lhe causado tamanho abalo moral, mormente

porque nenhuma prova exite a respeito. Apenas um fato isolado relatado pela

testemunha, mas que sequer soube dizer se era ou não verdadeiro. Portanto, mero

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desentendimento, o qual pode ter provocado incômodo para ambos, mas,

indubitavelmente, não resultou em maiores consequências a ensejar um efetivo dano

moral.

Era ônus do Reclamante produzir a prova dos fatos

constitutivos de seu direito à indenização por danos morais, consoante se extrai dos

artigos 333, I do CPC e 818 da CLT. No caso dos autos, dele não se desincumbiu,

restando carentes de prova tanto a conduta do superior do Reclamante, bem como, de seu

encarregado (xingamentos de ordem pessoal), quanto o dano moral que estes teriam

produzido. Por consequência lógica, o nexo causal entre ambos os eventos também

figura ausente.

Deste modo, conclui-se que a prova testemunhal não

comprovou os fatos alegados pelo Autor, sendo indevida a obrigação indenizatória da Ré

por danos morais.

NADA A DEFERIR.

k. PROJEÇÃO DO AVISO PRÉVIO

Pretende o Reclamante que o período do aviso prévio seja

anotado na CTPS e, via de consequência, considerado como tempo de serviço, gerando

repercussões e reflexos.

Na decisão de embargos, o MM. Juízo "a quo" decidiu que:

"quanto  à  assertiva  de  omissão  sobre  o  pleito  de  projeção  do  avisoprévio  indenizado  para  fins  de  anotação  na Carteira  de  Trabalho  ePrevidência Social do autor, além de referido pedido não constar doitem VIII como mencionado na peça de embargos, mas sim no item XIda exordial, saliente-se que o indeferimento de novo período de aviso

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prévio - como restou decidido na sentença prolatada - levou por terrao pleito de retificação da anotação contida na CTPS do reclamante,eis  que  o  pedido  em  tela  não  restou  embasado  em  fundamento  decomputo  do  aviso  prévio  já  concedido  para  fins  de  anotação  emCarteira de Trabalho e Previdência Social, mas  sim pedido de novaconcessão do aviso prévio, com integração do respectivo período parafins da referida anotação." (fl. 373/verso)

Para a elucidação da matéria, imprescindível a transcrição

do pedido formulado no item XI, da inicial: "XI - Pagamento do aviso prévio indenizado

de 30 (trinta) dias, com juros, correção monetária, bem como a anotação do referido

período na CTPS do Reclamante, considerando-o como tempo de serviço para todos os

(fl., reconhecendo-se, ainda, a incidência de todos os reflexos legais [...]"efeitos legais

17, grifei)

A causa de pedir está ancorada no pagamento incompleto do

aviso prévio indenizado, o que não ocorreu, segundo decidido em primeiro grau.

Dentro da lógica jurídica, cabe ao Juiz a devida subsunção

dos fatos à lei e esta, aliás, é precipuamente, a sua função, em perfeita simetria com os

brocardos latinos e pois o dever do Juiz"da mihi factum dabo tibi jus" "jura novit curia",

é de aplicar o direito aos fatos apresentados.

Considerando, ainda, que no pedido maior se inclui o

menor, entendo que procede a insurgência.

Logo, a pretensão está dentro dos limites da lide, mormente

porque existe pedido a respeito, de anotação do período do aviso prévio indenizado na

CTPS do Autor, como tempo de serviço para todos os efeitos legais.

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Consoante entendimento prevalecente nesta e. Turma, o

período relativo ao aviso prévio, mesmo que indenizado, integra o tempo de serviço do

empregado para todos os fins legais.

Portanto, a data a ser consignada na carteira de trabalho é a

do termo final do aviso prévio.

A matéria encontra-se, inclusive, sedimentada no âmbito do

c. TST, por meio da Orientação Jurisprudencial nº 82 da SBDI 1: "AVISO PRÉVIO.

BAIXA NA CTPS.  A  data  de  saída  a  ser  anotada  na CTPS  deve  corresponder  a  do

".término do prazo do aviso prévio, ainda que indenizado

Nesse sentido, as seguintes ementas, cujo texto passa a fazer

parte da presente fundamentação:

AGRAVO DE  INSTRUMENTO.  CTPS.  ANOTAÇÃO.  ORIENTAÇÃOJURISPRUDENCIAL Nº  82 DA  SBDI-1. NÃO PROVIMENTO.  1. Oacórdão  regional  mostra-se  em  consonância  com  o  entendimentoconsubstanciado  na  Orientação  Jurisprudencial  nº  82  da  SBDI-1,segundo  a  qual  a  data  de  saída  a  ser  anotada  na  CTPS  devecorresponder  à  do  término  do  prazo  do  aviso  prévio,  ainda  queindenizado. Incidência da Súmula nº 333. 2. Agravo de instrumento aque  se  nega  provimento. (AIRR - 728/2007-111-03-40 - DJ -27/06/2008 - Ministro Relator Caputo Bastos).

ANOTAÇÃO  DE  CTPS  -  AVISO  PRÉVIO  INDENIZADO  -PROJEÇÃO. A projeção do aviso prévio  indenizado  integra o  tempode  serviço  do  empregado  e  a  anotação  da  baixa  na  CTPS  devecorresponder  à  data  de  término  do  aviso  prévio. Aplicação  ao  casoconcreto dos termos da Orientação Jurisprudencial nº 82 da SBDI I,do  C.  TST. (TRT-PR-00921-2006-670-09-00-7-ACO-39909-2008 -4A. TURMA - Relator: SUELI GIL EL-RAFIHI - Publicado no DJPRem 14-11-2008).

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Há que se determinar que conste do registro a circunstância

de que o período do aviso prévio indenizado está sendo considerado para fins da data da

baixa da CTPS, de modo que o órgão previdenciário possa verificar, oportunamente, os

efeitos daquela anotação para o cômputo do tempo de aposentadoria do Autor.

Diante do exposto, REFORMO para determinar que conste

na CTPS a data do término do aviso prévio indenizado, nos termos da fundamentação.

l. MULTA DO ART. 477 DA CLT

O Reclamante discorda da r. sentença que indeferiu a

aplicação da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT. Sustenta que o deferimento de

diferenças em Juízo, acarreta o pagamento da multa supracitada, pois entendimento em

sentido contrário beneficiaria o empregador inadimplente.

Sem razão.

Inicialmente, deve ser ressaltado que a decisão monocrática

considerou acertadamente que a ex-empregadora observou o prazo estabelecido para o

pagamento dos haveres rescisórios, quando se manifestou: "Ao  contrário  do  alegado

pelo autor o TRCT de fl. 83 atesta o recebimento das verbas rescisórias no prazo legal

tendo  em  vista  que  a  rescisão  do  contrato  de  trabalho  se  deu  sem  justa  causa  em

24.10.2008, com aviso prévio indenizado e o recebimento das verbas rescisórias se deu

(sentença, fl. 364/verso)em 31.10.2008."

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No caso sob exame, verifica-se que o Autor foi dispensado

sem justa causa com aviso prévio indenizado em 24/10/2008 (TRCT, fl. 83), sendo as

verbas quitadas em 31/10/2008 e o termo homologado na mesma data. Assim, o

pagamento se deu no prazo estabelecido no artigo supracitado.

De outro modo, há que se destacar que, havendo

controvérsia sobre a existência do direito às verbas, não há que se falar em aplicação do

artigo 477, da CLT, que prevê multa para a hipótese de atraso no pagamento das verbas

rescisórias.

Nesse sentido, por exemplo, a seguinte ementa:

MULTA DO ART. 477, DA CLT - VERBAS DEFERIDAS EM JUÍZO -INDEVIDA. A reclamada observou o prazo de pagamento das verbasrescisórias, previsto no artigo 477, § 6º, "b", da CLT. O deferimento dediferenças  decorrentes  da  presente  reclamatória  trabalhista,  nãoautoriza  o  pagamento da multa  postulada. Recurso da  reclamante  aq u e   s e   n e g a   p r o v i m e n t o .(TRT-PR-02954-2007-660-09-00-5-ACO-28842-2008 - 4A. TURMA -Relator: SÉRGIO MURILO RODRIGUES LEMOS - Publicado noDJPR em 19-08-2008).

Portanto, eventuais diferenças rescisórias decorrentes de

deferimento judicial não autorizam a incidência do parágrafo 8º do art. 477 da CLT,

aplicável somente em caso de mora patronal, quando do pagamento das verbas

rescisórias reconhecidas como devidas pelo empregador, ou seja, aquelas expressamente

elencadas no termo rescisório, o que não é o caso dos autos.

Pelo exposto, MANTENHO.

m. MULTA DO ART. 467 DA CLT

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Quanto à multa vindicada, o art. 467, da CLT, está assim

redigido: "Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o

montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à

data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte  incontroversa dessas verbas,

sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta por cento".

Do dispositivo legal transcrito obtém-se que o adjetivo

incontroverso significa aquilo sobre o que não há dúvida, que é incontestável, certo,

inconcusso. Daí se pode concluir que deve ser tido como incontroverso o que o

empregador acaba confessando que deve, que não foi por ele pago o que, a toda

evidência, não é o caso dos autos.

Nesse contexto, devidamente contestadas as pretensões do

Autor e necessitando de análise as questões suscitadas, verifica-se instaurada a

controvérsia. Não há, portanto, como aplicar a multa do art. 467, da CLT, pois é preciso

ausência de animosidade sobre os pontos.

Não se vislumbra a existência de verbas incontroversas de

onde se conclui, por evidente, que não é devida a multa do artigo 467, da CLT.

Isto posto, MANTENHO a r. sentença.

n. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

O Reclamante recorre postulando honorários advocatícios.

Sustenta que são devidos, eis que na presente demanda discute-se matéria atinente aos

danos morais. Alega também que no caso "sub judice" trata-se de beneficiário da justiça

gratuita, o que torna cabível a verba honorária. Requer, por fim, o deferimento de

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honorários advocatícios no importe de 20% sobre o valor da causa, em favor do patrono

do Reclamante.

Sem razão.

Os honorários advocatícios sucumbenciais são indevidos em

sede trabalhista por inexistir previsão de seu pagamento, tanto na CLT quanto em leis

específicas aplicáveis ao processo do trabalho. Estas só prevêem aqueles decorrentes da

assistência sindical (Lei nº 5584/70), e as leis processuais civis são incompatíveis por

absoluta falta de afinidade com os princípios e particularidades do processo do trabalho.

A verba em questão decorre do princípio da sucumbência,

que garante ao vencedor o direito de ser ressarcido pelo vencido dos prejuízos da

demanda, não distinguindo entre autor e réu. Este princípio se baseia, pois, na

condenação proporcional, igualdade dos litigantes e a delimitação da causa com valores

líquidos do que o autor está a pleitear.

Isto importa dizer que a aplicação do princípio da

sucumbência nos moldes civilistas exigiria a condenação do vencido, empregador e

empregado, de forma proporcional ao pleiteado e à tutela material efetivamente

concedida.

Ora, no processo trabalhista a igualdade formal dos

litigantes não se manifesta em sua integralidade (v.g. consequências da ausência de autor

e do réu na audiência inicial), nem a valoração da causa tem a amplitude do processo

civil. A aplicação desse instituto, sem uma regulamentação especial para o processo

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laboral, além de afrontar as peculiaridades desse processo especializado (v.g. princípio

da gratuidade), importaria, na prática, em denegação dos princípios da igualdade entre os

litigantes e da proporcionalidade, indissociáveis do instituto em estudo.

Ou seja, na Justiça do Trabalho somente são devidos

honorários advocatícios quando observados os requisitos da Lei nº 5.584/70, estando a

matéria sumulada através das Súmulas 219 e 329 do c. TST.

Nos termos da OJ 305 da SDI-1 do c. TST: "Na Justiça do

Trabalho,  o  deferimento  de  honorários  advocatícios  sujeita-se  à  constatação  da

ocorrência  concomitante  de  dois  requisitos:  o  benefício  da  justiça  gratuita  e  a

assistência por sindicato".

Quanto à nova realidade vislumbrada após a edição da EC

45/2004, que ampliou a competência da Justiça do Trabalho, a Instrução Normativa

27/2005 do c. TST foi editada com o escopo de regulamentar e fornecer subsídios a esse

novo cenário jurídico, de forma que dispôs, entre outras questões, sobre normas

processuais aplicáveis às relações de trabalho. Seu art. 3º, e §3º, preconiza que: caput

"Aplicam-se  quanto  às  custas  as  disposições  da Consolidação  das Leis  do Trabalho.

§3º-  Salvo  nas  lides  decorrentes  da  relação  de  emprego,  é  aplicável  o  princípio  da

sucumbência recíproca, relativamente às custas".

E, quanto aos honorários advocatícios, prescreve referida

instrução: "Art. 5º. Exceto nas lides decorrentes da relação de emprego, os honorários

.advocatícios são devidos pela mera sucumbência"

Assim, tendo em vista que a presente lide decorre de relação

de emprego e não de trabalho, não se aplica a previsão contida no art. 20 do CPC,

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restando inaplicáveis os honorários de sucumbência, não havendo que se falar em

prevalência da natureza civil da indenização por danos morais.

A declaração de que é pobre e não possui condições de

demandar em Juízo sem prejuízo, concede ao Autor apenas os benefícios da justiça

gratuita, nos termos da Lei nº 1.060/50, que prescinde a assistência sindical e foi deferida

à fl. 364/verso.

E, estando ausente a assistência sindical, indevido o

pagamento dos honorários advocatícios pleiteados.

Diante do exposto, MANTENHO a r. sentença.

o. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS EFISCAIS

Pleiteia o Reclamante a reforma da decisão no que tange aos

descontos previdenciários e fiscais. Requer que seja determinada a incidência mês a mês

e não sobre o montante recebido, de uma só vez.

Transcrevo a r. sentença para elucidação:

"As  contribuições  previdenciárias  deverão  ser  apuradas mês  a mês,consoante disposto no artigo 22 da Lei 8212/91 e no § 4º do artigo 276do  Decreto  3048/99,  observando-se  o  teto  máximo  dosalário-de-contribuição  para  o  valor  devido  pelo  empregado,  bemcomo os valores por ele já pagos.

Ressalte-se que não incidem contribuições previdenciárias sobre juros,a  teor  do  contido  no  item  15  da  Ordem  de  Serviço  ConjuntaINSS/DAF/DSS Nº 66, de 10 de outubro de 1997,  sendo certo que acorreção monetária sobre elas deverá seguir os critérios estabelecidosna legislação previdenciária (parágrafo quarto do artigo 879 da CLT).

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Quanto  ao  imposto  de  renda,  e  considerando  o  teor  do  AtoDeclaratório  nº  1,  da  PFN  -  que  dispensa  o  recurso  por  parte  daprópria  Fazenda,  em  situações  análogas  -  revejo  o  entendimentoanteriormente  adotado,  para  determinar  que  sejam  retidas  ascontribuições,  mas  calculadas  mês  a  mês,  com  base  nas  tabelas  ealíquotas  das  épocas  próprias  a  que  se  referem  respectivosrendimentos.

Contudo, os juros de mora sofrerão incidência de uma única vez,sobre o seu total, consoante disposto no artigo 56, do Decreto3.000/1999.

Ainda, inexistindo prejuízo, nenhum valor há, a ser deferido, quanto àindenização correspondente aos descontos fiscais.

Por  fim,  em  observância  ao  disposto  no  artigo  832,  §  3º,  daConsolidação das Leis do Trabalho, dispõe este Juízo que as verbassobre  as  quais  haverá,  ou  não,  incidência  de  contribuiçãoprevidenciária, são aquelas descritas no artigo 28, da Lei 8.212/91."(sentença, fls. 365 e 365/verso, negritei)

No que concerne ao critério de apuração dos descontos

previdenciários, insta lembrar que este foi normatizado, recentemente, no § 3º do artigo

43 da Lei nº 8.212/91, segundo o qual "As contribuições sociais serão apuradas mês a

mês,  com  referência  ao  período  da  prestação  de  serviços,  mediante  a  aplicação  de

alíquotas,  limites máximos do  salário-de-contribuição  e  acréscimos  legais moratórios

vigentes  relativamente  a  cada  uma  das  competências  abrangidas,  devendo  o

recolhimento  ser  efetuado  no  mesmo  prazo  em  que  devam  ser  pagos  os  créditos

encontrados  em  liquidação  de  sentença  ou  em  acordo  homologado,  sendo  que  nesse

último caso o recolhimento será feito em tantas parcelas quantas as previstas no acordo,

"nas  mesmas  datas  em  que  sejam  exigíveis  e  proporcionalmente  a  cada  uma  delas

(redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009).

A disposição também se encontra no artigo 276, § 4º, do

Decreto nº 3.048/99 nos seguintes termos: "A contribuição do empregado no caso de

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ações trabalhistas será calculada, mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no art.

", razão pela qual inexiste198,  observado o  limite máximo do  salário-de-contribuição

qualquer modificação a ser efetivada na decisão de origem.

Mormente porque, no caso "sub judice" não houve

sucumbência do Autor quanto ao ponto, falta-lhe, portanto, o interesse de agir.

Quanto ao critério a ser adotado em relação à retenção do

imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente em razão de

decisão judicial, igualmente, a r. sentença determinou que fosse observado o critério

mensal, de acordo com o entendimento desta e. Turma, como se verifica no Ato

Declaratório nº 1, de 27 de março de 2009, cujo teor segue transcrito:

"O  PROCURADOR-GERAL  DA  FAZENDA  NACIONAL,  no  uso  dacompetência legal que lhe foi conferida, nos termos do inciso II do art.19, da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do art. 5º do Decreto nº2.346,  de  10  de  outubro  de  1997,  tendo  em  vista  a  aprovação  doParecer  PGFN/CRJ/Nº  287/2009,  desta  Procuradoria-Geral  daFazenda  Nacional,  pelo  Senhor  Ministro  de  Estado  da  Fazenda,conforme despacho publicado no DOU de 13/05/2009, DECLARA quefica autorizada a dispensa de interposição de recursos e a desistênciados já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante:"nasações  judiciais  que  visem obter  a  declaração  de  que,  no  cálculo  doimposto  renda  incidente  sobre  rendimentos  pagos  acumuladamente,devem ser levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocaspróprias  a  que  se  referem  tais  rendimentos,  devendo  o  cálculo  sermensal  e  não  global". JURISPRUDÊNCIA: Resp 424225/SC (DJ19/12/2003); Resp 505081/RS (DJ 31/05/2004); Resp 1075700/RS (DJ17/12/2008); AgRg no REsp 641.531/SC (DJ 21/11/2008); Resp901.945/PR (DJ 16/08/2007).

Este posicionamento também é acompanhado pelo

Ministério da Fazenda, como se vê no despacho proferido pelo Ministro Guido Mantega,

publicado no Diário Oficial da União em 13/05/2009, na seção 1, p. 9:

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"GABINETE DO MINISTRO. DESPACHO DO MINISTRO. Em 11 deMaio de 2009. Assunto: Tributário. Rendimentos tributáveis recebidosacumuladamente.  O  imposto  de  renda  incidente  sobre  rendimentospagos  acumuladamente  deve  ser  calculado  com  base  nas  tabelas  ealíquotas  das  épocas  próprias  a  que  se  referem  tais  rendimentos.Jurisprudência  pacífica  do  Egrégio  Superior  Tribunal  de  Justiça.Aplicação  da  Lei  10.522.  de  19  de  julho  de  2002  e  do  Decreto  nº2.346,  de  10  de  outubro  de  1997.  Procuradoria-Geral  da  FazendaNacional  autorizada  a  não  contestar,  a  não  interpor  recursos  e  adesistir  dos  já  interpostos.  Aprovo  o  PARECER  PGFN/CRJ/Nº287/2009,  de  12  de  fevereiro  de  2009,  da  Procuradoria-Geral  daFazenda  Nacional,  que  concluiu  pela  dispensa  de  apresentação  decontestação,  de  interposição  de  recursos  e  pela  desistência  dos  jáinterpostos,  desde  que  inexista  outro  fundamento  relevante,  comrelação  às  ações  judiciais  que  visem obter  a  declaração  de  que,  nocálculo  do  imposto  de  renda  incidente  sobre  rendimentos  pagosacumuladamente,  devem  ser  levadas  em  consideração  as  tabelas  ealíquotas  das  épocas  próprias  a  que  se  referem  tais  rendimentos,devendo o cálculo ser mensal e não global. GUIDO MANTEGA".

Assim sendo, entendo que os descontos fiscais devem ser

apurados levando em conta as tabelas e respectivas parcelas, pelo critério mensal -

regime de competência, e não mais pelo regime de caixa.

Não havendo sucumbência do Autor, NADA A

MODIFICAR.

Apenas merece reparos a decisão quanto a incidência do

imposto de renda sobre juros de mora.

Muito embora, nos termos do § 3º do artigo 43 do Decreto

nº 3.000/99, que "Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração

", conste que: "do  Imposto  sobre  a  Renda  e  Proventos  de  Qualquer  Natureza Serão

também considerados rendimentos tributáveis a atualização monetária, os juros de mora

e quaisquer outras indenizações pelo atraso no pagamento das remunerações previstas

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PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA DO TRABALHOTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO

TRT-PR-09043-2009-651-09-00-0 (RO)

", reformulo entendimentoneste artigo (Lei nº 4.506, de 1964, art. 16, parágrafo único)

anteriormente adotado, para afastar a incidência de imposto de renda sobre os juros de

mora, tendo em vista a recente decisão proferida pela SDI-1 do Tribunal Superior do

Trabalho (E-RR- 1401/1999-006-09-00-0, publicada em 13/11/2009).

Nesse sentido, a ementa a que me refiro:

"IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA SOBRE JUROS DE MORA. OÓrgão  Especial  desta  Corte,  apreciando  o  processoROAG-2110/1985-002-17-00.4  (Red.  des.  Min.  Barros  Levenhagen,DEJT  4/9/2009),  pacificou  a  controvérsia  até  então  existente  e,considerando  a  interpretação  que  o  Superior  Tribunal  de  Justiçaconfere ao art. 404 do Código Civil, no sentido de serem os juros demora parcela  indenizatória por consistirem perdas e danos, concluiupela  não  incidência  de  imposto  de  renda  sobre  os  juros  de  mora.Recurso de Embargos de que se conhece e a que se dá provimento".(Processo: E-RR - 1401/1999-006-09-00.0 Data de Julgamento:05/11/2009, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, Subseção IEspecializada em Dissídios Individuais, Data de Divulgação: DEJT13/11/2009)

Assim, descabe a incidência de imposto de renda sobre

, uma vez que os juros visam restituir as perdas e danos decorrentes dasjuros de mora

parcelas deferidas em Juízo e que não haviam sido quitadas em momento próprio, não

podendo a parte autora ser onerada, mesmo que a verba principal decorra de natureza

salarial, pois os juros não são equiparados a rendimentos do trabalho, mas recomposição

das perdas sofridas, em razão das verbas não terem sido quitadas na época própria.

Em face do exposto, REFORMO a r. sentença para

determinar a não incidência do imposto de renda sobre os juros de mora.

p. ABATIMENTOS

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PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA DO TRABALHOTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO

TRT-PR-09043-2009-651-09-00-0 (RO)

Do mesmo modo, insurge-se o Reclamante quando aos

abatimentos, aduzindo que os mesmos somente podem ocorrer mês a mês,

diferentemente do que decidiu a r. sentença recorrida. Requer a reforma da decisão.

Não tem razão.

Isto porque, também neste tópico, não houve sucumbência

do Autor. Senão vejamos.

Quando da análise do tópico atinente aos abatimentos dos

valores pagos, à fl. 365/verso, a MMª Julgadora observou que: "Quanto ao abatimento,

Já no item relacionado àsonde  cabível  já  restou  determinado  na  presente  decisão."

horas extras, determinou: "Deduzam-se eventuais valores pagos sob idêntico título, mês

(fl. 362/verso)a mês."

Por conseguinte, o entendimento está de acordo com esta 4ª

Turma, no sentido de que o abatimento dos valores pagos a títulos idênticos deve ser

feito mês a mês, na esteira do disposto no artigo 459 da CLT, "pagamento do salário,

qualquer  que  seja  a  modalidade  do  trabalho,  não  deve  ser  estipulado  por  período

superior  a  1  (um)  mês,  salvo  no  que  concerne  a  comissões,  percentagens  e

gratificações".

Nesse sentido, ainda, as seguintes ementas:

COMPENSAÇÃO. HORAS EXTRAORDINÁRIAS. ABATIMENTO DOSVALORES  PAGOS.  CRITÉRIO.  PROVIMENTO.  O  salário  constituiparcela  periódica  devida  ao  empregado  pela  prestação  de  seusserviços.  O  art.  459  da  CLT,  ao  determinar  o  parâmetro  temporalmensal do salário, atraiu para si a mesma periodicidade das demaisverbas  que  têm  natureza  salarial.  Assim,  a  compensação  das  horasextraordinárias  pagas  com  aquelas  efetivamente  realizadas  pelo

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empregado,  reconhecidas  em  juízo,  deve  ser  feita  dentro  do  própriomês  a  que  se  referem,  sendo  idêntico  o  fato  gerador  da  obrigação.Recurso  de  revista  conhecido  e  provido. (TST, Processo: RR -15600-18.2007.5.09.0656, Data de Julgamento: 09/06/2010, RelatorMinistro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, Data de Divulgação:DEJT 18/06/2010).

VALORES  PAGOS.  ABATIMENTO.  MÊS  A  MÊS.  Esta  Corte  temreiteradamente decidido que o artigo 459 da CLT, ao  limitar em ummês o  tempo para a  realização do pagamento dos  salários, atraiu amesma periodicidade para as demais verbas que têm natureza salarial.Logo,  a  compensação  das  parcelas  pagas  com  aquelas  efetivamenterealizadas deve ser realizada dentro do próprio mês a que se referem,tendo em vista que é  idêntico o  fato gerador de seu pagamento, nãohavendo  amparo  legal  para  que  eventual  saldo  de  parcelas  sejacompensado  nos  meses  subseqüentes.  Ademais,  nenhum  arestotranscrito traz divergência apta, no sentido de autorizar o abatimentodas  parcelas  pelo  seu  valor  global.  Inespecíficos,  nos  termos  daSúmula  296,  do  TST.  Não  conhecido. (TST, Processo: RR -383900-24.2006.5.09.0872 Data de Julgamento: 09/06/2010, RelatorMinistro: Emmanoel Pereira, 5ª Turma, Data de Divulgação: DEJT18/06/2010).

NADA A REFORMAR, pois de acordo com a r. sentença

que já determinou que os abatimentos dos valores comprovadamente pagos ao mesmo

título devem ocorrer pelo critério mês a mês.

III. CONCLUSÃO

Pelo que,

os Juízes da 4ª Turma do Tribunal RegionalACORDAM

do Trabalho da 9ª Região, por unanimidade de votos,  ADMITIR O RECURSO

ORDINÁRIO DO AUTOR, assim como as respectivas contrarrazões. Sem divergência

de votos,  REJEITAR A PRELIMINAR de nulidade por negativa de prestação

jurisdicional arguida pelo Autor, bem como a preliminar de nulidade arguida em razão

da prova documental. No mérito, por igual votação, DAR PROVIMENTO PARCIAL

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TRT-PR-09043-2009-651-09-00-0 (RO)

AO RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR para, nos termos da

fundamentação:  a) deferir diferenças de seguro-desemprego, em face do reconhecimento

de verbas salariais em Juízo; b) determinar que conste na CTPS a data do término do

aviso prévio indenizado,  com a ressalva para os devidos fins previdenciários;  e c)

Custas peladeterminar a não incidência do imposto de renda sobre os juros de mora. 

Reclamada de R$ 20,00, calculadas sobre o valor acrescido à condenação,

provisoriamente arbitrado em R$ 1.000,00.

Intimem-se.

Curitiba, 19 de janeiro de 2011.

SUELI GIL EL RAFIHI

DESEMBARGADORA RELATORA

w/

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO – 3ª REGIÃO

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RECORRENTE: MINERAÇÃO TURMALINA LTDA.

RECORRIDO: HÉLIO DOS SANTOS

RELATOR: DESEMBARGADOR EMERSON JOSÉ ALVES LAGE

EMENTA:   DISPENSA   DISCRIMINATÓRIA. REINTEGRAÇÃO.  A   par   do   questionamento existente na doutrina, quanto ao inciso I do art. 7º   da   Constituição   da   República   tratar­se   de norma de eficácia contida ou  limitada, é  certo que se a  alegação de dispensa sumária  vem fundada   na   caracterização   de   uma   dispensa discriminatória,  a  matéria deve ser  examinada tendo   em   vista   a   teleologia   da   nova   ordem constitucional   que,   indubitavelmente,   privilegia os   princípios   da   dignidade   humana   e   da valoração do trabalho e da livre iniciativa (art. 1º, III e IV), sem perder de vista a função social da empresa, no contexto da ordem econômica (art. 170   da   CR/88).   Nessa   ordem   de   idéias,   o legislador   infraconstitucional   editou   a   Lei   nº 9.029/95,   cuja   finalidade,   dentro   do   âmbito laboral,   foi   vedar   a   prática   discriminatória   na dispensa de empregados.

Vistos os autos,  relatado e discutido o presente  recurso ordinário, decide­se.

1 – RELATÓRIO

A   MMª   Juíza   do   Trabalho   Daniele   Cristine   Morello Brendolan Maia, em exercício na Vara do Trabalho de Pará de Minas, pela r. sentença   de   f.   308/330,   cujo   relatório   adoto   e   a   este   incorporo,   julgou parcialmente   procedentes   os   pedidos   formulados   na   reclamação   trabalhista 

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ajuizada por  HÉLIO DOS SANTOS  em  face de  MINERAÇÃO TURMALINA LTDA.,  para,   considerada a  vigência das CCTs  juntadas pelo  reclamante e aplicação das  referidas normas: a)  declarar nula,  por  obstativa de direitos e nitidamente discriminatória, a resilição do contrato de trabalho do reclamante, ocorrida   em   19/01/2011,   nos   termos   da   Lei   nº   9.029/95,   utilizada subsidiariamente, como medida de concretização do ordenamento disposto nos artigos 1º, III e IV, 3º, I e IV, 7º, XXII e XXXI e 170, reintegrar o obreiro, no prazo de 48 horas da intimação do trânsito em julgado, à míngua de pedido de tutela antecipada, providenciando, logo após, documentação necessária para que este seja novamente encaminhado ao INSS, assegurando que este permaneça em trabalhos compatíveis com suas condições de saúde; b) pagar, ao reclamante, salário e  demais vantagens percebidas pelos empregados de sua categoria, desde a data da rescisão contratual até a da sua reintegração, tornando ativo o contrato   de   trabalho,   inclusive   com  percepção   de   férias   +   1/3,   13º   salário, recolhimentos fundiários e restabelecimento do plano de saúde, sendo o valor da remuneração   a   ser   paga   resultante   da   média   dos   valores   recebidos anteriormente à rescisão; c) cancelar a baixa contratual constante da CTPS do obreiro, devendo este, para tal  finalidade, entregar sua carteira de trabalho à reclamada, no ato da reintegração, mediante recibo, para que a reclamada, no prazo de cinco dias, providencie o efetivo cancelamento da baixa contratual, sob pena desta incorrer em multa diária de R$ 50,00 (cinquenta reais), até o limite de R$ 2.000,00 (dois mil reais); d) pagar indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00; e) fixada a jornada do reclamante de acordo com os cartões de ponto, com um intervalo de 15 minutos diários somente a partir de abril/2010, acrescendo­se, à jornada contida nos cartões, trinta minutos diários, no início da jornada, até setembro/2009 e 45 minutos diários, a partir de outubro/2009, bem como 35 minutos diários, ao final da jornada, até setembro/2009 e 20 minutos diários, a partir de outubro/2009, como tempo à disposição, além de 10 minutos diários no percurso de ida e o mesmo lapso temporal no percurso de volta (horas in  itinere),  pagar:  horas extras acima da 6ª hora diária e 36ª hora semanal; minutos residuais, observando o limite de 5 minutos na entrada e 5 na saída, conforme marcação dos cartões, também como jornada extraordinária acima da 6ª diária; 15 minutos de intervalo a cada três horas de labor, nos termos do artigo 298   da   CLT,   considerando   a   existência   de   um   intervalo   diário   a   partir   de abril/2010; trinta minutos, no início da jornada, até setembro/2009 e 45 minutos, a   partir   de   outubro/2009,   bem   como   35   minutos,   ao   final   da   jornada,   até setembro/2009 e 20 minutos a partir de outubro/2009, como tempo à disposição, 

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pago como labor extraordinário; 20 minutos diários, como labor  in itinere; pelo labor realizado em feriados sem a devida compensação, em dobro; reflexos das verbas acima deferidas em: RSRs, aviso prévio, férias + 1/3, 13º salário, FGTS + 40% e integração para cálculo da remuneração; f) restituir valores descontados a título de alimentação nos recibos (R$ 5,00); g) pagar diferenças de horas extras e   atestados   decorrentes   da   integração   do   adicional   de   insalubridade   e   o adicional noturno; h) pagar complementação do auxílio previdenciário recebido do INSS, referente ao período posterior ao 16º dia de afastamento, nos termos da norma convencional, e até o término, uma vez que não ultrapassados os 90 dias,   levando   em  consideração   o   valor   de   sua   real   remuneração,   ou   seja, compreendendo   adicional   de   insalubridade,   adicional   noturno   habitualmente pagos, nos limites do pedido.

Embargos   de   declaração   opostos   pela   reclamada   às   f. 331/333, os quais foram julgados improcedentes (decisão às f. 334/335).

Recurso ordinário interposto pela reclamada às f. 336/380, versando sobre os seguintes temas: nulidade da dispensa, com determinação de reintegração; danos morais; norma coletiva aplicável; horas extras além da 6ª diária   e   36ª   semanal;   horas  in   itinere  e   tempo   à   disposição:   descontos procedidos (determinação de devolução); complementação de salário no período de afastamento previdenciário.

Preparo do recurso comprovado às f. 381 e 382.

Contrarrazões   ofertadas   pelo   reclamante/recorrido   às   f. 382/398, pela manutenção da r. sentença.

Procuração outorgada pela recorrente às f. 269 e 403.

Não houve manifestação do Ministério Público do Trabalho, já   que   neste   processo   não   se   vislumbra   interesse   público   a   proteger,   nem quaisquer das hipóteses previstas no art.  82 do Regimento Interno deste eg. Tribunal Regional do Trabalho.

É o relatório.

2 – ADMISSIBILIDADE

Presentes   os   pressupostos   objetivos   e   subjetivos   de admissibilidade, conhece­se do recurso ordinário interposto pela reclamada.

3 – FUNDAMENTOS

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3.1 – DECLARAÇÃO DE NULIDADE DA DISPENSA E DETERMINAÇÃO DE REINTEGRAÇÃO AO EMPREGO

A  r.   sentença declarou nula,  por  obstativa de direitos e nitidamente discriminatória, a resilição do contrato de trabalho do reclamante, ocorrida   em   19/01/2011,   nos   termos   da   Lei   nº   9.029/95,   utilizada subsidiariamente, como medida de concretização do ordenamento disposto nos artigos 1º, III e IV, 3º, I e IV, 7º, XXII e XXXI e 170, de determinou a reintegração do empregado, no prazo de 48 horas da  intimação do trânsito em julgado, à míngua de pedido de tutela antecipada, devendo a ré providenciar, logo após, documentação necessária para que o autor seja novamente encaminhado ao INSS, assegurando que este permaneça em trabalhos compatíveis com suas condições   de   saúde.   Em   decorrência,   condenou   a   reclamada   a   pagar,   ao reclamante, salário e demais vantagens percebidas pelos empregados de sua categoria,   desde   a   data   da   rescisão   contratual   até   a   da   sua   reintegração, tornando ativo o contrato de trabalho, inclusive com percepção de férias + 1/3, 13º   salário,   recolhimentos  do  FGTS e   restabelecimento  do  plano de saúde, sendo o  valor  da  remuneração a  ser  paga  resultante da média dos valores recebidos anteriormente à rescisão.

A reclamada se  insurge contra a decisão argumentando, em síntese, ser inaplicável, aos presentes autos, o disposto na Lei 9.029/95; à data da dispensa o reclamante se encontrava apto para o trabalho, não sendo ele, ademais, detentor de estabilidade no emprego, nos termos do art. 118 da Lei 8.213/91 ou da Súmula 378 do colendo TST,  já  que não  ficou afastado do trabalho por mais de quinze dias, em gozo de auxílio­doença acidentário ou foi reconhecida   por   perícia   médica,   após   a   dispensa,   a   existência   de   doença equiparada a acidente de  trabalho; as patologias que acometem o recorrido, cardiopatia e diabetes, são doenças crônicas e de cunho hereditário, não tendo nenhuma  relação com o   trabalho  realizado na empresa  ré,  o  que  reforça o entendimento de que não é ele detentor de estabilidade no emprego; a dispensa procedida, portanto, é lícita, inserida no poder diretivo conferido ao empregador. Por cautela, pede para que seja aplicado, aos presentes autos, por analogia, o disposto no art. 118 da Lei nº 8.213/91, deferindo­se ao reclamante apenas a indenização de doze meses de salários, conforme pedido alternativo (leia­se, sucessivo), aduzindo, para tanto, que já se passaram mais de nove meses da dispensa, sendo impossível a reintegração, conforme determinada. Cita decisão proferida pelo colendo TST, no sentido da tese suscitada ad argumentandum.

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O   inciso   I   do   artigo   7º   da   Constituição   da   República estabelece que “são direito dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros  que visem à melhoria de sua condição social, (...); relação de emprego protegida  contra dispensa arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos”.

Uma parte da doutrina defende a idéia de que a disposição contida nesse artigo constitucional, que protege a relação de emprego contra dispensa   arbitrária   ou   sem   justa   causa,   carece   de   regulamentação, permanecendo com o empregador a faculdade de resolver o contrato de trabalho sem justa causa, uma vez que somente após a promulgação de lei posterior estará  apto a produzir seus efeitos. Seria ela, então, uma norma de eficácia limitada. 

Por   outro   lado,   grande   parte   dos   constitucionalistas defende a eficácia contida do artigo em referência, razão ela qual ele está apto a produzir imediatamente seus efeitos, os quais poderão apenas, eventualmente, ser reduzidos por lei posterior.

Esse é o posicionamento adotado por JOSÉ AFONSO DA SILVA quanto à eficácia do inciso I do art. 7º da CR/88, em sua obra “Curso de Direito   Constitucional   Positivo”,   24a ed.,   Malheiros   Editores:2005,   p.   290,  in  verbis:

“O que é   que  fica  dependendo da  lei   complementar:  a  definição da proteção à relação de emprego ou a definição do que seja despedia arbitrária ou sem justa causa? Temos para nós que a garantia de emprego é um  direito, por si bastante, nos termos da Constituição, ou seja, a norma do art. 7º, I,  é por si só suficiente para gerar o direito nela previsto. Em termos técnicos, é de  aplicabilidade imediata, de sorte que a lei complementar apenas virá determinar  os   limites   dessa   aplicabilidade,   com   a   definição   dos   elementos   (despedida  arbitrária e justa causa), que delimitem sua eficácia (...).

Se   a   Constituição   garante   a   relação   de   emprego,   o  princípio é  o da sua conservação e não substituição. Compreendido o  texto especialmente em conjugação com o § 1º do art. 5º, aplicável aos direitos do art.  7º,   que   se   enquadram,   também,   os   direitos   e   garantias   fundamentais,  chegaremos  à   conclusão  de   que   a   norma  do   citado   inciso   I  é   de   eficácia  contida”.

A par desse questionamento, é certo que se a alegação da 

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parte,  quanto ao  restabelecimento da   relação de emprego,  vem  fundada na caracterização   de   uma   dispensa   discriminatória,   conforme   hipótese   dos presentes autos, a matéria deve ser examinada tendo em vista a teleologia da nova   ordem  constitucional   que,   indubitavelmente,   privilegia   os   princípios   da dignidade da pessoa humana e da valoração do trabalho e da livre iniciativa (art. 1º, III e IV).

Nessa   ordem   de   idéias,   o   ordenamento   jurídico   vem instituindo mecanismos destinados a coibir os atos discriminatórios, pois que estes configuram abuso de direito e ensejam, inclusive, a reparação dos danos que provocarem à honra, dignidade e integridade física e psíquica da pessoa. Nesse sentido, o disposto no art.  5º, X, da CR/88 e nos arts. 186 e 187 do Código Civil.

Portanto, no âmbito do contrato de trabalho, se a empresa resolve   dispensar   o   empregado   exatamente   no   momento   em  que   ele   mais precisa do emprego e está desamparado pela previdência, sendo portador de doenças crônicas que exigem constante acompanhamento médico, subtrai dele o direito à própria subsistência e a de sua família, cabendo à Justiça do Trabalho conceder a tutela protetiva de declarar nula a dispensa arbitrária.

Essa exatamente a hipótese versada nos autos, uma vez que, embora não haja qualquer discussão acerca do fato de as patologias que acometem o  reclamante, cardiopatia e diabetes, não serem (pelo menos em tese) decorrentes do trabalho prestado em prol da reclamada (operador em mina de subsolo), não tendo ele, ainda, ficado afastado pelo órgão previdenciário, com percepção de auxílio­doença acidentário por mais de 15 dias, conforme requisito previsto no art.  118 da Lei  nº 8.213/91, como caracterizador da estabilidade provisória no emprego, ou tenha ficado comprovado após a dispensa, por perícia médica   ser   ele   portador   de   doença   ocupacional   equiparada   a   acidente   de trabalho (Súmula 378, II,  do TST), por certo que a dispensa, na forma como ocorreu, configurou­se como arbitrária e discriminatória.

A  prova documental   existente  nos autos   corroboram as informações contidas na petição inicial, no sentido de que oito meses após a admissão, ocorrida em 1º/06/2009, o reclamante passou a sentir dores no peito, tendo ficado afastado do trabalho pelo período de doze dias, por cardiopatia, retornando em fevereiro/2010. Após, diagnosticado como portador de diabetes millitus,   insulino dependente  grave,  o   reclamante afastou­se  do   trabalho em 09/07/2010,   com   licença   médica,   tendo­lhe   concedido   auxílio­doença 

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previdenciário o INSS, pelo período de 27/09/2010 a 22/11/2010 (f. 105/111). Em 14/01/2011, o autor recebeu indicação médica de remanejamento do local de trabalho ­ do subsolo para a superfície, orientação justificada no agravamento da doença (documento à f. 97). Em 17/01/2011, o reclamante recebeu indicação de afastamento  do   trabalho  por   dois   dias   (f.   200),   sendo  que,   no   primeiro   dia imediato ao retorno, ou seja,  em 19/01/2011,  foi  dispensado pela reclamada (aviso de dispensa à f. 22).

A desconsideração da reclamada de  toda a situação na qual esteve envolvido o reclamante, em decorrência da sua doença, optando pelo simples desligamento do autor de seus quadros, dada a inviabilidade de utilizar­se   de   sua   mão­de­obra,   discriminando­o,   em   decorrência   da   saúde abalada do trabalhador, que foi desprezado, pela inutilidade que lhe imputou a empresa, mostra­se evidente. Ainda mais quando, na audiência de instrução e julgamento, ata às f. 304/305, o preposto da reclamada disse que “o reclamante foi   dispensado   devido   ao   seu   baixo   rendimento,   não   sabendo   se   o   baixo  rendimento se deu em razão do diabetes; antes o rendimento do reclamante era  normal; (...)”.

A reclamada, pelo que se vê,  não demonstrou qualquer preocupação com o estado de saúde de seu empregado, mesmo sabendo ser ele portador de duas patologias graves, dispensando­o, conforme mencionado, imediatamente ao fim da licença médica.

Além disso, conforme destacado na origem, a prova oral produzida pelo reclamante demonstrou que em decorrência da recomendação médica   de   remanejamento   do   empregado   do   subsolo   para   a   superfície,   a reclamada, embora num primeiro momento a tenha atendido, alguns dias depois retornou o trabalhador para o setor anterior. 

É preciso destacar, neste ponto, que embora o preposto da reclamada tenha demonstrado desconhecimento acerca dessa situação  fática (necessidade de realocação do reclamante), tendo aduzido que  “não sabe se houve alguma recomendação médica para que o reclamante fosse trabalhar na  superfície, dizendo que sua atividade era somente de subsolo; (...)”,  consta do documento   de   f.   97   essa   recomendação,   que,   embora   não   procedida   da autarquia   previdenciária,   mas   do   médico   que   acompanha   o   reclamante,   é questão incontroversa, o que reforça o entendimento de que a reclamada, ao menos no caso do reclamante, não agiu com a diligência que lhe competia.

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Ora,   diante   do   frágil   estado   de   saúde   do   reclamante, inclusive, considerando que ele estava afetando “seu rendimento” na empresa, deveria   a   reclamada,   ao   invés   de   proceder   à   sua   dispensa   sumária,   ter oportunizado trabalho ao seu empregado nas condições que seria possível a este realizá­lo, tal como lhe assegura o artigo 300 da CLT, pois sua inaptidão, segundo   prescrição   médica,   a   princípio,   direcionava­se   para   o   trabalho   no subsolo   e   não   para   outros   misteres   realizados   na   superfície,   desde   que compatíveis com a condição pessoal do empregado (evitar esforço demasiado e/ou incompatível com sua cardiopatia). 

É preciso ver a questão, portanto, sob a função social da propriedade (inciso XXIII do artigo 5º e no inciso III do artigo 170, ambos da CR/88), sem qualquer conflito ou desarmonia nessa leitura, por exemplo, com o princípio da livre  iniciativa, posto que se colocam de parelha com o do valor social  do  trabalho, devendo,  todos, harmoniosamente, desembocar na  leitura que os compatibilize, acima de tudo, com o princípio da dignidade da pessoa humana.

O ato ilícito praticado evidencia­se, no presente caso, pela forma   com   a   qual   a   dispensa   do   trabalhador   ocorreu,   sendo   nitidamente discriminatória a  razão exposta pela reclamada para  justificar a resolução do contrato, conforme depoimento do preposto acima transcrito.

  Por tudo isso, reputa­se arbitrária e abusiva a dispensa perpetrada ao reclamante pela reclamada, que deve mesmo ser declarada nula.

Como dito, é princípio fundamental inserto no artigo 1º, III, da Constituição Federal, a dignidade da pessoa humana, bem como constitui objetivo fundamental da República "promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação" (artigo 3º, IV).

Destaca­se, ainda, o princípio da boa­fé, previsto no artigo 422 do Código Civil, que deve nortear todas as relações jurídicas, inclusive (e especialmente), as de trabalho, dado o caráter alimentar da verba trabalhista. Também de relevo, com incidência ao presente caso, o art. 196 da Constituição, que consagra a saúde como direito de todos e dever do Estado,  impondo a adoção de políticas sociais que visem à redução de agravos ao doente.

E é nesse contexto que se editou a Lei 9.025/95, que veda a   prática   discriminatória   na   admissão,   manutenção   e   na   dispensa   de 

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empregados,   lei   esta  que,   aliada a  outros   instrumentos normativos  de  nível hierárquico até mesmo superior (tratados, convenções e acordos internacionais, como são de exemplo as  Convenções 111 e 117 e a Declaração sobre os  Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, de 1998, todas da OIT), sinaliza pelo desacerto da conduta patronal.

Dito tudo isso, tem­se que, pelo o artigo 1º da referida Lei, “fica proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito  de acesso a relação de emprego, ou sua manutenção, por motivo de sexo,  origem, raça, cor,  estado civil,  situação familiar ou  idade,  ressalvadas, neste  caso, as hipóteses de proteção ao menor previstas no inciso XXXIII do art. 7º da  Constituição Federal”, dispondo o artigo 4º que fica assegurado ao empregado, em caso de  “rompimento da relação de trabalho por ato discriminatório, nos moldes desta Lei”,  a  faculdade de optar entre o restabelecimento do vínculo empregatício   ou   a   percepção,   em   dobro,   da   remuneração   do   período   de afastamento.

A reintegração, portanto, mostra­se plenamente possível, tal como pretendida, e com todas as conseqüências daí advindas.

E aqui é  preciso examinar a pretensão da recorrente no sentido de se fixar, a título de cautela, e por adoção analógica do art. 118, da Lei 8212/91, de indenização equivalente a doze meses de salário ao reclamante, ao invés da reintegração.

Primeiramente, pontue­se que, embora na  inicial  o autor formule pretensão no sentido de ser   fixada,   caso se  entenda  inoportuna ou inviável   a   reintegração,   justa   indenização,   referindo­se   a   existência   de   um suposto pedido alternativo, na verdade, deve­se entender e acolher esse seu pedido, como pedido formulado em ordem sucessiva, na medida em que, só se apreciará e decidirá o pedido subseqüente, acaso inviável ou desaconselhável o antecedente. O (ao) julgador não escolhe, ele decide.

Aqui, decidiu­se pela pertinência e cabimento da primeira pretensão, qual seja, pela reintegração, não nos cabendo mais, portanto, decidir o pedido sucessivo. Em sendo deferida a reintegração, porque amparada em construção   e   interpretação   normativa   aplicável   ao   caso   concreto,   descabe apreciar o pedido de indenização, como requerido, nem mesmo por cautela.

E, não obstante os precedentes jurisprudenciais trazidos à colação   pela   recorrente,   outras   recentes   decisões   proferidas   também   pelo 

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colendo TST respaldam o entendimento adotado nos presentes autos, conforme se verifica das ementas que se transcrevem, inclusive aquela mencionada pela recorrente nas razões de recurso:

“RECURSO   DE   REVISTA.   REINTEGRAÇÃO   NO EMPREGO.   DISPENSA   ARBITRÁRIA.   TRABALHADOR   PORTADOR   DE ESQUIZOFRENIA. 1. O sistema jurídico pátrio consagra a despedida sem justa  causa como direito potestativo do empregador, o qual, todavia, não é absoluto,  encontrando   limites,   dentre   outros,   no   princípio   da   não   discriminação,   com assento   constitucional.  A  motivação  discriminatória   que   precede   a   dispensa implica a  ilicitude desta, pelo abuso que traduz, a viciar o ato, eivando­o de  nulidade. 2. A proteção do empregado contra discriminação, independente de qual   seja   sua   causa,   emana   dos   pilares   insculpidos   na   Constituição   da República Federativa do Brasil, notadamente os arts. 1º, III e IV, 3º, IV, 5º, caput e XLI,  e 7º,  XXX. 3. Acerca da dignidade da pessoa humana, destaca  Ingo Wolfgang Sarlet, em sua obra ­ Eficácia dos Direitos Fundamentais­ (São Paulo:  Ed.   Livraria   do   Advogado,   2001,   pp.   110­1),   que   ­   constitui   pressuposto  essencial   para   o   respeito   da   dignidade   da   pessoa   humana   a   garantia   da  isonomia   de   todos   os   seres   humanos,   que   não   podem   ser   submetidos   a tratamento   discriminatório   e   arbitrário,   razão   pela   qual   são   intoleráveis   a escravidão, a discriminação racial, perseguição em virtude de motivos religiosos,  etc. (...). O que se percebe, em última análise, é que onde não houver respeito  pela vida e pela integridade física do ser humano, onde as condições mínimas para   uma   existência   digna   não   forem   asseguradas,   onde   a   intimidade   e identidade   do   indivíduo   forem   objeto   de   ingerências   indevidas,   onde   sua igualdade  relativamente aos demais não  for  garantida, bem como onde não houver  limitação do poder,  não haverá  espaço para a dignidade da pessoa  humana,  e  esta  não passará   de  mero objeto  de arbítrio  e   injustiças­.  4.  O  exercício do direito potestativo de denúncia vazia do contrato de trabalho sofre limites,  igualmente, pelo princípio da proteção da relação de emprego contra  despedida arbitrária, erigido no art. 7º, I, da Constituição ­ embora ainda não regulamentado, mas dotado de eficácia normativa ­, e pelo princípio da função social da propriedade, conforme art. 170, III, da Lei Maior. 5. Na espécie, é de se sopesar, igualmente, o art. 196 da Carta Magna, que consagra a saúde como ­  direito de todos e dever do Estado­, impondo a adoção de políticas sociais que visem à redução de agravos ao doente. 6. Nesse quadro, e à  luz do art. 8º,  caput,   da   CLT,   justifica­se   hermenêutica   ampliativa   da   Lei   9.029/95,   cujo conteúdo pretende concretizar o preceito constitucional da não­discriminação no 

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tocante ao estabelecimento e continuidade do pacto laboral. O art. 1º do diploma legal proíbe a adoção de qualquer prática discriminatória para efeito de acesso a  relação   de   emprego,   ou   sua   manutenção.   Não   obstante   enumere   certas modalidades de práticas discriminatórias, em razão de sexo, origem, raça, cor,  estado­civil, situação familiar ou idade, o rol não pode ser considerado numerus clausus, cabendo a integração pelo intérprete, ao se defrontar com a emergência de   novas   formas   de   discriminação.   7.   De   se   observar   que   aos   padrões tradicionais de discriminação, como os baseados no sexo, na raça ou na religião,  práticas   ainda  disseminadas  apesar   de   há   muito   conhecidas  e   combatidas,  vieram   a   se   somar   novas   formas   de   discriminação,   fruto   das   profundas  transformações das relações sociais ocorridas nos últimos anos, e que se voltam contra   portadores   de   determinadas   moléstias,   dependentes   químicos,  homossexuais   e,   até   mesmo,   indivíduos   que   adotam   estilos   de   vida  considerados   pouco   saudáveis.   Essas   formas   de   tratamento   diferenciado começam a ser identificadas à medida que se alastram, e representam desafios emergentes a demandar esforços com vistas à sua contenção. 8. A edição da  Lei   9.029/95   é   decorrência   não   apenas   dos   princípios   embasadores   da Constituição Cidadã, mas também de importantes tratados internacionais sobre  a matéria, como as Convenções 111 e 117 e a Declaração sobre os Princípios e  Direitos Fundamentais no Trabalho, de 1998,  todas da OIT. 9. O arcabouço  jurídico sedimentado em torno da matéria deve ser considerado, outrossim, sob a ótica da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, como limitação negativa  da autonomia privada, sob pena de ter esvaziado seu conteúdo deontológico.  10. A distribuição do ônus da prova, em tais casos, acaba por sofrer matizações,  à  luz dos arts. 818 da CLT e 333 do CPC, tendo em vista a aptidão para a produção probatória, a possibilidade de inversão do encargo e de aplicação de  presunção relativa. 11. In casu, restou consignado na decisão regional que a  reclamada tinha ciência da doença de que era acometido o autor ­ esquizofrenia  ­ e dispensou­o pouco tempo depois de um período de  licença médica para  tratamento de desintoxicação de substâncias psicoativas, embora, no momento  da   dispensa,   não   fossem  evidentes   os   sintomas   da   enfermidade.   É   de   se  presumir, dessa maneira, discriminatório o despedimento do reclamante. Como consequência, o empregador é que haveria de demonstrar que a dispensa foi  determinada por  motivo outro  que não a  circunstância de ser  o  empregado portador   de   doença   grave.   A   dispensa   discriminatória,   na   linha   da   decisão  regional, caracteriza abuso de direito, à luz do art. 187 do Código Civil, a teor do  qual o exercício do direito potestativo à denúncia vazia do contrato de trabalho,  

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como o de qualquer outro direito, não pode exceder os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa­fé ou pelos bons costumes. 12. Mais que isso,  é de se ponderar que o exercício de uma atividade laboral é aspecto relevante no tratamento do paciente portador de doença grave e a manutenção do vínculo  empregatício, por parte do empregador, deve ser entendida como expressão da  função social da empresa e da propriedade, sendo, até  mesmo, prescindível  averiguar o animus discriminatório da dispensa. 13. Ilesos os arts. 5º, II ­ este inclusive não passível  de violação direta e  literal,  na hipótese  ­,  e  7º,   I,  da  Constituição da República, 818 da CLT e 333, I, do CPC. 14. Precedentes desta  Corte.   Revista   não   conhecida,   no   tema.   (...)”  (Processo:   RR   ­   105500­32.2008.5.04.0101 Data de Julgamento: 29/06/2011, Redatora Ministra:  Rosa Maria Weber, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 05/08/2011).

“RECURSO DE REVISTA. DISPENSA MERAMENTE ARBITRÁRIA DE EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE (HEPATITE C), AINDA QUE NÃO OCUPACIONAL. ATO DISCRIMINATÓRIO. Não se olvida  que a denúncia vazia do contrato de trabalho, na ordem jurídica brasileira, traduz um direito meramente potestativo, realizando­se por meio de uma declaração volitiva   de   caráter   receptício   e   constitutivo,   com efeitos   imediatos   quanto   à  extinção contratual, tão logo recebida pela parte adversa. Entretanto, tal direito  potestativo   encontra   limites   no   ordenamento   jurídico   pátrio,   haja   vista   que algumas situações  restrigem ou até  mesmo  inviabilizam o   livre  exercício  do poder resilitório (como exemplo, as garantias provisórias de emprego). In casu,  não se  pode conferir   validade à   dispensa  imotivada do obreiro  portador   de  hepatite C, porquanto decorrente de ato discriminatório, indo de encontro aos  princípios da função social da propriedade (art. 170, III, da CF), da dignidade da pessoa humana e dos valores sociais do  trabalho  (art.  1º,   III  e   IV,  da CF).  Importante ressaltar que o combate à discriminação é uma das mais importantes áreas   de   avanço   do   Direito,   característico   das   modernas   democracias ocidentais. Afinal, a sociedade democrática distingue­se por ser uma sociedade suscetível   a   processos   de   inclusão   social,   em   contraponto   às   antigas sociedades, que se caracterizavam pela forte impermeabilidade, marcadas pela  exclusão social e individual. Nesse sentido, o princípio da não­discriminação, o  respeito ao valor trabalho e a subordinação da livre iniciativa à sua função social  atuam   como   fatores   limitadores   à   dispensa   imotivada.   Ora,   o   trabalhador  comprovadamente portador de doença grave não pode ter seu contrato rompido,  esteja ou não afastado previdenciariamente do serviço (art. 471 da CLT), uma vez que a mantença da atividade laborativa e consequente afirmação social, em 

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certos   casos,   é   parte   integrante   do   próprio   tratamento   médico.   Revela­se,  portanto, discriminatória tal ruptura arbitrária, uma vez que não se pode causar  prejuízo máximo a um empregado  (dispensa) em  face de sua circunstancial  debilidade   física   causada   por   grave   doença.   Nesse   contexto,   ainda   que   a  doença não tenha nenhuma relação com o trabalho ­ não implicando, em si,  garantia   de  emprego  ­,   tem efeitos  no  contrato,   uma vez  que a  despedida  discriminatória é repudiada pelo nosso ordenamento jurídico. Na hipótese dos autos, contudo, considerando­se que  já   transcorreram quase quatro anos da dispensa do obreiro e, ainda, que este laborou para a Reclamada por menos de quatro meses, não se mostra razoável condená­la a reintegrar o Reclamante ao emprego. Destarte, em face das peculiaridades do caso concreto, afasta­se a  aplicação da Lei 9029/95. Entretanto, deve a Reclamada reparar o incontestável  prejuízo causado ao trabalhador, razão pela qual deve ser condenada a pagar  uma  indenização equivalente a  12 meses de  remuneração, por  analogia ao  disposto no art. 118 da Lei 8.213/91 e na Súmula 396/TST. Recurso de revista  conhecido e parcialmente provido.”  (Processo: RR ­ 109700­84.2007.5.03.0153 Data de Julgamento: 29/06/2011, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 05/08/2011).

Pelas   razões   expostas,   a   sentença   fica   mantida integralmente, negando­se provimento ao recurso da reclamada.

3.2 – DANOS MORAIS

Ao   fundamento   de   que   a   dispensa   do   reclamante   foi discriminatória,   a   Julgadora   condenou   a   empresa   a   pagar   ao   reclamante indenização dos danos morais, fixada no importe de R$10.000,00 (dez mil reais).

Pretendendo   a   reforma   da   sentença,   a   reclamada argumenta que não se comprovou nos autos os requisitos essenciais ao dever de reparação, especialmente que tenha ela praticado qualquer conduta culposa ou dolosa, tampouco a lesão à honra e moral do recorrido.

Em   primeiro   plano,   deve­se   salientar   que   o   pedido   de indenização por danos morais, no ordenamento jurídico pátrio, encontra respaldo no inciso X do art. 5º da CR/88, bem como no art. 186 do Código Civil.

O dano moral passível de recomposição é aquele causado pela subversão ilícita de valores subjetivos que são caros à pessoa, sendo certo que esses valores se mostram acolchoados por um manto de subjetividade e/ou abstratividade   valorativa   (se   é   que   deveriam   sofrer   essa   espécie   de 

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quantificação) flagrantemente díspar em relação a cada um de nós. Contudo, essa   sensação   ou   sofreguidão   pode   ser   por   todos   percebida   e   tateada, notadamente se nos abstrairmos do materialismo do mundo moderno, voltando­nos, nessa inflexão, à centralidade do homem (ser humano) como razão de ser de toda nossa existência.  Desse modo, condutas reprováveis e que nos tenham ou assemelhem como verdadeiros objetos (coisa), renegando­nos a nós mesmos enquanto   seres   humanos,   serão   passíveis   de   recomposição.   E   essa recomposição,   embora   jamais   pudesse   ser   vista   como   reparação   ou indenização, como por sinal alude a própria Constituição, assim se reverterá, dada a impossibilidade de se restabelecer as pessoas envolvidas ao seu status quo ante, o que seria o ideal para esse tipo de ofensa, mas, contudo, impossível de ser alcançada, pelo menos através dos instrumentos e elementos culturais que o direito nos disponibiliza nos dias atuais.

Nesse contexto, a “indenização” por dano moral decorrente do contrato de  trabalho, nos  termos da  teoria da  responsabilidade subjetiva, baseada na idéia de culpa ou dolo, pressupõe um ato ilícito ou erro de conduta do empregador ou de preposto seu e um nexo de causalidade entre a conduta injurídica do primeiro e um dano experimentado pela suposta vítima, que devem ser   comprovados   por   quem  alega   ter   sofrido   a   ofensa,   sendo   que   o   dano propriamente dito se caracteriza in re ipsa  , ou seja, através do próprio evento, ou seja, pela ofensa perpetrada à dignidade da pessoa humana.

No   presente   caso,   conforme   fundamentos   expostos   no tópico   precedente,   a   decisão   proferida   no   primeiro   grau   foi   mantida integralmente, convalidando­se o entendimento de que a conduta da reclamada, ao dispensar o empregado sabidamente doente, foi discriminatória. 

Estão presentes,   assim,   os   requisitos  indispensáveis   ao dever de indenizar, nos termos previstos no mencionado art. 186 do Código Civil, quais sejam, conduta culposa do agente, dano sofrido pela vítima e nexo causal entre esses dois primeiros elementos.

Destaca­se que, conforme já mencionado, em relação ao dano moral, esse se caracteriza pelo próprio evento, sendo sempre presumível, prescindindo, assim, de prova.

Quanto aos critérios para fixação do valor da indenização, é   sabido   que   o   dano   moral,   ao   contrário   do   dano   material,   não   pode   ser quantificado pelos métodos comuns, pois não se mostra "líquido e certo" por sua 

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própria natureza, o que o torna de difícil fixação. Mas pode­se, observando­se o princípio da razoabilidade, e atentando­se para a gravidade do dano, a condição pessoal   tanto   da   vítima   quanto   do   autor   do   ilícito,   assim   como   para   as circunstâncias do caso, dentre outros  fatores, atribuir­lhe valor que, a um só tempo, em face do ofensor, revista­se de características de "punição", para que reflita   sobre   o   ato   perpetrado,   assim   como   impinja   um   caráter educativo/corretivo,   no   sentido  de   criar,   em seu   íntimo,   ambiente  para  uma reflexão sobre o  mal  praticado,  a   fim de que não mais o   repita.   Já   para o ofendido,   é   preciso   que   a   indenização   fixada   seja   vista   por   seu   ânimo "compensatório", criando um sentimento de prazer, para se contrapor a dor da ofensa. 

Deverão ser considerados, portanto, na fixação do valor da reparação: a natureza do bem jurídico lesado, a extensão dos danos, a condição sócio­econômica das partes, o grau de culpa da reclamada, sem perder de vista, ainda, o objetivo pedagógico e retributivo dessas indenizações.

No caso dos autos, o valor de R$10.000,00 (dez mil reais), fixado  na   sentença,   atende  a   todos  esses   aspectos,   tendo  sido   observado, ademais,   o   princípio   da   razoabilidade,   motivo   pela   qual   não   tem   razão   a recorrente ao postular a sua redução.

Provimento negado.

3.3 – NORMAS COLETIVAS APLICÁVEIS

A recorrente não se conforma com o reconhecimento, na sentença, de serem aplicáveis aos presentes autos as convenções coletivas de trabalho   anexadas   pelo   reclamante   juntamente   com   a   petição   inicial,   em detrimento dos acordos coletivos trazidos com a defesa.

Correta a aplicação, aos presentes autos, do art. 620 da CLT, nos  termos consignados em primeira  instância, devendo prevalecer, no caso, as convenções coletivas carreadas com a  inicial   (f.  37/55),  celebradas entre o Sindicato das Indústrias Extrativas de Ouro, Metais Preciosos, Diamante e Pedras Preciosas, Areias, Pedras Ornamentais,  Lenha, Madeiras, Minerais Metálicos   e   Não   Metálicos   no   Estado   de   Minas   Gerais   e   o   Sindicato   dos Trabalhadores   nas   Indústrias   de   Extração   Vegetal,   Carvorejamento, Reflorestamento e Similares do Estado de Minas Gerais e a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas no Estado de Minas Gerais, sobre os Acordos   Coletivos,   firmados   pela   reclamada   e,   também,   a   Federação   dos 

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Trabalhadores nas Indústrias Extrativas no Estado de Minas Gerais.

A premissa defendida pela  recorrente,  de que o acordo coletivo deve prevalecer por ser regra especial, emana da teoria geral do Direito. Entretanto, o Direito do Trabalho tem regra específica a respeito, traduzida pelo disposto no citado art. 620 da CLT, que estipula que as condições estabelecidas em   convenção   coletiva,   quando   mais   favoráveis,   prevalecerão   sobre   as estipuladas em acordo coletivo de trabalho.

Mauricio Godinho Delgado na obra "Curso de Direito do Trabalho", LTr, 6ª ed., 2007, p. 1397, esclarece a respeito:

"Nesse quadro de conflito de regras, qual é a hierarquia  existente entre os preceitos normativos de convenção e acordo coletivos que abranjam os mesmos trabalhadores, considerado um mesmo período de tempo? ... Entretanto, a ordem justrabalhista tem regra explícita a respeito, estipulando que   as   condições   estabelecidas   em   convenção,   quando   mais   favoráveis,  prevalecerão sobre as  estipuladas em acordo coletivo de  trabalho  (art.  620,  CLT).

Está   claro,   portanto,   que   a   Consolidação   determina   a preponderância da convenção coletiva sobre o acordo coletivo, como fórmula para se cumprir o princípio da norma mais favorável, afastando­se o critério geral  oriundo do Direito Civil. Porém, se o acordo coletivo for mais favorável, ele há de prevalecer, evidentemente."

Como se vê, em tese, e em princípio, prevalece o acordado em sede de CCT sobre o ajustado em ACT, salvo se esse último instrumento de negociação coletiva for mais favorável aos trabalhadores. De todo modo, como tem   prevalecido   no   âmbito   do   colendo   TST,   com   supedâneo   na   teoria   do conglobamento, o importante, hoje, não é pinçar isoladamente cláusulas de um ou outro instrumento coletivo, mas, sim, analisá­los de forma conjunta.

Nesse sentido, a jurisprudência do Colendo TST:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMANTE. REAJUSTE SALARIAL PREVISTO EM CONVENÇÃO COLETIVA.  PREVALÊNCIA SOBRE O ACORDO COLETIVO.  Decisão  regional  em que se  consigna ser  o  Acordo Coletivo a  norma mais  favorável, pois, no seu conjunto, concede um número bem maior de benefícios  aos   empregados   que   aqueles   fixados   na   Convenção   Coletiva.   Decisão   em consonância com a jurisprudência desta Corte, no sentido de que a norma mais 

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benéfica deve ser considerada em seu conjunto, e não isoladamente, sob pena de   ser   descaracterizada.   Violação   de   dispositivos   de   lei   não   demonstrada.  Agravo de instrumento a que se nega provimento". (TST­AIRR­3.162/2002­900­01­00.8, 5ª Turma, Rel. Min. Gelson de Azevedo, DJ 20.04.2007).

E,  na esteira  do posicionamento adotado na origem, as convenções coletivas colacionadas pelo autor, realmente, são mais favoráveis, haja em vista, por exemplo, os valores dos reajustes salariais, o complemento do auxílio previdenciário, auxílio funeral, fornecimento de uniforme, além do lanche aos que prestam horas extras.

Destaca­se, ademais, que o ACT 2009/2010, de f. 225/238, juntado pela ré, foi firmado por ela e o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração do Ouro e Metais Preciosos de Nova Lima e Região, constando, da cláusula primeira,  que ele   se aplica aos  trabalhadores da empresa na base territorial da entidade sindical dos municípios de Caeté, Sabará, Itabirito e Rio Acima.

Conclui­se, portanto, que ele não tem aplicação ao contrato de trabalho do reclamante, uma vez ele que prestou serviços em base territorial não abrangida pelo  instrumento normativo,  já  que  trabalhou no município de Conceição do Pará.

E aqui se destaca de que a tese suscitada no recurso, de que se trata de mero erro material no referido instrumento normativo quanto à base territorial, não pode ser acolhida, porquanto a reclamar, para sua correção, instrumento processual próprio, que não a ação trabalhista, como no caso.

Quanto à Ação Civil Pública, proposta pela Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Minas Gerais, em face da reclamada (00787­2007­148­03­00­6), entende­se que o fato de haver tramitação daquela Ação em juízo, pleiteando possíveis direitos dos trabalhadores daquela empresa, não tem o condão de interferir no deslinde da presente reclamação, até porque a própria   decisão   permite   que   cada   trabalhador   promova   individualmente   a liquidação de   seus  direitos,   nada  impedindo,   que  eles  promovam,  em ação própria, o cumprimento daqueles. Ademais, a convenção coletiva de f. 50/55 foi firmada por essa mesma entidade. Logo, não há que se falar em contrariedade dessa decisão com a proferida naqueles autos.

Por  todos esses  fundamentos,  a  sentença proferida  fica mantida nesse particular, negando­se provimento ao recurso.

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3.4   –   HORAS   EXTRAS   ALÉM   DA   6ª   DIÁRIA   E   36ª SEMANAL

A   Magistrada   de   primeiro   grau,   considerando   que   são aplicáveis aos presentes autos as CCT juntadas com a petição inicial, conforme já   examinado   no   tópico   precedente,   e   que   naqueles   instrumentos   não   há autorização   para   elastecimento   da   jornada,   cumprida   pelo   reclamante   no trabalho realizado em turno, em mina de subsolo, condenou a reclamada ao pagamento das horas que excederem a 6ª diária e 36ª semanal, como extra (f. 320/321).

A reclamada se insurge contra a decisão respaldando­se no   disposto   na   Súmula   423   do   TST,   que   estabelece   a   possibilidade   de elastecimento da jornada, para o trabalho em turno de revezamento, para além da sexta diária. Argumenta, ainda, que, consideradas as folgas concedidas ao autor, a média anual é de jornada inferior a 36 horas semanais.

Com efeito,  o  elastecimento da   jornada para o   trabalho prestado   em   subsolo   depende   de   previsão   em   ACT   ou   CCT,   além   da necessidade de autorização da autoridade competente (no caso, o Ministério do Trabalho), conforme estabelecido na regra específica dos arts. 293/301 da CLT.

Nesse contexto, não se comprovando nos autos que esses requisitos foram respeitados, uma vez que, conforme ponderado na sentença, as cláusulas   das   CCT   reconhecidas   como   aplicáveis   aos   autos   não   fazem referência ao   trabalho em minas de subsolo,  situação  fática  dos autos,  não havendo como convalidar a imposição, ao reclamante, de labor além da 6ª hora diária, sem o pagamento desse tempo como extra.

Destaca­se que,  inclusive, que a reclamada reconhece o trabalho em jornada de sete horas diárias, conforme registram os cartões de ponto   existentes   nos   autos,   defendendo,   contudo,   que   o   elastecimento   da jornada encontra­se amparada nos ACT trazidos aos autos por ela,   tese, no entanto, já superada.

Por essa razão, e tendo em vista a  imperativa do artigo celetista, não se pode acolher a alegação de que a média anual trabalhada foi inferior  a 36 horas semanais, o que obstaria o direito do emprego às horas extras. É  preciso atentar para o  fato de que a  jornada  legal prevista para a atividade exercida pelo reclamante é de 06 horas/dia.

No tocante à pretensão de autorização para compensação 

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de duas folgas compensatórias gozadas pelo reclamante, ao argumento de que elas foram gozadas pelo recorrido justamente para adequar a jornada de sete horas/dia, a questão já foi devidamente esclarecida na decisão que julgou os embargos   de   declaração   opostos   pela   ré,   aduzindo   a   Magistrada,   com propriedade,   que   em   se   considerando   que   as   horas   extras   deferida   serão apuradas a partir dos cartões de ponto juntados pela empresa, conforme exposto na sentença, por certo que os dias de folga gozados pelo reclamante, nos termos em que afirmado pela recorrente, serão considerados quando da apuração das horas extras. Não há  que se  falar, assim, em enriquecimento sem causa do autor, apenas se destacando que foram consideradas extras as horas laboradas além da 6ª diária e 36ª semanal.

Ressalta­se,   ainda,   que   diante   da   declaração   de inaplicabilidade,   aos   presentes   autos,   dos   ACT   trazidos   pela   ré,   inócua   a discussão renovada nas razões de recurso, de que o registro dos referidos ACT junto ao MTE comprovam que havia autorização do órgão competente para o elastecimento da jornada.

Pelas razões expostas, nega­se provimento.

3.5 – HORAS IN ITINERE E TEMPO À DISPOSIÇÃO

A reclamada se insurge contra a decisão de primeiro grau, no  tocante às horas  in   itinere  e aquelas decorrentes de  tempo à  disposição alegando   que   os   ACT   colacionados   aos   autos,   na   cláusula   vigésima,   3.1, estabelecem que o tempo de percurso não constitui horas itinerantes ou tempo à disposição   da   empresa.   Nesse   contexto,   alega   que   também   há   previsão normativa no sentido de que o tempo despendido pelo empregado na troca de roupa e no lanche não constituem tempo à disposição da empregadora, razão pela qual podem ser consideradas como hora extra (cita a cláusula vigésima e a trigésima primeira). Pede pelo reconhecimento da validade das normas coletivas que entende serem aplicáveis aos autos, nos  termos do disposto no art.  7º, XXVI, da CR/88.

Como se verifica, toda a argumentação posta nas razões de recurso se respalda na tese de serem aplicáveis, aos presentes autos, os ACT trazidos juntamente com a peça de defesa. 

Contudo,   conforme   já   dito   anteriormente,   a   decisão proferida na origem, mantida nessa instância revisora, foi no sentido de que os referidos acordos coletivos de trabalho não se aplicam à hipótese dos autos, e 

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sim as convenções coletivas de f. 37/55, não havendo nelas disposições que autorizam a reforma do julgado quanto às horas extras deferidas, decorrentes do tempo de transporte fornecido pela empregadora (horas in itinere) e do tempo à disposição (troca de uniforme e lanche).

Assim sendo, inócua a discussão trazida pela recorrente, quanto ao disposto no artigo 7º, XXVI, da CR/88, uma vez que a invalidade de instrumento   coletivo   firmado   pela   ré   não   foi   adotada   como   fundamento   de decidir.   A   discussão,   repita­se,   ficou   no   âmbito   de   qual   dos   instrumentos coletivos,  acordo coletivo ou convenção coletiva,   são aplicáveis ao presente caso.

Não trazendo a recorrente, portanto, qualquer elemento de convicção quanto à necessidade de reforma da sentença, fica ela mantida.

Nega­se provimento ao recurso.

3.6 – DESCONTOS – DEVOLUÇÃO

Aduzindo que o desconto no valor de R$5,00 ao mês, a título   de   alimentação,   é   autorizado   pelos   ACTs   firmados   por   ela,   conforme disposição   contida   na   cláusula   12ª,   a   recorrente   pede   a   absolvição   da condenação que lhe foi  imposta, de devolver ao recorrido o valor descontado mensalmente.

No   entanto,   mais   uma   vez   a   pretensão   de   reforma   da sentença,   postulada   pela   recorrente,   não   pode   ser   acolhida,   uma   vez   que, conforme   reiteradamente   mencionado,   os   acordos   coletivos   de   trabalho invocados por ela não são aplicáveis ao contrato de trabalho do autor.

À ausência de autorização válida para que fosse procedido o   desconto   incontroversamente   realizado   pela   reclamada,   a   título   de alimentação,   deve   ela,   de   fato,   ressarcir   o   autor   do   desconto   procedido irregularmente.

Ademais, conforme destacado na sentença, o fornecimento de alimentação aos trabalhadores de minas de subsolo, hipótese dos autos, é previsto no texto consolidado, conforme ditames do art. 297.

Provimento negado. 

3.7 – COMPLEMENTAÇÃO DE SALÁRIO NO PERÍODO DE AFASTAMENTO PREVIDENCIÁRIO

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No   tocante   à   condenação   ao   pagamento   de complementação do salário no período de afastamento pelo INSS, a pretensão de  reforma da  reclamada  também não prospera, haja vista que o direito  foi reconhecido   ao   reclamante   com   respaldo   nas   CCTs   aplicáveis   aos   autos, conforme disposto na cláusula 18ª.

A   tese   de   aplicação,   ao   presente   caso,   dos   acordos coletivos de  trabalho colacionados com a defesa, é  matéria  já  superada nos autos, conforme fundamentos já exaustivamente esposados nessa decisão.

Nega­se provimento ao recurso.

4 ­ CONCLUSÃO

Conhece­se do recurso ordinário interposto pela reclamada e, no mérito, nega­se­lhe provimento.

Determina­se a aposição do selo "TEMA RELEVANTE", do Centro de Memória deste Tribunal (Ato Regulamentar no 04, de 04 de maio de 2007), na capa dos autos.

Fundamentos pelos quais,

ACORDAM os Desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, pela sua 1ª Turma, preliminarmente, à  unanimidade, conhecer do  recurso; no mérito,  por maioria de votos, negar­lhe provimento, vencida a Exma. Juíza Wilméia da Costa Benevides e, determinar a aposição do selo   "TEMA   RELEVANTE",   do   Centro   de   Memória   deste   Tribunal   (Ato Regulamentar no 04, de 04 de maio de 2007), na capa dos autos.

Belo Horizonte, 12 de dezembro de 2011.

EMERSON JOSÉ ALVES LAGEDESEMBARGADOR RELATOR

EJAL/5