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THATYANA COSTA BRANDÃO PERFIL MOTOR DE PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON Tubarão, 2006.

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THATYANA COSTA BRANDÃO

PERFIL MOTOR DE PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON

Tubarão, 2006.

THATYANA COSTA BRANDÃO

PERFIL MOTOR DE PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Orientador Profº. Esp. Rodrigo da Rosa Iop

Tubarão, 2006.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha filha Yasmin, razão de

tudo....... pela minha ausência, onde passava dias sem mim,

pedindo minha presença, pela pouca dedicação, pelas

madrugadas em que ficou me ajudando a digitar o trabalho.

Gostaria de dizer que me lembro de você em todas as horas

quando o desespero surge, seu sorriso vem a minha

memória e a serenidade me permite prosseguir.

Obrigada pela compreensão e...

Muitíssimo obrigada por você existir!!!

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por me guiar em todos os

momentos, pela força concedida durante mais essa jornada,

pelas vezes em que me escutou chorando achando que

nada daria certo.

Aos meus pais Elton e Zaira, meus eternos amores, a

gratidão, amor, carinho, educação, compreensão,

oportunidades... vocês que muitas vezes tiveram que

trabalhar dobrado renunciando seus sonhos em favor dos

meus...o meu mais profundo agradecimento.

A minha vózinha Maria, que sempre esteve ao meu lado

rezando e me guiando para que tudo desse certo... torcendo

para o meu sucesso...Obrigada pelo carinho, amor palavras

de conforto...Obrigada por tudo.

Aos meus irmãos Kiko, Vilma Maria e Juninho que me

surpreenderam, acreditando em cada etapa concluída.

Ao Diego, que teve toda paciência durante todos esses

anos, onde esteve sempre disposto a qualquer hora que

precisasse me incentivando e apoiando.

Ao meu orientador Rodrigo da Rosa Iop, que com muita

sabedoria me conduziu até as últimas linhas. Obrigada pela

dedicação, competência, ensinamentos e amizade, durante

toda a realização desta pesquisa. Seus ensinamentos

estarão presentes por toda a minha vida.

Ao professor Fernando Soldi, pelas sábias sugestões,

obrigada por acompanhar meu trabalho desde o inicio.

As amigas companheiras de longa jornada: Saionara,

Mariela, Milene e Cândida, que com muita lealdade

enfrentamos esse período de obstáculos, alegrias, tristezas,

lágrimas, sorrisos, derrotas e enfim Vitória.

E sobretudo aos pacientes em especial a D. Daylva, que

tanto me impulsionaram com suas palavras de incentivo,

carinho e identificação com minha vida....

Obrigada também a todas as pessoas que de uma forma ou

de outra me ajudaram a concluir esta pesquisa.

Que os nossos esforços desafiem as impossibilidades ...

Lembrai-vos de que as grandes proezas da história foram

conquistas do que parecia impossível

(Charlie Chaplin)

RESUMO

A Doença de Parkinson é uma doença crônica e progressiva do Sistema Nervoso Central, que acomete principalmente o sistema motor. A deterioração dos parâmetros físicos como força muscular, resistência muscular, equilíbrio, flexibilidade, agilidade e coordenação, leva à limitação funcional que ocasionará dependência física, ou seja, os parâmetros físicos declinam abaixo do nível requerido para a realização das atividades da vida diária, Objetivo: Avaliar a aptidão motora dos pacientes com Doença de Parkinson através da Escala Motora para Terceira Idade. Métodos: Participaram do estudo onze indivíduos, sendo 7 feminino e 4 masculino, com diagnóstico de Parkinson, classificados de acordo a escala Hoehn e Yahr nos estágios 2,5 (5 pacientes), 3 (2 pacientes), 1,5 (2 pacientes) e 4 (2 pacientes) e com faixa etária de 34 à 82 anos. Para proceder este trabalho foi utilizado a Escala Motora para Terceira Idade. Resultados: Os dados foram analisados por meio do software Statidisk e o programa Escala Motora para Terceira idade. Pode-se observar que na aptidão motora geral (AMG), a maioria dos indivíduos avaliados obtiveram classificação muito inferior. De acordo com este estudo as principais dificuldades encontradas foram na motricidade global, equilíbrio e esquema corporal. Conclusão A avaliação motora torna possível diagnosticar, orientar e identificar alterações em relação ao desempenho motor do indivíduo, para que haja maior fluência do movimento. A avaliação por meio de testes motores permite verificar os estágios progressivos da função física, de modo a detectar os declínios nos parâmetros físicos e planejar estratégias efetivas de intervenção. Palavras-chave: Doença de Parkinson, Escala Motora para Terceira Idade, Perfil Motor

ABSTRACT

Parkinson’s disease is a chronic and progressive disorder of Central Nervous System, that affects mainly motor system. The deterioration of physical parameters like muscle strengh, muscle resistance, balance, flexibility, agility and coordination, induces functional limitation that will cause physical dependence, it means that physical parameters decrease below required level to realization of daily life activities. Objective: To evaluate motor ability of pacients with Parkinson’s disease using Motor Scale for Third Age. Methods: There were eleven individuals participating of the study, being 7 female and 4 male, with diagnostic of Parkinson, classificated in accord with Hoehn and Yahr Scale in 2,5 (5 pacients), 3 (2 pacients) and 4 (2 pacients) stages, and with age between 34 and 82 years old. To proceed this study it was used Motor Scale for Third Age. Results: The dates were analized using Statidisk software and the Motor Scale for Third Age program. It was observed that in general motor ability (GMA), the most part of evaluated individuals had very lower classification. In accord qith this study, principal found dificulties were in global motricity, balance and global shapes perception. Conclusion: Motor evaluation becomes possible to diagnose, guide and identify alterations about motor performance’ s individual to have more influence of movement. The evaluation using these motor tests allows to verificate the progressive stages of physical function, to detect the decreasement of physical parameters and to plan effective strategies of intervention. Key-words: Parkinson’s Disease, Motor Scale for Third Age, Motor Profile.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema de corte do encéfalo mostrando estruturas dos gânglios basais ............... 19

Figura 2: anatomia de um cérebro com Doença de Parkinson................................................ 21

Figura 3: Postura típica de um parkinsoniano......................................................................... 32

Figura 4: Motricidade fina e global......................................................................................... 44

Figura 5: Equilíbrio ................................................................................................................. 45

Figura 6: Esquema corporal .................................................................................................... 46

Figura 7: Organização espacial ............................................................................................... 47

Figura 8: Organização temporal.............................................................................................. 47

Figura 9: Aptidão Motora Geral (AMG)................................................................................. 58

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Medicamentos Utilizados no Tratamento da doença de Parkinson ....................... 39

Quadro 2: Escala De Aptidão Motora Geral........................................................................... 52

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Características da amostra do estudo....................................................................... 53

Tabela 2: Parâmetros motores ................................................................................................. 55

Tabela 3: Distribuição das medidas das variáveis da E.M.T.I ................................................ 60

Tabela 4: E.M.T.I .................................................................................................................... 62

SUMÁRIO

1 INTRODUÇAO ................................................................................................................... 14

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 18

2.1 Núcleos da Base................................................................................................................. 18

2.2 Doença de Parkinson........................................................................................................ 20

2.2.1 Etiologia .......................................................................................................................... 22

2.2.2 Epidemiologia.................................................................................................................. 25

2.2.3 Classificação da Doença de Parkinson ............................................................................ 26

2.2.4 Sinais e Sintomas Cardinais ............................................................................................ 27

2.2.4.1 Tremor .......................................................................................................................... 28

2.2.4.2 Bradicinesia .................................................................................................................. 29

2.2.4.3 Rigidez muscular .......................................................................................................... 30

2.2.4.4 Instabilidade postural ................................................................................................... 31

2.2.4.5 Acinesia ....................................................................................................................... 33

2.2.2 Sintomas secundários ...................................................................................................... 34

2.2.2.1 Depressão ..................................................................................................................... 34

2.2.2.2 Sono.............................................................................................................................. 34

2.2.2.3 Sialorréia....................................................................................................................... 35

2.2.2.4 Fala ............................................................................................................................... 36

2.2.2.5 Dor................................................................................................................................ 36

2.2.2.6 Alteração de humor ...................................................................................................... 37

2.2.2.7 Constipação e dificuldades urinárias ............................................................................ 38

2.3 Tratamentos...................................................................................................................... 38

2.3.1 Farmacoterapia ................................................................................................................ 38

2.3.2 Fisioterapia ...................................................................................................................... 39

2.3.2.1 Hidroterapia .................................................................................................................. 40

2.4 Desenvolvimento motor.................................................................................................... 41

2.4.1 Envelhecimento ............................................................................................................... 42

2.5 Parâmetros Motores......................................................................................................... 44

2.5.1 Motricidade Fina e Global............................................................................................... 44

2.5.2 Equilíbrio......................................................................................................................... 44

2.5.3 Esquema Corporal ........................................................................................................... 45

2.5.4 Organização espacial ....................................................................................................... 46

2.5.5 Organização temporal...................................................................................................... 47

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA .................................................................................. 48

3.1Caracterização da Pesquisa.............................................................................................. 48

3.2 População e amostra......................................................................................................... 49

3.3 Instrumentos utilizados para coletas de dados.............................................................. 49

3.4 Procedimento utilizado na coleta ................................................................................... 51

3.5 Procedimento utilizado para análise dos dados............................................................. 52

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS.......................................................................... 53

4.1 Caracterização da amostra.............................................................................................. 53

4.2 Parâmetros motores......................................................................................................... 55

4.3 Distribuição das medidas das variáveis da E.M.T.I ...................................................... 60

4.4 E.M.T.I ............................................................................................................................. 62

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 64

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 67

ANEXOS ................................................................................................................................. 74

ANEXO A - Estadiamento Hoehn & Yahr .......................................................................... 75

ANEXO B - Avaliação da motricidade fina......................................................................... 77

ANEXO C - Avaliação da motricidade global..................................................................... 79

ANEXO D - Avaliação do equilíbrio..................................................................................... 81

ANEXO E - Avaliação do esquema corporal....................................................................... 83

ANEXO F - Organização espacial......................................................................................... 85

ANEXO G - Organização temporal...................................................................................... 87

ANEXO H - Termo de consentimento.................................................................................. 89

1 INTRODUÇAO

A doença de Parkinson é uma doença crônica e progressiva do sistema nervoso

central, envolvendo os núcleos da base e conseqüentemente resultando em uma disfunção dos

padrões de movimento. Sua etiologia é desconhecida, porém costuma-se classificar a doença

de Parkinson entre as afecções degenerativas do sistema nervoso central, que levam ao

envelhecimento precoce e a degeneração de certas estruturas.

Habitualmente afeta indivíduos na meia idade ou acima dessa faixa etária. A

maioria dos casos tem o inicio das manifestações clinicas na sexta e sétima década de vida

(FERRAZ et al, apud TEIVE, 2004).

As manifestações da doença de Parkinson podem diferir amplamente entre

indivíduos com a doença, sendo que a rigidez, bradicinesia, tremor em repouso e as alterações

posturais são os sinais e sintomas característicos da doença, que se manifestam por lentidão na

movimentação voluntária, expressão facial diminuída, distúrbios do equilíbrio e da marcha,

postura em flexão, entre outras alterações.

A maior parte dos pacientes com doença de Parkinson apresenta uma inadequada

interação dos sistemas responsáveis pelo equilíbrio corporal; sistemas vestibulares, visuais e

proprioceptivo, em conseqüência destas alterações esses pacientes tendem a deslocar seu

centro de gravidade para frente, sendo incapazes de realizar movimentos compensatórios para

readquirir equilíbrio e, assim, caem facilmente (ZUCO, 2003).

Aliado a alteração do centro de gravidade destaca-se também os sinais

hipocinéticos, que se traduzem no alentamento dos movimentos, especialmente dos

movimentos automáticos favorecendo a diminuição da aptidão motora e a incapacidade

funcional.

A deterioração dos parâmetros físicos como força muscular, resistência muscular,

equilíbrio, flexibilidade, agilidade e coordenação, leva à limitação funcional que ocasionará

dependência física, ou seja, se os parâmetros físicos declinarem abaixo do nível requerido

para a realização das atividades da vida diária, como cuidados pessoais básicos, como se

vestir, banhar-se, levantar-se da cama e sentar-se numa cadeira, utilizar o banheiro, comer e

caminhar, isto resultará em dependência funcional, com isto influenciando na qualidade de

vida dos portadores de Parkinson.

Percebe-se que a alteração morfológica, funcional e bioquímica que surgem com a

evolução da doença determina para o parkinsoniano, um certo grau de dependência,

relacionado diretamente com a perda de autonomia e dificuldade de realizar as atividades

básicas de vida diária, interferindo na sua qualidade de vida.

A capacidade funcional, especialmente a dimensão motora, é um dos importantes

marcadores de um envelhecimento bem sucedido e da qualidade de vida dos idosos. A perda

dessa capacidade, está associada à predição de fragilidade, dependência, institucionalização,

risco aumentado de quedas, morte e problemas de mobilidade, trazendo complicações ao

longo do tempo, e gerando cuidados de longa permanência e alto custo (CORDEIRO, 2003).

A avaliação motora torna possível diagnosticar, orientar e identificar alterações em

relação ao desempenho motor do indivíduo, para que haja maior fluência do movimento. A

avaliação por meio de testes motores permite verificar os estágios progressivos da função

física, de modo a detectar os declínios nos parâmetros físicos e planejar estratégias efetivas de

intervenção.

O exame motor é um instrumento indispensável para os profissionais que

trabalham com a terceira idade, particularmente indivíduos portadores de doenças- crônico-

degenerativa não transmissível. Sendo ponto de partida para uma intervenção terapêutica, pois

permite identificar os problemas estabelecidos com a idade, diferenciar os diversos tipos de

debilidade e, avaliar os progressos do idoso, quando submetido a um programa de terapia

motora (ROSA NETO, 2002).

A intervenção fisioterápica visa à preservação da função, adiamento da instalação

de incapacidades, através de medidas preventivas tendo ainda como objetivo diminuir o

comprometimento imposto por incapacidades, promovendo um modo de vida mais saudável e

adaptando o indivíduo de forma a propiciar uma melhor qualidade de vida.

Diante do exposto questiona-se: Quais as características dos componentes motores

utilizando a Escala Motora para terceira idade em pacientes com doença de Parkinson. Para

responder a esta questão, os objetivos do presente estudo foram:

Analisar o predomínio de gênero, idade em pacientes com doença de parkinson

Avaliar o estadiamento clínico da doença de parkinson através da escala de Hoehn

& Yahr

Verificar o uso do fármaco Levodopa em pacientes portadores da doença de

parkinson

Avaliar a coordenação fina e global através da escala motora terceira idade

Analisar o esquema corporal e equilíbrio através da escala motora terceira idade

Avaliar a organização espacial e temporal através da escala motora terceira idade

Este trabalho será baseado em um referencial teórico, constituído por uma revisão

bibliográfica que fundamentará o trabalho, abordando a doença de Parkinson.

O terceiro capítulo está voltado para a metodologia do estudo onde é esclarecido o

tipo de pesquisa, a população e a amostra, os instrumentos utilizados na coleta de dados, os

procedimentos utilizados na coleta dos dados e procedimentos para análise e interpretação dos

dados. No quarto capítulo são concluídos os objetivos do estudo, discutindo todos os achados.

E finalizando com o quinto capitulo com as considerações finais.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Núcleos da Base

Segundo André (2004), os núcleos da base são grandes massas neuronais subcorticais que compreendem diversos núcleos interconectados localizando-se no prosencéfalo, diencéfalo e tronco encefálico, imersos entre as vias ascendentes e descendentes do córtex cerebral.

Os núcleos da base são uma coleção de massas nucleares de substância cinzenta

interligadas, localizada profundamente no cérebro. São compostos do caudado, putamen,

globo pálido, núcleo subtalâmico e a substância negra (O’ SULLIVAN, 2004).

Os núcleos da base têm um importante papel na coordenação e regulação de

movimentos originados no córtex.

O sistema motor extrapiramidal é composto pelos núcleos basais e vários outros

núcleos encefálicos aos quais estes estão ligados. Entre estas estruturas esta a substância

negra, um núcleo alongado localizado na extensão rostrocaudal do mesencéfalo, medialmente

ao pedúnculo cerebral. Apesar de ser um componente do tronco encefálico, a substância negra

é considerada junto aos núcleos basais por suas conexões recíprocas e suas funções

relacionadas (SANDE, 2003).

Esses núcleos são o principal sistema neural responsável pelos efeitos do córtex

sobre o comportamento. Destes efeitos, os mais notáveis são os exercidos sobre o controle do

movimento voluntário (SANDE, 2003).

Os núcleos basais estão organizados para facilitar os movimentos voluntários e

inibir movimentos competitivos, que poderiam interferir no movimento adequado. A

disfunção desses circuitos poda levar a distúrbios do movimento caracterizados por

movimentos voluntários descoordenados, presença de movimentos involuntários, ou ambos

(SANDE, 2003).

Figura 1: Esquema de corte do encéfalo mostrando estruturas dos gânglios basais. Fonte: www.mayo.edu/fdp/home/intro.htm

Com o comprometimento funcional, ou melhor o desequilíbrio químico causado

pela morte das células que produzem a dopamina, o paciente apresenta os sintomas como

tremor, rigidez articular, bradicinesia e movimentos desordenados com alterações posturais

(DOWNIE, 1987).

2.2 Doença de Parkinson

A doença leva este nome em homenagem ao médico inglês James Parkinson,

autor, em 1817 da clássica monografia “An essay on the shaking palsy”, ou seja, um ensaio

sobre a paralisia agitante. James Parkinson foi o primeiro a descrever clinicamente a doença

por nós hoje conhecida e que em seu trabalho denominou de paralisia agitante

(FERNANDES, 2005).

Entretanto, no final do século XIX e início do século atual, Gean – Martin Charcot,

médico neurologista chefe de serviço do hospital de Salpêtriere, estudioso da paralisia

agitante, renomeou tal doença para o nome de seu primeiro observador, o que foi unanimente

aceito pela comunidade científica. Charcot prosseguiu seus estudos e foi o primeiro a propor

tratamento para a doença, ainda que de eficácia limitada (FERNANDES, 2005).

Na época em que Charcot traçou a história natural da doença de Parkinson, não

havia ainda idéia da origem desta enfermidade, que ele definia como uma nevrose, termo

utilizado na época para as doenças que não apresentavam uma lesão própria no sistema

nervoso. Contudo, a degeneração da substância negra do mesencéfalo foi posteriormente

descrita por Tretiakoff, na sua tese realizada sob supervisão de Pierre Marie, um dos

discípulos preferidos de Charcot (TEIVE, 1998).

O Mal de Parkinson é uma doença neurodegenerativa, ou seja, uma doença que

acomete células nervosas e provoca a sua morte. Mas especificamente são acometidas células

da substância negra, que fazem parte do sistema dopaminérgico dos núcleos da base. Esse

sistema transmite sinais que controlam os movimentos do corpo (LEWIS, 2002).

Figura 2: anatomia de um cérebro com Doença de Parkinson Fonte: www.mayo.edu/fdp/home/intro.htm

A doença de Parkinson é uma das doenças neurodegenerativa crônicas mais

comum nos idosos. Apesar dos sintomas clássicos o diagnóstico clínico não é específico, não

há exames laboratoriais, diagnósticos e existem outras doenças que se manifestam com

Parkinsonismo e simulam clinicamente a doença de Parkinson, como a atrofia de múltiplos

sistemas e a paralisia supranuclear progressiva (VEDOLIN; MARCHIORI, 2004).

O mal de Parkinson é causado pela degeneração das células nervosas da chamada

substância negra localizada no cérebro. O elemento químico produzido por essas células

chama-se dopamina, que é uma substância neurotransmissora que leva a mensagem de um

neurônio a outro através da sinapse (XAVIER, 2000).

A importância da dopamina na doença de Parkinson reside no papel que esse

neurotransmissor desempenha no funcionamento dos gânglios de base. Na doença de

Parkinson o neurotransmissor Dopamina influencia o funcionamento da via direta ativada

através da projeção cortiço estriatal, ocorrendo uma pausa no globo pálito interno, que libera

o tálamo excitando o córtex cerebral. A ativação da via indireta inibe o globo palito interno,

resultando a inibição do tálamo com projeção tálamo cortical (XAVIER, 2000).

A doença de Parkinson resulta da degeneração difusa da parte da substância negra compacta, o que leva a ruptura da via nigroestriatal. Os neurônios afetados são dopaminérgicos e inervam o estriato, portanto a resultante redução da dopamina estriatal é reconhecida como base neuroquímica desta doença. (SANDE; ALMEIDA, 2003, p. 47).

Os exames de tomografia computadorizada ou imagem por ressonância magnética

podem ser usados para identificar outras patologias (O’ SULLIVAN, 2004).

Os pacientes Parkinsonianos, mesmo em estágios precoces da doença apresentam

alterações cognitivas. Estas se concentram na detecção e avaliação de uma nova informação,

na possibilidade de mudar de forma flexível, a atenção entre regiões espaciais diferentes e em

eleger, inibir e ativar programas motores (PRIETO, 2003).

Os indivíduos portadores da doença de Parkinson apresentam vários sinais

característicos que os distinguem de outros indivíduos idosos, dentre eles, as dificuldades no

controle postural. Nesta patologia, a propriocepção mostra-se diminuída, o que dificulta na

manutenção da postura normal (SANCHEZ, 2005).

Quase 200 anos depois, a sociedade ainda sabe muito pouco sobre a doença de

Parkinson. O que não é de causar espanto, pois até entre os parkinsonianos existem aqueles

que não sabem que são portadores da doença (STOKES, 2000).

2.2.1 Etiologia

Nos últimos anos, vários estudos tentaram apontar os principais fatores etiológicos

explicando a doença de Parkinson. Existem indícios de que alguns desses estudos apontam de

forma correta qual são esses fatores, porém a causa primária que resulta na degeneração

celular na doença de Parkinson é ainda controversa e motivo de grande especulação. Dos

vários motivos implicados na degeneração celular, fatores ambientais e genéticos têm sido

objeto de especial interesse (MENESES; TEIVE, 2003)

A etiopatogenia da doença de Parkinson (DP) é ainda pouco conhecida. De acordo

com Meneses e Teive (2003), há uma perda neuronal progressiva no grupo de células

ventrolaterais da parte compacta da substância negra no mesencéfalo. Os sinais cardinais da

doença surgem quando há uma perda neuronal acima de 60%. Os mesmos autores ainda

dizem que a deficiência de dopamina, causa disfunção da via nigroestriatal, resultando a

fisiopatologia da doença.

Dos pacientes que apresentam DP, 5 a 10%, têm parkinsonismo familiar e história

genética sugestiva de herança autossômica dominante. Uma mutação genética (Parkin 2) no

cromossomo 6, está relacionada a parkinsonismo com herança autossômica recessiva, tem

sido relacionada à DP de inicio precoce em pessoas jovens (MENESES; TEIVE, 2003).

Quanto aos fatores ambientais, vários estudos associam o aparecimento da DP em

indivíduos que vivem na zona rural, que consomem água de poço e que estão mais expostos a

pesticidas e herbicida. A exposição a produtos químicos industriais, também é associada, tais

como: manganês, mercúrio, cianeto, dissulfeto de carbono, solventes e produtos

petroquímicos (MENESES; TEIVE, 2003).

Enzimas necessárias para a remoção dos metabólitos das catecolaminas

desempenham certo papel na doença de Parkinson. O peróxido de hidrogênio é um

subproduto do metabolismo das catecolaminas, cuja remoção depende de enzimas peroxidase

e catalase. Ambas existem em grande quantidade na substância negra e seus níveis diminuem

normalmente na velhice, porém, mas acentuadamente nos pacientes com doença de

Parkinson. A diminuição dessas enzimas possibilita o acúmulo do peróxido de hidrogênio e

de outras substâncias tóxicas, resultando em destruição das células da substância negra e em

diminuição da enzima hidroxilase e tirosínica, responsável pela produção de dopamina. Essa

influência já foi comprovada com base na investigação postmortem, mostrando aumento dos

níveis de ferro, diminuição dos níveis de glutadiona reduzida e função mitocondrial debilitada

na substância negra de pacientes com doença de Parkinson (JENNER, 1998).

De acordo com Meneses e Teive (2003), a alta incidência de DP na população

mais velha, associada à perda neuronal progressiva, é a hipótese que sustenta que o

envelhecimento cerebral é causa da Doença de Parkinson.

Quando existe um desequilíbrio entre fatores que promovem a formação de

radicais livres e os mecanismos de defesa antioxidativos ocorre o estresse oxidativo. Metais

de transição, como por exemplo ferro, cobre e manganês catalisa as reações de oxidação e de

redução. Discute-se que o estresse oxidativo contribua para o processo patogênico de morte

de células nigrais na doença de Parkinson (MENESES; TEIVE, 2003).

As anormalidades do complexo I da cadeia respiratória mitocondrial (NADH

CoQI redutase), seriam responsáveis pela insuficiência respiratória mitocondrial, contribuindo

para a lesão e posterior morte neuronal progressiva presente na DP (apoptose). Sendo assim,

a disfunção mitocondrial, decorrente de fatores tóxicos, tanto internos quanto externos, assim

como também fatores genéticos, resultariam em uma cascata de eventos que levariam a

apoptose, ou seja, morte celular programada (MENESES; TEIVE, 2003).

Meneses e Teive (2003), citam que em vários estudos, observou-se aumento na

concentração de ferro ao nível da substância negra (parte compacta) do mesencéfalo em

pacientes acometidos pela DP. Isto poderia estar correlacionado aos mecanismos de estresse

oxidativo, levando a um processo neurodegenerativo.

Conforme relata Meneses e Teive (2003), a excitotoxicidade é uma causa de

neurodegeneração que pode acontecer em resposta ao amento de aminoácidos excitatórios ,

tendo o glutamato principal exemplo. O glutamato liga-se a canais iônicos , podendo

participar do aumento do influxo de cálcio livre, ativando o sistema enzimático cálcio-

dependente, levando a lesão das proteínas do citoesqueleto, membranas lipídicas e do DNA.

A falta de fatores neurotróficos pode ter ligação com a perda de função e morte

neuronal. A deficiência de fatores neurotróficos poderia estar relacionada a muitos outros

fatores, dentre eles tóxicos ambientais, estresse oxidativo, excitotoxicidade, disfunção

mitocondrial, contribuindo para o surgimento da doença de Parkinson (MENESES; TEIVE,

2003).

Os mesmos autores citam que a etiopatogênia da doença de Parkinson relacionada

a excitotoxicidade tem dois possíveis processos: primeiro relaciona-se à presença de toxinas

exógenas, ou mesmo endógenas; e o segundo, à presença de disfunção mitocondrial.

2.2.2 Epidemiologia

Segundo O´Sullivan (2004, p. 747), “[...] a doença de Parkinson ocorre em 1% da população acima de 50 anos, tornando-se mais comum com o avanço da idade, chegando às proporções de 2,6% da população de 85 anos.”

De acordo com Gershanik e Aires (2003), um pequeno percentual dos indivíduos afetados de 5 a 10% apresenta uma idade inferior a quarenta anos no início da doença. Esse subgrupo geralmente é denominado parkinsonismo de início precoce, compreendendo, de acordo com os critérios atualmente aceitos, aqueles entre 21 e 40 anos de idade e aqueles abaixo de 21 anos.

Essa patologia é rara antes dos 40 anos, tendo um aumento da sua ocorrência entre

a oitava década de vida, e acometendo 1% da população acima de 65 anos. Observações

demonstram a predominância da doença de Parkinson na faixa etária de 61 a 80 anos e uma

predominância do sexo masculino (SOUZA, 2004).

A incidência da doença de Parkinson aumenta com a idade, com uma média de idade, surgimento de 61 anos e uma sobrevida média de 13 anos. O aparecimento da doença com menos de 40 anos é incomum. Estabelecer com precisão a incidência e a prevalência da doença é difícil, sob a luz de recentes estudos, os quais apontaram uma alta taxa de erro diagnóstico, com 20 a 30% de pacientes com diagnóstico clínico não apresentando correlação anatomopatológica (CAMBIER, 1999)

Entretanto, nos Estados Unidos e na Europa, a incidência estimada é de 7-19/100. 000 população por ano. A prevalência é de 30-190/100. 000 (CAMBIER, 1999)

Na literatura internacional 2187 pacientes com doença de Parkinson foram

estudados de 1966 até 1986. A freqüência de demência nesses pacientes variou de 14% até

40% A demência associada à Doença de Parkinson necessita de mais estudos para que seus

aspectos neuropatológicos sejam mais bem definidos (SIBERMAN et al, 2002).

A prevalência da doença de Parkinson aumenta de acordo com a idade. 74% das

pessoas com esta patologia tem mais de 70 anos e a média de inicio é de 65,3 anos. No

entanto 1 a cada 7 parkinsoniano apresenta menos de cinqüenta anos de idade. Não existe

diferença de prevalência que se relacione ao sexo, classe social ou diferenças geográficas

(STOKES, 2000).

2.2.3 Classificação da Doença de Parkinson

Existem 3 tipos de parkinsoniano. O primário ou doença de Parkinson sendo o

mais comum e freqüente em 2/3 dos casos. O secundário, que abrange uma diversidade de

sintomas, sendo dificílimo seu diagnóstico. O último é chamado de parkinsonismo-plus,

apresentando-se através das combinações e manifestações do sistema nervoso (ROSA NETO;

COQUETEL et al, 2004).

O estágio inicial é caracterizado por completa fisionalidade podendo o paciente

apresentar tremor e rigidez unilateral sendo o tratamento basicamente preventivo. O estágio

intermediário ou moderado é composto por sintomas bilaterais, devendo o programa de

tratamento incluir exercícios corretivos. No estágio tardio ou grave o paciente encontra-se

intensamente comprometido e dependente nas atividades de vida diária, sendo o tratamento

nesta fase composto, de farmacologia e muitas vezes cirúrgico (GOULART, 2005).

O’Sullivan (2004), classifica a doença de Parkinson como

Parkinsonismo idiopático: este grupo inclui a doença de Parkinson verdadeira,

sendo a forma mais freqüente de pessoas de meia idade ou idosa.

• Parkinsonismo pós-infeccioso; este tipo, segundo se teoriza, é causado por encefalite viral,

sendo atualmente pouco freqüente.

• Parkinsonismo tóxico: sintomas parkinsonianos ocorrem em indivíduos expostos a alguns

venenos industriais, agentes químicos e algumas drogas.

• Parkinsonismo arteriosclerótico: o envolvimento arteriosclerótico, e o infarto do tronco

cerebral envolvendo a substância negra, os tratos nigroestriais, ou gânglios de base,

também podem gerar sintomas de parkinsonismo.

• Parkinsonismo atípico: este representa um grupo de várias patologias onde é muito

comum haver uma síndrome parkinsoniana associada a outras anormalidades

neurológicas.

2.2.4 Sinais e Sintomas Cardinais

Cada um dos sinais neurológicos cardinais da doença de Parkinson, incluindo acinesia, rigidez, anomalias posturais e tremores, pode estar associado a drogas antipsicóticas, de modo que estas síndromes, embora algumas vezes referidas como “pseudoparkinsonismo”, de fato, assemelha-se às formas mais espontâneas da doença: agitação paralítica e parkinsonismo pós encefalítico (ANDRÉ, 2004).

2.2.4.1 Tremor

Dentre as características do Parkinson destaca-se o tremor de repouso que são movimentos oscilatórios involuntários espontâneos ou como conseqüência de enfermidades neurológicas, diminui com os movimentos musculares voluntários e aumenta por condições de estados emotivos (ARAGÃO, 2005).

Como na doença de Parkinson, o tremor a miude é variável, ocorrendo à

freqüência maiores e durante o movimento, como também no repouso. Um tremor delicado,

perioral, referido como “síndrome do coelho”, também foi descrita com um tremor fino ocorre

algumas vezes agudamente, após a administração de fenotiazinas, porém é inteiramente

diferente do tremor parkinsoniano, e provavelmente representa um exagero tóxico do tremor

fisiológico (BENSON; BLUMER, 1977).

Conforme relatam Franco de Andrade e Ferraz (2003), o tremor parkinsoniano

mais típico é observado durante o repouso, diminuindo ou desaparecendo quando se inicia o

movimento. Este tremor pode ainda se manifestar na manutenção prolongada de uma postura.

O temor típico afeta os dedos ou as mãos, mas pode também afetar o queixo, a

cabeça ou os pés. Pode ocorrer num lado ou nos dois, e pode ser mais intenso num lado do

que no outro. Por razões que ainda são desconhecidas, o tremor pode variar durante o dia.

Torna-se mais intenso quando a pessoa fica nervosa, mais pode desaparecer quando está

completamente descontraída (PRADO, 2003).

A freqüência do tremor é de cerca de 4 a 6 Hz. O tremor acomete preferencialmente os membros, podendo acometer o segmento cefálico (neste, o mais comum é o "bater de dentes"). Na sua forma mais conhecida acomete os dedos das mãos tendo a característica de "contar dinheiro" ou "rolar pílulas". Uma forma de sensibilizar este sinal em pacientes que não o estejam manifestando continuamente ou claramente consiste em fazer com que o paciente se abstraia com cálculos mentais (PRADO, 2003).

2.2.4.2 Bradicinesia

A bradicinesia é uma das manifestações precoces, comuns e freqüentes do parkinsonismo induzido por drogas e explica a fácie inexpressiva, a perca dos movimentos associados, a iniciação lenta das atividades motoras, a fala suave e monótona e a escrita lenta e micrográfica, que são tão comuns nos pacientes psiquiátricos tratados com drogas. As alterações na escrita, a redução na expressão facial e redução dos movimentos do braço, são sinais precoces importantes de acinesia, podendo ser acompanhados por sintomas subjetivos, como fadiga ou fraqueza muscular (PRADO, 2003).

Embora freqüentemente difícil é importante distinguir essas características da

acinesia induzida por drogas do retardo motor, comumente associado à doença psiquiátrica

subjacente, como depressão. A rigidez de extremidades, pescoço ou tronco, geralmente sem o

fenômeno de “roda denteada” aparece de dias a semanas após o início da acinesia. As

anomalias posturais parkinsonianas características também são freqüentes incluindo postura

fétida, comprometimento das respostas certas e passos propussivos. Os 4 a 6 hz alternantes,

característicos de tremor em “contando dinheiro” da doença de Parkinson, presente no recuso

e desaparecendo como ação voluntária, ocorrem tardiamente na evolução do parkinsonismo

induzido por drogas, sendo relativamente incomum (FERNANDES, 2005).

Este sinal é que mais serve para diferenciar o parkinsonismo de outras alterações

motoras. Correspondem a um alentamento dos movimentos, especialmente os automáticos,

havendo uma pobreza geral da movimentação.

A mímica é pobre (hipomimia ou amimia), sendo a fácie inexpressiva ou

congelada. A fala é monótona e sem modulação, e no fim de uma frase o doente pode repetir

palavras ou sílabas (palilalia). A escrita se modifica estando presente à micrografia. Ainda

está presente a dissinergia oculocefálica, na qual o doente, ao dirigir os olhos para um

determinado lado, não acompanha com a cabeça o movimento dos olhos (FERNANDES,

2005).

Uma forma de avaliar a bradicinesia de maneira objetiva consiste em pedir ao

paciente que faça movimentos repetidos e sucessivos, como abrir e fechar o punho, ou tocar o

dedo indicador contra o polegar ou mesmo bater o calcanhar contra o solo. Há uma tendência

de que com a repetição dos movimentos estes se tornem mais lentos e de menor amplitude,

podendo ter até períodos de completa interrupção (ARAGÃO, 2005).

2.2.4.3 Rigidez muscular

Segundo André (2004), a rigidez parkinsoniana é plástica ou cérea, sendo diferente

da rigidez elástica característica de lesões do sistema piramidal. Acomete um segmento, um

hemicorpo ou ambos os lados, acometendo todos os músculos indistintamente. O

deslocamento a movimentação passiva é uniforme, podendo estar presente o sinal da roda

dentada. A rigidez compartilha com o tremor o posto de manifestações iniciais da doença na

maior parte dos casos.

Uma explicação seria que estes sintomas "positivos" seriam mais bem percebidos

pelo paciente que o fenômeno negativo (bradicinesia).

A rigidez pode estar ausente nas fases iniciais da doença. Uma forma de

sensibiliza-la no exame neurológico seria a manobra de co-ativação. Nesta o paciente é

solicitado a realizar voluntariamente, na articulação contralateral, "em espelho", o mesmo

movimento que está sendo realizado na articulação testada com movimentação passiva. Pode

aparecer uma nítida rigidez com sinal da roda dentada na articulação testada (RIZZO, 2003).

2.2.4.4 Instabilidade postural

Este sinal é algumas vezes colocado como fazendo parte da rigidez muscular. Seu

achado deve-se a perda de reflexos posturais. A propriocepção muscular e articular, o sistema

vestibular e a visão são algumas das fontes de alimentação do sistema extrapiramidal no

controle do tono postural (ADAMS; VICTOR; ROPPER, 1999).

O paciente assume uma postura muito característica com a cabeça em ligeira

flexão, tronco ligeiramente inclinado para frente, flexão moderada da perna sobre a coxa e do

antebraço sobre o braço, com exagero da pinça digital nas mãos. O tronco é fletido

ventralmente. A imagem lembra a de um esquiador. Em pacientes com este sinal

predominante costuma-se ter uma morbidade maior e uma progressão mais rápida da doença

(MORAES, 2005).

Figura 3: Postura típica de um parkinsoniano Fonte: www.medicine.wordwide.de/krankheiten/neurologische_erkrankungen/parkinson.html

As alterações posturais levam a alteração do centro de gravidade, passando este a

se localizar sobre seu antepé ou mesmo na frente de seus pés, o que requer readaptações em

uma nova base de suporte e adaptações na orientação corporal durante a execução das

atividades da vida diária. Já no indivíduo normal, segundo Kendall et al. o centro de

gravidade se localiza entre os pés.

O funcionamento do sistema postural envolve a necessidade de coordenar e

controlar os segmentos corporais com base nas informações sensoriais. Desta forma mesmo

um comportamento cotidiano como a manutenção da posição ereta, ao contrário do que

parece, é uma tarefa complexa que envolve um intrigado relacionamento entre informação

sensorial e atividade motora (BARELA; JEKA, 2002).

Outras características da doença são a postura e expressão do rosto. A postura do parkinsoniano caracteriza-se pelo flexionamento articular involuntário, que provoca a denominada “postura de gorila”: pescoço fletido sob o peito, ombros caídos, troncos projetado para frente, braços que só se movimentam na frente do corpo ao caminhar e pernas que dobram pouco, à altura dos quadris e dos joelhos; essas deformidades se agravam à medida que a enfermidade progride. (CIVITA, 1975, p. 987).

2.2.4.5 Acinesia

O termo acinesia refere-se à redução da quantidade de movimento. O paciente

apresenta redução da movimentação espontânea em todas as esferas. A mímica facial torna-se

menos expressiva, transmitindo com menor intensidade sentimentos e emoções que, por sua

vez, mantém-se preservados. A caligrafia torna-se menos legível e de tamanho reduzido,

fenômeno conhecido por micrografia. As atividades diárias, antes realizadas com rapidez e

desembaraço, são agora realizadas com vagar e à custa de muito esforço (DETOLEDO,

1993).

O paciente anda com passos mais lentos e pode apresentar alguma dificuldade para

equilibrar-se. A postura geral do paciente modifica-se: existe predominância dos músculos

flexores de modo que a cabeça permanece fletida sobre o tronco, estes sobre o abdômen e os

membros superiores são mantidos ligeiramente à frente com os antebraços semi-fletidos na

altura do cotovelo (HALLIWELL, 1992).

As alterações na escrita, a redução na expressão facial e redução dos movimentos do braço, são sinais precoces importantes de acinesia, podendo ser acompanhados por sintomas subjetivos, como fadiga ou fraqueza muscular (PRADO, 2003)

O autor ainda afirma que, embora freqüentemente difícil é importante distinguir essas

características da acinesia induzida por drogas do retardo motor, comumente associado à

doença psiquiátrica subjacente, como depressão. A rigidez de extremidades, pescoço ou

tronco, geralmente sem o fenômeno de “roda denteada” aparece de dias a semanas após o

início da acinesia

2.2.2 Sintomas secundários

2.2.2.1 Depressão

Sintomas depressivos ocorrem em 40-50% dos pacientes parkinsonianos. Embora

considerada como reativa a uma condição que limita a atividade normal, pacientes com

doença de Parkinson costumam ter depressão mais freqüentemente se comparados a pacientes

portadores de outras doenças ainda mais incapacitantes.

Em alguns pacientes, a depressão pode se acompanhar de ansiedade e, mais

raramente, de episódios de agitação. A intensidade dos sintomas depressivos pode variar

desde quadros leves até aqueles mais graves em que a depressão torna-se o sintoma mais

importante e um dos fatores determinantes de incapacidade. Nesses casos, o tratamento

específico com medicamentos antidepressivos é fundamental para o controle dos sintomas

(The national Parkinson Foundation, 2006).

2.2.2.2 Sono

Constituem um dos problemas mais comuns. Compreende uma ampla gama de

sintomas que incluem: dificuldade em conciliar o sono, freqüentes despertares durante a noite,

sonhos "reais" (em que o paciente tem dificuldade em distinguir o sonho da realidade) e

pesadelos. Uma das observações mais comuns é a inversão do ciclo vigília-sono em que o

paciente "troca o dia pela noite". Esse fenômeno ocorre lentamente como resultado de uma

combinação de fatores (que incluem freqüentes cochilos durante o dia e dificuldade

progressiva para dormir à noite) que se autoperpetuam e culminam em importante inversão do

ciclo. Outras vezes, ocorrem movimentos bruscos (pequenos pulos ou movimentos rápidos

com os membros) chamados mioclonias que podem ser normais quando ocorrem raramente.

Na doença de Parkinson, essa mioclonias podem ser mais freqüentes e intensas e acordar o

cônjuge e mesmo o próprio paciente (BERTOLUCCI, 2003).

2.2.2.3 Sialorréia

Ao contrário do que antes se imaginava, esse sintoma não decorre de aumento de

produção de saliva (embora em alguns pacientes isso possa ocorrer) mas de maior dificuldade

em degluti-la. Em condições normais, engole-se saliva automaticamente à medida que vai

sendo produzida. Na doença de Parkinson, esse comportamento motor automático (assim

como vários outros) deixa de ser realizado, o que leva a acúmulo de saliva, que pode escorrer

pelo canto da boca. Medicações anticolinérgicas (que inibem a acetilcolina) costumam ser

benéficas nesses casos (BEARD; KOKMEN; O’BRIEN et al, 1995).

2.2.2.4 Fala

Essas alterações podem ocorrer no início da doença mas raramente constituem o

primeiro sintoma. A primeira manifestação é percebida geralmente por amigos ou familiares

que referem dificuldade na compreensão da palavra falada, principalmente ao telefone. A voz

torna-se mais fraca, o volume de voz diminui e pode haver certa rouquidão (JORM;

KORTEN; HENDERSON, 1997).

Dificuldade na articulação constitui sintoma freqüente em todas as fases da

doença, mas pode ser bastante incapacitante nas fases mais avançadas, ou naqueles pacientes

nos quais a voz é mais exigida como professores e atores, por exemplo. Outra característica

marcante é o que se denomina fala monótona: as frases são emitidas de modo constante,

pausado, com a perda da entonação e cadência naturais que conferem à fala sua musicalidade

e capacidade de expressão emocional. Alguns pacientes tendem a acelerar o ritmo da fala de

modo a encurtar o tempo de emissão de uma frase, embaralhando as palavras e dificultando

sua compreensão. Outros pacientes, por sua vez, apresentam significativa redução da

velocidade da fala (ROWLAND, 1996).

2.2.2.5 Dor

A doença de Parkinson é uma afecção essencialmente motora. Entretanto, é

comum o aparecimento de dores musculares em várias regiões do corpo. As áreas mais

afetadas são os ombros, braços, membros inferiores e região lombar. Muitas vezes o sintoma

que mais incomoda é uma sensação de fadiga muscular que piora em determinadas posições.

A explicação mais comum leva em conta a ação do tremor e da rigidez que resultam em

aumento da atividade muscular. Por outro lado, essas sensações dolorosas podem ocorrer

mesmo quando os sintomas motores são mínimos - o que sugere a existência de outros

mecanismos envolvidos. Em alguns casos, sensações dolorosas podem se manifestar meses

antes do aparecimento dos primeiros sintomas (SANVITO, 1997).

Uma das formas mais conhecidas de sintomas dolorosos na doença de Parkinson

são as câimbras. Câimbras nos pés ocorrem geralmente pela manhã (câimbras matinais) ou

durante a noite - o que pode acordar o paciente. Alguns pacientes relatam dores musculares na

região do ombro e do pescoço, ou mesmo dores de cabeça, relacionadas à rigidez da

musculatura cervical. Mais comum é a queixa de dor lombar em pacientes que apresentam

alterações posturais com flexão do tronco. São dores geralmente relacionadas à posição, uma

vez que melhoram quando o paciente procura assumir postura mais ereta e tendem a piorar

enquanto sentado (BEARD; KOKMEN; O’BRIEN et al, 1995).

2.2.2.6 Alteração de humor

Berrios et al. (1995), utilizando uma escala para quantificar e qualificar alterações

disautonômicas, sugeriram que alguns pacientes parkinsonianos, diagnosticados como

ansiosos ou deprimidos, apresentariam, na realidade, sintomas subjetivos de falência

autonômica, o que levaria ao diagnóstico errôneo de depressão e ausência de resposta à

terapêutica antidepressiva proposta.

2.2.2.7 Constipação e dificuldades urinárias

Alterações urinarias e/ou de funcionamento do tracto intestinal podem estar

presentes pela ação da própria doença (problemas no funcionamento do sistema nervoso

autonômico que é responsável pelo controle da musculatura lisa da bexiga e intestino) ou pelo

uso de alguns medicamentos antiparkinsonianos. Alguns pacientes podem apresentar

incontinência urinaria enquanto outros podem apresentar dificuldades para iniciar a micção.

Constipação pode ocorrer porque o tracto intestinal funciona mais lentamente, mas pode

também ser causada pela inatividade, dieta pobre em fibras ou pequena ingestão de líquidos

(GELB, 1999).

2.3 Tratamentos

Segundo Moraes (2005, p. 3-4), “[...] é importante lembrar e compreender que atualmente não existe cura para a doença, mas a grande arma para combater os sintomas são os medicamentos e a fisioterapia.”

2.3.1 Farmacoterapia

“Levodopa: ainda é o medicamento mais importante para amenizar os sintomas da

doença. A levodopa se transforma em dopamina no cérebro, e supre parcialmente a falta

daquele neurotransmissor.” (COSTA; BADIM, 1991, p. 242).

Levodopa (em combinação

com a Carbidopa)

O tratamento principal da doença de

Parkinson. Administra-se junto com

carbidopa para aumentar a eficácia

e produzir os efeitos secundários.

Depois de vários anos a

eficácia pode diminuir

Bromocriptina ou Pergolide Administra-se como complemento Raramente se administra

da levodopa no início do tratamento

para reforçar a ação da mesma, ou

mais tarde quando os efeitos

secundários de lovodopa se tornam

mais problemáticos.

isolado

Selegilina Muitas vezes administra-se além de

levodopa

Pode aumentar a ação da

levodopa no cérebro

Medicamentos

anticolinérgicos:

Benzatropina e Tri-

Hexifenidilo, certos

antidepressivos e

antihistamínicos

Podem administrar-se sem

lovodopa nas fases iniciais da

doença e nas fases tardias

Pode produzir uma

ampla gama de efeitos

secundários

Amantadina Utilizada nas fases iniciais da

doença

Se for utilizada isolada

pode tornar-se ineficaz

ao fim de vários meses.

Quadro 1- Medicamentos Utilizados no Tratamento da doença de Parkinson Fonte: www.lilacs.com

2.3.2 Fisioterapia

De acordo com Andrade (2000, p. 574) “A fisioterapia é fundamental para a

prevenção de dores musculares, articulares, anormalidades posturais e outras complicações

que são trazidas pela imobilidade excessiva.”

Segundo Costa e Badin (1991, p. 231), “[...] o procedimento fisioterápico tem por

escopo fundamental manter a mobilidade articular e, por essa via, reparar ou prevenir desvios

posturais juntamente com o combate à natural tendência desses pacientes para a imobilidade.”

A fisioterapia é amplamente usada no processo de reabilitação neurológica, procurando retardar ou prevenir a perda de habilidades gerais e invalidez. Na doença de Parkinson o tratamento fisioterapêutico tem como objetivos melhorar a mobilidade, a força muscular, o equilíbrio, a aptidão física e a qualidade de vida dos pacientes. (GOULAT; PEREIRA, 2005, p. 50).

Os objetivos fisioterapêuticos em relação ao paciente estão relacionados ao estágio

de progressão da doença. Os objetivos gerais incluem a prevenção e a correção de alterações

músculo-esquelético, manutenção das atividades funcionais; diminuição do risco de quedas;

reeducação da marcha (XARDES, 1990).

Acreditamos que não exista um único método ou técnica capaz de alcançar todos

objetivos, cabendo ao fisioterapeuta a capacidade crítica de eleger, diante das características

especificas do seu paciente a melhor forma de abordagem (FERRAZ, 2005).

2.3.2.1 Hidroterapia

É sabido desde os tempos mais remotos, que a água é usada como cura para inúmeras doenças. Os romanos já eram familiarizados com os banhos frios e quentes com finalidades curativas. Na era moderna vários médicos reconheceram a água como importante método de tratamento.

Hoje graças aos resultados satisfatórios encontrados por profissionais competentes, a hidroterapia pôde se firmar no panorama da saúde mundial progressivamente.

“No Brasil cada vez mais os pacientes não se arrependem de buscar na hidroterapia mais que uma terapia corporal” (DEGANI, 1998). Encontram um universo novo e estimulante onde até a auto - estima é elevada, pois se sentem confiantes e independentes para dominar este ambiente tão diferente do habitual onde são tidos como limitados. Para o fisioterapeuta, a hidroterapia é muito gratificante à medida que se percebe a motivação do paciente e os benefícios globais que são adquiridos no decorrer do tratamento.

A água como meio para atividade possui aspectos ao mesmo tempo terapêuticos e recreacionais. Quando estes aspectos estão baseados no mesmo método, eles se tornam complementares uns dos outros, e se pode promover o programa de reabilitação contínua, através da recreação apropriadamente estudada. Recreacionalmente são envolvidos maiores padrões de movimentos, e enquanto terapeuticamente esses padrões são refinados.

Uma abordagem definitiva agora surge, de vez que poucas pessoas sejam quanto

forem temerosas, conseguem resistir a reunir-se com aquelas que estão felizes. É essencial

que a criança ou adulto, seja mentalmente feliz na água, bem como fisicamente ajustada de

modo a ser criada atmosfera mais benéfica; então as demanda são de maior atividade tem

probabilidade de ser satisfeitas (SKINNER; THOMSON, 1985).

2.4 Desenvolvimento motor

Em toda história do desenvolvimento da humanidade nunca existiu um período de

transição tão abrupto, tão imprevisto e de tamanha amplitude quanto o período de

envelhecimento frente aos atuais impactos físicos, emocionais e psicossociais. As

características motoras na vida de cada indivíduo são diretamente dependentes da vida útil de

seu corpo, que contém uma utilidade política, social e emocional (RAUCHBACH, 1997).

Desde o momento da concepção o organismo humano tem uma lógica biológica,

uma organização, um calendário maturativo e evolutivo, uma porta aberta para interação e à

estimulação (ROSA NETO, 2005).

O movimento é preciso estar presente em todos os momentos da nossa vida, da

inabilidade para a habilidade e, novamente, para a inabilidade na idade avançada ainda que o

significado de ficar em pé pela primeira vez e a dificuldade em levantar-se no final da vida

seja diferente (SANTOS, 2004).

O movimento e seu fim são uma unidade, e desde a motricidade fetal até a

maturidade plena, o movimento se projeta sempre frente à satisfação de uma necessidade

relacional (ROSA NETO, 2005).

2.4.1 Envelhecimento

O fenótipo do envelhecimento que é representado por marcadores típicos como

perda de peso, redução da massa corpórea magra, cabelos grisalhos, pele enrugada, é o reflexo

de um somatório de alterações que mais cedo ou mais tarde estarão presentes em todos os

idosos. Tais manifestações, emboram evidentes e facilmente observadas, não têm hoje

esclarecidos os mecanismos envolvidos em sua gênese, apesar do envelhecimento ser um

fenômeno universal e comum a praticamente todos seres vivos (ANDRADE, 1988).

O envelhecimento pode ser conceituado como um processo dinâmico e

progressivo, no qual há alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas que vão alterando

progressivamente o organismo, tornando-se mais suscetível ás agressões intrínsecas e

extrínsecas que terminam por leva-lo a morte (MATEUS NETO, 2002).

Uma das mudanças mais marcantes durante todo processo de envelhecimento é o

declínio da capacidade de movimento. A integridade do sistema nervoso é vital para a

iniciação e coordenação de respostas musculares. Com o avançar da idade, ocorre um declínio

na velocidade de condução nervosa, mais proeminente nos segmentos distais do corpo do que

em áreas proximais e é maior nas partes inferiores do corpo do que nos membros superiores

(ECKERT, 1993).

As alterações neurobiológicas do sistema nervoso central com o envelhecimento se

manifestam sob vários aspectos, anatomicamente o cérebro se modifica de modo a reduzir seu

peso em 10% ao longo dos 80 anos. Uma diminuição nos níveis de vários neurotransmissores,

de suas enzimas metabólicas, especialmente no setor colinérgico, é também observada, são

feitas comparações entre o que se considera um envelhecimento normal e patologias que

ocorrem nestas faixas etárias mais elevadas como a doença de Parkinson (MATEUS NETO,

2002).

A degeneração do sistema muscular é um dos fenômenos característico do

envelhecimento. Os pequenos músculos da mão – que são solicitados sempre com a mesma

intensidade durante a vida – perdem sua força de compressão (ANDRADE, 1988).

Com o envelhecimento, deterioram-se também as funções cardíacas. O coração

torna-se cada vez menos capaz de suportar esforços extraordinários. É difícil no entanto,

determinar o papel exercido sobre a redução da atividade e da resistência do coração pelas

afecções da artéria coronária (CIVITA, 1985).

O funcionamento do pulmão também sofre progressiva degeneração, independente

da ocorrência de distúrbios respiratórios provocados por doenças. A capacidade funcional

total decresce em relação ao grupo etário de 29 a 29 anos. Aparentemente a função pulmonar

é melhor conservada nas pessoas que praticam muito exercício físico (CIVITA, 1985).

2.5 Parâmetros Motores

2.5.1 Motricidade Fina e Global

A coordenação fina se elabora de modo progressivo com a evolução motriz do

aprendizado. A coordenação global é um movimento sinestésico, tátil, visual, espacial e

temporal que desempenham um papel importante na melhora dos comandos nervosos e no

afinamento das sensações e percepções (ROSA NETO, 2005).

Figura 4: Motricidade fina e global Fonte: Da autora

2.5.2 Equilíbrio

Dentre os principais sintomas esta também afetado o equilíbrio, onde tem

dificuldade de escrever e falar. Os sintomas começam aparecer quando o cérebro não produz

suficiente dopamina. Isto ocorre quando os neurônios que produzem dopamina numa parte do

cérebro denominada substância nigra morrem e a dopamina produzida já não basta para

controlar nervos e músculos necessários para se equilibrar, andar e fazer outros movimentos

(FERRAZ, 2005).

Equilíbrio é a figuração do próprio corpo, formada por mente, audição, visão, tato

e paladar. É a visão do nosso corpo que produzimos em nossa mente, é como a representação

mental do próprio corpo (ARAGÃO, 2005).

Figura 5: Equilíbrio Fonte: Da autora

2.5.3 Esquema Corporal

O esquema corporal decorre da interação dos estímulos visuais, sensibilidade

proprioceptiva e do aparelho vestibular. Qualquer disfunção nesse complexo sistema de

orientação espacial pode levará sintomas (ARAGÃO, 2005).

Os déficits da imagem corporal podem resultar em diversos desvios no andar,

incluindo a inclinação do tronco na direção da perna da postura vertical, que resulta na perda

da estabilidade. A imagem corporal comprometida também pode resultar no posicionamento

inadequado do pé e na dificuldade para controlar o centro da massa do corpo, em relação à

base de apoio mutável dos pés (PERRY, 1992).

Figura 6: Esquema corporal Fonte: Da autora

2.5.4 Organização espacial

A locomoção orientada a um objetivo que não esta visível desde o inicio

requer estratégias de pilotagem que dependem do conhecimento espacial armazenado.

O impacto dos déficits na cognição espacial sobre a mobilidade é considerável e afeta

particularmente a capacidade de se movimentar com segurança pelo ambiente,

evitando colisões com obstáculos que não sejam imediatamente percebidos. A

incapacidade de recordar a relação de um local com outro, denominada

desorientação topográfica, pode afetar significativamente os aspectos da locomoção

inerente a descoberta de uma rota (SHUMWAY; WOOLLACOTT, 2003).

Figura 7: Organização espacial Fonte: Da autora

2.5.5 Organização temporal

Segundo Damázio (2002), a organização temporal pode ter relação de como o

cérebro associa um evento e determinado momento específico no tempo, situando esse evento

em uma seqüência cronológica, que no caso de alguns indivíduos, não os associa, sendo um

mistério. Ressaltando ainda que essa função envolve tanto lembrança dos fatos quanto a

lembranças dos relacionamentos temporais com esses fatos.

Figura 8: Organização temporal Fonte: Da autora

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

3.1Caracterização da Pesquisa

A pesquisa analisou as características da escala motora para 3ª idade em pacientes

com Doença de Parkinson.

A pesquisa quanto ao nível é do tipo descritiva, pois tem como objetivo analisar o

perfil motor de pacientes com Doença de Parkinson.

De acordo com Herdt e Leonel (2005, p. 74), pesquisa descritiva “é aquela que

analisa, registra e correlaciona aspectos (variáveis) que envolvem fatos ou fenômenos, sem

manipula-los”.

Pesquisa descritiva os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e

interpretados sem que o pesquisador interfira neles. Isto significa que fenômenos não são

manipulados pelo pesquisador (ANDRADE, 1999).

Segundo Rauen (2002), “[...] a pesquisa quantitativa preocupa-se com o número de

elementos estudados que são passivos de intervenção.”

3.2 População e amostra

A população do estudo compreendeu pacientes pertencentes a ambos os sexos que

possuíam como diagnóstico a Doença de Parkinson, sendo estes inscritos na lista de espera da

Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL

A amostra constituiu-se de 11 indivíduos com Doença de Parkinson, sendo quatro

pertencentes ao sexo masculino com faixa etária de 34 à 68 anos e sete mulheres com faixa

etária de 55 à 82. Foram excluídos do estudo pacientes que apresentavam outra doença

neurológica, ortopédicas ou cardiológicas, e que não assinaram o termo de consentimento

livre e esclarecido.

3.3 Instrumentos utilizados para coletas de dados

Para proceder este estudo foram utilizados os seguintes instrumentos

• Máquina digital Sony 5.0 Mega Pixels;

• Estadiamento de Hohen & Yahr (Anexo A)

O método fácil é de grande utilidade prática para avaliação da doença, são as

escalas de pontuação que podem ser utilizadas para analisar a evolução clínica da doença ou a

eficácia do tratamento.

Entre elas temos a escala Hohen & Yahr que nos proporcionam uma avaliação

clínica e evolutiva da doença (MONTE, 2004).

A escala Hohen & Yahr avalia os pacientes levando em consideração os reflexos

posturais, assim como a bilateralidade da doença, especialmente no que se refere à

independência para as atividades da vida diária (RASR; BORGES, 2002).

• Mala com kit de escala motora para 3ª idade composta de:

Avaliação da motricidade fina (Anexo B)

Avaliação da motricidade global (Anexo C)

Avaliação do equilíbrio (Anexo D)

Avaliação do esquema corporal (Anexo E)

Avaliação do esquema espacial (Anexo F)

Avaliação do esquema temporal (Anexo G)

A Escala Motora para Terceira Idade (E.M.T.I), compreende um conjunto de

provas diversificadas e de dificuldade graduada, conduzindo a uma exploração minuciosa de

diferentes setores do desenvolvimento. A aplicação num sujeito permite avaliar seu nível de

desenvolvimento motor, considerando êxitos e fracassos, levando em conta as normas

estabelecidas pelo autor da escala, é de fácil manejo para o examinador, em geral as provas

são muito estimulantes, onde o idoso colabora durante o transcurso do exame, estabelecendo

uma confiança e empatia entre examinador e examinado, resultando em uma maior

confiabilidade dos resultados (ROSA NETO, 2005).

Instruções gerais de aplicação: Quando os idosos recorrem a um exame motor,

apresenta um grande interesse em conhecer e realizar as provas estimulantes ou divertidas.

Dentro do âmbito de aplicação do exame, os sujeitos são recebidos com enfoques diferentes,

as pessoas colaboram bem, já que a bateria é muito diversificada. O estabelecimento de um

clima adequado é um aspecto crucial do exame, normalmente ajuda a melhorá-lo quando o

examinador se aproxima do paciente com ar de confiança, anunciando-lhe que as atividades

serão divertidas, através das diferentes propostas de trabalho (ROSA NETO, 2005).

• Termo de consentimento (Anexo H)

3.4 Procedimento utilizado na coleta

Para o desenvolvimento do presente estudo, inicialmente realizaram-se contatos

com indivíduos com Doença de Parkinson inscritos na lista de espera da Cínica Escola de

Fisioterapia da Unisul, onde lhes foram fornecidas informações sobre os objetivos da

pesquisa. Uma vez aceito o convite foram agendadas as datas da avaliação dos componentes

da escala motoras para 3ª idade, assinando o termo de consentimento livre e esclarecido.

A coleta foi realizada na Clínica Escola de Fisioterapia na Universidade do Sul de

Santa Catarina – UNISUL. Do dia 01 de agosto à 23 de setembro de 2006, os pacientes foram

submetidos a uma avaliação, a qual foi aplicado pela pesquisadora.

De acordo com Rosa Neto (1996), a Escala Motora para Terceira Idade – EMTI

consiste de testes motores clássicos reunidos em uma única bateria. Desenvolvida na

Universidade de Zaragoza na Espanha, é aplicado individualmente e sua duração é de

aproximadamente 30 a min 45 minutos. As variáveis analisadas são:

AMG: Obtém-se através da soma dos pontos obtidos nas áreas de motricidade fina,

coordenação global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e temporal.

AM1:Obtém-se através das soma dos pontos alcançados nos testes de motricidade fina.

AM2: Obtém-se através das soma dos pontos alcançados nos testes de coordenação global.

AM3: Obtém-se através das soma dos pontos alcançados nos testes de equilíbrio

AM4: Obtém-se através das soma dos pontos alcançados nos testes de esquema corporal

AM5: Obtém-se através das soma dos pontos alcançados nos testes de organização espacial

AM6: Obtém-se através das soma dos pontos alcançados nos testes de organização temporal.

O exame motor pode ser iniciado pela seqüência de provas motoras, motricidade

fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e organização

temporal.

Se o indivíduo tiver êxito em uma prova, o resultado será positivo e será

registrado com o símbolo 1.

Se a prova exige habilidade com o lado direito e esquerdo do corpo será

registrado 1 quando houver êxito com os dois lados. Se a prova tem resultado positivo em

apenas um dos lados (esquerdo ou direito) será registrado ½.

Se a prova tem resultado negativo será registrado 0.

3.5 Procedimento utilizado para análise dos dados

Para todas variáveis os pacientes foram identificados pelas letras, A, B, C, D, E, F,

G, H, I, J, L, correspondendo aos indivíduos A; A; A; A; D; I; H; J; M; M; Z,

respectivamente.

Os dados foram analisados e os resultados estatísticos obtidos, utilizando o

software Statdisk e expostos sob a forma de gráficos e tabelas.

Para introdução dos dados coletados foi utilizado o programa informático “Escala

Motora para Terceira Idade”, para obtenção de gráficos e tabelas.

A pontuação e a classificação dos parâmetros motores foi utilizado a seguinte

classificação.

PONTOS CLASSIFICAÇÃO 132 ou mais Muito superior 120 - 129 Superior 110 - 119 Normal alto 90 – 109 Normal médio 80 - 89 Normal baixo 70 – 79 Inferior

69 ou menos Muito inferior Quadro 2: Escala De Aptidão Motora Geral Fonte: Rosa Neto

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

4.1 Caracterização da amostra

A tabela 1 mostra as características da amostra do estudo, quanto à idade, gênero,

tempo de diagnóstico da doença, medicação e o estágio em que a doença se encontra,

conforme escala de estadiamento de Hoehn e Yahr.

Tabela 1: Características da amostra do estudo

Participante Idade Gênero Tempo da Patologia (anos)

L-Dopa Hohen & Yahr

A 55 M 8 S 3

B 74 F 6 S 1,5

C 34 M 3 S 2,5

D 68 M 4 S 1,5

E 58 M 6 S 2,5

F 74 F 20 S 3

G 77 F 11 S 4

H 55 F 3 S 2,5

I 82 F 3 S 2,5

J 69 F 2 S 2,5

L 80 F 12 S 4

Média 66 (masc: 36,4%) 7,09

(femi: 63,6%)

S: sim

De acordo com a tabela 1, pode-se verificar que fizeram parte deste estudo onze

(11) pacientes com diagnóstico de Doença de Parkinson, sendo quatro do sexo masculino

(36,4%) e sete do sexo feminino (63,6%), com idade mínima de 34 anos e máxima de 82 anos

e média de idade de 66 anos.

A doença de Parkinson, é uma doença cuja prevalência aumenta com a idade,

chegando a 1% em indivíduos acima de 60 anos. Com o aumento da expectativa de vida,

estima-se que por volta de 2020, mais de quarenta milhões de pessoas no mundo serão

portadores de doença de Parkinson (GOULART et al, 2005).

De acordo com Meneses (2003), pode-se encontrar pacientes com inicio da

doença mais precoce, antes dos 40 anos e, até mesmo, abaixo dos 21 anos de idade. A doença

de Parkinson pode ocorrer nas diferentes raças e classes sociais em pessoas de ambos os

sexos, apesar de alguns estudos epidemiológicos demonstrarem maior freqüência no sexo

masculino.

Na maior parte dos casos a manifestação da doença surge aos 60 e 70 anos de

idade. Não há predominância de sexo, apesar de nos casos de início precoce, pode haver

maior prevalência no sexo feminino (DONOSO et al, 2003).

Vieira (2002) cita que o surgimento da doença não tem relação alguma com o

sexo. Neste estudo encontrou-se maior prevalência do sexo feminino 7 (sete) 63,6% casos de

mulheres com doença de Parkinson.

No que se refere ao tempo de diagnóstico pode-se constatar que o menor tempo de

patologia foi de 2 anos e o maior foi de 20 anos, tendo como média de diagnóstico 7 anos.

Quanto ao estadiamento de Hoehn e Yahr dos 11 (onze) pacientes avaliados, a

maior prevalência na escala de estadiamento foi cinco (5) participantes com o estágio 2,5,

dois (2) com estágio 3, dois (2) com estágio 4 e dois (2) com estágio 1,5.

Nota-se que nos participantes A, F, G e L os quais apresentam maior tempo de

patologia a escala de Hoehn e Yahr apresentou estágio 3, 3, 4 e 4 respectivamente, ou seja

manifestaram sinais e sintomas mais expressivo da doença de Parkinson.

Também percebe-se no quadro 1 que todos os participantes fazem uso do fármaco

Levodopa. De acordo com Picon e Beltrame (2002) a levodopa é a droga mais efetiva no

controle dos sintomas da DP, especialmente rigidez e bradicinesia. Embora nunca tenha sido

testada contra placebo, sua consistência de efeito nos mais de 30 anos de experiência valida

sua utilização clínica. Levodopa mostrou ser mais eficaz, em estudos controlados

randomizados, no controle dos sintomas motores que os agonistas dopaminérgicos.

Estudos corroboram que pacientes com idade mais avançadas (>70 anos) ou que

apresentam disfunções cognitivas toleram mal o uso de drogas anticolinérgicas. Essa droga

que são de baixa potencia antiparkinsoniana ficam reservadas para pacientes mais jovens, com

desempenho cognitivo normal e que apresentam formas leves de parkinsonismo. Por outro

lado para aqueles pacientes que desempenham atividades profissionais, cujas características

exigem controle máximo do parkinsonismo a opção pode ser levodopa (MENESES, 2003).

4.2 Parâmetros motores

Tabela 2: Parâmetros motores

variáveis Muito

inferior

Inferior Normal

baixo

Normal

médio

Normal

alto

superior Muito

superior

Média de

pontos

AM1 ... 7 2 1 1 0 0 0 58,9

AM2 ... 9 2 0 0 0 0 0 43,0

AM3 ... 9 0 0 2 0 0 0 49,6

AM4 ... 10 0 0 1 0 0 0 51,8

AM5 ... 3 4 3 1 0 0 0 70,9

AM6 ... 5 4 0 1 0 0 1 69,2

Percebe-se que de acordo com a tabela 2 os resultados de motricidade fina (AM1)

a sete (7) pacientes, encontram-se no nível muito inferior, dois (2) pacientes no nível inferior,

um (1) no nível normal médio, e um (1) no nível normal baixo, sendo que a média dos pontos

do AM1 corresponde a 58,9.

Nas áreas da motricidade global (AM2) 9 (nove) pacientes encontram-se no nível

muito inferior e dois (2) pacientes no nível inferior sendo que a média dos pontos da AM2 é

de 43,0.

No equilíbrio (AM3) 9 (nove) pacientes encontram-se no nível muito inferior e 2

(dois) no nível normal médio, correspondente a 49,6, dos pontos da AM3.

No esquema corporal (AM4) 10 (dez) pacientes encontram-se no nível muito

inferior e um (1) no nível normal médio, sendo que a média dos pontos em AM4 é de 51,8%.

Na organização espacial (AM5) 3 (três) pacientes encontram-se em nível muito

inferior, 4 (quatro) no nível inferior, 3 (três) no nível normal baixo e 1 (um) no nível normal

médio, sendo que a média dos pontos da AM5 é de 70,9.

Na organização temporal (AM6) 5 (cinco) pacientes encontram-se no nível muito

inferior, (4 quatro) no inferior, 1 (um), no nível normal médio e 1 (um) no nível muito

inferior, sendo que a média dos pontos em AM6 é de 69,2.

Segundo Carvalho Filho (2000), a classificação da maioria como muito inferior,

pode ser devido ao declínio das funções neurais e físicas naturais ao processo de

envelhecimento e também, devido às doenças que os acometem.

A motricidade global é responsável pela regulação do equilíbrio e da atitude do

indivíduo, desempenhando um importante papel na melhora dos comandos nervosos e no

afinamento das percepções e sensações (ZABALETA, 1996).

Segundo Negrine (1987), a tonicidade garante as atitudes, as posturas, as emoções,

de onde emergem todas as atividades motoras humanas. Mas uma das mudanças mais

marcantes é o declínio da capacidade de movimento.

Para Mazo et al. (2001), o equilíbrio diminui com o avançar da idade devido à

diminuição da massa muscular, alterações no sistema nervoso e doenças neurológicas.

O equilíbrio reflete a integridade do sistema vestibular proprioceptivo e

cerebeloso, que sofre desgaste da função com a idade e patologias neurológicas. Picq e Vayer

(1988) ainda citam o equilíbrio como uma das condutas motoras de base, que dessa forma a

falta de equilíbrio poderá trazer transtornos em determinadas habilidades corporais.

A organização espacial e temporal apresentou maiores valores comparando-se com

as outras áreas avaliadas, porém, ainda assim essas áreas apresentaram classificação inferior.

A organização espacial foi à área motora com menor comprometimento dentre

todas as áreas avaliadas. A estrutura espacial é a tomada de consciência da situação de seu

próprio corpo em um meio ambiente, do lugar e da orientação que pode ter em relação às

pessoas e aos objetos (VIEIRA, 2002).

Segundo Damázio (2002), a organização temporal pode ter relação de como o

cérebro associa um evento e determinado momento específico no tempo, situando esse evento

em uma seqüência cronológica, que no caso de alguns indivíduos, não os associa, sendo um

mistério. Ressaltando ainda que essa função envolve tanto lembrança dos fatos quanto a

lembranças dos relacionamentos temporais com esses fatos.

Lima e Schimit (1996), declaram que os sintomas de organização temporal

constituem-se de um processo natural no período de vida de indivíduos com patologias

neurológicas.

Estudos recentes denotam a importância de instrumentos de diagnósticos e de

acompanhamento para pacientes com transtornos de equilíbrio, tendo vista a complexidade

desta área motora (GENTILI; KREMENCHUTZKY; SALGADO, 2003). No estudo de

Teixeira (2003), com 142 pacientes os valores para a motricidade global e equilíbrio foram

classificados como muito inferior.

Além disso, os pacientes com doença de Parkinson podem apresentar alterações

músculo-esqueléticas como fraqueza e encurtamento muscular, alterações

neurocomportamentais como demência, depressão e tendência ao isolamento e

comprometimento cardiorrespiratório o que interfere diretamente na performance funcional e

independência desses indivíduos (GOULART et al, 2004).

Aptidão Motora Geral - AMG

56 5372

60 6050

26

5370

83

47

02040

6080

100

A B C D E F G H I J L

Participantes

Pon

tos

AMG

Figura 9: Aptidão Motora Geral (AMG)

Conforme o gráfico 1 os participantes A, B, E, F, H apresentaram na aptidão

motora geral de 56, 53, 50, 53, pontos respectivamente. Deve-se ressaltar que os participantes

A, B e E apresentaram uma baixa pontuação no que se refere ao nível AM2, AM3, AM4.

Pode-se levantar a hipótese, que estejam relacionado com o tempo de patologia 8,

6, 11, 20 e 12 anos respectivamente e também pelo fato de apresentarem segundo a escala de

Hoehn & Yahr 3; 1,5; 2,5; 3; 2,5 que denotam os sinais e sintomas da doença de Parkinson

Já os participantes C, D, E, I apresentaram um escore da aptidão motora geral de

72, 60, 60 e 70 respectivamente, conforme sua pontuação parcial os indivíduos C, E e D

apresentaram o mesmo e baixo escore da área AM1, além do que os indivíduos I, E e D

apresentaram um valor menor no nível AM2.

Os participantes L e G foram os que menos pontuaram na aptidão motora geral

chegando a um escore de 47 pontos e 26 respectivamente, pois os mesmos apresentaram

dificuldades em todos os níveis (AM1, AM2, AM3, AM4, AM5, AM6). Essa pontuação

pode-se justificar pela idade avançada, sendo estes um dos participantes de maior idade, doze

anos acometida pela doença apresentando estágio 4 (quatro) no estadiamento de Hoehn &

Yahr, e o outro com onze anos acometido pela doença e também estágio 4 (quatro) no

estadiamento de Hoehn & Yahr.

Nota-se que o participante J apresentou melhor pontuação da aptidão motora geral

83 pontos. Sendo que o mesmo apresentou dificuldades apenas na área AM6. O participante J

é o que possui o menor tempo de diagnóstico da doença de Parkinson.

Conforme Andrade (2000) a rigidez e a bradicinesia (movimentos lentos), os

tremores e as alterações posturais são distúrbios motores característicos da doença de

Parkinson que acomete principalmente pessoas idosas, podendo causar sensíveis alterações

motoras e psicológicas com a evolução da doença, contribuindo para a debilidade na

capacidade funcional.

Os problemas físicos são, em grande parte, resultantes da imobilidade pela idade e

doença. Uma pessoa idosa ativa, que pratica atividade física além dos movimentos do

cotidiano e do trabalho, possivelmente terá menor predisposição para desenvolver

complicações clínicas gerais em comparação a uma pessoa idosa inativa (OKUMA,1998).

O mesmo autor acima relata que o fator importante para o bem-estar psicológico e

para a qualidade de vida do idoso é a manutenção de sua independência – decidir por si só – e

sua autonomia – competência para o domínio do ambiente, para realização das atividades da

vida diária e das atividades instrumentais da vida diária, bem como reconhecer e lidar com o

próprio corpo e com seu processo de envelhecimento e doença.

A motricidade global e o equilíbrio são especialmente influenciados pela atividade

neuromotora. No caso do componente neuromotor, as alterações decorrentes do processo de

envelhecimento parecem estar relacionadas à redução progressiva das fibras musculares

(ECKERT, 1993).

4.3 Distribuição das medidas das variáveis da E.M.T.I

Tabela 3: Distribuição das medidas das variáveis da E.M.T.I

Variáveis média DP VM Vm

AM1 … 58,9 20,04 96 36

AM2 … 43,0 21,27 78 0

AM3 … 49,6 27,50 96 0

AM4 … 51,8 17,65 90 24

AM5 … 70,9 15,83 90 48

AM6 … 69,2 23,75 132 48 DP: desvio padrão, VM: valor máximo, Vm: valor mínimo

Observa-se que as áreas motoras que apresentaram padrões motores abaixo da

normalidade foram, AM1, AM2, AM3, AM4 e AM6.

Percebe-se na amostra que a média correspondente a AM1 é de 58,9%, sendo que

o maior valor corresponde a 96 e o menor 36. O desvio padrão que expressa no grupo com 11

pessoas, corresponde o quanto há de afastamento em relação á média, que ficou em 20,04.

No que se refere a AM2, a média correspondente é de 43,0%, sendo que o maior

valor corresponde a 78 e o menor 0. O desvio padrão ficou em 21,07.

O AM3, teve como média 49,6%, sendo o maior valor 96 e o menor 0. O desvio

padrão então ficou de 27,50.

Já o AM4, ficou com média de 51,8%, sendo o maior valor 90 e o menor 24. O

desvio padrão teve afastamento de 17,65.

Percebe-se que a AM5, teve média de 70,9%, com o maior valor de 90 e o menor

48. O desvio padrão ficou de 15,83.

Finalizando o AM6, teve média de 69,2%, com o maior valor 132 e o menor 48.

Então o desvio padrão teve afastamento de 23,75.

Para Moura et al (1999), vários sistemas modificam-se com o sistema de

envelhecimento e podem afetar o equilíbrio, predispondo a quedas.

Segundo Rosa Neto (2006), a diminuição dos mecanismos de equilíbrio

(principalmente instabilidade postural), diminuição da função vestibular, prejuízo da audição

e visão, e diminuição da sensibilidade vibratória e propriocepção, a diminuição da força

muscular e as alterações posturais afetam as tarefas motoras que solicitam equilíbrio, e

motricidade global.

O equilíbrio é a base primordial de toda ação diferenciada dos segmentos

corporais. É o estado de um corpo quando forças distintas que atuam sobre ele se compensam

e anulam mutuamente. Condição ideal para o movimento, sabendo-se que requer uma energia

tônica muscular (FERRAZ, 2005).

De acordo com Matsudo apud Rosa Neto 2006, através de estudos comparativos

de um programa de treinamento específico de força muscular, com e sem treinamento

específico de equilíbrio, verificaram melhoras significativas no equilíbrio estático e dinâmico

na população de idosos que fez treinamento específico desta variável em comparação com o

grupo que fez somente treinamento de força.

4.4 E.M.T.I

Tabela 4: E.M.T.I

E.M.T.I F %

Inferior 2 18,2

Muito inferior 8 72,7

Normal baixo 1 9,1

Total 11 100,0

Constata-se que dentro dos dados analisados 2 (dois) indivíduos apresentaram

escore correspondente a classificação inferior da E.M.T.I, 8 (oito) indivíduos classificados

como muito inferior e 1 (um) com classificação normal baixo.

A média da aptidão motora geral foi classificada pela “EMTI” num nível muito

inferior. As áreas que apresentaram as maiores dificuldades foram respectivamente, a

motricidade global, equilíbrio, esquema corporal.

A motricidade global e o equilíbrio são especialmente influenciados pela atividade

neuromotora. No caso do componente neuromotor, as alterações decorrentes do processo de

envelhecimento parecem estar relacionadas à redução progressiva das fibras musculares

(ECKERT, 1993).

Os déficits do esquema corporal podem resultar em diversos desvios no andar,

incluindo a inclinação do tronco na direção da perna, que resulta na perda da estabilidade

(SHUMWAY; WOOLLACOTT, 2003).

Estudos recentes denotam a importância de instrumentos de diagnósticos e de

acompanhamento para pacientes com transtornos de equilíbrio, tendo vista a complexidade

desta área motora (GENTILI et al, 2003). No estudo de Teixeira (2003), com 142 pacientes os

valores para motricidade global e equilíbrio foram classificados como muito inferior.

Segundo Okuma (1999), a deterioração dos parâmetros físicos como força

muscular, resistência, equilíbrio, flexibilidade, agilidade e coordenação, leva a limitação

funcional que ocasionará dependência física. Isto significa que se os parâmetros físicos

estiverem abaixo do nível requerido para a realização das atividades da vida diária, ocasionará

dependência funcional, influenciando a qualidade de vida do indivíduo.

O processo de envelhecimento é caracterizado por um declínio na aptidão física e

no desempenho funcional do indivíduo. As pessoas em estágio inicial ou moderado da doença

de Parkinson, tendem a diminuir seu nível de atividade física mais rapidamente do que

pessoas assintomáticas da mesma idade Parkinson (GOULART et al, 2004).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa desenvolvida demonstrou de forma clara uma das maiores

complicações da doença de Parkinson, que é o déficit motor.

O processo natural do desenvolvimento esta ligado a modificações anatômicas e

fisiológicas, que podem propiciar ao paciente com doença de Parkinson uma certa dificuldade

de adaptação, devido aos comprometimentos motores que esses pacientes sofrem.

A incidência de doença de Parkinson varia amplamente de acordo com os grupos

etários e de forma menos intensa entre homens e mulheres. Em diversos estudos de base

populacional realizados, a incidência da DP foi rara antes dos 40 anos e aumenta com a idade.

Há na maioria dos estudos discreto aumento em homens em relação às mulheres. Esta

pesquisa demonstrou uma prevalência maior em mulheres do que em homens, tendo uma

proporção de quase 2x1. Também denota-se neste estudo apenas um caso de doença de

Parkinson inferior aos 40 anos de idade.

No Brasil não existe até o momento dados provenientes de estudos populacionais

de incidência da doença de Parkinson.

Nesta pesquisa foi possível constatar que quanto maior é a idade dos pacientes

com Parkinson, conseqüentemente maior o tempo de patologia, mais exacerbado são os sinais

e sintomas da doença demonstrado pelo estadiamento de Hoehn & Yahr, ou seja, à medida

que a patologia progride pior são os sinais da doença.

Todos os participantes deste estudo fazem uso do fármaco Levodopa, os principais

problemas do uso à longo prazo da levodopa são as flutuações motoras e as discinesias, as

flutuações motoras consistem em oscilações do desempenho motor que se define por um

período sob efeito da levodopa (período on) e um outro em que a medicação não age (período

off). Não pode ser descartada a hipótese, de que a maioria dos participantes deste estudo,

apresentaram níveis inferiores AMG, podendo ter influências diretas pelo uso da medicação e

pelo outro lado pelas condições inerentes à progressão da doença.

Deve-se ressaltar que não foi objetivo deste estudo investigar o horário da ingestão

do fármaco, pois o quadro clínico, a historia natural e a resposta à terapia é extremamente

variáveis, de modo que é muito incomum encontrar dois pacientes que sigam exatamente o

mesmo esquema de tomada de comprimidos depois dos cinco primeiros anos da doença.

Também é de conhecimento, que a levodopa tem vida média de 1h e 30min, mas com a

evolução possa ocorrer um progresso decréscimo da duração do efeito.

O resultado demonstrado pela pesquisa, classificou de acordo com escala motora a

grande parte dos participantes nível inferior. As dificuldades funcionais encontradas podem

ocorrer em conseqüência das discinesias, resultando em problemas para manter-se sentados,

quedas da própria altura, instabilidade da marcha.

De acordo com este estudo as principais dificuldades encontradas foram na

motricidade global, equilíbrio e esquema corporal.

Um desajuste do equilíbrio nos pacientes com Parkinson pode-se estar associado

com perda dos reflexos posturais, acarretando em dificuldade de manter a postura ereta e na

posição sentada e a típica postura em flexão que desloca seu centro de gravidade tendo forte

tendência a quedas.

Em relação à motricidade global pode estar relacionado com a marcha em bloco, o

enrijecimento dos movimentos, acarretando a perda da dissociação dos movimentos, passos

curtos e rápidos.

Independente do estágio da doença em que o paciente encontra-se, o tratamento

fisioterapêutico pode ser de grande auxílio. Tão importantes quanto à medicação, os

exercícios regulares são essenciais para preservação das capacidades funcionais do paciente

dentro das limitações impostas pela doença, buscando também retardar ou minimizar a

evolução da doença, enquanto impedem o desenvolvimento das complicações e deformidades

secundárias. O paciente ativo terá menor possibilidade de desenvolver complicações gerais

em comparação aos que acomodam-se, permanecendo sentados ou deitados grande parte do

tempo.

A doença de Parkinson sendo uma doença progressiva e degenerativa do SNC,

necessita de instrumentos de avaliações que possibilitem diagnosticar em que grau encontra-

se o paciente, principalmente no que diz respeito aos comprometimentos motores, que

impedem os pacientes de usufruir a sua independência e assim ter uma boa qualidade de vida.

Diante do exposto acima concluiu-se que, o estudo foi de extrema importância,

onde através dele podemos traçar um perfil desses pacientes e dessa patologia que a cada dia

se torna mais conhecida pela população. A pesquisa tem também um caráter informativo,

permitindo, que pessoas portadoras ou não possam se informar e saber as verdadeiras

limitações diretas e indiretas do Parkinson, permitindo assim a sua utilização para novos

estudos ou até mesmo para futuras comparações. Os estudos sobre a doença de Parkinson

devem ser cada vez mais incentivado, pois assim teremos um maior conhecimento para tratar

de forma correta e com maior certeza dos pontos a serem melhorados.

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ANEXOS

ANEXO A

Estadiamento Hoehn & Yahr

Estágio 1 Apresentação unilateral da doença

Estágio 1,5 Apresentação unilateral mais o acometimento axial (pescoço e tronco)

Estágio 2 Apresentação bilateral, sem acometimento dos reflexos posturais

Estágio 2,5 Apresentação bilateral, com alterações dos reflexos posturais, mas com

recuperação do equilíbrio sem auxílio quando desestabilizado

Estágio 3 Apresentação bilateral, com alterações dos reflexos posturais e já com lentidão

na execução das tarefas do dia-a-dia

Estágio 4 Manifestações clínicas alterando a independência do paciente,

com necessidade de auxílio na maior parte de suas atividades

Estágio 5 Paciente confinado ao leito ou à cadeira de rodas

Quadro 1- Escala De Hoehn e Yahr modificada para avaliação do estadiamento clínico da doença de Parkinson Fonte: Meneses e Teive (2003, p. 88).

ANEXO B

Avaliação da motricidade fina

• construção de uma torre

• construção de uma ponte

• enfiar a linha na agulha

• fazer um nó

• labirinto

• bolinhas de papel

• ponta do polegar

• lançamento com uma bola

• circulo com o polegar

• agarrar uma bola

ANEXO C

Avaliação da motricidade global

• subir sobre um banco

• saltar sobre uma corda

• saltar sobre o mesmo lugar

• saltar uma altura de 20 cm

• caminhar em linha reta

• pé manco

• saltar uma altura de 40 cm

• saltar sobre o ar

• pé manco com uma caixa de fósforos

• saltar sobre uma cadeira

ANEXO D

Avaliação do equilíbrio

• equilíbrio estático sobre um banco

• equilíbrio sobre um joelho

• equilíbrio com o tronco flexionado

• equilíbrio nas pontas dos pés

• pé manco estático

• equilíbrio de cócoras

• equilíbrio com o tronco flexionado

• fazer o quatro

• equilíbrio na ponta dos pés – olhos fechados

• pé manco estático – olhos fechados

ANEXO E

Avaliação do esquema corporal

• prova de imitação de gestos simples (movimento das mãos)

• prova de imitação de gestos simples (movimentos dos braços)

• prova de rapidez

ANEXO F

Organização espacial

• tabuleiro/posição normal

• tabuleiro/posição inversa

• prova dos palitos

• jogo de paciência

• direita/esquerda- conhecimento sobre si

• execução de movimentos

• direita/esquerda- reconhecimento sobre outro

• reprodução de movimentos- representação humana

• reprodução de movimento- figura esquematizada

• reconhecimento da posição relativa de três objetos

ANEXO G

Organização temporal

• reprodução por meio de golpes – estruturas temporais

• simbolização (desenho) de estruturas espaciais

• leitura – reprodução por meio de golpes

• transcrição de estruturas temporais - ditado

ANEXO H

Termo de consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO

Declaro que fui informado sobre todos procedimentos da pesquisa e que recebi, de forma

clara e objetiva, todas as explicações pertinentes ao projeto e que todos os dados a meu

respeito serão sigilosos. Eu compreendo que neste estudo as medições dos experimentos/

procedimentos de tratamento serão feitas em mim.

Declaro que fui informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento.

Nome por extenso:

RG:

Local e data:

Assinatura:

Adaptado de: (1) South Sheffield Ethics Committee, Sheffield Health Authority, UK; (2)

Comitê de Ètica em pesquisa – CEFID – Udesc, Florianópolis, BR.