teontologia - igreja de nosso senhor jesus cristo · 2019-08-09 · teontologia 3 seminÁrio...
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SEMINÁRIO TEOLÓGICO MARCOS BATISTA - Curso Bacharel de Teologia
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PREFÁCIO
A mestra na Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pra. Zilma Silva, Bacharel em Teologia,
esforçou-se exaustivamente por apresentar, em especial aos nossos obreiros, um trabalho bem
elaborado, que vale a pena compulsá-lo.
Companheiros e Companheiras, alunos e alunas do nosso Seminário em Teologia a nível
Bacharel, vamos crescer no conhecimento! E juntos faremos da nossa grande Igreja, uma potência
mundial.
Juntos somos fortes!!
Bispo Cordeiro
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ÍNDICE
1- INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 7
2- DEFINIÇÃO DE TEONLOGIA ...............................................................................................................7
3- O SER DE DEUS ......................................................................................................................................8
4- COGNOCIBILIDADE DE DEUS ..........................................................................................................11
5- ATRIBUTOS DE DEUS E A REVELAÇÃO DO SEU SER ..................................................................13
6- A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO DO SER DE DEUS ........................................................14
7- O SER DE DEUS REVELADO EM SEUS ATRIBUTOS ......................................................................14
8- OS NOMES DE DEUS ............................................................................................................................15
9- OS ATRIBUTOS DE DEUS ...................................................................................................................16
10- QUAIS SÃO OS ATRIBUTOS DE DEUS ...........................................................................................16
11- A TRINDADE SANTA .........................................................................................................................18
11.1- Definição .........................................................................................................................................18
12- A TRINDADE CONSISTE EM TRÊS DISTINÇÕES .........................................................................19
13- COMPROVAÇÕES DA DOUTRINA DA TRINDADE NAS ESCRITURAS ................................... 20
13.1- O Pai, O Filho, e O Espírito Santo atuam juntamente numa base igual ..........................................21
13.2- Existe distinção entre O Pai, O Filho e O Espírito Santo .................................................................21
13.3- O Pai, O Filho, e o Espírito Santo são um Deus ..............................................................................21
14- AS OBRAS DE DEUS ..........................................................................................................................23
14.1- Os decretos divinos em geral ..........................................................................................................23
14.2- A natureza dos decretos Divinos .....................................................................................................23
14.3- Os decretos de Deus e o livre arbítrio ..............................................................................................23
14.4- Os decretos de Deus são eternos ......................................................................................................24
14.5- Valor prático da doutrina .................................................................................................................24
15- PREDESTINAÇÃO ..............................................................................................................................25
15.1- A doutrina da predestinação na História .........................................................................................25
15.2- Termos bíblicos para Predestinação ................................................................................................26
15.3- Os objetos da Predestinação .............................................................................................................27
15.4- Eleição e Reprovação ......................................................................................................................27
16- A CRIAÇÃO EM GERAL ....................................................................................................................28
16.1- Definição .........................................................................................................................................29
16.2- A criação do mundo espiritual ........................................................................................................30
16.2.1- A doutrina dos anjos na História ..............................................................................................30
16.2.2- A existência dos anjos ............................................................................................................32
16.2.3- A natureza dos anjos ...............................................................................................................33
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16.2.4- Características dos anjos ..........................................................................................................33
16.2.5- O número e a organização dos anjos ........................................................................................35
16.2.6- O serviço dos anjos ..................................................................................................................37
16.2.7- Os anjos maus ..........................................................................................................................38
17- A CRIAÇÃO DO MUNDO MATERIAL .............................................................................................40
17.1- Descrição bíblica da criação ............................................................................................................40
17.2- Não há um segundo relato de criação em Gênesis 2 .......................................................................46
18- PROVIDÊNCIA ....................................................................................................................................47
18.1- Providência Geral ............................................................................................................................47
18.1.1- História da Doutrina da Providência ........................................................................................47
18.3- A ideia da Providência ....................................................................................................................48
18.4- Conceitos errôneos concernentes a natureza da Providência ...........................................................48
18.5- Objetos da Providência Divina .......................................................................................................49
19- PRESERVAÇÃO ..................................................................................................................................50
19.1- Concorrência ...................................................................................................................................52
19.1.1- A ideia da concorrência Divina e sua prova bíblica .................................................................52
19.2- Erros que devem ser evitados ..........................................................................................................52
19.3- Características da concorrência Divina ............................................................................................53
19.4- A concorrência Divina e o pecado ...................................................................................................54
20- GOVERNO ...........................................................................................................................................54
20.1- Natureza do governo Divino ............................................................................................................54
20.2- A extensão deste governo ................................................................................................................52
20.3- Providências Extraordinárias ou milagres .......................................................................................52
20.3.1- Natureza dos milagres .............................................................................................................56
20.3.2- Possibilidade de milagres ........................................................................................................56
20.3.3- Propósito dos milagres nas Escrituras ......................................................................................57
22- CONCLUSÃO ......................................................................................................................................55
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................59
24- QUESTIONÁRIO .................................................................................................................................61
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1. INTRODUÇÃO
Ao estudarmos a Teologia temos o intuito de aprofundar o conhecimento sobre Deus e de
tudo que diz respeito a sua Pessoa, sem ter-se a pretensão de qualquer definição específica sobre
Deus, a limitação do conhecimento humano torna impossível defini-Lo, tendo-se em vista que um
Ser de infinita magnitude e soberania não pode ser descrito ou plenamente estudado em palavras
humanas limitadas, o intuito desse estudo é apenas buscar uma forma de melhor apreendermos de
Deus algo que Ele mesmo permitiu ao homem conhecer de Si mesmo por intermédio da auto-
revelação nas Sagradas Escrituras. O estudo em foque tem como base em sua maior parte um breve
resumo da Teologia Sistemática de Louis Berkhof.
2. DEFINIÇÃO DE TEONLOGIA
A definição do termo Teonlogia ou Teologia Própria vem do termo grego Theós- Deus,
Ontos - ente e Logos - estudo e é uma área ou locus da Teologia Sistemática que estuda sobre
Deus.
A definição de Teologia segundo o pensamento grego aparece pela primeira através
filósofo Platão, que no diálogo “A República” refere-se à compreensão da natureza divina por
meio da razão, opondo-se à compreensão literária própria da poesia que era feita pelos seus
conterrâneos, ele define Deus como o começo o meio e o fim de todas as coisas, para ele Deus é o
ser, Deus é o bem, Deus é vida, Deus é ação.
Platão, procurando comprovar a existência de Deus recorre ao mito utilizando-se de duas
provas: A primeira delas é baseada na existência do mundo: Deus é o Demiurgo (demios- do povo, ourgos-
trabalhador). Ele afirma que para uma obra ter origem, é necessário que haja um artífice e assim, expõe
seu Demiurgo em linguagem mítica, para Platão, Deus depois de ter contemplado o mundo Ideal, decidiu
fazer o universo a Sua imagem. A segunda prova é baseada no movimento: Deus é a alma real. Para o
filósofo, o mundo está sujeito a um movimento ordenado, como de esferas celestes, que é pela sua
estabilidade, a própria imagem da inteligência. Para que esse movimento exista, é necessário um motor.
Aqui, Platão recomenda dois motores: um corpóreo e a alma. O corpo é estático, é sempre movido por
outro antes de se mover. Já a alma é o motor que apresenta em si o princípio do movimento, portanto, a
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alma domina o corpo que morre, ou seja, Deus é o “motor” que movimenta o universo. Para ele diferente
do Deus definido pelos cristãos o demiurgo não cria o ex nihilo, mas a partir de um estado pré-existente
do caos tentando fazer seu produto assemelhar-se ao modelo eterno das Formas.
3. O SER DE DEUS
Quem é Deus? Deus é um Ser indefinível, não há possibilidade de defini-Lo em palavras
e exaustivamente. A Teologia não se atém em provar a existência de Deus, seu estudo parte do
pressuposto de que Deus existe e que se revelou por intermédio de Sua Divina Palavra, portanto o
foco principal é apreender o que Ele permitiu ser conhecido através da revelação.
A Teologia cristã parte do pressuposto de que Deus existe desde o princípio, não teve
uma origem, mas sempre existiu, e sempre existirá, ela se baseia na fé de que Ele existe conforme
é mencionado nas Sagradas Escrituras. Este é o posicionamento Teológico que mais importa neste
estudo, todavia para nível de conhecimento é necessário que abordemos as diferentes explicações
para a comprovação da existência Divina. Não há como compreender a Deus, a não ser naquilo
que Ele se permite ser compreendido Jó 11:7, Sl 139: 6 Sl 145:3, Rm 11:3, I Co 2: 10- 11, Ele é
um ser infinito e nós finitos e limitados.
A existência de Deus sempre foi alvo de especulações e para algumas correntes
filosóficas da época a explicação de sua existência ou não-existência foram as mais variadas dentre
as que mais se destacaram podemos brevemente citar:
O Catecismo de Westminster- a definição cristã do breve catecismo de Westminster
(Inglaterra) apresenta Deus como Espírito infinito, Eterno, Imutável, Sábio, Poderoso, Santo,
Justo, Bondoso, Verdadeiro.
O Gnosticismo- vem do termo gnoses (conhecimento) e pode ser definido como a busca
pelo conhecimento de um ser transcendente, é um conceito religioso e psicológico, além de
filosófico, científico e artístico, seria a busca do homem em alcançar conhecimento, a unidade com
o ser que acredita ter sido originado.
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O Agnosticismo- vem do grego “não saber”, crerem apenas no que se pode ver e é
palpável, nega que a capacidade humana possa conhecer a Deus, afirmando que a mente humana
não pode conhecer o infinito.
O Politeísmo- defende a ideia de que o universo é governado não por uma única força,
mas por uma multiplicidade de deuses.
O Panteísmo- Deus está em todas as coisas existentes, Ele não está no universo, Ele é o
universo, Deus não faz parte na criação da natureza ele é a natureza, tudo é Deus e Deus é tudo, e
por esta razão tudo deve ser adorado, para eles não há um Deus Pessoal, nem uma revelação
especial.
O Materialismo- defende a ideia de que a matéria é a única realidade existente. Que o
homem é apenas um animal não sendo responsável pelos seus atos.
O Deísmo- baseia-se no raciocínio humano, não negam a existência de Deus e sim a Sua
revelação ao homem, bem como também negam os atributos morais e intelectuais de Deus e tem
duvidas de sua participação na criação.
O Ceticismo- doutrina que reconhece a dúvida como sendo atitude sábia, anulando
qualquer certeza como condição para a felicidade, no Ceticismo a sabedoria é dúvida.
Existem muitas outras seitas que procuram trazer sua definição sobre Deus estão entre
estes estão: o mormonismo, o Adventismo, a Ciência Cristã, a Torre de Vigia (Testemunhas de
Jeová) entre outros, porém o intuito de nosso estudo não é abordar em específico sobre tais
doutrinas mas manter em foco o estudo sobre Deus.
Comprovação bíblica da existência de Deus- Conforme Hebreus 11:6 é preciso que
aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e mesmo a teologia partindo do pressuposto
da existência de Deus, que Ele é um Ser Pessoal, auto-existente, sendo a origem de todas as coisas,
transcendente a toda criação e imanente de cada parte do que foi por Ele criado, e essa certeza
vindo da fé, essa fé tem base em informação confiável primariamente através da Bíblia como a
Palavra de Deus revelada por inspiração e secundariamente através da natureza por Ele criada.
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Berkhof (2009) sobre esta afirmação diz: A Bíblia pressupõe a existência de Deus em sua
declaração inicial, “No princípio criou Deus os céus e a terra”. Ela não somente descreve a Deus
como criador de todas as coisas, mas também como o sustentador de todas as criaturas, e como
governador de indivíduos e nações. Ela testifica o fato de que Deus opera todas as coisas de acordo
com o conselho da sua vontade, e revela a gradativa realização do seu grandioso propósito de
redenção... Vê-se Deus em quase todas as páginas da Escritura Sagrada em que ele se revela em
palavras e atos. Esta revelação de Deus constitui a base da nossa fé na existência de Deus, e a torna
uma fé inteiramente razoável. Deve-se notar, contudo, que é somente pela fé que aceitamos a
revelação de Deus e que obtemos uma real compreensão do seu conteúdo. O conhecimento de
Deus é continuo a medida que o homem pela fé se aproxima de Dele e desenvolve comunhão
intima com Ele. (OS 6:3).
A negação da existência de Deus (suas várias formas)- existem duas correntes da
negação da existência de Deus da concepção Ateísta (A-não, Theos-Deus): o ateu prático e o
teórico, o primeiro é simplesmente uma pessoa não religiosa que não conta com Deus e vivem
como se Ele, o segundo tem sua concepção da não existência de Deus pelo intelecto baseando sua
negação no raciocínio.
Vale ressaltar que ninguém nasce ateu devido à semente religiosa implantada no homem
em sua criação e sua imagem e semelhança com Deus, mas o ateísmo surge pelo estado moral
pervertido e o intuito do homem de fugir de Deus.
Dentre os falsos conceitos sobre Deus existem alguns que negam sua existência como
Deus verdadeiro, descrevendo-O como: um Deus imanente e impessoal, um Deus finito e pessoal
e um Deus como personificação de uma simples ideia abstrata.
Temos ainda o que podemos chamar de “provas racionais da existência de Deus”:
Argumento Ontológico-argumento defendido com mais perfeição por Anselmo, para ele
o homem tem a idéia de um Ser absolutamente perfeito, e se há perfeição é sinônimo de existência,
portanto esse ser perfeito deve existir, tal pensamento não pode ser prova conclusa apenas por um
pensamento abstrato, o simples fato de conclusão da existência Divina não prova objetivamente
sua existência.
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Argumento Cosmológico- embora esse argumento apareça nas mais variadas formas, de
modo geral se apresenta assim: tudo o que há de existente no mundo tem de ter uma causa
adequada, portanto o universo também tem que ter uma causa adequada e indefinidamente grande.
Esse argumento é totalmente sem convicção, pois a pressuposição de que o Cosmos não teve uma
única, absoluta e pessoal de existência, não pode ser tomada como base para provar a existência
Divina.
Argumento Teleológico- esse argumento também toma como base a causa, sendo uma
extensão do argumento Cosmológico e exposto da seguinte forma: o mundo revela inteligência,
ordem, harmonia e propósito por toda parte por esta razão é preciso um Ser adequado para a criação
de um mundo assim como este, tal argumento é mais elevado do que o Cosmológico por apresentar
a ideia de um Ser intectual, consciente, inteligente e com propósito controlador de todas as coisas.
Argumento Moral- esse argumento baseia-se na forma como o homem busca
reconhecimento do sumo bem e do ideal moral, ambos necessitam da existência de um Deus para
concretizar esse ideal.
Argumento Histórico ou Etnológico- esse argumento se baseia da seguinte forma: em
todas os povos e etnias existe um sentido religioso que revela-se em cultos exteriores, e se a
natureza do homem o conduz ao culto religioso pode-se concluir a existência de um Ser Superior
que deu ao home o sentido de religiosidade.
4. A COGNOCIBILIDADE DE DEUS
Deus cognoscível- Como mencionado anteriormente não há como se definir Deus em Sua
infinita totalidade, a igreja cristã professa que é possível conhecê-Lo à medida em que Ele se revela
a isto definimos como cognoscibilidade ou conhecimento de Deus, sendo este o requisito absoluto
para salvação. E a vida externa é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus, a
quem enviaste Jo 17:3.
Negação da cognoscibilidade de Deus- essa negativa tem base nos supostos limites das
faculdades cognitivas humanas (o fato do homem não possuir capacidades suficiente de
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conhecimento e compreensão do Ser infinito de Deus), sendo necessariamente inapto quanto às
coisas supersensoriais e divinas.
Auto-revelação, Requisito de todo Conhecimento de Deus- o homem só pode conhecer
a Deus quando Ele se auto-revela Ele transmitindo conhecimento de Si mesmo ao homem, sem a
revelação seria impossível ao homem qualquer conhecimento de Deus, e mesmo Ele se revelando,
não é a razão humana que descobre Deus, mas Deus a Si próprio de descerra pelos olhos a fé. A
revelação completa se descortinou de uma vez por todas na Pessoa de Cristo Jesus.
O Conhecimento de Deus, Inato e Adquirido- é quando todo conhecimento de Deus é
adquirido por meio da revelação, entretanto algumas idéias filosóficas como a de Decartes definem
que o conhecimento de Deus é inato, vem desde sua concepção, ou seja, o homem tem uma idéia
que está presente em sua consciência desde o seu nascimento.
A Revelação Geral e A Revelação Especial- a Bíblia apresenta duas formas para
revelação de Deus: a revelação geral- comunicada através da natureza, também descrita como
revelação natural. Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas
mãos. Salmos 19:1 (At 14:17, Rm 1:19-20, II Rs 17: 13) e a revelação especial- comunicada
através dos profetas e de Jesus Cristo também conhecida como revelação sobrenatural, Deus nunca
foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou. Jo 1:18 ( II Rs
17: 13, Sl 103:7, Hb 1:1-2)
A revelação natural na Teologia Protestante é comumente chamada de revelatio realis
por estar encarnada nas coisas existentes enquanto que a revelação sobrenatural é chamada de
revelatio verbalis por estar encarnada em palavras. Ewald, em sua obra Revelation: Its Nature na
Record, fala da revelação na natureza como revelação imediata, e da revelação na Escritura, que
ele considera como a única que merece o nome de “revelação” no sentido mais completo, como
revelação mediata ( Berkhof apud Ewald, 2009 p. 36) .
No que se trata a respeito de revelação o que vale ressaltar é que a revelação na geral está
arraigada à criação e que é comunicada ao homem na qualidade de homem em sua razão enquanto
que a revelação especial está arraigada ao plano redentivo, dirigida ao home na qualidade de
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pecador, podendo ser compreendida por apenas pela fé. E esta foi produzida na mente de Deus
desde o princípio, inclusa no plano eterno.
A revelação natural é tida por muitos como não foi suficiente para cumprir com o plano
de redenção ao homem corrompido, sendo necessário uma revelação sobrenatural. Sem todavia,
dar-se por completo, Deus se deu a conhecer naquilo que o Filho revelou, conforme o homem em
sua limitação pode apreender de Deus.
5. ATRIBUTOS DE DEUS E A RELAÇÃO DO SEU SER
Humanamente falando é impossível definir o Ser de Deus, nem toda ciência da terra
poderia fazê-lo, para uma definição lógica seria necessário muita pesquisa de conceito superior
sem chegar-se a uma clara definição, pois não há possiblidade humana que defina o infinito, Deus
não cabe em descrições terrenas (genético sintética), somente é possível fazer-se uma definição
analítico-descritiva (descrição apenas das características de Sua Pessoa, deixando sem explicação
a essência do Seu Ser) o que se pode compreender do Seu Ser é somente o que o que as Sagradas
Escrituras nos permite fazê-lo, por aquilo que se permitiu revelar (auto revelação). Podemos dizer
então que a revelação do Ser de Deus é parcial, sendo impossível fazer-se uma descrição de Deus
positiva e exaustiva.
A Bíblia apresenta Deus como o Deus vivente (nunca abstrato) que se relaciona com suas
criaturas onde se manifesta em vários atributos diferentes. (Pv 8:14, 2 Pe 1:4.etc)
O termo do nome de Deus Jeová (Eu sou o que Sou) tem como indicativo a essência de
Deus propriamente dita, trazendo a expressão Dele mesmo para se auto definir (Êx 3:13-14) outra
passagem que pode se aproximar de uma definição do Ser de Deus na Bíblia é João 4:24 “Deus é
Espírito...” sendo um indicativo dado por Cristo para indicar a essência espiritual de Deus.
Alguns pais da igreja sob influência da filosofia grega apenas fizeram uma abstrata
concepção do que possa ser Deus, possuidor de uma existência absoluta, sem atributos. Teólogos
durante algum tempo inclinaram-se a salientar uma transcendência (sublimidade, excelência) de
Deus como algo além da compreensão humana, atendo-se a impossibilidade de definir Sua
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essência divina, pensamento este que também perdurou durante a controvérsia trinitária referente
a distinção entre essência única e as três Pessoas da Divindade.
Enfim filósofos e teólogos passaram a ver a essência de Deus num Ser abstrato, numa
substância universal, num pensamento puro, numa causalidade absoluta, no amor, na
personalidade, e na santidade majestosa ou no Numinoso. ( Berkof 2009 p.42)
A Teologia Reformada afirma que Deus pode ser conhecido, porém não em sua totalidade
por ser infinito, ao homem é impossível conhecê-Lo por completo, ter um perfeito conhecimento
de Deus seria o mesmo que compreendê-Lo e isto é humanamente impossível, não há como defini-
Lo exatamente em Sua totalidade, contudo é possível ter o conhecimento Dele pela auto-revelação
Divina, naquilo que Deus se dá a conhecer.
6. A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO DO SER DE DEUS
O pensamento da Igreja Primitiva no período idade média e da Reforma era de que Ele
em Seu Ser mais recôndito era Incompreensível, ressaltando-se em algumas linguagens
empregadas de que não é admissível nenhum conhecimento do Ser de Deus.
O que precisamos entender na possibilidade de conhecimento de Deus é que não podemos
compreendê-Lo, ter um conhecimento absoluto e exaustivo de seu Ser, mas podemos conhecê-Lo
de forma relativa e parcial do Seu Ser Divino, algo que só pode ser possível porque Ele mesmo
colocou-se em posição de relacionar-se com Suas criaturas morais revelando-se a estas, ainda que
não em sua totalidade, sendo real e verdadeiro, sendo este um conhecimento parcial da natureza
absoluta do Seu Ser.
7. O SER DE DEUS REVELADO EM SEUS ATRIBUTOS
A teologia comumente diz que os atributos de Deus são o próprio Deus, como Ele se
revelou a nós. Berkof (2009) diz: os atributos são reais determinativos do Ser divino ou, noutras
palavras, qualidades inerentes ao Ser de Deus. Sheed fala deles como “uma descrição analítica e
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bem próxima da essência”. Num sentido são idênticos, de modo que se pode dizer que as
perfeições de Deus são o próprio Deus como ele se revelou.
Há uma estreita relação entre essência de Deus e seus atributos pode-se afirmar, portanto
que o conhecimento de Deus e de Seus atributos leva consigo o conhecimento da Sua essência
divina.
8. OS NOMES DE DEUS
Nas Sagradas Escrituras há o registro de vários nomes de Deus, há a menção do Seu nome
no singular em vários textos (Êx 20:7, Sl 8:1, Sl 48:10, Sl 76:1, Sl 76:1,Pv 18:10) estes ressaltam
toda manifestação de Deus em Sua relação com o Seu povo.
No Antigo testamento o nome de Deus é designado por vários nomes entre estes pode-se
destacar:
• El, Elohim e Elyon, o nome ‘El possivelmente é derivado de ‘ul e tem sentido de primeiro
ou Senhor, Elohim (sing. Eloah) forma pluralística de Deus, tem sentido de plenitude de poder o
Deus da criação, Elyon é derivado de ‘alah e tem sentido de elevado, designando Deus como
exaltado.
• ‘Adonai (derv. de dun (din) ou ‘adan) e tem sentido de Senhor, de julgar, de governar,
revelando Deus como governante Todo-Poderoso.
• Shaddai e ‘El-Shaddai (derv. de shadad) significando ser poderoso e indica que Deus tem
todo poder no céu e na terra.
• Yahweh e Yahweh Tsebhaoth- a forma como Deus se revelou neste nome superou as
demais formas de revelação, em Yahweh Ele se revela como Deus de graça, este nome é tido
como o mais sagrado entre os judeus devido a Levítico 24;16 “ Aquele que mencionar o nome
de Yahweh será morto”, por esta razão substituíram-no nas Escrituras por ‘Adonai ou por
‘Elohim, com o tempo perdeu até a pronúncia correta do nome Yahweh por não ser pronunciado
entre os judeus devido a essas substituição dos massoretas nas Escrituras. O acréscimo de
Tsebhaoth em Yahweh divide opiniões, mas três opiniões destacam-se para definir a junção
destes nomes: os exércitos de Israel, as estrelas, os anjos.
No Novo Testamento três nomes mais utilizados são Theos (Deus de todos), Kurios
(Poderoso, Senhor) e Pater (Pai).
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9. OS ATRIBUTOS DE DEUS
Os atributos de Deus são qualidades, características atribuídas ao caráter de Deus
conforme Ele se auto-revelou e que nos ajudam a entender quem Ele é, são atribuições inerentes a
Ele. Berkhof (2009) diz: Não devemos considerar os atributos como outras tantas partes que
entram na composição de Deus, pois ao contrário dos homens, Deus não é composto de diversas
partes...Comumente se diz em Teologia que os atributos de Deus são o próprio Deus, como Ele se
revelou a nós.”
A teologia Sistemática além da designação “atributos de Deus”, às vezes denomina tal
estudo de “qualidades de Deus” ou “perfeições de Deus”, pode-se então entender todas essas
expressões como sendo sinônimas.
10. QUAIS SÃO OS ATRIBUTOS DE DEUS?
Atributos incomunicáveis - Os atributos incomunicáveis são aqueles exclusivos de Deus,
como imutabilidade, Ele é exaltado acima de tudo quanto existe, é imune de qualquer acréscimo
ou diminuição e de todo desenvolvimento ou decadência do seu Ser e em suas perfeições (Êx 3:14,
Sl 102:26-28, Is 41:4 e 48:12, Ml 3:6, Rm 1:23, Hb 1:11-12, Tg 1:17), infinidade - perfeição
absoluta ( Jó 11:7-10, Sl 145:3, Mt 5:48), eternidade(Sl 90:2 e 102:12, Ef 3:21),
imensidade/onipresença ( 1 Rs 8:27, Is 66:1, At 7:48-49, Sl 139;7-10, Jr 23:23-24, At 17:27-28).
São assim chamados porque Deus não os compartilha com nenhuma criatura, são exclusivos Dele
e Ele não os comunica a ninguém.
Asseidade: Deus é auto-existente, e não precisa de nada nem de ninguém para continuar
a existir, ou seja, Ele não depende de ninguém além de Si mesmo para ser o que é. Sua asseidade
está diretamente ligada a sua eternidade (Sl 90:1,2).
Eternidade: sempre existiu, Deus não foi criado por ninguém e estando acima de
qualquer limitação de tempo (Gn 21:33; Sl 90:1,2), sem começo e sem fim, para Deus não existe
passado, presente e futuro, seu presente é sempre a própria eternidade.
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Unidade: Deus é um e todos os Seus atributos estão inclusos em Seu ser o tempo todo
algo que não contradiz a doutrina da Trindade, pois as três Pessoas distintas formam um único
Deus, ou seja, Sua essência é indivisível (Dt 6:4; Ef 4:6; 1Co 8:6; 1Tm 2:5).
Imutabilidade: Deus não muda, tanto Seu ser como Suas perfeições não sofrem qualquer
mudança, e não altera, de forma alguma, os Seus propósitos e promessas (Tg 1:17).
Infinitude: Deus é infinito em seu ser e não sofre nenhum tipo de limitação. O tempo e
o espaço não podem limitá-lo (1Rs 8:27; At 17:24-28). Talvez a qualidade da infinitude seja um
dos atributos de Deus que apresenta mais dificuldade de compreensão por parte dos homens.
A infinitude de Deus, segundo alguns teólogos também aparece revelada através de outros
atributos, como a onipresença, onisciência, onipotência e a eternidade.
Onipresença: significa que Deus não é limitado de nenhuma forma pelo espaço. Sua
presença é infinita, de modo que Ele está presente em toda parte com toda plenitude do Seu ser (Sl
139).
Onipotência: significa que Deus possui todo poder, isto é, seu poder é infinito e
ilimitado. Deus é soberano e capaz de cumprir todos os Seus propósitos (2Co 6:18; Ap 1:8). Hodge
(2001) sobre a Onipotência de Deus diz: “O Senhor Deus onipotente reina e age segundo o
beneplácito entre os exércitos do céu e os habitantes da terra; este é o tributo de adoração que as
Escrituras por toda a parte rendem a Deus, e a verdade que por toda parte.”
Onisciência: Deus conhece todas as coisas de forma completa e absoluta. Ele conhece
tudo infinitamente e sem estar sujeito a qualquer limitação (Sl 139; 147:4).
Soberania: Deus tem o controle sobre todas as coisas, Ele governa o universo e conduz
a História da humanidade segundo Seu plano e seus propósitos eternos. Vale ressaltar que a
soberania de Deus não anula a responsabilidade das ações humanas, e nem a responsabilidade
humana descaracteriza as ações soberanas de Deus (Fp 2:12,13).
Teontologia
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Atributos comunicáveis- Os atributos comunicáveis foram impressos por Deus na
humanidade na criação quando o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, pode-se ainda
citar atributos comunicáveis à inteligência, a vontade e a moralidade. Eles são compartilhados por
Deus ao homem, pelo menos em certa medida. Ei-los:
Amor (1Jo 4:8, Rm 5:5, Ef 2:4-8)
Bondade: (2Cr 30:18; Sl 86:5; 100:5; 119:68; At 14:17).
Misericórdia (Ef 2:4,5)
Sabedoria (Dn 2:20; cf. Jó 12:13; Jó 36:5; Sl 147:5; Is 40:28; Rm 11:33, Is 55:8; cf. Jó
28:12-28; Jr 51:15-17).
Justiça (Sl 11:7; Dn 9:7; At 17:31)
Santidade (Is 40:25; Hc 1:12; Jo 17:11; Ap 4:8)
Veracidade (Hb 10:23, Jo 17:3)
Liberdade (Mt 11:26; cf. Is 40:13,14)
Paz (Jz 6:24).
Atributos morais- podem ser considerados como as perfeições divinas mais gloriosas, é
evidente que os atributos de Deus entre si sejam mais perfeito ou mais glorioso que o outro, mas
relativamente ao homem, as perfeições morais de Deus resplandecem todo fulgor do Seu ser.
Os atributos de Deus não devem ser entendidos como uma lista exaustiva, por se tratar de
um estudo limitado pela nossa compreensão do ser de Deus, também não pode considerada uma
lista padrão, pois há muitas outras listas sobre os atributos de Deus, algumas diretas e objetivas
outras mais completas e detalhadas.
11. A TRINDADE SANTA
11.1. Definição
O termo Trindade é geralmente utilizado no sentido de exprimir duas ideias distintas que
até diferem entre si: uma refere-se à tríplice manifestação de Deus enquanto que a outra o modo
triúno de Deus existir, mas ambas apesar de apresentarem íntima relação entre si, diferem quando
se fala da tríplice manifestação de Deus e seu modo triúno de existir. A. H. Strong define a
Teontologia
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Trindade talvez como a melhor definição ao dizer: em a natureza do Deus único há três distinções
eternas que se nos representam sob a figura de pessoas e estas três são iguais.
Horton (1996) sobre a Trindade diz: O Deus Trino e Uno é revelado na Bíblia de modo explícito
na redenção dos pecadores e na sua reconciliação com Deus.
12. A TRINDADE CONSISTE DE TRÊS DISTINÇÕES.
A doutrina da Trindade não quer dizer que Deus Se manifesta em três maneiras diferentes.
Existem três distinções atuais na Divindade. Berkof (2009) diz: A palavra “Trindade” não é
expressiva como a palavra holandesa “drieenheid”, pois pode simplesmente denotar o estado
tríplice (ser três), sem qualquer implicação quanto à unidade dos três. geralmente se entende,
porém, que, termo técnico na teologia, inclui essa idéia. Mesmo porque, quando falamos da
Trindade de Deus, nos referimos a uma trindade em unidade, e a uma unidade que é trina.
Estas três distinções são eternas- claramente provada pela imutabilidade de Deus. Sendo
comprovada pelas Escrituras, que afirmam a eternidade do Filho e do Espírito Santo. Vide João
1:1,2; Apocalipse 22:13,14; Hebreus 9:14.
As divisões de distinção são apresentadas somente a figura de pessoas sem haver divisão
de natureza, essência ou ser.
A Doutrina da Trindade não pode ser considerada triteísmo (ou politeísmo). Ao falarmos
da distinção da Divindade como pessoas, estamos usando termo figurado. Não há três pessoas na
Divindade no mesmo sentido em que três seres humanos são pessoas, três seres humanos possuem
divisão de natureza, essência e ser, mas com relação à Trindade Divina não é assim. Tal concepção
de Deus é inconcebível pelo ensino da Escritura quanto à unidade de Deus.
Os Três membros da Trindade são iguais, o que os difere um do outro são as funções que cada
um exerce nessa triunidade.
Berkof (2009) ao falar sobre a Trindade diz: a Doutrina da Trindade depende
decisivamente da revelação... é uma doutrina que não teríamos conhecido, nem teríamos sido
capazes de sustentar com algum grau de confiança, somente com base na experiência , que foi
trazida ao nosso conhecimento unicamente pela auto-revelação especial de Deus.
Teontologia
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Provas no Antigo Testamento- não há plena revelação da existência Trindade no Antigo
Testamento, porém contém inúmeras citações que subentende-se uma existência triúna. Em
Gênesis 1:1 1:26, 11;7, Is 6:8 , Deus fala de forma pluralística e em
13. COMPROVAÇÕES DA DOUTRINA DA TRINDADE NAS SAGRADAS
ESCRITURAS
As Sagradas Escrituras reconhecem o Pai, o Filho e o Espírito Santo como Deus.
O Pai Reconhecido é como Deus- é amplamente citada em inúmeras passagens a Deidade do Pai,
entre estas pode-se citar:
Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que permanece para a vida eterna, a
qual o Filho do homem vos dará; porque a este selou o Pai, Deus (João 6:27).
Eleitos… segundo a presciência de Deus o Pai (1 Pedro 1:1,2).
O Filho é Reconhecido como Deus- inúmeras passagens bíblicas citam a Deidade do Filho:
Ele é chamado Deus, passagens que no Velho Testamento se referem a Deus são aplicadas ao
Filho (Isaías 40:3) e no Novo Testamento (João 1:1; Romanos 9:5; 1 João 5:20. Mateus 3:3,
aludindo; João 12:41 aludindo a Isaías 6:1).
O Filho possui atributos de Deus tais como: Eternidade: Jo 1:1; Onipresença: Mt 28:20 e
Ef 1:23; Onisciência: Mt 9:4 e Jo 2:24,25 e Jo 16:30 e 1 Co 4:5 e Cl 2:3; Onipotência: Mt 28:18 e
Ap 1:8; Auto-existência: Jo 5:26; Imutabilidade: Hb 13:8; Verdade: Jo 14:6; Amor: 1 Jo 3:16;
Santidade: Lc 1:35 e João 6:39; Hb 7:26.
As obras de Deus são também atribuídas ao Filho: na Criação: Jo 1:3; 1 Co 8:6; Cl 1:16;
Hb 1:10. Na Conservação: Cl 1:17; Hebreus 1:3, na ressureição dos mortos e julgamento: Jo 5:27-
28; Mt 25:31,32.
O Filho recebe adoração e honra devidos só a Deus. Jo 5:23; Hb 1:6- 1 Co 11:24-25; 2 Pe
3:18-2 Tm 4:18.
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O Espírito Santo é reconhecido como Deus.- A Ele atribuímos os atributos de Deus, tais
com: Eternidade: Hb 9:14; Onisciência: 1 Co 2:10; Onipresença: Sl 139:7; Santidade: todas as
passagens que aplicam o termo “santo” ao Espírito; Verdade: Jo 16:13; Amor: Romanos 15:30.
A Ele é representado como atuante, fazendo as obras de Deus: Criação: Gn 1:2; “movia” com
sentido de“chocar”. Regeneração: Jo 3:8; Tt 3:5. Ressurreição: Rm 8:11.
13.1. O Pai, o Filho e o Espírito Santo atuam juntamente numa base igual.
A Trindade atua em unidade, um exemplo disto está em Mateus 28:19, no batismo de
Jesus, destaca-se claramente na Benção Apostólica. 2 Co13:14.
13.2. Existe distinção entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo
O Pai e o Filho distinguem-se um do outro- a distinção entre O Pai e o Filho está no
fato do que gera do que é gerado; e como o que manda e o que é enviado. Cristo distinguiu-se do
Pai quando orou ao a Ele, algo que fez muitas vezes, esta distinção assim implicada não foi
temporal, continuando somente enquanto Cristo esteve na carne, está provado pelo fato que Cristo
ainda intercede com o Pai (Hb 7:25; 1 Jo 2:1). Ele é o mediador perpétuo entre Deus e o homem
(1 Tm 2:5) e assim é perpetuamente distinto de Deus.
O Espírito distingue-se do Pai- O Espírito distingue-se do Pai quando há a afirmativa
que Dele proceder e é por Ele enviado (Jo 15:26; 14:26; Gl 4:6).
O Filho distingue-se do Espírito- Jesus refere-se ao Espírito como “um outro
Consolador” (Jo 14:16). Ele falou ainda de Si mesmo como enviando o Espírito (Jo 15:26).
13.3. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são um deus.
Trindade quer dizer tri-unidade, ou três-unidade. Mostramos que há três distinções na
Divindade. Agora, para provarmos a doutrina da Trindade, mais que a doutrina de Triteísmo,
devemos mostrar que os três, enquanto sendo distinguíveis um do outro, contudo são um. Isto está
provado:
Por todas as passagens que ensinam a Unidade de Deus.
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O estudante refere-se aqui ao capítulo sobre a natureza e os atributos de Deus, onde se
notam estas passagens.
Pelo fato que cada um dos três é reconhecido como Deus.
Já mostramos que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são várias vezes reconhecidos como
Deus nas Escrituras. Isto mostra Sua unidade, porque Deus está representado como sendo o Ser
Supremo. Por essa razão não podia haver três Deuses. A supremacia só é possível a um só.
Pelo fato que os Três são iguais.
Já discutimos a igualdade dos membros da Trindade. Igualdade absoluta é impossível sem
identidade na essência, em a natureza e no ser.
A doutrina da Trindade é uma incógnita além da compreensão humana, um mistério
insolúvel para mentes humanas finitas, todavia não é auto-contraditora.
Não fazemos tentativas de negar ou de explicar o mistério da doutrina da Trindade. É um alto
mistério que mentes humanas nunca podem sondar, explicar a Trindade não está nos limites do
conhecimento humano. Conforme diz as Sagradas Escrituras Deus descreve a Si mesmo como o
“Eu Sou”, Ele é o que é e ponto final.
Contudo, a doutrina da Trindade não é autocontraditória. Deus não é três no mesmo
sentido em que Ele é um. Ele é um em essência, natureza e ser; mas, nesta uma essência, natureza
e ser, há três distinções eternas que se nos representam de tal maneira que as chamamos pessoas.
Quem pode dizer que tais distinções são impossíveis na natureza de Deus? Para se fazer isso seria
preciso ter perfeito entendimento da natureza de Deus. De maneira que fazemos bem em aceitar o
que a Escritura ensina e deixar o mistério para solucionar-se quando tivermos mais luzes, se
semelhante luz que nos habilite a explicar e entender a revelação eu nos dada. O mistério vem por
causa de nossa inabilidade para compreendermos totalmente a natureza de Deus.
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14. AS OBRAS DE DEUS
14.1. Os decretos divinos em geral
O termo decreto de Deus tem por significado o propósito ou determinação em relação a
acontecimentos futuros, ou seja, que as coisas acontecem de acordo com o propósito de Deus e
não pelas leis fixas da natureza, destino ou por acaso. A Negativa desses decretos ou a pré-
ordenação divina, seria como que negar a atividade de Deus, é quase como que destroná-Lo,
colocando-O como mero espectador, impossibilitando-O de agir. Berkhof (2009) sobre os decretos
diz: Os decretos divinos constituem essa classe de obras divinas.
14.2. Natureza dos decretos divinos
O Decreto Divino é somente um- embora seja muitas vezes citado no plural a natureza do
decreto é um único ato de Deus, as Sagradas Escrituras o apresentam como prothesis, um propósito
ou conselho, deduzindo também da própria natureza de Deus.
Com relação ao conhecimento de Deus seu decreto tem estreita relação, o decreto Deus é o
fundamento de seu livre conhecimento.
O decreto divino tem relação tanto com Deus quanto com o homem, referindo-se
primeiramente as obras de Deus, limitando-se as opera ad extra (criação) de Deus, ou seus atos
transitivos.
14.3. Os decretos de Deus e o livre arbítrio
Os decretos divinos determinam as livres ações dos homens, ou seja, o decreto faz com que
as ações humanas sejam certas, porém não necessárias. Os decretos de Deus não são executados
pelo apelo a vontade humana, portanto, não sendo, inconsistentes com o livre agir da liberdade do
homem. Berkhof (2009) acerca dos decretos e livre arbítrio diz: ... a Bíblia certamente não parte
da suposição de que o decreto divino é incoerente com a livre ação de homem. Ela revela
claramente que Deus decretou os atos livres do homem, mas também os que os praticam não são
menos livres e, portanto responsáveis por seus atos. Gn 50:19-20, At 2:23, 4:27-28.
Teontologia
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14.4. Os decretos de Deus são eternos
Tendo Deus propósito nos acontecimentos do universo, esse propósito teria que ser por
necessidade, eterno. A negativa deste fato seria supor que algum evento não previsto fez com que
Deus mudasse Seu propósito, sabemos que todos os propósitos de Deus foram feitos com
sabedoria, com todo o poder necessário para executá-los, e, portanto, não há necessidade de muda-
los. “Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras”, Atos 15:18.
“Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e na há outro Deus, não
há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas
que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade”.
Isaías 46:9-10.
14.5. Valor prático da doutrina
Ela magnifica a Deus em toda Sua sabedoria, poder e soberania. Ela O coloca sobre o trono
onde deve estar e sempre estará. Não existem crises com Deus, nem problemas perplexos O
incomodam, nem forças além de Seu controle. Ele Se move com passos majestosos até a
consumação de Seu eterno propósito em Cristo para o louvor de Sua glória. O crente deve se sentir
humilde ao ver tão grandioso Deus, e sua alma se encurva em admiração e adoração. A doutrina
guardará o crente de uma familiaridade desnecessária para com Deus em oração e em outros atos
de devoção. Alguns homens oram como se Deus estivesse no seu nível; para tais Ele não é este ser
Augusto de Quem falam as Escrituras. Muitas poesias e outros tipos de literatura que saem desta
batalha são desapropriados e meras representações de Deus como um camarada de armas. Mas as
Escrituras dizem que Deus deve ser no extremo tremendo na assembléia dos santos e grandemente
reverenciado por todos que O cercam. Salmo 89:7.
Esta doutrina é um daqueles ensinos avançados das Escrituras que exigem uma mente
madura e uma experiência profunda. O principiante na vida cristã talvez não veja o valor nem
mesmo a verdade desta doutrina, mas com o passar dos anos ela tornar-se-á num cajado de apoio.
Em tempos de aflições, reprovações, e perseguição, a igreja tem encontrado nos decretos de Deus,
e nas profecias onde se encontram estas doutrinas, uma forte consolação. É somente sobre este
fundamento dos decretos que podemos acreditar que “todas as coisas são para o bem” (Romanos
8:28) e orar “seja feita a tua vontade” (Mateus 6:10). A. H. Strong.
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15. PREDESTINAÇÃO
15.1. A doutrina da predestinação na história
A predestinação não ocupou importante assunto para discussão na história até o tempo de
Agostinho no inicio ele defendia a ideia dos pelagianos que consideravam a predestinação como a
presciência de Deus com relação aos atos humanos para determinar seu futuro, mas após refletir
sobre o caráter o soberano beneplácito de Deus passou a ver que a predestinação não dependia de
modo algum da presciência divina, em algumas de suas declarações ora firmava que há Deus sabe
previamente o que Ele mesmo fará ou pré-conhece o que não fará, falando dos eleitos como sendo
predestinados a salvação e dos reprovados predestinados para condenação por presciência divina.
Embora houvesse essa ambiguidade de pensamentos pode-se perceber que ele ensinava uma dupla
predestinação, ele sabia da diferença entre ambas. Tais pensamentos encontraram muita oposição
na França pelos semipelagianos, que defendiam a doutrina de uma predestinação baseados na
presciência. Surgiram inúmeras controvérsias e defensores de Agostinho entre estes Tomaz de
Aquino, porém os semipelagianismo passou a dominar entre os líderes das igrejas, somente no
final da idade média é que a Igreja Católica Romana passou a dar maior divulgação à doutrina da
predestinação, dando vasão tanto ao semipelagianismo ensinado por Molina quanto ao
agostinianismo divulgado por Tomaz de Aquino. Porém tanto a doutrina de um quanto do outro
com relação a predestinação não poderia ser posta como fator determinante para o restante da
Teologia.
A doutrina da predestinação foi estritamente defendida pelos reformadores do século XVI,
sendo aceita por Martin Lutero se bem que no final de sua existência passou a defender uma
convicção de que Deus queria que todos os homens fossem salvos algo que enfraqueceu um pouco
a doutrina de predestinação, por esta razão ela foi gradativamente da teologia luterana, Calvino
entretanto, defendeu a doutrina agostiniana, mas se opôs a doutrina de Pighius que defendia que
o decreto concernente à entrada do pecado do mundo foi um decreto permissivo, e que o decreto
de reprovação deve ter sido elaborado de maneira que Deus não fosse o autor do pecado, nem
responsável por este, de modo nenhum, em contrapartida as confissões reformadas (calvinistas)
se incorporaram a esta doutrina sem contudo incorporá-las igualitariamente em são plenitude e
precisão. Com a investida arminiana contra a doutrina, os Cânones de Dort apresentam uma
minuciosa exposição dela. A doutrina da predestinação as igrejas do tipo arminiano, foi suplantada
pela doutrina da predestinação condicional.
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A doutrina da predestinação a partir da época de Schleiermacher passou a ter uma formação
completamente diversa e desde então a religião passou a ser considerada como um sentimento de
dependência absoluta, possuidora de leis invariáveis e causas secundárias, predeterminando todas as
resoluções e ações humanas, a predestinação passou a ser identificada com esta predeterminação feita
pela natureza ou pela conexão causal universal que existe no mundo.
Barth em tempos atuais dirigiu sua atenção à doutrina da predestinação, mas sua elaboração
referente a ela nem de longe tem relação com a de Agostinho e Calvino. Com os reformadores ele
apresenta esta doutrina acentuando a soberana liberdade de Deus em Sua eleição, revelação, vocação, e
assim por diante, simultaneamente não vê na predestinação uma predeterminada separação feita entre
os homens, e também não entende a eleição como uma eleição particular, conforme entendia Calvino.
Barth entende que o homem não é objeto de eleição ou reprovação, mas, que em ambas as condições o
homem é o campo da eleição ou da reprovação e onde elas se encontram dentro do mesmo indivíduo,
sendo reprovado pela ótica humana e eleita sob a ótica divina, a base da eleição é a fé.
15.2. Termos bíblicos para predestinação
Yada’ (hebraico) conhecer (idéia de amor eletivo) Gn 18;19, Am 3:2 Os 13:5, ginoskein
proginoskein e prognosis (grego) conhecimento seletivo (idéia de predeterminação) At 2:23. 4:28,
Rm 8:29, 11:2, I Pe 1:2) , tais passagens perdem o sentido se forem entendidas apenas como
sentido de conhecer alguém previamente. Conhecer previamente traz uma idéia bem próxima de
predestinação.
Bachar (hebraico), Seklegethai e ekloge (grego) escolha ou seleção do decreto divino do
concernente ao destino eterno dos pecadores, escolha acompanhada por beneplácito por vezes a
idéia de um chamamento para a salvação, Rm 9.11; 11.5; Ef 1.4; 2 Ts 2.13.
Proorizein e proorismos( grego) predestinação absoluta, predeterminação do homem para
certo fim, a Bíblia deixa evidente que o fim pode ser bom ou mau, At 4.28; Ef 1.5, sem poder o
fim a que se referir-se não é necessariamente o fim último At 4.28; Rm 8.29; 1 Co 2.7; Ef 1.5, 11.
Protithenai e prothesis (grego) plano definido ou propósito de Deus de predestinar certos homens
para a salvação, Rm 8.29; 9.11; Ef 1.9, 11; 2 Tm 1.9.
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15.3. Os objetos da predestinação
A predestinação é destinada às criaturas racionais de Deus, referindo-se mais aos homens
decaídos, entretanto o termo é empregado num sentido mais amplo, no intuito de incluir todos os
objetos da predestinação, neste caso as criaturas racionais: A Predestinação é destinada a todos os
homens tanto os bons quanto maus (At 4.28; Rm 8.29, 30; 9.11-13; Ef 1.5, 11), ela também é destinada
aos anjos tanto bons (Mc 8.38; Lc 9.26) quanto maus que não conservaram o seu estado original, (2 Pe
2.4; Jd 6) a Bíblia também faz explícita menção de anjos eleitos (1 Tm 5.21) com isso que também menção
de que há anjos não eleitos. Existem pontos de diferentes entre predestinação dos homens e dos anjos:
Enquanto se pode pensar na predestinação dos homens como infralapsária (Criar, Permitir a queda, Eleger
alguns, ignorar o restante, Providenciar salvação para os eleitos) a dos anjos só pode ser entendida como
supralapsária (Eleger alguns, reprovar o restante, Criar Permitir a queda, Providenciar salvação para os
eleitos, Chamado do eleito à salvação) Deus não escolheu apenas certo número de anjos dentre toda uma
multidão de anjos decaídos, os anjos não foram eleitos ou predestinados em Cristo como Mediador, e
sim, como Chefe, para estarem em relação ministerial com Ele (serviço).
Cristo, objeto da predestinação no sentido de que: tem um amor especial do pai, diferente
do Seu usual amor pelo Filho, estava sobre Ele, desde a eternidade (1 Pe 1.20; 2.4) na Sua
qualidade de mediador, é objeto do beneplácito do Pai (1 Pe 2.4) e também como Mediador sendo
adornado com a imagem especial de Deus Pai, a quem os crentes devem conformar-se (Rm 8.29)
e o Reino, com toda a sua glória, e os meios concernentes `a sua posse, ordenados para Ele, para
que Ele transmita aos crentes (Lc 22.29).
15.4. Eleição e reprovação
Duas partes estão inclusas na predestinação: a eleição e a reprovação, onde há a
predeterminação de um fim definitivo tanto para os bons quanto dos maus.
Eleição- A Bíblia ao falar de eleição o faz em mais de um sentido: fala da eleição de Israel
como povo, separando-o para privilégios e serviços especiais (Dt 4.37; 7.6-8; 10.15; Os 13.),
elegendo-os para realizar algum ofício, ou serviço especial, como Moisés Ex 3, os sacerdotes, Dt
18.5, os reis, 1 Sm 10.24; Sl 78.70, os profetas, Jr 1.5, e os apóstolos, Jo 6.70; At 9.15, e a eleição
do homem para ser feito filho de Deus e herdeiro da glória eterna, Mt 22.14; Rm 11.5; 1 Co 1.27,
28; Ef 1.4; 1 Ts 1.4; 1 Pe 1.2; 2 Pe 1.10. Esta última é a eleição pode ser considerada como parte
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da predestinação, pode-se então dizer que a eleição é o propósito de Deus, de salvar raça humana,
em Jesus Cristo e por meio dele.
As características da eleição e as dos decretos em geral são semelhantes:
O decreto da eleição- pode-se dizer que é expressão da vontade soberana de Deus, Cristo
é o Mediador Ele mesmo é objeto da predestinação e eleição, quando Ele realizou Sua obra
mediatória já fora fixado o número dos que Lhe foram dados. A eleição é precedente ao Conselho
de paz, o amor de Deus na eleição precede ao envio do Seu filho, Jo 3.16; Rm 5.8; 2 Tm 1.9; 1 Jo
4.9. A eleição é: É eterna (Rm 8.29, 30; Ef 1.4, 5), É incondicional (Rm 9.11; At 13.48,2 Tm 1.9;
1 Pe 1.2, Ef 2.8, 10; 2 Tm 2) , É irresistível (Sl 110.3; Fp 2.13), Não merece a acusação de injustiça
( Mt 20.14, 15; Rm 9.14, 15).
O propósito da eleição eterna é duplo: O propósito próximo é a salvação dos eleitos ( Rm
11.7-11; 2 Ts 2.13), O objetivo final é a glória de Deus ( Ef 1.6, 12,14).
O decreto da reprovação: pode ser definida como o decreto eterno de Deus onde ele determinou
deixar de aplicar as operações de Sua graça especial à um certo número de indivíduos, punindo-os
pelos seus pecados e delitos, para manifestar a Sua justiça, da mesma forma que há a eleição para
salvação há também a eleição para reprovação em vista da negação do indivíduo em reconhecer o
sacrifício vicário de Cristo, somente por intermédio Dele Deus é possível o livramento da
condenação eterna.
Vale ressaltar que Deus não elegeu alguns para salvação e outros para a condenação, tanto
uma condição quanto a outra está no uso do livre arbítrio do homem, se este decide-se em viver
uma vida de pecado algo que o distancia de Deus que é Santo, e a negação em receber a Cristo
como Seu Salvador leva-o a reprovação / condenação (Jo 1:12) e o fato de recebê-Lo como Seu
Senhor e Salvador e afastamento de pecado o torna digno de livramento da condenação e eleito
para salvação.
16. A CRIAÇÃO EM GERAL
Ao estudarmos sobre os Decretos de divinos somos conduzidos naturalmente ao estudo de
suas execuções tendo como ponto de a obra da criação, ela dá origem a toda revelação divina
constituindo-se também a base de toda a vida ética e religiosa da humanidade. Essa doutrina ao
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ser apresentada nas Sagradas Escrituras mostra que seu principal objetivo é a exposição de uma
revelação da relação do homem com Deus. (Gn. 1.1-31; Sl 102.26, 27; Is 40.12-14, 26, 28; 42.5;
43.7; 45.18; Jr 10.12-16; Am 4.13; Jo 1.3; At 17.24; Rm 1.25; Cl 1.16; Ap 4.11; 10.6, etc
16.1. Definição
A palavra criação nas Sagradas Escrituras é representada em dois sentidos: A Criação
(imediata ou primária) onde Deus cria “do nada” do hebraico Bara ( Gn 1:1) Berkhof (2009)
sobre a criação imediata diz: o ato livre de Deus pelo qual Ele, segundo a Sua vontade soberana
e para a Sua própria glória, produziu no princípio todo o universo, visível e invisível, sem uso
de material preexistente, e assim lhe deu uma existência distinta da Sua própria e, ainda assim,
dele dependente, e a Criação que Deus faz de materiais preexistentes como a criação dos
vegetais, dos animais e do próprio homem (Gn 1.11, 12, 24, 25; 2.7; 22).
A Criação é um ato do Deus Trino-A Escritura nos ensina que o trino Deus é o Autor da
criação (Gn 1.1; Is 40.12; 44.24; 45.12).
A Criação é um ato livre de Deus- A Bíblia nos ensina que Deus criou todas as coisas
segundo o conselho da sua vontade (Ef 1.11; Ap 4.11); sendo Ele autossuficiente e independente
de suas criaturas (Jó 22.2, 3; 35.6-8; At 17.25).
A Criação é um ato temporal de Deus- A Bíblia relata o princípio de todas as coisas (Gn
1.1; Mt 9.4, 8; Mc 10.6; Jo 1.1, 2; Hb 1.10), falando também da eternidade (Sl 90.2; Pv 8.22; Mt
13.35; 25.34; Jo 17.24; E f 1.4; 2Tm 1.9; Hb 4.3; IPe 1.20; Ap 13.8).
Sobre a criação a maioria dos os teólogos a distinguem entre criação ativa e passiva, a
primeira indicando a criação como um ato de Deus, e a última, seu resultado, o mundo criado.
A Criação é um ato divino onde o universo é produzido do nada- Deus criou o mundo
com sem material preexistente, produziu todas as coisas pela palavra do Seu poder, por um simples
ato divino. (Gn 1:1 Sl 33:6, 9 e 148:5), Hebreus 11:3 descreve a criação como um fato que
apreendemos somente pela fé, Romanos 4:17 vem complementar essa passagem de hebreus.
Teontologia
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A Criação é distinta de Deus, mas sempre dependente dEle- O universo tem existência
distinta de Deus sem todavia ser independente Dele . (Is 42.5; At 17.24, Sl 102.27; Ml 3.6; Tg
1.17, Sl 90.2: 102.25-27; 103. 15-17; Is 2.21; 22.17, Rm 1.18-32; 1 Jo 2.15-17, etc.). Deus ao criar
o mundo manteve sua conexão com ele (Sl 139.7-10; Jr 23.24), Ele habita e age nas pessoas (Sl
51.11; Is 57.15 1 Co 3.16; 6.19; Ef 2.22; 4.6) e sustentando toda a criação (Ne 9.6; At 17.28, Sl
104.30).
O fim último de Deus na Criação- O fato de Deus receber glorificação através de louvores
direcionados a Ele por Suas criaturas morais é a finalidade que esta inclusa no fim supremo, sem
constituir em si mesmo esse fim, pois Deus não criou primeiramente no intuito de receber glória
mas para tornar Sua glória manifesta através de sua criação, constituindo-se assim o que pode-se
ser considerado como fins subordinados, a felicidade e salvação da Suas criaturas, e o recebimento
de louvor de corações gratos e desejosos de adorá-lo. (Is 43.7; 60.21; 61.3; Ez 36.21, 22; 39.7; Lc
2.14; Rm 9.17; 11.36; 1 Co 15.28; Ef 1.5, 6, 9, 12, 14; 3.9, 10; Cl 1.16).
16.2. A criação do mundo espiritual
16.2.1. A doutrina dos anjos na história
No início da era cristã existem claras evidências da crença na existência dos anjos desde
o início da era cristã sendo alguns considerados bons, e outros maus. A idéia dos primeiros era de
possuidores de alta estima, seres pessoais de elevada categoria, dotados de liberdade moral, sendo
engajados no serviço de divino, para atender ao bem-estar dos homens. Segundo alguns dos
primeiros pais da igreja, os anjos eram possuidores de corpos perfeitos e etéreos. Havia a convicção
geral de que os anjos forma criados bons, porém alguns abusaram da sua liberdade decaíram dando
ouvidos a Satanás que se rebelou contra a autoridade e Deus, e este tornou-se seu chefe. A idéia
geral neste período é de que os anjos bons são instituídos para atenderem às necessidades e ao
bem-estar dos crentes, esta visão sobre os ofícios exercidos pelos anjos em favor dos crentes deu
uma errônea crença de que a noção havia anjos da guarda para igrejas individuais e pessoas
individuais.
Os anjos continuaram, com o passar do tempo a serem considerados como espíritos bem-
aventurados, superiores aos homens em tanto no conhecimento como no fato de serem livres de
corpos materiais. Apesar de alguns atribuírem a eles excelentes corpos etéreos, houve certas
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dúvidas sobre o fato de eles terem algum tipo de corpo. Foi feita por Dionísio Areopagita uma
divisão três classes de anjos:
1ª tronos, querubins e serafins (gozam de estrita comunhão com Deus),
2ª domínios e poderes (iluminados pelos primeiros),
3ª principados, arcanjos e anjos (iluminados pelos segundos),
Esta foi a classificação adotada por muitos escritores posteriormente. Sobre a
classificação dos anjos Agostinho deu ênfase ao fato de que os anjos bons devidos a sua
obediência, obtiveram a recompensados do dom da perseverança, dom este que lhes permitiu a
segurança de que eles jamais cairiam. Durante este período da era cristã considerava-se ainda o
orgulho como a causa da queda de Satanás, havia ainda a ideia de que os demais anjos caíram em
devido da sua cobiça pelas filhas dos homens, embora ainda defendida, mas este pensamento foi
desaparecendo após a influência de uma melhor exegese de Gn 6.2. Aos anjos que não caíram
atribuiu-se uma influência benéfica, acreditando-se que os anjos decaídos corrompiam os corações
dos homens, estimulavam a heresia e gerando moléstias e calamidades. Muito novos convertidos
ao cristianismo com tendências politeístas inclinavam-se a cultuar anjos, tenso esta prática
condenada pelo concílio de Laodiceia no século VI.
Alguns na Idade Média inclinavam-se acreditar que os anjos possuíam corpos etéreos
(espirituais, sublimes), mas a maioria cria que os anjos eram incorpóreos, a explicação para as
aparições angélicas seria a de que os anjos adquiriam formas corporais temporárias, com o
propósito de revelação. Havia nesta época muita discussão principalmente entre os escolásticos
entre estas opinavam que quanto a criação os anjos foram criados ao mesmo tempo da criação do
universo material, outros já opinavam que foram criados no estado de graça, mas o que
comumente se acreditava era que foram criados somente num estado de perfeição natural, quanto
ao lugar onde ocupavam a opinião pouco se divergia acreditava-se que a presença deles no espaço
não é limitada mas definitiva, tendo-se em vista que corpos é que ocupam lugar de forma
definitiva, os tomistas e os scotistas discordavam dessa concepção, quanto ao fato dos anjos
receberem conhecimento infuso (que receberam diretamente de Deus sem necessitar aprender)
todos estavam de acordo apenas Tomaz de Aquino discordava assegurando que este conhecimento
era intuitivo enquanto que Duns Scotus acreditava que eles podiam adquirir novo conhecimento
Teontologia
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através da sua atividade intelectual conhecimento este que pode ser discursivo (raciocínio).Neste
período a crença da existência de anjo da guarda teve considerável apoio.
No período da Reforma a concepção da doutrina dos anjos permaneceu a mesma, Lutero
como Calvino quanto ao ministério dos anjos tinham uma vívida concepção, em particular da
presença e poder de Satanás. Calvino ressaltava que Satanás está debaixo do controle divino,
sendo às vezes instrumento de Deus para Seus desígnios, tendo permissão só para agir dentro de
limites permitidos (como no caso de Jó). Com relação a obra realizada pelos anjos bons, a maioria
acreditava que seu ofício especial atender os salvos, quanto a existência de anjos da guarda ainda
havia muitas discussão.
Quanto aos demônios são definidos como anjos caídos, seres depravados e inimigos de
Deus e de todo bem, que militam para arruinarem a igreja de seus membros, e destruí-los, usando
de todo tipo de vis estratagemas. Devido sua iniquidade estão sentenciados à perdição eterna e em
contínua expectação dos seus horríveis tormentos.
16.2.2. A existência dos anjos
Existe em todas as religiões o reconhecimento da existência de um mundo espiritual. Suas
crenças suas mitológicas falam de deuses, semi-deuses, espíritos, demônios, etc. A doutrina dos
anjos foi especialmente disseminada entre os persas e muitos críticos especialistas acreditam que
os judeus desenvolveram sua crença nos anjos dos persas, porém essa afirmativa não foi
comprovada sendo bastante duvidosa, não estando em harmonia com a Palavra de Deus, pois nos
relatos bíblicos os anjos aparecem desde o princípio, estudos específicos feitos sobre o assunto,
concluíram de que a angelologia persa proveio da que era comum entre povo hebreus.
A crença a na existência dos anjos sempre existiu na igreja cristã, a teologia liberal
moderna, todavia descartou tal crença, considerando apena a ideia-anjo útil, que age em nosso
favor idéia esta que imprime o cuidado de Deus para conosco. Alguns filósofos entre eles Kant
tentaram admitir a existência do mundo angélico, mas a filosofia não pode provar essa existência
e muito menos a sua inexistência, o que se deve levar em conta sobre a existência dos anjos é a
autoridade da Bíblia que notadamente comprova a existência do mundo espiritual e da ação dos
anjos em inúmeras passagens.
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16.2.3. A natureza dos anjos
Os anjos são seres criados- existem negativas acerca da criação dos anjos, mas nas
Sagradas Escrituras relatam com muita sua criação. As passagens de Gênesis 2.1; Salmos 33.6 e
Neemias 9,6 se referem à criação dos anjos, e não do exército de astros como alguns alegam, mas
Salmos 148.2,5 e Colossences 1.16 falam claramente da criação dos anjos (comp. 1 Rs 22.19; Sl
103.20,21). Não tem como precisar exatamente a ocasião em que foram criados, alguns, defendem
a idéia de que foram criados antes de todas as outras coisas, baseados em Jó 38.7 porém tal
pensamento não tem o apoio da Escritura. Até onde sabemos e tomando como base a Bíblia
nenhuma obra criadora precedeu à criação dos céus e da terra. Na passagem do Livro de Jó (38.7)
há uma descrição poética, de que eles estivessem presentes na fundação do mundo, assim como
também as estrelas estavam, mas não de que eles existissem antes da criação dos céus e da terra.
Há ainda idéia de que a criação dos céus foi concluída no primeiro dia foi completada no primeiro
dia e que anjos foram criados foi simplesmente como uma parte da obra do dia, esta é suposição
sem comprovação, muito embora o fato de que a declaração de Gn 1.2 só seja aplicado à terra
pareça favorecê-la, o que pode-se entender é que possivelmente a criação dos céus não foi
concluída em um só momento, nem tampouco a da terra. A única afirmação mais segura sobre a
criação dos anjos é de que foram criados antes do sétimo dia, algo que se deduz de passagens como
Gn 2.1; ex 20.11; Jó 38.7; Ne 9.6.
16.2.4. Características dos anjos
Os anjos são seres espirituais e incorpóreos- quanto a esta definição sempre foi alvo de
debate, tanto os judeus e quanto muitos dos primeiros “pais da igreja” lhes concordavam que os
anjos eram possuidores de corpos tênues ou ígneos; porém a igreja da Idade Média chegou
concluiu que eles são seres espirituais puros, e mesmo após isso alguns teólogos católicos romanos,
arminianos, e luteranos e reformados (calvinistas), conferiram certa aos anjos corporalidade,
intensamente sutil e pura, acreditavam na concepção de uma natureza puramente espiritual e
incorpórea metafisicamente inconcebível, e incompatível com a noção de criatura. Havia também
a concepção de que anjos estão sujeitos a limitações espaciais, que podem mover-se de lugar a
lugar, e por vezes serem pelos homens. Todavia estas argumentações praticamente neutralizadas
diante do que diz as Sagradas Escrituras que em inúmeras passagens afirmam que os anjos
são pneumata (espirituais), Mt 8.16; 12.45; Lc 7.21; 8.2; 11.26; At 19.12; Ef 6.12; Hb 1.14. Não
possuem carne e ossos, Lc 24.39, não se casam, Mt 22.30, grandes números deles podem estar
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num espaço muito limitado, Lc 8.30, e são seres invisíveis, Cl 1.16. Passagens como Sl 104.4
(comp. Hb 1.7); Mt 22.30; e 1 Co 11.10 não comprovam que os anjos tenham forma corpórea.
Descrições simbólicas da aparição dedo anjos na profecia de Ezequiel e no Livro de Apocalipse,
e relatos de aparecimentos em formas corporais, também não comprovam corporalidade nos anjos
mesmo seja difícil afirmar se os corpos que eles assumiram em certas ocasiões eram reais ou
apenas aparentes. É claro que eles são criaturas, limitados e finitos, mas que têm mais livre relação
com o espaço e o tempo do que o homem. Não podemos atribuir-lhes uma localização definida
(ubi definitivum), vale ressaltar que os anjos não podem estar em dois ou mais lugares ao mesmo
tempo.
Os anjos são seres racionais, morais e imortais- são seres pessoais, dotados de inteligência
e volição (vontade própria). Por serem dotados de inteligência pode-se inferir imediatamente do
fato de que são espíritos; mas também a Bíblia ensina isso de forma explícita (2 Sm 14.20; Mt
24.36; Ef 3.10; 1 Pe 2.11), mesmo que não sejam oniscientes, são superiores aos homens em
conhecimento, Mt 24.36, têm natureza moral estando sob obrigação moral; e são recompensados
por sua obediência, e punidos pela desobediência. As Sagradas Escrituras falam dos anjos que
permaneceram leais como “santos anjos”, Mt 25.31; Mc 8.38; Lc 9.26; At 10.22; Ap 14.10, e
retratando os desobedientes que caíram como mentirosos de pecadores como mentirosos Jo 8.44;
1 Jo 3.8-10. A imortalidade é também uma atribuição dos anjos bons, no sentido de que não estão
sujeitos à morte, quanto a isso se diz que os santos do céu (os que dormem no Senhor) são
semelhantes a eles, Lc 20.35, 36. Os anjos são possuidores de grande poder, e formam o exército
de Deus, uma hoste de heróis poderosos, sempre prontos a cumprir as ordens de Deus, Sl 103.20;
Cl 1.16; Ef 1.21; 3.10; Hb 1.14; os anjos maus formam o exército de Satanás, empenhados em
destruir a obra do Senhor, Lc 11.21; 2 Ts 2.9; 1 Pe 5.8.
Existem os anjos bons e os anjos maus- Na Bíblia há pouca informação no que diz ao
respeito do estado original dos anjos, há apenas o registro de que ao Deus ao término de Sua obra
viu que tudo quanto fizera, era muito bom, podemos então deduzir que os anjos estão nesta
conclusão. Há ainda as passagens de João 8.44; 2 Pedro 2.4; Judas 6 que pressupõem uma boa
condição original de todos os anjos. Os anjos bons são chamados de “anjos eleitos” (1 Tm 5.21)
além da graça de que foram dotados todos os anjos no princípio, estes receberam graça suficiente
para habitá-los a manter a sua posição, sendo esta uma graça especial, possuidora de perseverança,
na qual mantiveram sua condição. Diante de muita especulação inútil acerca do tempo e do caráter
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da queda dos anjos a teologia protestante em geral ateve-se apenas em saber que os anjos bons
conservaram o seu estado original, sendo confirmados em sua condição, e que agora são incapazes
de pecar, sendo não somente santos anjos, mas também anjos de luz, 2 Co 11.14. Sempre
contemplam a face de Deus, Mt 18.10, são de exemplos para os cristãos na prática da vontade de
Deus, Mt 6.10, e são possuidores de vida imortal, Lc 20.36.
16.2.5. O número e a organização dos anjos
O número- não há na Bíblia qualquer definição quanto ao número dos anjos, mas relata
com muita clareza que eles constituem um poderoso exército, sendo por várias vezes mencionados
como exército dos céus ou de Deus, e estais expressões já indicam serem numerosos.
Deuteronômio 33.2 dá uma ideia da grandiosidade de sua quantidade O Senhor veio de Sinai... das
miríades de santos, Salmos 68.17 diz: Os carros de Deus são vinte mil, sim, milhares de milhares.
No meio deles está o Senhor: o Sinai tornou-se em santuário. Quando Jesus pergunta a um espírito
imundo o seu nome, a resposta foi: Legião é o meu nome, porque somos muitos, Mc 5.9, 15, as
legiões romanas variavam de 3000 a 6000 legionários pode-se ter uma ideia da quantidade. No
Getsêmani Jesus disse a um dos seus discípulos que queria defende-Lo dos que vieram prendê-lo:
Acaso pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze
legiões de anjos? Mt 26.53. Apocalipse 5.11 também fala sobre a grande quantidade deles: Vi, e
ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número
era de milhões de milhões e milhares de milhares. Em vista desses dados todos, é perfeitamente
seguro dizer que os anjos constituem uma imensurável companhia, um poderoso exército. Eles
não formam um organismo como acontece com a raça humana, pois são espíritos que não se casam
e não nascem uns dos outros. Seu número total e completo foi criado no princípio; não há mais
aumento em suas fileiras.
Suas ordens- mesmo que os anjos não constituam um organismo, estão organizados de
algum modo, pode-se perceber esta organização porque ao lado do nome geral “anjo”, a Bíblia
emprega certos nomes específicos para como indicativo das diferentes classes de anjos. O nome
“anjo”, com o qual designamos de maneira geral os espíritos superiores, não é um nome natural
(nomem naturae) nas Sagradas Escrituras, mas, sim, um nome que indica ofício (nomem
officii). No hebraico a palavra mal’ak significa mensageiro, e servindo para designar alguém que
é enviado por homens, Jó 1.14; 1 Sm 11.3, ou por Deus, Ag 1.13; Ml 2.7; 3.1. No grego o
termo angelos também é comumente aplicado a homens, Mt 11.10; Mc 1.2; Lc 7.24; 9.51; Gl 4.14.
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Não há um nome específico naa Escrituras para designar todos os seres espirituais. Eles são
chamados filhos de Deus, Jó 1.6; 2.1; Sl 29.1; 89.6, espíritos, Hb 1.14; santos, Sl 89.5, 7; Zc 14.5;
Dn 4.13, 17, 24. Mas existem ainda diversos nomes específicos para indicar diferentes classes de
anjos.
Querubins- Há menção nas Sagradas Escrituras dos querubins repetidas vezes, deles
guardando a entrada do paraíso, Gn 3.24, observando o propiciatório, Êx 25.18, 20; Sl 80.1; 99.1;
Is 37.16; Hb 9.5, eles também constituem a carruagem de que Deus se serve para descer à terra, 2
Sm 22.11; Sl 18.10. Em Ez 1 e Ap 4 são também representados como seres vivos em variadas
formas, tais representações simbólicas servem simplesmente para demonstrar o seu extraordinário
poder e majestade. Mais do que quaisquer outras criaturas, eles foram destinados para revelar o
poder, a majestade e a glória de Deus, e a defender a santidade de Deus no jardim do Éden, no
tabernáculo, no templo e na descida de Deus a terra.
Serafins- constituem uma classe de anjos que se relaciona com a classe dos querubins. Eles
são mencionados apenas em Is 6.2-6, sendo representados simbolicamente em forma humana, mas
com seis asas, duas cobrindo o rosto, duas os pés, e duas para a pronta execução das ordens do
Senhor e diferentemente dos querubins eles permanecem servindo em torno do trono do Rei
celestial, cantando incessantemente louvores a Ele e estão sempre prontos a fazer o que Ele
ordenar. Enquanto que os querubins são considerados os anjos poderosos, os serafins são
classificados como os nobres entre os anjos. Ao passo que aqueles defendem a santidade de Deus,
estes atendem ao propósito da reconciliação, e assim preparam os homens para aproximar-se
apropriadamente de Deus.
Principados, potestades, tronos e domínios- em acréscimo as classes anteriores, a Bíblia
fala de certas classes de anjos, que ocupam lugares de autoridade no mundo angélico,
como archai e Exouxiai (principados e potestades), Ef 3.10; Cl 2.10, thronoi (tronos), Cl
1.16, kyreotetoi (domínios), Ef 1.21; Cl 1.16 (nesta passagem, traduzido por “soberanias”,
Almeida. Autorizada), e dynameis (poderes), Ef 1.21; 1 Pe 3.22. Estes nomes não indicam exista
diferentes espécies de anjos, mas serve para diferenciar classe ou de dignidade e funções entre
eles.
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Gabriel e Miguel- Diferentemente de todos os outros anjos, há nas Escrituras a menção
destes dois anjos de foram. Gabriel é mencionado em Dn 8.16; 9.21; Lc 1.19,26. Há maior parte
dos comentadores o considera ele como um anjo criado, porém alguns negam que o nome Gabriel
seja um nome próprio, relacionando-o a um substantivo comum, de sentido de homem de Deus –
um sinônimo de anjo, todavia esta posição é incabível, outros comentadores antigos e recentes
veem nele um ser incriado, alguns sugerem que ele poderia ser a terceira pessoa da Trindade Santa,
e Miguel a segunda. Mas ao fazer-se simples leitura das passagens acima citadas observa-se
claramente a impossibilidade dessa interpretação. Gabriel possivelmente seria um dos sete anjos
aos quais se acham diante de Deus conforme é citado em Apocalipse 8.2 e Lucas 1.19,
aparentemente sua função principal seria servir de intermediário e intérprete das revelações
divinas.
O nome Miguel tem como significado literalmente: “quem como Deus?” Tem sido
interpretado como um designativo da segunda pessoa da Trindade. Tal concepção não é mais
sustentável que a identificação de Gabriel com o Espírito Santo. Miguel é mencionado em Daniel
10.13, 21; é chamado “o arcanjo” em Judas 9, sendo esta expressão usada também em Apocalipse
12.7, indicando que ele ocupa uma importante posição entre os anjos. No livro de Daniel algumas
passagens também indicam o fato de que ele seja um príncipe entre eles, ele é apresentado como
valente guerreiro a liderar as batalhas de Jeová contra os inimigos de Israel e contra os poderes
malignos do mundo espiritual. O título de “arcanjo” também pode aplicado a Gabriel e a uns
poucos anjos mais.
16.2.6. O serviço dos anjos
Quanto ao serviço dos anjos pode-se distinguir entre o serviço comum e o serviço
extraordinário dos anjos:
O serviço comum dos anjos- a priori consiste em seus louvores a Deus dia e noite, Jó
38.7; Is 6.3; Sl 103.20; 148.2; Ap. 5.11. A Bíblia denota que eles cumprem esse ofício
audivelmente, como por exemplo, no nascimento de Jesus, embora não haja como precisar como
os anjos falam e cantam. Eles são enviados para dar assistência aos herdeiros da salvação, desde
quando o pecado entrou no mundo, Hb 1.14. Há regozijo entre eles na conversão de um pecador,
Lc 15.10, exercem vigilante proteção sobre os crentes, Sl 34.7; 91.11, protegem os pequeninos,
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Mt 18.10, se fazem presentes na igreja, 1 Co 11.10; 1 Tm 5.21, apreendem das multiformes
riquezas da graça de Deus, Ef 3.10; 1 Pe 1.12, e conduzem os cristãos ao seio de Abraão, Lc 16.22.
O serviço extraordinário dos anjos- com a queda do homem foi necessário o serviço
extraordinário dos anjos, constituindo um importante componente da revelação especial de Deus,
eles são por vezes intermediários das revelações especiais de Deus, comunicando as bênçãos ao
Seu povo e executando juízo sobre os Seus inimigos. Sua atividade é mais relevante é no que diz
respeito a salvação tais como nos dias dos patriarcas, da entrega da lei, no período do cativeiro e
da restauração, e no nascimento, na ressurreição e na ascensão de Jesus. Com a cessação do período
da revelação especial de Deus, cessou-se também o serviço extraordinário dos anjos, sendo
retomado somente por ocasião da volta do Senhor Jesus.
16.2.7. Os anjos maus
Sua origem- não foram criados como anjos maus, são criaturas de Deus, porém seu prazer
constitui-se em opor-se a Deus e combater Sua obra. Deus ao criar todas as coisas viu tudo que
tinha criado, e tudo era muito bom, Gn 1.31. Existem duas passagens das Sagradas Escrituras que
explicam que alguns anjos não mantiveram a sua condição original, mas caíram do estado em que
tinham sido criados, 2 Pe 2.4; Jd 6. Não há uma especificação exata quanto ao pecado desses anjos,
mas subentende-se que constituiu no fato de em se exaltarem contra Deus e aspirarem à autoridade
suprema, tal ambição levou Satanás à queda, e exatamente com este mesmo pecado ele tentou o
homem, tentando envolvê-lo para destruí-lo levando-o a uma possível ambição como sua.
Alguns dos primeiros “pais da igreja” faziam certa distinção entre a queda de Satanás e os
demônios a ele subordinados, acreditavam que a queda de Satanás foi orgulho, e os demais do
mundo angélico a luxúria carnal, Gn 6.2, tal interpretação de Gn 6.2 foi sendo aos poucos
repudiada, durante a Idade Média. Em vista disto, alguns comentadores modernos acabaram
reiterando tal concepção em sua interpretação de 2 Pe 2.4 e Jd 6, como o fazem, por exemplo,
Meyer, Alford, Mayor e Wohlenberg. Tal idéia é totalmente descartada em Mt 22.30 onde Jesus
afirma que os anjos não se casam e portanto pode-se entender que não há vida sexual entre os eles
e que portanto essa não seria a causa de sua queda, tal interpretação daria margem para admitir
uma duplicidade de queda no mundo angélico – primeiramente Satanás e posteriormente o exército
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de demônios que agora presta serviço a Satanás. O que se pode deduzir é que Satanás levou consigo
em sua queda uma terça parte dos anjos conforme Apocalipse 12:4.
Seu chefe- As Sagradas Escrituras reconhecem Satanás como chefe dos anjos decaídos,
pode-se deduzir que originariamente ele seria um dos poderosos príncipes do mundo angélico, e
tornou-se o líder dos que se rebelaram contra Deus e caíram. O nome “Satanás” significa “o
Adversário”, primordialmente de Deus e depois do homem, mas de Deus. Ele investiu contra Adão
como o coroa da criação de Deus, sendo o causador de toda destruição, razão pela qual é chamado
Apoliom (destruidor), Ap 9.11, ataca a Jesus quando Ele empreende Sua obra de restauração. Após
o pecado ter entrado no mundo, Satanás se tornou Diabolos (Acusador), pois continuadamente
acusa o povo de Deus, Ap 12.10. Nas Sagradas Escrituras Ele é apontado como o originador do
pecado, Gn 3.1,4; Jo 8.44; 2 Co 11.3; 1 Jo 3.8; Ap 12.9; 20.2, 10, e aparecendo reconhecido chefe
dos que caíram, Mt 25.41; 9.34; Ef 2.2, e segue como o líder das hostes espirituais da maldade,
como as quais utiliza como resistência a Cristo e ao Seu reino. Satanás também é chamado
repetidas vezes como “príncipe deste mundo” (não “do mundo”*), Jo 12.31; 14.30; 16.11, e é
chamado também como “Deus deste século”, 2 Co 4., essa atribuição não quer dizer que ele
controla o mundo porque de Deus é o controle sobre todas as coisas e Ele deu toda a autoridade a
Cristo, porém o controle de Satanás é este mundo mau, e sobre tudo em que está separado de Deus,
em Efésios 2.2, vê-se claramente que ele é chamado “príncipe da potestade do ar, do espírito que
agora atua nos filhos da desobediência”. Ele possui atribuições sobre-humanas, porém não é
divino; tem grande poder, sem ser onipotente; exerce influência em grande escala, mas restrita, Mt
12.29; Ap 20.2, seu destino final é lançado no abismo, Ap 20.10.
Sua atividade- sendo possuidor de poder sobre-humano utiliza-os em contraste com os
anjos bons, enquanto estes servem a Deus com fidelidade, lutando em Seu favor, os anjos decaídos
tratam de maldizer a Deus, pelejando contra ele procurando cegar e desviar os salvos, animando
os pecadores o mal que eles mesmos praticam. Trata-se de espíritos perdidos e sem esperança pois
sabem que a sua condenação é eterna. II Pe 2:4, Jd 6.
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17. CRIAÇÃO DO MUNDO MATERIAL
17.1. Descrição bíblica da criação
A obra da criação sob a ótica bíblica- na narrativa da criação dos céus não enfoca o
mundo espiritual, o intuito é destacar o mundo material, apresentando-o como a habitação do
homem e como o palco para suas atividades, tratando das coisas visíveis e por serem apalpáveis
aos sentidos humanos, são objeto de discussão, tanto da teologia como das outras ciências e da
filosofia, enquanto esta última tenciona usar a razão para entender, a teologia toma o seu ponto
parte do princípio de Deus criou todas as coisas. A narrativa da criação é o princípio da auto
revelação de Deus, onde ele nos declara sua relação com todas as coisas inclusive do homem. Esta
narrativa mostra a posição originária do homem, para que este entenda todas as fazer da revelação
até a revelação redentiva. Apesar de não pretender dar-nos uma completa cosmologia filosófica,
contém elementos importantes para a elaboração de uma cosmogonia correta.
Origem da narrativa da criação- Em Gênesis há o relato de Deus chamando a existência
o universo e todas as coisas criadas pela simples palavra do Seu poder. Alguns estudiosos quando
descobriram um relato babilônico sobre a criação do mundo acreditaram que os hebreus a usaram
como fonte para sua narrativa de Gênesis devido algumas semelhanças em alguns pontos, porém
se esqueceram de que existem duas possibilidades 1) que a narrativa babilônica é uma reprodução
pervertida da narrativa de Gênesis; ou 2) que ambas originam de uma fonte comum, porém
primitiva, independente de qual seja a resposta para a questão isto não resolverá o problema da
origem da narrativa. Quanto a isto surgem a questões como: Como ou onde surgiu a fonte original,
escrita ou oral, dessas narrativas? Como veio a existência? Alguns a consideram apenas como fruto
da reflexão do homem sobre a origem das coisas, mas tal explicação é extremamente improvável,
devido dos seguintes fatos: a ideia da criação é incompreensível (e só pode ser entendida e aceita
pela fé), há oposição igualitária entre a ciência e a filosofia quanto à doutrina da criação do nada;
a fé é o fundamento para a crença de os mundos foram estruturados pela palavra de Deus conforme
diz Hebreus 11.3, podemos então concluir que Portanto, chegamos o relato da história da criação
foi divinamente revelada a Moisés ou a um dos patriarcas anteriores e repassada por transmissão
oral fidefigna de geração a geração a Moisés para registro. Se esta revelação foi pré-mosaica,
passou como tradição (oral ou escrita) sendo incorporada em forma pura, sob a direção do Espírito
Santo, para constituir o primeiro livro da Bíblia.
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Interpretando Gênesis 1:1, 2- Existe considerações que atribuem o relato de Gn 1.1 como
sobrescrito ou título da narrativa completa da criação, todavia isso é objetável, por três razões: (a)
por que a narrativa subseqüente está ligada ao versículo primeiro pela conjunção hebraica waw,
ou vav (e), o que não aconteceria se o versículo primeiro fosse um título; (b) porque, com base
nessa suposição, não haveria relato de nenhuma espécie da criação original e imediata; e (c) visto
que os versículos subseqüentes não contém nenhum relato da criação dos céus. ( Berkhof 2009 p.
140). A interpretação mais aceita de Gn 1.1 é que registra a criação original e imediata do universo,
de forma hebraica chamando “céus e terra”, tal expressão faz referência a ordem invisível das
coisas onde a glória de Deus se revela de maneira mais perfeita. Não se pode considerar que o
termo céus utilizado na narrativa seja céus cósmicos, nuvens astros, pois a criação destes se deu
no segundo e no quarto dia da obra criadora e no versículo 2, há a descrição a condição originária
da terra (comp. Sl 104.5, 6).
O Hexameron, ou a Obra dos Dias Separados. Após criar o universo do nada, o caos
existente foi sendo transformado, dando ao poucos lugar ao cosmos, a um mundo habitável, criado
em seis dias consecutivos, tal indicativo da obra realizada dia por dia requer breve exame.
Consideração da teoria de que foram longos períodos- Alguns estudiosos acreditam que o
relato dos dias de Gn 1 foram prolongados períodos de tempo, com intuito de encaixá-los aos
períodos geológicos. Havia também a ideia de que não eram dias comuns de vinte e quatro horas
não era totalmente alheia à teologia cristã primitiva, alguns dos “pais da igreja” que acreditavam
que esses dias provavelmente não seriam dias comuns, sua opinião seria criação foi toda concluída
num só momento, e que os dias citados em Gênesis seria apenas uma estrutura simbólica para
facilitar o relato criação de maneira mais ordenada, permitindo melhor entendimento para as
mentes finitas. Os dias da criação de longos períodos passou a vir para o primeiro plano em anos
recentes, sem ter sido feitos estudos exegéticos, tendo influência de declarações da científicas.
Durante o século dezenove, considerou se os dias da criação como dias literais, mas a interpretação
humana é falível, e poderia ser revista à luz de novas descobertas. Alguns eruditos cristãos, como
Harris, Miley, Bettex e Geesink, supõem que os dias de Gênesis são dias geológicos, e tanto Shedd
como Hodge chamam a atenção para o extraordinário acordo existente entre o registro bíblico
da criação e o testemunho das rochas, e tendem a considerar os dias de Gênesis como períodos
geológicos. (Berkhof 2009p.141)
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Pode-se levantar a questão sobre se será exegeticamente possível conceber os dias de Gênesis
como longos períodos de tempo. E então se deve admitir que a palavra yom nem sempre indica um
período de vinte e quatro horas na Escritura, e nem sempre é empregada no mesmo sentido, mesmo
na narrativa da criação. Pode significar o período de claridade, em distinção das trevas, Gn 1.5,
16, 18; dia e noite juntos, Gn 1.5, 8, 13 etc.; os seis dias juntos, Gn 2.4; e um período indefinido,
assinalado em toda a sua extensão por algum traço característico, como tribulação, Sl 20.1, ira, Jó
20.28, prosperidade, Ec 7.14, ou salvação, 2 Co 6.2. Pois bem, alguns sustentam que a Bíblia
favorece a idéia de que os dias da criação foram períodos indefinidos de tempo, e chamam a
atenção para o seguinte: O sol não foi criado antes do quarto dia e, portanto, a extensão dos dias
anteriores ao quarto ainda não poderia ser determinada, mesmo antes do quarto dia, e não há base
para a suposição de que os dias assim mensurados tinham duração mais prolongada que os dias
posteriores. Por que haveríamos de admitir que Deus grandemente a velocidade das revoluções da
terra depois que a luz foi concentrada no sol, Os referidos dias são dias de Deus, dias arquetípicos,
dos quais os dias dos homens são meras copias ectípicas; e para Deus, mil anos são como um dia,
Sl 90.4; 2 Pe 3.8. Mas este argumento se funda numa confusão do tempo e a eternidade.
Deus adintra (interiormente) não tem dias, mas habita na eternidade, exaltado muito acima, além
de todas as limitações de tempo, ideia que se confirma em Sl 90.4 e 2 Pe 3.8. Os únicos dias reais
de que Deus tem conhecimento são os dias deste mundo temporal-espacial. Como poderá seguir-
se do fato de que Deus é exaltado acima das limitações de tempo, como existem neste mundo, onde
o tempo é medido por dias, semanas, meses e anos – sim, como poderá resultar daí que um dia
tanto pode ser um período de 100.000 anos como um período de vinte e quatro horas? O sétimo
dia, dia em que Deus descansou da Sua obra criadora, continua, segundo se diz, até à época atual
e, portanto, deve ser considerado como um período de mil anos. É o sábado (sabbath, repouso),
e esse repouso sabático jamais termina. Este argumento representa uma confusão semelhante à
anterior. ( Berkof 2009 p. 143)
Toda a concepção de que Deus tenha principiado Sua obra criadora num certo ponto do
tempo e cessando depois de um período de seis dias, não pode ser aplicada a Deus pelo fato de Ele
ser o que é em Si mesmo, e sim aos resultados de tempo da Sua atividade criadora. Deus é o mesmo
em todos os tempos, imutável. Seu descanso não é um período de tempo indefinidamente
prolongado; mas eterno. Todavia, o sétimo da criação teve duração semelhante aos demais dias,
além de descansar no sábado, Deus o abençoou e o santificou, separando-o para dia de descanso
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do homem, Êx 20.11, seria um tanto difícil aplicar o período que se estende da época da criação
até aos dias atuais.
O fato de se fazer uma exegese para conceber dias como longos períodos no livro de
Gênesis é uma questão possível, pode-se admitir que palavra yom nem sempre é um indicativo de
um período de vinte e quatro horas e nem sempre é empregada no mesmo sentido, mesmo na
narrativa da criação. Numa observação mais apurada pode-se dizer que tem sentido de um período
de claridade, em distinção com as trevas, Gn 1.5, 16, 18; dia e noite juntos, Gn 1.5, 8, 13 etc.; os
seis dias juntos, Gn 2.4; e um período indefinido, assinalado em toda a sua extensão por algum
traço característico, como tribulação, Sl 20.1, ira, Jó 20.28, prosperidade, Ec 7.14, ou salvação,
2 Co 6.2. ( Berkof 2009 p.)
Existem algumas concepções de que a Bíblia favorece a ideia de que os dias mencionados
em Gênesis foram períodos indefinidos de tempo, e chamam a atenção para a seguinte lógica: a
criação do sol se deu no quarto dia e, portanto, não há como precisar a extensão dos dias anteriores,
entretanto, mas isso não prova a questão. Deus estabeleceu uma alternância rítmica entre de luz e
trevas, antes mesmo do quarto dia, e não há uma base concreta se supor que os dias assim citados
como tendo uma duração mais prolongada que os dias posteriores, pois desta forma teríamos que
admitir que Deus aumentou grandemente a velocidade das revoluções da terra depois que houve a
concentração da luz foi no sol. Esses dias são dias de Deus, dias modelo, dos quais os dias dos
homens são simplesmente cópias ectípicas (cunho); e para Deus, mil anos são como um dia, Sl
90.4; 2 Pe 3.8. Há neste argumento certa confusão entre o tempo e a eternidade. Deus ad
intra (interiormente) não tem dias, habita na eternidade, exaltado muito acima, além de todas as
limitações de tempo, tal concepção é confirmada em Sl 90.4 e 2 Pe 3.8.
Os únicos dias reais de que Deus tem conhecimento são os dias deste mundo temporal-
espacial. Como poderá seguir-se do fato de que Deus é exaltado acima das limitações de tempo,
como existem neste mundo, onde o tempo é medido por dias, semanas, meses e anos – sim, como
poderá resultar daí que um dia tanto pode ser um período de 100.000 anos como um período de
vinte e quatro horas? O sétimo dia, dia em que Deus descansou da Sua obra criadora, continua,
segundo se diz, até à época atual e, portanto, deve ser considerado como um período de mil anos.
É o sábado (sabbath, repouso), e esse repouso sabático jamais termina. Este argumento representa
uma confusão semelhante à anterior. Toda a ideia de Deus iniciado a obra da criação num certo
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ponto do tempo e cessando depois de um período de seis dias, não se aplica a Deus como ele é em
Si mesmo, mas somente aos resultados temporais da Sua atividade criadora. Ele é imutavelmente
o mesmo por todas as eras. Seu repouso não é um período de tempo indefinidamente prolongado;
é eterno. Por outro lado, o sábado da semana da criação teve duração igual à dos outros dias. Deus
não somente descansou naquele dia, mas também o abençoou e o santificou, separando-o como
dia de descanso para o homem, Êx 20.11. Dificilmente se aplicaria a todo o período que se estende
da época da criação até aos dias atuais.
Criação dos dias separados- na criação há uma escala definida, pois, cada ato criativo de
Deus em cada dia se encaminha para a obra do dia seguinte e a prepara; concluindo-se na criação
do homem, a coroa das obras das mãos de Deus e aquém foi confiada a tarefa de fazer que toda a
criação fosse subserviente à glória de Deus.
O primeiro dia- A luz foi criada no primeiro dia, havendo separação entre luz e trevas, dia
e noite, uma alternância entre ambas instituídas por Deus, essa narrativa não fala da criação do sol
e sim da luz passando a ideia de uma evasão de luminosidade em meio as trevas a ciência define
que a luz não emana do sol e sim por ondas de éter produzidas por de partículas de elétrons,
portanto não emana do sol. O relato da obra de cada dia termina com estas palavras: “houve
tarde e houve manhã”. Os dias não são computados de tarde a tarde, mas de manhã a manhã.
Depois de doze horas houve tarde, e depois doutras doze horas houve manhã. (Berkhof 2009 p.)
O segundo dia- no segundo dia houve a separação entre as águas de cima (nuvens) para
alguns, o mar de vidro, Ap 4.6; 15.2, e o rio da vida, Ap 22.1. Há uma suposição de alguns que
desacreditam do relato mosaico de uma abobada sólida; porém pois a palavra hebraica raqia não
indica em absoluto uma abobada sólida, mas sim o equivalente ao termo “expansão”.
O terceiro dia- separação entre o mar e a terra seca, cf. Sl 104.8, a sucessivamente o reino
vegetal de plantas e arvores. Há a menção de grandes classes de vegetais são mencionadas,
a deshe’ (plantas que não dão flores), que não frutificam umas das outras da maneira usual;
’esebh, (vegetais e grãos que dão semente); e ’ets peri (arvores frutíferas), que dão frutos segundo
a sua espécie. Quando Deus disse, “Produza a terra relva” e assim por diante, não tem equivalência
de dizer: desenvolva-se a matéria inorgânica, pela sua própria energia inerente, para se tornar
vida vegetal. Deus por sua palavra de poder implantou o princípio de vida na terra, e assim
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capacitando- a para produzir relva, ervas e árvores. Em Gênesis 2.9 a narrativa que se trata-se de
uma palavra criadora. Todas as diferentes espécies de plantas foram criadas por Deus, e não que
se desenvolveram umas das outras.
O quarto dia- Sol, lua e estrelas foram chamados a existência como luzeiros ou portadores
de luz para a uma variedade de propósitos: fazer divisão entre dia e noite; para sinais (indicar os
pontos cardeais) pressagiar mudanças nas condições climáticas, e servir de sinais de importantes
eventos futuros e juízos vindouros; para estações e para dias e anos, isto é, para atender ao
propósito de efetuar a mudança das estações, a sucessão dos anos e a regular ocorrência de dias
festivos especiais; e servir como luzes para a terra possibilitando o desenvolvimento da vida
orgânica na terra.
O quinto dia- Deus chama à existência as aves e dos peixes (habitantes das águas e dos
ares), ambos foram criados juntos pela grande similaridade em sua estrutura orgânica, sendo
também a caracterização por uma instabilidade e mobilidade que têm em comum com o elemento
em que se movem, distintos do terreno sólido, outra semelhança está na reprodução em seu
processo de procriação.
O sexto dia- o clímax da obra da criação. Em conexão com a criação dos animais, Deus
usa mais uma vez a expressão, “Produza a terra”, indicando que animais não se desenvolveram
naturalmente da terra, mas foram produzidos pelo fiat (haja) criador de Deus. Há a distinção na
criação do home com as demais obras com a seguinte afirmativa: “Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança”; e assim Deus encerra seu ato criativo ao formar o homem,
a coroa da obra de Deus. Quando na narrativa de Gênesis se diz que o homem foi criado à imagem
de Deus, significa que Deus é o modelo do qual o homem é a cópia; e quando se acrescenta que
ele foi criado conforme a semelhança de Deus, o homem em todo o seu ser é a própria imagem de
Deus.
Vale ressaltar a semelhança notável que existe entre as obras dos primeiros três dias da
criação e os últimos três dias:
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Observe o quadro abaixo:
1 A criação da luz 4 A criação dos luzeiros
2 Criação da expansão e separação das águas 5 Criação das aves dos ares e dos peixes do mar.
3 Separação entre as águas e a terra seca, e
preparação da terra como habitação de homens
e animais.
6 Criação dos animais selváticos, dos animais
domésticos, e dos répteis; e do homem
O sétimo dia- O descanso de Deus no sétimo dia contém, antes de tudo, um elemento
negativo. Deus cessou a Sua obra criadora. Mas a isso deve ser acrescentado um elemento positivo,
a saber, que Ele teve prazer em Sua obra completa. Seu repouso foi o repouso do artista que, após
haver completado a sua obra prima, agora a observa com profunda admiração e deleite, e se satisfaz
perfeitamente contemplando sua produção. “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito
bom”. Ela respondeu ao propósito de Deus e correspondeu ao ideal divino. Daí, Deus se regozija
com a Sua criação, pois reconhece nela o reflexo das Suas gloriosas perfeições. Seu resplandecente
semblante brilha sobre ela e lhe derrama chuvas de bênçãos.
17.2. Não há um segundo relato da criação em Gênesis 2
Existem suposições de que Gênesis 2 contenha um segundo e independente relato da
criação. O primeiro relato é considerado como obra do autor eloísta (Derivado de Elohim- Deus
Criador) e o segundo, do jeovista (derivado de Iahweh-Eu Sou) ambos discordam dessa concepção,
porém se conflitam em outros pontos. Segundo os Jeovistas relato, em distinção aos Eloístas, a
terra ficou seca antes da criação dos vegetais; sendo o homem criado antes dos animais, e somente
o homem, não o homem e a mulher; posteriormente Deus criou os animais para ver se eles
serviriam de companheiros para o homem; porém viu que falharam nisso, então Deus criou a
mulher para auxiliadora do homem; para então colocar o homem no jardim que preparara para ele.
Tais concepções contrapõem totalmente a narrativa de das Sagradas Escrituras, pois Gênesis
começa com a descrição da história do homem dispõe o seu material com vistas a adequá-lo a esse
propósito, e do capitulo primeiro se repete o necessário para cumprir o propósito do autor,
repetindo-se sem levar em conta a ordem cronológica, Gênesis capítulo1 seria um resumo da
Criação e o capítulo 2 uma descrição mais detalhada da criação.
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18. PROVIDÊNCIA
A concepção teísta cristã opõe-se a uma separação entre Deus e o mundo como a uma
confusão panteísta de Deus com o mundo. Devido tal concepção a doutrina da criação é seguida
imediatamente pela Doutrina providência, para defir claramente o conceito bíblico da relação de
Deus com o mundo, mesmo que não haja o termo “providência” (latim- providentia, grego-
pronoia) na Bíblia, a doutrina da providência, não obstante, pertencentes às Sagradas Escrituras,
e tem sentido de presciência ou previsão, mas adquirindo gradativamente outros sentidos. A
previsão por um lado está associada a planos para o futuro e por outro, à realização concreta desses
planos. Assim, a palavra “providência” significa então, a provisão que Deus faz para os fins do
Seu governo, bem como assim como a preservação e governo de todas as suas criaturas.
18.1. Providência geral
18.1.1. História da doutrina da providência
A doutrina da providência na igreja levou-a se se posicionar contra ao pensamento dos
epicureus que acreditavam que o mundo é governado pelo acaso, e contra a ideia estoica
(pensamento filosófico de fidelidade ao conhecimento) de que ele é governado pelo destino. A
posição dos Teólogos desde o princípio é de que Deus preserva e governa o mundo, todavia essa
ideia nem sempre foi absoluta devido a estreita conexão da providência com a doutrina da
predestinação. Contudo, nem sempre tiveram eles uma concepção igualmente absoluta do domínio
divino sobre todas as coisas. Devido à estreita conexão em ambas, a história da doutrina da
providência segue, no essencial, a da doutrina da predestinação.
Na Idade Média controvérsia sobre o tema da providência divina eram poucas, não houve
qualquer expressão desta doutrina em nenhum concílio, prevalecendo o conceito de Agostinho,
que sujeitava tudo à vontade de Deus, todavia, haviam ideias divergentes. Os pelagianos e
semipelagianos limitavam a providência à vida natural, e excluindo a vida ética, enquanto que
alguns dos escolásticos acreditavam na conservação feita por Deus sendo continuação da Sua
atividade criadora, outros faziam distinção entre ambas. Em Tomaz de Aquino segue o a
concepção Agostinho, enquanto que Duns Scotus e nominalistas como Biel e Occam afirmam que
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tudo depende da vontade arbitrária de Deus, sendo isso uma virtual introdução do governo do
acaso.
A doutrina agostiniana da providência divina foi subscrita pelos reformadores, diferindo
nos pormenores. Lutero cria na providência geral, sem dar ênfase à preservação e ao governo
divino do mundo em geral, defendido por Calvino, considerando a doutrina primordialmente em
seus suportes soteriológicos. Socinianos e arminianos, embora não no mesmo grau, salientavam o
poder de independência do homem de tomar a iniciativa na ação controlando assim a sua vida sem
o domínio de Deus, tal pensamento nos séculos dezoito e dezenove a providência foi virtualmente
eliminada por um deísmo que descrevia que Deus havia afastado do mundo após a obra da criação;
e pelo panteísmo que identificava Deus com o mundo, excluía a distinção entre a criação e a
providência e negando a realidade das causas secundárias. O deísmo hoje é considerado uma coisa
do passado, mas seu conceito do domínio e direção do mundo tem tido continuidade na posição
das ciências naturais, a teologia liberal moderna, devido a sua concepção panteísta da imanência
de Deus, também tende a eliminar a doutrina da providência divina.
18.2. A ideia da providência
A providência pode ser definida como o permanente exercício da energia divina, onde o
Criador preserva todas as Suas criaturas, operando em tudo que se passa no mundo, dirigindo todas
as coisas para o seu determinado fim, onde se observa que tal definição indica três elementos na
providência: a preservação (conservatio, sustentatio), a concorrência ou cooperação (concursus,
co-operatio), e governo (gubernatio), mesmo que se distinga três elementos na providência,
devemos lembrar que estes três nunca estão separados, na obra de Deus. Embora a preservação se
refira à existência, a concorrência à atividade e ao governo à direção de todas as coisas, jamais se
deve entender isso num sentido exclusivo. Na preservação há também um elemento de governo,
no governo um elemento de concurso, e no concurso em elemento de preservação.
18.3. Conceitos errôneos concernentes à natureza da providência
O erro de limita-la à presciência ou à presciência mais predestinação- concepção de
alguns dos primeiros “pais da Igreja”, a verdade na doutrina da providência é que, não há como
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fazer uma clara definição presciência nem a predestinação, apenas afirmar uma contínua atividade
no mundo para a realização do plano divino
O conceito deísta da providência divina- O deísmo define que o interesse de Deus pelo
mundo não é universal, especial e perpétuo, mas de natureza geral, infundindo em todas as Suas
criaturas certas propriedades intransmissíveis, colocando-as sob leis inalteráveis e para que
cumprissem o seu destino pelos seus próprios poderes inerentes, entretanto exercendo apenas uma
supervisão geral, das leis gerais que Ele estabeleceu.
A ideia panteísta da providência divina- No panteísmo não há reconhecimento da
distinção que há entre Deus e o mundo, os panteístas falam de providência, porém para eles a
providência, assim chamada, é idêntica ao curso da natureza, e este não é nada mais nada menos
que a auto revelação de Deus, que não dá lugar para a independente operação das causas
secundárias, em qualquer sentido da palavra. A teologia resguarda-se dos perigos do panteísmo,
mas durante o século passado a ideia panteísta aninhou-se em muita teologia liberal moderna com
disfarçando-se da doutrina da imanência de Deus.
18.4. Objetos da providência divina.
Os ensinamentos da Escritura sobre este ponto- As Sagradas Escrituras ensinam
claramente sobre Bíblia o governo providencial de Deus sobre o universo em geral, Sl 103.19; Dn
5.35; Ef 1.11; sobre o mundo físico, Jó 37.5; Sl 104.14; 135.6; Mt 5.45; sobre a criação inferior,
Sl 104.21, 28; Mt 6.26; 10.29; sobre os negócios das nações, Jó 12.23; Sl 22.28; 66.7; At 17.26;
sobre o nascimento do homem e sua sorte na vida, 1 Sm 16.1; Sl 139. 16; Is 45.5; Gl 1.15, 16;
sobre as vitórias e fracassos que sobrevêm às vidas dos homens, Sl 75.6, 7; Lc 1.52; sobre coisas
aparentemente acidentais ou insignificantes, Pv 16.33; Mt 10.30; (8) na proteção dos justos, Sl 4.8;
5.12; 63.8; 121.3; Rm 8.23; no suprimento das necessidades do povo de Deus, Gn 22.8, 14; Dt 8.3;
Fp 4.19; nas respostas à oração, 1 Sm 1.19; Is 20.5, 6; 2 Cr 33.13; Sl 65.2; Mt 7.7; Lc 18.7, 8; e
no desmascaramento e castigo dos ímpios, Sl 7.12, 13; 11.6.
Providência geral e especial- os teólogos distinguem a providência entre geral e especial,
a primeira indica o governo de Deus sobre o universo todo, e a última, o Seu cuidado de cada parte
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dele em relação ao todo, todavia não existem duas espécies de providência, e sim a mesma
providência exercida em duas diferentes relações.
Negação da providência especial- existem aqueles que admitem uma providência geral,
onde a administração está sob um sistema fixo de leis gerais, negando uma providência especial
onde Deus se interessa pelos pormenores da história, e por assuntos da vida humana em particular
pelas experiências dos justos, entretanto alguns afirmam que Deus é grande demais para
preocupar-se com coisas menores da vida, enquanto outros acreditam que Ele não pode fazê-lo,
devido as leis da natureza que Lhe amarram as mãos e, razão esta que os fazem desconsiderar que
Deus responde as orações, entretanto a Bíblia ensina todos os pormenores da vida pertencem à
ordenação de Deus. Em conexão com a questão, se podemos harmonizar a operação das leis gerais
da natureza com a providência geral, só podemos indicar o seguinte:
a) As leis da natureza não podem ser descritas como a natureza tivesse poderes para
governarem em absoluto todos os fenômenos e operações.
b) A concepção materialista de que as leis da natureza como um sistema entrelaçado e
fechado que age independente de Deus, impossibilitando-O de interferir no curso do mundo, é
totalmente errônea, pois, o universo possui uma base pessoal. E tudo o que ocorre na natureza é
simplesmente o método ordenado por um Ser pessoal em ação.
c) As leis da natureza, produzem os mesmos efeitos desde que todas as condições sejam as
mesmas, os efeitos não são resultados de uma força única, e sim de uma combinação de forças
naturais, inclusive o homem pode modificar os efeitos combinando uma força da natureza com
outra da própria natureza ou de outras forças de origem humana, podendo cada uma destas forças
operar em estrita harmonia com suas leis. E se o homem consegue fazê-lo, Deus que infinitamente
mais tudo é possível. Com todos os tipos de combinação existentes, Deus pode leva a efeito os
mais variados resultados.
19. PRESERVAÇÃO
Base da doutrina da preservação- A prova da doutrina da preservação pode ser é direta e
por dedução.
Prova direta. A divina preservação está em inúmeras passagens das Sagradas Escritura:
Dt 33.12, 25-28; 1 Sm 2.9; Ne 9.6; Sl 107.9; 127.1; 145.14, 15; Mt 10.29; At 7.28; Cl 1.17; Hb
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1.3. Muito numerosas são as passagens que falam de Deus preservando o Seu povo. Exemplos:
Gn 28.15; 49.24; ex 14.29, 30; Dt 1.30, 31; 2 Cr 20.15, 17; Jó 1,10; 36.7; Sl 31.20; 32.6; 34.15,
17; 37.15, 17, 19, 20; 91.1, 3, 4, 7, 9, 10, 14; 121.3, 4, 7, 8; 125.1, 2; Is 40.11; 43.2; 63.9; Jr 30.7,
8, 11; Ez 34.11, 12, 15, 16; Dn 12.1; Zc 2.5: Lc 21.18; 1 Co 10.13; 1 Pe 3.12; Ap 3.10.
Prova por dedução- A ideia da preservação divina intervém com a da doutrina da
soberania de Deus, sendo absoluta, e sustentada com a condição de que todo o universo e tudo que
nele há são em seu ser e em sua ação dependente totalmente de Deus, inferindo também o caráter
dependente da criatura. Somente quem criou todas as coisas pela palavra do Seu poder, pode
sustentá-lo por Sua onipotência.
O correto conceito da preservação divina- doutrina que parte pressuposto de que todas
as substâncias criadas, sejam espirituais ou materiais, têm existência real e permanente, totalmente
distinta da existência de Seu Criador, e só possuem propriedades ativas e passivas provindas de
Deus; tendo esses ativos com eficiência real, e não aparente, como causas secundárias, produzindo
os efeitos que lhe são próprios. O poder de Deus age para a sustentação de todas as coisas sendo
positivo como o poder exercido na criação. A precisão da natureza da Sua obra na sustentação de
todas as coisas, tanto no ser como no agir é um mistério, entretanto pode-se dizer que, em Suas
operações providenciais, Deus se acomoda à natureza das Suas criaturas. A preservação pode ser
definida como a obra contínua de Deus pela qual Ele mantém as coisas que criou, juntamente
com as propriedades e poderes de que as dotou.
Conceitos errôneos da preservação divina- Há duas concepções sobre a preservação que
devem ser evitadas: Que é puramente negativa- o deísmo, defende a ideia que na preservação
divina que Deus não destrói a obra das Suas mãos, e por causa da criação, Deus dotou a matéria
de certas propriedades, colocando-as sob leis inalteráveis e depois deixou que ela se movesse por
si mesma, independente de todo suporte ou direção de fora, tal concepção é irracional, irreligiosa
e antibíblica, pois não se pode admitir que Deus comunicou autossubsistência à criatura, quando a
auto existência e auto sustentação são propriedades impossíveis de se comunicar, algo que
caracterizam somente ao Criador, a criatura jamais pode ser auto sustentadora, porém precisa
mantida continuamente pelo poder absoluto do Criador. Outra concepção é de que é uma criação
contínua- para panteísmo a preservação seria uma criação contínua, de modo que as criaturas ou
causas secundárias são entendidas como não tendo existência real ou contínua, mas como
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emanando em cada momento sucessivo daquele misterioso Absoluto que é a base oculta de todas
as coisas.
19.1. Concorrência
19.1.1. A ideia da concorrência divina e sua prova bíblica
Definição e explicação- A concorrência pode ser definida como poder que coopera com
todos os outros poderes a ele subordinados, estando em harmonia com as leis pré-estabelecidas de
sua operação (estabelecidas na criação), fazendo-os agir precisamente como agem. Vale ressaltar
que esta doutrina implica duas coisas: as forças da natureza não podem agir por si mesmas, mas
Deus opera de forma imediata em cada ato da criatura, e que as causas secundárias existem, sendo
reais, e, portanto, não devem ser consideradas somente como o poder operativo e Deus.
Prova bíblica da concorrência divina- as Sagradas Escrituras ensinam que a providência
de Deus pertence tanto à existência, quanto às ações ou operações da criatura, e que os homens
não agem de forma independente, mas são governados pela vontade de Deus, Ele age em diversas
situações na vida dos homens, sendo esta verdade notória em diversas passagens bíblicas. Gn 45.5,
Ex. 4.11, 12, Js 11.6 Ele dá a Josué a certeza de que o livrará dos inimigos de Israel. Provérbios
21.1, Ed 6.22, Dt 8.18 2 Sm 16.11, Is 10.5. Além disso, Ele pôs um espírito mentiroso na boca dos
profetas de Acabe, 1 Rs 22.20-23.
19.2. Erros que devem ser evitados
Existem erros que devem ser evitados em conexão com esta doutrina:
Que ela consiste somente numa comunicação geral de poder, sem determinar de forma
alguma a ação específica de Deus, onde o homem estivesse de posse do governo. Se isso fosse
verdade não haveria providência divina.
Que é de tal de natureza, que o homem realiza parte da obra, enquanto Deus realiza também
uma parte dela esta é uma visão equívoca da distribuição da obra embora, cada realização de Deus
como da criatura, é uma realização onde tudo depende da vontade de Deus, e é uma realização do
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homem onde Deus leva a efeito por meio da atividade própria do homem, sem, entretanto, haver
nenhuma limitação mútua, e sim uma interpretação dessa realização.
De que a obra de Deus e do homem na concorrência, são planejadas, tal concepção pode
ser excluída, pois a obra de Deus sempre tem prioridade e o homem depende de Deus em tudo que
faz.
19.3. Características da concorrência divina.
A concorrência Divina é prévia e predeterminante, não num sentido temporal, mas, sim,
num sentido lógico, ou seja, na criatura não existe princípio de atividade autônoma à qual possa
ser juntada a atividade divina. Em ambos os caso, o impulso para a ação e movimento procede de
Deus, há uma influência da energia divina antes de poder agir sobre criatura, e tal influência não
termina na atividade da criatura, mas na própria criatura, tudo que existe na natureza Deus faz com
que haja e se mova na direção de um fim predeterminado, desta forma Ele capacita e ajuda as Suas
criaturas racionais, como causas secundárias para funcionar, não concedendo-lhe apenas energia,
mas dando-lhes essa energia para certos atos específicos. Ele opera tudo em todos, 1 Co 12.6, e
também neste caso, opera tudo conforme o conselho da sua vontade, Ef 1.11. Ele deu a Israel a
capacidade de obter riqueza, Dt 8.18, e opera nos crentes tanto o querer como o realizar, segundo
a Sua boa vontade, Fp 2.13. Os pelagianos e semipelagianos de todo tipo geralmente se dispõem
a admitir que a criatura não pode agir sem um influxo do poder divino, mas sustentam que este
não é tão específico que chegue a determinar o caráter da ação de algum modo. (Berkhof 2009
p.159)
A concorrência é também simultânea, pois após o início da atividade da criatura, a vontade
eficaz de Deus irá acompanhá-la em todo tempo, sem que esta possa agir independente da vontade
e poder de Deus. É só nele que vivemos e nos movemos e existimos, At 17.28. Esta atividade
divina acompanha o homem em todo e qualquer ponto sem, todavia, privá-lo de um ato pelo qual
ele é responsabilizado. O homem é e permanece sendo o verdadeiro sujeito da ação.
A concorrência é imediata, Deus ao governar o mundo utiliza toda sorte de meios para a obtenção
dos Seus fins; sem, todavia, operar deste modo na concorrência divina, Deus dota o homem de
poder e determina suas ações sustentando as suas atividades em todo tempo.
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19.4. A concorrência divina e o pecado
Há uma séria objeção por parte dos pelagianos, os semipelagianos e os arminianos acerca
da doutrina da providência, pois eles acreditam que a concorrência seja prévia, e não geral, mas
que determinando o homem a ações específicas, fazendo de Deus o autor e responsável pelo
pecado, Os teólogos reformados (calvinistas) sabem não que podem negar uma dificuldade sobre
esta concepção aparentemente plausível porém, não ase sentem livres para dissimulá-la negando
o absoluto domínio de Deus sobre as livres ações das Suas criaturas morais, pois as Sagradas
Escrituras o ensina claramente, Gn 45.5; 50.19, 20; Êx 10.1, 20; 2 Sm 16.10, 11; Is 10. 5-7; At
2.23; 4.27, 28. Há certo constrangimento da parte dele em ensinar que: que os atos pecaminosos
estão sob o governo divino e ocorrendo de acordo com a predeterminação e o propósito divino,
mas somente pela permissão de Deus, de modo que Ele não leva os homens a pecarem, Gn 45.5;
50.20; Êx 14.17; Is 66.4; Rm 9.22; 2 Ts 2.11; que Deus reprime as obras pecaminosas do homem,
Gn 3.6; Jó 1.12; 2.6; Sl 76.10; Is 10.15; At 7.51; e também que Deus, para o cumprimento do Seu
propósito, dirige o mal para o bem, Gn 50.20; Sl 76.10; At 3.13.
Nem todos concordam com esta reposta, a grande maioria concorda com a concepção de
Dabney que defende uma concorrência física na criação inferior negando a relação aos agentes
livres, concordando que o governo de Deus sobre todos os atos das Suas criaturas é certo, soberano
e eficaz; por esta razão tenha que responsabilizar-se como os demais sobre a questão de Deus ser
responsável pelo pecado, entretanto, sobre a concorrência a maior parte dos teólogos reformados
(calvinistas) sustentam tal questão, e buscando a solução da dificuldade distinguindo
matéria e forma do ato pecaminoso, e atribuindo a forma do ato pecaminoso sendo exclusivo ao
homem, não há como dizer que estas soluções tragam uma resposta satisfatória de modo que o
problema da relação de Deus com o pecado continua sendo um mistério.
20. GOVERNO
20.1. Natureza do governo divino.
O governo divino pode ser definido como a atividade contínua de Deus onde Ele rege
todas as coisas teleologicamente com a finalidade de garantir que o Seu propósito divino seja
realizado, Este governo não é uma simplesmente parte da providência divina, mas, como no caso
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da preservação e da concorrência, é toda essa atividade, sendo considerada agora sob o ponto de
vista do fim para o qual Deus guia todas as coisas da criação, a saber, para glória do Seu nome.
O governo de Deus é como o Rei do universo- Nos dias atuais muitos consideram a ideia
de Deus como Rei como sendo esta uma noção veterotestamentária obsoleta, e querem substituir
pela ideia neo testamentária de Deus como Pai, onde ideia da soberania de Deus deva dar lugar à
do amor divino acreditando que esta se harmoniza com a concepção progressiva de Deus nas
Sagradas Escrituras, porém é uma ideia errônea, pensar que a revelação divina ao passo que se
eleva a níveis mais altos, tem o intuito de fazer com que nos desapeguemos aos poucos da ideia
de Deus como de Deus como Rei conforme apresentado no V.T e a substituamos pela ideia de
Deus como Pai como é descrito no NT. Contra essa concepção está a proeminência da ideia do
reino de Deus conforme ensinou Jesus. E se se disser que isto envolve apenas a ideia de uma
especial e limitada realeza de Deus, pode-se replicar que a ideia da paternidade de Deus nos
evangelhos está sujeita às mesmas restrições e limitações. Jesus não ensina uma paternidade
universal de Deus. Além disso, o Novo Testamento também ensina a realeza universal de Deus em
passagens como Mt 11.25; At 17.24; 1 Tm 1.17; 6.15; Ap 1.6; 19.6. Ele é igualmente Rei e Pai, e
é a fonte de toda autoridade no céu e na terra, o Rei dos reis e Senhor dos senhores. (Berkhof
2009, p.161)
O governo de Deus está adaptado à natureza das criaturas que Ele governa- Deus
estabeleceu as leis da natureza e através delas Ele exerce Seu governo do universo físico, enquanto
que o mundo mental Ele exerce o Seu governo de forma mediata, através das propriedades e leis
da mente, e de forma imediata, pela direta operação do Espírito Santo. No governo e domínio dos
agentes morais Deus utiliza-se de toda classe de influência moral, como as circunstâncias, os
motivos, a instrução, a persuasão e o exemplo, porém age diretamente, pela operação pessoal do
Espírito Santo no intelecto e na vontade e no coração.
20.2. A extensão deste governo
As Sagradas Escrituras afirmam claramente que este governo divino é universal, Sl 22.28,
29; 103.17-19; Dn 4.34, 35; 1 Tm 6.15, sendo a execução do propósito eterno de Deus, alcançando
todas as Suas obras, desde o princípio, tudo que foi, é e será para sempre, embora seja geral, inclui
também a particularidades e as coisas de maior significação, Mt 10.29-31, aquilo que
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previsivelmente é acidental, Pv 16.33, as boas ações dos homens, Fp 2.13, como também as suas
más ações, At 14.16 tudo está sob o governo e direção de Deus. Deus é o Rei de Israel, Is 33.22,
mas Ele também domina entre as nações, Sl 47.9, nada pode escapar ao Seu governo.
20.3. Providências extraordinárias ou milagres
20.3.1. Natureza dos milagres.
Entre providencia ordinária e providencia extraordinária usualmente se faz certa
distinção, na providencia ordinária, há a ação de Deus através de causas secundárias em completo
acordo com as leis da natureza, apesar de que alguns resultados podem variar, com combinações
diferentes, na providencia extraordinária, Deus age imediatamente ou sem a mediação de causa
secundárias, em sua operação ordinária. Algo que distingue a característica do feito miraculoso é
que ele é o resultado do exercício do poder sobrenatural de Deus, isso quer dizer que o milagre
não é ocasionado por causas secundárias que operam conforme as leis da natureza, se isto ocorresse
não seria milagre. Se Deus ao realizar um milagre, algumas vezes utilizou-se das forças presentes
na natureza, o fez de modo totalmente distante do comum, com o desígnio de produzir resultados
não esperados pelo homem, e é exatamente isso que constitui o milagre. Todo milagre está além
da ordem estabelecida nas leis que regem a natureza, podemos distinguir diferentes classes,
entretanto não o grau dos milagres, existem milagres que sobrepõem a natureza, não estando desta
forma ligados, a quaisquer meios, porém existem milagres que são contra media, onde os meios
são utilizados, entretanto, o resultado é algo inteiramente diverso do resultado habitual daqueles
meios.
20.3.2. Possibilidade de milagres.
Existem oposições aos milagres, principalmente quando ocorre uma violação das leis da
natureza. Alguns fogem desta dificuldade alegando que os milagres apenas exceções da
natureza, como a conhecemos, afirmando que se tivéssemos um real conhecimento da natureza,
teríamos como explicar o milagre de forma perfeitamente natural, tal posição é inaceitável, pois
pressupõe duas ordens da natureza, reciprocamente contrárias, esse conceito priva o milagre do
seu caráter excepcional, pois os milagres mostram-se como eventos excepcionais das Sagradas
Escrituras.
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Existe com certeza uniformidade na natureza; há leis para a operação das causas
secundárias no mundo físico, entretanto vale lembrar que elas representam simplesmente o método
comum onde Deus age na natureza, é da vontade boa vontade Dele agir de forma ordenada e por
através de causas secundárias. Porém isto não quer dizer que Ele não possa deixar de lado a ordem
que estabeleceu, produzindo um efeito extraordinário, que não seja resultado de causa naturais,
por um ato único de Sua própria vontade, se o julgar desejável para o fim em vista. Quando Deus
opera milagres, produz efeitos extraordinários de maneira extraordinária. Quer dizer que os
milagres estão acima da natureza (Berkhof 2009, p. 163).
20.3.3. Propósito dos milagres nas escrituras
Os milagres da Escritura não foram realizados arbitrariamente, pode-se presumir que cada
milagre realizado tem um propósito definido. Não são simples maravilhas e exibições de poder,
para serem admiradas, mas têm significado de revelação. Devido a entrada do pecado no mundo
foi necessária a intervenção sobrenatural de Deus no decurso dos eventos, com a finalidade de
destruir o pecado e para a renovação da criação. Foi por intermédio de milagres que Deus nos
concedeu a Sua revelação especial e verbal nas Sagradas Escritura, bem como a Sua revelação
suprema e real em Jesus Cristo. Os milagres relacionam-se com a economia da redenção, redenção
esta que constantemente eles prefiguram e simbolizam. Não visam a uma violação, e sim a uma
restauração da obra criadora de Deus. Diante disto pode-se observar ciclos de milagres ligados a
períodos especiais da história da redentiva, em especial no período do ministério público de Jesus
Cristo e da fundação da igreja, todavia estes milagres ainda não resultaram na restauração do
universo físico, mas, quando chegar o fim dos tempos, haverá uma outra série de milagres, que
resultarão na renovação da natureza, afim de que o Nome de Deus seja glorificado. Constituindo-
se assim o estabelecimento final do reino de Deus em novo céu e nova terra.
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20.4. Conclusão
Diante do estudo apresentado podemos concluir que Deus só pode ser conhecido à medida
em que Ele se auto-revela, e é seu propósito fazer-se conhecido ao homem, através de sua criação,
da manifestação seus atos, de Seus decretos, atributos, providência, governo e milagres, todos são
instrumentos que Ele utiliza para comunicar a humanidade sobre Sua existência, Soberania, Poder
e Majestade.
A Teonlogia se empenha em trazer esse conhecimento de Deus naquilo em que Ele se
permite conhecer, ao homem é impossível descrevê-Lo em Sua totalidade pois Deus é infinito e
ilimitado enquanto que o homem finito e limitado, mas a busca do conhecimento de Deus está
incutida no homem, e mesmo que não possa chegar a uma plena definição acerca de Deus, o que
se pode apreender nesta busca é o que o próprio Deus define sobre Si mesmo: “EU SOU O QUE
SOU”, e esta afirmativa do Todo-Poderoso já basta para aqueles que pela fé creem neste Deus que
tem o prazer em fazer-Se conhecido ao alvo de Seu amor: o homem, coroa de Sua criação.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática, Tradução por Miguel Messias, Jose´Luiz Martinez,
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Nome___________________________________________ Nota_______________
Prova nº 17- QUESTIONÁRIO
1) Muitas são as ideias que almejam trazer uma definição exata ou racional da existência de Deus,
a teologia define como:
a) ( ) Ele é um Ser Pessoal, auto-preexistente
b) ( ) Ele é um Ser Pessoal, auto-existente
c) ( ) Ele é um Ser Pessoal, auto-resistente,
2) Falando sobre uma definição para os atributos de Deus assinale a alternativa correta:
a) ( ) Os atributos de Deus são unidades, características atribuídas ao caráter de Deus.
b) ( ) Os atributos de Deus são qualidades, características retribuídas ao caráter de Deus.
c) ( ) Os atributos de Deus são qualidades, características atribuídas ao caráter de Deus.
3) Com relação ao ato criativo de Deus como podemos definir a criação através dos seus atos?
Assinale a alternativa correta
a) ( ) Ato do Deus Trino, Ato livre de Deus, Ato atemporal, Ato divino, ato distinto de Deus , mas
sempre dependente dEle.
b) ( ) Ato do Deus Trino, Ato livre de Deus, Ato temporal, Ato divino, ato distinto de Deus , mas
sempre dependente dEle.
c) ( ) Ato do Deus Trino, Ato livre de Deus, Ato temporal, Ato divino, ato distinto de Deus , mas
independente dEle.
4) Quanto à existência dos anjos quem crê na autoridade da Palavra de Deus não pode duvidar que
eles existam, com base no material de estudo, quais as características dos anjos?
a) ( ) Os anjos são seres espirituais, incorpóreos, racionais, morais e imortais.
b) ( ) Os anjos são seres espirituais, corpóreos, racionais, morais e imortais.
c) ( ) Os anjos são seres espirituais, incorpóreos, irracionais, morais e imortais.
5) Com relação a milagres e propósito pode-se dizer que:
( ) cada milagre realizado tem um propósito indefinido.
( ) cada milagre realizado tem um propósito deferido.
( ) cada milagre realizado tem um propósito definido