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04 - Editorial Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião: José Luis Gonçalves22 - Semana de... Octávio Carmo24 - Dossier Voluntariado Missionário

26 - Entrevista Catarina António54 - Multimédia56 - Estante58 - Vaticano II60 - Agenda62 - Por estes dias64 - Programação Religiosa65 - Minuto Positivo66 - Liturgia68 - Fátima 201770 - Fundação AIS72 - LusoFonias

Foto de capa: DRFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Novos projetospastorais[ver+]

Francisco e BentoXVI dizem adeusao cardealMeisner[ver+]

VoluntariadoMissionário[ver+] José Luis Gonçalves | Paulo Rocha|Octávio Carmo | Manuel Barbosa |Paulo Aido | Tony Neves | FernandoCassola Marques

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Turismo, rotundas e esplanadas

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

José Mourinho disse nos anos cimeiros da fama,quando se sucediam bons resultados e vitóriaspor cá e pela Europa, que o mais difícil não échegar ao topo, mas saber como se aguentar porlá! De facto, até pelo próprio exemplo dotreinador “especial”, conseguir manter o primeirolugar ano após ano, competição apóscompetição é realmente o mais custoso, quaseimpossível, pelo decorrer dos acontecimentos, davida dos seus protagonistas e doscondicionalismos da história.Nestes meses de verão e em quase todos osoutros do ano, Portugal é ponto de chegada paramuitos turistas, transformando a configuraçãohumana de muitas cidades. Também neste setor,o desafio consiste em manter a opção porPortugal no topo, diria o atual quinto melhortreinador do mundo.A indústria do turismo tem mobilizado cidadãos,empresas e instituições, públicas e privadas, natentativa de conseguir responder à enchente quese vive diariamente em cidades como Lisboa ouPorto. Entre as respostas estão, sobretudo, anecessidade de criar as estruturas urbanas quefacilitem a circulação de quem nos visita eespaços de alojamento e alimentação querespondam à crescente procura. As primeirasfazem nascer rotundas nos sítios maisimprováveis e as segundas plantam esplanadasem todos os recantos.

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E todas são precisas!Portugal tem, no entanto, queoferecer mais do que rotundas eesplanadas. Quem nos visita e seencanta pelo sol e pela alimentaçãodeve levar na bagagem motivospara regressar, não só peloacolhimento que acontece e assaudades dos petiscos, mastambém, e sobretudo, pelacapacidade de oferta cultural, deentretenimento e de humanismo quecidadãos e instituições foremcapazes de fazer. A Igreja Católica tem especialresponsabilidade neste setor!Felizmente, há ótimos exemplos deboas práticas já em curso! A Igreja eTorre dos Clérigos talvez seja o quemelhor o comprova pela capacidadeque existiu de qualificar a oferta aosturistas que visitam o Porto, pelasiniciativas culturais que caraterizama vida nos Clérigos e pelacomunicação de tudo isso a quemchega e a quem está longe e querfazer escolhas! Um exemplo a seguire a desafiar a criatividade e oinvestimento necessário de quemtem muito para mostrar! Como nocaso dos Clérigos, o retorno égarantido!

(Artigo integral emwww.agencia.ecclesiap.pt)

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Os portugueses sempre foram íntimos do mar…

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«Fito inconsciente as sombras,/ Enquanto pelaspraias solitárias/ Ecoa, ó mar, a tua voz antiga».

- Antero de Quental (1842-1891),poeta e filósofo português

«A riqueza influencia-nos como a água do mar.Quanto mais bebemos, mais sede temos. Omesmo vale para a glória»

- Arthur Schopenhauer (1788-1860), filósofo alemão «Jornalista é peixinho de aquário: colorido e fazgracinhas. O escritor é peixe de mar profundo. Osol não entra, mas ele tem o oceano todo».

- Carlos Heitor Cony (1926-); escritor brasileiro «O vento e as ondas estão sempre do lado dosmelhores marinheiros».- Edward Gibbon (1737-1794), historiador e políticoinglês «Os homens regressam às montanhas e aosbarcos à vela porque nas montanhas e no martêm de ser confiantes».

- Henry David Thoreau (1817-1862),poeta e filósofo norte-americano

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Novos padrese mudanças de serviços pastorais

O arcebispo de Braga presidiu estedomingo à ordenação de seispadres da diocese e defendeu queao presbítero “não devem interessarcompensações secundárias oumateriais”. Viver “num estiloevangélico é estar no mundo semmundanismos que desfocam a suapertença livre e pura à comunidade”,

disse D. Jorge Ortiga na cripta daBasílica do Sameiro.Na ordenação de Paulo Gomes,Fernando Torres, José Oliveira,Fernando Machado, Rúben Cruz eVítor Sá, o arcebispo de Bragarealçou que é “na formaçãopermanente e no seio dacomunidade que se vai construindoum modo integral de ser padre”.

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D. Jorge Ortiga fez também váriasnomeações de padres, estedomingo, para novas funções naarquidiocese com o intuito derenovar as paróquias. No decreto,D. Jorge Ortiga realça que seintroduz “a figura do sacerdote«acompanhador»: um sacerdotemaduro e experiente queacompanha na caridade pastoral ena amizade sacerdotal ospresbíteros recém-ordenados”.Em Santarém, o bispo localpresidiuà ordenação de um novo sacerdoteno dia da criação da Diocese, queaconteceu em 1975, e afirmou nahomilia da Missa que a“preocupação evangelizadora” estána sua origem.“A criação de uma nova diocese, aoaproximar a Igreja da cultura localde um povo, oferece umapossibilidade mais eficaz de chegaraos diferentes terrenos para lançara boa semente do evangelho”, disseD. Manuel Pelino.O bispo de Santarém nomeou umanova equipa coordenadora doSecretariado Diocesano da PastoralFamiliar e do Serviço Diocesano dePastoral Juvenil e Vocacional e umnovo assistente espiritual do Centrode Preparação para o Matrimónio(CPM).

D. José Ornelas, bispo de Setúbal,anunciou em comunicado asmudanças nos serviços pastoraispara o ano 2017/2018,agradecendo a disponibilidade doclero. “Desejo exprimir sentidagratidão pela disponibilidadegenerosa, abertura de coração esincera busca da vontade de Deusque encontrei nos sacerdotes, elouvo o Senhor da Igreja pelosentido pastoral por todosmanifestado”.O bispo do Algarve, D. ManuelQuintas, nomeou como vigário paraa pastoral da diocese o padreAntónio de Freitas, de 34 anos, queconcluiu o estudos em TeologiaPastoral na Pontifícia UniversidadeLateranense, substituindo no cargoo cónego José Pedro Martins. Oterritório do sul português diz adeusaos padres José e Afonso da CunhaDuarte, que se despedem dadiocese após 36 anos de serviçoJá o cardeal-patriarca de Lisboanomeou o padre Miguel Vasconceloscapelão da Universidade CatólicaPortuguesa, designou novoscolaboradores para os semináriosdiocesanos e indicou para párocodo Campo Grande o padre HugoGonçalves.

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História, arte e patrimóniodas Ordens CarmelitasA Sociedade de Geografia deLisboa está a promover até sábadoo Congresso Internacional ‘OsCarmelitas no mundo luso-hispânico. História, Arte ePatrimónio’, dedicado às ordens doCarmo e aos Carmelitas Descalços.“Aqui o Carmo é um convento, coma figura do Condestável NunoÁlvaro Pereira, de um significadoimportantíssimo”, realçou FernandoLarcher, membro da comissãoorganizadora.Já o comissário geral da Ordem doCarmo da Antiga Observância emPortugal refere que o congresso éuma oportunidade para ver “ahistória dos Carmelitas ao longodestes anos todos”, porque é“importante olhar” a “realidade”. “Eesta perspetiva do futurorelativamente à Ordem do Carmo.Meditar e olhar com este olhar daperspetiva do Carmelo, lá nos finaisdo século XII, princípios do séculoXII, e agora esta realidade passadosestes séculos todos em Portugal”,acrescentou frei Ricardo Raínho.Por sua vez, o provincial da Ordemdos Carmelitas Descalços afirmouque o congresso ‘Os Carmelitasno mundo luso-hispânico. História,Arte e

Património’ é importante porque aPenínsula Ibérica “é o berço dareforma, teresiana”. Para o freiPedro Ferreira o estudo do eventopermite “esclarecer muitas coisas”,sobretudo, poderem “falar dasdiferenças que unem” as duasordens.Atualmente, na Península Ibérica, osCarmelitas Descalços têm trêsprovíncias – a Navarra e a Ibérica,que resultou da unificação de cinco– e Portugal com “sete conventos depadres, oito mosteiros de Carmelitasde Clausura” e a ordem secular por“todo o país”.D. António Vitalino, que pertence àOrdem do Carmo, proferiu aconferência de abertura e recordaque regressou “há pouco tempo àsorigens”, depois de 21 anos noepiscopado, tendo aproveitado para“relembrar muita coisa e investigar”.

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Cáritas Portuguesa aposta naprevençãoe reconstrução após os incêndiosA Cáritas Diocesana de Coimbradisse que, após três semanas em“fase de emergência”, iniciou a “fasede apoio” destinada ao“acompanhamento das populaçõesafetadas pelos incêndios dePedrógão Grande”. De acordo comum comunicado enviado à AgênciaECCLESIA, os técnicos da CáritasDiocesana de Coimbra realizaram“100 visitas às famílias dosconcelhos de Pedrogão Grande,Castanheira de Pêra e Figueiró dosVinhos”.A Cáritas Portuguesa promoveu a14 de julho um colóquio dedicado àprevenção de incêndios, comparticipação de responsáveis dasociedade civil e da Igreja Católica,porque o “drama” de PedrógãoGrande “não pode deixar ninguémindiferente”.João Pereira explicou na aberturado colóquio que “reflexão, ação eprestação” são as palavras emdestaque nesta iniciativa.Já para o diretor do SecretariadoDiocesano da Pastoral Social deAveiro, neste momento existe umapelo “ao respeito pela casacomum”. “O dia hoje seja um apeloao respeito pela casa comum,expressão do Papa Francisco,nessa encíclica 'Laudato Si', faladas questões do ambiente

onde há tanto a fazer, sobretudotanto a mudar, de mentalidade”,desenvolveu o padre JoãoGonçalves.O encontro começou com aintervenção ‘Incêndios Florestais:Uma reflexão sobre causas econsequências’, pelo presidente doCentro de Estudos e Intervenção emProteção Civil, Duarte Caldeira. Emdeclarações à Agência ECCLESIA, oresponsável alertou para a“gravidade do despovoamento” queleva à desertificação do Interior.O vice-presidente da CáritasDiocesana de Aveiro, por sua vez,destacou a oportunidade de mostrar“a generosidade do povo português”e de “melhoria” quanto à prevençãode incêndios. “Sabemos que não hámuito uma cultura de segurança, deprevenção e ela é fundamental”,realçou Artur Figueiredo de Almeida.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Santuário de Fátima promove 11ª edição do programa de férias para pais decrianças com deficiência

Cáritas entregou casa a vítimas dos incêndios de 2016

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Papa Francisco e Bento XVIdeixaram mensagens no últimoadeus ao cardeal Meisner

O Papa Francisco e o seupredecessor, Bento XVI, enviarammensagens para o funeral docardeal alemão D. Joachim Meisner,arcebispo emérito de Colónia,sepultado este sábado na cidadealemã.

A mensagem de Francisco foi ligapelo núncio apostólico em Berlim, D.Nikola Eterovi?, elogiando o“corajoso empenho” do falecidocardeal em defesa da fé e da Igreja,em particular durante o período daseparação alemã.

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Já a mensagem do Papa eméritoBento XVI foi transmitida pelo seusecretário e atual prefeito da CasaPontifícia, D. Georg Gänswein. Otexto, divulgado online pelaFundação Joseph Ratzinger,recorda uma conversa telefónicaentre Bento XVI e D. JoachimMeisner na véspera da morte docardeal, falecido no dia 5 de julho,aos 83 anos.O cardeal alemão participou nosConclaves de 2005 e 2013, queresultaram na eleição,respetivamente, dos Papas BentoXVI e Francisco; foi tambémpresidente-delegado na IIassembleia especial para a Europado Sínodo dos Bispos (1999). D.Joachim Meisner foi um dos quatrocardeais que escreveram uma cartaao Papa Francisco, pedindoesclarecimentos a respeito daExortação Apostólica ‘AmorisLaetitia’.O Papa emérito recorda o “grandeamor” do antigo arcebispo deColónia pelas Igrejas do Leste daEuropa, vítimas da “perseguiçãocomunista”.A mensagem fala num “pastorapaixonado e pai espiritual” queviveu “num momento em que aIgreja tem necessidade de pastoresconvincentes e que saibam resistir àditadura do espírito do tempo”.“Comove-me que (…) tenha sabidoviver o último

período da sua vida com a certezaprofunda de que o Senhor nãoabandona a sua Igreja, ainda que àsvezes a barca esteja prestes a virar-se”, escreve Bento XVI.A imagem da Igreja como uma barcaque enfrenta “tempestades” érecorrente no pensamento do agoraPapa emérito, que usou estestermos em outubro de 2012, naabertura do Ano da Fé, por ocasiãodo 50.º aniversário do ConcílioVaticano II (1962-1965) ou noângelus de 7 de agosto de 2011.Nessa ocasião, Bento XVI disse que“o mar simboliza a vida presente, ainstabilidade do mundo visível; atempestade indica todos os tipos detribulação, de dificuldade queoprime o homem. A barca, pelocontrário, representa a Igrejaconstruída por Cristo e norteadapelos Apóstolos”.O então cardeal Joseph Ratzingerfalou da barca “agitada” dopensamento cristão na Missa queantecedeu o Conclave que o viria aescolher como sucessor de SãoJoão Paulo II, em abril de 2005.Aquando da sua renúncia aopontificado, a 11 de fevereiro de2013, o Papa alemão também sereferiu à Igreja como “a barca deSão Pedro”.

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Novidades no estudo do SantoSudárioUm estudo publicado por umaequipa liderada por Elvio Carlino, doInstituto de Cristalografia, em Bari,Itália, revelou ter encontradovestígios de sangue no SantoSudário venerado em Turim. Osdados divulgados na revistacientífica PlosOne sublinham que osangue presente no tecidocomporta indícios de creatinina eferritina."A presença destes dois elementosocorre em casos de politraumatismograve", refere o estudo.A análise aponta para uma “morteviolenta”, indo ao encontro deinvestigações anteriores.O estudo foi publicado com o nome'Estudos de resolução atómicadeteta novas evidências biológicas no Sudário de Turim'. “As partículasmuito pequenas aderidas às fibrasdo linho do sudário registaram umcenário de grande sofrimento davítima que estava envolvida no panofunerário”, observa Elvio Carlino,líder da pesquisa e especialista doInstituto de Cristalografia.As “nanopartículas” tinham uma“estrutura, tamanho e distribuiçãopeculiares”, segundo Giuliu Fanti,professor da Universidade dePádua, apontando para “uma morteviolenta do homem envolvido noSudário”.

A agência católica de notícias ACI,que dá conta desta investigação,sublinha que se tratou do primeiroestudo das “propriedades ananoescala de uma fibra nãopoluída extraída do Santo Sudáriode Turim”. “Estas descobertas sópoderiam ser reveladas pelosmétodos recentementedesenvolvidos no campo damicroscopia eletrónica”, sustentaElvio Carlino.O pano de linho com 4 metros e 36centímetros de comprimento por 1metro e 10 centímetros de largurafoi submetido, em 1989, ao teste docarbono-14 em três laboratórios daSuíça, Estados Unidos e ReinoUnido. Em 20011, a agência italianapara as novas tecnologias edesenvolvimento sustentável (ENEA)anunciou as conclusões de umtrabalho de cinco anos sobre aformação da imagem que se vê noSudário.

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Papa pede espaço para voz dostrabalhadores na IgrejaO Papa Francisco associou-se àcelebração do 50.° aniversário defundação do Movimento Mundial dosTrabalhadores Cristãos (MMTC),assinalado com um encontrointernacional a decorrer em Ávila,Espanha, até esta sexta-feira. “Quea voz dos trabalhadores continua aressoar no seio da Igreja”, refere amensagem pontifícia enviada aosparticipantes.O congresso reúne 120 delegadosrepresentando o movimentopresente hoje em 79 países,incluindo Portugal, em volta do tema‘Terra, casa e trabalho por uma vidadigna”.A mensagem enviada através dosecretário de Estado do Vaticano,cardeal Pietro Parolin, sublinha que“a dignidade da pessoa estáestritamente ligada a essas trêsrealidades” que recordam que aexperiência fundamental do serhumano “é a de sentir-se arraigadono mundo, na família e nasociedade”. “Terra, casa e trabalhosignifica lutar para que cada pessoaviva de maneira conforme à suadignidade e ninguém sejadescartado. Para isso, nos encorajaa nossa fé em Deus que enviou o

seu Filho ao mundo para que,partilhando a história de seu povo,vivendo numa família e trabalhandocom suas mãos, redimisse esalvasse o ser humano com a suamorte e ressurreição”, prossegue amensagem papal.Francisco exorta o MovimentoMundial dos Trabalhadores Cristãosa “perseverar com impulso renovadonos esforços de levar o Evangelhoao mundo do trabalho”.A LOC/MTC de Portugal estárepresentada pelos coordenadoresnacionais, José Paixão e GlóriaFonseca; pelo assistente nacional,padre Manuel Simões; e pela antigacoordenadora nacional FátimaAlmeida, da LOC/MTC daArquidiocese de Braga, na condiçãode candidata à comissãointernacional do MMTC.

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@pontifex chega aos 35 milhões de seguidores no Twitter

Holandês de 63 anos pedalou 3300 quilómetros até ao Santuário de Fátima Foto: - Vídeo: Papa lembra comunidade venezuelana -https://www.youtube.com/watch?v=0xM5QZnpSWo

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Ubuntu – um paradigma educacional

José Luís Gonçalves Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

A expressão soa estranha – Ubuntu – masreporta-se a um conceito africano que significaacolhimento, respeito, entreajuda, partilha,comunidade, cuidado, confiança, generosidade.Constitui uma ancestral filosofia de vida e umaética da convivência social. A expressão ZuluUbuntu pode ser traduzida como “Eu sou porquetu és e tu és porque nós somos”. Esta conceçãoprofundamente relacional da natureza humanapreconiza um humanismo de cariz universalistaatravés de uma identidade partilhada com osoutros. Conforme explica o Professor John Prof.Volmink, segundo o conceito Ubuntu, cadapessoa tem a garantia de que pertence a algomaior do que ela própria, e que é diminuídaquando os outros são humilhados, torturados eoprimidos. Por isso, o objetivo maior do Ubuntu érestaurar a dignidade humana e promover o laçosocial significativo.Ubuntu seria um conceito vazio se não fossevivido já hoje como uma identidade comumpartilhada por jovens líderes comunitáriosprovenientes dos mais variados contextos sociaisdas cidades portuguesas. Promovida pelo IPAV, aAcademia Ubuntu (www.academiaubuntu.org) temvindo a potenciar o estilo de liderança servidorade centenas de jovens através de um processode educação não formal, de modo a que estessejam agentes de transformação no seio dassuas comunidades. Alicerçadas nodesenvolvimento de cinco áreas –autoconhecimento, autoconfiança, resiliência,empatia e serviço -, as referências

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deste percurso formativo são asgrandes figuras da cultura africanaUbuntu, tais como Nelson Mandela,Desmond Tutu e Martin Luther King.Hoje, a dinâmica Ubuntu estápresente num conjunto diversificadode realidades a nível global. Em2015, foi objeto de uma conferênciainternacional, em Washington,levada a efeito pela «Comparativeand International EducationSociety)» sob o tema ‘‘Ubuntu!Imagining a Humanist EducationGlobally’’. Como paradigmaeducacional, o Ubuntu traduz edesenvolve uma noção clara acercado ser humano (propõe umaontologia), fornece uma estruturapara distinguir a crença da opinião eestas das ciências (promove umaepistemologia) e envolve a análiseteórica e sistemática de um conjuntode procedimentos através dos quaisum sistema de crenças particular épraticado (ou seja, preconiza umametodologia).Em Portugal, este paradigmaeducacional tem vido a serassumido na escola pública atravésdas «Vidas Ubuntu», cujo impactotem comprovado como estaidentidade-pertença em forma deestilo de vida pode ter um potencialextraordinário de transformaçãodos

adolescentes/jovens, ao ponto decolher o apoio dos Ministérios daJustiça e da Educação e Ciência,além da Fundação C. Gulbenkian.Num tempo em que se procuramvisões integradoras de mundo,urge/importa (re)descobrirparadigmas como o Ubuntu, quenão cedam ao “olhar dominanteeurocêntrico ocidental, a partir deuma dependência excessiva dopositivismo, do classismo e doindividualismo para uma abordagemmais centrada no homem e holísticaque reconheça asinterdependências dentro doecossistema das pessoas, doplaneta e do lugar.”

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Trabalho com ecrãs ou visores-desafiospara a segurança e saúde

LOC/MTC Movimento de trabalhadoresCristãos

A introdução em massa das novas tecnologiasde informação e comunicação na economiaprovocou alterações de grande magnitude navida de milhões de trabalhadores em todo omundo! Alterações na vida pessoal, laboral esocial com importantes consequências para asaúde dos mesmos, organização familiar e nomodo de pensar e ver o mundo.Um dos aspectos mais importantes é sem dúvida oimpacto dos equipamentos de trabalho com ecrãs ouvisores, nomeadamente os computadores, tabletssmartphones, etc. É do conhecimento geral quetemos milhões de trabalhadores que passam oito emais horas frente a um computador. Milhares depessoas com computadores e outros equipamentos,nomeadamente o telefone, e com um softwere quecontrola o trabalho do próprio trabalhador ao minutocomo no caso dos call centers ou serviçossemelhantes impondo o ritmo ao operador.

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Esta situação tem um impacto muitonegativo na saúde dostrabalhadores dada a enorme cargafísica e mental que estes sofremdiariamente ao longo de meses eanos.Se em termos de informação técnicajá existe abundante bibliografia, omesmo não se pode dizer no campolegislativo. Em Portugal, temoslegislação que aborda esta matéria,nomeadamente o decreto-leinº349/93 de 1 de Outubro e aportaria nº989/93 de 6 de Outubro,

ambos uma transposição para odireito nacional da DiretivaComunitária 90/270/CEE queestabelece as prescrições mínimasde segurança e saúde no trabalhocom ecrãs ou visores. Os diplomasportugueses transcrevem quasepalavra por palavra esta Diretivaque, como é notório, já tem 27 anosde existência. Ora, num campocomo as tecnologias vinte e seteanos é muito tempo, sendo assimnecessário fazer uma atualizaçãodesta Diretiva que no essencial, e oleitor

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pode verificar, se preocupa com osaspectos ergonómicos do trabalhocom ecrãs ou visores. Todavia, aDiretiva e o artigo 6º do decreto-leiacima referido referem que oempregador deve avaliar ascondições de segurança e de saúdeexistentes nos postos de trabalho,nomeadamente quanto à visão,afecções físicas e à tensão mental. Rever e melhorar a legislação!Prevenir mais!0ra o grande problema está no quea Diretiva aqui há 27 anosdescrevia

como «tensão mental» e que hoje émais falado como o stresse laboralamplamente estudado,nomeadamente por instituiçõeseuropeias como a Agência Europeiapara a Segurança e Saúde noTrabalho. Nessa altura a Diretivaapresentou poucas medidas paraprevenir a tensão mental para alémdas pausas no trabalho, sem definiro número nem o tempo dasmesmas, e a mudança de actividadepara reduzir a pressão do trabalhocom tais equipamentos. É verdadeque também estipula que ao níveldo software

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«os sistemas devem apresentar ainformação num formato e a umritmo adaptado aos operadores».0ra em muitos locais de trabalho,tudo isto é puramente ignorado.Tudo somado verificamos queestaria na altura de fazer umarevisão e melhoria desta Diretiva erespetiva legislação nacional parase enfrentar a prevenção dos riscosprofissionais neste domínio numaépoca em que a larga maioria daspessoas trabalha comequipamentos dotados de visores,expostos a riscos físicos e psíquicosgraves. Hoje sabemos muito maissobre as consequências graves dostresse crónico provocado pelosritmos de trabalho e por não existirtantas vezes uma separação entretempo de trabalho e tempo dedescanso. No entanto sabemos quea Comissão Europeia tem evitadonos últimos anos aprofundar emelhorar o normativo comunitárioem matéria social com a desculpade não arranjar

mais encargos para as empresas.Seria muito importante neste quadroque a inspecção do trabalho e omovimento sindical promovessemuma campanha de informação einspecção sobre a prevenção dosriscos no trabalho com estesequipamentos muito em particularem sectores como os call centerstão em voga no nosso país. Seriaimportante dar a conhecer asobrigações legais das empresasneste domínio e os respectivosdireitos dos trabalhadores comdestaque para o direito àinformação, formação e consultados trabalhadores e seusrepresentantes sobre os riscos e asmedidas a tomar pela empresa bemcomo sobre as obrigações dasempresas no domínio da vigilânciamédica.LegislaçãoDiretiva 90/270/CEEDecreto-Lei nº349/93 de 1 deOutubroPortaria nº 989/93 de 6 de OutubroLei nº113/99 de 5 de agosto

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Os que partirame os que regressam partindo

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

A Conferência episcopal convocou para hoje umdia de oração e de jejum pela liberdade, justiça epaz na Venezuela, a fim de “pedir a Deus queabençoe os esforços dos venezuelanos” paraalcançar a convivência fraterna no país. É umpaís que me diz muito, por ali ter crescido emanter ainda ali muitas relações familiares e deamizade.“Mais um jovem assassinado”. “A tristeza de umadespedida”. “Emigrar por necessidade”. “Sair ouficar na Venezuela”. “Por enquanto”.Ver as páginas pessoais dos nossos familiaresnas redes sociais é alerta mais do que suficiente.Milhares de lusodescendentes saíram ou estão apensar em sair da Venezuela.Tal como um dia os seus pais e avós deixaramuma pequena ilha no meio do Atlântico em buscade uma vida melhor, eles emigram hoje com osseus filhos e cônjuges, muitos deles semqualquer ligação a Portugal que não opassaporte comunitário – essa chave preciosaque abre portas na União Europeia.Muitos voltam a uma realidade que já não existe,a uma terra onde já não estão os familiares queemigraram ou faleceram. Um destino construídoe uma realidade que vai exigir váriasreconstruções.A Venezuela foi o destino de muitos emigrantesportugueses. A frase “partiram em busca de umavida melhor” parece ser suficiente para explicareste fluxo que marcou boa parte do século XX.Foram tempos duros, em que muitos saíram donavio Santa Maria, no porto de La Guaira,

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de mãos vazias ou só com umamuda de roupa. Mas lutaram eprosperaram, tantas vezes, emparticular com as suas atividades noramo do comércio.“Até setembro vão muitos luso-venezuelanos para Portugal emuitos pensam em ficar”. Odesabafo é feito em tom de luto,numa Venezuela em guerra, onde jáse vive há 40 anos. Onde semprese viveu, na verdade, mesmo quenão se tenha lá nascido, porque éali que o coração se reconhece emcasa. Sair do lar, com marido efilhos que nunca viveram naMadeira não fazia parte dos planos.A verdade é que os filhos e netosdos que partiram em busca de umavida melhor já a tinham encontrado.Lá, na Venezuela, muitas vezesherdando

negócios dos pais ou tendo um nívelde vida muito superior ao que ospioneiros desta emigração tinham.Casaram com portugueses, comoutros emigrantes, comvenezuelanos, e não pensavam naMadeira como um ‘El Dorado’, umobjetivo de vida, como a ilha ondese ia esporadicamente, em visita,para um reencontro com as raízes.Hoje, a Madeira, em especial, nãoestá confrontada com um regressodos seus filhos, mesmo que muitostenham ali nascido há váriasdécadas. Quem sai da Venezuela, fá-lo “em busca de uma vida melhor”,mas fá-lo emigrando, deixando paratrás pequenos (ou grandesnegócios), quebrando laços sociais,comunitários, mesmo familiares.

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1403 portugueses vão dedicar-se a ações de voluntariadomissionário em 2017. O número justifica um olhar atento nesteSemanário ECCLESIA, que analisa os dados estatísticos da Rede deVoluntariado Missionário coordenada pela FEC – Fundação Fé eCooperação. O elenco inclui voluntários que abdicam dos seusempregos e salários para partir em missão.Além dos testemunhos na primeira pessoa, o dossier apresentavários projetos em Portugal e no estrangeiro, que envolvemdioceses e institutos religiosos numa dinâmica que dá umprotagonismo renovado aos leigos e, em particular, aos jovenscatólicos.

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Fé dá outra dimensão aoVoluntariado Catarina António já foi missionária em Moçambique, Timor-Leste e Brasil.Agora, coordena a Plataforma do Voluntariado Missionário da Fundação Fée Cooperação (FEC) e fala à Agência ECCLESIA das centenas devoluntários portugueses que partem em missão para vários destinos,sobretudo no espaço lusófono. Deixam o conforto das suas casas paraconhecer realidades diferentes e procuram ajudar as populações locais. Umtrabalho que se repete também em Portugal, transformando vidas.

Entrevista conduzida por Lígia Silveira Agência ECCLESIA (AE) - 1403pessoas estão este ano envolvidasem ações de voluntariadomissionário. A FEC regista umaumento, nestes dados: isso ésignificativo?Catarina António (CA) - Sim, é umaumento sempre significativo, quetem em conta o facto de os dadosse referirem às respostas dasentidades. Este ano tivemos maisentidades a responder aoquestionário e é sempre bom verque há cada vez mais pessoasenvolvidas em projetos de missão.Quando falamos de missão,pensamos só na missão ad gentes,para fora, mas nós nãocontabilizamos só as 389 pessoasque vão para fora. Estamos a falartambém de pessoas que seenvolvem em voluntariado

missionário aqui mesmo no seupaís. Nós ouvimos muitas vezes osvoluntários a serem questionados,“porque é que vais para tão longe?Porque é que sais?”, mas a verdadeé que eles são também sãovoluntários aqui, missionários aqui,e esses números refletem essarealidade: a pessoa envolve-se noseu país e quando se sentepreparada, dá o passo e sai.

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AE - Estes números revelam ocompromisso das pessoas com aMissão em si?CA - Ninguém parte de um dia parao outro, é preciso um compromisso,uma preparação, em norma com aduração de um ano. As entidadesconvidam as pessoas a envolver-secá em Portugal, porque estecompromisso de partir, mesmo queseja em missões de curta duração,implica desprendimento,compromisso sério. Essa é arealidade.Arrisco-me a dizer que todos osvoluntários que partem para forasão voluntários cá dentro, isso éessencial para aprenderem logoaqui a resolver pequenas situações,a adaptar-se a realidadesdiferentes, a contactar com odesconhecido. AE - Este compromisso é com oquê? Não é um desejo que surja donada…CA - É um compromisso,essencialmente, com eles próprios,com a sociedade e com Deus. Ovoluntariado missionário distingue-se do voluntariado internacionalpropriamente dito pela fé, tem ocunho da fé que faz toda adiferença.São voluntários que não vãonecessariamente dar catequese -também o podem fazer -, trabalhar

apenas no plano pastoral, mas queem toda a sua ação, no seu dia adia, têm presente a fé, o amor deDeus que tentam levar aos outros,nos países onde vão e aqui. AE - Podemos ver que essecompromisso não se extingue nummês, seis meses, num ano demissão, mas que muitas vezes étransformador de uma vida…CA - Sim, este compromisso mudamesmo a vida das pessoas. O quenós temos vindo a ver ao longo dosanos, com os voluntários que fazemformação, com os testemunhos quevamos ouvindo após o regresso, éque a pessoa parte, mas já nãovolta a mesma. Eles costumam dizerque quando entram no avião, noaeroporto, para partir, estão adespedir-se na pessoa que eram.Aquilo que vão viver, estecompromisso que assumem, antesde partir, durante a missão equando regressam, muda tudo.Muda até a simples forma de ver ascoisas e de estar. Isto é bom,significa que estamos a formarpessoas que se vão envolver aindamais na sociedade, que se vãoenvolver ainda mais na Igreja, quevão ser vozes ativas no mundo eesta mudança transforma osvoluntários, quem está ao seu redor,os grupos e a sociedade em geral.

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AE - Os números indicam que hápaíses de Missão que continuam aser os mesmos, ano após ano. Háalguma razão para isso?CA - Tem a ver com o facto de asentidades já terem criado uma redede suporte, de trabalharem emparceria com organizações locais.Não se vai de Portugal paradesenvolver um projeto sem base,por isso é nesses países que vãosendo pedidos cada vez maisvoluntários e que as entidadesestão a dar resposta. No entanto,este ano temos um dadointeressante, como a presença deEspanha…

AE - Com cinco pessoas…CA - Exatamente. E não nos pareceum país de missão. A verdade é queos projetos que ali vão desenvolver,na área da educação, da animação,são cada vez mais alargados, compaíses novos, também na Europa.Começa-se a perceber que amissão é mesmo universal, já não ésó para África que os voluntáriospartem.

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AE - Os voluntários sãoessencialmente mulheres (70%) epessoas entre os 18 e os 50 anos.CA - A maior parte destas pessoasestão numa idade ativa, têm a suavida profissional. 87% das pessoasque partem são estudantes, recém-licenciados ou empregados quedecidem que as suas férias desteano são férias para se doar aooutro, porque percebem ao longoda sua caminha, do seu trabalho,que faz sentido e que podem darmais do que apenas um dia porsemana em Portugal.Daí tirarem férias, pedirem licença

sem vencimento, mesmo osestudantes podiam estar a fazeroutra coisa qualquer no verão edecidem que querem embarcarnuma aventura destas. Muitos delesirão repetir, porque é umaexperiência avassaladora, de facto. AE - Há também pessoasdesempregadas que queremencontrar um rumo na sua vidaatravés da dedicação a quem maisprecisa…CA - Este ano, à semelhança do quetem vindo a acontecer, o número dedesempregados não é muitoelevado, estamos a falar de 10pessoas, dos

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dados que recolhemos, o querepresenta 3% do universo daspartidas. No entanto, não deixa deser curioso, porque são pessoasque estão à procura de emprego,de melhores condições, e decidemque em vez de ficar em casa, vãousar este tempo para doar-se aooutro. AE - Isso pode ser um arranquepara uma nova fase de vida?CA - Exatamente. Muitas vezes aspessoas, quando regressam deMissão, voltam e a sua vida muda:traçam novos rumos, interessam-sepor outras áreas. Isto pode ser oarranque de uma fase nova, não sópara quem está desempregado mastambém para quem dedica o seutempo de férias. Muda muito dentroda mente de quem faz estasexperiências. AE - Há até quem se despeça…CA - Ao longo deste ano deformação, uma das frases que nósmais ouvimos dos voluntários foi:“Preciso de uma mudança na minhavida”. Às vezes nós também temosnoção de que as organizações paraas quais eles trabalham, os patrões,as empresas, não facilitam tantoassim este tempo de Missão, mesmoum mês, mês e

meio, e não é concedida a licençasem vencimento.Nessa altura, o voluntário vê-senuma encruzilhada: por um lado temaquilo que se sente chamado afazer, a Missão, e por outro tem oseu emprego. Quando tem deescolher, percebe que são muitomais valiosos os frutos que vaicolher de uma experiênciamissionária e decide arriscar.Eu própria costumava perguntar:“Então, e depois?”. A resposta ésempre a mesma, transmiteserenidade: “Depois logo se vê,Deus providenciará”. Aqui está adiferença do voluntário internacionale do voluntário missionário, a fé.São decisões mais radicais.

87% das pessoas quepartem são estudantes,

recém-licenciados ouempregados que decidem

que as suas férias desteano são férias para se

doar ao outro.

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AE - Há também uma presençagrande de voluntários em projetosde curta duração. Isto tem influênciana Missão, na motivação dosvoluntários?CA - Quando falamos em curtaduração, falamos de missões quepodem ir de 15 dias a 6 meses. Alonga duração já é um períodosuperior, habitualmente um a doisanos, e já exige um compromissomaior.Nós temos este ano 349 pessoas apartir em curta duração,maioritariamente no período deférias, e 40 em longa duração.Este número já aumentou, o anopassado eram 36, mas as pessoasainda têm um bocadinho

de medo do desconhecido.Uma coisa é partirmos por um mês,mês e meio, com data pararegressar, outra coisa é ocompromisso de um ano, dois anos,que já implica mudanças estruturaisna vida das pessoas. Muitos dosvoluntários que vão agora paraprojetos de longa duração foramantes em missões mais curtas eperceberam que não era suficiente.Agora embarcam numa aventuramaior.Estamos a falar de voluntários, porexemplo, que partem para aRepública Centro-Africana por doisanos. É uma vida. Aninamo-nos verque a longa duração é mais madura,são pessoas

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já com outra idade, adultos com vidaformada que deixam tudo, para iraté onde conseguirem ir. AE - Que importância real tem estetrabalho missionário do ponto devista de quem acolhe, de quemrecebe estes voluntários?CA - O que as entidades nos dizemé que é muito importante. Ascongregações estão lá há muitosanos, quando o voluntário chega,eles já estão; quando o voluntárioparte, eles permanecem. Mas otempo em que o voluntário está fazum reforço em áreas às quais, secalhar, não se consegue chegar aolongo do ano.Estamos a falar de voluntários quevão dar aulas, desenvolveratividades com crianças, construirinfraestruturas.

Falava há pouco com alguém quereformulou um centro informático.São coisas necessárias, urgentesna Missão, mas que a congregação,com todos os trabalhos que tem afazer ao longo do ano, nãoconsegue dar resposta. Portanto, noverão, há um reforço fundamental.Os que vão em projetos de longaduração já se conseguem envolvermais na vida da comunidade,inclusivamente ter um plano maiscompleto. Tem de ser tudo muitobem congregado, articulado, paraque não haja a criação de novasdependências para quem fica, paraquem permanece no terreno. Masno geral, a avaliação das entidadeslocais é bastante positiva.

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AE - E as ações que os voluntáriosdesempenham no terreno, nasmissões, cruzam que áreas?CA - Maioritariamente continuamligados à formação e à educação.Estamos a falar de reforço àquiloque é lecionado nas escolasdurante o ano.Trabalham também em áreas comoa agricultura, animaçãosociocultural, construção deinfraestruturas, a pastoral, asaúde… No fundo, vão colaborar noque é pedido, cruzando algumasáreas.Obviamente, sendo católicos, vãotambém participar em ações decatequese, visitas aos doentes,muitos deles são ministros daComunhão, catequistas, já emPortugal. Vão colaborar nessa área,mas sempre entrando no ritmonormal da organização que já láestá. AE - Já falamos nos ganhos que aspessoas podem ter com estasexperiências. Essa transformação éreconhecida pelas empresas, pelasentidades patronais, no regressodestes voluntários?CA - Seria muito bom que fosseassim. Nesse sentido, também aFEC está a trabalhar nos últimosanos em projetos europeus quevisam

reconhecer as competências dosvoluntários.Algumas empresas - e começamos aver isso cada vez mais - estão aperceber que mais do que ascompetências técnicas, que sãoessenciais para algumas funções,são necessárias competênciashumanas.Estes voluntários trazem essascompetências humanas. Regressamcom novas formas de ser e de estar,muitos deles até continuam a apoiaros projetos a partir de Portugal.As empresas quando recebem umapessoa comprometida, reconhecemesse compromisso como algoessencial ao trabalho. Deveria sermais reconhecida esta capacidadede fazer várias tarefas, a abertura àmudança, à interculturalidade, sermais aberto aos outros, maisdisponível.Nesse sentido, a FEC está atrabalhar em projetos europeus paraconseguir o reconhecimento destascompetências a nível laboral. AE - Ao longo do ano, a FEC propõeum plano de formação. É essencialpara o discernimento de cadavoluntário?CA - É essencial que todas asentidades tenham o seu plano deformação. A proposta da FEC é umaformação

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geral, que congrega os voluntáriose as entidades que queiram juntar-se, em cinco sessões anuais, comtemas gerais, reforçando o trabalhoem rede e a parceria.Nós oferecemos este plano, masreforçamos a importância de cadaentidade ter o seu próprio plano. Éum ano intenso, são sessões emque os voluntários se questionam esão questionados nas suasmotivações. Muitas vezes vemosessa mudança e quem não estava apensar partir acaba por ir mesmo,no final do ano. AE - Nas últimas duas décadas,esta dinâmica do voluntariadomissionário

marca a vida da Igreja em Portugal.Vai parar?CA - Eu acredito que não vai parar,acredito que vai aumentar a cadaano, porque em Portugal vemos quequando acontece uma tragédia, aspessoas são solidárias e começam acomprometer-se. Nós falamos devoluntários que vão percebendo aolongo dos anos que podem dar maise que são úteis. A sua vida, adoação da sua vida, é essencialpara a transformação de outrasvidas.Não é à toa que este ano temos 100voluntários a repetir a experiência.As dificuldades fazem as pessoasparar e pensar, entregar-se mais,dar-se por completo às coisas emque se envolvem.

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AE - Nas últimas duas décadas, esta dinâmica do voluntariado missionário

1403 Portugueses dedicam-se aações de voluntariado missionárioem 2017

1403 Portugueses dedicam-se aações de voluntariado missionárioem 2017: 389 jovens e adultosrealizam projetos de voluntariadomissionário em países em vias dedesenvolvimento e 1014 desenvolveatividades de voluntariado/missãoem Portugal.Um número global mais alto do queem período homólogo verificando-seum aumento no número

de voluntários que parte paramissões fora da Europa, segundodados estatísticos da Rede deVoluntariado Missionáriocoordenada pela FEC – FundaçãoFé e Cooperação.África, América do Sul, AméricaCentral, Ásia e Europa recebem os389 voluntários portugueses,distribuídos entre projetos de curtae longa duração. Cabo Verde vaiacolher

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89 voluntários, Moçambique 76,São Tomé e Príncipe recebe70, Guiné-Bissau 65, Angola 38,Brasil 27, Timor Leste 9, Espanha 5,Honduras 4 e Zâmbia acolhe 2. Comdestino à República Centro Africanapartem dois voluntários e para oPerú partem outros dois voluntários.349 pessoas partem para projetosde curta duração, isto é, emmissões que podem ir de 15 dias a6 meses. 40 pessoas partem emprojetos de longa duração (entre 7meses a 2 ou mais anos). No total,70% são mulheres e 30% homens.A maioria dos voluntários que parteentre janeiro e dezembro de 2017tem idades compreendidas entre 18e 35 anos, sendo 87% estudantes,recém-licenciados ou pessoasempregadas que dedicam o seutempo de férias para se integrar nodesenvolvimento de projetos devoluntariado internacional.Entre os 389 voluntários queparticipam este ano em projetos devoluntariado missionário, 100 delesvão repetir a experiência,representando 25,7% do universodas partidas.

Voluntários abdicam dosseus empregos e saláriospara partir em missãoCom idades compreendidas entre os18 e os 50 anos, 18 pessoas deixamo seu emprego e 10 pedem umalicença sem vencimento para partireste ano para países emdesenvolvimento. Um total de 10desempregados decidem dedicar oseu tempo a experiências devoluntariado missionário,representando um total de 3% nouniverso do número de partidas.As principais áreas de intervençãodas entidades durante a suapresença em projetos devoluntariado missionário sãovariadas: agricultura, animaçãosociocultural, construção deinfraestruturas, educação eformação, pastoral, saúde,dinamização comunitária, entreoutras necessidades sentidas nodecorrer dos projetos. Ainda assim aeducação e a formação continuam aser o principal enfoque dosvoluntários, estando um total de32% de entidades envolvidas nestesprojetos. Logo a seguir, vem otrabalho pastoral e a animaçãosociocultural representando um totalde 20 e 19% respetivamente, dasentidades a trabalhar nestas áreas.

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A desenvolver os seus projetos comou para crianças, estão 21% dasentidades, 20% com ou para jovens,14% com ou para famílias, 12% comou para mulheres e 11% com oupara idosos. À semelhança dosanos anteriores, o principal enfoquedo trabalho dos voluntários e dasorganizações continua a sercrianças e jovens.

Os voluntários sentemuma transformaçãointerior quandoregressam!Quando questionados sobre asmaiores marcas que os projetos, ospaíses e a vivência em missões devoluntariado, deixam nas pessoasque partem, 31 entidades apontama aprendizagem de novas formasde

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ser/estar, 22 a maior sensibilizaçãopara a interculturalidade e 21 odesejo de continuação de apoio aosprojetos a partir de Portugal, 10 amaior valorização dos recursosnaturais. De referir também, que asorganizações afirmam que muitosvoluntários, após o termo dosprojetos, sentem o desejo deregressar ao país de missão paratrabalhar numa empresa, ONGD ouassociação (11%). Mais de 1000 voluntáriosmissionários em PortugalEste ano, 1014 jovens e adultos osque realizam ao longo de todo o anoatividades de voluntariadomissionário em Portugal, com umaduração que pode ir desde uma vezpor dia, uma vez por semana, umavez por mês, uma semana por ano,e outras, mas com uma regularidadeassegurada. Este trabalho édesenvolvido em todas as regiõesdo país, tendo uma

incidência maior em Lisboa e Valedo Tejo com um total de 281voluntários. Seguem-se as Beiras(Alta e Baixa) com um total de 160voluntários, a região do DouroLitoral com um total de 151voluntários, a Beira Litoral com 137voluntários, e o Minho com 89voluntários em ação.A maior parte dos voluntáriosdesenvolve atividades de animaçãosociocultural e de trabalho na áreada educação e na área da pastoral,num total de 42% de ação nestescampos. 48% das entidades têmcomo enfoque do seu trabalho comcrianças e jovens e 18% temespecial atenção à população maisidosa. 11% dedicam-se ao trabalhocom ou para famílias. Na maioriadas vezes, a mesma entidadetrabalha em várias áreas emsimultâneo respondendo àsnecessidades de diversaspopulações-alvo.

FEC – Fundação Fé e Cooperação Estes dados resultam de um inquérito feito a 61 Entidades comdiferentes estatutos que integram a Rede de Voluntariado Missionáriocoordenada pela FEC, nomeadamente ONGD, IPSS, AssociaçõesJuvenis, Congregações Religiosas, Paróquias, Dioceses, Fundações egrupos informais de jovens e adultos. Das 61 entidades responderam 39(mais duas do que no ano anterior) sendo que das 39 organizações, 32enviam voluntários em missão (mais cinco do que em 2016).

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Rute Silva, a vocação missionário dequem só queria mesmo ajudarRute Silva tem 19 anos e concluiu o12.º ano em Design Moda e acostura foi uma das muitasdisciplinas. Este ano já esteve trêsmeses em Moçambique num projetode capacitação em corte e costurapelo Grupo ‘Missão Mundo’ queconhece desde os 12 anos.“Fiquei muito apaixonada pelogrupo, pelo trabalho, queria muitoconhecer, saber e poder ajudar noque fosse preciso”, começa porrecordar à Agência ECCLESIA,enquanto espera entrar nauniversidade para fotografia.O Grupo de leigos ‘Missão Mundo’está ligado à Congregação dasIrmãs Concepcionistas ao Serviçodos Pobres e a jovem lisboetaconheceu-o num evento em Elvas.Na atividade houve umaapresentação das religiosas e dogrupo, com “alguns workshops” eRute Silva também participou.“Fiquei apaixonada, também queriapartir. Sabia que era muito cedomas queria mesmo era ajudar”,realçou.Nessa altura a jovem da Paróquiade Nossa Senhora do PerpétuoSocorro, em Benfica, no Patriarcadode Lisboa, só “queria ajudar” ondefosse necessário e “podia ser cá,podia ser

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fora”. Não me interessava muito sefosse fora, mas gostei muito deconhecer a realidade através dasfotografias, dos testemunhos”,recorda.Este ano, com 19 anos, e depois deuma caminhada desde os 12 noGrupo de leigos ‘Missão Mundo’ foidurante três meses paraMoçambique, de 1 de fevereiro a 27de abril. Rute Silva foi “dar aulas decorte e costura” à população deManjacaze, na Província de Gaza,para “trabalharem num projeto deautossustento”.“Finalizamos o curso com um desfilede moda”, acrescenta.“Ainda não aterrei completamentecá”, refere a jovem missionáriasobre a experiência em África que“é muito recente” e a onde “muitasvezes” está ligada. “Faz-me muitaconfusão porque é difíciladaptarmo-nos lá mas quandoregressamos também é difícil”.“Alegria e simplicidade” são asmemórias que guarda de pessoasque, “apesar de bastante pobreza,de não terem muito”, dão tudo o quetêm.“Dão-nos aquela alegria, acolhem-nos e é isso que guardo, o carinhono coração de todas as pessoascom quem tive contato, os alunos,as crianças”, afirmou.Sobre o regresso a Lisboa, RuteSilva conta que “o silêncio” fazconfusão, ou, neste caso, a suaausência dele, afinal, em Portugal “étudo uma

correria”, enquanto em Moçambique“é tudo mais calmo”, uma realidadeque “se calhar fez confusão” quandochegou.“O que está a fazer mesmo maisconfusão é a correria do dia-a-dia,as pessoas, aquele silêncio entre aspessoas. Um certo “desprezo”. Nãohá aquele convívio, aquela relação,lá nota-se bastante através dadança, da música, do contacto.Falamos bastante, é sempre umaanimação”, desenvolve.“Apesar do pouco que têm, têmmuito no coração”, acrescenta.“Não me arrependo nada de ter ido”,adianta sobre a vivência emManjacaze, a cerca de quatro horasda capital moçambicana, econsidera que foi uma experiênciamissionária “muito, muito importante”ter partido agora “antes de ir para afaculdade” porque aprendeu“muito”, por exemplo, “a valorizar”aquilo que tem, a dar-se mais aosoutros.Ou seja, dar valor a “todas aspessoas que são importantes eaproveitar cada dia”, o tanto quetem ao dispor: “Às vezes estamostristes ou cansados e não damosvalor às coisas que temos ao nossodispor.”“Lá, não tendo nada, são tão felizese sabem aproveitar a vida acho queé o que guardo muito no coração”,realça Rute Silva.Já antes de partir em fevereiro,

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a jovem entrevistada consideravatrês meses de missão pouco e“queria ir mais tempo” mas emPortugal tinha o resto da sua vida. “Apesar de ter sido pouco foiimportante para mim e para eles.Ganho uma grande experiência devida e consegui dar aquilo quetinha, aquilo que queria dar.Consegui dar tudo”, afirma omembro do grupo de leigos ‘MissãoMundo’ que espera “voltar embreve, muito em breve, por maistempo”.

Por isso, considera que “era bom”que cada pessoa pudesse tertambém essa experiência“enriquecedora e boa” da missão.A jovem lisboeta que como cursosuperior quer “entrar em fotografia”tentou retratar um bocadinho efilmar a missão, mesmo com “otempo muito ocupado”.Rute Silva recorda ainda que a mãe“sempre apoio muito” este seudesejo, afinal, “sempre esteve muito

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envolvida com a missão” e também“gostava de partir um dia”, já o paifoi “mais reticente” mas os dois“aceitaram muito bem e apoiaram” adecisão de partir sozinha aos 19anos para Moçambique.“Partir sozinha é sempre difícil.Conhecia de ouvir falar, tinha asirmãs à minha espera mas é sempredifícil. Ajudou à integração oacolhimento que tive de todas aspessoas, as irmãs foram como mãespara mim”, explicou.O grupo ‘Missão Mundo’ “trabalhaem conjunto” com a Congregaçãodas Concepcionistas ao Serviço dosPobres e tem como objetivo “apoiaras irmãs no máximo” queconseguirem através de eventos eatividades. Os missionários leigostambém dão a conhecer a missão, oque vivem e o serviço, quando vãotestemunhar a paróquias ou noutrossítios.

Em Moçambique as irmãs estãopresentes em quatro localidades Maputo, a casa-mãe só deformação, e as missões emManjacaze, Maxixe e Nacuxa.Rute Silva explica que as freiras têmum jardim de infância, a Mesa deSão Nicolau onde dão “sustento acrianças”, mais concretamente,refeições a mais de 200 criançasórfãs, “algumas é a única que têm”,e ajudam também no “apoioescolar”. Outra valência é a casa deacolhimento para crianças órfãs que“são apadrinhadas pelas irmãs”.A jovem missionário Rute Silva contaainda que as religiosasConcepcionistas ao Serviço dosPobres dão também apoio ao centronutricional para bebes e grávidascom “falta de nutrientes e avós comdificuldade”.

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Atreve-te a ir mais perto

A Família Missionária Verbum DeiMadeira recebeu esta quinta-feira12 jovens missionários, da suacomunidade de Lisboa, com idadescompreendidas entre os 17 e os 27anos. Atreve-te a ir mais perto é olema desta missão para a qual setêm vindo a preparar desde Janeiroe cujo enfoque principal é o daevangelização.Diariamente os missionárioscomeçarão a jornada com ummomento de pistas, oração epartilha na Igreja de São José.Depois disso partem em missãopara os

diferentes lugares da ilha. Doprograma missionário faz parte avisita aos lares de Gaula, Atalaia,Calheta, Machico, à Casa de Saúdede S. João de Deus, ao hospitalJoão de Almada, à Santa Casa daMisericórdia de Machico e daCalheta. Estarão presentes nasparóquias de S. José, do Curral dasFreiras, da Graça, de Santa Cruz,da Calheta, Nazaré e do ImaculadoCoração de Maria.Ao longo dos 30 dias, organizarãodinâmicas com idosos, crianças eadolescentes, momentos de partilha,de formação, vigílias de oração,

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e visitas a doentes. No dia 22 dejulho dedicarão uma manhã devoluntariado no Parque Ecológicodo Funchal. No dia 2 de agostoorganizam uma noite para jovenscom um painel de testemunhos naparóquia da Nazaré com o tema“Quando se acredita…”. De 10 a 13de agosto estarão em retiro desilêncio no Terreiro da Luta. No dia18 de agosto animam a missa daFesta

no Imaculado Coração de Maria queserá também a sua missa dedespedida. A partida é no dia 19 deagosto.Quem desejar pode acompanhar odesenvolvimento da missão a par epasso na página de FacebookMissão Madeira 2017 - https://www.facebook.com/missaomadeira2017/

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Grupo Diálogos dinamiza atividadesde voluntariado missionário emagostoO Grupo Diálogos da SociedadeVerbo Divino dinamizou em Fátimaum encontro de preparação para osprojetos de voluntariado missionárioem agosto, que vão ter lugar nosTerraços da Ponte, em Lisboa, e emAlmodôvar. Na nota enviada àAgência ECCLESIA, o CentroMissionário da Arquidiocese deBraga informa que as duassemanas de voluntariadomissionário promovidas este anotêm como objetivo o contacto comcrianças e jovens, nos Terraços daPonte, em Lisboa, de 4 a 12 de

agosto, e com a população emAlmodôvar, na semana seguinte, de19 a 26 do próximo mês.“Chegou a hora de tu seresvoluntário e fazeres a diferença”, é orepto do grupo Diálogos daSociedade Verbo Divino.O grupo de leigos para a missãoexplica que tem desenvolvidodiversas ações de voluntariado“comprometendo-se a fazer adiferença” no quotidiano daspessoas mais carenciadas,marginalizadas, muitas vezes, emsituações limite.

Depois de ter estado em Maúa, na província do Niassa, Marta Costaregressa um anos depois a Moçambique, agora para em Cabo Delgado,estar juntamente com mais quatro jovens numa missão em Metoro.Quem a envia é a Equipa d’África, uma organização não governamentalpara o desenvolvimento que desenvolve projetos de voluntariado eatividades de cooperação social e pedagógica em Portugal eMoçambique, com o objetivo de melhorar as condições de vida daspopulações locais. Marta Costa conversa com a Ecclesia sobre asmotivações que lhe fazem brilhar os olhos quando fala da missão.

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Jovens Sem Fronteirasdinamizam missões no verão

Os Jovens Sem Fronteiras,movimento ligado à Congregaçãodos Missionários do Espirito Santo(Espiritanos), vão dinamizar duranteas férias de verão várias missões deuma semana em Portugal e o‘projeto ponte’ em Cabo Verde. “Atradição ainda é o que era. De háuns anos a esta parte, verão rimacom missão”, afirma o provincial dosEspiritanos em Portugal, o padreTony Neves.

Na nota enviada à AgênciaECCLESIA, o sacerdote informa quea “grande experiência missionária”JSF 2017 é o ‘Projeto Ponte’ que vailevar 12 jovens a Cabo Verde, maispropriamente uma ação realizada apartir da Paróquia da Calheta deSão Miguel Arcanjo, na Ilha deSantiago.Já em Portugal, a Diocese doAlgarve acolhe o IntraRailMissionário, de 21 a 30 de julho, eno mesmo período, mas

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até dia 31, realiza-se a SemanaMissionária em Vila da Ponte, naDiocese de Lamego, para “ajudar apreparar a Missa Nova” do padrediocesano Luís Rafael Azevedo.Entre os dias 4 e 14 de agosto, osJovens Sem Fronteira promovemduas semanas missionárias: EmArcozelo – Ponte de Lima, Diocesede Viana do Castelo, e emAlmargem do Bispo, no Patriarcadode Lisboa.Na Diocese do Porto, a cidade daTrofa vai receber também os jovensnuma

semana missionária entre 17 a 27de agosto e Marrazes, na Diocesede Leiria-Fátima, acolhe os JSFentre os 18 e 28 do próximo mês.O padre Tony Neves realça que asmissões de verão JSF são todasacompanhadas por um sacerdoteEspiritano.O programa de rádio ‘ECCLESIA’, dádestaque esta semana ao ‘projetoponte’ dos Jovens Sem Fronteiras,com Rita Coelho, esta sexta-feira.

Ludmila Silva tem 21 anos de vida mas os seus olhos querem alcançarmais longe. Dentro de alguns dias vai partir para Cabo Verde, numaexperiência chamada «Ponte» que os Jovens Sem Fronteiras organizamproporcionando um mês de missão. Diz ser o tempo suficiente não parafazer tudo, mas para se deixar transformar por uma realidade muitodiferente da sua e quando vier testemunhar junto dos seus amigo nãocatólicos que Cabo Verde não são só praia, mas há muitos rostos aprecisar de uma presença amiga.

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Jovens abdicam de férias paraajudar vítimas dos incêndiosUm grupo de jovens ligados àsobras dos Jesuítas em Portugal estáa organizar uma missão de apoio àsvítimas do incêndio de PedrógãoGrande. A iniciativa denominada“Missão Aqui e Agora” decorrerá aolongo de duas semanas, no final dejulho e início de agosto, e destina-se a apoiar as entidades que estãono terreno a trabalhar nareconstrução das áreas ardidas,colaborando nas

ações logísticas e no contactodireto com as populações afetadas.Os cerca de 50 jovens, com idadesentre os 20 e os 30, vão estar emCastanheira de Pera, a colaborardiretamente com os Médicos noMundo, organização responsávelpelas operações humanitárias nesteconcelho, um dos maisfustigados pela tragédia de 19 dejunho. A missão está dividida emduas

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semanas, entre 24 a 30 de julho e31 de julho e 6 de agosto, eabrange no máximo 25 jovens porsemana. Estes vão ficar instaladosnuma antiga escola primária queserve de base às operações dosMédicos do Mundo, em regime desaco-cama, e colaborar naorganização e distribuição àspopulações dos bens que têm sidodoados.Contudo, esta missão desenvolve-se num espírito comunitário ealicerçada num plano espiritual e deoração, ao qual se vai buscar aforça, alegria e esperança paralevar a quem mais precisa. Por isso,além das operações mais práticas,os jovens propõem-se a animarpastoralmente estas aldeias,organizando orações e visitando aspessoas em sua casa.“Na sequência da tragédia dePedrógão Grande, nãoconseguimos

ficar parados e, diante da situação,cresceu o desejo de nos fazermosdisponíveis e de nos envolvermos aagir no que for preciso”, sublinhamos organizadores desta missão.Pedro Mendonça eFrancisca Onofre, de 20 e 32 eanos, esperam agora que outros sedeixem tocar por este repto epossam também dar uns dias dassuas férias para ajudarem quemmais precisa.Apesar de esta missão se destinarpreferencialmente aos jovenscatólicos ligados às obras daCompanhia de Jesus em Portugal,como centros universitários,colégios, campos de férias, uma vezque partilham a mesma dinâmica eespiritualidade, outros poderãoinscrever-se. O contacto é [email protected].

Gabinete de Comunicação daCompanhia de Jesus em Portugal

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Arquidiocese de Braga envia equipamissionária para a Diocese dePemba, em Moçambique

A Arquidiocese de Braga, através doCentro Missionário Arquidiocesanode Braga (CMAB) irá enviar paraMoçambique durante o mês de julhouma equipa missionária constituídapor um sacerdote e dois leigos, paraa Missão Católica de Santa Cecíliade

Ocua, situada da Diocese dePemba, em Moçambique. EstaMissão Católica foi assumida já noano passado por uma comunidademissionária de Braga, no âmbito doprojeto Salama! CooperaçãoMissionária Braga-Pemba e doacordo de cooperação

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missionária entre as Dioceses deBraga e de Pemba, emMoçambique.O envio missionário dos leigosvoluntários missionários Sofia Vila eAntónio Simões decorreu ontem,durante a cerimónia dasordenações presbiterais e dasbodas de ouro sacerdotais do sr.Arcebispo D. Jorge Ortiga. Destaequipa missionária também faráparte o Pe. Paulino Carvalho, que jáse encontra na

Diocese de Pemba, a fim de serealizar a passagem da equipamissionária que regressa no final domês de julho, constituída, pelo Pe.Jorge Vilaça e os leigos MargaridaCarvalho e Davide Duarte.Esta cooperação missionária temcomo objetivo principal contribuirpara a criação e o aprofundamentode laços de comunhão e de partilhaespiritual entre as Dioceses deBraga e Pemba.

Lara Pinto parte no dia 1 de janeiro para durante três meses estar comcrianças e as famílias em Chirrundzo, uma localidade Província de Gaza,em Moçambique. É o movimento Juventude Mariana Vicentina que alança neste projeto de voluntariado missionário

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Rota das Catedrais onlinewww.rotadascatedrais.com

Já em plena época estival e nacontinuidade dos meus maisrecentes artigos, esta semana aminha proposta passa por umespaço virtual já recomendado. Istoporque a qualidade que ele encerrae principalmente o teor que divulgamerece o destaque dadoanualmente.Este extraordinário sítio ajuda-nos adescobrir locais para visitar nonosso país. Porque não aproveitar asugestão para procurar maisinformações sobre as catedraisexistentes em Portugal e assim,escolher um destino de fim-de-semana?Pois bem digite o endereçowww.rotadascatedrais.com, paraefetuar uma visita ao sítio criadopelo Secretariado Nacional dosbens Culturais da Igreja, que sedenomina Rota das Catedrais. Esteprojeto online, “dá a conhecer asiniciativas ligadas ao acordo decooperação assinado em Junho de2009 entre o Ministério da Cultura ea Conferência EpiscopalPortuguesa, que é uma afirmaçãodo inestimável valor religioso,histórico, artístico,

cultural, simbólico e patrimonial dascatedrais portuguesas”.Na página inicial além do habitualmenu são vários os destaques paraeventos que decorrem nos espaçosque se encontram visados com esteprojeto.Na opção “rota das catedrais”,obtemos todas as informaçõesdetalhadas sobre este grandiosoprograma. Nomeadamente, umabreve apresentação, os acordos decooperação existentes, quem é ogrupo técnico coordenador, quais osprotocolos efetuados e ainda umaresenha sobre a imagem gráfica,inspirada no desenho arquitetónicodas catedrais.Caso pretenda saber mais acercadas catedrais existentes emPortugal, clique no item “catedrais”.Aí obteremos todas as informaçõesde cada uma das catedrais, que seencontram distribuídas de norte asul do país. Podemos saber quaisos horários, contactos, a suaevolução histórica, que celebraçõesaí decorrem e ainda outrosconteúdos de índole informativa.O principal ex-libris deste sítioencontra-se disponível em “visitas

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virtuais”. Aqui temos disponíveis 21catedrais, para serem visualizadasnum fantástico motor de modelação3D, permitindo assim, explorar aopormenor a riqueza arquitetónica decada uma.Fica então lançada a sugestão devisita a este espaço extraordinário,onde além de conhecer melhor ascatedrais nacionais, fica também asaber mais acerca deste projeto.Porque na realidade considero quetodo este espaço é uma mais-valiapara conhecer as catedrais que“constituem um tecido essencial dememória e de identidade,profundamente caracterizador doterritório e das suas gentes”.

Fernando Cassola [email protected]

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O inseparável mandamento

Depois da celebração do Jubileu daMisericórdia, começa-se hoje a teruma visão mais global do que éessa virtude. George Augustinaborda neste livro a sua relaçãocom a humanidade, a partir darevelação bíblica e da experiênciahumana do perdão. A misericórdiadeve ser entendida como a força deDeus para alcançar a plenarealização humana. Mas elacaracteriza também o «estilo devida» dos cristãos, segundo aspalavras insistentes do papaFrancisco: é importante «darmoscontinuidade ao que fez Jesus nodia de Páscoa, quando derramounos corações assustados dosdiscípulos a misericórdia do Pai,efundindo sobre eles o EspíritoSanto que perdoa os pecados e dáalegria […]. A estrada que o Mestreressuscitado nos aponta é estradade sentido único, segue-se apenasnuma direção: sair de nós mesmos,sair para testemunhar a forçasanadora do amor que nosconquistou».

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Diz lá, tio WilliUma conversa sobre as grandes questões da vida

A correspondência entre Andrea J.Larson e o seu tio, o mongebeneditino Anselm Grün, revela uminteressante diálogo intergeracional:de um lado, uma jovem mãe de trêsfilhos, bem ciente das muitaslimitações que se colocam a umavida de total liberdade; do outro, umvelho monge, que, ainda muitonovo, decidiu entrar num mosteiro eali, nos limites do claustro,encontrou uma grande liberdade.Neste diálogo cativante, os doisabordam as mais variadas questõesque tocam a existência de toda agente: o amor e os relacionamentos,a comunidade e a solidão, aresponsabilidade pessoal e ocuidado dos outros, a deceção e adúvida. A sua leitura será,certamente, uma oportunidade deperceber dinâmicas que podemconduzir a uma vida bem-sucedida.

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Julho 2017Dia 21 julho*Aveiro - Murtosa (Pardelhas) -Sessão de humor nas bodas deouro sacerdotais do padre AntónioGraça Cruz com a presença dohumorista e professor de EMRCNuno Cocharro *Açores - Ilha Terceira - A Cáritas daIlha Terceira promove recolha degéneros alimentares (21 a 23) *Algarve - IntraRail Missionáriopromovido pelos JSF (21 a 30) *Lamego - Semana missionária emVila da Ponte dos Jovens SemFronteiras (JSF) para ajudar apreparar a Missa Nova do padrediocesano Luís Rafael Azevedo. (21a 31) Dia 22 julho*Fátima - Peregrinação nacional daFamília Comboniana *Algarve - Igreja de Santa Maria deLagos - Lançamento da obra «ACondição de Ilhéu» editada peloCEPCEP da Universidade CatólicaPortuguesa, magnum opus comconceção e coordenação de

Roberto Carneiro, Onésimo Almeida,Artur Teododo de Matos e ilustraçãode Luís de Abreu. *Santo Tirso - No Colégio dasCaldinhas vai realizar-se um «retirocriativo» onde se pode rezar e criarmúsica litúrgica. A proposta,denominada «LABoratório», dirige-se a participantes entre os 16 e 35anos e é promovida pela Companhiade Jesus (Jesuítas) (22 a 29) Dia 23 julho*Coimbra – Sé - Cerimónia dabênção dos avós Dia 24 julho*Fátima - O Encontro Nacional daPastoral Litúrgica tem como tema «AVirgem Santa Maria na Liturgia». Aolongo dos 05 dias, nesta iniciativapromovida pela Comissão Episcopalda Liturgia e pelo SecretariadoNacional de Liturgia, D. JoãoMarcos, bispo de Beja, vai falarsobre «Maria no mistério de Cristo eda Igreja» e o bispo de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro aborda otema «A Virgem Santa Maria no AnoLitúrgico». (24 a 28)

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*Coimbra - Arganil (Pomares) -Campo de férias para jovens (15aos 18 anos) promovido peloSecretariado da Pastoral Juvenil deCoimbra (24 a 30) *Castanheira de Pêra - Jesuítaslevam jovens até junto da populaçãoem Castanheira de Pêra (24 a 30) Dia 27 de julho*Fátima - Santuário promoveprograma de férias para pais decrianças com deficiência (27 a 02 deagosto) Dia 29 de julho*Lisboa - Igreja da Encarnação(Chiado) - Concerto do coro jordano«Fonte do Amor» *Leiria – Seminário - O MovimentoCatólico de Profissionais (Metanoia)realiza o seu encontro de reflexãoteológica com o tema «A fé vive deafeto – expressões da fé nummundo global», esta atividade dometanoia tem como orientadores opadre José Frazão Correia, SJ, e opadre Peter Stilwell (29 a 01 deagosto)

*Algarve – Sagres - A Sociedadedas Filhas do Coração de Mariapromove a atividade «A Fortaleza doEncontro» (29 a 04 de agosto) Dia 30 de julho*Fátima - Casa de Monte Moro -Irmãs Doroteias - Encontrointernacional da Juventude Doroteiada Europa e Estados Unidos (30 a02 de agosto) *Lourinhã – Ribamar - Campo deférias para crianças dos 08 aos 13anos organizado pela FundaçãoJoão XXIII / Casa do Oeste emparceria com a ACR e JARC. (30 a05 de agosto)

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II Concílio do Vaticano:Chenu e as categorias deste tempo

Durante o II Concílio do Vaticano (1962-65) o teólogofrancês, Marie-Dominique Chenu, desempenhou umpapel central nas reflexões conciliares. Estedominicano (Soisy-sur-Seine 1895 - 11 de fevereiro de1990) foi um grande especialista em História Medievale professor na Universidade de Sorbonne (Paris).Entrou para a Ordem dos Pregadores (Dominicanos)em 1913 e concluiu os seus estudos em Roma, em1920, tornando-se professor no convento de LeSaulchoir.Um dos seus primeiros livros «Le Saulchoir: Une Écolede Teologie», publicado em 1937 foi colocado, cincoano depois, no Índex, o índice dos livros proibidos daIgreja Católica, por traduzir uma “nova teologia”inclinada para o “semimodernismo, o relativismo e osubjetivismo”, como criticou o teólogo Pietro Parenteno jornal «L´Osservatore Romano».Na obra «Le Saulchoir: Une École de Teologie»,Chenu falava dos “lugares teológicos em ato, para adoutrina da Graça, da Encarnação, da Redenção”,escreveu António Marujo na Revista «Mensageiro deSanto António – Junho de 2013». Mais tarde, referiuMarie-Dominique Chenu, que ainda não utilizava aexpressão «sinais dos tempos», que só lhe ocorreu naaltura do II Concílio do Vaticano, mas era “evidenteque o conceito estava já presente”.Depois da II Grande Guerra Mundial, entre 1946 e1952, foi professor na Universidade de Sorbonne, emParis. Reabilitado, ainda que não de forma completa,pois apenas pode participar no concílio Vaticano IIcomo consultor de um bispo de Madagáscar, veio aser

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reconhecido como um dos maisinfluentes teólogos do século XX. Oteólogo dominicano foi um dosfundadores da revista «Concilium».No seu livro «A Teologia do séculoXX», Rosino Gibellini cita Chenu,quando ele definia a tarefacontemporânea da Teologia,entrando em debate com a encíclicade Pio XII: “Temos hoje um problemagrave, o de introduzir as ciênciashumanas na Teologia”.Numa entrevista a JacquesDuquesne, em 1975, Chenu diriaque estava “ávido de experiênciasconcretas”.

Uma delas foi a sua participação,enquanto conselheiro e teólogo, noMovimento dos Padres Operáriosem França, que seria proibido peloVaticano, em 1954. A defesa queChenu fez do grupo de padresoperárias (cuja proibição foi motivode um pedido de desculpas doepiscopado francês, em 2004, meioséculo depois da decisão) obrigou-oa deixar Paris e a ser transferidopara Rouen, na Normandia.O Papa Paulo VI cita passagens daobra de Marie-Dominique Chenu naencíclica «Populorum Progressio».

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No sábado, dia 22, a Família Comboniana peregrinapara Fátima. Para além do centenário das Aparições,esta é uma evocação dos 150 anos da fundação dosMissionários Combonianos por S. Daniel Comboni erecorda 70 anos da presença em Portugal destacongregação missionária. Também neste dia, começa em Santo Tirso, noColégio das Caldinhas um “Retiro Criativo”. Oito diaspara rezar e criar música litúrgica. Chama-se«LABoratório», dirige-se a participantes entre os 16 e35 anos e é promovida pela Companhia de Jesus. Dia 24, começa em Fátima o Encontro Nacional daPastoral Litúrgica, que tem como tema «A VirgemSanta Maria na Liturgia». Neste dia, mas em Castanheira de Pera, começa a“Missão Aqui e Agora” com os jovens ligados àCompanhia de Jesus a envolver-se numa relaçãosolidária com as populações vítimas dos incêndios.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h30Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia;23h30 - Entrevista deAura Miguel Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

RTP2, 13h00Domingo, 23 de julho,13h30 - Recomeçar dascinzas. Segunda-feira, dia 24 dejulho, 15h00 - Turismo.Entrevista ao padre CarlosGodinho, diretor da ObraNacional de Pastoral doTurismo. Terça-feira, dia 25 de julho, 15h00 - Informação eentrevista a Cristiana Palma, sobre os Campos deFérias na Casa do Oeste. Quarta-feira, dia 26 de julho, 15h00 - Informção eentrevista à irmã Amélia Costa, sobre o Jubileu dasFranciscanas Hospitaleiras do Imaculada Conceição. Quinta-feira, dia 27 de julho, 15h00 - Informação eentrevista ao padre José Maria Brito sobre o projeto"AfterYou" e os campos de férias "Aqui e Agora". Sexta-feira, dia 28 de julho, 15h00 - Entrevista.Comentário à liturgia do domingo com os padresArmindo Vaz e Nélio Pita. Antena 1Domingo, 23 de julho - Voluntariado Missionário segunda a sexta, 25 a 28 de julho - MIssão «Aqui eAgora», Semanas Missionárias dos Jovens SemFronteiras, Dia dos Avós , Dominismissio, Campos deférias da Casa do Oeste.

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Ano A – 16.º Domingo do TempoComum Bondosos emisericordiosos,sempre!

A liturgia deste 16.º Domingo do Tempo Comumapresenta Deus paciente e cheio de misericórdia, econvida-nos a assumir essa mesma atitude na nossavida.Em concreto, a primeira leitura da Sabedoria fala-nosde um Deus indulgente e misericordioso, queconvida os seus filhos a serem humanos, a terem umcoração tão misericordioso e tão indulgente como ocoração de Deus.A segunda leitura sublinha a bondade e amisericórdia de Deus. Afirma que o Espírito Santo,dom de Deus, vem em auxílio da nossa fragilidade,guiando-nos no caminho para a vida plena.Neste ritmo da vida moderna tão estonteante, comexigências profissionais, problemas familiares,necessidade de ganhar a vida diante de crescentesdificuldades, em que andamos a correr, quasesempre ocupados e cansados, prisioneiros de umamáquina que nos desumaniza e que não nos deixacentrar a nossa atenção no essencial, há queencontrar tempo e espaço para refletir e redefinir osentido da nossa existência, para perceber seestamos a conduzir a nossa vida segundo o Espírito.O Evangelho garante a presença do Reino de Deusno mundo, um Reino que não é um clube exclusivode bons e santos: todos encontram a possibilidadede crescer, de amadurecer as suas escolhas, deserem tocados pela graça, até ao momento final daopção definitiva. Três belíssimas parábolas indicam-nos o caminho: o trigo e o joio; o grão de mostarda;o fermento.Na parábola do trigo e do joio, Jesus garante-nosque os esquemas de Deus não preveem adestruição do pecador, a segregação dos maus, aexclusão dos culpados. O Deus de Jesus Cristo é umDeus de amor, de bondade

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e de misericórdia, sem pressa paracastigar, que dá ao homem todo otempo do mundo para crescer, paradescobrir o dom de Deus e parafazer as suas escolhas. Nãopercamos nunca de vista apaciência de Deus para com ospecadores: talvez evitemos carregarsentimentos de culpa que oprimeme amarguram a nossa brevecaminhada nesta terra.A Palavra de Deus convida-nos amoderar a nossa dureza, a nossaintolerância, a nossa intransigênciae a contemplar os irmãos, com assuas falhas, defeitos, diferenças ecomportamentos religiosa ou

socialmente incorretos, com osolhos benevolentes, compreensivose pacientes de Deus.A partir daí, podemos colher amensagem das outras parábolas:ser grão de mostarda e fermento, nomeio de situações que não deixamespaço para a interioridade esentido da vida, para a paciência ebondade, para a misericórdia ecompaixão.Eis um enorme desafio para quemquiser continuar a ser discípulo deCristo, neste domingo e ao longo dapróxima semana.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Movimento da Mensagem de Fátimarumou à Cova da Iria paraPeregrinação Nacional

O Santuário de Fátima acolheu estefim-de-semana a PeregrinaçãoNacional a Fátima do Movimento daMensagem de Fátima.A peregrinação, que juntaMensageiros de todas as diocesesde Portugal, começou no CentroPastoral de Paulo VI com aassembleia onde o reitor doSantuário, o padre Carlos

Cabecinhas mostrou a sua“gratidão” para todos os“Mensageiros que, com a sua ação,dão continuidade à missão doSantuário de Fátima, levando amensagem aos lugares e ambientesdas dioceses e paróquias”.O sacerdote lembrou a efeméride doAno jubilar do Centenário dasAparições, e cujo pórtico jubilar,

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o itinerário jubilar do peregrino e aOração jubilar de Consagração aNossa Senhora são sinais visíveisda “festa”, marcada pela vinda doPapa, nos dias 12 e 13 de maio. “Apresença do Papa Francisco e acanonização dos Santos Franciscoe Jacinta vieram coroar estasingular celebração festiva”,recordou.Na sua intervenção, o reitordesafiou os Mensageiros a ler emeditar as palavras do Santo Padre,em Fátima, “assumir como tarefa adivulgação dos traços de santidadedos Santos Francisco e Jacinta”, eainda “viver este ano como grandeoportunidade para divulgar oMovimento da Mensagem de Fátimae para revitalizar as váriasestruturas do Movimento”.O padre Manuel Antunes, assistentenacional do Movimento daMensagem de Fátima, deixou umapelo a que “todos os Mensageirosse sintam em família como os trêspastorinhos”, porque “não basta serMensageiro de nome, é necessárioser Mensageiro de vida, ir aoencontro das pessoas”.“Continuemos unidos em oração ena ação com os três pastorinhos”,reiterou.

Por seu turno, Nuno Neves,presidente do Secretariado Nacionaldo Movimento da Mensagem deFátima, reconheceu que a “estreitaunião com o Santuário de Fátima, éuma ajuda fundamental na nossamissão”. “Queremos ser um braçodo Santuário de Fátima para chegaràs paróquias”, disse.O Movimento da Mensagem deFátima é um Movimento ao serviçoda Mensagem de Fátima, com aIgreja e para a Igreja. É umaassociação pública de fiéis eretapela Conferência EpiscopalPortuguesa, com caráter Nacional,que por sua vez delega no Bispo deLeiria-Fátima, com título deassistente geral. Presentemente é oSenhor D. António Augusto Marto.O MMF procura viver maisintensamente a Mensagem deFátima ao jeito dos PastorinhosLúcia, Jacinta e Francisco –Conversão, Reparação e AdoraçãoEucarística. Para melhor responderaos seus objetivos, dá especialatenção aos seguintes campos depastoral – Oração – Peregrinações– Doentes e Portadores deDeficiência. (Sala de imprensa do Santuário deFátima)

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Um bilhete de comboiopara Nossa Senhora na Rússia

O arcebispo de Moscovo recordou àAgência ECCLESIA as “resistências”que a mensagem de Fátimaencontrou para chegar aoconhecimento dos cristãos russosno século XX. “Podemos dizer queaté aos anos 90, salvo qualquerrara exceção, não se falou. Nosanos 90 retomamos o sentidodestas aparições,

sobretudo graças a umaperegrinação da imagem de NossaSenhora de Fátima a meados dosanos 90, que peregrinou por toda aRússia”, referiu D. Paolo Pezzi.O responsável evoca episódioscomo a pretensão de um revisor dequerer cobrar um bilhete decomboio à imagem de NossaSenhora de Fátima.

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“Um nosso sacerdote levou estaimagem de Nossa Senhora deFátima de comboio e o revisordisse-lhe, a certa altura: ‘Quem éesta? O que é isto? Tem de pagarbilhete, porque é um peso, ocupaespaço, é como um passageiro…’ Osacerdote disse-lhe: ‘Olhe, a NossaSenhora não se obriga a pagarbilhete…’”, refere.O arcebispo de Moscovo observaque esta foi uma “ocasiãomissionária, evangelizadora, parafalar de Fátima e das aparições”. Opadre Carlos Cabecinhas, reitor doSantuário de Fátima, sublinha que aligação entre a Rússia e a Cova daIria vem “desde o início” e tem vindoa crescer.A peregrinação Internacional dejulho, que evocou a terceiraaparição de Nossa Senhora, tevecomo tema “A Virgem Maria, Mãe daConsolação" e sublinha esta ligaçãoda Rússia a

Fátima. De acordo com otestemunho dos videntes, em julhode 1917 Nossa Senhora disse-lhesque, para impedir a guerra, eranecessária a consagração daRússia ao seu Imaculado Coração ea comunhão reparadora nosprimeiros sábados.“O juízo histórico que podemosfazer, que devemos fazer sobre esseacontecimento é a conversão. AIgreja de 1917 respondeu àperseguição com o desafio àconversão. Hoje queremos confirmarisso: é possível dar um sentidotambém àquela tragédia apenas àluz da nossa conversão a Cristo”,sustenta D. Paolo Pezzi.O arcebispo de Moscovo recordouem Fátima as perseguições contracristãos no século XX, alertandopara as consequências dostotalitarismos na vida dassociedades.

O Setor da Catequese do Patriarcado de Lisboa vai promover umaperegrinação para os adolescentes, do 7º ao 10º ano de catequese, aoSantuário de Fátima, no dia 14 de outubro, no âmbito do centenário dasaparições. “Este será um dia de celebração e de festa, de encontro e departilha dos adolescentes da nossa diocese e uma forma de os convidara viver o centenário das aparições”, explica a organização.

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Fundação AIS ajuda os refugiados cristãos emLampedusa

Tesouro escondidoDia 8 de Julho, fez agora 4 anos,o Papa foi a Lampedusa naprimeira viagem do seupontificado. Foi lá denunciar. Foilá rezar. Todos os refugiadosque se encontram nesta ilhaitaliana trazem consigo históriasde violência, de medo. Já todoschoraram. Os cristãosrefugiados em Lampedusa sãouma minoria. Mas não estãoesquecidos. Abril de 2015. Um bote insuflávelabarrotado com uma centena derefugiados avança peloMediterrâneo desde a costa daLíbia rumo à ilha italiana deLampedusa. Durante a viagem, desúbito, estala uma discussão.Quase todos os que seguem abordo são muçulmanos. Alguns sãoradicais. Falam em ‘jihad’, em‘guerra santa’. Mas, entre os queestão a bordo, há também umpequeno grupo de cristãos. Sãoapenas 12 homens. nigerianos eganeses. De repente, a discussãosobe de tom. Os gritos dão lugar aempurrões e murros. Os cristãossão rodeados, agredidos e atiradosborda fora. São assassinados naságuas do Mediterrâneo. Quasetodos os dias chegam barcos àEuropa com

refugiados a bordo. A ilha deLampedusa é um ponto depassagem para quem se faz ao maroriundo do Norte de África ou doMédio Oriente. Entre a multidão dosque arriscam essas viagens emcondições assustadoramenteprecárias, há cristãos. São umaminoria. Talvez por isso quasenunca se fale deles. Julho de 2013.O Papa Francisco decide ir aLampedusa para a primeira viagemapostólica do seu pontificado. Seriasempre uma viagem simbólica.Ficará para a história também porisso, por ter sido a primeira.Francisco decidiu ir a Lampedusapara “chorar os mortos que ninguémchora”, para “despertarconsciências”. Para combater a“globalização do mal”. Entre os quedecidiram doar o seu tempo emfavor dos refugiados que seacotovelam em Lampedusa está umsacerdote. É o Pe. Carmelo LaMagra. Pequeno milagreOuvir, rezar, ajudar. Todos os dias oPe. Carmelo vai procurandominimizar o sofrimento dos que,fugindo de situações terríveis, seencontram ali como queencurralados entre um

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passado de violência e um futuroque escapa das suas mãos, diaapós dia. Alguns são cristãos.Quase ninguém se interessa poreles. Mas o Pe. Carmelo nãodesiste. Todos estes migrantesforçados precisam de apoiomaterial. Mas precisam também deajuda espiritual. Por isso, o Pe.Carmelo decidiu contactar aFundação AIS. Era preciso fazeralguma coisa por estes cristãos quefugiram das guerras e da violênciado Oriente Médio e de África, assimcomo da miséria e da perseguiçãoreligiosa. Entre todos os Cristãos,quem mais preocupa o Pe. Carmelosão as crianças. Se nada se fizerpor elas vão perder por completo assuas raízes. É preciso quemantenham os laços com o seu paísde origem, a sua cultura, a suareligião. Que fazer? A primeiraresposta chegou com o envio demeio milhar de exemplares da Bíbliapara Crianças em inglês, árabe efrancês para as crianças refugiadas,e

também, claro, para todos osmigrantes cristãos. Este livro,sonhado pelo fundador da AIS, o Pe.Werenfried van Straaten, em 1979,como um instrumento deevangelização, continua a ser, diaapós dia, quase 40 anos depois, umverdadeiro sucesso editorialcom mais de 55 milhões deexemplares em 187 línguas. Nocampo de refugiados emLampedusa, começa-se agora aouvir cada vez mais orações cristãs.Para muitos desses refugiados, paramuitas dessas crianças, agora háum pequeno livro que guardamcomo se fosse um verdadeirotesouro. Um tesouro que é só deles.Um tesouro escondido. É um livroque lhes fala de Amor. Para quemfugiu da guerra, da violência, daperseguição, não haverá tesouromaior. Este livro é um pequenomilagre tornado possível apenasgraças à generosidade dosbenfeitores e amigos da FundaçãoAIS.

Paulo Aido

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A Sabedoria dos Avós

Tony Neves Espiritano

Quando eu penso em avós cultos e sérios, vem-me muitas vezes à cabeça a grande figura doProfessor Adriano Moreira. Junta sabedoria,lucidez, fé e humanidade. Olha longe porque temraízes profundas que só o tempo ajuda apenetrar na história. Adriano Moreira escreveuum texto muito lúcido e corajoso sobre o G-20.Começou logo por dizer que o que nós temos é oG18+2 (pondo os EUA e a China noutro pacote).O G20 – é verdade - é um grupo que não foiescolhido por ninguém. Ou melhor, escolheram-se uns aos outros, mas a comunidadeinternacional organizada (ONU…) não tevepalavra a dizer. Reúnem-se sempre envolvidosem grandes confusões (provocadas por gruposde resistência) e tentam entender-se sobre osgrandes problemas / desafios da atualidade.Claro que o encontro de Hamburgo teria deenfrentar as novas posições de Trump, emruptura aberta com as tomadas por Obama eassumidas, em grande parte, pelos restantes 19.O papa Francisco, outro avô sábio, não quis ficarde fora e jogou por antecipação, como semprebem sabe fazer, mandando uma mensagem apedir, na política internacional ‘prioridadeabsoluta’ aos mais pobres e aos refugiados. Omundo inteiro recorda-se ainda do encontro deFrancisco com Trump, quando o papa ofereceu aencíclica ecológica ‘Laudato Si’ ao presidentedos EUA. E o resultado também o conhecemos:Trump aboliu da política americana os pactosassinados em Paris sobre o clima, pondo emcausa o futuro da humanidade.O Papa, nesta mensagem enviada à presidente

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Merkel, como anfitriã, evoca atrágica situação no Sudão do Sul,de outras regiões africanas e doIémen, “onde há cerca de 30milhões de pessoas que não têmcomida nem água”. Denuncia acorrida aos armamentos e pede queo encontro do G20 abra caminho auma nova era de desenvolvimentoinovador, interligado, sustentável,respeitador do ambiente e inclusivode todos os povos.As preocupações do papaFrancisco caíram todas em sacoroto. O encontro foi mais falado pelaviolência extrema dos manifestantesque pela ousadia profética doslíderes destes 20 países. Torna-sevoz corrente apresentar o papaFrancisco como uma das rarasvozes lúcidas do nosso tempo.Todos gostam de ir até ao

Vaticano e mostrar-se ao mundo aolado deste Papa latino-americano.Mas a verdade é que as suas ideiase ideais colidem com interessesinstalados, com negócios de muitosmilhões que acabam por marcar osdestinos dos povos.E termino com um aviso dado ánavegação pelo Professor AdrianoMoreira, um avô digno de netos comsentido de humanidade. Elerecordou a nossa fraca memóriahistórica, pois os mais velhos aindase lembram da II Grande GuerraMundial que começou pelaaceitação da ideologia nazi eacabou com a barbárie que foi olançamento de bombas atómicas noJapão. Perguntem lá aos vossosavós se eles não se lembram e seeles gostariam que nós, hoje,passássemos por ali…

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Page 41: XVI dizem adeus - Agência ECCLESIA...sincera busca da vontade de Deus que encontrei nos sacerdotes, e louvo o Senhor da Igreja pelo sentido pastoral por todos manifestado”. O bispo

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