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1 10º Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos de Defesa Área Temática: AT5 - Forças Armadas, Estado e Sociedade Intervenção Federal no Rio de Janeiro sob a ótica de Operações Baseadas em Efeitos Carlos Eduardo Valle Rosa 1 Resumo Em 16 de fevereiro de 2018, o Governo Federal brasileiro decretou uma intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro, cujo objetivo seria pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública naquele Estado. O processo que foi colocado em curso é comandado por um general do Exército Brasileiro, que coordena as ações das Forças Armadas, controla operacionalmente os órgãos estaduais de segurança pública e pode requisitar o apoio de órgãos civis da administração federal. A ação está em curso e é prematura uma análise de resultados, algo que somente poderá ser efetuado após a conclusão da intervenção, que deverá se encerrar em 31 de dezembro de 2018. Entretanto, uma apreciação inicial sobre elementos que devam ser considerados no planejamento das ações, assim como na perspectiva de condução das operações, torna-se relevante como análise do emprego do poder militar nacional em contexto de segurança pública. A fim de atingir esse objetivo, empreendeu-se uma investigação, em fontes abertas à consulta, buscando compreender o evento à luz da metodologia denominada Operação Baseada em Efeitos. Os resultados obtidos indicam que as ações poderão objetivar a destruição “física”, a neutralização “funcional”, ou o prejuízo “sistêmico”, todos em relação ao oponente identificado. A pesquisa também identificou possíveis efeitos diretos e indiretos da intervenção. Além disso, como parte significativa da metodologia, apontou-se o efeito “psicológico” a ser obtido como um propósito de elevada prioridade. Palavras-chave: Intervenção Federal; Forças Armadas; Operação Baseada em Efeitos. 1 Doutorando em Geografia (UFRN), Mestre em Ciências Aeroespaciais (UNIFA), Bacharel em Ciências Aeronáuticas (AFA) e Bacharel em História (UFRN). Coronel Aviador da Reserva da Força Aérea Brasileira. Instrutor em Escolas Militares e Universidades nos assuntos relacionados à Poder Aéreo e Espacial, Geopolítica e Jogos de Guerra. Autor da obra “Poder Aéreo: guia de Estudos” (2014) e do Capítulo “Brazilian Air Power” no livro Routledge Handbook of Air Power (2018).

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Page 1: 10º Encontro Nacional da Associação Brasileira de …...No ano de 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como

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10º Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos de Defesa

Área Temática: AT5 - Forças Armadas, Estado e Sociedade

Intervenção Federal no Rio de Janeiro sob a ótica de Operações Baseadas em

Efeitos

Carlos Eduardo Valle Rosa1

Resumo

Em 16 de fevereiro de 2018, o Governo Federal brasileiro decretou uma intervenção

federal no Estado do Rio de Janeiro, cujo objetivo seria pôr termo ao grave

comprometimento da ordem pública naquele Estado. O processo que foi colocado em

curso é comandado por um general do Exército Brasileiro, que coordena as ações das

Forças Armadas, controla operacionalmente os órgãos estaduais de segurança pública e

pode requisitar o apoio de órgãos civis da administração federal. A ação está em curso e

é prematura uma análise de resultados, algo que somente poderá ser efetuado após a

conclusão da intervenção, que deverá se encerrar em 31 de dezembro de 2018. Entretanto,

uma apreciação inicial sobre elementos que devam ser considerados no planejamento das

ações, assim como na perspectiva de condução das operações, torna-se relevante como

análise do emprego do poder militar nacional em contexto de segurança pública. A fim

de atingir esse objetivo, empreendeu-se uma investigação, em fontes abertas à consulta,

buscando compreender o evento à luz da metodologia denominada Operação Baseada em

Efeitos. Os resultados obtidos indicam que as ações poderão objetivar a destruição

“física”, a neutralização “funcional”, ou o prejuízo “sistêmico”, todos em relação ao

oponente identificado. A pesquisa também identificou possíveis efeitos diretos e indiretos

da intervenção. Além disso, como parte significativa da metodologia, apontou-se o efeito

“psicológico” a ser obtido como um propósito de elevada prioridade.

Palavras-chave: Intervenção Federal; Forças Armadas; Operação Baseada em Efeitos.

1 Doutorando em Geografia (UFRN), Mestre em Ciências Aeroespaciais (UNIFA), Bacharel em Ciências

Aeronáuticas (AFA) e Bacharel em História (UFRN). Coronel Aviador da Reserva da Força Aérea

Brasileira. Instrutor em Escolas Militares e Universidades nos assuntos relacionados à Poder Aéreo e

Espacial, Geopolítica e Jogos de Guerra. Autor da obra “Poder Aéreo: guia de Estudos” (2014) e do

Capítulo “Brazilian Air Power” no livro Routledge Handbook of Air Power (2018).

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INTRODUÇÃO

No ano de 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92, realizada entre 3 e 14

de junho, na cidade do Rio de Janeiro, as Forças Armadas (FFAA) brasileiras debutaram

na atuação em segurança pública, sob a égide da Constituição Federal de 1988, cujo

Artigo n. 142, daria o respaldo para esse tipo de envolvimento, quando destaca que “As

Forças Armadas, [...] destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes

constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem” (BRASIL, 2016)

[grifo do autor].

Na verdade, constituições anteriores já previam o emprego das FFAA em

situações de garantia da ordem interna. A Constituição de 1824, no seu Artigo n. 145

impunha a todos os brasileiros “sustentar a integridade do Império”, e no Artigo n. 148

delegava ao Poder Executivo a competência para “empregar a força armada de mar e

terra, como bem lhe parecer conveniente à segurança e defesa do Império” (BRASIL,

1824). A Carta Magna de 1891, no Artigo n. 14, postulava que “As forças de terra e mar

são instituições nacionais permanentes, destinadas à defesa da Pátria no exterior e à

manutenção das leis no interior” (BRASIL, 1891). Em 1934, a Constituição, no Artigo n.

162, dizia que “As forças armadas são instituições nacionais permanentes [destinando-

se] a defender a Pátria e garantir os Poderes constitucionais, e a ordem e a lei” (BRASIL,

1934). A Constituição de 1946, no Artigo n. 177 dizia que “as forças armadas [destinam-

se] a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem” (BRASIL,

1946). A Carta Magna de 1967, no Artigo n. 92, § 1º, destinava “as forças armadas a

defender a Pátria e a garantir os Poderes constituídos, a lei e a ordem” (BRASIL, 1967).

Apesar dessa responsabilidade acumulada ao longo da história e do crescente

envolvimento das FFAA nesse tipo de atuação, surgiu a necessidade de instrumentos

regulatórios de maior amplitude e conteúdo, cuja finalidade seria a de especificar o

contexto dessa atuação e dar respaldo legal aos militares, estabelecendo limites e

ordenando o relacionamento com as demais instituições envolvidas nos casos específicos.

Em 1997, é editada a Lei Complementar n. 97, de 9 de junho, dispondo sobre a

organização, o preparo e o emprego das FFAA. Nesse dispositivo legal, o Artigo n. 15,

inciso III, § 2º, ressalta que as FFAA podem ser empregadas após “esgotados os

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instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas

e do patrimônio” (BRASIL, 1999). Nesse mesmo inciso, adicionou-se em 2004 o § 3º,

especificando o que se consideram instrumentos de segurança pública federais ou

estaduais.

Em 2001, surge outro marco legal para o emprego das FFAA em situações de

preservação da lei e da ordem interna, expresso no Decreto n. 3.897, de 24 de agosto

daquele ano. Nessa legislação, o artigo n. 3 institui que:

Na hipótese de emprego das Forças Armadas para a garantia da lei e da ordem,

objetivando a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e

do patrimônio, porque esgotados os instrumentos a isso previstos no Art. 144

da Constituição, lhes incumbirá, sempre que se faça necessário, desenvolver

as ações de polícia ostensiva, como as demais, de natureza preventiva ou

repressiva, que se incluem na competência, constitucional e legal, das Polícias

Militares, observados os termos e limites impostos, a estas últimas, pelo

ordenamento jurídico (BRASIL, 2001).

Nesse mesmo dispositivo, destacam-se outras características das operações de garantia da

lei e da ordem, mormente aquelas relativas ao caráter episódico da ação, da possibilidade

de controle operacional sobre os meios de segurança pública estaduais e da

disponibilidade dos demais órgãos da administração federal quando demandados pelo

Ministério da Defesa (MD) (BRASIL, 2001).

As ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), como foram denominadas,

desde então, cresceram em número, em dimensão territorial, em espaço temporal e em

quantidade de efetivos envolvidos. O MD, em seu portal da internet, apresenta algumas

dessas ações: a) Pacificação em diferentes comunidades do Rio de Janeiro; b) Uso de

tropas federais nos estados do Rio Grande Norte e do Espírito Santo; c) Conferência das

Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável do Rio de Janeiro (Rio + 20), em

2012; d) Copa das Confederações da FIFA, em 2013; e) Visita do Papa Francisco a

Aparecida (SP) e ao Rio de Janeiro durante a Jornada Mundial da Juventude, em 2013; f)

Copa do Mundo de 2014; g) Jogos Olímpicos “Rio 2016”; e h) Em processos eleitorais

em municípios sob risco de perturbação da ordem. Além dessas, também ocorreram ações

de GLO nas seguintes situações: a) Operação Tucuruí, em 30 de abril de 2006, devido à

invasão da Usina de Tucuruí por integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens

no Pará; b) Greves de Polícias Estaduais no Maranhão, Rondônia e Ceará em 2011, e

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Bahia em 2012; e c) Protestos contra o leilão do Campo de Libra, em 20 de outubro de

2013.

Essa volumosa experiência em ações de preservação da ordem interna, aliada

à atualização dos dispositivos legais, credenciaram as FFAA a uma atuação subsidiária

de provimento ou de complementação da segurança pública. Em especial, quando se

observam os alarmantes índices de criminalidade do Brasil. Apenas para se ter uma noção

do quadro nacional, a apreciação de alguns indicadores é suficiente para se entender o

porquê da demanda de atuação das FFAA na segurança pública. O Atlas da Violência de

2017, editado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, uma fundação pública

federal vinculada ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, revela que

“o número de homicídios no Brasil, em 2015, [atingiu a quantidade de] 59.080 mortes”

superando a soma de pessoas mortas em ataques terroristas em outras nações

(CERQUEIRA; LIMA, et al., 2017, p. 55). Nesse mesmo Atlas vê-se que “o uso da arma

de fogo como instrumento para perpetrar homicídios atingiu [no Brasil] uma dimensão

apenas observada em poucos países da América Latina”, transformando-se no principal

meio de assassinatos em nosso país, cujo índice de “71,9% do total de casos [supera em

muito o da] Europa que encontra-se na ordem de 21%” (CERQUEIRA; LIMA, et al.,

2017, p. 43).

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública editou o Anuário Brasileiro de

Segurança Pública de 2017. Nele, cita-se que “O Brasil teve 7 pessoas assassinadas por

hora em 2016” (LIMA; BUENO, 2017, p. 6). Tão alarmante quanto esse dado é a

informação de que as despesas com políticas públicas de segurança estão na casa de R$

81 bilhões, que existem efetivos policiais estaduais (militar e civil) na ordem de 425.000

homens e mulheres (ambos dados de 2016) e que os recursos do Ministério da Defesa

para as operações de GLO estiverem em torno de R$ 127 milhões, em 2017 (LIMA;

BUENO, 2017, p. 8, 66 e 73). Tão grave é a questão da segurança no Brasil que até mesmo

autoridades federais declararam que a situação se assemelha a uma guerra. O Ministro da

Justiça, Torquato Jardim, afirmou que estaríamos “vivendo uma guerra simétrica”, na

qual ocorreriam mortes, pois “Não há guerra que não seja letal” (VEJARIO, 2018). O

então Ministro da Defesa, Raul Jungmann, declarou em mais de uma oportunidade que a

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sociedade precisava se preparar para uma “espécie de guerra”, quando se combate o crime

organizado (OUCHANA, 2017).

Um dos estados brasileiros que tem sofrido constantemente com a

criminalidade é o Rio de Janeiro. A existência de comunidades que agregam trabalhadores

de baixa renda, jovens desempregados, falta de assistência estatal às necessidades básicas,

arquitetura urbana de caos nas favelas e a incapacidade do Governo estadual em agir

efetivamente contra as mais diversas formas de crime, principalmente o tráfico de

entorpecentes, os roubos de carga, a formação de milícias e o uso de armas automáticas

e de grosso calibre, caracterizam um contexto de crise na segurança pública.

Em função desse cenário calamitoso, o Governo Federal, considerando a

falência dos instrumentos estaduais e municipais, decidiu intervir na segurança pública

do Rio de Janeiro. O presente artigo considera a intervenção federal no Rio de Janeiro

como uma operação de GLO e que tal inciativa demanda uma análise.

INTERVENÇÃO FEDERAL NO RIO DE JANEIRO

Em 16 de fevereiro de 2018, por meio do Decreto n. 9.288, o Presidente da

República instituiu a intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro, cujo objetivo seria

“pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública” (BRASIL, 2018, Art. 1º, § 2º).

Para a edição desse dispositivo legal, o Governo Federal considerou, nas palavras do

próprio presidente Michel Temer, que "O crime organizado quase tomou conta do estado

do Rio de Janeiro. É uma metástase que se espalha pelo país e ameaça a tranquilidade do

nosso povo” (MAZUI; CARAM; CASTILHO, 2018).

Na data de elaboração deste artigo (maio de 2018), ainda não era possível se

analisar amiúde os resultados dessa intervenção. Portanto, não é o objetivo desse trabalho

avaliar a extensão das ações como forma eficaz de redução ou de extinção desse cenário

apontado como justificativa para o decreto presidencial. Nosso propósito é elucidar as

premissas de planejamento da operação de GLO na intervenção federal no Rio de Janeiro,

identificando em que medida parâmetros de planejamento de operações militares podem

ser identificados nos fatos de domínio público expostos nessa situação. Para atingir esse

propósito, adotou-se como modelo de análise a concepção denominada Operação

Baseada em Efeitos (OBE).

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Assim é que se faz necessária uma compreensão mais detalhada de alguns

aspectos relativos à intervenção, iniciando pela apreciação do próprio Decreto n. 9.288.

Esses elementos serão, posteriormente, discutidos no capítulo da análise. Em primeiro

lugar, destaca-se a questão da temporalidade. Existe uma data para o encerramento da

GLO, exatamente o dia 31 de dezembro de 2018. Designou-se um oficial-general do

Exército Brasileiro para conduzir a função de interventor, o que inicialmente levou alguns

comentaristas a confundir intervenção federal com intervenção militar, interpretação essa

que acreditamos estar superada.

Outro ponto interessante a se destacar no Decreto é que a ação se dará

exclusivamente na esfera da Segurança Pública, desconsiderando-se as outras áreas de

atuação do Governo Estadual. Assim, o escopo da intervenção se dá nas corporações

policiais, Polícia Militar e Civil, e nos órgãos de Defesa Civil, tais como o Corpo de

Bombeiros, além dos recursos subordinados à Secretaria de Administração Penitenciária.

Portanto, é uma intervenção no Poder Executivo estadual na área da segurança pública.

Por fim, dois aspectos importantes do Decreto. A subordinação direta do interventor ao

Presidente da República e a possibilidade de requisição de “recursos financeiros,

tecnológicos, estruturais e humanos do Estado do Rio de Janeiro afetos ao objeto e

necessários à consecução do objetivo da intervenção” (BRASIL, 2018, Art. 3º, § 2º).

Um ponto importante dessa investigação é a questão conceitual. As ações de

natureza policial já foram definidas na Escola Superior de Guerra (ESG), no seu Manual

Básico, que se transformou em uma espécie de “doutrina” para os assuntos ligados à

segurança e defesa nacionais. Na visão da ESG, a segurança é uma sensação enquanto

que defesa é o trato da ameaça (BRASIL, 2008). No caso da intervenção, busca-se ampliar

a sensação de segurança por meio de medidas concretas, no nível individual (relativo à

liberdade, propriedade, locomoção, proteção contra o crime) e no nível comunitário

(relações políticas, econômicas e sociais). Parte-se da premissa de que a ordem pública,

compreendida como uma “situação de tranquilidade e normalidade”, foi perturbada,

demandando ações de “defesa pública”. Para a ESG (2008, p. 62), a defesa pública se

caracteriza como um “conjunto de medidas, atitudes e ações, coordenadas pelo Estado,

mediante aplicação do Poder de Polícia, para superar ameaças específicas à Ordem

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Pública”. Observe-se que o Decreto n. 9.288 coloca a expressão “ordem pública” como

aquilo que estaria comprometido.

Na apreciação conceitual cabe, ainda, uma investigação sobre o Manual

MD33-M-10, “Garantia da Lei e da Ordem”, editado pelo MD, em 2013. Trata-se de um

documento doutrinário, na medida que estabelece conceitos, fundamentos e uma

sistemática de planejamento e emprego em operações de GLO. Da leitura desse manual,

pode-se depreender alguns elementos conceituais relevantes.

Incialmente, destaca-se a demanda de coordenação das FFAA com todos os

demais atores participantes ou colaboradores em uma GLO. Para tanto, é necessária a

instituição de um “Centro de Coordenação de Operações, composto por representantes

dos órgãos públicos e/ou outros órgãos e agências, nos níveis federal, estadual e

municipal, bem como empresas e ONG” (BRASIL, 2013, p. 18). Integram-se à essa

demanda de coordenação, eventualmente o Gabinete de Segurança Institucional da

Presidência da República, os Ministérios da Justiça, do Planejamento, Orçamento e

Gestão, das Relações Exteriores, da Segurança Pública, o Ministério Público Federal, a

Advocacia-Geral da União e outras agências governamentais.

Um fator decisivo para o sucesso da GLO é o documento que estabelecerá a

“missão” das FFAA na determinada situação. A missão para as FFAA é um componente

essencial para atuação. Tecnicamente, ela deve conter em seu enunciado “claramente a

tarefa ou ação a ser executada e o fim a ser atingido” (BRASIL, 2015, p. 167). No caso

específico do Rio de Janeiro, depreende-se que essa missão está contida no Decreto n.

9.288, especificamente aquela expressa no seu “objetivo”2. A partir dessa missão

atribuída pelo Presidente da República pode-se deduzir missões complementares, que

levem ao cumprimento da missão maior definida no decreto.

Outro elemento essencial para as missões de GLO, conforme aponta o

Manual, é a existência de “Normas de Conduta” e as consequentes “Regras de

Engajamento” (BRASIL, 2013, p. 20). Antes de se constituírem em procedimento de

conduta frente às variadas situações de engajamento da tropa com a população e os

criminosos, esses documentos servem como instrumentos legais de amparo às ações

2 Segundo o Decreto n. 9.288, Art. 1º, § 2º, o objetivo da intervenção é pôr termo a grave comprometimento

da ordem pública no Estado do Rio de Janeiro.

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militares, na eventualidade de conflitos que coloquem em risco as pessoas ou ocasionem

vítimas e efeitos colaterais.

Nas Regras de Engajamento, a conduta do militar em uma GLO deverá

sempre observar princípios. No princípio da razoabilidade a perspectiva é a de que haja

parcimônia3 na atuação militar. O princípio da proporcionalidade leva em conta a ação e

a reação, de forma a haver um equilíbrio. O princípio da legalidade é autoelucidativo,

pois implica no estrito cumprimento da lei (BRASIL, 2015).

Apesar de não se tratar de uma operação de guerra4, as GLO contêm

fundamentos muito semelhantes. A “atuação de forma integrada” é uma característica das

operações militares da atualidade, comumente denominadas de operações conjuntas.

Assim é que a GLO é uma forma de atuação conjunta, não somente no âmbito das FFAA,

mas também com todos os demais órgãos envolvidos. O “emprego da inteligência e

contrainteligência” é um fator que está no limiar entre o sucesso e o fracasso. As

informações sobre o oponente, seus líderes, formas de atuação e logística, dentre outras,

são essenciais nas operações de guerra, assim como nas de caráter policial.

A “limitação do uso da força e das restrições à população” é fundamental nas

operações urbanas, principalmente quando estão envolvidas comunidades nas quais

existem cidadãos de bem que não podem se transformar em vítimas pelo descuido da ação

militar. Esse fator tem sido amplamente explorado em guerras como a do Afeganistão,

em 2001, no Iraque em 2003 (JOHNSON, 2007) e, mais recentemente, no conflito da

Síria, desde 2011 (ROSA, 2016). Esse tipo de conduta a ser evitado é denominado

genericamente de dano colateral.

Outro fator marcante nos conflitos armados, e que pode ser observado em

operações de natureza policial, é a “dissuasão”. Quando conjugada com o “emprego da

comunicação social” e de “operações psicológicas” formam um conjunto que visa a

intimidar o criminoso, agindo na questão da (des)motivação para o crime. A

demonstração de força, a pressão constante, os cercos e a neutralização das formas de

atuação colaboram com a percepção da implacabilidade da ação policial e o iminente

insucesso. Essa tríade de fundamentos também tem por público-alvo a população em

3 Segundo o Dicionário Houaiss (2009), “Parcimônia” é a “qualidade ou característica de parco”, que por

sua vez pode significar economia, poupança, comedimento, sobriedade, simplicidade ou frugalidade. 4 Segundo a classificação do Manual MD51-M-04, “Doutrina Militar de Defesa”, 2007, p. 24-25.

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geral, principalmente quando a ideia-força da segurança é a sensação (BRASIL, 2008).

Assim é que a comunicação social ganha relevo demonstrando resultados e alertando

sobre os riscos. Por fim, como ocorre em todo o processo conflituoso, a “negociação” é

uma forma de se extinguir a ameaça com o menor dano possível.

Da forma como se propôs essa investigação, o passo seguinte é a

compreensão de uma metodologia sobre planejamento de operações militares

denominada “Operação Baseada em Efeitos”. No arcabouço doutrinário do MD brasileiro

não existe um manual que detalhe tal tipo de metodologia. No manual “Doutrina de

Operações Conjuntas – MD30-M-01”, 1º volume, existe a referência a este tipo de

operação, porém dentro do contexto da “Arte Operacional”, que segundo esse Manual

tem por essência “identificar previamente o que será decisivo e moldar as operações

necessárias para o sucesso” (BRASIL, 2011, p. 73).

OPERAÇÕES BASEADAS EM EFEITOS

A OBE constitui-se em um modelo diferenciado de interpretação do modus

operandi político-militar em situações de guerra, conflito ou crise, incluindo-se nelas as

operações de GLO, visando a obtenção de determinados efeitos em aliados, neutros ou

oponentes. O Manual sobre GLO, do MD, classifica como “forças oponentes [as] pessoas,

grupos de pessoas ou organizações cuja atuação comprometa a preservação da ordem

pública ou a incolumidade das pessoas e do patrimônio” (BRASIL, 2013, p. 15). Portanto,

a OBE também é uma metodologia consoante com a proposta de oponente identificada

nas operações de GLO.

De acordo com Smith (2002, p. xiv), a OBE é “um conjunto coordenado de

ações direcionadas a moldar o comportamento de amigos, neutros e inimigos, na paz, em

situações de crise ou na guerra”. Uma ideia-chave, portanto, na OBE é moldar

comportamentos. O comportamento é uma atitude, reação, decisão, postura, enfim,

qualquer efeito que se possa almejar por meio da conexão entre as ações próprias e os

“cenários futuros desejados”. No nível operacional da guerra (vide Quadro 1) a intenção

de um comandante, quanto ao comportamento desejado do oponente, se concretizará

quando da identificação das vulnerabilidades e fraquezas do adversário, passo decisivo

para a obtenção dos efeitos desejados.

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A concepção da OBE veio se contrapor ao paradigma da “guerra de atrito”,

caracterizada pelas acentuadas perdas materiais e humanas, cujo exemplo clássico pôde

ser observado nas duas grandes guerras mundiais. Estimulados pelo desenvolvimento de

novas tecnologias de aplicação militar, tais como as armas de precisão, o uso de satélites

na comunicação e no posicionamento global, o emprego de sistemas computacionais nos

aparatos de comando e controle das forças, a invisibilidade ao radar, os equipamentos de

controle remoto de armas, dentre outros, teóricos visualizaram um novo tipo de guerra: a

guerra baseada em efeitos.

Alguns teóricos, como Meilinger (2016), ressaltam que a ideia de OBE não é

nova nas guerras. De uma forma ou de outra, os comandantes militares sempre buscaram

alguma forma de efeito com suas ações. Contudo, conforme destaca Cheek (2002), a

formulação do conceito de OBE teria surgido a partir das contribuições de John Warden

III e de David Deptula, na Guerra do Golfo de 1991. Nela, o conceito amadureceu nos

ataques que neutralizaram as forças iraquianas e impactaram psicologicamente o

oponente.

Outro componente essencial do conceito é a definição do que é efeito (ou

efeito desejado). Na doutrina militar norte-americana, efeito é “um estado físico e/ou

comportamental de um sistema derivado de uma ação isolada, de um conjunto de ações

ou de outro efeito” (EUA, 2017, p. xxii). No Brasil, o Glossário das Forças Armadas

define efeito desejado como o “resultado da ação a ser executada” (BRASIL, 2015, p.

289).

Duas premissas orientam a concepção de OBE. A primeira delas é a de que a

destruição física de um alvo não é necessariamente o objetivo final da ação. A

neutralização do alvo, ou do oponente, deve permitir um espectro mais amplo de efeitos.

Sejam eles físicos, funcionais, sistêmicos ou psicológicos. A segunda premissa é a de que

os “efeitos” devem ser percebidos nos níveis tático, operacional e estratégico (ou político)

(Quadro 1). O nível tático é aquele onde as forças policiais enfrentam os criminosos

diretamente. O nível operacional é aquele representado pela figura do interventor e seu

estado-maior, ou grupo de coordenação. O nível estratégico é o MD, enquanto que o nível

político se constitui pelas mais altas autoridades nacionais. Acrescentaríamos a essa

demanda de percepção dois grupos que são fundamentais para a avaliação do sucesso da

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operação: a mídia, formadora de opinião por natureza; e a população, aquela que sofre as

consequências da criminalidade.

Intervenção Federal no Rio de Janeiro

Atores

Nível Estado Oponente

Político Altas autoridades nacionais Traficante nacional

Estratégico Ministério da Defesa

Operadores do tráfico,

traficante-líder da região ou da

comunidade, chefe de facção

Operacional Interventor e seu estado-maior

ou grupo de coordenação

Traficante local ou regional,

chefe de “boca de fumo”

Tático Forças policiais que enfrentam

os criminosos diretamente

Assaltantes, “soldados do

tráfico”, criminosos em geral

Quadro 1 – Os atores e os níveis de decisão na Intervenção Federal no RJ

Fonte: o Autor, 2018.

No que tange aos níveis de impacto dos efeitos, dizem os teóricos da OBE,

entre eles Batschelet (2002) e Davis (2001), que os efeitos devem abranger os níveis

tático, operacional e estratégico (e político) (Quadro 2), de forma que o significado dos

resultados seja mais abrangente. De pouco importaria para a guerra um efeito obtido

apenas no nível tático, pois no cerne da OBE está claramente a tentativa de superar o

paradigma da guerra de atrito. Ou seja, a neutralização de um alvo no nível tático com

impacto apenas nesse nível não é coerente com a proposta da OBE. A ação precisa obter

reflexos nos níveis operacional e estratégico. Pois esses, respectivamente, referem-se ao

contexto global da guerra e ao contexto político. No primeiro, o efeito desejado é impactar

estruturalmente a capacidade de combate do oponente, enquanto que no segundo o choque

se dá na sua vontade de lutar.

Intervenção Federal no Rio de Janeiro

Tipos de Efeitos no Oponente

Físico Neutralização dos assaltantes comuns, dos “soldados do tráfico” ou dos

criminosos em geral

Funcional Interrupção no funcionamento do tráfico em determinada comunidade,

“boca de fumo” ou bairro

Sistêmico Interdição das linhas de comunicação do tráfico, impedindo o trânsito de

entorpecentes

Psicológico Sensação de incapacidade de efetivação do tráfico de entorpecentes

Quadro 2 – Os tipos de efeitos no oponente na Intervenção Federal no RJ

Fonte: o Autor, 2018.

De acordo com Mann III, Endersby e Searle (2002, p. 37-39), a destruição

(ou neutralização) “física” é representada pelo impacto direto ao alvo (ou contra o

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oponente). A “funcional”, impossibilita que o alvo (ou o oponente) execute sua função

essencial. A “sistêmica”, revela que a funcionalidade específica do alvo (ou do oponente)

atingiu o sistema do qual ele faz parte, prejudicando em determinado grau sua atividade.

O efeito “psicológico”, por sua vez, influencia as “emoções, motivos, a razão objetiva e

o comportamento de governos, organizações, grupos ou indivíduos”.

Esse também é o momento para ser afirmar que, apesar do crédito que se deu

à OBE, o conceito não deixou de receber críticas, inclusive de altas autoridades militares

americanas, como destacou Sæveraas (2012, p. 185), a partir do ano de 2008. O desafio

da OBE é se enquadrar em uma gama maior de dimensões de operações militares,

inclusive na GLO. Dentre os críticos da OBE estão aqueles que questionam até que ponto

ela será capaz de aferir se os efeitos obtidos, principalmente aqueles de natureza

psicológica, estão de fato modificando comportamentos em organizações terroristas ou

criminosas, que nem sempre funcionam de acordo com postulados “civilizados”. A

complexidade dos atores e das questões culturais e sociais estão presentes e demandarão

intensas análises antropológicas e sociais de forma a se estabelecer um conhecimento

adequado sobre as forças oponentes.

Ainda na identificação dos conceitos fundamentais expressos pela concepção

de OBE, apresentam-se as modalidades de efeitos. Como afirma Beagle Jr. (2001), uma

determinada ação pode gerar efeitos diretos e efeitos indiretos. Os efeitos diretos são

aqueles observados como resultado da ação, independente da natureza (físico, funcional,

sistêmico ou psicológico). Os indiretos são aqueles que decorrem da ação efetuada e

podem ser efeitos desejados ou indesejados. Esses últimos constituem-se em uma

categoria que geralmente é associada ao dano colateral ou a qualquer outra consequência

que venha a ser desfavorável aos objetivos estipulados pelo comandante.

Um último postulado inserido no conceito de OBE é o da “guerra paralela”.

A ideia, segundo sugere Deptula (2001), vem dos esquemas elétricos de ligação em série

e em paralelo. Enquanto que na guerra em série as ações se desenvolvem de forma

sequencial, uma após a outra, na guerra paralela as ações são intensas e simultâneas. A

concentração dos esforços se dá por meio de ataques concomitantes às vulnerabilidades

identificadas no oponente, deixando-o sem margem de manobra.

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Com essa breve revisão teórica sobre o conceito de operação baseada em

efeitos é possível prosseguir na análise da intervenção federal no Rio de Janeiro,

apreciando-a à luz dessa metodologia para as operações de natureza militar.

ANÁLISE

Novamente é necessário afirmar que a análise não se dá sobre os resultados

da intervenção. Tão somente o objetivo é apontar algumas demandas que, sob a ótica da

OBE, constituir-se-iam em pontos focais no planejamento e na execução da GLO.

Em função dos preceitos teóricos da OBE, entende-se que as operações de

GLO, como é o caso específico da intervenção no Rio de Janeiro, são casos apropriados

à aplicação dos conceitos, e o efeitos devem ser obtidos na questão da sensação de

segurança da população. Considerando que uma das premissas básicas da OBE é a

moldagem do comportamento do oponente, depreende-se que o cenário futuro desejado

é a incapacidade de articulação da criminalidade, levando ao colapso da marginalidade

como força efetiva de atuação social. Esse efeito deve ser claro, não somente na sua

eficácia em relação ao oponente, mas, em igual valor, na percepção por parte da sociedade

quanto à inefetividade da criminalidade enquanto organização atuante.

Ainda dentro dessa premissa, caberia uma clara identificação de

vulnerabilidades e fraquezas, de forma a se poder compor as estratégias de atuação na

direção do comportamento desejado. Há que se considerar, no caso do Rio de Janeiro,

que o planejamento e a condução da operação não podem focar na “guerra de atrito”. Ou

seja, não caberia, de acordo com os princípios da OBE, a busca apenas da eliminação

física dos marginais (compreenda-se a prisão ou a morte). A fim de se evitar a armadilha

da guerra de atrito, isso, na perspectiva dos efeitos, somente seria possível mediante a

utilização de tecnologia militar. As FFAA brasileiras possuem algumas das capacidades

elencadas como decisivas, colocando-as em condição de se alinhar com os preceitos da

OBE.

Esse ponto abre o espaço de discussão para uma amplitude considerável de

meios, técnicas, sistemas ou equipamentos que poderiam ser utilizados nessa operação.

Sem a intenção de esgotar o assunto, que bem poderia ser objeto de um outro artigo,

podemos incluir nesse domínio tecnológico, apenas a título de exemplo, a utilização de

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aeronaves remotamente tripuladas (também conhecidas como “drones”, ou “sistemas de

aeronaves remotamente pilotadas – SARP).

Sabe-se que drones têm sido extensamente utilizados em operações de

localização e destruição de alvos de interesse militar em guerras como a do Afeganistão

(OLSEN, 2018). Esse diferencial tecnológico, ainda não disponível (referimo-nos aos

SARP de emprego militar) aos criminosos apontados como “oponentes” na intervenção

federal, permitiria uma ampla consciência situacional, tanto na dimensão espacial como

na temporal.

Voltando-se à discussão do conceito de efeito, um simples exemplo pode

ilustrar melhor as diferenças dos graus de neutralização e do efeito psicológico. Ao se

deter um traficante de entorpecentes, obtém-se um efeito físico, porém sem que se impeça

a principal finalidade da operação, qual seja a de se obter segurança enquanto fato e

sensação. Entretanto, se além do traficante citado, na ação consegue-se a apreensão de

grande quantidade de entorpecentes ou, até mesmo, de um centro de refino ou de

distribuição, ocorre a perda de uma capacidade funcional, qual seja a possibilidade de

efetivação do tráfico em determinada área urbana ou comunidade.

No grau seguinte de neutralização das forças oponentes, o efeito desejado é

sistêmico. Aqui, busca-se a destruição de toda a rede de “importação” ilegal de drogas,

da eliminação da logística que dá suporte ao tráfico (redes de comunicação, transportes,

financeira), da identificação e do tratamento aos viciados e consumidores de

entorpecentes, sem contar com um sem número de iniciativas que estariam coerentes com

a concepção de OBE, que integra as expressões do poder nacional (dentre elas as dos

campos diplomático, econômico, psicológico e militar) em ações que visam se sobrepor

aos óbices à perturbação da ordem pública.

Por fim, ações com finalidade física ou funcional podem ter impacto

psicológico. Porém, esse impacto tende a ser episódico. O verdadeiro impacto

psicológico, que agiria inclusive no mesmo caminho da fundamentação da GLO pela

dissuasão, seria o efeito sistêmico. Ante a impossibilidade de realizar a atividade de

tráfico, os novos aspirantes a grupos criminosos seriam levados a capitular na tentativa

de empreitada. Assim, atingir-se-ia o efeito psicológico.

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Obviamente que o exemplo acima é simplista. Trata-se mais de um esforço

de cunho didático, do que com propósito de análise dos resultados da intervenção federal,

algo que já citamos não ser o objeto dessa investigação. Até porque ainda não se possui

um lapso temporal adequado para esse tipo de análise.

No contexto da intervenção, tanto os conceitos de grau de neutralização

(física, funcional ou sistêmica), quanto o efeito psicológico, deveriam ser dirigidos contra

as forças oponentes, ou seja, os grupos criminosos foco da ação de GLO. Dessa forma, a

prisão ou a eliminação física de um criminoso não deve ser o objetivo em si, quando se

pensa pelo paradigma da OBE.

Sob a perspectiva desse tipo de operação, os efeitos indiretos, na medida em

que se consideram efeitos indesejados, devem, claramente, ser uma preocupação nas

operações do tipo GLO, pois o impacto de um efeito indireto pode trazer consequências

irreconciliáveis ao curso da operação. Um exemplo característico de efeito indireto é a

“bala perdida” que atinge um cidadão.

A intervenção, sob o enfoque da OBE, deve ser conduzida sob a lógica da

guerra paralela. Esse seria um importante postulado a ser observado, haja vista que ações

sequenciais darão margem à adaptação dos grupos criminosos à situação, modificando

sua forma de conduta e explorando outros nichos de vulnerabilidades sociais. Nesse caso,

talvez fossem adequadas ações simultâneas em diversas comunidades.

Na análise da Intervenção sob a perspectiva da OBE não se pode deixar de

considerar dois elementos de extrema importância: a mídia e a população, conforme

afirmamos acima. Em função do conceito, esses dois elementos podem ser caracterizados

como “neutros” ou “aliados”. Sob eles, há que se prospectar efeitos desejados, que

modifiquem o comportamento. Comportamento, nessa ótica, refere-se à forma como

ambos encaram a intervenção em si, no que tange aos propósitos, às ações em curso e,

principalmente, quanto aos resultados concretos. Trata-se, portanto, de efeitos de nível

psicológico primordialmente. Consoante com a proposição de “sensação” (ESG, 2008),

a segurança proporcionada pela ação governamental deve modificar o comportamento

tanto da mídia como dos habitantes da cidade no que diz respeito ao sentimento

proporcionado pela intervenção.

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Nessa mudança de comportamento não cabem meras ações declaratórias que

não sejam consubstanciadas por efetivos resultados. Daí que os efeitos sistêmicos sobre

o oponente proporcionarão resultados mais duradouros, ao contrário de efeitos

meramente físicos, da forma como exemplificados acima.

Na análise dos efeitos a serem atingidos, destacam-se dois níveis que já foram

apontados como essenciais na abordagem de OBE: o estratégico e o operacional. Deptula

(2006), alerta que a aplicação do conceito, como se observará abaixo, não pode deixar de

considerar algum conhecimento sobre as intenções do inimigo, assim como levar em

conta que a dimensão humana sempre estará presente nas operações militares, mesmo

naquelas como o objeto desse artigo.

O nível operacional demandará uma integração de forças que nas palavras de

Batschelet (2002, p. 1) se configurará por meio de competências “intelectuais, operativas,

organizacionais, doutrinárias e técnicas”. Obter esse nível de integração não é tarefa

simples. No caso da Intervenção do Rio de Janeiro esse talvez seja um grande desafio.

Recordando que a perspectiva de efeito desejado no nível operacional seja a neutralização

da capacidade estrutural de conduzir ações criminosas, quando consideramos o alerta de

Hunerwadel (2006, p. 6) quanto a “reconhecer que a guerra é um entrechoque de sistemas

complexos e adaptativos”, concluímos que tal empreitada não é trivial.

No nível estratégico também podem ser encontrados grandes desafios para a

intervenção. Se considerarmos como efeito desejado a significativa redução ou mesmo a

eliminação da vontade de se conduzir ações criminais, inclusive oferecendo opções

socialmente aceitáveis aos marginais (ressocialização), ou àqueles que se vêm submetidos

à opção pela marginalidade em função de falta de oportunidades, percebe-se que a tarefa

da intervenção não é meramente militar. Storr (2005, p. 34) cita que “é perfeitamente

possível se ordenar um conjunto de efeitos mas, no ambiente real da guerra, não podemos

ter muita confiança na habilidade de alguém vir a atingi-los diretamente”. De fato, a

guerra, como também uma GLO, é fruto de contingências e decisões políticas, que não

nos deixam esquecer o pensamento de Clausewitz (2010, p. 27) quando afirma que “a

guerra não é somente um ato político, mas um verdadeiro instrumento político, uma

continuação das relações políticas, uma realização destas por outros meios”.

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Na verdade, o que queremos concluir é que a ênfase nas ações do nível tático,

aquelas que afloram na mídia e são efetivamente perceptíveis na realidade das

populações, apesar de necessárias, não devem ser o foco da intervenção, quando

utilizamos como parâmetro a OBE.

Uma outra forma de análise é a que pode ser obtida da apreciação do Manual

sobre Garantia da Lei e da Ordem - MD33-M-10 (BRASIL, 2013), quando trata das

“ações a realizar em GLO”. A partir do conceito de OBE, utilizando-se as conclusões de

Hunerwadel (2006), uma contribuição para essa operação ou quaisquer outras que tenham

o amparo legal no Decreto n. 3.897, de 24 de agosto de 2001, podem ser obtidas quando

se observa a síntese do Quadro 3.

Item 4.5 do MD33-M-10 Análise OBE (Hunerwadel, 2006)

Ações

Preventivas

Preparo da tropa e as atividades de

inteligência, de Operações Psicológicas e

de Comunicação Social. Também se

enquadram nesta classificação as ações de

dissuasão e outras adotadas frente a uma

possível ameaça detectada pela

Inteligência.

- OBE é um modo abrangente de se

pensar a respeito das operações;

- É um processo intelectual;

- Permeia todas as dimensões,

disciplinas e níveis da guerra

(portanto, não há que se pensar

exclusivamente em “ações

policiais”);

- Deve concentrar-se no estado final e

nos objetivos (por esse motivo, é

essencial a missão e o que se espera

com ela);

- Trata-se de um processo continuado

e ininterrupto de planejamento,

execução e avaliação em um todo

adaptativo (o oponente se adapta);

- São os efeitos que importam, e não

plataformas, armas ou métodos (a

tecnologia tem um peso mas não é a

solução para todos os problemas);

- A visão abrangente deve considerar

todos os tipos possíveis de efeito (e

em todos os níveis);

- Deve sempre considerar o

inesperado, a “névoa da guerra”, as

contingências, ou aquilo que não foi

planejado;

- Pensar, primeiro, em eficácia

(“fazer as coisas certas”) e, depois em

eficiência (“fazer certo as coisas”), na

consecução dos objetivos;

- A OBE reconhece que a guerra (e as

operações militares, de uma maneira

geral) é um entrechoque

de sistemas complexos e adaptativos;

Ações

Repressivas

Fazer frente a uma ameaça concretizada,

com o intuito de se restabelecer o livre

estado democrático de direito, a paz social

e a ordem pública.

Operações Tipo

Polícia

a) assegurar o funcionamento dos serviços

essenciais sob a responsabilidade do órgão

paralisado;

b) combater a criminalidade;

c) controlar vias de circulação urbanas e

rurais;

d) controlar distúrbios;

e) controlar o movimento da população;

f) desbloquear vias de circulação;

g) desocupar ou proteger as instalações de

infraestrutura crítica, garantindo o seu

funcionamento;

h) evacuar áreas ou instalações;

i) garantir a segurança de autoridades e de

comboios;

j) garantir o direito de ir e vir da

população;

k) impedir a ocupação de instalações de

serviços essenciais;

l) impedir o bloqueio de vias vitais para a

circulação de pessoas e cargas;

m) interditar áreas ou instalações em risco

de ocupação;

n) manter ou restabelecer a ordem pública

em situações de vandalismo, desordem ou

tumultos;

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o) permitir a realização do pleito eleitoral

dentro da ordem constitucional;

p) prestar apoio logístico aos OSP ou

outras agências;

q) proteger os locais de votação;

r) prover a segurança das instalações,

material e pessoal envolvido ou

participante de grandes eventos;

s) realizar a busca e apreensão de materiais

ilícitos;

t) realizar policiamento ostensivo,

estabelecendo patrulhamento a pé e

motorizado;

u) restabelecer a lei e a ordem em áreas

rurais; e

v) vasculhar áreas.

- Concentra-se primordialmente em

comportamento, não em apenas

mudanças físicas;

- Reconhece que o conhecimento

abrangente de todos os atores e do

ambiente operacional é importante

para o êxito, mas tem um preço.

Quadro 3 – Análise do item 4.5 do MD33-M-10 sob a ótica da OBE

Fonte: BRASIL, 2013, MD33-M-10 (adaptado)

A análise comparativa apresentada no quadro acima encerra a apreciação da

intervenção federal na segurança pública no Estado do Rio de Janeiro. A fim de consolidar

os principais aspectos argumentados neste artigo, uma breve recapitulação será o passo

final do trabalho.

CONCLUSÃO

No início do artigo observou-se que o emprego das FFAA em situações de

instabilidade na segurança pública já era considerado em constituições federais anteriores

a de 1988. Entretanto, nessa carta magna, e em legislações posteriores dela decorrentes,

foram consolidados instrumentos legais para o uso das forças militares federais em

contextos que foram denominados de operações de Garantia da Lei e da Ordem.

A justificativa para intervenções federais, ou no acionamento de operações de

GLO, é, na maioria das vezes, a conturbada situação da segurança pública no país, cujos

índices vêm expressando um quadro preocupante no que tange a homicídios, narcotráfico

e outros delitos associados.

As FFAA acumulam, desde 1992, uma relevante experiência nesse tipo de

operação, mesmo que ela se constitua em ação subsidiária, não diretamente relacionada à

atividade-fim constitucional. Os diversos contextos de GLO, e de situações de emprego

similares, demandaram nas FFAA uma adaptação em suas doutrinas, estrutura de força e

técnicas de emprego, como bem revela a edição de um manual doutrinário específico para

a prática de GLO.

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Nesse contexto, o artigo voltou-se para a recente (2018) Intervenção Federal

na Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, como objeto de estudo, buscando

apreciá-la sob o enfoque das operações baseadas em efeitos, uma metodologia, ou um

modo de pensar as operações militares, que evoluiu desde a Guerra do Golfo de 1991.

Mesmo em face das críticas que o modelo OBE têm recebido, por vezes decorrentes de

rivalidades institucionais, especialmente nos EUA, a expectativa da análise foi

direcionada para o que se pode deduzir, até o momento, sobre a intervenção no que diz

respeito a efeitos desejados. Não se tratou, portanto, de uma análise de resultados, pois o

momento ainda é prematuro para tal.

Aspectos importantes foram levantados na discussão. Por exemplo, o da

sensação de segurança, um aspecto psicológico já elaborado pela ESG em seu Manual

Básico de 2008. Outros elementos interessantes na intervenção foram a demanda pela

“missão”, as “regras de engajamento”, a “dissuasão” e o papel da “inteligência”, em

operações de guerra e em GLO.

Na conceituação da OBE, as principais características da metodologia

indicaram para os tipos de efeitos e os níveis em que os efeitos são percebidos.

Relacionando o conceito com o objeto, as dimensões teórica e empírica, foram elaborados

dois quadros que sintetizaram a discussão. Assim é que ficou demonstrada a propriedade

da OBE para emprego em GLO.

Porém, a análise demandou um outro passo necessário. Nele, foi observado

que a mídia e a população afetada pela criminalidade constituem-se em alvos de efeitos

psicológicos desejados. Daí é que a abrangência da OBE, postulada por vários de seus

teóricos (BATSCHELET, 2002) (DEPTULA, 2001) (MANN III; ENDERSBY;

SEARLE, 2002) (HUNERWADEL, 2006), apenas para citar alguns deles, se concretiza

não somente contra o oponente, mas também em aliados ou neutros.

Essa característica também foi observada quando se considerou os níveis

político, estratégico, operacional e tático, como dimensões nas quais determinados efeitos

devem ser obtidos. Não há, o que se procurou demonstrar, como se ignorar a importância

de cada nível. Porém, ficou o alerta de que a guerra, ou uma GLO, sob a ótica da OBE

não é uma operação no nível tático somente. Talvez essa seja uma das principais

conclusões do artigo.

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A etapa final da análise foi sintetizar, de forma crítica, a visão que o Manual

de GLO do MD possui na proposição de “ações” a serem conduzidas nesse tipo de

operação. O quadro-síntese da análise buscou apontar elementos que devem ser

considerados quando da efetivação das ações preventivas, repressivas ou de caráter

policial, em uma GLO, na fase de planejamento ou de execução, sob a ótica da EBO.

Como apreciação final, seria interessante relembrar, mais uma vez Clausewitz

e a incerteza da guerra, a qual estendemos para as operações militares em geral, como

uma GLO. Na obra Da Guerra, ele nos alertou para um fator que continua sendo uma

realidade e que não pode ser desconsiderado na questão da Intervenção no Rio de Janeiro:

“três quartos dos fatores em que se baseiam os combates na guerra estão envoltos numa

névoa de maior ou menor incerteza” (CLAUSEWITZ, 2010, p. 51).

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