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7/23/2019 Texto Teontologia http://slidepdf.com/reader/full/texto-teontologia 1/27 Faculdade de Teologia Wittenberg Teontologia - O Ser de Deus e a Trindade - Exposição da Doutrina da Trindade - Exposição das Principais Heresias Anti-Trinitarianas A Triqueta: um antigo símbolo Cristão da Trindade Os judeus, com base no Antigo Testamento, rejeitam a Trindade Teontologia A Teontologia consiste no estudo do ser de Deus. É a abordagem do Ser de Deus, da Trindade, dos Atributos Divinos e da Ação Divina. Nesta aula abordamos a Trindade, doutrina fundamental para a compreensão dos Atributos divinos e, conseqüentemente, o próprio Ser de Deus. A Doutrina da Trindade nas Escrituras Inicialmente, é importante afirmas O termo “Trindade” não é mencionado uma vez sequer nas Escrituras. Porém a doutrina pode ser inferida da mesma. As Escrituras não apresentam suas doutrinas de forma acabada e imediata, mas constituem uma revelação em que Deus se desvela á medida em que conduz a história. Neste caso, as doutrinas principais e mais complexas só podem ser compreendidas através da contemplação do curso da revelação, que muitas vezes é progressiva. A doutrina da Trindade é um exemplo de doutrina que passou por um desenvolvimento – não que a Trindade não fosse, desde sempre, realidade. Mas num primeiro momento foi necessário, diante de um ambiente politeísta em que a idéia de um Deus Único era inconcebível, afirmar esta unidade. Num segundo momento, esta unidade foi reafirmada, porém foi revelado o fato de que nela reside uma pluralidade – expressa nas Pessoas da Trindade. O Antigo Testamento corresponde ao período de afirmação da unidade de Deus. Esta foi afirmada progressivamente, no decorrer da história de Israel. O Novo Testamento corresponde ao período de afirmação de que o Deus do Antigo Testamento é Triúno. O Ser de Deus no Antigo Testamento: a afirmação da unidade de Deus O significado teológico do Antigo Testamento se coincide com o que se diz sobre Deus. Nesta afirmação da fé no Deus de Israel, a Torah  é o núcleo central do Antigo Testamento, onde as questões evocadas giram em torno de YAHWEH, Deus da nação. Este é um nome, e apenas uma vez este nome é explicado (Ex 3). YAHWEH é, para Israel, o libertador dos oprimidos, e o reconhecimento desta libertação, manifesta na história da salvação veterotestamentária como ÊXODO, é o núcleo dos contextos do Pentateuco.

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Faculdade de Teologia Wittenberg

Teontologia- O Ser de Deus e a Trindade- Exposição da Doutrina da Trindade- Exposição das Principais Heresias Anti-Trinitarianas 

A Triqueta:um antigo símbolo

Cristão daTrindade

Os judeus,com base no

Antigo Testamento,rejeitam a Trindade

Teontologia

A Teontologia consiste no estudo do ser de Deus. É a abordagem do Ser de Deus, da Trindade,dos Atributos Divinos e da Ação Divina.

Nesta aula abordamos a Trindade, doutrina fundamental para a compreensão dos Atributosdivinos e, conseqüentemente, o próprio Ser de Deus.

A Doutrina da Trindade nas Escrituras

Inicialmente, é importante afirmas O termo “Trindade” não é mencionado uma vez sequer nasEscrituras. Porém a doutrina pode ser infer ida da mesma.

As Escrituras não apresentam suas doutrinas de forma acabada eimediata, mas constituem uma revelação em que Deus se desvela ámedida em que conduz a história. Neste caso, as doutrinas principais emais complexas só podem ser compreendidas através da contemplaçãodo curso da revelação, que muitas vezes é progressiva.

A doutrina da Trindade é um exemplo de doutrina que passou por umdesenvolvimento – não que a Trindade não fosse, desde sempre,realidade. Mas num primeiro momento foi necessário, diante de um

ambiente politeísta em que a idéia de um Deus Único era inconcebível,afirmar esta unidade. Num segundo momento, esta unidade foi reafirmada, porém foi revelado ofato de que ne la reside uma pluralidade – expressa nas Pessoas da Trindade.

O Antigo Testamento corresponde ao período de afirmação da unidade de Deus. Esta foiafirmada progressivamente, no decorrer da história de Israel.

O Novo Testamento corresponde ao período de afirmação de que o Deus do Antigo Testamentoé Triúno.

O Ser de Deus no Antigo Testamento: a afirmação da unidade de Deus

O significado teológico do Antigo Testamento se coincide com o que se dizsobre Deus. Nesta afirmação da fé no Deus de Israel, a Torah  é o núcleocentral do Antigo Testamento, onde as questões evocadas giram em tornode YAHWEH, Deus da nação. Este é um nome, e apenas uma vez estenome é explicado (Ex 3).

YAHWEH é, para Israel, o libertador dos oprimidos, e o reconhecimentodesta libertação, manifesta na história da salvação veterotestamentáriacomo ÊXODO, é o núcleo dos contextos do Pentateuco.

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 A Bíblia de Lutero

Cristãos e Protestantesreconhecem a Trindadeno Novo Testamento.

Os escritos históricos do Antigo Testamento foram influenciados pela profecia clássica, já queecoam na história narrada a compreensão de que a prosperidade ou derrocada do povo seriadecorrente da obediência ou não à aliança firmada entre YAHWEH e seu povo.

Neste contexto de obediência, a idolatria consiste no risco que sempre está diante do povo –povo este conclamado para a fidelidade a YAHWEH – e por fidelidade leia-se: exclusividade deculto.

E nesta guerra entre YAHWEH e outros deuses, há três fases no Antigo Testamento.

A primeira fase se chama EXCLUSÃO. Nesta fase, os outros deuses são considerados comoexistentes, e rivais de YAHWEH, mas eles são excluídos do culto do povo de Israel. Esta faseestá presente nos textos de: Ex 20.2-6; Lv 19.4; Dt 4.

A segunda fase se chama SUBORDINAÇÃO. Nesta fase, os outros deuses estão subordinadosa YAHWEH. Esta fase está presente nos textos de: Sl 29; Sl 82.7.

A terceira fase se chama RECUSA. Nesta, os outros deuses são negados, eles não são nada.Somente ele é Deus e não vive num panteão, nem está ligado a qualquer lugar (Ez 11.22-23).Não há imagens, pois YAHWEH é um Senhor soberano, sem mitos ou figuras que dignifiquemdevidamente sua grandeza (Ex 20.2-3). Esta corresponde à fase dos profetas. Esta fase está

presente nos textos de: Is 2.8, 18; Is 41.24, 29; Is 44.9-20.

Percebe-se aí a progressividade na compreensão de Deus no Antigo Testamento, indicando quea revelação foi feita de maneira a, à medida que os tempos avançavam e se aprofundava arelação com Deus, este Deus se manifestava Soberano, Único e Senhor.

O Ser de Deus no Novo Testamento: a afirmação da Trindade

Após as tácitas e progressivas afirmações da unicidade divina e da inexistência de outrosdeuses, o Novo Testamento traz consigo uma revelação mais clara das distinções da Divindade.

Se no Antigo Testamento Jeová é apresentado como o Redentor eSalvador do seu povo, no Novo Testamento e o Filho de Deus distingue-senessa capacidade (Mt 1.21; Lc 1.76-79; 2.17; Jo 4,42; At 5.3; Gl 3.13; 4.5;Fl 3.30; Tt 2.13, 14). Se no Antigo Testamento é Jeová que habita emIsrael e nos corações dos que o temem, no Novo testamento é o EspíritoSanto que habita na igreja (At 2.4; Rm 8.9, 11; 1 Co 3.16; Gl 4.6; Ef 2.22;Tg 4.5).

Através da teologia dos escritos joaninos, vê-se que, por meio de JesusCristo, uma nova imagem de Deus começou a ser mostrada e formada, ou seja, Jesus revelou agraça, a misericórdia, a bondade, o amor e o perdão de Deus, sendo, Ele mesmo, a

concretização e a historificação desse Deus. Jesus Cristo encarnado é a luz nas trevas domundo, o Eterno Filho que nos faz filhos abrindo-nos o caminho para o mistério da Trindade. Elemesmo disse: “Aquele que crê em mim, não crê em mim, mas naquele que me enviou” (Jo 12.44). Afirma ainda que “ninguém pode vir a mim, se não o atrair o Pai que me enviou” (Jo 6. 44).

Ainda é possível inferir a Trindade nas passagens do Novo Testamento que afirmam ter Deusenviado seu Filho ao mundo (Jo 3.16; Gl 4.4; Hb 1.6; 1 Jo 4.9). Ainda se afirma no NovoTestamento que o Pai e o Filho enviam o Espírito Santo (Jo 14.26; 15.26; 16.7; Gl 4.6).

De maneira mais clara a Trindade é mencionada no Batismo de Jesus, na Grande Comissão ena Bênção Apostólica. No batismo do Filho, o Pai fala, ouvindo-se do céu a sua voz, e o EspíritoSanto desce na forma de pomba, Mt 3.16, 17. Na Grande Comissão Jesus menciona as três

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 Clemente Romano

Inácio de Antioquia

pessoas: “batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, Mt 28.19. Também sãomencionadas juntamente em 1 Co 12. 4-6; 2 Co 13.13; e 1 Pe 1.2.

Numa visão de conjunto, percebe-se que a idéia de Deus foi sendo revelada e o processo deassimilação desta revelação não foi concluído no período do Novo Testamento. As doutrinasfundamentais relacionadas à idéia foram sendo concebidas no decorrer da história da Igreja.Porém as bases das doutrinas estavam nas Escrituras.

O Ser de Deus e a Trindade nos Pais da Igreja

A doutrina da Trindade encontrou grande desenvolvimento entre os Pais da Igreja. Contribuíramcom a doutrina, num primeiro momento, Justino, Teófilo de Antioquia, Tertuliano, Orígenes eAtanásio.

Num segundo momento há a descrição das Heresias Trinitárias e as refutações nos ConcíliosEcumênicos.

Por fim, são apresentados os desenvolvimentos dos pais capadócios e da teologia agostiniana,que corresponde ao ápice da doutrina no período da Igreja Antiga.

Trindade nos Pais Apostólicos

No período dos Pais Apostólicos, a idéia de que Deus é Uno e Criador era a linha divisória entrea fé da Igreja e o paganismo. As idéias acerca de Deus Uno e Criador são advindas dasEscrituras, principalmente do Antigo Testamento. É marcante a influência do judaísmo nas idéiasdos Pais.

a) Clemente Romano

Entre as obras dos Pais Apostólicos, a primeira epístola de Clemente aosCoríntios, ao ser feita no capítulo 20 referência a Deus ordenador do cosmos,pode-se perceber um eco do estoicismo posterior (c. 20, 33). Pouca coisa maisdiz Clemente de Roma sobre a Trindade em sua carta aos Coríntios. Em duaspassagens desta Epístola, porém, ele coloca as três pessoas juntas:

“Aceitai nosso conselho”, diz Clemente, “pois Deus é vivo, e vivos são tambémo Senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo, vivas são a fé e a esperança dos eleitos no sentido deaqueles que praticaram na humildade os mandamentos e preceitos de Deus serem arrolados nonúmero dos que serão salvos por Jesus Cristo”. I Clem 58, 2

Leia em Clemente: I Clem 20,33.

b) Inácio de Antioquia

Outro importante Pai da Igreja, Inácio de Antioquia. Durante a perseguiçãoaos cristãos no tempo do Imperador Trajano, Inácio foi enviado preso a Romae condenado a ser entregue às feras do Coliseu. Em sua viagem, comoprisioneiro, ainda no fim do primeiro século, escreveu sete cartas, cinco dasquais a diversas comunidades da Ásia Menor, uma à comunidade dos cristãos de Roma e outra

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 Justino Mártir

a Policarpo, bispo da cidade de Esmirna e discípulo de João. É evidente pela leitura das cartasde Inácio que o centro de seu pensamento é Cristo Jesus. Assim, ele fala muito mais de DeusPai e de Jesus Cristo do que do Espírito Santo ou da Trindade. Porém ele utiliza três vezes emsuas cartas da fórmula ternária:

“Sois pedras do templo do Pai, alçadas para as alturas pela alavanca de Jesus Cristo, alavancaque é a cruz, servindo-vos do Espírito Santo como de um cabo”.Ef. 9,1 “Cuidai de permanecerfirmes nas doutrinas do Senhor e dos Apóstolos, para que tudo quanto fazeis caminhe bem, nafé e na caridade, no Filho e no Pai e no Espírito, em união com o vosso bispo muito digno ecoroa espiritual do vosso presbitério, e com os diáconos segundo o coração de Deus”. Mg. 13,1

Conclusão

A evidência que pode ser reunida dos textos dos Padres Apostólicos é pobre e inconclusiva. Apreexistência de Cristo era de modo geral concedida, assim como seu papel na Criação e naRedenção. De uma doutrina da Trindade no sentido estrito não há sinal, embora a fórmulaternária da Igreja, presente nos testemunhos do Novo Testamento, tivesse deixado a sua marcaem todo lugar.

Trindade nos Pais Apologistas

Os padres apologistas, pertencentes ao segundo século, receberam este nome por causa deseus escritos mais conhecidos, intitulados Apologias. Eles apresentavam a defesa doCristianismo diante de pagãos e judeus, e foram também os primeiros a tentarem esboçar umaexplicação intelectualmente satisfatória da relação de Cristo para com Deus Pai. A solução queeles propuseram, reduzida aos pontos essenciais, foi que, enquanto pré-existente, Cristo foi opensamento ou a mente do Pai, e, enquanto manifestado na Criação e na revelação, foi suaextrapolação ou expressão. Entre os Pais Apologistas, a infiltração do pensamento filosóficocontemporâneo é evidente.

a) Justino Mártir

Justino acreditava que os pensadores gregos tinham tido acesso aos livros deMoisés. Justino afirma também que Deus é a causa de toda a existência, tendocriado todas as coisas no início a partir da matéria informe, conforme oensinamento de Platão que Justino supõe que tivesse sido tomado doGênesis. Embora, entretanto, Platão considerasse a matéria pré-existentecomo eterna, Justino provavelmente interpretava que Deus tivesse criadoprimeiro a matéria da qual ele teria formado o cosmos. Justino afirmou

igualmente que em criando e sustentando o Universo, Deus usou o seu Logosou Verbo como instrumento.

Para Justino, o mártir, Cristo é o Logos. O Logos é aqui concebido como a inteligência ou opensamento racional do Pai; mas Justino afirmou que Ele não era distinto do Pai somente pelonome, mas era numericamente distinto também. Percebe-se aqui a base para a afirmação daDivindade do Pai concomitante à Divindade do Filho, em contraste com a afirmação deUnicidade de Deus do período dos Pais Apostólicos. Justino apresenta provas de que o Logos éoutro, não o Pai e; e o Verbo é outro, não o Pai. Isto pode ser mostrado pelas aparições de Deusno Antigo  Testamento (“abaixo do Criador de todas as coisas, existe outro que é, e é chamado,

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 Teófilo de Antioquia

Deus e Senhor”), pelas freqüentes passagens do Antigo   Testamento (como por exemplo, emGênesis 1, 26) e pelos textos que tratam da sabedoria (como Provérbios 8,22 e seguintes).

Leia em Justino: Apol. 44,8; 59,1; 13,1; 10,2; 30; 53; 59; 59,5; 64. 2; Dial. 56,1; 3,5; 4,1; 56,4;60,2; 62,2; 129,3 ss; 61,3-7; 62,4.

b) Taciano

Os demais apologistas concordam com as colocações de Justino, embora sejam mais definidosa respeito da criação a partir do nada.

Taciano coloca que a matéria a partir do qual o Universo foi feito foi ela mesma criada pelo“Único Artífice do Cosmos”, que a criou através do seu Verbo.

Taciano, discípulo de Justino, falou do Logos como existente do Pai como sua racionalidade edepois, por um ato de Sua vontade, sendo gerado. Também enfatizou a unidade essencial doVerbo com o Pai, usando a mesma imagem da luz acendida com a luz. A doutrina dos dois

estados do Logos é mais marcada em Taciano, conforme ele afirma: “sendo espírito derivado deespírito, racionalidade de potência racional, serviu como o instrumento do Pai na criação e nogoverno do Universo, em par ticular, fazendo os homens à divina imagem.”

Ler em Taciano: Oratio ad Hel. 5,1-3; 7,1.

c) Teófilo de Antioquia

Outro importante Pai Apologista é Teófilo de Antioquia. A doutrina de Teófilode Antioquia segue uma linha semelhante à de Justino. O Verbo não é Filho deDeus no sentido em que os poetas e os romancistas relatam o nascimento dosfilhos dos deuses, mas no sentido em que antes que as coisas tivessemexistência, Deus o tinha como Seu conselheiro, Sua própria inteligência epensamento. Mas quando Deus quis criar o que Ele tinha planejado, Eleengendrou o Seu Verbo, o primogênito de toda a Cr iação.

Teófilo afirmou que “Deus criou tudo o que Ele quis, do modo como Ele o quis”,e que Deus era “sem início porque incriado”. Criticou a noção platônica daeternidade da matéria afirmando que, se isto fosse verdade, Deus não seria o

criador de todas as coisas, e neste caso a sua posição de único primeiro princípio não seriaverdadeira.

Leia em Teófilo Antioqueno: Ad Autol. 2,4,22; 1,5.

Por fim, há dois pontos no ensino dos Apologistas que, por causa da importância do seu alcance,devem ser sublinhados; A primeira é que a expressão “Deus Pai” não se refere à primeirapessoa da Santíssima Trindade, mas à divindade uma considerada como autora de tudo o queexiste. A segunda é que a geração do Logos é datada. Apesar das incoerências, entretanto, aslinhas gerais de uma doutrina trinitária são claramente visíveis nos Apologistas. O Espírito Santoera para eles o Espírito de Deus; e, assim como o Verbo, ele compartilha da natureza divina,sendo, nas palavras de Atenágoras, uma “efluência” da Deidade.

Em diversas ocasiões Justino coordena as três Pessoas, algumas vezes citando fórmulasderivadas do Batismo e da Eucaristia, outras vezes sendo eco dos ensinamentos catequéticos

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 Irineu de Leão

oficiais. Assim, por exemplo, ele defende os cristãos da acusação de ateísmo apontando aveneração que eles tem para com o Pai, o Filho e o “Espírito profético”.

Atenágoras protesta também contra os que acusam de ateísmo os cristãos: “homens quereconhecem Deus Pai, Deus Filho e o Espírito Santo, e declaram tanto o Seu poder na união eSua distinção na ordem” (Supplic. 10,3). Esta ordem não se refere a graus de subordinação naDivindade, mas é atribuída aos três segundo que eles se manifestam na Criação e naRevelação.

Teófilo foi o primeiro escritor a aplicar a palavra “tríade” à Divindade, afirmando que os três diasque precederam a criação do Sol e da Lua “foram figuras da tríade, isto é, de Deus, de seuVerbo e sua Sabedoria” (Ad Autol. 2,15; 2,10; 2,22).

Conclusão

As Pais Apologistas trabalharam a Trindade numa imagem de um homem gerando o seupensamento e seu espírito em atividade externa. Esta imagem os capacitou a reconhecer,embora obscuramente, a pluralidade da divindade, e também a mostrar como o Verbo e oEspírito, enquanto realmente manifestados no mundo do espaço e tempo, podiam também

residir no ser do Pai, permanecendo intacta sua unidade essencial com Ele.

Trindade nos Pais Polemistas

Entre os Pais Polemistas, a afirmação central continua a ser que Deus é uno e criador.

a) Irineu de Leão

Em Irineu, está presente a refutação da teoria gnóstica de uma hierarquia deeons   criados por um Deus supremo incognoscível, um dos quais, o criador dorestante do Universo ou Demiurgo, também seria uma criatura. Irineu ensinouque Deus exercita sua atividade criativa através de seu Verbo e sua Sabedoriaou Espírito, e que a criação foi a partir do nada, afirmando que, enquanto oshomens não podem fazer nada a partir do nada, mas apenas a partir do materialque lhes é fornecido. Deus é, em relação a isto, superior aos homens, porque Elemesmo forneceu o material para sua criação, embora este não tivesse existênciaanterior. Irineu procura também expor demoradamente as contradições queenvolvem a colocação de uma série de emanações hierarquizadas dedivindades.

Irineu foi o teólogo que resumiu o pensamento do século segundo e dominou aortodoxia cristã antes de Orígenes. A visão de Irineu da Divindade foi a maiscompleta e a mais explicitamente trinitária antes de Tertuliano.

Conforme veremos, Irineu, seguindo a Teófilo em vez de Justino, identificou o Espírito Santocom a Sabedoria divina, com o que pôde fortalecer sua doutrina da terceira pessoa com umabase escriturística segura. Com isto deixou uma imagem no fim do século segundo daDivindade, não de três pessoas co-iguais, mas de um único personagem, o Pai, que é a própriadivindade, inefavelmente uno, contendo em si mesmo desde toda a eternidade o Verbo, suamente ou racionalidade, e sua Sabedoria; o qual, ao manifestar-se, ou ao empenhar-se naCriação e Redenção, extrapolou e manifestou a estes como o Filho e o Espírito.

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 Agostinho de Hipona

Leia em Irineu: Adv. Haer. 2,30,9; 2,1,4.Demonst. 5.

b) Hipólito e Tertuliano

Hipólito e Tertuliano situam-se quanto à Trindade mais ou menos na mesmalinha dos apologistas e Irineu. Ambos pertencem ao início do século III, sendoHipólito de Roma e Tertuliano do norte da Áfr ica.

Assim como no caso de Irineu, a chave para a sua doutrina é abordá-lasimultaneamente de duas direções opostas, considerando Deus

  Enquanto Ele existe em Seu ser eterno;

  enquanto Ele se revela no processo da Criação e da Redenção.

Embora sigam a linha dos apologistas e de Irineu, sua doutrina é mais explícita do que a destes(em geral), (e, em particular, nos) seguintes pontos:

  (Provavelmente por causa da tendência da Igreja Ocidental), (da qual faziam parte), (de

acentuar a unidade da divindade), Hipólito e Tertuliano procuram tornar mais explícito como aTrindade revelada na economia não é incompatível com a unidade essencial de Deus.

  Ao descreverem o Pai, o Filho e o Espírito Santo, usam o termo “Pessoa” (prosopon , nocaso de Hipólito, um dos últimos escritores de língua grega no Ocidente; persona , no caso deTertuliano). O termo “Pessoa” é aplicado por Hipólito ao Pai e ao Filho; e por Tertuliano ao Pai,ao Filho e ao Espírito Santo. Porém aplicam-lhes o termo “Pessoa” somente enquantomanifestados na ordem da Revelação. O termo “Pessoa” só mais tarde começou a ser aplicadoao Filho e ao Espírito Santo enquanto imanentes no ser eterno de Deus.

  Nos escritos de Tertuliano surge pela primeira vez a expressão “Trindade”. Em umapassagem da obra Adversus Praxean , ele afirma que o Espírito Santo também é uma “Pessoa”,de modo que a Divindade é uma “Trindade”.

Leia em Hipólito: Contra Noetus 7; 11; 14; 10; 8; 15.

Leia em Tertuliano: Adversus Prax. 7; 5; 4; 11; 3; 12; 2; 25; 3.

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Batismo de JesusMomento em

Que os AdocionistasAcham que Jesus

Foi “Adotado”Pelo Pai

Ícone da TrindadeCom Motivos Modalistas

Heresias Trinitárias

a) O Adocionismo. (ou monarquianismo adocionista)

O adocionismo foi a teoria de que Cristo era um simples homem sobre o qualdesceu o Espírito de Deus. Originou-a um mercador de couro bizantinochamado Teodoto, que a trouxe até Roma em torno do ano 190.

Teodoto sustentava que até o seu batismo Jesus viveu a vida de um homem

ordinário, com a diferença, porém, que havia sido um homem supremamentevirtuoso. O Espírito, ou Cristo, então desceu sobre Ele, e a partir daquelemomento operou milagres sem, entretanto, tornar-se divino. Mais tarde, alguns dos seguidoresde Teodoto admitiram que após sua ressurreição Jesus teria sido deificado.

Teodoto foi excomungado pelo bispo Vitor, mas a partir daí seus seguidores provavelmentepassaram a suspeitar que a ortodoxia pregava a crença em dois Deuses, pois, segundoNovaciano, presbítero de Roma naquela época, afirmavam que "Se o Pai é um e o Fi lho é outro,e se o Pai é Deus e Cristo é Deus, então não há um só Deus, mas há dois Deusessimultaneamente colocados, o Pai e o Filho".

Leia em Novaciano : De Trinitate 30.

b) O Monarquianismo (ou monarquianismo modalista - I)

O primeiro teólogo que formalmente colocou as posições monarquianistas foiNoeto de Esmirna. Embora condenado em suas teorias pelos presbíteros desua cidade, que as confrontaram, com as regras da fé da Igreja, um dosdiscípulos de Noeto trouxe suas idéias até Roma, onde se difundiram.

O monarquianismo, ao contrário do adocionismo, estava firmementeconvencido tanto da unidade de Deus como da plena divindade de Cristo.

Esta teoria começou a ganhar simpatizantes em Roma quando algunsteólogos, alguns dos quais já mencionados neste texto, começaram arepresentar a divindade como tendo se revelado na economia como tri-personal. Para osmonarquianistas, qualquer sugestão de que o Verbo ou o Espírito pudessem ser outro ou umapessoa distinta do Pai seria uma af irmação da existência de dois deuses.

Para, entretanto, não negarem que Cristo era Deus, afirmaram que havia apenas um únicoDeus, o Pai. Se Cristo é Deus, então ele deve ser idêntico ao Pai, senão ele não seria Deus.Portanto, é o próprio Pai que sofreu e passou pelas experiências humanas do Cristo. Por isto, taldoutrina passou a conhecer-se como patripassianismo. Os monarquianistas rejeitaram a doutrinado Verbo, afirmando que o prólogo do Evangelho de João deveria ser interpretadoalegoricamente.

Os monarquianistas acreditavam em uma única e idêntica divindade, que podia ser designadaindiferentemente como Pai ou Filho; estes termos diferentes não implicariam distinções reais,mas seriam apenas nomes aplicáveis em tempos diferentes.

Leia em Hipólito : Contra Noetus 2; 6; 15; Refutatio 9,10.

Leia em Epifânio: Haereses 57.

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 Sabélio comparouDeus com o Sol

Clemente de Alexandria

Orígenes de Alexandria

c) Sabelianismo (ou monarquianismo modalista II)

Na pessoa de Sabélio surgiu uma forma de monarquianismo mais sofisticado,que de alguma forma percebia a ingenuidade do monarquianismo simples, elevava em conta elementos tomados de empréstimo ao trinitarianismoeconômico que os monarquianistas cr iticavam.

Sabélio, embora afirmando a unidade de Deus, ensinou que a divindade seexpressa em três operações. Comparando a divindade com o Sol, objeto

único que irradia tanto calor como luz, o Pai seria a forma ou a essência da Divindade, o Filho eo Espírito Santo modos de sua auto-expressão. Assim, a única Divindade, vista como Criadora eLegisladora seria o Pai; para a obra da Redenção operou como Filho; para inspirar e conferir agraça operou como Espírito.

Leia em Hipólito: Refutatio 9,11 ss.

Leia em Epifânio: Haereses 6,1,4 ss; 62,1.

d) A Doutrina de Clemente.

Trataremos brevemente de Clemente, pois este foi mais um moralista do queum teólogo sistemático.

Para ele, Deus é absolutamente transcendente, inefável e incompreensível, eeste é o Pai.

O Pai somente pode ser conhecido através de seu Verbo, ou Fi lho, que é suaImagem e é inseparável do Pai. O Verbo é a mente ou a racionalidade do Pai,compreendendo em si as idéias do Pai, e também as forças ativas pelas quais

Ele anima o mundo das criaturas.

A geração do Filho a partir do Pai é sem início, pois "o Pai não é sem o Filho, pois (enquantoPai), é Pai do Filho". O Filho é essencialmente uno com o Pai, já que o Pai está nele e Ele estácom o Pai. O Espírito Santo é a luz que emana do Verbo a qual, dividida sem divisão real,ilumina o fiel. O Espírito Santo é a potência do Verbo que permeia o mundo a atrai os homenspara Deus.

Leia em Clemente Alexandrino :Pedagogo 1,71,1; 1,62,4; 1,71,3; 3,101,1; 1,24,3; 1,53,1;Protreptico 98,3; Stromata 2,6,1; 5,65,2; 5,78,3; 5,81,3; 5,16,3; 7,5,5; 4,156,1 ss; 5,16,3; 4,162,5;5,1,3; 7,2,2; 6,138,1 ss; 7,9,4; 7,79,4.

e) A Doutrina de Orígenes sobre a Trindade (o monarquianismo subordinacionista)

Para Orígenes, a fonte e o f im de toda a existência é Deus o Pai. Somente Ele é Deus no sentidoestrito, apenas Ele sendo não gerado. A este respeito, Orígenes afirma sersignificativo que Cristo falou dele no Evangelho de João como "o único Deusverdadeiro" (Jo. 17, 3).

Sendo o Pai perfeita bondade e poder, sempre deve ter tido objetos em quemexercê-las. Portanto, o Pai trouxe à existência um mundo de seres espirituais,ou almas, que são co-eternas consigo.

Para servir de mediador entre sua absoluta unidade e a multiplicidade das

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almas, porém, Deus Pai tem o seu Filho, sua imagem expressa. Assim, o Filho possui uma duplarelação para com o Pai e para com o mundo.

O Pai gera o Filho por um ato eterno, fora da categoria do tempo, de modo que não se podedizer que (Ele) existia quando (o Filho) não existia. Além disso, o Filho é Deus, embora suadeidade seja derivada, e portanto Ele é um Deus Secundário, ou, na expressão grega original,Deuteros Teos .

Em terceiro lugar há o Espírito Santo, "o mais honorável de todos os seres trazidos à existência

através do Verbo, o primeiro da série de todos os seres originados pelo Pai através de Cristo".

Leia em Orígenes: In Johan. 2,2,16; 2,10,75; 1,20,119; 6,39,202; De principiis 1,2,10; 1,4,3;2,9,1; 1,2,4; Contra Celsum 2,64; 5,39; Hom. in Jerem. 9,4.

f) As Colocações Trinitárias desde Orígenes até o Concílio de Nicéia

Orígenes morreu mártir em 253 e a controvérsia entre o papa e o bispo Dionísio de Alexandriadeu-se logo após, em torno do ano 260.

No começo do século seguinte, em Alexandria, durante o episcopado de Alexandre, iria irrompera heresia Ariana, pregada inicialmente por Ário, presbítero da Igreja de Alexandria. Apesar deum sínodo local, presidido pelo bispo Alexandre, ter condenado as posições de Ário, a heresiaestendeu-se a tal ponto que se tornou necessária a convocação do primeiro Concílio Ecumênicoda história, realizado no ano 325 em Nicéia, onde a Igreja em conjunto começou a tomarposições oficiais sobre a questão.

O propósito deste capítulo é comentar as posições existentes entre os cristãos sobre a Trindadeno período histórico intermediário entre estes dois acontecimentos.

Primeiro aspecto das colocações trinitárias antes do Concílio de Nicéia.

Num primeiro aspecto, nesta época o que parece mais ter sido objeto de consideração para oscristãos não foi a Trindade enquanto tal, mas o Verbo em sua relação para com a Divindade, seEle era plenamente divino ou se na verdade era uma criatura.

Segundo aspecto: duas tendências na abordagem da posição do Verbo na Divindade.

Na Igreja Ocidental o problema era colocado numa ótica onde se percebia a influência domonarquianismo. Os teólogos do ocidente procuravam enfatizar a unidade divina sentindo maisprofundamente o caráter misterioso das distinções dentro da Divindade.

Na Igreja Oriental, a influência dominante era a proveniente de Orígenes. Os orientais não

tinham tantas dificuldades em descrever a distinção das pessoas dentro da Trindade; ao mesmotempo, porém, havia uma divisão entre eles quanto ao modo de explicarem como esta distinçãode pessoas não contradizia a unidade divina. De modo geral, antes do aparecimento doArianismo, havia na Igreja Oriental duas posições derivadas de Orígenes: uma, mas moderada,insistia claramente na unidade existente entre as pessoas divinas e colocava que o Filho não erauma criatura; outra, mais radical, acentuou demasiadamente a tendência subordinacionista deOrígenes. Veremos a seguir as posições de alguns representantes destas tendências.

O Arianismo representou, mais tarde, uma posição muito mais radical que a dos origenistas maisextremos, praticamente impossível de vir a tornar-se aceita no Oriente, muito menos no

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 Alexandre de Alexandria

Ícone do Concíliode Nicéia

Ocidente. A grande propaganda que teve esta heresia, entretanto, acabou por obrigar a Igrejauniversal a tomar uma posição oficial em Nicéia.

g) Um representante do origenismo moderado: Alexandre, bispo de Alexandria.

Coube a Alexandre, bispo de Alexandria de 313 a 328, advertir primeiramenteao presbítero Ário,seu subordinado, para depois convocar um sínodo local

com o fim de condenar as suas teorias. Das primeiras cartas que ele escreveuem crítica às doutrinas de Ário depreende-se um origenismo moderado.

Alexandre era acusado por Ário justamente por insistir na unidade da Tríade,apesar dele manifestamente conceber o Verbo como "Pessoa" (`hipóstase'),ou "Natureza" (em grego physis , sendo que em seus escritos esta palavra temum sentido equivalente ao de hipóstase, isto é, embora literalmente signifique

`essência', é usada como ̀ ser individual'). Esta "Pessoa" ou "Natureza" é distinta do Pai.

Em uma perspectiva claramente origenista, Alexandre descreve o verbo como a única naturezaque media entre Deus e a criação. Mas Ele próprio não é uma criatura, sendo derivada do ser doPai. Além disso, o Filho, enquanto Filho, é co-eterno com o Pai, e para explicar a sua co-

eternidade, Alexandre faz pleno uso da concepção origenista da geração eterna.

Leia em Alexandre de Alexandria : Epistola Enciclica, citada na História Eclesiástica de Sócrates1,6.

Trindade no Concílio de Nicéia: a disputa contra o monarquianismo subordinacionista de Ário

No ano de 325 reuniu-se em Nicéia o primeiro Concílio Ecumênico da históriapara uma toma de posição da Igreja Universal frente à heresia Ariana.Embora dificuldades de ordem material tivessem impedido muitos de se

apresentarem, foram convocados todos os bispos da Igreja, comparecendono total cerca de trezentos, a maioria dos quais do Oriente, das regiões daÁsia Menor, Síria, Palestina e Egito, e alguns poucos do Ocidente. O PapaSilvestre enviou em seu lugar dois sacerdotes como representantes.

Podemos agrupar os participantes do Concílio de Nicéia em quatro grupos,dois dos quais bastante minoritários:

  Os arianos declarados, pequeníssima minoria;

  um número muito grande de tradição origenista mais radical, aos quais se associavamvários outros participantes inseguros, hostis a qualquer fórmula nova e partidários do uso de umaterminologia estritamente bíblica;

  outro grande grupo dos que souberam denunciar claramente o perigo do Arianismo, entreos quais estava Alexandre de Alexandria juntamente com um de seus diáconos, de nomeAtanásio, que viria a ser seu sucessor na sede episcopal e um dos mais intrépidos defensoresdas resoluções do Concílio;

  uma pequena minoria cuja tendência anti-ariana era tão acentuada a ponto de cair no errooposto do Monarquianismo ou Sabelianismo.

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 Os Três Pais Capadócios

Assim, configurou-se sem dificuldade uma vigorosa maioria que reprovou os erros de Ário.Apenas dois bispos, amigos de Ário, recusaram-se a aceitar as decisões do Concílio e foramexilados juntamente com Ário.

a) As Resoluções do Concílio de Nicéia.

Nas atas do Concílio de Nicéia, assinadas por todos os bispos participantes, com exceção dos

dois amigos de Ário, constou o texto da seguinte profissão de fé:

"Cremos em um só Deus, Pai todo poderoso, Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis; Eem um só Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus, gerado do Pai, unigênito, isto é, da substância doPai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado,consubstancial do Pai, por quem todas as coisas foram feitas no céu e na terra, o qual por causade nós homens e por causa de nossa salvação desceu, se encarnou e se fez homem, padeceue ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus e virá para julgar os vivos e os mortos; E no EspíritoSanto. Mas quantos àqueles que dizem: `existiu quando não era' e `antes que nascesse não era'e `foi feito do nada', ou àqueles que afirmam que o Filho de Deus é uma hipóstase ou substânciadiferente, ou foi criado, ou é sujeito à alteração e mudança, a estes a Igreja Católica anematiza".

A seguir, vamos considerar a atitude teológica do Concílio, enquanto expressa principalmenteneste Credo.

As Concepções Trinitarianas dos Três Pais Capadócios e Agostinho

a) Os Três Pais Capadócios e as Hipóstases Divinas.

Para explicarem como uma única substância pode estar simultaneamentepresente em três Pessoas os Capadócios fazem uso da analogia do universale seus particulares.

Basílio escreve que "Ousia   e hipóstase   se diferenciam exatamente comouniversal e particular, isto é, como animal e um homem em particular".

Neste sentido, cada uma das Hipóstases divinas é a ousia  ou a essência daDivindade determinada por suas características particularizantes apropriadas.

Para Basílio estas características particularizantes são a "paternidade", a "filiação" e a "potênciasantificadora" ou "santificação". Os outros Capadócios as definem de uma maneira mais precisacomo "não ser gerado", "geração" e "missão" ou "processão".

Assim, a distinção das Pessoas é baseada nas suas origens e relações mútuas.

Anfilóquio de Icônio, primo de Gregório Nazianzeno e, por intervenção de Basílio, bispo deIcônio, sugere que os nomes Pai, Filho e Espírito Santo não denotam essência ou ser, mas "ummodo de existência ou relação" e o Pseudo Basílio argumenta que o termo "não gerado" nãorepresenta a essência divina, mas simplesmente o "modo de existência" do Pai.

Destas considerações pode-se perceber como os Padres Capadócios analisaram a concepçãode hipóstase muito mais plenamente do que Atanásio.

Leia em Basílio :Epistola 38,5; 214,4; 236,6; Contra Eunomio 4 (PG 29, 681).

Leia em Gregório Nazianzeno : Oratio 25,16; 26,19; 29,2.

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Leia em Anfilóquio de Icônio : Frag. 15 (PG 39, 112).

A Unidade Divina.

A unidade da ousia , ou Divindade, segue-se da unidade da ação divina que é observada naRevelação:

"Se nós observamos", escreve Gregório de Nissa, "uma única atividade do Pai, do Filho e doEspírito Santo, somos obrigados a inferir a unidade da natureza pela identidade da atividade;pois o Pai, o Filho e o Espírito Santo cooperam na santificação, vivificação, conciliação e assimpor diante".

O Pseudo Basílio nota que "aqueles cujas operações são idênticas têm uma única substância.Ora, existe uma única operação do Pai e do Filho, conforme é mostrado pela passagem"Façamos o homem à nossa imagem e semelhança", ou "Tudo o que o Pai faz, o Filho tambémfaz". Portanto, existe uma única substância do Pai e do Filho."

Gregório de Nissa também argumenta que, enquanto os homens devem ser considerados comomuitos porque cada um deles atua independentemente, a Divindade é una porque a Pai nunca

age independentemente do Filho, nem o Filho do Espírito.Leia em Basílio : Contra Eunomio 4 (PG 29, 676);

Leia em Gregório de Nissa :Quod non sint tres (PG 45, 125).

A Indivisibilidade Divina.

Em certas passagens os Padres Capadócios parecem relutantes em aplicar a categoria donúmero à Divindade, considerando a doutrina de Aristóteles que somente o que é material équantitativamente divisível.

Basílio insiste que se nós numeramos a Divindade, devemos fazê-lo "reverentemente",afirmando que, se bem que cada uma das Pessoas é designada como uma, Elas não podem seradicionadas entre si. A razão para isto é que a natureza divina que Elas compartilham é simplese indivisível.

Leia em Basílio : De Spiritu Sancto 44.

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 Agostinho de Hi pona

b) Trindade em Agostinho

Foi Agostinho quem deu à tradição ocidental a sua expressão madura e finalacerca da Trindade. Durante toda a sua vida como cristão meditou sobre aSantíssima Trindade, explicando a doutrina da Igreja aos interessados edefendendo-a contra os ataques dos opositores. Não obstante ser Agostinhomais conhecido através de obras como "As Confissões" ou "A Cidade deDeus", provavelmente sua obra prima é o tratado conhecido por "De Trinitate ",que ele demorou dezesseis anos para redigir. Conforme suas palavras: "Sobrea Trindade, que é o Deus Sumo e Verdadeiro, principiei alguns livros quando jovem, editei-os quando velho".

Agostinho aceita sem discussão a verdade que existe um só Deus que é Trindade, e que o Pai, oFilho e o Espírito Santo são simultaneamente distintos e co-essenciais, numericamente umquanto à substância; e seus escritos estão repletos de declarações detalhadas quanto a isto.

Caracteristicamente, em nenhum lugar Agostinho tenta demonstrar estas afirmações. Trata-sede um dado da Revelação que, segundo ele, a Escritura proclama em quase toda a página e quea "fé católica" transmite aos que crêem. Seu imenso esforço teológico é uma tentativa decompreensão, o exemplo supremo de seu princípio de que a fé deve preceder o entendimento.

Leia em Agostinho :Epistola 174; 120,17; De Fide et Symb. 16; De Doctrina Christ. 1,5; DeTrinitate 1,7; 15,2; Sermo 7,4; 118,1; Iohan. Tract. 74,1.

A exposição da doutrina trinitária em Agostinho é inteiramente baseada nas Sagradas Escrituras.

Porém, em contraste com a tradição que fez da Pessoa do Pai o seu ponto de partida, Agostinhoprincipia com a natureza divina em si mesmo. É esta simples e imutável natureza ou essênciaque é Trindade. A unidade da Trindade é assim colocada em primeiro plano, excluindo-serigorosamente todo tipo de subordinacionismo. Tudo o que é afirmado de Deus é afirmadoigualmente de cada uma das três Pessoas.

Diversas conseqüências se seguem desta ênfase na unidade da natureza divina.

Primeiro, tudo o que pertence à natureza divina como tal deve, numa linguagem exata, serexpresso no singular, já que esta natureza é única. Conforme mais tarde o Credo que já foiatribuído a Atanásio dirá, Credo este que é totalmente agostiniano, embora cada uma das trêsPessoas seja incriada, infinita, onipotente, eterna, etc., não há três incriados, infinitos,onipotentes e eternos, mas apenas um.

Segundo, a Trindade possui uma única e indivisível ação e uma única vontade. Sua operação é"inseparável". Em relação à ordem contingente as três Pessoas atuam como "um único princípio"e, como as Pessoas são inseparáveis, "assim também operam inseparavelmente".

Como exemplo disto, Agostinho argumenta que as teofanias, manifestações de Deus registradas

no Antigo Testamento , não devem ser consideradas, como a tradição patrística primitiva tendia aconsiderar, como manifestações exclusivamente do Verbo. Algumas vezes as teofanias podemser atribuídas ao Verbo, ou ao Espírito Santo, algumas vezes ao Pai, outras vezes a todos osTrês; outras vezes ainda é impossível decidir a qual das três Pessoas atribuí-las.

A dificuldade óbvia que esta teoria sugere é que ela parece ignorar os diversos papéis das trêsPessoas. A isto Agostinho responde que, embora seja verdade que o Filho, embora distinto doPai, nasceu, sofreu e ressuscitou, é igualmente verdade que o Pai cooperou com o Filho narealização da Encarnação, paixão e ressurreição. Era conveniente para o Filho, entretanto, emvirtude de sua relação com o Pai, manifestar-se e fazer-se visível.

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Em outras palavras, já que cada uma das Pessoas possui a natureza divina de uma maneiraparticular, é apropriado atribuir a cada uma delas, na operação externa da Divindade, o papelque Lhe é apropriado em virtude de Sua origem.

Leia em Agostinho : De Civitate Dei 11,10; Epistola 120,17; 11,2-4; De Trinitate 5,9; 5,10; 8,1;2,9; 5, 15; 1,7; 2,3; 2,12-34; 3,4-27; 2,9; 2,18; C. Ser. Ar. 4; Enchirid. 38; Sermo 52.

Resumo da Doutrina

A palavra Trindade não é tão expressiva como a palavra holandesa Drieenheid , pois podesimplesmente denotar o estado tríplice (ser três), sem qualquer implicação quanto à unidade dostrês. Geralmente se entende, porém, que, como, termo técnico na teologia, inclua essa idéia.Mesmo porque, quando falamos da Trindade de Deus, nos referimos a uma trindade emunidade, e a uma unidade que é trina.

1) As três pessoas consideradas separadamente

a) O Pai, ou a Primeira Pessoa da Trindade - o nome Pai, em sua aplicação a Deus (1 Co 8:6; Ef3:15; Hb 12:9; Tg 1:17; Dt 32:6; Is 63:16; 64:8; Jr 3:4; Ml 1:6; 2:10; Mt 5:45; 6:6-15; Rm 8:16; 1

Jo 3:1; Jo 1:14,18; 5:17-26; 8:54; 14:12,13). A primeira pessoa é o Pai da Segunda num sentidometafísico. Esta é a paternidade originária de Deus, da qual toda paternidade terrena é apenasum pálido reflexo.

b) O Filho, ou a Segunda Pessoa da Trindade - o nome Filho, em sua aplicação à Segundapessoa. A Segunda Pessoa da Trindade é chamada Filho ou Filho de Deus em mais de umsentido do termo (Jo 1:14,18; 3; 16,18; Gl 4:4; 2 Sm 7:14; Jó 2:1; Sm 2:7; Lc 3:38; Jo 1:12; Jo5:18 - 25; Hb 1; Mt 6:9; 7:21; Jo 20:17; Mt 11:27; MT 26:63; Jo 10:36; Mt 8:29; 26:63; 27:40; Jo1:49; 11:27; 2 Co 11:31; Ef 1:3; Jo 17:3; 1 Co 8:6; Ef 4: 5,6; Lc 1:32,35; Jo 1:13; Cl 1:15; Hb 1:6;Jo 1:1-14; 1 Jo 1;1-3; 2 Co 4:4; Hb 1:3; Jo 1:14,18; 3:16,18; 1 Jo 4:9; Mq 5:2; Jo 1: 14,18; 3:16;5:17,18,30,36; At 13:33; Jo 17:5; Cl 1:16; Hb 1:3; At 13:33; Hb 1:5; 2 Sm 7:14; Jo 5:26; Jo 1:3,10; Hb 1: 2,3; Jo 1:9; Sl 40 :7,8; Ef 1:3 - 14.

c) O Espírito Santo, ou a Terceira Pessoa da Trindade - O nome aplicado a Terceira Pessoa daTrindade (Jo 4:24 ; Gn 2:7; 6:17; Ez 37:5 ,6; Gn 8:1; 1 Rs 19:11; Jo 3:8; Sl 51:11; Is 63:10,11; Sl71:22; 89:18; Is 10:20; 41:14; 43:3; 48:17; Jo 14:26; 16: 7 - 11; Rm 8:26; Jo 16:14; Ef 1:14; Jo15:26; 16:7; 1 Jo 1:1; Jo 14; 16-18; Rm 8:16; At 16:7; 1 Co 12:11; Is 63:10; Ef 4:30; Gn 1: 2 ; 6:3;Lc 12:12; Jo 15:26; 16:8; At 8:29; 13:2; Rm 8;11; 1 Co 2:10,11; Lc 1:35; 4:14; At 10:38; Rm15:13; 1 Co 2:4.

A relação do Espírito Santo com as outras pessoas da Trindade foi alvo de controvérsiastrinitárias que levaram a conclusão de que o Espírito Santo, como o Filho, é da mesma essênciado Pai e, portanto, é consubstancial com Ele. E a longa discussão acerca da questão, se oEspírito Santo procedeu somente do Pai ou também do Filho, foi firmada finalmente pelo Sínodo

de Toledo em 589, pelo acréscimo da palavra Filioque  (e do Filho) à versão latina do Credo deConstantinopla: Credimus in Spiritum Sanctum que a Patre Filioque procedidit   (Cremos noEspírito Santo, que procede do Pai e do Filho).

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 Ícone dos 12 Apóstolos

Credo de Nicéia

Auxílios Complementares

A Trindade nos Credos Primitivos

CREDO APOSTÓLICO

Informações Históricas

Apesar de receber o nome de Apostólico, não temos nenhuma evidência de

que foi escrito pelos próprios apóstolos ou por alguns deles. O título "CredoApostólico" foi usado pela primeira vez em 390, no Sínodo de Milão. Em 404,Tirano Rufino escreveu um comentário do credo, contando a história de suaprovável origem (de que no dia de Pentecostes os apóstolos, antes de cumprira ordem de ir aos confins da terra, teriam se reunido e cada um contribuídocom alguma parte do credo). Há evidência, no entanto, de que um credo muitosemelhante a este já era usado no ano 150.

Texto do Credo

“Creio em Deus, o Pai onipotente, criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo, seu único Filho,nosso Senhor, o qual foi concebido do Espírito Santo, nasceu único Filho, nosso Senhor, o qual

foi concebido do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foicrucificado, morto e sepultado, desceu aos infernos, no terceiro dia ressuscitou dos mortos,subiu aos céus, está sentado à destra de Deus, o Pai onipotente, donde há de vir para julgar osvivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, a santa igreja católica – a comunhão dos santos, aremissão dos pecados, a ressurreição da carne e a vida eterna. Amém.”

Informações sobre a Trindade no Credo

Está claro que a estrutura do credo é Trinitária pela menção explícita às três Pessoas daTrindade.

CREDO DE NICÉIA

Informações Históricas

É o credo publicado por ocasião do Concílio de Nicéia, primeiro ConcílioUniversal da Igreja cristã, ocorrido no ano de 325.

Texto do Credo

Cremos em um só Deus, Pai onipotente, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em umsó Senhor, Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado pelo Pai, unigênito, isto é, sendo da mesmasubstância do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro do Deus verdadeiro, gerado, não

feito, de uma só substancia com o Pai, pelo qual foram feitas todas as coisas, as que estão nocéu e as que estão na terra; o qual, por nós homens e por nossa salvação, desceu, encarnou-see se fez homem. Sofreu, ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu, e novamente virá para julgaros vivos e os mortos. Cremos no Espírito Santo. E a todos que dizem: Ele era quando não era , eAntes de nascer, ele não era , ou que foi feito do não existente , bem como aqueles que alegamser o Filho de Deus de outra substância ou essência , ou feito , ou mutável , ou alterável  a todosesses a Igreja Católica e Apostólica anatematiza.

Informações sobre a Trindade no Credo

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 Moeda dom busto de

Constantinopla

Atanásio de Alexandria

Está claro que a estrutura do credo é Trinitária pela menção explícita as três Pessoas daTrindade. Além disto, percebe-se que há uma rejeição ao monarquianismo subordinacionista deÁrio.

CREDO NICENO

Informações Históricas

Além, de Ário, apenas 5 outros se recusaram a assinar o documentoelaborado em Nicéia. O Imperador os baniu, mas sem grande interessepolítico. O mesmo credo foi reafirmado no Concílio de Constantinopla, em381, e foi oficialmente adotado com alguns acréscimos em 451, no Concíliode Calcedônia.

Este credo reafirmado é chamado de credo Niceno. Este não procura apresentar todos os artigosda fé cristã, mas confessa e defende as verdades fundamentais da doutrina escriturística acercade Deus.

Texto do Credo

“Creio em um só Deus, o Pai onipotente, criador do céu e da terra, de todas as coisas, visíveis einvisíveis. E em um só Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus e nascido do Pai antes detodos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, nãofeito, consubstancial ao Pai, por quem foram feitas todas as coisas; o qual, por amor de nóshomens e por nossa salvação, desceu dos céus, e encarnou, pelo Espírito Santo, na VirgemMaria, e se fez homem; foi também crucificado em nosso favor sob Pôncio Pilatos; padeceu e foisepultado; e ao terceiro dia ressuscitou, segundo as Escrituras; e subiu aos céus; está sentado àdestra do Pai, e virá pela segunda vez, em glória, para julgar os vivos e os mortos; e seu reinonão terá fim. E no Espírito Santo, Senhor e vivificador, o qual procede do Pai e do Filho; que juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; que falou pelos profetas. E a igreja, umasanta, católica e apostólica. Confesso um só batismo, para remissão dos pecados, e espero a

ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro. Amém.”Informações sobre a Trindade no Credo:

A origem do Credo Niceno se encontra na necessidade que houve de defender a doutrinaapostólica da divindade de Cristo contra Ário, e da divindade do Espírito Santo contra osseguidores de Macedônio. É uma tácita afirmação da Trindade

CREDO ATANASIANO

Informações Históricas:

A origem do credo é, entretanto, obscura. Desde o século IX alguns oatribuíram a Atanásio, o heróico defensor da doutrina da divindade de Cristocontra Ário. Entretanto, não há razões muito fortes para que se possa atribuí-lo a Atanásio

Texto do Credo

“Todo aquele que quer ser salvo, antes de tudo deve professar a fé católica. Quem quer que nãoa conservar íntegra e inviolada, sem dúvida perecerá eternamente. E a fé católica consiste emvenerar um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade, sem confundir as pessoas e sem

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 Selo da Universidade

de Heidelberg

dividir a substância. Pois uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; Masuma só é a divindade do Pai e do Filho e do Espírito Santo, igual a glória, coeterna a majestade.Qual o Pai, tal o Filho, tal também o Espírito Santo. Incriado é o Pai, incriado o Filho, incriado oEspírito Santo. Imenso é o Pai, imenso o Filho, imenso o Espírito Santo. Eterno o Pai, eterno oFilho, eterno o Espírito Santo; Contudo, não são três eternos, mas um único eterno; Como nãohá três incriados, nem três imensos, porém um só incriado e um só imenso. Da mesma forma, oPai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente; Contudo, não há trêsonipotentes, mas um só onipotente. Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo éDeus; E todavia, não há três Deuses, porém um único Deus. Como o Pai é Senhor, assim o Filhoé Senhor, o Espírito Santo é Senhor; Entretanto, não são três Senhores, porém um só Senhor.Porque, assim como pela verdade cristã somos obrigados a confessar que cada pessoa, tomadapela verdade cristã somos obrigados a confessar que cada pessoa, tomada em separado, éDeus e Senhor, assim também estamos proibidos pela religião católica de dizer que são trêsDeuses ou três Senhores. O Pai por ninguém foi feito, nem criado, nem negado. O Filho é só doPai; não feito, nem criado, mas gerado. O Espírito Santo é do Pai e do Filho; não feito, nemcriado, nem gerado, mas procedente. Há, portanto, um único Pai, não três Pais; um único Filho,não três Filhos; um único Espírito Santo, não três Espíritos Santos. E nesta Trindade nada éanterior ou posterior, nada maior ou menor; porém todas as três pessoas são coeternas e iguaisentre si; de modo que em tudo, conforme já ficou dito acima, deve ser venerada a Trindade naunidade e a unidade na Trindade. Portanto, quem quer salvar-se, deve pensar assim a respeito

da Trindade. Mas para a salvação eterna também é necessário crer fielmente na encarnação denosso Senhor Jesus Cristo. A fé verdadeira, por conseguinte, é crermos e confessarmos quenosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e homem. É Deus, gerado da substância doPai antes dos séculos, e é homem, nascido, no mundo, da substância da mãe. Deus perfeito,homem perfeito, subsistindo de alma racional e carne humana. Igual ao Pai segundo adivindade, menor que o Pai segundo a humanidade. Ainda que é Deus e homem, todavia não hádois, porém um só Cristo. Um só, entretanto, não por conversão da divindade em carne, maspela assunção da humanidade em Deus. De todo um só, não por confusão de substância, maspor unidade de pessoa. Pois, assim como a alma racional e a carne é um só homem, assimDeus e homem é um só Cristo; O qual padeceu pela nossa salvação, desceu aos infernos,ressuscitou dos mortos, subiu aos céus, está sentado à destra do Pai, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos. À sua chegada todos os homens devem ressuscitar com os seus

corpos e vão prestar contas de seus próprios atos; E aqueles que tiverem praticado o bem irãopara a vida eterna; aqueles que tiverem praticado o mal irão para o fogo eterno. Esta é a fécatólica. Quem não a crer com fidelidade e firmeza, não poderá salvar-se. Também falarei dosteus testemunhos na presença dos reis, e não me envergonharei.”

Informações sobre a Trindade no Credo

O Credo Atanasiano é uma confissão magnífica sobre o Deus triúno. Lutero o considerou "amaior produção da igreja desde os tempos dos apóstolos".

A Trindade nos Credos e Confissões Reformadas

Catecismo de Heidelberg

22. Em que um cristão deve crer?

R. Em tudo o que nos é prometido no Evangelho. O Credo Apostólico, resumode nossa universal e indubitável fé cristã, nos ensina isto(1).

(1) Mt 28:19; Mc 1:15; Jo 20:31.

23. O que dizem os artigos deste Credo?

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 Abadia de Westminster

R. 1) Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra; 2) e em Jesus Cristo, seuúnico Filho, nosso Senhor; 3) que foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria; 4)padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu ao inferno; 5) no terceirodia ressurgiu dos mortos; 6) subiu ao céu e esta sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso;7) donde há de vir a julgar os vivos e os mortos. 8) Creio no Espírito Santo; 9) na santa igrejauniversal de Cristo, a comunhão dos santos; 10) na remissão dos pecados; 11) na ressurreiçãoda carne 12) e na vida eterna.

DOMINGO 8

24. Como se divide este Credo?

R. Em três partes. A primeira trata de Deus Pai e da nossa criação. A segunda de Deus Filho eda nossa salvação. A terceira de Deus Espírito Santo e da nossa santificação.

25. Por que você fala de três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, visto que há um só Deus (1) ?

R. Porque Deus se revelou, em sua Palavra, de tal maneira que estas três Pessoas distintas sãoo único, verdadeiro e eterno Deus (2).

(1) Dt 6:4; Is 44:6; Is 45:5; 1Co 8:4,6; Ef 4:5,6. (2) Gn 1:2,3; Is 61:1; Mt 3:16,17; Mt 28:19; Lc 1:5;

Lc 4:18; Jo 14:26; Jo 15:26; At 2:32,33; 2Co 13:13; Gl 4:6; Ef 2:18; Tt 3:4-6.DEUS PAI E NOSSA CRIAÇÃO

26. Em que você crê quando diz: "Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e daterra"?

R. Creio que o eterno Pai de nosso Senhor Jesus Cristo criou, do nada, o céu, a terra e tudo oque neles há(1) e ainda os sustenta e governa por seu eterno conselho e providência  (2). Ele étambém meu Deus e meu Pai, por causa de seu Filho Cristo   (3). NEle confio de tal maneira, quenão duvido que dará tudo o que for necessário para meu corpo e minha alma   (4) ; e que Eletransformará em bem todo mal que me enviar, nesta vida conturbada (5). Tudo isto Ele pode fazer

como Deus todo-poderoso

 (6)

e quer fazer como Pai fiel

 (7).

(1) Gn 1:1; Gn 2:3; Êx 20:11; Jó 33:4; Jó 38:4-11; Sl 33:6; Is 40:26; At 4:24; At 14:15. (2) Sl 104:2-5,27-30; Sl 115:3; Mt 10:29,30; Rm 11:36; Ef 1:11. (3) Jo 1:12; Rm 8:15; Gl 4:5-7; Ef 1:5. (4) Sl55:22; Mt 6:25,26; Lc 12:22-24. (5) Rm 8:28. (6) Rm 8:37-39; Rm 10:12; Ap 1:8. (7) Mt 6:32,33; Mt7:9-11.

BREVE CATECISMO DE WESTMINSTER

P. 6. Quantas pessoas há na Divindade?  

R. Há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e estastrês são um Deus, da mesma substância, iguais em poder e glória.

Ref. Mt 3.16-17; 28.19; 2Co 13.13; Jo 1.1; 3.18; At 5.3-4; Hb 1.3; Jo 10.30.

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 John Knox,Reformador da Escócia

Guido de Brés, escritorda Confissão Belga

A CONFISSÃO DE FÉ ESCOCESA*

1º CAPÍTULO

De Deus

Confessamos e reconhecemos um só Deus, a quem, só, devemos apegar-nos, a quem, só, devemos servir, a quem, só, devemos adorar e em quem, só,devemos depositar nossa confiança.1  Ele é eterno, infinito, imensurável,

incompreensível, onipotente, invisível;2 um em substância e, contudo, distintoem três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.3  Cremos e confessamosque por ele todas as coisas que há no céu e na terra, visíveis e invisíveis,

foram criadas, são mantidas em seu ser, e são governadas e guiadas pela sua inescrutávelprovidência para o fim que determinaram sua eterna sabedoria, bondade e justiça, e para amanifestação de sua própria glória.4 

1. Dt 6:4; 1Co 8:6; Dt 4:35; Is 44:5-6.

2. 1Tm 1:17; 1Rs 8:27; 2Cr 6:18; Sl 139:7-8; Gn 17:1; 1Tm 6:15-16; Êx 3:14-15.

3. Mt 28:19; 1Jo 5:7.

4. Gn 1:1; Hb 11:3; At 17:28; Pv 16:4.

CONFISSÃO BELGA

ARTIGO 8

A TRINDADE: UM SÓ DEUS, TRÊS PESSOAS

Conforme esta verdade e esta palavra de Deus, cremos em um só Deus 1, queé um único ser, em que há três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo 2.

Estas são, realmente e desde a eternidade, distintas conforme os atributospróprios de cada Pessoa.

O Pai é a causa, a origem e o princípio de todas as coisas visíveis e invisíveis3. O Filho é oVerbo, a sabedoria e a imagem do Pai . O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, é aeterna força e o poder5.

Esta distinção não significa que Deus está dividido em três. Pois a Sagrada Escritura nos ensinaque cada um destes três, o Pai e o Filho e o Espírito Santo, tem sua própria existência, distintapor seus atributos, de tal maneira, porém, que estas três pessoas são um só Deus. É claro,então, que o Pai não é o Filho e que o Filho não é o Pai; que, também, o Espírito Santo não é oPai ou o Filho.

Entretanto, estas Pessoas, assim distintas, não são divididas nem confundidas entre si. Porquesomente o Filho se tornou homem, não o Pai ou o Espírito Santo. O Pai jamais existiu sem seuFilho6 e sem seu Espírito Santo, pois todos os três têm igual eternidade, no mesmo ser. Não háprimeiro nem último, pois todos os três são um só em verdade, em poder, em bondade e emmisericórdia.

1 1Co 8:4-6. 2 Mc 3:16,17; Mt 28:19. 3 Ef 3:14,15. 4 Pv 8:22-31; Jo 1:14; Jo 5:17-26; 1Co 1:24; Cl1:15-20; Hb 1:3; Ap 19:13. 5 Jo 15:26. 6 Mq 5:1; Jo 1:1,2.

ARTIGO 9

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O TESTEMUNHO DA ESCRITURA SOBRE A TRINDADE

Tudo isto sabemos tanto pelo testemunho da Sagrada Escritura 1, como pelas obras das trêsPessoas, principalmente por aquelas que percebemos em nós. Os testemunhos das SagradasEscrituras, que nos ensinam a crer nesta Trindade, se acham em muitos lugares do AntigoTestamento. Não é preciso alistá-los, somente escolhê-los cuidadosamente. Em Gênesis 1:26 e27, Deus

diz: "Façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança" etc. "Criou Deus, pois,

o homem a sua imagem; homem e mulher os criou".

Assim também em Gênesis 3:22: "Eis que o homem se tornou como um de nós". Com isto semostra que há mais de uma pessoa em Deus, porque Ele

diz: "Façamos o homem a nossa imagem"; e, em seguida, Ele indica que há um só Deus,quando diz: "Deus criou". É verdade que Ele não diz quantas pessoas há, mas o que é um tantoobscuro, para nós, no Antigo Testamento, é bem claro no Novo. Pois quando nosso Senhor foibatizado no rio Jordão, ouviu-se a voz do Pai, que falou: "Este é o meu filho amado" (Mateus3:17); enquanto o Filho foi visto na água e o Espírito Santo se manifestou em forma de pomba2.

A1ém disto, Cristo instituiu, para o batismo de todos os fiéis, esta forma: Batizai todas as nações

"em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mateus 28:19). No evangelho segundo Lucas,o anjo Gabriel diz a Maria, mãe do Senhor: "Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder doAltíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer, seráchamado Filho de Deus" (Lucas 1:35). Do mesmo modo: "A graça do Senhor Jesus Cristo, e oamor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós" (2 Coríntios 13:13). * Emtodos estes lugares, nos é ensinado que há três Pessoas em um só ser divino. E embora estadoutrina ultrapasse o entendimento humano, cremos nela, baseados na Palavra, e esperamosgozar de seu pleno conhecimento e fruto no céu.

Devemos considerar, também, a obra própria que cada uma destas três Pessoas efetua em nós:o Pai é chamado nosso Criador, por seu poder; o Filho é nosso Salvador e Redentor, por seusangue; o Espírito Santo é nosso Santificador, porque habita em nosso coração.

A verdadeira igreja sempre tem mantido esta doutrina da Trindade, desde os dias dos apóstolosaté hoje, contra os judeus, os muçulmanos e falsos cristãos e hereges como Marcião, Mani,Práxeas, Sabélio, Paulo de Samósata, Ário e outros. A igreja antiga os condenou, com toda arazão. por isso, nesta matéria, aceitamos, de boa vontade, os três Credos ecumênicos, a saber:o Apostólico, o Niceno e o Atanasiano; e também o que a igreja antiga determinou emconformidade com estes credos.

1 Jo 14:16; Jo 15:26; At 2:32,33; Rm 8:9; Gl 4:6; Tt 3:4-6; 1Pe 1:2; 1Jo 4:13,14; 1Jo 5:1-12; Jd:20,21; Ap 1:4,5. 2 Mt 3:16.

* Originalmente o texto incluía aqui as seguintes palavras: "E: "há três que dão testemunho no

céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um" (1 Jo 5:7)". A referência a 1 João5:7b e duvidosa, porque este texto não se acha nos manuscritos antigos.

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 Oliver Cromwell,Lorde Protetor da Inglaterrana Época da Assembléia de

Westminster

Karl Barth

CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER

CAPÍTULO II

DE DEUS E DA SANTÍSSIMA TRINDADE

I. Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser eperfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros oupaixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível, - onipotente,

onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo para asua própria glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que é retae imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muitobondoso e verdadeiro remunerador dos que o buscam e, contudo,

 justíssimo e terrível em seus juízos, pois odeia todo o pecado; de modo algum terá por inocenteo culpado.

Deut. 6:4; I Cor. 8:4, 6; I Tess. 1:9; Jer. 10:10; Jó 11:79; Jó 26:14; João 6:24; I Tim. 1:17; Deut.4:15-16; Luc. 24:39; At. 14:11, 15; Tiago 1:17; I Reis 8:27; Sal. 92:2; Sal. 145:3; Gen. 17:1; Rom.16:27; Isa. 6:3; Sal. 115:3; Exo3:14; Ef. 1:11; Prov. 16:4; Rom. 11:36; Apoc. 4:11; I João 4:8;Exo. 36:6-7; Heb. 11:6; Nee. 9:32-33; Sal. 5:5-6; Naum 1:2-3.

II. Deus tem em si mesmo, e de si mesmo, toda a vida, glória, bondade e bem-aventurança. Eleé todo suficiente em si e para si, pois não precisa das criaturas que trouxe à existência, nãoderiva delas glória alguma, mas somente manifesta a sua glória nelas, por elas, para elas esobre elas. Ele é a única origem de todo o ser; dele, por ele e para ele são todas as coisas esobre elas tem ele soberano domínio para fazer com elas, para elas e sobre elas tudo quantoquiser. Todas as coisas estão patentes e manifestas diante dele; o seu saber é infinito, infalível eindependente da criatura, de sorte que para ele nada é contingente ou incerto. Ele é santíssimoem todos os seus conselhos, em todas as suas obras e em todos os seus preceitos. Da partedos anjos e dos homens e de qualquer outra criatura lhe são devidos todo o culto, todo o serviçoe obediência, que ele há por bem requerer deles.

João 5:26; At. 7:2; Sal. 119:68; I Tim. 6: 15; At - . 17:24-25; Rom. 11:36; Apoc. 4:11; Heb. 4:13;

Rom. 11:33-34; At. 15:18; Prov. 15:3; Sal. 145-17; Apoc. 5: 12-14.

III. Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade -Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo, O Pai não é de ninguém - não é nem gerado,nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamenteprocedente do Pai e do Fi lho.

Mat. 3:16-17; 28-19; II Cor. 13:14; João 1:14, 18 e 15:26; Gal. 4:6.

A Trindade na Teologia Contemporânea

O Modelo Trinitário de Karl Barth  

Em Barth, o auto-revelação de Deus aos seres humanos é a raiz da doutrinada Tr indade (Trindade Imanente = Trindade Econômica).

Para Barth, Deus se move em direção ao ser humano em dois movimentos:

- Na Palavra/Filho (movimento da palavra “objetiva”)

- No Espírito (movimento “da recepção subjetiva”)

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 Karl Rahner

O movimento do Espírito Santo é necessário porque os seres humanos são incapazes de ouvir aPalavra de Deus. Deus efetua, pelo Espírito, a recepção subjetiva e pessoal da Palavra em cadaouvinte.

O exemplo dado por Garth para explicar a doutrina é de dois indivíduos que estão em Jerusalémem 30 d.C., e vêem três homens em uma cruz.

- O primeiro homem aponta à figura do cruficicado no centro e diz: “É um criminoso comum queestá sendo executado”

- O segundo homem diz: “É o Filho de Deus que morre para mim”

Jesus, como o revelação objetivo de Deus, não é o bastante para que Deus seja reconhecido. OEspírito é responsável, portanto, em gerar o reconhecimento subjetivo da revelação objetiva

Desta maneira, Barth afirma a cláusula do filioque  - que o Espírito procede do Pai e do Fi lho.

Estes movimentos não são meramente “modalidades” da atividade “econômica” de Deus, masrefletem “modalidades verdadeiras do seu Ser da sua Existência”.

O Modelo Trinitário de Karl Rahner  

Karl Rahner declara explicitamente que a Trindade Imanente é a versãoeconômica da Trindade. Como em Barth, a auto-revelação de Deus ou a suaauto-comunicação são a raiz da doutrina da Trindade.

A auto-comunicação de Deus ocorre por quatro aspectos duplos:

Após – Futuro 

História – Transcendência 

Oferta – Aceitação 

Conhecimento – Amor 

Rahner reduz estes quatro aspectos duplos a duas modalidades fundamentais de uma auto-comunicação de Deus:

- “conhecimento” (que abrange o passado: a História e a Oferta)

- “amor” (que abrange o futuro: a Transcendência e a Aceitação)

No modelo de Rahner de Trindade:

O Pai é “Deus como é”.

O Filho/Palavra/Logos, e o Espírito, são “modalidades/maneiras distintas de subsistência deDeis” ou “modalidades do dom de Deus”.

Uma auto-comunicação do Filho/Palavra/Logos = Deus como “conhecimento”.

Uma auto-comunicação do Espírito = Deus como “amor”.

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Uma auto-comunicação de Deus pressupõe um receptor. Visto que Barth enfatiza opecaminosidade e inabilidade do homem ouvir a Palavra de Deus (o que torna necessária a açãodo Espírito a fim de que o ser humano reconheça a Palavra), Rahner enfatiza que Deus fez osseres humanos capazes de receber a sua auto-comunicação. No detalhe, os quatro aspectosduplos da auto-comunicação de Deus estão também nos seres humanos (“traços da Trindade”):

- elementos de nossa personalidade que nos movem para além de nós (Após, História, Oferta,Conhecimento)

- elementos de nossa personalidade que reflete nossa abertura e receptividade (Futuro,Transcendência, Aceitação, Amor)

A presença destes “aspectos duplos” de auto-comunicação do Deus em nós permitem umdualidade:

- da palavra e da resposta

- da saída e do retorno

- entre nós e Deus

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Resumo

Teontologia

A Doutrina da Trindade nas Escrituras

O Ser de Deus no Antigo Testamento: a afirmação da unidade de Deus

O Ser de Deus no Novo Testamento: a afirmação da Trindade

Trindade nos Pais Apostólicos

Trindade nos Pais Apologistas

Trindade nos Pais Polemistas

A Teontologia consiste no estudo do ser de Deus. É a abordagem do Ser de Deus, da Trindade, dosAtributos Divinos e da Ação Divina. 

E nesta guerra entre YAHWEH e outros deuses, há três fases no Antigo Testamento.A primeira fase s e chama EXCLUSÃO. Ex 20.2-6; Lv 19.4; Dt 4.A segunda fase se chama SUBORDINAÇÃO. Sl 29; Sl 82.7.A terceira fase se chama RECUSA. Is 2.8, 18; Is 41.24, 29; Is 44.9-20. 

É possível inferir a Trindade nas passagens do Novo Testamento que afirmam ter Deus enviado seuFilho ao mundo (Jo 3.16; Gl 4.4; Hb 1.6; 1 Jo 4.9). Ainda se afirma no Novo Testamento que o Pai e oFilho enviam o Esp írito Santo (Jo 14.26; 15.26; 16.7; Gl 4.6).De maneira mais clara a Trindade é mencionada no Batismo de Jesus, na Grande Comissão e naBênção Apostólica. 

No período dos Pais Apostólicos, a idéia de que Deus é Uno e Criador era a linha divisória entre a fé daIgreja e o paganismo. 

São os primeiros a tentarem esboçar uma explicação intelectualmente satisfatória da relação de Cristopara com Deus Pai.

Entre os Pais Polemistas, a afirmação central continua a ser que Deus é uno e criador. 

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Heresias Trinitárias

a) O Adocionismo.(ou monarquianismoadocionista) 

O adocionismo foi ateoria de que Cristo

era um simpleshomem sobre o qualdesceu o Espírito deDeus. Originou-a ummercador de courobizantino chamadoTeodoto, que atrouxe até Roma emtorno do ano 190.

b) O Monarquianismo(ou monarquianismomodalista - I)  

Afirmaram que haviaapenas um único

Deus, o Pai. SeCristo é Deus, entãoele deve ser idênticoao Pai, senão elenão seria Deus.Portanto, é o próprioPai que sofreu epassou pelasexperiênciashumanas do Cristo.Por isto, tal doutrinapassou a conhecer-se comopatripassianismo. Osmonarquianistasrejeitaram a doutrina

do Verbo, afirmandoque o prólogo doEvangelho de Joãodeveria serinterpretadoalegoricamente.Os monarquianistasacreditavam em umaúnica e idênticadivindade, que podiaser designadaindiferentementecomo Pai ou Filho;estes termosdiferentes nãoimplicariamdistinções reais, masseriam apenasnomes aplicáveis emtempos diferentes.

c) Sabelianismo (oumonarquianismomodalista II)

Na pessoa deSabélio surgiu umaforma demonarquianismomais sofisticado, quede alguma formapercebia aingenuidade domonarquianismosimples, e levava emconta elementostomados deempréstimo aotrinitarianismoeconômico que osmonarquianistascriticavam. Sabélio,embora afirmando a

unidade de Deus,ensinou que adivindade seexpressa em trêsoperações.Comparando adivindade com o Sol,objeto único queirradia tanto calorcomo luz, o Pai seriaa forma ou aessência daDivindade, o Filho eo Espírito Santomodos de sua auto-expressão.

d) A Doutrina deClemente.

O Pai somente podeser conhecidoatravés de seu

Verbo, ou Filho, queé sua Imagem e éinseparável do Pai. OVerbo é a mente ou aracionalidade do Pai,compreendendo emsi as idéias do Pai, etambém as forçasativas pelas quaisEle anima o mundodas cr iaturas.A geração do Filho apartir do Pai é seminício, pois "o Pai nãoé sem o Filho, pois(enquanto Pai), é Pai

do Filho". O Filho éessencialmente unocom o Pai, já que oPai está nele e Eleestá com o Pai. OEspírito Santo é a luzque emana do Verboa qual, dividida semdivisão real, ilumina ofiel. O Espírito Santoé a potência doVerbo que permeia omundo a atrai oshomens para Deus. 

e) A Doutrina deOrígenes sobre aTrindade (omonarquianismosubordinacionista) 

Para Orígenes, afonte e o fim de todaa existência é Deus oPai. Somente Ele éDeus no sentidoestrito, apenas Elesendo não gerado. Aeste respeito,Orígenes afirma sersignificativo queCristo falou dele noEvangelho de Joãocomo "o único Deusverdadeiro" (Jo. 17,3).Para servir de

mediador entre suaabsoluta unidade e amultiplicidade dasalmas, porém, DeusPai tem o seu Filho,sua imagemexpressa. Assim, oFilho possui umadupla relação paracom o Pai e paracom o mundo.O Pai gera o Filhopor um ato eterno,fora da categoria dotempo, de modo quenão se pode dizerque (Ele) existiaquando (o Filho) nãoexistia. Além disso, oFilho é Deus, emborasua deidade sejaderivada, e portantoEle é um DeusSecundário, ou, naexpressão gregaoriginal, DeuterosTeos .Em terceiro lugar háo Espírito Santo, "omais honorável detodos os seres

trazidos à existênciaatravés do Verbo, oprimeiro da série detodos os seresoriginados pelo Paiatravés de Cristo". 

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O Concílio de Nicéia.

II) III) IV) V) 

VI) VII) VIII) 

As Concepções Trinitarianas dos Três Pais Capadócios

Trindade em Agostinho

As Pessoas da Trindade  a) O Pai, ou a Primeira Pessoa daTrindade - o nome Pai, em suaaplicação a Deus (1 Co 8:6; Ef3:15; Hb 12:9; Tg 1:17; Dt 32:6; Is63:16; 64:8; Jr 3:4; Ml 1:6; 2:10;Mt 5:45; 6:6-15; Rm 8:16; 1 Jo3:1; Jo 1:14,18; 5:17-26; 8:54;14:12,13). A primeira pessoa é oPai da Segunda num sentidometafísico. Esta é a paternidadeoriginária de Deus, da qual todapaternidade terrena é apenas umpálido reflexo.

b) O Filho, ou a Segunda Pessoada Trindade - o nome Filho, emsua aplicação à Segunda pessoa.A Segunda Pessoa da Trindade échamada Filho ou Filho de Deusem mais de um sentido do termo(Jo 1:14,18; 3; 16,18; Gl 4:4; 2Sm 7:14; Jó 2:1; Sm 2:7; Lc 3:38;Jo 1:12; Jo 5:18 - 25; Hb 1; Mt6:9; 7:21; Jo 20:17; Mt 11:27; MT26:63; Jo 10:36; Mt 8:29; 26:63;27:40; Jo 1:49; 11:27; 2 Co 11:31;Ef 1:3; Jo 17:3; 1 Co 8:6; Ef 4:5,6; Lc 1:32,35; Jo 1:13; Cl 1:15;Hb 1:6; Jo 1:1-14; 1 Jo 1;1-3; 2Co 4:4; Hb 1:3; Jo 1:14,18;3:16,18; 1 Jo 4:9; Mq 5:2; Jo 1:14,18; 3:16; 5:17,18,30,36; At13:33; Jo 17:5; Cl 1:16; Hb 1:3; At13:33; Hb 1:5; 2 Sm 7:14; Jo5:26; Jo 1: 3,10; Hb 1: 2,3; Jo 1:9;Sl 40 :7,8; Ef 1:3 - 14.

c) O Espírito Santo, ou a TerceiraPessoa da Trindade - O nomeaplicado a Terceira Pessoa daTrindade (Jo 4:24 ; Gn 2:7; 6:17;Ez 37:5 ,6; Gn 8:1; 1 Rs 19:11; Jo3:8; Sl 51:11; Is 63:10,11; Sl71:22; 89:18; Is 10:20; 41:14;43:3; 48:17; Jo 14:26; 16: 7 - 11;Rm 8:26; Jo 16:14; Ef 1:14; Jo15:26; 16:7; 1 Jo 1:1; Jo 14; 16-18; Rm 8:16; At 16:7; 1 Co 12:11;Is 63:10; Ef 4:30; Gn 1: 2 ; 6:3; Lc12:12; Jo 15:26; 16:8; At 8:29;13:2; Rm 8;11; 1 Co 2:10,11; Lc1:35; 4:14; At 10:38; Rm 15:13; 1Co 2:4.

Nas atas do Concílio de Nicéia, assinadas por todos os bispos participantes, com exceção dos doisamigos de Ário, constou o texto da seguinte profissão de fé:"Cremos em um só D eus, Pai todo poderoso, Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis; E em umsó Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus, gerado do Pai, unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus deDeus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial do Pai, porquem todas as coisas foram feitas no c éu e na terra, o qual por causa de nós homens e por causa denossa salvação desceu, se encarnou e se fez homem, padeceu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aoscéus e virá para julgar os vivos e os mortos; E no Espírito Santo. Mas quantos àqueles que dizem:'existiu quando não era' e 'antes que nascesse não era' e 'foi feito do nada', ou àqueles que afirmam queo Filho de Deus é uma hipóstase ou substância diferente, ou foi criado, ou é sujeito à alteração e

mudança, a estes a Igreja Católica anematiza." 

Para explicarem como uma única substância pode estar simultaneamente presente em três Pessoas osCapadócios fazem uso da analogia do universal e seus particulares.Basílio escreve que "Ousia  e hipóstase  se diferenciam exatamente como universal e particular, isto é,como animal e um homem em particular".Neste sentido, cada uma das Hipóstases divinas é a ousia  ou a essência da Divindade determinada porsuas características particularizantes apropriadas. Para Basílio estas características particularizantes sãoa "paternidade", a "filiação" e a "po tência santificadora" ou "santificação". Os outros Capadócios asdefinem de uma maneira mais precisa como "não ser gerado", "geração" e "missão" ou "processão". 

Foi Agostinho quem deu à tradição oc idental a sua expressão madura e final acerca da Trindade.Agostinho aceita sem discussão a verdade que existe um só Deus que é Trindade, e que o Pai, o Filho eo Espírito Santo são simultaneamente distintos e c o-essenciais, numericamente um quanto à substância;e seus escritos estão repletos de declarações detalhadas quanto a isto.