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Alterações Posturais em Crianças que Praticam Ballet Clássico Entre 8 e 12
Anos de Idade
Larissa Guimarães da Cunha1
Ralph Fernando Rosas2
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi identificar alterações posturais em 24 crianças
praticantes de ballet clássico, entre 8 e 12 anos de idade, matriculadas em uma
academia de ballet clássico de Florianópolis/SC. A pesquisa foi desenvolvida a partir
de uma avaliação postural realizada nas dependências da academia, onde foram
avaliadas 100% das crianças matriculadas que se enquadrassem no perfil da
pesquisa. Para a avaliação foi utilizado um simetrógrafo, uma ficha de avaliação
postural e uma máquina fotográfica. A análise estatística foi feita por tratamentos
estatísticos simples, no programa Microsoft Excell 2000, análise correlativa de
Pearson e as fotos foram utilizadas para fazer a relação entre as alterações
encontradas e posições/movimentos do ballet clássico. As alterações mais
encontradas foram hiperlordose lombar + anteversão pélvica em 18 crianças
correspondendo a 75%, escoliose em 14 crianças com 58%, joelho valgo em 16
crianças, 67%, joelho recurvatum em 10 crianças 62,5%, pé cavo e valgo em 18
crianças, também com 75% e os índices de correlação de Pearson encontrados
foram de + 0.46 entre joelho recurvatum e pé valgo, +0.43 entre pé cavo e escoliose
e +0.43 entre anteversão pélvica e joelho valgo.
ABSTRACT
The objective of this research was that of performing to identify postural changes in
24 children aged 8 and 12 years old doing classes ballet, enrolled at an Academy
dance, in Florianópolis / SC. The research was developed from a postural evaluation
performed at dance academy, where 100% of the children enrolled who matched the
1. Acadêmica do curso de Fisioterapia do 8o semestre do curso de Fisioterapia, trabalho de conclusão e curso apresentado como requisito à obtenção do título de bacharel em Fisioterapia. 2. Professor e Orientador da Pesquisa
research profile were evaluated. A symetrograph, a postural evaluetion file, and a
camera were used for the evaluation. The statistical analyses was made by simple
statistical treatments, run by software Microsoft Excell 2000, Pearsons` corrective
analyses and the photos were used to relate the changes found and the position /
move of the classic ballet. The mostly found change were the lumbar hiperlordosis +
pelvic anteversion in 18 children, 75%, scoliosis in a 14 children, 58%, valgus knee in
16 children, 67%, recurvatum knee in 10 chidren, 62,5%, cavum and valgus foot in
18 children, 75%, and the Pearson’s correlation analyses was that of + 0,46 between
the recurvatum knee and the valgus foot, + 0,43 between the cavum foot and the
scoliosis and +0,43 between the pelvic anteversion and the valgus knee.
INTRODUÇÃO
A criança está em desenvolvimento constante, tanto mental, quanto físico
e social. Quando ela inicia alguma atividade que não é do seu cotidiano, muitas
vezes se dedica ao máximo para mostrar as coreografias/passos aos coleguinhas e
porque a coreógrafa sempre orienta que elas treinem a postura da bailarina em
casa.
Para a criança que está em fase de aprendizado constante é difícil separar
o que é feito dentro das aulas de dança, da sua vida normal, porque lá ela é
estimulada a ficar, andar, executar posições e assim ela tenta transferir para sua
vida cotidiana o que aprendeu. Na maioria das vezes a criança começa a dançar
entre 4-5 anos de idade, quando ainda não possuem uma estrutura osteomuscular
adequada para esta prática. Existem diversas posturas, movimentos, passos na
dança que são completamente o oposto de movimentos ditos normais, como por
exemplo, os pés que sempre estão em rotação externa ou en dehors, e elas
aprendem a andar assim, se posicionar dessa forma, ou a coluna na maioria das
vezes fazendo uma hiperlordose ou cambrée, com ombros para trás, extensão de
membros inferiores, dentre outros.
Por causa disto ela começa a desenvolver alterações em sua postura, uma vez que
somente entre 8-9 anos ela vai estar com uma estrutura física adequada para iniciar
o ballet clássico. Bertoni (1992, p. 71) nesta faixa etária (4-5 anos) a criança não está
socialmente aberta para assimilar regras e experiências de ensino. A idade ideal
para o início do aprendizado do ballet clássico seria entre 8-9 anos.
O objetivo geral desta pesquisa é analisar as principais alterações
posturais em bailarinas em idade escolar. E os objetivos específicos seriam:
observar a alteração nas curvas da coluna das bailarinas que participarão da
pesquisa; identificar as alterações no pés e joelhos das bailarinas que serão
avaliadas; descrever a relações entre as posturas/movimentos adotados no ballet
clássico e alterações posturais;
Métodos e Técnicas
Esta pesquisa foi delimitada em avaliar crianças entre 8 e 12 anos de
idade, do sexo feminino, praticantes de ballet clássico, de uma academia de ballet
clássico em Florianópolis (SC), para identificar a influência do mesmo sobre a
postura corporal bem como as alterações posturais encontradas nelas. Para tal, as
crianças necessitam praticar pelo menos 3 vezes por semana, por uma hora e meia
e dançar há mais de 3 anos.
Esta é uma pesquisa de campo do tipo descritiva
A população se constituiu de 24 bailarinas de ballet clássico, entre 8 e 12
anos de idade, matriculadas na na academia, que se dispuseram a participar da
avaliação postural sob a orientação da professora e com consentimento dos pais.
Para a realização da coleta de dados, foi feito um contato, por telefone
com a direção da academia, para esta conceder a autorização para as avaliações.
Estas foram realizadas na sala de dança, no dia 23 de maio de 2002. Foram
avaliadas 100% das crianças matriculadas, que se enquadrassem no perfil desta
pesquisa. Elas foram avaliadas durante as aulas, aonde uma a uma ia sendo
chamada por ordem alfabética. Antes da avaliação foi explicado às crianças como
esta deveria ser feita, e como ela deveria se comportar durante a avaliação. As
alterações encontradas foram anotadas diretamente na ficha de avaliação postural.
A avaliação foi realizada com a criança em pé, onde esta foi analisada em vista
anterior, posterior e lateral, com um simetrógrafo desenhado na parede. O
examinador estava a 1,5 metros da criança. As crianças estavam usando collant de
ballet, padronizado da academia e descalço. Foi realizado também o teste de
escoliose, onde as crianças eram colocadas de pé, fazendo uma flexão do tronco, e
o examinador ficava atrás das crianças analisando se tinha alguma assimetria no
tronco (presença ou não de gibosidade). As crianças também foram fotografadas
durante a aula de dança para se fazer à correlação entre as posturas e/ou
movimentos do ballet clássico e as alterações encontradas. As fotos foram tiradas
das aulas de dança das mesmas crianças avaliadas.
Para análise e interpretação, Os dados coletados na ficha de avaliação
postural foram analisados através de tratamentos estatísticos simples, pelo
programa Microsoft Excel 2000. Foi utilizado o índice de correlação de Pearson, para
análise das alterações encontradas. As fotografias tiradas das crianças foram
utilizadas para fazer a correlação entre as alterações encontradas e as
posturas/movimentos do ballet.
Análise e Interpretação dos Resultados
As crianças avaliadas estavam matriculadas numa academia de ballet
clássico de Florianópolis/SC, em 2002, sendo 100% do gênero feminino, entre 8 e
12 anos, com uma média de idade de 10,2 anos, compreendendo a toda população
matriculada nessa faixa etária e com tempo de prática do ballet clássico de no
mínimo 3 anos, sendo 5,3 anos a média do tempo de prática (no dia da avaliação).
A figura 1 representa a quantidade de crianças da amostra que
apresentavam hiperlordose lombar. Conforme mostrado, 18 crianças, que
correspondem a 75%, apresentaram essa alteração. As mesmas crianças
apresentaram além da hiperlordose, a anteversão pélvica, e de acordo com Bienfait
(1995, p. 66) a lordose lombar é responsável por uma anteversão pélvica de
compensação em um processo ascendente, podendo isso ser devido a diversas
causas.
Figura 1: Presença de Hiperlordose Lombar (no)
18
6HiperlordoseLombar
Normal
A postura de uma criança aos 10 anos de idade assemelha-se mais a
postura de um adulto do que à de uma criança menor. As curvas da coluna são
quase normais, com as escápulas menos proeminentes. É característico das
crianças pequenas terem abdômen protuso, porém há uma notável modificação por
volta dos 10 anos de idade, quando a cintura torna-se relativamente menor e o
abdomem não faz mais protusão (KENDALL; MCCREARY; PROVANCE, 1995, p.
79).
Knoplich apud Silva (1998, p. 50) fala que as mulheres, devido aos
execícios do ballet apresentam a curva lordótica aumentada, confirmando o
resultado da amostra acima apresentado.
Coltro; Campello apud Simas (1997, p. 52) verificaram a incidência da
hiperlordose lombar e sua relação com a técnica clássica executada por bailarinos
clássicos; foi constatado que ao longo do treinamento executado por esses
bailarinos que muito pouco ou quase nada se refere especificamente à musculatura
abdominal. Ao mesmo tempo que se trabalha exaustivamente a extensão da coluna
lombar, o fortalecimento da musculatura abdominal fica a encargo do “encaixe do
quadril” - retroversão pélvica – ou seja, a contração isométrica dessa musculatura
desencadeando um desequilíbrio entre esses dois importantes grupos musculares,
mantedores da postura da coluna lombar. Eles concluíram que a execução perfeita
da técnica clássica não é lordosante, mas sim os artifícios e compensações usadas
pelos bailarinos para atingí-las.
Um exemplo dessa postura é a “primeira posição” adotada no Ballet, que é
descrita com pés rodados para fora, hiperextensão de joelho, quadril “encaixado”
(retroversão pélvica), adução de ombro, semi-flexão de cotovelo, punho e mãos e
extensão da coluna lombar. (figuras 2 e 3).
Figura 2: Primeira posição A Figura 3: Primeira posição B
Outro exemplo é o arabesque, que é outra pose básica do ballet clássico,
que de acordo com Bertoni (1992, p. 250) para desenvolver essa posição, o corpo
apóia-se sobre uma das pernas com sustentação em en dehors, mantendo a outra
posicionada para trás, completamente estendida, formando uma ângulo de 90o com
a perna de base. O tronco é direcionado para frente, devendo estar completamente
alongado e a coluna muito “viva” e ascendente, o quadril em simetria com ambos os
braços estendidos nas posições determinadas, estabelecendo a continuidade
harmônica da linha desenvolvida desde a ponta do pé (figuras 6 e 7).
Figura 4 :Arabesque A Figura 5: Arabesque B
O cambreé (figura 6 e 7), já citado no primeiro capítulo, é outra postura
muito treinada e insistente nas aulas de ballet clássico, uma vez que ele é a base
para a execução de diversas posturas, como por exemplo o arabesque (figuras 4 e
5).
Figura 6: Cambrée A Figura 7: Cambrée B
A figura 8 se refere à presença de escoliose observada pelo teste de
escoliose positivo presente em 14 crianças, correspondendo a 58% da amostra.
Figura 8: Presença de Escoliose (np)
Das 14 crianças em que o teste de escoliose deu positivo, 6 (25%)
apresentaram na região tóraco-lombar, 4 na região torácica (16,5%) e 4 (16,5%) na
região lombar, como está representado na figura 9.
14
10Positivo
Negativo
Figura 9: Localização da Escoliose por Regiões da Coluna
Tidswell (2001) fala que a escoliose é uma curvatura da coluna vertebral
em forma de “S”, que vai de um lado a outro, ou em forma de parte do “S”; é
produzida por muito mais do que apenas uma postura assimétrica temporária.
Tribastone apud Bertoncello (2002) relata que a escoliose se desenvolve
paralelamente ao desenvolvimento da coluna e agrava-se ao durante o crescimento
e estabiliza-se quando ocorre a maturação óssea. “Ela é sempre uma “deformidade
do crescimento”, pois se instala durante o estirão de crescimento” (BIENFAIT, 1995).
Na figura 10 estão representadas as alterações encontradas no joelho.
Algumas crianças apresentaram mais de uma alteração nos joelhosSendo que 2
crianças apresentaram joelho varo; 16 crianças apresentaram joelho valgo,
correspondendo a 67%; 10 crianças com joelho recurvatum, correspondendo a 42%,
3 crianças com joelho semi-fletido, 12,5% e 2 crianças sem alterações, o que
corresponde a 8%.
4
4
6Lombar
Torácica
Tóraco-lombar
Figura 10: Presença de Alterações em Joelho
Conforme Silveira apud Simas (1997) o genu valgum, é uma deficiência
muito freqüente na infância, caracteriza-se quando, estando o indivíduo de pé com
os pés paralelos, os joelhos se tocam ou passam uns sobre os outros.
De acordo com Xavier (1998, p. 243) o joelho valgo é considerado normal
dentro de certos limites até os 7 anos de idade. Ascher (1978, p. 39) relata que aos
seis anos a maioria das crianças já estão com o valgo de joelhos corrigidos.
Conforme Ascher (1978) joelho hiperextendido pode ser visto
freqüentemente em crianças entre seis e onze anos; pode ocorrer como parte de um
mecanismo de distribuição de peso ântero-posteriormente. Após os onze anos, e
após os seis, crianças e adultos tendem a relaxar levemente a articulação do joelho
em posição de descanso.
De acordo com que a literatura propõe, aos 10 anos de idade o valgismo
de joelho já deveria estar corrigido. Nesta pesquisa foi demonstrado o contrário. Das
24 crianças avaliadas, 16 apresentaram joelho valgo, ou seja 67%, sendo que a
média da faixa etária analisada foi de 10,2 anos.
Com relação ao resultado desta pesquisa, foi possível observar que 42%,
ou seja, 8 crianças apresentaram hiperextensão de joelho e valgo. Isto pode ocorrer
pelo fato de que o ballet clássico adota uma postura de rotação externa de membros
inferiores e extensão de joelhos, em diversas posições e movimentos (figuras 4, 5, 6,
7, 8, 9).
Nesta pesquisa, a maior alteração encontrada nos joelhos em bailarinas
que praticam ballet clássico foi o joelho valgo. Uma outra pesquisa realizada por
Simas em 1997, com bailarinas profissionais, mostrou o contrário. Em sua pesquisa
a maior alteração encontrada foi o joelho varo.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Varo
Valgo
Recurvatum
Semi-Fletido
Normal
A figura 11 representa as alterações encontradas nos pés e tornozelo das
crianças avaliadas. Das 24 crianças, 18 apresentaram pé valgo, correspondendo a
75%, 15 calcâneo valgo e pé cavo, correspondendo a 62,5% e 1 pé varo, 4,25% e 1
pé plano, 4,25%.
Figura 11: Presença de Alterações no Pé e Tornozelo
Bertoni (1992) relata que essas deformidades aparecem em crianças
como conseqüência de negligências, calçados e posturas erradas (verificadas
principalmente em crianças de 4 a 8 anos, que ainda sem preparo muscular, ósseo e
de equilíbrio definido, desenvolvem exercícios que requerem trabalho muscular
localizado, como na dança clássica).
Santos; Krebs apud Simas (1997) citam que a adaptação do pé se dá fim
de aumentar a base de contato com a superfície de apoio e conseqüentemente o
equilíbrio.
A aquisição do “en dehors” é uma constante na vida de uma bailarina,
porém acredita-se que seja essencial para que esse movimento anti-natural não se
torne causas de patologias, que a base de sustentação seja respeitada em todos os
movimentos, pois a tendência da bailarina é ficar em “en dehors” e transferir o peso
do corpo para o arco interno do pé, que é muito grande, e pode desenvolver
alterações nos membros inferiores, como o pé valgo, cacâneo valgo.
1
15
1
18
2
15
0
5
10
15
20
Pé Cavo
Pé Plano
Calcâneo
Valgo
Pé Varo
Pé Valgo
Normal
Na análise das possíveis correlações observou-se um índice de correlação
linear de Pearson, entre joelho recurvatum e Pé valgo de +0,46, que de acordo com
Sounis (1985), seguindo a escala de Rugg, uma correlação de 0 a + 0,30 não há
correlação, entre +0,30 e +0,49 há uma correlação apreciável e +0,50 ou mais é
uma correlação considerável. Segundo Bienfait (1995) joelho recurvatum pode ter
relação com uma alteração tíbio-társica, por uma frouxidão ligamentar, e isso
poderia acontecer pelo fato de que ocorreria um encurtamento ou retração do
músculo sóleo.
Já a correlação entre pé cavo e escoliose teve uma correlação de +0,43,
que também é considerado apreciável e Bienfait (1995) também relata que entender
um processo escoliótico é fácil; num processo ascendente os apoios do pé no chão
condicionam ou são condicionados pela estática dos segmentos superiores. Não há
boa estática sem bons apoios, sejam as deformidades dos pés causa ou
conseqüência.
O equilíbrio da perna sobre o pé ainda é um dos pontos fracos do homem,
no que diz respeito a estática. Ele é reponsável por toda uma patologia, do qual não
se exclui a escoliose. Falta ao homem uma “articulação no tornozelo”. Quando a
perna é levada em rotação externa, ela leva o astrálago e o calcâneo em uma
báscula e rotação externa em varo. O antepé se posiciona em inversão e o pé torna-
se cavo e o peso do corpo incide em seu bordo externo (BIENFAIT, 1995).
Em relação a anteversão pélvica e joelho valgo, que também obteve uma
correlação de +0,43, também considerada apreciável, segundo a mesma escala de
Rugg, Ascher (1978) relata que quando a criança começa a andar ela necessita de
uma maior base de apoio para ajuda-la a equilibrar-se lateralmente. Ela consegue
isso andando com as pernas separadas fazendo uma inclinação da pelve e rodando
a tíbia medialmente. Mais tarde, quando começa a ajustar sua postura ela começa a
fazer uma rotação externa da tíbia e a separar os maléolos, levando a um valgismo
fisiológico com anteversão pélvica e aumento da lordose lombar. Esse padrão
postural deve durar até mais ou menos 8 ou 9 anos de idade, onde ela já começa a
se ajustar ao padrão postural de um adulto.
Considerações Finais
Baseando-se nos resultados obtidos, pode-se concluir que, todas as 24
crianças avaliadas apresentaram algum desvio postural. As alterações encontradas
com maior freqüência na maioria das crianças foram a hiperlordose lombar
(juntamente com anteversão pélvica) correspondendo a 75%, pé valgo também com
75%, joelho valgo com 67%, pé cavo e calcâneo valgo com 62,5% cada.
Confirmando os objetivos propostos, percebeu-se que existe a
possibilidade de alguma influência da dança no padrão postural de uma criança,
principalmente em pés, joelhos e coluna.
A lordose lombar que está aumentada, pode encontrar relações na
postura exigida pelos exercícios do tipo cambreé e/ou arabesque, que são
realizados em barra e pela postura adotada pela criança. Essa alteração pode ser
devida também a fraqueza da musculatura abdominal, pois como foi colocado o
capítulo 4, não são realizados exercícios específicos para essa musculatura, e com
isso a criança acaba fazendo compensações.
A posição en dehors pode ser capaz de influenciar na permanência do
joelho valgo, retardando a postura fisiológica dos membros inferiores e estimula as
crianças a manterem os pés voltados para fora permanentemente; e para manter o
equilíbrio nesta posição, elas transferem todo o peso do corpo para a borda externa
do pé, estimulando a formação do pé cavo.
Após essa análise, surge a hipótese de que o ballet clássico, iniciado
antes dos 8 anos, pode vir a prejudicar o padrão postural e o desenvolvimento motor
normal das crianças, mas para tornar essa afirmação fidedigna, é necessário fazer
uma análise mais minuciosa, com um acompanhamento durante o desenvolvimento
da criança, para assim detectar precisamente alterações e em que fases ela está
ocorrendo.
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