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* vW'V r>,i è-r«SjC4 * tpv f P\1 :; r r.s; . VS v B^V 5 k W-.-;r- , BTC&M» ¥l\i ! * r Numero i Ano I Coimbra, n de Outubro de 1914 T"T Avulso 10 réis ftHf.-m: -v«W«CÍW-1ÍW t < t ; , PírN ifi DIRETOR—J. Teixeira EDITOR-A. Tavares ADMINISTRADOR —A. DA SILVA Propriedade da Aliança-Anarquista REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO ^ Rua Bandeira, 11-2.° COIMBRA—PORTUGAL Corop. o Imp. MINERVA COMERCIAL Rua da Republica, 73, 75 e 77-ÉVORA Q. A NOSSA MISSÃO A GUERRA Lutar ardentemente para intensificar os esforços que em todo o orbe dispen- dem lúcidos pensadores para fazer sur- gir, na noite tenebrosa que envolve o planeta, o facho luminoso da Revolução Social única que integralmente eman- cipará os escravos do salario, tornando o homem arbítrio do seu destino, eis em síntese, o que será a nossa obra. Queremos depôr, dos áureos plintos, ames e seu.hcres, fazendo rolar por terra, foragidos como passaros noturnos á luz brilhante da aurora, os potentados de todas as côres, para efetivar a admi- rável divisa de Blanqui: Nem Deus nem Amos, organisando a sociedade perfeita sobre bases equitativas e profundamente liber- tarias. Para isto vimos, anceando libertar cerebralmente a necessária minoria dos produtores; eles saberão depois, por si, dar o formidável impulso que fará ruir a sociedade capitalista. E então, nas rui nas do corrompido mundo, desfeitos os perconceitos sociaes, se edificará a sociedade livre porque lutamos. Não mais Estados ou Religiões A burla democrata, a feroz oligarquia, sangui-sedentos impérios, hipócritas re- publicas, tudo terá findado o seu poderio. Os dominadores do comercio e da industria, contribuirão ao trabalho colé- tivo sem recolher a parte de liào. O troár do canhão calar-se-ha. e os ódios internacionaes metamorfosar-se- hão num imenso amplexo que entre si os povos hão de dár. Terão desapare- cido fronteiras, estandartes, pavilhões. A vida será livre e todos os seres gosa- rão emfim dos enumeráveis produtos da Natureza. O mòndo será isento da desordem capitalista, dando logar á fraternidade universal. A miséria brutal, com suas sanguino- lentas garras, haverá cessado de abater legiões inteiras de seres humanos. A Razão terá purificado o homem e então, sobre o universo em repouso, as estrelas cintilarão intensamente. Raiará emfim a verdadeira Liberdade, a genuina Egualdade, a pura Fraterni- dade— A Anarquia. Vimos espalhar a flux a semente que, uni dia sazonada, ha de fazer brotar dos sordidos tugurios, dos infectos casebres, das miseráveis cabanas, das profundezas das minas, da escuridade das oficinas, fabricas, de toda a parte emfim, a imen- sa legião dos escravos que, n'essa dáta, pela consciência adquirida pela assimila- ção da Filosofia Anarquista, saberão reclamar os direitos de que ha tantos séculos andam excluídos. Semeamos, como tantos, para vêr au- mentar, dia a dia, o numero dos que hão de formar a impetuosa corrente que ha de derrubar as montanhas de pre- conceitos desta sociedade, o ciclone que ha de destruir toda a podridão sobre que vegetamos. E a semente ha de germinar, porque é pura e sã. Queremos vêr por terra os trônos, terminada a infame exploração do ho- mem pelo homem. Queremos sêr livres e não escravos. Tentamos quebrar as algemas que nos impozeram os gover- nantes, porque queremos a Liberdade, e a liberdade não admite Amos, Se- nhores, nem Patrões. Vimos lutar pela Anarquia, porque ela é o sol que ilumina o nosso cerebro, a visão grandiosa que alenta nossos peitos. Ante ela, ruem cerces, falsas filoso- fias, acomodaticias moraes; tombam com fracasso potentes trônos, sólidos impé- rios, consolidadas republicas. Ante ela, ruem, para não mais se levantarem, er- gástulos aviltantes, tétricos patíbulos, imundos lupanares. E' o raio que ha de fulminar os tira- nos, o vulcão cuja lava destruirá a casta parasitaria. Pela Anarquia lutamos, vindo espa- lhar a flux a semente da sua filosofia, explendente ideal, que alastrando pelo mundo, ha de proporcionar a todos os seres humanos, a triologia sublime, Pão, Terra e Liberdade. Avante pela Revolução Social! Viva a Anarquia! Traços de fogo "0 Trabalho é honra e é brio...,, Ja~er subjugados ao patrão, sem mostrar jamais o sentimento de Revolta; consentir, sem uma palavra de protesto, a mais torpe exploração; sorrir aos maiores abusos, mos- trando-nos semp< e dóceis ao jugo Lapilalista; mostrar bòa cara ante os maiores sofri- mentos; como: permanecer no sub solo tene- broso onde o Grisú se acumula ominosamente, onde os desabamentos transformam a carne humana em farrapos; desfazer se ao calor dimanado pelas fauces hi antes dos altos fornos ; aventurar se corajosamente sobre os oceanos para satisfizer a codicia dos arma- dores e aumentar os interesses dos milioná- rios; asfixiar-se nos fornos de cá!, nas mi- nas í/c enxofre; trabalhar ti terra sob a chuva e a neve, ou sob os ardentes raios do sol, sofrer passivamente tudo isto, afim de não morrer áe fome,—eis o trabalho que os não trabalhadores nos constrageni a admirar e a defender. Ha muitos anos, ha séculos, que o tra- balho é santificado, por palavras, nunca em facto, pelos senhores, petos burgueses. O trabalho é honra, dizem os moralistas d'esta sociedade, casta, inteligente e astuciosa. Com efeito o Trabalho- è a virtude, a hon- ra.. O Trabalho é o balsamo puro que vivifica a Hum midade. 3Iais porque du«l><> os ricos não trabulliam nunca? Satan. Proíbem os codigos a industria do rou- bo impondo penalidades severas aos in- divíduos que déla façam uso, mas permi- tem a guerra,—que e o roubo e o mor- ticínio legais quando, afinal, entre es- tas duas industrias não existe diferença alguma de substancias. A guerra, segundo o piincipio que a informa, em substancia, é o morticínio organisado, friamente premeditado, cau- telosamente legalisado com uns vernises de civilisaçâo. Os planos guerreiros d'ho- je em nada diferem dos das épocas pró- ximas da barbarie e semelhantemente o fim é o mesmo: em nada se diferencia das hecatombes primitivas; e apenas as armas, mais aperfeiçoadas e mais mortí- feras, são de efeitos mais rápidos e deci- sivos. Hoje, em pleno século XX, como nos tempos de Carlos Martel, a guerra é uma ii.onsti/Jcsidúde, é uma prova inelucta- vel de que o homem cedendo a persona- lidade á animalidade, se transforma uma fera sanguinária insaciável, que não se comove ante esse espectáculo, horrivel- mente dantesco, ante seus olhos desen- rolado ao natural, sobre uma grande téla. Membros mutilados, cabeças decepa- das, corpos esfacelados, eis os despojos da guerra em nossos dias ! A peste devastando povoações, a fome assolando países, a miséria batendo a todas as portas, eis as funestas conse quencias da guerra! A orfandade, a viuvez, o luto, a deso- lação, eis os resultados da guerra I Ódios, ambições, emulações, eis o pro- duto dessa luta furiosamente louca, em que os povos da velha europa, como um oceano revolto de odios e ambições, se trucidam mutuamente, desapiedadamen- te. Os barbaros do norte atravessam o Rheno em quanto que os hiimaniíaris- tas das margens do Sena e do Tamisa, erguendo ao vento as flamulas guerrei- ras, aclamam delirantemente o troar do canhão e a fusilaria das maiisers. Operários dos países beligerantes que nada lucram com a guerra, quer sejam vencidos, quer sejani vencedores, que nenhum interesse teem na carnificina, que nenhum agravo receberam e t qup ja- mais se viram, de baioneta calada, assas- sinam-se a sangue frio, como se um odio mortal, implacável, os impelisse para o matadouro humano. A guerra, encarada sob qualquer ponto de vista, é sempre, no tempo e no espaço, altamente prejudicial ao trabalhador, que é, em geral, quem se bate por uma causa que não é a sua, mas antes a de indiví- duos cujos interesses são diametralmente opostos aos seus. Após as pritiíeiras declarações de guerra e a invasão da Bélgica pelos exér- citos tudescos, não lhe compreendendo o alcance, muita gente bateu palmas de aplauso pelo gesto humanitário da Ingla- terra, colocando-Se ao lado dos seus alia- dos. Era, porem, reservada e interesseira a intervenção oportuna da Gran Breta- nha colocando-se ao lado dos mais peque- nos e, por consequência, menos belico- sos. A Inglaterra não entrou na luta pelo simples prazer de ver respeitada a inte- gridade da Bélgica, da mesma forma que o incidente de Sarajevo serviu de pre- texto á Austria, espicaçada pela Alema- nha, para declarar a guerra á Servia. Atribuir á Inglaterra uma participação desinteressada, é um erro crasso, palmar e grosseiro. o O interesse da Inglaterra, está demons- trado por um diplomata que teve uma curiosa conversação com um redactor do diário The Standari publicada neste jor- nal, da qual transcrevemos os períodos que seguem : A Alemanha não tem agora vida co- mercial. A Inglaterra, depois de breve suspen- são, proseguiu na sua; e ha-de aumenta- la com a clientela da Alemanha. A Alemanha bem sabe, como o sabe toda a gente, por que o senso comum e pratico não é património exclusivo dum pensador, a Alemanha sabe que a vida comercial é o pão dos povos. O interesse da Gran-Bretanha é ani- quilar a concorrência que a Alemanha lhe faz em todos os mercados do mundo, no que concerne á industria, ao comer- cio e á navegação. A guerra actual c uma guerra de co- merciantes, de industriais e de loucos. A Inglaterra estende o seu poder naval atravez dos mares para dar caça, como pirata, á marinha mercante alemã; o Ja- pão, de acordo com a sua aliada, retoma as ilhas que a Alemanha havia roubado á China para as restituirá primitiva domi- nadora a troco de uma zona de influen- cia comercial; a Russia corn os seus exér- citos de ferro, a Russia siberiana, a Rus- sia de Stolipine e dos cossacos, a Russia autoerata, despótica e czaresca, para ver- gonha do nosso século, bate-se em nome da IIumanidade por uma causa sagrada!! Que interesse tem o povo trabalhador, o bode expiatório dos detentores do po- der, o povo que geme e sofre, em bater- se, em acutilar-se, em assassinar-se por uma ficção ou por uma abstração ? Evidentemente, nenhum ! Mas o povo, afogado na ignorância pela religião, entusiasma-se, electrisa-se, dinarnitisa-se, ante os acordes marciais do hino nacional; e quando os estridulos cânticos das canções guerreiras lhe ferem os tímpanos, incendeia-se-Ihe dentro do peito, incandescente, a sublime pira pa- triótica. A Juventude, generosa sempre, irre- flectidamente e sem lhe compreender o alcance originário, amoi talha-se nas pri- meiras emoções provocadas por um,sen-

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Numero i — Ano I Coimbra, n de Outubro de 1914

T"T

Avulso 10 réis ftHf.-m: -v«W«CÍW-1ÍW t < t ; , PírN

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DIRETOR—J. Teixeira EDITOR-A. Tavares

ADMINISTRADOR —A. DA SILVA

Propriedade da Aliança-Anarquista

REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO ^ Rua Sá Bandeira, 11-2.°

COIMBRA—PORTUGAL

Corop. o Imp. MINERVA COMERCIAL Rua da Republica, 73, 75 e 77-ÉVORA

Q.

A NOSSA MISSÃO A GUERRA

Lutar ardentemente para intensificar os esforços que em todo o orbe dispen- dem lúcidos pensadores para fazer sur- gir, na noite tenebrosa que envolve o planeta, o facho luminoso da Revolução Social — única que integralmente eman- cipará os escravos do salario, tornando o homem arbítrio do seu destino, — eis em síntese, o que será a nossa obra.

Queremos depôr, dos áureos plintos, ames e seu.hcres, fazendo rolar por terra, foragidos como passaros noturnos á luz brilhante da aurora, os potentados de todas as côres, para efetivar a admi- rável divisa de Blanqui: —

Nem Deus nem Amos, —

organisando a sociedade perfeita sobre bases equitativas e profundamente liber- tarias.

Para isto vimos, anceando libertar cerebralmente a necessária minoria dos produtores; eles saberão depois, por si, dar o formidável impulso que fará ruir a sociedade capitalista. E então, nas rui nas do corrompido mundo, desfeitos os perconceitos sociaes, se edificará a sociedade livre porque lutamos.

Não mais Estados ou Religiões

A burla democrata, a feroz oligarquia, sangui-sedentos impérios, hipócritas re- publicas, tudo terá findado o seu poderio.

Os dominadores do comercio e da industria, contribuirão ao trabalho colé- tivo sem recolher a parte de liào.

O troár do canhão calar-se-ha. e os ódios internacionaes metamorfosar-se- hão num imenso amplexo que entre si os povos hão de dár. Terão desapare- cido fronteiras, estandartes, pavilhões. A vida será livre e todos os seres gosa- rão emfim dos enumeráveis produtos da Natureza.

O mòndo será isento da desordem capitalista, dando logar á fraternidade universal.

A miséria brutal, com suas sanguino- lentas garras, haverá cessado de abater legiões inteiras de seres humanos.

A Razão terá purificado o homem e então, sobre o universo em repouso, as estrelas cintilarão intensamente.

Raiará emfim a verdadeira Liberdade, a genuina Egualdade, a pura Fraterni- dade— A Anarquia.

Vimos espalhar a flux a semente que, uni dia sazonada, ha de fazer brotar dos sordidos tugurios, dos infectos casebres, das miseráveis cabanas, das profundezas das minas, da escuridade das oficinas, fabricas, de toda a parte emfim, a imen- sa legião dos escravos que, n'essa dáta, pela consciência adquirida pela assimila- ção da Filosofia Anarquista, saberão reclamar os direitos de que ha tantos séculos andam excluídos.

Semeamos, como tantos, para vêr au- mentar, dia a dia, o numero dos que

hão de formar a impetuosa corrente que ha de derrubar as montanhas de pre- conceitos desta sociedade, o ciclone que ha de destruir toda a podridão sobre que vegetamos.

E a semente ha de germinar, porque é pura e sã.

Queremos vêr por terra os trônos, terminada a infame exploração do ho- mem pelo homem. Queremos sêr livres e não escravos. Tentamos quebrar as algemas que nos impozeram os gover- nantes, porque queremos a Liberdade, e a liberdade não admite Amos, Se- nhores, nem Patrões.

Vimos lutar pela Anarquia, porque ela é o sol que ilumina o nosso cerebro, a visão grandiosa que alenta nossos peitos.

Ante ela, ruem cerces, falsas filoso- fias, acomodaticias moraes; tombam com fracasso potentes trônos, sólidos impé- rios, consolidadas republicas. Ante ela, ruem, para não mais se levantarem, er- gástulos aviltantes, tétricos patíbulos, imundos lupanares.

E' o raio que ha de fulminar os tira- nos, o vulcão cuja lava destruirá a casta parasitaria.

Pela Anarquia lutamos, vindo espa- lhar a flux a semente da sua filosofia, explendente ideal, que alastrando pelo mundo, ha de proporcionar a todos os seres humanos, a triologia sublime, Pão, Terra e Liberdade.

Avante pela Revolução Social! Viva a Anarquia!

Traços de fogo

"0 Trabalho é honra e é brio...,,

Ja~er subjugados ao patrão, sem mostrar jamais o sentimento de Revolta; consentir, sem uma palavra de protesto, a mais torpe exploração; sorrir aos maiores abusos, mos- trando-nos semp< e dóceis ao jugo Lapilalista; mostrar bòa cara ante os maiores sofri- mentos; como: permanecer no sub solo tene- broso onde o Grisú se acumula ominosamente, onde os desabamentos transformam a carne humana em farrapos; desfazer se ao calor dimanado pelas fauces hi antes dos altos fornos ; aventurar se corajosamente sobre os oceanos para satisfizer a codicia dos arma- dores e aumentar os interesses dos milioná- rios; asfixiar-se nos fornos de cá!, nas mi- nas í/c enxofre; trabalhar ti terra sob a chuva e a neve, ou sob os ardentes raios do sol, sofrer passivamente tudo isto, afim de não morrer áe fome,—eis o trabalho que os não — trabalhadores nos constrageni a admirar e a defender.

Ha muitos anos, ha séculos, que o tra- balho é santificado, — por palavras, nunca em facto, — pelos senhores, petos burgueses.

O trabalho é honra, dizem os moralistas d'esta sociedade, casta, inteligente e astuciosa. Com efeito o Trabalho- è a virtude, a hon- ra.. O Trabalho é o balsamo puro que vivifica a Hum midade.

3Iais porque du«l><> os ricos não trabulliam nunca?

Satan.

Proíbem os codigos a industria do rou- bo impondo penalidades severas aos in- divíduos que déla façam uso, mas permi- tem a guerra,—que e o roubo e o mor- ticínio legais — quando, afinal, entre es- tas duas industrias não existe diferença alguma de substancias.

A guerra, segundo o piincipio que a informa, em substancia, é o morticínio organisado, friamente premeditado, cau- telosamente legalisado com uns vernises de civilisaçâo. Os planos guerreiros d'ho- je em nada diferem dos das épocas pró- ximas da barbarie e semelhantemente o fim é o mesmo: em nada se diferencia das hecatombes primitivas; e apenas as armas, mais aperfeiçoadas e mais mortí- feras, são de efeitos mais rápidos e deci- sivos.

Hoje, em pleno século XX, como nos tempos de Carlos Martel, a guerra é uma ii.onsti/Jcsidúde, é uma prova inelucta- vel de que o homem cedendo a persona- lidade á animalidade, se transforma uma fera sanguinária insaciável, que não se comove ante esse espectáculo, horrivel- mente dantesco, ante seus olhos desen- rolado ao natural, sobre uma grande téla.

Membros mutilados, cabeças decepa- das, corpos esfacelados, eis os despojos da guerra em nossos dias !

A peste devastando povoações, a fome assolando países, a miséria batendo a todas as portas, eis as funestas conse quencias da guerra!

A orfandade, a viuvez, o luto, a deso- lação, eis os resultados da guerra I

Ódios, ambições, emulações, eis o pro- duto dessa luta furiosamente louca, em que os povos da velha europa, como um oceano revolto de odios e ambições, se trucidam mutuamente, desapiedadamen- te. Os barbaros do norte atravessam o Rheno em quanto que os hiimaniíaris- tas das margens do Sena e do Tamisa, erguendo ao vento as flamulas guerrei- ras, aclamam delirantemente o troar do canhão e a fusilaria das maiisers.

Operários dos países beligerantes que nada lucram com a guerra, quer sejam vencidos, quer sejani vencedores, que nenhum interesse teem na carnificina, que nenhum agravo receberam e

tqup ja- mais se viram, de baioneta calada, assas- sinam-se a sangue frio, como se um odio mortal, implacável, os impelisse para o matadouro humano.

A guerra, encarada sob qualquer ponto de vista, é sempre, no tempo e no espaço, altamente prejudicial ao trabalhador, que é, em geral, quem se bate por uma causa que não é a sua, mas antes a de indiví- duos cujos interesses são diametralmente opostos aos seus.

Após as pritiíeiras declarações de guerra e a invasão da Bélgica pelos exér- citos tudescos, não lhe compreendendo o alcance, muita gente bateu palmas de aplauso pelo gesto humanitário da Ingla-

terra, colocando-Se ao lado dos seus alia- dos.

Era, porem, reservada e interesseira a intervenção oportuna da Gran Breta- nha colocando-se ao lado dos mais peque- nos e, por consequência, menos belico- sos.

A Inglaterra não entrou na luta pelo simples prazer de ver respeitada a inte- gridade da Bélgica, da mesma forma que o incidente de Sarajevo serviu de pre- texto á Austria, espicaçada pela Alema- nha, para declarar a guerra á Servia. Atribuir á Inglaterra uma participação desinteressada, é um erro crasso, palmar e grosseiro. o

O interesse da Inglaterra, está demons- trado por um diplomata que teve uma curiosa conversação com um redactor do diário The Standari publicada neste jor- nal, da qual transcrevemos os períodos que seguem :

A Alemanha não tem agora vida co- mercial.

A Inglaterra, depois de breve suspen- são, proseguiu na sua; e ha-de aumenta- la com a clientela da Alemanha.

A Alemanha bem sabe, como o sabe toda a gente, por que o senso comum e pratico não é património exclusivo dum só pensador, a Alemanha sabe que a vida comercial é o pão dos povos.

O interesse da Gran-Bretanha é ani- quilar a concorrência que a Alemanha lhe faz em todos os mercados do mundo, no que concerne á industria, ao comer- cio e á navegação.

A guerra actual c uma guerra de co- merciantes, de industriais e de loucos.

A Inglaterra estende o seu poder naval atravez dos mares para dar caça, como pirata, á marinha mercante alemã; o Ja- pão, de acordo com a sua aliada, retoma as ilhas que a Alemanha havia roubado á China para as restituirá primitiva domi- nadora a troco de uma zona de influen- cia comercial; a Russia corn os seus exér- citos de ferro, a Russia siberiana, a Rus- sia de Stolipine e dos cossacos, a Russia autoerata, despótica e czaresca, para ver- gonha do nosso século, bate-se em nome da IIumanidade por uma causa sagrada!!

Que interesse tem o povo trabalhador, o bode expiatório dos detentores do po- der, o povo que geme e sofre, em bater- se, em acutilar-se, em assassinar-se por uma ficção ou por uma abstração ?

Evidentemente, nenhum ! Mas o povo, afogado na ignorância

pela religião, entusiasma-se, electrisa-se, dinarnitisa-se, ante os acordes marciais do hino nacional; e quando os estridulos cânticos das canções guerreiras lhe ferem os tímpanos, incendeia-se-Ihe dentro do peito, incandescente, a sublime pira pa- triótica.

A Juventude, generosa sempre, irre- flectidamente e sem lhe compreender o alcance originário, amoi talha-se nas pri- meiras emoções provocadas por um,sen-

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A REVOLTA

timentalismo piegas; e, bimbalhando o seu desinteressado amor pátrio, corre de braços abertos para a chacina cavada a seus pés pelo interesse dos seus explora- dores, representantes genuínos do deus- milhão, horda de insaciáveis crisofilos!

Maldição! Maldição!

0 que querem os anarquistas

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idÓ3s, o que deve ser considerado como a base fundamental duma sociedade armonica e [usta.

Queremos anarquistas abolir todo o pre- vTlegio, negando o direito á propriedade pri- vada, ao capital, ás riquezas usurpadas, por considerarem estas propriedade de todos os homens, já porque todos sentimos a neces- sidade de dísfiutar d'clas já porque todos participámos na sua produção, dando' cada individuo o seu esforço pessoal.

Querem abolir as leis por representarem estas a exploração e a autoridade, carecendo de toda a noção humana e dignificado! a e violando os aios livres dos homens.

Querem abolir os exércitos por entender que são o apoio fisico da sociedade atual, defendendo a injustiça, o roubo e a mentira, crendo firmemente que os homens podem viver armonuamente e com equidade sem necessidade de forços armadas, que sin»bo- lisam a opres-ão brutal e o rebaixamento da especie humana, sendo instrumentos de am biçio e um factor da morte.

Querem abolir a moeda por entenderem que é uma das principaes causas das lutas humanas, fazendo sofrer aos homens, sem que traga nenhuma utilidade o metal em- pregado em ind.car o roubo legalisado, pro- pondo a troca de produtos, sem que um te- nha miis valor que outro, considerando que tudo o que se produz 11a terra constitue igual necessidade para os homens.

Querem os anarquistas abolir egrej is c religiões, por entender que são um obstáculo paia a justiça humana, já que os fanáticos crentes preferem ser escravisados na terra para gosar a liberdsde nocéu. Mas entenda-se bem: a abolição destes antros de corrupção e de mentira, fazel-a-ha a mentalidade hu- mana, isto é, serão abolidos quando ninguém tenha interesse ou julgue tel o em frequen- tal-os.

Em uma palavra: nós, os anarquistas, queremos abolir tudo o que escravisa; tudo o que degrada; tudo o que estorva, sem dei- xar cm pé nenhum pilar dos que suste cm a sociedade burgueza, porque a experiência das revoluções passadas nos ensina que a liberdade a meias é licticia, e que ao deixar um átomo de autoridade ou de exploração isso é faulha que reacende o fogo da ambi- ção, da maldade e da prepotência.

Por isso dizemos, os anarquistas, que queremos destruir, mudar, todo o existente para que o campo humano tique completa- mente purificado, para que as ideias novas possam florescer louçans e formozas nos ce-

de trabalhadores e ás suas federa- d,°', cluc es*a atc ?nca(nai'0 na mentalidade rebros dos homens, para que a liberdade maes inferiores. seja a[tini completa e verdadeira.

Origem da anarquia i

Os elementos intelectuaes do anarquismo, ou melhor, os anarquistas que possuem uma

Que nesta hora de dôr e luto, sobre elevada cultura, quer seja por terem peiten- as testas coroadas, que arremessaram os eido á clas-e previlegiada, quer pela sua povos pata a maior matança de que no Srandc dedicação ao estudo, estuo em abso- futuro resáia a historia, caiam os anate- ,uto acordo c-no Ja'nf\° da v rdlde' ao

. . , , , mar que a origem da Anarquia nao procede mas pro.ertdos pelas mães, pelas esposas, ,jos homens de ciência nem até da propria pelas noivas, pelas filhas, pelas compa- ciência, mas tam somente das necessidades nheiras dos soldados imolados em holo- de ser coo pletamentc livre sentidas pelo causto aos desígnios criminosos de um 30 "er cscravisado e explorado por caquetico idiota e de meia dúzia de dós- ^ ^ , , , , que impõe leis, que se apoiam nus Mausers potas reinantes e detentores do poder! dos soldados, para fazer acatar as suás deci-

Que sobre a cabeça de todos os dés- sões despóticas, potas que impeliram os povos para a con- Antes que alguns homens de ciência ini- flagração europeia, a civilisaçào moderna Classem 0 movimento de sociologia que veio

o „•„] „ • „ robustecer o ideal anarquista com argumen- que, com a Kevoluçao ooctal, vai resur- . , , Ç . . , ill i i tos de grande valor e duma precisão matb-

gtr dos escombros da derrocada, redt- moljCa, existiram hom ens de escassa cultura, mindo a Humanidade, lance, como um pertencentes ao povo, que propagavam a anatema, sobre os tiranos, uma palavra rebeldia aberta, contra os governo^, contra

as leis e contra toda a classe de autoridade que se opoe na força, declarando a liberdade individual como ideia primordial dos homens.

E' induvidavel que a definição cientifica e filosófica da Anarquia ajudou poderosamente a abrir a clareira por onde a luz do ideal se estende, servindo de arma de combate nas discussões sustentadas cm jornaes, em ate- neus, em centros de cultura, contra os pseu- do-cientificos e contra os intelectuaes que pretendiam defender a classe previlegiada com argumentos dogmáticos e anti-naturaes, ajudando também o desenvolvimento mental dos anarquistas, tidos até então por incultos, dando-se hoje, em viitude desse desenvolvi- mento, frequentes casos em que simples tra- balhadores, entusiastas do ideal, armados corn os seus conhecimentos científicos, dis- cutem vantajosamente com os intelectuaes burguezes, conseguindo ruidosas vitorias so- bre os seus adversários em materia de so- ciologia.

A falta dc conhecimentos filosóficos não pode supor de forma alguma a não assimi- lação da idéa libertaria. Um trabalhador rude, sem possuir a mais pequena instrução, pode conceber perfeitamente o ideal anarquista, lutar por ele e defende-lo em todos os ter- renos sem que se o possa schsurar por,não conhecer os' princípios funJameníacs do anarquismo cientifico,

A Anarquia não é só humana e positiva, ra a abolição da propriedade. é claro, e por irso adapta vel a todas as men-

O Estado cederá o logar ás associa- talidades, por representar um ideal liberta ções çòes. A Comunidade primitiva reviverá,

apenas:

Maldição! Maldição!

Gulpilhares, Í914

Giordano Bruno.

A Guerra é uma ooiiHctjueneiíi naturulda ambivuo (lua capitiilis- t UH.

Sei- pnrtlilari» tia. Guerra é ser- vir «s íntenessés «íipitnliHtas em detrimento dos seus.

A Evolução Social

O processo da evolução é do indivi- duo á federação, da cidade á nação, do direito privado ao direito das gentes. A era das nacionalidades está acabada ou a acabar; os Estadosdisputam-se os con- fins e a hegemonia politica e comercial. Necessita-se de constituir as unidades sociaes e definir as relações das gentes; o novo direito publico encaminha-se pa-

completada e integrada na comunidade da nova éra.

A evolução social chegará a essa méta. Não são, pois, o Socialismo e a Anar-

quia invenção de espíritos inquietos ou sonhos dementes enfermiços, como a al- guns se afigura; são o resultado neces- sário da evolução social.

A luta pela existência,diminuída pouco a pouco desde os tempos prehistoricos até hoje, deve desaparecer com um prin- cipio ético ou moral superior, com a As- sociação Livre e Universal, fundada na coletividade de bens e na igualdade de condições.

S. Merlino.

IVo diaom quo oh ti*utmlliu«liflnt*CB tio cadn ]>ui/ oomi»t-eoudei-om elu- rnmeute tino kcuh ^bi-dadeh-OH jllimlg-OB MUI OH <-M|»ItulÍNtnw ti lio oh conser vam nu iiieei-toviti tio tila, segufute, no excesso tio tratmllio, na. miséria e lia ignorância, a Re- volução Social será uin facto.

i>=^ ' y/g,

Quando penso em todos os males que te- nho presenciado e sofrido, provenientes de odios nacionaes, digo comigo mesmo que tudo isso repousa sobre uma grosseira men- tira—-o »mt>r tia. patVia !

Conde Leão Tolsioi.

. g»»aaQ)S>3;»;>ci ——

Do natural

■—zMeii senhor, dá-me uma esmola ? —Não pode ser, —Dc, de, meu rico senhor, porque tenho

minlia mãe doente, e meu pai sem trabalho. —Mas porque e que teu pai não tem tra-

balho? — Foi por ficar impossibilitado na ofici-

na que /limais tornará a poder trabalhar. — Quantos anos tens? —Outline, meu bom senhor.1

—Lntão tu com essa idade, pedes esmola! —Peço, porque já fui pedir trabalho a

uma fabrica e uão me deram. — Olha, á tarde vai a minha casa, que se-

rá bom para li c para teus pais. E o burgueç, pensativo la Joi andando...

(Caserio.)

d'alguns anil Para ser anarquista basta que o individuo

dê o verdadeiro valor á sua personalidade, que tenha um principio de dignidade e que possua um sentimento justo e humano. E se combinarmos estas qualidades morales no homem, com as necessidades materiaes da vida, veremos quão fácil é para um simples trabalhador, conceber o ideal anarquista.

Apesar disto, muitos ha que julgam que para ser anarquista, para combater toda a classe de autoridade e de exploração, se ne- cessita um estudo completo c consciencioso da questão social, imaginando o nosso ideal como um problema árduo e complicado o qual tam só podem chegar a compreender os chamados homens de ciência.

O que podemos dizer é que o prejuízo d'estes e a ignorância d'outros tem feito que a Anarquia não seja mais conhecida e difun- dida entre os homens, sendo um verdadeiro fantasma para muitos.

★ ★ *

Bases da Anarquia

A Anarquia representa a liberdade com- pleta do individuo, sem lhe negar nenhum direito, quando este não prejudique a liber- dade dos outros indivíduos. Concebc-se as- sim a sociedade lutura como um conjunto de homens inteligentes, dignos c enamora- dos da sua propria personalidade, mudando a vida tormentosa de hoje num viver de Cedendo ao edido m foj feit0

amor e armonia, ... , . ,. * - . , Os anarquistas querem a completa Tiber- P0'3 Aliança-Anarquista, este nosso utili-

dade em todas as suas manifestações. Livre go e camarada exercerá o cargo de re- o trabalho; livre o amor; livres as riquezas na- dator principal do nosso orgão. turaes; livre a terra, tudo enfim, para gosar, Previnem-se os camaradas de Lisboa para produzir, para lutar contra os segredos todos Qs assuntos referentes a0 nosso

da Natureza, a única luia digmhcadora que 1 , , , . . , , poderá aceitar-se na sociedade futura. Jol'naI devem ser tratados naquela cidade,

Os anarquistas querem a abolição de todo com o camarada Pinho, Rua da Bempos- o governo, de toda a autoridade, de toda a tinha 33-1 ."-Esq." imposição, de toda a força opressora, para deixur o homem completamente livre, para dar lhe oportunidade de desenvolver as suas próprias energias, para que seus ;gos c suas obras sejam produto da sua cxpontancidade, em vez de ser o fruto da escravidão, como acontece na atual sociedade. E mais que tudo, para respeitar a liberdade do individuo, para não violar as suas intenções c as suas

Acción Anarquista

Em Madrid (Espanha) acaba de se consti- tuir um grupo assim denominado que se propõe levar á pratica a publicação dum jor- nal para difundir os princípios libertários.

O primeiro numero deste periódico apa- recerá no dia i3 do corrente dedicado á se- mana sangrenta e ao trágico assassinato do anarquista Francisco Ferrer. O primeiro nu- mero será extraordinário, publicando-se em grande formato e ilustrado, com colabora- ção dos mais conhecidos melitantes do cam po anarquista.

Seja bem vindo o novo campeão da Anar- quia.

. 8 <■"O-

Santos Pinho

11 Wâim PBBLB1QEITBB

Em 29 de Julho, fazia a Oapitnl or- gão do Governo, as seguintes afirmações, no seu artigo de fundo :

A crise que se manifestou foi a crise parlamentar, e esta crise existe desde a formação dos partidos, A divisão das forças parlamentares, em consequência tia creação dc esses paridos, estabeleceu-se por tal jfórma) que nenhum d'eles ficou com maioria solire os outros nas duas casas do Parlamento. E' d'ali que vem todo o «gàchis» politico em que n Republica se tem debatido, e que produziu a situação de feverei- ro, a qual seria insolúvel se não se tivesse formado o gabinete do sr. Bernardino Machado, de caracte- rística extra-partidaria.

Para acabar com esse ogdehiso, para remediar essa crise, não ha senão um meio : as eleições. Só o Paiz pode resolver essa situ ação, revelando ;i sua vontade e mostrando assim qual ú a corrente mais poderosa da opinião publica. Para o lado que eia favorecer irá a força necessária para governar, se- gundo as boas normas parlamentares.

O remedio não está nas dieta duras, o remédio não está nos (rpronimciamentos.i, ou nas sedições. O remedio e»tii na legalidade. E remedio está na sobe- rania do povo, expressa nas urnas do sufrágio.

E assim que ha de acabar a crise parlamentar ; é assim que se restabelecerá a' tranquilidade portu- guesa, dentro da legalidade republicana, e, por isso, o governo, coin a nova lei ou com a antiga lei, con- foi me'as pireuímtancias parlamentares o permitirem, vai onyocar os e ilcgios eleitorais para que n Nação se p' murtete, pronunciando um «veridictum» ante o q 1 il todos os partidos terão de se curvar.

Nj lundo, está nessas palavras a confissão da mentira parlamentar.

O primeiro parlamento republicano deu partes iguais a cad.1 partido porque não foi feito por um partido único governante, mas por uma amalgama de facções e tendências diversas ainda indistintas.

E' preciso, pois, que novas eleições dêem a vitoria a um partido, isto é, ao partido que te- nha maiores simpatias, influências e combina- ções com o governo, que disponha de maior numero de governadores civis, administrado- res do concelho e caciques. Assim se manifes- tará a tsoberania do povo, expressa nas urnas do sufrágio», bem pouco universal entre nós.

Normalmente, um parlamento Jeveria ser retalhado em muitas facções, pouco desi- gn a e s em força, pois um pais, ou antes, os que nele teir, ideias, poucas ou muitas, acham se divididos cm muitos grupos, não só quanto ás questões gerais, mas quanto a cada questão particular.

Mas assim não seria possível governar, não poderia funcionar o parlamento, seria, como diz a Capital- a «crise parla- mentar» permanente. A ficção parlamentar tem que ser ficção em todos os seus porme- nores, engrenagens e modalidades: se lhe falta um bocadinho de mentira que seja, a caranguejola range, desconjunta-se, vai a tetra.

Por isso se formatn os «partidos de Co- verno», com uma disciplina ditada pelas con- veniências do mando e da Gamela, sujei- tando indivíduos e ideias ao interesse funda- mental do partido: a conquista ou conser- vação do poder. Por isso o «poder execu- tivo», senhor da maquina administrativa, faz o «poder legislativo» á sua imagem e semelhança.

Não basta estarem os pobres, no campo eleitoral, sujeitos aos patrões e aos políticos, aos senhores do poder, da influencia c da riqueza, aos dispensadores de trabalho e de favores.

Não basta serem os eleitos membros da classe rica e dominante, ou ingressarem cin breve néla, ou sofrerem em breve a sua influência e corrupção.

Não basta a compra de eleitos efetuada pelo governo e pela alta burguezia indus- trial e financeira, sobretudo onde esta se acha desenvolvida.

Não basta a incompetência enciclopédica do parlamento, tomado em globo, sendo cada assunto (que não seja politiquice parti- dária) discutido e resolvido por uma maio- ria de incompetentes.

Não basta a impotência reformadora do parlamento em ludo que toque os interes- ses das classes dominantes, que só encon- tram resistência efetiva c eficaz na acção organisada dos espoliados e oprimidos.

Não basta a influência deletéria da acção eleitoral e parlamentar, levando as massas a confiarem numa providência legal c a aban- donarem a organissção c a Acção Diretn.

Sobretudo nos pafses de opinião pública pouco desenvolvida, o pai lamento é fabri- cado por um partido no ministério do inte- rior; e não o sendo, não funciona.

Aí está a «vontade do pais», a usoberania do povo», a «legalidade» — como dizem, com bem fingidas aparências de seriedade, os jornaes de governo. Aí está como se exprimem, num 1 ver edito» inapelávei, as umas do sufrágio pouco universal.

A miséria cIoh trulmlhndorc* provém d'olem s<irom forçados u produzir para uma multidão de pnruif.í tus, quo tom sabido i-ou!>m* 11 luolliot' parte «lo «jjuc estes pro- duzem.

Jean Ortice.

Neno Vasco.

-'«íaíSt

A politico é tu» dos mniqresiui' »IÍ££OH tlo« tl*al>Jlllul<loi*CH,

EseruvoN <lt» capittiliHiuo, íiim- truíivoH sé quereis Bei- fortes.

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A REVOLTA

X 1 S A QUEBRA 0 nosso Sindicalismo

AGITAÇÃO OPERARIA

Neste momento trágico c doloroso, em que quasi todos os povos da Europa se trucidam canibalescamer.te na maior e tnais barbara carnificina que a historia nos regista, arran- jaram os comerciantes, essa cafila infame de exploradores, o pretexto de aumentar os gé- neros que mais necessários são á vida do trabalhador.

Que lhes importa a eles que o povo estale dc miséria c de fome?

Nos seus armazéns estão acumulados os vivõrcs mais necessários á vida do povo, para vender a quem mais dc'r cm manifesto prejuízo do povo faminto e escravo, aquele que tudo produz em proveito duma burgue- zia insaciável c feroz; que escudada nas mausers da soldadesca, ignara; e no sabre policial, pretende agora reduzir á fome a grande massa proletária, que tudo produz c nada possuc.

Já não e' só a crise de trabalho que die a dia vai avassalando a classe trabalhadora, c' também a paralisação das grandes industrias que vai arremessando um novo contingente de operários para o numeroso exercito dos Sem Trabalho.

O povo ficará reduzido á mais negra situa- ção, se com a sua ação enérgica c decidida não colocar um dique d cruel ambição dos açambarcadores.

A classe operaria do Porto, já fez ouvir a sua voz potente e vigorosa, contra ns seus exploradores, saindo á Praça publica clamar bem alto a sua revolta contra os governan- tes, que estão fazendo causa comum com os causadores da miséria do povo.

Ouve colisões com a força armada, haven- do ferimentos e mortos da parte do povo, produzidas por aqueles que tentavam esma- gar com a razão da foiça o grito de Justiça do povo roubado.

Os protestos do proletariado contra a ca- restia da vida, continuam por todo o paiz com mais cu menos intensidade, sendo de crer que os acontecimentos do Porto tenham a sua rcpercursão cm todo o paiz, pôndo assim em debandada os açambarcadores que aumentam os géneros com o intuito mes- quinho e infame de roubar o povo, para mais rapidamente enriquecer.

Em Coimbra, embora que platonicamente, já a voz de protesto da classe operaria se fez ouvir contra a vil exploração comercial, realisando-sc no sede da União Geral dos Trabalhadores, duas importantes reuniões publicas a que assistiram centenas de ope- rários.

Para fazer calar a voz do povo, afogando a em sangue, ordenou o governador civil, no dia das reuniões que o exercito fosse posto de prevenção, mandando cercar a IJniâo Geral dos Trabalhadores por forças dc infan- teria, guarda republicana c policia...

E são estes cabotinos da democrática cor- dealidadc que nos andam a businar aos ou- vidos com o patriotismo!... Que a classe operaria se reveja nestes exemplos; c, oxalá que o seu despertar agitado lhe sirva de in- ccntivo-para futuras lutas.

Ravachol.

m-to iTx-GKg&o

A um eamponez

Emancipa-te a ti mesmo; conquista com os teus esforços, com a tua energia c corn a tua inteligência tudo o que contem as tuas aspirações e serás coroádo com o bom êxito.

Quando entre tt aparecer qualquer politico a falar-te ao coração com promessas, nas quaes se encerre todos os teus desejos, es- carraça-o, elinnna-o do teu seio porque ele intruja-te, ele simplesmente efuer governar- te, quer lançar sobre ti as enormes contri- buições que sustentam essa numerosa cáfila de Militares, de Padres, de Magistrados, de Patrões, de iònpregados 'Públicos e de Deputados.

Conta contigo, unicamente contigo c com os teus camaradas para conquistar a Terra, para a cultivar livremente e para distribuir as colheitas por os trabalhadores da cidade que cm troca te darão calçado, fato, casa, mobiliário, emfim tudo o que necessites, sem que o expendio das tuas forças seja exorbitante.

Queres saber como o poderás fazer ? Associa-te com os outros trabalhadores;

combina com eles nunca mais pagarem im- postos; nunca mais entregarem as colheitas aos vossos atnos e não se sujeitarem ás ordens tirânicas da autoridade.

Converte, depois cm factos as combina- ções c verás como a felic.dade entra no teu lar.

Reconhece-te um homem com direito a viver na paz tranquila d'um trabalho livre c recompensado.

Reconhece te com o natural direito dc sa- tisfazeres todas as necessidades da vida.

E acima de tudo educa-te para conheceres o dever sacratíssimo de nunca seres nocivo aos teus semelhantes.

Se dormes desperta e ouve. E o clarim da Revolta repercutindo de

vai em vai as vibrações sugestivas da Soli- dariedade Operaria.

Desperta ! Ergue a fronte e com arreigadas convic-

ções ou por instinto natural, d'uma necessi- dade insatisfeita, conquista o teu bcm-cstar que consiste n'esta sublime trindade :

Pão, Terra e Liberdade !

Um anarquista.

Aos Grupos

A tudoM osGrupos o onmnradttN o quem cnvinmoN pnrotcM d'AEE- VOLTA parti procederem ri «na venda, pedimos cimo o não «piel- ram faaeei- de iion devolverem oh respetiros paeotea ante** da saí- da do proximo numero.

Extraímos d'um diário burguez espa- nhol :

«Um francez residente em Biarritz, recebeu uma carta de um irmão seu que se encontra nas fileiras militares no Nor- te da França, em que diz que milhares de cadáveres se encontram espalhados pelo campo da batalha e como os solda- dos não dispõem dc tempo para os en- terrar, dá lognr a que eles deitem um cheiro horrível, chegando ás vezes n fa- zer esmorecer os combatentes. Algu- mas vezes—diz —, temos que dormir sobre os corpos putrefactos. Estes en contrnm-se debaixo dos colxóes, entre montões de palha e dentro das casas que foram abandonadas depois do saque a que se entregaram os alemães.

Nuns pequenos bosques que teem uns 120 metros quadrados, as tropas france- zas, no dia em que escreve a carta a seu irmão, realizaram 35o enterramentos de cadáveres já em estado de decomposi- ção. n

E é para estas e tantas outras barba-

ridades que os assassinos agaloados arran- cam os filhos ao lár materno, e nós, os

anarquistas que lutamos para que o povo educando-se extirpe esse cancro social,

o Militarismo, gerador de todas as cruéis

carnificinas guerreiras, é que sòmos per-

versos e criminosos. Mães, os anarquistas querem a paz,

o militarismo quer a guerra, pois essa é a sua razão de ser. Guerra contra os de

fóra e contra os de dentro, os trabalha- dores.

Os anarquistas procuram com a sua

propaganda levarem os homens a ama-

rem-se como irmãos, o militarismo tem por missão levar os homens a odiaretn-se

canibalescamente. O anarquismo quer a vida, mas a vida livre, o militarismo quer

a morte e a escravidão.

Mães, para vós apelamos.

Ensinae do berço vossos filhos a amal-

diçoar o militarismo e a guerra, como é

vosso dever, para que eles mais tarde,

quando homens e os queiram arrastar â

caserna, á guerra gritem junto comnosco:

Abaixo a Guerra!

Viva a Anarquia! Revoltado.

Não ha nada mais infame

Conzohekt.

— Amigos da guerra !... Pois ha d'isto ? Ha : ha dc tudo neste inundo sub-lunar.

E emquanto a instrução não alumiar o ecrebro da grande maioria, o que ha dc haver mais frequentemente são, ilusões c.erros.

Os tres maiores ílagellos, que teem asso- lado o mundo são a Fome, a Péstc e a Guerra.

Qual e maior? Qual c pior? O pior pa- recemos sempre aquele, cujos horrores che- gam ao nosso conhecimento cm ultimo logar. Mas se f emitirmos, depois dc lançarmos uma vista de olhos pela historia, acabaremos por convenccr-nos, que se a fómc é medonha, c a peste lhe não d inferior, a guerra parece o pói; pois no cortejo fúnebre das suas vi- timas vcem sempre desgraçados, que os ou- tros (ltgelos não mataram. A Guerra, cm regra, faz sc acompanhar da fómec da pdste.

E depois quem são os mais feridos, os mais despedaçados, os que ela mata em maior numero? são os inocentes; isto c', são os pobres soldados que não fizeram mal a ninguém !

E tem amigos a guerra, o facto brttto da guerra, a guerra simplesmente como des- truidora da Humanidade, a guerra para lim- par a arvore humana que tem folhas de- mais ! Que a defenda este ou aquele mili- tar, por errada compreensão da sua missão, explica-se, mas que o façam de boa fé escri- tores de outras classes, parece incompreen- sível.

Os tormentos de uma pessoa só, injusta- mente condenada, podem alarmar uma ci- dade, acender a Revolução n'urn paiz c até cscitar o mundo inteiro: a morte violenta de tantos desgraçados, quantos caem sobas balas dos exércitos, ou sob a pata dos seus cavalos em correrias guerreiras, não só não incomoda, mas chega a constituir motivo para glorificar os que diiigiram tão horrível atrocidade !

A perseguição de DrcyíFus, considerado quasi por toda a gente um inocente, fez vi- brar de indignação quasi todos os corações. Quem não olhasse com desprezo os tribu- naes militares francezes, era incapaz ide sen- tir o culto intimo da Justiça.

As vitimas da guerra contam-sc por mi- lhões, por milhões as famílias atormentadas, por milhares de milhões os llagicios que á Humanidade tem trazido tão medonho fla- gelo !

E ha-de bemdiíer-se a guerra, e ha quem a defenda sinceramente !. . .

Porque provocou a questão DrcyíTus ta- manha indignação? Porque a mentira, a per- versidade, a podridão c o crime deram-se as mãos, c envergando as vestes augustas da justiça, e invocando refalsadamentc os sa- grados interesses da patria," pronunciaram contra o inocente uma sentença infamante.

Pois quando um governo, invocando fal- samente o nome da patria, obriga milhões de inocentes a por-se á frente das balas, que milhões de outros, que eles vão espingar- Jear, lhe hão dc disparar, resultando d'esta ordem Homicida, centenas de milhares de mortos, não constituirá isto uma das maio- res iniquidades que se podem cometer?

Não c' um homem o soldado ? Não tem tanto direito á vida como os outros ? Não c tãó sagrada a vida d'ele, como a de qual- quer?

O' monstro da guerra, que te alimentas com a carne dos corpos dos nossos paes, dos nossos filhos, dos nossos irmãos; que não só vives de matar, mas matas por gosto, pois que a morte é atui vida, os tor- mentos a tua alegria, o sangue derramado o liiuido que te dessedenta; haverá horror mais profundo, que o que tu inspiras, ó monstro da guerra!?

Cezar do Inso.

A ^RcriKtiH, m Ttolsn e i* Cnser* »in, sfinti-ez ant «-os aaNocítidiiN j>»i- i-i* vomitai- «*ol>i-e nta iiHçd#s tt« trevas, u miséria e a

Blanquii

O milif hi-ímiiiim- o mais perigoso inimigo ria IluiiiHuiriurio.

A sua i'» a iieguotio completa da liberdade.

Os anarquistas individualistas reprovam e combatem o sindicalismo: «óts não tVi- zeinos còro com eles.

Os sindicalistas corporatistas querem ro- dear o sindicalismo por uma alta muralha da China, asfixiando o corpo social num espirito estreito fomentador dc rivalidades entte as varias profissões.

RegeitanJo os complementos duma agita- ção integral 'eles amesqumham egoistica- mente o Sindicalismo: nó* nào os se- guiinos tampouco.

Os individualistas, desprezando o povo c elevando o individuo, cquivalem-sc, pois dei- xam de reconhecer a verdadeira força revo- lucionaria das massas insurgidas.

Os corporatistas proclamam que o Sindi- calismo se basta a si proprio. Nada sc basta a si proprio: tudo c solidário nos esforços dos oprimidos para sc libertar da domina- ção politica e da exploração capitalista.

Os anarquistas individualistas são anti-re- volucionarios, pois que, inconscientemente, sc tornam conservadores das instituições monstruosas de que o homem c' a vitima. Eles declaram que, para que as instituições caduquem, é necessário, primeiramente, que os homens se transformem. Nós lhe objéta- mos que para que os homens se modifiquem, á preciso, — paralela e simultaneamente — que eles agitem pela revolta contra as insti- tituições para que elas baqueem. Nós afir- mamos, com a historia, que a ação revolu- cionaria das multidões desempenham uma influencia dc educação moral superior á que poderia fazer um século duma dolente tran- quilidade.

Os nossos austeros corporatistas são, em- bora afirmem o contrario, reformistas lega- listas, querendo avançar passo a passo, cahin- caha, rolando sobre o passeio que corre ao longo da estrada do parlamentarismo sindica- lista. Porque, com efeito, ele ha um parla- mentarismo sindicalista, como ha jm parla- mentarismo politico. Basta observar com atenção corno se constituc uma maioria n'um congresso.

Os ultimamente rcalisados são duma elo- quente revelação.

Resulta pois do que procede: 1.°— Que os anarquistas individualistas,

não admitindo a Revolução Social feita pelo povo nada teem de comum comnosco.

2.°—Que os sindicalistas corporatistas rcs- tringindo-se cada vezmais na estreiteza duma concepção dum ideal gasto, fazem subsistir as mesquinhezas, as rivalidad*s entre as classes mais ou menos qualificadas.

Por outro lado: perdendo de vista o caratcr integralista que deve ter a Revolução Social e a necessidade dc conformar os meios de propaganda como fjrn em vista, eles, despre- zando o espirito dc revolta, factor poderoso de reivindicações, encaminhando sc infali- velmente á imobilisação das forças operarias, pelas enganosas ilusões de consideráveis efetivas ou de avultadas somas.

3." — Que de todas as tendências a dos Ânnrqui.stns-Couiu ni sta s- Itevolucionarios é a única que as- senta sobre o verdadeiro terreno da luta sindicalista, chamando a si todos os teres que sofrem moral c materialmente as insti- tuições criminosas que nos dominam e de- monstrando que a Insurreição Expropriadora d o principal factor de transformação social.

Pierre Martin.

Aos eamaFadas

O nosso jornal, como sabem, para se pu- blicar exije despezas constantes c regulares. E se o auxilio monetário não fòr por igual constante e regular, a suspensão torna-se inevitável, mais tarde ou mais cedo.

Para evitar que tal aconteça, rogamos utn pouco de bôa vontade da parte dos nossos agentes, enviando nos até á próxima segun- da feira o produto da venda. A todos os ca- maradas a quem enviamos também listas de subscrição voluntária, pedimos que nsMin que arranjem donativos nos enviem na vol- ta do correio.

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A REVOLTA

ã Greve Geral Movinteiifo JtrniifiÉ cm Coitnhrn

A BARBÁRIE

Quando os trabalhadores com uma edu- cação perfeita e completa poderem realisar a grdvc geral, a revolução social será um fac- to então; nada a poderá deter. A burguézia cederá campo ao proletariado. A finança ecli- psar- se-ha perante a pldbe, poderosa pela for- ça da educação que a ha-dc emancipar inte- gralmente.

Os governos, forças tenebrosas e tnortaes, serão dissolvidos pelo pensamento creador dos salariados. A' desordem capitalista, ao egoísmo proprietário, aos malefícios ou á inutilidade da policia, á brutalidade da guar- da republicana, cá crueldade inútil da magis- tratura, ás carnificinas dos exércitos terá su- cedido a verdadeira ordem social — A Anurquia.

Quando, pela educação dos que pensam, a gre've geral se realisar, ela demonstrará uma coisa: a não inferioridade da classe ope- raria durante tanto tempo explorada pelo ti- rano de cima e pelo senhor de baixo. Os escravos da oficina, os explorados do atelier, os forçados da manufatura,os ilotes do cam- po, d'esta maneira livres e solidários, terão despedaçado para sempre a golillt Lsccular, golilha presa ao seu pescoço pela ignorân- cia de uns e pela selvajaria dos outros; san- grenta algema forjada pela Egreja e pelos Estados.

Mas a gráve geral que preconizamos e queremos não estalará somente como arma de oposição contra a guerra — matadouro colonial ou açougue nacional.

A greve geral que propagamos e deseja- mos, é a greve geral expropriadora a qual terá como finalida le consequente: o salariato abolido, a miséria suprimida, a fusão dos po- vos com a originalidade ínherente a cada qual, respeitando os seus norinaes instintos, incluindo a reciprocidade dos produtos, a pureza das permutas, o equilíbrio e a perfei- ção do trabalho.

Preconizamos a greve geral expropriado ra c revolucionaria. Queremos ver termina- da a autoridade-governo c presenciar em vez das contradições e dos horrores do Ca- pital, os seres humanos, tornados unidades conscientes e não imprecisas, constituir um mundo habitual. Queremos ver acabadas es- sas monstruosas carnificinas, essas dilacera- ções odiosas, esses massacres horríveis, as guerras.

Queremos que o homem não seja mais a fera pronta a dilacerar o homem seu irmão.

Para isso, para efetivação das nossas as- pirações, vimos dar o nosso esforço para a creação da minoria que mais tarde dará á multidão o impulso supremo.

Nós queremos a greve geral não de sim- ples manifestação contra a brigandage de qualquer nação; mas uma greve geral que sendo um intenso c ardente protesto contra a folia liberticida dc que os dirijentes nos fa- zem vitimas, envolva todas as suas conse- quências moraes e s ciaes: Supressão das hierarquias, abolição do Estado e da Egreja, organisação do consumo e da produção, per- muta comunista, cantonal e internacional; edificação das cidades livres sobre as ruinas das monarquias, dos impérios, das republi- cas; isto d, a greve geral expropriadora c revolucionaria, cujo ritmo prolongando-sc ate' ás profundidades da vida coletiva, fará desabar com enorme fracasso todo o pre- sente edifício social.

Após a rcalisação da greve geral que vi- mos pregando, o globo não mais rolará en- sanguentado n'esta infinita noite de horro- res. A terra não terá já o aspeto duma vas- ta necrópolc ende os pobres são sepultados pelos privilegiados e os cadáveres apresen- tam os estigmas da miséria e os indícios das balas.

O mundo terá deixado de ser um vale dc lagrimas para os escravos da industria e do comercio, a terra o oásis dalguns beneficia- dos.

Divulgar A Revolta, e' prestar au- xilio á difusão do anarquismo, é semear para colher.

A'VANTE!

Vemos com bastante regosijo que os

nossos camaradas, a despeito da guerra

de extermínio feita pela burgttezta ás

doutrinas anarquistas, vão conhecendo,

emfim, a imperiosa necessidade duma

forte organisação, provando assim aos

nossos detratôres, aos dirigentes dos po-

vos escravizados que perante as suas vio-

lências os anarquistas congregam as suas

forças, unindo-se pelos mais estreitos la-

ços de solidariedade, aptos para a luta

no campo em que ela seja posta.

A propaganda ativa e vigorosa que os

nossos camaradas vão fazendo entre os

trabalhadores desta cidade, tem sido al-

tamente benefica para o desenvolvimen-

to do nosso querido ideal, creando no

seio do movimento operário ferverosos

adeptos para a causa santa porque luta-

mos.

Assim a Aliança-Anarquista dia

a dia vai engrossando a sua coluna com

novos camaradas, que animados duma

grande vontade veem dar o seu concur-

so á nossa propaganda. A onda vai crescendo, crescendo ca-

da vez mais, para em breve, impetuoza

arrazar esta podre e gangrenosa socie-

dade em que o humanitarismo é uma pa-

lavra vã e a justiça uma mentira desca-

rada.

Da perfeita organisação de todos os

anarquistas advirão incontestavelmente

grandes benefícios para a sementeira da

grande ideia — A Anarquia.

Que os anarquistas de Coimbra ain-

da hoje refrátarios á organisação, cum-

pram pois com o seu dever, ingressan-

do na Aliança-Anarquista.

Tudo pela Emancipação dos traba-

lhadores !

Tudo pela Anarquia 1

Os trabalhadores não teem j>»tria.

Karl Marx*

rJ-lrl -í-

Oh' vós que a proclamar andais, patriotismo, fazendo exibição do estúpido empirismo — se que ris viver em páz, prepara-te p rá guerra, vêde a rubra eclosão que páira sobre a Terra, O azul do céu, flamante, expõe nitidamente a tragedia sangrenta, em um laivo candente. Olhai! O Nordéste é flftmivoma fornalha accza em oblação á luzida canalha de sceptro, manto e cTôa, iinperiaes fastígios, e á burla colossal dos de gorros ft igios. De Kiel a Sidney, desde Kara a O dessa o troar do canhão alarma a turba opressa e o sprahnel e o torpedo, a bomba e a granada reduzem legiões a massa informe, ao Nada! E' Atila que passa — o látego flagelo, Sucedeu ao Direito a curva d um cutelo — meia lua sinistra — , a infame guilhotina com que a sociedade os parias assassina. O gume duma espada e a bala do canhão teem mui mais valor que a burla da Razão!

Perpassam os dragões levando em riste a lança... A Bélgica é arrazada e invadida a França... O sangue vai correr nas regiões da Prussia talada p'lo caudal das legiões da Russia... Cidades sob o fogo... Ruinas e destroços, e lagrimas e sangne.. E' a obra dos colossos! Gritos dc maldição e pragas formidáveis bradam por toda a parte os povos miseráveis, do Elba ao mar de Azof e d este até Aran. Voltou a barbaric de Nero e Gengis-Khan. A Ramses do Egipto e a Filipe de Espanha sucede o Tzar da Russia e o Kaizcr. da Alemanha.

Oh' vós que a proclamar andais, patriotismo fazendo exibição do estúpido empirismo — se quefs viver em paz, prepara-te p'rá guerra, Vede que grande crime essa doutrina encerra.

A. Santos Pinho.

Fado Livre Racional

flviso importante

AOS QUE RECEBEM PACOTES

Deves sêr um camarada, um

companheiro, já traquejado na

nossa luta. Por isso falamos-te

com franqueza.

A vida de um jornal anarquis-

ta depende da bôa ordem da sua

adm in is t ração.

E esse serviço como todos os

mais è feito nos nossos jornaes,

por trabalhadores, depois do dia

passado na oficina. Tem pois

que ser breve e simples. Para

isso todos devem contribuir.

' E tu também. Recebes hoje um

pacote do jornal. Verefica o nu-

mero de exemplares que tens a

possibilidade de vender e escre-

ve-nos antes do aparecimento

do prôcimo numero. E oito dias

depois de receberes os jornaes,

sem esperar que te escrevamos,

envia-nos o seu produto.

Contribuirás assim para a vi-

da do jornal. Serás um seu ami-

go e sincero cooperador.

Aimrcliiwta»: auaciliae A REVOLTA

O titulo é bastante sugestivo e exprime bem o nosso espirito literário que lhe imprime a qualidade de fado moderno, moralisador e educativo.

Este trabalho em forma de livro, de 16 paginas, além do respetivo repositó- rio em forma de quadras de quatro de- cimas cada uma e a respetiva musica composta para o mesmo, contém artigos explicativos sobre a arte poética e mu- sical, sobre a ortografia simplificada- transitoria, e sobre os hinos: — Interna- cional c o Hino Libertário.

Insere estrofes para A Internacional dedicadas á infancia, e outras estrofes para o Hino Libertário dedicadas ás mães e a todas as boas educadoras. Todos os indivíduos que teem prediléçào pela mu- sica tocada e cantada com versos, devem adquirir um exemplar, pelo menos, do Fado Livre (Racional. Os camaradas que se dedicam á propaganda do Ideal Eman- cipador por meio de venda de obras im- pressas devem-se empenhar pela venda deste folheto cuja percentagem pode re- verter em proveito de quem vende ou para auxilio dos grupos de propaganda e de instrução.

O seu preço é de 50 réis cada exem- plar.

Para os camaradas leitores do nosso jornal, que façam aquisição de pacotes de 20 exemplares teem 40 % de des- conto. Os pedidos pedem ser feitos a esta redaçào ou a |. Sousa Reis, Rua do Paraizo, 39 — Lisboa.

Novos jornaes

No dia i»3 de Outubro inicia a sua publi- cação em Aveiro um novo jornal que se de- dicará á difusão do sindicalismo e anarquismo)]

O primeiro numero é dedicado á memo- ria do camarada Ferrer.

—Os camaradas que compõem o grupo da extinta revista A Sementeira, que tão brilhantes serviços prestou á causa anar- quista em Portugal, acabam de novo de reorganisar este grupo, para novamente ini- ciar a publicação dc tão util revista.

A correspondência deve ser dirigida para o Cais do Sodré, 88 — Lisboa.

Alia nça« A na uquista

CONVITE

Convidam-se todos os camaradas perten- centes a esta organisação a reunir, hoje do- mingo, pelas 1 1 horas da manhã, na nossa redação, alim de tratar de assuntos de alta importância para a propaganda.

A' reunião podem assistir os camaradas não agrupados.

A snir brevemente

COMO NÃO SER ANARQUISTA?

Publicação da Aliança-Anarquista

Belo folheto de propaganda libertaria para os trabalhadores do campo e da cidade, cuja aquisição nós recomenda- mos a todos os grupos e camaradas que se dedicam á propaganda do ideal anar- quista.

Pacotes de 300 exemplares 500 réis. Não se satisfazem pedidos desde que

não venham acompanhados da impor- tância.

REVOLT*

CONDIÇÕES DE ASSINATURA

AVULSO 10 réis

Serie de 8 números incluindo o porte do correio 120 réis