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10 1 INTRODUÇÃO Karakushansky (2001) afirma que a Síndrome de Down (SD) é uma doença genética, descrita antigamente como “mongolismo” e que apresenta 47 cromossomos ao invés de 46 em seu cariótipo, chamada também de trissomia do par 21. Apresentam características físicas específicas e alterações como hipotonia, baixa estatura, baixo peso, dificuldade respiratória dentre outras. As doenças de natureza genética como a Síndrome de Down são aquelas oriundas de distúrbios autossômicos recessivos, onde há uma falha na codificação para a síntese de determinadas enzimas varredora de radicais livres. Otto e colaboradores (2004) afirmam que, bioquimicamente possuem níveis elevados de purinas, aumento de ácido úrico no soro e da fosfatase alcalina e das enzimas glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) nas hemácias e superóxido desmutase (SOD), uma enzima antioxidante, no soro. O gene que codifica a enzima Sod está localizado na sub-banda q.21.1. Níveis alterados dessa enzima muito provavelmente contribuem para o retardo mental e para a aceleração da taxa de envelhecimento dos afetados pela Síndrome de Down. A cópia extra do gene da Sod, na trissomia do par 21, aumenta significativamente sua atividade antioxidante, transformando o superóxido (O 2 ¯ ) em peróxido de hidrogênio (H 2 O 2 ). Este por sua vez, sofre influência de outras enzimas antioxidantes como a CAT (Catalase) e GPx (glutationa-peroxidase) para tornar-se cada vez menos reativo.Porém, a aceleração de formação do radical H 2 O 2 favorece a formação de radicais hidróxicos, considerados oxidantes potentes, e radicais livres, contribuindo dessa forma para o aumento do estresse oxidativo em indivíduos com SD propiciando-lhes inúmeras alterações como retardo mental e atraso no desenvolvimento motor. Apesar dos efeitos benéficos da atividade física serem bem reconhecidos, está revisto atualmente na literatura o potencial para possíveis efeitos negativos. Esse potencial baseia-se no argumento de que o metabolismo aeróbico elevado que vigora no exercício eleva a produção de radicais livres. Isso poderia superar possivelmente as defesas naturais do organismo e representar um risco para a saúde em virtude de um maior nível de estresse oxidativo. (MCARDLE, 1998).

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1 INTRODUÇÃO

Karakushansky (2001) afirma que a Síndrome de Down (SD) é uma doença

genética, descrita antigamente como “mongolismo” e que apresenta 47 cromossomos ao invés

de 46 em seu cariótipo, chamada também de trissomia do par 21.

Apresentam características físicas específicas e alterações como hipotonia, baixa

estatura, baixo peso, dificuldade respiratória dentre outras.

As doenças de natureza genética como a Síndrome de Down são aquelas oriundas

de distúrbios autossômicos recessivos, onde há uma falha na codificação para a síntese de

determinadas enzimas varredora de radicais livres.

Otto e colaboradores (2004) afirmam que, bioquimicamente possuem níveis

elevados de purinas, aumento de ácido úrico no soro e da fosfatase alcalina e das enzimas

glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) nas hemácias e superóxido desmutase (SOD), uma

enzima antioxidante, no soro. O gene que codifica a enzima Sod está localizado na sub-banda

q.21.1. Níveis alterados dessa enzima muito provavelmente contribuem para o retardo mental

e para a aceleração da taxa de envelhecimento dos afetados pela Síndrome de Down.

A cópia extra do gene da Sod, na trissomia do par 21, aumenta significativamente

sua atividade antioxidante, transformando o superóxido (O2¯ ) em peróxido de hidrogênio

(H2O2). Este por sua vez, sofre influência de outras enzimas antioxidantes como a CAT

(Catalase) e GPx (glutationa-peroxidase) para tornar-se cada vez menos reativo.Porém, a

aceleração de formação do radical H2O2 favorece a formação de radicais hidróxicos,

considerados oxidantes potentes, e radicais livres, contribuindo dessa forma para o aumento

do estresse oxidativo em indivíduos com SD propiciando-lhes inúmeras alterações como

retardo mental e atraso no desenvolvimento motor.

Apesar dos efeitos benéficos da atividade física serem bem reconhecidos, está revisto atualmente na literatura o potencial para possíveis efeitos negativos. Esse potencial baseia-se no argumento de que o metabolismo aeróbico elevado que vigora no exercício eleva a produção de radicais livres. Isso poderia superar possivelmente as defesas naturais do organismo e representar um risco para a saúde em virtude de um maior nível de estresse oxidativo. (MCARDLE, 1998).

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Durante todo o processo de produção de ATP, o oxigênio serve como fonte para o

aparecimento das chamadas EROs (espécies reativas de oxigênio), que possuem meia-vida

extremamente curta, porém causadora de muitos danos, seja a nível celular ou em nível de

DNA. (SALVADOR; HENRIQUES, 2004)

Porém, Albuquerque e Aguiar (2006), afirmam que o exercício age na modulação

dos sistemas antioxidantes intracelulares, aumentando sua capacidade de remover EROs,

reduzindo a incidência de determinadas doenças e interferindo também no desempenho

cognitivo promovendo a função cerebral.

A partir das afirmações acima pode-se dizer que os resultados do treinamento

físico no tecido cerebral são muito controversos. A inserção da prática de exercícios físicos

em indivíduos portadores de SD irá alterar os valores das enzimas antioxidantes plasmáticas

CAT e GPx ?

Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo geral analisar as respostas das

enzimas antioxidantes plasmáticas em pacientes portadores de Síndrome de Down quando

submetidos ao exercício físico e objetivos específicos analisar se há alterações na atividade da

CAT, e analisar se há alterações na atividade GPx (Glutationa Peroxidase).

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2 CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DE SÍNDROME DE DOWN E EXERCICIO

FISICO

2.1 SINDROME DE DOWN

2.1.1 Histórico

Segundo Carakushansky (2001), a SD é uma entidade clinica individualizada,

estudada e reconhecida pelo médico inglês John Landgon Down, que denominou as pessoas

com esta anomalia a princípio como ”mongolóides” pela semelhança de traços físicos com as

pessoas que habitavam a Mongólia. Finalmente na década de 60 o termo discriminativo foi

substituído por “Síndrome de Down”.

Em 1959 foi descoberto que a causa da Síndrome era a presença de um cromossomo 21 adicional, caracterizando a trissomia autossômica. É a aneuploidia mais comum entre os nativivos da faixa etária pediátrica e que apresentam comprometimento intelectual em 100% dos casos. (CARAKUSHANSKY, 2001).

2.1.2 Incidência

Carakushansky (2001) afirma que o risco de ocorrência situa-se de 1 para 700

nascimentos vivos, em todas as etnias, existindo discreta preponderância para o sexo

masculino. Acredita-se que apenas 20% dos fetos nascem vivos. O autor completa dizendo

que, no Brasil, estima-se que nasçam 8.000 bebes portadores de Síndrome de Down

anualmente.

Segundo Otto e colaboradores (1998), a incidência da SD aumenta com a idade

materna, mas não com a paterna. A trissomia resulta, na maioria das vezes, de uma não-

disjunção ocorrida durante a meiose, ao se formarem as células reprodutoras e os

cromossomos da mulher estariam mais sujeitos à não-disjunção.

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O risco de recorrência para pais de uma criança com SD ter um filho subseqüente

com essa alteração aumenta em 1% as chances em relação aos pais que nunca passaram por

essa experiência.

2.1.3 Etiopatogenia

Otto e colaboradores (2004) mencionam que a causa básica da SD é a presença de

genes em excesso no cromossomo 21. As características descendem apenas da duplicação do

terço inferior do braço longo, especificamente a região 21q 22.3 desse cromossomo, que é

curiosamente o menor autossomo dos seres humanos.

Para Carakushansky (2001) a maioria das pessoas com SD (95%) possui um

cromossomo 21 inteiro adicional em todas as células, chamado trissomia “livre” do 21.A

trissomia é resultante da não-disjunção (falha na segregação) de um par de cromossomos 21

durante a formação do óvulo e espermatozóide no período pré-concepcional. A origem do

cromossomo adicional ocorre em 95% de origem materna. O autor ainda discute que, o único

fator ambiental reconhecido e comprovado como predisponente a SD é a idade materna,

aumentando consideravelmente o risco para as mulheres com idade acima de 40 anos.

2.1.4 Tipos de SD

De acordo com Otto e colaboradores (2004), há três tipos de SD.

A-Trissomia simples: encontrada em aproximadamente 95% dos casos de SD, o

cariótipo apresenta 21 cromossomos livres.

B- Translocação: ocorre em 3% dos afetados, é quando um dos três cromossomos

21 está ligado a outro cromossomo como resultado de uma fusão cêntrica.

C-Mosaico: com incidência de apenas 2% dos casos, ocorre num mesmo indivíduo

duas linhagens celulares, uma normal e outra trissomica quanto ao cromossomo 21.

2.1.5 Quadro Clínico

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Para Carakushansky (2001) nem todos os pacientes apresentam todas as

características esperadas para a Síndrome. Porém todos irão apresentar alguma deficiência

intelectual.

Segundo Otto e colaboradores (2004), os pacientes são suscetíveis a infecções das

vias respiratórias.

2.1.6 Principais Características

Segundo Otto e colaboradores (2004, p. 116) as principais características de

pessoas com SD são:

Face: a criança costuma apresentar a face arredondada e achatada.

Olhos: exibem uma inclinação discreta para cima.

Orelhas: apresentam uma hélice superior dobrada ou com angulação anormal, com

o lóbulo da orelha quase sempre ausente. Para Carakushansky (2001), este é o sinal clinico de

maior importância para o diagnóstico do mongolismo em recém-nascidos e lactentes.

Nariz: pequeno e ponte nasal baixa.

Crânio: o perímetro cefálico costuma ser menor comparado as de crianças normais

da mesma faixa etária. Ocorre fechamento tardio das fontanelas.

Pescoço: aparenta ser curto e alargado nas crianças maiores.

Mãos: cerca de 45% das pessoas com a Síndrome apresentam a chamada prega

simiesca, caracterizada por uma única prega transversa na palma da mão.

Pés: costuma haver uma maior separação do hálux e o segundo dedo do pé,

chamado de sinal da sandália.

Tônus muscular: a maior característica e freqüência na SD é a hipotonia que

acomete todos os grupos musculares dessas crianças. É também a maior responsável pela

tendência em manter a boca aberta e língua protusa e gera uma hiperflexibilidade das

articulações, provocando instabilidade ligamentar e podendo causar luxações.A instabilidade

atlanto-axial (deslocamento da 1° vértebra sobre a 2°), encontra-se em aproximadamente em

14% dos indivíduos portadores da SD e pode aparecer sintomatologia quando a medula

espinhal sofre compressões.Antes de praticar algum esporte violento, as crianças devem ser

submetidas a radiografia da coluna cervical.

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2.1.7 Desenvolvimento

Segundo Carakushasky (2001), o desenvolvimento de indivíduos com SD é:

Desenvolvimento Somático: geralmente apresentam peso e comprimento abaixo

da média ao nascer e por isso resultam em menor estatura quando se desenvolvem. A altura se

situa aproximadamente de 1,45 a 1,68m em homens e 1,32 a 1,55 em mulheres.

Desenvolvimento Mental: é a conseqüência mais constante e deletéria da SD, e

todos os pacientes apresentam distúrbios cognitivos. A maioria das criança e adultos

apresentam retardo mental intelectual leve ou moderado, podendo dessa forma ter uma vida

independente , com pequena supervisão.

O nível leve corresponderia a um QI que varia de 50 e 70. Já o comprometimento

moderado corresponde a um QI entre 35 e 50, onde os adultos necessitarão de ajuda para gerir

suas finanças, atividades do dia a dia como fazer compras e cozinhar. Felizmente somente a

memória alcança um comprometimento grave ou profundo correspondendo a um QI menor

que 20.

Estudos realizados comprovaram que as pessoas que apresentam SD do tipo

mosaicismo (mistura de células trissonômicas e normais), onde a não-disjunção ocorre após a

concepção (mitose), têm prognóstico e evolução melhores do que as pessoas com SD típico.

2.1.8 Complicações Clínicas

Segundo Otto e colaboradores (2004), as complicações clínicas mais comuns são:

Alterações cardiovasculares:

Cerca de 40 a 50% dos pacientes apresentam cardiopatias congênitas. As

alterações mais comuns são defeitos do septo átrio-ventricular, comunicação interventricular

(CIV), comunicação interatrial (CIA) e persistência do canal arterial (PCA).

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2.1.9 Prognóstico

Para Otto e colaboradores (2004) habitualmente, as crianças com SD possuem uma

boa perspectiva de vida, tanto no aspecto quantitativo de tempo de vida quanto a melhor

qualidade de vida do que a 30 anos atrás. Atualmente, mais de 80% dos portadores da SD

sobrevivem até a idade dos 30 anos, e 13,5% até os 60 anos, devido aos notáveis progressos

tecnológicos e cuidados médicos oferecidos a essa população.

2.1.10 Tratamento

Karakushansky (2001) diz que o pediatra deverá sempre incentivar a amamentação

da criança ao seio materno, dando oportunidade para o contato precoce mãe-filho.

A estimulação precoce (sensorial, auditiva, motora) derivada da fisioterapia, tem

se mostrado benéfica no sentido de acelerar as etapas do desenvolvimento neuropsicomotor

da criança.

Otto e colaboradores (2004) salientam que a criança se diferencia das outras na

velocidade de desenvolvimento infantil e em limitação no nível de aprendizagem que atinge e

deve ser educada como qualquer outra criança, apenas com mais paciência e carinho e na

atividade escolar deve ser levada até onde o regime de ensino especial for capaz de conduzi-

la.

2.2. ESTRESSE OXIDATIVO

O oxigênio constitui tanto um benefício quanto uma ameaça aos organismos vivos

e aqueles que se capacitam a usufruir de seus benefícios tiveram, por necessidade, de

desenvolver uma série de defesas contra seus perigos (FRIDOVICH, 1977 apud

SALVADOR; HENRIQUES, 2004).

Um Radical Livre (RL) é uma estrutura química que possui um elétron

desemparelhado, ou seja, ocupa um orbital sozinho. Isso o torna muito instável e

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extraordinariamente reativo para combinar-se com diversas moléculas da estrutura celular

(HALLIWELL; GUTTERIDGE apud SALVADOR; HENRIQUES, 2004).

A produção de radicais livres, em condições patológicas, pode aumentar substancialmente. O estresse oxidativo pode resultar de uma situação em que há diminuição nos níveis das enzimas antioxidantes, uma elevada velocidade de produção de ERO ou uma combinação de ambas condições. (PAWLAK 1998, apud SALVADOR ; HENRIQUES, 2004)

Os RL em geral são formados por absorção de radiação, por reação redox e por

processos de catálise enzimática (SLATER, 1984 apud SALVADOR; HENRIQUES, 2004).

No entanto, o processo de transferência de elétrons, ou a absorção de energia, pode

levar o oxigênio a gerar as Espécies Reativas de Oxigênio (radicais livres e não radicais

derivados de O2¯ capazes de gerar RL como o peróxido de hidrogênio e o ácido hipocloroso).

(HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2000 apud SALVADOR; HENRIQUES, 2004)

2.2.1 Principais fontes endógenas de radicais livres

Mitocôndrias: o metabolismo em mamíferos reduz o oxigênio molecular através de

quatro elétrons, ocorrendo esse processo com 95 a 98% do oxigênio consumido pelos tecidos

(PROFERT, 2003 apud SALVADOR ; HENRIQUES, 2004, p. 21)

Peroxissomos: contém alta concentração de catalase, que converte o H2O2 em H2O

e O2¯ , e caso o H2O2 não seja dismutado pelo sistema peroxissomal, haverá dano celular

(PERON, 2001 apud SALVADOR; HENRIQUES, 2004, p. 23).

2.2.2 Principais fontes exógenas de radicais livres

Radiação: a radiação UVA tem papel importante na toxicidade e carcinogênese da

pele e atua por um mecanismo que envolve diretamente a produção de oxigênio.A principal

causa do dano causado pela radiação UV tem como agente patológico a produção de radicais

livres que prejudicam os sistemas de defesa enzimáticos e não enzimáticos (ROHDES et al.,

1994 apud SALVADOR; HENRIQUES, 2004).

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Cigarro: a fumaça do cigarro contém aproximadamente 4.000 compostos. Cada

tragada produz 10/14 EROs (SU et al, 1998 apud SALVADOR e HENRIQUES, 2004).

Paraquat: os danos causados pelo herbicida Paraquat depende da concentração de

O2¯ no sistema. A alta taxa de O2¯ favorece a formação da Superoxido e a habilidade do

paraquat em causar peroxidaçao lipídica e dano ao DNA é potencializada pela adição de sais

de ferro (HALLIWELL; GUTTERIDGE apud SALVADOR; HENRIQUES, 2004, p. 25).

Paracetamol: é um analgésico comumente prescrito detoxificado no fígado.

Quando altas doses do analgésico são ingeridas, os metabólicos tóxicos acumulam-se na

célula. A hepatotoxidade pode ser reduzida pela administração de antioxidantes (COTRAN

2000 apud SALVADOR; HENRIQUES, 2004, p. 26).

2.2.3 Defesa antioxidante

O sistema antioxidante é constituído por diversas enzimas e elementos

antioxidativos não enzimáticos, os quais possuem atividades e concentrações diferentes e

estão presentes nos diferentes compartimentos subcelulares (SCHNEIDER e OLIVEIRA,

2004 apud SALVADOR; HENRIQUES, 2004).

2.2.3.1 Antioxidantes Enzimático

O estresse oxidativo tem seus danos minimizados pelo sistema de defesa

antioxidante não enzimático ou sistema de defesa antioxiante enzimático, representado

principalmente pelas enzimas : superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), glutationa-

peroxidase (GPx) e glutationa-redutase (GR) (BONNEFOY et al, 2002 apud SALVADOR;

HENRIQUES, 2004).

A detoxificacao das espécies reativas do oxigênio (EROs) envolve um mecanismo

de elevada sincronia e que atua de forma altamente cooperativa.A regulação do sistema de

defesa antioxidante enzimático depende principalmente de seu substrato(radicais livres e

EROs), da produção de co-substratos e da afinidade, seletividade e especificidade por esse

substrato (SIES, 2000 apud SALVADOR; HENRIQUES, 2004).

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2.2.3.2 Superóxido Desmutase (SOD)

Descoberta em 1969, as SOD são taloenzimas abundantes em células aeróbias e

das mais importantes enzimas antioxidantes.Cabe a elas a dismutacão do radical superóxido a

peróxido de hidrogênio, que é menos reativo e pode ser degradado por outras enzimas , como

catalase e glutationa peroxidase.possui um poder de degradação de aproximadamente 2x109.

M-1x s-1. Segundo Ordonez et. al (2005),o gene da Sod encontra-se no cromossomo 21.

Segundo Javier e demais (2005), o gene da Sod encontra-se no cromossomo 21.

O papel benéfico e protetor da Sod vem sendo demonstrado numa variedade de

patologias tanto clínicas quanto pré-clinicas. Pode ser gerada também através de síntese

recombinante, podendo ser administrada na forma natural (MAXWELL, 1995 apud

SALVADOR; HENRIQUES, 2004).

Indivíduos com Síndrome de Down apresentam níveis aumentados da enzima Sod.

A-Reação de dismutacão pela SOD:

2 O2¯ 2H→ H2O2 + O2

A seguir serão listados os quatro tipos de SOD bioquímica e molecularmente

caracterizados:

• Sod 1ou SodCuZn

Foi a primeira enzima a ser caracterizada, possui cobre e zinco na sua composição

e que se encontra quase que exclusivamente no espaço citoplasmático intracelular (ZELKO et

al, 2002; FRIDOVICH, 1998 apud SALVADOR E HENRIQUES, 2004).

O uso de orgoteína (SodCuZn bovina) apresentou resultados promissores no

tratamento de artrite reumatóide e osteoartrite, bem como na diminuição dos efeitos colaterais

associados ã quimioterapia e radioterapia (NIWA et al. 1985 apud SALVADOR E

HENRIQUES, 2004). As principais limitações desses produtos são o seu grande tamanho, que

limita a permeabilidade celular (SILMONSON et al., 1997 apud SALVADOR E

HENRIQUES , 2004).

• Sod 2 ou SodMn

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Contém Manganês em seu sitio ativo e podem ser encontrada em bactérias, plantas

e animais. Na maioria dos tecidos animais e leveduras são encontrados na mitocôndria

(FRIDOVICH, 1998 apud SALVADOR E HENRIQUES, 2004 ).

• Sod 3 ou ECSod

É a mais recente Sod caracterizada.Contém cobre e zinco em sua composição.A

grande quantidade de ECSod na córnea e na esclerótica pode estar relacionada a produção

fotoquímica de superóxido nesses tecidos (ZELKO et al, 2002 apud SALVADOR E

HENRIQUES, 2004).

• SodFe

Contém Ferro em sua composição e é encontrada em bactérias, algas e vegetais

superiores.Normalmente apresenta um ou dois íons de ferro por molécula de enzimas

(HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2000 apud SALVADOR; HENRIQUES, 2004).

2.2.3.3 Catalase (CAT)

A enzima CAT é uma ferrihemoglobina cuja função principal é dismutar peróxido

de hidrogênio formando água e oxigênio molecular na presença de NADPH para que ative os

tetrâmeros da enzima. (FRIDOVICH, 1998 apud SALVADOR ; HENRIQUES, 2004). A

principal fonte de NADPH é a reação catalizada pela enzima G6PD. (URSINI, et al. 1997

apud SALVADOR; HENRIQUES, 2004).O gene que codifica a catalase humana está no

cromossomo 11 (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2000 apud SALVADOR; HENRIQUES,

2004).

A atividade da catalase em animais e plantas encontra-se em organelas

subcelulares unidas por uma membrana conhecida por peroxissomas que sofrem ruptura

durante a homogeinizacão. A maioria das células eucariotas contém CAT. Em células

eucariotas, duas catalases codificadas foram encontradas. Em animais, a CAT está presente

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em todos os órgãos principais do corpo, principalmente no fígado.O resultado da mutação do

cromossomo 11 é a anirida que leva ao decréscimo da atividade da catalase , aumentando a

incidência de retardo mental e de um tipo de câncer conhecido como tumor de Wilm’s.

(HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2000 apud SALVADOR; HENRIQUES, 2004).

B-Reação de dismutacão pela enzima Catalase:

2 H2O2 → 2 H2O + O2

2.2.3.4 Glutationa-Peroxidase (GPx).

As peroxidases são enzimas que utilizam uma variedade de redutores celulares

para inativar peróxidos (FRIDOVICH, 1998 apud SALVADOR ; HENRIQUES, 2004).

Agem sobre o H2O2 e também neutralizam peróxidos orgânicos.Na mitocôndria de mamíferos

apresentam a principal defesa contra H2O2 porque de maneira geral essas organelas não

apresentam CAT. (SIES, 1993;FERNANDEZ-CHECA, 1998 apud SALVADOR ;

HENRIQUES, 2004).

Segundo Fridovich (1998 apud SALVADOR & HENRIQUES, 2004), a enzima

G6PD é a que mantém os níveis de NADPH para a redução da glutationa oxidada.

Estima-se que aproximadamente 400 milhões de pessoas tenham deficiência em

G6PD, sendo esta a deficiência enzimática mais comum em humanos (VOET, 2000 apud

SALVADOR ; HENRIQUES, 2004).

Os eritrócitos de indivíduos que possuem deficiência de G6PD são particularmente

sensíveis às lesões oxidativas. A GPx, em associação com outras enzimas, previne a interação

do O2¯ , H2O2 e íons metálicos que levariam a formação do altamente destrutivo OH¯ .A

atividade da GPx pode ser promovida pela suplementação dietética com selênio

(MAXWELL, 1995 apud SALVADOR; HENRIQUES, 2004).

C-Reações de dismutacão pela enzima GPx:

1- H2O2 +2GSH=GSSH + 2 H2O

2-GSSG + NADPH + H+= 2GSH + NADPH.

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2.3 ATIVIDADE FÍSICA

2.3.1 Definição

MCardle e outros (1985) afirmam que a atividade física é qualquer movimento

corporal produzido por músculos e que resulta em maior dispêndio de energia.

Segundo os mesmos autores, a atividade física insuficiente é responsável por cerca

de 30 % de todas as mortes devidas as cardiopatias, câncer de cólon e diabetes.

2.3.2 Exercício físico

2.3.2.1 Definição

Segundo McArdle (1985) o exercício é a atividade física planejada, estruturada,

repetitiva e proposital.

Powers e Howley (2000) afirmam que a questão da dose adequada para a obtenção

de um efeito desejado é crucial na prescrição do exercício tanto para prevenção quanto para a

reabilitação. Além disso, a freqüência com a qual o exercício deve ser realizado para obter o

efeito desejado varia com a intensidade e a duração da sessão.

Para McArdle (1985), átomos de hidrogênio são arrancados continuamente dos

substratos glicídios, lipídicos e protéicos. Após isso, moléculas carreadoras dentro das

mitocôndrias removem os elétrons desses átomos de hidrogênio e os transferem para o

oxigênio, que aceita um hidrogênio para formar água. Grande parte da energia gerada na

oxidação celular é aprisionada ou conservada como energia química na forma de ATP.

Segundo o mesmo autor, a energia presente nos alimentos não é transferida

diretamente às células para a realização do trabalho biológico. Em vez disso, essa energia é

“estocada” dentro da molécula de ATP para ser usada durante todos os processos da célula

que necessitam de energia.

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Nieman (1999) afirma que 30 minutos ou mais quase diariamente, parece ser um

nível básico que pode levar á melhorias na saúde e na prevenção de doenças. Para assegurar o

sucesso a longo prazo, é necessário incluir a atividade física na rotina diária e ser criativo,

achando varias maneiras de se manter ativo.

O resultado do exercício físico é o aumento do oxigênio liberado para os

músculos , permitindo que eles queimem mais combustível e produzam mais energia para o

exercício. Os indivíduos treinados apresentam aumento em cada área, como pulmões,

coração, e vasos sanguíneos, e músculos.

Segundo Powers e Howley (2005), a quantidade de radicais livres produzidos

durante o exercício está diretamente relacionada com a velocidade do metabolismo aeróbico.

Portanto, os radicais livres são formados em maior quantidade durante o exercício de alta

intensidade ou prolongado.

2.3.2.2 Judô

Pode ser traduzido, o termo Judô, por “Caminho da Suavidade”, mas pode também

ser entendido como a arte de desequilibrar o adversário, fazendo voltar contra ele a sua

própria força (CATALANO, apud ARAUJO 1999). De acordo com Baptista (1999 apud

ARAUJO, 1999), ao iniciar a prática do judô deve-se aprender o significado de algumas

palavras, tais como: judô - caminho suave, tatami – piso para o judô, judogui – vestimenta

específica, rei – saudação, mate – parar, dojô – sala de treino.

Para Araújo (1999) um golpe de Judô pode ser estudado em três fases: Kuzushi

(desequilíbrio), Tsukuri (composição ou encaixe) e Kakê (finalização ou arremesso). Os dois

primeiros movimentos devem ser realizados de maneira suave e rápida, a fim de não despertar

a atenção do adversário. É preciso uma concentração constante e muito equilíbrio físico, a

finalização deve ser realizada com bastante energia.

Considerando esse contexto, Merino (1996) em relação a criança afirma que o

judô deve ser um veículo de desenvolvimento de seus múltiplos aspectos, não se restringindo

apenas à perfomance em competições. Além disso, deve estimular a participação e expressão

das crianças no sentido da promoção de sua qualidade de vida, podendo ser uma prática.

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Segundo Janicot e Pouillart (1999), o Judô é uma atividade que se pode praticar

de muitas maneiras, que nos da muito prazer, jovens ou menos jovens, campeões ou

iniciados. Os judocas sentem-se felizes quando se encontram todos juntos no tapete,

permitindo realizar progressos físicos e mentais.

Com a prática do judô podemos encontrar sempre ocasiões e meios para

desenvolver nossa personalidade, com amigos e graças a eles. Ser judoca pode tornar-se um

estilo de vida.

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3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Marconi e Lakatos (1995) afirmam que o delineamento é a primeira etapa da

pesquisa, onde o pesquisador toma a decisão de realiza-la , no interesse próprio ou de alguém.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

3.1.1 Tipo de pesquisa quanto ao nível

Quanto ao nível, o estudo caracteriza-se como uma pesquisa do tipo explicativa,

onde foi analisada a influência do exercício físico sobre as enzimas antioxidantes de

indivíduos portadores de Síndrome de Down.

Segundo Heerdt e Leonel (2004) a pesquisa explicativa tem como preocupação

fundamental identificar fatores que contribuem ou agem como causa para a ocorrência de

determinados fenômenos. É o tipo de pesquisa que explica as razões ou o porque das coisas.

3.1.2 Tipo de pesquisa quanto a abordagem

De acordo com a abordagem, a pesquisa se classifica como quantitativo.

“Significa quantificar opiniões, dados, nas formas de coleta de informações”

(OLIVEIRA, 2002).

Segundo Oliveira (2002) a pesquisa quantitativa é muito utilizada no

desenvolvimento das pesquisas descritivas, na qual se procura descobrir e classificar a relação

entre variáveis, assim como na investigação da causalidade entre os fenômenos.

3.1.3 Tipo de pesquisa quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados

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O presente estudo caracteriza-se, quanto ao procedimento utilizado na coleta de

dados, como uma pesquisa experimental.

De acordo com Marconi e Lakatos (1995) a pesquisa experimental “[...] têm como

objetivos a aplicação, modificação ou a mudança de algum fenômeno”.

“A pesquisa experimental está interessada em verificar a causalidade que se

estabelece entre as variáveis, isto é, em saber se a variável X(independente) determina a

variável Y(dependente)” (RUDIO, 1999 apud HEERDT;LEONEL, 2004, p. 80).

3.2 POPULAÇÃO/AMOSTRA

3.2.1 População

A população da amostra foi constituída por adultos do sexo masculino,

matriculados na APAE-Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais- dos municípios de

Tubarão e Jaguaruna, com diagnóstico de SD.

3.2.2 Amostra

A amostra do estudo constituiu-se de 16 participantes, com idade de 26,8±2,9

anos, com IMC de 30± 1,8 Kg/m², divididos em 2 grupos: G 1:Grupo Controle (fisicamente

inativos) e G 2:Grupo Experimental (praticante de Judô). Cada grupo com 8 participantes.

3.3 PROTOCOLO DE TREINAMENTO

O treinamento para os participantes foi realizado através do projeto “Judô

Adaptado do Curso de Fisioterapia e da Gerência de Esportes da Unisul”, desenvolvido na

APAE de Tubarão no período de abril a junho de 2006. Foram realizados treinos com

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freqüência de duas vezes semanais e duração de 50 minutos, com a supervisão dos

acadêmicos de Educação Física e integrantes da equipe de Judô da Unisul.O treinamento

realizado constituía primeiramente da saudação, seguida de aquecimento sob a forma de

corrida durante 15 minutos, alongamentos, exercícios de quedas, exercícios no solo e

simulação de luta (Handori).Ao final realizava-se um desaquecimento com relaxamento e a

saudação final. A seguir está listada as técnicas usadas nos treinos, segundo Baptista ( 2003,

pg 54):

• O-Soto-Gari: indicada para ser o primeiro golpe a ser ensinado. Técnica rasteira pra

derrubar o adversário.

• O-Goshi: entrada de golpe na posição de pé, e com as pernas semi flexionadas e quadril

no centro de gravidade do adversário, segue-se a extensão dos joelhos e rotação e flexão

do tronco, puxando o oponente para sua frente.

• Koshi-Guruma: semelhante ao O-Goshi, porém com uma das mãos por cima do ombro

do adversário.

3.4 INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA COLETA DE DADOS

Os instrumentos utilizados na coleta de dados foram: agulhas descartáveis,

seringas descartáveis, lactímetro Accu-Sport®, fitas de análise Boehringer Mannheim®, fita

adesiva, tubos de ensaio, materiais de laboratório e reagentes químicos,

3.5 PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NA COLETA DE DADOS

A intensidade do exercício foi verificada pelo nível de lactato sanguíneo dos

participantes, através do lactímero Accu-Sport® e fitas de análise Boehringer Mannheim®

durante a realização do treino de Judô.

Amostras de Sangue venoso foram obtidas dos participantes do G 1 e G 2 em

jejum, sendo 6 ml de sangue sem anticoagulante. As alíquotas de soro foram obtidas após a

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centrifugação do sangue sem anticoagulante a 1.500g e 4°C durante 10 minutos.Todas as

alíquotas foram armazenadas a -80°C até o momento das análises.

• Atividade da Catalase (CAT)

A atividade da CAT foi determinada pela queda na absorbância (240nm) correspondente

ao consumo peróxido de hidrogênio, conforme previamente descrito por Aebi (1984).

• Atividade da Glutationa Peroxidase (GPx)

A GPx catalisa a redução de H2O2, bem como de outros lipoperóxidos, utilizando a

GSH como co-substrato para esta reação e produzindo GSSG. A GSSG é reduzida pela

glutationa redutase com o consumo de NADPH, que pode ser acompanhado

espectrofotometricamente em 340 ηm (FLOHÉ e GÜNZLER, 1984).

• Determinação de Proteínas

A concentração de proteínas foi estimada com a albumina sérica bovina (BSA)

como padrão (Lowry et al, 1951).

3.6 CÁLCULO DE TAMANHO DA AMOSTRA

O tamanho da amostra para cada grupo é de 7, 6, onde encontramos valores

médios da SOD-1 de 3.245,20 U/g de Hb, e poder de teste de 80%.

3.7 TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Os dados estão descritos em média±erro padrão médio e analisados estatisticamente pela

análise de variância (ANOVA) two-way, seguido pelo teste post hoc Duncan. O nível de

significância estabelecido para o teste estatístico é de p<0,05. Será utilizado o SPSS

(Statistical Package for the Social Sciences) versão 12.0 como pacote estatístico.

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4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

4.1 ATIVIDADE DA GPX

O gráfico 1 apresenta a atividade da enzima Glutationa Peroxidase (GPx) nas

células, observada no grupo down e grupo down + exercício, sendo que a mesma foi de

21,2±3,1 U GPx/mg proteína e de 29,5±2,9 GPx/mg proteína (p> 0,05) respectivamente.

Pode-se assim verificar que os indivíduos com SD fisicamente ativos

apresentaram atividade significativamente ( p> 0,05) maior da enzima GPx nas células do

que os indivíduos com SD que permaneceram inativos, o que nos faz acreditar que há um

aumento da atividade do sistema antioxidante induzida pelo exercício em indivíduos do

grupo down fisicamente ativos.

Gráfico 1: Atividade da GPx diminuída no grupo down e aumentada no grupo down + exercício,

demonstrando um ajuste do sistema antioxidante induzida pelo exercício. *p>0,05, teste post hoc Duncan

Signorini e Signorini (1995) afirmam que, em condições em que o metabolismo

está em estado basal, cerca de 5% do oxigênio consumido durante a atividade física se

transforma em espécies Reativas de Oxigênio. Portanto em momento algum há ausência de

estresse oxidativo pela célula, podendo ele estar apenas dentro dos limites toleráveis ou

superestimulado, como na SD.

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Os indivíduos portadores de SD além de possuírem modificações genéticas

importantes que contribuem para o aumento na formação de radicais livres, apresentam

também deficiência na formação de enzimas protetoras que combatem as EROs formadoras

desses radicais livres.

Para Signorini e Signorini (1995), todos os condicionamentos advindos do

treinamento configuram resposta adaptativa ao estresse, aumentando dessa maneira o número

de enzimas antioxidantes plasmáticas. Os níveis teciduais de tais enzimas, acham-se

nitidamente modificados no organismo treinado , como conseqüência de uma adaptação

funcional da célula.

De acordo com nossa pesquisa a prática de exercícios físicos regulares também

aumenta as defesas antioxidantes no organismo como resposta de um ajuste ao estresse.

Segundo Salvador e Henriques (2004), a enzima G6PD é que mantém os níveis de

NADPH para a redução da GPx quando está oxidada, portanto, indivíduos que possuem

deficiência em G6PD são particularmente sensíveis á lesões oxidativas. Javier e Rosely

(2005), aplicou um programa de exercícios moderados, com freqüência de 3 vezes semanais

em 31 adolescentes com SD e comprovou que há aumento da enzima G6PD nesse grupo de

indivíduos. Os resultados encontrados foram de 12.3±1.2 U G6PD/g Hb antes da prática de

exercício, contra 14.2±1.0 U G6PD/g Hb após prática de exercício físico.

Em um estudo mais recente em 2006, os mesmos autores aplicaram um programa

de exercício de duração de 12 semanas, de intensidade moderada, com frequência de 3 dias

semanais, em 31 indivíduos portadores de SD. Encontrou-se valores de 24.8± 3,1 U GPx/g

hemoglobina nos indivíduos antes da prática do exercício físico e 29,3 ±2,9 U GPx/g

hemoglobina após o incremento do exercício. Os resultados demonstraram aumento

significativo da atividade da enzima GPx após a prática do exercício físico, colaborando

assim para a redução do estresse oxidativo nesse grupo de indivíduos.

Grande parte dos estudos sobre a comparação da atividade de tais enzimas após

treinamento físico, conferem com os resultados encontrados em nosso trabalho, em que a

prática de atividade física aumenta as defesas antioxidantes da célula de pacientes com SD.

4.2 ATIVIDADE DA CAT

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O gráfico 2 apresenta a atividade da enzima Catalase (CAT) nas células,

observada no grupo down e grupo down + exercício, sendo que a mesma foi de 13,1± 4,1 U

CAT/mg proteína e de 16,1 ± 3,6 U CAT/mg proteína( p> 0,05) respectivamente.

Pode-se assim verificar que os indivíduos com SD fisicamente ativos

apresentaram atividade significativamente (p>0,05) maior da CAT nas células do que os

indivíduos com SD inativos, o que nos faz acreditar haver uma adaptação do sistema

antioxidante induzida pelo exercício em indivíduos do grupo down fisicamente ativos.

Gráfico 2: Atividade da CAT diminuída no grupo down e aumentada no grupo down + exercício,

demonstrando uma adaptação do sistema antioxidante induzida pelo exercício. *p>0,05, pelo teste post hoc Duncan

Aguiar e Pinho (2007) ressaltam que os benefícios á saúde em geral e na

prevenção de doenças pelo exercício são bem conhecidos. Entretanto, o exercício crônico

também representa uma forma de estresse oxidativo para o organismo e pode alterar o balanço

entre oxidantes e antioxidantes. Dependendo da forma em que o exercício é utilizado, pode

tornar-se aliado ou inimigo do metabolismo em um indivíduo.

Ressaltam Sigonorini e Signorini (1995) que, no exercício físico, seja pelas

próprias condições de maior oxigenação dos tecidos como pelo acúmulo de ácido lático, há

condições bastante favoráveis á geração de radicais livres, e suas ações maléficas podem ser

anuladas de modo indireto através das enzimas antioxidantes naturais. Porém, as modificações

enzimáticas com incremento de atividade física persistem enquanto dura o estímulo que as

causa. Desse modo se estabelece um certo equilíbrio entre ações agressoras e defensoras.

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Ferreira e Matsubara (1997) afirmam que a catalase é uma hemeproteína

citoplasmática que catalisa a redução do H2O2 a H2O e O2. É encontrada no sangue, medula

óssea, mucosas, rim e fígado. Sua atividade é dependente de NADPH e a suplementação de

catalase exógena inibe as lesões oxidativas do DNA.

Além da suplementação exógena, a prática de exercício físico colabora para a

redução na formação de radicais livres através do aumento do número de enzimas

antioxidantes Catalase, que por sua vez reduz ânions superóxidos para formar água e

Oxigênio.

Sabemos que o Down tem aumento da atividade da SOD, onde produz muitas

EROs.O exercício físico aumentou a atividade enzimática da CAT e da GPx, assim, as defesas

enzimáticas antioxidantes pós SOD aumentaram, isso é muito bom, ainda mais quando se

trata de indivíduos com déficits importantes e persistentes.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como objetivo principal analisar os efeitos do exercício físico

sobre a atividade das enzimas antioxidantes Cat e Gpx em indivíduos com Síndrome de

Down, onde:

• A atividade das enzimas Catalase e Glutationa peroxidase modificaram-se no

grupo Down fisicamente ativo, aumentando significativamente seus valores.

Os resultados desse trabalho asseguram que, através da implementação da prática

de exercícios físicos de intensidade moderada, pode-se diminuir o ataque de radicais livres no

organismo, contribuindo assim para minimizar os efeitos deletérios no Sistema Nervoso

Central e atrasos no desenvolvimento motor sofridos em indivíduos portadores de Síndrome

de Down, prevenir e tratar doenças, disfunções, problemas respiratórios e até o

envelhecimento.

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