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ESTUDO BIOCINÉTICO IN VIVO DE ANÁLOGO DA GLICOSE MARCADO COM TECNECIO-99m André Lima Souza Castro 1 , Carla Flavia de Lima 2 , Rafael Wallace Ferreira 1 , Fernanda Lima Souza Castro 1 , Patrícia Lima Falcão 1 , Cláudia Borges Brasileiro 1 , Tarcísio Passos Ribeiro de Campos 1 1 Depto. de Engenharia Nuclear, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte (MG), Brasil 2 Núcleo de Diagnóstico-ECOGRAF, Belo Horizonte (MG), Brasil E-mail: [email protected] Resumo. O grupo de pesquisa NRI/DEN-UFMG estuda a viabilidade do 1-Tio--D-glicose (1-TG) marcado com 99m Tc para detecção precoce de tumores cerebrais em modelo animal. Experimentos in vitro mostraram alta captação desse fármaco por células tumorais. O grupo de pesquisa demonstrou em modelo animal a viabilidade do 99m Tc-1-TG na detecção precoce de inflamações. A investigação in vivo de tumores cerebrais usando o 99m Tc-1-TG apresenta ser promissora e inédita no diagnostico de imagem. Entretanto, é necessário um estudo cinético quantitativo dos processos metabólicos experimentados pelo radiofármaco, e possíveis resíduos gerados na marcação: pertecnetato ( 99m TcO 4 - ) e o tecnécio hidrolisado ( 99m TcO 2 ). O experimento consiste na complexação do 1-TG com o 99m Tc baseado no protocolo descrito por JUN OH et al. (2006) e BRASILEIRO et. al (2010). A pureza radioquímica do complexo e a eficiência de marcação são verificadas. Uma vez administrado no animal, imagens cintilográficas e análise estatística da atividade, em contagens por minuto, do 99m Tc-1-TG, tecnécio livre e hidrolisado em cada órgão são realizadas para melhor entender sua biocinética, além de estabelecer parâmetros para imagens futuras. Conclui-se que as biocinéticas do 99m Tc-1-TG e de possíveis resíduos de marcação, tecnécio livre e hidrolisado, são distintas privilegiando órgãos específicos. Palavras-chave: Radiofármacos, Cintilografia, 99m Tc-1-Tio--D-glicose, Cromatografia, SPECT 1. INTRODUÇÃO

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ESTUDO BIOCINÉTICO IN VIVO DE ANÁLOGO DA GLICOSE

MARCADO COM TECNECIO-99m

André Lima Souza Castro1, Carla Flavia de Lima2, Rafael Wallace Ferreira1, Fernanda Lima Souza Castro1, Patrícia Lima Falcão1, Cláudia Borges Brasileiro1, Tarcísio Passos

Ribeiro de Campos1

1Depto. de Engenharia Nuclear, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte (MG), Brasil 2Núcleo de Diagnóstico-ECOGRAF, Belo Horizonte (MG), Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo. O grupo de pesquisa NRI/DEN-UFMG estuda a viabilidade do 1-Tio--D-glicose (1-TG) marcado com 99mTc para detecção precoce de tumores cerebrais em modelo animal. Experimentos in vitro mostraram alta captação desse fármaco por células tumorais. O grupo de pesquisa demonstrou em modelo animal a viabilidade do 99mTc-1-TG na detecção precoce de inflamações. A investigação in vivo de tumores cerebrais usando o 99mTc-1-TG apresenta ser promissora e inédita no diagnostico de imagem. Entretanto, é necessário um estudo cinético quantitativo dos processos metabólicos experimentados pelo radiofármaco, e possíveis resíduos gerados na marcação: pertecnetato (99mTcO4

-) e o tecnécio hidrolisado (99mTcO2). O experimento consiste na complexação do 1-TG com o 99mTc baseado no protocolo descrito por JUN OH et al. (2006) e BRASILEIRO et. al (2010). A pureza radioquímica do complexo e a eficiência de marcação são verificadas. Uma vez administrado no animal, imagens cintilográficas e análise estatística da atividade, em contagens por minuto, do 99mTc-1-TG, tecnécio livre e hidrolisado em cada órgão são realizadas para melhor entender sua biocinética, além de estabelecer parâmetros para imagens futuras. Conclui-se que as biocinéticas do 99mTc-1-TG e de possíveis resíduos de marcação, tecnécio livre e hidrolisado, são distintas privilegiando órgãos específicos.

Palavras-chave: Radiofármacos, Cintilografia, 99mTc-1-Tio--D-glicose, Cromatografia, SPECT

1. INTRODUÇÃO

Apesar dos muitos avanços experimentados pela terapia e diagnóstico, tumores cerebrais representam um sério desafio para os médicos. Nos dias de hoje, a Tomografia Computadorizada (TC) ou a Ressonância Nuclear Magnética (RNM) são os primeiros exames realizados em pacientes com sintomas típicos desse tumor (Filippi et.al., 2005). Ambas RNM e TC permitem localizar exatamente a neoplasia e distinguir a extensão da massa tumoral do tecido sadio circundante. No entanto, essas técnicas apresentam limitações, especialmente relacionadas ao acompanhamento pós-tratamento quando é exigida a discriminação entre recorrência, persistência e necrose (Nelson, 1999). Nesses casos, foram propostas com sucesso imagens funcionais por Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) ou Tomografia Computadorizada por Emissão de Fóton Único

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(SPECT), a fim de, obter a caracterização metabólica das lesões morfológicas detectadas pelos exames de TC e RNM. A Tomografia por Emissão de Pósitrons usa diferentes substâncias de interesse biológico como, derivados de glicose, aminoácidos, hormônios, dentre outros, marcados com um radioisótopo emissor de pósitron. O radiofármaco mais comum utilizado em PET é a 18-fluorodeoxiglicose. A 18F-FDG é um análogo da glicose e é captada pelas células como o primeiro estágio da via normal da glicose. Sua captação nos tumores se relaciona com o crescimento tumoral e sua viabilidade, logo o exame PET/CT e a possível quantificação metabólica podem fornecer informações importantes sobre a caracterização do tumor, prognóstico do paciente, e monitoramento da resposta à terapia (Bombardieri et al., 2010 ). Entretanto, a 18F-FDG é absorvida por tecidos normais que apresentam alta atividade metabólica, então esse radiofármaco é menos preciso na detecção de gliomas de baixo grau devido à baixa discriminação nesses casos (Delbecke et al., 2008) . Além disso, a tecnologia PET ainda é restrita pelo seu alto custo, meia vida curta do radioisótopo e limitações geográficas das instituições. Para superar as desvantagens dos exames de Tomografia por Emissão de Pósitrons se faz importante o uso de radiofármacos para imageamento por SPECT. As propriedades físicas e químicas do 99mTc associados a sua fácil obtenção a partir de um gerador (99Mo/99mTc) e baixo custo, fazem o tecnécio metastável o radioisótopo de escolha em 80% dos exames de diagnostico em medicina nuclear (Oyen et al., 2001; Rennen et al., 2001; Marques. et al., 2001; Oliveira et al., 2006).

O desenvolvimento de novos agentes marcados com 99mTc para visualização de eventos biologicos significativos podem aumentar o valor futuro do SPECT / CT em termos de impacto clínico no atendimento ao paciente (IAEA.,2008). Para desenvolver um novo radiofármaco para diagnóstico de câncer, é interessante marcar a glicose ou um de seus derivados com 99mTc. O 1-Tio--D-glicose (1-TG) é um análogo da - D-glicose natural e contém um átomo de enxofre em substituição ao oxigênio da ligação glicosídica. A presença de um grupo sulfidrila na molécula de glicose aumenta a eficiência de marcação e melhora a estabilidade do composto (Jun Oh et.al., 2006).

A reação de complexação do 99mTc com 1-TG pode não ser eficiente, em consequência da qualidade do eluato, de componentes do reagente liofilizado ou de procedimentos inadequados utilizados na marcação. Nesses casos podem ocorrer a formação de impurezas radioquímicas dentre as quais se destacam o pertecnetato (99mTcO4

-) decorrente da sua não redução, tecnécio hidrolisado (99mTcO2) decorrente da redução e não-complexação do metal e, outras espécies formadas com arranjos diferentes do desejado. A determinação dessas impurezas radioquímicas é essencial para comprovar a qualidade do produto.

O objetivo desse artigo é realizar um estudo biocinético da distribuição do radiofármaco 99mTc-1-TG e das espécies 99mTcO4

- e 99mTcO2, denominadas tecnécio livre e tecnécio reduzido, respectivamente, a fim de entender a influencia dessas impurezas no estudo cintilográfico desse radiofármaco. 2. MATERIAIS E MÉTODOS

Como principais reagentes foram utilizados: sal de sódio de 1-tio-beta-D-glicose (Sigma, EUA); ketamina 10% (Francotar - Virbac, Brasil); xilazina 2% (Virbaxyl - Virbac, Brasil); solução salina 0,9%; acetona PA ((CH3)2CO) (Vetec, Brasil); hidróxido de sódio PA (NaOH) ( Reagen, Brasil); cloreto Estanoso Diidratado (SnCl2.2H2O) (Quirios, Brasil); ácido clorídrico 37% PA (HCl) (Ercros, Espanha). Os equipamentos usados no experimento foram a Gama-câmara Vertex Plus 2 cabeças (Phillips, EUA);

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Gerador de Tecnécio (IPEN, Brasil); Calibrador de dose CRC-25R (Capintec, EUA); Balança semi-analítica JA3003N (Bioprecisa, Brasil);

2.1 Síntese do 99mTc-1-TG e das espécies 99mTcO4- e 99mTcO2

O radiofármaco 99mTc-1-tio--D-glicose foi complexado seguindo Brasileiro et al. (2010) e Jun Oh et al. (2006) . Assim, 2mg de 1-TG foram adicionadas a uma solução de SnCl2 (100 mg) em ácido clorídrico (HCl) 0,1 mol/L (500 ml) como agente redutor e a 370 MBq de pertecnetato de sódio em 1 mL de solução salina. Após a marcação, a solução foi agitada por dez minutos em temperatura ambiente. O pH da solução final foi ajustado para 6 (±1) com 200 a 300 mL de hidróxido de sódio (NaOH) 1 mol/L. O pertecnetato, 99mTcO4

- , em solução salina (37 MBq/0,1 mL) foi obtido diretamente pela eluição do Gerador de Tecnécio (IPEN, Brasil). O pH dessa solução apresentou-se neutro. Já o tecnécio hidrolisado, 99mTcO2, foi obtido pela adição de 0,5 ml de uma solução formada por SnCl2 e H2O na proporção (133g:100mL) em 1 mL de pertecnetato de sódio em solução salina (37 MBq/0,1 mL). O pH foi ajustado para 5 (±1) com 100L de NaOH 0,5 mol/L.

2.2 Determinação da pureza radioquímica

A pureza radioquímica (PRq) do complexo 99mTc-1-TG foi obtida por meio de cromatografia em camada delgada (CCD) com sílica gel (SG) utilizando acetona (CH3)2CO e solução salina (0,9% NaCl) como eluentes para verificação da quantidade do íon pertecnetato e tecnécio reduzido. As leituras das fitas foram realizadas em um radiocromatógrafo e a eficiência de marcação foi medida usando o programa computacional associado ao equipamento. Já para os compostos 99mTcO4

- e 99mTcO2 a pureza radioquímica foi determinada por CCD com papel whatman nº 1 , também, utilizando salina (0,9% NaCl) e acetona (CH3)2CO . A atividade das fitas foi medida por um calibrador de dose e a pureza radioquímica tambem foi avaliada.

2.3 Animais

Para a realização deste estudo foram utilizados seis ratos machos da linhagem Wistar com massa variando entre 480 g e 600 g adquiridos do Centro de Bioterismo da UFMG (CEBIO). Os animais foram mantidos em gaiolas plásticas, sob condições constantes de temperatura, umidade, com livre acesso a ração e água. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal (CETEA) da Universidade Federal de Minas Gerais. Todos os experimentos foram realizados com os animais sob anestesia geral induzida por injeção intramuscular de uma associação de xilazina 2% (11 mg/kg de animal) e ketamina 10% (11 mg/kg de animal).

2.4 Aquisição de imagens

Inicialmente, imagens cintilográficas de quatro animais, selecionados aleatoriamente, foram realizadas em uma gama-câmara Vertex de baixa energia e alta resolução, utilizando detector duplo, com tempos de 5, 15, 30, 45 e 60 minutos após a injeção intravenosa de 99mTcO4

- e 99mTcO2. Os animais foram anestesiados e posicionados em decúbito ventral, sob uma plataforma de cortiça e imagens estáticas foram obtidas na visão ventral. As regiões de interesse (ROI) foram delineadas e intercomparadas por captação da atividade, em contagem por minuto (cpm).

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Marcação e síntese radioquímica

O método escolhido para o cálculo da pureza radioquímica do 99mTcO4- e 99mTcO2

baseia-se na distribuição das espécies conforme seu fator de retenção. Uma vez finalizada a cromatografia, a fita é cortada ao meio e mede-se a atividade de cada metade permitindo estabelecer uma relação entre a atividade da espécie de interesse em função da atividade total da fita. A pureza radioquímica do pertecnetato, eluido diretamente do gerador, foi determinada por cromatografia em camada delgada usando papel whatman n°1 como fase estacionária e acetona como fase móvel. O 99mTcO4

- é totalmente carreado pelo solvente. O valor medido de sua PRq foi 99%. Para determinação da pureza radioquímica do 99mTcO2, novamente foi utilizado papel whatman n°1, mas solução salina como fase móvel. Observou-se que o tecnécio hidrolisado fica retido na origem do cromatograma. A relação da atividade medida para o 99mTcO2 em função da atividade total da fita indicou que 96% do tecnécio-99m foi reduzido.

Na verificação da pureza radioquímica do complexo 99mTc-1-TG (Brasileiro et al., 2010), o cromatograma utilizando SG/Acetona mostrou a presença de um pico bem definido correspondente ao complexo 99mTc-1-TG que permaneceu na origem. A presença de 99mTcO4

- não foi observada. Quando se avaliou o cromatograma utilizando sílica gel e solução salina como solvente, é possível verificar a presença de um pico bastante pronunciado referente ao 99mTc-1-TG para um alto valor do fator de retenção. A medida dos valores da atividade foi realizada por um radiocromatógrafo e rendimento de marcação obtido foi superior a 98%.

Na Cromatografia em camada delgada, cada componente em uma determinada amostra é caracterizada por um valor de retenção Rf, que é definido como a razão entre a distância percorrida pelo componente e a distância em que a frente do solvente avançou do ponto original de aplicação do material de teste. Estes valores são estabelecidos com componentes conhecidos e podem variar em condições experimetais diferentes. Os valores de Rf são utilizados principalmente para a identificação dos varios componentes em uma dada amostra.

Três espécies 99mTc podem existir em qualquer procedimento de marcação com 99mTc: tecnécio livre, hidrolisado, e o radiofármaco marcado. A separação cromatográfica depende do tipo de papel, solvente e concentração dos reagentes (Saha, 2010). Informações diferentes podem ser obtidas com os sistemas variados. Portanto, é óbvio que uma interpretação dos resultados cromatográficos deve ser feita com cautela, dependendo do sistema usado. Para determinação e cálculo da pureza radioquimica das especies 99mTcO4

- e 99mTcO2 o método escolhido foi o mesmo utilizado em clinicas de medicina nuclear devido a sua praticidade e confiabilidade. Os resultados obtidos mostraram alta pureza de cada espécie e comprovaram a validade do experimento e a fidedgnidade das imagens. A leitura dos cromatogramas por um radiocromatógrafo proporciona informações extremamente precisas sobre a distribuição das espécies ao longo da fita e da atividade associada a cada fator de retenção. Dessa forma Brasileiro et al. (2010) quantificou sua altíssima eficiência de marcação obtida 98,38%. Jun Oh et al. (2006) em seu estudo obteve um rendimento na complexação do 99mTc-1-TG de 97%, aproximadamente.

3.2 Imagens cintilográficas

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O protocolo de aquisição de imagens estabelecido por Brasileiro et al. (2010) para o complexo 99mTc-1-TG foi seguido. Imagens cintilográficas (n=4) foram realizadas 5, 15, 30, 45 e 60 minutos após a injeção intravenosa do 99mTcO4

- e 99mTcO2. A captação das espécies nos órgão de cada animal foi determinada pela análise da atividade, em contagem por minuto (cpm), no ROI delimitado.

As Figuras 1, 2 e 3, respectivamente, mostram a biodistribuição de 99mTc-1-TG, 99mTcO4

- e do 99mTcO2 em um animal após administração intravenosa das espécies. As imagens apresentadas foram realizadas 30 minutos após a injeção do radiofármaco.

Figura 1. Imagem cintilográfica estática, projeção ventral, 30 minutos após a injeçãointravenosa de 99mTc-1-TG (37 MBq/0,1 mL) [Brasileiro et al. (2010)].

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Figura 2. Imagem cintilográfica estática, projeção ventral, 30 minutos após a injeçãointravenosa de 99mTcO4

- (37 MBq/0,1 mL).

Figura 3. Imagem cintilográfica estática, projeção ventral, 30 minutos após a injeção intravenosa de 99mTcO2 (37 MBq/0,1 mL).

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As Tabelas 1, 2, 3 e as Figuras 4, 5, 6 apresentam a cinética de distribuição de 99mTc-1-TG, 99mTcO4

- e do 99mTcO2 , respectivamente, obtida através dos valores de atividade, em cpm. A biodistribuição por imagem foi realizada 5, 15, 30, 45 e 60 minutos após a administração.

Órgãos 5 minutos

15 minutos 30 minutos 45 minutos 60 minutos

Bexiga 8030 19955 35506 13482 13186Rim direito 4244 7999 22289 10173 8645

Rim esquerdo 2882 5021 16702 7207 6936Coração 3488 4277 10432 1945 1396Fígado 2069 2973 4301 2391 1208Cérebro 1215 1679 3728 1308 866

Tabela 1. Valores de contagens radioativas, por órgão, em um animal, nos diversos tempos estudados, após injeção intravenosa de 99mTc-1-TG (37 MBq/0,1 mL).

Figura 4. Biodistribuição obtida por meio dos valores de contagens radioativas, por imagem, 5, 15, 30, 45 e 60 minutos após injeção intravenosa de 99mTc-1-TG (37

MBq/0,1 mL).

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Órgãos 5 minutos 15 minutos 30 minutos 45 minutos 60 minutosTireóide 27374 36758 47371 55294 59799

Estômago 108607 185956 292661 331918 377683Bexiga 28834 49831 51384 60137 46694Coração 42240 40167 59905 50731 49331

Tabela 2. Valores de contagens radioativas, por órgão, em um animal, nos diversos tempos estudados, após injeção intravenosa de 99mTcO4

- (37 MBq/0,1 mL).

Figura 5. Biodistribuição obtida por meio dos valores de contagens radioativas, por imagem, 5, 15, 30, 45 e 60 minutos após injeção intravenosa de 99mTcO4

- (37 MBq/0,1 mL).

Órgãos 5 minutos 15 minutos 30 minutos 45 minutos 60 minutosTireóide 21345 26074 30793 29262 36278

Estômago 84905 126483 174061 213996 242916Bexiga 35018 37822 40572 42808 41530Coração 39606 41986 44192 36777 41713

Tabela 3. Valores de contagens radioativas, por órgão, em um animal, nos diversos tempos estudados, após injeção intravenosa de 99mTcO2 (37 MBq/0,1 mL).

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Figura 6. Biodistribuição obtida por meio dos valores de contagens radioativas, por imagem, 5, 15, 30, 45 e 60 minutos após injeção intravenosa de 99mTcO2 (37 MBq/0,1

mL).

De acordo com a Fig. 1 o 99mTc-1-TG apresentou captação nos rins, bexiga, fígado e coração. Observa-se a partir da Tabela 1 que a biodistribuição do complexo reproduz o período de captação e posterior eliminação em cada um dos órgãos em questão. Os resultados revelaram que trinta minutos após a administração de 99mTc-1-TG houve um aumento de captação nos rins e bexiga, indicando excreção renal e rápida eliminação da circulação, características ideais para um radiofármaco. A captação em todos os órgãos avaliados, inclusive os rins, diminuiu a partir de trinta minutos pós-injeção.

A Fig. 2 para o 99mTcO4- indicou, como esperado, captações diferentes das

observadas para o 99mTc-1-TG. Valores consideráveis de atividade foram encontrados na bexiga, estômago, coração e tireóide. No entanto, a biodistribuição não reproduziu claramente a função de captação e eliminação. Em geral houve um aumento das contagens em todos os órgãos de interesse, como pode ser visto na Tabela 2 e Fig. 5. Esse fato provavelmente ocorreu pelo extravasamento da solução devido à ruptura da veia caudal do rato durante a injeção. Dessa forma o material injetado percorreu não só a via principal, como também, passou por capilares e vasos sanguíneos de menor calibre. O fluxo sanguíneo, nesse caso, é menor e acarretou em uma distribuição mais lenta da solução por essas vias. Ou seja, a biodistribuição tardia do 99mTcO4

- provocou o aumento da atividade nos órgãos com o passar do tempo.

Em relação ao 99mTcO2, a imagem mostrou uma biodistribuição semelhante a do 99mTcO4

-, envolvendo órgãos como a bexiga, estômago, coração e tireóide. É importante ressaltar uma sensível captação de 99mTcO2 pela região hepática como evidenciado na Fig. 3. Os valores de cpm não foram incluídos nas tabelas e figuras pela dificuldade em

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definir o ROI dessa região sem contabilizar atividades de outros órgãos próximos. Observou-se, também, um aumento geral das contagens em todos os órgãos de interesse, ver tabela 3. O provável motivo foi explanado anteriormente. Essa hipótese pode ser confirmada uma vez que a atividade medida no sitio de injeção sessenta minutos após a administração das soluções é aproximadamente um terço da medida na primeira aquisição de dados, aos cinco minutos.

4. CONCLUSÕES

Para a realização de estudos cintilográficos, a complexação do 99mTc-1-TG deve ser acompanhada de um controle de qualidade rigoroso. Os resultados mostraram que impurezas decorrentes da não complexação do tecnécio-99m, podem alterar o padrão de distribuição do radiofármaco e sua metabolização. Ambas as espécies, 99mTcO4

- e 99mTcO2 , foram captadas pelo estômago e tireóide. Logo, essas impurezas radioquímicas depositam, desnecessariamente, doses em outros órgãos devido à farmacocinética diferentes. Entretanto tem se obtido alta eficiência na marcação do 99mTc com a 1-tio--D-glucose. Esse fato valida o uso do radiofármaco em testes experimentais. Além disso, estudos in vitro sugeriram alta captaçao do 99mTc-1-TG por células tumorais a baixas concentrações de 1-TG, segundo Jun Oh et al. (2006). Os autores constataram a independência do fármaco com a concentração de glicose no meio. Resultados similares foram observados para a insulina. Concluíram, portanto que o material é promissor para o imageamento de tumores. Um estudo in vivo sobre processos inflamatórios que acometem a articulação temporomandibular realizado por Brasileiro et. al (2010) mostrou que o 99mTc-1-TG foi eficaz na localização cintilográfica precoce desse tipo de inflamação. Essas pesquisas reforçam a viabilidade do uso desse fármaco para detecção de tumores cerebrais e justificam a importância do desenvolvimento de novos radiofármacos específicos pra estudos em SPECT.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao CNPq e a CAPES pelo auxilio ao grupo de pesquisa NRI/DEN-UFMG. Agradecimentos também são feitos à ECOGRAF - Núcleo de Diagnóstico e a seus funcionários que contribuíram para a execução do experimento.

REFERÊNCIAS

1. C. B. Brasileiro, C. M. F. Pacheco, C. M. Queiroz-Junior, C. F. de Lima, J. B. da Silva, T. P. R. Campos, 99mTc-labeled-1-thio--d-glucose as a new tool to temporomandibular joint inflammatory disorders diagnosis, Applied Radiation and Isotopes, 2010, Vol.68, pp.2261–2267 2. D. Delbecke, C. Meyerowitz, R.L. Lapidus, et al, Optimal cut-off levels of F-18 fluorodeoxyglucose uptake in differentiation of low grade from high grade brain tumors with PET, Radiology , 2008, Vol.195, pp. 47-52.3. E. Bombardieri, C. Aktolun, R. P. Baum, A. Bishof-Delaloye, J. Buscombe, J. F. Chatal, L. Maffioli, R. Moncayo, L. Mortelmans, S. N. Reske, Procedure Guidelines For Tumor Imaging, Oncology Committee of the European Association of Nuclear Medicine, 2010, pp 02-03.4. G. B. Saha, Fundamentals of Nuclear Pharmacy, 6th ed., New York: Springer, 2010, p.409.5. International Atomic Energy Agency, Clinical Applications of SPECT/CT: New Hybrid Nuclear Medicine Imaging System, Nuclear Medicine Section, Vienna, Austria, Agosto de 2008.6. L. Filippi, R. Santoni, C. Manni, R. Danieli, R. Floris and O. Schillaci, Imaging Primary Brain Tumors by Single-Photon Emission Computerized Tomography (SPECT) with Technetium-99m Sestamibi (MIBI) and Tetrofosmin, Current Medical Imaging Reviews, Department of Biopathology and Diagnostic Imaging, Rome, Italy, 2005, Vol.1, pp. 61-66.

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7. OYEN et al., 2001; RENNEN et al., 2001; F. MARQUES. et al., 2001; OLIVEIRA et al., 2006 apud Brasileito et al 2010, pp. 23- 24.8. S. J. Nelson, Imaging of brain tumors after therapy, Neuro-imag Clin. N. Am.,1999, Vol.9, pp. 801-819. 9. S. Jun Oh, J. S. Ryu, E. J. Yoon, M. S. Bae, S. j. Choi, K. B. Park, D. H. Moon, 99mTc-labeled 1-thio--D-glucose as a new tumor-seeking agent: Synthesis and tumor cell uptake assay, Applied Radiation and Isotopes, 2006, Vol.64, pp.207–215.

BIOKNETICS IN VIVO STUDIES OF TECHNETIUM-99m TARGET GLUCOSE ANALOGOUS

André Lima Souza Castro1, Carla Flavia de Lima2, Rafael Wallace Ferreira1, Fernanda Lima Souza Castro1, Patrícia Lima Falcão1, Cláudia Borges Brasileiro1, Tarcísio Passos

Ribeiro de Campos1

1Depto. de Engenharia Nuclear, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte (MG), Brasil 2Núcleo de Diagnóstico-ECOGRAF, Belo Horizonte (MG), Brasil

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Abstract. The research group NRI/DEN-UFMG studies the viability of 1-thio-beta-D-glucose (1-TG) labeled with 99mTc for early detection of brain tumors in animal model. In vitro experiments have shown high uptake of this drug by cancerous cells. The research group has demonstrated in animal models the viability of such radiopharmaceuticals to be used on inflammation early detection. Thus, the in vivo investigation of brain tumors using 99mTc-1-TG presents to be promising and unprecedented when it comes to diagnostic imaging. Therefore, it is necessary a prior quantitative kinetics study of the metabolic processes experienced by this radiopharmaceutical, 99mTc pertechnetate and hydrolyzed Technetium-99m. The experiment consists in the complexation of 1-TG with 99mTc based on the protocol described by JUN OH et al. (2006) and BRASILEIRO et. al (2010). The radiochemical purity of radiolabeled complex and efficiency of the labeling are verified. Once administered in mice, scintigraphic images and statistical activity analysis, in cpm, of the 99mTc-1-TG, free and hydrolyzed Technetium-99m in each organ are made in order to better understand its biokinetics, besides being a parameter for future images. As conclusion, the biokinetics of 99mTc-1-TG and its possible residues, free-technetium and hydrolyzed technetium, are distinct targeting specific organs.

Keywords: Radiopharmaceuticals, Scintigraphy, 99mTc-1-Tio--D-glucose, chromatography, SPECT.