02 - apostila teontologia - o conhecimento de deus - rev. emiliano 2013

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1 APOSTILA SOBRE TEONTOLOGIA Prof. Rev. José Emiliano da Cunha II O CONHECIMENTO DE DEUS Dentro da Filosofia surgiu um segmento denominado de Agnosticismo, onde seus signatários não negam absolutamente a existência de Deus, mas declaram que não sabem se Ele existe ou não. Dizem que ‘Não se pode fazer nenhuma afirmação positiva a respeito da existência de Deus, e, portanto, tanto o teísmo quanto o ateísmo estão condenados ’. A – DEUS É INCOMPREENSÍVEL, CONTUDO, COGNOSCÍVEL. Origens teológicas da cognoscibilidade de Deus. Os pais da Igreja. Deus é invisível, não gerado, indenominável, eterno, incompreensível e imutável 1 . Criam que Deus se revelou de forma plena no Logos e, portanto, pode ser conhecido para a salvação. Eunômio, um ariano do séc. IV: Não há nada em Deus que não seja perfeitamente cognoscível e compreensível para o intelecto humano2 . Sua posição foi rejeitada pelos líderes da Igreja daquele período. Os escolásticos. O Escolasticismo foi um movimento na Europa Ocidental, entre os séculos VIII e XV que buscava restabelecer a erudição cristã baseado na Filosofia e Teologia. Não sabemos o que Deus é em seu ser essencial, mas podemos saber algo da sua natureza, daquilo que Ele é para nós, como ele se revela em seus atributos divinos3 . 1 Berkhof, Louis, Teologia Sistemática, pg 21. 2 Ibid. 3 Ibid.

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APOSTILA SOBRE TEONTOLOGIAProf. Rev. Jos Emiliano da CunhaIIO CONHECIMENTO DE DEUSDentro da Filosofia surgiu um segmento denominado de Agnosticismo, onde seus signatrios no negam absolutamente a existncia de Deus, mas declaram que no sabem se Ele existe ou no. Dizem que No se pode fazer nenhuma afirmao positiva a respeito da existncia de Deus, e, portanto, tanto o tesmo quanto o atesmo esto condenados.

A DEUS INCOMPREENSVEL, CONTUDO, COGNOSCVEL.Origens teolgicas da cognoscibilidade de Deus.

Os pais da Igreja.

Deus invisvel, no gerado, indenominvel, eterno, incompreensvel e imutvel.

Criam que Deus se revelou de forma plena no Logos e, portanto, pode ser conhecido para a salvao.

Eunmio, um ariano do sc. IV:

No h nada em Deus que no seja perfeitamente cognoscvel e compreensvel para o intelecto humano.

Sua posio foi rejeitada pelos lderes da Igreja daquele perodo.

Os escolsticos.

O Escolasticismo foi um movimento na Europa Ocidental, entre os sculos VIII e XV que buscava restabelecer a erudio crist baseado na Filosofia e Teologia.

No sabemos o que Deus em seu ser essencial, mas podemos saber algo da sua natureza, daquilo que Ele para ns, como ele se revela em seus atributos divinos.

Os escolsticos acreditavam na possibilidade da mente humana adquirir conhecimento real de Deus fora da Revelao Especial.

Se a mente humana est desajustada pelo pecado, ento o conhecimento tambm ser desajustado.

Lutero.

Lutero falava de Deus como o Deus Absconditus (Deus Oculto), em distino dele como o Deus Revelatus (Deus Revelado).

Calvino.

Deus nas profundezas de seu ser insondvel. Sua essncia incompreensvel; desse modo sua divindade escapa totalmente aos sentidos humanos.

Expresses da Igreja reformada.

A Igreja crist confessa, por um lado, que Deus o incompreensvel, mas tambm, por outro lado, que Ele pode ser conhecido, e que conhec-lo um requisito absoluto para a salvao.

Os Reformadores sustentam que o homem s pode adquirir verdadeiro conhecimento de Deus por meio da revelao especial sob a influncia iluminadora do Esprito Santo.

A incompreensibilidade e cognoscibilidade de Deus.

Incompreensibilidade.Fitum non posit capere infinitum.

A teologia reformada sustenta que Deus pode ser conhecido, mas que ao homem impossvel ter um conhecimento exaustivo e perfeito de Deus [J 11.7; Is. 40.18].O homem no pode ter uma definio lgica e plena de Deus, pois no pode ser consubstanciado e esquadrinhado pela mente finita.

Sob a influncia da teologia da imanncia, de tendncia pantesta, inspirada por Hegel e Schleiermacher, ocorreu uma mudana. A transcendncia de Deus, segundo o novo conceito,

enfraquecida, ignorada ou explicitamente negada.

Cognoscibilidade.

O verdadeiro conhecimento de Deus s pode ser adquirido graas auto-revelao divina [Jo. 17.3; I Jo. 5.20].

B A NEGAO DA COGNOSCIBILIDADE DE DEUS.O Agnosticismo.

A mente humana incapaz de conhecer qualquer coisa que esteja alm e por traz dos fenmenos naturais.

Aldous Huxley foi o primeiro a aplicar o termo Agnstico a si mesmo e a outros que assumem essa posio em 1869.

Os agnsticos no gostam de ser rotulados de ateus, uma vez que eles no negam em termos absolutos a existncia de um Deus, porm resguardam que no sabem se Ele existe ou no e, se existir, no se pode ter algum genuno conhecimento dele, e, at mesmo h casos onde negam que de fato se possa ter um conhecimento real de Deus.Hume o pai do moderno Agnosticismo e cria que todas as nossas ideias de Deus so, e s podem ser, antropomrficas e antropopticas.Antropomorfismo a atribuio de formas ( = morf) humanas a Deus para o compreendermos por analogias.Antropopatismo a atribuio de sentimentos ( = patos) humanos a Deus para o compreendermos por analogias.

O Agnosticismo adquiriu muitas facetas nos ltimos sculos, contudo a concluso a que se chega que o conhecimento de Deus no pode ser exaustivo, mas nem por isso irreal.

C AUTO-REVELAO: REQUSITO DE TODO CONHECIMENTO DE DEUS.

Deus transmite conhecimento de si prprio ao homem.

Kyper: No estudo de todas as outras cincias, o homem se coloca acima do objeto de sua investigao, e ativamente extrai dele o seu conhecimento; mas na teologia, ele no pode colocar-se acima, mas sob o objeto de seu conhecimento.

Berkhoff: O homem s pode conhecer a Deus na medida em que Este se faz conhecer. Sem a revelao o homem nunca seria capaz de adquirir qualquer conhecimento de Deus.

I Co. 2.11; Rm. 1.18-20; At. 14. 15-17.Deus sempre o sujeito de seu prprio conhecimento e nunca o objeto.K. Barth tambm salienta o fato de que o homem s pode conhecer a Deus quando Deus vem a ele num ato de revelao. Ele afirma que no existe nenhum caminho do homem para Deus, mas somente de Deus para o homem, e diz repetidamente que Deus sempre o sujeito, e nunca um objeto de conhecimento.

A construo da doutrina da revelao de Barth alheia teologia reformada. Todavia, deve-se manter a posio que afirma que a teologia seria totalmente impossvel, sem uma auto-revelao de Deus.Conhecimento de Deus: inato e adquirido.

Inato:

Rm. 2.15

A doutrina das ideias inatas filosfica, no teolgica. Suas sementes j se acham na doutrina das ideias, que nos vem de Plato.A Filosofia afirma que certos conceitos e ideias so ingnitos na mente humana, dentre as quais a ideia de Deus a mais preeminente.

A teologia reformada rejeitou a doutrina das ideias inatas pela via de Plato, conquanto alguns dos seus representantes mantiveram o nome ideias inatas, mas lhe deram outra conotao, outros preferiram falar de uma cognitio Dei insita (conhecimento de Deus enxertado ou implantado).

Por um lado, esta cognitio Dei insita no consiste de ideias e noes formadas, presentes no homem por ocasio do seu nascimento; por outro lado, porm, mais que uma simples capacidade que possibilita ao homem conhecer a Deus.

Ela denota um conhecimento que necessariamente resulta da constituio da mente humana, conhecimento congnito s no sentido de que adquirido espontaneamente, sob a influncia da semem religionis implantada no homem por sua criao imagem de Deus, e que no adquirido pelo laborioso processo de raciocnio e argumentao.Adquirido:

O conhecimento adquirido, por outro lado, obtido pelo estudo da revelao de Deus.

No surge espontaneamente na mente humana, mas resulta de consciente e constante busca de conhecimento.

S pode ser adquirido pelo fatigante processo de percepo e reflexo, raciocnio e argumentao.

Revelao Geral e Revelao Especial.

Revelao Geral (Natural).

chamada de Revelao Natural porque o mtodo natural, comunicada por meio da natureza, com suas leis e poderes ordinrios [Sl. 19.1-2; At. 14.17; Rm. 1.18-20].

Manifesta a existncia, a providncia e certos atributos de Deus, no sendo suficientes para o conhecimento da salvao.

Dirigida a todos os seres morais e inteligentes.

Revelao Especial (Sobrenatural).

chamada Revelao Sobrenatural quando comunicada ao homem de maneira mais elevada, sobrenatural, como quando Deus fala quer diretamente, quer por meio de mensageiros sobrenaturalmente dotados por Ele.

a) Teofanias.

b) Cristofanias.

c) Angelofanias.

II Re. 17.13; Sl. 103.7; Jo. 1.18; Hb. 1.1-2

S atravs desta que se conhece a salvao.

Dirigida especialmente queles a quem Deus quis se revelar e mostrar a sua salvao.

Distino entre a Revelao Geral e a Revelao Especial.

Revelatus realis (coisas) e Revelatus verbalis (palavras).

Revelao mediata e Revelao imediata.

A Revelao Geral ou Natural dirigida ao homem na qualidade de criatura e dirigida a mente humana para que este conhea a Deus e desfrute dEle.

A Revelao Especial dirigida ao homem na qualidade de pecador e serve ao propsito de assegurar ao homem o fim para o qual foi criado a despeito da de toda a perturbao produzida pelo pecado.

A Revelao Geral est arraigada na criao, enquanto que a Revelao Especial est arraigada na redeno.

A Necessidade da Revelao Especial.

Ainda que a luz da natureza e as obras da criao e da providncia de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusveis, contudo no so suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessrio para a salvao; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservao e propagao da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupo da carne e malcia de Satans e do mundo, foi igualmente servido faz-la escrever toda. Isto torna indispensvel a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo.O conhecimento de Deus possvel ao homem porque Deus mesmo se auto-revelou, e assim a salvao do homem possvel, portanto Deus se deu a conhecer bem como a sua vontade.

Berkhof, Louis, Teologia Sistemtica, pg 21.

Ibid.

Ibid.

Berkhof, Louis. Teologia Sistemtica, pg. 31.

Berkhof, Louis. Teologia Sistemtica, pg. 31-32.

Berkhof, Louis. Teologia Sistemtica, pg. 26

Ibid.

Confisso de F de Westminster, Cap. I, I