03 sumario.qxd:layout 1

44

Upload: others

Post on 01-Nov-2021

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 03 sumario.qxd:Layout 1

03_sumario.qxd:Layout 1 12/27/10 10:26 AM Page 1

Page 2: 03 sumario.qxd:Layout 1

03_sumario.qxd:Layout 1 12/22/10 8:29 PM Page 2

Page 3: 03 sumario.qxd:Layout 1

3 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

22

24

32

CONSELHEIROS – SINDICATOSJoão Gilberto Possiede e Júlio César Rosa

REVISTA DE SEGUROSÓrgão de divulgação do mercado seguradorPUBLICAÇÃO INTEGRANTE DO CONVENIO DE IMPRENSADOMERCOSUL – COPREME. Em conjunto com SIDEMA (ServiçoInformativo do Mercado Segurador daRepública Argentina), EL PRODUCTOR (Publicação daAssociação de Agentes e Produtores deSeguro da República Oriental do Uruguai)e Jomal dos Seguros (Publicação do Sindicato dos Corretores de Seguros e de Capitalização do Estado de São Paulo).

CONSELHO EDITORIALÂngela Cunha, Hélio Portocarrero de Castro, Leonardo Laginestra, LuizPeregrino, Fernandes Vieira da Cunha, Neival Rodrigues Freitas, Solange Beatriz Palheiro Mendes

Editora-chefe:Ângela Cunha (MTb/RJ12.555)Coordenação Editorial: VIA TEXTO AG. DE COMUNICAÇÃ[email protected] 21 - 2262.5215

Jornalista Responsável: Vania Mezzonato – MTB 14.850Assistente de produção: Fabíola França

Colaboradores:Antonio Penteado Mendonça, CarmenNery, Denise Bueno, Fabíola França,Fernanda Thurler, Francisco AlvesFilho, Gloria Faria, Guilherme deFreitas Leite, Juliana Hasse, LenirCamimura, Márcia Alves, Maria LuísaBarros, Sérgio Torres, Sônia Araripe eVagner Ricardo

Fotografia:Cláudia Mara,Rosane Bekierman, Pedro Mena, Ari Kaye Projeto Gráfico: Jo Acs/Mozart AcsDTP: MORE-AI

REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA: Assessoria de Comunicação Social – CNSegAdriana Beltrão, Claudia Mara e Vagner Ricardo.Rua Senador Dantas, 74/12º andar, Centro- Rio de Janeiro, RJ –CEP 20031-201Telex: (021) 34505-DFNESFax: (21) 2510.7839 – Tel. (21) 2510.7777www.viverseguro.org.br E-mail: [email protected]ório CNSeg/Brasília –SCN/Quadra1/Bloco C – Ed. Brasília –Trade Center – sala 1607Gráfica: Walprint Distribuição: Serviços Gerais/CNSegPeriodicidade: Trimestral Circulação: 5 mil exemplaresAs matérias e artigos assinados são deresponsabilidade dos autores. Asmatérias publicadasnesta edição podem serreproduzidas seidentificada a fonte.Distribuição Gratuita

26 SOLVÊNCIAA Susep colocou em audiênciapública minuta com as novas regras que mudam cálculo do patrimônio das empresas e são motivo de preocupação

CAPITALIZAÇÃO Faturamento do setor em 2010deve chegar a R$ 12 bilhõese parte desse resultado vemsendo repassada à sociedade por meio do apoio a projetos sociais

SAÚDEOperadoras de planosterão manual para avaliar indicadores de qualidadedos serviços prestados esatisfação dos beneficiários

5

8

14 SANTA MARTAInspirado no projeto, livro retrata o cotidiano dos moradores daComunidade Santa Marta, além de contar a história do desenvolvimento do morro

BALANÇO E PERSPECTIVAA receita da indústria de segurosdeve superar os R$ 200 bilhões em 2011, dando uma grande contribuição ao fortalecimento da economia brasileira

PREVISÕES DA ECONOMIAAs transformações da economia global beneficiaram o Brasil eas expectativas para o início domandato de Dilma Rousseffsão pontuadas de otimismo

CPMFA presidente eleita manifestou-sea favor da retomada doimposto sobre o cheque, masespecialistas avaliam que acobrança não atingiu o objetivo

SUMÁRIO

E MAIS... 4 - AO LEITOR 16 - GARANTIA 20 - TRÂNSITO 31 - PREVIDÊNCIA 34 - SEGURO D&O

36 - SERVIÇOS 38 - FUNENSEG 39 - ARTIGO JURÍDICO 40 - GENEVA ASSOCIATION 41 - BIBLIOTECA 42 - OPINIÃO

PRESIDENTEJorge Hilário Gouvêa Vieira1º VICE-PRESIDENTEPatrick Antônio Claude de Larragoiti LucasVICE-PRESIDENTES NATOSJayme Brasil Garfinkel, Marcio Serôa de Araujo Coriolano, Marco Antonio Rossi Ricardo José da Costa FloresVICE-PRESIDENTESAntonio Cássio dos Santos Nilton MolinaDIRETORESAlexandre Malucelli, Antonio Eduardo Marquez de Figueiredo Trindade,Luis Emilio Maurette, Mário José Gonzaga Petrelli, Paulo Miguel Marraccini, Pedro Cláudio de Medeiros B. Bulcão, Pedro Pereira de Freitas e Pedro Purm JuniorCONVIDADOSLuiz Tavares Pereira Filho e Renato Campos Martins Filho

CONSELHO FISCALEfetivosHaydewaldo Roberto Chamberlain da CostaLaênio Pereira dos SantosLúcio Antonio MarquesSuplentesJosé Maria Souza Teixeira Costa e Luiz SadaoShibutaniCONSELHO SUPERIORPRESIDENTEJorge Hilário Gouvêa Vieira CONSELHEIROSAcacio Rosa de Queiroz Filho, Antonio Cássio dosSantos, Carlos dos Santos, Federico Baroglio,Francisco Caiuby Vidigal, Jayme Brasil Garfinkel,Jorge Estácio da Silva, José Castro Araújo Rudge,José Roberto Marmo Loureiro, Luis Emilio Maurette,Marcio Serôa de Araujo Coriolano, Marco AntonioRossi, Mário José Gonzaga Petrelli, Nilton Molina,Patrick Antônio Claude de Larragoiti Lucas, PedroPereira de Freitas, Pedro Purm Junior, Ricardo Joséda Costa Flores e Thierry Marc Claude ClaudonCONSELHEIROS NOTÁVEISAlberto Oswaldo Continentino de AraújoEduardo Baptista Vianna, João Elisio Ferraz deCampos e José Américo Peón de Sá

12 NOVOS RUMOSCNSeg traça plano estratégicopara, entre outros objetivos, promover o desenvolvimento sustentado do mercado e ampliara comunicação com a sociedade

03_sumario.qxd:Layout 1 12/22/10 8:29 PM Page 3

Page 4: 03 sumario.qxd:Layout 1

4 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

Há quem recomende olhar sempre para frente como postura positiva de vida. Mas é impos-sível se chegar ao final de um ano e não girar a cabeça para trás para ver o que o que seplantou e colheu. No caso do mercado segurador, podemos dizer que a semeadura e a

colheita foram promissoras. E aqui não nos referimos somente aos números, porque estes têm sidocrescentes, haja vista o volume alcançado de reservas técnicas – R$ 276,9 bilhões – evidenciandoa capacidade e o potencial do setor, o que, de certa forma, refletem muito das ações e decisões toma-das ao longo do ano.

O que está em jogo é algo que paira acima dos interesses financeiros e que revela o momentode maturidade em que mergulhou o mercado. Falamos, sobretudo, da construção efetiva de umambiente de relacionamento mais harmonioso com o consumidor, aumentando as soluções e redu-zindo os conflitos. É preciso bater nessa tecla por sua importância num contexto em que os avan-ços são nítidos, como reconheceu o então diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Con-sumidor (DPDC), Ricardo Morishita Wada, em entrevista à Revista de Seguros, no início do ano:“As empresas se adaptaram, os consumidores aprenderam a lutar por seus direitos e o sistema comoum todo se fortaleceu”.

O hasteamento da bandeira em prol da redescoberta do consumidor, pela atual gestão da CNSeg,veio simbolizar a tomada de consciência de que o revés do status quo não podia ser mais adiado.Daí a realização de uma série de palestras, de duas conferências e de tantas reuniões específicassobre o relacionamento com o consumidor, que, somadas ao trabalho das ouvidorias das segurado-ras, ajudaram a fortalecer a imagem institucional do seguro, embora ainda muito precise ser feito.

E tão empenhada que está em proporcionar à sociedade, ao País e, enfim, a um mercado maiscompatível com o seu potencial, que ofereça os serviços que as pessoas necessitam e desejam, aCNSeg traçou um planejamento estratégico para os próximos anos com vistas a ampliar a partici-pação do mercado de seguros no País.

Se 2010 foi um ano favorável, 2011 promete dar continuidade à saga de crescimento tanto do setorde seguros, de previdência privada aberta e de capitalização quanto da economia, como estimamespecialistas e dirigentes do mercado nas páginas desta edição.

Boa leitura e Feliz Ano Novo! l

‹ Em busca de soluções para integrar à base da frota segurada umaquantidade maior de veículos antigos, um grupo formado por seguradoras,representantes do segmento automotivo e da Susep e um parlamentar foi àArgentina para conhecer de perto a experiência do Cesvi e voltaramanimados com a certeza de que é possível implementar o sistema dereciclagem de automóveis no Brasil. No país vizinho, em média 38 peçassão retiradas dos veículos e comercializadas a um custo mais baixo. Diasdepois da visita, o Senado Federal aprovou a Lei Tuma, do senador jáfalecido Romeu Tuma, que disciplina o funcionamento de empresas dedesmontagem de veículos no Brasil. Mais detalhes na página 28. l

DESTAQUE

ÂNGELA CUNHA,EDITORA

Um ano de colheitaspromissoras

O que está emjogo é algo

que paira acimados interesses

financeiros e que revela

o momento dematuridade emque mergulhou

o mercado

O modelo argentino de reutilização de peças

AO LEITOR

04_07_edit/entrevista.qxd:Layout 1 12/22/10 7:56 PM Page 1

Page 5: 03 sumario.qxd:Layout 1

5 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

ENTREVISTA | RICARDO AMORIM

“A DÉCADA QUE SE INICIA SERÁ A MELHOR DA HISTÓRIA

DO SETOR DE SEGUROS”A Revista de Seguros ouviu um

experiente especialista para ajudar a vislumbrar as possibilidades de

crescimento dos primeiros meses dogoverno da presidente Dilma

Rousseff e os cenários da conjunturainternacional, além de levar em

conta as variáveis do câmbio e a taxade juros. Ricardo Amorim é

presidente da Ricam Consultoria,prestadora de serviços na área de

negócios e economia global, e comentarista em várias mídias

(rádio, revista e televisão), com anosde trabalho em Nova York.

Formado em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduado em Administração eFinanças Internacionais pela École Supérieure des Sciences Economiques et Commerciales, deParis, Ricardo Amorim trabalha desde 1992 no mercado financeiro como economista e estrategista

de investimentos. Do alto de sua experiência, está muito otimista com o futuro do País, mas explica quesuas expectativas não têm ligação direta com o início do novo governo, mas com as transformações daeconomia global que beneficiaram o Brasil. E lembra que, desde a virada do milênio, o centro de gravi-dade do crescimento mundial vem deixando os Estados Unidos e a Europa e caminha na direção dosmercados emergentes. “Salvo erros grosseiros na condução da política econômica, o Brasil está pratica-mente ‘condenado’ a dar certo na próxima década”, prevê. Outra boa notícia: com estabilidade garantidae a entrada de novas classes sociais no mercado de consumo é possível projetar um crescimento aindamaior para o setor de seguros e de previdência privada. Leia os principais trechos de sua entrevista.

SÔNIA ARARIPE

V F

otos

: Di

vulg

ação

04_07_edit/entrevista.qxd:Layout 1 12/22/10 7:56 PM Page 2

Page 6: 03 sumario.qxd:Layout 1

Revista de Seguros – Quais são suasexpectativas com relação à economiabrasileira no governo da presidente DilmaRousseff? É otimista?Ricardo Amorim – Estou bastanteotimista, mas isto não tem a ver com onovo governo e sim com transformações daeconomia global que beneficiaram o Brasil.Desde a virada do milênio, o centro degravidade do crescimento mundial estámigrando em direção aos mercadosemergentes. Os efeitos negativos das crisesimobiliária e financeira nos países ricosintensificarão este processo na próximadécada, alçando o Brasil a uma posição deliderança econômica global, devido ao forte crescimento da demanda por produtos em setores nos quais o País émuito competitivo – em particular noagronegócio – e ao aumento significativo da oferta de capitais, renda e crédito. Nas duas próximas décadas, o PIBbrasileiro deverá crescer duas vezes maisrápido do que nas três últimas décadas.Salvo erros grosseiros na condução dapolítica econômica, o Brasil estápraticamente condenado a dar certo napróxima década.

Como você analisa o cenário global,levando em conta sua experiênciaacumulada em trabalhos no mercadointernacional?‹ Vejo 2011 com preocupação. Aseconomias dos países ricos continuam emuma situação financeira frágil e umasituação fiscal ainda pior. É provável que,depois de Grécia e Irlanda, outros paíseseuropeus passem por crises econômicassérias. Portugal deve ser o próximo país aser forçado a aceitar um pacote de ajuda doFundo Monetário Internacional (FMI) e daUnião Europeia. E Espanha e Itáliaprovavelmente precisarão de pacotessimilares e não haverá dinheiro suficientepara socorrer todo mundo. Não ficarei nem um pouco surpreso se um ou maispaíses europeus derem o calote em suasdívidas públicas ou forem forçados a sairda zona do Euro.

E qual será o reflexo para outraseconomias, especificamente para o Brasil?‹ Se isto acontecer, a crise ficará maisprofunda e se estenderá às economiaseuropeias que hoje parecem mais sólidas,como a Alemanha. Neste caso, dificilmenteescaparemos de uma nova crise global e oBrasil também será afetado. Em dois artigos que publiquei na Revista IstoÉ – “A tragédia europeia”, em março, e“Sementes da nova crise global”, emdezembro, explico em detalhes por que isto deve ocorrer.

E quais seriam os pontos cruciais em que onovo governo deve ficar mais atento?Dívida pública, câmbio ou juros?‹ A linha geral da política econômicado governo Dilma será similar à de Lula,que por sua vez, não foi muito diferente daadotada pelo Fernando Henrique. Isto éótimo. O Brasil se tornou um país maisestável e previsível, onde as instituições sãomais sólidas e as mudanças presidenciaissignificam ajustes e não viradas radicais derumo na condução da política econômica,como no passado. Mas não significa quenão haverá mudanças. Não teremos umterceiro mandato de Lula e, mesmo setivéssemos, elas aconteceriam.

ENTREVISTA

6 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

“As economiasdos paísesricoscontinuam emuma situaçãofinanceirafrágil e umasituação fiscalainda pior. Éprovável que,depois deGrécia eIrlanda, outrospaíseseuropeuspassem porcriseseconômicassérias”

04_07_edit/entrevista.qxd:Layout 1 12/22/10 7:56 PM Page 3

Page 7: 03 sumario.qxd:Layout 1

Na sua avaliação, qual deve ser a linha deatuação do novo governo, com maior focona presença do Estado na economia?‹ Ao que tudo indica, Dilma favoreceráum Estado mais atuante na economia,adotando políticas industriais contundentes,capitaneadas por isenções tributárias eacesso a financiamentos do BNDES. Diga-sede passagem, tal processo já teve início nosdois últimos anos do governo Lula, masserá intensificado, provavelmente.

Será possível aprovar as tão esperadasreformas que nos últimos anos não foramconfirmadas? ‹ Analistas políticos costumam dizer que émais fácil votar este tipo de matéria polêmicano início de mandato, com o governo fazendoalianças com o Congresso.O governo Dilma tem maioria absoluta tantona Câmara dos Deputados quanto no SenadoFederal e, portanto, poderá pelo menos emtese aprovar reformas constitucionais, queajudariam o Brasil a crescer mais, comoprevidência social, tributária e política.Entretanto, até agora, não há nenhumaproposta de reforma. Além disso, na prática, asituação política do governo Dilma é menosconfortável do que os números de sua bancadasugeririam. Como a disputa por indicações nos

ministérios deixou claro, a coalizão de apoio aogoverno não parece muito sólida, o que limitasua capacidade de fazer mudanças radicais.

Quanto aos juros e o câmbio, qual a suaexpectativa?‹ O novo governo alimentouexpectativas de que será agressivo noprocesso de queda dos juros eenfraquecimento do Real, o que tornaria asexportações brasileiras mais competitivas.Só o tempo dirá, mas desconfio que taisexpectativas serão frustradas.

Seguros e previdência são importantíssimos na formação de reservas de longo prazo, quefortalecem a economia. O brasileiro jáentendeu esta importância e está comprandomais esses produtos. Qual sua análise dessessetores?‹ Inflação baixa, aumentos reais do saláriomínimo e programas de distribuição de rendacontinuarão a expandir o poder de compra dosconsumidores mais pobres do País,impulsionando o consumo e aumentando ohorizonte de planejamento de pessoas físicas eempresas, e também por seguros. Nos últimossete anos, 50 milhões de brasileiros passarampara as classes A, B e C, ampliandoexponencialmente o mercado potencial paraseguros. É provável que na próxima décadahaja um crescimento semelhante, gerandooportunidades únicas para o setor segurador ede previdência brasileiro. Além disso, passadaa curta elevação que ocorrerá o início do ano,os juros no Brasil retomarão a trajetória dequeda e convergência para padrõesinternacionais, impulsionados por ummovimento de apreciação cambial quecontinuará enquanto a demanda porcommodities continuar elevada – que por suavez, deve se sustentar por duas ou trêsdécadas. Com a queda dos juros, os brasileirosprecisarão diversificar seus investimentos e os produtos de previdência ficarão maisatraentes. Em resumo, apesar das convulsõesexternas que certamente acontecerão, estouconvencido que a década que se inicia será a melhor de toda história do setor de seguros e previdência no Brasil.l

7 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

“O Brasil setornou um paísmais estável eprevisível, ondeas instituiçõessão mais sólidase as mudançaspresidenciaissignificamajustes e nãoviradas radicaisde rumo nacondução dapolíticaeconômica,como nopassado”

“Os efeitos negativos das crises imobiliária e financeira nos paísesricos intensificarão esteprocesso na próximadécada, alçando o Brasil a uma posição de liderança econômica global”

04_07_edit/entrevista.qxd:Layout 1 12/22/10 7:56 PM Page 4

Page 8: 03 sumario.qxd:Layout 1

DENISE BUENO

Ano novo, mudança de governo e a pre-visão de que 2011 manterá o ritmo desucesso de 2010, um ano de ouro para

a indústria de seguros. Ou seja, as empresasdo setor manterão investimentos para girar aengrenagem do mercado na conquista do con-sumidor. Isso significa inovação de produtos,treinamento focado na qualidade de serviçose investimento em tecnologia para reduzircustos e agilizar processos. Afinal, preço édeterminante para o consumidor que presapelo consumo e ainda pouco pensa no futuro.

"O Brasil está no centro das atençõesinternacionais e a indústria de seguros contri-buirá para que o País se torne a quinta maioreconomia do planeta. É a vez e a hora deseguro exercer a relevante função social degarantir essa conjuntura", diz o presidente daCNSeg, Jorge Hilário Gouvêa Vieira. Em2010, todo o setor movimentou vendas ereceitas de R$ 180 bilhões, alta de 12,7% emrelação ao ano anterior.

Otimismo em coroOs quarto presidentes das federações que

compõem a CNSeg fazem coro ao otimismode Jorge Hilário. “O setor de seguros geraisdeve continuar crescendo no mesmo ritmo de2010, em vendas e em rentabilidade”, estimaJayme Garfinkel, que preside a FenSeg.

A FenSeg projeta encerrar 2010 com recei-tas de R$ 37,3 bilhões – 21% a mais que em2009. Parte do bom desempenho veio de auto-móveis, seguros financeiros, garantia e segurorural. Esse cenário deverá ser mantido emrazão da manutenção da taxa Selic e do ritmoacelerado da venda de veículos, que deve cres-cer 5,2%, em 2011, segundo a Anfavea.

No setor de previdência, a expectativa é demanutenção do ciclo crescente dos últimosdez anos na casa dos dois dígitos. A FenaPre-vi prevê receitas de R$ 60,6 bilhões, em 2010,33% acima do ano anterior. Além da cons-

cientização das pessoas na formação de pou-pança para projetos de vida, a previdênciaconta com mais um estímulo: o debate sobrea reforma na previdência oficial, que deveocorrer no governo de Dilma Rousseff. “Todotipo de debate ajuda na formação de uma con-tribuição previdenciária”, avalia Marco Anto-nio Rossi, presidente da FenaPrevi.

Baixo desemprego O mesmo otimismo vem do setor da saúde

suplementar. “O Brasil tem o menor índice dedesemprego de sua história recente, o que faz

8 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

Expectativa é de que o setor de seguros dará grande contribui çã

BALANÇO E PERSPECTIVA

• Jayme Garfinkel:“Conhecemos oprogramadesenvolvido emBuenos Aires eiremos aprofundaro debate para tirardo papel o projetode seguro popularno Brasil”

• Jorge Hilário: "OBrasil está nocentro das atençõesinternacionais e aindústria de seguroscontribuirá paraque o País se tornea quinta maioreconomia doplaneta”

V Fotos: Arquivo CNSeg

Ritmo de crescimento dev e

8_10_capa.qxd:Layout 1 12/22/10 7:59 PM Page 1

Page 9: 03 sumario.qxd:Layout 1

9 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

ui ção ao fortalecimento da economia brasileira no próximo ano

com que o setor de saúde continue evoluin-do”, afirma Marcio Coriolano, presidente daFenaSaúde.

A entidade prevê faturamento acima deR$ 70 bilhões para 2010, um ano de cresci-mento forte da economia brasileira e posicio-namento estratégico do Brasil, na avaliaçãode Coriolano. “Isso se refletiu na formaliza-ção do emprego e no ressurgimento daspequenas e médias empresas, nicho do setorque mais cresceu em vendas de planos desaúde”, resalta.

O mercado de capitalização, assim como

os outros segmentos da indústria, tambémmantém taxas de expansão acima do cresci-mento do Produto Interno Bruto (PIB), esti-mado em 7,6% para 2010 – e em 4,5%, segun-do boletim Focus divulgado em meados dedezembro. A venda de títulos de capitalizaçãodeve encerrar o ano com vendas de R$ 10,79bilhões. “O setor vivencia um momento mui-to positivo", diz o presidente da FenaCap,Ricardo da Costa Flores.

Segundo ele, o bom desempenho resultada reformulação dos produtos nos últimosdois anos para atender à nova regulamenta-ção e também para adaptar a oferta à deman-da de consumidores. “As pessoas querem par-ticipar de operações que possam trazerganhos de risco, sem arriscar o principalaplicado. São características psicológicasbem específicas, que contribuem para a fide-lidade aos produtos”, explica Flores.

Indicadores ascendentes Relatório divulgado pelo Banco Central em

novembro mostrou que o endividamento dasfamílias subiu de 25% em 2006 para 39% emjulho de 2010. O comprometimento da renda,no entanto, evoluiu num ritmo menor, passan-do de 21% para 23,8% no mesmo período.Para analistas e principais executivos financei-ros, os dados não preocupam pelo simples fatodos indicadores como emprego e renda noBrasil estarem ascendentes.

As medidas anunciadas pelo Banco Cen-tral para conter o crédito e domar a inflaçãono inicio de dezembro não tiraram o bomhumor dos executivos nem geraram uma cor-rida para a revisão das metas traçadas para2011. “Os bancos sinalizaram que o créditocontinuará crescendo, especialmente paraveículos, pequenas e médias empresas e imó-veis. Se o crédito evolui, o patrimônio dasfamílias cresce e a procura por seguro, tam-bém”, avalia Jorge Hilário.

A estimativa é que, em 2011, a receita daindústria de seguros deve superar a casa de

v erá ser mantido em 2011

• Marco AntonioRossi “O próximogoverno devedebater a reformana previdênciaoficial e todo tipode debate ajuda aformar umacontribuiçãoprevidenciária”

• MárcioCoriolano: “OBrasil tem hoje omenor índice dedesemprego de suahistória recente, oque faz com que osetor de saúdecontinue evoluindo”

8_10_capa.qxd:Layout 1 12/22/10 7:59 PM Page 2

Page 10: 03 sumario.qxd:Layout 1

R$ 200 bilhões. “Nossa principal missão em2011 será identificar o que fazer para que aindústria de seguros cresça de forma a ocu-par um espaço representativo no Brasil,assim como ocupa nos países mais ricos”,afirma Jorge Hilário. Ele ressalta que a agen-da do setor inclui o programa Estou Seguro,para disseminar o conceito de seguro à popu-lação do Morro Santa Marta, no Rio de Janei-ro, e a confecção de cartilhas com informa-ções básicas dos principais seguros.

Seguro popular No setor de seguros gerais, os desafios

englobam o projeto do desmanche legalizadode peças usadas, para que a FenSeg possaatuar junto à Susep no sentido de viabilizar oseguro popular de automóvel. “Conhecemosde perto o programa desenvolvido em BuenosAires e iremos aprofundar esse debate paraconseguir tirar do papel o projeto de seguro

popular no Brasil”, antecipa Jayme Garfinkel.Outros desafios envolvem o seguro rural,

com a hegemonização do subsídio nas váriasregiões do Brasil, classificação das cidades noquesito de preparo para atuar com incêndios emelhoria das condições de resseguro dos con-tratos de seguro para apólices empresariais.“Hoje temos percebido limites restritivos, quegeram uma grande demanda de negociaçãocaso a caso”, acrescenta Garfinkel.

Para previdência, a aprovação dos planosdirecionados para despesas com saúde e edu-cação continuam no topo da lista de priorida-des, seguido pelo empenho em obter a apro-vação e implementação dos planos blindados.No segmento de seguros de vida, a prioridadeé o microsseguro. “Este é um tema importan-te para a sociedade e não pouparemos esfor-ços para conquistar uma regulamentação quefomente a oferta de produtos para as classesmais necessitadas”, informa Rossi. l

BALANÇO E PERSPECTIVA

10 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

‹ Um assunto que tem merecido atenção especialdos executivos da indústria de seguros é o risco decrédito – em função das crises em países daEuropa, como a Grécia, Portugal, Espanha eIrlanda. Em alguns países, a recomendação é denão operar, pois o risco de crédito é muito elevado,seja por questões políticas, sociais ou deinsegurança jurídica.

O Velho Continente vem sofrendo desde 2008.O primeiro baque veio com a crise financeira,iniciada naquele ano nos Estados Unidos. Em2009, vários países da Europa sofreram com a piorrecessão econômica desde o fim da segundaGuerra Mundial, em 1945.

Em 2010, a dificuldade veio da criseorçamentária e social, em razão do aumento dosdéficits públicos, que obriga os países a cortargastos e a socorrer aqueles que estãosucumbindo.

O Brasil é um dos países que vem recebendo alta nasclassificações realizadas pela Coface, uma das maioresempresas do mundo neste tipo de análise. No Country RiskRating da seguradora – análise com indicadores queclassificam o nível de risco de transações realizadas numdeterminado país –, o Brasil aparece com A4+, um ponto

acima da classificação de 2009. “No primeiro trimestre de 2011 está previsto mais uma

melhora na classificação, elevando o país para A3”,antecipa Ricardo Âmbar, executivo da Coface. Na Américado Sul, o único país que tem classificação melhor do que oBrasil é o Chile, com a A2. Segundo o ultimo relatóriotrimestral da Coface, quase todos os países europeustiveram suas notas rebaixadas, na maioria de A1 para A2.

Risco de crédito elevado na Europa

Grécia

Irlanda

Espanha

Portugal

• Ricardo Flores:“As pessoas queremoperações quetragam ganhos,sem arriscar oprincipal aplicado.São característicasque ajudam nafidelidade aosprodutos”

8_10_capa.qxd:Layout 1 12/22/10 7:59 PM Page 3

Page 11: 03 sumario.qxd:Layout 1

ANÚNCIO EM

BAIXA R

ESOLU

ÇÃO

TROCAR

8_10_capa.qxd:Layout 1 12/22/10 8:02 PM Page 4

Page 12: 03 sumario.qxd:Layout 1

12 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

NOVOS RUMOS

SONIA ARARIPE

Sempre atenta aos movimentos daeconomia brasileira, às necessida-des do consumidor e às transfor-

mações que vêm ocorrendo no merca-do de seguros e de previdência, a Con-federação Nacional das Empresas deSeguros Gerais, Previdência Privada eVida, Saúde Suplementar e Capitaliza-ção (CNSeg) está preparando um pla-nejamento estratégico para os próxi-mos anos. O objetivo é ampliar a expo-sição positiva do produto seguro, com-batendo a desinformação e ampliandoos canais de interlocução com os públi-cos de interesse.

As atenções da confederação, cria-da em agosto de 2008, também estãovoltadas para implementação de umaestrutura ainda mais moderna e funcio-nal, capaz de atender melhor o merca-do e reforçar a comunicação com qua-dro de colaboradores. “Estamos traba-lhando numa proposta de governança eno plano de cargos e salários. A CNSegjá possui uma estrutura bem modernae atuante. Agora está se preparandocada vez mais para enfrentar os desa-fios da nova década”, afirma SolangeBeatriz, diretora-executiva da CNSeg ecoordenadora das frentes de trabalho.

Solange destaca ainda que o pla-nejamento estratégico delimitará de for-

ma bem precisa os espaços a seremocupados pela confederação e cadauma das quatro federações – FenSeg,FenaSaúde, FenaCap e FenaPrevi.“Esta definição é importante, pois osgrupos de trabalho podem estar atuan-do em áreas semelhantes. Queremosvalorizar a forte sinergia que há entre asfederações e otimizar as ações desen-volvidas“, observa.

Marca dos produtos Ainda dentro do planejamento

estratégico, a área de comunicação tam-bém foi reforçada. O trabalho tem sidodirecionado para firmar e consolidar amarca do produto seguro e da CNSegpara os públicos interno e externo.“Todas as ações estão sendo desenha-das para atender às necessidades decomunicação com cada público especí-fico. Já atuamos fortemente na valoriza-ção das ações que têm gerado bons

resultados e nos ajustes do que precisaser melhorado na comunicação com osstakeholders”, explica Solange Beatriz.Para isso, foi contratada uma empresaespecializada nesta área, a Companhiade Notícias (CDN).

Em relação à proposta de gover-nança, a diretora-executiva da CNSegexplica que o trabalho é importantíssi-mo para acelerar todo o processo demudanças e de modernização do mer-cado. A consultoria Control está reali-zando este trabalho, que deverá serconcluído no início de 2011.

Outra empresa será encarregadade elaborar o plano de cargos e salá-rios dos colaboradores da Confedera-ção – o contrato deve ser firmado nofim do primeiro trimestre de 2011.Hoje, já há uma estrutura bem organi-zada neste sentido, mas não um Pla-no completo, como uma estruturamoderna exige. A meta é procurar

• Solange Beatriz: “A CNSeg já possui umaestrutura moderna e atuante. Agora está sepreparando cada vez mais para enfrentaros desafios da nova década”

V Fotos: Arquivo CNSeg

CNSeg: planoestratégico parafirmar a marca do seguroCombate à desinformação, criação de agendapositiva com públicos de interesse e açõespropositivas para o crescimento sustentado do mercado estão entre as principais ações

12_13_novos rumos.qxd:Layout 1 12/22/10 8:06 PM Page 1

Page 13: 03 sumario.qxd:Layout 1

13

entregar este trabalho também aolongo do primeiro semestre de 2011.Tudo faz parte do compromisso demaior profissionalização da entidade.

“Teremos muito trabalho pelafrente, mas a empolgação e envolvi-mento dos colaboradores tem sidoenorme”, conta a diretora-executiva.A área financeira deverá ser a primei-ra a passar por esta mudança, dandoo tom para as demais divisões daConfederação.

Também sob o comando deSolange Beatriz, as comissões conti-nuarão desempenhando importantepapel dentro da CNSeg. Os grupos têmcomo missão a análise de temas rela-cionados aos órgãos reguladores demercado e a construção dos posiciona-mentos do setor privado. “O trabalhorealizado pelas comissões é intenso ecrucial”, ressalta a diretora-executiva.

Núcleo de EstudosCom o intuito de atuar de forma

cada vez mais propositiva, a CNSegtambém está implementando oNúcleo de Estudos e Projetos. O gran-de objetivo deste núcleo é apresentarpropostas que possam aprimorar eajudar no crescimento do setor, não sócom novos produtos, mas tambémcom direcionamentos capazes de darnovo fôlego ao mercado. “Será umgrupo pró-ativo, com propostas demédio e longo prazos. A meta é pen-sar e construir o novo mercado deseguros privados, previdência, capita-lização e saúde dos próximos 10, 20ou 30 anos”, acentua a executiva.

Solange Beatriz destaca aindatoda a preocupação do presidente daCNSeg, Jorge Hilário Gouvêa Vieirade focar este trabalho no consumi-dor dos produtos de seguros. “Estámuito claro que dependemos doconsumidor para crescer”, reforça adiretora-executiva. Lembrando queisso tudo vai ao encontro da Lei9.656, da Saúde, e também do ani-versário de 20 anos do Código deDefesa do Consumidor. l

Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

‹ Ao fazer um balanço da atividade ao longo de2010, durante o tradicional almoço de confraternizaçãode final de ano do mercado segurador, o presidente daCNSeg, Jorge Hilário Gouvêa Vieira, apontou o planoestratégico da confederação como a mais importanteação no campo institucional.

O plano reúne ações de consenso do mercado parapromover o desenvolvimento de seguros gerais, deprevidência privada e vida, de saúde suplementar e decapitalização nos próximos anos. Expresso na chamada‘Carta de Itaipava’, o plano tem como principal objetivoampliar a participação do mercado de seguros naeconomia do País.

A inclusão de novos consumidores; o incentivopara atuação de novos operadores, sobretudo emáreas em que há poucos players, como no agronegócioe nos riscos financeiros; o desenvolvimento de estudose a manutenção de bases de dados para usocompartilhado pelas associadas e filiadas; a prevençãoe o combate sistemáticos ao abuso e à fraude nasoperações do mercado segurador; e a identificação e oenfrentamento dos fatores inibidores de crescimentodo setor estão entre as principais propostas para que omercado possa ter um forte avanço nos próximos anos.

Propostas para o mercado avançar

• Jorge Hilárioanuncia para omercado osplanos daconfederaçãopara os próximosanos

12_13_novos rumos.qxd:Layout 1 12/22/10 8:06 PM Page 2

Page 14: 03 sumario.qxd:Layout 1

SÉRGIO TORRES

Implantado em março de 2010 na comunida-de Santa Marta (Botafogo, na zona sul doRio), o projeto “Estou Seguro” vai virar

livro. No início do ano que vem 2 mil exempla-res de “Santa Marta – o Morro e Sua Gente”começarão a ser distribuídos pela ConfederaçãoNacional das Empresas de Seguros Gerais, Pre-vidência Privada e Vida, Saúde Suplementar eCapitalização (CNSeg).

O “Estou Seguro” é um projeto que objetivaconscientizar a população de baixa renda sobreo seguro e sobre os riscos a que está exposta.Adicionalmente, o projeto ofereceu tambémuma boa oportunidade ao mercado seguradorde conhecer os hábitos e necessidades daquelacamada da sociedade. O Santa Marta foi umaespécie de plano-piloto da iniciativa.

No famoso morro carioca, o primeiro a seratendido pelas Unidades de Polícia Pacificadora(UPPs) do governo do Estado do Rio de Janeiro,funciona um posto com vendedores, que apre-sentam aos moradores, a preços bem mais emconta, a possibilidade de aquisição de apólicesde vida, funeral e danos materiais, entre outras.A UPP conseguiu acabar com o tráfico de dro-gas na comunidade, um problema de muitasdécadas que parecia insolúvel.

Qualidade fotográfica Para fazer o registro da chegada do “Estou

Seguro” ao morro, o Instituto de Estudos do Tra-balho e Sociedade (IETS), que executa o projeto,contratou Rodrigo Bueno, fotógrafo de 28 anos,notabilizado pelos catálogos de moda prepara-dos ao longo da carreira.

Diretor-executivo do IETS, o economistaManuel Thedim coordena o projeto do livro emparceria com Daniel de Souza, também da ins-tituição. Thedim diz que a qualidade das foto-

grafias apresentadas por Bueno apontou para anecessidade de se organizar aquele material emforma de uma publicação, preferencialmentenos moldes de um livro de arte, com capa durae distribuição dirigida.

“Contratamos o fotógrafo para fazer o acom-panhamento do projeto. O material ficou muitobom. É um grande ensaio fotográfico. Achamosque valia um livro com esse registro. A ideia érevelar a visão pessoal do fotógrafo a respeitodas pessoas da Santa Marta e da própria comu-nidade”, conta o executivo.

Como complemento ao material gráfico,haverá três textos que abordarão temas relacio-nados ao Morro Santa Marta. O primeiro delesé do historiador Clóvis Bulcão, autor de biogra-fias como as do padre Antônio Vieira e da prin-cesa Leopoldina, algumas de suas obras maisimportantes e conhecidas.

Perspectiva histórica Para o livro, Bulcão escreveu sobre Botafogo

e sobre o morro. Ele faz uma perspectiva histó-rica de como o Rio, o bairro e a Santa Marta sedesenvolveram, especialmente a partir da déca-da de 40 do século passado.

O segundo artigo para o livro foi escrito porItamar Silva, coordenador do Instituto Brasilei-ro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase),nascido e criado na favela, onde mora até hojee é líder comunitário. O texto revela a perspec-tiva do morador do Santa Marta diante dasrecentes modificações no cotidiano da popula-ção local.

O artigo final, de autoria da jornalista RosaLima, descreve o que é o “Estou Seguro”, proje-to desenvolvido pela CNSeg com o apoio daOrganização Internacional do Trabalho (OIT) eexecutado pelo IETS. Participam do “EstouSeguro” as companhias ACE Seguradora, Ame-rican Life, Bradesco Auto Re, Bradesco Vida e

14 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

Publicação retrata cotidiano dos moradores, além de contar a história do desenvolvimento do morro

Comunidade ganha livroinspirado no ‘Estou Seguro’

SANTA MARTA

• Manuel Thedim:"A ideia é revelar avisão pessoal dofotógrafo a espeitodas pessoas daSanta Marta e daprópriacomunidade”

V Divulgação

14_15_estou seguro.qxd:Layout 1 12/22/10 8:07 PM Page 1

Page 15: 03 sumario.qxd:Layout 1

15 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

V Arquivo CNSeg

• Capa do livro e uma das páginasno miolo, queretrata a vida nacomunidade

Previdência, Caixa Seguradora, Capemisa Segu-radora, Excelsior de Seguros, Grupo BB, GrupoMapfre, Icatu Seguros, Itaú Seguros de Auto eResidência, Mongeral-Aegon, Sinaf, SulAméricaCapitalização, SulAmérica Cia. Nacional deSeguros, Tokio Marine e Zurich Seguros.

No Santa Marta, moram cerca de 6.500 pes-soas, em 1.390 domicílios. Para elas, projetoscomo este significam inclusão financeira, acessoa serviços antes vetados aos mais pobres, melho-ria na qualidade de vida e desenvolvimento.

Retratos de pessoas Origem involuntária do livro, o fotógrafo

Rodrigo Bueno comemora o sucesso do trabalhoque desenvolveu no Santa Marta. Ele relata quejamais fora ao morro antes e que, como geral-mente ocorre, tinha medo do que poderia lheacontecer caso entrasse pelos becos, vielas e

ladeiras sem um conhecimento prévio da comu-nidade. “Meu trabalho era basicamente catálo-gos de moda. Sempre tive muita vontade defazer retratos de pessoas, do cotidiano delas,mas não tinha oportunidade”, relembra.

Ao aceitar o convite para fotografar o proje-to, Bueno deixou o medo de lado e entrou noSanta Marta, pela primeira vez na vida, em feve-reiro. O que era para ser um mero registro foto-gráfico dos desdobramentos do “Estou Seguro”transformou-se em um ensaio, iniciado com ascrianças da favela.

“A garotada sempre pedia: ‘tira uma foto aí,tio’. Eu fui registrando e, quando percebi, tinhauma material grande também sobre a comuni-dade. Eram retratos de pessoas, especialmentecrianças e idosos. Também há paisagens, já quea vista lá do alto é espetacular. No início eutinha certo medo de entrar, mas hoje vou lá aqualquer hora e ainda continuo fotografando aSanta Marta. Todos me parecem muito felizes nacomunidade”, afirma.

Distribuição em janeiro O livro “Santa Marta – O Morro e Sua Gen-

te” trará de 150 a 200 fotografias de autoria deBueno, todas registradas no interior e nos aces-sos à comunidade. A previsão é de cerca de 250páginas, cuja edição ficará a cargo do IETS. Aimpressão estava prevista para começar emmeados de dezembro, para que a distribuiçãopossa ocorrer a partir do início de 2011. “Nãoserá o registro de um olhar sobre os sofrimentose as carências da comunidade. Queremos mos-trar o Santa Marta como ele é: a criança, a popu-lação, o relevo, os negócios. É isso o que esta-mos planejando”, diz Thedim.

Serão impressos 1,5 mil exemplares em por-tuguês e 500 em inglês, distribuídos pelaCNSeg. Para a comunidade, os organizadoresplanejam fazer a entrega de 500 livros. Nãohaverá venda de exemplares da obra.

A Assessora de Assuntos Institucionais e doConsumidor da CNSeg, Maria Elena Bidino,confessa estar ansiosa para ver o livro pronto.“Essa iniciativa é mais do que uma simplesação. É uma forma de vincular o projeto ‘EstouSeguro’ às artes, à cultura. Só vi algumas foto-grafias, estou muito curiosa. O livro é um regis-tro que ficará para toda a vida. É um meio decomunicação extremamente importante”, acres-centou ela. l

• Maria ElenaBidino: “Essainiciativa é mais doque uma simplesação. É uma formade vincular oprojeto ‘EstouSeguro’ às artes, à cultura"

14_15_estou seguro.qxd:Layout 1 12/22/10 8:07 PM Page 2

Page 16: 03 sumario.qxd:Layout 1

CARMEN NERY

Abusca do entendimento entre os todos osagentes envolvidos e o enfrentamentodas dificuldades para se desenvolver o

produto no País, deram o tom do I Encontro deSeguro Garantia realizado pela CNSeg e a Fen-Seg. Durante o evento, ocorrido em 6 e 7 dedezembro, no Rio de Janeiro, a confederaçãoanunciou ter enviado à Susep uma proposta derevisão da Circular 232, que regula o segurogarantia. A FenSeg também anunciou que estácriando o Registro Nacional de Sinistro para for-mar uma base de dados sobre os tomadores quetêm sinistro e expectativas de sinistros, que pos-sa ser consultado pelas seguradoras na hora desubscrever um risco.

A ideia do encontro surgiu depois de doisanos de intensas discussões entre as segurado-ras e resseguradoras no Comitê Técnico de Cré-dito e Garantia da CNSeg, em torno da Circular232 da Susep. Reunindo as principais segurado-ras e resseguradoras e também representantesde grandes tomadores e segurados, além deagentes de financiamento e escritórios de advo-cacia, o evento procurou disseminar os funda-mentos desta modalidade de seguro, eliminardúvidas, provar que o produto é viável e apro-

veitar o bom momento da economia e as opor-tunidades que o País oferece. Afinal, somenteem obras de infraestrutura do Programa de Ace-leração do Crescimento (PAC) estão previstosinvestimentos de mais de R$ 1,5 trilhão.

“Esse é um momento muito especial e degrande importância para o seguro garantia. OBrasil deve se transformar nos próximos anosnum enorme canteiro de obras geradas peloPAC e por grandes eventos esportivos interna-cionais. O mercado terá a chance de mostrar aoPaís sua capacidade de garantir a execução dasobras e a relevância de seus serviços para a rea-lização de empreendimentos que serão um lega-do para a sociedade”, disse na abertura do even-to, o presidente da CNSeg, Jorge Hilário Gou-vea Vieira.

Questões sensíveis A agenda do evento procurou reunir as dife-

rentes visões dos atores envolvidos no processode contratação do seguro garantia para a plateiaque lotou o auditório da Bolsa de Valores. Ques-tões sensíveis foram exaustivamente discutidas:o prazo de vigência das apólices; a responsabili-dade dos segurados de acompanharem os riscosdos projetos e notificarem as seguradoras a cadamudança de escopo ou de prazo; a excessiva ala-

16 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

Para o presidente da CNSeg, mercado terá a chance de mostrar ao País sua capacidadede garantir a execução das obras que serãoum legado para a sociedade

Perspectivasde grandesobras reforçamimportânciado seguro

GARANTIA

• Luiz Barreto“Todos os nossosgerentes de projetoestão orientados aconvencer o clientea aceitar o segurogarantia”

V Fotos: Ari Kaye

16_17_garantia.qxd:Layout 1 12/22/10 8:11 PM Page 1

Page 17: 03 sumario.qxd:Layout 1

17 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

vancagem dos tomadores; a abertura dos con-tratos de resseguro para os segurados; a necessi-dade de se disciplinar o segurado, mas tambémde quebrar paradigmas para melhor atendê-lo;e finalmente a mediação.

“O volume total de sinistros pagos até hojeé de R$ 439 milhões para prêmios de R$ 3bilhões. É um bom mercado, mas pode sermuito melhor. Há muito para evoluir e estedebate visa encontrar saídas comuns paraoperadores, segurados e tomadores”, disseRogério Vergara, diretor-executivo da MapfreSeguradora de Garantias de Crédito, queabriu as apresentações.

Vergara descreveu o seguro garantia comouma peça atrelada ao contrato principal do pro-jeto que garante o cumprimento da obrigaçãoprincipal, de forma total ou parcial, seja pormeio de pagamento ou de execução do projeto.A grande dificuldade é a diferença entre o queo contrato principal diz e prega e o que constana apólice.

“O seguro garantia é condicional, não cobretudo, tem cláusulas de cobertura e de exclusão.O mercado brasileiro criou uma modalidadehíbrida com coberturas específicas e as exclu-sões. O contrato tem vida e sofre mutações,enquanto a apólice é um ente estático que fica

parado esperando que alguém diga que é preci-so fazer um endosso. O que ocorre é que segu-rado e tomador se relacionam e se esquecem deendossar a apólice”, explicou Vergara.

Evolução do resseguroJosé Farias de Souza, diretor comercial do

IRB Brasil Re, disse que o segmento evoluiumuito desde as dificuldades iniciais no períododo monopólio estatal, quando o mercado inter-nacional não queria operar com o País, até ogrande salto a partir da formação das empresasespecializadas. Em 2008 o percentual de prê-mios de seguro garantia cedido para ressegurofoi de 83,39%; no ano passado atingiu 80,61% eeste ano até setembro já está em 74,80%.

Tania Amaral, representante da MunichRe informou que, em nível mundial, o seg-mento é extremamente concentrado em pou-cas seguradoras e resseguradoras, porquedemanda especialização. Na ponta do toma-dor a concentração também é grande: os seto-res de construção e engenharia representam70% do mercado. Além disso, trata-se de ummercado cíclico e tradicionalmente tem bai-xa sinistralidade. “O seguro garantia na Amé-rica Latina é de apenas 0,05% do PIB e noBrasil, 0,03%. O potencial é grande. Na Amé-rica Latina 55% do prêmio são cedidos emresseguro. No Brasil este percentual chega a77%. Por isso, o ressegurador é importantepara estes mercados”, diz.

Visão dos tomadores Os tomadores também apresentaram sua

visão. Com faturamento de US$ 26 bilhões eUS$ 35 bilhões em ativos, a Odebrecht atua emmais de 20 países e só no Brasil opera hoje com70 contratos, todos cobertos com seguro garan-tia que somam mais de US$ 19 bilhões e cerca

• Ricardo Gama:”O mercado temque fazer por ondepara atender àsdemandas dogoverno, dasestatais e até dasgrandes empresasprivadas”

• Mesa de abertura: opresidente da CNSeg, JorgeHilário Gouvea Vieira, aocentro, entre os economistasClaudio Contador, daFunenseg (à esq.) e AntonioClaudio Andrade Tovar, doBNDES

• Valéria Toledo:questionamentosobre o prazo devalidade da apólicee defesa de maiorclareza no processode regulação desinistro

16_17_garantia.qxd:Layout 1 12/22/10 8:11 PM Page 2

Page 18: 03 sumario.qxd:Layout 1

de US$ 3,3 bilhões em prêmios. “O segurogarantia é menos volátil e, diferentemente dafiança bancária, é condicional. Todos os nossosgerentes de projeto estão orientados a convencero cliente a aceitar o seguro garantia”, diz LuizBarreto, vice-presidente da Odebrecht Adminis-tração e Corretora de Seguros (OCS).

Ele alertou, porém, que o total de investi-mentos e projetos do grupo no Brasil vai deman-dar um volume muito grande de garantias. “Omercado tem que tirar o foco do risco corpora-tivo e colocar o foco nos projetos. As empresaspor si só não devem ser avaliadas”, reivindica.

Já Valéria Toledo, representante da Alston,levou para o debate o questionamento de algunspontos que no entender da empresa não são cla-ros. Um deles é quando termina o prazo da apó-lice. Ela também defendeu uma maior clarezano processo de regulação de sinistro.

Rigidez excessiva No painel que discutiu a contratação regular

estatal, Ricardo Gama, coordenador de segurosda Petrobras, reclamou da excessiva rigidez dasseguradoras na análise de risco das pequenas emédias empresas e a falta de capacidade paraatender as grandes companhias. Mas rechaçoua ideia da criação de uma seguradora estatal.

“Sou completamente contra. Este é um mer-

cado livre e aberto. Mas também não posso dei-xar de considerar que o mercado tem que fazerpor onde para atender às demandas do governo,das estatais e até das grandes empresas priva-das”, afirmou Gama. Ele aproveitou para daranunciar que conseguiu excluir dos editais deseus processos licitatórios uma cláusula daengenharia que isentava os contratados deenviar às seguradoras informações sobremudanças nos projetos.

Dinir Salvador, do escritório Azevedo Set-te, apresentou a visão dos financiadores edefendeu que os bancos deixem de ser classi-ficados como beneficiários e passem a serentendidos como co-segurados. Já DanieliGugelmin, representante da J. Malucelli Segu-radora, defendeu a adoção não apenas doComplition Bond, contrato guarda-chuva definanciamento do projeto, mas também o Per-formance Bond, como forma de promover ummaior controle operacional de toda a cadeiaenvolvida na execução dos projetos.

Harmonização das leis Gladimir Poleto, do escritório Poletto & Pos-

samai, Advogados Associados, comparou osaspectos de cobertura, fiscalização, prescrição,sinistro, vigência e multa à luz da Lei de Licita-ções 8.666; do Código Civil; da Lei 9.784/1999que Regula O Processo Administrativo no âmbi-to Federal; e da Circular 232/03. E defendeuuma harmonização de todas estas legislações.

Na última apresentação Luciano NevesMoraes, diretor de sinistro e responsável porseguro garantia na J. Malucelli, elencou asmelhores práticas para um bom gerenciamen-to de risco e prevenção e defendeu os processode mediação. E informou que na J.Malucelli aárea de sinistrou foi ampliada para um concei-to de pós-venda.

No fechamento Jose Américo Peón de Sá,assessor da presidência da CNSeg, resumiu osdebates que giraram em torno da necessidadede entendimento. “O produto do seguro é aindenização. Temos que levar conforto ao segu-rado senão o produto perde o sentido. O segurogarantia exige entendimento para resolver osproblemas, pois quando surgem os sinais desinistro temos que fazer uma intervenção conci-liatória”, conclui. l

GARANTIA

18 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

• Peón de Sá, aolado RogerioVergara: ”O segurogarantia exigeentendimento, poisquando surgem ossinistro temos quefazer umaintervençãoconciliatória”

16_17_garantia.qxd:Layout 1 12/22/10 8:11 PM Page 3

Page 19: 03 sumario.qxd:Layout 1

16_17_garantia.qxd:Layout 1 12/22/10 8:11 PM Page 4

Page 20: 03 sumario.qxd:Layout 1

TRÂNSITO

20 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

JULIANA HASSE

Mais de 400 pessoas, entre autoridades, representan-tes de órgãos responsáveis por trânsito e da socieda-de civil organizada, estiveram presentes no evento

que marcou o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Trân-sito, em Florianópolis, realizado dia 21 de novembro.

A data instituída pela Organização das Nações Unidas(ONU), pela Organização Mundial da Saúde (OMS) tem oobjetivo de garantir a mobilização da população contra umaviolência previsível e confortar os milhões de parentes e ami-gos das vítimas que sofrem consequências materiais, sociaise emocionais desses eventos trágicos. Os acidentes de trânsi-to ceifam a vida de 1,3 milhão de pessoas por ano, além dedeixar feridos e incapacitados outras 50 milhões.

Quem passou pelo evento recebeu informações sobremudança de comportamento no trânsito, visando à cons-cientização de motoristas, motociclistas, ciclistas e pedes-tres sobre as formas de prevenção de acidentes; assistiu àapresentação do grupo teatral ‘Calota e Gasolina’ e partici-pou da divulgação de um abaixo-assinado para que as auto-ridades iniciem ações de propagação, no Brasil, da ‘DécadaGlobal de Ações para a Segurança Viária 2011/2020’.

Houve distribuição de panfletos e demonstração de açõesde primeiros-socorros. Uma espécie de escolinha de trânsitoda Polícia Militar Rodoviária também foi montada no espaçopara ensinar noções de trânsito às crianças. O evento tambémabrigou um concurso de desenhos da Polícia Rodoviária Fede-ral (PRF), cujo tema era ‘Trânsito é Vida’, para estimular aparticipação das crianças. Os melhores trabalhos foram pre-miados com videogame, bicicleta e kit de relógio e pulseiras.

Década Global O lançamento das bases da campanha para os países de

língua latina aconteceu em fevereiro de 2009, em Madri,durante o Encontro de Segurança Viária para a Iberoaméricae o Caribe.

Dentre as recomendações constantes no documentodenominado ‘Carta de Madrid’ definiu-se que “o período2011/2020 deverá ser declarado como a Década Mundial daSegurança Viária. As atividades que nela sejam desenvolvi-das deverão conduzir para uma redução substancial das taxasde mortalidade previstas. Recomenda-se aos países colocarem funcionamento essas ações para chegar às metas de redu-ção em 50% dos índices de vítimas mortais por acidentes viá-rios em 2020”.

Capital catarinense foi escolhida como sede do evento por apresentar o 3º maior índice de

Ação em memória das vítim a

• Multidão: Centenas de pessoas se reúnem no ev entoque teve balões brancos e prateados simbolizando apaz no trânsito

• Ciclistas: o evento contou com a participação e o apoiode cerca de cem ciclistas e com apresentação da Banda deMúsica da PM

VFo

tos:

Jul

iana

Has

se

20_21_transito.qxd:Layout 1 12/22/10 8:14 PM Page 1

Page 21: 03 sumario.qxd:Layout 1

As estatísticas consolidadas em 2007 pela OMS mostramos seguintes resultados: Índia com 105,7 mil mortes por ano;China, 96,6 mil; Rússia, 35,9 mil. Segundo o InternationalTransport Forum, os Estados Unidos registraram 37,3 milmortes no trânsito em 2008 e, toda a União Europeia, 34,5mil, no ano de 2009.

Números de guerra Segundo a OMS, o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking

dos países com o maior número de mortalidade no trânsi-to, antecedido por Índia, China, Estados Unidos e Rússia.Foram aproximadamente 37 mil vítimas fatais apenas em2008. Segundo dados preliminares do Cesvi (Centro deEstudos Automotivos), o Brasil mata mais no trânsito doque outros países em conflitos armados ou em guerrasinternacionais.

Para se ter ideia, 109 mil pessoas foram mortas entre2003 e 2009 no conflito entre EUA e Iraque (fonte: Wiki-leaks.org). O trânsito brasileiro mata mais que o dobro depessoas anualmente: são 102 pessoas por dia; cinco víti-mas a cada hora. De 2002 a 2008 morreram 247.430 pes-soas vias urbanas e nas estradas do País. Os gastos gera-dos por acidentes no trânsito chegam R$ 22 bilhões por

ano ou 1,2% do PIB, segundo o Instituto de Pesquisa Eco-nômica Aplicada (Ipea).

O drama das famílias Embora o discurso unânime de que o momento era de

celebração pela sobrevivência, as pessoas presentes à Aveni-da Beira-Mar Norte de Florianópolis não deixaram de secomover com os testemunhos de quem foi afetado pela vio-lência no trânsito.

Organizado pela ONG Trânsito Amigo, o evento contoucom o apoio de cerca de 50 familiares e vítimas do trânsitode diversas localidades do Brasil. Fernando Diniz, presiden-te da ONG, é pai de Fabrício Diniz, vítima de um acidenteem março de 2003, no Rio de Janeiro.

Na colisão, também morreram outros dois jovens. Omotorista teve a prisão decretada, mas fugiu. Para Fernando,a conscientização é o único caminho. “Eu perdi o meu filho,mas isso não quer dizer que você precise perder o seu. Nãoexiste dor maior do que enterrar um filho, mas decidi trans-formar o luto em luta. Viajo para onde posso para ajudar aconscientizar as pessoas, por isso estou aqui junto com minhafilha”, relatou.

Também participaram das comemorações Christiane eGilmar Yared, que perderam o filho Gilmar Rafael Yared,num acidente de carro extremamente violento, causado peloex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho, que estavaalcoolizado.

Álcool e direção Depois da perda que sofreram, os pais foram procurados

por várias famílias que passavam por situações semelhantes,que pediam orientação. Assim, decidiram criar o InstitutoPaz no Trânsito, em Curitiba, no Paraná, que trabalha emcinco frentes: fiscalização permanente e ostensiva nas ruas;tolerância zero para a combinação álcool e direção; educaçãopara o trânsito em todos os níveis de ensino; assistência inte-gral às famílias vítimas de acidentes de trânsito; e agravamen-to das penas para os crimes de trânsito com vítimas fatais.

A fundadora da ONG entende também que a falta de fis-calização é um problema sério. “Estamos trabalhando juntoàs famílias para conscientizá-las de que não se pode abando-nar a luta. A gente não enterra um filho, a gente planta umasemente. Hoje estamos aqui para lembrar os mortos. Um dia,estaremos erguendo um memorial para celebrar as vidas quesalvamos”, diz. l

21 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

e de acidentes do Brasil

m as mobiliza Florianópolis

• Christiane Yared: Quem já perdeu parentes notrânsito incentiva a luta contra a violência nas ruas e estradas brasileiras

20_21_transito.qxd:Layout 1 12/22/10 8:14 PM Page 2

Page 22: 03 sumario.qxd:Layout 1

FRANCISCO ALVES

As quatro letras polêmicas voltaram aocentro do debate econômico: CPMF.Tanto a presidente que começa o man-

dato, Dilma Rousseff, quanto o presidente quesai depois de oito anos, Luiz Inácio Lula daSilva, já se manifestaram a favor da criação deum imposto nos moldes da antiga Contribui-ção Provisória sobre Movimentação Financei-ra, instituída em 1994 e extinta em 2008. Nãoestá decidido se a cobrança voltaria sob novonome (seria batizada de Contribuição Socialpara a Saúde) ou quando o assunto passará aser discutido de forma oficial, mas declara-ções recentes de importantes autoridades daRepública reforçam essa possibilidade. “Nãohá hipótese de melhorar a saúde no Brasil senão houver uma forma de arrecadar maisrecursos”, disse Lula em solenidade no Hospi-tal Sarah Kubitschek, em Brasília, no dia 13de dezembro.

Essa nova “forma” seria o imposto. Aorememorarem os 14 anos em que a CPMFvigorou, no entanto, especialistas são quaseunânimes em avaliar que a cobrança nãoatingiu o objetivo planejado. “Não se verifi-cou a melhoria no setor de saúde que os cria-dores do tributo preconizaram”, diz IsaíasCoelho, do Núcleo de Estudos Fiscais, daFundação Getúlio Vargas (FGV), de São Pau-lo. Além de inócuo, o economista entendeque o imposto não é “socialmente justo”,como alguns representantes do governo oclassificam. E reafirma que a taxação damovimentação financeira acaba sendo repas-sada aos consumidores, que pagam preçosmais caros por produtos e serviços.

Mesmo o idealizador da CPMF, o médi-co Adib Jatene, então ministro da Saúde do

governo Fernando Henrique Cardoso, reco-nhece que o imposto não foi usado para a fina-lidade desejada. Em recente entrevista ao pro-grama Canal Livre, da TV Bandeirantes, Jate-ne disse que “não foi cumprida” a promessado presidente de que os recursos seriaminvestidos exclusivamente na área da saúde.

Má gestãoO sócio responsável pela área de seguros

da KPMG no Brasil, José Rubens Alonso, con-corda que no período de aplicação do impos-to não houve melhora significativa no atendi-mento médico à população que procurou oshospitais públicos e sugere outro caminhopara a solução. “Esse problema tem mais rela-ção com a má qualidade da gestão do que coma carência de recursos financeiros”, diz ele.

Alonso confirma que a CPMF torna maiscaros praticamente todos os preços. No setorde seguros, isso é especialmente notado nosegmento de previdência, em que há uma

22 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

Especialistas avaliam que cobrança não atingiuobjetivo de melhorar o setor de saúde

CPMF

• José RubensAlonso: “Esseproblema (dasaúde) tem maisrelação com a máqualidade dagestão do que coma carência derecursosfinanceiros”

“Não há hipótesede melhorar asaúde no Brasil se não houveruma forma dearrecadar maisrecursos”Presidente Lula

V Arquivo KPMG

Governo discute a retomada do imposto sobre cheque

22_23_CPMF.qxd:Layout 1 12/22/10 8:28 PM Page 1

Page 23: 03 sumario.qxd:Layout 1

23 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

sequência de transferências financeiras quepassariam a ser taxadas. Nessa modalidadehaveria quatro incidências de imposto sobremovimentação financeira, o que tornaria o pro-duto mais oneroso ao cliente. Além disso,observa o executivo da KPMG, o aumento depreço sacrificaria em primeiro lugar a popula-ção de baixa renda, justamente o novo públicoque as seguradoras vêm conseguindo conquis-tar com a melhoria da condição econômica daclasse C, ocorrida nos últimos anos.

O vice-presidente da Federação Nacionalde Previdência Privada e Vida (FenaPrevi),Osvaldo do Nascimento, sempre lutou contra aincidência do imposto sobre a poupança de lon-go prazo. Ele é mais um a acreditar que o seg-mento de previdência seria especialmente afe-tado. “Diante do encadeamento de transferên-cias financeiras, uma volta da CPMF obrigariaa uma majoração significativa dos preços”, afir-ma Nascimento, que é diretor do setor de segu-ros, previdência e capitalização do banco Itaú.

Efeitos colateraisO especialista da FGV acredita que esses

efeitos colaterais danosos não seriam compen-sados por qualquer benefício social, já que aCPMF mostrou-se “inútil”. Isaías Coelho expli-ca que quando o tributo foi extinto não houvenenhum rombo, pois o governo aumentou oImposto sobre Operações Financeiras (IOF) eas receitas cresceram. Para ele, quando odinheiro de um imposto como a CPMF cai nocaixa do governo, não se sabe qual é o seu des-tino, e os recursos acabam sendo usados emvários setores. O economista alerta para outroaspecto: “Quando um novo imposto é criado,normalmente a alíquota é baixa, mas ninguémgarante que vá continuar no mesmo patamar”.

Foi o que aconteceu com a CPMF. O tri-buto começou a ser cobrado em 1994, aindasob o nome de Imposto Provisório sobre Movi-mentação Financeira. Em 1996, passou a sechamar CPMF. Tratado como “imposto sobre ocheque”, teve no início uma alíquota de 0,20%sobre todas as transações bancárias registradascomo débito. No ano de 2000, essa alíquota foielevada substancialmente para 0,38%. No seuperíodo de vigência, a CPMF arrecadou cercade R$ 258 bilhões e destinou ao setor de saúde– argumento principal para sua criação – ape-nas pouco mais da metade desse montante. Orestante foi usado nas áreas de Combate àPobreza, Previdência, Educação e outros.

O imposto foi extinto depois que o gover-no não conseguiu no Senado o número devotos suficientes para sua prorrogação, na maisimportante derrota da gestão do presidenteLula no Congresso Nacional. As discussõessobre a recriação da CPMF ainda não foramoficializadas, mas o tema tem frequentado asfalas de alguns políticos. “São declarações queservem como balão de ensaio, para medir quala receptividade da sociedade a essa idéia”, dizAlonso, da KPMG. Para ele, esse é o momentocerto para aqueles que são contrários à inicia-tiva marcarem claramente sua posição. l

• Isaías Coelho:“Quando um novoimposto é criado,normalmente aalíquota é baixa,mas ninguémgarante que vácontinuar nomesmo patamar”

• Osvaldo doNascimento:“Diante doencadeamento de transferênciasfinanceiras, umavolta da CPMFobrigaria a umamajoraçãosignificativa dos preços”

V Arquivo CNSeg

V Arquivo FGV

22_23_CPMF.qxd:Layout 1 12/22/10 8:28 PM Page 2

Page 24: 03 sumario.qxd:Layout 1

24 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

SAÚDE

LENIR CAMIMURA

Preocupada em apresentar uma proposta“efetiva e previsível” de trabalho para2011, a Agência Nacional de Saúde Suple-

mentar (ANS) divulgou sua Agenda Regulató-ria, contemplando as prioridades do órgão para2011. O diretor-executivo da Federação Nacio-nal de Saúde Suplementar (FenaSaúde), JoséCechin, diz que a ANS tem feito um grandeesforço regulatório, pontuando temas que mere-cem atualização ou que ainda não eram regula-dos. Segundo ele, a FenaSaúde vem acompa-nhando a evolução e os desdobramentos daagenda regulatória, mantendo sempre uma pos-tura aberta ao diálogo. “A regulação é boa des-de que atenda ao consumidor, sem onerar as operadoras ouos beneficiários”, diz. O documento conta com nove pontostemáticos. A saber:

Modelos de financiamento A ideia é encontrar alternativas de modelos de reajuste

para planos de saúde individuais assinados após 1999. Para odiretor da FenaSaúde, é preciso rever a metodologia dos cál-culos, hoje baseada no percentual médio de aumento dos pla-nos coletivos – uma política não satisfatória. “Defendemos aconcorrência saudável no setor, por isso estamos discutindooutros métodos, como a separação de custos entre gerenciá-veis e não gerenciáveis, acatando-se, para o segundo grupo, ametodologia proposta pela ANS que é índice de preço (pricecap) adaptado à saúde com ajustes por produtividade e porfatores externos”.

A análise prevê também a formatação de produtos de pla-nos de saúde com alternativas mistas de mutualismo e capita-lização. Este modelo – que poderia conjugar ao plano de saú-de uma previdência privada, conforme sugestão levantada peloInstituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) – é defendi-do por José Cechin. “A ideia é criar uma poupança que possaser utilizada para pagar o plano de saúde quando o beneficiá-rio perder renda, como em casos de desemprego ou aposenta-doria. Mas sem tributação sobre os resgates direcionados àsaúde (assistência à saúde ou mensalidades do plano)”.

Garantia de acesso e qualidade assisten-cial: Definição de um prazo máximo para aten-dimento, entre a autorização para exames e pro-cedimentos e sua efetiva realização, além dadefinição de critérios para análise de suficiên-cia de rede. “Este prazo não está inteiramenteno controle das operadoras”, lembra o diretorda FenaSaúde. A ANS também pretende efetuara revisão do índice de desempenho da SaúdeSuplementar (IDSS) do programa de qualifica-ção de operadoras, principalmente no que serefere à satisfação do beneficiário. Entram emvigor, também, as normas para o programa deacreditação das operadoras, à semelhança doque já vem acontecendo com os prestadores deserviço que integram o mercado suplementar.

Modelo de pagamento a prestadores Os novos modelos de remuneração de prestadores estão

em discussão junto aos médicos e hospitais. Todos os playersconcordam que as mudanças são necessárias para sair doatual sistema fee for service, esgotado no mercado. Há diver-sas alternativas em uso no mundo. Porém, um modelo comoo Pagamento por Performance (P4P), em início de utilizaçãono mundo, ainda encontra barreiras no mercado brasileiro.

No mercado também há o consenso sobre a necessida-de de rever os valores investidos nos materiais e medicamen-tos, que representam parte expressiva dos gastos das opera-doras. “É uma discussão difícil e complicada. A mudançaexige a redistribuição dos pagamentos entre as diferentesrubricas, mas, para ser viável, não deve redistribuir receitasentre operadoras e prestadores nem pode onerar as mensali-dades dos beneficiários”, diz Cechin, sugerindo cautela noremanejamento das taxas de materiais e medicamentos paraas diárias e os honorários.

Assistência farmacêutica Pensada como uma estratégia preventiva, a assistência

farmacêutica entra na Agenda como um item desejado pelosbeneficiários, especialmente pelos portadores de doençascrônicas que necessitam de medicação de uso continuado. Oobjetivo é reduzir o abandono do tratamento porque isso

ANS define prioridades na agenda regulatóriaDocumento trata de pontos temáticos que merecem atualização ou que ainda não foram regulados

• José Cechin:“A regulação é boadesde que atendaao consumidor semonerar asoperadoras”

V Arquivo CNSeg

24_25_saude.qxd:Layout 1 12/22/10 8:15 PM Page 1

Page 25: 03 sumario.qxd:Layout 1

25

levaria à reincidência do paciente em situação ainda pior. “Seo objetivo é garantir aderência ao tratamento é preciso avaliarqual o grau de acesso aos medicamentos prescritos que ospacientes têm. Estudo do IESS, ainda em elaboração, parececonstatar que as pessoas estão tendo acesso. Por isso, a ques-tão precisa ser mais amplamente debatida. Nosso objetivo éter um entendimento melhor da questão antes de avançarcom esta proposta”, avalia o diretor.

Incentivo à concorrência A ideia da Agência é aprofundar o relacionamento

com o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência(SBDC) para a identificação de mercados concentrados. Aampliação do modelo de portabilidade de carências visaexatamente aumentar o grau de concorrência nos merca-dos. A ANS quer ainda desburocratizar algumas exigên-cias, especialmente para pequenas operadoras. “Em merca-dos competitivos é menor a necessidade ou a utilidade docontrole do reajuste. A ampliação da portabilidade na pro-posta em consulta pública torna os mercados mais compe-titivos e o controle do reajuste, menos necessário ou útil.Mas é preciso salientar que é necessário limitar a portabi-lidade de alguma forma. Isto é, há que se ter cuidado paranão estimular comportamentos oportunistas por parte dosconsumidores nem de carrear ou concentrar ônus excessi-vo sobre uma operadora”, pontua José Cechin.

Garantia de acesso à informação A ANS também incluiu na agenda ações referentes à

divulgação de suas próprias informações, com a reformu-lação do Portal da Agência na Internet, trazendo um per-fil mais interativo, facilitando o acesso às informaçõespelos diversos públicos. Além disso, pretende atualizar alegislação de saúde e sistematizar os critérios de atualiza-ção do rol de procedimentos.

Contratos antigos A Agência voltou ao tema e propôs maneiras de esti-

mular a adaptação/migração dos contratos individuais ecoletivos. A medida já foi foco da ANS há alguns anos,mas não encontrou muita aceitação por parte dos usuá-rios. A rejeição se deu especialmente por causa dos neces-sários reajustes nas mensalidades à vista da ampliação doleque de cobertura que implicou um aumento dos custosdos planos. “Conquanto seja importante diminuir o núme-ro de planos antigos não adaptados à legislação para quetodos os beneficiários tenham acesso à proteção regulató-ria, a ANS precisa ter cuidado para não inviabilizar asoperadoras”, pondera Cechin.

Assistência ao idoso Um dos pontos que mais preocupam o mercado atual-

mente é envelhecimento da população. É preciso pensar,desenvolver e estruturar estratégias para lidar com este novocenário demográfico que deve impactar especialmente a Saú-de e a Previdência. Segundo o diretor da FenaSaúde, a preo-cupação é com o financiamento e seria interessante a propos-ta de planos mistos de capitalização e mutualismo, estudadapela ANS. “O plano de previdência-saúde é um plano deacumulação com finalidade de custear a saúde (assistênciamédica ou mensalidade do plano). Os recursos acumuladosem um plano de previdência privada pertencem ao benefi-ciários e estariam sempre disponíveis para resgate. Comoincentivo, poderia haver isenção de tributos sobre o retornodas aplicações sempre que os resgates se destinassem à saú-de. Com esse tipo de plano ajuda-se o País pela formaçãode poupanças de longo prazo, e também o Sistema Único deSaúde e o indivíduo”.

Integração da saúde suplementar A idéia principal é debater o modelo de sistema de

saúde nacional, deixando claro o que deve ser suplementar,complementar ou substitutivo. Apesar de ter boa aceitação,conceitualmente, a proposta na prática é um assunto com-plexo. Segundo Cechin, é possível pensar em unidades deprestação de serviço que possam maximizar a utilização dasestruturas. “O que de fato precisa ser respondido é em quenichos é vantajosa a cooperação entre público e privado eque formas poderia adotar”.l

Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

24_25_saude.qxd:Layout 1 12/22/10 8:15 PM Page 2

Page 26: 03 sumario.qxd:Layout 1

CARMEN NERY

Inspirada no modelo de solvência estabe-lecido pela Associação Internacional deSupervisores de Seguros (IAIS, da sigla

em inglês), a Susep colocou em audiênciapública a minuta de documento que resultouna Resolução 222/2010 que institui regras eprocedimentos para o cálculo do PatrimônioLíquido Ajustado (PLA), exigido das segura-doras, resseguradoras locais, entidades aber-tas de previdência complementar e socieda-des de capitalização.

Pela análise das empresas, as medidasreduzem o patrimônio líquido e causampreocupação no mercado, que pleiteia ummodelo de solvência menos conservador, nosentido de levar em conta a diversidade e apluralidade das empresas do setor. O temor éque as medidas poderão inviabilizar aspequenas e médias empresas, o que levariaao aumento da concentração do mercadopelos grandes grupos, com grande prejuízopara o consumidor final do seguro, por faltade competitividade.

Outra fonte de preocupação é que esta éapenas uma parte da regulação do modelo desolvência, relativa apenas ao risco de subscri-ção, que avalia se a empresa está cobrandocorretamente e se está suficiente. A Susep járegulou o Risco de Crédito, através da Reso-lução CNSP nº 228 e ainda deverá regular osriscos legal, operacional e de mercado.

Aportes de capitalAs seguradoras consideram que esta

regulamentação por etapas vai acarretar cadavez mais exigências de novos aportes de capi-tal. “A grande questão é que não se tem ideiade qual o capital adicional será necessário,pois estes riscos têm correlação entre si. Há

dúvidas também sobre como acessar recur-sos para atender a essas demandas regulató-rias”, resume José Ismar Torres, superinten-dente técnico da CNSeg. Em relação ao PLA,ele diz que o mercado precisa de prazo. ACNSeg sugeriu 1º de janeiro de 2012 e que asempresas tivessem quatro anos para adequa-ção. “A regra está mudando constantemente eprecisamos de prazo e planejamento paraimplementar as alterações”, defende Torres.

Segundo Almir Ribeiro, presidente daComissão Atuarial da CNSeg, a solvênciaenvolve uma série de cálculos. O primeiro éo da margem de solvência, que determina oquanto a seguradora precisa ter de capitalpara suportar o risco não previsível. Para oque é previsível há as provisões definidas nomodelo de precificação. O cálculo da mar-gem de solvência leva em conta o volume deprêmios e o volume de sinistros: 20% dovolume de prêmios ou 33% da média dossinistros pagos nos últimos três anos, o quefor maior, é o quanto precisa ter de margemde solvência.

Além disso, é preciso ter o Capital Míni-

26 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

SOLVÊNCIA

“A regra estámudandoconstantementee precisamos de prazo eplanejamentoparaimplementar as alterações”José Ismar Torres

As empresas entendem que as medidas reduzem o patrimônio líquido e são motivo de preocupação

Novas regras mudam cálculo do patrimônio das empresas

26_27_solvencia.qxd:Layout 1 12/22/10 8:17 PM Page 1

Page 27: 03 sumario.qxd:Layout 1

mo Requerido, que, além de prêmios e sinis-tros, leva em consideração fatores comoregião de risco e os ramos de atuação. Ovalor obtido é comparado com a margem desolvência. O que for maior compara-se com oPatrimônio Líquido Ajustado (que é o patri-mônio menos deduções) para finalmente seavaliar a solvência.

Imóveis e pedras preciosasPara o mercado, as mudanças introduzi-

das no cálculo do Patrimônio Líquido Ajusta-do estão reduzindo a possibilidade de asempresas formarem o capital. De acordo coma resolução, os imóveis devem ser computa-dos no valor máximo de 8% dos ativos. Tam-bém não é mais permitido utilizar-se de obrasde arte e de pedras preciosas e foi ampliada aexclusão das empresas financeiras.

Para Almir Ribeiro, essas mudanças nocálculo do PLA poderão diminuir o patrimô-nio líquido, num momento em que se eleva anecessidade de capital para fazer frente aosnovos riscos (mercado, operacional e legal).Por enquanto só os riscos de subscrição e cré-dito estão regulamentados. O de crédito entraem vigor a partir de 1º de janeiro de 2011com prazo de 3 anos para adaptação, confor-me estabelece a Resolução CNSP nº 227, quealterou as normas dos plano corretivo de sol-vência e plano de recuperação de solvência.E os outros sem data prevista. “Outro fatorque poderá implicar na exigência de maiscapital é o Teste de Adequação de Passivos(LAT, na sigla em inglês), uma das propostasdas novas regras contábeis do IFRS, que nãoé diretamente ligada à solvência, mas tam-bém vai interferir no resultado das empre-sas”. O LAT avalia se todas as suas provisõessão suficientes para a garantia dos riscosfuturos. O teste já esteve em consulta públicae deve ser publicado em breve, pois os balan-ços de 31/12/2010 já terão que aplicá-lo.

Modelo conservadorEduardo Fraga Lima de Melo, coordena-

dor geral de monitoramento de solvência daSusep, discorda que o modelo de solvênciasseja conservador, pois, segundo ele, baseia-senas práticas de supervisão constantes dospadrões da IAIS e do Solvência II. E o que se

busca para fins de supervisão é que o sistemaseja o mais sensível possível ao risco.

“No campo quantitativo, há conceitosque devem ser observados quanto à mensura-ção dos ativos, das obrigações (incluindo asprovisões técnicas), o requerimento de capi-tal e o capital elegível para ser comparado aeste requerimento de capital. Além disso, nocampo qualitativo, há estruturas de gover-nança e controles que devem ser observadas.Por fim, outra atividade relevante, que tam-bém suporta o objetivo da supervisão, é odisclosure (compromisso das empresas emabrir suas informações)”, diz Eduardo Fraga.

No caso do PLA, ele diz que a exclusãodas empresas financeiras é automática a par-tir do momento que, conforme instruções daIAIS, a supervisão deve se basear também nogrupo e/ou conglomerado ao qual a segurado-ra pertença. A exclusão de imóveis também ébaseada nos padrões da IAIS que deixam cla-ro que o capital deve ser de qualidade, comliquidez e valoração transparente. Além dis-so, eles não foram excluídos completamente.

“O percentual de 8% ainda pode serconsiderado elevado se comparado a outrasjurisdições ou se for levada em conta a fina-lidade maior de recursos de capital para finsde solvência. Por fim, não é razoável a utili-zação de obras de arte e pedras preciosaspara esta finalidade”, defende.

Exigência de capital O representante da Susep também dis-

corda da exigência de mais capital em funçãodo LAT e diz que o assunto não é novidadepara diversas empresas do mercado brasilei-ro, seja porque já reportam em IFRS, seja por-que adotam técnicas consistentes para PIP(Provisão de Insuficiência de Prêmio) ou PIC(Provisão de Insuficiência de Contribuição).

Quanto à regulamentação dos riscos porfases, o objetivo é possibilitar uma adequa-ção paulatina e um ganho de conhecimento,por parte da indústria, também no mesmoritmo. “Mas caso haja interesse das segurado-ras e da Susep em regulamentar todos os ris-cos ao mesmo tempo, não vejo problemaalgum que este pleito seja submetido à autar-quia. Certamente, será dada a devida aten-ção”, conclui.

27 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

• Almir Ribeiro:“Outro fator quepoderá implicar naexigência de maiscapital é o Teste deAdequação dePassivos, umaproposta das novasregras contábeis”

“Caso hajainteresse dasseguradoras e da Susep emregulamentartodos os riscosao mesmotempo, não vejo problemaalgum”Eduardo Fraga

V Arquivo CNSeg

26_27_solvencia.qxd:Layout 1 12/22/10 8:17 PM Page 2

Page 28: 03 sumario.qxd:Layout 1

MARIA LUÍSA BARROS

De cada 100 veículos que se aposentampor falta de condições de continuarrodando nas estradas brasileiras, so -

mente 1,5 é reaproveitado. Atualmente, estima-se que 1,3 milhão de veículos estejam amontoa-dos nos pátios do Detran e da Polícia à espera deuma destinação final. A imensa maioria virasucata em ferros velhos e desmanches ilegais.Outros 16 milhões, com mais de 15 anos, deve-riam ser retirados de circulação. Em busca desoluções para integrar à base da frota seguradauma quantidade maior de veículos antigos, asseguradoras brasileiras querem trazer para olado de cá da fronteira um modelo de sucessodos nossos vizinhos argentinos. Trata-se da reu-tilização de peças em veículos, como forma deeliminar um dos gargalos do segmento, que é oalto custo do reparo de veículos, em função douso de peças novas.

Um grupo formado por seguradoras, repre-sentantes do segmento automotivo, contandoainda com um parlamentar e um representanteda Superintendência de Seguros Privados(Susep) foi até a Argentina, em novembro, paraconhecer de perto a experiência do Centro deExperimentação e Segurança Viária (Cesvi). Vol-taram animados com a certeza de que é possívelimplementar o sistema de reciclagem de auto-móveis no Brasil, reduzindo desta forma o preçofinal do seguro ao consumidor. “Deu para perce-ber que a operação é bastante viável. Eles têmuma lei que estimula o desmanche legal. Oitoseguradoras entregam o veículo para que aspeças sejam reutilizadas. Com isso as empresasconseguem diminuir o custo do seguro e maispessoas passam a adquirir seguro”, explica Jay-me Garfinkel, presidente da Porto Seguro.

Mercado clandestinoSegundo ele, em média 38 peças são retira-

das dos veículos e comercializadas a um customais baixo. As partes que integram o sistema desegurança do carro, como freios, caixa de dire-

ção, cintos de segurança e suspensão não sãoreaproveitadas. Mas, com a reciclagem dasdemais peças, seria possível por em prática umadas propostas sugeridas pelo mercado: comer-cializar apólices populares com base na utiliza-ção de peças recicladas. Hoje as seguradoras sãoobrigadas por lei a usar somente peças originaisno conserto de veículos sinistrados.

O modelo argentino nasceu da preocupa-ção de frear a indústria de roubos de veículos,que move a desmontagem ilegal de veículos e avenda de peças no mercado clandestino dos fer-ros velhos. Há oito anos, no auge da crise argen-tina, 30% dos homicídios estavam ligados aoroubo de carros. Com a regularização dos cen-tros de reciclagem no país, o número de roubosna região metropolitana de Buenos Aires caiu17%. De acordo com o representante do Cesviargentino, Fábian Pons, a reciclagem não sódiminuiu a violência como ajudou a reduzir osimpactos ambientais. Hoje, existem 29 centroslegalizados de reciclagem, que rendem por anoUS$ 2,5 milhões.

Parte do lucro volta para o setor de segu-ros. As oito seguradoras associadas repassamao Cesvi argentino, anualmente, cerca de

Reutilização de peças: o exem pRepresentantes do mercado atravessaram a fronteira para conhecer a experi ên

28 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

AUTOMÓVEL

”Vamosaguardaragora a sançãopresidencial daLei Tuma, que,entre outrosbenefícios,evitará odescarte depeças quecontaminam o meioambiente eque poderiamser reutilizadas a um customais baixo” JaymeGarfinkel

28_29_automovel.qxd:Layout 1 12/22/10 8:19 PM Page 1

Page 29: 03 sumario.qxd:Layout 1

plo da Argentinaeri ência do Cesvi na reutilização de peças usadas

2.200 carros condenados. Em troca recebem40% do lucro obtido com a venda das peçasautomotivas. Na Argentina, não há financia-mento do governo, que apenas autoriza e regu-lamenta os desmanches.

Lei Tuma aprovadaDuas semanas após a visita, o grupo e o

mercado de seguro de automóvel receberamcom satisfação a notícia da aprovação, peloSenado Federal, em 15 de dezembro, da LeiTuma, do senador já falecido Romeu Tuma,que disciplina o funcionamento de empresasde desmontagem de veículos. Para dificultar odesmanche ilegal e a comercialização de peçasroubadas, o texto restringe a licença para essaatividade. O projeto estabelece ainda que a gra-vação do número de identificação no chassi eno monobloco será responsabilidade do fabri-cante do veículo, enquanto a numeração nasdemais peças obtidas no desmanche poderáser feita por empresa credenciada junto aosórgãos de trânsito.

Atualmente, o Código de Trânsito Brasi-leiro já estabelece essa identificação do chassi.A inovação do projeto ficou por conta da obri-

gatoriedade de identificação em um númeromaior de peças. Outra medida será a criação deum banco de dados que deverá permitir oacompanhamento das peças e dos veículos des-montados. ”Vamos aguardar agora a sançãopresidencial da lei, que, entre outros benefí-cios, evitará o descarte de peças que contami-nam o meio ambiente e que poderiam ser reu-tilizados a um custo mais baixo”, diz Garfinkel.

Incentivo fiscalAlém de leis específicas sobre a reciclagem

de automóveis, o setor de seguros reivindicamaior incentivo fiscal do governo, como já ocor-re em países europeus. Em Portugal, as empre-sas compram veículos em outros países paradesmonte e reutilização em veículos novos. NaEuropa, alguns governos incentivam a troca doveículo antigo por um novo. O consumidorrecebe um bônus pelo seu carro velho que éretirado de circulação e pode adquirir um veí-culo mais moderno e menos poluente.

Na Espanha, cuja prática inspirou omodelo argentino, existe uma lei desde 2002,que determina o envio de veículos sem condi-ções de trafegar para Centros Autorizados deTratamento. Em 2008, 765 carros foram retira-dos de circulação nas rodovias espanholas,sendo a maioria com mais de 15 anos de estra-da. O número de desmanches clandestinoscaiu de 3 mil para menos de mil. Estima-seque até 2012, 95% de todos os veículos “baixa-dos” sejam reciclados.

Além de reduzir o custo do seguro, a reci-clagem de automóveis traz uma série de bene-fícios para toda a sociedade. De acordo comestudo realizado pelo Cesvi Brasil, a reutiliza-ção de peças automotivas gera empregos nasempresas de reciclagem; diminui a poluiçãodo ar e a contaminação dos lençóis freáticos;reduz acidentes envolvendo carros sem manu-tenção nas rodovias brasileiras e até atua nocombate ao mosquito da dengue, que se propa-ga em pneus e carcaças de automóveis abando-nadas nos depósitos.l

29 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

• O grupobrasileiro emviagem àArgentina, embusca de soluçõespara integrar àbase da frotasegurada umaquantidade maiorde veículos antigos

“A reciclagemnão sódiminuiu aviolênciacomo ajudoua reduzir osimpactosambientais.Hoje, existem29 centroslegalizados dereciclagem,que rendempor ano US$ 2,5milhões”Fábian Pons

V Arquivo FenSeg

28_29_automovel.qxd:Layout 1 12/22/10 8:19 PM Page 2

Page 30: 03 sumario.qxd:Layout 1

PREVIDÊNCIA

30 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

MÁRCIA ALVES

Um dos maiores desafios do novo gover-no será equacionar o déficit da Previ-dência Social, estimado em R$ 47

bilhões, sem deixar de prover cobertura parauma população que envelhece gradativamen-te. No Brasil, a população idosa em atividadeestá em expansão e já representa 11,4% da for-ça de trabalho. “O fato concreto é que o núme-ro de contribuintes não deve crescer no mes-mo ritmo da concessão de aposentadorias”,diz o atuário da EMB Consultores, MarceloFigueiredo. Para ele, se o sistema não for alte-rado, entrará em colapso.

Para o consultor em previdência e diretorda Nunes & Grossi Seguros, Keyton Pedreira,o ideal seria uma reforma ampla da Previdên-cia, que definisse uma idade mínima de apo-sentadoria combinada com um maior períodode contribuição. “Essas mudanças podemparecer prejudiciais aos trabalhadores no cur-to prazo, mas estariam adequando a previdên-cia à realidade da população e promovendo aproteção dos futuros aposentados”, analisa.

Mas, por enquanto, uma reforma estrutu-ral já foi descartada pelo atual ministro do Pla-nejamento e futuro ministro das Comunica-ções, Paulo Bernardo. Embora o governo

tenha optado na última reforma, em 2003, pornão promover mudanças que pudessem avan-çar sobre os direitos dos trabalhadores, oministro não descarta, agora, alguns ajustesnecessários.

Recentemente, a presidente eleita DilmaRousseff chegou a cogitar a hipótese de adotaruma fórmula que conjugue idade e tempo decontribuição para quem está na ativa e a ida-de mínima para os novos trabalhadores. Atual-mente, para ter direito à aposentadoria portempo de contribuição não existe idade míni-ma. O homem deve comprovar 35 anos decontribuição e a mulher, 30 anos. Porém, aaplicação do fator previdenciário pode reduzirem até 40% o valor do benefício, conforme aidade do segurado e a expectativa de vida.

A extinção do fator previdenciário, quechegou a ser aprovada pelo Congresso Nacio-nal, foi vetada pelo presidente Lula, em julhodeste ano. Por isso, se Dilma Rousseff optarpela mudança de regras, uma alternativa aofator previdenciário seria a adoção da fórmu-la 85/95, que prevê a aposentadoria para

A presidente eleita precisará adotar medidas impopulares para conter o déficite equilibrar o sistema previdenciário

Por que areforma é omaior desafiodo novogoverno

• MarceloFigueiredo: “Ofato concreto é queo número decontribuintes daprevidência nãodeve crescer nomesmo ritmo daconcessão deaposentadorias”

V Arquivo EMB

30_31_Previdencia.qxd:Layout 1 12/22/10 8:21 PM Page 1

Page 31: 03 sumario.qxd:Layout 1

V Arquivo Nunes & Grossi

homens aos 35 anos de contribuição e 60anos de idade e para as mulheres aos 30 anosde contribuição e 55 anos de idade. Mas amedida ainda depende de negociação com ascentrais sindicais.

Público e privado Outro ajuste polêmico sinalizado pelo

ministro da Previdência Social, CarlosEduardo Gabas, se refere à unificação dosregimes dos servidores públicos com o geral.A previsão do próprio governo indica que nopróximo ano o déficit do Regime Próprio daPrevidência (dos funcionários públicos) serásuperior ao do INSS (dos trabalhadores dainiciativa privada). “A unificação é necessáriapara a sustentabilidade do sistema”, diz aadvogada especializada em seguridade social,Elisangela Pereira.

Mas, no caso da manutenção da contribui-ção previdenciária dos inativos, uma dasmedidas que também poderá ser negociadapelo governo Dilma, a advogada consideraque deverá ser precedida por uma avaliação

atuarial do sistema previdenciário e por umaeventual capitalização do setor público. “A fór-mula para o cálculo do benefício deve con-templar fatores como idade, tempo de contri-buição, existência de dependentes e a expecta-tiva de vida”, diz.

Questão controversa Para estancar o déficit da Previdência, o

governo de Dilma Rousseff terá, ainda, delidar com questões no mínimo desconfortan-tes, como são o acúmulo de benefícios (apo-sentadoria com pensão) e as pensões herdadaspor cônjuge. A gestão de Fernando HenriqueCardoso bem que tentou acabar com o acú-mulo de benefícios, mas foi barrado pela Jus-tiça. Atualmente, dos 23,1 milhões de benefí-cios pagos mensalmente pelo INSS, 6,5milhões são pensões por morte.

Mas a questão está longe de ser pacífica.“Não é justo um casal contribuir individual-mente para a previdência e, no caso do faleci-mento de um deles, o cônjuge sobrevivente terdireito somente a um benefício”, diz o consul-tor Keyton Pedreira. Ele sugere que a decisãosobre o direito ao acúmulo parcial ou não dobenefício seja amparada por uma nova legisla-ção que leve em conta o perfil econômico-familiar do aposentado. Para a advogada Eli-sangela Pereira, uma alternativa seria adotar ocritério da cota familiar para o beneficiárioque é aposentado e possui renda própria.

Oportunidade Se o novo governo conseguirá ou não resol-

ver o crônico problema da Previdência Socialapenas o tempo dirá. Porém, mantidas asregras atuais, alguns estudos indicam que emalguns anos os valores dos benefícios estarãomuito próximos ao do salário mínimo. Daíporque o momento atual pode ser oportunopara a previdência privada. “Esta é chanceque temos de demonstrar o quão importante éo nosso mercado”, diz Marcelo Figueiredo.

Keyton Pedreira concorda e eleva a previ-dência privada ao patamar de produto de pri-meira necessidade à população. “Mais do queum complemento à aposentadoria, as reservasprevidenciárias são determinantes para garan-tir a subsistência e a dignidade na velhice”,reforça Elisangela Pereira. l

31 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

• Keyton Pedreira:“As mudançaspodem parecerprejudiciais aostrabalhadores nocurto prazo, masestariampromovendo aproteção dosfuturosaposentados”

30_31_Previdencia.qxd:Layout 1 12/22/10 8:21 PM Page 2

Page 32: 03 sumario.qxd:Layout 1

FERNANDA THURLER

2010 deverá ser o melhor ano para a Capitalização.Com uma expectativa de faturamento da ordem deR$ 12 bilhões, o setor deverá encerrar 2010 com

um crescimento recorde da ordem de 20%. Mas amelhor notícia é que parte desse resultado vem sendorepassada à sociedade através do apoio financeiro a pro-jetos sociais. É cada vez maior o investimento de bancoscom foco em projetos de Responsabilidade Social. Esteé o caso do Bradesco, Banco do Brasil, Santander eItaú/Unibanco.

Embora à primeira vista a iniciativa pareça terpor objetivo o resgate da imagem do produto capitali-zação, Helio Portocarrero, diretor executivo da Fede-ração Nacional de Capitalização (FenaCap), ressaltaque o produto capitalização tem sua demanda deter-minada por diversos fatores. “A boa imagem de umproduto se dá a partir de uma comunicação mais efi-caz e transparente de seus atributos e uma melhorpreparação da força de venda”. Segundo ele, o interes-se em projetos sociais é um movimento generalizadonas empresas do setor financeiro brasileiro, que podeser observado em outros setores também. “É claro queessas ações tendem a ter um reflexo positivo na ima-gem das empresas envolvidas e, assim, também emseus produtos específicos”, admite.

Turismo responsávelO título de Capitalização RealCap Turismo, do Banco

Santander, foi o primeiro a apoiar o desenvolvimento sus-tentável do turismo no Brasil. Com ele, o cliente concorre

aos sorteios e ainda contri-bui para o Santander Turis-mo Sustentável, um progra-ma que visa ao desenvolvi-mento sustentável de locaisturísticos e à conscientizaçãoe educação em prol do turis-mo responsável no Brasil.Parte do valor arrecadadocom a venda de títulos édirecionada à qualificação einclusão de jovens, entre 18e 26 anos, de baixa renda,moradores de comunidadescarentes da região beneficia-da pelos projetos, no merca-do de trabalho do turismo,com foco nos grandes com-plexos hoteleiros da região.

De acordo com a diretoria de marketing do banco,foram comercializados 26.170 títulos de abril de 2009 asetembro de 2010. Em dezembro de 209 foram destina-dos R$ 174.832,79 ao projeto, sendo que outros R$ 130mil deverão ser repassados para os projetos sociais refe-rentes às vendas de novembro de 2009 a setembro de2010. A previsão para 2011 é estender a comercializaçãodo produto à rede de agências Santander.

Entre os projetos contemplados, o destaque fica porconta da turma de 33 jovens capacitados pelo InstitutoImbassaí – ONG vinculada aos princípios do ITC (Inter-national Trade Centre) e da ONU (Organização dasNações Unidas) – em parceria com o Senac, em matérias

32 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

Parte do resultado das empresasvem sendo repassada à sociedadeatravés do apoio financeiro aprojetos sociais

CAPITALIZAÇÃOV Divulgação Santander

Títulossocialmente eambientalmenteresponsáveis

• Hugo Sérgio de Assis Júnior, superintendente de Seguros e Capitalização do Santander, na entrega dos diplomas naprimeira turma de profissionais do turismo sustentável

• Helio Portocarrero: “A boa imagem de umproduto se dá a par tirde uma comunicaçãomais eficaz etransparente de seusatributos e uma melhorpreparação da forçade venda”

V Arquivo CNSeg

32_33_Capitalização.qxd:Layout 1 12/22/10 8:34 PM Page 1

Page 33: 03 sumario.qxd:Layout 1

33 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

como Recepção, Eventos, Cozinha, Espanhol e Informá-tica. Por enquanto, a ação está restrita ao litoral norte deSalvador, na Reserva Imbassaí, que fica na cidade deMata de São João. Mas a idéia é que o projeto tenhaabrangência nacional.

Pé quenteO título de capitalização Pé Quente Bradesco é o guar-

da-chuva dos projetos de respon sabilidade social. São eles:Pé Quente Bradesco SOS Mata Atlântica, Pé Quente Brades-co SOS Mata Atlântica 300, Pé Quente Bradesco SOS MataAtlântica Empre sarial, Pé Quente Bradesco GP Ayrton Sen-na Empresarial, Pé Quente Bradesco Amazonas Sustentá-vel Empresarial, Pé Quente Bradesco Amazonas Sustentá-vel, Pé Quente Bradesco O Câncer de Mama no Alvo daModa, Pé Quente Bradesco Instituto Ayrton Senna, PéQuente Bradesco Ayrton Senna 50 anos. Ao todo já foramcomercializados 5,4 milhões de títulos.

Os valores repassados são tratados com confiden-cialidade em contrato. Mas com relação à utilizaçãodos recursos, o banco informa que a parceria com oInstituto Ayrton Senna possibilitou o desenvolvimento,a compra de materiais pedagógicos e a capacitação deeducadores para todos os projetos do instituto. Já coma Fundação SOS Mata Atlântica, os recursos repassa-dos auxiliaram mais de 1 mil projetos de plantio, via-bilizando a plantação de mais de 20 milhões de árvo-res em 400 municípios brasileiros. Na parceria com oIBCC, a Bradesco Capitalização colaborou em 40%para ampliar a área hospitalar em 3.000 m2. Posterior-mente, houve ampliação de mais cinco andares donovo hospital IBCC, com mais 178 novos leitos.

Recursos hídricosO Banco do Brasil mantém uma parceria com a Fun-

dação Banco do Brasil para apoiar projetos de responsabi-lidade social. São destinados recursos para o incentivo aprojetos de preservação de recursos hídricos. A instituiçãotambém apoia o BB Educar (programa de alfabetização dejovens e adultos de todo o País). Os produtos que direcio-nam recursos para projetos relacionados à água são oOurocap Estilo Prêmio e o Ourocap Estilo Flex.

No caso do BB Educar, o apoio financeiro vem de pro-dutos como o Ourocap 200 anos PM e o Ourocap MultiChance (que ainda está em vigência, mas não é mais comer-cializado). Até agosto passado foram comercializados5.780.033 títulos dentro desse perfil. O BB informa que aintenção é que alguns produtos continuem tendo um per-centual para destinação a projetos de responsabilidadesocioambiental. Os projetos têm abrangência nacional e noperíodo de 1992 a 2009 foram alfabetizadas 416.767 pessoas.

No Banco Itaú, os produtos da família PIC – Plano Itaúde Capitalização, apóiam a Associação de Assistência àCriança Deficiente (AACD). Uma parte de cada títulocomercializado é repassada pelo banco a essa instituição,que promove a prevenção, a habilitação e a reabilitação depessoas com deficiência física, informa a diretoria. A parce-ria iniciou-se em outubro de 2007 para os produtos de capi-talização da família PLIN. Desde então já foram repassadosmais de R$ 8,6 milhões, considerando o período de outu-bro/07 a julho/ 2010, proporcionando: 204.584 terapias, 400cirurgias e 7.465 aulas. Outro aspecto positivo destacadopelo Itaú é o engajamento na causa pela força de venda.Como a AACD atua em diversas regiões do País, o projetotem abrangência nacional. l

• BB Ourocap pratocina a escolinha de volei na praia deCopacabana, um projeto destinado aos alunos de uma esc olamunicipal do bairro

V Arquivo BB Ourocap

32_33_Capitalização.qxd:Layout 1 12/22/10 8:34 PM Page 2

Page 34: 03 sumario.qxd:Layout 1

AZIZ FILHO

Quando o Banco Central detectou a dife-rença de R$ 2,5 bilhões entre o mundoreal e o balanço do Banco Panamerica-

no, o sinal amarelo se acendeu no mercadosegurador. As atenções se voltaram para umsegmento pródigo, com crescimento de maisde 30% ao ano: o de seguro de responsabili-dade civil do executivo, o D&O (Directorsand Officers). É o seguro que empresas e ins-tituições contratam para proteger diretores econselheiros de prejuízos decorrentes de deci-sões corporativas.

Os diretores do Panamericano acusadosde maquiar os balanços foram demitidos epodem ser condenados com base na Lei doColarinho Branco. Em casos assim, o seguroD&O poderia ser acionado para ressarci-losdas despesas processuais e multas que sejamcondenados a pagar?

A pergunta pode ser formulada em ter-mos de mais fácil compreensão. Se o portador

de uma doença terminal nega o fato ao con-tratar um seguro por morte natural, ele deveser pago em caso de sinistro? A comparação édo coordenador do grupo de estudos sobreD&O da FenSeg, Leandro Martinez, gerentede Linhas Financeiras da Chubb, com 12% domercado de D&O no Brasil. “A matéria-primado seguro é o risco, a incerteza sobre a ocor-rência futura de um fato. Sem risco, não háseguro”, conclui.

Contrato defeituoso Todo contrato pressupõe que as partes

agem de boa fé, sem falsear informações sobrea saúde ou o balanço contábil de uma empresa.“Se a empresa sabe que as suas demonstraçõesnão são reais e podem dar ensejo a reclamações,a situação se materializa e deixa de haver o ris-co”, explica Martinez. “No caso de o contratonascer defeituoso, a seguradora pode negar aindenização”. O artigo 766 do Código Civil éespecífico: “Se o segurado (…) fizer declaraçõesinexatas (…) perderá o direito à garantia”.

34 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

Cobertura protege diretores e conselheiros de prejuízos decorrentes de decisões corporativas

• Leandro Martinez:“Se a empresa sabeque as suasdemonstrações nãosão reais e podem darensejo a reclamações,a situação sematerializa e deixa de haver o risco”

V Arquivo Chubb

EXECUTIVOS

Seguro D&O ganha destaquecom crise no Panamericano

34_35_executivos.qxd:Layout 1 12/22/10 8:36 PM Page 1

Page 35: 03 sumario.qxd:Layout 1

35 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

• Vinicius Jorge:“Desde que aconteceuisso (a crise noPanamericano),temos recebidomuitas ligações depessoas querendoentender ofuncionamento doseguro”

V Arquivo Zurich

Casos como o do Panamericano aumen-tam o interesse em torno do D&O, que geroupouco mais de R$ 100 milhões de prêmios noBrasil de janeiro a setembro, com indeniza-ções de R$ 30 milhões, segundo Vinicius Jor-ge, gerente de Linhas Financeiras da Zurich.“Desde que aconteceu isso, temos recebidomuitas ligações de pessoas querendo entendero funcionamento do seguro”, relata. O seguroé contratado pela empresa em benefício deseus executivos. Paga advogados, despesasjudiciais e indenizações às quais o dirigente écondenado. O Panamericano recebeu recente-mente uma multa do Ministério da Justiça deR$ 532 mil por ter enviado cartões de créditoa clientes que não os haviam solicitado.

Nos Estados Unidos, onde há mais cultu-ra de litígio, o produto chegou a 95% dasempresas, com US$ 20 bilhões em prêmiospor ano, segundo Martinez, mas no Brasil só5% providenciam essa proteção. O potencialde crescimento é ainda maior em função dasobras de infraestrutura no País, que atraemempresas de fora, com mais tradição em D&O.

Direitos dos acionistas Essa cultura, na avaliação de Martinez,

“começa a se firmar” no rastro do fortaleci-mento de órgãos como a CVM (Comissão deValores Mobiliários), da aplicação do CódigoCivil, em função da “desconsideração da per-sonalidade jurídica”, e da consciência de acio-nistas sobre seus direitos. Foi o que aconteceuno processo contra diretores da Aracruz Celu-lose, acusados de gerar prejuízos de mais deUS$ 1 bilhão. Acionistas também acionaramdirigentes da Sadia.

Os segurados integram a diretoria, os con-selhos ou gerências executivas, dependendo daorganização da empresa. Vinicius Jorge apontaos quatro principais riscos. O primeiro seria odas responsabilidades comerciais com tercei-ros, como credores, fornecedores e bancos. Osegundo, a responsabilidade em processos tra-balhistas e de ordem previdenciária. O tercei-ro grupo é o das ações privadas, decorrentesde serviços ou produtos da empresa. O Códigode Defesa do Consumidor destaca a responsa-bilidade do administrador e, por isso, a Justiçapode determinar que o prejuízo seja reparado

com o patrimônio pessoal. O outro caso é odos processos administrativos, muito comunsnas empresas de atividade financeira ou comações em bolsa.

A cobertura depende do contrato e ovalor da indenização depende do capital prote-gido. Por ser um seguro coletivo, os diretoresficam amparados pelo mesmo capital. Se umdeles consome todo o valor da apólice, ela seesgota. Os capitais contratados, segundo Vini-cius Jorge, variam de R$ 1 milhão a R$ 200milhões.

Rigor na fiscalizaçãoQuanto maior o risco, maior o prêmio.

Empresas com ações em bolsa, por exemplo,têm um risco considerável decorrente do rigorna fiscalização, que resultam em multas e aténa inabilitação para exercer cargo diretivo.Empresas do setor financeiro contam com o“risco” Banco Central, que pode interditar osbens e as contas bancárias dos gestores. Corre-toras de valores e as próprias seguradoras inte-gram o time dos mais expostos.

Já os executivos de indústrias ficam cadavez mais vulneráveis em função das normas deproteção do meio ambiente. O fortalecimentodo Ministério Público e dos tribunais de con-tas, além da imprensa, torna o seguro D&Ouma proteção cada vez mais importante para osgestores do setor público. “Mudanças de gover-no às vezes geram apurações de contas, um ris-co para o administrador”, lembra Vinicius.

O executivo cita balanços da Susep paraafirmar que o D&O é um excelente negóciopara as seguradoras: R$ 30 milhões de indeni-zações e R$ 100 milhões de prêmios em novemeses. O D&O é comercializado em mais decem países. Cada vez mais se torna um atrati-vo na disputa pelos executivos. O prêmio variamuito, mas, para se ter uma ideia, uma empre-sa de médio porte, com R$ 150 milhões defaturamento, pode contratar um capital de R$1 milhão pagando R$ 3 mil por ano.

Uma vez contratado, a data que contapara a cobertura é a da reclamação contra oexecutivo segurado. A partir do momento emque o segurado encaminha a notificação àseguradora, passa a ter o direito à cobertura,mesmo que o processo demore muitos anos.l

34_35_executivos.qxd:Layout 1 12/22/10 8:36 PM Page 2

Page 36: 03 sumario.qxd:Layout 1

36 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

Novo consumidor exigiráinvestimentos em tecnologia

• Na mesa dedebates do evento,os congressistasWladimir Chinchio,Roberto Ciccone,Viriato Leão,Luciano Snel e LuisEduardo Maida

VAGNER RICARDO

ATecnologia da Informação é uma alia-da de primeira hora do mercado segu-rador em seu projeto de atender – por

meio de uma grande plataforma – a todas asgerações de clientes. Se as soluções atuaissão capazes de garantir interação e acessoaos serviços à chamada geração X (pessoasnascidas entre 1965 e 1981), já enfrentamalgum gargalo para atender à geração Y(aqueles que nasceram entre 1982 e 1993) eprovavelmente estarão totalmente desatuali-zadas para fazer negócios com os consumi-dores da geração Z (jovens com menos de 16anos), que exige uma comunicação integral-mente digital. Mas há muitos tutores interes-sados em fazer, junto com o mercado, o

dever de casa na área da tecnologia e ajudaras seguradoras a alcançar o futuro.

Esta talvez seja a principal mensagememanada do Insurance Service Meeting,encontro anual de três dias promovido pelaCNSeg, em novembro, para avaliar as tendên-cias e serviços da área da TI aplicada ao setorde seguros. O evento, que reuniu cerca de 300participantes, em Angra dos Reis, exortou asempresas de TI a anteciparem os serviços queserão criados para atender a esse consumidor– mais consciente e crítico em relação à qua-lidade dos serviços.

Sintonia fina O consenso entre especialistas é de que o

consumidor da geração Z exigirá cuidadosredobrados e sintonia fina dos players do setor

SERVIÇOS

Os jovens da geração Z priorizam a comunicação digital eantecipam a tendência dos negócios no futuro

“O fato é que as tecnologias,especialmenteaquelasfundamentadasna internet,podem ter um papel-chave natransformaçãoda indústria de seguros”Viriato Leão

VFo

tos:

Ped

ro M

ena

36_37_Serviços.qxd:Layout 1 12/22/10 8:38 PM Page 1

Page 37: 03 sumario.qxd:Layout 1

37 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

de seguros. Afinal, a seguradora do futuro, ras-cunhada pelo diretor da Vayon Insurance Solu-tion, Wladimir Chinchio, terá de oferecer cadavez mais serviços, como call center instrumen-tado que possa ser ativado por SMS, MSN,redes sociais, chat e o tradicional e-mail.

Além de ações básicas, como a obtençãoda 2ª via de apólices ou a comunicação desinistros, os segurados do futuro vão quereracompanhar eletronicamente a liquidação,receber lembretes de pagamento ou comunica-ção de sua falta, fazer cotações e realizar osmais tradicionais procedimentos por seu com-putador. Na área de distribuição, os corretoresserão chamados a participar desta revoluçãoda tecnologia, acoplando consultoria virtualon-line (chat, webvideo, entre outros) e fazen-do parte de rede social privada para ter aces-so ao CRM social.

Antes das estratégias para o futuro, serápreciso voltar os olhos para uma ação de cur-to prazo, o que significa mirar os consumido-res da geração Y. Entre os desafios, é precisoter em conta que eles consideram o seguro ain-da complexo e podem não compreender anecessidade de proteção contra o risco. Nãochega a ser uma má notícia, porque o merca-do tem a oportunidade de oferecer a eles edu-cação e aconselhamento sobre os riscos e anecessidade de proteção financeira, lembraViriato Leão, da eBao Tech.

Novos hábitos Entretanto, para se relacionar com esta

geração, acrescenta Wladimir Chinchio, ébom ter em conta que eles formam um mer-cado numeroso (38 milhões de pessoas) e sãousuários intensivos de tecnologia (91,6%usam internet, 94% têm celular e 87% pos-suem perfil em redes sociais) – o que signifi-ca que as ações das seguradoras precisamconsiderar os novos hábitos voltados para acomunicação instantânea.

Nessa marcha, todos os canais, como cor-retores, call center e site da empresa, precisamser adaptados para acompanhar as inovaçõesesperadas no atendimento a esse consumidor,que é mais exigente, procura preços mais aces-síveis e de boa qualidade, está envolvido comações do Terceiro Setor e tem consciente daimportância do meio ambiente. “O fato é que

as tecnologias, especialmente aquelas funda-mentadas na internet, podem ter um papel-chave na transformação da indústria de segu-ros”, afirma Viriato Leão.

Ao fazer a abertura do “Insurance Servi-ce Meeting 2010’’, o vice-presidente daCNSeg, Patrick Larragoiti, deixou claro que omercado precisará de uma participação ativados prestadores de serviços. “As seguradorasnão têm capacidade de executar todas as ativi-dades de apoio, que devem estar a cargo deprofissionais especializados”.

Serviços de apoio A primeira ação foi o lançamento do

protótipo do Cadastro de Prestadores deServiços de Apoio ao Mercado de Seguros(CPSA) principalmente de empresas de Tec-nologia da Informação (TI). O cadastro vaidisponibilizar ao público informações sobreprestadores de serviços de apoio com expe-riência ou conhecimento no mercado deseguros. Entenda-se por “serviços de apoio”aqueles não relacionados diretamente aonegócio e sim às áreas que apoiam o negó-cio, como escritórios de advocacia, empre-sas de TI, auditorias, entre outras.

Em contrapartida, estão excluídos sindi-cantes, vistoriadores prévios, estabelecimen-tos de saúde e oficinas mecânicas, por exem-plo. O CPSA poderá ser acessado eletronica-mente por seguradoras, entidades de previ-dência privada, operadoras de saúde e de pla-nos de capitalização, informa o superinten-dente geral da Central de Serviços da CNSeg,Julio Avellar.

Para a advogada Angélica Carlini, háuma série de desafios à espreita do mercadoneste século 21, cuja sociedade é caracteriza-da pelo uso intensivo de tecnologia e consu-mo excessivo. Para ela, o dever de casa dasseguradoras é longo: proteger o consumidor,fornecer informações claras úteis para oconsumidor, de forma simples e eficiente;educar o consumidor para compreender queele faz parte de uma mutualidade; criar polí-ticas de armazenamento e divulgação dedados que respeitem o direito à privacidadee impulsionem a livre concorrência e, porfim, "ser feliz em uma sociedade de risco ede hiperconsumo”.l

• PatrickLarragoiti: “Asseguradoras nãotêm capacidade deexecutar todas asatividades deapoio, que devemestar a cargo deprofissionaisespecializados”

• Julio Avellar: “OCPSA poderá seracessadoeletronicamentepor seguradoras,entidades deprevidênciaprivada,operadoras desaúde e de planosde capitalização”

36_37_Serviços.qxd:Layout 1 12/22/10 8:38 PM Page 2

Page 38: 03 sumario.qxd:Layout 1

38 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

FUNENSEG

FABÍOLA FRANÇA

Oportal “Tudo sobre Seguros” disponibili-za informações do mercado com o obje-tivo de ajudar o público a compreender

seus aspectos mais importantes. Há um ano noar, o portal já contabiliza um número expressivode acessos a cada mês – foram mais de 60 milem novembro – e mantém uma equipe perma-nente, além de um grupo de profissionais tercei-rizados. Nesta entrevista à Revista de Seguros, oprofessor Lauro Faria, Assessor da DiretoriaExecutiva da Escola Nacional de Seguros e coor-denador do projeto, fala dos resultados obtidos.

Quais são as dúvidas mais comuns dosusuários?

São as que se referem às apólices maisnegociadas, ou seja, a problemas e/ou incom-preensões sobre os seguros de automóveis, saú-de e vida, incluindo a previdência complemen-tar aberta. Mas há dúvidas diversas sobre todosos ramos, até sobre os produtos menos procura-dos, como os de obras de arte, roubo de identi-dade e seguros contratados no exterior.

O portal oferece interatividade com osusuários? Há uma equipe formada especifica-mente para atender a esta demanda?

A interatividade se dá por meio de duasjanelas: “Fale conosco” e “Pergunte ao especia-lista”. A equipe que trabalha permanentementeno portal é que responde às perguntas, mas nasquestões mais complexas pedimos o auxílio detécnicos do mercado. Atualmente, estamosmontando um “pool” de especialistas externosque, em breve, se encarregarão dessa tarefa e darevisão periódica do conteúdo do portal.

Quais são as solicitações mais comuns dasempresas que costumam acessar as informa-ções do portal? Que áreas são mais visitadas?

Há uma boa procura por informações,inclusive de corretoras de seguros. No caso deempresas de fora do mercado, geralmente sãoindústrias de pequeno e médio portes e do setor

de serviços. As páginas mais acessadas têm sidoa homepage, as seções sobre seguro de Automó-veis e de Vida, a seção “Estar seguro” (que con-tém uma explicação dos mecanismos básicos domercado), a seção sobre Estudos e Pesquisas e aseção “O seguro cobre?”, além das “Perguntasmais freqüentes” e do Glossário.

Há dados estatísticos sobre acessos, con-sultas e demandas atendidas pelo portal?

Acompanhamos diariamente o número devisitas e de páginas visitadas etc., por meio doGoogle Analytics. O portal foi lançado na vira-da de 2009 para 2010 e o número de visitas temcrescido consistentemente: passou de 3.961 emfevereiro para 60.739 em novembro passado.

Com quantos colaboradores o portal con-ta? Qual a frequência de publicação dos arti-gos e análises?

O portal conta com uma equipe perma-nente de cinco pessoas efetivas na EscolaNacional de Seguros e uma equipe terceiriza-da de 15 profissionais, entre colaboradorestécnicos do mercado, pessoal de informática,revisores de texto etc. Temos publicado textoscurtos a cada semana na seção “O segurocobre?”. Os textos mais longos e que deman-dam mais pesquisa são atualizados a cada doismeses, em média.

O Rio de Janeiro será palco de dois gran-des eventos esportivos, Copa e Olimpíadas.Como o portal pode ajudar o mercado de segu-ros a se preparar para atender às demandas quevirão destes eventos?

O portal pode e deve ajudar de duas for-mas: primeiro, continuando o trabalho deesclarecimento dos consumidores sobre aimportância do mercado de seguros para aeconomia brasileira em geral e, segundo,informando periodicamente sobre a importân-cia da indústria de seguros para esses eventosem particular. Em breve, deveremos publicaruma matéria extensa sobre os seguros na Copado Mundo de 2014.l

Portal esclarece dúvidas sobrefuncionamento do mercado

• Lauro Faria: "O portal vai publicarem breve umamatéria extensasobre os seguros na Copa do Mundo de 2014"

V Arquivo Funenseg

“Há dúvidasdiversas sobretodos osramos, atésobre osprodutosmenosprocurados,como os deobras de arte,roubo deidentidade eseguroscontratados noexterior”

38_39_Funenseg _artigo juridico.qxd:Layout 1 12/22/10 8:41 PM Page 1

Page 39: 03 sumario.qxd:Layout 1

Oaniversário de 20 anos do Código de Defesa do Con-sumidor (CDC) foi largamente comemorado portodos os segmentos – quer sejam públicos ou priva-

dos. As ações e manifestações reforçando a consolidação dosditames do Código e, mais ainda, as propostas de comple-mentações e seu aperfeiçoamento multiplicaram-se ao longodo ano, culminando com a criação, em dezembro, de umaComissão Especial para a sua revisão.

A comissão presidida pelo ministro Her-man Benjamin e formada por grandes nomescomo o das Profª. Dra. Ada Pellegrini e Clau-dia Lima Marques, o procurador-diretor doProcon de São Paulo Dr. Roberto Pfeiffer e opromotor Leonardo Bessa, ex-presidente doBrasilcon deverá rever todo o CDC. Entre osprincipais assuntos, estarão o crédito ao con-sumidor e seu superendividamento e ocomércio eletrônico.

O trabalho monumental certamente iráse inspirar nas jurisprudências dos últimosanos e dará atenção especial a áreas estratégi-cas e sensíveis, como contratos de adesão,bancos de dados, telefonia móvel, cartões decrédito e vícios de produtos e serviços comocelulares e banda larga de internet.

A revisão vai ocorrer em um momentode maior maturidade nas relações entre consumidores e for-necedores. O antagonismo que marcou, sobretudo, a primei-ra década, vem ao longo dos últimos anos cedendo espaço àbusca de conciliação de interesses para obter os melhoresresultados. Contribuiu para tanto o acirramento da livre con-corrência, que impôs maior preocupação com a qualidade ea forma de oferecer produtos e serviços.

Não seria exagero, portanto, afirmar que o momentoque vivemos é de construção de maior harmonia nas rela-ções entre fornecedores e consumidores, apontando para umperíodo em que os conflitos começam a dar lugar à solida-

riedade contratual e à colaboração mútua de fornecedores econsumidores, em especial nos contratos mais complexos eque se prolongam no tempo.

A mudança de perspectiva, do conflito para a colabora-ção, vem em resposta às necessidades do momento atual, emque cada vez é mais importante aparar arestas e afastar con-frontos nas relações socioeconômicas. Não fazê-lo provoca,

no mínimo, desperdício de tempo, de energiacriativa e de concretização de possibilidades.

A amplitude dos deveres e direitossociais que permeiam cada vez mais as rela-ções desenvolvidas na sociedade contemporâ-nea impõe cuidados e objetividade no tratodos aspectos sensíveis. E é neste cenário que,não por acaso, temos em discussão, emaudiência pública de acesso eletrônico o ante-projeto de lei do Ministério da Justiça, visan-do regulamentar o uso de dados pessoais esuas formas de proteção.

Também aprovado recentemente noLegislativo e aguardando sanção do Executi-vo está o Projeto de Lei do Senado nº 263,de 2004, que cria o cadastro positivo dedados para beneficiar os consumidores quepagam em dia seus compromissos de crédi-to. O uso intensivo da tecnologia é a marca

de maior impacto nos vários aspectos da atualidade e osriscos de exposição e invasão de privacidade dela decor-rentes se fazem sentir em todos os segmentos sociais.

A revisão do Código de Defesa do Consumidor ébem-vinda para que esse importante instrumento legalnão se torne obsoleto e continue protegendo não só o con-sumidor de hoje, mas também o de amanhã. E será tãomais bem-vinda e eficaz quanto mais amplo venha a sero debate e contínuo, o diálogo, entre os segmentos dasociedade, os autores do anteprojeto e, no momentoseguinte, o Legislativo.l

ARTIGO JURÍDICO | GLORIA FARIA

O consumidor ontem,hoje e amanhã

GLORIA FARIA - Superintendente Jurídica da CNSeg

VAr

quiv

o Pe

ssoa

l

39 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

1 Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor.

O trabalhomonumental derevisão do CDC

certamente irá seinspirar nas

jurisprudênciasdos últimos anos

e dará atençãoespecial a áreasestratégicas e

sensíveis

A revisão do Código vai ocorrer nummomento de maturidade nas relações entreconsumidores e fornecedores

38_39_Funenseg _artigo juridico.qxd:Layout 1 12/22/10 8:41 PM Page 2

Page 40: 03 sumario.qxd:Layout 1

Ocrime cibernético está cada vez mais voltado paraum controle não autorizado do sistema operacionalde um computador – ou seja, qualquer dispositivo

eletrônico em equipamentos de TI, carros, aeronaves, usi-nas nucleares ou simplesmente aparelhos inteligentes. Aenorme variedade de aplicativos não simplifica a tarefa decombater crime cibernético pelas autoridades governamen-tais e pessoas jurídicas.

A Comissão Europeia propôs uma nova diretriz parapunir com mais rigor ataques em sistemas de informação,que menciona redes zumbis(botnets) como um perigopotencial e propõe a criaçãode um sistema para identifi-car as fontes de ataques ciber-néticos. Quer também moder-nizar e fortalecer a AgênciaEuropeia de Segurança deRede e Informação (Enisa),criada em 2004, que no futu-ro facilitará a cooperaçãoentre as varas jurídicas e aindústria de TI.

Em outubro passado, aministra do Interior, TherezaMay, chamou a atenção parao fato de a Inglaterra estar sobuma crescente ameaça de crime cibernético. “O país pre-cisa ter maior capacidade para nos proteger, não somentede ataques cibernéticos contra o governo, mas contra pes-soas físicas e jurídicas”, declarou o ministro das RelaçõesExteriores, William Hague.

As vítimas de lides cibernéticas mais vulneráveis emenos protegidas podem ser as pessoas físicas – um caso,em geral subestimado, de proteção do consumidor. A

exposição a software com defeito e a ausência de procedi-mentos de segurança e de responsabilidade civil têm leva-do a situações absurdas. Vide as recentes medidas enérgi-cas tomadas, em uma ação conjunta, pelas forças policiaiseuropeias, com base exclusivamente nos endereços de IP.Devido a uma falha no software, um provedor informouum endereço de IP errado à polícia , que prendeu uma pes-soa inocente.

Atualmente não há obrigação de verificar o endereçode IP de um acusado antes de sua prisão, e não há ressar-

cimento financeiro para pri-sões ilegais por crimes ciber-néticos. O acusado teve queprovar sua inocência, o quenão deixa de ser complicadopelo fato de não haver provadocumental em TI.

Outro perigo é o uso deaplicativos de TI para promo-ver venda de carros novos. Emum mundo de equipamentoscada vez mais interligados, ainterface motorista-carro tor-nou-se uma ferramenta siner-gética de marketing e vendas.Esta integração e conexidadetêm como contrapartida a

exposição de um veículo e seu motorista ao risco de hac-kers e vírus, além de distrair a atenção do motorista.

Novas medidas (de segurança) apresentam novos ris-cos potenciais. Deve então a análise do risco-benefício serobrigatória para limitar a responsabilidade civil de produ-tos dos fabricantes em situações em que o progresso técni-co é explorado pelo marketing, a fim de evitar perdas pormeio de abusos de progresso?l

ASSOCIAÇÃO DE GENEBRA | CHRISTOPHE COURBAGE

A mão invisível e malintencionada nas redes de computador

CHRISTOPHE COURBAGE - Chefe de Pesquisa, Saúde e Envelhecimento e Estudos Econômicos do Seguro

VAr

quiv

o Pe

ssoa

l

40 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

1 Endereço de um Protocolo de Internet (endereço de IP) é um código numérico atribuído a qualquer dispositivo participando de uma rede de computador que utilize a Internet.

2 “Sie sind verhafted”, Neue Zürccher Zeitung, 23 de outubro de 2010, página 19.

40_41genebra-biblioteca-opiniao.qxd:Layout 1 12/22/10 8:53 PM Page 1

Page 41: 03 sumario.qxd:Layout 1

41 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

BIBLIOTECA | GUILHERME DE FREITAS LEITE

“Empresas com conhecimento profun-do em TI são 20% mais lucrativas”.Esta é a mensagem central apresen-

tada por Peter Weill e Jeanne W. Ross na obra“Conhecimento em TI, o que os executivos pre-cisam saber para conduzir com sucesso TI emsuas empresas”. Diante desta categórica afirma-ção, parece óbvio que executivos estejam bus-cando o conhecimento em Tecnologia da Infor-mação (TI) como forma de alavancar seuslucros – mas as pesquisas mostram uma reali-dade diferente. Altos executivos tendem a cen-tralizar as responsabilidades em seu pessoal,seus orçamentos e suas estratégias. Entretanto,quando o assunto é TI, delegam essa responsa-bilidade.

Este livro esclarece e elucida o processo demudanças para criar uma nova ordem nasempresas, apontando quais são as medidasnecessárias para tornar a TI um ativo estratégico.

Peter Weill e Jeanne W. Ross incitam o lei-tor a perguntar: “O que preciso fazer de mododiferente no tocante à TI?”. Desta forma, opúblico-alvo são os gerentes e executivos quepercebem que a TI é crítica e essencial parasuas empresas e que gostariam de saber comoos grandes gestores administram a TI.

Referências no mundo da Gestão e Gover-nança de TI, os autores são diretores do Massa-chussets Institute of Technology (MIT) –Sloan's Center for Information SystemsResearch – e vêm coordenando nos últimosanos diversas pesquisas em empresas de diver-sas partes do mundo. São citados em váriasoutras obras do ramo e seus livros são referên-cias no mundo empresarial para guiar executi-vos e gerentes a entender e gerenciar a TI.

Formada por sete capítulos, a obra giraem torno de três idéias fundamentais, definidascomo as obsessões que a empresa deve ter paraconhecer a TI. Os capítulos 2 e 3 examinamcomo as empresas mudam o que está ultrapas-sado, começando com um modelo claro e com-partilhado do papel da TI e terminando com omodelo de financiamento de TI, pois o dinhei-ro é o denominador comum nas empresas.

Os capítulos 4 e 5 descrevem o árduo tra-balho de desenvolver a plataforma digitalizada.O capítulo 6 descreve o processo de extrairvalor da plataforma ao discutir como as empre-sas com conhecimento em TI agilizam os negó-cios e introduzem inovações. O capítulo 7 ofe-rece opções para aumentar o valor que aempresa obtém com a TI, tanto no curto quan-to no longo prazo.

Se você ou sua empresa entender que, dealguma forma, não conhecem satisfatoriamentede TI num nível gerencial, esta obra o ajudaráa reforçar sua posição e fazer ajustes de estraté-gia. No entanto, se você costuma delegar asdecisões de TI aos técnicos, este livro poderálhe dar o motivo que faltava para assumir a res-ponsabilidade sobre TI. Caso contrário, você esua empresa ficarão para trás. l

Este livro esclarece e elucida o processo demudança para criar uma nova ordem nas empresas

A importância da TI nomundo dos negócios

VAr

quiv

o P

esso

al

GUILHERME DE FREITAS LEITE – Gerente de Projetos na Volvo Financial Services.

‹ “CONHECIMENTOEM TI – O QUE OSEXECUTIVOSPRECISAM SABERPARA CONDUZIR COMSUCESSO TI EM SUASEMPRESAS”

EDIÇÃO: Do original“What top executivesmust know to go frompain to gain”M.Books 162 p.

"Altos executivos tendema centralizar asresponsabilidadesem seu pessoal. Entretanto,quando o assunto é TI,delegam essaresponsabilidade"

40_41genebra-biblioteca-opiniao.qxd:Layout 1 12/22/10 8:53 PM Page 2

Page 42: 03 sumario.qxd:Layout 1

Futurologia é assunto arriscado, mas dizer que 2011tem tudo para ser um grande ano para a atividadeseguradora não é futurologia – é bom senso. Não

há como não ser e por uma razão é simples: em 2010 oBrasil cresceu a taxas bastante elevadas e reduzir o ritmode uma economia do tamanho da nossa não é tarefa fácile muito menos rápida.

Quer dizer, o País continuará a crescer ao longo doano que vem. Independentemente de a crise internacionalafetar nossas exportações e de alguns setores industriaissofrerem forte concorrência de produtos importados, nãohá como derrubar uma taxa decrescimento que gira em torno de7% ao ano para algo próximo dezero, ao longo de 2011.

Além disso, o ano novo vaimarcar o início de uma série deprojetos indispensáveis para oPaís cumprir seus compromis-sos internacionais e dar início aobras de infraestrutura essen-ciais para a manutenção do cres-cimento de forma sustentável.

Como se não bastasse, aindústria automobilística e a daconstrução civil estão aqueci-das em função da oferta delinhas de crédito de longo pra-zo, inclusive e especialmentepara as classes C e D.

Neste cenário, o setor deseguros não tem do que se quei-xar. Prova disso é o resultado daatividade em 2010. Mas há mais.Ao longo de 2011 o microssegurodeve se tornar realidade, abrindo o universo das classesmenos favorecidas da população, até agora marginaliza-das, que passam a contar com a disponibilidade de pro-

dutos desenhados sob medida para suas necessidades,por um preço compatível.

Com a abertura do resseguro, o Brasil tornou-secampo fértil para este tipo de operação. Quase cem res-seguradoras estão habilitadas a operar no País. A concor-rência entre elas é a melhor ferramenta para que as segu-radoras recebam tecnologia e capacidade para desenvol-ver apólices modernas, mais afinadas com as necessida-des da população. Por conta disso, em pouco tempo, écerto que surgirão novas coberturas para os riscos doagronegócio, de modo a fazer frente aos riscos decorren-

tes das mudanças climáticas eproteger responsabilidades dasmais diferentes naturezas.

Mas se 2011 tem tudo paraser mais um ano de crescimentopara o setor, é preciso se ter cla-ro que a atividade está cada diamais sofisticada – ou seja, nãohá mais espaço para amadoresou para ‘jeitinhos’. Quem quiseracompanhar o ritmo do mercadotem que ter foco, conhecimento,produtos e, acima de tudo, umcorpo de funcionários e colabo-radores preparados para atuarnum cenário de forte concorrên-cia, com riscos novos ou poucoconhecidos e novos modelos dedistribuição das apólices.

Cada um tem que saber seulugar e como atuar dentro dele.Não adianta mais atirar paratodos os lados. As empresas têmque saber exatamente o que

querem e usar as melhores práticas para atingir seusobjetivos – considerando sempre que o segurado é o reie, portanto, deve ficar satisfeito.l

42 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 - Revista de Seguros - nº 875

OPINIÃO | ANTONIO PENTEADO MENDONÇA

2011 pode ser um grande ano

ANTONIO PENTEADO MENDONÇA - Jornalista e especialista em seguros e previdência

Todas as previsões são do crescimento da economia, e com o mercado de seguros não será diferente

Quem quiser acompanhar oritmo do mercado tem queter foco, conhecimento,produtos e, acima de tudo,um corpo de funcionários ecolaboradores preparados

VAr

quiv

o P

esso

al

40_41genebra-biblioteca-opiniao.qxd:Layout 1 12/22/10 8:53 PM Page 3

Page 43: 03 sumario.qxd:Layout 1

40_41genebra-biblioteca-opiniao.qxd:Layout 1 12/22/10 8:53 PM Page 4

Page 44: 03 sumario.qxd:Layout 1

40_41genebra-biblioteca-opiniao.qxd:Layout 1 12/22/10 8:53 PM Page 5