0109-sobrevivência na selva ip 21-80

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MINISTRIO DA DEFESA EXRCITO BRASILEIRO

ESTADO-MAIOR DO EXRCITO

Instrues Provisrias

SOBREVIVNCIA NA SELVA

2 Edio 1999

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MINISTRIO DA DEFESA EXRCITO BRASILEIROESTADO-MAIOR DO EXRCITO

Instrues Provisrias

SOBREVIVNCIA NA SELVA

2 Edio 1999 Preo: R$ CARGA EM.................

PORTARIA N 078-EME, DE 09 DE SETEMBRO DE 1999Aprova as Instrues Provisrias IP 21-80 Sobrevivncia na Selva, 2 Edio, 1999. O CHEFE DO ESTADO-MAIOR DO EXRCITO, no uso da atribuio que lhe confere o artigo 91 das IG 10-42 - INSTRUES GERAIS PARA CORRESPONDNCIA, PUBLICAES E ATOS NORMATIVOS NO MINISTRIO DO EXRCITO, aprovadas pela Portaria Ministerial N 433, de 24 de agosto de 1994, resolve: Art. 1 Aprovar as Instrues Provisrias IP 21-80 - SOBREVIVNCIA NA SELVA, 2 Edio, 1999, que com esta baixa. Art. 2 Determinar que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicao. Art. 3 Revogar as Instrues Provisrias IP 72-25 - SOBREVIVNCIA NA SELVA, 1 Edio, 1972, aprovado pela Portaria N 180-EME, de 05 Set 72.

NOTASolicita-se aos usurios dessas instrues provisrias a apresentao de sugestes que tenham por objetivo aperfeio-las ou que se destinem supresso de eventuais incorrees. As observaes apresentadas, mencionando a pgina, o pargrafo e a linha do texto a que se referem, devem conter comentrios apropriados para seu entendimento ou sua justificao. A correspondncia deve ser enviada diretamente ao EME, de acordo com o artigo 78 das IG 10-42 - INSTRUES GERAIS PARA CORRESPONDNCIA, PUBLICAES E ATOS NORMATIVOS NO MINISTRIO DO EXRCITO, utilizando-se a carta-resposta constante do final desta publicao.

NDICE DOS ASSUNTOSPrf CAPTULO 1 - REAS DE SELVA ARTIGO ARTIGO ARTIGO I - Introduo .............................................. 1-1 II - Consideraes Gerais ........................... 1-2 a 1-4 III - Selva Amaznica ................................... 1-5 a 1-9 1-1 1-1 1-3 Pag

CAPTULO 2 - CONSERVAO DA SADE E PRIMEIROS SOCORROS ARTIGO ARTIGO ARTIGO I - Introduo .............................................. 2-1 II - Conservao da Sade ......................... 2-2 e 2-3 III - Primeiros Socorros ................................ 2-4 a 2-11 2-1 2-2 2-11

CAPTULO 3 - ANIMAIS PEONHENTOS E VENENOSOS ARTIGO ARTIGO ARTIGO ARTIGO ARTIGO ARTIGO ARTIGO I - Peonha ................................................. 3-1 a 3-3 II - Ofdios ................................................... 3-4 a 3-11 III - Aranhas ................................................. 3-12 a 3-15 IV - Escorpies ............................................. 3-16 a 3-19 V - Insetos e Escolopendras (Lacraias) ....... 3-20 VI - Sapinhos Venenosos ............................. 3-21 VII - Recomendaes Gerais ........................ 3-22 3-1 3-3 3-19 3-22 3-23 3-24 3-25

Prf CAPTULO 4 - DESLOCAMENTOS NA SELVA ARTIGO ARTIGO ARTIGO ARTIGO ARTIGO I - Introduo .............................................. 4-1 e 4-2 II - Orientao ............................................. 4-3 e 4-4 III - Navegao ............................................ 4-5 a 4-7 IV - Sinalizao ............................................ 4-8 a 4-12 V - Transposio de Obstculos ................. 4-13 a 4-15

Pag

4-1 4-2 4-6 4-16 4-20

CAPTULO 5 - PROTEO NA SELVA ARTIGO ARTIGO I - Abrigos ................................................... 5-1 a 5-7 II - Vesturio e Equipamento ...................... 5-8 5-1 5-15

CAPTULO 6 - ALIMENTAO NA SELVA ARTIGO ARTIGO ARTIGO ARTIGO ARTIGO ARTIGO ARTIGO I - Introduo .............................................. 6-1 II - gua ...................................................... 6-2 a 6-4 III - Fogo ...................................................... 6-5 a 6-7 IV - Alimentos de Origem Vegetal ................ 6-8 a 6-10 V - Alimentos de Origem Animal ................. 6-11 a 6-20 VI - Caa ...................................................... 6-21 a 6-23 VII - Pesca ..................................................... 6-24 a 6-26 6-1 6-1 6-4 6-9 6-18 6-33 6-40 7-1

CAPTULO 7 - TRATO COM INDGENAS .................... 7-1 a 7-3

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CAPTULO 1 REAS DE SELVAARTIGO I INTRODUO 1-1. FINALIDADE a. As presentes Instrues Provisrias tm por finalidade divulgar conhecimentos gerais, tcnicas e processos que podero contribuir para a sobrevivncia na selva, particularmente na Selva AMAZNICA, de indivduos isolados ou em grupos, seja em tempo de paz, ou seja no curso de operaes militares. b. Contudo, somente em situaes muito especiais deve ser adotada a possibilidade de conduzir operaes militares e sobreviver, simultaneamente. A sobrevivncia pressupe tempo para obter e preparar alimentos e, ainda, entre outras tarefas construir abrigos. Devido as dificuldades enfrentadas, os indivduos isolados ou em pequenos grupos estaro, normalmente, se sustentando abaixo de suas necessidades normais. Tudo isso dificulta, quando no inviabiliza, realizar marchas e combater o inimigo com eficincia. ARTIGO II CONSIDERAES GERAIS 1-2. LOCALIZAO GERAL As reas geogrficas com caractersticas de selva situam-se, em sua quase totalidade, na zona tropical, limitada pelos paralelos de CNCER e de CAPRICRNIO. Assim que, no continente americano, encontram-se a Selva 1-1

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AMAZNICA , a mais vasta do mundo, abrangendo pores territoriais do BRASIL, GUIANA FRANCESA, SURINAME, GUIANA, VENEZUELA, COLMBIA, PERU, EQUADOR e BOLVIA, e a Selva da AMRICA CENTRAL. Na FRICA, encontram-se as grandes florestas das bacias dos Rios NGER, CONGO e ZAMBEZE, a da costa oriental e a da ilha MADAGSCAR. Na SIA, as florestas do sul da NDIA e do sudeste do continente. Na OCENIA, as ilhas em geral so cobertas por vegetao com caractersticas de selva (Fig 1-1).

Fig 1-1. reas de selva 1-3. SELVAS TROPICAIS a. No h tipo de selva que se possa chamar de padro comum. A sua vegetao depende do clima e, at certo ponto, da influncia exercida pelo homem atravs dos sculos. b. As rvores tropicais levam mais de 100 anos para atingir a sua maturidade e somente nas florestas primitivas, virgens, no tocadas pelo homem, encontram-se em completo crescimento. c. Essa selva primitiva, por sua abundncia de rvores gigantescas, torna-se facilmente identificvel. Apresenta uma cobertura densa, formada pelas copas de rvores que, por vezes, atingem mais de 30 metros de altura, e sob as quais h muito pouca luz e uma densa vegetao, o que no impede a progresso atravs da mesma. d. A vegetao, nas florestas primitivas, tem sido destruda para permitir o cultivo em algumas reas. Posteriormente, essas reas, deixando de ser cultivadas, propiciam o crescimento de uma vegetao densa, cheia de enredadeiras, constituindo a selva secundria, muito mais difcil de atravessar do que a selva primitiva. 1-2

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e. Em quaisquer desses tipos de selva, so encontradas diversas plantas e frutas nativas, pssaros, animais e abundante variedade de insetos. 1-4. REAS DE SELVA NO BRASIL a. No BRASIL, encontram-se reas cobertas com vegetao caracterstica das grandes florestas. A principal e a maior do mundo a Floresta AMAZNICA ou Selva AMAZNICA, como j conhecida internacionalmente. As outras, bastante limitadas, quer pelas extenses que ocupam, quer pelas condies de povoamento e conseqente existncia de ncleos populacionais e de estradas, quer ainda pelas diferentes condies climticas, topogrficas e de vegetao, so encontradas formando os conjuntos florestais que se desenvolvem a sudoeste do Estado do PARAN, a noroeste do Estado de SANTA CATARINA e prximo ao litoral, sendo conhecida por MATA ATLNTICA. b. Outras reas de florestas existem, embora possam ser consideradas pequeninas manchas se comparadas com as mencionadas; entretanto, dentro da finalidade a que se prope este manual, no sero consideradas, porquanto no justificam apreciaes especiais relacionadas quer com sobrevivncia, quer com operaes militares na selva. c. As prprias reas florestais PARAN - SANTA CATARINA e a MATA ATLNTICA no sero apreciadas em particular, uma vez que aquilo que for dito para a Selva AMAZNICA ter aplicao, feitos os devidos ajustamentos. Entretanto, sobreviver e operar militarmente nelas ser menos difcil do que na Selva AMAZNICA, no s porque as condies de clima, de topografia e de vegetao so diferentes, como tambm pelo progresso decorrente da ao do homem sobre a rea. ARTIGO III SELVA AMAZNICA 1-5. DELIMITAO A Selva AMAZNICA cobre os Estados do AMAZONAS, do PAR, do ACRE, do AMAP, de RORAIMA, de RONDNIA e do TOCANTINS e penetra, ainda, nos Estados do MARANHO e MATO GROSSO, perfazendo uma rea aproximada de 5 milhes de quilmetros quadrados, o que representa 57,72% da superfcie do BRASIL. Entretanto, nessa imensido, a densidade populacional no atinge a 4 (quatro) habitantes por quilmetro quadrado. Em tais dados, no esto computadas as pores florestais que se estendem pelos pases vizinhos, quer ao norte, quer a oeste, onde predominam tambm as mesmas caractersticas de vegetao.

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1-6 1-6. TIPOS DE VEGETAO

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Do ponto de vista dos tipos de vegetao, a Regio AMAZNICA pode ser caracterizada, em linhas gerais, como uma rea constituda, em quase toda a extenso, isto , acima de 80%, pela Floresta Equatorial, com rvores de grande porte, folhas perenes e considervel densidade. Em pequenas propores, encontram-se ainda a floresta de palmeiras, a faixa costeira de vegetao hidrfila (mangues), as manchas campestres disseminadas no mbito da floresta e a vegetao secundria. a. Floresta Equatorial - Conhecida tambm por HILIA, constitui, sem dvida, a caracterstica dominante da rea, tornando-a uma das grandes regies fitogeogrficas do mundo. Entretanto, essa floresta no apresenta um aspecto uniforme. Assim, poder ser comumente dividida em dois tipos principais: a floresta de terra firme e a floresta de terras inundveis. (1) Floresta de terra firme (Fig 1-2) - Tambm conhecida por floresta das terras altas, ocupa as reas que se acham fora do alcance das guas das cheias e constitui a floresta amaznica tpica, com rvores de grande porte, lianas, cips e epfitas, onde as copas se entrelaam, impedindo a penetrao dos raios solares e permitindo o aparecimento de outros estratos de vegetao, densos, e que recobrem solos humosos. Abaixo desse macio vegetal, o ambiente mido e sombrio, o que favorece o desenvolvimento da intensa vida microbiana que transforma rapidamente todos os detritos vegetais e continuamente so lanados ao solo. Essa floresta estende-se pelos Estados do AMAP, PAR, AMAZONAS e ACRE, noroeste do MARANHO, norte do MATO GROSSO, norte de RONDNIA e sul de RORAIMA; reveste aproximadamente 3 milhes e 500 mil quilmetros quadrados da rea amaznica. As espcies que predominam nos estratos superiores so o castanheiro, o acapu, a macaba, a andiroba, a sapucaia, a tatajuba e etc. As variaes das condies do solo, do relevo e mesmo do clima, nessa imensa rea, no permitem generalizar, caracterizando em funo de uma espcie principal, a vegetao da floresta de terra firme, mesmo porque a maior parte da rea desconhecida em seu interior. Pode-se, entretanto, citar como caractersticas gerais desse tipo de floresta: (a) a existncia de vrios estratos, os quais, a partir do solo, so constitudos por uma cobertura de gramnea mais ou menos rarefeita, por elementos de porte subarbustivo, de porte arbustivo e, por fim, de aspecto arbreo; (b) o alto porte das rvores que compem o estrato superior; e (c) a diversificao das espcies.

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Fig 1-2. Floresta de terra firme (2) Floresta de terras inundveis - Tambm conhecida por floresta de vrzea alagadia ou floresta pantanosa, caracteriza-se pela vegetao que se desenvolve nas imediaes das margens do Rio AMAZONAS e seus principais afluentes, alcanando, por vezes, 100 quilmetros de largura. , em suma, a vegetao arbrea dos leitos dos principais rios da Plancie AMAZNICA. Nela, a denominao catival ou carrascal (Fig 1-3) aplica-se vegetao onde predominam rvores de grande porte, que crescem em detrimento de espcies menores. Em seu interior o terreno relativamente limpo, no prejudicando o movimento a p. Ela se desenvolve, normalmente, nas partes mais altas dos terrenos, sujeitos aos alagamentos e se constitui no que vulgarmente se chama mata de vrzea (Fig 1-4) e mata de igap (Fig 1-5). Na primeira, a seringueira e o pau-mulato formam o estrato mais alto; abundante o nmero e espcies de palmceas e lianas, enquanto que, no cho, desenvolvem-se plantas herbceas. Por vezes, acompanhando os cursos dos rios, estreitas faixas mais elevadas de aluvio, raramente invadidas pelas guas - as chamadas restingas (Fig 1-6) - apresentam um desenvolvimento vegetal semelhante ao da terra firme, no que tange s espcies encontradas. Na mata de igap, a vegetao apresenta-se mais densa e bastante variada em espcies, porm, o porte das rvores menor que o das de terra firme e de vrzea. A distino entre esses dois tipos de mata, de vrzea e de igap, no fcil, inclusive para os prprios habitantes da regio; para eles, mata de vrzea a que ocupa os terrenos periodicamente recobertos pela gua, enquanto a de igap aquela que recobre terreno lodoso (em decorrncia do acmulo de matria orgnica). Contudo, a mata de igap o trecho da floresta onde a gua, aps a enchente dos rios, fica por algum tempo estagnada, enquanto a mata de vrzea deixa a 1-5

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descoberto o solo to logo ocorra a vazante dos rios. justificvel, at o momento, a existncia dessas concepes variadas, porquanto a gigantesca floresta ainda no foi palmilhada em seu mago; muito h que se ver e estudar sobre a Selva AMAZNICA. At aqui, porm, pode-se generalizar: na terra firme, na vrzea ou no igap que se constata a pujana da floresta.

Fig 1-3. Catival ou carrascal

Fig 1-4. Mata de vrzea

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Fig 1-5. Mata de igap

Fig 1-6. Restinga 1-7

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b. Floresta de Palmeiras (1) A mais caracterizada no BRASIL aquela conhecida como zona dos cocais e situa-se na parte oriental da Regio Norte, prolongando-se para leste em direo s caatingas nordestinas; por isso mesmo, constitui uma regio de transio entre aquela que mida e florestal - a amaznica - e aquela semi-rida da caatinga - a nordestina; para o sudoeste, atinge a Ilha do BANANAL, no Estado de TOCANTINS. (2) A palmeira de maior porte e valor econmico o babau; alm desta existem a carnaba, o aa, o patau etc, todas servindo para caracterizar individualmente o palmeiral. (3) Um palmeiral, apesar da natural mesclagem com outros tipos de vegetao, no constitui obstculo de vulto transitabilidade. (4) interessante lembrar que, palmeiras de inmeras espcies so encontradas tambm nas matas de terra firme, de vrzea ou de igap, se bem que no constituindo um aglomerado individualizado e distinto; sua existncia , pois, dispersa naqueles conjuntos florestais e tem grande significao em se tratando de sobrevivncia, uma vez que fornecem palmitos, frutos, folhagem para cobertura, fibras e no raro indicam a existncia de gua nas proximidades. c. Mangues (1) Tambm denominados mangais (Fig 1-7), so encontrados bordejando o litoral amapaense, paraense e maranhense, realizando incurses variveis para o interior, particularmente ao longo das margens de alguns rios que sofrem influncia da gua salgada das mars. (2) Sua vegetao inconfundvel e apresenta caractersticas muito especiais: vive em ambiente salgado ou salobro, tem grande capacidade de reproduo e invade zonas lodosas, para cuja consolidao concorre. (3) As trs variaes, vermelho, branco e preto, sucedem-se nesta ordem, geralmente a partir da linha da baixa-mar para o interior, ocupando as duas primeiras a frente, e a terceira, a retaguarda. A vegetao do mangue vermelho - o mangueiro - e do mangue preto - a siriba - alcana alturas de at 20 metros e algumas vezes apresenta um emaranhado denso e bastante largo; mais comum, entretanto, constituir uma faixa de uns 20 metros de largura, ao longo dos cursos de gua ou beira-mar. O mangueiro caracterizado pela massa compacta de razes areas que partem dos galhos em direo a gua e, em conjunto, constitui obstculo a vencer; j a siriba, com o seu tronco mais ereto, no apresenta esse aspecto. (4) freqente encontrar-se misturada vegetao de mangue uma outra, denominada matagal litorneo, onde podem sobressair diversas espcies de plantas, entre elas as palmeiras ou coqueiros esparsos, como o meriti, o aa, o jupati, a aninga, a samama, etc.

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Fig 1-7. Mangue d. Manchas Campestres - As ocorrncias campestres na regio apresentam desenvolvimento espacial reduzido em comparao com a rea ocupada pela floresta. No ocorrem em grandes extenses contnuas, mas sim constituindo verdadeiras manchas isoladas na vastido da selva, com contornos geralmente bem definidos. So tambm provocadas pela retirada da vegetao, pelo crescimento de localidades, abertura de estradas, queimadas, derrubadas de rvores para formao de pasto ou qualquer outro tipo de atividade econmica. Abrangem campos limpos, campos cerrados, campos de vrzeas, campinaranas, campos artificiais e caatingas. (1) Campos limpos e cerrados - Os campos limpos (Fig 1-8) so compostos por gramneas e outras ervas altas, muitas vezes com algumas rvores esparsas. Os cerrados (Fig 1-9) existentes no se diferenciam muito daqueles das demais regies brasileiras; nota-se apenas que h uma reduo no nmero de espcies que os compem, naturalmente em decorrncia das caractersticas do solo. O capim barba-de-bode, chamado pelos locais de rabode-burro, a gramnea que reveste a maior parte do solo atapetado, encontrando-se, esparsamente, rvores de galhos retorcidos, de folhagem pouco desenvolvida. Esses campos so encontrados no Estado do AMAP, em uma faixa que ocorre paralelamente costa e aps a faixa de vegetao litornea dos mangues, no Estado de RORAIMA, onde ocupam toda a poro nordeste, no Estado de RONDNIA, no Estado de TOCANTINS e em parte do sudoeste maranhense, como prolongamento dos cerrados do centro-oeste, que buscam um contato com a floresta amaznica e com a zona dos cocais. Outras manchas bem menores so encontradas entre as localidades de HUMAIT e LBREA, no Estado do AMAZONAS, e ao norte da linha MONTE ALEGRE-ALENQUERBIDOS, no Estado do PAR. De modo geral, os campos limpos e os cerrados apresentam-se associados. 1-9

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Fig 1-8. Campos limpos

Fig 1-9. Cerrado

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(2) Campinaranas - No so mais do que os campos limpos e os cerrados que se encontram nos limites da sua transio para a vegetao de matas. Apresentam maior nmero de rvores do que as campinas. (3) Campos de vrzeas (Fig 1-10) - So os que surgem ao longo dos rios, geralmente como faixas paralelas estreitas, no raramente mltiplas, separadas por elevaes ou tesos revestidos de mata; so, portanto, manchas perdidas na vastido da floresta de vrzea, sujeitas ao alagamento, o que os diferenciam dos demais tipos de campos, alm de serem de durao efmera e conseqentes sedimentao resultante das guas das cheias. Vasta rea desses campos encontrada na parte leste da Ilha de MARAJ, onde so conhecidas como campos inundveis e, ao contrrio da regra geral, permanentes. Tal fato se deve, possivelmente, formao sedimentar permanente e antiga e ao resultado da conjugao de trs fatores: a topografia plana e baixa, a grande quantidade de argila, que torna o solo impermevel pequena profundidade, e a intensa precipitao local que, encontrando solo de difcil drenagem, encharca-o durante vrios meses do ano. (4) Campos artificiais (Fig 1-11) - So aqueles que resultam da ao do homem que, visando explorar a pecuria ou agricultura provoca o desmatamento e substituio da floresta por outro tipo de vegetao. Ocorrem, com maior freqncia, nas lavouras e pastos dos Estados de RONDNIA, do MATO GROSSO e do TOCANTINS, do sul do Estado do PAR e do oeste do MARANHO.

Fig 1-10. Campos de vrzea

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Fig 1-11. Campos artifciais (5) Caatingas (Fig 1-12) - As caatingas amaznicas so semelhantes s do Nordeste e ocorrem em terras altas, de terrenos silicosos recobertos por uma camada de humo preto cido. So variveis em estrutura, aparecendo ora com rvores baixas e arbustos, ora com rvores altas de permeio, ora ainda com arbustos e rvores ans, de altura mais ou menos uniforme; as plantas lenhosas geralmente possuem folhas persistentes. Entretanto, ao contrrio do que ocorre com a caatinga nordestina, a amaznica situa-se em reas de intensa pluviosidade, onde as chuvas so bem distribudas durante o ano inteiro, razo por que sua flora e ecologia diferem daquela; h, pois, semelhana, mas no igualdade. Situam-se em algumas reas da bacia do Rio NEGRO e nas proximidades da localidade de SO PAULO DE OLIVENA, no Rio SOLIMES, no Estado do AMAZONAS.

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Fig 1-12. Caatinga e. Vegetao Secundria (1) a vegetao decorrente do impacto da ao humana sobre a selva; em conseqncia, encontrada nos arredores das localidades, nas margens das rodovias e ferrovias e nas adjacncias de clareiras indgenas, onde a luz solar atinge o solo. Entretanto, no s a ao humana a responsvel por ela; os cursos de gua, as quedas de rvores gigantes, os lagos ou lagoas tambm contribuem para a existncia de grandes vazios, ao redor dos quais, conseqente penetrao solar, desenvolve-se a vegetao secundria. (2) Em se tratando de sobrevivncia ou operaes militares, essa vegetao tem grande significado, pois o homem, ao se defrontar com ela identificada pela colorao verde-clara de suas folhagens, em comparao com a verde-escura da selva - ter sempre a esperana de encontrar, a seguir, uma localidade, uma estrada, clareiras, rios ou lagos. claro que o encontro de uma localidade ou de uma estrada significa, na quase totalidade dos casos, a salvao. Porm, clareiras, rios ou lagos, muitas vezes so acidentes perdidos na imensido da selva, os quais, primeira vista, podero parecer sem significado para quem procura livrar-se da floresta; assim sendo, o encontro com um acidente destes, na realidade, pode ser considerado tambm como a salvao, pois dele muito mais fcil a ligao terra-ar. Da a importncia da vegetao secundria, sem esquecer, contudo, que a selva amaznica imensa e o seu desconhecimento ainda quase total, razo por que as surpresas podero apresentar-se a cada passo, de modo a confundir ou mesmo anular as primeiras esperanas de um sobrevivente ou de um grupo operacionalmilitar. 1-13

1-7 1-7. RELEVO

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a. Em linhas gerais, o relevo brasileiro pode ser caracterizado pelo amplo predomnio das superfcies planas/onduladas. Naturalmente, estas formas de relevo esto situadas a alturas variveis e possuem estruturas geolgicas que as diferenciam umas das outras. No territrio brasileiro, cerca de 5/8 so de terras altas, isto , planaltos, enquanto 3/8 so de plancies. b. A grande Regio AMAZNICA caracterizada, do ponto de vista topogrfico e dentro da terminologia moderna, por um imenso baixo-plat, abrangendo as reas das terras firmes, por uma plancie, englobando as reas das terras alagadias de vrzeas, e pelas encostas de dois planaltos, o brasileiro ao sul e o guianense ao norte. c. A plancie prolonga-se para o oeste, ultrapassando o mbito nacional, at atingir os sops andinos; desde sua penetrao em fronteiras brasileiras, agora vinda do oeste, essa plancie vai ter ao ATLNTICO com fraca declividade, uma vez que a mais de mil quilmetros do litoral, em TABATINGA, sua altitude de apenas 65 metros. d. A densa cobertura vegetal amaznica no permitiu, at hoje, que se tenha noo exata do seu relevo. Entretanto, pode-se afirmar, com base nas observaes feitas, particularmente a militar, que no interior da selva, 500 metros no so percorridos, sem que se encontre uma subida ou uma descida, na maioria das vezes ngremes; a impresso que d a quem se desloca atravs da selva que o relevo totalmente ondulado (Fig 1-13). Somando-se a essa topografia as dificuldades impostas pela vegetao e pelas condies climticas, pode-se ter uma idia de como poder ser penoso um deslocamento sob tais condies.

Fig 1-13. Relevo ondulado da selva 1-14

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e. Sob o aspecto didtico, as seguintes apreciaes sobre a topografia da rea amaznica podem ser feitas: (1) Baixo plat - So as reas de terras firmes que, em direo ao norte, vo ligar-se s garupas meridionais do sistema guiano, e, em direo ao sul, confinam com os bordos setentrionais do planalto brasileiro. Dentro da montona paisagem, aparentemente plana, distinguem-se vrios nveis de terrao, entre os quais se sobressaem: os de BELM, ICORACI e GURUP, entre 6 e 8 metros; o nvel de 15 a 20 metros, correspondente s terras mais altas de MARAJ, s terras altas das vizinhanas de BELM, s da ilha CAVIANA, ao terrao de SANTARM e ao da regio de PONTA PELADA, onde se encontra a base area de MANAUS; o nvel entre 35 e 40 metros, correspondente ao plat de MANAUS, s terras firmes entre o baixo Rio NEGRO e o baixo SOLIMES, e a maior parte dos plats entre o TOCANTINS e o MADEIRA; e, finalmente, encontra-se o nvel mais elevado, de 110 metros, que ocorre nas reas de PARINTINS, HUMAIT, BELTERRA e no plat de SANTARM. (2) Plancie de inundao - Por ela responsvel o Rio AMAZONAS - SOLIMES, bem como os cursos inferiores de seus afluentes. Constitui a menor poro da AMAZNIA. As principais reas aluviais so as do SOLIMES, do JAVARI, do PURUS, do MADEIRA, do AMAZONAS, dos furos de BREVES, das partes oeste e sul da ilha de MARAJ e do vale do TOCANTINS. Nela encontram-se: as vrzeas - terreno alcanado pelas guas apenas na poca das cheias; os igaps (Fig 1-14) - terreno inundvel durante grande parte do ano; os lagos - reservatrios naturais que recebem o excesso das guas dos rios durante as enchentes; e os tesos - pequenas elevaes no atingidas pelas guas das cheias.

Fig 1-14. Igap 1-15

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(3) Encosta guianense - A delimitao entre o baixo plat e as encostas meridionais do sistema guianense feita usualmente pelas primeiras corredeiras que aparecem no leito dos afluentes do AMAZONAS-SOLIMES. Essas encostas pertencem s duas grandes massas orogrficas que constituem o sistema: serras ocidentais e serras orientais, que so separadas pela depresso do Rio BRANCO, e que, tambm, servem de divisor de guas entre os rios que vertem para a bacia AMAZNICA e os que correm para o litoral norte da AMRICA DO SUL. A leste da localidade de CUCU, encontra-se o ponto culminante do BRASIL, o Pico da NEBLINA, com mais de 3.000 metros de altura. No Estado de RORAIMA, a grande rea que constitui os campos situase em uma plancie. (4) Encosta setentrional do planalto central brasileiro - Seu relevo sobe gradativamente na direo do sul, at chegar ao nvel dos chapades que constituem o relevo tpico do planalto central. As cotas de 500 metros do a essas encostas algum vulto e so comuns; os leitos dos rios sofrem desnveis que so responsveis pelas inmeras cachoeiras encontradas nos tributrios do AMAZONAS - SOLIMES, como o TAPAJS, o XINGU, o MADEIRA e outros. As massas orogrficas so representadas pela serra do CACHIMBO, no sudoeste do PAR, pela serra do NORTE, a noroeste de MATO GROSSO, e pelas chapadas dos PARECIS e PACAS NOVOS, as quais, penetram no Estado de RONDNIA. 1-8. HIDROGRAFIA a. Cursos de gua (1) A bacia amaznica possui rea que ultrapassa os 6 milhes de quilmetros quadrados, dos quais cerca de 70% encontram-se em solo brasileiro e os restantes esto distribudas por solos peruano, boliviano, equatoriano, colombiano, venezuelano e guiano. (2) O Rio AMAZONAS seu representante principal; seus tributrios da margem sul so bem mais extensos que os da margem norte. Ela interligase com a bacia do ORINOCO, pelo canal CASSIQUIARE e h condies de unir-se com as bacias do MADALENA e do PRATA, alm de outras. (3) Na terminologia regional, alguns rios, em funo da colorao de suas guas, so conhecidos como rios brancos, rios negros e rios de guas claras: (a) os rios brancos (ou barrentos) transportam sedimentos em grande quantidade, o que d a suas guas um tom fracamente amarelado, conseqente da existncia da argila em suspenso; se chamados amarelos, haveria mais coerncia. Outra de suas caractersticas a instabilidade dos seus leitos, decorrente da eroso das margens que, na poca das cheias, provoca o incidente das terras cadas, uma das fontes de material argiloso em suspenso nas guas. So rios deste tipo o prprio AMAZONAS, o MADEIRA, o TROMBETAS, o PURUS, o BRANCO e outros; (b) os rios negros, ou pretos, ou de guas pretas como tambm so chamados, em compensao, justificam plenamente a denominao; suas guas, em grande massa, so realmente muito escuras, o que decorre da forte 1-16

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dissoluo do cido provindo da decomposio da matria orgnica vegetal (hmus) que recobre o cho das florestas situadas nas plancies de inundao de suas margens e nas de seus afluentes. Tpico exemplo o Rio NEGRO. Fenmeno interessante o chamado encontro das guas, nas proximidades de MANAUS, quando as guas brancas do Rio SOLIMES recebem as guas negras do Rio NEGRO (Fig 1-15); (c) os rios de guas claras so aqueles em que as mesmas apresentam um tom verde-oliva nos trechos profundos e verde-esmeralda nas partes rasas e o leito de areias brancas, estas constituindo o principal material de sedimentao, razo da existncia de praias e baixios arenosos. So ricos representantes desse tipo o TAPAJS, famoso por suas praias de areia branca, o JURUENA, o TELES PIRES, o VERDE, o XINGU e outros. (4) Ainda de acordo com a terminologia regional, alguns elementos hdricos, responsveis pela diversificada drenagem na bacia, so conhecidos por paran, furo e igarap (Fig 1-16): (a) Paran um extenso (largo e caudaloso) brao de um rio, como se formasse uma grande ilha, isto , sai e retorna ao mesmo rio; geralmente navegvel; (b) Furo um canal, geralmente estreito, que comunica um lago com um rio ou que estabelece ligao entre dois rios; digna de meno, pela sua grande rea geogrfica, a extensa rede de furos existente a oeste da Ilha de MARAJ, que estabelece a comunicao entre os rios AMAZONAS e PAR, e na qual sobressai o chamado furo de BREVES, inclusive navegvel; (c) Igarap um estreito e sinuoso curso de gua que se intromete sob a copa das rvores das matas de vrzea e que significa caminho da gua; com esta denominao tambm so conhecidos aqueles cursos de gua que, pelo seu porte, relativamente menor, no merecem o designativo de rio, reservado, na regio, queles realmente grandes; corresponde ao ribeiro, do sul do BRASIL.

Fig 1-15. O encontro das guas (Rios NEGRO e SOLIMES) 1-17

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Fig 1-16. Exemplos de Paran, Furo e Igarap b. Lagos - Distinguem-se dois tipos principais de lagos amaznicos: os de vrzea e os de terra firme: (1) os lagos de vrzea ocupam as depresses da plancie aluvial, isto , as reas ainda no preenchidas pelo limo das enchentes. So geralmente rasos, alguns mesmo temporrios, transformando-se em brejos na poca da vazante; suas margens so baixas, planas e, s vezes, prestam-se a campos e pastagens. So bons pesqueiros, pois grande parte dos peixes, neles refugiados por ocasio das cheias, no conseguem retornar aos rios de onde vieram; so, por excelncia, o habitat do tucunar e do pirarucu; (2) os lagos de terra firme so as massas de gua encontradas nas depresses conseqentes da eroso, nas terras altas; suas margens so mais elevadas e matosas e suas praias so de areia branca; neles vo desaguar, geralmente, vrios pequenos rios. c. Pororoca - um fenmeno peculiar na Regio AMAZNICA, mas no exclusivo, pois ocorre tambm na FRANA, no Rio SENA (mascaret), e na NDIA, no Rio GANGES (bore). A denominao pororoca refere-se ao estrondeante e repetido rudo que acompanha o fenmeno e que o aborgene batizou de poroc-poroc, para significar arrebentar seguidamente. um fenmeno de mar e no restrito ao esturio do grande rio; tem lugar tambm nos rios que desguam na costa amapaense e em outros j no interior da bacia amaznica. Suas conseqncias so, antes de tudo, destruidoras; so prejudiciais navegao, impossibilitando, inclusive, a preciso dos levantamentos hidrogrficos, uma vez que acarretam modificaes constantes no fundo dos rios onde tem lugar o fenmeno.

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IP 21-80 1-9. CLIMATOLOGIA

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a. Ventos e Massas Frias (1) Os ventos dominantes na regio so os alsios de SE e NE, que se fazem sentir mais na foz e no trecho inferior do baixo AMAZONAS. Penetrando pelo NE carregados de umidade, os alsios so responsveis pelas chuvas da regio litornea guianense, atingindo o baixo AMAZONAS j transformados em ventos secos e quentes; vindos do SE, porm, eles agem no territrio brasileiro da AMAZNIA trocando calor por umidade e chuva. (2) Na regio da foz, durante parte do ano, sopra um vento N ou NE que refresca o litoral belenense. No baixo AMAZONAS, com bom tempo, comum soprar de terra, perpendicularmente ao grande rio, um vento noturno que torna agradvel a temperatura. (3) A penetrao de massas frias faz-se no extremo oeste da plancie, avanando para o norte, entre os ANDES e o macio brasileiro, atravs da depresso matogrossense e at o Alto AMAZONAS. Isso provoca, em casos excepcionais de intensidade, o chamado fenmeno das friagens, que ultrapassa praticamente o Equador, atingindo a COLMBIA. (4) Essas massas frias atingem ainda a AMAZNIA a leste, e, na sua trajetria martima, vo juntar-se aos alsios de SE, que elas resfriam e saturam, indo, em conseqncia, provocar grandes chuvas e trovoadas em todo o litoral norte-oriental, at BELM. Se, entretanto, os alsios de SE resistem invaso, as massas frias permanecem no sul. b. Chuvas (1) A quantidade mdia anual de chuva apresenta na regio um ndice muito elevado e sua distribuio geogrfica est intimamente ligada ao das massas de ar, principalmente equatorial continental, que ocupa grande parte do territrio durante largo perodo do ano, provocando precipitaes abundantes. (2) A pluviosidade mdia varia de 1.097mm (BARRA DO CORDA, no MARANHO) a 3.496 mm (alto vale do Rio NEGRO); igualmente elevado o ndice apresentado em CLEVELNDIA, no AMAP. (3) Resumidamente, existem dois ncleos chuvosos bem distintos: um, onde predomina a massa equatorial continental, que abrange quase a totalidade dos Estados do AMAZONAS e de RONDNIA, o SW do PAR e N do MATO GROSSO; e outro, na zona do litoral, abrangendo o Estado do AMAP, a zona de MARAJ e ilhas, e o L paraense, onde h predomnio da massa equatorial norte e das calmarias, com chuvas quase dirias. Estes ncleos se separam por uma faixa de menor pluviosidade, que se estende do Estado de RORAIMA aos campos do PAR, na direo geral NW - SE. (4) As conseqncias, alm de outras, fazem-se sentir sobre as protees utilizadas pelo homem, a base de lonas impermeabilizadas, que aps certo tempo se tornam imprestveis, aconselhando, em substituio, a utilizao de plsticos, inclusive para proteo de materiais e vveres; calados de couro no resistem e devero ser substitudos por outros confeccionados com lona, solado de borracha e cordes de nylon; o mofo e a ferrugem atacam, em pequeno espao de tempo, qualquer tipo de material, particularmente se em 1-19

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contato com o solo permanentemente mido. A prpria navegao apresenta problemas de transporte na fase de estiagem, pois, o regime dos rios depende, em grande parte, da pluviosidade; fcil navegar nas enchentes e pode haver dificuldade, at mesmo impossibilidade, nas estiagens, devido aos obstculos que esto fixados no fundo dos cursos de gua. c. Temperatura (1) A temperatura mdia na grande regio de 27 C e a variao da amplitude mnima, apesar da continentalidade, e se constitui, no caso, na caracterstica essencial do regime trmico. (2) A temperatura mdia diria varia no correr do ano do seguinte modo: no vero ela cresce de 26,9 C a 31,0 C e no inverno varia entre 24,5 C a 29,4 C. Alis, a variao da temperatura, em geral, faz-se mais em funo do regime de chuvas, do que das estaes do ano, sendo o mximo trmico correspondente ao ms de novembro (um dos de menor precipitao), no clima supermido do alto AMAZONAS e em BELM, e ao fim do perodo seco (variando de agosto a dezembro), nas reas de chuvas de vero-outono. Mais para o sul, nas zonas de influncia da massa equatorial atlntica, a temperatura j sofre a influncia da altitude acima referida, diminuindo os valores trmicos proporo que aumentam as cotas altimtricas em direo ao planalto central. O ms mais quente ocorre na primavera, variando de setembro a novembro, sendo a mdia mais elevada a que corresponde ao ms de outubro, quando j grande o aquecimento e as chuvas que o reduzem ainda no so abundantes. (3) As mdias mais baixas de temperatura ocorrem no inverno, no perodo de junho a julho, em toda a AMAZNIA, exceo feita ao vale do grande rio, em que o ms mais frio corresponde a fevereiro e o mais quente, no final da primavera, coincidindo o decrscimo de temperatura com o mximo pluviomtrico. (4) Da apreciao e comparao desses dados com aqueles que se registram no NORDESTE, chega-se a concluso de que, naquela regio e no na AMAZNIA, que ocorrem as temperaturas mdias mais elevadas no BRASIL, ao contrrio do que pode parecer primeira vista. (5) Todavia, foi na estao meteorolgica de TEF que se registrou a maior mxima absoluta de todo o pas: 44,2 C, em 30 de janeiro de 1930. As mnimas absolutas atingem valores muito baixos a W da grande regio, onde chegam os ventos frios da massa polar atlntica sul, que investem durante o inverno, causando quedas bruscas da temperatura, ou seja, a friagem, j anteriormente referida. (6) H um fato caracterstico das reas equatoriais, que como tal, no deixa de ocorrer na AMAZNIA: variao significativa entre as temperaturas do dia e da noite; assim, a ttulo de ilustrao, em SENA MADUREIRA, a amplitude da variao chega a 13,5 C , em BELM a 9,6 C e em MANAUS a 8,7 C. (7) medida que se vai afastando da margem do rio-mar, subindo o curso de um dos seus afluentes e chegando a terrenos mais elevados, menos distantes ao norte do rio do que do lado sul, o calor geralmente diminui e, sobretudo, aumenta a diferena de temperatura entre o dia e a noite. 1-20

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d. Umidade (1) A AMAZNIA a regio brasileira que apresenta a maior porcentagem anual de umidade relativa. Seus valores variam entre 73% a 94%; a quase totalidade da regio possui ndice superior a 80%. (2) Existem dois ncleos de maior ndice de umidade relativa, que se localizam, o primeiro, no litoral, onde chegam os alsios de NE carregados da umidade do oceano, e o segundo, no interior, a oeste, abrangendo todo o Estado do ACRE e a quase totalidade do AMAZONAS, onde predomina a massa equatorial continental. (3) O maior ndice registrado foi o de SENA MADUREIRA, 94%, o que indica um estado de quase saturao, fato que contribui em alto grau para agravar a friagem que a ocorre no perodo do inverno. (4) Interessante ressaltar que, em contraposio s conseqncias deteriorantes da umidade sobre materiais e vveres, h uma benfica sobre o ser humano: a umidade, absorvendo parte das radiaes solares, reduz a possibilidade de insolao. e. Efeitos dos Fatores Meteorolgicos sobre o Clima da AMAZNIA (1) Estaes do ano - So duas, reguladas mais pela distribuio das chuvas do que por outros motivos. O perodo de maior precipitao pluvial corresponde ao vero boreal, para a rea acima da linha do Equador e, ao sul desta, corresponde ainda ao vero austral (23 Dez a 22 Mar) e parte do outono (23 Mar a 22 Jun), pois at o ms de abril as descargas pluviais so intensas. Na regio, esse perodo chuvoso denominado inverno, correspondendo ao perodo de novembro a abril, quando as chuvas so violentas e caracterizam os aguaceiros. O perodo mais seco chamado de vero. (2) Tipo e subtipos climticos - O tipo de clima mido tropical, sem estao fria, e com temperatura mdia do ms menos quente acima de l8 C. Dentro do territrio amaznico, com perto de 5 milhes de quilmetros quadrados de rea, no seria possvel a uniformidade climtica, o que fcil de compreender, caso, se atente para as variaes que apresentam os fatores meteorolgicos constitutivos do clima, ainda mais numa regio que se estende por 18 de latitude e 28 de longitude. Considere-se ainda o diminuto e precrio nmero de estaes meteorolgicas existentes, as quais, entretanto, a despeito da insuficincia de dados, permitiram distinguir uma distribuio climtica base de subtipos, na grande regio. Assim, encontram-se: (a) Clima quente e mido - Caracterizado pela inexistncia de estao seca verdadeira, e delimitado por um mnimo de pluviosidade no ms mais seco: prprio das regies equatoriais (Fig 1-17). Corresponde ao tipo de florestas tropicais e ocorre no Alto AMAZONAS, na rea que se estende do limite do Estado do AMAZONAS com o de RORAIMA, at 6 de latitude S; seu limite a leste no atinge a cidade de MANAUS. So dominantes durante o ano os ventos fracos e as calmarias causadoras de abundantes e constantes chuvas; estas e as temperaturas, sofrem pequena variao anual, mantendose sempre em nvel bem elevado. Embora no haja estao seca verdadeira h uma poca menos mida, correspondente aos meses de inverno, e um longo perodo muito chuvoso, que se estende da primavera ao outono, com uma 1-21

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ligeira diminuio da pluviosidade em fevereiro. Pode-se dizer, devido a isso, que no Alto AMAZONAS predomina uma dupla poca de chuvas, isto , aparecem duas estaes chuvosas ao ano, devido s quais o nvel do grande rio sobe e baixa duas vezes. A grande enchente comea em maro e dura at junho, e a segunda, denominada repiquete, menor que a primeira, vai de outubro a janeiro. Na Amaznia, a palavra repiquete tambm usada no caso do crescimento repentino do nvel das guas, ocasionado pelas chuvas em uma regio especfica, mesmo que em pouco tempo retorne ao estado anterior. A porcentagem dos dias chuvosos nos meses de inverno de 70% ao ms e nos de vero de 40%. No inverno tem lugar a friagem com quedas baixas e violentas de temperatura, que no perdura por mais de 4 dias, em mdia. O ms mais quente ocorre em outubro ou novembro, neste mais freqentemente, e o mais frio, em junho ou julho. (b) Clima quente e mido - Caracterizado por precipitaes muito elevadas, cujo total anual compensa a ocorrncia de uma estao seca (Fig 117), permitindo a existncia da floresta tropical; quanto ao regime de temperatura, semelhante ao subtipo anterior, mas a altura de chuvas no ms mais seco inferior. Abrange uma enorme rea que se estende do Estado do ACRE ao do MARANHO, e do extremo norte do Estado do AMAP ao de MATO GROSSO, sendo seu limite S uma linha que segue aproximadamente a direo geral SWNE, acompanhando a encosta setentrional do planalto brasileiro no Estado de RONDNIA e norte de MATO GROSSO e passando a SE do PAR e W do MARANHO. Nessa rea predominam, na maior parte do ano, as massas equatoriais continental e norte que, sob o regime dos alsios de N E e das grandes calmarias, so responsveis pelas abundantes chuvas. A porcentagem dos dias chuvosos nos meses de inverno de cerca de 60% ao ms, e no perodo de vero, 25%. A umidade relativa varia de 81% a 94%, sendo este ltimo o valor extremo na AMAZNIA, registrado em SENA MADUREIRA. O ms mais quente corresponde sempre ao fim do perodo seco, variando de agosto a outubro nas reas de seca de inverno, de novembro a dezembro nas de seca de primavera e de setembro a novembro nas de seca de invernoprimavera. O perodo mais frio ocorre em junho-julho, nas reas de seca de inverno (sub-regio do SOLIMES e zonas do ALTO MADEIRA, ARIPUAN e rio MADEIRA), onde chegam os ventos frios da massa polar atlntica sul que acarretam nestas regies uma extraordinria queda de temperatura. No extremo ocidental da enorme rea tem lugar tambm a friagem, nos meses de maio, junho, julho e agosto, quando o sol est no hemisfrio norte, tornando assim, mais fcil a queda de temperatura noite, sob o menor aquecimento diurno. (c) Clima quente e mido - Caracterizado por uma estao seca bem acentuada no perodo do inverno (Fig 1-17), tendo pelo menos um ms com uma altura de chuvas ainda inferior a do primeiro subtipo; a mdia anual das temperaturas sempre elevada. Ocorre no extremo meridional da rea amaznica, numa faixa contnua, desde a fronteira BRASIL-BOLVIA, no Estado de MATO GROSSO, at o extremo leste da rea, e tambm nos campos do Estado de RORAIMA. As chuvas abundantes ocorrem de outubro a maro, com o mximo em janeiro, fevereiro ou maro; mais de 80% de precipitao 1-22

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anual corresponde a este perodo, sendo comuns, no vero, as chuvas de trovoadas e os fortes aguaceiros. Na estao seca, a estiagem muito rigorosa, sendo pequena ou nula a precipitao nos meses de junho ou julho. A distribuio do nmero de dias do ano d uma mdia de 16 (dezeseis) dias de chuva para cada um dos meses compreendidos entre outubro e maro; entretanto, no limite leste da rea abrangida pelo subtipo de clima ora apreciado, ou seja, no MARANHO, o regime de chuvas sofre ligeira modificao: as chuvas iniciam em dezembro ou janeiro, atingindo o mximo no outono, sendo o ms de maro o mais chuvoso. A umidade relativa oscila mensalmente, em virtude da estao seca muito rigorosa; a mdia anual inferior a 80%. essa estao seca pronunciada, associada variao da temperatura em funo do relevo, a principal responsvel pelo aparecimento da cobertura florstica de transio entre a floresta e os cerrados, nos Estados do MATO GROSSO, TOCANTINS e MARANHO, e entre a floresta e os campos, em RORAIMA.

LEGENDA: - com inexistncia de estao seca verdadeira; - com precipitaes muito elevadas e estao seca; - com estao seca acentuada no perodo do inverno austral. Fig 1-17. Clima quente e mido

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CAPTULO 2 CONSERVAO DA SADE E PRIMEIROS SOCORROSARTIGO I INTRODUO 2-1. GENERALIDADES a. A capacidade de sobrevivncia residir, basicamente, numa atitude mental adequada para enfrentar situaes de emergncia e na posse de estabilidade emocional, a despeito de sofrimentos fsicos decorrentes da fadiga, da fome, da sede e de ferimentos, por vezes, graves. b. Se o indivduo ou o grupo de indivduos no estiver preparado psicologicamente para vencer todos os obstculos e aceitar os piores reveses, as possibilidades de sobreviver estaro sensivelmente reduzidas. c. Em casos de operaes militares, essa preparao avultar ento de valor. O conhecimento das tcnicas e dos processos de sobrevivncia constituiro em requisitos essenciais na formao do indivduo destinado a viver na selva, quer em operaes militares, quer por outra circunstncia qualquer. d. Conservar a sade em bom estado ser requisito de especial importncia, quando algum se encontrar em situao de s poder contar consigo mesmo para salvar-se ou para auxiliar um companheiro. Da sade dependero, fundamentalmente, as condies fsicas individuais. e. Na selva, saber defender-se contra o calor e o frio, saber encontrar gua e alimento, saber prestar os primeiros socorros, em proveito prprio ou alheio, sero tarefas de grande importncia para a preservao da sade.

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2-2 ARTIGO II CONSERVAO DA SADE 2-2. EFEITOS FlSIOLGICOS DO CALOR

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Do conjunto de regras que se pode utilizar para a conservao da sade, algumas no podero ser aplicadas na selva ou sero seguidas sofrendo as injunes do momento, enquanto outras devero ser observadas risca sob pena da sano imediata. Assim, visando a sobreviver nas melhores condies possveis, cada indivduo de per si ou grupos de indivduos devero observar as seguintes regras: a. Poupar Foras - A fadiga em excesso dever ser evitada. Quando se estiver realizando algum trabalho que exija esforo fsico ou um deslocamento atravs da selva, dever ser estabelecido um tempo para descanso; 10 ou 15 minutos para cada hora de trabalho fsico poder, em princpio, ser uma base de partida. Nas horas mais quentes do dia, o repouso dever realizar-se nos locais mais cmodos que se apresentarem no momento. Se possvel, o homem aliviar-se- de toda carga que por ventura transportar e dever deitar-se. Durante os repousos maiores, mormente noite, procurar dormir. Mesmo que no consiga, a princpio, conciliar o sono, o simples ato de deitar e relaxar os msculos e a mente causar efeitos recuperadores. No permitir que a aflio decorrente da situao por que se passa concorra para o desequilbrio emocional; deve-se pensar com calma e pesar todas as possibilidades favorveis. O calor na selva equatorial constante e implica, para o ser humano, em sudao excessiva. Em conseqncia, se no houver a observncia de repouso freqente, a par de uma complementao abundante de gua e sal, alguns efeitos podero advir em prejuzo do indivduo. Esses efeitos so: (1) Exausto - Resultar da excessiva perda de gua e de sal pelo organismo, conseqncia da forte transpirao. Seus sintomas so palidez, pele mida, pegajosa e fria, nuseas, tonteiras e desmaios. O socorro a ser prestado consistir em fazer com que o indivduo se deite em rea sombreada, mantendo-lhe os ps em plano mais elevado que o resto do corpo e as roupas afrouxadas, dando-lhe de beber gua fria e salgada. Para isso, dissolver 2 tabletes de sal ou um quarto de colher de ch, ou equivalente, de sal puro, em um cantil de gua, na quantidade de 3 a 5 cantis no espao de 12 horas. A soluo salina dever ser ministrada aos goles, a intervalos regulares (2 a 3 minutos entre cada gole ou ingesto), pois, se tomada de vez, poder ocasionar vmitos, estabelecendo-se um crculo vicioso: vmitos - desidratao. (2) Cimbras - Resultaro de um esforo fsico continuado que implique em demasiada sudao, sem que, preventivamente, se tenha tomado uma quantidade suplementar de sal. Elas podero atingir qualquer parte muscular do corpo, sendo mais comuns nas pernas, nos braos e na parede abdominal. Freqentemente haver vmitos e enfraquecimento. O socorro ser o mesmo indicado para a exausto, base de ingesto de gua salgada em grande quantidade. 2-2

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(3) Insolao e Intermao - Os mecanismos de dissipao do calor no esto funcionando. Aumenta a temperatura corporal e isto acarreta risco de vida para o indivduo, se no for tratado com urgncia. So situaes graves, com alta taxa de mortalidade, alm da elevao da temperatura do corpo, normalmente leva inconscincia. Os sintomas so pele quente e seca, com ausncia do suor, dor de cabea, nuseas, rosto congestionado e possveis delrios. O mais simples e importante objetivo no socorro o abaixamento da temperatura do corpo, o mais rapidamente possvel; o melhor modo de consegui-lo mergulh-lo em um banho de gua fria, gelada inclusive, se possvel; caso contrrio, o paciente dever ser mantido sombra, com a roupa removida, derramando-se ento bastante gua sobre ele. Este resfriamento dever ser continuado, mesmo durante a evacuao. Se consciente, o indivduo dever beber gua fria, salgada (como nos casos de exausto ou cimbras); se inconsciente, idntico procedimento dever ser observado, to logo volte a si. (4) Desses efeitos fisiolgicos do calor, os mais comuns so a exausto e as cimbras; a insolao e a intermao, apesar de mais perigosos, na selva equatorial quase no se fazem sentir porquanto o corpo, normal e constantemente, estar submetido a um processo de refrigerao, quer pelo prprio suor, quer pela gua das chuvas, quer ainda pela gua dos igaraps, igaps ou chavascais; ser normal, pois, e mesmo agradvel, o indivduo permanecer, durante o dia, com o corpo molhado. A par disso, a elevada umidade do ar concorre para a proteo contra a insolao. (5) Para proteo contra aqueles efeitos, algumas regras devero ser observadas. Assim: (a) Beber bastante gua. Mesmo que no se sinta sede, uma vez constatado o excesso de suor, deve-se beber gua constantemente, para isto o cantil deve ser regularmente recompletado. (b) Aclimatar-se. Essa regra no ter aplicao para o indivduo que, de uma hora para outra, por acidente, se encontrar numa selva equatorial; haveria, no caso, uma aclimatao forada, independente da vontade. O processo de aclimatao possui quatro caractersticas principais: 1) comea no 1 dia e poder estar bem desenvolvido no 4; 2) haver um aumento na quantidade de suor, aumentando assim a perda de sal; 3) poder ser acelerado com a realizao de exerccios fsicos; 4) as condies de aclimatao podero ser retidas por cerca de uma ou duas semanas aps a sada da rea afetada pelo calor. (c) Usar sal, em quantidade extra, nos alimentos e na gua. (d) No se alimentar em excesso. (e) Vestir-se adequadamente. uma regra difcil de ser seguida; se o tecido for leve, estar sujeito a ser rasgado pela vegetao e, se grosso, aumentar a sudao, embaraar os movimentos e criar sensao de desconforto; se a vestimenta proteger em demasia, dos ps cabea, dificultar a ventilao e, caso contrrio, facilitar o ataque dos animais midos (formigas, mosquitos e outros) e os arranhes pela vegetao; enfim, ser, em ltima instncia, um problema a mais de adaptao. (f) Trabalhar sombra. Regra fcil de seguir, pois a selva 2-3

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(g) Compreender o calor. uma regra para a mente, que trar benefcios psicolgicos com reflexos imediatos no corpo humano. O conhecimento dos efeitos que o calor poder produzir e dos processos para evit-los ou, no mnimo, atenu-los, poder salvar vidas e de grande importncia, em particular, para o combatente de selva. (h) O frio na selva equatorial, por estranho que parea, tambm se faz sentir. No requer, entretanto, medidas especiais adotadas em regies de clima frio. Na Selva AMAZNICA h o fenmeno da friagem que atinge algumas reas e, mesmo em outras, onde ele no ocorre, so comuns as quedas de temperatura noite. Uma manta de l proporcionar suficiente proteo. Efeitos tais como p de trincheira e congelamento de partes do corpo no tero oportunidade de ocorrer, a no ser nas regies andinas. b. Precaver-se Contra Distrbios Mentais (1) A sensao de medo normal em homens que se encontram em situao de perigo. E perigo existe na selva. Entretanto, bom lembrar que outros j sentiram medo e, a despeito disso, conseguiram sair-se bem das dificuldades e perigos. (2) A fadiga e o esgotamento resultantes de grandes privaes podero, muitas vezes, conduzir a distrbios mentais, manifestados sob as formas de temores graves, cuidados excessivos, depresso ou superexcitamento. O melhor modo de evit-los ser procurando dormir e descansar o mximo possvel; todavia, alguma atividade dever ser mantida; alm disso, o bomhumor ser um tnico real, pois contagiante. (3) Maiores atenes devero ser dedicadas queles que se encontrarem fsica ou fisiologicamente doentes, a fim de evitar o trauma emocional. Um mau discernimento da situao, causado por distrbio mental, poder ser to fatal quanto um tiro do inimigo ou uma picada de serpente peonhenta. Para quem quer sobreviver, ser fundamental evitar o pnico, e este, na selva, representar o pior inimigo a vencer. 2-3. OUTRAS MEDIDAS DE PROTEO a. Cuidar dos Ps (1) Na selva, em princpio, s ser possvel andar a p. Longas caminhadas, por terreno permanentemente ondulado, ser a regra geral. Da a importncia dos cuidados com os ps, os quais devero ser mantidos limpos, lavando-os e secando-os com a freqncia possvel. Entretanto, andar na selva com os ps secos ser praticamente impossvel, pois o suor, a chuva e as guas dos igaraps, igaps e chavascais no o permitiro; por isso, tais cuidados devero ser observados, particularmente durante as paradas para descanso prolongado. (2) As meias no devero estar rasgadas nem cerzidas e o calado dever estar sendo constantemente examinado; o uso de meias finas de algodo recomendvel, pois elas absorvem a umidade, permitem a evaporao, apresentam pouca deformao aps secarem e, assim, protegem melhor 2-4

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os ps do que as meias grossas de algodo, de l ou de nylon. (3) Calos ou calosidades no devero ser cortados, para evitar infeco. (4) Mantendo-se as unhas limpas e curtas, poder-se- evitar a unha encravada e a proliferao de microrganismos entre elas e a pele. (5) Caso haja atrito entre o calado e a pele dever ser aplicado esparadrapo na parte afetada. Se houver formao de bolhas, estas devero ser perfuradas na base, com o mximo de desinfeco possvel e protegendose depois o local com esparadrapo ou gaze. b. Proteger os Olhos e os Ouvidos (1) Os olhos estaro permanentemente sujeitos ao de pequenos insetos e de partculas diversas. A proteo ideal seria com o uso de culos de um tipo especial; entretanto, a capacidade de ver seria um pouco afetada, o que no aconselhvel na selva, onde fundamental saber enxergar; constituiria, por outro lado, mais um incmodo e uma preocupao. (2) Os ouvidos estaro, do mesmo modo, sujeitos quela mesma ao e uma boa proteo para eles seria a colocao de algodo; porm, isto reduziria a capacidade auditiva e, na selva, tambm fundamental saber ouvir. (3) Em conseqncia, para evitar que esses rgos sejam afetados, o melhor ser manter-se atento, preventivamente, no interior da floresta; ser mais uma preocupao, mas compensar. c. Precaver-se contra Infeces Cutneas - A epiderme constitui a primeira linha de defesa contra a infeco. Por isso, qualquer arranho, corte, picada de inseto ou queimadura, por menor e mais inofensivo que parea, merecer cuidado; qualquer antissptico dever ser aplicado, preventivamente. As mos no devero tocar a parte afetada; ser suficiente a aplicao do curativo individual, se houver; se no, o ferimento dever ser mantido protegido da melhor forma possvel ou, em ltimo caso, exposto mesmo ao ar livre. d. Conservar Limpos o Corpo, a Roupa e o Local de Estacionamento (1) A limpeza do corpo a principal defesa contra os germes infecciosos. As unhas devem ser mantidas cortadas para evitar o desenvolvimento de parasitas entre elas e a pele. (2) Um banho dirio - hbito fcil de adquirir-se na selva - com sabo, ou mesmo sem ele, dedicando-se especial ateno higiene das partes dobradas e pudendas, ser ideal. Se esse banho no for possvel, a limpeza na maior parte do corpo dever ser mantida, particularmente das mos, rosto, axilas, virilhas e ps. (3) Aps as refeies, dentes e boca devero ser limpos. (4) As peas do vesturio, mantidas limpas, ajudaro a proteger contra infeces cutneas e parasitas, e, em caso de dificuldade de lav-las, devero elas, sempre que possvel, ser sacudidas e expostas ao ar livre. O uso de cuecas justas deve ser evitado, pois nas proximidades das virilhas e partes pudentas poder provocar assaduras pela umidade acumulada que favorecem a ao de microrganismos. Esses procedimentos concorrero para uma sensao de conforto. 2-5

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(5) No caso de um grupo, ser interessante que os homens se inspecionem mutuamente, corpo e roupa. (6) Um local de estacionamento na selva dever ser naturalmente um lugar limpo, no qual no haja acmulo das guas das chuvas ou da presena de animais e insetos. A manuteno desse estado ser simples, bastando uma fossa para lixo e outra para dejetos, suficientemente afastadas, sempre cobertas com terra aps o uso e distantes da fonte de gua, quando houver. Essa fonte ser, normalmente, um igarap e para sua boa utilizao dever ser dividido em sees: a montante, gua para beber e cozinhar; a seguir, gua para banho, gua para lavagem de roupa e, por fim, gua para qualquer outro uso, a jusante. e. Evitar Doenas Intestinais - Doenas intestinais so aquelas causadas por germes existentes nas fezes e urina ou por alimentos contaminados. Normalmente os seus agentes causais so eliminados do corpo pelas fezes e urina. Geralmente eles so transmitidos por alimentos e gua contaminada, que, por sua vez, so levados pelas mos ou utenslios de rancho. As principais doenas intestinais so as disenterias (amebiana e bacilar), a diarria, a clera, as intoxicaes e infeces alimentares, as infestaes helmnticas (vermes) e as febres (tfica, paratfica e ondulante). Para evitar essas doenas devero ser observadas as seguintes medidas: (1) Proteo e Purificao da gua - Toda fonte de gua dever ser cuidadosamente protegida da contaminao pelos detritos humanos ou animais, a qual poder ocorrer pela drenagem de superfcie ou pela de subsolo. As fossas ligadas s latrinas e cozinhas devero ser localizadas de modo tal que a infiltrao e drenagem se processem afastadas e sem perigo para as fontes de gua. Normalmente, o igarap ser a fonte mais comum e, nesse caso, dever ser dividido em sees, conforme exposto linhas atrs. A purificao da gua na selva raramente ser feita como em outras reas, a no ser que o grupo esteja aparelhado com o material necessrio e v permanecer por espao de tempo relativamente longo em um estacionamento. Sempre que possvel, proceder-se- a purificao de gua do cantil que for obtida no interior da selva, mesmo aquela colhida dos igaraps, pois estes, tambm so fontes de gua para os animais que podem contamin-los com fezes e urina. Alm disso, vegetais em decomposio nas margens e no leito de cursos de gua e, ainda, o uso humano a montante destes podem, tambm, contamin-los. Ainda assim, caso se deseje purificar essa gua ou mesmo a proveniente de outras fontes, devero ser usados os comprimidos para esse fim destinados, os de Hipoclorito (Halazone e outros a base de cloro), na dose de um ou dois por cantil, esperando-se cerca de 30 minutos para, ento, poder ser bebida. Outro processo de purificao ser o de ferver a gua e depois fazer uma aerao; um minuto de ebulio e a passagem de um recipiente a outro, ao ar livre, sero o suficiente. No s a gua para beber, mas tambm a utilizada em bochechos e limpeza da boca (escovar os dentes) dever ser purificada pela fervura ou pelo comprimido de Hipoclorito. Deve ser evitada a utilizao de gua obtida em fontes paradas, pois este um ambiente propcio ao desenvolvimento de amebas de vida livre que no so combatidas pelo purificadores de Hipoclorito 2-6

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distribudos tropa. (2) Inspeo e Proteo dos Alimentos - Todo alimento dever sofrer inspeo, no que respeita sua aptido para consumo; esta inspeo dever ser feita tambm nos gneros que, aps terem permanecido guardados, venham a ser novamente utilizados. Quando guardados, devero ser protegidos convenientemente; os sacos plsticos prestar-se-o bem a esse fim. Ser necessrio, sempre, muita ateno com aqueles passveis de perecimento. Vrios processos existem para se guardar alimentos: imersos em gua corrente, enterrados, pendurados em galhos de rvore, dependendo do tipo do alimento, do tempo de permanncia no local, das condies de segurana contra animais e da quantidade ou volume dos alimentos. Como ser normal na selva cada homem conduzir sua prpria alimentao, essas medidas de inspeo e proteo tero mais aplicao para o caso de grupos e quando houver permanncia mais duradoura nos locais de estacionamento. (3) Higiene do Rancho - No ser normal, em se tratando de sobrevivncia na selva, a existncia de instalaes de rancho de campanha, na acepo genrica do termo; elas existiro quando do desenvolvimento de operaes militares na selva e, neste caso, aplicar-se-o todas as medidas de higiene preconizadas pelos manuais. Isto quer dizer que, em sobrevivncia, no haver rancho organizado, o que, entretanto, no invalidar a aplicao dessas medidas, sempre que possvel, quando se tratar de alimentao. Para a misso de preparar e distribuir a alimentao, no devero ser designados indivduos portadores de molstias transmissveis, com inflamaes cutneas, feridas ou quaisquer outras leses; esses indivduos, se existirem no grupo, devero ser alvo de ateno e cuidados especiais. Os utenslios de rancho, tais como marmitas, talheres e copos, to logo tenham sido usados, devero ser limpos e lavados antes de guardados. Os restos de alimentos devero ter o destino geral dos detritos. (4) Destino dos Detritos - Dar destino adequado aos detritos, quaisquer que sejam suas origens, medida fundamental, quando se tratar de um grupo em estacionamento mais ou menos estvel. Na selva, entretanto, no ser normal a execuo dessa medida dentro do preceituado pelas regras de higiene, pelo simples fato de que faltar o material necessrio, ainda mais em se tratando de sobrevivncia. Ser suficiente que os detritos sejam enterrados, evitando-se, assim, que insetos e outros pequenos animais tornem-se veculos de doenas intestinais. Os locais selecionados para enterr-los devero ficar afastados daqueles em que a presena do homem ser normal. (5) Controle de Moscas - Considerando que a mosca, para sua reproduo, escolhe os locais de detritos, necessita de calor e umidade e sente atrao pelo cheiro, fcil concluir que o controle ser simples, dando-se o destino conveniente aos detritos e protegendo-se os alimentos que desprendam cheiro, j que no ser possvel deixar de existir calor e umidade na selva equatorial. (6) Controle do Pessoal Doente - Atribuir especial cuidado a um companheiro que venha a sofrer de doenas intestinais, principalmente os acometidos de diarria. A rigorosa higiene ser necessria para evitar que outros possam ser contaminados, para tanto, os procedimentos a seguir sero 2-7

2-3 suficientes:

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(a) Defecar em lugar apropriado e o mais longe possvel do local de estacionamento da fonte de gua, cobrindo os dejetos com terra para evitar a contaminao por insetos (buraco de gato). (b) Manter asseio corporal rigoroso. (c) Ingerir bastante gua, para evitar a desidratao e, caso seja disponvel, utilizar remdio especfico (soro para reidratao oral, tais como REIDRAT e outros) ou fazer a mistura de sal, acar e gua na proporo de uma colher de acar e uma pitada de sal para cada cantil. f. Evitar Outras Doenas Transmissveis - Alm das doenas intestinais, merecem ateno especial aquelas transmitidas por insetos e parasitos, as contagiosas e outras. (1) Doenas transmitidas por insetos e parasitos - So aquelas em que um inseto ou um parasito, sugador do sangue de animais ou de pessoas infectadas, o agente transmissor. Destacam-se entre elas: a malria, transmitida pelo mosquito Anfele e de vrias espcies; a febre amarela urbana, pelo Aedes aegypty(Fig 2-1); a febre amarela silvestre, pelo Haemagogus; a dengue, pelos Aedes aegypty e Aedes albopictus; a filariose, pelo Culex; a tularemia, por moscas, percevejos, piolhos, pulgas e, tambm, pelo contato com material contaminado; a febre recorrente, por piolhos e percevejos; o tifo, pelos piolhos do corpo e pulgas; a leishmaniose, pelo Flebotomus. (2) Generalidades sobre as doenas transmitidas por mosquitos (a) As mais comuns na selva equatorial so a malria, a filariose, a leishmaniose, protozooses e parasitoses. Elas no existiro se forem exterminados os mosquitos transmissores, mas este combate s poder ser feito, cuidadosa e freqentemente, em locais em que haja recursos para isso, o que no acontecer na selva, onde a existncia da gua em abundncia propiciar a sua proliferao. O perigo da transmisso dessas doenas pelos insetos, ronda as proximidades dos ncleos populacionais e neles reside, pois os mosquitos no tm capacidade de vo alm dos 1.500 metros, ou pouco mais, se ajudados pelo vento. Tais apreciaes, contudo, no devero ser consideradas com segurana total para quem est na selva, porquanto o ser humano poder ser apenas o portador da doena, abrigando-a e podendo transmiti-la, sem entretanto, apresentar os sintomas. Por outro lado, os animais silvestres podero ser os hospedeiros intermedirios, no lugar do homem. Em conseqncia, abaixo so relacionadas algumas medidas que devero ser adotadas contra as picadas de insetos. (b) O uso de mosquiteiros para dormir ou proteger as partes expostas do corpo ser til, bem como o de luvas e de repelentes. (c) Estacionar em locais altos, afastados principalmente de guas paradas. (d) Dormir vestido, colocando as extremidades das calas para dentro dos canos das meias ou bocas do calado, ser mais um meio de evitar picadas. (e) Se forem utilizados tapiris, cabanas, choas ou palhoas, dever ser feita antes uma inspeo minuciosa nas frestas, onde costuma 2-8

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agasalhar-se o barbeiro, transmissor da doena de Chagas. (f) As picadas dos insetos provocaro comicho e ser preciso muito controle para no co-las, o que aconselhvel para evitar sangrar e, desse modo, dificultar a propagao dos germes. (g) sabido, que os mosquitos atacam ao entardecer e durante a noite; mas na selva, permanentemente escura e sombria, eles atuam tambm durante o dia. Sendo assim, as medidas de proteo tendem naturalmente a ser relaxadas, se tiverem de ser cumpridas por espaos de tempo muito longos; primeiro, pela necessidade de grande estoque de repelentes; segundo, porque os mosquiteiros perturbam a viso e engancham na vegetao e as luvas diminuem a refrigerao das mos, tiram o tato e gastam-se ou so extraviadas; permanecer sempre vestido, protegendo ao mximo o corpo, concorre para o aumento da sudao. (h) Todas essas nuanas conduziro o homem na selva, ora a observar rigorosamente as medidas protetoras, ora a relax-las. O fato, entretanto, que algumas delas podero e devero ser seguidas com prioridade como: usar mosquiteiro para dormir, estacionar em local afastado de guas paradas para passar a noite ou para proporcionar descanso prolongado durante o dia e examinar abrigos antes de ocup-los,. (i) Outras medidas de expediente podero tambm ser seguidas, como untar as partes expostas do corpo (mos, rosto e pescoo) com lama (em casos extremos), em substituio a repelentes e luvas, e acender fogueiras no interior dos abrigos; podero, inclusive, ser adotados os processos usados pelos habitantes da rea para proteo contra mosquitos como a aplicao de leo de copaba. (j) No caso da malria, atualmente, no se aplica mais o uso de pastilhas qumicas base de quinina, cloroquina, primaquina e merfloquina como tratamento preventivo contra a malria, devido aos efeitos colaterais para o organismo e pelo mascaramento durante o perodo de incubao provocado por Plasmodiuns de naturezas diversas, contra todos os quais nenhum dos produtos acima possui eficincia comprovada. (l) O reconhecimento do anofelino transmissor da malria poder ser feito observando-se que ele pousa com a parte posterior bastante mais elevada que a anterior, formando com o plano de pouso um ngulo aproximado de 45, e que em suas asas existem manchas escuras (Fig 2-1). A doena conhecida tambm com os nomes de maleita, impaludismo e febre intermitente.

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Mosquito da malria (Anfele)

Mosquito da dengue (Aedes aegypti) Fig 2-1.

(m) Atualmente, recomenda-se para regio a vacinao antiamarlica obrigatria, contra febre amarela silvestre. (3) Generalidades sobre as doenas transmitidas por parasitos. (a) A tularemia, a febre recorrente e os vrios tipos de tifo constituem um grupo de doenas transmitidas pelos piolhos, pulgas, percevejos e carrapatos. (b) Diagnosticado o mal, o tratamento caber ao mdico. Preventivamente, o que se poder fazer, ser procurar destruir esses vetores. Assim, os piolhos, que transmitem o tifo epidmico (ou exantemtico), a febre das trincheiras e a febre recorrente - e que pertencem a trs espcies: piolho do corpo (principal responsvel pelas doenas), piolho da cabea e piolho do pbis (chato) - devero ser evitados e destrudos, se for o caso, pela execuo de um conjunto simples de medidas que constituem o despiolhamento. Os homens tomaro banho com sabo, freqentemente; quando necessrio, rasparo os cabelos das vrias partes do corpo, alm da utilizao de ps inseticidas. A gua para banho dever ser misturada com querosene, gasolina ou vinagre. Pentes finos devero ser passados na cabea. O p inseticida tambm dever ser usado nas roupas, particularmente nas costuras e dobras. Quando no se dispuser desses materiais, o que ser normal em sobrevivncia, as medidas preventivas tero de se reduzir ao banho e s inspees para a cata do piolho, quer nos homens, quer nas roupas ou equipamento. (c) As pulgas, vetores do tifo endmico e da peste bubnica, tm por veculos o rato e outros roedores de pequeno porte, e mesmo o co e o gato. Portanto, a primeira medida preventiva ser a eliminao desses animais; se algum for considerado de estimao, dever ser banhado freqentemente com gua e querosene em mistura e sabo; no caso dos ratos, podero eles ser apanhados por meio de armadilhas. As outras so semelhantes as do despiolhamento. 2-10

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(d) Os carrapatos so responsveis pelo chamado tifo de carrapato ou tifo exantemtico de SO PAULO, como tambm se denomina o mal. Sua destruio ser difcil, se no impraticvel, pois eles sero encontrados em grande nmero de animais silvestres, tais como esquilos, coelhos, antas, gambs (mucuras), bem como nas reas, particularmente nas trilhas, onde vivem esses animais. A vistoria da roupa e do corpo ser o melhor modo de encontrar e destruir o carrapato. Caso ele j esteja encravado na pele, no dever ser arrancado; a simples aproximao de uma ponta acesa de cigarro ser suficiente, ou ainda a aplicao no local de sal mido, iodo, limo, querosene, lcool ou gasolina. Se o ferro se separar do corpo, permanecendo na pele, para extirp-lo bastar que se retire com qualquer objeto pontiagudo, previamente desinfetado. (e) Os percevejos podero existir em quaisquer lugares em que possam viver em ntima associao com o homem. Escondem-se em locais que lhes possam oferecer proteo e disfarce; alimentam-se noite e sero capazes de sobreviver por seis meses sem alimento algum. So responsveis por um tipo de febre recorrente. A fumigao e o uso de inseticidas lquidos, gasolina, querosene, gua fervente, sero processos para destruir o parasito; falta destes, restaro as inspees visuais. (4) Doenas contagiosas - Muitas doenas, como as venreas, a difteria, a gripe comum, o sarampo, a tuberculose, a pneumonia, a varola, a rubola e a caxumba, so contradas pelo contato com elementos enfermos portadores destas doenas. Deve-se, por isso, ter especial cuidado nos aglomerados humanos por onde se tenha de passar em busca da sobrevivncia. (5) Doenas diversas (a) Existem, ainda, outras enfermidades encontradas na Regio AMAZNICA, merecendo ser citadas: a lepra, a bouba, a pinta e a esquistossomose. Essa ltima transmitida por caracis (caramujos encontrados nas guas). (b) Finalmente, apesar de no ser propriamente uma doena, o ttano resultante da contaminao de feridas e escoriaes. A preveno repousa no emprego da vacina antitetnica. Os no vacinados, portanto, devero ter bastante cuidado com os ferimentos na pele, os quais, to logo verificados, devero ser desinfetados e mantidos higienicamente. ARTIGO III PRIMEIROS SOCORROS 2-4. INTRODUO a. Neste Artigo constam algumas medidas que devero ser adotadas em face de vrios acidentes passveis de acontecer na selva. Se aplicadas, possibilitaro a sobrevivncia, aumentando a capacidade de permanecer no ambiente, quer individualmente, quer em grupo.

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b. Algumas medidas no constam de manuais e outras podero ser complementadas pelo C 21-11 - PRIMEIROS SOCORROS (exceto o assunto sobre tratamento de acidente com ofdios) e C 8-50 - BANDAGEM E IMOBILIZAO. c. Devem ser tratados com prioridade os acidentados que apresentarem hemorragias e fraturas expostas. 2-5. EXAUSTO, CIMBRAS, INSOLAO E INTERMAO Na falta de sal comum ou de pastilhas de sal, usar-se- cinza proveniente das madeiras queimadas em fogueira, em grande quantidade. Poder, tambm, ser obtido sal aps cortar em tiras as moelas das aves e coloc-las para ferver com gua. Aps a evaporao total da gua, retiram-se os pedaos da moela e no fundo do recipiente (normalmente um caneco ou lata) existir um sal grosseiro em condies de uso. 2-6. FERIMENTOS DE MODO GERAL Os regionais recomendam os seguintes tratamentos, que devem ser considerados alternativos e somente utilizados na carncia de recursos mais apropriados. a. Fazer sangrar o ferimento, lav-lo com limo, aplicar cinza e proteglo com atadura. b. Aplicar: (1) cinza; (2) o picum, que a teia de aranha enegrecida pela fuligem; (3) o raspado, que o limo das rvores; (4) a folha morna da capeba; (5) leo de copaba ou de andiroba; (6) o sumo da casca do matamat; (7) o p da casca do ju ou juazeiro. c. Lavar: (1) com ch da casca do cajueiro e aplicar leo de copaba; (2) com gua de magaba brava extrada da casca; torrar a casca, socla at virar p e aplic-la no ferimento. d. Proceder como os indgenas: urinar em cima do ferimento. 2-7. QUEIMADURAS Os regionais recomendam os seguintes tratamentos alternativos, que s devem ser utilizados em situao de carncia dos recursos mais adequados.

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IP 21-80 a. Aplicar: (1) o raspado (limo da rvore); (2) banha de anta ou de veado; (3) leo de pequi; (4) leo das sementes de andiroba. b. Cobrir com qualquer gordura. c. Colocar leite de bananeira. 2-8. FERIMENTOS INFECCIONADOS

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Os regionais recomendam os seguintes tratamentos alternativos, que s devem ser utilizados em situao de carncia dos recursos mais adequados. Aplicar: (1) pasta do fruto de ju; (2) mingau frio da massa de macaxeira; (3) cataplasma da raiz de abutua, leite de amap e infuso da casca de andiroba; (4) leo de andiroba ou de copaba; (5) folha morna de capeba. 2-9. HEMORRAGIAS a. Ao apresentar-se um caso de hemorragia, colocar uma compressa esterilizada diretamente sobre a ferida e comprimi-la com a mo, ou por meio de ataduras firmemente colocadas. Se a hemorragia no ceder, o membro ferido dever ser posto em posio mais elevada. b. O torniquete ou garrote, somente dever ser usado quando se tratar de membro gravemente ferido e quando a hemorragia no puder ser estancada pela compressa de presso. Procurar apalpar a artria mais importante da regio ferida; se a localizar, comprimi-la com os dedos, com a mo aberta ou fechada, conforme o caso, e o torniquete ser de fcil colocao, podendo ser feito com o auxlio de um pequeno coxim improvisado. O fato de no localizar a artria no deve constituir motivo srio de preocupao. O torniquete, quando aplicado em perna ou brao, na coxa ou no antebrao, dever ser colocado entre a ferida e o corao. Os torniquetes devem ser afrouxados de 15 em 15 min ou de 20 em 20 min. Se a extremidade do membro tornar-se fria e de cor azulada, o torniquete dever ser afrouxado com freqncia, ao mesmo tempo que os maiores esforos devem ser envidados para conservar a parte em tratamento to quente e agasalhada quanto possvel, quando o frio for intenso. O afrouxamento do torniquete dever permitir correr o sangue durante alguns segundos.

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2-10/2-11 2-10. FRATURAS

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a. Os feridos com fraturas devero ser tratados com cuidado e delicadeza, a fim de que o seu sofrimento no seja aumentado e suas leses agravadas. b. No se deve remover a pea de roupa que cobre um membro fraturado. Havendo ferimento, cortar e retirar a pea e tratar a leso (ou ferida) antes de colocar as talas. c. A roupa desprende-se com mais facilidade nas costuras. d. As talas podero ser improvisadas de peas e partes do equipamento, ou ento de peas de roupas enroladas e bem apertadas, ou ainda de galhos de rvores, bambus e outros acolchoados com material macio. As talas devero ser suficientemente longas, de modo a abranger as juntas acima e abaixo da fratura. e. O paciente dever ser conservado deitado e quieto, procurando-se no mov-lo desnecessariamente. Procurar manter, com as talas, a fratura bem imobilizada. No tentar, em hiptese alguma, forar os ossos partidos para a posio que seria normal. f. Improvisar uma maca para o transporte do ferido com duas blusas de instruo ou de combate e duas varas, ou com duas varas e um cobertor; introduzir as varas pelas mangas das blusas ou dobrar meio cobertor sobre as duas varas dispostas paralelamente, deitar o paciente e recobri-lo com a outra metade do cobertor. g. Recomenda-se metodizar o uso de um aparelho plstico, extremamente leve e porttil, chamado READISPLINT, o qual, dobrado, poder ser acondicionado em pequena bolsa ou mesmo nos bolsos do uniforme. Tal aparelho corresponde aos membros superiores e inferiores e, uma vez adaptado ao membro fraturado, inflado pelo sopro. Permite imobilizao segura, fcil e satisfatria sob o ponto de vista ortopdico, bem como o transporte do ferido por horas seguidas e at por alguns dias, sem molest-lo. 2-11. TORCEDURAS Colocar as ataduras e manter em descanso a parte afetada. A aplicao imediata de frio, no lugar afetado, poder evitar a inchao. Aps diminuir a inchao (entre 6 ou 8 horas), a aplicao de calor aliviar a dor. Pr a extremidade machucada em nvel mais alto. Se o uso do membro machucado for de todo necessrio, imobilizar a articulao afetada por meio de forte enfaixamento. No havendo ossos fraturados, poder-se- fazer uso do membro afetado at o limite permitido pela dor.

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CAPTULO 3 ANIMAIS PEONHENTOS E VENENOSOSARTIGO I PEONHA 3-1. GENERALIDADES Na selva existem inmeros animais que podero atuar como inimigo do homem, se este no estiver capacitado a evit-los ou a debelar os malefcios que podero decorrer da sua peonha ou do seu veneno. a. Animal Peonhento - aquele que segrega substncias txicas com o fim especial de serem utilizadas como arma de caa ou de defesa. Apresentam rgos especiais para a sua inoculao. Portanto, para que haja uma vtima de peonhamento, necessrio que a peonha seja introduzida por este rgo especializado, dentro do organismo da vtima. b. Animal Venenoso - aquele que, para produzir efeitos prejudiciais ou letais, exige contato fsico externo com o homem ou que seja por este digerido. Como exemplos de animais venenosos existem o sapo-cururu (Fig 3-1), os sapinhos venenosos (Fig 3-2) e o peixe baiacu.

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Fig 3-1. Sapo cururu.

Fig 3-2. Sapinhos venenosos 3-2. FUNO DA PEONHA Possui uma dupla ao: paralisante e digestiva. Em virtude da reduzida mobilidade das serpentes, elas necessitam de um meio para deter os movimentos da sua vtima, de modo a poder ingeri-la. Da a funo paralisante da peonha. A digesto nos ofdios, como nos demais animais, faz-se por decomposio dos alimentos que facilitada pela inoculao da peonha, anterior ingesto da vtima.

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IP 21-80 3-3. AAO PATOGNICA DA PEONHA

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Vrios fatores interferem na ao patognica da peonha. Ser de acordo com esses fatores que haver maior ou menor gravidade para uma vtima de empeonhamento. a. Local da Picada - No caso dos gneros Crotalus (cascavel) e Micrurus (coral), cujas peonhas tm ao neurotxica, quanto mais prxima dos centros nervosos a picada, maior a gravidade para a vtima. E, tambm, no caso da picada de qualquer ofdio peonhento, se a regio atingida for muito vascularizada, maior ser a velocidade de absoro e os efeitos sero mais precoces. b. Agressividade - A surucucu-pico-de-jaca e a urutu, alm do grande porte, conseqentemente, possuem a glndula da peonha tambm avantajada, so as mais agressivas, trazendo maior perigo para a vtima. c. Quantidade Inoculada - Estar na dependncia do perodo entre uma picada e outra, bem como da primeira e das subseqentes picadas, quando realizadas no mesmo momento. As glndulas da peonha levam 15 dias para se completarem. d. Toxidez da Peonha - A peonha crotlica mais txica do que a botrpica e ambas, menos que a elapdica. e. Receptividade do Animal Picado - A receptividade peonha ofdica depende do animal haver sido picado anteriormente, desenvolvendo imunidade, ou no. Estudos recentes comprovaram que o gamb no exceo regra, existindo dvidas com relao ao urubu. Contudo os animais que foram tratados com soro antiofdico ao receberem nova dosagem possuem maior probabilidade de apresentar uma reao anafiltica, que pode levar ao choque, pois o organismo conta com uma memria imunolgica contra a protena eqina contida no medicamento. f. Peso do Animal Picado - A gravidade do caso ser proporcional a uma maior ou menor diluio da peonha no sangue. Quanto maior o animal, mais diluda estar a peonha e menos grave ser a sua ao. ARTIGO II OFDIOS 3-4. GENERALIDADES Entre os animais peonhentos, so os ofdios aqueles que mais chamam a ateno, quer pelas dimenses avantajadas que podem alcanar, quer pela quantidade de peonha que podem inocular e, conseqentemente, pelo grande nmero de acidentes fatais que a sua picada pode motivar. 3-3

3-5 3-5. CLASSIFICAO

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a. Sistemtica Animal - No BRASIL, temos classificadas como principais, dentro da sistemtica animal, as seguintes famlias e gneros ofdicos:

FAMLIA

GNERO CROTALUS BOTHROPS BOTHRIOPS LACHESIS

NOME VULGAR CASCAVEL JARARACA SURUCUCU-DEPATIOBA SURUCUCU CORAL JIBIA SUCURI

VIPERIDAE

ELAPIDAE BOIDAE

MICRURUS BOA EUNECTES

b. Disposio Dentria (Fig 3-3) - Os ofdios podem ainda ser classificados quanto disposio dentria, cujo conhecimento importante, porquanto permite reconhecer se o animal ou no peonhento. Assim, sero: (1) glifas - Todos os seus dentes so iguais, inclusive os maxilares, macios e retrgrados, servindo para auxiliar a impelir a presa para trs. So consideradas no peonhentas. Exemplo: famlia BOIDAE. (2) Opistglifas - Possuem um ou mais pares de dentes bem salientes e chanfrados longitudinalmente, localizados na parte posterior da arcada dentria superior. Apesar do aparelho inoculador ser mais aperfeioado que nas glifas, sua localizao e ranhura no muito perfeita dificultam a inoculao e favorecem a disperso da peonha, sendo raros os casos de acidentes humanos com esta espcie. Exemplo: falsas corais. (3) Proterglifas - Apresentam um ou mais pares de dentes bastante aumentados e profundamente chanfrados, localizados na parte anterior do maxilar superior. Seu sistema inoculador j bem mais perfeito que o das anteriores. So perigosos. Exemplo: corais venenosas. (4) Solenglifas - Possuem um ou mais pares de dentes maxilares grandes, mveis, por estar sua insero revestida por uma mucosa, possuindo um canal interior. Seu aparelho inoculador perfeito, ficando pronto a introduzir a peonha na vtima, qual agulha de injeo, indo as presas frente quando o ofdio abrir a boca. Exemplo: famlia VIPERIDAE. OBSERVAO: Toda solenglifa peonhenta.

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Fig 3-3. Disposio dentria dos ofdios

3-6. CARACTERSTICAS a. rgos Sensoriais (1) Viso - Ao contrrio da sabedoria popular, os ofdios tm boa viso, exceto, quando trocam a pele. Porm sua posio relativa, normalmente prxima ao solo, reduz seu campo visual. (2) Olfato - utilizado pelos ofdios para perseguir suas presas e para a reproduo, procura do par para o acasalamento. Utiliza sua lngua para captao de odores. (3) Detectores trmicos - Em alguns ofdios so identificados certos detectores trmicos, denominados escamas supralabiais, na Famlia Boidae, e fossetas loreais, na Famlia VIPERIDAE, servindo ainda para captar vibraes do ar.

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b. Movimentos - Podem os ofdios realizar os seguintes movimentos: (1) deslizar (reptar); (2) projetar-se sobre a presa (bote); (3) saltar; (4) escalar alturas em planos inclinados ou verticais; (5) mergulhar tanto na gua como na areia; e (6) nadar. c. Vivenda - Os ofdios podem ter hbitos: (1) subterrneos. Exemplo: Micrurus (corais); (2) terrestres. Exemplo: Crotalus (cascavel); (3) aquticos. Exemplo: serpentes marinhas; (4) arborcolas. Exemplos: Sucururu-de-Patioba e Jibia; e (5) terrestres. Aquticos e arborcolas, exemplo: sucuri. d. Presena dos Ofdios - Na selva, as serpentes no so encontradas to facilmente, como popularmente se admite. Cumpre lembrar que elas surgem em maior nmero numa determinada rea, em decorrncia do aparecimento do prprio homem que, aps instalado, trata de prover a sua subsistncia mediante o cultivo do milho, da macaxeira, da batata doce etc. Procurando alimentos, viro em conseqncia os roedores, como cutias, mucuras, cutiaras e pacas, que, por sua vez, atrairo os ofdios. Da, a incidncia maior destes nos campos e cerrados. 3-7. DIFERENCIAO (Fig 3-4) a. No Peonhentos: (1) cabea estreita, alongada, coberta por placas; (2) olhos grandes com pupilas redondas; (3) corpo coberto por escamas achatadas e lisas; (4) cauda longa, afinando gradual e lentamente; (5) quando perseguidos, fogem; (6) movimentos rpidos; (7) hbitos diversos; e (8) ovparos (pem ovos). b. Peonhentos: (1) cabea triangular, bem destacada do corpo e coberta por escamas, semelhana do corpo; (2) olhos pequenos, com pupilas em fenda vertical; (3) existncia de fosseta loreal entre os olhos e as narinas; (4) escamas speras, em forma de quilha (carinadas); (5) cauda curta, afinando bruscamente; (6) hbitos noturnos; (7) movimentos lentos; (8) quando instigados, tomam posio de ataque; e (9) ovovivparos - seus ovos so incubados no interior do organismo materno e, posteriormente, os filhotes so expelidos vivos. 3-6

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c. Essas caractersticas so regras a serem observadas contudo jamais podero representar a certeza de ser um ofdio peonhento ou no, principalmente no caso do Gnero Micrurus (corais), que foge totalmente a tais regras e das jibia e sucuri que possuem vrias caractersticas de peonhentas e no so.

Fig 3-4. Diferenciao entre ofdios venenosos e no venenosos 3-7

3-8 3-8. FAMLIA VIPERIDAE

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a. Gnero Crotalus - Compreende vrias espcies de CASCAVIS, entre elas, a Crotalus durissus terrificus e a Crotalus terrificus terrificus (Fig 3-5). (1) Caractersticas: (a) cabea triangular coberta por escamas; (b) possui fosseta loreal; (c) presena do chocalho na extremidade da cauda; (d) desenhos em forma de losangos marrom-escuros com frisos amarelo-plidos, ao longo da coluna vertebral; (e) solenglifas; e (f) hbitos diuturnos. (2) Habitat - Vive em lugares secos e arenosos, no existindo, em conseqncia, na Selva AMAZNICA. Entretanto, confirmando que a presena de serpentes numa rea conseqncia da prpria presena do homem, nos campos dos Estados de RORAIMA, de RONDNIA e do Sul do AMAZONAS (Regio de HUMAIT), j foram identificadas cascavis. (3) Ao da peonha - Todos os sintomas sero sempre proporcionais ao grau de empeonhamento: (a) a peonha crotlica hemoltica (destri os glbulos vermelhos), neurotxica e miotxica; (b) dor local pouco freqente e geralmente fraca, a no ser que a picada tenha atingido uma regio muito sensvel, como a extremidade dos dedos; (c) a regio fica normal