09- módulo de regime jurídico dos agentes públicos - ministério da fazenda - assistente téc....

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  • Assistente Tcnico Administrativo MIN FAZENDA

    MINISTRIO DA FAZENDA

    ASSISTENTE TCNICO - ADMINISTRATIVO REGIME JURDICO DOS AGENTES PBLICOS. 1. Normas Constitucionais Pertinentes aos Servidores Pblicos. ...................................................................................... 12. Direitos, Deveres e Proibies do Servidor Pblico e seu Regime Disciplinar. .............................................................. 23. Formas de Provimento e Vacncia do Cargo Pblico. ................................................................................................... 24. Seguridade Social do Servidor. .................................................................................................................................... 185. Lei n 8.429/1992: Disposies Gerais, Atos de Improbidade Administrativa. ............................................................. 216. Decreto n 7.203/2010. ................................................................................................................................................ 237. Decreto-Lei n 2.848/1940: Artigos 153; 296; 311-A/337-A e 359-A/359-H. ........................................................... 24

  • Editora Tradio . REGIME JURDICO DOS AGENTES PBLICOS. 1. Normas Constitucionais Pertinentes aos Servidores Pbli-cos. 2. Direitos, Deveres e Proibies do Servidor Pblico e seuRegime Disciplinar. 3. Formas de Provimento e Vacncia do Cargo Pblico.4. Seguridade Social do Servidor.5. Lei n 8.429/1992: Disposies Gerais, Atos de Improbida-de Administrativa. 6. Decreto n 7.203/2010.7. Decreto-Lei n 2.848/1940: Artigos 153; 296; 311-A/337-A e359-A/359-H.

    1. Normas Constitucionais Pertinentes aos Servidores Pbli-cos.

    DOS SERVIDORES PBLICOS (RedaodadapelaEmenda Constitucionaln18, de1998)

    Art. 39. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios institu- iro, no mbito de sua competncia, regime jurdico nico e planos de carreira para os servidores da administrao pblica direta, das autarquias e das fundaes pblicas. (VideADINn2.135-4)

    Art. 39. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios institu- iro conselho de poltica de administrao e remunerao de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes.(Redao dadapelaEmenda Constitucionaln 19,de1998) (VideADINn2.135-4)

    1 - A lei assegurar, aos servidores da administrao direta, iso-nomia de vencimentos para cargos de atribuies iguais ou assemelhados do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judicirio, ressalvadas as vantagens de carter individual e as relativas natureza ou ao local de trabalho. (Regulamento)

    2 - Aplica-se a esses servidores o disposto no art. 7, IV, VI, VI-I, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII, XXIII e XXX.

    1 A fixao dos padres de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratrio observar: (Redao dada pela Emenda Consti- tucionaln19, de1998)

    I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos car- gos componentes de cada carreira; (Includo pela Emenda Constitucional n19, de1998)

    II - os requisitos para a investidura; (Includo pela Emenda Constitu- cional n 19, de 1998)

    III - as peculiaridades dos cargos. (Includo pela Emenda Constitucio- nal n 19, de 1998)

    2 A Unio, os Estados e o Distrito Federal mantero escolas de governo para a formao e o aperfeioamento dos servidores pblicos, constituindo-se a participao nos cursos um dos requisitos para a promo- o na carreira, facultada, para isso, a celebrao de convnios ou contra- tos entre os entes federados. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 19, de 1998)

    3 Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo pblico o disposto no art. 7, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admisso quando a natureza do cargo o exigir. (Includo pela Emenda Constitucional n19, de1998)

    4 O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministrosde Estado e os Secretrios Estaduais e Municipais sero remunerados exclusivamente por subsdio fixado em parcela nica, vedado o acrscimo de qualquer gratificao, adicional, abono, prmio, verba de representao ou outra espcie remuneratria, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (IncludopelaEmendaConstitucionaln19, de1998)

    5 Lei da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios poder estabelecer a relao entre a maior e a menor remunerao dos servidores pblicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. (Includo pelaEmendaConstitucionaln19,de1998)

    6 Os Poderes Executivo, Legislativo e Judicirio publicaro anual- mente os valores do subsdio e da remunerao dos cargos e empregos pblicos. (IncludopelaEmenda Constitucionaln19,de 1998)

    7 Lei da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios disciplinar a aplicao de recursos oramentrios provenientes da eco- nomia com despesas correntes em cada rgo, autarquia e fundao, para aplicao no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, modernizao, reaparelhamento e raciona- lizao do servio pblico, inclusive sob a forma de adicional ou prmio de produtividade. (Includo pelaEmenda Constitucional n19,de 1998)

    8 A remunerao dos servidores pblicos organizados em carreirapoder ser fixada nos termos do 4. (Includo pela Emenda Constitucional n19, de1998)

    Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da Unio, dos Es- tados, do Distrito Federal e dos Municpios, includas suas autarquias e fundaes, assegurado regime de previdncia de carter contributivo e solidrio, mediante contribuio do respectivo ente pblico, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critrios que preservem o equilbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redao dada pelaEmenda Constitucionaln41, 19.12.2003)

    1 Os servidores abrangidos pelo regime de previdncia de que tra- ta este artigo sero aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos 3 e 17: (Redao dada pela Emenda Constitucional n 41, 19.12.2003)

    I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuio, exceto se decorrente de acidente em servio, molstia profissional ou doena grave, contagiosa ou incurvel, na forma da lei; (RedaodadapelaEmenda Constitucionaln41,19.12.2003)

    II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de contribuio; (Redao dada pela Emenda Constitucionaln20,de 1998)

    III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mnimo de dez anos de efetivo exerccio no servio pblico e cinco anos no cargo efetivo em que se dar a aposentadoria, observadas as seguintes condi- es: (RedaodadapelaEmenda Constitucionaln20,de 1998)

    a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuio, se homem,e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuio, se mu- lher; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 20, de 1998)(Vide Emenda Constitucionaln 20,de 1998)

    b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos deidade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de contribui- o. (RedaodadapelaEmendaConstitucionaln20, de1998)

    2 - Os proventos de aposentadoria e as penses, por ocasio desua concesso, no podero exceder a remunerao do respectivo servi- dor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referncia para a concesso da penso. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 20, de 1998)

    3 Para o clculo dos proventos de aposentadoria, por ocasio dasua concesso, sero consideradas as remuneraes utilizadas como base para as contribuies do servidor aos regimes de previdncia de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. (Redao dada pela Emen- daConstitucionaln41, 19.12.2003)

    4 vedada a adoo de requisitos e critrios diferenciados para a concesso de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores: (Redao dada pela Emenda Constitucional n 47, de 2005)

    I portadores de deficincia; (Includo pela Emenda Constitucional n 47, de 2005)

    II que exeram atividades de risco; (Includo pela Emenda Constitu- cional n 47, de 2005)

    III cujas atividades sejam exercidas sob condies especiais que pre- judiquem a sade ou a integridade fsica. (Includo pela Emenda Constitu- cional n 47, de 2005)

    5 - Os requisitos de idade e de tempo de contribuio sero redu- zidos em cinco anos, em relao ao disposto no 1, III, "a", para o pro- fessor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exerccio das fun- es de magistrio na educao infantil e no ensino fundamental e m- dio. (RedaodadapelaEmenda Constitucionaln20,de15/12/98)

    6 - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumu- lveis na forma desta Constituio, vedada a percepo de mais de uma

    Regime Jurdico 1

  • Editora Tradio .

    aposentadoria conta do regime de previdncia previsto neste arti- go. (Redao dada pelaEmendaConstitucionaln20,de15/12/98)

    7 Lei dispor sobre a concesso do benefcio de penso por morte, que ser igual: (Redao dada pela Emenda Constitucional n 41, 19.12.2003)

    I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, at o limi- te mximo estabelecido para os benefcios do regime geral de previdncia social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso aposentado data do bito; ou (Includo pela Emenda Constitucionaln 41,19.12.2003)

    II - ao valor da totalidade da remunerao do servidor no cargo efetivo em que se deu o falecimento, at o limite mximo estabelecido para os benefcios do regime geral de previdncia social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do bito. (Includo pela Emenda Constitucional n 41, 19.12.2003)

    8 assegurado o reajustamento dos benefcios para preservar- lhes, em carter permanente, o valor real, conforme critrios estabelecidos em lei. (RedaodadapelaEmenda Constitucionaln41,19.12.2003)

    9 - O tempo de contribuio federal, estadual ou municipal ser contado para efeito de aposentadoria e o tempo de servio correspondente para efeito de disponibilidade. (Includo pela Emenda Constitucional n 20, de 15/12/98)

    10 - A lei no poder estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuio fictcio. (Includo pela Emenda Constitucional n 20, de15/12/98) (VideEmenda Constitucionaln20, de1998)

    11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, soma total dos proven- tos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumulao de cargos ou empregos pblicos, bem como de outras atividades sujeitas a contribui- o para o regime geral de previdncia social, e ao montante resultante da adio de proventos de inatividade com remunerao de cargo acumulvel na forma desta Constituio, cargo em comisso declarado em lei de livre nomeao e exonerao, e de cargo eletivo. (Includo pela Emenda Consti- tucional n 20, de 15/12/98)

    12 - Alm do disposto neste artigo, o regime de previdncia dos servidores pblicos titulares de cargo efetivo observar, no que couber, os requisitos e critrios fixados para o regime geral de previdncia soci- al. (Includo pela Emenda Constitucional n 20, de 15/12/98)

    13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comisso declarado em lei de livre nomeao e exonerao bem como de outro cargo temporrio ou de emprego pblico, aplica-se o regime geral de previdncia social. (Includo pela Emenda Constitucional n 20, de 15/12/98)

    14 - A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, desde que instituam regime de previdncia complementar para os seus respecti- vos servidores titulares de cargo efetivo, podero fixar, para o valor das aposentadorias e penses a serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite mximo estabelecido para os benefcios do regime geral de previdncia social de que trata o art. 201.(Includo pela Emenda Constitucional n 20, de 15/12/98)

    15. O regime de previdncia complementar de que trata o 14 ser institudo por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus pargrafos, no que couber, por intermdio de entidades fechadas de previdncia complementar, de natureza pblica, que oferecero aos respectivos participantes planos de benefcios somente na modalidade de contribuio definida.(Redao dada pela Emenda Consti- tucional n 41, 19.12.2003)

    16 - Somente mediante sua prvia e expressa opo, o disposto nos 14 e 15 poder ser aplicado ao servidor que tiver ingressado no servio pblico at a data da publicao do ato de instituio do correspon- dente regime de previdncia complementar. (Includo pela Emenda Consti- tucional n 20, de 15/12/98)

    17. Todos os valores de remunerao considerados para o clculo do benefcio previsto no 3 sero devidamente atualizados, na forma da lei. (IncludopelaEmenda Constitucionaln41,19.12.2003)

    18. Incidir contribuio sobre os proventos de aposentadorias e penses concedidas pelo regime de que trata este artigo que superem o limite mximo estabelecido para os benefcios do regime geral de previ- dncia social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido

    para os servidores titulares de cargos efetivos. (Includo pela Emenda Constitucional n 41, 19.12.2003)

    19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as e- xigncias para aposentadoria voluntria estabelecidas no 1, III, a, e que opte por permanecer em atividade far jus a um abono de permanncia equivalente ao valor da sua contribuio previdenciria at completar as exigncias para aposentadoria compulsria contidas no 1, II. (Includo pela Emenda Constitucional n 41, 19.12.2003)

    20. Fica vedada a existncia de mais de um regime prprio de pre- vidncia social para os servidores titulares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em cada ente estatal, ressalva- do o disposto no art. 142, 3, X. (Includo pela Emenda Constitucional n 41, 19.12.2003)

    21. A contribuio prevista no 18 deste artigo incidir apenas so- bre as parcelas de proventos de aposentadoria e de penso que superem o dobro do limite mximo estabelecido para os benefcios do regime geral de previdncia social de que trata o art. 201 desta Constituio, quando o beneficirio, na forma da lei, for portador de doena incapacitante. (Includo pela Emenda Constitucional n 47, de 2005)

    Art. 41. So estveis aps trs anos de efetivo exerccio os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso pbli- co. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 19, de 1998)

    1 O servidor pblico estvel s perder o cargo: (Redao dada pela Emenda Constitucional n 19, de 1998)

    I - em virtude de sentena judicial transitada em julgado; (Includo pe- laEmenda Constitucionaln 19,de 1998)

    II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; (Includo pelaEmenda Constitucional n19,de 1998)

    III - mediante procedimento de avaliao peridica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. (Includo pela Emenda Constitucionaln 19,de 1998)

    2 Invalidada por sentena judicial a demisso do servidor estvel, ser ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estvel, reconduzi- do ao cargo de origem, sem direito a indenizao, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remunerao proporcional ao tempo de servio. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 19, de 1998)

    3 Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estvel ficar em disponibilidade, com remunerao proporcional ao tempo de servio, at seu adequado aproveitamento em outro cargo. (Redao dadapelaEmenda Constitucionaln 19,de1998)

    4 Como condio para a aquisio da estabilidade, obrigatria a avaliao especial de desempenho por comisso instituda para essa finalidade. (Includo pelaEmenda Constitucionaln19,de1998)

    Seo III DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS

    TERRITRIOS (Redao dada pela Emenda Constitucional n 18, de 1998)

    Art. 42 Os membros das Polcias Militares e Corpos de Bombeiros Mi- litares, instituies organizadas com base na hierarquia e disciplina, so militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territrios.(Redao dada pela Emenda Constitucional n 18, de 1998)

    1 Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territrios, alm do que vier a ser fixado em lei, as disposies do art. 14, 8; do art. 40, 9; e do art. 142, 2 e 3, cabendo a lei estadual espec- fica dispor sobre as matrias do art. 142, 3, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 20, de 15/12/98)

    2 Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territrios aplica-se o que for fixado em lei especfica do respectivo ente estatal. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 41, 19.12.2003)

    2. Direitos, Deveres e Proibies do Servidor Pblico e seu Regime Disciplinar. 3. Formas de Provimento e Vacncia do Cargo Pblico.

    SERVIDORES PBLICOS

    Regime Jurdico 2

  • Editora Tradio .

    Consideraes gerais Servidores pblicos Os servidores pblicos constituem subespcies dos agentes p-

    blicos administrativos, categoria que abrange a grande massa de prestado- res de servios Administrao e a ela vinculados por relaes profissio- nais, em razo de investidura em cargos e funes, a ttulo de emprego e com retribuio pecuniria.

    A Constituio de 1988, corrigindo a anterior, abriu a se. II do seu cap. VII com a epgrafe Dos servidores pblicos civis, no que andou bem, porque seus dispositivos englobam todos os que prestam servios Admi- nistrao em geral. Nesta seo a Constituio reformulou o tratamento do pessoal do servio pblico civil, separando-o dos militares (se. III). Estas ses. II e III e outras normas da Constituio de 1988 concernentes aos servidores pblicos civis e militares foram profundamente modificadas pelas EC 18, 19 e 20, publicadas, respectivamente, em 6.2.98, 5.6.98 e 16.12.98, e, agora, pela EC 41, de 19.12.2003, publicada em 3 1.12.2003.

    Assim, pela EC 18, a se. II passou a denominar-se Dos servidores pblicos, e a se. III, Dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territrios, passando os militares das Foras Armadas a ser disciplinados exclusivamente no cap. II, Das Foras Armadas, do tt. V, mediante o acrscimo do 3 ao art. 142 da CF. O regime jurdico nico previsto pela

    Carta de 1988, que tanta polemica causou, tambm foi abolido pela EC

    estatutrio de natureza peculiar, a exemplo da Magistratura e do Ministrio Pblico.

    Os servidores pblicos em sentido estrito ou estatutrios so os titulares de cargo pblico efetivo e em comisso, com regime jurdico estatutrio geral ou peculiar e integrantes da Administrao direta, das autarquias e das fundaes pblicas com personalidade de Direito Pblico. Tratando-se de cargo efetivo, seus titulares podem adquirir estabilidade e estaro sujeitos a regime peculiar de previdncia social.

    Os empregados pblicos so todos os titulares de emprego pblico (no de cargo pblico) da Administrao direta e indireta, sujeitos ao regime jurdico da CLT; da serem chamados tambm de celetistas. No ocupando cargo pblico e sendo celetistas, no tm condio de adquirir a estabilidade constitucional (CF, art. 41), nem podem ser submetidos ao regime de previdncia peculiar, como os titulares de cargo efetivo e os agentes polticos, sendo obrigatoriamente enquadrados no regime geral de previdncia social, a exemplo dos titulares de cargo em comisso ou temporrio. Salvo para as funes de confiana e de direo, a serem previstas luz dos princpios de eficincia e razoabilidade nos respectivos quadros de pessoal das pessoas jurdicas da Administrao indireta (na Administrao direta, autrquica e fundacional as funes de confiana s podem ser exercidas por ocupantes de cargo efetivo art. 37, V), os empregados pblicos devem ser admitidos mediante concurso ou processo seletivo pblico, de modo a assegurar a todos a possibilidade de participao.

    19. A Carta de 1988 estendeu diversos direitos dos trabalhadores Os contratados por tempo determinado so os servidores pblicos submetidos ao regime jurdico administrativo especial da lei prevista no art.

    urbanos e rurais aos servidores pblicos civis (art. 39, 3). Como o Autor havia advertido, essa extenso, pelas dificuldades impostas aos Estados e Municpios, provocou reaes que culminaram com as modificaes determinadas pela EC 19, que suprimiu as vantagens previstas nos incs. VI e XXIII do art. 70, alm de estabelecer que a lei poder estabelecer requisitos diferenciados de admisso, de acordo com a natureza ou a complexidade do cargo ou emprego.

    A EC 20 tambm modificou profundamente a previdncia social concernente aos servidores, efetuando ntida distino entre o servidor titular de cargo vitalcio e efetivo e os demais servidores, titulares de outros cargos ou de empregos pblicos. Na sequncia, a EC 41/2003 trouxe novas e significativas alteraes na parte relativa ao teto remuneratrio e ao sistema de previdncia social. Por sua vez, a EC 47, que entrou em vigor em 6.7.2005, data da sua publicao, mas com efeitos retroativos data de vigncia da EC 4 1/2003, modificou esses dois pontos.

    Por fim, ante tantas e profundas alteraes, a inevitvel questo pertinente ao direito adquirido ser tratada no fim deste captulo. Classificao na Constituio

    Servidores pblicos em sentido amplo, no nosso entender, so todos os agentes pblicos que se vinculam Administrao Pblica, direta e indireta, do Estado, sob regime jurdico (a) estatutrio regular, geral ou peculiar, ou (b) administrativo especial, ou (c) celetista (regido pela Consolidao das Leis do Trabalho CLT), de natureza profissional e empregatcia.

    A classificao dos servidores pblicos em sentido amplo campo propcio para divergncias doutrinrias. De acordo com a Constituio Federal, na redao resultante da EC 19, chamada de Emenda da Reforma Administrativa, bem como da EC 20, classificam-se em quatro espcies: agentes polticos, servidores pblicos em sentido es frito ou estatutrios, empregados pblicos e os contratados por tempo determinado.

    Reitere-se que a classificao ora proposta procura espelhar a sistemtica da Carta Poltica, com a ressalva de que esta, nas ses. I e II do cap. VII (Da Administrao Pblica), embora trate de forma preponderante dos servidores pblicos em sentido estrito, tambm contm vrios dispositivos aplicveis s demais espcies.

    Os agentes polticos constituem, na realidade, categoria prpria de agente pblico. Porm, sem dvida, no ttulo e sees referidas, a Carta Magna, para fins de tratamento jurdico, coloca-os como se fossem servidores pblicos, sem embargo de os ter como agentes polticos, como se ver mais adiante. Todos os cargos vitalcios so ocupados por agentes polticos, porm estes tambm ocupam cargos em comisso, como os Ministros de Estado. Normalmente devero ser regidos pelo regime estatutrio, contudo alguns esto obrigatoriamente submetidos a um regime

    37, IX, da Carta Magna, bem como ao regime geral de previdncia social. A contratao s pode ser por tempo determinado e com a finalidade de atender a necessidade temporria de excepcional interesse pblico. Ademais, a lei deve prever os casos de contratao temporria de forma especifica, no se admitindo hipteses abrangentes ou genricas. O inc. IX no se refere exclusivamente s atividades de natureza eventual, temporria ou excepcional. Assim, no veda a contratao para atividades de natureza regular e permanentes. O que importa o atendimento da finalidade prevista pela Norma. Assim, desde que indispensveis ao atendimento de necessidade temporria de excepcional interesse pblico, quer para o desempenho das atividades de carter eventual, temporrio ou excepcional, quer para o desempenho das atividades de carter regular ou permanente, a contratao permitida. Desta forma, embora no possa envolver cargos tpicos de carreira, a contratao pode envolver o desempenho da atividade ou funo da carreira, desde que atendidos os requisitos acima. Fora da, tal contratao tende a contornar a exigncia de concurso pblico, caracterizando fraude Constituio. Regime jurdico

    O regime jurdico dos servidores civis consubstancia os preceitos legais sobre a acessibilidade aos cargos pblicos, a investidura em cargo efetivo (por concurso pblico) e em comisso, as nomeaes para funes de confiana; os deveres e direitos dos servidores; a promoo e respectivos critrios; o sistema remuneratrio (subsdios ou remunerao, envolvendo os vencimentos, com as especificaes das vantagens de ordem pecuniria, os salrios e as reposies pecunirias); as penalidades e sua aplicao; o processo administrativo; e a aposentadoria.

    Como vimos, a EC 19, ao dar contedo totalmente diverso ao art. 39, caput, e ao alterar a redao do art. 206, V, suprimiu a obrigatoriedade de um regime jurdico nico para todos os servidores pblicos.

    Assim, o regime jurdico pode ser estatutrio, celetista (o da CLT) e administrativo especial.

    Em consequncia, em razo de suas autonomias polticas, a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podem estabelecer regime jurdico no contratual para os titulares de cargo pblico, sempre atravs de lei geral ou de leis especficas para determinadas categorias profissionais, as quais consubstanciam o chamado regime estatutrio regular, geral ou peculiar. Podem, ainda, adotar para parte de seus servidores o regime da CLT. Por fim, devem adotar um de natureza administrativa especial, na forma da lei de cada pessoa poltica, prevista pelo art. 37, IX, da CF, para a contratao por tempo determinado para atender a necessidade temporria de excepcional interesse pblico.

    Mister, no entretanto, ter presente que alguns servidores pblicos, por exercerem atribuies exclusivas de Estado, submetem-se, obrigatoriamente, a regime jurdico estatutrio, pois, como se depreende do

    Regime Jurdico 3

  • Editora Tradio .

    art. 247 da CF, com a redao da EC 19, devem ter cargo efetivo, sendo certo que alguns, como os membros da Magistratura e do Ministrio Pblico e os Conselheiros dos Tribunais de Contas, tm, tambm por fora da prpria Carta Magna, cargo vitalcio. Depreende-se, tambm, do exposto, que certas categorias de servidores pblicos tm necessariamente regimes jurdicos peculiares, de natureza estatutria.

    O legislador dever adotar cautela extrema na elaborao desses regimes jurdicos diferenciados, uma vez que no passado tal aspecto gerou e ainda gera inmeras disputas judiciais, que, alm da insegurana jurdica para a prpria pessoa poltica, acabam causando vantagens muitas vezes por ela no pretendidas.

    Querendo atender ao princpio da publicidade e assegurar um controle sobre os valores percebidos pelos servidores pblicos em geral, o art. 39, 6, da CF, na redao da EC 19, determina que os Poderes Executivo, Legislativo e Judicirio publiquem anualmente os valores do subsdio e da remunerao dos cargos e empregos pblicos obrigao que, obviamente, se estende ao Ministrio Pblico e aos Tribunais de Contas, rgos constitucionais autnomos e independentes. importante esclarecer que a norma no obriga publicao de quanto percebe cada servidor, mas dos valores dos cargos e dos empregos pblicos. Organizao do servio pblico

    As entidades estatais so livres para organizar seu pessoal para o melhor atendimento dos servios a seu cargo, mas h trs regras fundamentais que no podem postergar: a que exige que a organizao se faa por lei; a que prev a competncia exclusiva da entidade ou Poder interessado; e a que impe a observncia das normas constitucionais federais pertinentes aos servidores pblicos e das leis federais, de carter nacional. Vejamos separadamente cada uma dessas regras. Organizao legal

    A organizao legal do servio pblico exigida pela Constituio ao permitir a acessibilidade dos cargos, empregos e funes pblicas a todos os brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei (art. 37, I). A parte final do dispositivo refere-se expressamente lei. Isto significa que todo cargo pblico s pode ser criado e modificado por norma legal aprovada pelo Legislativo. Todavia, o Executivo pode, por ato prprio, extinguir cargos pblicos, na forma da lei (CF, art. 84, XXV), competindo-lhe, ainda, prov- los e regulamentar seu exerccio, bem como praticar todos os atos relativos aos servidores (nomeao, demisso, remoo, promoo, punio, lotao, concesso de frias, assistncia sade, licena mdica, aposentadoria etc.).

    Na organizao do servio pblico a Administrao cria cargos e funes, institui classes e carreiras, faz provimentos e lotaes, estabelece vencimentos e vantagens e delimita os deveres e direitos de seus servidores. Conselhos de poltica de administrao e remunerao de pessoal. Escolas de governo

    Como acentuado, a EC 19 deu ao art. 39, caput, da CF contedo totalmente diverso, afastando, de um lado, a exigncia de um regime jurdico nico para os servidores e acrescentando, de outro, a obrigatoriedade de a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios institurem, no mbito de suas Administraes, conselho de poltica de administrao e remunerao de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes.

    A composio entre os Poderes dever ser paritria e recomendvel que seus integrantes tenham investidura a termo certo, para terem maior independncia na formulao da poltica pretendida pela norma constitucional. Desse conselho tambm devero participar integrantes do Tribunal de Contas e do Ministrio Pblico, uma vez que estes rgos constitucionais autnomos e independentes tm competncia para a iniciativa de leis a respeito de sua Administrao e da remunerao de seus membros e pessoal. Alis, quanto ao ltimo, a redao do 2 do art. 127 da CF assegura-lhe autonomia na formulao de sua poltica remuneratria e planos de carreira. Assim, se, de um lado, estes rgos tm competncia para a formulao de suas polticas, no podem, de outro, estar divorciados da poltica geral pretendida pela EC 19, e que deve decorrer justamente das diretrizes desse conselho. No podem tambm deixar de considerar os comandos do art. 169 e da CF.

    Obrigou, ainda, pelo 2 do art. 39, a Unio, os Estados e o Distrito Federal no os Municpios a instituir e manter escolas de

    governo para a formao e o aperfeioamento dos servidores pblicos, facultada a celebrao de convnios ou contratos entre os entes federados. Tal ressalva era desnecessria, pois, de regra, os entes federados podem celebrar convnios e contratos. Parece-nos que a ressalva objetiva estimular a celebrao de convnios e contratos, como meio de racionalizao desse encargo para aquelas pessoas polticas, que, dessa forma, podero manter suas escolas de governo sem que, para tanto, tenham que constru-las ou admitir servidores. , portanto, instrumento de eficincia e economia, mesmo porque o objetivo maior da reforma propiciar reduo de gastos. Os Municpios, embora no obrigados, podero instituir suas escolas; contudo, pelo que se exps, -lhes muito mais conveniente a celebrao de convnios e contratos para esse fim. Convm observar que alguns rgos constitucionais, em razo de suas atribuies, podero ter escolas prprias, como, a ttulo de exemplo, ocorre com a Magistratura, o Ministrio Pblico, a Advocacia Pblica e os rgos de fiscalizao tributria.

    Cargos e funes Cargo pblico o lugar institudo na organizao do servio

    pblico, com denominao prpria, atribuies e responsabilidades especficas e estipndio correspondente, para ser provido e exercido por um titular, na forma estabelecida em lei. Funo a atribuio ou o conjunto de atribuies que a Administrao confere a cada categoria profissional ou comete individualmente a determinados servidores para a execuo de servios eventuais, sendo comumente remunerada atravs de pro labore. Diferenciase, basicamente, do cargo em comisso pelo fato de no titularizar cargo pblico.

    Em face da EC 19, as funes de confiana, que s podem ser exercidas por servidores ocupantes de cargo efetivo, destinam-se, obrigatoriamente, apenas s atribuies de direo, chefia e assessoramento (CF, art. 37, V), que so de natureza permanente. Tal comando independe de lei, uma vez que o exame desse art. 37, V, revela que para as funes de confiana ele de eficcia plena, ao reverso do que ocorre em relao aos cargos em comisso, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condies e percentuais mnimos previstos em lei, como ali est dito. Essas funes, por serem de confiana, a exemplo dos cargos em comisso, so de livre nomeao e exonerao.

    Todo cargo tem funo, mas pode haver funo sem cargo. As funes do cargo so definitivas; as funes autnomas so, por ndole, provisrias, dada a transitoriedade do servio que visam a atender, como ocorre nos casos de contratao por prazo determinado (CF, art. 37, IX). Da por que as funes permanentes da Administrao s podem ser desempenhadas pelos titulares de cargos efetivos, e as transitrias, por servidores designados, admitidos ou contratados precariamente. Os servidores podem estabilizar-se nos cargos, mas no nas funes. Como visto, a EC 19 restringe o exerccio das funes de confiana apenas para o titular de cargo efetivo, vale dizer, o concursado. Dessa forma, o fator confiana fica restrito ao mbito interno da Administrao.

    Os cargos distribuem-se em classes e carreiras, e excepcionalmente criam-se isolados.

    Classe o agrupamento de cargos da mesma profisso, e com idnticas atribuies, responsabilidades e vencimentos. As classes constituem os degraus de acesso na carreira.

    Carreira E o agrupamento de classes da mesma profisso ou atividade, escalonadas segundo a hierarquia do servio, para acesso privativo dos titulares dos cargos que a integram, mediante provimento originrio. O conjunto de carreiras e de cargos isolados constitui o quadro permanente do servio dos diversos Poderes e rgos da Administrao Pblica. As carreiras iniciam-se e terminam nos respectivos quadros.

    Quadro o conjunto de carreiras, cargos isolados e funes gratificadas de um mesmo servio, rgo ou Poder. O quadro pode ser permanente ou provisrio, mas sempre estanque, no admitindo promoo ou acesso de um para outro.

    Cargo de carreira E o que se escalona em classes, para acesso privativo de seus titulares, at o da mais alta hierarquia profissional.

    Cargo isolado o que no se escalona em classes, por ser o nico na sua categoria. Os cargos isolados constituem exceo no funcionalismo, porque a hierarquia administrativa exige escalonamento das funes para aprimoramento do servio e estmulo aos servidores, atravs da promoo vertical. No o arbtrio do legislador que deve predominar

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    na criao de cargos isolados, mas sim a natureza da funo e as exigncias do servio.

    Cargo tcnico o que exige conhecimentos profissionais especializados para seu desempenho, dada a natureza cientfica ou artstica das funes que encerra. Nesta acepo que o art. 37, XVI, b, da CF o emprega, sinonimizando-o com cargo cientfico, para efeito de acumulao.

    Cargo em comisso E o que s admite provimento em carter provisrio. So declarados em lei de livre nomeao (sem concurso pblico) e exonerao (art. 37, II), destinando-se apenas s atribuies de direo, chefia e assessoramento (CF, art. 37, V). Todavia, pela EC 19, o preenchimento de uma parcela dos cargos em comisso dar-se- unicamente por servidores de carreira, nos casos, condies e percentuais mnimos previstos em lei (art. 37, V). Portanto, nestas hipteses o provimento no ser totalmente livre, como ocorre com os no servidores, isto , os sem vnculo efetivo anterior nomeao. A lei ali referida ser de cada entidade poltica, mas, especialmente na fixao dos percentuais mnimos, dever observar o princpio da razoabilidade, sob pena de fraudar a determinao constitucional, no sentido de uma parte dos cargos em comisso ser provida de forma totalmente livre e outra, parcialmente, diante das limitaes e condies previstas nessa lei. A instituio de tais cargos permanente, mas seu desempenho sempre precrio, pois quem os exerce no adquire direito continuidade na funo, mesmo porque a exerce por confiana do superior hierrquico; da a livre nomeao e exonerao.

    Cargo de chefia o que se destina direo de servios. Pode ser de carreira ou isolado, de provimento efetivo ou em comisso, tudo dependendo da lei que o instituir.

    Lotao o nmero de servidores que devem ter exerccio em cada repartio ou servio. A lotao pode ser numrica ou bsica e nominal ou supletiva: a primeira corresponde aos cargos e funes atribudos s vrias unidades administrativas; a segunda importa a distribuio nominal dos servidores para cada repartio, a fim de preencher os claros do quadro numrico. Ambas so atos administrativos tpicos e, como tais, da competncia privativa do Executivo, no que concerne aos servios. Por lei se instituem os cargos e funes; por decreto se movimentam os servidores, segundo as necessidades do servio. A lotao e a relotao constituem prerrogativas do Executivo, contra as quais no se podem opor os servidores, desde que feitas na forma estatutria. Na omisso da lei, entende-se amplo e discricionrio o poder de movimentao dos servidores, por ato do Executivo, no interesse do servio, dentro do quadro a que pertencem. Criao, transformao e extino de cargos, funes ou empregos pbli- cos

    A criao, transformao e extino de cargos, empregos e funes pblicas do Poder Executivo exige lei de iniciativa privativa do Presidente da Repblica, dos Governadores dos Estados e do Distrito Federal e dos Prefeitos Municipais, conforme seja federal, estadual ou municipal a Administrao interessada, abrangendo a Administrao direta, autrquica e fundacional (CF, art. 48, X, c/c o art. 61, 1, II, d). Com a EC 32/2001, ao Chefe do Executivo compete privativamente dispor sobre a extino de funes ou cargos quando vagos (CF, art. 84, VI, b). Assim, no estando vago, a extino depende de lei, tambm de sua iniciativa privativa.

    A privatividade de iniciativa do Executivo toma inconstitucional o projeto oriundo do Legislativo, ainda que sancionado e promulgado pelo Chefe do Executivo, porque as prerrogativas constitucionais so irrenunciveis por seus titulares. Trata-se do princpio constitucional da reserva de administrao, que impede a ingerncia do Poder Legislativo em matria administrativa de competncia exclusiva do Poder Executivo ou, mesmo, do Judicirio.

    A transformao de cargos, funes ou empregos do Executivo admissvel desde que realizada por lei de sua iniciativa. Pela transformao extinguem-se os cargos anteriores e se criam os novos, que sero providos por concurso ou por simples enquadramento dos servidores j integrantes da Administrao, mediante apostila de seus ttulos de nomeao. Assim, a investidura nos novos cargos poder ser originria (para os estranhos ao servio pblico) ou derivada (para os servidores que forem enquadrados), desde que preencham os requisitos da lei. Tambm podem ser transformadas funes em cargos, observados o procedimento legal e a investidura originria ou derivada, na forma da lei. Todavia, se a

    transformao implicar em alterao do ttulo e das atribuies do cargo, configura novo provimento, que exige o concurso pblico.

    No Poder Executivo a extino de cargos, funes ou empregos s pode ser feita por lei de sua iniciativa ou por ato prprio (CF, art. 84, XXV), removendo-se seus titulares para cargos, funes ou empregos equivalen- tes. Se se tratar de servidor estvel, extinto o cargo, ser ele colocado em disponibilidade com remunerao proporcional ao tempo de servio, at seu adequado aproveitamento em outro cargo (CF, art. 41, 3). Antes da EC 19 a remunerao era integral.

    As leis de criao, transformao e extino de cargos, funes ou empregos, ainda que dependam de iniciativa do Poder competente, podem sofrer emendas do Legislativo, desde que no ultrapassem os limites qualitativos (natureza ou espcie, ou seja, estreita pertinncia com o objeto do projeto) e quantitativos da proposta, nem desfigurem o projeto original. Negar totalmente o poder de emenda suprimir uma prerrogativa institucional do Legislativo, mas permiti-lo sem limites invalidar o controle de um Poder sobre seus servios e seu oramento, cuja competncia lhe dada pela prpria Constituio da Repblica. Da por que a Carta Magna veda expressamente emendas que aumentem a despesa prevista na proposta de iniciativa exclusiva do Chefe do Executivo (art. 63, I) e do Legislativo ou do Judicirio (art. 63, II). Essas colocaes so tambm aplicveis Constituio Estadual e suas Emendas, bem como Lei Orgnica Municipal, como tem proclamado o STF.

    Em que pese Constituio proibir somente emendas que aumentem a despesa prevista, entendemos tambm inadmissveis as que alterem, em qualidade (natureza ou espcie) ou quantidade, o cargo, funo ou emprego proposto pelo Poder competente.

    No Poder Legislativo a criao, transformao ou extino de cargos, empregos ou funes cabe Cmara dos Deputados e ao Senado Federal, s Assembleias Legislativas e s Cmaras de Vereadores, respectiva-mente, que podem, no mbito de sua competncia privativa, dispor sobre sua organizao, funcionamento, polcia, criao, transformao ou extino de cargos, empregos e funes de seus servios, e a iniciativa de lei para a fixao da respectiva remunerao, observados os parmetros estabelecidos na lei de diretrizes oramentrias (CF, arts. 51, IV, e 52, XIII). Esses atos de criao, transformao ou extino de cargos, funes ou empregos devem ser efetuados por resoluo, como se infere da interpretao do art. 48, c/c os arts. 51 e 52, da CF. Todavia, a fixao ou a alterao de vencimentos s pode ser efetuada mediante lei especfica, sujeita, evidentemente, a sano (CF, art. 37, X). No, porm, a fixao dos subsdios dos Deputados Federais e Senadores, do Presidente e do Vice-Presidente e dos Ministros de Estado, uma vez que tal matria, por fora do art. 49, VII e VIII, est entre aquelas de competncia exclusiva do Congresso Nacional, para as quais no se exige sano, o que constitui exceo regra introduzida pela Reforma Administrativa, de que a fixao ou maj orao de subsidio e vencimentos est sujeita ao princpio da reserva legal especifica.

    No Poder Judicirio a criao e a extino de cargos e a remunerao dos seus servios auxiliares e dos juzos que lhes forem vinculados, bem como afixao do subsdio de seus membros e dos juizes, inclusive dos tribunais inferiores, observado o disposto no art. 169 da CF, dependem de lei de iniciativa privativa do STF, dos Tribunais Superiores e dos Tribunais de Justia (CF, art. 96, II, b), salvo no tocante aos subsdios dos Ministros do STF, cuja fixao deve observar o disposto no art. 48, XV, da Carta.

    Os Tribunais de Contas, embora rgos auxiliares do Poder Legislativo, por serem rgos constitucionais autnomos e independentes, tm quadro prprio de pessoal e exercem, no que couber, as atribuies previstas no art. 96 (CF, art. 73), acima examinadas.

    Quanto ao Ministrio Pblico, a Constituio de 1988 estendeu-lhe a faculdade de propor a criao e extino de seus cargos e servios auxilia- res. Agora, com a EC 19 tambm ficou assente sua competncia para pro- por ao Poder Legislativo a sua poltica remuneratria (CF, art. 127, 2), o que o STF j havia proclamado. Provimento de cargos

    Provimento o ato pelo qual se efetua o preenchimento do cargo pblico, com a designao de seu titular. O provimento pode ser originrio ou inicial e derivado. Provimento inicial o que se faz atravs de nomeao, que pressupe a inexistncia de vinculao entre a situao de servio anterior do nomeado e o preenchimento do cargo. Assim, tanto

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    provimento inicial a nomeao de pessoa estranha aos quadros do servio pblico quanto a de outra que j exercia funo pblica como ocupante de cargo no vinculado quele para o qual foi nomeada. J, o provimento derivado, que se faz por transferncia, promoo, remoo, acesso, reintegrao, readmisso, enquadramento, aproveitamento ou reverso, sempre uma alterao na situao de servio do provido.

    Em razo do art. 37, II, da CF, qualquer investidura em carreira diversa daquela em que o servidor ingressou por concurso , hoje, vedada. Acrescente-se que a nica reinvestidura permitida sem concurso a reintegrao, decorrente da ilegalidade do ato de demisso.

    Em qualquer hiptese, porm, o provimento de cargos do Executivo da competncia exclusiva do Chefe deste Poder (CF, art. 84, XXV), uma vez que a investidura ato tipicamente administrativo. Por idntica razo, a desinvestidura dos cargos e os exerccios dos poderes hierrquico e disciplinar so da alada privativa do Executivo no que concerne a seus servidores. A lei s poder estabelecer a forma e as condies de provimento e desprovimento; no poder, entretanto, concretizar investiduras ou indicar pessoas a serem nomeadas, porque isto misso do Executivo, indelegvel ao Legislativo. O provimento feito por lei nulo, como nula a criao ou modificao de cargo por decreto ou qualquer outro ato administrativo.

    No mbito do Legislativo, do Judicirio, do Tribunal de Contas e do Ministrio Pblico o provimento e demais atos atinentes aos cargos e seus servidores devem ser da competncia do respectivo Presidente ou do Pro- curador-Geral, conforme o caso. Direitos do titular do cargo

    Os direitos do titular do cargo restringem-se ao seu exerccio, s prerrogativas da funo e ao subsdio ou aos vencimentos e vantagens decorrentes da investidura, sem que o servidor tenha propriedade do lugar que ocupa, visto que o cargo inaproprivel pelo servidor. Da por que a Administrao pode suprimir, transformar e alterar os cargos pblicos ou servios independentemente da aquiescncia de seu titular, uma vez que o servidor no tem direito adquirido imutabilidade de suas atribuies, nem continuidade de suas funes originrias. A lei posterior pode extinguir e alterar cargos e funes de quaisquer titulares vitalcios, estveis e instveis.

    O servidor poder adquirir direito permanncia no servio pblico, mas no adquirir nunca direito ao exerccio da mesma funo, no mesmo lugar e nas mesmas condies, salvo os vitalcios, que constituem uma exceo constitucional regra estatutria. O poder de organizar e reorganizar os servios pblicos, de lotar e relotar servidores, de criar e extinguir cargos, indespojvel da Administrao, por inerente soberania interna do prprio Estado.

    Enquanto subsistir o cargo, como foi provido, seu titular ter direito ao exerccio nas condies estabelecidas pelo estatuto; mas, se se modificarem a estrutura, as atribuies, os requisitos para seu desempenho, lcitas so a exonerao, a disponibilidade, a remoo ou a transferncia de seu ocupante, para que outro o desempenhe na forma da lei. O que no se admite o afastamento arbitrrio ou abusivo do titular, por ato do Executivo, sem lei que o autorize. Acesso a informaes privilegiadas

    O acesso a informaes privilegiadas em razo do exerccio de cargo ou emprego pblico questo que sempre preocupou o Governo e os estudiosos, por envolver, inclusive, a moralidade administrativa. Agora, segundo o art. 37, 7, da CF, com a redao da EC 19, a lei dispor sobre os requisitos e as restries ao ocupante de cargo ou emprego da Administrao direta e indireta que possibilite aquele acesso. Essa lei ser de carter nacional.

    O objetivo estatuir um verdadeiro cdigo de conduta para aqueles agentes pblicos que pelo s exerccio de suas funes tenham acesso a informaes privilegiadas sobre programas e atividades do Governo relativas a qualquer campo, como o tecnolgico, o industrial, o das finanas pblicas, inclusive cmbio, o comercial e societrio, o da segurana nacional ou qualquer outro que o possibilite.

    As restries devem ocorrer quer durante, quer aps o exerccio da funo, durante o tempo a ser fixado de acordo com as nuanas de cada cargo ou emprego pblico. A restrio ao exerccio de determinadas atividades ou empregos aps os da atividade pblica dever ser estabelecida com razoabilidade, para que no se contrariem outros

    dispositivos constitucionais, como o que assegura o livre exerccio de qualquer trabalho, oficio ou profisso (CF, art. 5, XIII). Competncia para organizar o servio pblico

    A competncia para organizar o servio pblico da entidade estatal a que pertence o respectivo servio. Sobre esta matria as competncias so estanques e incomunicveis. As normas estatutrias federais no se aplicam aos servidores estaduais ou municipais, nem as do Estado-membro se estendem aos servidores dos Municpios.

    Cada entidade estatal autnoma para organizar seus servios e compor seu pessoal. Atendidos os princpios constitucionais e os preceitos das leis nacionais de carter complementar, a Unio, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municpios instituiro seus regimes jurdicos, segundo suas convenincias administrativas e as foras de seus errios (CF, arts. 39 e 169).

    Competncia da Unio A competncia da Unio para organizar seu servio pblico s encontra limites na Constituio da Repblica e no enseja conflito de normas, porque suas leis ordinrias jamais podero colidir, nesse campo, com a legislao dos Estados-membros, do Distrito Federal e dos Municpios. A questo, porm, complica-se no mbito esta- dual e municipal, em face da superposio de normas de entidades diferentes e das diversas reas de competncia, nem sempre bem delimitadas e muitas vezes confundidas pelo administrador e pelo legislador das trs entidades estatais.

    A legislao federal, fora os casos expressamente previstos no texto constitucional, s atinge os servidores estaduais do Distrito Federal e municipais quando tem natureza jurdica de lei nacional. So dessa natureza, exemplificativamente, as que dispem sobre crimes funcionais (CP, arts. 312 a 327; CPP, arts. 513 a 518); inviolabilidade no exerccio da funo pblica (CP, art. 142, III); perda da funo pblica e interdio de direitos (CP, arts. 92, I, e 47, I); facilitao culposa de conhecimento de segredo concernente segurana nacional, revelao de segredo funcional relacionado com operaes anti-subversivas (Lei 6.620/78, arts. 29 e 37); sanes especficas, sequestro e perdimento de bens, pela prtica de atos de improbidade administrativa (Lei 8.429/92); coao eleitoral (Cdigo Eleitoral, art. 300); requisio para o servio eleitoral (Cdigo Eleitoral, arts. 30, XIV, e 344); retardamento ou recusa de publicao em rgo oficial de atos da Justia Eleitoral (Cdigo Eleitoral, art. 341); proibio de uso de servios ou dependncias pblicas em beneficio de partido poltico (Cdigo Eleitoral, arts. 346 e 377); proibio de nomeao e de remoo no perodo pr e ps-eleitoral (Lei 6.091, de 15.8.74, art. 13); requisies e afastamentos de servidores pblicos pela Justia Eleitoral (Lei 6.999, de 7.6.82); impedimentos e prazos de desincompatibilizao (Lei Complementar 64, de 18.5.90 Lei das Inelegibilidades); requisio de veculos e embarcaes oficiais para o transporte gratuito de eleitores (Lei 6.091/74, art. 1); acidente do trabalho (Lei 6.367, de 19.10.76); seguridade social (Lei 8.212, de 24.7.91); Programa de Formao do Patrimnio do Servidor Pblico PASEP (Lei Complementar 8, de 3.12.70); obrigatoriedade de declarao de bens (Leis 8.429/92 e 8.730/93); conduta do servidor nas eleies (Lei 9.424/97).

    Essa legislao federal bem como outras que tenham a mesma natureza de leis nacionais so aplicveis s entidades estatais Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios , obrigatoriamente, sem que se possa falar em quebra das suas respectivas autonomias administrativas, porque tais leis nacionais so hierarquicamente superiores, por fora da prpria Carta Magna. Alis, o mesmo ocorre, por exemplo, com a lei nacional sobre normas gerais de licitao e contratos administrativos (Lei 8.666/93).

    Competncia do Estado-membro A competncia do Estado- membro ampla, mas fica adstrita no s s normas pertinentes da Constituio da Repblica e aos preceitos das leis de carter nacional, bem como aos ditames especiais da Constituio Estadual, no que concerne ao seu pessoal. O estatuto dos servidores federais e demais normas complementares e regulamentares no se aplicam aos servidores estaduais pela bvia razo de que o Estado-membro autnomo para organizar seus servios e compor seu pessoal.

    Competncia do Municpio A competncia do Municpio para organizar seu funcionalismo consectrio da autonomia administrativa de que dispe (CF, art. 30, I). Assim, a exemplo dos Estados, atendidas as normas constitucionais aplicveis ao servidor pblico, os preceitos das leis de carter nacional e de sua Lei Orgnica, pode o Municpio elaborar o regime jurdico de seus servidores, segundo as convenincias locais. Nesse

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    campo inadmissvel a extenso das normas estatutrias federais ou estaduais aos servidores municipais. S ser possvel a aplicao do estatuto da Unio ou do Estado-membro se a lei municipal assim o determinar expressamente.

    Nem mesmo a Constituio Estadual poder estabelecer direitos, encargos ou vantagens para o servidor municipal, porque isto atenta contra a autonomia local. Desde que o Municpio livre para aplicar suas rendas e organizar seus servios (CF, art. 30, III e V), nenhuma interferncia pode ter o Estado-membro nesse campo da privativa competncia local.

    S o Municpio poder estabelecer o regime de trabalho e de pagamento de seus servidores, tendo em vista as peculiaridades locais e as possibilidades de seu oramento. Nenhuma vantagem ou encargo do funcionalismo federal ou estadual se estende automaticamente aos servidores municipais, porque isto importaria hierarquizao do Municpio Unio e ao Estado-membro. As Constituies Estaduais e leis ordinrias que estabelecem essa extenso de vantagens do servidor pblico estadual ao municipal tiveram as respectivas disposies invalidadas, por inconstitucionais.

    Competncia do Distrito Federal A competncia do Distrito Federal corresponde prevista para os Estados e para os Municpios, por fora do art. 32, 1, da CF. Assim, o que foi dito para essas duas entidades vale para o Distrito Federal. Observncia das normas constitucionais

    Como j vimos, em razo de sua autonomia constitucional, as entidades estatais so competentes para organizar e manter seus servidores, criando e extinguindo cargos, funes e empregos pblicos, instituindo carreiras e classes, fazendo provimentos e lotaes, estabelecendo a remunerao, delimitando os seus deveres e direitos e fixando regras disciplinares. Os preceitos reguladores das relaes jurdicas entre a Administrao e o servidor constituem o regime jurdico, explicitados nos decretos e regulamentos expedidos para sua fiel execuo pelo Poder Executivo ou pelos demais Poderes, pelo Tribunal de Contas e pelo Ministrio Pblico, no exerccio das suas respectivas administraes.

    As disposies estatutrias ou de outra natureza, se outro for o regime jurdico, todavia, no podem contrariar o estabelecido na Constituio da Repblica como normas gerais de observncia obrigatria pela Administrao direta e indireta, conforme o caso, na organizao do seu pessoal e dos respectivos regimes jurdicos. Sempre entendemos, com a melhor doutrina, que essas normas, mesmo no perodo anterior Constituio de 1988, eram impositivas para toda a Administrao, em face do seu duplo objetivo. Realmente, ao institu-las, a Constituio no visa unicamente ao resguardo dos interesses dos servidores, como erroneamente se pensa. No assim. Juntamente com as garantias outorgadas aos servidores, o texto constitucional assegura ao Estado os meios para realizar uma boa administrao, dentre os quais o poder-dever de zelar pela eficincia, moralidade e aprimoramento do pessoal administrativo. o que ocorre, p. ex., com o instituto da estabilidade, que, a par de um direito, para o servidor titular de cargo efetivo, de permanncia no servio pblico enquanto bem servir, representa para a Administrao a garantia de que nenhum servidor nomeado para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso poder subtrair-se ao estgio probatrio de trs anos e a de que nenhum outro servidor titular de cargo em comisso poder adquirir igual direito. Assim, no pode a Administrao federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal ampliar o prazo do art. 41 da CF, pois estaria restringindo direito do servidor pblico; mas tambm no pode diminu-lo ou estend-lo a outros servidores que no os efetivos nomeados por concurso, porque estaria renunciando a prerrogativas constitucionais consideradas essenciais na relao Estado-agente administrativo. No sendo lcito ao Estado renunciar a essas prerrogativas, seria nula e de nenhum efeito, portanto, a disposio estatutria em desacordo com o preceito constitucional.

    O exame dessas normas constitucionais deu ensejo a que o TJSP, em sesso plenria, nos legasse esta magnfica lio de Direito Pblico: Tais dispositivos no contm somente garantia, benefcios aos funcionrios; tm uma acepo mais ampla, pois so as normas primordiais que regem as relaes entre o Poder Pblico e seus agentes. Nessas relaes h sempre duas pessoas: uma de Direito Pblico o Estado , outra, a individual do funcionrio. No se pode considerar que os princpios preceituados na Constituio visaram apenas a favorecer uma dessas pessoas, o funcionrio. Ao contrrio, dizem respeito tambm ao Estado, para garantia de sua boa administrao. E por esse raciocnio, de inegvel

    lgica, a E. Corte Estadual concluiu que os Estados (e, por extenso, os Municpios) podem dar aos funcionrios outras garantias, outros benefcios alm dos conferidos pela Constituio Federal. certo, mas, se essas garantias, esses benefcios esto previstos na Constituio, no possvel ampli-los e nem estend-los a outros funcionrios que no os por ela favorecidos.

    Se at a Constituio de 1967 os dispositivos constitucionais pertinentes ao servidor pblico eram vistos apenas como mnimos de garantia dos servidores pblicos e s se impunham integralmente por recomendao da boa doutrina e pela moralizadora orientao jurisprudencial, a partir de ento passaram a ser normas de observncia obrigatria em todas as esferas administrativas, situao mantida pela atual Constituio da Repblica (arts. 37 a 41). Com isso, fica prejudicada qualquer discusso sobre a possibilidade de sua restrio ou ampliao, uma vez que, atualmente, constituem, mesmo, um cdigo de direitos e obrigaes fundamentais que devem ser respeitados pelo Distrito Federal, pelos Estados e Municpios (e, tambm, pela Unio, acrescentamos) em suas leis ordinrias, como ensina Themstocles Cavalcanti.

    Sobejam razes justificadoras desse entendimento, mas a principal delas que a organizao legal dos servidores pblicos tarefa do Legislativo, e este, muitas vezes, desconhecendo particularidades administrativas e peculiaridades dos servios afetos ao Executivo e para atender a pretenses classistas, confere aos servidores vantagens e prerrogativas que vo dificultar substancialmente o manejo e a execuo do servio pblico. Ora, o servidor apenas meio e no fim da Administrao, e toda vez que esta lhe confere uma vantagem deve faz-lo na exata medida do interesse pblico. Vale dizer, as prerrogativas, garantias e demais vantagens do servidor s se legitimam quando reclamadas pelo servio pblico e no anulem seus requisitos de eficincia, moralidade e aperfeioamento. Na concesso desses benefcios por via constitucional existe uma presuno de imprescindibilidade, diante da qual devem curvar- se as entidades estatais; mas, ao conced-los, a Constituio subtrai de cada uma delas o poder de disposio sobre a mesma matria, de modo que lhes defeso posterg-los, restringi-los ou ampli-los, salvo quando expressamente autorizadas, e nos estritos limites da autorizao. Assim, se o constituinte entendeu que somente os servidores pblicos nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso tm direito permanncia no servio aps trs anos de exerccio o que, em principio, constitui um entrave para a Administrao , no licito ao Estado abdicar da sua prerrogativa de livre disposio do seu pessoal para estender a estabilidade a outros servidores, nem para reduzir o lapso do estgio probatrio. Pelas mesmas razes, no pode conceder a outras as prerrogativas de vitaliciedade, de inamovibilidade ou de irredutibilidade de vencimentos que a Carta Magna outorgou a determinadas categorias de agentes pblicos e que no so exigidas pelos interesses administrativos.

    No quer isso dizer que a Administrao esteja impedida de conceder outros direitos e vantagens a seus servidores, atravs de normas legais. Absolutamente, no. Alm de o texto constitucional no exaurir a matria, deixando, portanto, muita coisa discrio das entidades estatais, estas se vem, comumente, obrigadas a assegurar outros benefcios a seus servidores, pois os recrutam em competio com o mercado empresarial. Da por que os regimes jurdicos, alm de encampar as garantias outorgadas constitucionalmente aos servidores (art. 39, 3), costumam dispor sobre outros direitos e vantagens de que esses muitas vezes no desfrutam (licena para tratamento de interesses particulares, licena-prmio, adicional por tempo de servio etc.). Todas essas concesses so legtimas desde que, como j salientamos, se conformem aos interesses do servio pblico, pois, no que concerne aos direitos e vantagens de seus servidores, cada entidade estatal pode estabelec-los livremente, com observncia das normas constitucionais e das leis de carter nacional. O que no se permite dispensar ou alterar o que a Constituio j estabeleceu como condies de eficincia, moralidade e aprimoramento do servio (requisitos de investidura, estgio probatrio, limite para a aposentadoria, processo demissrio, inacumulabilidade de cargos, responsabilizao funcional) e como garantias dos servidores pblicos (estabilidade, aposentadoria remunerada, contagem do tempo de servio prestado s trs esferas administrativas, disponibilidade).

    Feitas estas consideraes de ordem geral, vejamos, a seguir, em espcie, as normas constitucionais pertinentes ao servidor pblico para, ao depois, examinarmos os deveres e direitos dos servidores que podero constar de disposies estatutrias ou de outro regime jurdico.

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    Deveres e direitos dos servidores Os deveres e direitos dos servidores esto detalhadamente

    estabelecidos na Constituio da Repblica, a serem observados pelos respectivos regimes jurdicos ditados segundo as regras de iniciativa de lei previstas naquela Carta. Na imposio desses deveres e na concesso desses direitos a Administrao dever ter sempre presente o interesse coletivo na obteno dos servios pblicos, lembrando-se de que como o nome est indicando so servios para o pblico e de que seus agentes so servidores pblicos, vale dizer, servidores do pblico: public servants, na expresso inglesa consagrada por Brandeis.

    Neste item estudaremos esses direitos e deveres e, separadamente, o sistema remuneratrio ou a remunerao em sentido amplo, que destacamos do tpico Direitos, pela importncia e complexidade do seu estudo.

    Deveres Os regimes jurdicos modernos impem uma srie de deveres aos

    servidores pblicos como requisitos para o bom desempenho de seus encargos e regular funcionamento dos servios pblicos. A Lei de Improbidade Administrativa, de natureza nacional, diz que constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princpios da administrao pblica qualquer ao ou omisso que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade s instituies (cf. Lei 8.429/92, art. 10, caput), as quais, para serem punidas, pressupem que o agente as pratique com a conscincia da ilicitude, isto , dolosamente.

    Dentre esses deveres salientam-se, por sua constncia na legislao dos povos cultos, o de lealdade Administrao, o de obedincia s ordens superiores e, agora, o de conduta tica.

    Dever de lealdade O dever de lealdade, tambm denominado dever de fidelidade, exige de todo servidor a maior dedicao ao servio e o integral respeito s leis e s instituies constitucionais, identificando-o com os superiores interesses do Estado. Tal dever impede que o servidor atue contra os fins e os objetivos legtimos da Administrao, pois que, se assim agisse, incorreria em infidelidade funcional, ensejadora da mais grave penalidade, que a demisso, vale dizer, o desligamento compulsrio do servio pblico.

    Dever de obedincia O dever de obedincia impe ao servidor o acatamento s ordens legais de seus superiores e sua fiel execuo.. Tal dever resulta da subordinao hierrquica e assenta no princpio disciplinar que informa toda organizao administrativa.

    Por esse dever no est o servidor obrigado a cumprir mecanicamente toda e qualquer ordem superior, mas, unicamente, as ordens legais. E por ordens legais entendem-se aquelas emanadas de autoridade competente, em forma adequada e com objetivos lcitos. Tanto o cumprimento de ordem manifestamente ilegal como o descumprimento de ordem legal acarretam para o servidor responsabilidade disciplinar e criminal (CP, art. 22), conforme seja a leso causada Administrao ou a terceiros.

    Dever de conduta tica O dever de conduta tica decorre do princpio constitucional da moralidade administrativa e impe ao servidor pblico a obrigao de jamais desprezar o elemento tico de sua conduta. De acordo com o Cdigo de tica Profissional do Servidor Pblico Civil Federal (Dec. 1.171, de 22.6.94), a dignidade, o decoro, o zelo, a eficcia e a conscincia dos princpios morais so primados maiores que devem nortear o servidor pblico. O dever de honestidade est includo na conduta tica.

    Dever de eficincia O dever de eficincia do servidor pblico decorre do inc. LXXVIII do art. 5 da CF, acrescentado pela EC 45/2004

    Outros deveres Outros deveres so comumente especificados nos estatutos, procurando adequar a conduta do servidor ao servio que lhe cometido; mas, como bem observa Masago, j se acham compreendidos nos deveres de fidelidade e obedincia. Realmente, os deveres de lealdade e obedincia constituem a matriz dos demais, porque neles se contm as imposies e proibies exigidas para o exato desempenho da funo pblica, sendo redundantes e ociosas quaisquer outras especificaes.

    Muitas vezes o dever no resulta diretamente das normas estatutrias, mas de outras, hierarquicamente superiores, que exigem dos servidores em geral determinada conduta, positiva ou negativa, decorrente das chamadas restries funcionais, a seguir examinadas.

    A Lei de Improbidade Administrativa, ao tratar dos atos que aten-

    tam contra os princpios da administrao pblica, diz constituir ato dessa natureza qualquer ao ou omisso que viole os deveres de honestidade, legalidade e lealdade s instituies (art. 11, caput, da Lei 8.429/92).

    Restries funcionais Dentre as restries que a funo pblica impe aos seus

    exercentes destacam-se a de se sujeitarem aos impedimentos estabelecidos para o desempenho do cargo.

    Os impedimentos ou incompatibilidades para o desempenho de funo pblica constituem restries perfeitamente admissveis ao direito dos servidores estatais, autrquicos e paraestatais, porque lcito Administrao estabelecer condies para a realizao de seus servios. Assim sendo, permitido ao Poder Pblico impedir contratos de seus servidores com a Administrao, estabelecer incompatibilidades entre o exerccio do cargo ou da funo e certas atividades pblicas ou particulares, impor exigncias de residncia no local do trabalho e quaisquer outros requisitos de eficincia e moralidade do servio pblico, desde que no afronte os direitos fundamentais do servidor, resguardados pela Constituio da Repblica. Nessa linha sero os requisitos e restries da lei prevista pela Carta Magna em seu art. 37, 7, comentado em outra passagem.

    A Lei nacional 9.504, de 30.9.97, que dispe sobre normas gerais de eleies para cargos no Executivo e no Legislativo, estabelece as condutas de agentes pblicos que podem afetar a igualdade de oportunidades entre os candidatos, vedando-as, sob as penas ali previstas e sem prejuzo da aplicao da Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa).

    Direitos A Constituio da Repblica, ao cuidar do servidor pblico (arts. 37

    a 41), detalhou seus direitos, indicando especificamente os que lhe so extensivos dentre os reconhecidos aos trabalhadores urbanos e rurais (CF, art. 7).

    De um modo geral, pode dizer-se que os servidores pblicos tm os mesmos direitos reconhecidos aos cidados, porque cidados tambm o so, apenas com certas restries exigidas para o desempenho da funo publica. Com a Constituio de 1988 gozam dos seguintes direitos assegurados aos trabalhadores do setor privado: salrio mnimo; garantia de salrio, nunca inferior ao mnimo, para os que percebem remunerao varivel; dcimo-terceiro salrio; remunerao do trabalho noturno superior do diurno; salrio-famlia para os seus dependentes; jornada de trabalho no superior a oito horas dirias e quarenta e quatro semanais; repouso semanal remunerado; remunerao do servio extraordinrio superior, no mnimo, em cinquenta por cento do normal; gozo de frias anuais remuneradas com, pelo menos, um tero a mais do que o salrio normal; licena gestante, sem prejuzo do emprego e do salrio, com a durao de cento e vinte dias; licena-paternidade, nos termos fixados em lei; proteo do mercado de trabalho da mulher; reduo dos riscos inerentes ao trabalho; proibio de diferena de salrios, de exerccio de funes e de critrio de admisso por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. A Constituio admitiu, agora, o direito de greve ao servidor pblico, que ser exercido nos termos e nos limites definidos em lei agora especifica, e no mais em lei complementar (art. 37, VII, com a redao da EC 19), e garantiu seu direito sindicalizao (art. 37, VI).

    Os direitos decorrentes da funo pblica consubstanciam-se no exerccio do cargo, na remunerao, nas frias, na aposentadoria e demais vantagens concedidas expressamente pela Constituio e respectivas leis da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios. So direitos dos servidores pblicos que vicejam ao lado dos direitos gerais e fundamentais do cidado, e, por isso mesmo, sua extenso e seus limites s podem ser apreciados em face das normas legais que os concedem, segundo as convenincias do servio. Dentre os direitos dos servidores veremos especifica-mente, a seguir, o sistema remuneratrio, o subsdio e a remunerao, envolvendo os vencimentos, com as vantagens pecunirias, e os salrios.

    Sistema remuneratrio. Remunerao. Subsdio. Vencimentos. Vantagens pecunirias. Indenizaes

    No campo funcional a matria de maior interesse, pelos constantes atritos entre o servidor e a Administrao, a concernente ao sistema remuneratrio ou remunerao em sentido amplo. Esses atritos decorrem das posies diametralmente opostas em que se colocam o servidor e o Poder Pblico na interpretao das leis pertinentes, pressionado aquele

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    pelas exigncias financeiras do seu status; interessado este em realizar o mximo de servio com o mnimo de despesas de custeio, dentre as quais se incluem as de pessoal. Da a nossa preocupao em destacar o assunto do tpico relativo aos direitos dos servidores, para esta apreciao mais detida e aprofundada.

    Sistema remuneratrio O exame da Constituio Federal, com as alteraes das ECs 19/98 e 41/2003, demonstra que h um sistema remuneratrio para os ocupantes de cargos, funes e empregos pblicos da Administrao direta, autrquica e fundacional, para os membros de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, para os detentores de mandato eletivo e para os demais agentes polticos, bem como para os empregados pblicos das chamadas pessoas governamentais, com personalidade de Direito Privado.

    Assim, o sistema remuneratrio ou a remunerao em sentido amplo da Administrao direta e indireta para os servidores da ativa compreende as seguintes modalidades: a) subsdio, constitudo de parcela nica e pertinente, como regra geral, aos agentes polticos; b) remunerao, dividida em (b1) vencimentos, que corresponde ao vencimento (no singular, como est claro no art. 39, 1, da CF, quando fala em fixao dos padres de vencimento) e s vantagens pessoais (que, como diz o mesmo art. 39, 1, so os demais componentes do sistema remuneratrio do servidor pblico titular de cargo pblico na Administrao direta, autrquica e fundacional), e em (b2) salrio, pago aos empregados pblicos da Administrao direta e indireta regidos pela CLT, titulares de empregos pblicos, e no de cargos pblicos.

    Nesse sentido, dentre outros, o contedo dos arts. 37, XI (com a redao da EC 41), 61, 1, II, a e f, e 96, b, da CF. No entanto, a Constituio e as Emendas referidas em alguns pontos empregam terminologia equivocada e no sistematizada. Assim, a titulo de exemplo, no art. 37, o inc. XV, quando fala em vencimentos, quer se referir a remunerao, e no inc. X desse artigo remunerao significa vencimentos.

    Outra inovao que o subsdio (salvo o dos Deputados Federais, dos Senadores, do Presidente e Vice-Presidente e dos Ministros, por fora do art. 49, VII e VIII, da CF) e os vencimentos, por expresso mandamento constitucional, esto sujeitos ao princpio da reserva legal especifica, pelo qu somente podero ser fixados e alterados por lei especifica, isto , para cada hiptese de fixao ou modificao, observada a iniciativa privativa em cada caso.

    assegurada reviso geral anual dos subsdios e vencimentos, sempre na mesma data e sem distino de ndices (CF, art. 37, X).Parece- nos que essa rega, a par de consagrar o princpio da periodicidade da reposio da remunerao do servidor, culminou por assegurar a irredutibilidade real, e no apenas nominal, do subsdio e dos vencimentos, mas no obriga a que a reviso seja feita numa data-base. Essa reviso no se equipara chamada reestruturao, significando, na realidade, um aumento geral, por ns denominado de imprprio, como veremos mais adiante.

    O art. 37, XI, na redao da EC 41, institui tetos para a Unio, para os Estados, para o Distrito Federal e para os Municpios, no mbito de seus Poderes e das suas Administraes diretas, autrquicas e fundacionais. Alguns falam em subtetos o que, a nosso ver, no adequado, pois o que se tem um teto para a Unio e tetos para os entes federados. Assim, a remunerao, o subsdio dos ocupantes de cargos, funes e empregos pblicos, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes polticos, bem como os proventos, penses ou outra espcie remuneratria, percebidos cumulativamente ou no, includas as vantagens pessoais ou de qualquer natureza, no podero exceder: a) na Unio, o subsdio mensal, em espcie, dos Ministros do STF; b) nos Estados e no Distrito Federal: b1) no poder Executivo, o subsidio mensal do Governador; b2) no Poder Legislativo, o subsdio dos Deputados Estaduais e Distritais; b3) no Poder Judicirio, o subsdio dos Desembargadores do Tribunal de Justia, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centsimos por cento do subsdio mensal, em espcie, dos Ministros do STF; b4) o teto previsto em b3 aplica-se tambm aos membros do Ministrio Pblico, aos Procuradores e aos Defensores Pblicos; e c) nos Municpios, o subsdio do Prefeito. Registre-se, todavia, que em nenhuma hiptese os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero fixar seus tetos acima daquele previsto para a Unio. Nas ADIs 112, 120-5 e 1.434, considerando que o art. 132 da Carta s abrangeu os procuradores do Estado (este como pessoa jurdica distinta da autarquia), o STF entendeu que ela no se refere aos procuradores autrquicos. Dai por que o teto acima referido para os

    procuradores s abarca os procuradores dos Estados ou do Distrito Federal.

    Para os fins do disposto nesse referido inciso XI, a EC 47 acrescentou o 12 ao art. 37 da CF, facultando aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu mbito, mediante emenda s respectivas Constituies e Lei Orgnica, como limite nico, o subsidio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justia, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centsimos por cento do subsdio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. O disposto nesse 12 no se aplica aos subsdios dos Deputados Estaduais e dos Vereadores.

    Nas edies anteriores, quando tratamos do subsdio, como parcela nica, com base na prpria Constituio, dissemos que as indenizaes no integram tal parcela. Agora, explicitando a questo a EC 47 inseriu o 11 ao art. 37, da CF, dispondo que no sero computados, para efeito dos limites remuneratrios de que trata o inciso XI desse artigo, as parcelas de carter indenizatrio previstas em lei . Segundo o art. 40 da EC 47, enquanto no editada essa lei, no ser computada, para efeito dos limites remuneratrios de que trata o inciso XI do art. 37, qualquer parcela de carter indenizatrio, assim definida pela legislao em vigor na data da publicao da EC 41, de 2003.

    O inc. XV do art. 48, caput, na redao da EC 19/98, determinava que a fixao do subsdio dos Ministros do STF, previstos no inc. XI do art. 37, fosse feita por lei de iniciativa conjunta dos Presidentes da Repblica, da Cmara dos Deputados, do Senado Federal e do STF. Como o STF entendeu que esse inc. XI no era auto-aplicvel, para contornar esse entendimento e assegurar a auto-aplicabilidade do teto previsto pelo art. 37, XI, na redao dada pela EC 41, o art. 8 dessa Emenda 41, em regra de transio, estatui que, at que o valor desse subsdio seja fixado, ser considerado como limite para a aplicao do art. 37, XI, na sua nova redao: a) no mbito da Unio, o valor da maior remunerao atribuda por lei a Ministro do STF, a titulo de vencimento, de representao mensal e da parcela recebida em razo de tempo de servio; b) nos Estados e no Distrito Federal: b1) no Poder Executivo, o subsdio mensal do Governador; b2) no Poder Legislativo, o subsdio dos Deputados Estaduais e Distritais; b3) no Poder Judicirio, o subsdio dos Desembargadores do Tribunal de Justia, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centsimos por cento da maior remunerao mensal de Ministro do STF, prevista pela letra a, acima; b4) o teto previsto em b3 aplica-se tambm aos membros do Ministrio Pblico, aos Procuradores e aos Defensores Pblicos; e c) nos Municpios, o subsidio do Prefeito.

    Ao lado dessa rega, especificamente quanto aos vencimentos, temos a do inc. XII do mesmo art. 37, estabelecendo que os dos cargos do Legislativo e do Judicirio no podero ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo. Portanto, temos os tetos acima referidos e h um teto entre os vencimentos dos cargos pertencentes aos Poderes, que corresponde queles pagos pelo Executivo.

    Registre-se, por relevante, que os salrios dos empregados pblicos das empresas pblicas e das sociedades de economia mista, e suas subsidirias, s estaro submetidos ao teto geral se essas pessoas jurdicas receberem recursos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municpios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (CF, art. 37, 9) Assim, se tiverem vida financeira prpria no que diz respeito s despesas de custeio em geral e de pessoal, excludos, pois, os investimentos, no estaro submetidas ao comando do art. 37, XI. A exceo altamente salutar e moralizadora, servindo de estimulo eficincia. A lei nacional prevista no art. 173, 1, da CF, por ela chamada de estatuto jurdico, dever dispor a respeito da aplicao dessa matria.

    Vale ainda observar que o art. 37, XI, da CF, ao falar em outras espcies remuneratrias aps cuidar de proventos e penses por morte, deixa patente que aqueles e estas constituem espcies remuneratrias, pelo qu tambm se enquadram no conceito geral de remunerao, para fins de observncia dos tetos gerais.

    Faculta-se Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios estabelecer por lei a relao entre a maior e a menor remunerao dos servidores pblicos (art. 39, 5, da CF, na redao da EC 19), observando-se, como diz a parte final desse 5, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. Vale dizer, a relao ter de respeitar os tetos constitucionais a previstos.

    Embora evidente, por fora da sistematizao, convm consignar que os direitos assegurados pelo 3 do art. 39 como, por exemplo, o dci-

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    mo-terceiro salrio e o tero de frias no esto includos nos tetos remuneratrios.

    Cada uma dessas modalidades ou formas de remunerao, como contraprestao devida pelo exerccio de funo pblica, ser objeto de exame a seguir.

    Subsdio outra grande novidade da chamada Emenda da Reforma Administrativa (EC 19). Como visto, subsdio uma modalidade de remunerao, fixada em parcela nica, paga obrigatoriamente aos detentores de mandato eletivo (Senadores, Deputados Federais e Estaduais, Vereadores, Presidente e Vice-Presidente, Governador e Vice- Governador e Prefeito e Vice-Prefeito) e aos demais agentes polticos, assim compreendidos os Ministros de Estado, Secretrios Estaduais e Municipais, os membros da Magistratura e do Ministrio Pblico e os Ministros e Conselheiros dos Tribunais de Contas (CF, arts. 39, 4, 49, VII e VIII , e 73, 3, c/c os arts. 75, 95, III, e 128, 5, I, c).

    Dessa forma, para os que a Carta Magna considera agentes polticos os membros de Poder, os detentores de mandato eletivo, os Ministros de Estado, os Secretrios Estaduais e Municipais, os Ministros dos Tribunais de Contas e os membros do Ministrio Pblico o subsdio a nica modalidade de remunerao cabvel.

    Os servidores integrantes das carreiras relativas Advocacia- Geral da Unio, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, das Procuradorias dos Estados e do Distrito Federal e da Defensoria Pblica, bem como os servidores policiais das Polcias Federal, Ferroviria Federal, Civil, Militares (no os das Foras Armadas) e Corpos de Bombeiros Militares, por fora dos arts. 135 e 144, 9, da CF, embora no sejam agentes polticos, tambm sero obrigatoriamente remunerados na forma do art. 39, 4. Outrossim, como prev o art. 39, 8, da CF, outros servidores pblicos, desde que organizados em carreira, tambm podero, por lei federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, ter remunerao fixada nos termos do 4, acima referido.

    Como se v, na sistemtica constitucional os agentes polticos s podem perceber subsdio, enquanto que os demais agentes pblicos podero ter remunerao fixada nos termos ou na forma do 4 do art. 39, porm para alguns servidores a prpria Cada Poltica j se antecipou, determinando que seria fixada na forma desse dispositivo, ou seja, exclusiva-mente em parcela nica (arts. 135 e 144, 9, c/c o art. 39, 8 e 4).

    Em razo da natureza jurdica que lhe foi imposta constitucionalmente, o subsdio constitudo de parcela nica. Por isso, o art. 39, 4, veda expressamente que tal parcela seja acrescida de qualquer gratificao, adicional, abono, prmio, verba de representao ou outra espcie remuneratria. Obviamente, como a Cada Poltica deve ser interpretada de forma sistematizada, deve-se concluir que os valores correspondentes aos direitos por ela assegurados no 3 do art. 39 como, para ilustrar, do dcimo-terceiro salrio e do tero de frias no so atingidos pela proibio de qualquer acrscimo. Alis, como visto, o mesmo ocorre em relao ao teto geral.

    Como vimos antes, o 11 do art. 37, da Constituio, acrescentado pela EC 47, dispe que no sero computadas, para efeito dos limites remuneratrios de que trata o inciso XI, as parcelas de carter indenizatrio previstas em lei.

    Os aspectos acima apontados devero, por cedo, servir de norte para a estipulao, pela lei ali referida, das parcelas remuneratrias que no sero computadas nos limites do inciso XI do art. 37, da CF, e, tambm no subsdio como as relativas a gastos de transporte, dirias, ajuda de custo, presena em sesso extraordinria. O mesmo aplica-se s frias e licenas-prmios no gozadas e indenizadas. Todas devero, obviamente, observar os princpios constitucionais, especialmente os da legalidade, razoabilidade e moralidade, sob pena de caracterizarem inaceitvel fraude aos limites remuneratrios e ao conceito constitucional de subsdio, a ser repelida pelo Poder Judicirio no exame de constitucionalidade, direto (concentrado) ou incidental (difuso), da lei que as institurem.

    Vencimentos Vencimentos (no plural) espcie de remunerao e corresponde soma do vencimento e das vantagens pecunirias, constituindo a retribuio pecuniria devida ao servidor pelo exerccio do cargo pblico. Assim, o vencimento (no singular) correspondente ao padro do cargo pblico fixado em lei, e os vencimentos so representados pelo padro do cargo (vencimento) acrescido dos demais componentes do sistema remuneratrio do servidor pblico da

    Administrao direta, autrquica e fundacional. Esses conceitos resultam, hoje, da prpria Cada Magna, como se depreende do art. 39, 1, I, c/c o art. 37, X, XI, XII e XV.

    Quando o legislador pretender restringir o conceito ao padro do cargo do servidor, dever empregar o vocbulo no singular vencimento; quando quiser abranger tambm as vantagens conferidas ao servidor, dever usar o termo no plural vencimentos.

    Os vencimentos padro e vantagens s por lei especfica (reserva legal especfica) podem ser fixados ou alterados (art. 37, X), segundo as convenincias e possibilidades da Administrao. A EC 19 manteve a irredutibilidade assegurada pela Constituio de 1988 e esclareceu que ela s se aplica ao subsdio e aos vencimentos (aqui empregado com o significado de remunerao) dos ocupantes de cargos pblicos e empregos pblicos. Todavia, restringindo a Constituio Federal de 1988, ressalvou que ela no se aplica nos casos previstos nos incs. XI e XIV do art. 37 e nos arts. 39, 4, 150, II, 153, III, e 153, 2, I (art. 37, XV), o que tambm previsto para os magistrados, conselheiros dos Tribunais de Contas e membros do Ministrio Pblico.

    Vantagens irretirveis do servidor s so as que j foram adquiridas pelo desempenho efetivo da funo (pro labore facto) ou pelo transcurso do tempo de servio (ex facto temporis); nunca, porm, as que dependem de um trabalho a ser feito (pro labore faciendo), ou de um servio a ser prestado em determinadas condies (ex facto officii), ou em razo da anormalidade do servio (proper laborem), ou, finalmente, em razo de condies individuais do servidor (propterpersonam).

    Desde que sob o regime estatutrio o Estado no firma contrato com seus servidores, mas para eles estabelece unilateralmente um regime de trabalho e de retribuio por via estatutria, lcito lhe , a todo tempo, alterar esse regime jurdico e, assim, as condies de servio e de pagamento, desde que o faa por lei, sem discriminaes pessoais, visando s convenincias da Administrao. Todavia, da alterao do regime jurdico no pode advir reduo de remunerao, pois a garantia da irredutibilidade, acima referida, protege o montante dos ganhos.

    A percepo de vencimentos pelo exerccio do cargo a regra da Administrao Brasileira, que desconhece cargo sem retribuio pecuniria. Pode haver funo gratuita, como so as honorificas e as de suplncia, mas cargo gratuito inadmissvel na nossa organizao administrativa. Diante deste princpio, resulta que todo aquele que for investido num cargo e o exercer como titular ou substituto tem direito ao vencimento respectivo, salvo, obviamente, quando a funo do cargo for a de substituio. Da por que a jurisprudncia uniforme e pacfica no reconhecer ao suplente que substitui o titular a retribuio correspondente ao exerccio do cargo.34 A mesma razo de direito impe o pagamento da diferena35 de vencimento entre a do cargo do substitudo e a do substituto, mas a lei pode condicionar este pagamento a um perodo mnimo de substituio e a outros requisitos de eficincia.

    O aumento de subsdio e de vencimentos padro e vantagens dos servidores pblicos depende de lei especfica, observada a competncia. constitucional para a iniciativa privativa em cada caso (CF, art. 37, X). Assim, para os do Executivo a iniciativa exclusiva de seu Chefe (CF, art. 61, 1, II, a). uma restrio fundada na harmonia dos Poderes e no reconhecimento de que s o Executivo est em condies de saber quando e em que limites pode majorar a retribuio de seus servidores. Para no repetir a matria, remetemos o leitor ao item 2.8 deste mesmo captulo, onde, sob a epigrafe Competncia para organizar o servio pblico, j analisamos a privatividade da iniciativa do Executivo para os seus servidores e os limites do poder de emenda do Legislativo nessa matria.

    O princpio da isonomia, mesmo antes da Carta de 1988 que, pelo 10 do art. 39, modificado inteiramente pela EC 19, o havia determinado especificamente para os servidores civis ,j vinha sendo frequentemente invocado para a equiparao de servidores no contemplados nas leis majoradoras de vencimentos ou concessivas de vantagens. Hoje, com a redao do 1do art. 39 dada pela EC 19, suprimindo o