x congresso dos revisores oficiais de …£o há código - novo ou velho - nem manual de boas...

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EM FOCO 03 Nos dias 21 e 22 de Outubro realizou-se o X Congresso dos Revisores Oficiais de Contas o qual contou com a participação de cerca de 460 Congressistas. O Congresso teve como temas a Ética e a Responsabilidade. No encerramento do Congresso, o Colega José Rodrigues de Jesus, na qualidade de Presidente da Comissão Organizadora, composta igualmente pelos Colegas José de Azevedo Rodrigues, Óscar Figueiredo e Ana Cristina Doutor, apresentou as conclusões e endereçou alguns agradecimentos. Apresentou um especial agradecimento ao nosso Bastonário António Gonçalves Monteiro. Referiu a participação de Suas Excelências o Ministro de Estado e das Finanças, o Ministro da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento e o Secretário de Estado da Justiça e da Modernização Judiciária que, com a sua participação transmitiram a ideia do reconhecimento da representatividade social da profissão de Revisão de Contas. Foram também endereçados agradecimentos a todos os colaboradores da Ordem, a todos os participantes e aos patrocinadores. Apresenta-se aqui o texto integral do discurso de encerramento e das conclusões apuradas. As intervenções disponibilizadas, encontram-se divulgadas no sítio da Ordem na internet . Apresentam- -se alguns pequenos extractos que permitem uma visão global das intervenções efectuadas. X CONGRESSO DOS REVISORES OFICIAIS DE CONTAS Ética e Responsabilidade

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EM FOCO

03

Nos dias 21 e 22 de Outubro realizou-se o X Congresso dos Revisores

Oficiais de Contas o qual contou com a participação de cerca

de 460 Congressistas.

O Congresso teve como temas a Ética e a Responsabilidade.

No encerramento do Congresso, o Colega José Rodrigues de Jesus,

na qualidade de Presidente da Comissão Organizadora, composta

igualmente pelos Colegas José de Azevedo Rodrigues, Óscar

Figueiredo e Ana Cristina Doutor, apresentou as conclusões e

endereçou alguns agradecimentos. Apresentou um especial

agradecimento ao nosso Bastonário António Gonçalves Monteiro.

Referiu a participação de Suas Excelências o Ministro de Estado e

das Finanças, o Ministro da Economia, da Inovação e do

Desenvolvimento e o Secretário de Estado da Justiça e da

Modernização Judiciária que, com a sua participação transmitiram

a ideia do reconhecimento da representatividade social da profissão

de Revisão de Contas. Foram também endereçados agradecimentos

a todos os colaboradores da Ordem, a todos os participantes e aos

patrocinadores.

Apresenta-se aqui o texto integral do discurso de encerramento e

das conclusões apuradas. As intervenções disponibilizadas,

encontram-se divulgadas no sítio da Ordem na internet. Apresentam-

-se alguns pequenos extractos que permitem uma visão global das

intervenções efectuadas.

X CONGRESSO DOS REVISORESOFICIAIS DE CONTASÉtica e Responsabilidade

EM FOCO

A profissão é permanentemente essencial à credibilidade dainformação financeira.

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Uma vez alcançado um assinalável grau de prestígio, asustentabilidade da profissão está, hoje, mais dependente dosaspectos comportamentais dos seus membros do que dos aspectosmeramente técnicos.

REGULAÇÃO E SUPERVISÃOFernando Nogueira - Presidente do Instituto de Seguros de Portugal

ABERTURAFernando Teixeira dos Santos - Ministro de Estado e das Finanças

A cooperação estreita com as autoridades de supervisão, bemcomo com as estruturas relevantes das entidades auditadas, emparticular com a auditoria interna, é muito importante.

AS LIÇÕES DA CRISE E OS DESAFIOS PARA A SUPERVISÃOPedro Duarte Neves - Vice-Governador do Banco de Portugal

António Gonçalves Monteiro - Bastonário

Relativamente, ainda, à crise financeira, apontam-se várias lições

e desafios para a supervisão.

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Amadeu Ferreira - Vice-Presidente da CMVM

A SUPERVISÃO DO SISTEMA FINANCEIROJosé Manuel Moreira - Professor Universitário

ÉTICA E PRÁTICAS DE GOVERNAÇÃO - DESAFIOS E RESPONSABILIDADES

Sem ética e transparência não existe confiança e sem esta nãoexistem mercados eficientes.

ÉTICA E PRÁTICAS DE GOVERNAÇÃO

Luís Portela - Presidente da BIAL

A ética é imprescindível no desenvolvimento sustentável daexcelência empresarial, sendo o respeito pelos valores universaisuma relevante componente.

Pedro Rebelo de Sousa - Presidente do IPCG

Os revisores de contas devem adoptar na sua organização normasde governação que possibilitem a obtenção de transparência eética.

Não há código - novo ou velho - nem manual de boas práticasque possa substituir o carácter.

A ÉTICA E A RESPONSABILIDADE NA PROFISSÃOAntónio Dias - Revisor Oficial de Contas

ÉTICA NO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO

A sustentabilidade da profissão, também depende da suacapacidade para atrair os novos melhores profissionais, isso sóserá possível se os revisores de hoje conseguirem, através da suaconduta profissional, elevar o nível e o prestígio já alcançado pelaprofissão.

Domingos Cravo - Revisor Oficial de Contas

EM FOCO

EM FOCO

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Óscar Figueiredo - Revisor Oficial de Contas

A ÉTICA E AS NORMAS DE AUDITORIADaniel Bessa - Professor Universitário

A ética, no que diz respeito à nossa profissão, tem de ser umarelação recíproca entre os revisores de contas entre si, entre osrevisores de contas e os seus clientes e entre os revisores de contase a cominudade, dado o interesse público da profissão.O cumprimento das normas de auditoria, é condição sem a qualnão pode ser garantido o cumprimento dos requisitos éticos.

ABERTURA DOS TRABALHOS DO 2º DIAJosé António Vieira da Silva - Ministro da Economia, da Inovação e

do Desenvolvimento

Pedro Felício - Director Geral do Tesouro e Finanças

PRINCÍPIOS DE BOM GOVERNO - SECTOR EMPRESARIAL DO

ESTADO

As actuais medidas de consolidação orçamental exigem umaprofundamento das boas práticas empresariais.

VISÃO EXTERNA DA PROFISSÃO:CRÍTICAS E CONTRIBUTOSJosé António Barros - Presidente da AEP

ÉTICA E TRANSPARÊNCIA NA GESTÃOAntónio Saraiva - Presidente da CIP

A criação de confiança recíproca tornou-se um factor decompetitividade decisivo.

Se é certo que muitas empresas, especialmente PME, olham aindapara a designação de Revisores Oficiais de Contas comoconsequência de uma imposição legal, a visão externa destaprofissão deve ser, fundamentalmente, a dos benefícios que cadaempresa e todos os seus stakeholders obtêm de uma maiorconfiança relativamente à informação por si prestada.

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José Manuel Fernandes - Presidente da Frezite SUSTENTABILIDADE DA PROFISSÃOJosé Azevedo Rodrigues - Revisor Oficial de Contas

O Revisor de contas também pode ser um líder, um previsor, uminfluenciador, um agente de mudança, um desafiador, umprovocador, um solucionador.

João Carvalho - Professor Universitário:OS ROC NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O papel dos ROC nas contas públicas - Participação no processode Consolidação das contas; Participação na adaptação do POCPe outros planos sectoriais ao SNC e/ou NICSP; Maior formaçãodos ROC nomeadamente em questões de contratação pública efinanças públicas; Participação activa no controlo das dívidasdos municípios, das empresas municipais e Sector Empresarialdo Estado e Mais ROC na Administração Pública.

O SISTEMA NACIONAL DE SUPERVISÃO DE AUDITORIAMaria dos Anjos Capote - Presidente do CNSA

Necessário assegurar uma profissão que deve assentar nos maisexigentes padrões éticos e reforço na supervisão no âmbito documprimento dos deveres profissionais dos auditores.

A sustentabilidade da profissão passa por uma estrutura e dimensãoque respondam às novas exigências de mercado.

Luís Baptista - Revisor Oficial de ContasAS ALTERAÇÕES DO PCGA EM PORTUGAL E O LIVRO VERDE“POLÍTICA DE AUDITORIA: AS LIÇÕES DA CRISE”: Os impactos nasustentabilidade nas pequenas e médias sociedades de auditoria

Ricardo Frias Pinheiro - Revisor Oficial de Contas

Os temas em debate (“Livro verde”) estarão associados às alteraçõesao actual quadro regulatório e de supervisão da actividade deauditoria, à criação de um mercado único de auditoria e respectivaconfiguração, à propriedade, estrutura e forma de governação dasfirmas de auditoria, à revisão e adopção das Normas Internacionaisde Auditoria e à melhoria da comunicação por parte da Profissão.

EM FOCO

EM FOCO

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O CÓDIGO DE ÉTICA DA IFACJan Munro - Deputy Director IESBA (IFAC)

ESTABILIDADE FINANCEIRA E DESENVOLVIMENTOCarlos Costa - Governador do Banco de Portugal

Sandrine Van Belling - IESBA Member (IFAC)

Alfonso Querejeta - Secretário Geral do BEI

ENCERRAMENTOJosé Magalhães - Secretário de Estado da Justiça e da ModernizaçãoJudiciária

A INTEGRIDADE E A ÉTICA PROFISSIONALHilde Blomme - Director Practice Regulation (FEE)

Os novos projectos da IFAC vão centrar-se na área dos conflitosde interesse, na resposta à fraude e actos ilegais e na convergênciainternacional do Código de Ética da IFAC.

Dr. José Rodrigues de Jesus - Presidente da Comissão Organizadorado X Congresso dos Roc

Só tivemos aqui quem nos assinala exigências, quem nos impõeregras, quem simplesmente ao olhar-nos, inclusivamente nóspróprios, imediatamente pensa numa categoria especial deprofissionais que têm de viver num domínio quase sobrenatural.Era isso, aliás, o que esperávamos e que queríamos.Os nossos objectivos foram cumpridos .

O interesse publico da função e a as falhas constatadas durantea crise impõem uma reflexão sobre as práticas e objectivos darevisão e auditoria externa tanto ao nível dos profissionais dosector como ao nível dos quadros regulamentares que se lhesaplicam.

Os conceitos morais podem ser comparados com os achadosarqueológicos: constituem algumas das camadas sobre as quaiscaminhamos na nossa vida quotidiana e, ao mesmo tempo,revelam as origens de alguns dos nossos comportamentos, crençasou procedimentos.

Parafraseando Rabelais, “o trabalho sem consciência é a perdiçãoda alma”. É regenerador parar para pensar, por vezes, nasimplicações morais do trabalho de cada um.

Sua Excelência o Secretário de Estado da Justiça e daModernização Judiciária, em representação da sua Excelênciao Ministro da JustiçaExcelentíssimos Senhores ConvidadosSenhor BastonárioCaras e caros ColegasPor todos, minhas senhoras e meus senhores

De novo acontece ter sido designado para falar em nome daComissão Organizadora deste X Congresso da Ordem dosRevisores Oficiais de Contas, composta igualmente pelosColegas José de Azevedo Rodrigues, Óscar Figueiredo e AnaCristina Doutor.

É óbvio que em todo o trabalho está a figura central do nossoBastonário, Dr. António Gonçalves Monteiro, a quem aComissão apresenta um especial agradecimento ehomenageia com a dedicação da tarefa realizada.Suas Excelências o Ministro de Estado e das Finanças, oMinistro da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento eo Secretário de Estado da Justiça e da Modernização Judiciáriaobsequiaram-nos com uma participação que, sobre deixar-nos desvanecidos, nos transmite a ideia do reconhecimentoda nossa representatividade social.

Estamos, naturalmente, gratos pela participação de SuasExcelências.

Voltando um pouco atrás, tem de ser feito um muito especiale carinhoso agradecimento à Colega Ana Cristina Doutor –sem o seu inexcedível empenho a parte que de bom terá tidoo Congresso não era possível.

Aos colaboradores da Ordem que mais restritamenteestiveram ligados a este Congresso e dedicaram o máximoda sua dedicação, sublinhamos, igualmente, um especialagradecimento.

A todos os colaboradores da Ordem, que, como sempre,viveram este Congresso como celebração da nossa profissão,destinamos um agradecimento, também especial.

O Congresso foi patrocinado por muitas entidades que, paraalém de tudo, proporcionam um relacionamento independentee baseado no apreço pela nossa Ordem. Desta vez tivemos,até, a apresentação, elegante e profícua, de soluções

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tecnológicas dispersas por salas, que adicionaram uma certaalegria ao evento.

Quisemos, uma vez mais, trazer ao Congresso individualidadesexternas à profissão, como forma de abrirmos a nossa Ordemà diversidade de sectores e entidades com quem nosrelacionamos e, assim, ouvirmos as respectivas críticas,ensinamentos, conselhos e, bem assim, as suas expectativasquanto à nossa actividade.

Às eminentes personalidades que fizeram o favor de nosacompanhar como oradores neste Congresso é devido umcumprimento e um agradecimento muito especial – nãoesqueceremos tudo quanto nos transmitiram.

O Congresso teve como temas a Ética e a Responsabilidade.

Estes temas foram objecto de aprofundada apreciação, tantona perspectiva do que se espera do revisor oficial de contasou do que, legítima ou inesperadamente, lhe é exigido, comona percepção do que deve ser o comportamento dos diversosagentes sociais, especialmente no que respeita à governaçãodas entidades com quem trabalhamos.

Sabíamos que não eram temas cujo tratamento fosse fácil,nem pouco melindroso, e que exigiria apurada sensibilidade.

Num certo sentido, só tivemos aqui quem nos assinalaexigências, quem nos impõe regras, quem simplesmente aoolhar-nos, inclusivamente nós próprios, imediatamente pensanuma categoria especial de profissionais que têm de vivernum domínio quase sobrenatural.

Era isso, aliás, o que esperávamos e que queríamos. Os nossosobjectivos foram plenamente cumpridos.

Pretendemos contribuir sempre de uma forma superior epermanentemente melhorada.

Ficou, todavia, também, claro que nos resultados da nossaintervenção não conta apenas a nossa dádiva. A nossaactividade, ao fundar-se na integridade e na independência(para além da, obviamente, pressuposta competência técnicae científica), logo faz perceber o substancial embate de forçase adivinhar quão frágeis muitas vezes são os meios de defesa.

Assistimos a excelentes intervenções – todas -, por vezes

Discurso de Encerramento

EM FOCO

O padrão, que nos comprometemos a adoptar, é, naturalmente,o Código de Ética da IFAC e é sobre ele que temos trabalhado.

Não escondemos algumas dificuldades de adaptação à nossarealidade e à nossa experiência e não podemos ignorar asmodificações do ambiente conceptual que, quase empermanência, nos vão chegando do exterior, como agora oLivro Verde, já evidenciado no Congresso.

Tudo isto tem determinado alguma dilação no completamentodo projecto do Código a apresentar na nossa AssembleiaGeral.

Este esforço tem sido seguido de muito perto, em algunscasos, até, por necessidade de aprovação prévia, pelo ConselhoNacional de Supervisão de Auditoria, a quem, em mais estaoportunidade, destinamos um cumprimento de apreço pelaatenção que nos tem dedicado.

No Congresso foram-nos transmitidos muitos ensinamentos,ficamos com muitas expectativas e concepções deoportunidades de intervenção, mas não podemos, igualmente,olvidar o agravamento esperado das dificuldades relativasao nosso desempenho no campo de actuação, a pressão quepode conduzir à fixação de honorários inadequados, asincertezas quanto ao equilibrado futuro da profissão.

Falar de Ética e de Responsabilidade e do equilíbrio impostopela inerência das tarefas em que estamos envolvidos implicaa cooperação de todos e a serenidade do tema e do ambienteinculcados por este acolhedor Museu do Oriente.

Saímos, como sempre e em todo o caso, com a esperança deque continuaremos a saber honrar a profissão, contribuindocom o melhor de nós próprios como um valor acrescentadopara o bem social.

Passemos, agora, aos tópicos das conclusões do Congresso

EM FOCO

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citando fracassos que, em alguns casos, derivaram em crisee nos esforços que estão a implantar-se para superar aslacunas existentes.

Aplicando o cepticismo que é timbre do nosso comportamento,poderemos, no fundo do nosso pensamento, ter ficado coma sensação de que gostávamos que tudo fosse bom, que nadase esgotasse na liturgia da palavra, mas se conduzisse parauma prática saudável.

Trabalharemos todos para alcançar este fim – norelacionamento entre colegas, com a Ordem, com os clientes,com os nossos colaboradores, com as autoridades desupervisão, com as outras autoridades, sempre na esperançade reciprocidade.

A todos os Distintos Colegas que acorreram ao Congresso,um pedido, antes de mais, de desculpa por eventuais falhasda Comissão Organizadora, depois um agradecimento peladensa e afectuosa participação, sinalizando as muitaspreocupações de que éramos portadores e as acrescidas quedaqui levamos.

Inscreveram-se no Congresso 364 revisores e 62 estagiários,candidatos a exame, alunos do curso de preparação pararevisão e colaboradores de membros da Ordem.

Depois de refeitos os Estatutos, em 2008, à luz da 8ª Directivae da experiência recolhida durante os muitos anos que temosde existência e após termos, em 2009, procedido àreformulação dos diversos regulamentos implicada pelosEstatutos – Acesso à Profissão, Formação, Controlo deQualidade, Eleições -, o ano de 2010 haveria de ser dominadopelo estabelecimento do novo Código de Ética e DeontologiaProfissional, ficando, assim, completo o conjunto dos diplomasque enquadram a profissão.

Conclusões do Congresso

Independentemente de sabermos exactamente em que consistea ética, todos temos um conceito geral ou universal profundo quenos deve pautar os comportamentos.

O comportamento não tem de respeitar apenas ditames formais,designadamente escritos, mas tem de obedecer a princípios deintuição geral.

O revisor oficial de contas desempenha um papel de granderelevância no contexto da regulação e supervisão para o sectorsegurador e fundos de pensões.

A obrigatoriedade legal da certificação de contas é complementadapela exigência de uma auditoria independente a vários aspectosda actividade das empresas de seguros e da gestão de fundos depensões.

A profissão é permanentemente essencial à credibilidade da

informação financeira.

A informação financeira é um elemento muito importante na

recuperação, no desenvolvimento e na sustentabilidade do mercado

de capitais e na economia em geral.

Na revisão de contas tem de adoptar-se uma atitude de percepção

do risco e de apurado cepticismo profissional para além,

naturalmente, da aplicação de conhecimentos técnicos suficientes,

de rigor e, acima de tudo, de independência.

A independência na revisão de contas é factor supremo de trabalho.

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A cooperação estreita com as autoridades de supervisão, bem

como com as estruturas relevantes das entidades auditadas, em

particular com a auditoria interna, é muito importante.

No que respeita ao sector segurador, especialmente no contexto

de preparação para o regime Solvência II, importa assegurar que

a actuação dos revisores seja caracterizada cada vez mais pelo

enfoque na óptica baseada nos riscos, bem como na aplicação do

princípio do primado da substância sobre a forma.

Relativamente à actual crise financeira, têm sido apresentadas

várias soluções para, designadamente, aumentar as

responsabilidades e a solidez das instituições financeiras e a

protecção dos consumidores financeiros e para reforçar a eficácia

da actuação das autoridades de supervisão.

Relativamente, ainda, à crise financeira, apontam-se várias lições

e desafios para a supervisão: restabelecer incentivos apropriados

no sistema financeiro, supervisão macro prudencial (monitorização

da estabilidade financeira), reforço da regulação e supervisão do

risco de liquidez, mais e melhor capital, revisão da abordagem de

supervisão, reforço do papel dos bancos centrais na supervisão,

redefinição do âmbito e da abrangência da supervisão, reforço da

coordenação internacional na regulação e supervisão, regulação

dos mercados de derivados, importância da literacia financeira.

Na actuação do revisor de contas não pode haver dúvidas quanto

à objectividade e transparência, devendo ser analisados o risco de

familiaridade, o risco de dependência financeira, e os riscos

associados à prestação simultânea da revisão e de consultoria.

Dado que as empresas cotadas se financiam através da negociação

de produtos financeiros cada vez mais sofisticados, exige-se dos

revisores de contas o conhecimento profundo dos respectivos

instrumentos financeiros, complexos, sendo, para tanto, necessários

a formação constante e capacidade de adaptação ao ritmo da

inovação e os meios tecnológicos eficazes na valoração dos novos

activos financeiros.

Sem ética e transparência não existe confiança e sem esta não

existem mercados eficientes.

A transparência assume-se como condição do desenvolvimento

do mercado de valores mobiliários.

A ética assume-se como factor-chave da consolidação dos

mercados.

A ética é imprescindível no desenvolvimento sustentável da

excelência empresarial, sendo o respeito pelos valores universais

uma relevante componente.

A governação das empresas tem de basear-se no cumprimento

de normas éticas e de responsabilidade de elevado grau.

Os revisores de contas devem adoptar na sua organização normas

de governação que possibilitem a obtenção de transparência e

ética.

A simples implantação de um código de comportamento não

assegura que se apreciem e se pratiquem os valores e normas que

nele se estabelecem - o código de conduta é algo que se pode

aprender, enquanto a rectidão moral e a competência profissional

se adquirem com esforço, dentro de uma comunidade de

aprendizagem e graças a contínuos exercícios de ensaio e erro, de

equívocos e melhorias.

Não há código – novo ou velho - nem manual de boas práticas

que possa substituir o carácter.

A moralização da actividade económica só se pode conseguir

através da moralização dos indivíduos que nela actuam - o mercado

dá o que se pede.

Ser ético significa fazer a coisa certa com base nos motivos certos,

contudo, sabemos que a conduta dos revisores é objecto de

avaliação permanente por terceiros, por isso, agir com ética, significa

ter um comportamento que os outros julgam como correcto.

O revisor, além do dever de agir de acordo com a sua consciência

profissional, deve cumprir com as regras e normas profissionais

aprovadas pelos reguladores da sua actividade.

Os documentos de certificação emitidos no âmbito das funções

de interesse público devem cumprir, em substância e não apenas

na forma, com os requisitos legais e normativos aplicáveis e, por

isso, dão resposta às expectativas do público em geral.

A importância de uma conduta ética irrepreensível não pode,

assim, ser menosprezada pelo revisor, em particular no exercício

das funções de interesse público.

A sustentabilidade da profissão, também depende da sua

capacidade para atrair os novos melhores profissionais, isso só

será possível se os revisores de hoje conseguirem, através da sua

conduta profissional, elevar o nível e o prestígio já alcançado pela

profissão.

A ética, no que diz respeito à nossa profissão, tem de ser uma

relação recíproca entre os revisores de contas entre si, entre os

revisores de contas e os seus clientes e entre os revisores de contas

e a comunidade, dado o interesse público da profissão.

Os revisores de contas devem cumprir e fazer cumprir nas suas

equipas os requisitos éticos através da adopção de um conjunto

de regras preferencialmente escritas mas, principalmente, manter

uma conduta que sirva de exemplo, sempre complementados por

formação e educação profissional sobre a matéria.

O cumprimento das normas de auditoria, sejam elas quais forem,

é condição sem a qual não pode ser garantido o cumprimento dos

requisitos éticos.

Há que reconhecer a mais valia do trabalho do Revisor para

encontrar soluções para os verdadeiros problemas empresariais,

ao invés de apressar confrontos e precipitar crises que é possível

evitar.

A criação de confiança recíproca tornou-se um factor de

competitividade decisivo.

A face mais visível da criação de confiança passa por adoptar

perante a sociedade, práticas de ética e práticas socialmente

responsáveis.

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EM FOCO

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Entre os atributos das suas funções dos revisores de contas colocam-

se hoje desafios mais ousados, a quem por força de uma função

de auditor e fiscalizador capta informação, sensibilidades,

tendências, a partir das quais pode contemplar por evidência, nos

seus relatórios e reuniões, componentes precisas de soluções e de

desafios responsáveis às administrações e accionistas.

O papel dos ROC nas contas públicas - Participação no processo

de Consolidação das contas ainda a iniciar; Participação na

adaptação do POCP e outros planos sectoriais ao SNC e/ou NICSP;

Maior formação dos ROC nomeadamente em questões de

contratação pública e finanças públicas; Participação activa no

controlo das dívidas dos municípios, das empresas municipais e

Sector Empresarial do Estado e Mais ROC na Administração Pública.

Reforço da necessidade de um Sistema de Supervisão Pública

independente e credível

Assegurar uma profissão que deve assentar nos mais exigentes

padrões éticos.

Reforço na supervisão no âmbito do cumprimento dos deveres

profissionais dos auditores.

Prevalência da “substância sobre a forma” no julgamento do auditor

Evolução do actual modelo de supervisão de auditoria ao nível

nacional através da reorganização do modelo de supervisão

financeira.

A sustentabilidade da profissão passa por uma estrutura e dimensão

que respondam às novas exigências de mercado.

Passa ainda por a equipa apresentar níveis de competência e

multidisciplinaridade que lhe confirmem vantagens competitivas.

Passa ainda por ter uma visão global e não doméstica do exercício

da actividade, trabalhando em rede e melhorando o seu nível de

oferta.

Na sequência da crise financeira e subsequente reforma regulatória,

a Comissão Europeia apresentou recentemente um documento

para consulta pública intitulado “AuditPolicy: Lessons from the

Crisis”, estando os temas em debate.

O referido documento está relacionado com a supervisão dos

auditores e respectivas Networks, a criação do mercado único de

auditoria, a simplificação de regras para as Pequenas e Médias

Empresas e Pequenas e Médias Firmas de Auditoria, a configuração

do mercado de auditoria, a independência e governação das firmas

de auditoria e o futuro papel do auditor.

Embora a publicação deste documento não ponha em causa a

sustentabilidade da Profissão, os temas em debate e as eventuais

mudanças daí decorrentes com maior impacto e no seu

desenvolvimento estarão associados às alterações ao actual quadro

regulatório e de supervisão da actividade de auditoria, à criação de

um mercado único de auditoria e respectiva configuração, à

propriedade, estrutura e forma de governação das firmas de

auditoria, à revisão e adopção das Normas Internacionais de

Auditoria e à melhoria da comunicação por parte da Profissão.

EM FOCO

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O Governo das sociedades não se resume a uma questão de regras

e princípios; é principalmente, uma exigência de procedimentos

e condutas.

As actuais medidas de consolidação orçamental exigem um

aprofundamento das boas práticas empresariais, designadamente

ao nível da maximização dos resultados financeiros, do reforço do

acompanhamento e controlo financeiro das empresas e do

alargamento do âmbito das empresas com gestão por objectivos

contratualizados.

Se é certo que muitas empresas, especialmente PME, olham ainda

para a designação de Revisores Oficiais de Contas como

consequência de uma imposição legal, a visão externa desta

profissão deve ser, fundamentalmente, a dos benefícios que cada

empresa e todos os seus stakehoders obtêm de uma maior

confiança relativamente à informação por si prestada - confiança

proporcionada por uma profissão que, para além da reconhecida

qualificação técnica dos seus membros, se rege por elevados

padrões de ética e responsabilidade.

São conhecidas a economia, a situação financeira, os méritos e as

carências das empresas, situação típica de tantas PME - isto cria

uma responsabilidade acrescida aos revisores de contas, cuja

missão se vê assim alargada a uma verdadeira função pedagógica,

que deve ser cada vez mais exercida junto das empresas, quer do

ponto de vista puramente técnico, quer de demonstração da

necessidade e vantagem de produzirem uma informação rigorosa

e respeitante dos normativos em vigor, que permita a todos os

que com ela se relacionam, e aos seus próprios detentores, o

conhecimento da sua real situação, em cada momento.

É cada vez mais relevante a responsabilidade social das empresas,

não na sua versão mais tradicional de prestação de serviços de

carácter social aos seus trabalhadores e de cooperação com o meio

local envolvente, mas na vertente fundamental, que é a da

responsabilidade da própria empresa assegurar, numa perspectiva

de longo prazo, a sua sustentabilidade económica visando a sua

perenidade e a manutenção e subsistência dos seus postos de

trabalho.

Não se pode confundir auditoria com investigação de fraudes, nem

podem ser imputadas aos revisores de contas responsabilidades

por infracções culposas cometidas por terceiros e importa distinguir

entre erro técnico na detecção de situações irregulares e

cumplicidade voluntária, mas a ética e responsabilidade inerentes

à profissão de revisor de contas implicam a responsabilização dos

profissionais quando se detectam casos, de negligência ou de dolo,

que constituam, de facto, manifesto incumprimento dos seus

deveres profissionais.

Muitos dos problemas que vivemos estão relacionados com a

capacidade de liderança dos dirigentes, em que ser líder é sinónimo

de servir e ao mesmo tempo criar valor. Um líder exerce a sua

actividade orientado para os resultados.

O Revisor de contas também pode ser um líder, um revisor, um

influenciador, um agente de mudança, um desafiador, um

provocador, um solucionador - O revisor oficial de contas é um

agente estrategicamente colocado, como influenciador da mudança,

que está na primeira linha.

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ÀS ENTIDADES QUE ACEITARAM CONCEDER O SEUPATROCÍNIO PARA A REALIZAÇÃO DESTE CONGRESSO,A ORDEM EXPRESSA OS SEUS AGRADECIMENTOS.

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Os novos projectos da IFAC vão centrar-se na área dos conflitos

de interesse, na resposta à fraude e actos ilegais e na convergência

internacional do Código de Ética da IFAC.

A crise financeira veio demonstrar a importância da disponibilidade

pública de informação fiável sobre a situação económica e financeira

das empresas e veio demonstrar a relevância da função da auditoria

externa / Revisão legal da contas na criação de um clima de

confiança por parte de todos os agentes de mercado e do público

em geral.

A natureza sistémica das instituições financeiras e o impacto

sobre estas da saúde económica e financeira das empresas veio

demonstrar que a função de Auditoria/Revisão externa é de

interesse público e portanto deve preencher critérios e requisitos

de o desempenho de uma função de interesse geral

Ao mesmo tempo a crise financeira e em particular as falhas de

algumas instituições de natureza sistémica veio pôr em evidência

o desencontro entre os pareceres que tinham sido emitidos pelos

auditores sobre essas empresas imediatamente antes da crise e

os riscos que essas instituições evidenciaram, que colocou na

ordem do dia a revisão dos métodos dos princípios e dos objectivos

do exercício da função de auditor/revisor externo

O interesse publico da função e a as falhas constatadas durante

a crise impõem uma reflexão sobre as práticas e objectivos da

revisão e auditoria externa tanto ao nível dos profissionais do

sector como ao nível dos quadros regulamentares que se lhes

aplicam.

O que significa que a revisão dos quadros regulamentares e dos

princípios de auto-disciplina da profissão tem que ser paralelos,

têm que resultar de uma reflexão convergente de todos os

stakeholders beneficiários do serviço prestado pelo auditor/revisor

e deve ter como primeiro objectivo repor a confiança na informação

prestada e no caso das instituições financeiras contribuir para o

reforço da estabilidade do sistema financeiro.

Os conceitos morais podem ser comparados com os achados

arqueológicos: constituem algumas das camadas sobre as quais

caminhamos na nossa vida quotidiana e, ao mesmo tempo, revelam

as origens de alguns dos nossos comportamentos, crenças ou

procedimentos.

Parafraseando Rabelais, “o trabalho sem consciência é a perdição

da alma”. É regenerador parar para pensar, por vezes, nas

implicações morais do trabalho de cada um.

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EM FOCO