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TEONTOLOGIA – A Doutrina do Pai BACHAREL ______________________________________________________________________ TEONTOLOGIA – A DOUTRINA DO PAI MESTRE: NEHEMIAS SANTOS 1 Doulos Nehemias Santos BACHAREL em TEOLOGIA TEONTOLOGIA A Doutrina do Pai 1ª Edição @ fevereiro de 2019 São Paulo – SP.

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TEONTOLOGIA – A Doutrina do Pai BACHAREL ______________________________________________________________________

TEONTOLOGIA – A DOUTRINA DO PAI MESTRE: NEHEMIAS SANTOS

1

Doulos Nehemias Santos

BACHAREL em TEOLOGIA

TEONTOLOGIA

A Doutrina do Pai

1ª Edição @ fevereiro de 2019

São Paulo – SP.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO

1 – Definindo o termo Teontologia,

2 – Introdução

3 – O Mistério de Deus

4 – Teantropia

4.1 – Como é a aparência de Deus?

4.2 – O que é Teantropia?

5 – A Revelação

5.1 – Revelação Geral

5.2 – Revelação Especial

6 – A Doutrina da Divindade

6.1. A Doutrina Declarada

6.2. A Doutrina Definida

6.3. A Doutrina Provada

(A). O Antigo Testamento

(B). O Novo Testamento

6.4. A Doutrina Ilustrada

(A). A Natureza Proporciona Muitas Analogias

(B). A Personalidade Humana

(C). Relação

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PATEROLOGIA

Definindo o termo,

Paterology, também “patrylogia” – o estudo da primeira pessoa da

Divindade, a saber: O PAI. A Teologia adequada também chamada de

Paterologia, que significa o estudo do Pai é a área da Teologia Sistemática Cristã

que investiga o que as Bíblias ensinam em relação a Deus o Pai, a primeira

Pessoa da Divindade.

A Teologia adequada é complementada pela cristologia (o estudo de

Jesus Cristo) e a pneumatologia (o estudo do Espírito Santo) como um estudo

completo do Deus da Bíblia.

As áreas de Deus, o Pai, tipicamente estudadas em Teologia Própria,

incluem os argumentos para a existência de Deus, definindo Deus (sendo /

ontologia), os atributos de Deus e as obras de Deus.

Os livros da Bíblia são a principal fonte de Teologia Própria em Teologia

Sistemática. No entanto, a informação da Revelação Geral (o mundo natural)

também é frequentemente discutida, pois revela informações significativas

sobre o envolvimento íntimo de Deus no design do universo, da vida animal e

da vida humana (Salmo).

Revelação especial inclui a Bíblia, além de outras maneiras únicas que

Deus comunicou (como na forma de uma nuvem para Moisés, visões, sonhos,

milagres). Além disso, a importância do Revelação Progressiva é muitas vezes

enfatizada, como a Bíblia revela cronologicamente mais informações sobre

quem Deus é ao longo do tempo como parte de Seu plano soberano perfeito.

Ao discutir os atributos de Deus, a Teologia correta geralmente usa uma

divisão entre os atributos que são transmissíveis (capazes de serem

compartilhados) e aqueles que não são transmissíveis (aqueles únicos apenas

para Deus).

Exemplos de atributos transmissíveis incluem a bondade, o amor e a

compaixão de Deus. Exemplos de atributos não transmissíveis incluem a

perfeição e a soberania de Deus. Aqueles que procuram crescer em seu

relacionamento com Deus, ou que estão investigando os ensinamentos do

cristianismo, desejam aprender mais sobre quem é Deus. A Teologia adequada

é a área da Teologia que fornece grande parte dessa informação,

especificamente no que se refere a Deus, o Pai.

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INTRODUÇÃO O DEUS ÚNICO E VERDADEIRO Muitas teologias sistemáticas do passado tentaram classificar os atributos

morais e a natureza de Deus. O Supremo Ser, porém, não se revelou simplesmente para transmitir-nos conhecimentos teóricos a respeito de si mesmo. Pelo contrário: a revelação que Ele fez de si mesmo está vinculada a um desafio pessoal, a uma confrontação e a oportunidade de o homem reagir positivamente a essa revelação. Isso fica evidente quando o Senhor se encontra com Adão, com Abraão, com Jacó, com Moisés, com Isaías, com Maria, com Pedro, com Natanael e com Marta.

Juntamente com estas e muitas outras testemunhas (ver Hb 12.1),

podemos testificar que estudamos a fim de conhecê-lo experimentalmente, e não somente para saber a respeito dEle. “Celebrai com júbilo ao SENHOR, todos os moradores da terra. Servi ao SENHOR com alegria e apresentai-vos a ele com canto. Sabei que o SENHOR é Deus” (SI 100.1-3).

Todos os textos bíblicos que examinarmos devem ser estudados com um

coração disposto à adoração, ao serviço e à obediência ao Único e Verdadeiro Deus. Nossa maneira de compreender a Deus não deve basear-se em pressuposições a respeito dEle, ou em como gostaríamos que Ele fosse. Pelo contrário: devemos crer no Deus que existe, e que optou por se revelar a nós através das Escrituras. O ser humano tende a criar falsos deuses, nos quais é fácil crer; deuses que se conformam com o modo de viver e com a natureza pecaminosa do homem (Rm 1.21-25). Essa é uma das características das falsas religiões. Alguns cristãos até mesmo caem na armadilha de se desconsiderar a auto revelação divina para desenvolver um conceito de Deus que está mais de acordo com as suas fantasias pessoais do que com a Bíblia, que é a nossa fonte única de pesquisa, que nos permite saber que Deus existe e como Ele é.

A EXISTÊNCIA DE DEUS A Bíblia não procura oferecer-nos qualquer prova racional quanto à

existência de Deus. Pelo contrário: ela já começa tomando a sua existência como pressuposição básica: “No princípio, Deus” (Gn 1.1). Deus existe! Ele é o ponto de partida. Por toda a Bíblia, há evidências substanciais em favor de sua existência. Se de um lado “disseram os néscios no seu coração: Não há Deus” (SI 14.1); por outro: “os céus manifestam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” (SI 19.1).

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Deus se tornou conhecido mediante o seu ato de criar e de sustentar tudo quanto existe. Ele dá vida, alento (At 17.24-28), alimento e alegria (At 14.17). Essas ações são acompanhadas por palavras que interpretam o seu significado e relevância, fornecendo um registro que explica sua presença e propósito. Deus também revela a sua existência através do ministério dos profetas, sacerdotes, reis e servos fiéis. Finalmente, Deus se revelou claramente a nós mediante o Filho e por intermédio do Espírito Santo que em nós habita.

Os que, entre nós, acreditam que Deus haja se revelado nas Escrituras,

descrevem a Deidade única e verdadeira tendo como base sua auto revelação. Vivemos, todavia, num mundo que, via de regra, não aceita esse conceito da Bíblia como fonte primária de informação. E são muitas as pessoas que preferem confiar na engenhosidade e percepção humanas para lograrem alcançar uma descrição particular da Deidade. Para acompanharmos os passos do apóstolo Paulo na obra de se conduzir a humanidade das trevas para a luz, precisamos ter consciência das categorias gerais dessas percepções terrenas.

Sob o ponto de vista secular de se entender a história, a ciência e a religião,

a teoria da evolução tem sido aceita por muitos como fato fidedigno. Segundo essa teoria, à medida que os seres humanos foram evoluindo, também evoluíram suas crenças religiosas e seus modos de expressá-las. A religião é apresentada como um movimento que parte de práticas e crenças

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1 – O MISTÉRIO DE DEUS

Todo conhecimento deve ser prefaciado pela consciência de que o próprio Deus não pode ser conhecido como são conhecidas outras coisas ou pessoas. Ele está totalmente velado em relação à percepção humana. Ele é o Deus que habita em “nuvem escura” (1 Reis 8.12). Deus é o mysterium tremendum, um vasto mistério não passível de compreensão por qualquer meio ordinário. O fato de Deus ser Deus, e não homem, significa mistério e singularidade de todo conhecimento relacionado a ele.

Assim, tudo o que Deus faz carrega em si um caráter de mistério. Paulo

fala acerca do “mistério da sua vontade” (Ef 1.9), do “mistério de Cristo” (3.4), do “mistério do evangelho” (6.19). Há mistério no próprio Deus e em todos os seus caminhos. Quando focalizamos de novo a questão do conhecimento, torna-se evidente que há basicamente dois problemas no conhecimento de Deus.

Em primeiro lugar, Problema do conhecimento de Deus repousa no fato de Deus ser infinito

e o homem, finito. Deus não existe da mesma maneira que uma entidade criada, pois tudo o que é criatura e, portanto, finito, pode ser verificado e especificado em alguma medida. Mas Deus não pode ser descoberto, não importa quão diligente seja o esforço. Será que o homem consegue “desvendar Deus por meio da investigação”? A resposta é não, pois a investigação é desproporcional ao investigador. O finito não é capaz do infinito. Os feitos mais elevados da mente e do espírito humanos ficam longe de alcançar o conhecimento de Deus. Deus sempre permanece além.

Nas palavras de Eliú, no livro de Jó, “fora de nosso alcance está o Todo-

poderoso” (37.23). O motivo dado em Isaías é inconfundível: “ ‘Os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos’, declara o Senhor. ‘Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os seus pensamentos ” (55.8,9). Deus é Deus, e não homem. E há uma vasta diferença entre conhecer as coisas deste mundo e as coisas do Todo-poderoso e Eterno.

Assim, é um fato incontroverso da existência humana: o homem finito

não pode conhecer por si a Deus. A sabedoria humana é totalmente insuficiente para alcançar esse alvo elevado. “O mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana” (ICo 1.21), declara o apóstolo Paulo.

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O mundo pode ter uma ideia de Deus, muitas noções de Deus, mesmo

tentativas de provar sua existência; mas tudo isso pertence ao campo da hipótese. Deus permanece essencialmente misterioso e desconhecido.

Em segundo lugar, O problema do conhecimento de Deus reside no fato de Deus ser santo e

o homem, pecador. Esse é o problema ainda mais profundo: os pecados do homem levantam uma barreira ao conhecimento de Deus. O homem não consegue ver através deles. Ou, em outras palavras, seus pecados o alienaram tanto de Deus que o conhecimento fica muito distante. Isaías fala que Deus “está escondendo o seu rosto da descendência de Jacó” (8.17), e esse esconder, conforme mostra o contexto, devido ao pecado de Israel e sua alienação de Deus, impede que o conhecimento ocorra. Deus é ainda mais misterioso para o homem pecador e alienado.

Assim, por causa da condição pecaminosa do homem, mesmo que a

finitude humana não impusesse um problema para se conhecer Deus, não haveria caminho para o homem vir a conhecer Deus. Embora seja verdade que o finito não é capaz de conhecer o infinito, é verdade ainda mais contundente que o homem pecador não é capaz de conhecer o Deus santo e justo. Aceito, portanto, o mistério de Deus e o duplo fato da finitude e da pecaminosidade do homem, qual o caminho possível para o conhecimento de Deus? Como procedemos? Essa resposta deve se seguir: Se é necessário haver conhecimento de Deus, ele mesmo deve concedê-lo. Deve vir da parte dele, de dentro de seu mistério, atravessando o abismo da finitude e do pecado.

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TEANTROPIA

Como é a aparência de Deus?

“E logo fui arrebatado em espírito, e eis que um trono estava posto no

céu, e um assentado sobre o trono. E o que estava assentado era, na aparência,

semelhante à pedra jaspe e de sardônica; e o arco celeste estava ao redor do

trono, e era semelhante à esmeralda”; (Ap 4.2,3). “E, por cima do firmamento,

que estava por cima da sua cabeça, havia uma semelhança de trono como de

uma safira; e, sobre a semelhança do trono, havia como que a semelhança de

um homem, no alto, sobre ele. E vi como a cor de âmbar, como o aspecto do

fogo pelo interior dele, desde a semelhança dos seus lombos e daí para cima; e,

desde a semelhança dos seus lombos e daí para baixo, vi como a semelhança de

fogo, e um resplendor ao redor dele”; (Ez 1.26,27).

Conforme, de acordo com os textos bíblicos citados acima, você pode

observar claramente que Deus não tinha uma forma definida e nem uma

aparência definida. Deus era uma aparência sem definição. Tanto o profeta

Ezequiel como o evangelista João sabiam que se tratava da Pessoa do Pai ser a

semelhança do homem que estava assentado sobre o Trono quando inspirados

pelo Espírito Santo, eles descreveram a visão do Pai. Mas observe que eles não

descreveram a aparência de Deus de uma forma concreta, de uma forma

absoluta. “E o que estava assentado era, na aparência, semelhante...”; “havia

como que a semelhança de um homem, no alto, sobre ele...”. Na realidade Deus

não tinha um corpo para expressar a Sua essência. Deus era invisível (no sentido

de nunca ter sido visto, sido revelado nitidamente, plenamente) antes da

encarnação de Jesus.

“Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do

Pai, esse o revelou”; (Jo 1.18). O Senhor Jesus Cristo, a 2ª Pessoa da Divindade

ao encarnar-se deu uma forma corpórea física e nítida para toda a Divindade.

Através do corpo físico de Jesus Cristo toda a Divindade passou a habitar nesse

corpo. Deus se tornou tricótomo; “Que, sendo em forma de Deus, não teve

por usurpação ser igual a Deus”; (Fp 2.6). O corpo físico do Filho por causa

de sua Teantropia; "encarnação" tem dentro Dele toda a Essência da Divindade;

“Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade”; (Cl 2.9).

Nós os cristãos como Igreja somos o Corpo Místico da Divindade. “Há

um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só

esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo; Um só

Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos”; (Ef 4.4-6).

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A Bíblia Sagrada em muitas de suas passagens, ao referir-se a Deus atribui-

lhe muitas partes, ou órgãos, que fazem parte do corpo físico humano, as quais

também fazem parte da Sua natureza divina. Observe algumas dessas passagens.

“E o Senhor cheirou o suave cheiro e disse o Senhor em seu coração:

Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque a

imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei

mais a ferir todo o vivente, como fiz”; (Gn 8.21). “E eu vos levarei à terra,

acerca da qual levantei a mão, jurando que a daria a Abraão, e a Isaque e a Jacó,

e vo-la darei por herança, eu o Senhor”; (Êx 6.8).

“E com o sopro dos teus narizes, amontoaram-se as águas; as correntes

pararam como montão; os abismos coalharam-se no coração do mar”; (Êx

15.8). “E deu a Moisés (quando acabou de falar com ele no monte Sinai) as duas

tábuas do Testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus”; (Êx

31.18). “E aconteceu que, queixando-se o povo, era mal aos ouvidos do Senhor;

porque o Senhor ouviu-o, e a sua ira se acendeu, e o fogo do Senhor ardeu entre

eles e consumiu os que estavam na última parte do arraial”; (Nm 11.1). “E te

humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não

conheceste, nem teus pais o conheceram, para te dar a entender que o homem

não viverá só de pão, mas que de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o

homem”; (Dt 8.3).

“Terra de que o Senhor, teu Deus, tem cuidado; os olhos do Senhor, teu

Deus, estão sobre ela continuamente, desde o princípio até ao fim do ano”; (Dt

11.12). “E abaixou os céus, e desceu, e uma escuridão havia debaixo de seus

pés”; (2 Sm 22.10). “Trovejou desde os céus o Senhor e o Altíssimo fez soar a

sua voz”; (2 Sm 22.14). “Deus disse na sua santidade: Eu me regozijarei,

repartirei a Siquém e medirei o vale de Sucote. Meu é Gileade e meu é Manassés;

Efraim é a força da minha cabeça; Judá é o meu legislador”; (Sl 60.6,7). “E

disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a

minha face, e viverá. Disse mais o Senhor: Eis aqui um lugar junto a mim; ali te

porás sobre a penha. E acontecerá que, quando a minha glória passar, te porei

numa fenda da penha e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado.

E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas; mas a minha face não

se verá”; (Êx 33.20-23).

Com base nos textos bíblicos citados acima. Então posso afirmar que

Deus tem coração, mãos, nariz, dedo, ouvidos, boca, olhos, pés, voz, cabeça,

face, costas? Então Deus tem a forma física de uma pessoa? A resposta é não!

Os órgãos humanos atribuídos a Deus estão referidos na Bíblia em linguagem

antropomórfica.

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Antropomorfia é a atribuição de características humanas a Deus, a fim de

que o homem possa “tentar” entender o agir de Deus dentro do seu ponto de

vista humano. A verdade é que nem mesmo o patriarca Moisés, o qual viu Deus

pelas costas, considerou a possibilidade de Deus ter aparência humana. Na

verdade, o que ocorreu foi uma Teofania.

Aconteceu uma manifestação visível, mas não física (palpável) de Deus em

forma de homem. Por essa razão, o patriarca Moisés recebeu de Deus e

repassou para o povo israelita e, por extensão, a todos os demais povos. Há

jamais compararem Deus a qualquer coisa existente, quer no céu, quer na terra,

quer debaixo dela. “Guardai, pois, com diligência a vossa alma, pois semelhança

nenhuma vistes no dia em que o Senhor, vosso Deus, em Horebe, falou

convosco do meio do fogo; para que não vos corrompais e vos façais alguma

escultura, semelhança de imagem, figura de macho ou de fêmea;

Figura de algum animal que haja na terra, figura de alguma ave alígera que

voa pelos céus; figura de algum animal que anda de rastos sobre a terra, figura

de algum peixe que esteja nas águas debaixo da terra; e não levantes os teus

olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus; e

sejas impelido a que te inclines perante eles, e sirvas àqueles que o Senhor teu

Deus, repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus”; (Dt 4.15-19). O que

é matéria? É qualquer substância sólida, líquida ou gasosa que ocupa lugar no

espaço. A única forma de Deus em material física palpável “carne” é a própria

Pessoa de Jesus Cristo. “Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos

basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes

conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o

Pai? ”; (Jo 14.8,9).

Em Jesus Cristo, Deus se manifestou em Teantropia “Deus em forma

física de homem”. A Teantropia é o contrário da Teofania a qual era uma

manifestação visível, mais não palpável.

O que é Teantropia?

“Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem,

para que o visites? Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória

e de honra o coroaste”; (Sl 8.4,5).

Antes Deus era somente Espírito. Mas por causa da encarnação de

Cristo, e a Sua ressurreição dentre os mortos, e o Seu regresso a glória do Pai

com uma herança glorificada que é o Seu corpo físico. Hoje, Deus tem um

corpo! Deus ao criar o homem, o criou espírito, alma e corpo.

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O corpo físico era uma coisa que Deus mesmo não possuía! Deus era

Espírito e Suas almas eram espirituais, ou seja, não palpáveis. As partes

imateriais têm a capacidade de compartilharem o mesmo espaço (corpo) ao

mesmo tempo, sem perderem as suas identidades e essências. Por causa disso,

em um corpo de uma só pessoa pode habitar uma legião com + ou - 2000

demônios, e nenhum deles perderem as suas identidades; “ .... (Eram quase dois

mil) ... ”; (Mc 5.13). Por outro lado, a Divindade que são três pessoas (três almas

definidas) não tem problema de espaço porque Elas (as pessoas da Divindade)

são um Espírito com três almas.

Estas almas ocupam o mesmo espaço no corpo espiritual sem perderem

as Suas identidades. Quando Deus criou ao homem algo novo foi introduzido

na criação. Os animais criados infinitamente menores que o homem tem uma

alma irracional, um corpo físico animal e um alento de vida. Um Deus dicótomo

cria a um homem tricótomo? O objetivo e propósito de Deus em criar ao

homem tricótomo é por que Ele irá um dia habitar no homem.

Em um mundo ao qual os homens querem ser deuses, o verdadeiro Deus,

quis ser um homem. “Pelo que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não

quiseste, mas corpo me preparaste”; (Hb 10.5). Os próprios anjos não foram

criados com um corpo físico. Eles têm corpos espirituais. Os anjos sem um

corpo físico não podem habitar na terra. Eles podem ser vistos, mas não podem

ser tocados. Infelizmente ao contrário dos anjos, os homens usam, utilizam

muito pouco o seu lado espiritual. Satanás entrou no mundo por um animal, a

serpente. Ele queria possuir um ser humano, um corpo físico.

Não pôde possuir a Eva, nem a Adão e muito menos a Caim, por causa

do sinal. Satanás e os seus demônios não querem possuir aos animais, pois as

suas almas são irracionais. Eles não podem controlar o mundo físico através

dos animais, eles querem possuir ao homem. O homem foi condicionado a um

corpo físico, o corpo físico é o centro da condição de Satanás, pois ele terá que

ter um corpo físico para ser julgado. O homem, ao contrário dos anjos foi

criado um pouco menor que eles. O homem foi criado mortal, o homem passou

a ter uma alma imortal, condicionada a um corpo mortal, sem a glória que os

anjos carregam. “Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do

homem, para que o visites? Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos e

de glória e de honra o coroaste”; (Sl 8.4,5).

Esta passagem bíblica contém o mistério! Esta realidade Satanás não

esperava. Deus dar ao homem o direito de ser redimido em Cristo e a receber

a um corpo imortal e glorificado?

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12

Com a vinda do Filho, o Pai deposita a sua única possibilidade de redimir

e vir habitar no homem, através da vinda do Filho em um corpo físico humano.

Deus Se torna tricótomo através do corpo físico de Jesus. Deus então completa

o Seu plano redentor. O corpo físico era a única coisa que a Divindade não

possuía, e por causa deste corpo toda a Divindade será conhecida. “O qual,

sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e

sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si

mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade nas

alturas”; (Hb 1.3). “E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o

primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. Porque

foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse”; (Cl 1.18,19).

O corpo físico do Filho tem dentro dele toda a essência da Divindade.

Antes da encarnação do Verbo, Deus não tinha uma forma e aparência definida,

Deus tinha uma aparência indefinida. “E logo fui arrebatado em espírito, e eis

que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono. E o que

estava assentado era, na aparência, semelhante à pedra jaspe e de sardônica; e o

arco celeste estava ao redor do trono, e era semelhante à esmeralda”; (Ap 4.2,3).

“E, por cima do firmamento, que estava por cima da sua cabeça, havia uma

semelhança de trono como de uma safira; e, sobre a semelhança do trono, havia

como que a semelhança de um homem, no alto, sobre ele.

E vi como a cor de âmbar, como o aspecto do fogo pelo interior dele,

desde a semelhança dos seus lombos e daí para cima; e, desde a semelhança dos

seus lombos e daí para baixo, vi como a semelhança de fogo, e um resplendor

ao redor dele”; (Ez 1.26,27). Deus não tinha um corpo físico para expressar a

Sua essência. Jesus em Sua Teantropia, ao encarnar-se deu uma forma corpórea,

ou seja, um corpo físico para Deus. “Que, sendo em forma de Deus, não teve

por usurpação ser igual a Deus”; (Fp 2.6). “Porque nele habita corporalmente

toda a plenitude da Divindade”; (Cl 2.9). “Há um só corpo e um só Espírito,

como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um

só Senhor, uma só fé, um só batismo; Um só Deus e Pai de todos, o qual é

sobre todos, e por todos e em todos”; (Ef 4.4-6).

Enquanto nós ainda não temos os nossos corpos glorificados. Estamos

limitados e condicionados ao nosso corpo físico. Devemos aproveitar de uma

forma inteligente esse corpo o qual é templo do Espírito Santo. Devemos

realizar a obra de Deus em quanto temos vigor e forças físicas. O corpo humano

é uma substância física, a estrutura do homem. O corpo físico é a única parte

do homem que se acaba que se consome aos poucos, a cada segundo de vida o

corpo morre. O corpo físico já nasce morrendo, células começam a se

decompor ja no ato de nascimento de um ser humano.

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“Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham

os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles

contentamento; (chegado o tempo da velhice); antes que se escureçam o sol, (a

morte do pai) e a luz, (a perda da vontade e da razão de viver) e a lua, (a perda

também da mãe) e as estrelas (a perda dos irmãos e das irmãs), e tornem a vir

as nuvens (virão os filhos) depois da chuva; (os filhos dos filhos, os netos); no

dia em que tremerem os guardas da casa (os ossos não tem mais forças para

suportarem a estrutura do corpo físico, não ter forças para brincar com os

netos), e se curvarem os homens fortes (os músculos do corpo físico), e

cessarem os moedores por já serem poucos (os dentes), e se escurecerem os

que olham pelas janelas (os olhos);

e as duas portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura

(os ouvidos), e se levantar à voz das aves (as cordas vocais), e todas as vozes

do canto se baixarem (a voz ficar fanhosa e incompreensível); como também

quando temerem o que está no alto (lembrar de Deus, o Criador), e houver

espantos no caminho (os cabelos começarem a cair), e florescer a amendoeira

(ou ficarem brancos) e o gafanhoto for um peso (o estômago já não funciona

bem), e perecer o apetite (o aparelho digestivo); porque o homem se vai à sua

eterna casa, e os pranteadores andarão rodeando pela praça (chegará o dia do

descanso do corpo físico, e a família já começa a sofrer); antes que se quebre a

cadeia de prata (a coluna vertebral, dores nas costas, não conseguir andar mais

sozinho),

E se despedace o copo de ouro (o cérebro, raciocínio, instintos e

pensamentos), e se despedace o cântaro junto à fonte (a consciência das coisas

que você poderia ter realizado), e se despedace a roda junto ao poço (já é tarde,

o corpo físico não tem mais forças para acompanhar o desejo do coração), e o

pó volte à terra, como a era (a força do corpo físico se acaba), e o espírito (como

um livro selado, igual a caixa preta do avião. Com todas as informações gravadas

da vida da pessoa) volte a Deus, que o deu”; (Ec 12.1-7).

Devemos aproveitar de uma maneira útil e saldável o nosso corpo físico.

Qual é a melhor maneira de fazermos isto? Servindo a Deus. Fazendo isto, Ele

renova as nossas forças e aumenta a nossa qualidade de vigor, e de vida nesse

pequeno período que vivemos em nosso corpo físico.

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REVELAÇÃO Todo conhecimento de Deus vem por meio da revelação. O

conhecimento de Deus é conhecimento revelado; é ele quem o dá. Ele transpõe a lacuna e desvenda o que deseja. Deus é a fonte do conhecimento acerca dele mesmo. Seus métodos, sua verdade. Só por Deus é possível conhecer Deus. O conhecimento de Deus é realmente um mistério desvendado pela revelação.

A palavra “revelação” significa “ato de remover o véu”. A palavra grega é

apokalypsis, um “descobrir”. Um bom exemplo de revelação encontra-se na narrativa bíblica em que Simão Pedro declara que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. A resposta de Jesus é: “Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus” (Mt 16.17).

Declara-se que o conhecimento de que Jesus é o Filho de Deus é dado por

revelação: o véu é removido, o mistério é revelado pelo próprio Deus Pai e o conhecimento de Jesus como seu Filho é captado. O conhecimento da filiação divina de Jesus não foi alcançado por meios humanos, nem poderia; veio somente de Deus.

Na linguagem popular, a palavra “revelação” passou a ser usada para

denotar desfechos admiráveis de muitos tipos. Surgiu alguma percepção nova, talvez de caráter surpreendente ou impressionante (“Foi uma revelação para mim”). Apareceu uma nova verdade ou um novo entendimento, quando antes nada se sabia a respeito.

Ora, isso obviamente tem algum paralelo com uma revelação vinda de

Deus; mas a diferença é bem grande. A revelação acima descrita pode ter vindo por algum outro meio que não um desvendar impressionante; pode ter ocorrido, por exemplo, por meio do estudo ou de várias experiências humanas. Mas, em princípio, o conhecimento de Deus e de sua verdade só pode vir por revelação. Ora, revelação, nesse sentido estrito, não é o surgir de algum conhecimento novo no mundo dos homens ou da natureza, por mais impressionante ou surpreendente que seja tal ocorrido. Refere-se, antes, à própria manifestação de Deus. Revelação no sentido pleno é a que vem de Deus.

Anteriormente, fez-se referência a expressões bíblicas como “o mistério

de sua [de Deus] vontade”, “o mistério de Cristo” e “o mistério do evangelho”. Agora podemos observar melhor que há uma relação bíblica estreita entre mistério e revelação. No AT, por exemplo, “o mistério foi revelado a Daniel” (Dn 2.19); foi só assim que Daniel veio a conhecer a verdade de Deus.

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No NT, Paulo diz: “o mistério [...] me foi dado a conhecer por revelação” (Ef 3.3) e fala do “mistério que esteve oculto durante épocas e gerações, mas que agora foi manifestado a seus santos” (Cl 1.26). Qualquer que seja o mistério de Deus (e tudo acerca de Deus e seus caminhos contém mistério), ele se faz conhecido por sua própria revelação ou manifestação. (1) (Teologia Sistemática – Uma perspectiva Pentecostal, J. RODMAN WILLIAMS Páginas 25,26,27 – Editora Vida, 2011).

REVELAÇÃO GERAL Em primeiro lugar, A revelação geral ocorre, antes de tudo, por intermédio dos céus e da terra.

Deus se manifesta nas maravilhas dos céus — Sol, Lua e estrelas — e nos prodígios da terra — céus e mares, montanhas e florestas, tempo de plantio e colheita. Em termos da estrutura do Universo: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite” (SI 19.1,2). E, de novo: “Desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus “as suas coisas invisíveis” têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas” (Rm 1.20).

O quadro é de fato variado, pois seja o menor átomo, seja a mais vasta

galáxia, a mais diminuta forma de vida ou a mais desenvolvida, alguma revelação de Deus por meio de suas obras está sendo manifestada. Em termos de bênçãos da terra, “Deus não ficou sem testemunho: mostrou sua bondade, dando-lhes chuva do céu e colheitas no tempo certo, concedendo-lhes sustento com fartura e um coração cheio de alegria” (At 14.17). Assim, Deus dá algum testemunho de si mesmo na provisão contínua para sustento e cuidado da humanidade. O Universo como um todo, o macrocosmo, tanto em sua estrutura como em seu funcionamento, é um canal de autodesvendamento de Deus.

Em segundo lugar, No próprio homem Deus é também revelado. De acordo com a Escritura,

o homem é feito à “imagem” e “semelhança” de Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26). Assim, o homem é um espelho ou reflexo de Deus. Em seu alto posto de domínio sobre o mundo; em sua capacidade de pensar, imaginar e sentir; em sua liberdade de ação e muito mais, o homem é feitura singular de Deus. A isso se deve acrescentar o fato do senso humano do certo e do errado, o mover da consciência interna — que o NT chama “as exigências da Lei... gravadas em seu coração” (Rm 2.15).

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Por meio desse senso moral no homem, Deus também está revelando um pouco daquilo que ele próprio é. Aliás, a religiosidade universal do homem — a criatura que cultua e ora, que constrói santuários e templos, que busca Deus de várias maneiras — mais uma vez indica o toque de Deus sobre toda a existência humana. (2) (Teologia Sistemática – Uma perspectiva Pentecostal, J. RODMAN WILLIAMS Páginas 28 – Editora Vida, 2011).

REVELAÇÃO ESPECIAL Passamos agora a considerar o que Deus fez de maneira graciosa em sua

revelação especial. Deus chega às pessoas em sua labuta e divulga uma revelação especial de si mesmo. Como afirma um escritor: “Para salvar-se da loucura gadarena para a qual seu orgulho o impele, o homem necessita de mais do que uma revelação geral: Deus em sua misericórdia concedeu uma revelação especial de si mesmo”. Vamos agora considerar essa revelação especial de várias perspectivas.

1 – A revelação especial é particular. Deus revela a si mesmo para um povo específico, o povo que forma a

história bíblica. Deus é conhecido de maneira adequada e verdadeira, não por meio de um estudo geral da criação, da humanidade e da História, mas por meio de sua relação com um povo “escolhido”. Esse “povo de Deus” são os filhos de Abraão por descendência quer natural, quer espiritual. Foi dito para o Israel do AT: “O Senhor, o seu Deus, os escolheu dentre todos os povos da face da terra para ser o seu povo, o seu tesouro pessoal” (Dt 7.6), Para a igreja do NT declarou-se uma palavra semelhante: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus” (l Pe 2.9). E é para esse povo de Deus do AT e do NT que Deus deu o conhecimento dele mesmo. As palavras do salmista: “Ele [Deus] manifestou os seus caminhos a Moisés, os seus feitos aos israelitas” (Sl 103.7) aplicam-se ao povo de Deus sob ambas as alianças.

Por que essa particularidade? Será que isso significa que Deus confina o

conhecimento dele a um povo específico? Não: uma vez que o conhecimento dele foi pervertido e obscurecido pela maldade universal da humanidade, ele agora escolhe um povo a quem e por meio de quem vai declarar-se. Para Abraão foi dada a palavra original: “Por meio de você todos os povos da terra serão abençoados” (Gn 12.3). Esse é o propósito de Deus em revelar-se de um modo específico aos filhos de Abraão: que eles sejam um canal de bênçãos para todos os outros. Por meio deles os povos de todas as partes conhecerão Deus.

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2 – A revelação especial é progressiva. A revelação especial, em segundo lugar, é progressiva. Há uma revelação

de Deus que se vai desvendando-nos o testemunho da história bíblica. Há um desvendamento crescente do próprio Deus em sua verdade no relato do AT e do NT. É o mesmo Deus do começo ao fim, mas ele se acomoda ao lugar em que está seu povo.

Isso não significa que a revelação especial se move da inverdade para a

verdade, mas de um desvendar menor para um desvendar mais pleno. Deus não muda de caráter, de modo que (como se dá a entender às vezes) ele é santo e raivoso no AT, mas amoroso e misericordioso no NT. Ele é revelado como o mesmo Deus santo e amoroso do começo ao fim, mas com uma declaração cada vez mais profunda e ampla do que significam essa santidade e amor. A revelação da Lei do AT não é substituída pela revelação do Evangelho, mas é nela completada. Como diz Paulo: “A Lei foi o nosso tutor até Cristo” (G13.24).25 Assim, “olho por olho, dente por dente” (Êx 21.24), no AT, não é a palavra final de Deus, mas a ela deve-se acrescentar: “Não resistam ao perverso” (Mt 5.38,39). A última completa a primeira. A revelação especial, pois, deve ser compreendida de maneira progressiva.

3 – A revelação especial é salvadora. Por meio da revelação geral Deus concede conhecimento dele mesmo em

sua criação, em seu cuidado providencial e em seu julgamento na História, mas sua obra salvadora não é manifestada. Ele é revelado como Criador e Juiz, mas não como Redentor. A revelação geral não possui poder salvador.

Aliás, conforme observamos, o problema da humanidade é que, apesar da

revelação universal de Deus e do conhecimento que as pessoas receberam, elas suprimem essa verdade. O problema delas não é mera finitude, mas perversidade — tão profunda que todo o conhecimento de Deus é turvado e torcido. Portanto, se houver uma revelação especial que as pessoas consigam receber, ela precisa ser algo que transponha a condição pecaminosa delas e comece a fazer brotar uma mudança radical dentro delas. Assim é que o discurso de Paulo sobre revelação geral em Romanos 1 conduz passo a passo a um desvendar da obra salvadora de Deus em Romanos 3.26. É apenas quando a perversidade da pessoa é alterada radicalmente por Jesus Cristo que Deus pode voltar a ser de fato conhecido.

A revelação especial no AT também contém uma qualidade

profundamente redentora. Deus se declara o Salvador de Israel: “Pois eu sou o Senhor, o seu Deus, o Santo de Israel, o seu Salvador” (Is 43.3).

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Pois Israel era um povo “redimido”, tirado “do Egito, da terra da escravidão” (Êx 20.2). Assim, ainda que a Lei fosse importante depois daquilo, ainda mais significativos eram os sacrifícios. Esses ritos para a expiação do pecado indicavam o caminho para Jesus Cristo, um redentor não da escravidão no Egito, mas da escravidão do pecado. A revelação especial é, pois, considerada progressiva e também salvadora. Mas que é salvadora do início ao fim é inegável.

4 – A revelação especial é verbal. Deus se revela por meio de sua palavra: ele comunica mediante a voz de

pessoas vivas. Em sua revelação geral, “um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite”; mas “sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz” (SI 19.2,3). De modo que a revelação na Criação não usa palavras e, portanto, é indireta. Mas, quando Deus se comunica por sua palavra na revelação especial, o geral torna-se concreto; o indireto, direto; o inaudível, audível. De fato, como as pessoas em todas as partes suprimem o conhecimento de Deus na revelação geral, já não percebem nada claramente. A palavra de Deus na revelação especial vem, pois, não para suplementar o que já sabem, mas para corrigir o que está distorcido e turvado e para apresentar uma nova verdade. O caráter verbal da revelação especial é de altíssima importância. Há, com certeza, uma revelação especial que é mais que uma linguagem, mas nunca é menos.

A linguagem é o meio de comunicação que Deus deu à humanidade, e pela

linguagem as pessoas comunicam-se especificamente com outras pessoas. Deus fala — de maneira audível, direta, concreta — para que as pessoas possam ouvir e responder. Assim, a palavra de Deus dirige-se a seu povo no AT e no NT. Ele comunica o que deseja que saibam e façam. É também uma palavra para todos os povos, pois Deus é Senhor sobre toda a terra.

5 – A revelação especial é pessoal. Deus não só fala, mas também se revela. Ele entra em cena e se faz

conhecido. Deus visitou Moisés na sarça ardente e lhe revelou o próprio nome (Êx 3.1-14); ele falou com Moisés “face a face, como quem fala com seu amigo” (33.11); apareceu a Samuel (ISm 3.21). Isso continuou em todo o AT, com muitos encontros e revelações pessoais. O clímax dessa revelação pessoal é Jesus Cristo, pois nele “a Palavra tornou-se carne” (Jo 1.14). Na pessoa de Jesus Cristo, Deus estava confrontando as pessoas de maneira imediata e decisiva. Jesus mesmo declarou: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14.9), e assim declarou o cumprimento da revelação de Deus Pai em sua pessoa.

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Tudo isso, deve-se acrescentar, vai muito além da revelação geral em que, conforme observamos, Deus revela seu poder e deidade, sua benevolência e justiça invisíveis. Mas Deus permanece a certa distância, e tudo isso parece um tanto impessoal. Na realidade, por causa da perversidade dos homens, mesmo essa revelação geral fica encoberta. Deus parece ainda mais distante, e o mundo é considerado por muitos não como uma arena da benevolência de Deus, mas como uma arena de uma natureza “de dentes e garras vermelhos”. Na revelação especial, Deus vem pessoalmente, e tudo volta a encontrar sua devida proporção. (3) (Teologia Sistemática – Uma perspectiva Pentecostal, J. RODMAN WILLIAMS Páginas 31,32,33 – Editora Vida, 2011).

A DOUTRINA DA DIVINDADE 1. A Doutrina declarada. As Escrituras ensinam que Deus é Um, e que além dele não existe outro

Deus. Poderia surgir a pergunta: “Como podia Deus ter comunhão com alguém antes que existissem as criaturas finitas? ” A resposta é que a Unidade Divina é uma Unidade composta, e que nesta unidade há realmente três Pessoas distintas, cada uma das quais é a Divindade, e que, no entanto, cada uma está sumamente consciente das outras duas. Assim, vemos que havia comunhão antes que fossem criadas quaisquer criaturas finitas. Portanto, Deus nunca esteve só.

Não é o caso de haver três Deuses, todos três independentes e

de existência própria. Os três cooperam unidos e num mesmo propósito, de maneira que no pleno sentido da palavra, são “um”. O Pai cria, o Filho redime, e o Espírito Santo santifica; e, no entanto, em cada uma dessas operações divinas os Três estão presentes. O Pai é preeminentemente o Criador, mas o Filho e o Espírito são tidos como cooperadores na mesma obra. O Filho é preeminentemente o Redentor, mas Deus o Pai e o Espírito são considerados como Pessoas que enviam o Filho a redimir. O Espírito Santo é o Santificador, mas o Pai e o Filho cooperam nessa obra.

A Divindade é uma comunhão eterna, mas a obra da redenção do homem

evocou a sua manifestação histórica. O Filho entrou no mundo duma maneira nova ao tomar sobre si a natureza humana e lhe foi dado um novo nome, Jesus. O Espírito Santo entrou no mundo duma maneira nova, isto é, como o Espírito de Cristo incorporado na igreja. Mas ao mesmo tempo, os três cooperaram. O Pai testificou do Filho (Mat. 3:17); e o Filho testificou do Pai (João 5:19). O Filho testificou do Espírito (João 14:26), e mais tarde o Espírito testificou do Filho (João 15:26). Será tudo isso difícil de compreender? Como poderia ser de outra maneira visto que estamos tentando explicar a vida íntima do Deus Todo-poderoso!

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A Doutrina da Divindade é claramente uma doutrina revelada, e não doutrina concebida pela razão humana. De que maneira poderíamos aprender acerca da natureza íntima da Divindade a não ser pela revelação? (1 Cor. 2:16.) É verdade que a palavra "Trindade" não aparece no Novo Testamento; é uma expressão teológica, que surgiu no segundo século para descrever a Divindade. Mas o planeta Júpiter existiu antes de receber ele este nome; e a doutrina da Trindade encontrava-se na Bíblia antes que fosse tecnicamente chamada a Trindade.

2. A Doutrina definida. Bem podemos compreender porque a doutrina da Divindade era às

vezes mal-entendida e mal explicada. Era muito difícil achar termos humanos que pudessem expressar a unidade da Divindade e ao mesmo tempo, a realidade e a distinção das Pessoas. Ao acentuar a realidade da Divindade de Jesus, e da personalidade do Espírito Santo, alguns escritores corriam o perigo de cair no triteísmo, ou a crença em três deuses. Outros escritores, acentuando a unidade de Deus, corriam perigo de esquecer-se da distinção entre as Pessoas. Este último erro é comumente conhecido como sabelianismo, doutrina do bispo Sabélio que ensinou que Pai, Filho, e Espírito Santo são simplesmente três aspectos ou manifestações de Deus.

Este erro tem surgido muitas vezes na história da igreja e existe ainda hoje.

Essa doutrina do sabelianismo é claramente Anti bíblica e não carece de aceitação, por causa das distinções bíblicas entre o Pai, o Filho, e o Espírito. O Pai ama e envia o Filho, o Filho veio do Pai e voltou para o Pai. O Pai e o Filho enviam o Espírito; o Espírito intercede junto ao Pai. Se, então, o Pai, o Filho e o Espírito são apenas um Deus sob diferentes aspectos ou nomes, então o Novo Testamento é uma confusão.

Por exemplo, a leitura da oração intercessória (João 17) com pensamento

de que Pai, Filho e Espírito fossem uma só Pessoa, revelaria o absurdo dessa doutrina, isto é, seria mais ou menos isto: “Assim como eu me dei poder sobre toda a carne, para que eu dê a vida eterna a todos quantos dei a mim mesmo... eu me glorifiquei na terra, tendo consumado a obra que me dei a fazer. E agora eu me glorifico a mim mesmo com a glória que eu tinha comigo antes que o mundo existisse”.

Como foi preservada a doutrina da Trindade de não se deslocar para os

extremos, nem para o lado da Unidade (sabelianismo) nem para o lado da Tri unidade (triteismo)? Foi pela formulação de dogmas, isto é, interpretações que definissem a doutrina e a “protegessem” contra o erro.

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O seguinte exemplo de dogma acha-se no Credo de Atanásio formulado no quinto século: “Adoramos um Deus em trindade, e trindade em unidade. Não confundimos as Pessoas, nem separamos a substância. Pois a pessoa do Pai é uma, a do Filho outra, e a do Espírito Santo, outra. Mas no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma divindade, glória igual e majestade co-eterna. Tal qual é o Pai, o mesmo são o Filho e o Espírito Santo”.

“O Pai é incriado, o Filho incriado, o Espírito incriado. O Pai é

imensurável, o Filho é imensurável, o Espírito Santo é imensurável. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno. E, não obstante, não há três eternos, mas sim um eterno. Da mesma forma não há três (seres) incriados, nem três imensuráveis, mas um incriado e um imensurável”. “Da mesma maneira o Pai é onipotente. No entanto, não há três seres onipotentes, mas sim um Onipotente. Assim o Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus. No entanto, não há três Deuses, mas um Deus. Assim o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o Espírito Santo é Senhor. Todavia não há três Senhores, mas um Senhor”.

Assim como a veracidade cristã nos obriga a confessar cada Pessoa

individualmente como sendo Deus e Senhor, assim também ficamos privados de dizer que haja três Deuses ou Senhores. O Pai não foi feito de coisa alguma nem criado, nem gerado. O Filho procede do Pai somente, não foi feito, nem criado, mas gerado. O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, não foi feito, nem criado, nem gerado, mas procedente. Há, portanto, um Pai, não três Pais; um Filho, não três Filhos; um Espírito Santo, não três Espíritos Santos.

E nesta trindade não existe primeiro nem último; maior nem menor. Mas

as três Pessoas co-eternas são iguais entre si mesmas; de sorte que por meio de todas, como acima foi dito, tanto a unidade na trindade como a trindade na unidade devem ser adoradas. A declaração acima pode parecer-nos complicada, por tratar-se de pontos sutis; mas nos dias primitivos demonstrou ser um meio eficaz de preservar a declaração correta sobre verdades tão preciosas e vitais para a igreja.

3. A Doutrina provada. Visto como a doutrina da Trindade concerne à natureza íntima

da Trindade, não poderia ser conhecida, exceto por meio de revelação. Essa revelação encontra-se nas Escrituras.

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(a) O Antigo Testamento. O Antigo Testamento não ensina clara e diretamente sobre a Trindade, e

a razão é evidente. Num mundo onde o culto de muitos deuses era comum, tornava-se necessário acentuar esta verdade em Israel, a verdade de que Deus é Um, e de que não havia outro além dele. Se no princípio a doutrina da Trindade fosse ensinada diretamente, poderia ter sido mal-entendida e mal interpretada. Muito embora essa doutrina não fosse explicitamente mencionada, sua origem pode ser vista no Antigo Testamento. Sempre que um hebreu pronunciava o nome de Deus (Elohim) ele estava realmente dizendo “Deuses”, pois a palavra é plural, e às vezes se usa em hebraico acompanhada de adjetivo plural (Js. 24:18, 19) e com verbo no plural. (Gn. 35:7).

Imaginemos um hebreu devoto e esclarecido ponderando o fato de

que Deus é Um, e, no entanto, é Elohim — “Deuses”. Facilmente podemos imaginar que ele chegasse à conclusão de que exista pluralidade de pessoas dentro de um Deus. Paulo, o apóstolo, nunca cessou de crer na unidade de Deus como lhe fora ensinada desde a sua mocidade (1 Tm. 2:5; 1 Cor. 8:4); de fato, Paulo insistia em que não ensinava outra coisa senão aquelas que se encontravam na Lei e nos Profetas. Seu Deus era o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. No entanto, pregava a Divindade de Cristo (Fl. 2:6-8; 1 Tm. 3:16) e a Personalidade do Espírito Santo (Ef. 4:30) e incluiu as três Pessoas juntas na bênção apostólica. (2 Cor. 13:14).

Todos os membros da Trindade são mencionados no Antigo Testamento: 1) O Pai. (Isa. 63:16; Mal. 2:10.) 2) O Filho de Jeová. (Sal. 45:6, 7; 2:6, 7, 12; Prov. 30:4.) O Messias é

descrito com títulos divinos. (Jer. 23:5, 6; Isa. 9:6.) Faz-se menção do misterioso Anjo de Jeová que leva o nome de Deus e tem poder tanto para perdoar como para reter os pecados. (Êxo. 23:20,21.)

3) O Espírito Santo. (Gên. 1:2; Isa. 11:2, 3; 48:16; 61:1; 63:10.) Prenúncios

da Trindade veem-se na tríplice bênção de Num. 6:24-26 e na tríplice doxologia de Isa. 6:3.

(b) O Novo Testamento. Os cristãos primitivos mantinham como um dos fundamentos da fé o fato

da unidade de Deus. Tanto ao judeu como ao pagão podiam testificar: “Cremos em um Deus”.

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Mas ao mesmo tempo eles tinham as palavras claras de Jesus para provar que ele arrogou a si uma posição e uma autoridade que seriam blasfêmia se não fosse ele Deus. Os escritores do Novo Testamento, ao referirem-se a Jesus, usaram uma linguagem que indicava reconhecerem a Jesus como sendo “sobre todas as coisas, Deus bendito para sempre” (Rm. 9:5).

E a experiência espiritual dos cristãos apoiava estas afirmações. Ao

conhecer a Jesus, conheciam-no como Deus. O mesmo se verifica em relação a Deus e ao Espírito Santo. Os primitivos cristãos criam que o Espírito Santo, que morava neles, ensinando-os, guiando-os, e inspirando-os a andar em novidade de vida, não era meramente uma influência ou um sentimento, mas um ser ao qual poderiam conhecer e com o qual suas almas poderiam ter verdadeira comunhão.

E, ao examinarem o Novo Testamento, ali acharam que ele era descrito

como possuindo os atributos de uma personalidade. Assim a igreja primitiva se defrontava com estes dois fatos: que Deus é Um, e que o Pai é Deus; o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. E estes dois grandes fatos concernentes a Deus constituem a doutrina da Trindade. Deus, o Pai, era para eles uma realidade; o Filho era para eles uma realidade; e da mesma forma, o Espírito Santo.

E, diante desses fatos, a única conclusão a que se podia chegar era a

seguinte: que havia na Divindade uma verdadeira, embora misteriosa, distinção de personalidades, distinção que se tomou manifesta na obra divina para redimir o homem. Várias passagens do Novo Testamento mencionam as três Pessoas Divinas. (Mt. 3:16, 17; 28:19; Jo 14:16, 17, 26; 15:26; 2 Co. 13:14; Gl. 4:6; Ef. 2:18; 2 Ts. 3:5; 1Pe. 1:2; Ef. 1:3, 13; Hb. 9:14).

Uma comparação de textos tomados de todas as partes das Escrituras

mostra o seguinte: 1) Cada uma das três Pessoas é Criador, embora se declare que há um só Criador. (Jo 33:4 e Isa. 44:24.) 2) Cada uma é chamada Jeová (Deut. 6:4).

4. A Doutrina ilustrada. Como podem três Pessoas ser um Deus? — É uma pergunta que

deixa muita gente perplexa. Não nos admiramos dessa estranheza, pois, ao considerar a natureza interna do eterno Deus, estamos tratando de uma forma de existência muito diferente da nossa. Assim escreve o Dr. Peter Green: suponhamos que houvesse um ser, uma espécie de anjo, ou visitante do planeta Marte, que nunca tivesse visto nenhum ser vivo.

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Quão difícil seria para ele compreender o fato do crescimento. Poderia talvez compreender que uma coisa pudesse aumentar de volume, por assim dizer, por acréscimo, como um montão de pedras se torna sempre maior ao serem nele colocadas outras pedras. Mas teria dificuldade em compreender como uma coisa pudesse crescer, por assim dizer, de dentro e por si mesma.

A ideia de crescimento seria para ele uma coisa muito difícil de ser

compreendida. E se ele fosse orgulhoso, impaciente, e sem vontade de aprender, é quase certo que não a entenderia. Agora suponhamos que esse mesmo ser estranho, tendo aprendido algo acerca da vida e do crescimento, como se vê nas árvores e nas plantas, fosse apresentado a um novo fato, a saber, o da inteligência, como se manifesta nos animais de ordem superior. Quão difícil seria para ele compreender o significado de gosto e desgosto, escolha e recusa, sabedoria ou ignorância.

Se a vida já é difícil de entender, quanto mais o é a mente. Aqui,

também, seria necessário ser humilde, paciente e ter vontade de aprender para entender essas ideias. Mas no momento em que começasse a compreender o que significa a mente e como funciona, teria que procurar entender algo mais elevado do que a mente, como a encontramos nos seres humanos. Aqui, outra vez, enfrentaria ele algo novo, estranho, e que não se explicaria por referência a coisa alguma que até então houvesse conhecido. Teria que ser cuidadoso, humilde, e estar disposto a ser instruído. Ele, então, o tal anjo ou visitante de Marte, esperaria, e nós também faríamos bem em esperar, que ao passarmos da consideração da natureza do homem para a consideração da natureza de Deus encontraremos algo novo.

Mas existe um método pelo qual as verdades que estão além do alcance da

razão ainda podem, até certo ponto, tomar-se perceptíveis a ela. Referimo-nos ao uso da ilustração ou da analogia. Porém elas devem ser usadas com cuidado, e não forçadamente. “Toda comparação manca”, disse um sábio da antiga Grécia. Até as melhores são imperfeitas e inadequadas. Elas podem ser comparadas a minúsculas lanternas elétricas que nos ajudam a enxergar algum tênue vislumbre da razão das verdades imensuráveis, vastas demais para serem perfeitamente compreendidas.

Obtemos de três fontes as ilustrações: a natureza; a personalidade humana;

e as relações humanas.

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(a) A natureza proporciona muitas analogias. 1). A água é uma, mas esta também é conhecida sob três formas — água,

gelo e vapor. 2). Há uma eletricidade, mas no bonde ela funciona sob a forma de movimento, luz e calor. 3). O sol é um, mas se manifesta como luz, calor e fogo. 4) é de conhecimento geral que todo raio de luz realmente se compõe de três raios: primeiro, o actínico, que é invisível; segundo, o luminoso, que é visível; terceiro, o calorífero, que produz calor, o qual se sente, mas não se vê. Onde há estes três, ali há luz; onde há luz, temos estes três.

João o apóstolo, disse: “Deus é luz”. Deus o Pai é invisível; ele se tomou

visível em seu Filho, e opera no mundo por meio do Espírito, que é invisível, no entanto, é eficaz.

5) Três velas num quarto darão uma só luz. 6) O triângulo tem três lados

e três ângulos; tirai-lhe um lado e não é mais triângulo. Onde há três ângulos há um triângulo.

(b) A personalidade humana. 1). Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa

semelhança”. O homem é um, e, no entanto, tripartido, constituído de espírito,

alma e corpo. 2). O conhecimento humano assinala divisões na personalidade.

Não temos sido cônscios, às vezes, de arrazoarmos com nós mesmos e de

estarmos ouvindo a conversação? Eu falo comigo mesmo, e me escuto falando

comigo mesmo!

(c) Relação

1) Deus é amor. Era eternamente Amante. Mas o amor requer um objeto

a ser amado; e, sendo eterno, deve ter tido um objeto de amor eterno, a saber,

seu filho. O Amante eterno e o Amado eterno! O Vínculo eterno e o caudal

desse amor é o Espírito Santo. 2). Nosso governo é um, mas é constituído de

três poderes: legislativo, judiciário e executivo.

PROVA

NOTA____________