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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Departamento de Ciências dos Alimentos Bacharelado em Química de Alimentos Disciplina de Seminários Quitina e Quitosana: Aspectos gerais de obtenção e aplicações Cleonice Gonçalves da Rosa

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTASDepartamento de Ciências dos Alimentos

Bacharelado em Química de AlimentosDisciplina de Seminários

Quitina e Quitosana: Aspectos gerais de obtenção e aplicações

Cleonice Gonçalves da Rosa

Pelotas, 2008.

CLEONICE GONÇALVES DA ROSA

Quitina e Quitosana: Aspectos gerais de obtenção e aplicações

Trabalho acadêmico apresentado ao

curso de Bacharelado em Química de

Alimentos da Universidade Federal de

Pelotas, como requisito parcial da

Disciplina de Seminários.

Orientadora: Josiane Chim

Pelotas, 2008.

2

Agradecimentos

Aos meus familiares, em especial meus pais, pelo apoio e incentivo para a

realização deste trabalho.

A todos os professores que me ajudaram na elaboração deste trabalho

acadêmico, principalmente a professora Josiane Chim pela atenciosa

orientação.

Aos colegas da Casa do Estudante Carine, Carla e Joyce que de alguma

forma contribuíram no desenvolvimento deste trabalho, em especial ao

Michael.

A todos os amigos da UFPEL, principalmente aos colegas que

contribuíram para a realização do trabalho através de conversas, trocas de

informações e bibliografias.

A Deus, pela presença constante em minha vida.

3

ROSA, Cleonice G. Quitina e Quitosana: Aspectos gerais de obtenção e aplicações. 2008. 33f. Trabalho acadêmico. Bacharelado em Química de

Alimentos. Universidade Federal de Pelotas.

Resumo

Quitina e quitosana são copolímeros constituídos por unidades N-

acetil-D-glicosamina e D-glicosamina em proporções variáveis, sendo que o

primeiro tipo dessas unidades predomina no caso de quitina, enquanto

quitosana é composta predominantemente, por unidades D-glicosamina-1. A

quitina é o segundo polissacarídeo mais abundante na natureza depois da

celulose, sendo o principal componente do exoesqueleto de crustáceos e

insetos; sua presença ocorre também na parede celular de fungos e leveduras.

A quitosana pode ser obtida a partir da quitina por meio da desacetilação com

álcalis. A quitosana é um polissacarídeo que exibe numerosas propriedades

tecnológicas e biológicas, encontrando aplicações em diferentes campos:

agricultura, cosméticos, alimentos, bioadesivos, filmes ou coberturas, hidrogéis,

micropartículas e outros, devido à sua biocompatibilidade, biodegradabilidade e

bioatividade. A importância da quitosana consiste em suas propriedades

antimicrobianas, inibição do desenvolvimento de alguns fungos, leveduras e

bactérias, na característica catiônica, a capacidade de formar filmes ou

coberturas e ainda é utilizada no meio ambiente em removedores de poluentes.

4

Lista de Figuras

Figura 1. Estrutura química da quitina...............................................................12

Figura 2. Estrutura química da celulose............................................................13

Figura 3. Processo de obtenção da quitina.......................................................15

Figura 4. Estrutura química da quitosana..........................................................17

Figura 5. Reação química da desacetilação da quitosna..................................18

Figura 6. Seqüência empregada para processamento de gel de quitosana e

depósito deste sobre frutas.......................................................................................22

Figura 7. Aparência de maçãs após 3 dias do corte. (A) superfície revestida com

filme de quitosana e (B) face sem cobertura............................................................23

5

Sumário

1 Introdução.........................................................................................................7

2 Polissacarídeo..................................................................................................9

3 Quitina: Origem, Composição, Características, Estruturas............................11

3.1 Origem.........................................................................................................11

3.2 Composição.................................................................................................11

3.3 Características físico-químicas....................................................................12

3.4 Estrutura química........................................................................................12

4 Processos de obtenção da quitina.................................................................14

5 Processos de obtenção da quitosana.............................................................17

5.1 Desacetilação..............................................................................................17

6 Quitosana: Origem, Composição, Características, Estruturas.......................19

6.1 Origem.........................................................................................................19

6.2 Composição.................................................................................................19

6.3 Características físico-químicas....................................................................20

6.4 Estrutura química........................................................................................20

7 Aplicações da Quitosana................................................................................21

7.1 Revestimento de filmes comestíveis...........................................................21

7.2 Tratamento de efluentes..............................................................................24

7.3 Redutor de Gorduras...................................................................................27

8 Conclusão.......................................................................................................29

9 Referências....................................................................................................30

6

1 Introdução

Os polissacarídeos são compostos por macromoléculas com dezenas,

centenas e até milhares de açúcares simples unidos por ligações glicosídicas

do tipo β (1→4), e constituem um dos grupos mais abundantes da natureza.

São encontrados em plantas, animais e microrganismos (fungos e bactérias)

nos quais servem para armazenamento de energia ou como material estrutural

(McMURRY,1996).

Os tecidos animais geralmente contêm menor proporção de

carboidratos em relação aos vegetais e microrganismos. A quitina, contudo, é

um importante componente orgânico dos artrópodes (animais), sendo precursor

direto da quitosana. Nos constituintes orgânicos microbianos a quitina é

superada somente pela celulose em abundância (TAUK, 1990).

A quitina é o segundo polissacarídeo mais abundante da natureza,

após a celulose, estando presente em exoesqueleto de crustáceos, insetos,

moluscos e fungos. A produção desta provém da carapaça de crustáceos,

como a lagosta, o caranguejo e o camarão, que contém de 15 a 25% de quitina

(MATHUR e NARANG, 1990).

A quitosana é um polissacarídeo de cadeia linear, catiônico com a

protonação (adição de prótons) do grupo amino (NH3+), podendo ser obtido

pela desacetilação da quitina, diferenciando-se desta em termos de proporção

de grupos aminos e quanto à solubilidade (MOURA 2005; VARMA,

DESHPANDE e KENNEDY, 2004). Essa característica da quitosana de

apresentar grupos aminos livres aumenta a sua capacidade de reagir com

várias moléculas, tornando o biopolímero com maior disponibilidade de grupos

pendentes, podendo ser empregada tanto nas formas de pó, esferas ou filmes

(AIROLDI, 2008).

Existe uma grande variedade de trabalhos sobre as propriedades,

características e aplicações da quitosana, a qual é atualmente utilizada em

diversas áreas, como medicina, agricultura, biotecnologia, indústria de

cosméticos, produtos alimentícios e como adsorvente na remoção de corantes

7

e espécies metálicas. O presente estudo está focalizado em três utilizações

deste biopolímero: como estratégia para o tratamento de efluentes, como

revestimento de alimentos e como redutor de gorduras. Assim, objetiva-se

descrever a obtenção da quitina e a produção da quitosana, além de mostrar

algumas de suas várias aplicações, visto que esta é uma fonte de matéria-

prima altamente renovável e economicamente viável. Durante o processo de

recapitulação de referencial teórico foi possível verificar grande variedade de

utilizações desse importante biopolímero para saúde, meio ambiente e para a

alimentação, comprovando a importância de estimular o desenvolvimento de

estudos nessa área.

8

2 Polissacarídeo

Os carboidratos são biomoléculas mais abundantes na face da Terra,

compostas essencialmente de C, H e O, e devido a essa relação eles são

também chamados de hidratos de carbono. Embora a maioria dos carboidratos

comuns se ajuste a essa fórmula empírica (CH2O), outros não o fazem,

apresentando em sua composição nitrogênio, enxofre ou fósforo. Os

carboidratos mais simples, aqueles que não podem ser hidrolizados em

molécula mais simples, são chamados de monossacarídeos. Em uma base

molecular, os carboidratos que sofrem hidrólise para produzir apenas duas

moléculas de monossacarídeos são chamados de dissacarídeos, aqueles que

produzem três moléculas de monossacarídeos são chamados de

trissacarídeos. Os carboidratos que se hidrolizam para produzir 2-10 moléculas

são chamados de oligossacarídeo. Aqueles que produzem um grande número

de moléculas de monossacarídeos (> 10) são conhecidos como

polissacarídeos. Alguns como a celulose e a quitina, ocorrem em cadeias

lineares, enquanto outros como o glicogênio apresentam-se em cadeias

ramificadas (SOLOMONS e FRYHLE, 2006).

A maioria dos carboidratos encontrados na natureza ocorre como

polissacarídeo e são polímeros de alto peso molecular. Esses compostos

diferem entre si na identidade das suas unidades monossacarídicas e nos tipo

de ligações que as une, no comprimento de suas cadeias e no grau de

ramificação das mesmas. Os homopolissacarídeos contêm um único tipo de

unidade monomérica; os heteropolissacarideos contêm dois ou mais tipos de

diferentes de unidades monoméricas. Os homopolissacarídeos servem como

forma de armazenamento de monossacarídeos empregados como combustível

pelas células do organismo, como por exemplo, o amido e o glicogênio. Outros

como a (celulose e quitina) servem como elementos estruturais das paredes de

células vegetais e do exoesqueleto de animais (LEHNINGER, NELSON e COX,

2000).

9

A quitina é um homopolissacarídeo proveniente de crustáceos,

moluscos, insetos, cogumelos e outros organismos. A quitina é conhecida

como o segundo mais abundante biopolímero – o termo biopolímero é definido

como um agrupamento de macromoléculas de origem biológica – depois da

celulose, e quando sofre o processo de desacetilação conduz à quitosana, que

do ponto de vista reacional é muito mais atrativa por conter um grupo amino,

que propicia a modificação química da estrutura polimérica original. No

esqueleto do biopolímero, a quitina apresenta o grupo acetilado (NHCOCH3) e

a celulose o grupo OH, na posição 2 do mesmo esqueleto estrutural do anel

(AIROLDI, 2008).

10

3 Quitina: Origem, Composição, Características, Estruturas

3.1 Origem

O termo “quitina” é derivado da palavra grega “khitón”, que significa

carapaça ou caixa de revestimento, uma vez que sua função na natureza é de

revestimento e proteção de invertebrados.

A quitina foi descoberta em 1811 em cogumelos pelo professor francês

Henri Braconnot, recebendo a denominação inicial de fungina. O nome quitina

foi dado por Odier, em 1823, quando esta foi isolada de insetos. Por muitos

anos, houve controvérsia se tratava de um novo material, já que o mesmo tinha

muitas semelhanças estruturais com a celulose.

Finalmente, em 1843, Payen registrou a presença de nitrogênio na

estrutura da quitina. O conteúdo de nitrogênio na quitina varia de 5 a 8 %,

dependendo do processo de desacetilação (SANTOS, 2004).

3.2 Composição

O fato da quitina poder ser extraída a partir de matérias-primas

abundantes e relativamente baratas – consideradas como refugos da atividade

pesqueira voltada para exploração industrial de frutos do mar – tem sido

destacado como um fator importante em favor de sua produção, visando à

utilização em larga escala. Entretanto, deve ser reconhecido que, em se

tratando de produto natural cuja biossíntese não está sob estrito controle

genético, ocorrem variações de composição e, além disso, a quitina raramente

ocorre em forma pura. Assim, a completa eliminação das substâncias com as

quais a quitina ocorre naturalmente associada não é uma tarefa simples e é por

vezes muito difícil atingir um padrão de pureza condizente com determinadas

aplicações (CAMPANA-FILHO et al., 2007).

11

3.3 Características físico-químicas

A quitina é um pó incolor, cristalino ou amorfo, insolúvel em água,

solventes orgânicos, ácidos diluídos e soluções alcalinas. Ela se dissolve em

ácidos minerais concentrados, com degradação simultânea da cadeia

polimérica (SANTOS, 2004).

3.4 Estrutura química

Estruturalmente, a quitina (Fig. 1) é semelhante à celulose (Fig. 2)

substituindo-se os grupos OH do carbono-2 de cada unidade glicosídicas da

celulose por grupos aminoacetilados (-NHCOCH3). Logo a quitina é um

polissacarídeo linear contendo cadeias de resíduos β-(1-4)-2-acetamida-2-

dexosi-D-glicose.

Figura 1. Estrutura química da quitina.

Fonte: SANTOS, 2004.

12

Figura 2. Estrutura química da celulose.

Fonte: SANTOS, 2004.

13

4 Processos de obtenção da quitina

As principais matérias-primas para produção industrial de quitina são

as carapaças de crustáceos originadas do processamento industrial de frutos

do mar. A síntese química de quitina é uma tarefa difícil e custosa e sua

produção pela via biotecnológica ainda não é economicamente atrativa. O

Japão, os EUA e a China são os maiores produtores mundiais de quitina, mas

o polímero também é produzido, ainda que em menor escala, na Índia,

Noruega, Canadá, Itália, Polônia, Chile e Brasil (SANTOS, 2004).

A extração de quitina a partir da biomassa, a exemplo do que acontece

com a extração de celulose de fibras vegetais, envolve a execução de

tratamentos químicos seqüenciais, destinados a eliminar as substâncias que a

acompanham. Esses tratamentos envolvem etapas de: pré-tratamento,

desmineralização, desproteinização, desodorização e secagem (MOURA,

2005).

Na Fig. 3, estão mostrados os tratamentos para a eliminação dos

componentes que acompanham a quitina.

14

Figura 3. Processo de obtenção da quitina.

Fonte: CAMPANA-FILHO et al., 2007.

O pré-tratamento com água corrente, é uma das operações

preliminares à obtenção de quitina, e tem como objetivo a separação do

material grosseiro, entre eles material vegetal, porções de tecido e outros

materiais que eventualmente possam acompanhar o resíduo.

A etapa de desmineralização tem por objetivo reduzir o teor de cinzas

(sais minerais) da matéria-prima, principalmente carbonato e fosfato de cálcio.

É realizado com ácido clorídrico, sendo possível também utilizar soluções

aquosas de diferentes ácidos, como HNO3, H2SO3, HCOOH, H3CCOOH. Após,

seguem-se lavagens até pH neutro. O tratamento pode ser executado em

diferentes condições; a temperatura e o tempo do tratamento podem variar

entre 0 e 100 °C e de 30 min até 48 h, respectivamente, mas as condições

vigorosas devem ser evitadas, pois provocam severa despolimerização e a

conseqüente degradação das propriedades ligadas ao caráter macromolecular

da quitina. O tratamento com soluções de EDTA é muito mais brando, mas

também muito menos eficiente que o tratamento com ácido diluído. O

tratamento com soluções diluídas de HCl, por tempos curtos e à temperatura

15

ambiente assegura, a completa remoção dos sais minerais sem promover a

degradação das cadeias, mas a otimização do processo deve levar em conta a

determinação prévia do teor de minerais da matéria- prima.

A etapa de desproteinização tem a função de reduzir o teor de

nitrogênio protéico (remoção de proteínas), este pode ser eliminado por

tratamentos com soluções aquosas de diferentes bases, como NaOH, Na2CO3,

NaHCO3, KOH, K2CO3, Ca(OH)2, mas o emprego de NaOH (1-10%) e de

temperaturas relativamente elevadas (65-100 ºC) é a prática mais comum.

Consiste em adicionar solução de hidróxido de sódio 5 % à matéria-prima

desmineralizada que se encontra no tanque sob agitação. Entretanto, as

condições reacionais devem ser brandas, para evitar, ou minimizar, a

ocorrência de hidrólise dos grupos acetamida presentes na quitina e também

sua despolimerização. Os tratamentos enzimáticos (pepsina, tripsina, alcalases

e outras proteases podem ser empregadas) são mais brandos e menos

eficientes que o tratamento químico e, embora ainda não sejam empregados

em larga escala, propiciam o aproveitamento potencial do hidrolisado proteico

pela indústria alimentícia.

Na etapa de desodorização, a matéria-prima desproteinizada é

colocada em um tanque de agitação, ao qual é adicionada solução de

hipoclorito de sódio. O objetivo dessa operação é acentuar a redução de odor

proveniente do material e a retirada de pigmentos. Faz-se então a lavagem

com água, para retirar o hipoclorito de sódio restante, até pH neutro.

Após a desodorização é necessária a secagem do produto obtido

(quitina úmida). Essa secagem é realizada à temperatura de 80ºC por quatro

horas, para que a entrada no reator de desacetilação não altere a concentração

de solução.

Embora a seqüência de desmineralização, desproteinização e

despigmentação possa ser alterada (a execução da desproteinização como

primeira etapa leva à obtenção de quitina calcárea, a qual tem suas próprias

aplicações) esta parece ser a mais adequada à preservação da quitina, pois a

associação proteínas/quitina preserva, em certa medida, a estrutura nativa do

polissacarídeo do ataque ácido (MOURA et al., 2005; CAMPANA-FILHO,

2007).

16

5 Processos de obtenção da quitosana

5.1 Desacetilação

A desacetilação da quitina leva à obtenção de quitosana, seu mais

importante derivado, cuja estrutura primária é idêntica à da quitina a não ser

pelo fato que na quitosana predominam as unidades 2-amino- 2-desoxi-D-

glicopiranose, como mostrado na Fig. 4.

Figura 4. Estrutura química da quitosana.

Fonte: SANTOS, 2004.

De fato, a completa desacetilação da quitina raramente é realizada,

pois são necessárias muitas reações consecutivas, que também favorecem a

sua progressiva despolimerização. Assim, o termo quitosana abrange o

conjunto de copolímeros que contém ao menos 50-60% de unidades 2-amino-

2-desoxi-D-glicopiranose. Não há limites bem definidos em termos dos

conteúdos de unidades 2-acetamido-2-desoxi-D-glicopiranose e 2-amino-2-

desoxi-D-glicopiranose para a distinção de quitina e quitosana, mas em função

de suas composições distintas os polímeros exibem propriedades bem

diferentes. Do ponto de vista prático é a solubilidade que permite a distinção

mais simples e rápida, pois quitosanas são solúveis em soluções aquosas

17

diluídas de vários ácidos (as soluções de ácido acético e clorídrico são as mais

comumente empregadas), mas quitina não é solúvel nesses meios, sendo

dissolvida apenas em poucos sistemas solventes (AIROLDI, 2008).

A desacetilação da quitina pode ser realizada por processos químicos

ou enzimáticos, porém esses últimos não são empregados em escala

industrial, devido aos custos elevados de extração das desacetilases, bem

como, sua baixa produtividade. Os processos químicos da desacetilação de

quitina podem ser realizados pela via homogênea, a qual se realiza com álcali-

quitina, ou heterogênea, sendo esta a mais extensivamente usada e estudada.

Geralmente a quitina é suspensa em soluções aquosas concentradas de NaOH

ou KOH (40 - 60%) por tempo variáveis (0,5 - 24 h) e a temperaturas

relativamente elevadas (50 - 130 °C). As características da quitosana obtida

são determinadas pela concentração da solução alcalina e razão

quitina/solução alcalina, tamanho das partículas de quitina, temperatura, tempo

e atmosfera de reação. As condições mais severas são geralmente

empregadas no sentido de favorecer a eficiência da desacetilação, porém disso

resulta em acentuada despolimerização via hidrólise alcalina (CAMPANA-

FILHO, 2007).

Na Fig. 5 é mostrada a reação química de desacetilação da quitosana

em presença de NaOH.

Figura 5. Reação química da desacetilação da quitosana.

Fonte: AIROLDI, 2008.

18

6 Quitosana: Origem, Composição, Características, Estruturas

6.1 Origem

Em torno de 1823, os pesquisadores Odier e Children relatam, que

isolaram a quitina com múltiplos tratamentos com soluções de hidróxido de

potássio concentrado. Na realidade foi isolado quitosana ao invés de quitina.

No entanto, a quitosana foi descrita pela primeira vez em 1859 por Rouget.

Este nome foi proposto em 1894 por Hoppe Seyler pelo fato que esta

substância possuía quantidade de nitrogênio igual a quitina (JÚNIOR, 1999).

A quitosana foi produzida industrialmente por volta de 1971, no Japão e

EUA, países esses líderes do mercado mundial de quitosana. Por volta de

1993 o Brasil também passou a comercializar quitina e quitosana em larga

escala. Duas empresas brasileiras tem se destacado na produção e

comercialização destes biopolímeros como Polymar Indústria Comércio

Exportação e Importação, situada em Fortaleza-CE e Kito Química Fina,

localizada em Palhoça-SC (SANTOS, 2004).

6.2 Composição

A quitosana é um copolímero biodegradável, constituído de unidades

de D-glucosamina que contém um grupo amino livre. A desacetilação da quitina

leva à produção de copolímeros de composição e massa molar variável em

função das condições e da extensão da reação. Dessa forma, a

reprodutibilidade de características e de propriedades nem sempre se verifica,

mesmo quando condições reacionais semelhantes são empregadas na

desacetilação de quitina, visando à preparação de quitosana (CAMPANA-

FILHO et al., 2007).

19

6.3 Caracteristicas físico-químicas

A quitosana é solúvel em meio ácido diluído, formando um polímero

catiônico, com a protonação (adição de prótons) do grupo amino (NH3+), que

confere propriedades especiais diferenciadas em relação às fibras vegetais,

como a celulose (AZEVEDO et al., 2007).

6.4 Estrutura química

A quitosana é um polissacarídeo de cadeia linear, catiônico, que ocorre

naturalmente ou pode ser obtido por desacetilação da quitina. Embora não

exista uma nomenclatura definitiva que estabeleça uma diferença entre quitina

e quitosana, o termo “quitosana” geralmente representa copolímeros de 2-

amino-2- desoxi-D-glicose.

20

7 Aplicações da Quitosana

Diferentes metodologias e estratégias de aplicações da quitosana têm

sido propostas na literatura. A grande maioria dos trabalhos mostrou as

aplicações da quitosana no revestimento de filmes comestíveis (ASSIS E

ALVES, 2002; TANADA-PALMU et al., 2002; BORGOGNONI, POLAKIEWICZ e

PITOMBO, 2006; BOTREL et al., 2007); tratamento de efluentes devido à

interação desta com íons metálicos (SPINELLI et al., 2004; SPINELLI,

LARANJEIRA e FÁVERE, 2005; LAUS et al., 2006; AZEVEDO et al., 2007) e

redutora de gorduras (AZEVEDO, 2007; POLYMAR, 2005; REIS, 2005;

CHIANDOTTI, 2005).

7.1 Revestimento de filmes comestíveis

Os polissacarídeos têm sido avaliados como uma alternativa

consideravelmente econômica e eficiente para o recobrimento de filmes

comestíveis, sendo a quitosana o polissacarídeo mais estudado. Devido a suas

características atóxicas e de fácil formação de géis, esta vem sendo

considerada como um composto de grande interesse industrial e farmacêutico

(CAMPANA-FILHO et al., 2007).

Em alimentos a capacidade de formação de filmes comestíveis

é utilizada como conservante e também embalagens inteligentes. Esta última

tem chamado a atenção do seguimento de embalagens, principalmente como

uma oportunidade promissora para a criação de novos mercados no setor.

Devido ao aumento da demanda por alimentos minimamente processados,

associados a uma crescente conscientização ambiental, por parte dos

consumidores, que cada vez mais requerem o emprego de materiais

renováveis e biologicamente não agressivos, abrem-se assim grandes

oportunidades para o desenvolvimento de tecnologias específicas que atendam

a essas novas exigências (ASSIS E ALVES, 2002).

21

A quitosana vem sendo internacionalmente aceita como um material promissor

para coberturas de alimentos ou revestimentos protetores em frutas e legumes.

Assis e Alves (2002) propuseram um procedimento para a produção de filmes

de quitosana aplicados no revestimento de maçãs (sobre superfícies cortadas

ou sobre frutos com alta taxa de maturação pós-colheita). Esse trabalho

enfoca, essencialmente, as propriedades antifúngicas e antibacterianas da

quitosana. A Fig. 6 esquematiza a seqüência de operações realizadas para o

preparo e aplicação do revestimento em frutas.

Figura 6. Seqüência empregada para processamento de gel de

quitosana e depósito deste sobre frutas.

Fonte: ASSIS e ALVES, 2002.

É visualmente notável a boa ação antifúngica dos filmes de quitosana,

ao compararem-se as maçãs revestidas com filmes e as não revestidas. Na

Fig. 7 é mostrado, com caráter ilustrativo, a aparência das faces cortadas de

uma mesma maçã, após 3 dias, onde em (A) temos a superfície recoberta com

quitosana em (B) a superfície sem revestimento. Em ambas vê-se claramente o

início do processo de desidratação e degradação natural, onde este é mais

significativo na amostra não revestida.

22

Figura 7. Aparência de maçãs após 3 dias do corte. (A) superfície

revestida com filme de quitosana e (B) face sem cobertura

Fonte: ASSIS e ALVES, 2002.

Em outro procedimento proposto por Botrel et al., (2007) foi investigada

a capacidade de filmes de quitosana para o revestimento antimicrobiano de

alhos minimamente processados com a intenção de aumentar a segurança e

prolongar a sua vida de útil.

Alguns órgãos vegetais, como bulbilhos de alho, estão envoltos por

uma embalagem natural (casca), dando certa proteção ao produto. Esta

barreira regula o transporte de gases, umidade, reduzindo também a perda de

odor e sabor do produto. O alho minimamente processado perde essa barreira

e, portanto a manutenção da atmosfera adequada e o controle da umidade

devem ser estabelecidos por outros meios, visando sua maior vida de

prateleira. Outro fator que afeta a vida de prateleira do alho minimamente

processado é o crescimento de fungos filamentosos e leveduras (TANADA-

PALMU et al., 2002).

O interesse na manutenção da qualidade e segurança microbiológica

do alho minimamente processado encoraja a exploração das propriedades de

barreira e antimicrobianas de recobrimentos comestíveis à base de amido e

quitosana. Botrel et al., (2007) utilizaram como matriz base amido de mandioca

e glicerol, servindo de suporte para a incorporação do polímero quitosana.

Tanada-Palmu et al., (2002) investigaram o desempenho do

revestimento de filmes biodegradáveis de quitosana em sementes de brócolis e

23

salsa. O desempenho foi avaliado por meio da capacidade de germinação, do

vigor e desenvolvimento da planta. O filme biodegradável é uma película fina à

base de material biológico, que pode agir como uma barreira a elementos

externos como umidade e gases, conferindo maior proteção ao produto

revestido e aumentando assim seu armazenamento. Entre as propriedades

funcionais dos filmes biodegradáveis podem ainda ser mencionados o

transporte de gases (O2 e CO2) e de solutos; a retenção de compostos

aromáticos e o transporte e a incorporação de aditivos alimentícios, tais como,

nutrientes, aromas, pigmentos ou agentes antioxidantes e antimicrobianos.

Os carboidratos apresentam uma grande habilidade de absorver

compostos voláteis do ambiente e de retê-los durante o processamento,

fazendo com que eles se tornem agentes de encapsulação. Borgognoni ,

Polakiewicz e Pitombo (2006), estudaram a estabilidade de emulsões de

quitosana com d-limoneno para sua posterior utilização como agente de

encapsulação, sendo este o principal constituinte do óleo essencial de laranja e

o composto aromático mais utilizado em estudos de retenção de aromas. A

encapsulação é uma técnica de aprisionamento de ingredientes sensíveis em

cápsulas. Este processo é muito utilizado para proteger os compostos voláteis

durante seu processamento e armazenamento e baseia-se na preparação de

uma emulsão entre o composto a ser encapsulado e o agente de

encapsulação, seguido da secagem da emulsão. Alguns estudos visam o

aprimoramento dos métodos de emulsificação para aumentar a estabilidade

das emulsões mostrando a importância da formação de uma boa emulsão

antes do processo de encapsulação de aromas. A estabilidade da emulsão é

usualmente medida em termos de quantidade de óleo ou formação de nata, du-

rante um período de tempo em certa temperatura.

7.2 Tratamento de efluentes

A preocupação e o interesse com as questões ambientais vêm

aumentando com o passar das décadas. Cientistas do mundo inteiro vêm

desenvolvendo pesquisas que visam avaliar e diminuir os impactos da poluição

24

na biosfera, além de desenvolver tecnologias limpas, que geram menos

resíduos. Dentre os vários poluentes, os metais têm recebido atenção especial,

uma vez que alguns são extremamente tóxicos, para uma grande variedade de

organismos, mesmo em concentrações extremamente baixas (SPINELLI,

LARANJEIRA e FÁVERE, 2005).

O tratamento clássico de efluentes contendo metais envolve processos

físico-químicos de precipitação, troca iônica e eletroquímica. Contudo, essas

técnicas tradicionais são inadequadas para a descontaminação de grandes

volumes de efluentes contendo metais em baixas concentrações, devido à

baixa eficiência operacional e aos elevados custos deste processo. Diante

disso, métodos alternativos vêm sendo investigados como, por exemplo,

eletrodiálise, osmose reversa, ultrafiltração e a adsorção com biosorventes. A

grande vantagem desta última sobre as outras técnicas é a baixa geração de

resíduos, fácil recuperação dos metais e a possibilidade de reutilização do

adsorvente (SPINELLI et al., 2004).

Dentre os materiais naturais, a quitosana além de abundante e de

baixo custo é um ótimo adsorvente de metais pesados, pois apresenta

capacidade de formar complexos com íons de metais de transição em solução

aquosa e provocar a neutralização de soluções ácidas. A versatilidade da

quitosana é atribuída aos grupos amino livres, que ficam expostos após a

reação de desacetilação da quitina (JANEGITZ et al., 2007).

A preparação de microesferas de quitosana é uma estratégia para

incrementar a sua capacidade de adsorção, uma vez que as microesferas

possuem uma área superficial maior do que a quitosana em flocos. Além disso,

as microesferas apresentam cinéticas de adsorção mais rápidas e maior

facilidade de manuseio e operação (AZEVEDO et al., 2007).

Diversos estudos recentes mostram que a quitosana pode ser utilizada

como microesferas para diferentes propósitos. Laus et al., (2006) propuseram

um método usando microesferas de quitosana reticuladas com tripolifosfatos

utilizadas para remoção da acidez, Fe+3 e Mn+2 de águas contaminadas pela

mineração de carvão. Dentre os impactos ambientais relacionados com a

mineração do carvão, o mais agravante é a poluição dos mananciais hídricos

das regiões próximas às jazidas, onde o mineral é explorado. A poluição

hídrica, observada nas áreas de mineração, é decorrente da geração de

25

efluentes ácidos, provenientes das minas e dos rejeitos de carvão. Essa

característica ácida dos efluentes da mineração se dá, principalmente, pela

presença da pirita (FeS2), um mineral sulfetado muito comum nos carvões

brasileiros. A pirita é rapidamente oxidada e dissociada quando exposta ao ar e

à água, liberando Fe2+. Neste estudo, foram utilizadas quitosana reticuladas

com tripolifosfato na forma de microesferas, usadas na remediação de águas

contaminadas pela mineração de carvão, sendo apresentado resultados

interessantes. A dissolução de tripolifosfato de sódio (Na5P3O10) em uma

solução de quitosana induz uma reticulação iônica entre os íons tripolifosfato

(TPF) e os grupos amino protonados da quitosana. A reticulação da quitosana

previne que o polímero seja dissolvido em meio ácido e introduz grupos

fosfatos, os quais possuem sítios básicos que poderão interagir com íons H3O+

e íons metálicos em solução aquosa podendo aumentar sua capacidade de

remediação de ambientes aquáticos contaminados pela mineração de carvão.

O desenvolvimento de procedimentos analíticos e técnicas

eletroanaliticas que permitam determinar concentrações baixas de metais em

águas naturais e residuarias vêm sendo de extremo interesse. Janegitz, Júnior

e Fatibello-Filho, (2007) desenvolveram um eletrodo de pasta de carbono

modificado com quitosana, para determinação de Cu2+ em águas residuárias,

por voltametria. O emprego da quitosana como agente modificador para

sensores de íons metálicos tem sido pouco explorado, apesar da grande

afinidade deste material por cátions metálicos. Neste experimento foi utilizado

um sistema com três eletrodos , sendo que o eletrodo de trabalho foi o eletrodo

quimicamente modificado com quitosana, o de referência, um eletrodo de

Ag/AgCl e o auxiliar, um eletrodo de platina.

O desenvolvimento e aplicação de eletrodos modificados, tem tido

crescente interesse nas áreas de ciências e tecnologia, com aplicação em

diversos campos de pesquisa. O eletrodo modificado é construído adicionando

substâncias quimicamente ativas imobilizadas no substrato do eletrodo, com o

objetivo de pré-estabelecer e controlar a natureza físico-química da interface

eletrodo/solução. A modificação do eletrodo normalmente confere a este as

características físico-químicas (reatividade, seletividade etc.) do modificador,

possibilitando assim o desenvolvimento de dispositivos com resposta adequada

para vários propósitos e aplicações (PEREIRA, SANTOS e KUBOTA, 2002).

26

A superfície dos eletrodos de pasta de carbono é muito complexa, com

muitas possibilidades de interações. O líquido orgânico aglutinante serve para

fixar a pasta ao eletrodo, preencher as cavidades entre as partículas de grafite

e “isolar” o mesmo do contato com soluções aquosas; também deve ser

eletroinativo, possuir baixa volatilidade e não conter impurezas (BERGAMINI et

al., 2006 e PEREIRA e KUBOTA, 2004).

7.3 Redutor de Gorduras

As propriedades de absorção gordura e redução do colesterol são

objetos de estudo de diversas pesquisas ao longo do mundo. A quitosana é

tema das mais variadas publicações e alvo de diversas linhas de pesquisa e

experimentos. Os benéficos fornecidos no consumo desta fibra são inúmeros,

desde regulação da função digestiva, absorção de gorduras não permitindo sua

absorção pelo organismo, redução dos níveis de açúcar no organismo

O processo de absorção das gorduras pela quitosana se dá quando a

fibra é ingerida antes da ingestão dos alimentos. Quando chega ao estômago,

a fibra em contato com meio ácido, se solubiliza, transformando-se em gel.

Este gel apresenta condições adequadas para atrair e capturar as gorduras

presentes nos alimentos ingeridos, levando-as em direção ao intestino, onde a

quitosana é solidificada formando um envoltório em torno das gorduras, não

permitindo assim sua absorção pelo organismo (AZEVEDO, 2007).

Em média, a quitosana tem capacidade de ligar-se de 8 a 10 vezes seu

peso em gorduras, o que representaria 8 gramas de gordura para cada grama

de quitosana. Considerando a ingestão de 3 gramas diariamente de quitosana,

é possível eliminar em torno de 24 gramas de gorduras, o que equivale

aproximadamente a uma redução de 240 kcal na dieta diária. Isso significa que

mantendo a mesma dieta e incluindo a ingestão da quitosana, é possível se

obter uma perda gradual de peso. A perda de peso ocorre devido ao processo

que o organismo busca de utilização da reserva energética corporal para

compensar o déficit causado pela absorção das gorduras pela fibra. Porém, só

se observará resultado se não houver compensação calórica através da

27

ingestão de alimentos ricos em açúcar ou massas, sobre o que a fibra não tem

qualquer ação (POLYMAR, 2005)

A quitosana é uma fibra natural de origem animal, e tal qual como as

outras fibras, não possue valor calórico, não é digerível e não fornece energia

ao organismo. Assim como, auxilia na redução de toxinas, favorece a redução

de consumo de alimentos, pela satisfação parcial que as fibras fornecem, a

redução dos níveis de colesterol e dos níveis de risco de doenças cardíacas,

além de outros benefícios (REIS, 2005).

Um aperfeiçoamento feito a esta fibra maximizando seus efeitos, foi a

combinação da quitosana com o Psyllium, devido aos benefícios adicionados

provenientes desta outra fibra. O Pantago psyllium é uma erva nativa da região

mediterrânea, incluindo a África e Paquistão, sendo também encontrada na

Índia e Irã do Norte. As partes utilizadas desta planta são as sementes e a

casca, sendo uma fonte natural de fibras. As fibras provenientes da Plantago

psyllium são fibras solúveis de origem vegetal, com capacidade de absorver de

7 a 15 vezes seu peso em água. Devido a sua enorme capacidade de retenção

de água, podendo aumentar em ate 10 vezes o seu tamanho original, o gel

viscoso que se forma é capaz de se ligar a proteínas e carboidratos. O Psyllium

apresenta propriedades laxativas e favorece a redução do peso corporal. A

união destas duas fibras representa um resultado surpreendente, pois a

quitosana tem propriedade de agir sobre as gorduras e o Psyllium tem sua

ação voltada para os carboidratos e as proteínas, auxiliando ainda outro

benefício da quitosana, a regulação intestinal, devido ao seu efeito laxativo. O

Psyllium tem ação sobre a prisão de ventre e sobre a sensação de fome,

promovendo ainda redução na concentração de insulina e glicose no sangue.

Dois grande aliados no importante combate a obesidade (CHIANDOTTI, 2005).

28

8 Conclusão

Nesta revisão procurou-se apresentar uma visão geral do estado da

arte e das aplicações técnicas da quitosana. A literatura mostrou extensa gama

de estudos recentes, conceitos básicos e aplicações. Devido ao grande número

de trabalhos publicados sobre as propriedades e aplicações foi necessária uma

seleção dos trabalhos mais significativos obtidos por muitos grupos de

pesquisa. Contudo, temos que a quitosana é um material de fácil

processamento podendo ser derivada de carapaças de insetos e crustáceos e

encontrada em fungos. Em resumo, fica evidente que a quitina, a quitosana e

seus derivados modificados exibem um potencial ilimitado de aplicações para

seu uso em grande escala.

29

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