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N o 137 Ano 13 Julho/2008 JORNAL DA ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO PRODERJ – ASCPDERJ http://ascpderj.sites.uol.com.br Mais de 2 mil servidores públicos estaduais juntaram suas forças e realizaram grande manifestação para cobrar do governo o fim de treze anos de congelamento nos salários e dizer não ao desmonte dos serviços públicos no Rio de A FORÇA DA UNIDADE A FORÇA DA UNIDADE Janeiro. A passeata saiu do Largo do Machado e foi até o Palácio Guanabara. Novas reuniões do Movimento unificado preparam outra mobilizações do funcionalismo. Págs 4 e 5. Finalmente! Saiu a homologação do concurso (pág 3)

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No 137 Ano 13 Julho/2008JORNAL DA ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO PRODERJ – ASCPDERJhttp://ascpderj.sites.uol.com.br

Mais de 2 mil servidores públicos estaduais juntaram suasforças e realizaram grande manifestação para cobrar dogoverno o fim de treze anos de congelamento nos saláriose dizer não ao desmonte dos serviços públicos no Rio de

A FORÇA DA UNIDADEA FORÇA DA UNIDADE

Janeiro. A passeata saiu do Largo do Machado e foi até oPalácio Guanabara.Novas reuniões do Movimento unificado preparam outra

mobilizações do funcionalismo. Págs 4 e 5.

Finalmente!Saiu a homologaçãodo concurso (pág 3)

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J O R N A L D A A S S O C I A Ç Ã O D O S S E R V I D O R E S D O P R O D E R J ••••• Julho/2008 • • • • • 32 ••••• Julho/2008 ••••• J O R N A L D A A S S O C I A Ç Ã O D O S S E R V I D O R E S D O P R O D E R J

Resgate da luta dos servidores do Proderj

PRODERJ

Jornal da ASCPDERJ

Associação dos Servidoresdo Centro de Processamento

de Dados do Estado doRio de Janeiro

R. São Francisco Xavier, 524/ 2ºand. Maracanã – CEP 20.550-013Tel: 2569-5480/2568-0341

[email protected]

[email protected]

Presidente:

LEILA DOS SANTOS

1º Vice-presidente:

JOSÉ JOAQUIM P. DE C. A. NETO

2º Vice-presidente:

JÚLIO CÉSAR FAUSTINO

1º Secretário:

ELIZABETH SILVA MARTINS

2º Secretário:

ULYSSES DE MELLO FILHO

1º Tesoureiro:

MARCOS VILLELA DE CASTRO

Responsável pela Sede Praiana(Saquarema):

JOSÉ JOAQUIM PIRES NETO (KIKO)

Redação e Edição:

FERNANDO ALVES

DENISE MAIA

Diagramação

ESTOPIM COMUNICAÇÃO E EVENTOS

2518-7715

Ilustração:

LATUFF

Fotolitos & Impressão:

GRAFNEWS

3852-7166

Na Internet

http://ascpderj.sites.uol.com.br/

ENTIDADE DE UTILIDADE

PÚBLICA ESTADUAL

Edição fechada em:18/08/2008

Editorial

Expediente

Mais uma grande vitória!Após inúmeras mobilizações, concursados serão chamados a ocupar seus lugares

NNNNN uma reflexão histórica da luta dos trabalhadores do Proderjé bom ressaltar, não só a experiência de luta e de nego-

ciação de quase 30 anos, mas também o período de organi-zação e consolidação da representação dos servidores.

Em plena ditadura militar, fomos capazes de criar uma en-tidade que nos deu a base de sustentação daquilo que con-quistamos ao longo destes 40 anos. Convivemos com di-versas direções que sempre aplicaram as determinaçõesde governo. Após 1980, já como autarquia, foi um momen-to da luta dos trabalhadores em que se deu a conquista daLei 1.137 (antigo Plano de Cargos) e da Lei 701, que previaum complemento salarial equiparando aos salários de mer-cado. Esse foi o período da derrubada da ditadura e a voltadas liberdades democráticas,das eleições para governador e,evidentemente, de explosão domovimento dos trabalhadoresno Brasil pelas suas reivindica-ções, abafadas durante 24anos.

Eleito o governo, estoura a pri-meira greve de processamento dedados do país, fruto de uma in-tensa mobilização em prol daaprovação da Lei 701. AASCPDERJ e os representantesdos trabalhadores são recebi-dos pelo governo e garantemsuas exigências. Daí para fren-te, a luta não parou, a organi-zação aumentou e, aos poucos,fomos dando forma a uma polí-tica que unia os interesses sa-lariais aos interesses profissio-nais e tecnológicos.

Na década de 90, início dasprivatizações em todo o Brasil, assu-me no Rio de Janeiro o governo Marce-lo Alencar, pai da prática neoliberal emnosso estado, é aprovado na Alerj, oProjeto de Desestatização e criado o Pro-grama de Exoneração Incentivada (PEI),que tanta destruição causou aos funci-onários públicos estaduais. Esta época

foi marcada por duros enfrentamentos e, mais uma vez, ostrabalhadores do Proderj demonstraram a força da sua orga-nização e a defesa intransigente de uma política de TIC volta-da para a população, dirigida pelo estado e contrária aos mes-quinhos interesses empresariais. Duas manifestações sãosignificativas deste período: a primeira greve unificada dosservidores da UERJ & Proderj e a greve dos 22 dias, contra atransferência e fragmentação das instalações do nosso CPDe a política de sucateamento da autarquia e entrega de seupatrimônio técnico, seus serviços, à iniciativa privada. Tudoisso na gestão de Frederico Novaes, que hoje ainda circulanos gabinetes governamentais...

O objetivo deste projeto neoliberal sempre foi atacar os di-reitos mais fundamentais dos trabalhadores, em especial dosservidores públicos, e transferir este rico patrimônio e as

grandes somas de dinheiro que envolve esta área de TIpara os bolsos do setor privado, dos grandes capita-listas. É daí que nasce a campanha contra a Lei 701,pela sua inconstitucionalidade e pela sua extinção.Imediatamente, os trabalhadores reagem e colocamem marcha a campanha pela aprovação de um pla-

no de cargos, percebendo que sua principal con-quista ao longo de 20 anos estava ameaçada.

Não durou muito tempo para que essa vitó-ria se desse e enterrássemos qualquer

tentativa de reduzir nossos salários e dedividir os trabalhadores. Assim, incor-

poramos a 701 e garantimos umaaposentadoria sem atropelos. Asgreves, manifestações e passea-tas fizeram parte deste período,

pois estes são os verdadeiros ins-trumentos dos trabalhadores.

Neste momento em que o PRODERJcompleta seus 40 anos vivemos asmesmas e outras dificuldades e ten-tativas de fragmentação e desvalori-zação daqueles que verdadeiramen-te construíram e mantêm seus ser-viços mesmo com seus salários con-gelados por mais de 12 anos. Masos servidores vão continuar na sualuta por um PRODERJ grande cum-prindo seu papel na sociedade.

UUUUU ma longa e vitoriosa batalha é o que significoufinalmente a homologação do Concurso Público para contratação de novos profissionais para

o Proderj. Fruto de uma árdua luta e imprescindível rei-vindicação para renovação e preenchimento do quadrode pessoal da Autarquia, tendo como preocupação nãoasfixiar o Proderj. Essa conquista foi uma vitória da lutados servidores que garantiram a realização do Concur-so Público, através da aprovação do Plano de Cargos.Foi a partir da aprovação do Plano de Cargos, que esta-

beleceu como uma das medidas manter por completoos quadros de pessoal do Proderj, que os trabalhadorespuderam cobrar a realização de um con-curso, já que a tendência dos quadrostécnicos da autarquia estimava a aposen-tadoria de centenas de profissionais qua-lificados e experientes e a não realizaçãode concurso para renovação do quadrode pessoal põe em risco a continuidadedos servi;cós executados pelo Proderj.O Plano de Cargos foi aprovado em 13

de maio de 2002, e o concurso aconte-ceu em outubro do mesmo ano.

“Água mole em pedra dura...”Desde então, a diretoria da ASCPDERJ

não se cansou em lutar pela homologa-ção e convocação dos trabalhadoresconcursados, colocando como item depauta das seguidas campanhas salariaisque se sucederam nesse período. Foi gra-ças à persistência, à luta e às cobrançasnas mesas de negociações que finalmen-te a homologação aconteceu.Num período de intensas mobilizações,

como por exemplo, assembléias sema-

nais na porta do Banerjão, manifestações, audiênci-as públicas, a greve de junho de 2005, denúncia aoMinistério Público Estadual, ato na porta do PalácioGuanabara, entre outras medidas, forçou a direção doProderj a resolver essa questão.

A situação do futuro da autarquia é tão grave no qua-dro de pessoal, que no ano passado a diretoria da As-sociação conseguiu realizar, na Assembléia Legislativa,três Audiências Públicas para debater vários temasenvolvendo a situação especifica do Proderj. Entre elesestava a questão da homologação do concurso públi-co. Todas as movimentações realizadas pela ASCPDERJdeixaram claro de que o não atendimento a esse item

Folha de Pagamento ameaçada!Conforme publicamos na edição do jornal Divulgando de março de 2008, enegada pelo presidente Paulo Coelho, a ameaça de retirada do sistema daFolha de Pagamento do Proderj com a sua terceirização, agora poderá serconcretizada.

A Seplag (Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão) deverá abrirlicitação para o sistema da Folha de pagamento.

Com isso, o Proderj deverá ser mais uma vez perderá um serviço. Isso,depois de ter retirado da Autarquia, os sistemas de Cadastro Civil e o deArrecadação do ICMS.

Uma medida desnecessária, já que o Estado deixará o controle de mais umserviço para o setor privado da área de informação. Ao invés de investir emsaúde, educação e segurança pública, áreas críticas no estado, e que neces-sitam de investimentos.

A possível retirada do sistema da Folha de Pagamento da Autarquia fazparte da política de desmonte dos serviços públicos, que tem como base, aaplicação da Parceria Público Privada (PPP), que na verdade, desvia os recur-sos públicos, principalmente, em beneficio do setor privado.

Os trabalhadores do Proderj precisam combater mais esse ataque ao Proderje à política de Informática Pública do Estado.

de reivindicação pelos trabalhadores estava em contra-dição em relação àquilo que a direção do Proderj falavae o que ela fazia realmente. A ex-presidente e hoje Se-cretaria de Educação do Estado, Tereza Porto, nada fezpara homologar o Concurso e chamar os aprovados.Este é o primeiro item de nossa pauta de reivindica-

ções atendido pelo atual presidente Paulo Coelho. Oque significa que temos possibilidade de solucionaroutras pendências contidas em nossa pauta e cobrarda própria direção, empenho no sentido de resolvê-las. Isso só mostra que a ex-presidente Tereza Portotratou com muito descaso as nossas reivindicações,engavetou nossos pleitos e foi omissa quanto a

melhoria de condições para os traba-lhadores.Por fim, nas reuniões de negociações

realizadas com a direção do Proderj, nosmeses de fevereiro e abril desse ano, adiretoria da ASCPDERJ solicitou queesse item fosse resolvido independen-temente das negociações da campanhasalarial, já que a ASCPDERJ conhece econsidera preocupante o quadro comexpectativa de aposentadoria daautarquia.Entretanto, não basta apenas homolo-

gar o Concurso e ficar enrolando para cha-mar os novos profissionais. É necessárioagilidade, pois o Proderj tem urgência nareposição de seu quadro de pessoal.Mais uma vez fica a lição de que so-

mente com luta é que vencemos e con-quistamos nossos direitos.A homologação do Concurso é uma pro-

va incontestável da capacidade de lutae da força dos trabalhadores.

FOTOS: VANOR CORRE IA

Leila Santos falou em nome dos trabalhadores na AlerjA Sala de Audiências da Alerj ficou lotada pelos servidores do Proderj, quando foi debatida a homologação do concurso público

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J O R N A L D A A S S O C I A Ç Ã O D O S S E R V I D O R E S D O P R O D E R J • • • • • Julho/2008SERVIDORES PÚBLICOS

FOTOS: VANOR CORRE IA

OOOOO Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais(MUSPE) vem crescendo diante

da política do governo Sérgio Cabral Fi-lho de manter os salários do funciona-lismo estadual congelados por maistempo. Seguindo seus antecessoresMarcello Alencar, Garotinho e Rosinha,esse é mais um governo que massa-cra os trabalhadores do Estado, deixan-do a situação nos setores essenciaispara a população como a saúde públi-ca, a educação e a segurança, por exem-plo, mergulhados num caos sem fim. Épor isso, que proliferam as epidemiase a violência.

O movimento unificado reúne, numaação conjunta, cerca de 30 associaçõese sindicatos classistas. Entre os objeti-vos do movimento está a denúncia dosucateamento dos serviços públicos, ocongelamento dos salários há mais de13 anos, as péssimas condições detrabalho, o déficit de profissionais emtodas as áreas e o conseqüente prejuí-zo que essa situação gera ao atendi-mento da população.

Tudo pelo poder!Para se eleger aos cargos executivos,

políticos usam sempre da má fé e dementiras para obter seus intentos. Nãofoi diferente com Sérgio Cabral, quepara conseguir sua eleição, afirmou quevalorizaria os servidores públicos esta-duais, os servidores aposentados e tra-balharia para mudar a situação da saú-de, da educação, da segurança e de-mais áreas dos serviços públicos. Atéagora nada de novo aconteceu.

A política é a mesma executada peloex-governador Marcello Alencar: des-monte e sucateamento dos serviçospúblicos. Estado Mínimo para o povoe para os trabalhadores, Estado Máxi-mo para terceirização através de em-presas privadas, que cobram o triplodo que recebe um servidor público, epara os banqueiros, que se enriquecemcobrando juros extorsivos aos deses-perados funcionários que estão há 13anos com seus salários desvaloriza-dos. Nenhum diálogo com o funciona-lismo público! Aber tura total para

Proderj tambémpresente!

Os servidores do Proderj tam-bém se somaram a essa mobili-zação, participando ativamentedas reuniões, convocadas pelada diretoria da ASCPDERJ. Nodia 13, dezenas de trabalhado-res da Autarquia se juntaram àscentenas de servidores dasmais variadas categorias do fun-cionalismo.Desde o início do movimento,

a ASCPDERJ somou seus esfor-ços nessa luta, participando daconstrução da unidade dos tra-balhadores do Estado e defen-dendo a dignidade dos serviçospúblicos e melhores condiçõesde salários e profissionais aosservidores. Além de denunciarque no setor de TIC o dinheiroestá surgindo para terceiriza-ções e gastos até hoje não fe-chados na transferência domainframe para o Serpro.Nesse período, a diretoria da

Associação não descuidou de co-brar da direção do Proderj agili-dade nas negociações da pautade reivindicações do corpo funci-onal e aguarda o agendamentode reunião para continuidade damesa de negociação, que se ar-rasta por quatro meses.

terceirizar serviços e realizar leilões,entregando o patrimônio público à ini-ciativa privada.É por essas e outras que surgem a

todo o momento não só denúncias, masfatos, como os escândalos do Mensa-lão, agenciados por Marcos Valério, eladrões como Daniel Dantas, que ficamimpunes e enriquecem apoiados porpolíticos e projetos governamentais.Nada diferente no nível estadual, poisfoi por tráfico de influência, extorsão eformação de quadrilha que o deputadoÁlvaro Lins, do PMDB, acaba de ter seumandato cassado pela Alerj.Insatisfeitos com a demagogia de

Sérgio Cabral Filho e sua política de jo-gar sobre os trabalhadores todos osproblemas herdados por sua adminis-tração, gerados pela incompetência ecorrupção, os servidores públicos do Riode Janeiro unificam suas lutas paradefender seus direitos.No dia 13 de agosto, paralisaram suas

atividades e foram à luta em passeataque saiu do Largo do Machado e foi atéo Palácio Guanabara cobrar do governa-dor que atenda suas reivindicações.

Os principais pontos da pauta unificadados servidores estaduais são: recom-posição das perdas salariais em 66%sobre o vencimento; data base em 1ºde Maio, para todas as categorias; con-tra as fundações de direito privado; con-curso público; plano de carreira paraservidores públicos; incorporação dasgratificações. Além disso, a pauta es-pecífica de cada categoria deve ser res-peitada e negociada pelo governo.

A expectativa de reunir mais de doismil manifestantes foi cumprida. Ago-ra, o movimento deve marcar novasjornadas de lutas para derrotar a polí-tica de massacre aos servidores pú-blicos do Rio de Janeiro, conquistarsuas justas reivindicações e melho-rar a qualidade dos serviços ofereci-dos à população.

Chega de descaso!Chega de descaso!

Servidores do Proderj participaram ativamente da passeata Cerca de 2 mil servidores foram às ruas exigir o fim dos salários congelados

Educação estadual parou para participar da manifestação dos servidores públicos

Protestos contra a privatização da CEDAE

Saúde compareceu em massa para exigir o fim do descaso com as unidades de atendimento à população do Estado.

Ato contra o descaso com os serviços públicos e os servidores

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J O R N A L D A A S S O C I A Ç Ã O D O S S E R V I D O R E S D O P R O D E R J ••••• Julho/2008 • • • • • 76 ••••• Julho/2008 ••••• J O R N A L D A A S S O C I A Ç Ã O D O S S E R V I D O R E S D O P R O D E R J

EspecialGeralColuna do Aposentado

40 de lutas e conquistas!Música e diversas manifestações, marcaram as comemorações pelo aniversário do Proderj

FOTOS: VANOR CORRE IA

Os desbravadores!!!Criatividade e inspiração não faltaram aos bons

e velhos trabalhadores quando o Proderj surgiu.Há 40 anos, um grupo de trabalhadores deu iní-cio a esta história de êxito e de preparação parao futuro. Se hoje conhecemos de formaabrangente e coletiva a importância da tecnolo-gia da informação em nossas vidas, através daInternet, é necessário saber que não era assimhá 40 anos.

Naqueles tempos, todos os profissionais quefundaram o CPDERJ, hoje Proderj, não sabiam enem tinham idéia de que estavam sendo prota-gonistas de um novo mundo, que aproximariaas pessoas, colocaria as informações em tem-po real, ajudaria a prestar serviços fundamen-tais para a população do Rio de Janeiro.

Os avanços tecnológicos foram acontecendogradativamente e explodiu nos anos 90, tornan-do-se uma febre a partir da entrada do novo mi-lênio. Os anos 2.000 alavancaram novas tecno-logias. O velho e enorme computador, agoracabe na palma da mão. Quem diria!

Os primeiros anos de pioneirismo e descober-tas foram compensados pelos desafios do novo.Naqueles tempos em que a Tecnologia da Infor-mação ainda era conhecida como Processamentode Dados, era utilizada apenas por empresas egovernos. Era impensável a utilização dessa fer-ramenta por milhões de pessoas e de sua capa-cidade de interação simultânea, sendo um ins-trumento fundamental na comunicação e agili-dade em todos os setores da sociedade.

O avanço tecnológico ajudou a criar uma dinâ-mica inteiramente nova à vida das pessoas.

Foram os trabalhadores hoje aposentados queajudaram a construir o Proderj.

Durante as festividades de comemoração pe-los 40 anos do Proderj, o ex-presidente daASCPDERJ, José Átila Valente, se pronunciou re-alçando o papel dos trabalhadores na constru-ção da área tecnológica do Estado e a afirmaçãodo Proderj como o principal centro de proces-samento de dados do pais, além de pioneiro, avanguarda nessa área.

Átila afirmou ainda, em nome de todos os ex-presidentes da Associação, que é preciso valori-zar os trabalhadores garantindo o atendimentodas suas reivindicações, principalmente reajus-tes salariais, pois isto representa melhores con-dições de trabalho e de vida para todos.

Depois da transferência, a vida no Serpro!No dia 2 de julho de 2008, a imprensa da Associa-

ção dos Servidores do Proderj foi ao Serpro, no Horto,averiguar o local onde os trabalhadores da área deOperação estão alocados.

A nossa surpresa foi constatar o que os servidoresda Autarquia nos haviam relatado, ou seja, as exce-lentes condições de trabalho conquistadas pelos tra-balhadores do Serpro, como ambulatório médico, re-feitório que oferece self-service, com direito a umrefresco e sobremesa, por R$ 7,10, com umanutricionista presente apta a resolver qualquer pro-blema relacionado à alimentação. A sala onde ficamos computadores com Internet, é utilizada pelos fun-cionários da limpeza, da segurança, ou qualquer ou-tro setor, nos intervalos de descanso. Além de café,água gelada (limpa), chá e biscoito, que são servi-dos durante o período de trabalho.

O transporte de ônibus e vans também fazem parteda estrutura utilizada pelos funcionários para se

locomoverem ao trabalho, já que o local é de difícilacesso.Sobre essas conquistas funcionais aqui rela-

tadas, a imprensa da ASCPDERJ e os ser vido-res do Proderj e do Serpro, os quais já mantémuma boa integração, chegaram a uma conclu-são sobre dois aspectos dessa mudança. Pri-meiro: que ela foi ruim porque, diferentementedo que Marcos Mazoni, presidente do Serpro,pretende em relação ao órgão federal, que é acentralização da empresa, o Proderj está cadavez mais dividido: na Uerj/Maracanã, Caerj/Cen-tro, Seplag e Serpro/Hor to; segundo: a cer tezade que todo trabalhador pode e deve ser respei-tado, tratado com dignidade como acontece comos trabalhadores do Serpro, onde os seus direi-tos elementares são reconhecidos pela empre-sa. Um quadro bem diferente do que existe noProderj atualmente!

AAAAA emoção deu o tom das atividades de comemoração dos 40 anos do Proderj, que tevena participação dos trabalhadores seu ponto alto. A ASCPDERJ pautou sua intervençãopolítica para mostrar que o papel fundamen-

tal na consolidação do Proderj como principal órgãode Tecnologia da Informação no Estado do Rio de Ja-neiro foi dos trabalhadores.Esse reconhecimento representa muito mais que um

merecimento, a cima de tudo, perceber que sem osseus profissionais os avanços não seriam obtidos.Afinal, foram esses trabalhadores que garantiram atransformação do Proderj e da Informática numa ferra-menta para servir os interesses do cidadão, da má-quina administrativa, do governo e do Estado.

O papel da organização dos trabalhadoresDesde a fundação, a ASCPDERJ não se cansa de

defender o Proderj e de lutar pelos direitos e melhoriasprofissionais dos trabalhadores. Foram muitas cam-panhas salariais, lutas incansáveis, greves históricas,

manifestações, inteira participação política nos desti-nos do Estado, em que os trabalhadores foram osprincipais protagonistas.

Foram fatos que fizeram avançar a consciência dostrabalhadores sobre seus interesses e a necessi-dade de transformar o Proderj em um órgão de exce-lência na área de Tecnologia da Informação. Sem aorganização dos trabalhadores, a ASCPDERJ, nadadisso teria sido possível.

Os trabalhadores do Proderj e a própria Autarquiapassaram pelos governos militares, pelo momento demudanças trazido pela Anistia e a eleição de LeonelBrizola para governar o Estado do Rio, pelo longo edifícil processo de derrubada da Ditadura Militar e aredemocratização advinda com a “Nova república” e aeleição presidencial pelo voto direto. Tudo era novo.

Unidade do ProderjEste cenário se constitui até o final dos anos 80. No

início da década de 1990, as primeiras mudanças napolítica do Estado.

Os países ricos continuavam ditando suas políticaspara dominação dos países em desenvolvimento.Nesse caso, surgia para retirar do Estado o seu papelna economia e na sociedade, o discurso do “pensa-mento único”, o Estado Mínimo.

Foi aí que o a Autarquia começou a viver mudançasprofundas. O governo Marcello Alencar apontava nadireção das privatizações e do desmonte do Estado edos serviços públicos. No hall dos órgãos que seriamatacados, constava o Proderj, que teve na figura deFrederico Novaes o capataz, o “capitão do mato” des-sa política.

Nesse período, todos os que defendiam o Estado eas suas empresas públicas estatais, segundo amassiva propaganda neoliberal ditada pelos governose a mídia, eram “defensores do atraso”, denomina-dos de “dinossauros”.

Na verdade, por trás desse discurso bem montadopara intimidar os trabalhadores, estavam aqueles quedefendiam o caminho da privatização e do desmonteda máquina estatal como forma de acabar o “privilé-gio” dos servidores públicos. Mais tarde se compro-vou, não apenas do ponto de vista econômico, maspolítico, que as privatizações representam, até hoje, overdadeiro atraso e a completa dependência econômi-ca do Brasil frente aos países ricos, o chamado G-8.Não conseguiram desmontar o Proderj, mas no apa-

gar das luzes Marcello Alencar e Frederico Novaesconseguiram dividir fisicamente a estrutura daAutarquia e do corpo funcional, numa mudança inusi-tada e desmedida para o Banerjão. Foi um contragolpeà organização e luta dos trabalhadores ao consegui-rem separar a área de Produção, que permaneceu naUERJ, dos demais setores do Proderj. Além disso,vários sistemas importantes foram retirados do Proderje repassados a empresas terceirizadas no Detran, naFazenda, etc.Em 2002, a conquista do Plano de Cargos renovou o

fôlego de tantas batalhas e demonstrou uma grandecapacidade de articulação e mobilização da categoria.Em meados de 2007 os ataques voltaram a aconte-

cer com força. O resultado desse processo é a apro-vação do Projeto das Fundações Públicas de DireitoPrivado, a realização do leilão para terceirizar a ativida-de fim do Proderj e a transferência do computadorcentral para o Serpro. Estes foram os presentes degrego do governo Sérgio Cabral Filho ao povo do Riode Janeiro e aos trabalhadores do Proderj. As conse-qüências podem não aparecer agora, mas virão como tempo. E os principais prejudicados serão os mi-lhões de cidadãos do Rio de Janeiro.Como a história mostra, para consolidar a constru-

ção do Proderj, nesses 40 anos, foi necessário acre-ditar acima de tudo, nos seus trabalhadores.A luta não pára nunca!

FOTOS: VANOR CORRE IA

Ambiente tranqüilo no novo endereço Entrosamento entre o pessoal do Proderj e do Serpro é muito bom

Durante festejos pelos 40anos do Proderj, a emoçãotomou conta de todos,quando a Diretoria daASCPDERJ homenageou seuex-presidente Carlos dosSantos, já falecido.Uma placa foi entregue àsua viúva Nilza dos Santos(na foto ao lado, entreMarcos Villela e LeilaSantos), que também serviuà autarquia, comodigitadora.

FOTOS: ARQUIVO ASCPDERJ

FOTO: VANOR CORRE IA

José ÁtillaValente, ex-presidente daASCPDERJ,destacou opioneirismodos servidoresna área deTecnologia daInformação doEstado do Riode Janeiro

Leila Santos faz pronunciamento destacando fatos determinantes para o Proderj Funcionários prestigiam o evento que lembrou a trajetória e as conquistas da instituição

José Átilla, Marcos Villela e Ulysses Filho presentes à festa

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8 ••••• Julho/2008 ••••• J O R N A L D A A S S O C I A Ç Ã O D O S S E R V I D O R E S D O P R O D E R J

Pra não dizer que não

IMPRESSO

Memória

falamos de flores

OOOOO ano de 1968 foi marcadopor fortes movimentos políticos e culturais que transformaram profundamente omundo. A intensa agitação

política mudaria de vez toda a consci-ência de uma geração e traria novoshábitos, atitudes e comportamentos,que influenciariam as gerações futuras.

O mais expressivo acontecimento po-lítico ocorreu na França. Representadopelas revoltas estudantis do Maio de68, marcou profundamente a luta polí-tica em todas as partes do planeta,serviu como uma referência, um mar-co, que ditaria um novo olhar sobre aparticipação política da juventude edos trabalhadores no cenário pós Se-

bates de rua, que se espalharam des-de o Quartier Latin a todas as cidadesfrancesas.“Vi a bandeira comunista amarrada na

[catedral de] Notre Dame. Nossa drogaera cheirar gás lacrimogêneo”, afirmao guitarrista Sérgio Dias, d’Os Mutan-tes, em referência à atuação dos polici-ais franceses.Nos Estados Unidos a luta pelos di-

reitos civis estava for te e a maioriada população negra protestava con-tra o preconceito e a discriminaçãoracial. Nos Jogos Olímpicos do Méxi-co, os ganhadores das medalhas deouro e bronze no atletismo, TommieSmith e Jonh Carlos, influenciadospor Mar tin Luther King e Malco X, ao

implantado no Brasil a partir do golpede 1964. marcou a radicalização dosmovimentos de rua que se sucederamem constantes confrontos entre estu-dantes e militares nas ruas das maio-res cidades brasileiras. Fatos que le-varam ao endurecimento do regime ea repressão a todos os movimentosde contestação, com a publicação doAI-5 (Ato Institucional Nº. 5). Após essedecreto, as mínimas liberdades que ain-da existiam foram cassadas. O Con-gresso Nacional foi fechado e estudan-tes, sindicalistas, religiosos, jornalis-tas, deputados oposicionistas foramperseguidos, presos, tor turados, exi-lados ou assassinados por ordem doregime.

gunda Guerra Mundial, trazendo fortesinfluências no comportamento e noscostumes das pessoas em todos oslugares. Em Paris, jovens francesescontestaram o fechamento das univer-sidades, uniram-se aos trabalhadorescontra a política do general Charles DeGaulle, promovendo barricadas e com-

receberam suasmedalhas, cerra-ram os punhosressal tando o

poder negro, numa referência ao Par-tido dos Panteras Negras, gestos quelevaram o Comitê Olímpico Internaci-onal (COI) a expulsar os atletas dasOlimpiadas.No Brasil, as ruas eram ocupadas por

grandes manifestações estudantis emprotesto contra Ditadura Militar e tam-bém, contra o Acordo MEC-Usaid, queameaçava privatizar o ensino públicobrasileiro.“Um estudante foi morto. Poderia ser

seu filho”, estampava uma faixa nasescadarias da Câmara Municipal do Rio,enquanto o corpo do estudante EdsonLuiz Lima Souto era velado por umamultidão, que tomou conta da Cine-lândia. Esse episódio foi um divisor deáguas na luta contra o regime fascista

“Pra não dizer que não falei de flores”transformou-se numa espécie de “hinonacional” naqueles anos de chumbo.Com o cerceamento político e o aumen-to do terror dos governos militares, to-das as disputas políticas e ideológicasfizeram dos festivais lugares de dispu-tas acirradas que colocavam em ladosopostos vítimas do mesmo sistema.

40 anos depois, 1968, definitivamen-te, como escreveu Zuenir Ventura foi “oano que não acabou”, pois seus ideaiscontinuam vivos e atuais!

Música e ProtestoNa cultura, importantes movimentos se

somavam às angustias populares. Foi ocaso do Cinema Novo, liderado porGlauber Rocha, que fazia um cinema vol-tado para temas político-sociais. O tea-tro viva o auge da criação e de seu enga-jamento político. Por isso, sofreu impla-cável perseguição por causa da partici-pação dos artistas nas passeatas e seuapoio incondicional aos estudantes. Omais grave episódio ocorreu com a inva-são e o incêndio criminoso ao Teatro da

Universidade Católica de São Paulo, oTUCA. Na música, os festivais se trans-formaram nos principais catalisadoresdos protestos da sociedade. ChicoBuarque de Hollanda, Gilberto Gil, ElisRegina, Jair Rodrigues, Edu Lobo, Geral-do Vandré, figuram entre os artistas quetransformaram suas músicas em verda-deiros hinos à liberdade e de combate àcensura política em nosso pais.

1968 foi marcado pela agitaçãopolítica e cultural dasmanifestações estudantis contra aditadura, pelo teatro engajado,as canções de protesto e a lutapelas liberdades democráticas

Um ano de extremos:da contestação radical ao regimemilitar até o mais absolutocerceamento dos direitos civis,com a publicação da AI 5