· etc.) para contratar empresas que farão a exe-cução da obra. nesse caso, as empresas for-...

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CONSELHEIROS

Ivan Lelis Bonilha - Presidente

Ivens Zschoerper Linhares - Vice-Presidente

Durval Amaral - Corregedor Geral

Artago de Mattos Leo

Nestor Baptista

Fernando A. M. Guimares

Fbio Camargo

COORDENADORA GERAL

Brbara Gonalves Marcelino Pereira

DIRETORA GERAL

Daniele Carriel Stradiotto

DIRETOR DE FISCALIZAO DE OBRAS

PBLICAS DIFOP

Luiz Henrique de Barbosa Jorge

COORDENAO

Lincoln Santos de Andrade

Maria Jos Herkenhoff Carvalho

Moacyr Molinari

Paulo Francisco Borsari

EQUIPE TCNICA

Augusto Surian Neto

Denise Gomel

Denyse Bueno e Silva Bandeira

Felipe Castro Garcia

Felipe Kafrouni

Larissa Campos

Lcio Magalhes Arajo Hyczy

Luiz Antonio de Oliveira Negrini

Manoel Antonio Padilha

Marcel Lanteri Pierezan

Marco Antonio Araujo de Paula Pessoa

Milton Portugal Lobato Filho

Mylene Karin Braatz Toppel Reinaldim

Nagib Georges Fattouch

Nelson Yukio Nakata

Osmar Mendes

ESTAGIRIOS

Daniele Neide Schiavini

Jlia Francisco Brito

Maicon de Paiva Barbosa

Maryanne Bomfim do Carmo Ishii

Rafaela Dalmolin Rosa

Roberta Bonkoski Buffara

REVISO ORTOGRFICA

Omar Nasser Filho

ARTE GRFICA

Ncleo de Imagem TCE/PR

EXPEDIENTE

Av. Nossa Senhora da Salete s/n,

Centro Cvico Curitiba-PR

CEP 80.530-910

http://www.tce.pr.gov.br

3

DIFOP | MANUAL DE OBRAS

Dentro de sua atribuio constitucional de fiscalizar o uso das verbas pblicas pelos gestores estaduais e municipais, incumbe ao Tribunal de Contas do Estado do Paran (TCE-PR) velar pela realizao de obras e servios de engenharia segundo os preceitos constitucionais e legais vigentes e os princpios que regem o tema, tudo em prol de uma gesto responsvel, econmica e eficiente.

No desempenho dessa misso, alm de acompanhar a evoluo das obras e servios de engenharia por um sistema eletrnico prprio, o Tribunal realiza fiscalizaes in loco, de modo a garantir que os recursos sejam aplicados segundo o interesse pblico.

Em que pesem os resultados atingidos com tais atividades repressivas, a dinmica do controle deve evoluir, aprimorando o resultado prtico de sua atividade.

Neste sentido, sem prejuzo s corriqueiras atividades repressivas, orientamos os gestores pblicos por intermdio de seminrios, cursos, treinamentos, palestras e, ainda, mediante sistemas eletrnicos de acompanhamento remoto, que permitem orientaes presenciais ou distncia.

Avanando rumo efetividade de suas atividades (e, consequentemente, resposta esperada pela sociedade), o Tribunal desenvolveu o presente manual, objetivando orientar

APRESENTAO

a contratao e a fiscalizao de obras e servios de engenharia pelos gestores municipais (desde os procedimentos anteriores licitao, at o recebimento final da obra ou do servio).

Partindo do planejamento, o manual discorre sobre as fases preliminar, interna e externa da licitao, atingindo as fases contratual e ps-contratual. Alm disso, faz remisso ao sistema de acompanhamento de obras e s irregularidades corriqueiramente detectadas nesta seara.

Elaborado por tcnicos da Diretoria de Fiscalizao de Obras Pblicas-DIFOP, o trabalho atentou-se aos mais recentes preceitos legais e normativos que disciplinam a questo. Embora didtico e conciso, atingiu profundidade suficiente para o fim a que se destina.

Enfim, o manual tem como propsito auxiliar o gestor pblico municipal a realizar obras e servios de engenharia de maneira regular, precipuamente para que a superveniente atividade fiscalizatria do Tribunal se limite a atestar a regularidade dos atos praticados.

IVAN LELIS BONILHAConselheiro Presidente

1. PLANEJAMENTO ............................................. 6

2. LICITAO ..................................................... 10

2.1 FASE PRELIMINAR LICITAO .................... 12

2.1.1 Programa de necessidades do municpio ........ 122.1.2 Escolha do terreno .......................................... 142.1.3 Estudo de viabilidade ...................................... 152.1.4 Anteprojeto ..................................................... 16

2.2 FASE INTERNA DA LICITAO ........................ 17

2.2.1 Processo administrativo .................................. 172.2.2 Licenciamento ambiental ................................ 172.2.3 Projeto bsico ................................................. 182.2.4 Especificaes tcnicas .................................. 212.2.5 Planilha oramentria ...................................... 212.2.6 Cronograma fsico-financeiro ........................... 232.2.7 Projeto executivo ............................................ 232.2.8 Recursos oramentrios para o empreendimento ...................................................... 242.2.9 Edital de licitao ............................................ 242.2.10 Modalidades de licitao ............................... 262.2.11 Cuidados no parcelamento e fracionamento da licitao ............................................................... 272.2.12 Regime de execuo .................................... 282.2.13 Tipos de licitao .......................................... 292.2.14 Dispensa ou inexigibilidade de licitao ......... 29

SUMRIO

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2.3. FASE EXTERNA DA LICITAO ........................... 30

2.3.1 Comisso de Licitao ........................................ 302.3.2 Publicao do edital de licitao .......................... 312.3.3 Recebimento das propostas ................................ 312.3.4 Procedimentos da licitao .................................. 322.3.5 Critrios de julgamento ........................................ 332.3.6 Homologao e Adjudicao ............................... 34

2.4. FASE CONTRATUAL ............................................ 35

2.4.1 Celebrao dos contratos ................................... 362.4.2 Modalidades de garantia para obras e servios ... 372.4.3 Fiscalizao ......................................................... 382.4.3.1 Gestor/fiscal do contrato .................................. 382.4.3.2 Fiscal da obra ................................................... 392.4.4 Registros de ocorrncias e fiscalizao das obras ....412.4.5 Medies e pagamentos ..................................... 412.4.6 Recebimento das obras e servios ...................... 422.4.7 Alteraes contratuais ......................................... 432.4.8 Subcontratao ................................................... 452.4.9 Responsabilidade civil ......................................... 452.4.10 Reajustamento de preos .................................. 452.4.11 Atualizao financeira monetria ........................ 462.4.12 Reequilbrio econmico-financeiro ..................... 46

2.5. FASE POSTERIOR CONCLUSO DA OBRA .... 48

2.5.1 Garantia dos servios executados ....................... 48

2.5.2 Manuteno .................................................... 49

3. SISTEMA DE INFORMAES MUNICIPAIS ACOMPANHAMENTO MENSAL SIM-AM MDULO DE OBRAS ............................................. 50

4. PRINCIPAIS IRREGULARIDADES EM OBRAS PBLICAS .......................................................... 53

4.1 Irregularidades na Licitao ................................ 554.2 Irregularidades no Contrato ............................... 574.3 Irregularidades Relativas Execuo Oramentria ........................................................... 594.4 Irregularidades Atinentes s Medies e aos Pagamentos ............................................................ 594.5 Irregularidades Concernentes ao Recebimento da Obra ................................................................... 59

5. PRINCIPAIS NORMAS APLICVEIS S OBRAS E SERVIOS DE ENGENHARIA ........................ 61

6. STIOS DA INTERNET TEIS ........................ 64

7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................ 66

ANEXO 1 MODELOS DE DOCUMENTOS ...... 68

ANEXO 2 GLOSSRIO .................................... 73

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1. PLANEJAMENTO

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7

Antes de iniciar uma obra ou servio de engenha-ria, necessrio fazer um planejamento para:

identificar as necessidades da populao do municpio;

ordenar as necessidades atribuindo priorida- des, isto , listar as necessidades de obras e servios de engenharia em ordem crescente de prioridade, de acordo com o interesse pblico;

listar as obras e servios prioritrios no Plano Plurianual (PPA), na Lei de Diretrizes Ora-mentrias (LDO) e na Lei Oramentria Anual (LOA);

Recomenda-se que cada municpio tenha um r-go ou departamento responsvel pelo planejamento, elaborao de projetos, oramentos, especificaes de servios e materiais, acompanhamento e fiscalizao das obras ou servios de engenharia. Essas atividades devem ser desenvolvidas por profissionais cadastra-dos nos respectivos conselhos profissionais: enge- nheiros(as) registrados(as) no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paran (CREA-PR) ou ar- quitetos(as) registrados(as) no Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/PR).

H duas formas de execuo de obras pblicas1:

execuo direta: a prpria administrao mu- nicipal executa a obra, faz o gerenciamento e fornece a mo-de-obra, os equipamentos e os materiais necessrios;

execuo indireta: a administrao municipal faz licitao (concorrncia, tomada de preos, etc.) para contratar empresas que faro a exe-cuo da obra. Nesse caso, as empresas for-necem mo-de-obra, equipamentos e materi-ais, enquanto a administrao municipal faz o acompanhamento e a fiscalizao.

No fluxograma a seguir so apresentadas, de mo-do geral e em ordem sequencial, as etapas a cumprir durante o planejamento de uma obra pblica:

1 Lei Federal n. 8.666/1993, art. 10, incisos I e II, redao dada pela Lei Federal n. 8.883/94

Programa deNecessidades Estudos Iniciais

RecursosOramentrios/

Convnios

Programa deObras do Governo

Atender:PPA - LDO - LOA

Anteprojeto arquitetnico,anteprojetos complementares,respectivas ARTs

D

ViabilidadeTcnicaB

C Viabilidade Econmicae Ambiental

A Escolha do TerrenoSondagem

ProcessoAdministrativo

Licena ambientalprvia (LP) Projeto Bsico Projeto Executivo*

Projeto arquitetnico (pranchas desituao, estatstica, plantas, cobertura,cortes, elevaes)

1

Projetos complementares (estrutural,fundaes, eltrico, telefnico, hidrulico,sanitrio, drenagem, pluvial, SPDA, etc.)

2

Memorial descritivo3

Especificaes tcnicas4

Oramento5

ART/RRT de projetos e do oramento6

Alvars7

Licena ambiental de instalao8

- Planilha de Custos e Servios;- Composio de Custo Unitrio;- Cronograma Fsico-Financeiro;

- BDI (Benefcios e Despesas Indiretas)

*O projeto Executivo pode serrealizado concomitantemente com

a execuo fsica do objeto, ou seja,aps a licitao

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2. LICITAO

FASE PRELIMINAR LICITAO

- Programa de necessidades do Municpio - Escolha do terreno- Estudo de Viabilidade- Anteprojeto

- Processo administrativo- Licenciamento ambiental- Projeto bsico- Especificaes tcnicas- Planilha oramentria- Cronograma fsico-financeiro- Edital de licitao

FASE INTERNADA LICITAO

- Comisso de licitao - Publicao do edital- Recebimento das propostas - Procedimentos da licitao- Homologao e adjudicao

FASE EXTERNADA LICITAO

- Garantia dos servios executados - Manuteno

FASE POSTERIOR CONTRATAO

- Celebrao do contrato- Emisso de ordem de servio- Registro de ocorrncias e fiscalizao- Medies e pagamentos - Recebimento da obra

FASE CONTRATUAL

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De modo geral, as licitaes so regidas pela Lei Federal n. 8.666/1993 que regulamentou o art. 37, inciso XXI, da Constituio Federal e instituiu normas para licitaes e contratos da Administrao Pblica.

H situaes especficas de licitaes de Parce-rias Pblico-Privadas (PPPs) regidas pela Lei Federal n. 11.079/2004 e de licitaes segundo o Regime

Diferenciado de Contrataes Pblicas (RDC) regidas pela Lei Federal n. 12.462/2011, as quais sero de-talhadas em manuais especficos.

No fluxograma a seguir, so apresentadas, de modo geral e em ordem sequencial, as etapas a se-rem cumpridas para a adequada execuo indireta de uma obra pblica:

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Na sequncia so feitas consideraes sobre ca-da uma destas etapas.

2.1 FASE PRELIMINAR LICITAO

de suma importncia que as etapas anteriores licitao da obra sejam criteriosamente cumpridas, tendo em vista que tero papel determinante na toma-da da deciso de licitar. Elas tm o objetivo de identi-ficar necessidades, estimar recursos e escolher a me-lhor alternativa para atender os anseios da sociedade.

2.1.1 Programa de necessidades domunicpio

Antes de iniciar qualquer empreendimento, o mu-nicpio deve elaborar um programa de necessidades, com:

a) Relao de suas principais carncias, definindo o universo de aes e os empreendimentos que de-vero ter estudos de viabilidade.

b) Ordenamento das principais carncias, de mo-do a definir a prioridade de atendimento.

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c) Estabelecimento das caractersticas bsicas de cada empreendimento, como:

fim a que se destina;

caractersticas dos futuros usurios (idade, ati- vidade, etc.);

em caso de edificao: programa arquitetnico, isto , lista dos cmodos, estimativa de suas reas, padres de acabamento desejados, equi- pamentos e mobilirios a serem utilizados, etc.

d) Estimativa da rea de influncia de cada em-preendimento, levando em conta a populao e a re-gio a serem beneficiadas.

e) Observncia das restries legais e sociais re- lacionadas com o empreendimento em questo, con-siderando o plano diretor e o cdigo de obras do mu-nicpio.

f) Estimativa do custo do empreendimento com a elaborao de um oramento estimativo. Para tanto,

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multiplica-se a estimativa de rea (em m) do em-preendimento pelo custo por metro quadrado, que pode ser obtido no stio eletrnico do Sinduscon-PR (http://www.sinduscon-pr.com.br/; link para CUB - Custo Unitrio Bsico) ou em revistas especializadas, em funo do tipo de obra. Desta forma, obtm-se a ordem de grandeza do oramento da obra, a fim de se viabilizar a dotao oramentria necessria.

Essa estimativa vlida apenas para a dotao oramentria: para realizar a licitao necessrio o oramento detalhado da obra e respectivo registro ou anotao de responsabilidade tcnica (ART ou RRT) de seu autor.

2.1.2 Escolha do terreno

Antes do estudo de viabilidade e dos projetos, deve-se fazer a escolha do terreno para a obra, com os seguintes critrios:

a) Alm da edificao, devem-se considerar as reas necessrias tambm para estacionamento, re- cuos em relao s divisas, ajardinamento e outras exigncias fixadas pela legislao municipal.

b) Infraestrutura disponvel para realizao da obra: vias de acesso, redes pblicas de fornecimento de gua, de coleta de esgoto, de drenagem pluvial e de energia eltrica.

http://www.sinduscon-pr.com.br/principal/home/?sistema=conteudos|conteudo&id_conteudo=365

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c) Disponibilidade de mo-de-obra e de materiais na regio.

d) Condies topogrficas: terreno plano ou ondula-do, mais alto ou mais baixo que as ruas adjacentes, etc.

e) Tipo de solo: seco, alagado, profundidade do lenol fretico (gua subterrnea), etc.

f) Situao legal do terreno: identificao dos pro-prietrios e verificao da existncia de hipotecas ou pendncias judiciais junto ao Cartrio de Registro de Imveis, de modo a se assegurar que o Poder Pblico possa dispor do terreno.

Dependendo do tipo de empreendimento, ser ne-cessrio obter licena prvia do rgo ambiental mu-nicipal ou estadual.

2.1.3 Estudo de viabilidade

O estudo de viabilidade objetiva eleger o empreendi-mento que melhor atenda ao programa de necessidades sob os aspectos tcnico, ambiental, social e econmico.

No aspecto tcnico, devem ser avaliadas as alter-nativas para a implantao do projeto. A questo am-biental consiste no exame preliminar do impacto am-

biental da obra, de forma a promover a adequao da obra ao meio ambiente. A anlise social envolve o exame dos benefcios e eventuais malefcios advindos da implantao do empreendimento para as comuni-dades envolvidas.

Finalmente, o aspecto econmico corresponde avaliao da relao custo/benefcio envolvida na im-plantao da obra, em face de outras obras pblicas que poderiam ser executadas, dos recursos disponveis e das necessidades da populao do municpio.

1

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DIFOP | MANUAL DE OBRAS

Concludos os estudos e selecionada a alterna-tiva mais adequada, deve-se elaborar um relatrio com a descrio e a avaliao da opo selecionada, suas caractersticas principais, os critrios, ndices e parmetros empregados na sua definio, deman-das que sero atendidas com a execuo e pr-di-mensionamento dos elementos, isto , estimativa do tamanho de seus componentes.

2.1.4 Anteprojeto

Dependendo do tipo de empreendimento, pode ser necessria a elaborao de anteprojeto, que no se confunde com o projeto bsico da licitao. O an- teprojeto deve ser elaborado em obras de maior porte e consiste na representao tcnica grfica da opo aprovada no estudo de viabilidade. Deve ser apre-sentado em desenhos sumrios, em nmero e escala adequados para uma suficiente compreenso da obra planejada, contemplando especificaes tcnicas, me-morial descritivo e oramento preliminar2.

2 Orientao Tcnica IBRAOP OT IBR 004/2012

O memorial descritivo no apenas uma lista genrica de servios bsicos a serem executados, tampouco pode se restringir a comentrios ou des-cries sumrias. O memorial deve ser especfico e primar por sua particularidade, mesmo porque se presume que a rea de estudo e o dimensionamen-to foram detalhados, com incurses in loco. O me-morial deve, portanto, se ater e focar o objeto es-pecfico e nele pormenorizar-se. Todos os elementos caractersticos do projeto devem estar indicados, introduzidos, se possvel, com ilustraes ou foto-grafias recentes (datadas) das reas dos servios ou intervenes locais. O memorial descritivo deve ser, tambm, justificativo, ou seja, alm da descrio da obra, deve conter justificativa tcnica e econmica.

O anteprojeto no suficiente para licitar (exceto no caso de regime de contratao integrada previsto no Regime Diferenciado de Contratao regido pela Lei n. 12.462/2011), pois no possui todos os ele-mentos necessrios para a completa caracterizao

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2.2.1 Processo administrativo 3

O procedimento da licitao iniciado com a abertura de processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a auto- rizao para a licitao, a indicao sucinta do obje-to e a origem do recurso para a despesa.

A esse processo devem ser juntados todos os documentos gerados ao longo do procedimento li- citatrio, inclusive memrias de clculo e justificativas produzidas durante a elaborao dos projetos bsico e executivo.

2.2.2 Licenciamento ambiental

indispensvel verificar, antes da elaborao do projeto bsico, se necessrio licenciamento ambi-ental para a obra em anlise, conforme dispem as Resolues do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) n.os 001/1986, 237/1997 e 412/2009 e a Lei n. 6.938/1981.

3 Art. 38 da Lei n. 8.666/1993

da obra, devido ausncia de alguns estudos que sero conduzidos em fases posteriores. O anteproje-to possibilita suficiente definio e conhecimento do empreendimento, bem como o estabelecimento das diretrizes a serem seguidas quando da elaborao do projeto bsico. A documentao gerada nesta etapa deve fazer parte do processo licitatrio.

Nos casos de reformas prediais e de manuteno em obras de infraestrutura, deve ser elaborado, previa-mente, laudo contendo o registro fotogrfico e a des-crio da situao do bem a sofrer interveno. Esses documentos devem integrar o processo administrativo.

2.2 FASE INTERNA DA LICITAO

A contratao da obra , normalmente, precedi-da pela licitao. Em casos excepcionais, que sero abordados adiante, pode ocorrer dispensa ou inexi-gibilidade de licitao e, nestas situaes, o rigor e a ateno do Poder Pblico devero ser ainda maiores que nas situaes comuns.

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Quando necessrio, deve ser elaborado o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatrio de Impacto Ambiental (RIMA), como partes integrantes do proje-to bsico.

Quando a licena ambiental for exigida, devem ser obtidas trs licenas diferentes:

LP - licena prvia (antecede a licitao e a ela- borao do projeto bsico);

LI - licena de instalao (antes do incio da exe-cuo da obra);

LO - licena de operao (antes do incio de fun-cionamento do empreendimento).

Quando o licenciamento ambiental for exigido, considera-se que so irregularidades graves:

A contratao de obras com base em projeto bsico elaborado sem a existncia da licena prvia;

O incio de obras sem a devida licena de ins- talao;

O incio das operaes do empreendimento sem a licena de operao.

2.2.3 Projeto bsico 4 5 6 7 8

O projeto bsico pode ser elaborado por tcnicos do prprio rgo, situao em que dever ser desig-nado um responsvel tcnico a ele vinculado, com

4 Art. 7, 2, inciso I, da Lei n. 8.666/1993. 5 Segundo o Acrdo n. 353/2007 do TCU. Relator: Ministro Augusto Nardes:5. [...] Alm disso, bom lembrar que, nos exatos termos do art. 7, 6, da Lei 8.666/1993, so nulos de pleno direito os atos e contratos derivados de licitaes baseadas em projeto incompleto, defeituoso ou obsoleto, devendo tal fato ensejar no a alterao do contrato visando correo das imperfeies, mas sua anulao para realizao de nova licitao, bem como a responsabilizao do gestor faltoso.

6 Art. 13 da Lei n. 5.194/1966. 7 Acrdo n. 1.387/2006 Plenrio quesito 9.1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues. Braslia, 9 ago. 2006

8 Acrdo n. 644/2007-Plenrio. Relator: Ministro Raimundo Carreiro. Braslia, 18 abr. 2007:9.4. determinar [...] que:[...]9.4.14. adote providncias para que as correes do projeto bsico determinadas no item 9.4. deste Acrdo sejam realizadas, com sua superviso, pela empresa [...], sem nus para a [...], tendo em vista que visa a corrigir a execuo defeituosa do contrato [...];9.4.15. avalie, de acordo com os termos do contrato mencionado no item anterior, a possibilidade de aplicar sano empresa contratada [...], tendo em vista a comprovada execuo defeituosa dele;

DIFOP | MANUAL DE OBRAS

registro no CREA ou no CAU, que efetuar a ano-tao ou o registro de responsabilidade tcnica (ART ou RRT) referente ao projeto.

Se o rgo no dispuser de corpo tcnico espe-cializado para a elaborao dos projetos ou se esse corpo no receber tal encargo, dever ser procedida licitao anterior para contratar empresa ou profis-sional para elaborar o projeto bsico (ou uma licitao para cada projeto componente: arquitetnico, estru-tural, eltrico, etc.).

O edital da licitao para contratao do projeto bsico dever conter, entre outros requisitos, o ora-mento estimado dos custos do projeto e seu crono-grama de elaborao.

Quando o projeto bsico for constitudo de vrios projetos complementares (estrutural, eltrico, hidru- lico, etc.), responsabilidade da Administrao Pblica garantir a sua compatibilizao, mesmo quando contratados junto a terceiros.

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DIFOP | MANUAL DE OBRAS

O projeto bsico deve:

abranger toda a obra;

incluir o oramento9 detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de servios e fornecimentos propriamente avali- ados;

ser suficientemente detalhado para que o ob-jeto da licitao seja completamente conheci-do de modo a permitir comparao coerente entre as propostas dos vrios licitantes;

atender os requisitos estabelecidos pela Lei das Licitaes10 e pela Resoluo n. 04/2006 TCE-PR11;

conter, no mnimo, os elementos previstos na Resoluo n. 04/2006 TCE-PR e listados na Orientao Tcnica OT-IBR 001/2006 do Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Pbli-cas - IBRAOP;

9 Orientao Tcnica IBRAOP OT IBR 004/201210 Art. 6, inciso IX, da Lei n. 8.666/1993. 11 Art 5, inciso II da Resoluo n. 04/2006 do TCE-PR

Uma vez elaborados os projetos que compem o projeto bsico (arquitetnico, estrutural, eltrico, hidru-lico, etc.), devem ser providenciadas as aprovaes pelos rgos competentes, como Prefeitura Municipal (Secretaria de Urbanismo ou similar, se for o caso), Cor-po de Bombeiros, concessionrias de servios pblicos (energia, telefonia, saneamento, entre outras) e enti-dades de proteo sanitria e ambiental.

O projeto bsico deve ser aprovado por autoridade competente do rgo, nos termos do art. 7., 2., inciso I da Lei n. 8.666/1993.

De posse dessas aprovaes, deve ser providen-ciado o alvar de construo.

A aprovao dos projetos nos rgos com-petentes pode ser realizada pelos seus autores ou no, dependendo do que for fixado em contrato. Em qualquer dos casos, as eventuais modificaes necessrias aprovao dos projetos so de res- ponsabilidade dos autores destes. A aprovao dos projetos no exime seus autores das responsabili-dades estabelecidas pelas normas, regulamentos e legislao pertinentes s atividades profissionais.

http://www1.tce.pr.gov.br/multimidia/2006/11/pdf/00001067.pdfhttp://www.ibraop.org.br/wp-content/uploads/2013/06/orientacao_tecnica.pdf

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2.2.4 Especificaes tcnicas

O caderno de especificaes tcnicas o docu-mento que caracteriza todos os materiais, equipamen-tos e servios a serem utilizados no desenvolvimento da obra. A caracterizao deve ser feita de modo individual: materiais, equipamentos e sistemas construtivos envol- vidos e os mtodos de execuo. Devem ser indicados todos os critrios e parmetros a serem adotados nas medies para cada tipo de servio, a partir dos itens constantes na planilha oramentria, ou seja, para cada servio deve corresponder, inequivocamente, uma espe-cificao tcnica e uma forma de medio e pagamento.

As especificaes tcnicas no podem reproduzir literalmente catlogos de determinado fornecedor ou fabricante, uma vez que devem permitir alternativas de fornecimento. Seu contedo deve definir, ainda, as condies de aceitao de produtos similares, evitan-do que uma nica marca seja aceitvel.

Em situaes excepcionais, quando a referncia de marca ou modelo for indispensvel para a perfeita carac-terizao do material ou equipamento, a especificao dever conter obrigatoriamente expresses como: ou similar, ou equivalente, ou de melhor qualidade.

2.2.5 Planilha oramentria

O oramento-base da licitao precisa ser deta- lhado e tem como principal objetivo servir de parme-tro para a Administrao definir os critrios de aceita-bilidade de preos unitrios e global no edital, sendo a principal referncia para a anlise das propostas das empresas licitantes.

O preo final estimado da obra dado pela soma dos custos diretos com a Taxa de Benefcios e Des- pesas Indiretas (BDI), que engloba os custos indire-tos (custos administrativos, impostos, etc.) e o lucro do construtor. A composio do BDI deve ser apre-sentada, preferencialmente, citando a fonte oficial ou o Acrdo do TCU utilizado como referncia.

As principais etapas de elaborao de oramen-tos de obras pblicas so:

apropriao dos servios necessrios e suas quantidades com base no projeto bsico;

apurao do custo unitrio de cada um dos servios;

apurao do BDI e

clculo do preo final da obra.

22

DIFOP | MANUAL DE OBRAS

Em relao aos custos unitrios dos insumos e servios, o Decreto Federal n. 7.983/2013 estabe-lece regras e critrios para a elaborao do oramen-to de referncia de obras e servios de engenharia contratados e executados com recursos dos oramen-tos da Unio.

Da mesma forma, as Resolues Conjuntas Se- cretaria de Infraestrutura e Logstica/Paran Edifica- es (SEIL/PRED) estabelecem Tabelas de Referncia de Custos para obras e servios de edificaes a se- rem contratadas e executadas pelos rgos da admi- nistrao estadual.

O custo de referncia de obras e servios de en-genharia, exceto os servios de obras de infraestru-tura de transporte, pode ser obtido a partir de com-posies de custos unitrios menores ou iguais mediana de seus correspondentes nos custos unitri-os de referncia do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e ndices da Construo Civil (SINAPI), gerido pela Caixa Econmica Federal (CEF) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE).

No caso de obras de infraestrutura de transportes, o custo de referncia pode ser obtido a partir das com-

posies dos custos unitrios da tabela do Sistema de Custos de Obras Rodovirias (SICRO), cujas ma-nuteno e divulgao esto a cargo do Departamen-to Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

Quando no forem encontrados no SINAPI e no SICRO, podero ser adotados custos unitrios de outras tabelas de referncia formalmente aprovadas por rgo ou entidade da administrao pblica e, a ttulo de complementao, podem ainda ser uti-lizadas revistas tcnicas especializadas e pesquisas no mercado local. fundamental que as fontes de consulta sejam indicadas na memria de clculo do oramento, fazendo parte da documentao do pro-cesso licitatrio.

No caso de insumo ou servio cujo preo no seja contemplado pelos sistemas referenciais de custos disponveis para consulta, pode-se realizar pesquisa de mercado, procedimento previsto no Decreto n. 7983/2013.

O valor do BDI deve ser avaliado para cada caso, uma vez que seus componentes variam em funo do local, do tipo de obra e da prpria composio oramentria.

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O oramento deve ser elaborado por profissional habilitado, com recolhimento de ART ou RRT da plani-lha oramentria que fixar o Preo Mximo adotado na licitao. Se o oramento for alterado antes da lici- tao, dever ser efetuado o registro de ART ou RRT complementar de oramento, pelo mesmo profissional, ou o recolhimento de uma nova ART ou RRT, caso se trate de outro profissional.

As composies de custos unitrios devem estar disponveis detalhadamente no oramento-base da licitao.

No oramento-base de uma licitao, as quanti-dades de materiais e servios devem ser expressas em unidades objetivas compatveis (m, m, m, h, etc.); no devem ser utilizadas unidades genricas como: verba, conjunto, global, ponto, etc..

2.2.6 Cronograma fsico-financeiro

O projeto bsico deve conter, tambm, um crono- grama fsico-financeiro com as despesas mensais previstas ao longo da execuo da obra ou servio. Esse cronograma auxiliar na estimativa dos recursos necessrios ao longo de cada etapa ou de cada exer- ccio financeiro.

O cronograma servir ainda como um balizador na fase de anlise das propostas das empresas lici- tantes e, aps o incio das obras, sempre que o prazo e suas etapas de execuo forem alterados, o crono- grama fsico-financeiro dever ser readequado, de modo que continue a refletir as condies reais do empreendimento.

2.2.7 Projeto executivo

Concludo o projeto bsico, a Administrao deve providenciar o projeto executivo. Este projeto deve conter todos os elementos necessrios realizao do empreendimento com nvel mximo de detalhamento de suas etapas. Para a execuo desse projeto, deve-se conhecer profundamente o local de execuo da obra e todos os fatores especficos necessrios sua construo.

Conforme a Lei 8.666/1993, o projeto executivo deve ser elaborado aps o projeto bsico e antes do incio da obra. Porm, em situaes excepcionais e mediante autorizao expressa da Administrao, este projeto pode ser desenvolvido concomitantemente realizao do empreendimento. importante salien-

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tar que, caso a Administrao decida licitar apenas com o projeto bsico, esse deve representar exata-mente o determinado no art. 6, inciso IX, da Lei n 8.666/1993: deve ser completo, adequado e suficiente para permitir a elaborao das propostas do certame licitatrio e a escolha da proposta mais vantajosa para a Administrao.

2.2.8 Recursos oramentrios para oempreendimento

indispensvel que a Administrao Municipal preveja os recursos oramentrios para o pagamento das obrigaes decorrentes de obras ou servios a serem executados no curso do exerccio financeiro, de acordo com o cronograma fsico-financeiro pre-sente no projeto. No caso de empreendimento cuja execuo ultrapasse um exerccio financeiro, a Admi- nistrao no poder inici-lo sem a prvia incluso no Plano Plurianual ou lei que autorize sua incluso, sob pena de crime de responsabilidade12.

12 Art. 7, 2, inciso IV, da Lei n. 8.666/1993, combinado com o 1 do art. 167 da Constituio Federal.

2.2.9 Edital de licitao 13

O edital de licitao o documento que contm as determinaes e posturas especficas para deter-minado procedimento licitatrio e deve obedecer le- gislao em vigor.

O prembulo do edital deve informar:

nmero de ordem em srie anual (por exemplo: 1/2015, 2/2015, etc.);

nome do rgo interessado;

forma de execuo (por exemplo: indireta);

regime de execuo (por exemplo: empreitada por preo global, empreitada por preo unitrio, etc.);

modalidade da licitao (por exemplo: tomada de preos, concorrncia, etc.).

tipo de licitao (por exemplo: menor preo, melhor tcnica, etc.)

13 Art. 21, 4, da Lei n. 8.666/1993

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No texto do edital deve ficar explcito:

que a licitao ser regida pela Lei n 8.666/1993;

local e prazo (data e horrio) para recebimento de propostas e documentao comprobatria;

local, data e horrio da abertura das propostas;

informaes exigidas nos incisos do art. 40 da Lei n 8.666/1993 (tais como descrio sucin-ta e clara do objeto, prazo e condies para assinatura do contrato, prazo para execuo do contrato e para entrega do objeto, sanes para o caso de inadimplemento, local onde po-der ser examinado e adquirido o projeto bsi-co, condies para participao na licitao, forma de apresentao das propostas, critrio para julgamento, critrio de aceitabilidade dos preos unitrio e global, critrio de reajuste, con-dies de pagamento, condies de recebimen-to do objeto).

A Lei 8.666/1993 determina que o edital do cer-tame apresente em seu corpo os critrios a serem uti-lizados no julgamento das propostas, com disposies claras e parmetros objetivos.

As minutas dos editais de licitao, bem como as dos contratos, aditivos, acordos, convnios ou ajus-tes, devem ser previamente examinadas e aprovadas pela assessoria jurdica da Administrao.

Os seguintes elementos constituem anexos do edital e devem integr-lo:

projeto bsico e/ou executivo, com todas as suas partes, desenhos, especificaes e outros complementos;

oramento detalhado em planilhas de quanti-tativos e preos unitrios e suas composies;

minuta do contrato a ser firmado entre a Ad-ministrao e o licitante vencedor;

especificaes complementares e normas de execuo pertinentes licitao.

Para proteo da Administrao, recomendvel que o edital fixe a forma e o valor da garantia con-tratual e o seu prazo de recolhimento pelo licitante vencedor (Lei n. 8.666/1993, art. 56).

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2.2.10 Modalidades de licitao 14 15

O edital deve definir a modalidade da licitao con-forme o estabelecido no art. 22 da Lei n 8.666/1993: convite, tomada de preos, concorrncia, concurso.

A complexidade da obra deve ser levada em con-siderao quando da definio da modalidade da lici-

14 Art. 23, inciso I, da Lei n. 8.666/1993. 15 Art 43, inciso IV da Lei n. 15.608/2007 do Estado do Paran.

tao, pois quanto mais complexa a obra ou servio a ser contratado, maiores devem ser as exigncias de habilitao. Ainda deve ser levado em conta o valor to-tal estimado para o empreendimento 16 17 de acordo com a tabela a seguir:

16 Art. 23, inciso I, da Lei n. 8.666/1993. 17 Art 43, inciso IV da Lei n. 15.608/2007 do Estado do Paran.

Tabela 1: Modalidades de licitao, valores e prazos.

Modalidade Enquadramento/ ExignciasPrazo mnimo de publicao

Convite

Tomada de Preos

Concorrncia

Concurso

Valor at R$ 150.000,00

Valor at R$ 1.500.000,00

Valor acima de R$ 1.500.000,00

Apenas para trabalho tcnico, cientfico ou artstico.

5 dias teis

15 ou 30 dias*

30 ou 45 dias**

45 dias.

* 30 dias quando a licitao for do tipo melhor tcnica ou tcnica e preo; para os demais casos: 15 dias.** 45 dias quando o contrato contemplar o regime de empreitada integral ou quando a licitao for do tipo melhor tcnica ou tcnica e preo; para os demais casos: 30 dias.

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No caso de convite, existe entendimento do TCU que determina:

[...] na hiptese de no ser atingido o mnimo legal de trs propostas vlidas da realizao de licitao na modalidade convite, justifique expressamente, nos termos do art. 22 7, da Lei n. 8.666/1993, as cir-cunstncias impeditivas da obteno do nmero de trs licitantes devidamente qualificados sob pena de repetio do certame com a convocao de outros possveis interessados18.

admitida a contratao direta para obras e servios de engenharia de valor at 10% (dez por cento) do limite previsto para a modalidade Convite, desde que no se refiram a parcelas de uma mesma obra ou servio ou ainda para obras e servios da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente (art. 24, Lei n. 8.666/1993).

18 Acrdo n. 262/2006 2 Cmara. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues. Braslia, 21 fev. 2006

2.2.11 Cuidados no parcelamento e fracionamento da licitao

A Lei n 8.666/1993 dispe, em seu art. 23, que sempre que possvel, as obras e servios con-tratados pela Administrao devem ser parcelados em tantas etapas quantas se comprovarem tcnica e economicamente viveis, com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponveis no merca-do e ampliao da competitividade sem perda da economia de escala.

A Administrao deve proceder ao parcelamento do objeto em lotes, sempre que a natureza da obra, servio ou compra for divisvel, com objetivo de propi-ciar a ampla participao dos licitantes, devendo as exigncias quanto sua habilitao serem proporcio-nais ao parcelamento. Por exemplo, se o objeto for construo de caladas (passeios) com tcnicas di- ferentes (lajotas, paver, concreto in loco, CBUQ, etc.), o edital deve parcelar o objeto em lotes, um para cada tcnica, de modo que cada concorrente possa apre-sentar propostas para um ou mais lotes, de acordo com sua especialidade.

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No caso de parcelamento em lotes, a modalidade de licitao de cada uma das parcelas deve ser aque-la que seria utilizada caso houvesse a contratao nica, isto , a escolha da modalidade deve ser feita em funo do valor total de todas as contrataes do edital. O artifcio ilcito de desmembramento do ob-jeto com inteno de utilizar modalidade de licitao inferior aplicvel para o objeto em sua totalidade chamado de fracionamento e no permitido.

importante observar que uma obra deve ser licitada de modo global, com anterior previso ora-mentria para todos os servios envolvidos at o re-cebimento final do empreendimento, de modo que seja til aos usurios. Por exemplo, no aceitvel licitar apenas a fundao de uma edificao; a obra deve ser licitada em seu todo: fundao, estrutura, alvenarias, esquadrias, instalaes, cobertura, aca-bamentos, etc.

Nos casos de parcelamento do objeto, deve ficar clara a atribuio de responsabilidade de cada lote para o caso de eventuais defeitos de construo.

2.2.12 Regime de execuo

O edital de licitao deve definir qual ser o re-gime de execuo da obra ou servio, dentre os elen- cados na Lei n 8.666/1993:

empreitada por preo global: quando se contra-ta a execuo da obra ou do servio por preo certo e total;

empreitada por preo unitrio: quando se con-trata a execuo da obra ou do servio por pre-o certo de unidades determinadas;

tarefa: quando se ajusta mo-de-obra para pequenos trabalhos por preo certo, com ou sem fornecimento de materiais;

empreitada integral: quando se contrata um em-preendimento em sua integralidade, compreen-dendo todas as etapas das obras, servios e instalaes necessrias, sob inteira responsabi-lidade da contratada at a sua entrega ao con-tratante em condies de entrada em operao, atendidos os requisitos tcnicos e legais para sua utilizao em condies de segurana estrutural e operacional e com as caractersticas adequa-das s finalidades para que foi contratado.

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2.2.13 Tipos de licitao

O edital deve estabelecer o tipo de licitao:

menor preo (vence o licitante cuja proposta estiver de acordo com as especificaes do edital ou convite e que ofertar o menor preo);

melhor tcnica;

tcnica e preo.

Os tipos de licitao melhor tcnica ou tcni-ca e preo devem ser uti-lizados exclusivamente para servios de natureza predomi- nantemente intelectual, em es-pecial na elaborao de projetos, clculos, fiscalizao, superviso e gerenciamento e de engenharia consulti- va em geral e, em particular, para a elaborao de estudos tcnicos preliminares e projetos bsicos e executivos.

2.2.14 Dispensa ou inexigibilidade de licitao

Toda contratao de obra pblica tem como regra a prvia realizao

de licitao. Esta poder deixar de existir somente nos casos

de inexigibilidade19, quando impossvel a competio, ou no caso de dispensa20.

Nas situaes de ine- xigibilidade ou de dispen-sa, nas quais ocorre con-tratao direta, o rigor e a

ateno do Poder Pblico devero ser ainda maiores

que nas situaes comuns.

A Dispensa pode ocorrer quan-do possvel realizar uma licitao, mas

esta no utilizada porque seu emprego re-

19 Art. 25 da Lei n. 8.666/1993. 20 Art. 24 da Lei n. 8.666/1993.

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presentaria, devido s circunstncias, risco real de adoo de soluo afastada das condies mais fa-vorveis para a Administrao.

A Inexigibilidade pode ocorrer quando houver in-viabilidade de competio.

No se deve confundir a contratao direta (sem licitao), com discricionariedade plena da Adminis-trao em escolher um contratado. Mesmo nestes casos permanecem aplicveis os princpios bsicos que norteiam os procedimentos administrativos:

a seleo estar sujeita a instruo documen-tal peculiar;

a contratao dever ser justificada e ter fun-damentao, a qual dever ser objetiva;

permanece a obrigatoriedade de realizar a con-tratao mais vantajosa.

Nos casos de Dispensa ou Inexigibilidade de lici- tao, devem constar do processo administrativo, obrigatoriamente, pareceres tcnicos e jurdicos justi-ficando e fundamentando a legalidade e o cabimento.

2.3. FASE EXTERNA DA LICITAO

a fase que se inicia aps a publicao do edital de licitao e termina com a assinatura do contrato para execuo da obra.

2.3.1 Comisso de Licitao

A Comisso de Licitao deve promover o cor-reto andamento do procedimento licitatrio e ser composta por membros aptos s atribuies do car-go, pois estes elaboram, publicam e divulgam o edital de licitao, prestam esclarecimentos aos licitantes, recebem e analisam as propostas.

Seja permanente ou especial, a Comisso de Licitao deve ser composta por, no mnimo, trs membros, sendo pelo menos dois deles servidores qualificados pertencentes aos quadros permanentes do Municpio.

No caso de Convite, a comisso poder, excep-cionalmente, ser substituda por servidor formalmente designado pela autoridade competente.

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De acordo com o 4. do art. 51 da Lei n. 8.666/1993, a investidura dos membros das Comis-ses Permanentes no exceder a 1 (um) ano, ve-dada a reconduo da totalidade de seus membros para a mesma comisso no perodo subsequente.

Por serem responsveis pelos atos pertinentes licitao, anlise de propostas, publicaes, divul-gao de resultados, homologaes e contrataes, os membros das comisses de licitao respondem solidariamente por todos os atos praticados pela co-misso, salvo se posio individual divergente estiver devidamente fundamentada e registrada em ata lavra-da na reunio em que tiver sido tomada a deciso.

2.3.2 Publicao do edital de licitao

obrigatria a publicao de avisos com o resu-mo dos editais das licitaes com antecedncia, na sede do rgo interessado e, pelo menos, por uma vez:

no Dirio Oficial da Unio, quando se tratar de obras financiadas parcial ou totalmente com re-cursos federais (convnios) ou garantidas por instituies federais;

no Dirio Oficial do Estado, ou do Distrito Fe- deral, quando se tratar, respectivamente, de licitao feita por rgo ou entidade da Admi- nistrao Pblica Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal;

em jornal dirio de grande circulao no Es-tado e tambm, se houver, em jornal de cir-culao no Municpio ou na regio onde ser realizada a obra.

No caso de Convite, a Administrao deve afixar, em local apropriado, cpia do instrumento convoca- trio.

2.3.3 Recebimento das propostas

So estabelecidos os prazos mnimos para o recebimento das propostas dos licitantes, variando conforme a modalidade de licitao21, como pode ser observado na tabela 2 a seguir:

21 Lei n 8.666/1993, 2 do art. 21

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Tabela 2: Modalidades de licitao, prazos para recebimento de propostas

Modalidade Tipo ou regime Prazo

Concorrncia

Tomada de preos

Convite

Concurso

Quando o contrato contemplar o regime de empreitada integral ou quando a licitao for do tipo melhor tcnica ou tcnica e preo.

Nos casos no especificados no item anterior.

Quando a licitao for do tipo melhor tcnica ou tcnica e preo.

Nos casos no especificados no item anterior.

45 dias

30 dias

30 dias

15 dias

5 dias teis

45 dias

2.3.4 Procedimentos da licitao

A Lei n 8.666/1993, em seu art. 43, define a cor-reta sequncia de procedimentos aps o recebimen-to das propostas.

Devem ser abertos e analisados os envelopes contendo a documentao referente habilitao e, somente aps apurar as empresas habilitadas, de-vem ser abertos os envelopes contendo as propos-tas de preos das empresas habilitadas.

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2.3.5 Critrios de julgamento

O Edital deve conter em seu corpo os critrios a serem utilizados no julgamento das propostas, com disposies claras e parmetros objetivos.

O critrio mais comum de julgamento a avali- ao do preo global da proposta, porm ele, por si s, no suficiente para garantir a escolha da propos-ta mais vantajosa para a Administrao. Para isso, necessrio que seja previsto o controle dos preos unitrios de cada item da planilha e que se estabelea o critrio de aceitabilidade desses valores.

Os critrios de aceitabilidade de preos unitrios, com a fixao de preos mximos, obrigao do gestor.

Deve ser feita a anlise detalhada da composio da taxa de BDI, devido possibilidade de estarem in-cludas parcelas indevidas ou itens em duplicidade, o que conduziria ao superfaturamento.

A verificao de habilitao basicamente a ava- liao e verificao do cumprimento por parte das empresas licitantes dos requisitos e especificaes do edital. Nesta anlise, a Comisso deve verificar atentamente a validade das certides apresentadas e tambm a existncia de indcios de irregularidades, fraudes ou acordos entre as empresas participantes do certame. As propostas que no atendam s condies do edital de licitao devem ser desclassificadas.

Para a habilitao nas licitaes exige-se dos in-teressados, exclusivamente, documentao relativa habilitao jurdica, qualificao tcnica, qualifi-cao econmico-financeira, regularidade fiscal e ao cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7 da Constituio Federal (proibio de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condio de aprendiz, a partir de quatorze anos).

Os documentos necessrios habilitao podem ser apresentados em original, em cpia autenticada por cartrio competente ou autenticada por servidor da Administrao.

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2.3.6 Homologao e Adjudicao

A homologao e a adjudicao somente podem ocorrer aps o prazo legal para possveis recursos.

A homologao o ato administrativo em que a autoridade superior reconhece a legalidade do proce- dimento licitatrio e declara vlido todo o certame. Essa declarao implica no haver bice contratao.

A adjudicao o ato administrativo posterior homologao, por meio do qual a autoridade compe-tente, depois de verificada a legalidade da licitao, atribui ao licitante vencedor o objeto da licitao.

Ao lado apresentado um fluxograma que resume os passos da fase externa de uma licitao tpica:

Fase recursal com efeito suspensivo at a decisodo recurso

Fase recursal com efeito suspensivo at a decisodo recurso

Comisso de Licitao

Publicao do resumo do edital

Recebimento das propostas

Fase da habilitao

Homologao / Adjudicao

Ordem de servio

Abertura dos envelopes depreos - fase da classificao

Declarao da licitantevencedora

Assinatura do contrato

11

10

09

08

07

06

05

04

03

02

01

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2.4. FASE CONTRATUAL

Esta fase se inicia com a assinatura do contrato e se encerra com o recebimento da obra.

O contrato o instrumento hbil e necessrio para dirimir quaisquer dvidas, elencar direitos, atribuir res- ponsabilidades e firmar demais clusulas necessrias ao bom andamento da obra, tais como: garantias, se-guros, prazo de execuo, prazo de vigncia do con-trato, critrios de reajustamento e de recebimento.

O contrato deve estabelecer com clareza as con-dies para sua execuo, em conformidade com os termos da licitao e da proposta a que se vinculam. O contrato deve conter os nomes das partes (de modo geral, o Poder Pblico e a empresa contratada) e os de seus representantes (Lei n. 8666/1993, art. 61), a finalidade, o ato que autorizou a sua lavratura, o nme-ro do processo da licitao (da dispensa ou da inexigi- bilidade, se for o caso), a sujeio dos contratantes s normas da Lei n 8.666/1993 e s clusulas contratu-ais. De acordo com a Resoluo n. 04/2006 TCE-PR (art. 5., inciso V, alneas b, c), so obrigatrias as desig- naes do gestor (ou fiscal) do contrato e do fiscal da obra (profissional cadastrado no CREA ou no CAU).

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O contrato deve conter, no mnimo, as clusulas listadas no art. 55 da Lei n 8.666/1993:

objeto e seus elementos caractersticos;

regime de execuo;

preo e as condies de pagamento;

critrios, data-base e periodicidade do reajus- tamento de preos;

critrios de atualizao monetria;

prazos de incio de etapas de execuo, de con-cluso, de entrega, de observao e de recebi-mento definitivo;

crdito pelo qual correr a despesa, com a in-dicao da classificao funcional programti-ca e da categoria econmica;

garantias oferecidas para assegurar a plena exe-cuo;

direitos e responsabilidades das partes;

penalidades cabveis e valores de multas;

casos de resciso;

reconhecimento dos direitos da Administrao, em caso de resciso administrativa;

vinculao ao edital de licitao e proposta do licitante vencedor;

legislao aplicvel execuo do contrato e especialmente aos casos omissos;

obrigao do contratado de manter, durante toda a execuo do contrato, em compatibi-lidade com as obrigaes por ele assumidas, todas as condies de habilitao e qualifica- o exigidas na licitao.

Aps a assinatura do contrato, a Administrao deve emitir uma Ordem de Servio autorizando a empresa vencedora da licitao a iniciar a execu- o do objeto contratado. Esse documento marca o incio da obra ou servio.

2.4.1 Celebrao dos contratos

Os contratos e seus aditamentos devem ser lavra-dos nos rgos interessados, os quais mantero ar-quivo cronolgico dos seus autgrafos e registro sis- temtico do seu extrato, de tudo juntando-se cpia no processo que lhe deu origem.

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obrigatria a publicao do extrato (resumo) do contrato e seus eventuais aditamentos na imprensa oficial. Tal publicao condio indispensvel para sua eficcia e dever ser providenciada s custas da Administrao at o quinto dia til do ms seguinte ao de sua assinatura, para ser publicada no prazo de vinte dias daquela data.

dever do contratado manter preposto, aceito pela Administrao, no local da obra ou servio, para repre-sent-lo na execuo do contrato. Deve, ainda, repa-rar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, s suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vcios, defeitos ou incorrees resultantes da execuo ou de materiais empregados.

O contratado responsvel pelos danos causa- dos diretamente Administrao ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execuo do contrato, pois a fiscalizao no o isenta desta res- ponsabilidade. , ainda, responsvel pelos encargos trabalhistas, previdencirios, fiscais e comerciais re-sultantes da execuo do contrato.

Em relao aos encargos previdencirios, o TCE-PR, visando uniformizao de jurisprudncia (Acrdo 1365/05 - TP), manifestou que:

...cumpre Administrao Pblica exigir do con-tratado a apresentao dos comprovantes de reco- lhimento mensal das contribuies feitas ao INSS dos empregados que efetivamente trabalharam na obra, como tambm solicitar nas obras de construo civil a matrcula especfica da obra junto ao INSS. Com essa medida busca-se evitar futura responsabilizao solidria do ente pblico com a empresa contratada.

2.4.2 Modalidades de garantia para obras e servios

A Administrao pode exigir prestao de garan-tia nas contrataes de obras e servios, prevista no Edital. A garantia poder ser prestada em uma das trs modalidades a seguir:

cauo em dinheiro ou ttulos da dvida pblica;

seguro-garantia;

fiana bancria.

A garantia no deve exceder a 5% do valor do contrato, exceto para obras e servios de grande vulto (veja a definio no Glossrio do Anexo 2) en-volvendo alta complexidade e riscos financeiros con-

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siderveis, desde que fundamentado e aprovado pela autoridade, que poder ser de at 10% do valor do contrato.

A garantia prestada pelo contratado dever ser retida parcial ou totalmente pela Administra- o em casos de inadimplemento pelo contrata- do. Em caso contrrio, a garantia deve ser liberada ou restituda aps a execuo do contrato e, quando em dinheiro, atualizada monetariamente.

2.4.3 Fiscalizao

A fiscalizao uma atividade que deve ser exer- cida de modo sistemtico pelo contratante (Poder Pblico) e seus prepostos, objetivando a verificao do cumprimento das disposies contratuais, tcni-cas e administrativas, em todos os seus aspectos. A funo da fiscalizao exigir da contratada o cum-primento integral de todas as suas obrigaes con-tratuais, segundo procedimentos definidos no edital e no contrato e o estabelecido na legislao em vigor.

A fiscalizao dos servios executados de com-petncia e responsabilidade do rgo contratante, ao qual caber:

a) Verificar se, no seu desenvolvimento, esto sendo cumpridos os termos do contrato, os projetos e suas eventuais alteraes previamente autorizadas, especificaes e demais requisitos;

b) Autorizar os pagamentos de faturas aps rea- lizao de medies devidamente atestadas;

c) Discutir a soluo de problemas executivos, assim como participar de todos os atos que se fize-rem necessrios para a fiel execuo dos servios contratados.

A atividade de fiscalizao exercida pelo gestor/fiscal do contrato e pelo fiscal da obra.

2.4.3.1 Gestor/fiscal do contrato

De acordo com o prof. Rolf Brunert22, o gestor/fiscal do contrato um funcionrio da Administrao (art. 84, Lei n. 8.666/1993) designado pelo ordena-dor de despesa ou por quem este designar, com a atribuio de acompanhar e fiscalizar a execuo do

22 Prof. Rolf Dieter Oskar Friedrich Brunert (UFPR), no livro Como ela- borar editais e contratos para Obras e Servios de Engenharia, ed. JML.

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manter controles adequados e efetivos dos contratos sob sua gesto, dos quais cons-taro todas as ocorrncias relacionadas com a execuo, inclusive o controle do saldo con-tratual;

propor medidas que melhorem a execuo do contrato, consideradas as recomendaes do controle interno do rgo.

2.4.3.2 Fiscal da obra

Segundo o prof. Rolf Brunert, o fiscal da obra um profissional legalmente habilitado para atuar na rea especfica em que se enquadram os servios contratados, necessariamente registrado no CREA ou no CAU, designado pelo ordenador de despesa ou por quem este designar, com a atribuio de acom-panhar e fiscalizar a execuo da obra ou servio de engenharia in loco.

Sua designao deve ser oficial, formalizada por documento prprio definindo suas atribuies e com-petncias. O fiscal da obra tem a funo operacional de acompanhar e fiscalizar a execuo do objeto do contrato (obra ou servio de engenharia), relatando os

contrato, isto , gerenciar o contrato administrativo desde a contratao at o trmino de sua vigncia ou do termo equivalente.

Esse servidor acompanha de modo sistemtico a execuo do contrato, com a finalidade de verificar o cumprimento das disposies contratuais, princi-palmente as jurdicas e administrativas. Sua desig-nao dever ser oficial, formalizada por documento prprio definindo suas atribuies e competncias.

Constituem atribuies do gestor de contrato, entre outras:

quando da medio e pagamento, receber do fiscal da obra as informaes e documentos pertinentes estabelecidos em contrato como condio para pagamento dos servios execu- tados, atestar as notas fiscais e encaminh-las unidade competente para pagamento;

promover o adequado encaminhamento, u- nidade competente, das ocorrncias contratu- ais constatadas ou registradas pelo fiscal da obra para fins de alteraes contratuais ou de aplicao de penalidades e demais medidas pertinentes;

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fatos autoridade competente, anotando as ocorrn-cias em registro prprio (livro de ocorrncia ou dirio de obra) e determinando a regularizao de faltas ou defeitos observados.

Constituem atribuies do fiscal de obra, entre outras:

atestar, em documento hbil, o fornecimento, a entrega, a prestao de servio ou a exe-cuo da obra e, aps conferncia prvia do objeto contratado, encaminhar os documen-tos pertinentes ao gestor do contrato para cer- tificao;

confrontar os preos e quantidades constantes da nota fiscal com os estabelecidos no contrato;

verificar se o prazo de entrega, especificaes e quantidades encontram-se de acordo com o estabelecido no instrumento contratual;

comunicar ao gestor do contrato eventuais atrasos nos prazos de entrega e/ou execuo do objeto, bem como os pedidos de prorroga- o, se for o caso;

acompanhar a execuo contratual, informan-do ao gestor do contrato as ocorrncias que possam prejudicar o bom andamento da obra, do fornecimento ou da prestao do servio;

informar ao gestor do contrato, em prazo hbil no caso de haver necessidade de acrscimos ou supresses no objeto do contrato;

avaliar e aprovar periodicamente etapas con-cludas e emitir autorizaes para incio de novas etapas de servios que fazem parte do objeto contratado.

A atividade do fiscal de obra efetiva-se in loco, por meio de visitas peridicas, tantas quantas forem necessrias para o acompanhamento de to-das as etapas e se fazendo presente por ocasio da execuo dos servios de maior responsabili-dade (por exemplo, imediatamente antes de lana-mentos de concreto), atuando desde o incio dos tra-balhos at o recebimento definitivo das obras, sendo exercido no interesse exclusivo do Poder Pblico, no excluindo nem reduzindo a responsabilidade da contratada, inclusive de terceiro, por qualquer irregu- laridade.

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2.4.4 Registros de ocorrncias e fiscalizao das obras

A execuo da obra pblica deve ser verifica-da pelo fiscal da obra, cadastrado no CREA ou no CAU, designado para acompanhar o desenvolvi-mento das atividades. facultada Administrao a contratao de terceiros para auxili-la no acom-panhamento das atividades de fiscalizao.

Todas as ocorrncias relacionadas com a exe-cuo do contrato devem ser anotadas pelo repre- sentante da Administrao em registro prprio, onde devem constar as assinaturas de todos os envolvidos no contrato. No caso de execuo de obra, as ocorrncias devem ser relatadas no Dirio de Obra (veja o Modelo 9 no Anexo 1), que permanece no local da execuo at o trmi-no da obra. A fiscalizao exercida pela Adminis-trao no reduz a responsabilidade do contrata-do pela execuo da obra ou por possveis danos causados Administrao ou a terceiros.

2.4.5 Medies e pagamentos

Os servios executados devem ser pagos aps a emisso de boletins de medio (veja modelo no Anexo 1) realiza-dos pela fiscalizao, atesta-dos pelo engenheiro fiscal da obra e aps o cumprimento de condies contratuais e apresentao de todos os documentos exigidos no contrato, no ajuste ou acordo ou na nota de empenho, como por exemplo: comprovantes de recolhimento de con-tribuio previdenciria (INSS), comprovantes de recolhimento de FGTS, etc. .

No regime de empreitada por preo global, as etapas (conjuntos de servios) previstas no contrato so

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definidas no cronograma fsico-financeiro, com seus prazos de concluso e respectivos percentuais do preo total. As medies apontam as etapas con-cludas.

No regime de empreitada por preo unitrio o pagamento dos servios (e no etapas) feito pela verificao das quantidades efetivamente executa-das, multiplicadas pelos seus respectivos preos unitrios previstos no oramento apresentado pela licitante vencedora.

A liquidao da despesa por servios prestados tem como base o contrato, ajuste ou acordo respec-tivo, a nota de empenho, o boletim de medio ates- tado pelo engenheiro fiscal da obra e/ou os com-provantes da prestao efetiva do servio. As notas fiscais referentes a cada pagamento devem ser vis-tadas (com o atesto) pelo gestor/fiscal do contrato, aps apresentao de documentao pelo fiscal da obra.

2.4.6 Recebimento das obras e servios

A execuo dos contratos de obras e servios deve ser recebida, provisoriamente, pelo represen- tante da Administrao responsvel pelo acompa- nhamento e fiscalizao da obra com emisso do Termo de Recebimento Provisrio e, definitivamente, com emisso do Termo de Recebimento Definitivo, por servidor ou comisso designada pela autoridade competente, aps o prazo de observao, no supe- rior a 90 dias, ou vistoria que comprove a adequao do objeto ao contrato.

A contratada deve manter as obras e servios em perfeitas condies de conservao e funciona-mento, por sua conta e risco, at ser lavrado o termo de recebimento definitivo.

O recebimento provisrio ou definitivo no exclui a responsabilidade civil do contratado pela solidez e segurana da obra, e nem tico-profissional pela perfeita execuo do contrato.

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2.4.7 Alteraes contratuais

Os contratos regidos pela Lei n 8.666/1993 po-dem ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:

unilateralmente pela Administrao (art.65, in-ciso I) ou

por acordo entre as partes (art. 65, inciso II).

Todos os contratos devem obedecer aos seguin-tes limites para alteraes contratuais:

acrscimos ou supresses nas obras e servios: at 25% do valor inicial atualizado do contrato;

acrscimos para o caso particular de reforma de edifcio ou de equipamento: at 50% do valor inicial atualizado do contrato (supresses em contratos de reformas no so limitadas);

supresses em obras e servios resultantes de acordo entre os contratantes no so limitadas.

Resumindo:

Tabela 3: Limites percentuais em alteraes contratuais

Limites Legais

Acrscimos ou supresses em obras e servios determinadas

pela Administrao

Acrscimos em reformas de edifcio ou equipamento deter-minados pela Administrao

Supresses em obras e servios ou reformas de edifcio ou equipa-mento resultantes de acordo entre

os contratantes

At 25%

At 50%

Sem limite

Alteraes

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As alteraes contratuais so possibilidades ad-mitidas para situaes eventuais (imprevistas ou im-previsveis), formalizadas por meio de termos aditivos, fundamentadas e justificadas tecnicamente (parecer tcnico e parecer jurdico) e autorizadas pela autori-dade competente.

Um erro recorrente nos aditivos contratuais aprovar alteraes contratuais que desrespeitam os citados limites. Quando h alteraes dos servios contratados que envolvem supresso e acrscimo, os limites percentuais citados so referentes ao valor original atualizado do contrato e devem ser aplicados separadamente aos totais de valores de itens suprimidos e aos totais de valores de itens acrescidos: os acrscimos no compensam as su- presses e vice-versa.

Como exemplo, considere-se uma obra contrata-da por R$ 1.000.000,00. Seriam admitidas, de acor-do com a Lei, as seguintes alteraes formalizadas:

um conjunto de supresses com valor total de at R$ 250.000,00 (-25% do valor inicial do contrato); nesse caso, o valor final do contrato seria de R$ 750.000,00;

ou um conjunto de acrscimos com valor total de at R$ 250.000,00 (+25%); nesse caso, o valor final do contrato seria de R$ 1.250.000,00;

ou um conjunto de supresses com valor total de at R$ 250.000,00 (-25% do valor inicial do con-trato) e um conjunto de acrscimos com valor to-tal de at R$ 250.000,00 (+25%); nesse caso, o valor final do contrato seria de R$ 1.000.000,00.

Nessa obra hipottica com valor de R$ 1.000.000,00, seria proibido fazer acrscimo de R$ 300.000,00 (+30%) e supresso de R$ 100.000,00 (-10%) como se fosse admissvel uma compensao de percentuais como +30% - 10% = 20% (menor do que 25%). Essa compensao no permitida. Na verdade, o acrsci-mo de 30% j proibido ( maior do que 25%) e no se admite compensao com percentual negativo.

Se a compensao de percentuais fosse admiss- vel, poderia ocorrer a situao absurda de acrscimo de +99% e supresso de -98%, com alegao de al-terao de apenas 1% (+99% - 98% = 1%). Essa alterao implicaria a quase completa substituio da obra contratada. Tal alterao, se necessria, exigiria nova licitao devido desconfigurao do objeto.

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2.4.8 Subcontratao

A Lei n 8.666/1993 permite que partes da obra sejam subcontratadas. Os limites admitidos para a subcontratao devem ser definidos e previstos no Edital da Licitao.

As partes subcontratadas devem corresponder a uma parcela integral de servio da obra, a fim de evitar a existncia de vrios responsveis tcnicos por um nico tipo de servio, o que poderia difi-cultar a apurao de responsabilidade tcnica. No recomendvel a subcontratao do objeto princi-pal do contrato. A subcontratao no exime o con-tratado das suas obrigaes contratuais.

2.4.9 Responsabilidade civil

O prazo de garantia para as obras contratadas pelo Poder Pblico de 5 (cinco) anos a partir do re-cebimento definitivo da obra. Durante esse perodo, a contratada se obriga a corrigir e reparar qualquer defeito ou vcio constatado.

De acordo com o art. 445 da Lei n. 10.406/2002, o adquirente (Poder Pblico, no caso) decai do direito

de obter a redibio (anulao de uma venda por pro- posta do comprador, quando a coisa vendida apre-senta defeito) ou abatimento no preo no prazo de trinta dias se a coisa for mvel, e de um ano se for im-vel, contado da entrega efetiva; se j estava na posse, o prazo conta-se da alienao, reduzido metade. Quando o vcio, por sua natureza, s puder ser conhe-cido mais tarde, o prazo contar-se- do momento em que dele tiver cincia, at o prazo mximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens mveis; e de um ano, para os imveis.

2.4.10 Reajustamento de preos

O reajustamento tem como principal objetivo as-segurar que os preos contratuais sejam compen-sados em funo de variaes dos preos dos insu-mos (materiais, mo de obra e equipamentos) que ocorrem em determinado perodo, ou seja, a atu-alizao do valor do contrato em funo da variao do poder aquisitivo da moeda em face da inflao setorial.

O contrato deve conter clusula prevendo o rea-justamento de preos, aplicvel caso sua execuo

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tenha durao superior a um ano, e de correo mon-etria. De modo geral, o reajuste dos preos contratu- ais s pode ocorrer quando vigncia e execuo do contrato ultrapassarem 12 (doze) meses, contados a partir da data limite para apresentao da proposta ou do oramento a que essa se referir. No entanto, em licitaes que envolvam recursos federais, o gestor deve considerar que o TCU expediu acrdo determi-nando que, mesmo em contrato com prazo de exe-cuo menor do que um ano, existam clusulas que regulem o reajustamento, nos termos dos artigos 40, inc. XI e 55, inc. III da Lei n. 8.666/1993 (Acrdo 73/2010 TCU - Plenrio).

A Lei n 10.192/2001 admite, para reajustar os contratos, a utilizao de ndices de preos gerais, se- toriais ou que reflitam a variao dos custos de pro-duo ou dos insumos utilizados. De acordo com esta Lei, so nulos de pleno direito quaisquer expedientes que, na apurao do ndice de reajuste, produzam efeitos financeiros equivalentes aos de reajuste de pe-riodicidade inferior a um ano. O reajuste de preos est vinculado a ndice de preo previamente definido no edital e no contrato. A concesso do reajustamen-to, quando o contratado possuir direito, no uma faculdade da Administrao, mas uma obrigao.

2.4.11 Atualizao financeira monetria

A atualizao financeira admitida nos casos de eventuais atrasos de pagamento pela Administrao, desde que o contratado no seja responsvel pelo atraso. Ela devida desde a data limite fixada no contrato para o pagamento, o que geralmente acon-tece em at 30 dias aps o atesto da medio, at a data do efetivo pagamento da parcela.

A atualizao monetria, quando aplicvel, deve ser calculada por critrios estabelecidos obrigatoria-mente no Edital da Licitao e no contrato da obra. No cabvel a correo monetria das propos-tas de licitao, pois a atualizao financeira visa a preservar o valor a ser pago por servios que j fo-ram prestados, considerando-se somente o perodo entre o faturamento e seu efetivo pagamento23.

2.4.12 Reequilbrio econmico-financeiro

O equilbrio econmico-financeiro consiste na ma-nuteno das condies originais de pagamento es-

23 Art. 7, 7, art. 40, inciso XIV, alnea c; e art. 55, inciso III, Lei n 8.666/1993

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tabelecidas no contrato, a fim de garantir a estabilida- de da relao entre as obrigaes do contratado e a retribuio da Administrao, para a justa remune- rao da obra, servio ou fornecimento.

possvel Administrao, mediante acordo com o contratado, restabelecer o equilbrio econmico-fi-nanceiro do contrato, nas hipteses expressamente previstas em lei:

fatos imprevisveis (ou previsveis, porm de consequncias incalculveis), retardadores ou impeditivos da execuo do ajustado;

caso de fora maior (evento humano, impre-visvel e inevitvel, que interfere na execuo da obra; exemplos: greve, falta de insumos no mercado);

caso fortuito (evento da natureza, imprevisvel e inevitvel, que interfere na execuo da obra; exemplos: inundao, incndio de causas natu- rais);

fato do prncipe (ocorre quando uma determi-nao estatal, sem relao direta com o contra-to da obra, o atinge de forma indireta, tornando sua execuo demasiadamente onerosa ou im-

possvel; um exemplo hipottico: um novo tribu- to criado e aplicado a um dos materiais com maior peso no oramento da obra, aumentan-do consideravelmente seu preo e causando desequilbrio no contrato).

O reequilbrio econmico e financeiro do contra-to geralmente ocorre a pedido da contratada, sendo que a Administrao deve verificar:

planilha de custos, elaborada pela contratada, demonstrando quais itens esto economica-mente defasados e que sero alvos do reequi-lbrio;

a ocorrncia do fato justificador das modifica- es do contrato para mais ou para menos, conforme a legislao vigente.

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importante destacar que a formalizao do re-equilbrio econmico-financeiro provoca o desloca-mento da data-base para os prximos reajustes de preo. A nova data-base passa a ser a data da re-composio, com reajustes anuais a partir de ento.

Nos contratos que tenham por objeto a prestao de servios de natureza contnua (no o caso de obra) existe a possibilidade de Repactuao, uma forma de negociao entre a Administrao e o con-tratado que visa adequao dos preos contratu-ais aos novos preos de mercado.

2.5. FASE POSTERIOR CONCLUSO

DA OBRA

O recebimento definitivo do empreendimento en-cerra a execuo da obra e marca o incio da sua utilizao, etapa na qual se incluem aes de opera- o e intervenes necessrias manuteno das condies tcnicas definidas em projeto, para que a vida til do imvel seja a maior possvel e gere de modo eficiente os benefcios sociais almejados.

2.5.1 Garantia dos servios executados

O recebimento provisrio ou definitivo no exime o profissional da responsabilidade civil pela qualidade e segurana da obra ou do servio, nem tico-profis-sional pela perfeita execuo do contrato, dentro dos limites legais e contratuais.

A Lei de Licitaes24 estabelece, ainda, que o con-tratado obrigado a reparar, corrigir, remover, recons- truir ou substituir, s suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem v- cios, defeitos ou incorrees resultantes da execuo ou dos materiais empregados.

De acordo com o Cdigo Civil25, nos contratos de empreitada de edifcios ou outras construes considerveis, o empreiteiro de materiais e execuo responder, pelo prazo irredutvel de cinco anos, pela solidez e segurana do trabalho com relao aos materiais e ao solo.

24 Art 69 da Lei n. 8.666/1993 25 Art 618 da Lei n. 10.406/2002

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Vale repetir aqui que, de acordo com o art. 445 da Lei n. 10.406/2002, o adquirente (Poder Pblico, no caso) decai do direito de obter a redibio (anu-lao de uma venda por proposta do comprador, quando a coisa vendida apresenta defeito) ou aba-timento no preo no prazo de trinta dias se a coisa for mvel, e de um ano se for imvel, contado da entrega efetiva; se j estava na posse, o prazo con-ta-se da alienao, reduzido metade. Quando o vcio, por sua natureza, s puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se- do momento em que dele tiver cincia, at o prazo mximo de cento e oiten-ta dias, em se tratando de bens mveis; e de um ano, para os imveis. Portanto, assim que constatar o vcio, defeito ou incorreo, o gestor pblico deve comunicar a empresa responsvel pela obra para que os reparos necessrios sejam executados. As correes devem ser realizadas sem qualquer nus para a Administrao.

2.5.2 Manuteno

Com o empreendimento em funcionamento, torna- se fundamental que sejam desenvolvidas atividades tcnicas e administrativas para garantir a preservao das caractersticas de desempenho tcnico dos seus componentes e/ou sistemas. A manuteno pode ser de natureza preventiva ou corretiva. A manuteno preventiva consiste em atividades prvias ao surgi-mento dos problemas, enquanto a manuteno corre- tiva realizada aps o aparecimento das falhas a se-rem corrigidas.

A situao ideal que todo rgo pblico de-senvolva um programa de manuteno peridica, que contemple um conjunto de inspees realizado rotineiramente para evitar o surgimento de proble-mas. Este programa deve levar em conta as especifi-cidades do empreendimento e seguir as orientaes tcnicas dos fabricantes e fornecedores dos materi-ais e equipamentos instalados.

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3. SISTEMA DE INFORMAES MUNICIPAIS ACOMPANHAMENTOMENSAL SIM-AM MDULO DE OBRAS

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Nos captulos anteriores orientou-se como plane-jar a realizao de obras e servios de engenharia, elaborar seus projetos e execut-los de forma ade-quada legislao. A organizao dos registros rele-vantes sobre a obra tambm de suma importncia.

Um sistema que permita o controle das diver-sas obras facilita o acesso s informaes das reali- zaes da Administrao, permitindo tomar conhe-cimento, de forma rpida, em que estgio a obra ou servio se encontra.

O TCE-PR normatizou, com a Instruo Normati-va n. 084/2012, a forma de organizao destes da-dos pelos municpios. Todos os municpios, por meio de suas Administraes direta e indireta, devem seguir o disposto na regulamentao. No seguir estes pro-cedimentos configura irregularidade formal que pode acarretar multas ao ordenador de despesas, bem como irregularidades nas prestaes de contas e o consequente bloqueio da certido negativa junto ao TCE.

O controle deste sistema consiste no registro individualizado das obras e servios de engenharia com as seguintes informaes e/ou documentao:

previamente devem estar cadastradas, em seus respectivos mdulos: Licitao, Contrato, Ao (PPA, LDO, LOA), Bem e Empenho;

anotaes ou registros de responsabilidade tcnica (ART ou RRT) relativas a: projeto bsico e executivo (arquitetnico e complementares tais como estrutural, hidrulico, eltrico, etc.); oramento que deu origem ao valor mximo da licitao; execuo da obra; fiscalizao.

Especificamente para o mdulo de Obras Pbli-cas, devero ser inseridos na Atoteca26 os seguintes documentos, vinculados aos respectivos registros no SIM-AM:

oramento base (quando execuo direta) ou oramento do edital (quando execuo indire-ta) em planilha em formato xls ou xlsx editveis com o programa Excel ou similar compatvel, com acesso a frmulas e dados numricos;

planilha oramentria contratada;

26 A Atoteca um banco de dados que tem o objetivo de reunir leis, decretos, portarias, estatutos, editais, resolues e demais acervos do TCE e seus jurisdicionados.

http://www1.tce.pr.gov.br/conteudo/instrucao-normativa-n-84-de-20-de-dezembro-de-2012/237581/area/10http://www1.tce.pr.gov.br/conteudo/instrucao-normativa-n-84-de-20-de-dezembro-de-2012/237581/area/10

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medio contendo relatrio fotogrfico, com da-ta (formato pdf);

termo de recebimento provisrio/definitivo (for- mato pdf);

termo de paralisao de obras, contendo o motivo causador, se for o caso (formato pdf).

Ressalta-se que todos os documentos devem estar datados e assinados pelo responsvel tcnico pela fiscalizao da obra, que deve ser profissional habilitado, com registro no CREA ou no CAU.

importante frisar que no basta que as in-formaes e os documentos sejam simplesmente enviados ao TCE por meio do SIM-AM, para mero cumprimento desta obrigao. Tais informaes e documentos devem expressar com confiana e fide-

As obras de valores superiores a R$ 15.000,00 devem ser cadastradas no incio efetivo, no mximo um ms aps o Empenho no elemento 51 (Investimento em Obras).

dignidade a real situao da licitao, da contratao e da execuo da obra, nos termos do art. 2, 4 da Instruo Normativa n. 84/12, e as discrepncias identificadas, entre o que consta no SIM-AM e aquilo que foi constatado de fato, podem levar aplicao de penalidades ou mesmo acarretar a desaprovao das contas do municpio, conforme art. 13 da mesma norma.

Neste sentido, refora-se novamente a importn-cia de que todos os municpios tenham, em sua equi-pe, profissionais de engenharia e/ou arquitetura, pois so estes os profissionais que possuem, alm da ha-bilitao legal para o desempenho de suas funes, o conhecimento tcnico indispensvel acerca do de-senvolvimento dos projetos, obras e servios relacio-nados com a engenharia e a arquitetura.

No stio eletrnico do TCE so disponibilizados arquivos de vdeo e documentao especfica do m- dulo de Obras Pblicas, contendo guias e exemplos.

http://www1.tce.pr.gov.br/conteudo/sim-am-modulo-obras-publicas-guia-e-exemplos/244588/area/49

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4. PRINCIPAIS IRREGULARIDADES EM OBRAS PBLICAS

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Com base na experincia do TCE-PR e de diversos rgos de controle federais e estaduais, como CGU, CGEs, TCU e TCEs, possvel listar as principais irregu-laridades constatadas em auditorias de obras pblicas.

Este rol de irregularidades serve de alerta aos ges-tores para que promovam um criterioso acompanha-mento de todas as etapas de uma obra pblica, pri-mando pela correta utilizao dos recursos pblicos e se protegendo de futura responsabilizao junto aos rgos de controle e esfera judicial.

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4.1 Irregularidades na Licitao

Os principais exemplos de irregularidades, que atentam contra os princpios da isonomia e da esco- lha da proposta mais vantajosa para a Administra- o, so:

projeto bsico inadequado ou incompleto, sem os elementos necessrios e suficientes para caracterizar a obra, no aprovado pela autoridade competente e/ou elaborado poste-riormente licitao;

modalidade de licitao (tomada de pre-os, concorrncia, etc.) ou tipo de licitao (menor preo, melhor tcnica, tcnica e preo) inadequados;

obra complexa no dividida em lotes com vistas ao melhor aproveitamento dos recur-sos disponveis no mercado e ampliao da competitividade;

obra complexa dividida em parcelas, po-rm, desrespeitando a modalidade de lici- tao pertinente para a execuo total do empreendimento;

dispensa de licitao ou inexigibilidade de licitao sem justificativa ou com justifica-tiva incompatvel;

exigncias de carter restritivo desneces- srias no edital, em especial no tocante ca-pacitao tcnica dos responsveis tcnicos e tcnico-operacional da empresa;

ausncia de critrio de aceitabilidade de pre-os global e unitrio no edital de licitao;

ausncia da publicidade exigida de todas as etapas da licitao;

ausncia de exame e aprovao preliminar por assessoria jurdica da administrao das minutas de editais de licitao, contratos, ter-mos aditivos, acordos, convnios e ajustes;

ausncia de parecer tcnico justificando ter-mos aditivos de contrato;

inconformidade da proposta vencedora com os requisitos do edital e, conforme o caso, com os preos mximos fixados pelo rgo contratante;

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inadequao do cronograma fsico-financeiro do vencedor da licitao, ocasionando even-tuais desequilbrios financeiros e atrasos na concluso da obra;

manipulao dos preos unitrios, de modo que os servios iniciais do contrato fiquem muito caros e os finais muito baratos, poden-do gerar um crescente desinteresse do con-tratado nas etapas finais da obra por conta do baixo preo dos servios remanescentes;

inadequao do critrio de reajuste previsto no edital, sem retratar a variao efetiva do custo de produo;

no adoo de ndices especficos ou setori-ais de reajuste, desde a data prevista para a apresentao da proposta, ou do oramento a que essa proposta se referir, at a data do adimplemento de cada parcela;

participao na licitao, direta ou indireta-mente, do autor do projeto bsico ou exe- cutivo, pessoa fsica ou jurdica, pois a ele s permitida a participao como consultor ou

tcnico, nas funes de fiscalizao, superviso ou gerenciamento, exclusivamente a servio da Administrao.

Sobre o primeiro item da lista anterior (projeto b- sico inadequado ou incompleto) cabe acrescentar que as falhas no projeto bsico, como incoerncias ou inexistncia de elementos importantes, podem con-duzir a srias dificuldades para obteno do resultado almejado pela Administrao ocasionando problemas futuros de significativa magnitude, tais como:

falta de efetividade ou alta relao custo/bene-fcio do empreendimento, devido inexistncia de estudo de viabilidade adequado;

alteraes de especificaes tcnicas, em ra-zo da falta de estudos geotcnicos ou ambi-entais adequados;

utilizao de materiais inadequados, por defi-cincias das especificaes;

alteraes contratuais em funo da insuficin-cia ou inadequao das pranchas do projeto e especificaes tcnicas, envolvendo dilatao de prazos de execuo e negociao de preos.

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Essas consequncias podem frustrar o pro-cedimento licitatrio, dadas as diferenas entre o objeto licitado e o que ser efetivamente exe-cutado, e levar responsabilizao daqueles que deram causa s irregularidades constatadas27.

No intuito de minimizar a ocorrncia destas conse-quncias, o TCE publicou a Resoluo n. 004/2006, que regulamenta o contedo das informaes sobre obras e servios de engenharia e elenca os docu-mentos necessrios ao efetivo controle de uma obra.

Todos os estudos e projetos devem ser desen-volvidos de forma que guardem sintonia entre si, tenham coerncia material e atendam s diretrizes gerais do programa de necessidades do Municpio e dos estudos de viabilidade.

27 Segundo o Acrdo n. 353/2007 do TCU. Relator: Ministro Augusto Nardes:5. [...] Alm disso, bom lembrar que, nos exatos termos do art. 7, 6, da Lei 8.666/1993, so nulos de pleno direito os atos e contratos derivados de licitaes baseadas em projeto incompleto, defeituoso ou obsoleto, devendo tal fato ensejar no a alterao do contrato visando correo das imperfeies, mas sua anulao para realizao de nova licitao, bem como a responsabilizao do gestor faltoso.

A responsabilidade pela elaborao dos projetos ser de profissionais ou empresas legalmente regis-trados no CREA ou no CAU. Os autores devero as-sinar todas as peas que compem os respectivos projetos, indicando o nmero da inscrio de registro e o nmero dos registros ou anotaes de responsa-bilidade tcnica (ART ou RRT), nos termos da Lei n 6.496/1977.

4.2 Irregularidades no Contrato

So exemplos clssicos de irregularidades con-cernentes celebrao e administrao de contra-tos de execuo de obras ou servios de engenharia:

divergncia entre a descrio do objeto no contrato e a constante do edital de licitao e seus anexos;

divergncias relevantes entre o projeto bsico e o projeto executivo;

no vinculao do contrato ao edital de lici- tao e proposta do licitante vencedor;

ausncia de aditivos contratuais para con-templar eventuais alteraes de projeto ou do cronograma fsico-financeiro;

http://www1.tce.pr.gov.br/multimidia/2006/11/pdf/00001067.pdf

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ausncia de justificativas tcnicas e pare-ceres jurdicos para aditivos de preo ou de prazo e para acrscimos ou supresses de servios;

extrapolao dos limites definidos na Lei n 8.666/1993, quando dos acrscimos ou su-presses de servios;

alteraes de quantitativos sem justificativas tcnicas coerentes, especialmente quando so reduzidas quantidades de servios cotados a preos muito baixos e/ou aumentando quan-tidades de servios cotados a preos muito altos, podendo gerar sobrepreo e superfatu-ramento (jogo de planilha);

acrscimo de servios contratados por preos unitrios diferentes da planilha oramentria a- presentada na licitao;

acrscimo de servios cujos preos unitrios so contemplados na planilha original, porm acima dos praticados no mercado;

execuo de servios no previstos no contra-to original e em seus termos aditivos;

subcontratao no admitida no edital e no contrato;

contrato encerrado com objeto inconcluso;

pagamentos adiantados sem previso con-tratual;

medies aps a extino do contrato;

omisso da Administrao em multar ou executar a garantia contratual em ocorrn-cias de descumprimento de clusulas con-tratuais;

prorrogao de prazo sem justificativas ju-rdica e tcnica;

ausncia de indicao formal do responsvel pelo acompanhamento do contrato (gestor/fis-cal do contrato).

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4.3 Irregularidades Relativas Execuo Oramentria

Com relao execuo oramentria, so exem- plos de irregularidades:

no incluso da obra no Plano Plurianual ou em lei que autorize sua incluso, no caso de execuo superior a um exerccio financeiro;

ausncia de previso de recursos oramentri-os que assegurem o pagamento das etapas a serem executadas no exerccio financeiro cor-ren