1 o ambiente e as doenças do trabalho: percepção dos principais

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Ano 1, n.1, nov.2013/fev.2014 ISSN 2318-9622

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Ano 1, n.1, nov.2013/fev.2014 ISSN 2318-9622

REVISTA TECNOLOGIA & INFORMAÇÃO 2ano1, n.1, nov.2013/fev.2014

© Copyright EdUnPEditora Universidade Potiguar – EdUnPAV. Senador Salgado Filho, nº1610. Prédio I, 3º andar, Sala 306.Lagoa Nova. Natal/RN. CEP: 59056-000.Tel.: (84) 3215-1222 Fax: (84) 3215-1251E-mail: [email protected]

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Profª. Msc. Catarina de Sena Matos PinheiroDIRETORA DA ESCOLA DE ENGENhARIAS E CIÊNCIAS ExATAS

Prof. Dr. Carlos Enrique de M. Jeronimo,UNIVERSIDADE POTIGUARE-MAIL: [email protected]

Prof. Gilson Garcia da SilvaE-MAIL: [email protected] ADjUNTO

Patrícia GalloAdriana EvangelistaIsabel Cristine M. de CarvalhoEDITORA UNIVERSIDADE POTIGUAR – EDUnP

Jucilância Braga Lopes ToméHugo José Medeiros de OliveiraREVISORES

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Firenzze - Making AppsPROjETO GRáFICO E DIAGRAMAÇÃO

T258 Tecnologia e Informação - Revista Científica da Escola de engenharias e Ciências Exatas / Universidade Potiguar. Escola de Engenharias e Ciências Exatas. – Ano 1, n.1 (nov.2013/fev.2014). – Natal: Edunp, 2014. 60p. : il.

ISSN 2318-9622 Disponível On line

1. Ciências exatas. 2. Impactos ambientais. 3. Poços de petróleo. 4. Sustentabilidade. 5. Poluição sonora. 5. Selo verde. 6. Parque eólico.

RN/UnP/BCSF CDU 501

REVISTA TECNOLOGIA & INFORMAÇÃO 3ano1, n.1, nov.2013/fev.2014

CONSELHO EDITORIAL E CONSULTIVO

AARAO LYRA - Dr. em Engenharia Elétrica

ALEXANDRE MARCOS FREIRE DA COSTA E SILVA - Msc. em Engenharia sanitária

ANA CATARINA FERNANDES CORIOLANO - Dra. em Geodinâmica e Geofísica

CARLA GRACY RIBEIRO MENESES - Dra. em Engenharia Química

CARLOS ENRIQUE DE MEDEIROS JERÔNIMO - Dr. em Engenharia Química

CLAUDIA PATRÍCIA TORRES CRUZ - Dr. em Física

DIANA CARLA SECUNDO DA LUZ - Dr. em Ciência e Engenharia dos Materiais

ELCIO CORREIA DE SOUZA TAVARES - Dr. em Física

FRANCISCO WNDELL BEZERRA LOPES - Dr. em Eng. Química

FRANKLIN SILVA MENDES - Dr. em Química

GILBERTO AUGUSTO DE MORAIS - Dr. em Eng. Aeronáutica e Mecânica

GILSON GARCIA DA SILVA - Dr. em Eng. Materiais

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JOSÉ ANTONIO DE MOURA - Dr. em Química

LUZIA PATRÍCIA FERNANDES DE CARVALHO GALVÃO - Dra. em Química

MICHELLI SILVA DE OLIVEIRA - Dra. em Física

PATRÍCIA FREIRE CHAGAS - Dra. em Eng. Civil

REGINA CELIA PEREIRA MARQUES - Dra. em Ciências Biológicas

SANDRA MARIA CAMPOS ALVES - Dra. em Solos e nutrição de plantas

REVISTA TECNOLOGIA & INFORMAÇÃO 4ano1, n.1, nov.2013/fev.2014

EDITORIAL ................................................................................. 5

O ambiente e as doenças do trabalho: percepção dos principais sintomas de desconforto/dor, relacionados aos aspectos ergonômicos na prática odontológica ................................................................ 6Carlos helton de Araújo AguiarFelipe Costa Neves Mickaell Medeiros de Araújo

Utilização da ferramenta sensoriamento remoto para diagnóstico de impactos ambientais .................................................................. 20Cáion Christian Oliveira de Almeida Silvajoão Batista Machado Barbosa

Alternativas para viabilizar a produção de poços em campos maduros com elevado custo de produção no Nordeste do Brasil ................... 32Marcelo de Melo CabralNicomedes Figueiredo Rolino

Atenuação natural dos níveis de ruído oriundos de aerogeradores de energia elétrica .......................................................................... 48Glícia Pinto Barra Reinaldo

SUMÁRIO

REVISTA TECNOLOGIA & INFORMAÇÃO 5ano1, n.1, nov.2013/fev.2014

Influência da racionalização e industrialização na construção sustentável................................................................................ 63Artur Moura Maria das Vitórias V. A. de Sá

Avaliação econômica do impacto do selo verde em postos revendedores de combustíveis de Natal-RN .................................. 77Luisa Câmara Medeiros de Araújo

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA ..90

REVISTA TECNOLOGIA & INFORMAÇÃO 6ano1, n.1, nov.2013/fev.2014

A Escola de Engenharias e Ciências Exatas da Universidade Potiguar lança sua primeira edição eletrônica da Revista Tecnologia & Informação, que visa disponibilizar para as áreas estratégicas da aplicação das ciências exatas uma gama de opções de trabalhos acadêmicos em diferentes áreas do conhecimento.

A revista consiste numa sobreposição de elementos da engenharia básica, correlatos a aplicação na gestão ambiental, da qualidade, da inovação da tecnologia e de elementos da gestão da tecnologia da Informação.

O primeiro exemplar é composto por cinco artigos, que contrabalançam diferentes áreas de pesquisas, de profissionais da instituição e principalmente de fora dela. Os artigos são:

1. O ambiente e as doenças do trabalho: percepção dos principais sintomas de desconforto/dor, relacionados aos aspectos ergonômicos na prática odontológica.2. Utilização da ferramenta sensoriamento remoto para diagnóstico de impactos ambientais.3. Alternativas para viabilizar a produção de poços em campos maduros com elevado custo de produção no nordeste do Brasil.4. Atenuação natural dos níveis de ruído oriundos de aerogeradores de energia elétrica.5. Influência da racionalização e industrialização na construção sustentável.6. Avaliação econômica do impacto do selo verde em postos revendedores de combustíveis de Natal-RN.

Aproveitamos a oportunidade para convidá-los a colaborar com nossa revista e desejamos uma excelente leitura.

Carlos Enrique de M. JeronimoEditor

EDITORIAL

REVISTA TECNOLOGIA & INFORMAÇÃO 7ano1, n.1, nov.2012/fev.2014

1O ambiente e as doenças do trabalho: percepção dos principais sintomas de desconforto/dor, relacionados aos aspectos ergonômicos na prática odontológica

Carlos Helton de Araújo AguiarGraduado em Engenharia de Computação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Potiguar – UNP. E-mail: [email protected]

Felipe Costa Neves Graduado em Fisioterapia pela Universidade Potiguar Natal-RN. Especialista em Neurogerontologia pela Faculdade Redentor - Rj.E-mail: [email protected]

Mickaell Medeiros de Araújo Graduado em Agronomia pela Universidade Federal Rural do Semi-árido – UFERSA. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Potiguar – UNP.E-mail: [email protected]

ENVIO EM: Setembro de 2013ACEITE EM: Outubro de 2013

REVISTA TECNOLOGIA & INFORMAÇÃO 8ano1, n.1, nov.2013/fev.2014

Resumo: Este artigo apresenta uma análise da percepção dos principais sintomas de desconforto/dor, relacionados aos aspectos ergonômicos na prática odontológica. O objetivo é identificar nos ambientes odontológicos as principais causas de desconfor-to/dor relacionados ao exercício da atividade laboral dos cirurgiões-dentistas, além de propor melhorias baseadas sob o ponto de vista ergonômico. A metodologia utilizada foi baseada em uma revisão bibliográfica e na aplicação de um questionário. Verifi-cou-se que coexistem diversos fatores para o surgimento de doenças ocupacionais de-correntes de condições antiergonômicas, originando sintomas de desconforto/dor em níveis, os quais merecem especial atenção no tocante a sua prevenção. Surge então, a Ergonomia, como ciência capaz de promover o conforto, a segurança e o desempenho eficiente para os profissionais odontólogos.

Palavras-chave: Cirurgião-Dentista. Ergonomia. Odontologia.

THE ENVIRONMENT AND DISEASES OF WORK: PERCEPTION OF THE MAIN SYMPTOMS OF DISCOMFORT/PAIN, RELATED TO ERGONOMIC ASPECTS IN DENTAL PRACTICE

Abstract: This paper presents an analysis of the perception of the main symptoms of discomfort/pain, related to ergonomic aspects in dental practice. The objective is to identify in dentals environments the main causes of discomfort/pain related to the development of labor activity of dentist surgeons, over there propose improvements based on the ergonomic point of view. The methodology used was based on a literature review and application of a questionnaire. It was found that coexist various factors for the appearance of occupational diseases deriving from conditions non ergonomic, resulting in symptoms of discomfort/pain in levels, which deserve special attention regarding to prevention. Then appear the Ergonomics, as a science capable of promo-ting the comfort, safety and efficient performance for dental professionals.

Keywords: Dentist Surgeon. Ergonomics. Odontology.

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1 INTRODUÇÃO

O trabalho é condição fundamental para a vida e a base para o desenvolvimento social, entretanto, sempre representou algum risco para a saúde. Ao longo do tempo, constatou-se a diminuição da capacidade produtiva causada por acidentes ou pelo aparecimento de doenças ligadas à atividade realizada (SPEZZIA, 2011).

O ambiente de trabalho, suas instalações e equipamentos associados ao tipo de atividade desenvolvida, expõem o profissional de saúde a vários riscos, inclusive os de natureza ergonômica, discutidos no Manual de Biossegurança no Atendimento Odon-tológico, da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (BRASIL, 2001).

Os riscos ergonômicos podem gerar distúrbios psicológicos e fisiológicos, além de provocar sérios danos à saúde, porque produzem alterações no organismo e no estado emocional, comprometendo sua produtividade, saúde e segurança, tais como: Le-sões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT), cansaço físico, dores musculares, problemas da coluna, hipertensão arterial, alteração do sono, doenças nervosas, taquicardia, doenças do aparelho di-gestivo, tensão, ansiedade, diabetes etc. Para evitar que estes riscos comprometam as atividades e a saúde do trabalhador, é necessário um ajuste entre as condições do trabalho e o homem, sob os aspectos de praticidade, conforto físico e psíquico (KAS-SADA; LOPES; KASSADA, 2011).

Algumas doenças ocupacionais resultam de uma relação inadequada do trabalha-dor com os métodos de trabalho. Se a estrutura óssea ou muscular do ser humano for sobrecarregada ou exigir um grande esforço postural estático, isso pode resultar, por exemplo, em lesões na coluna, nas articulações e complicações musculares (PEL-LENZ, 2005).

As LER/DORT, reconhecidas como doença ocupacional pelo INSS, têm-se manifes-tado com maior frequência nas atividades administrativas de escritório, bancos, cai-xas de comércio, digitadores, entre outras; em especial, nos ambientes odontológicos (SEBASTIÃO, 2007).

A Ergonomia surge como um conjunto de ciência e tecnologia que procura a adap-tação confortável e produtiva entre o ser humano e o seu trabalho (SILVA; BARBOZA, 2005).

Diante deste contexto, este trabalho visa analisar os principais sintomas de des-conforto/dor percebidos pelos cirurgiões-dentistas no desempenho de sua atividade laboral, valendo-se dos conceitos e técnicas ergonômicas para ajudar ao profissional manter a sua integridade física e proporcionar o seu bem-estar.

1.1 OBJETIVOS DO ESTUDO

1.1.1 Objetivo geral

• Analisar a percepção dos cirurgiões-dentistas em relação aos principais sin-tomas de desconforto/dor, relacionados aos aspectos ergonômicos na prática odontológica.

1.1.2 Objetivos específicos

• Identificar nos ambientes odontológicos as principais causas de desconforto/dor, relacionados ao exercício da atividade laboral dos cirurgiões-dentistas.

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• Propor melhorias ergonômicas, tendo em vista a integridade física, saúde e qualidade de vida do cirurgião-dentista.

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

2.1 TIPO DE PESQUISA

O artigo foi elaborado com base na pesquisa bibliográfica, com abordagem explo-ratória e descritiva, visando à percepção dos principais sintomas de desconforto/dor, relacionados aos aspectos ergonômicos na prática odontológica.

De acordo com Gil (1991 apud SILVA; MENEZES, 2005), a pesquisa pode ser:Bibliográfica: quando elaborada a partir de material já publicado, constituído prin-

cipalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet.

Exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o problema, com o intuito de torná-lo explícito ou de construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisa-do, análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso.

Descritiva: visa descrever as características de determinada população ou fenô-meno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados, questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento.

2.2 POPULAÇÃO

A população estudada foi composta de cirurgiões-dentistas presentes no III Ciclo de Atualização Odontológica, realizado na cidade de Mossoró/RN, durante os dias 24 e 25 de outubro de 2012, onde contou com a participação de profissionais de todo o Estado. No universo de 77 presentes, 59 colaboradores responderam aos questio-nários.

2.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

O instrumento de coleta de dados utilizado nesta pesquisa foi um questionário misto (ver apêndice A), ou seja, composto por questões abertas e fechadas, além de permitir o mapeamento de desconforto físico/dor, através do diagrama de Corlett, mostrado no anexo 1 deste trabalho.

O diagrama de Corlett é um instrumento reconhecido e validado, preciso e de fácil aplicação, sendo um dos métodos de avaliação das sensações subjetivas de descon-forto e dor mais utilizados na Ergonomia (KAWASE, 2006).

Ele apresenta um mapa das regiões do corpo, dividido em segmentos, e uma es-cala variando entre 1 (nenhum) e 5 (intolerável), sobre a qual o sujeito deve marcar a intensidade de desconforto/dor que lhe acomete.

O questionário manteve o anonimato dos entrevistados, garantindo assim, a liber-dade de expressão dos colaboradores.

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3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

3.1 PERFIL LABORAL DOS COLABORADORES

Dentre os 59 profissionais que responderam à pesquisa, 25 (42%) são do sexo masculino e 34 (58%) do sexo feminino.

Com relação à idade, é possível inferir que 50% dos cirurgiões-dentistas estão na faixa etária de 20 a 40 anos, 31% na faixa de 41 a 50 anos e 19% na faixa de 51 a 60 anos, de acordo com o gráfico 1.

Gráfico 1: Faixa etária dos colaboradores

Fonte: Pesquisa de Campo – Outubro/2012.

Resultados semelhantes foram encontrados por pesquisadores, em estudo sobre LER/DORT, onde a concentração de profissionais entre 30 a 39 anos e entre 40 a 49 anos com 41,70% e 27,50%, respectivamente; ou seja, nas faixas etárias de maior produtividade dos cirurgiões-dentistas (REGIS FILhO; MIChELS; SELL, 2006).

Zétola (2000) encontrou 84% das patologias nessa faixa etária, reforçando suas características crônicas.

Quanto ao fato de laborarem em mais de um local, verificou-se uma maioria re-presentada por 88% dos profissionais, frente aos 12% que só trabalham em apenas um local. O supracitado quantitativo é corroborado devido aos 68% dos entrevista-dos exercerem suas atividades em instituições públicas e privadas, simultaneamente, como mostra o gráfico 2.

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Gráfico 2: Tipo da instituição em que trabalha

Fonte: Pesquisa de Campo – Outubro/2012.

A situação é reflexo do atual mercado de trabalho, altamente competitivo, além da necessidade de auferir maiores rendimentos, satisfação profissional, entre outros.

Em relação ao tempo, em média, de trabalho por dia, este pode ser representado de acordo com o gráfico 3.

Gráfico 3: Tempo, em média, de trabalho por dia

Fonte: Pesquisa de Campo – Outubro/2012.

Verifica-se no gráfico 3, uma predominância de 71% dos odontólogos trabalhando no intervalo de 7 a 10 horas/dia, ao passo que 17% estão entre 3 a 6 horas/dia e 7% de 11 a 14 horas/dia. Além destes dados, uma ínfima parcela equivalente a 2% trabalha em um período maior ou igual a 15 horas/dia.

Nunes e Freire (2006) avaliando a qualidade de vida de cirurgiões-dentistas, rela-taram que 36% da amostra trabalhavam nove horas ou mais por dia e que esta sobre-carga de trabalho poderia interferir na qualidade de vida dos profissionais.

Acredita-se que este excedente de horas semanais laboradas é cumprido em con-sultório particular, com a finalidade de complementar a renda mensal.

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Em contrapartida, o agravamento da saúde mental está associado ao fato de mais de 60% destes dentistas trabalharem em mais de um local, aliado ao cansaço físico e mental, estresse, nervosismo, os quais são explicados pela sobrecarga física e orga-nizacional oriundas dessa sobrejornada (SCOPEL; OLIVEIRA, 2012).

Ressalta-se também que as pausas, em termos ergonômicos, previnem a fadiga excessiva através do restabelecimento dos sintomas de sensação de cansaço e dor, durante o intervalo de relaxamento (KROEMER; GRANDjEAN, 2005).

O tempo de exercício da profissão também pôde ser averiguado, variando de 0,5 a 33 anos de atuação.

Para Szymanska (2002), uma relação altamente significativa foi encontrada entre a prática do trabalho e do número de distúrbios do sistema músculo-esquelético, au-mentando as suas incidências com a duração do tempo na profissão.

3.2 DESCONFORTO/DOR E ASPECTOS ERGONÔMICOS

Através da aplicação do diagrama de Corlett foi possível coletar informações rela-cionadas aos sintomas de desconforto/dor percebidos pelos cirurgiões-dentistas, com a finalidade de evidenciar e analisar as condições que podem causar danos à saúde física e mental deste profissional em seu ambiente de trabalho e suas influências quanto aos aspectos ergonômicos.

A partir do gráfico 4, os resultados podem ser visualizados, conforme abaixo:

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Gráfico 4: Regiões do corpo afetadas

Fonte: Pesquisa de Campo – Outubro/2012.

Conforme se observa, as principais regiões de desconforto/dor registradas foram: região cervical (73%), pescoço (66%), bacia (31%), costas-inferior ou coluna lombar (63%), costas-superior (59%), costas-médio (58%), ombro direito (46%) e ombro esquerdo (37%).

Estes dados revelam que os músculos posturais que permanecem em esforço está-tico (músculos antigravitacionais) são mais suscetíveis à fadiga muscular (MARTINS, 2008).

Para Iida (2005), a posição sentada exige atividade muscular do dorso e do ventre para manter esta postura, e a ligeira inclinação para frente a torna mais natural e menos fatigante do que a ereta, além de liberar as pernas e facilitar o trabalho com as mãos.

De acordo com Renner (2006), as perturbações de ordem postural na região da coluna cervical tendem a ter relação com as exigências da atividade de trabalho, visto que nestas atividades existe uma tendência de aproximar a cabeça e fletir (curvar) a coluna, aproximando os olhos do objeto.

Ao abordar os constrangimentos posturais aos quais estão expostos os odontólogos no exercício das suas tarefas, constatou-se que a manutenção da postura ao longo da jornada de trabalho causa fadiga no membro superior, especialmente na região do ombro, pois esta articulação serve como sustentação para os movimentos precisos que a mão realiza, juntamente com a cintura escapular (RASIA, 2004).

Outras regiões relevantes verificadas, como o punho direito (47%), punho esquerdo (36%) e as mãos direita e esquerda (ambas com 42%), cujos movimentos envolvem músculos dinâmicos (músculos motores primários) de ação direta na manipulação das ferramentas de trabalho, estão relacionados à repetitividade presente em muitos atos operatórios odontológicos e podem sinalizar para uma sobrecarga de esforço repetitivo de risco às doenças, entre elas, a LER/DORT.

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No caso do odontólogo, estes profissionais utilizam acionamento podal (pedal pneumático ou elétrico) concomitantemente com a necessidade de precisão motora dos membros superiores e mãos (CUSTÓDIO, 2006).

A questão do desconforto/dor, investigados nesta pesquisa, merece especial aten-ção, pois há um número crescente em termos de pessoas que adoecem no trabalho acometidas de problemas músculo-esqueléticos. No entanto, ao invés de se buscar a compreensão a respeito dos fenômenos que os causam, na maioria das vezes busca-se somente tratá-los (PRADELLA, 2012).

Por meio do diagrama de Corlett, foi possível verificar se o profissional apresentava alguma dor que fosse relacionada ao seu trabalho, e qual a intensidade percebida. O diagrama proposto divide o corpo humano em diversas regiões corporais, facilitando a localização de áreas em que os trabalhadores sentem dores.

O grau de intensidade associado ao desconforto/dor, que sentem em cada uma des-sas regiões indicadas no diagrama, foi avaliado subjetivamente pelos colaboradores, o que pode ser evidenciado conforme a tabela 1.

Tabela 1: Intensidade de desconforto/dor e regiões corporais

Nenhum Algum Moderado Bastante Intolerável Regiões Corporais

n % n % n % n % n %

Pescoço 20 34 12 20 17 29 5 8 5 8 Região Cervical 16 27 13 22 18 31 8 14 4 7 Costas-Superior 24 41 17 29 9 15 7 12 2 3

Costas-Médio 24 41 17 29 6 10 11 19 1 2

Costas-Inferior 23 39 9 15 11 19 10 17 6 10 Bacia 40 68 12 20 5 8 2 3 0 0

Ombro Esquerdo 37 63 9 15 7 12 2 3 4 7 Ombro Direito 29 49 14 24 9 15 5 8 2 3

Braço Esquerdo 44 75 10 17 5 8 0 0 0 0 Braço Direito 42 71 9 15 8 14 0 0 0 0

Cotovelo Esquerdo 53 90 2 3 2 3 2 3 0 0 Cotovelo Direito 48 81 4 7 4 7 2 3 1 2

Antebraço Esquerdo 50 85 7 12 2 3 0 0 0 0 Antebraço Direito 45 76 11 19 2 3 1 2 0 0 Punho Esquerdo 37 63 13 22 7 12 2 3 0 0

Punho Direito 29 49 14 24 13 22 3 5 0 0 Mão Esquerda 33 56 16 27 5 8 4 7 1 2

Mão Direita 32 54 14 24 11 19 2 3 0 0 Coxa Esquerda 51 86 5 8 2 3 1 2 0 0

Coxa Direita 50 85 4 7 4 7 1 2 0 0 Perna Esquerda 42 71 8 14 4 7 5 8 0 0

Perna Direita 44 75 8 14 4 7 3 5 0 0

Fonte: Pesquisa de Campo – Outubro/2012.

Na tabela acima, a maioria da população estudada sente algum sintoma de des-conforto/dor em praticamente todas as partes do corpo.

Observou-se a ocorrência de desconforto/dor moderado com a distribuição percen-tual nas seguintes regiões mais críticas: pescoço (29%), região cervical (31%), cos-

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tas-superior (15%), costas-inferior (19%), ombro direito (15%), punho direito (22%) e mão direita (19%).

A percepção de bastante desconforto/dor foi relatada nas áreas: região cervical (14%), costas-superior (12%), costas-médio (19%), costas-inferior (17%).

O desconforto/dor intolerável foi identificado principalmente nas regiões do pesco-ço (8%) e costas-inferior (10%).

Analisando os supracitados dados, podemos inferir que as regiões mais afetadas são as dos membros superiores, tais como: pescoço, cervical, costas (superior, mé-dio, inferior) e ombros. Os punhos e as mãos são mais solicitados em procedimentos operatórios, quando se necessita realizar manobras delicadas, em que a presença de desconforto/dor moderado nestes casos pode servir de alerta aos potencias riscos biomecânicos, como a instalação de LER/DORT.

Para Renner (2006), uma das melhores estratégias para a eliminação da dor é a implantação de um processo de Ergonomia, mais eficaz se associado a um programa de fisioterapia preventiva e profilática. Estas podem ser definidas como um conjunto de ações que visam amenizar as causas de desconforto/dor no trabalho.

Em relação ao conhecimento sobre a Ergonomia, verificou-se que apesar da maio-ria ter mencionado algum conhecimento ergonômico, este se mostrou restrito, abran-gendo, na maioria dos casos, apenas aspectos relativos ao uso de instrumentos de trabalho, preservação da postura e movimentos corretos, sendo este limitado para prevenir patologias ocupacionais.

Vale salientar que, do total da população estudada, apenas dois cirurgiões-den-tistas referiram-se não sentirem nenhum sintoma, o que mostra a importância desta pesquisa para o mapeamento de dados acerca de doenças advindas de problemas ergonômicos, requerendo a adoção de medidas preventivas em relação ao grupo de profissionais investigados.

4 CONCLUSÕES

Esta pesquisa caracterizou-se como um estudo exploratório descritivo, com análise e discussão de dados, e teve como principal objetivo analisar a percepção dos cirur-giões-dentistas em relação aos principais sintomas de desconforto/dor, relacionados aos aspectos ergonômicos na prática odontológica.

O trabalho se deteve, principalmente, na identificação do perfil laboral destes pro-fissionais, nas causas de dor/desconforto apontadas por eles, na avaliação da intensi-dade e localização do dor/desconforto por meios específicos.

A partir do referencial teórico e da análise de dados coletados em campo, foi pos-sível elucidar os aspectos que levam ao aparecimento de doenças ocupacionais, em especial, as relacionadas aos aspectos ergonômicos, como as LER/DORT, agravadas pela inadequação ergonômica do ambiente de trabalho.

Neste ponto, constatou-se ainda que os fatores desencadeantes têm relação com os movimentos de preensão dos instrumentos de trabalho, com os gestos repetiti-vos durante os procedimentos e com a manutenção da postura estática ao longo da jornada de trabalho. Em se tratando da postura, observou-se que a posição sentada sem apoio para a coluna lombar, aliada a excessiva flexão de tronco e pescoço com a manutenção dos braços abduzidos e sem apoio, é por excelência a mais recorrente, estando diretamente relacionada com os sintomas de desconforto/dor na região lom-bar (costas-inferior).

Ressalta-se também que a qualidade de vida e a saúde dos profissionais da área odontológica devem ser preservadas, priorizando a redução dos riscos de lesões mús-

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culo-esqueléticas, evitando assim, o absenteísmo. Daí a importância das ações foca-das na fisioterapia preventiva e na reeducação postural, a fim de evitar o agravamento destes sintomas. O fator psicológico, associado ao estresse, também é determinante para o surgimento de distúrbios entre esses profissionais estudados, sendo reflexo da longa jornada de trabalho exercida, pressão temporal, competitividade, entre outros fatores.

Diante do cenário analisado, todos os fatores de risco ligados aos sintomas de desconforto/dor e abordados durante a discussão dos resultados, confirmam que os objetivos desta pesquisa foram contemplados, e que a inadequação ergonômica no ambiente de trabalho contribui de forma decisiva para o adoecimento dos odontólo-gos, requerendo medidas preventivas baseadas na Ergonomia, aliada à Análise Ergo-nômica do Trabalho (AET), que revela uma visão microscópica da atividade, mostran-do suas sutilezas, o que é interessante para as questões de saúde. Entretanto, seus resultados não têm extensão genérica para situações análogas, uma vez que estuda situações específicas com sujeitos selecionados.

Algumas recomendações são importantes, visto que alguns tópicos já foram cita-dos no decorrer do trabalho:

REFERÊNCIAS

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BORMIO, M. F. et al. Consultório odontológico: uma AET utilizando-se da EWA. Projética Revista Científica de Design. Universidade Estadual de Londrina, v. 2, n. 1, jun. 2011.

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Cáion Christian Oliveira de Almeida SilvaBiólogo. Gestão em Perícia Ambiental, UNIRN. E-mail: [email protected]

João Batista Machado BarbosaProfessor. Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected]

ENVIO EM: Setembro de 2013ACEITE EM: Outubro de 2013

Utilização da ferramenta sensoriamento remoto para diagnóstico de impactos ambientais

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Resumo: De modo geral, ao longo dos anos, o homem foi desenvolvendo uma cultura de destruir para suprir suas necessidades. Nesse sentido, os recursos naturais foram sendo devastados numa ordem exponencial para dar lugar às indústrias, pastos, mo-noculturas, dentre tantas outras atividades e edifícios. Com o intuito de brecar esse processo, proteger e conservar os recursos naturais de forma que as atuais e futuras gerações pudessem usufruir desses recursos, foram criadas diversas leis. Pensando nesse propósito o presente trabalho objetivou avaliar os impactos ambientais resultan-tes da ação do homem, em parte do Rio Grande do Norte utilizando o sensoriamento remoto como forma de identificar os impactos ambientais, em especial, nas Áreas de Preservação Permanente de dois Rios distintos. Pôde-se observar que essa ferramenta é fundamental nesses aspectos, pois além de se ter uma visão panorâmica de uma área, é possível analisar a dimensão da utilização desenfreada dos recursos naturais.

Palavras-Chave: Impactos ambientais. Sensoriamento remoto. Mata ciliar.

USE OF REMOTE SENSING TOOL FOR DIAGNOSIS OF ENVIRONMENTAL IMPACTS

Abstract: In general, over the years, man has developed a culture of destruction to suit your needs. In this sense, natural resources were being depleted in order to make room for exponential industries, pastures, monocultures, among many other activities and buildings. In order to halt this process, protect and conserve natural resources so that current and future generations could enjoy these resources, several laws were created. Thinking this purpose the present study aimed to evaluate the environmental impacts of human actions on the part of Rio Grande do Norte using remote sensing as a means to identify environmental impacts, especially in areas of permanent preser-vation of two distinct Rios. It was observed that this tool is essential in these aspects, as well as get an overview of an area, it is possible to analyze the size of the rampant use of natural resources.

Keywords: Environmental impacts. Remote sensing. Permanent Preservation Areas.

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1 INTRODUÇÃO

A humanidade, em toda a existência, foi dependente dos recursos naturais. Dentre tantos exemplos a citar, basta ressaltar que diversos foram os grupos populacionais que buscaram se estabelecer próximos aos cursos hídricos, de maneira a garantir o abastecimento de água para atividades agrícolas, higiene, transporte, dentre outros aspectos.

Com o passar dos anos, o homem desenvolveu uma cultura de destruição, que pressupõe uma falta de consciência da importância do respeito à natureza. No Brasil, um clássico exemplo do impacto de ações destrutivas é retratado nas inúmeras pu-blicações que tratam da história evolutiva do nosso país: a extração desenfreada do pau-brasil na época de colônia.

Na contramão desta tendência crescente, para freá-la, mais precisamente, diver-sos documentos legislativos foram outorgados. O principal objetivo das referidas leis eram, e ainda são, os da preservação e conservação dos recursos naturais a fim de impedir a sua destruição. Essas leis também foram criadas, em muitos casos, para buscar um meio de recuperar, restaurar e/ou indenizar os danos causados pelo ho-mem a fim de que os recursos naturais possam ser utilizados de forma racional, sem comprometer as atuais e as futuras gerações. No Brasil, as desobediências dos termos das leis ambientais são passíveis de multas e reclusão, como determinado pela Lei de Crimes Ambientais, no 9.605, de 1998.

As crescentes instalações de atividade e empreendimentos que causam significati-vos impactos ambientais sem as devidas licenças ambientais, aliadas à falta de fisca-lização dos órgãos competentes, principalmente em áreas interioranas, se destacam como as principais causas da atual situação ambiental brasileira, essencialmente em relação à qualidade da água do nosso país. É neste quadro, que o Estado vem concen-trando seus estudos, pesquisas e ações.

Se enquadrando neste contexto, o presente trabalho conforma-se como uma avalia-ção dos impactos ambientais resultantes da ação do homem, em parte do Rio Grande do Norte, utilizando para tanto, o sensoriamento remoto. Como estudo de caso, mais precisamente, considerou-se as Matas Ciliares em trechos do Rio Pium, no seu perí-metro rural, e Rio Piranhas, no município de jucurutú, no semiárido do estado, como se verá adiante. Acredita-se que esta ferramenta possibilita uma maior agilidade e praticidade da identificação e análise dos impactos das ações antrópicas, sobretudo, em se tratando das áreas protegidas pelo poder público, as áreas de preservação per-manente.

A denominada Área de Preservação Permanente (APP) foi definida pelo Código Flo-restal instituído pela Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, mais precisamente nos termos do Art. 1°, § 2°, inciso II, que define Área de Preservação Permanente como sendo uma área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar da população humana. Este mesmo Código Floresta, em seu Art. 2o, especifica que:

Consideram-se de Preservação Permanente, as florestas e demais for-mas de vegetação natural situada ao longo dos rios, ou qualquer curso d’água, ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais, nas nascentes, o topo de morros, montes, montanhas e serras nas encostas ou partes destas, nas restingas como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues, nas bordas dos tabuleiros ou

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chapadas em altitude superior a 1.800 metros, qualquer que seja a vegetação (BRASIL, 1965).

Este documento legislativo foi complementado pela Resolução do CONAMA (Con-selho Nacional de Meio Ambiente) no 302, de 2002, no que concerne à definição de APP para reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno, bem como pela Resolução do CONAMA no 303, do mesmo ano, que determinou e especificou deta-lhadamente os tipos e os limites de cada APP, dando uma subjetividade maior para cada item abordado acima.

É importante salientar que houve alterações no antigo Código Florestal em relação à APP para rios. No Art. 2° deste antigo Código, essa área era representada por 30 metros de APP para rios de até 10 metros de largura (parâmetros medidos na sua máxima cheia). Com o novo Decreto (Lei nº 12.651/2012), as áreas mínimas dos rios passariam a ser de apenas 20 metros, sendo medidos em seu nível regular, ou seja, uma média anual das margens dos rios; o que pode vir a causar enchentes no entorno de mananciais com margem variável maior. Isto é, se ocorrer uma enchente, ultrapas-sando a margem determinada de 20m numa cheia regular de um rio, poderá causar destruição de casas e empreendimentos localizados nos 10m “faltantes” protegidos pelo Código Florestal anterior. Em virtude deste aspecto, o Ministério Público quer derrubar esse Decreto alegando a inconstitucionalidade de seu conteúdo.

As matas ciliares estão presentes nas bordas de corpos hídricos e apresentam diversas funções no que concerne a manutenção do equilíbrio ecológico, porém uma parte considerável da população desconhece a importância da preservação desses espaços e acabam por degradar cada vez mais os recursos naturais, indo de encontro às políticas ambientais de preservação e conservação.

Nesse sentido, o Sensoriamento Remoto veio a somar os estudos ambientais, uma vez que proporciona uma maior facilidade de compreensão da dimensão dos impactos ambientais, principalmente quando comparado com as imagens de satélites de tem-pos anteriores, criando subsídios para elaboração de soluções possíveis de recupera-ção e/ou ações para impedir a degradação da cobertura espacial de uma determinada área. Mais detalhadamente, segundo Altmann et al. (2009), o mapeamento do uso e da cobertura das terras retrata as atividades humanas que podem significar pressão e impacto sobre os elementos naturais.

Esta ferramenta está cientificamente ligada ao desenvolvimento da fotografia e à pesquisa espacial, sendo a fotografia aérea, o primeiro produto do sensoriamento re-moto a ser utilizado. Essa ferramenta do sensoriamento remoto começou a ser utiliza-da ainda em 1839, por Daguerre e Niepce, e passou a ser recomendada para estudos topográficos no ano seguinte, se tornando ferramenta importante para o mapeamento topográfico de grandes áreas da França, através do uso de balões, em 1858 (NOVO; PANZONI, 2001).

O termo “Sensoriamento Remoto” passou a ser empregado por volta da década de 1960, e se resumia simplesmente à captação de informações sem o contato físico com objetos. As informações são obtidas utilizando a radiação eletromagnética, gera-das por fontes naturais como o Sol e a Terra (ROSA, 1992). Porém, passou a ser mais compreendido em virtude de representar a junção de duas linhas de pesquisa rela-cionadas à aerofotogrametria e à fotointerpretação. Também colaborou para tanto, o progresso das tecnologias voltadas às atividades espaciais, as pesquisas vinculadas e os avanços por ela induzidos. Esses aspectos resultaram, cada vez mais, em imagens mais definidas, com captações mais sensíveis (NOVO; PANZONI, 2001).

No Brasil, os primeiros estudos são percebidos no final dos anos de 1960, com a implantação do projeto Sensoriamento Remoto no Instituto de Pesquisas Espaciais

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(INPE). Na década seguinte, os estudos foram direcionados para a captação das ima-gens através da série de satélites Landsat, porém, não existiam tecnologias para re-produzir as feições da superfície da terra, o que hoje, é possível graças aos softwares que criam mapas temáticos, como os mapas de vegetação, recursos hídricos, curvas de nível, etc. Ainda na década de 1970, pode ser atestado outro grande estudo bra-sileiro na área, chamado de RADAM, iniciado na Amazônia, que consistiu no levan-tamento de 8.5 milhões de Km² do território nacional, e perdurou até a década de 1980 (TREVETT, 1986).

Nesta última década, o sensoriamento remoto se tornou peça importante para discussão desses estudos. Para Centeno (2003) as imagens de sensoriamento remoto permitem obter em uma ampla região com as mesmas condições de iluminação, as características essenciais para o estudo e análise de imagens, além da presença de diferentes sensores capazes de medir a energia infravermelha, podendo através das bandas cromáticas do processamento das imagens, definir com bastante clareza, por exemplo, uma vegetação.

O acompanhamento da vegetação em diferentes épocas indica a mudança, sua direção e velocidade ao longo do tempo, permitindo construir cenários atuais e até reconstruir cenários passados. Trata-se de uma forma de encontrar soluções relativas à conservação de ecossistemas naturais ou à recuperação da cobertura vegetal (SAN-TOS, 2004).

Sendo assim, este artigo buscou identificar as áreas de preservação permanente da microbacia do Rio Pium e bacia do Rio Piranhas-Açu, detectar os impactos am-bientais expressados nas imagens de satélite, avaliar a situação das matas ciliares e discutir brevemente sobre o assoreamento dos referidos rios, confrontando o resultado da pesquisa com a legislação em vigor.

2 METODOLOGIA

O presente trabalho foi realizado em duas áreas distintas: Nísia Floresta (Rio Pium) e jucurutú (Rio Piranhas). O Rio Pium está inserido nos municípios de Nísia Floresta (35 Km de Natal) e Parnamirim (15 Km de Natal), mais precisamente, separando os dois municípios, como se pode verificar na Figura 01.

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Figura 1 - Localização do Rio Pium, no Rio Grande do Norte.

Fonte: Base cartográfica do Governo do Estado e elaboração própria, 2012.

O município de jucurutú, por sua vez, está localizado na latitude: 6º 02’ 02” Sul e longitude: 37º 01’ 13” Oeste, distante 262 km de Natal. Todo o seu território está inserido na Bacia Hidrográfica do rio Piranhas-Açu e tem como rio principal, o Pira-nhas (IDEMA, 2008).

Inicialmente foram retiradas imagens de satélite do Google Earth Pro tanto do Rio Pium quanto do Rio de Piranhas, utilizando Projeção de Transversa de Merca-tor - UTM Zona 25S, com escalas fixas de 1:10 Km tanto para o Rio Pium, quanto para o Rio Piranhas. As imagens foram recortadas usando o printscreen e postadas no software Paint para que fosse recortada e encaminhada para ao ArcGis 10, para o processamento digital dos referidos mapas.

As imagens foram georreferenciadas através de pontos colhidos e anotados no Google Earth utilizando a ferramenta Marcador (zoom máximo permitido pelo softwa-re, para que não houvesse margem de erro considerável) e plotadas no ArcMap. Essa plotagem dos pontos foi feita em paralelo com a imagem de satélite e a imagem do Arcgis para determinar com precisão os pontos anotados anteriormente. Logo após, os mapas foram criados utilizando o ArcCatalog como ferramenta para compor os shapes que serviram para a identificação dos mapas. Nestes utilizou-se de poucos shapes para uma melhor compreensão dos impactos ambientais presentes. A partir desse ponto, foram criados os dois mapas temáticos (descaracterização da cobertura vegetal no Rio Pium e Assoreamento do Rio Piranhas).

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Com os mapas temáticos prontos, foi possível exportar os arquivos no formato .png e inseri-los no presente trabalho, bem como se pode exportar os mesmos mapas para o formato .pdf para consultas posteriores, uma vez que, o mapa foi salvo a 400 dpi e com 1214 pixel, o que facilita a visualização mais precisa de pontos do mapa sem uma distorção perceptível.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em se tratando do rio Pium, a delimitação das matas ciliares está claramente em desacordo com os padrões da legislação vigente, sendo facilmente percebidos diversos problemas ambientais na área. Numa tentativa de reverter esse quadro, a Promotoria de justiça de Nísia Floresta, em 2008, instaurou um inquérito para inves-tigar a poluição e a ocupação irregular na região. Diante da importância da questão, em 2010, o Ministério Público desmembrou essa investigação em três vertentes: a primeira investigou os balneários – estruturas de lazer que se formaram em torno dos cursos d’água; a segunda concentrou seus esforços em analisar as ações de pequenas empresas, bares e barracas; e a terceira investigou os “casos residuais”.

Com relação aos aspectos de poluição abordados pela Promotoria no supracitado rio, pode-se perceber na figura abaixo, a grande quantidade de plantações de mono-cultura, grande parte das quais foram implantadas sem os conhecimentos tecnoló-gicos necessários para conservar a produtividade da terra. Diferentemente do cultivo rotativo praticado pelos indígenas, por exemplo, em que sempre buscavam conservar e renovar a capacidade produtiva do solo.

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Figura 2 - Instalação de monoculturas sob o domínio de APP.

Fonte: Base Cartográfica do Google Earth e elaboração própria, 2012.

De acordo com Leff (2000), os ecossistemas tropicais, caracterizados por sua grande diversidade de espécies biológicas, foram transformados em campo de mo-nocultura e/ou em pastos para a criação intensiva de gado, que degradaram seus mecanismos de equilíbrio e de resiliência, tornando-os mais vulneráveis às catástrofes naturais. Isso também ocorre com o Rio Pium e no Rio Piranhas, nos quais, a capaci-dade de suporte aliado ao assoreamento do rio impendem a captação total das águas das chuvas, provocando grandes enchentes que destroem principalmente as várias plantações de subsistência.

Para que haja uma mudança radical é imprescindível que os órgãos competentes passem a atuar de forma incisiva e mais ágil, de modo a evitar as atividades ilegais, essencialmente a monocultura e as ocupações irregulares (barracas, bares, casas) ao longo das margens do Rio Pium. Atualmente, as referidas questões são concentradas na alçada do Ministério Público e perduram por anos e anos, como podemos atestar no caso do inquérito aberto em 2008, ainda em curso.

Por outro lado, é importante ressaltar que as consequências das mencionadas práticas irregulares e ilegais, principalmente os aspectos negativos decorrentes delas, acabam por voltar ao ser humano, e podem ser percebidas pela perda da qualidade da água, do solo, redução da capacidade de acúmulo de água nos reservatórios hídricos e, dessa forma, da existência de peixes e outros animais marinhos, além de periódicos problemas com enchentes, acúmulo de lixo, animais peçonhentos e/ou insetos, e au-mento de ocorrências de doenças transmissíveis por esses vetores e/ou pelo consumo da água, como a cólera e a dengue; já tida como problema de saúde pública em nosso país. Utilizando-se das palavras de Primack (2002, p.7): “[...] quanto menor a diver-sidade biológica, menor é a qualidade de vida”. Essa qualidade de vida afeta também a alimentação, a matéria-prima e a qualidade do ar.

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Algumas atividades desenvolvidas de forma irracional pelo homem comprometem ainda as interações nos ecossistemas prejudicando todo o processo de equilíbrio eco-lógico, desencadeando vários impactos ambientais como: desmoronamentos, em que por atrito, há o soterramento de algas, fungos e bactérias; o que compromete o poten-cial de autodepuração do corpo hídrico. Aliado a isso geralmente é identificado outro impacto ambiental, o que se convencionou chamar de eutrofização.

Sem a cobertura vegetal, cria-se um processo de assoreamento do rio e lixiviação dos componentes orgânicos presentes no solo, causando em muitos casos a acidifica-ção do mesmo (Figura 03). Nesse sentido, a temperatura da água aumenta prejudi-cando diretamente organismos sensíveis à modificação da temperatura gerando uma diminuição da população em todos os níveis tróficos. Dessa forma, a instalação de atividades ou empreendimentos sem licenças ambientais acaba por contribuir com o desequilíbrio ecológico.

Figura 3 - Assoreamento do Rio Piranhas/RN

Fonte: Base Cartográfica do Google Earth e elaboração própria, 2012.

O assoreamento do Rio Piranhas, apresentado na imagem acima, pode ser percebi-do através do contraste de coloração de suas águas (áreas circuladas), em determina-dos trechos. Por meio desta ferramenta fica bem definido o carreamento de sedimen-tos ao longo do curso deste rio, em virtude da falta de APP e construções indevidas nas áreas de entorno.Percebe-se, mais precisamente, que mais da metade do trecho apresentado na figura mencionada encontra-se assoreado.

Na região semiárida do Rio Grande do Norte, onde está localizado o Rio Piranhas, crescem progressivamente os índices de devastação e degradação dos recursos natu-rais, da mesma forma que o observado no semiárido nordestino, que apresenta grande

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parte da sua área com alto risco de desertificação devido à degradação da cobertura vegetal e do solo (MMA, 1998).

Nota-se que os processos acima citados são, em sua grande maioria, provocados por fenômenos físicos, porém, os impactos ambientais negativos de ordem química também são consideráveis. Esses impactos estão relacionados, como destacou Gam-berini (2006), ao descaso com a grande demanda de esgoto, tanto doméstico quanto industrial, prejudicando principalmente (como já foi relatado) a biota aquática, em função de serem organismos mais sensíveis a qualquer alteração no meio, seja tem-peratura, pH, luminosidade, oxigênio, etc. Todos esses impactos são provocados por uma série de atividades como pastagem, desmatamentos, instalações de residências próximas ao rio, ou qualquer outra atividade ou empreendimento que gerem altera-ções no ambiente (RICKLEFS, 1996).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As bacias hidrográficas, tanto nas áreas urbanas quanto nas áreas rurais, sofrem grandes alterações principalmente pela impermeabilização excessiva do solo, que gera mudanças na vazão dos cursos de água, redução das áreas de infiltração das águas pluviais, escoamento superficial mais rápida, aumento na frequência de enchentes, que acabam por sua vez, prejudicando a quantidade e qualidade dos recursos hídricos e, consequentemente, as condições de vida da população.

Quando se verifica a falta de mata ciliar adequada para a margem do rio, se pode perceber uma cadeia de problemas ambientais subsequentes, como foi mencionado ao longo deste artigo, e que medidas precisam ser feitas para que os recursos natu-rais (que já estão escassos) possam se regenerar. Em sua grande maioria, os recursos naturais tem a capacidade de se autorregenerar, porém o homem, quase sempre, interfere em alguma etapa desta regeneração, seja de forma direta ou indireta. As matas ciliares abrigam uma grande biodiversidade de fauna e flora que em muitas vezes são exclusivas daquele ambiente. Nesse sentido, o homem precisa interagir de forma sustentável, para que possamos ter um ambiente ecologicamente equilibrado e apto às futuras gerações.

Utilizando-se o software ArcGis 10 atingiu-se as expectativas iniciais deste artigo e, por meio de uma visão panorâmica, analisou-se a dimensão da utilização desen-freada dos recursos naturais, o que vem prejudicando os ecossistemas como trouxe e ainda traz grandes prejuízos para a população, principalmente para as comunidades circunvizinhas.

É com base nesta premissa, que se espera que o presente trabalho possa ser to-mado como referência para a formulação de outros trabalhos futuros, proporcionando uma visão mais conservacionista e por que não, buscando soluções para combater esta problemática.

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3

Marcelo de Melo CabralEng. Mecânico, especialista em Engenharia de Petróleo e Gás.WEAThERFORD. E-mail: [email protected]

Nicomedes Figueiredo RolinoWEAThERFORD. E-mail: [email protected]

ENVIO EM: Setembro de 2013ACEITE EM: Outubro de 2013

Alternativas para viabilizar a produção de poços em campos maduros com elevado custo de produção no Nordeste do Brasil

REVISTA TECNOLOGIA & INFORMAÇÃO 34ano1, n.1, nov.2013/fev.2014

Resumo: Esse trabalho tem como objetivo avaliar alternativas para viabilizar produ-ção de petróleo em campos maduros, em zonas de declínio de produção no território Onshore do Brasil, através de avaliações de métodos de elevação artificial mais efi-ciente energeticamente. Dos métodos de elevação artificial existente, avaliaremos a utilização de três sistemas diferente de bombeio mecânico (UBs convencionais classe I, unidades classe III e Rotaflex®) e bombas de cavidades progressivas-BCP. As ava-liações serão realizadas através dos simuladores Rod pump e PC Pump, analisando o menor custo de eletricidade por Barril produzido.

Palavras-chave: Campos maduros. Elevação Artificial. Simulação de poços de petróleo.

ALTERNATIVES TO ALLOW PRODUCING WELLS IN MATURE FIELDS WITH HIGH COST OF PRODUCTION IN NORTHEASTERN BRAZIL

Abstract:This paper proposes to evaluate alternatives to allow production in oil ma-ture fields in region with production declining in Brazilian’s onshore territory through evaluation of artificial lift methods more energetically efficient. From the artificial lift Methods existent we will evaluate three different Reciprocating Rod Lift systems (Conventional pump unit-Class I, Class III and ROTAFLEX ®) and progressive cavi-ty pump system-PCP. The evaluations will be performed through Rod Pump and pc pump simulator, analyzing the lowest cost of electricity per barrel produced.

Keywords: Mature Field. Artificial Lift. Petroleum well simulation.

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1 INTRODUÇÃO

As atividades de petróleos Onshore no Brasil foram alavancadas de forma mais intensa, no final da década de 30 e início da década de 40 (Mariana, 2008). Por aproximadamente 40 anos, a Petrobras com o monopólio, foi responsável pelas ati-vidades Upstream- extração, Midstream- processamento e o Downstream- logística e vendas dos derivados prontos.

Em 1997 com a quebra do monopólio e início das rodadas de licitação promovida pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), denominada rodada zero em 1998, outras empresas nacionais e internacionais, receberam liberação para atuarem nas ativida-des Upstream e Midstream, atividades que não detinham liberação até a quebra.

Os campos de produção e explorados Onshore no Brasil, desde o início da produ-ção, com a descoberta do primeiro poço em Lobato na Bahia, em 1939, vêm pas-sando por estudos de sísmicas, análises de reservatório, perfurações e avaliações de produção. Esses estudos vêm facilitando o conhecimento e a delimitação das áreas efetivas de produção.

Muitos dos campos atualmente em produção Onshore no Brasil estão se tornando maduros, já chegaram ao seu pico de produção, e estão entrando na sua curva de declínio (MENDES, 2012). Fora esse declínio, o custo operativo vem se tornando mais elevado.

A ANP, desde 2002, vem exigindo mudanças nos requisitos de medição de petró-leo e gás, através da portaria (ANP/INMETRO 001 de 19/06/2000), adicionando polí-ticas de medição que tem tornado o custo de operação muito elevado. Isso não signi-fica que esses campos, não são mais atrativos. Estudos de recuperação suplementar tais como, injeção de água e de vapor e utilização de métodos de elevação artificiais mais eficientes, tem proporcionado uma taxa de retorno mais atrativa, permitindo que o campo seja viável economicamente.

O objetivo deste trabalho é avaliar dois métodos de elevação artificial do ponto de vista energético, Bombeio mecânico-BM (Figura 01) e Bombas de Cavidade Progres-siva-BCP (Figura 02), sendo que, o primeiro método será analisado três subsistemas distintos: Convencional-Classe I (Figura 03), Classe III (Figura 04) e Rotaflex® (Fi-gura 05).

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Figura 1 - Extraída do artigo publi-cado por Paul Nelson Artificial lift systems benefiting by new techno-logy no site Oil and gas on line 20/

04/2001.

Figura 2 - Extraída do artigo publi-cado por Paul Nelson Artificial lift systems benefiting by new techno-logy no site Oil and gas on line 20/

04/2001.

Figura 3- Extraída da apresentação Improvements on RRL Services and their effect on production. Franklin Cueto, SPE- Cancun México março de 2010.

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Figura 4 - Extraída do catálogo SOGIANT.

Figura – 05 extraída do catálogo Rotaflex® Long-Stroke Pumping Unit

Esses sistemas são utilizados, quando o reservatório não tem energia suficiente para transferir o fluido do reservatório para superfície e para garantir baixos níveis de pressão no fundo do poço, facilitando a movimentação do fluido do reservatório para o interior do poço (BROWN, 1980). O primeiro método (BM) transforma movimento rotativo, de um motor elétrico ou a combustão, em movimento alternativo na unidade de bombeio, transmitindo da superfície a bomba de fundo o movimento através de uma coluna de hastes.

Esse movimento recíproco energiza o fluido transferindo-o do fundo do poço a su-perfície (NEREU, 2006). Na Figura 06, os modelos mais comuns de bomba de fundo utilizado no Brasil (tubulares e insertáveis convencionais) – e na Figura 07, haste de bombeio convencional utilizado para transmitir os o movimento recíproco da unidade de bombeioà bomba de fundo.

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Figura 6 - Extraída do catálogo da Weatherford Rod Pumping Field Aplications 2007-2008.

Figura 7 - extraída do catálogo da Trico Industries, Inc. 1988-1999.

A principal diferença entre as unidades acima apresentadas são: a) as unidades Classe III têm uma geometria peculiar, com uma manivela e estrutura central com certa defasagem, se comparada com a geometria convencional, que torna o curso ascendente mais lento que o curso descendente. Esse fator permite que a zona de admissão da bomba passe mais tempo aberta quando comparado com a unidade convencional trabalhando com o mesmo CPM (essa característica facilita a admissão do fluido no interior da bomba, garantindo o deslocamento de maior quantidade de fluido por ciclo de bombeio em poços que apresentam fluidos com dificuldade de es-

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coar); b) as unidades Rotaflex® são unidades de curso longo, curso igual ou superior a 288”, que transformam o movimento rotativo dos motores em movimento alternativo, através de um redutor de unidade de bombeio convencional, um sistema de corrente ligada a duas rodas dentadas, um mecanismo de reversão, e uma correia que transfere o movimento da unidade de bombeio ao sistema de hastes e bomba dentro do poço.

Segundo Maurício (SPE 108122), o mecanismo de reversão e ligação, carro do contrapeso x corrente, fica diretamente ligado a corrente através de um de seus elos (Ver Figura 05). O fato da Rotaflex trabalhar com um curso longo, e trabalhar com velocidades relativamente constante, a baixos CPMs, proporcionam eficiências se-melhantes à unidade Classe III, maior ciclo de vida tribológica entre a tubulação de produção x coluna de hastes, e maior vida do sistema de vedação da bomba de fundo sede x esfera (MIRKO SPE 54115).

O segundo método (BCP) transmite movimento rotativo do cabeçote de superfície, que pode ser acionado por motor elétrico ou por motor de combustão, a bomba de fundo, através de uma coluna de hastes. Essa bomba é composta basicamente por um rotor de formato helicoidal e um estator (ver Figura 08), onde o rotor gira no interior do estator, transportando o fluido de baixa pressão, sucção da bomba, para uma região de alta pressão descarga da bomba (RUTáCIO, 2004).

Figura 8 - Extraída do catálogo da Weatherford Progressing cavity Pumps 2002.

2 METODOLOGIA

A pesquisa consiste num levantamento bibliográfico e incursões investigativas nos campos de exploração e produção do território Onshore do Brasil, considerados como maduros.

Neste trabalho, além de fontes convencionais de trabalhos científicos, foi realizada uma pesquisa nos catálogos dos principais fabricantes de equipamentos de elevação artificial, que possuem representação no Brasil. Essa ação visou extrair os dados de operação de cada um deles e em seguida realizar simulações através de software de simulações de poços, tais como, ROD PUMP & PCPUMP e avaliar os dados com a finalidade de extrair a melhor curva de eficiência desses equipamentos.

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Universo da pesquisa

Para essa pesquisa, utilizou-se como referência para análise, cinco poços, chama-dos de Poço-01, Poço-02, Poço- 03, Poço-04 e Poço-05 que possuem BSW de 80%, gravidade API 32, produção bruta em (m3/dia) e profundidade de assentamento das bombas em (m) conforme tabela 01 nomeada de poço tipo abaixo, preço de KW/h = R$ 0,54749, O valor utilizado do cambio para essas simulações foi de R$ 2,00.

Tabela 01. Tipologia dos poços.Dados Poço 01 Poço 02 Poço 03 Poço 04 Poço 05

Produção (m3/dia) 200 180 140 70 40

Prof. Bomba (m) 800 1000 1200 1600 2000

Coletas dos Dados

Após simulação dos poços com os diferentes sistemas, com capacidade semelhan-te de produção, foram avaliadas as melhores opções, comparando custo de energia elétrica (USD) por metro cúbico por dia produzido (m3/dia). Ver tabelas nos anexos 1, 2, 3, 4 e 5 com as simulações dos respectivos poços: Poço-01, Poço-02, Poço-03, Poço-04 e Poço-05. As informações dessas tabelas foram extraídas dos resultados das simulações dos softwares Rod Pump e PC Pump (anexos de 6 a 25).

Os resultados obtidos seguem o padrão de resposta abaixo:

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3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados obtidos das simulações computacionais para os casos avaliados são mostrados a seguir:

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Tabela 2 - Simulação 1.

Dados das simulações

Poço-01

UBC-912-

305-168

Mark II 912-

305-192

RTF-320-

360-288Mini GX

Objetivo de Produção (M3/Dia) 200,00 200,00 200,00 200,00

Produção (M2/dia) 203,90 202,00 200,10 200,00

CPM / RPM 6,13 6,11 3,31 255,31

Peak T. Redutor (Lbs x in) 843 769 172 NA

F.U. Red. Min. Energ. (UB) / F.U. do eixo

transmissão principal (PCP) %92% 84% 54% 44,47%

F.U. das hastes (%) 74 73 74 53,33

Motor Elétrico (hP) 60 60 50 50

Efic. Motor-Bomba (%) 53 54 60 59,97

Custo de Energia/m3F 1,044 0,971 0,916 0,975

Custo de Energia/3mO 5,19 4,873 4,578 4,873

Custo energia/Mês ($) 6386,148 5884,26 5498,748 5849,7

API º 32 32 32 32

BSW 80 80 80 80

200 M3/dia; Bomba assentada a 800m; Pistão 3 1/4” / WFT 92 -1100

Tabela 3 - Simulação 2.

Dados das simulações

Poço-02

UBC-912-

305-168

Mark II 912-

305-192

RTF-320-

360-288Mini GX

Objetivo de Produção (M3/Dia) 180,00 180,00 180,00 180,00

Produção (M2/dia) 182,10 182,00 182,20 180,00

CPM / RPM 6,84 7,18 3,94 260

Peak T. Redutor (Lbs x in) 862 638 158 NA

F.U. Red. Min. Energ. (UB) / F.U. do eixo

transmissão principal (PCP) %95% 70% 50% 53

F.U. das hastes (%) 80 70 70 63,57

Motor Elétrico (hP) 60 60 50 50

Efic. Motor-Bomba (%) 51,00% 51,00% 55,00% 54,00%

Custo de Energia/m3F 1,059 1,074 0,998 1,317

Custo de Energia/3mO 5,297 5,37 4,99 6,585

Custo energia/Mês ($) 5785,317 5864,04 5455,068 7112,10

API º 32 32 32 32

BSW 80 80 80 80

180 M3/dia; com a bomba assentada a 1000m; Pistão 3 1/4” / WFT 91-1500

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Tabela 4 - Simulação 3.

Dados das simulações

Poço-03

UBC-912-

305-168

Mark II 912-

305-192

RTF-320-

360-288Mini GX

Objetivo de Produção (M3/Dia) 140,00 140,00 140,00 140,00

Produção (M2/dia) 141,80 142,60 140,70 140,00

CPM / RPM 7,11 6,13 3,17 238

Peak T. Redutor (Lbs x in) 812 756 168 NA

F.U. Red. Min. Energ. (UB) / F.U. do eixo

transmissão principal (PCP) %89,00% 83,00% 52,00% 47,90%

F.U. das hastes (%) 84 83 79 57,45

Motor Elétrico (hP) 60 60 40 40

Efic. Motor-Bomba (%) 51 53 59 60,51

Custo de Energia/m3F 1,402 1,358 1,207 1,400

Custo de Energia/3mO 7,009 6,791 6,037 7,004

Custo energia/Mês ($) 5964,108 5809,524 5094,747 5881,2

API º 32 32 32 32

BSW 80 80 80 80

140 M3/dia; com a bomba assentada a 1200m; Pistão3 1/4” / WFT 69-1400

Tabela 5 - Simulação 4.

Dados das simulações

Poço-04

UBC-912-

305-168

Mark II 912-

305-192

RTF-320-

360-288Mini GX

Objetivo de Produção (M3/Dia) 70,00 70,00 70,00 70,00

Produção (M2/dia) 75,20 71,20 71,00 70,00

CPM / RPM 8,00 6,41 2,46 198,58

Peak T. Redutor (Lbs x in) 583,00 644,00 152,00 NA

F.U. Red. Min. Energ. (UB) / F.U. do eixo

transmissão principal (PCP) %64,00% 71,00% 47,00% 46,95%

F.U. das hastes (%) 84,00 84,00 77,00 56,3

Motor Elétrico (hP) 40 50 30 40

Efic. Motor-Bomba (%) 52,00 46,00 61,00 64,26

Custo de Energia/m3F 2,05 2,32 1,77 2,288

Custo de Energia/3mO 10,24 2,32 8,84 11,44

Custo energia/Mês ($) 4620,29 4946,98 3767,97 4804,2

API º 32,00 32,00 32 32

BSW 80,00 80,00 80 80

70 M3/dia; com a bomba assentada a 1600m; Pistão2 3/4” / WFT 28 - 2500

Tabela 6 - Simulação 5.

Dados das simulações

Poço-05

UBC-912-

305-168

Mark II 912-

305-192

RTF-320-

360-288Mini GX

Objetivo de Produção (M3/Dia) 40,00 40,00 40,00 40,00

Produção (M2/dia) 40,06 40,06 41,30 40,00

CPM / RPM 7,69 5,45 2,18 212,74

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Peak T. Redutor (Lbs x in) 509,00 592,00 130,00 NA

F.U. Red. Min. Energ. (UB) / F.U. do eixo

transmissão principal (PCP) %56,00% 65,00% 40,00% 32,88%

F.U. das hastes (%) 81,00 78,00 71,00 32,88

Motor Elétrico (hP) 40,00 40,00 25,00 30

Efic. Motor-Bomba (%) 45,00 45,00 59,00 54,54

Custo de Energia/m3F 3,04 3,03 2,29 2,50

Custo de Energia/3mO 15,20 15,15 11,43 12,52

Custo energia/Mês ($) 3653,47 3641,45 2833,593 3005,1

API º 32,00 32,00 32 32

BSW 80,00 80,00 80 80

40 M3/dia; com a bomba assentada a 2000m; Pistão2 1/4” / WFT 22-2500

Após as simulações dos 5 poços, acima descritos, verificou-se que no aspecto energético, potência entregue ao sistema e potência utilizada, o sistema de bombeio com unidade Rotaflex e o sistema com bomba de cavidades progressivas, apresen-taram aproximadamente a mesma tendência, divergindo de maneira sutil apenas no aspecto energético no Poço 03 e 04.

O sistema BCP obteve um ganho 1,51% e 3,26%, no Poço 05 onde a unidade Rotaflex obteve um ganho de 4,46%, conforme Gráfico 01. Analisando-se o gráfico 02 e a Tabela 07, custo anual de energia, o fator mais importante procurado nesse trabalho, identificamos que o sistema que apresenta um custo operacional mais efi-ciente, é a unidade Rotaflex.

Gráfico 1 - Eficiência energética dos sistemas simulados.

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Gráfico 2 - Despesas com energia.

Tabela 07. Despesa com energia anual.

UBC-912-305-168 Mark II 912-305-192 RTF-320-360-288 Mini GX

Poço 01 R$ 76.633,8 R$ 70.611,1 R$ 65.985,0 R$ 70.196,4

Poço 02 R$ 69.423,8 R$ 70.368,5 R$ 65.460,8 R$ 85.345,2

Poço 03 R$ 71.569,3 R$ 69.714,3 R$ 61.137,0 R$ 70.574,4

Poço 04 R$ 55.443,5 R$ 59.363,7 R$ 45.215,6 R$ 57.650,4

Poço 05 R$ 43.841,7 R$ 43.697,4 R$ 34.003,1 R$ 36.061,2

Custo mais elevado

Custo médio

Custo mais baixo

4 CONCLUSÕES

Analisando os dados encontrados nas simulações, pode-se identificar que em todos os poços tipos: Poço-01, Poço-02, Poço-03, Poço-04 e Poço-05, o sistema mais efi-ciente, do ponto de vista, pagamento de conta de energia, foi o simulado com sistema Rotaflex®.

Analisando-se poço a poço, os sistemas que obtiveram menor nível de eficiência foram: Poços 01, 03 e 05 unidade de bombeio convencional, poço 02 sistema de bombas de cavidade progressivas, e Poço 04 obteve menor eficiência com o sistema utilizando a unidade Mark.

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4

Glícia Pinto Barra ReinaldoEng. Agrícola e Ambiental. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho.UFERSA. E-mail: [email protected]

ENVIO EM: Setembro de 2013ACEITE EM: Outubro de 2013

Atenuação natural dos níveis de ruído oriundos de aerogeradores de energia elétrica

REVISTA TECNOLOGIA & INFORMAÇÃO 50ano1, n.1, nov.2013/fev.2014

Resumo: O presente trabalho buscou analisar os níveis de ruído provenientes de ae-rogeradores utilizados para a produção de energia elétrica, avaliando o seu potencial de poluição sonora e os prejuízos causados aos seres humanos. A pesquisa foi rea-lizada do Parque Eólico Mel 2, localizado na praia de Cristovão. Foram realizadas seis medições de ruídos em dois aerogeradores variando as distâncias das medições. As medições nos aerogeradores, localizados um na extremidade do parque e o outro localizado no centro do parque, foram feitas utilizando um dosímetro de Ruído com RS-232 e Datalogger Modelo DOS-500, onde em cada ponto medido foram feito três replicas. Após a análise dos dados das medições observou-se, como já era de se esperar, que quanto mais próximo do aerogerador maior o ruído emitido, e sendo o maior valor encontrado a medida de 82,87 dB (A). Para o processamento dos dados foi utilizado um modelo matemático para o cálculo das sobreposições dos valores. Os resultados apontaram uma tendência de correlação superior a 80%, com fator de erro da ordem de 13%, entre os ajustes dos modelos e as determinações analíticas. Para se adequar o ambiente onde o parque eólico esta instalado foi determinado o fator K para o ajuste dos dados experimentais, onde a constante de atenuação obteve um valor número igual a 12 para um nível de confiabilidade de 99%.

Palavras-chave: Ruído. Aerogeradores. Poluição sonora. Parque eólico.

NATURAL ATTENUATION LEVELS OF NOISE COMING FROM ELECTRICITY WIND TUR-BINES

Abstract: This study aimed to analyze the noise levels from wind turbines used to produce electricity, to evaluate their potential noise pollution and damage caused to humans. The survey was conducted “Parque Eólico Mel 2”, located on the bea-ch of Cristovão-RN. Six measurements were performed in two wind turbines noise by varying the distance measurements. Measurements in wind turbines, one located on the edge of the park and the other located in the center of the park, were made using a noise dosimeter with RS-232 and OF-500 Data logger Model; where at each point measured three replicas were made. After the analysis of measurement data was observed, as was expected, the closer the biggest wind turbine noise, and being the highest value measurement of 82.87 dB (A). For the data processing we used a mathematical model to calculate the overlap of values. The results showed a trend of correlation greater than 80%, with error factor of the order of 13%, between the fit of models and analytical determinations. To suit the environment in which the wind farm is installed the K factor was determined to fit the experimental data, where the attenu-ation constant obtained a value equal to the number 12 for a confidence level of 99%.

Keywords: Noise. Wind turbines. Noise pollution. Wind farm.

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1 INTRODUÇÃO

A energia eólica, segundo o Portal Brasil (2013), vem aumentando nos últimos anos sua participação no contexto energético brasileiro. Desde a criação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), e, posteriormen-te, os sucessivos leilões de compra e venda deste tipo de energia, a participação na matriz elétrica brasileira passou de pouco mais de 20 MW para aproximadamente 1.180MW. São 59 parques eólicos atualmente em operação. Nos últimos dois anos, o governo federal contratou a construção de 141 novos empreendimentos, que serão entregues entre 2012 e 2013. São investimentos de R$ 16 bilhões.

A energia eólica é uma opção complementar à fonte hidrelétrica, predominante no sistema brasileiro. A energia eólica é uma opção complementar à fonte hidrelétrica, predominante no sistema brasileiro. A expectativa para os próximos dez anos é de que a capacidade instalada no País aumente em 63.400 MW. Deste montante, 18 GW devem produzidos a partir das fontes alternativas complementares, entre elas a energia eólica. O Brasil é o País mais promissor do mundo em termos de produção de energia eólica, na avaliação do Global Wind Energy Council, organismo internacional que reúne entidades e empresas relacionadas à produção desse tipo de energia.

A região que mais se destaca no potencial eólico é a Nordeste: mapas eólicos de-senvolvidos pelo Centro Brasileiro de Energia Eólica apontam que a área tem uma das melhores jazidas do mundo, contam com boa velocidade de vento, baixa turbulência e uniformidade. O potencial total é estimado em 30 mil MW. Em termos estratégicos, este tipo de matriz é importante, porque os ventos são mais fortes nos períodos de seca (entre junho e dezembro), quando a produção das hidrelétricas tende a cair.

Do ponto de vista ambiental, a instalação e a exploração de um Parque Eólico são susceptíveis de induzir impactos, principalmente no ambiente sonoro da sua área de influência direta (CHURRO, 2004). Em particular, o ambiente sonoro junto a usos do solo com sensibilidade ao ruído existentes na proximidade do Parque poderá ser potencialmente afetado, nomeadamente se verificar a existência de linha de vista desimpedida entre ambos.

Apesar do ruído devido a um Parque Eólico poder começar na fase de construção, com a instalação das linhas de energia e das torres, não será esta considerada no presente trabalho, por ficar fora do âmbito desta análise.

A avaliação do ruído gerado pelo normal funcionamento dos aerogeradores que constituem um Parque Eólico tem por base (i) a caracterização do ambiente sonoro existente na área envolvente do Parque, antes da instalação dos aerogeradores e (ii) uma análise acústica previsional do ruído que será observado nos mesmos locais, du-rante o pleno funcionamento do empreendimento. Este considerará as características de potência dos diferentes aerogeradores, a sua localização espacial e as caracterís-ticas topográficas dos terrenos. Enquanto as potências das máquinas determinam as suas emissões sonoras, a sua localização e a orografia da zona determinarão a propagação acústica e o estabelecimento dos campos sonoros nos receptores eventu-almente existentes.

A comparação das previsões acústicas com os níveis de ruído medidos no local, permite concluir, à luz do enquadramento legal vigente, da eventual existência de si-tuações de desconforto ou impactos a comunidades vizinhas. Caso se verifiquem tais situações, serão dimensionadas e especificadas as necessárias e adequadas medidas minimizadoras de ruído.

Entretanto, os modelos preditivos para esse tipo de cenário estão aquém da neces-sidade de previsão que os estudos de impactos ambientais requerem, deixando inú-

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meras lacunas nas estimativas, compensações, elementos de redução ou modelagem matemática empregada.

Neste trabalho, objetiva-se desenvolver um modelo matemático para a sobreposi-ção dos efeitos de vários aerogeradores, em relação à emissão dos níveis de ruído e à atenuação natural em função das distâncias. Esse modelo permitirá estimar os im-pactos advindos da poluição sonora, em diferentes áreas da influência dos empreendi-mentos. Possibilitando a parametrização e critérios de comparação entre os diferentes portes dos parques e impactos.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 RUÍDO

No senso comum, a palavra ruído significa barulho, som ou poluição sonora não de-sejada. Na eletrônica o ruído pode ser associado à percepção acústica, por exemplo, de um “chiado” característico (ruído branco), ou aos “chuviscos” na recepção fraca de um sinal de televisão. De forma parecida a granulação de uma foto, quando evi-dente, também tem o sentido de ruído. No processamento de sinais o ruído pode ser entendido como um sinal sem sentido (aleatório), sendo importante a relação Sinal/Ruído na comunicação. Entre os principais tipos de ruídos sonoros, tem-se:

• Ruído natural - refere-se à ruídos de causas naturais tais como a radiação cós-mica de fundo em micro-ondas, ruídos atmosféricos, ruídos inerentes a disposi-tivos passivos e ativos da eletrônica.

• Ruído artificial - refere-se a ruídos de causas artificiais, como por exemplo, ruídos de interferência ou exames de IAS.

• Ruído exógeno - refere-se às interferências externas ao processo de comunica-ção, como outra mensagem.

• Ruído endógeno - refere-se às interferências internas do processo de comuni-cação, como perda de mensagem durante seu transporte ou má utilização do código.

• Ruído de repertório - refere-se às interferências ocorridas diretamente na produ-ção ou interpretação da mensagem, provocadas pelo repertório dos emissores e receptores.

De acordo com Saliba (2004), o som é qualquer vibração ou um conjunto de vi-brações ou ondas mecânicas que podem ser ouvidas. Costuma-se também dizer que o barulho é todo aquele som indesejável; o barulho e o ruído são interpretações sub-jetivas e desagradáveis de um som.

Para que uma vibração seja ouvida é necessário que a freqüência situe-se em uma faixa compreendida entre 16 a 20.000 hz, e a variação de pressão sonora provoca-da pela vibração atinja o chamado limiar de audibilidade (2 x 10-5 N/m2) (SALIBA, 2004).

Dentre as várias percepções humanas tem-se uma em especial, a audição, que possibilita a comunicação sonora dos indivíduos e o aprendizado (RIO; PIRES, 2001).

Conforme Iida (2005), o ouvido possui a característica de captar e converter as ondas de pressão do ar em sinais elétricos, estes são transmitidos ao cérebro, produ-zindo assim, as sensações sonoras, o que faz do ouvido um órgão semelhante a um microfone.

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Existem, de acordo com Gerges (2003) e Iida (2005), vários conceitos de ruído, porém, o mais usual o descreve como um “som indesejável”. Porém, o som pode ser desejável para alguns, mas, indesejável para outros, ou mesmo para a mesma pessoa em situações diferentes. Outra definição, mais usual, define o ruído como “um estí-mulo auditivo que não contém informações úteis para a tarefa em execução”. Assim o alerta do final de um ciclo de uma máquina pode ser considerado útil para o operador, porém, pode não ser visto da mesma forma pelo operador vizinho que esteja manipu-lando uma máquina diferente.

Fisicamente, o ruído é uma mistura complexa de diversas vibrações, medido em uma escala logarítmica, cuja unidade é o dB (decibel). O ouvido humano é capaz de perceber uma gama grande de intensidades sonoras, desde aquelas próximas de zero, até potências de 1013 superiores equivalentes a 130 dB. Esse ruído corresponde ao de um avião a jato, e praticamente o máximo que o ouvido humano pode suportar. Aci-ma disso, situa-se o limiar da percepção dolorosa, que pode causar danos ao aparelho auditivo (GERGES, 2003; IIDA, 2005).

a) Nível de Pressão Sonora

De acordo com Saliba (2004), o nível de pressão sonora é o que determina a in-tensidade do som e representa a relação do logaritmo entre a variação da pressão (P) provocada pela vibração e a pressão que atinge o limiar da audibilidade. Por meio de pesquisas realizadas com pessoas jovens, previamente sem problemas auditivos, foi revelado que o limiar de audibilidade é de 2 x 10-5 N/m2 ou 0,00002 N/m2. As-sim, convencionou-se este valor como sendo 0 (zero) dB, ou seja, o nível de pressão de referência utilizado pelos fabricantes dos medidores de nível de pressão sonora. Quando uma pessoa fica exposta a uma pressão sonora de 200 N/m2, ela começa a sentir dor no ouvido, sendo assim, este limite é denominado como limiar da dor, cor-respondendo a 140 dB. A determinação do nível de pressão sonora é feita através de uma relação logarítmica, conforme a Equação 1.

 

NPS = 20log PP0

⎝ ⎜

⎠ ⎟ (1)

Onde:P = raiz média quadrática (RMS) das variações dos valores instantâneos da pressão sonora;P0 = Pressão de referência que corresponde ao limiar da audibilidade (2 x 10-5 N/m2).

b) Nível de intensidade sonora e Nível de potência sonora

Conforme o explicitado em Saliba (2004), o nível de intensidade sonora, também expresso em dB, é igual a NIS = log 10 (l/l0), onde I é a intensidade sonora de um ponto específico e a quantidade média de energia sonora transmitida através de uma unidade de área perpendicular à direção da propagação do som. O nível de intensida-de sonora expresso em dB é igual a:

 

(2)

Onde:l = Potência sonora da fonte em Watts e representa a quantidade de energia acústica produzida por uma fonte sonora por unidade de tempo.

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l0 = Potência sonora de referência igual a 10-12 Watts.

Com o passar dos anos vão acontecendo melhorias nas condições de vida do ser humano, além do desenvolvimento constante das indústrias, que trouxe consigo o ru-ído intensivo e nocivo, perturbando-nos aos poucos, incomodando-nos e lesando-nos lenta, constante e irreversivelmente (SILVA, 1981).

há cerca de 2500 (dois mil e quinhentos) anos a humanidade conhece os efeitos prejudiciais do ruído à saúde. Existem textos relatando a surdez dos moradores que viviam próximos às cataratas do Rio Nilo, no antigo Egito. O desenvolvimento das in-dústrias e o surgimento dos grandes centros urbanos acabaram com o silêncio de boa parte do planeta (SILVA, 1981).

Tão antigo como a preocupação com a poluição ambiental é a necessidade da des-coberta de novas fontes de energia. A mais de 3000 anos, a sociedade já fazia uso da conversão da energia cinética dos ventos em energia mecânica para satisfazer suas necessidades. Uma das suas primeiras aplicações foi em utilizar moinhos movidos a vento em atividades agrícolas para o bombeamento de água para irrigação ou consu-mo e até mesmo para a moagem de grãos. Outra forma do aproveitamento do vento foi no desbravamento das expedições marítimas em busca de descobrir novos horizontes com embarcações a vela (MARTINS; GUARNIERI; PEREIRA, 2007).

Aerogeradores são máquinas que tem como função fazer a conversão da energia cinética dos ventos em energia mecânica de rotação das pás e posteriormente, em energia elétrica (MELO, 2009).

As pás dos aerogeradores em operação sempre produzem ruídos, nocivos ou não. Eles podem ser divididos em dois: ruídos mecânicos e ruídos aerodinâmicos (COLBY, 2009).

O ruído mecânico tem sua principal origem na caixa de engrenagens, que multipli-ca a rotação das pás para o gerador. Os ruídos aerodinâmicos são produzidos a partir da rotação das pás de uma turbina. Isso acontece porque as pás funcionam como um aerofólio, produzindo uma força de elevação (sustentação) quando o ar passa sobre ela (COLBY, 2009). Produz-se, principalmente, nas pontas e na parte posterior das pás. Quanto maior a velocidade do giro, maior é o som produzido (MELO, 2009).

Segundo dados do Instituto Alemão de Energia Eólica (Deutsches Windergie-Insti-tut – DEWI, 1995) apresentam um nível de ruído entre 90 e 100 dB(A), para modelos de aerogeradores mais antigos. Como a utilização de aerogeradores é relativamente recente no Brasil, ainda se registra poucos estudos na área.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo constitui-se de uma pesquisa aplicada, pois objetiva levar conhecimentos para extensão do uso das principais técnicas e recomendações acerca dos modelos de gerenciamento de riscos ambientais, sobretudo, na poluição sonora e na tratativa de casos fortuitos para os processos de licenciamento ambiental de empreendimentos de produção de energia eólica.

Do ponto de vista dos objetivos, trata-se de um estudo exploratório-descritivo, o qual visa descrever a problemática em discussão, buscando caracterizar o objeto de estudo. Bem como, fazendo um estudo comparativo às pesquisas desenvolvidas para o monitoramento, modelagem matemática, parametrização das equações, gerencia-mento e proposição de medidas mitigadoras dos riscos ambientais associados à ati-vidade.

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A hipótese pauta-se na possibilidade de haver alterações significativas e riscos a saúde humana nos casos analisados, em especial, pela exposição excessiva aos agen-tes analisados. Bem como, que a modelagem matemática seja possível de prever os cenários de atenuação dos níveis de ruído. Em outras palavras, espera-se que essa análise demonstre elementos para apoiar no aumento dos níveis de eficácia dos siste-mas de gestão de segurança e saúde ocupacional.

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, o estudo caracteriza-se como pes-quisa bibliográfica, por sua elaboração partir do levantamento e análise de material já publicado, como artigos científicos, livros, relatórios técnicos, etc. e (SILVA; MENE-ZES, 2001), e como estudo de caso devido à utilização de dados de campo.

A estrutura da pesquisa consiste em:− Formulação do problema, englobando a justificativa do estudo, a determinação

dos objetivos, a contextualização da problemática e definição da metodologia;− Realização do levantamento teórico, que orienta a caracterização do objeto de

estudo, as definições e conceitos a serem utilizados em análise e correntes de pensa-mentos que norteiam a hipótese da pesquisa;

− Levantamento de dados em campo, por meio de incursões investigativas em par-ques eólicos, mais especificamente no estado do Rio Grande do Norte;

− Estudo criterioso sobre o cumprimento dos requisitos atribuídos pelas Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE);

− Realização de uma análise estatística dos dados obtidos e desdobramento dos dados a serem ajustados na modelagem matemática.

Os dados coletados em campos foram organizados, de acordo com a necessidade da utilização em pesquisa, e utilizados para elaboração do levantamento da parame-trização para modelagem matemática e regressão linear dos modelos desenvolvidos.

Os dados experimentais foram tratados estatisticamente e ajustados aos modelos lineares por meio do método de mínimos quadrados, com obtenção de parâmetros médios, desvios padrões e coeficientes de determinação.

Para avaliação do Ruído foi utilizado um foi utilizado o dosímetro de Ruído com RS-232 e Datalogger Modelo DOS-500. O nível de Precisão: ±1,5dB, com escala de medição: 70 a 140dB, tendo freqüência de ponderação: A, com níveis de Critério: 80, 84, 85 ou 90dB. O Nível Limiar é de 70 a 90 dB, com fator duplicativo: 3,4,5 ou 6dB, Indicação de pico de 115dB e sinalizador de pico de 140dB.

As medições foram realizadas no parque localizado na praia de Cristovão (RN). O monitoramento foi realizado em diferentes distâncias das fontes de medição, para correlação futura entre a atenuação e o espaçamento físico.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os pontos escolhidos para realização das medições são descritos na Figura 1, onde se pode observar o distanciamento e o adensamento do parque frente a áreas de comunidades circunvizinhas e zonas isentas dos efeitos da atividade de geração de energia, considerado com o background da área.

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Figura 1 - Localização dos Pontos de Monitoramento.

Fonte: Google Earth, 2013.

As medições efetuadas, em triplicata, são apresentadas na Tabela 4 e 5, bem como, os valores médios e desvio padrão obtidos com as medições.

Tabela 1 - Pontos de Monitoramento nas extremidades do Parque Eólico Mel 2 localizado na praia de Cristovão (RN).

Pontos

Réplicatas dB(A) Média

dB(A)

Desvio

Padrão

dB(A)1º medição 2º medição 3º medição

Ponto 2 (5m) 82,1 80,8 85,7 82,87 2,54

Ponto 3 (20m) 76,4 71,5 75,4 74,43 2,59

Ponto 4 (50m) 79,6 75,3 73,5 76,13 3,13

Ponto 5 (100m) 79,6 75,3 73,5 76,13 3,13

Ponto 6 (200m) 73,6 70,8 79,5 74,63 4,44

Ponto 7 (500m) 70,0 73,1 77,3 73,47 3,66

Ponto 8 (1º casa da

comunidade, 360m)78,1 70,7 72,7 73,83 3,83

Fonte: Autor,2013.

Tabela 2 - Pontos de Monitoramento nas áreas centrais do Parque Eólico Mel 2 localizado na praia de Cristovão (RN).

Pontos

ReplicatasMédia

dB(A)

Desvio

Padrão

dB(A)1º medição 2º medição 3º medição

Ponto 2 (5m) 73,0 72,5 73,3 72,93 0,40

Ponto 3 (20m) 74,0 78,9 77,6 76,83 2,54

Ponto 4 (50m) 69,6 72,1 73,4 71,70 1,93

Ponto 5 (100m) 74,6 77,3 80,4 77,43 2,90

Ponto 6 (200m) 78,3 70,9 78,3 75,83 4,27

Ponto 7 (500m) 78,2 83,3 71,1 77,53 6,13

Fonte: Autor,2013.

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Para o cálculo das sobreposições os efeitos foram necessários à conversão dos parâmetros medidos de NPS para os níveis de pressão sonora, para isso, utilizaram-se das equações (3) e (4), conforme segue.

 (3)

 (4)

Considerando o cenário da instalação de um parque eólico, foram feitos o dimen-sionamento teórico dos níveis de ruído propagados individualmente e a sua atenuação com a distância, para isso utilizou-se da equação (5):

 (5)

Em que:LR é o valor de ruído na distância R;Ls o nível de ruído emitido pela fonte;R a distância radial ao ponto de emissão do ruído. E o valor de K mais usual é igual a 20, entretanto, esse parâmetro será ajustado para o presente cenário para aferição do melhor ajuste matemático.

Para o caso de um aerogerador relatos de Pinho (2008) afirmam que os níveis médios de emissão para um equipamento de 5 MW é de aproximadamente 120 dB. Entretanto, o objetivo é estimar os valores para um campo inteiro, para tal tomou-se por base o seguinte parque, demonstrado na Figura 2. Nesse caso, deve-se observar que todos os aerogeradores tem efeito somático aos demais, estando em função da sua distância um maior ou menor nível de impacto. Nesse trabalho, por exemplo, para o ponto (1ºCasa), utilizou-se a atenuacão da distancia individual de cada aerogerador ao ponto monitorado.

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Figura 2 - Exemplificação da sobreposição de efeitos.

Fonte: Google Earth, 2013.

há 5 fontes simultâneas de ruído, que em vários pontos tem sobreposição de efei-tos. Neste caso, consideraram-se, então, para esse dimensionamento as distâncias entre os dois agrupamentos de aerogeradores como sendo de 700 m e a distância entre cada equipamento como sendo de 190 m. Na Tabela 6 têm-se os efeitos e as estimativas feitas para as contribuições conjuntas, considerando todo o parque em operação. É importante frisar que esse cálculo não pode ser realizado de forma direta, havendo a necessidade da conversão em pressão sonora, para só então ser realizada a adição. Logo, para os efeitos das fontes considerou-se as estimativas da Tabela 3.

Tabela 3 - Estimativas dos níveis de ruído pela sobreposição de efeitos dos aerogeradores.

Aerogerador Pressão Sonora (N/m2) Geração de Ruído (dB)

1 17,453 118,84

2 17,453 118,84

3 17,474 118,85

4 17,520 118,87

5 17,474 118,85

Os resultados obtidos entre os valores medidos nos diferentes pontos e os cal-culados pela sobreposição dos modelos apontam para uma tendência de correlação superior a 80%, com fator de erro da ordem de 13%, entre os ajustes dos modelos e as determinações analíticas.

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Figura 3 - Comparação entre os valores calculados e os medidos em campo.

y = 1,0139xR2 = 0,8138

70

72

74

76

78

80

82

84

69,0 71,0 73,0 75,0 77,0 79,0 81,0 83,0

Valores Calculados (dB)

Valo

res

Med

idos

(dB

)

Fonte: Autor, 2013.

Considerando o baixo ajuste obtido, e para se adequar o ambiente onde os parques eólicos estão instalados e determinar o melhor fator K para o ajuste dos dados expe-rimentais, o modelo da equação (3) foi simulado para diferentes níveis de constantes K, avaliando-se os resultados quanto ao coeficiente de correlação ou determinação obtido. No gráfico da Figura 4 pode-se observar que o melhor ajuste ocorreu no pata-mar de K igual a 12, onde se tem erros inferiores a 1%. Logo, o parâmetro da equação de atenuação do ruído com a distância, para os aerogeradores, deve ser corrigido de 20 para 12.

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Figura 4 - Coeficientes de Determinação em função dos parâmetros K.

 

Fonte: Autor, 2013.

Contudo, é possível prever o comportamento da atenuação dos ruídos para um nível de confiabilidade de 99%, utilizando-se o parâmetro de ajuste matemático, para o parâmetro K, com valor numérico igual a 12.

6 CONCLUSÃO

A geração de ruído não é apenas um problema ocupacional, também estamos ex-postos a ele em outras situações. No caso da ocorrência de parques eólicos, fonte de energia que tem crescido muito nos últimos tempos trás como um impacto negativo a geração de ruído, por parte da rotação das pás dos aerogeradores.

A partir dos resultados coletados em campo e depois de aplicado o modelo mate-mático para as cinco fontes simultâneas de ruído, encontraram-se valores máximos de 118,87 dB(A) para um Nível de pressão Sonora 17,520 (N/m2) e de valor mínimo de 118,84 dB(A) para um Nível de Pressão Sonora 17,453 (N/m2). Esses resultados obtidos apontam para uma tendência de correlação superior a 80%, com fator de erro da ordem de 13%, entre os ajustes dos modelos e as determinações analíticas.

Para ajuste do valor obtido foi utilizando o parâmetro de ajuste matemático K, com valor numérico igual a 12, que prever o comportamento da atenuação dos ruídos para um nível de confiabilidade de 99%.

Em suma, a aplicação do modelo matemático permitiu constatar que o ruído no parque eólico em questão é bastante elevado, podendo acarretar a sérios problemas a saúde humana.

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5Influência da racionalização e industrialização na construção sustentável

Artur Moura Mestrando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil.Universidade Federal do Rio Grande do NorteE-mail: [email protected]

Maria das Vitórias V. A. de SáProfessora Doutora do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil.Universidade Federal do Rio Grande do NorteE-mail: [email protected]

ENVIO EM: Setembro de 2013ACEITE EM: Outubro de 2013

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Resumo: A construção sustentável tem-se tornado indispensável à sobrevivência da indústria da construção. Indicadores de desperdícios apontam para números alarman-tes de ineficiência do setor, ao mesmo tempo evidenciam processos críticos a serem atacados. A racionalização e a industrialização da construção são apontadas como a chave para reformulação dos métodos construtivos. O ponto central de sua funciona-lidade passa a ser a mudança de cultura do setor, através de filosofias, como o Lean e o Green Construction, de apoio à gestão da produção.

Palavras-chave: Racionalização. Industrialização. Lean Construction. Sustentabilidade.

INFLUENCE OF RATIONAL AND SUSTAINABLE CONSTRUCTION IN INDUSTRIALIZATION

Abstract: Sustainable construction has become indispensable to the survival of the construction industry. Waste indicators point to an alarming number of inefficiencies in the sector, while critical evidence to be attacked processes. The rationalization and industrialization of construction are identified as the key to reshaping the construction methods. The central point of its functionality becomes the culture change the in-dustry through philosophies like Lean and Green Construction, to support production management.

Keywords: Rationalization. Industrialization. Lean Construction. Sustainability.

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1 INTRODUÇÃO

A partida é dada em 1987, quando da publicação do Relatório Nosso Futuro Co-mum, ou Relatório de Brundtland (Organização das Nações Unidas - ONU), em que os efeitos do uso inadequado dos recursos naturais e as preocupações com a manu-tenção do globo passam a serem motivações para reuniões mundiais.

Sus-ten-ta-bi-li-da-de... Mas o que é Sustentabilidade? O termo nasce junto ao relatório de Brundtland, em que a ideia central para o desenvolvimento sustentável é atender às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas.

A construção sustentável não é diferente; é construir evitando desperdícios que prejudiquem a natureza, em outras palavras, ter respeito e compromisso com o meio ambiente, evitar gastos energéticos, a má disposição dos resíduos gerados, clandes-tinidade em seu destino final, alto consumo de recursos naturais, a ineficiência dos mesmos, o descumprimento das legislações vigentes ao setor, ou seja, atender à de-manda habitacional da cidade sem agredir ao meio ambiente (IDhEA, 2008).

Mas, como ser sustentável? Como enxergar a sustentabilidade em nosso canteiro? Que contribuição obtemos, através do uso da racionalização e industrialização nos canteiros? Qual o melhor caminho a seguir?

O primeiro passo é dado por um bom projeto. Fazendo um trocadilho, diz-se que, quando projetamos um “cuscuz”, se bem executado, teremos, no máximo, o melhor “cuscuz”; no entanto, jamais teremos uma “macarronada” ao projetarmos um “cus-cuz”. Logo, a qualidade deve estar presente em todas as fases, mas é primordial durante a concepção do projeto para que ele se torne sustentável.

Outro ponto importante é a visualização do processo como um todo. A informalida-de não combina com sustentabilidade. Quando tratamos de sustentabilidade ao logo da cadeia produtiva, precisamos garantir que todos estejam alinhados. Portanto, é necessário o conhecimento exato de onde é retirado o recurso natural destinado a sua obra, bem como para onde está indo e de que forma estão sendo tratados os resíduos gerados.

Destaca-se, ainda, a manutenção do sistema de construção sustentável, no qual, a chave para o sucesso ao aperfeiçoamento contínuo é a inovação.

Nesse sentido, Corrêa (2009) confirma que são três as pré-condições para um empreendimento sustentável:

• Um projeto de sustentabilidade tem que ter qualidade;• Sustentabilidade não combina com informalidade;• Busca constante pela inovação.

Como se vê, a sustentabilidade é algo que requer uma postura equilibrada e racio-nal de conjunção de aspectos sociais, econômicos e ambientais no trato da produção de bens e infraestrutura para melhoria da qualidade de vida de nossas comunidades (hELENE, 2012).

Diante das considerações supracitadas, este artigo objetiva apresentar, de forma transparente, algumas justificativas para adoção da racionalização e industrialização em canteiros de obras, como, também, demostrar aspectos relevantes nos diversos processos construtivos, na concepção de projetos, no uso de materiais e ferramentas, até na forma de gestão a ser adotada.

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2 JUSTIFICATIVAS PARA ADOÇÃO DA RACIONALIZAÇÃO E INDUS-TRIALIZAÇÃO EM CANTEIROS DE OBRAS

A construção civil é uma das indústrias que mais cresceu nos últimos anos. Tal representatividade já era notada através de Sousa (2005): “A indústria da construção civil é de suma importância para o país, representando 15% do PIB, gerando, direta ou indiretamente, aproximadamente, 15 milhões de empregos”

Por outro lado, como reflexo do crescimento desestruturado, é possível enxergar números alarmantes no uso dos recursos, quando do relato de Carneiro et al (2001): “A cadeia da construção civil é uma das maiores consumidoras de matérias primas naturais. Estima-se que a construção civil utilize em torno de 20 a 50% do total de recursos naturais consumidos pela sociedade”.

Neste sentido, considerada como o “patinho feio” das indústrias na geração de resíduos, passou a ter o rótulo de: desperdiçar 01 (uma) edificação e cada 03 (três) construídas. Mito ou verdade? Até onde podemos afirmar?

Para se chegar a números palpáveis, em termos comparativos, Souza (2005) rea-lizou um estudo quanto à massa de material consumido para fabricação de produtos entre a indústria da construção e a indústria automobilística. Apontou, inicialmente, que: “A quantidade de materiais consumidos pela Construção gira em torno de 1.000 kg por metro quadrado construído; portanto, uma casa de 100 metros quadrados de área construída demanda 100 toneladas de materiais”.

Souza (2005), também, realizou a equivalência de 1m² (metro quadrado) de cons-trução a 01 (um) veículo de passeio. Na qual, ambos apresentaram um consumo de 1t (tonelada) de material em seu processo de fabricação.

Posteriormente, comparou a produção anual das duas indústrias, verificando que a construção mantém um elevado índice de metros quadrados edificado em relação ao número de automóveis produzidos no mesmo ano, estimando cerca de 100 a 200 vezes a mais.

Destaca-se, também, que o alto índice de desperdício da construção pode ser mensurado através da contabilização da geração de resíduos sólidos. Visto que, se-gundo Novaes e Mourão (2008), “os resíduos resultante da construção, manutenção e demolição de casas e edifícios representam de 40 a 60% em massa do resíduo sólido urbano das grandes cidades”.

Esse número, igualmente, pode ser visto através da tabela abaixo, na qual, é repre-sentado o percentual de Resíduos da Construção Civil (RCC) dentro dos resíduos sóli-dos urbanos gerados na cidade de Belo horizonte/MG, entre os anos de 2000 a 2004.

Tabela 1 – Participação do entulho na massa de resíduos sólidos recebidos diaria-mente pela empresa de limpeza urbana de Belo Horizonte (Ton./dia)

Tipo/Ano 2000 2001 2002 2003 2004

Resíduos Sólidos Urbanos 4.554,00 4.009,00 4.337,00 4.919,00 4.255,00

Resíduos da Construção Civil 2.325,00 1.676,00 1.829,00 1.352,00 1.795,00

Participação do RCC em % 51,00 41,00 42,20 33,00 42,20

Fonte: Cartilha de Gerenciamento de Resíduos Sólidos para a Construção Civil em Belo horizonte (2005).

No que diz respeito à geração de resíduos para obras novas, temos: nos países desenvolvidos, a média de resíduos produzidos em novas obras permanece abaixo de

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100 kg/m², enquanto, no Brasil, esse índice pode alcançar até 300 kg/m² (NOVAES; MOURÃO, 2008).

E quanto se gera de resíduos em nossas obras?

Figura 1 – Desperdício revestimento cerâmico

Fonte: Arquivo pessoal (2004).

Considerando uma pesquisa realizada entre os anos de 2007 a 2009 em empreen-dimentos na cidade do Natal/RN, verifica-se, conforme tabela abaixo, que o índice de geração de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) está de acordo com a média nacional proposta por Picchi (1993), na qual, gira em torno de 0,10 m³/m².

Tabela 2 – Resumo do monitoramento no empreendimento 1 – Natal-RN

Resumo do monitoramento no empreendimento 1

Volume RCD total (m3) 2.425,00

Estimativa da massa RCD total (t) 2.910,00

Custo para remoção total das caçambas (R$) 36.375,00

Custo / Unid. de área construída (R$/m2) 1,62

Índice gração RCD em massa (t/m2) 0,1299

Índice geração RCD em volume (m3/m2) 0,1083

área construída (m2) 22.400,00

Consideração para Massa Unitária do RCD (t/m3)* 1,20

Fonte: (CRUZ ; MONTE, 2011).

Na verdade, as perdas não podem ser resumidas às quantidades de resíduos retira-dos de uma obra. Elas vão além da geração. Podendo ser oriundas do projeto, quando provenientes da incompatibilidade de dimensões de componentes com as dimensões do produto, da falta de coordenação do trabalho nos diversos projetos e, principal-mente, de concepções pouco pensadas. Oriundas, também, da seleção dos materiais

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e/ou fornecedores a serem empregados, como, por exemplo, através da redução do consumo de argamassa e blocos cerâmicos, quando da escolha de elementos de di-mensões maiores. Ou oriundas do processo de transporte de materiais, devido ao uso de equipamento de transporte inadequado ou falha no acondicionamento. Ou, sobre-tudo, oriundas do processo de produção, por falta ou inadequação de procedimento de execução, pela baixa qualificação da mão de obra e pela ausência e/ou negligencia de fiscalização. E, por fim, as oriundas da eficiência do projeto e ineficiência da pro-dução: em que é demostrada a perda incorporada ao produto.

Figura 2 – Resultante da eficiência de projeto e ineficiência da produção

 

 Fonte: (SOUZA, 2005).

Conforme figura, temos uma situação real e comum em obra, na qual, o acréscimo de 1 cm de espessura (perda incorporada) mais as perdas por geração de resíduos (en-tulho) resultam em um consumo 34 l/m² de argamassa para execução do revestimen-to, quando o projetado contemplava apenas o consumo de 20 l/m². Se contabilizado, percentualmente, têm-se: 50% de perda incorporada e 20% de perda por entulho, totalizando 70% de perda, se comparado ao projetado.

Enfatizando a importância na redução dos índices relacionados a perdas e causas da geração de resíduos na construção, verificam-se, por meio do gráfico seguinte, que o processo construtivo lidera com 36%, seguido pelas causas originárias na mão-de--obra (18%), projetos (17%), gestão de materiais 17% e outros (12%), norteando os próximos passos na busca da construção sustentável.

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Gráfico 1 – Principais causas da geração de resíduos

Fonte:. (LIMA et al, 2007).

3 RACIONALIZAÇÃO EM CANTEIROS DE OBRAS SUSTENTÁVEIS

A racionalização, na construção, estuda os processos de transformação, fluxo e valor, visando ao aperfeiçoamento de determinada atividade. Ou seja, analisa um processo existente, apontando possíveis pontos fracos, suprindo informações des-necessárias, eliminando tempos de espera, estoques intermediários e introduzindo melhorias, de forma eficiente, para acelerar a produção. Reforçando essa informação, temos que: “Racionalização, na construção, consiste no esforço para tornar mais eficiente a atividade de construir, na busca da melhor solução para os diversos proble-mas da edificação” (BARROS, 1996). “A racionalização trata da implementação de novos métodos executivos para acelerar a produção, mas mantendo a base tradicional de construir” (DONIAK, 2012). “Racionalizar é eliminar desperdícios” (SABBATINI, 1989).

Em função da imagem de agressividade ao meio ambiente, visto a grande quanti-dade de geração de resíduos sólidos produzidos, a racionalização passa a ser um dos fatores preponderantes para o sucesso da indústria da construção.

Para Gehbauer (2004), o procedimento geral que deve ser adotado para a raciona-lização da construção é: observar, medir, registrar, pensar e corrigir.

Ainda segundo o mesmo autor, são três os tipos de racionalização e passos a serem implementados:

A do tipo 1 é a racionalização que visa à redução dos custos no fluxo de material, na minimização das distâncias de transporte, na otimiza-ção das máquinas empregadas e na melhoria do fluxo de informações e da capacitação das pessoas envolvidas, levando como fatores a qua-lidade e o tempo que colocam, efetivamente, o processo da produção e do canteiro de obras no centro das atenções. A do tipo 2 são estudos na área da gerência da empresa em que as ineficiências são mais transparentes e o seu tratamento exige um procedimento mais com-plexo. A do tipo 3 são as limitações inerentes à indústria da constru-ção civil de influenciar os fornecedores da cadeia produtiva para que cooperem na perspectiva de uma otimização do produto, nesse caso, podem ser inserido, os arquitetos e projetistas (GEhBAUER, 2004).

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Na construção de edifícios, tem-se dado acuidade, no processo de racionalização, à influência do projeto e planejamento, visto que ambos são referenciais durante toda etapa de construção. Exemplos simplórios podem marcar essa etapa, como:

• A elaboração de projetos voltados à produção com teor executivo para alvenaria de vedação, em que são detalhados e dimensionados os blocos e passagens para instalações, reduzindo a geração de resíduos provenientes do quebra-que-bra de blocos na execução; ou projetos de paginação de revestimento cerâmico e caixas de elétricas, em que se visa ao máximo de redução na quantidade de trinchos (pontas de cerâmica) durante a execução.

• Uso de divisórias internas sobre o piso cerâmico, proporcionando a postergação dessa etapa e obtendo, como consequência, espaços (vãos) internos maiores durante as etapas de contra piso, revestimento argamassado nas paredes e re-vestimento cerâmico de piso, levando, assim, a um maior ganho de produtivida-de, eliminação de desperdícios (exemplo dos trinchos cerâmicos) e postergação no desembolso financeiro.

• A modificação do sistema de fixação das bancadas, eliminando rasgos nas pa-redes para uso, engastamento através de apoios (mão francesa parafusada) e sistema de colagem.

• O uso de sistemas hidráulicos de alimentação dos vasos sanitários e lavató-rios externos às alvenarias, possibilitando maior flexibilidade de manutenção e eliminando a geração de resíduos pelo corte das alvenarias e revestimentos durante a execução.

• A mudança de conceitos e substituição de materiais durante a especificação do produto, tais como: louças e metais sanitários de baixo consumo; instalação de medidores individualizados de água e gás; aquecimento de água através de energia solar; utilização de lâmpadas de LED para área de uso comum; implan-tação de sistemas de reaproveitamento de águas pluviais e irrigação automati-zada; uso de sensores de presença; e geração de energia eólica e fotovoltaica.

Notadamente, é visto um crescimento considerável na área de concepção das edi-ficações, em que a busca pela realidade está, cada vez mais, tangível, através da modelagem da informação, com o uso de ferramentas, como o Building Information Modeling (BIM). Essa ferramenta, antes, era vista somente nas indústrias automotiva e aeroespacial. As representações digitais do processo de construção facilitam a troca e a interoperabilidade de informações, reduzindo o tempo de construção e as prová-veis incompatibilidades geradoras de resíduos durante a execução da obra.

Não menos importantes e mais ligadas ao processo de produção, temos a substitui-ção, modernização e/ou o uso de ferramentas adequadas durante o processo executi-vo. Todas dando relativos ganhos de produtividade. Exemplo disso é a:

• Substituição da antiga torquês para armação de ferragem por máquinas manu-ais automáticas, que grimpam o aço em alta velocidade.

• Substituição parcial da velha colher de pedreiro por colheres tipo meia-cana, paleta, ou, até mesmo, por bisnagas e pistolas, durante o processo de elevação de alvenaria.

• Substituição da desempenadeira de madeira por desempenadeiras tipo rodo, circular e de canto côncavo ou convexo.

E, de maneira especial, as ferramentas, temos o uso de desempenadeiras de aço dentada com raio 10 mm, em substituição às de 8 mm, para assentamento de re-

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vestimento cerâmico com área da peça igual ou superior a 900 cm², que, apesar de normatizada há algum tempo, é pouco utilizada no mercado regional, em função da falta de fornecedores.

Figura 3 – Desempenadeiras de aço dentada 8 mm ou 6 mm e de raio 10 mm

Fonte: NBR 13753:1996 - Revestimento de piso interno ou externo -

com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante.

Realizado um estudo comparativo, quando da não obrigatoriedade da utilização da argamassa de assentamento, tanto na base quanto no tardoz, para peças acima 900 cm², assentadas com desempenadeiras de raio 10 mm em relação às com dente 8 mm, temos, para o consumo de argamassa, uma redução de 15%, e, para o consumo de mão-de-obra, uma redução de 50% do tempo gasto com aplicação da argamassa.

Outra grande evolução, voltada para o aprimoramento dos processos produtivos, está relacionada ao avanço tecnológico dos materiais, máquinas e equipamentos, como a execução de contra piso com argamassa autonivelante, a execução de reves-timentos argamassados através de projetores ou máquinas de reboco pronto, a prepa-ração de superfícies para pintura através de lixamento mecanizado e a própria pintura através de pistolas de ar comprimido.

Diante do apresentado e visualizando o cenário atual da construção, em que a concorrência domina o mercado imobiliário brasileiro e os recursos, principalmente de mão-de-obra, são limitados, faz-se necessário o uso máximo na racionalização dos projetos e atividades produtivas, de forma a criar um ambiente propício ao sucesso do empreendimento. E sendo este último construído com base em estratégias, com menores dispêndios de recursos, a custos mais favoráveis e com altos índices de pro-dutividade e qualidade, orientados por um ambiente de trabalho seguro.

4 A INDUSTRIALIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS SUSTENTÁVEIS

Devido à relevância de se construir o maior número de habitações apoiadas por grandes obras de infraestrutura e aceleradas por uma economia favorável, em um curto período, torna-se evidente o uso da industrialização dentro dos processos de produção, tendo seu alvo na modularidade e padronização do produto.

E o que seria industrialização na construção? Segundo autores: “Industrialização da Construção é o emprego de forma racional e mecanizada de materiais, meios de transporte e técnicas construtivas para conseguir uma maior produtividade” (ORDO-NEZ et al, 1974). “A industrialização da construção civil significa a efetiva adoção dos sistemas industrializados, ou seja, produzidos na indústria” (DONIAK, 2012).

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Quando se trata de industrialização em canteiros de obras, é possível detectar ganhos concretos em suas diversas fases, como, por exemplo:

• A industrialização da estrutura de concreto armado - as peças já chegam con-cretadas ao local para montagem, sendo, hoje, trabalhada em escala para edi-fícios residenciais.

• A industrialização da armação das ferragens - os fornecedores entregam o aço cortado e dobrado e, até mesmo, armado.

• A industrialização de paredes e painéis - edifícios estão sendo fabricados por inteiro fora dos canteiros para posterior montagem, inclusive com instalações embutidas.

• A industrialização das argamassas e concretos - é possível a aquisição dos mais variados tipos para cada uso específico.

• A industrialização das esquadrias e fachadas em pele de vidro e painéis - o ga-nho com a modularidade dos vãos passa a ser essencial e expressivo.

• E, ainda, a industrialização das instalações, fossa séptica, sumidouros e esta-ções de tratamento - o produto ou kit já vem de fábrica direto para aplicação.

Vários são os benefícios da industrialização, como: facilidades de controle e segu-rança; elevado nível de qualidade na produção; baixo índice de desperdício; redução do número de operários; modulação, uniformidade e padronização; velocidade de execução; e, principalmente, redução na geração de resíduos. Frutos de um sistema caracterizado por um ambiente controlado, em que as perdas são eliminadas, os re-síduos são reduzidos e, acima de tudo, em que há a maximização da produtividade e qualidade final do produto. Sendo esta apontada como futuro certo da evolução da construção.

5 LEAN CONSTRUCTION E A SUSTENTABILIDADE DOS CANTEIROS

E o que é Lean Construction? Qual a relação do lean com a racionalização e indus-trialização na busca pela sustentabilidade?

A evolução das técnicas e os meios como são empregadas para a melhoria na pro-dução vêm sendo buscados ao longo de séculos. Desde o Taylorismo, quando já se denotava a departamentalização, propondo a separação entre pensar e fazer (projetar / produzir), tentando-se padronizar o trabalho e seus custos, com foco na pontualida-de das etapas do processo para aumentar a produtividade. Passando por henry Ford, que trouxe o conceito de produção em massa (linha de montagem), já conseguindo enxerga o processo como um todo, obtendo reduções de tempo, através da imposição do ritmo à produção. Seguido pelo Toyotismo (STP-Sistema Toyota de Produção) do Taiichi Ohno, que, na década de 50, mais uma vez desafiado pelo Kiichiro Toyoda, de-tentor da indústria automobilística Toyota Motor Company, a aumentar a produção da fabricação de automóveis em dez vezes mais que as indústrias americanas, começou a pensar em novas formas de gerenciar, quebrando paradigmas da administração da produção, levantando ideias simples e inovadoras com o objetivo de aumentar a efi-ciência da produção fabril, pela eliminação consistente e completa de desperdícios. Sendo este apresentado ao mundo, em 1990, pelos americanos james P. Womack, Daniel T. jones e Daniel Rool, que publicaram o livro A Máquina que mudou o Mun-do, o qual era baseado em um relatório do projeto de pesquisa do International Motor Vehicle Program - IMVP, emitido em 1985, pelo renomado MIT – Massachussets Ins-

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titute of Technology nos EUA, no qual, eram apresentadas as causas do sucesso da in-dústria automobilística japonesa, batizando-o de Lean Production (Produção Enxuta).

Motivado pelas características da Construção Civil: altos indicadores de desperdí-cio; produtos com baixa qualidade e a grande quantidade de patologias construtivas existentes, em 1992, o pesquisador finlandês Lauri Koskela construiu uma teoria, adaptando os conceitos da Lean Production à Construção Civil. Nesta, diferentemente da filosofia tradicional de produção, os processos consistem em atividades de trans-formação de matérias-primas (inputs) em produtos (outputs). A teoria considera que a produção é composta por atividades de conversão, que agregam valor ao produto final, e atividades que não agregam valor ao produto final, mas que são essenciais ao processo. Chamou-a de Lean Construction (Construção Enxuta).

Para Koskela (1992), a construção enxuta representa uma mudança de paradigma na gestão da produção, em que a essência da mudança está na forma de pensar a produção e não nos conceitos.

Essa nova filosofia de produção, embora pouco utilizada pela indústria da constru-ção, apresenta-se como uma solução adequada para os problemas do setor. Isso se deve à sua característica de baixa utilização de tecnologias de hardware e software, em termos de máquinas, robôs, sistemas computacionais de gestão ou de automação, que são substituídas por soluções tecnológicas mais simples, baseadas no envolvi-mento da mão-de-obra (hEINECK; MAChADO, 2001).

hoje, bastante difundida no Brasil, a Lean Construction é apontada como uma for-te alternativa na gestão da produção, sendo vários os benefícios observados no gemba (chão de fábrica/canteiro de obra), que a levam a uma trajetória de sucesso na busca pela sustentabilidade, tanto que já existem alguns pesquisadores adeptos da corrente Lean e Green, que:

Considera que essa nova corrente visa obter uma integração das fi-losofias na busca, não somente, pela eficácia dos métodos de pro-dução, mas, também, na utilização sustentável dos recursos natu-rais e energéticos, procurando reduzir ou eliminar as falhas, tanto no processo de produção, quanto no consumo e descarte de recursos e energia para a edificação, unindo as expressões ‘desperdício zero na produção’ a ‘construção ecológica’, na obtenção da análise sistêmica completa do ciclo de vida do produto edificação, ‘do nascimento ao descarte’ (LANES; FARIAS 2004 apud FORMOSO ,2010).

Sem perder o foco na construção enxuta, partindo dos princípios estabelecidos por Koskela, em 1992, pode-se agregar valor à construção, complementando-a com conceitos e técnicas sustentáveis, como:

• O uso de pesquisas para diagnóstico de mercado, em que se denota a impor-tância dada pelo cliente a questões, como: uso, acabamento e durabilidade das edificações, bem como a manutenção de áreas verdes, baixo consumo e efici-ência energética, fazendo uso do princípio do aumento do valor para o cliente, mediante a consideração de seus requisitos.

• A eliminação de atividades e tempos de espera durante a fase de projeto, plane-jamento, até a execução e pós-obra. Em contrapartida, incentivando ações que possuam valor, como a inclusão de conceitos que utilizem a energia renovável, aplicando, assim, o princípio da diminuição da parcela que não reúne valor no processo produtivo.

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• O uso de portas prontas e elementos pré-moldados, em que, através da aplica-ção direta, é reduzido o número de atividades na execução do serviço, evitando, assim, os desperdícios e retrabalhos, denotando o princípio da simplificação do processo produtivo, através da redução do número de passos, partes e ligações.

• O uso de técnicas e ferramentas de planejamento e controle da produção, como a linha de balanço e o Last Planne, em que é facilitada a visualização dos tem-pos de ciclo das atividades, reduzindo possíveis tempos de espera. Bem como a industrialização de insumos, como o aço cortado e dobrado, evitando que haja desperdício durante a produção no canteiro e reduzindo a geração de resíduos e em conformidade ao já planejado, diminuindo possíveis tempos de ciclo, atra-vés da aplicação do princípio da redução do tempo de ciclo.

• Fazendo uso de projetos para paginação de alvenaria de vedação e revestimento cerâmico, que, em função das condições características da obra e pelas incer-tezas de caráter de um produto único, são alcançados números significativos de relação de resíduos pelo emprego da padronização. Princípio este que trata da diminuição da variabilidade.

• Reduzindo o desperdício de materiais durante o transporte e armazenamento, através do uso de vias de acesso e passarelas no canteiro. Bem como a im-plementação de programas de incentivo à redução da geração de resíduos, que tornam mais fácil a visualização dos erros e facilitam e envolvimento de todos, através do princípio do aumento da transparência.

• O aumento de conscientização de todos os envolvidos no processo, a exemplo da paletização de blocos cerâmicos, em que é enxergada a redução de des-perdício, de forma que seja observado o engajamento sistêmico da cadeia de suprimentos, no âmbito externo a obra, trazendo, assim, a visão do princípio de focar no controle do processo como um todo.

• O equilíbrio entre as atividades de fluxo e conversão, que é fundamental para a evolução do Lean e Green, causando alternância dos esforços de melhoria de conversão e de fluxo.

• Como as duas correntes possuem forte interação, é fundamental a busca de experiências e aprendizados já conquistados em outras empresas e mercados, fazendo uso da realização de benchmarking.

• Tanto o Lean quanto o Green baseiam-se em conceitos inovadores de melhoria contínua, que fluem na busca incansável pela perfeição, trazendo, assim, o princípio do praticar o kazen (melhoria continua).

• E a customização das unidades habitacionais durante a fase de planejamento, em que são alteradas as características do imóvel de acordo com a preferência do usuário, sem novos incrementos no custo, evitando, assim, demolição e re-trabalhos futuros, além de adquirir vantagens competitivas perante o mercado, através do uso do princípio do aumento de flexibilidade na saída.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo deste trabalho, foi enfatizada a influencia da racionalização e industriali-zação na construção sustentável, como forma de melhoria da produtividade e conse-quente sobrevivência das empresas da indústria da construção civil.

Ressalta-se que, apesar da grande evolução e representatividade da indústria da construção na economia do país nos últimos anos, ainda são apontados vários de-monstrativos de consumo exagerado, perdas excessivas e ineficiência produtiva. Isso nos leva a verdadeiras justificativas à adoção de “novos” conceitos construtivos.

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Durante a condução deste estudo, buscou-se analisar os processos construtivos de maior representatividade, em se tratando de desperdícios e geração de resíduos, apontando diretrizes, com base em um referencial teórico, de forma a propor reduções e eliminações de perdas.

Conclui-se que a racionalização e a industrialização, através do desenvolvimento de projetos e utilização de tecnologias que contribuam para não geração de resíduos, bem como a seleção de materiais e inovação dos métodos construtivos, são essenciais para a redução dos desperdícios e perdas no canteiro, além de aumentar a eficiência da produção na busca pela construção sustentável.

Destacam-se o Lean e Green como filosofias de apoio à gestão da produção, apon-tando para um futuro de verdadeiras quebras de paradigmas no canteiro de obras; o principal instrumento de racionalização e industrialização pela busca da sustentabili-dade passa a ser a forma de geri-lo.

REFERÊNCIAS

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Luisa Câmara Medeiros de AraújoBiológa pela UnP. Especialização em Gestão e Perícia Ambiental (UNI-RN).E-mail: [email protected]

ENVIO EM: Setembro de 2013ACEITE EM: Outubro de 2013

Avaliação econômica do impacto do selo verde em postos revendedores de combustíveis de Natal-RN

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Resumo: Neste trabalho, buscou-se quantificar os custos ambientais associados à ob-tenção do selo verde, para casos de postos localizados no município de Natal, estado do Rio Grande do Norte. Tal processo considerou as estratificações das amortizações do capital envolvido e as limitações de repasse desse custo ao mercado consumidor, sendo feita uma avaliação de impactos de mercado, quanto à rentabilidade desses investimentos e os impactos advindos aos consumidores, em termos dos descontos e valores médios praticados na região. Considerando os resultados obtidos, foi possível concluir que os investimentos ambientais para regularização dos empreendimentos têm grande impacto no retorno econômico dos valores empregados, sobretudo, para as categorias 3 (regularização com aquisição de equipamentos ecológicos e remoção de passivo ambiental apenas no solo) e 4 (regularização com aquisição de equipamen-tos ecológicos, recuperação do solo contaminado e tratamento da água subterrânea), cujo nível de impacto ao meio ambiente é mais severo. Observou-se que as perdas no valor presente líquido podem atingir nível de R$ 180 mil, bem como a perda na taxa interna de retorno ser da ordem de 5%, o que, comparando aos níveis de rendimento da poupança, são extremamente impactantes para o nível de risco envolvido. O custo do selo verde é um elemento decisivo para o mercado e competividade do empreendi-mento e, sendo um elemento por força de lei, torna-se de extremo risco para a saúde financeira dos empreendimentos. Entretanto, é uma aplicação clara do princípio da legislação brasileira do “poluidor-pagador”.

Palavras-Chave: Postos revendedores de combustíveis. Selo Verde. Passivo ambiental.

ECONOMIC EVALUATION OF THE IMPACT OF GREEN SEAL IN FUEL GAS DEALER OF NATAL-RN

Abstract: In this study we thought to quantify the environmental costs associated with obtaining the green seal, for cases of posts located in the city of Natal, state of Rio Grande do Norte. This process considered the stratifications of depreciation of capital involved and the limitations of passing that cost to the consumer market. As an assessment of market impacts, as the profitability of such investments and the impacts from consumers, in terms of discounts and average values practiced in the region. Considering these results, we conclude that environmental investments for regularization of projects has great impact on the economic return values employees, especially for categories 3 (regularization with ecological equipment acquisition and removal of environmental liabilities only on the ground) and 4 (regularization with equipment acquisition ecological recovery of contaminated soil and groundwater tre-atment), whose level of environmental impact is more severe. It was observed that the losses in net present value may reach the level of U.S. $ 180 000 as well as the loss in the internal rate of return be on the order of 5%, which compared to the income le-vels of savings are extremely impactful to level of risk involved. The cost of Green Seal is a decisive element for the market and competitiveness of the enterprise, and as an element by operation of law, becomes extremely hazardous to the financial health of businesses. however, it is a clear application of the principle of Brazilian legislation of the “polluter pays”.

Keywords: Gas stations. Green Seal. Environmental liabilities.

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1 INTRODUÇÃO

As questões ambientais vêm, nas últimas décadas, despertando a atenção de di-versos setores da sociedade. Nas empresas, com a abertura da economia, o aumen-to da competitividade e da conscientização dos consumidores, a variável ambiental assume uma importância cada vez maior. Nas relações comerciais, principalmente internacionais, ela passa a ser decisiva, constituindo-se, muitas vezes, em um pré-re-quisito para a realização de negócios (LUIGI, 1999).

Na indústria petrolífera, tal advento é bastante antigo, visto o grande risco asso-ciado a tais atividades. há todo um trabalho de qualidade total (jACOBSON; LINDS-TROM, 1991), reengenharia (DAVENPORT, 1994), certificações dos sistemas de ges-tão ambiental (GILBERT, 1995) e até, ultimamente, na busca pelos conceitos de eco eficiência (MUNCK, 2011; CORREIA; JERÔNIMO, 2012). Entretanto, apesar da grande preocupação no início e meio da cadeia (exploração, produção e refino), os elementos relativos à revenda desses constituintes foram sempre negligenciados e pouco explorados pelos órgãos reguladores e licenciadores. Há tendência a uma mais forte cobrança com a publicação da resolução CONAMA de número 273, publicada em 2000 e atualizada pela resolução 319 em 2002.

As atividades desenvolvidas pelos postos de combustíveis são consideradas, po-tencialmente, poluidoras, pois podem ser prejudiciais à água, ao solo e ao ar. Assim, essas empresas vêm investindo em proteção ambiental de forma a assegurar a inte-gridade do meio ambiente. Nesse âmbito, as administrações públicas estão estabe-lecendo normas e procedimentos mais seguros e adequados para essas empresas po-tencialmente poluidoras (LORENZETT, 2010). E, segundo Franceschi et al (2012b), em caso de não cumprimento da devida legislação ambiental aplicável aos postos de combustíveis, o estabelecimento terá de ser penalizado. Neste sentido, o Art. 8º da Resolução CONAMA 273/00 esclarece:

[...] Em caso de acidentes ou vazamentos que representem situações de perigo ao meio ambiente ou a pessoas, bem como na ocorrência de passivos ambientais, os proprietários, arrendatários ou responsáveis pelo estabelecimento, pelos equipamentos, pelos sistemas e os for-necedores de combustível que abastecem ou abasteceram a unidade, responderão solidariamente, pela adoção de medidas para controle da situação emergencial, e para o saneamento das áreas impactadas, de acordo com as exigências formuladas pelo órgão ambiental licen-ciador.

Santos (2005), Lorenzett e Rossato (2010) descrevem que os postos de combus-tíveis possuem, basicamente, as seguintes instalações: bombas de abastecimento; tanques subterrâneos de armazenamento; pontos de descarga de combustíveis; tan-que para recolhimento e guarda de óleo lubrificante usado; tubulações enterradas que comunicam o ponto de descarga com o reservatório e este com as bombas; edificações para escritório e arquivo morto; loja de conveniência; centro de lubrificação e de la-vagem; unidade de filtragem de diesel; e o sistema de drenagens oleosas e fluviais.

Diante da complexidade e elementos considerados para a regularização ambiental, o principal impacto ambiental promovido por esses postos é o passivo de contami-nantes, que se acumula ao longo dos anos no solo e nas águas subterrâneas, pelas práticas inadequadas, falta de manutenção e derrames ocasionados por falhas em processos e manutenções.

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Como uma forma de atenuar esse dano, em 2009, no município de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, iniciou-se um conjunto de ações, conforme relata Silva (2010). Dentre essas ações, foi criada uma parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMURB), o Ministério Público-RN (MP-RN) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), de forma a gerar um diagnóstico e definir adequações para manutenção da funcionalidade do posto revendedor. O atestado do correto funcionamento sob a ótica ambiental é dado pela expedição de um selo, após auditorias realizadas em conjunto pelas estruturas gestoras do projeto, para expedição do documento que valida o atendimento aos requisitos estabelecidos.

Segundo relatado em Silva (2010), MP-RN (2009) e MP-RN (2012), na expedição do selo verde, são considerados os seguintes fatores: adequação física dos sistemas existentes, conforme CONAMA 273/2000 e 319/2002; cumprimento das normas técnicas expedidas pela ABNT, investigação e remediação dos passivos ambientais oriundos de vazamentos de hidrocarbonetos e a regularização da documentação do empreendimento (habite-se do corpo de bombeiros, Licença Ambiental de Operação, Alvará de Funcionamento e regularização junto a ANP).

Em Natal, têm-se, atualmente, 109 postos de combustíveis em funcionamento, que atendem a uma população de cerca de 785.722, conforme Censo publicado por IBGE (2010), e frota de cerca de 310 mil veículos, segundo DETRAN (2012). E, de acordo com levantamento apresentado por MP-RN (2011), dos postos revendedo-res de combustíveis de Natal-RN, apenas 3 estão em condições, ambientalmente, adequadas para seu funcionamento, sem a geração de impactos ambientais signifi-cativos. Além disso, esse mesmo levantamento apontou: 108 postos apresentavam vazamentos nas tubulações, todos os postos que comercializam GNV (Gás Natural Veicular) apresentaram problemas de vazamentos e 12 postos foram interditados por risco de explosão. Atualmente, segundo MP-RN (2012), esse número foi elevado para 60 postos, o que corresponde a um percentual de 55% dos postos regularizados.

Esse processo é baseado na estratégia estabelecida na metodologia da CETESB (1999), em que a recuperação de áreas contaminadas tem como objetivo principal a adoção de medidas corretivas nessas áreas, que possibilitem recuperá-las para um uso compatível com as metas estabelecidas para serem atingidas após a intervenção, adotando-se, dessa forma, o princípio da “aptidão para o uso”. Esse processo é cons-tituído por seis etapas, a saber: investigação detalhada; avaliação de risco; investiga-ção para remediação; projeto de remediação; remediação; monitoramento.

As etapas que compreendem esse conjunto de estudos ambientais envolvem eleva-dos montantes financeiros, pois requer fortes gastos com sondagens, caracterizações geológicas, determinações analíticas de compostos químicos, construção de poços de monitoramento, modelagem de plumas (se constatada contaminações), avaliação de riscos à saúde humana e projetos e a remedição das áreas até ao atendimento dos padrões de qualidade exigidos nos elementos de controle ambiental. Além dessa etapa, os ajustes na aquisição de equipamentos ecológicos (tanques, tubulações etc.) somam-se aos investimentos necessários à regularização ambiental desses empre-endimentos. Uma ressalva deve ser feita, que todo esse processo é mandatório, via termos de ajustamentos de conduta, não havendo outra opção para a continuidade dos empreendimentos, que não sua regularização. Inclusive, sendo considerados os custos de manutenção da gestão ambiental, conforme descritos por Franceschi et al (2012).

Diante desse contexto, neste trabalho, buscou-se quantificar os custos ambientais associados à obtenção do selo verde, para casos de postos localizados no município de Natal, estado do Rio Grande do Norte. Tal processo considerou as estratificações das amortizações do capital envolvido e as limitações de repasse desse custo ao mer-

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cado consumidor. Foi feita uma avaliação de impactos de mercado, quanto à renta-bilidade desses investimentos e os impactos advindos aos consumidores, em termos dos descontos e valores médios praticados na região.

2 METODOLOGIA

O estudo constitui-se de uma pesquisa aplicada, pois objetiva levar conhecimentos para extensão do uso das principais técnicas e recomendações acerca da regulariza-ção ambiental de postos revendedores de combustíveis (especialmente, com fins de eliminação dos passivos ambientais em matrizes de solo e água subterrânea), levan-tadas mediante incursões investigativas e tabulação de dados de estudos ambientais apresentados aos órgãos municipais e Ministério Público do estado do Rio Grande do Norte.

Do ponto de vista dos objetivos, trata-se de um estudo exploratório-descritivo, o qual visa a descrever a problemática em discussão, buscando caracterizar o objeto de estudo, bem como fazendo um estudo comparativo das pesquisas desenvolvidas para apropriação de custos ambientais, levantamento dos custos ambientais associados ao selo verde, estudos de investigação e remedição de passivos ambientais e análise de investimentos.

A hipótese pauta-se na possibilidade de haver um comprometimento à rentabilida-de e retorno esperado dos empreendimentos com a adoção da nova estratégia de regu-larização ambiental, em especial, pelos elevados custos de investigação, tratamento e controle ambiental envolvidos. Em outras palavras, espera-se que esta análise de-monstre elementos para apoiar os elementos de controle ambiental, sem sacrificar a saúde financeira dos empreendimentos estudados, de forma que se tenha um correto gerenciamento dos passivos ambientais advindos dessas atividades.

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, o estudo caracteriza-se como pes-quisa bibliográfica, por sua elaboração partir do levantamento e análise de material já publicado, como artigos científicos, livros, relatórios técnicos, etc. (GIL, 2007), e como estudo de caso, devido à utilização de dados de campo.

A estrutura da pesquisa consiste em:

• Formulação do problema, englobando a justificativa do estudo, a determinação dos objetivos, a contextualização da problemática e definição da metodologia.

• Realização do levantamento teórico, que orienta a caracterização do objeto de estudo, as definições e conceitos a serem utilizados em análise e correntes de pensamentos que norteiam a hipótese da pesquisa.

• Levantamento de dados em campo, por meio de incursões investigativas em postos revendedores de combustíveis nas diferentes fases que envolvem o ge-renciamento de áreas impactadas, mais especificamente da cidade do Natal no estado do Rio Grande do Norte.

• Estudo criterioso sobre o cumprimento dos requisitos atribuídos pela resolução CONAMA 319/2002 e as exigências do processo de obtenção do selo verde junto ao MP-RN.

• Realização de uma análise estatística dos dados obtidos e desdobramento em uma análise de investimentos e indicadores de retorno econômico.

Os dados coletados em campos foram organizados de acordo com a necessidade da utilização em pesquisa, e utilizados para elaboração do levantamento das principais ações de oportunidades.

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Por fim, foram coletadas informações quanto ao tratamento e destinação final, em termos de: custos dos estudos ambientais; existência de técnicas de tratamento; aplicações existentes, utilizações possíveis e riscos associados.

Com base nas premissas adotadas e custos levantados, procedeu-se o desenvol-vimento do estudo de viabilidade econômica, seguindo a metodologia sugerida por Casarotto Filho e Kopittke (2010), variando-se as condições operacionais de forma a obter a sensibilidade dos modelos.

Esta análise foi elaborada segundo diversos enfoques, revertendo-se em vários in-dicadores que demonstram a viabilidade, ou não, de cada investimento. Indicadores, como Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR) e Payback Des-contado, foram utilizados nessas análises, visando a demonstrar a viabilidade de um único investimento ou, através da comparação, a demonstrar qual entre dois ou mais investimentos será o de melhor retorno ou de retorno mais rápido (hIRSChFELD, 1984; MARQUEZAN, 2006).

Para efeito das simulações, foram consideradas depreciações de 10% e índices de inflação para correção de custos e receitas de 5% a.a.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Conforme relatado por MP-RN (2012), atualmente, a cidade do Natal-RN possui 60 postos regularizados com o selo verde. Esses postos tiveram sua regularização com diferentes níveis de esforços, conforme critérios desenvolvidos pela fusão da descri-ção de Catunda (2009), Silva (2010) e MP-RN (2012), a saber:

1 – Regularização apenas documental, com a realização de testes e elementos de controle, obtendo, de forma imediata, a validação do selo - instalações ecológicas existentes e sem passivos ambientais.2 – Regularização com a aquisição de equipamentos ecológicos, porém, sem ocorrên-cia de passivos ambientais.3 – Regularização com aquisição de equipamentos ecológicos e remoção de passivo ambiental apenas no solo.4 – Regularização com aquisição de equipamentos ecológicos, recuperação do solo contaminado e tratamento da água subterrânea.

Na escala observada, têm-se postos em 4 fases distintas, em que o grau de esforço econômico é proporcional à complexidade técnica envolvida. Na Figura 1, apresenta-se a curva que correlaciona os diferentes níveis envolvidos aos valores médios dos in-vestimentos esperados. Foi observado que tal tendência segue um modelo quadrático, com um nível de correlação da ordem de 99,77% de coeficiente de determinação.

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Figura 1- Correlação entre o grau de complexidade para obtenção do selo e os inves-timentos adicionais necessários às instalações do posto

Investimento = 18,387x2 - 3,2903xR2 = 0,9977

R$ -

R$ 50,00

R$ 100,00

R$ 150,00

R$ 200,00

R$ 250,00

R$ 300,00

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5

Grau de Complexidade para Obtenção do Selo (x)

Inve

stim

ento

s N

eces

sário

s (m

il R

$)

Para as demais análises, foi, então, considerado um investimento médio em torno de R$ 130 mil, ou seja, 5 a 15% do valor total de um empreendimento desse gênero (esse valor será adotado para as demais análises), para adequação de um posto con-vencional aos requisitos do selo verde. Uma boa relação, quando avaliado o cenário da capital de uma forma geral, pode direcionar a extrapolar que tais modificações devem conferir investimentos ambientais da ordem de R$ 14 milhões, apenas na regulariza-ção dos postos da capital do estado. Considerando os investimentos com aquisições de terrenos, esse valor é, em média, o investimento médio de 4 a 10 postos de reven-das novos, conforme relata SEBRAE (2012).

Para análise do impacto econômico ao retorno do investimento empregado, é im-portante entender os elementos que compõe o custo médio dos combustíveis e o seu respectivo valor de venda. Segundo a Petrobras (2012), para o caso da gasolina, a composição de preços é dada por 38% como custos de produção, 8% em encargos (CIDE, PIS e COFINS), 29% em ICMS, 9% do custo do etanol e apenas 16% com os custos operacionais do posto (distribuição e revenda). Ou seja, para um custo médio de R$ 2,70 por litro de gasolina, apenas R$ 0,43 são gerenciáveis pelo posto reven-dedor.

Considerando a composição de custos com o gerenciamento e despesas de taxas ambientais, Franceschi et al (2012) sugerem que um posto tem 0,65% dos custos envolvidos com tais gastos. E que a margem de lucro média é de 22%, na comercia-lização média dos diferentes combustíveis (4,7% de lucro líquido).

Esses custos são listados por esses autores como sendo correspondentes a: gastos no monitoramento dos tanques ecológicos (tanques subterrâneos para armazenamento de combustíveis); gastos com manutenção das válvulas e suspiros dos tanques subter-râneos; gastos na manutenção das bombas eletrônicas de abastecimento; gastos com aquisição de flanelas utilizadas no abastecimento, com intuito de evitar gotejamento de combustível na pista e nos veículos; gastos com manutenção da unidade coletora

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de água da chuva, e de um reservatório para estocagem dessa água; gastos com a ma-nutenção de uma caixa separadora de água e óleo; gasto mensal com o recolhimento de resíduos, ou seja, com os canais de logística reversa, para o recolhimento de óleo queimado, recolhimento de embalagens de lubrificantes e recolhimento de filtros usa-dos, estopas e flanelas e do lodo gerado na caixa separadora; gastos com o pagamento de taxa a órgão ambiental; gastos no treinamento de pessoal para resposta a inciden-tes ambientais; gastos com análises laboratoriais para verificação da qualidade das águas subterrâneas; e, gastos com a manutenção dos poços de monitoramento.

Diante desse cenário, foi realizada uma simulação econômica para um posto com uma movimentação mensal de 200 m3 de gasolina, 20 m3 de álcool, 50 m3 de die-sel e 80 m3 de GNV. Na Figura 2, é mostrado o fluxo de caixa, apenas considerando os investimentos iniciais de um posto, sem as exigências do selo verde.

Considerando o cenário convencional, um posto desse porte apresentaria um VPL e uma TIR, conforme calculado pelo método sugerido por Casarotto Filho e Kopittke (2010), de R$ 2,195 milhões e 38%, respectivamente. Entretanto, na Figura 3, é feita uma avaliação do VPL e TIR, considerando os acréscimos investidos com a re-gularização para obtenção do selo verde, conforme valores informados e aferidos pela equação da Figura 1. É possível observar uma forte tendência de queda, nos níveis máximos, cerca de R$ 180 mil no valor presente líquido (VPL) e 4,9% na T.I.R - va-lores próximos ao acumulado anual pelas cadernetas de poupança simples.

Figura 2 - Fluxo de caixa padrão do posto avaliado

-20000

-15000

-10000

-5000

0

5000

10000

15000

20000

25000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Anos

Valo

res

(R$)

Investimento Custo Total Receita Total

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Figura 3 - Variação da TIR e VPL com o aumento dos investimentos ambientais.

1900

1950

2000

2050

2100

2150

2200

2250

0 20 60 160 200Investimento Ambiental (R$ mil)

VPL

(mil

R$)

30

31

32

33

34

35

36

37

38

39

T.I.R

(%)

VPL TIR

Considerando que as ações de regularização são mandatórias e que, do contrário, o prejuízo com o lucro cessante é extremo, foi realizada uma avaliação, consideran-do qual valor percentual deveria ser incrementado ao preço de venda para manter o mesmo nível de desempenho econômico do investimento. Os resultados dessas simulações, com utilização das funções “atingir meta” do software Microsoft Excel®, levaram aos valores apresentados na Figura 4. Observa-se que os incrementos de preço podem chegar a 14%, em função da baixa margem operacional frente à elevada carga de custos ingerenciavéis do segmento. Esse cenário torna-se de elevado risco e grande dificuldade de competividade.

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Figura 4 -. Impactos no preço de venda para manutenção dos mesmos níveis de economicidade nos investimentos praticados.

% Incremento de Venda = 0,0709.Investimento AmbientalR2 = 0,9999

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200Investimento Ambiental (mil R$)

% In

crem

ento

Pre

ço d

e Ve

nda

Outra análise pode ser feita, considerando o custo que o passivo ambiental incre-menta, de forma punitiva, pelas ações errôneas do passado, isto é, empreendimentos com menor nível de passivos (ou seja, que, no passado, adotaram medidas preven-tivas e uma manutenção regular) terão uma maior competividade e margem para repasse aos seus clientes. Em outras palavras, têm uma margem bem superior para ofertar preços mais baixos. E, conforme relatam Franceschi et al (2012b), os empre-endedores devem estar atentos para o passivo ambiental da empresa, o qual pode não somente afetar as finanças e o valor imobiliário do negócio, como, também, gerar responsabilidade em todo o sistema de sucessão na propriedade da área contamina-da. Logo, o gerenciamento ambiental eficaz do estabelecimento é mais que um cum-primento legal, é, também, uma questão de sobrevivência do negócio, e não somente dele, mas, também, de seus sócios ou, até mesmo, do proprietário do imóvel onde o empreendimento está inserido, caso seja alugado, uma vez que a responsabilidade é solidária, estendendo-se aos bens dos sócios e proprietários do local de instalação das atividades potencialmente poluidoras, em caso de crime ambiental.

Considerando o efeito global para os valores médios de investimentos de R$ 130 mil, no universo dos 109 postos, os valores aplicados no investimento ambiental para regularização e remediação de passivos e equipamentos ecológicos correspondem a uma perda de capital, para os empresários, da ordem de R$ 13 milhões, em valores que seriam considerados como margem de lucro líquido, para os empreendimentos desse segmento na cidade do Natal-RN.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando os resultados obtidos, é possível concluir que os investimentos am-bientais para regularização dos empreendimentos têm grande impacto no retorno eco-

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nômico dos valores empregados, sobretudo para as categorias 3 (regularização com aquisição de equipamentos ecológicos e remoção de passivo ambiental apenas no solo) e 4 (regularização com aquisição de equipamentos ecológicos, recuperação do solo contaminado e tratamento da água subterrânea), cujo nível de impacto ao meio ambiente é mais severo.

Observando-se que as perdas no valor presente líquido podem atingir nível de R$ 180 mil, bem como a perda na taxa interna de retorno ser da ordem de 5%, o que, comparado aos níveis de rendimento da poupança, é, extremamente, impactante para o nível de risco envolvido.

O custo do selo verde é um elemento decisivo para o mercado e competividade do empreendimento e, sendo um elemento por força de lei, torna-se de extremo risco para a saúde financeira dos empreendimentos. Entretanto, é uma aplicação clara do princípio da legislação brasileira do “poluidor-pagador”.

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1 Da finalidade: A Revista de Tecnologia & Informação, publica trabalhos inéditos sob a forma de artigo para seu primeiro número eletrônico – online.

2 Dos textos: Os artigos devem ser inéditos, de responsabilidade de seus autores, e enviados conforme normas estabelecidas pela Revista.

As contribuições para a revista serão de fluxo contínuo, não havendo data limite para a submissão de artigos.

Para os colaboradores estrangeiros, somente serão aceitos, originais em espanhol e inglês.

Os alunos de graduação poderão apresentar textos para apreciação.

3 Da Quantidade de páginas

A Revista contempla artigos científicos com um mínimo de 08 (oito) e o máximo de 12 (doze) páginas.

OBS: Em cada edição semestral, no mínimo 10 artigos serão publicados, totalizando a publicação de 20 artigos por ano (mínimo).

4 Do formato dos artigos: Os artigos devem ser entregues via o sistema de submissão do repositório da UNP (repositorio.unp.br), e configurados para papel A4, observando as seguintes indicações:

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA CIENTÍFICA

ELETRÔNICA

REVISTA TECNOLOGIA & INFORMAÇÃO 92ano1, n.1, nov.2013/fev.2014

• margens esquerda e superior, 3 cm; direita e inferior, 2 cm;• os parágrafos devem ser justificados;• recuo da primeira linha em 2 cm da margem esquerda;• espaçamento um e meio (1,5 linha) entre linhas, exceto nas notas de fim;• a fonte a ser utilizada é a Arial, tamanho 12, exceto nas notas de fim (Arial, 10).

5 Da estrutura textual: A estrutura do artigo deve obedecer às orientações do estilo ABNT e deve conter os seguintes elementos:

O texto de estudos observacionais e experimentais é em geral (mas não necessaria-mente) dividido em seções com os títulos Introdução, Métodos, Resultados, e Dis-cussão. Os artigos extensos podem necessitar de subtítulos em algumas seções (em especial nas seções Resultados e Discussão) para tornar mais claro o seu conteúdo.

5.1 Página de título

A página de título deverá incluir:

• O título do artigo, que deve ser conciso, mas esclarecedor;• O nome pelo qual cada um dos autores é conhecido, com o seu grau acadêmico

mais elevado e a sua filiação institucional;• O nome do departamento e a instituição ao qual o trabalho deve ser atribuído;• Renúncia a direitos legais, se tal for necessário;• Nome e endereço do autor responsável pela correspondência acerca do manus-

crito;• O nome e endereço do autor a quem devem ser dirigidos pedidos de separatas,

ou declaração de que não é possível obter separatas através dos autores.

5.2 Autoria

Todas as pessoas designadas como autores deverão preencher os requisitos de autoria.

Cada um dos autores deve ter participado nos trabalhos de tal modo que possa assu-mir publicamente a responsabilidade pelo seu conteúdo.

A qualificação como autor deverá ser baseada apenas em contribuições substantivas para:

• A concepção e o delineamento, ou a análise e interpretação dos dados;• A redação do artigo ou a sua revisão crítica no respeitante a conteúdos concei-

tuais importantes; e A aprovação final da versão a publicar.

Todos os membros do grupo que são referidos como autores, quer os seus nomes sejam designados sob o título quer em nota de rodapé, devem preencher todos os requisitos de autoria acima indicados. Os nomes dos membros do grupo que não cum-prem esses critérios devem ser listados, com a sua autorização, nos agradecimentos ou num apêndice.

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5.3 Resumo e Palavras-Chave

A segunda página deve incluir um resumo (não ultrapassando 150 palavras para re-sumos não estruturados ou 250 palavras para resumos estruturados). O resumo deve explicitar os objetivos do estudo ou investigação, a metodologia básica (seleção da população a estudar ou dos animais de laboratório, métodos de observação e de análi-se), os resultados principais (fornecendo dados específicos e, se possível, a respectiva significância estatística), e as principais conclusões. Deve realçar os aspectos novos e importantes do estudo ou das observações.

Abaixo do resumo os autores devem indicar, de 3 a 5 palavras-chave ou frases curtas que possam auxiliar a indexação múltipla do artigo e possam ser publicadas com o resumo.

5.4 Introdução

Indicar o objetivo do artigo e resumir a fundamentação do estudo ou da observação. Fornecer apenas referências rigorosamente pertinentes e não incluir dados ou conclu-sões do trabalho a que se refere o artigo.

5.5 Métodos

Descrever com clareza o modo de seleção das unidades de observação ou experimen-tação. Identificar os métodos, os aparelhos (indicar entre parêntesis o nome e morada dos fabricantes), e os procedimentos usados com o pormenor suficiente para permitir a outros investigadores reproduzir os resultados. Fornecer referências para os méto-dos consagrados, incluindo os métodos estatísticos; fornecer referências e fazer uma breve descrição dos métodos que foram publicados, mas não são muito conhecidos; descrever os métodos novos ou substancialmente modificados, indicar as razões pelas quais se utilizam e avaliar as suas limitações.

Os autores que apresentam para publicação manuscritos de revisão deverão incluir uma seção descrevendo os métodos usados para localizar, selecionar, deduzir e se-lecionar os dados. Estes métodos deverão também ser indicados sumariamente no resumo.

Os modelos matemáticos devem ser pormenorizados, detalhando padrões de alimen-tação de dados e critérios de corte. Estudos com dados experimentais deverão apre-sentar forte tratamento estatístico, com métodos apropriados.

5.5.1 Ética

Quando se relata experimentação com pessoas, indicar se os procedimentos seguidos estiveram de acordo com os padrões éticos da entidade (institucional ou regional) res-ponsável pela experimentação humana e com a Declaração. Não mencionar nomes, iniciais ou números de processos de pacientes, particularmente em qualquer tipo de ilustração.

Quando se relata experimentação com animais, indicar se, no respeitante aos cuida-dos e utilização de animais de laboratório, foram seguidas as indicações da instituição ou de uma autoridade nacional de investigação, ou de alguma legislação nacional.

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Incluir na seção Métodos uma descrição geral da metodologia. Quando os dados são resumidos na seção Resultados, especificar os métodos estatísticos usa dos para os analisar. Restringir quadros e figuras aos necessários para explicitar a fundamentação do artigo e avaliar da sua solidez. Usar gráficos em vez de quadros com muitas entra-das; não duplicar os dados em gráficos e quadros. Definir os termos estatísticos, as abreviaturas e a maioria dos símbolos.

5.6 Resultados e Discussão

Apresentar os resultados em sequência lógica através de texto, quadros, e figuras. Não repetir no texto todos os dados incluídos nos quadros ou figuras; realçar ou resumir apenas as observações importantes.

Realçar os aspectos novos ou importantes do estudo e as conclusões deles decorren-tes.

Não repetir em pormenor dados ou outro material incluído nas seções Introdução ou Resultados. Incluir na seção Discussão as implicações e limitações dos resultados, incluindo as suas implicações para a investigação futura. Relacionar as observações com outros estudos importantes.

Relacionar as conclusões com os objetivos do estudo, mas evitar afirmações não fundamentadas e conclusões que não se baseiem totalmente nos dados. Os autores devem fazer correlações sobre benefícios econômicos e custos. Evitar reclamar prio-ridade para, ou fazer alusão a trabalhos não completados. Enunciar novas hipóteses quando tal é possível, mas assinalá-las claramente como tal. Quando for apropriado, podem incluir-se recomendações.

5.8 Agradecimentos

Num local apropriado do artigo (rodapé da página de título ou apêndice ao texto; ver as normas da revista) deverão incluir-se uma ou mais frases especificando as con-tribuições que justifiquem um agradecimento, seja por apoio ou auxílio técnico, ou mesmo por apoio financeiro e material, cuja natureza deve ser especificada;

6 Das citações e referências: O pesquisador deve citar em seu trabalho a autoridade em que se baseia cada afirmação, opinião ou fato. Qualquer omissão pode tirar o mé-rito ou seriedade da investigação. A citação é a menção, no texto, de uma informação obtida de outra fonte. É utilizada para enfatizar e/ou comprovar as idéias desenvolvi-das pelo autor.

As citações podem ser extraídas de publicações formais (livros, artigos de periódicos, anais, teses, material disponibilizado na internet) e informais (cartas, e-mails, listas de discussão, comunicação pessoal, artigos apenas submetidos para publicação), po-dendo ser diretas e indiretas.

Os exemplos de citações, nas normas ABNT, especificas, devendo cumprir critério de citações Autor (data).

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7 Da Normalização: Os artigos que não se ativerem a estas normas serão devolvidos a seus autores que poderão reenviá-los, desde que efetuadas as modificações neces-sárias.

8 Dos Direitos Autorais: Não haverá pagamento a título de direitos autorais ou qual-quer outra remuneração em espécie pela publicação de trabalhos na Revista.

9 Do termo de autorização: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publica-ção, de acordo com a Lei 9610/98, o autor de artigos submetidos na revista devem encaminhar o termo de autorização para publicação devidamente assinado (modelo disponível no final deste documento), juntamente com o artigo a ser publicado, para o Editor da revista. Tal documento autoriza a Revista a disponibilizar gratuitamente, sem ressarcimento dos direitos autorais, o artigo submetido para fins de leitura, im-pressão e/ou download pela Internet, a título de divulgação da produção científica gerada pela Revista e pela Universidade.

10 Da apreciação dos textos: Os artigos enviados aos Editores da Revista serão sub-metidos à apreciação do Conselho de Consultores, a quem cabe o parecer recomen-dando ou não a publicação. Os artigos não aceitos para publicação serão devolvidos aos respectivos autores.

11 Do Processo de Avaliação: Os textos são avaliados em duas etapas, segundo os critérios de originalidade, relevância do tema, consistência teórica/metodológica e contribuição para o conhecimento na área.

1 – Realização de uma análise prévia pelo editor da revista para verificar se o texto se enquadra dentro das linhas editoriais da mesma.

2 – Envio do texto para, no mínimo, dois avaliadores que, utilizando o sistema blind review, procederão à análise. Depois de aprovado, o texto passará por aconselhamento editorial, normalização, revisão ortográfica e gramatical.

12 Do Endereço da Revista: Os trabalhos poderão ser enviados por meio do Repositó-rio Científico, no endereço eletrônico: http://repositorio.unp.br

13 Da disponibilização dos artigos científicos no repositório institucional da univer-sidade potiguar: Os artigos selecionados e publicados na Revista serão disponibiliza-dos no Repositório Científico da Universidade Potiguar e no Web Site da Instituição, dando acesso à produção da informação publicada pelos pesquisadores aos membros da comunidade acadêmica interna e externa para a gestão e disseminação da sua produção técnico-científica em meio digital.

Os autores dos artigos aprovados para publicação concedem a todos os usuários do Repositório Institucional o acesso livre a seu artigo para permitir a cópia, uso, distri-buição, transmissão e exibição pública, e ainda de reproduzir, pequena quantidade de cópias impressas para uso pessoal e/ou com fins acadêmicos, e distribuir em qualquer meio, desde que citada a fonte.

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Condições para submissão

Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformi-dade da submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos autores.

1. A contribuição é original e inédita, e não está sendo avaliada para publicação por outra revista; caso contrário, deve-se justificar em “Comentários ao editor”.

2. O arquivo da submissão está em formato Microsoft Word, OpenOffice ou RTF.3. O texto segue os padrões de estilo, requisitos bibliográficos e normalização

ABNT descritos em Diretrizes para Autores, na página Sobre a Revista.4. O texto acompanha título, resumo e palavras-chave em português e inglês ou

português e espanhol.5. Todos os autores relacionados no texto participaram do trabalho, responsabili-

zam-se publicamente por ele e revisaram a forma final do trabalho, aprovando e autorizando a publicação na Revista Tecnologia & Informação.

6. Não há no corpo do arquivo que irei submeter qualquer identificação de autor e co-autores como nome, e-mail e instituição de ensino.

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