workshop sobre a aplicação da convenção sobre o comércio ... comércio internacional das...

42
Workshop sobre a Aplicação da Convenção Sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Ameaçadas de Extinção (CITES) na Comunidade de Países de Língua Portuguesa Projecto (AP18/LB/10) para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) Submetido pelo Governo de Portugal RELATÓRIO FINAL

Upload: dangdung

Post on 22-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Workshop sobre a Aplicação da Convenção Sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Ameaçadas de

Extinção (CITES) na Comunidade de Países de Língua Portuguesa

Projecto (AP18/LB/10) para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) Submetido pelo Governo de Portugal RELATÓRIO FINAL

2

Agradecimentos

Quatro anos passados sobre a elaboração do primeiro projecto de Workshop

sobre a aplicação da CITES nos países da CPLP, queremos aqui deixar um

agradecimento às entidades que tornaram possível a sua realização: À

Comunidade de Países de Língua Portuguesa, ao Instituto Português de Apoio

ao Desenvolvimento e ao Gabinete de Relações Internacionais do MAOT

Ficha Técnica:

Unidade de Aplicações de Convenções Internacionais/Departamento de

Conservação e gestão da Biodiversidade

Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade

Lisboa, 18 de Novembro de 2010

3

Índice

1. Preâmbulo 5

2. Introdução 8

2.1 – Organização do workshop 10

3. Objectivos 11

4. Programa 13

5. Implementação – Rubricas do workshop 15

5.1. Apresentações 17

5.1.1. Introdução à CITES 17

5.1.2. Definições 17

5.1.3. Papel das Autoridades CITES 17

5.1.4. Papel da Autoridade Cientifica 17

5.1.5. Licenças e Certificados 18

5.1.6. Procedimentos especiais 18

5.1.7. Utilização dos Anexos 18

5.1.8. A Ciência e a CITES 19

5.1.9. NDF – Pareceres de extracção não prejudicial 19

5.1.10. Papel das Quotas na CITES 20

5.1.11. Comércio com Estados que não são Parte da Convenção 20

5.1.12. Sistemas de gestão do Licenciamento 20

5.1.13. Reservas 20

5.1.14. Plantas 21

5.1.15. Diferenças entre plantas colhidas no meio natural e as reproduzidas

artificialmente 21

5.1.16. Licenciamento electrónico 21

4

5.1.17. Introdução ao MIKE 22

5.1.18. Relatórios Nacionais 23

6. Implementação da CITES em três países da CPLP 24

6.1. Implementação da CITES em Moçambique 24

6.2. Implementação da CITES no Brasil 24

6.3. Implementação da CITES em Portugal 25

7. Outras entidades com competências na aplicação da CITES em

Portugal 26

7.1. DGAIEC 26

7.2. ASAE 27

7.3. DGV 27

7.4. SEPNA/GNR 28

8. Presenças no workshop 32

9. Principais dificuldades Apresentadas 32

10. Relatório de Contas 34

11. Conclusão 40

12. Anexos 42

5

Preâmbulo Em 2006, as autoridades administrativa (AA) e científica (AC) CITES – Convenção

sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Ameaçadas de

Extinção - de Portugal, consideraram fundamental a organização de um evento sobre

a aplicação dessa convenção nos países de língua Portuguesa.

Portugal, devido à sua história, relações privilegiadas e experiência das suas

autoridades CITES nacionais na aplicação da Convenção, encontrava-se numa

posição privilegiada para organizar um evento sobre essa temática. Foi elaborada

uma primeira versão do projecto de workshop sobre a aplicação da CITES na CPLP e

iniciados os trâmites para arranjar o financiamento necessário à sua concretização.

Um workshop sobre a CITES para países de expressão portuguesa está devidamente

enquadrado na Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade

(ENCNB), elaborada pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade,

autoridade nacional CITES, e publicada em Diário da República através da Resolução

do Conselho de Ministros nº 152/2001, de 11 de Outubro, que o Instituto da

Conservação da Natureza e da Biodiversidade, autoridade nacional CITES, elaborou.

A Opção nº 10. desta estratégia — Intensificar a cooperação internacional - desta

estratégia refere que:

“Os desafios em matéria de conservação da Natureza e da biodiversidade têm hoje,

como é reconhecido, uma dimensão internacional e até planetária.

Nesta área, não pode esquecer-se a particular importância da Convenção sobre o

Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de

Extinção (CITES), um dos mais eficazes instrumentos para a conservação da

biodiversidade e onde Portugal tem já uma longa tradição de participação activa. A

presente Estratégia assume, aliás, a determinação de reforçar os mecanismos de

controlo do cumprimento desta Convenção no território nacional…

Por outro lado, de harmonia com as orientações da política externa do País, deve

aprofundar-se, de modo particular, a cooperação com os países de língua oficial

portuguesa em matéria de conservação da Natureza e da biodiversidade, quer no

âmbito bilateral quer no âmbito da CPLP.

Neste capítulo, a prioridade vai para a promoção de acções de formação profissional

capazes de promover a construção de capacidades locais...

6

Do mesmo modo, deve valorizar-se a importância estratégica do relacionamento de

Portugal com os países de língua oficial portuguesa no quadro dos processos de

cooperação à escala da comunidade internacional em matéria de ambiente e,

especialmente, no domínio da conservação da Natureza e da biodiversidade.

…Contudo, essa cooperação com os países em desenvolvimento para favorecer a

salvaguarda e a utilização sustentável dos seus próprios recursos biológicos prende-

se, também, com o relacionamento económico e comercial com esses países, sendo

por isso necessário, para além do controlo das trocas comerciais nos termos da lei e

das convenções internacionais aplicáveis…

Assim, cumpre formular as seguintes directivas de acção:

a) Intensificar o acompanhamento por Portugal dos processos de cooperação

internacional relevantes para a conservação da Natureza e da biodiversidade e

promover a aplicação das decisões, recomendações e resoluções adoptadas pelos

órgãos instituídos no âmbito das convenções internacionais;

b) Reforçar o sistema de aplicação e fiscalização do cumprimento da Convenção

CITES e das demais convenções relevantes;

c) Intensificar e valorizar a cooperação com os países de língua oficial portuguesa, nos

planos bilateral e da CPLP; …”

Assim, a realização de um workshop sobre a aplicação da CITES na CPLP, cumpria

um dos requisitos da ENCNB, quer relativamente à aplicação da CITES, quer

relativamente à cooperação, com a promoção da capacitação dos países da CPLP,

para aplicar a Convenção.

Para além do cumprimento da Opção estratégica nº10 e das directivas de acção da

ENCNB, as autoridades CITES consideravam que um workshop deste tipo seria

importante para melhorar não só a aplicação da CITES nos países de língua

Portuguesa que, embora fossem Parte da Convenção, não a aplicavam ou o faziam

com dificuldades, mas também para melhorar as relações entre as diversas

autoridades CITES da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Outro dos objectivos prendia-se com o incentivo à ratificação da CITES por parte de

Angola e Timor-leste.

Só quatro anos depois, em 2010, foi possível, junto com o Gabinete de Relações

Internacionais do Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território (GRI), e do

7

Secretariado da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, encontrar o

financiamento necessário e organizar este workshop o qual foi aprovado na XXª

reunião da CPLP.

Por razões de operacionalidade, o projecto foi proposto pelo Gabinete de Relações

Internacionais do Ministério do Ambiente e executado pelo Instituto de Conservação

da Natureza e da Biodiversidade.

8

1. Introdução

A Convenção sobre o Comércio Internacional da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas

de Extinção, foi delineada de acordo com a Resolução adoptada numa reunião da

União Internacional de Conservação da Natureza (UICN) em 1963. O texto final da

Convenção foi acordado a 3 de Março de 1973, numa reunião em Washington, nos

Estados Unidos, e assinado por 80 países, tendo entrado em vigor a 1 de Julho de

1975.

Conforme é referido no texto da Convenção “Conscientes (os Estados contratantes) do

valor sempre crescente, do ponto de vista estético, cientifico, cultural, recreativo e

económico, da fauna e flora selvagens” e “Reconhecendo ainda que a cooperação

internacional é essencial à protecção de certas espécies da fauna e flora selvagens

contra uma exploração excessiva devida ao comércio internacional”, constata-se que a

implementação desta Convenção é fundamental para que seja possível uma

exploração sustentável dos recursos naturais, e consequentemente o seu

aproveitamento económico.

O principal objectivo da CITES é assegurar que o comércio internacional de

espécimes de espécies da fauna e da flora selvagem não ameace a sua sobrevivência

na natureza.

É de salientar que, desde que a entrada em vigor da Convenção, não se verificou a

extinção de nenhuma das espécies inscritas nos seus anexos, devido a razões

comerciais.

O panorama actual dos países-membros da CPLP relativamente à CITES é o

seguinte:

- Brasil, Moçambique e Portugal - são Partes contratantes há vários anos (adesão em

1975, 1981 e 1980, respectivamente) e a exercer regularmente as suas competências

na matéria;

- Guiné-Bissau - adesão em 16.05.1990, teve todas as trocas comerciais

internacionais de espécies abrangidas pelos anexos da CITES suspensas entre 2004

e 2008, por indicação do Secretariado da Convenção, na sequência da Notificação

n.º2004/024, de 30.04.2004, devido à não apresentação, dentro dos prazos

solicitados, de legislação nacional CITES adequada e actualizada e falta de entrega de

relatórios anuais e bianuais exigidos pela convenção;

- São Tomé e Príncipe - adesão em 09.08.2001, não estando ainda a implementar a

Convenção, nomeadamente, não emitindo documentos CITES;

9

- Cabo Verde - dos países da CPLP é a mais recente Parte contratante da CITES,

tendo aderido em 10.08.2005;

- Angola e Timor - não são partes contratantes da Convenção.

Como já foi referido, Portugal mantém relações comerciais com todos estes países e

algum deste comércio é de espécimes de espécies inscritas nos anexos da

Convenção.

Com o Brasil, este comércio é sobretudo de aves, nomeadamente papagaios e araras.

Um dos problemas que existe é o comércio ilegal de espécimes destas espécies, que

inicialmente era feito através de aves vivas e nos últimos anos através de ovos prestes

a eclodir, que chegam a Portugal (país principalmente intermediário nesse tráfico) ,

sendo transportados à cintura de “correios”, o que torna a sua detecção

particularmente difícil.

O comércio CITES com Moçambique é na sua grande maioria constituído por troféus

de caça de elefante, leopardo e leão.

De S. Tomé e Príncipe, vieram durante vários anos muitos papagaios cinzentos e

peças de artesanato em tartaruga.

Em Cabo Verde o grande problema está nos espécimes de corais encontrados nas

praias por turistas, que os trazem para Portugal sem qualquer documento CITES e por

espécimes de carapaça e escamas de tartarugas marinhas.

Com Angola e Timor-leste o comércio está proibido, pelo que a entrada em Portugal

de espécimes de espécies listadas nos anexos da Convenção é totalmente proibida,

de acordo com o Artigo X da Convenção, Comércio com Estados que não são Parte

da Convenção:

“Nos casos de importação de, ou exportações e re-exportações para Estados que não

são Partes da presente Convenção, os Estados Parte poderão aceitar, em lugar das

licenças e certificados, documentos comparáveis que estejam de acordo,

substancialmente, com os requisitos da CITES para tais licenças e certificados,

sempre que tenham sido emitidos pelas autoridades governamentais competentes do

Estado não-Parte da presente Convenção. “

Também de acordo com a Resolução 9.5 (Rev. CoP15) a exportação de um Estado

que não é Parte só é possível se:

10

“O Estado não-Parte tiver comunicado ao Secretariado quais as suas autoridades

autorizadas a emitir documentos semelhantes aos da CITES e emitido parecer no

sentido de que tal exportação não prejudicará a sobrevivência da espécie”

Uma vez que nenhuma destas condições é assegurada por Angola e Timor Leste, o

comércio CITES não é possivel, mesmo com emissão de documentação de origem por

parte desses países.

No entanto, as relações de Portugal com esses países são muito diferentes, se o

comércio com Timor Leste é irelevante, já as relações com Angola são de grande

envergadura e a maioria de apreensões que as alfândegas portuguesas efectuam

desse tipo de espécimes têm origem em Angola. Assim, quase não existem problemas

com “importações” de espécimes de espécies CITES provenientes de Timor Leste

mas a maioria de apreensões que as alfândegas portuguesas efectuam desse tipo de

espécimes têm origem em Angola.

2.1 – Organização do workshop

O workshop baseou-se sobretudo nas 16 apresentações CITES elaboradas pelo

Secretariado, e posteriormente actualizadas e traduzidas para português pelas

autoridades nacionais CITES, tendo estas autoridades criado mais 2 apresentações

para uma melhor percepção da Convenção.

O representante do Secretariado CITES fez ainda duas apresentações adicionais, uma

sobre o Licenciamento Electrónico CITES e outra sobre o MIKE - Monitoring the Illegal

Killing of Elephants.

O workshop contou também com apresentações sobre a aplicação da Convenção em

Moçambique, Brasil e Portugal, esta última com incidência não só na legislação

nacional, mas também na legislação comunitária.

Uma vez que uma correcta implementação da Convenção depende do envolvimento

de diversas entidades, nomeadamente Alfândegas, Policias, Veterinários e outras

entidades de fiscalização, foi solicitado a algumas das entidades que constituem o

Grupo de Aplicação da Convenção em Portugal que fizessem uma breve

apresentação sobre a sua experiência.

11

2. Objectivos

A proposta de realização de um Workshop, com todos os países da CPLP, teve como

objectivo melhorar a implementação da CITES nos Países da Comunidade e apoiar a

adesão de Angola e Timor à Convenção, contribuindo para uma exploração

sustentável dos recursos biológicos e consequentemente na redução da perda de

biodiversidade no mundo.

Foi também nosso propósito, fomentar a cooperação entre as Autoridades

Administrativas e Cientificas dos Países da CPLP

Para que a formação fosse o mais abrangente possível, isto é, reflectisse a aplicação

da CITES nas suas diversas valências, propôs-se que para além das autoridades

administrativa e científica CITES de Portugal, fossem envolvidas no workshop outras

entidades nacionais com responsabilidades na aplicação da Convenção,

nomeadamente, o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da Guarda

Nacional Republicana (SEPNA/GNR) a Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos

Especiais sobre o Consumo (DGAIEC), a Autoridade para a Segurança Alimentar e

Económica (ASAE) e a Direcção-Geral de Veterinária (DGV), entidades que integram

o Grupo de Aplicação da Convenção (GAC) criado na sequência da publicação do

Decreto-Lei nº 211/2009, de 3 de Setembro, diploma legal que regulamenta a

aplicação da CITES em Portugal.

A realização deste workshop enquadra-se nas alíneas g) “Promoção do

Desenvolvimento” e h) “Promoção da cooperação mutuamente vantajosa”,do n.º 1, do

artigo 5º dos Estatutos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e com as

alíneas c) “… cooperação técnica…” e d) “desenvolvimento sustentável dos Estados

Membros, o aproveitamento económico dos recursos naturais, a distribuição equitativa

da riqueza gerada e bem-estar da população e protecção e preservação do meio

ambiente e o treinamento dos recursos humanos”, do Artigo 3º, do Regimento do

Fundo da CPLP.

Pretendeu-se assim:

1. Melhorar a implementação e aplicação da CITES na CPLP;

2. Concertar métodos de actuação e implementação da CITES nos Países da

CPLP

3. Promover a aplicação da CITES na CPLP

12

4. Promover e incentivar a apresentação de legislação nacional CITES adequada

e actualizada

5. Apoiar e promover a adesão de Angola e Timor à CITES, assim como apoiar a

sua implementação

13

3. Programa

PROGRAMA WORKSHOP CITES PARA A CPLP

13 a 17 Setembro de 2010, Lisboa, Portugal

Dia 13 09.30 – 10.00 Sessão de Abertura – Presidente do ICNB, representantes do Secretariado da CITES e do IPAD 10.00 – 11.30 A CITES (Marcos Silva)

O que é a CITES, Como funciona, Benefícios e Parcerias

13.00 - 14.30 Almoço 14.30 – 15.30 Definições e Utilização dos Anexos (Marcos Silva) Comércio com Estados Não Parte (Marcos Silva)

15.30 – 17.30 Funções das Autoridades CITES Autoridade Administrativa (João Loureiro)

Autoridade Cientifica (Paulo Carmo)

Dia 14 09.00- 10.30 Licenças e Certificados (Marcos Silva) Licenciamento electrónico (Marcos Silva) 10.30 – 11.00 Pausa para café 11.00 – 12.30 Procedimentos Especiais (João Loureiro) 12:30- 10:30 Almoço 14.00 – 15.30 A Ciência e a CITES (Paulo Carmo) NDF (Paulo Carmo) 15.30-17.30 - Utilização dos Anexos e Exercícios, Base de dados CITES (Frederico Lobo)

14

Dia 15 9:00 - 10:30 Preenchimento de Licenças (Frederico Lobo) Reservas (João Loureiro) Quotas (Marcos Silva) Comércio com Países Não-Parte (Marcos Silva) 10.30 – 11.00 Pausa para Café 11.00 – 12.30 Plantas na CITES (Lurdes Carvalho) Plantas Silvestres e Reproduzidas Artificialmente (Lurdes Carvalho) 12.30 – 14.00 Almoço 14.00 – 15.00 Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo (Ana Isabel Pires) 15.00 – 16.00 Resoluções e Decisões (João Loureiro) 16.00 – 17.30 Relatórios Anuais Orientações para preparação e submissão (Frederico Lobo) Dia 16 9.00 – 10.30 Aplicação da CITES nos países da CPLP Moçambique (Sansão Bonito) Brasil (Henrique Anatole) Portugal (João Loureiro) 10.30 – 11.00 Pausa para café 11.00 – 12.30 Outras Entidades Direcção-Geral de Veterinária (Francisco Gomes) Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (Pedro Picciochi) 12.30 – 14.00 Almoço 14.00 – 15.30 Outras Entidades SEPNA (Tente Coronel Corte-Real Figueiredo) 15.30 – 16.00 Pausa para café 16.00 – 17.30 - Debate Dia 17 9.00 – 10.30 Grupo de Aplicação da Convenção (ICNB/UACI) 10.30 – 11.00 Introdução ao MIKE (Marcos Silva) 11.00 – 12.00 Debate 12.00 – 12.30 Encerramento

15

5. Implementação

O workshop sobre a aplicação da CITES na CPLP, realizou-se na sede do Instituto da

Conservação da Natureza e da Biodiversidade, com a presença de dois técnicos de

cada uma das autoridades administrativas de S. Tomé, Cabo Verde, Guiné-Bissau e

Moçambique, e um do Brasil, o qual por motivos alheios à organização do evento e ao

próprio, apenas pôde estar presente a partir de 15 de Setembro, de um membro do

Secretariado da CITES e dos técnicos das autoridades Administrativa e Cientifica

CITES de Portugal.

A representante da DGAIEC acompanhou os trabalhos desde o primeiro dia.

A sessão de abertura foi realizada pelo Presidente do Instituto da Conservação da

Natureza e da Biodiversidade, o qual depois de dar as boas vindas aos participantes,

salientou a importância da aplicação da CITES em Portugal, mas também da

importância da cooperação entre os países da CPLP no sucesso da aplicação da

Convenção.

Marcos Silva, do Secretariado da CITES, congratulou Portugal e o ICNB pela

organização do workshop e salientou a importância do mesmo para a implementação

e aplicação da Convenção a nível mundial.

Após a sessão de abertura deu-se início aos trabalhos. Estes seguiram a ordem das

apresentações CITES elaboradas pelo Secretariado e traduzidas pelas autoridades

CITES de Portugal, às quais foram acrescentadas duas apresentações elaboradas

pelas autoridades CITES de Portugal e outras duas, uma sobre o Licenciamento

Electrónico CITES e outra sobre o MIKE - Monitoring the Illegal Killing of Elephants, da

responsabilidade do Secretariado.

16

Para além das apresentações gerais de aplicação da Convenção, os três países da

CPLP que se encontram a aplicar a CITES de uma forma regular (Brasil, Moçambique

e Portugal) fizeram apresentações sobre a aplicação desta nos seus países.

Sendo a CITES uma Convenção cuja aplicação depende de diversas entidades,

algumas das que fazem parte do Grupo de Aplicação da Convenção de Portugal,

nomeadamente DGAIEC, ASAE, DGV e SEPNA/GNR, apresentaram também a sua

experiência neste âmbito.

17

5.1. Apresentações (Anexo I)

5.1.1. Introdução à CITES

A Introdução à Convenção foi realizada pelo representante do Secretariado e versou

sobre os seguintes temas:

• O que é a CITES?

• Como funciona a CITES

• Os benefícios da CITES

• Parcerias

5.1.2. Definições

Sendo uma Convenção que se debruça sobre comércio e questões de conservação da

Natureza e da Biodiversidade, é necessário ter em conta como alguns dos termos são

utilizados no âmbito da CITES, para a sua boa compreensão. Esta apresentação

pretende alertar para essas definições.

5.1.3. Papel das Autoridades Administrativas CITES

São aqui referidas as competências e tarefas das autoridades CITES designadas, não

só as autoridades administrativas, mas também o papel das Alfândegas e de

entidades fiscalizadoras, como as policiais.

5.1.4. Papel da Autoridade Cientifica

Tendo em consideração que as tomadas de decisão na CITES devem ter sempre uma

base científica, o papel desempenhado pela autoridade científica é extremamente

importante. Esta apresentação é, assim, um resumo do papel que esta autoridade

deve desempenhar na aplicação da Convenção.

18

5.1.5. Licenças e Certificados

A CITES regulamenta o comércio internacional de espécimes de espécies da fauna e

da flora listados nos seus apêndices, através de um sistema de Licenças e

Certificados, emitidos pelos países de origem e de destino, mediante o cumprimento

de determinadas condições. Esta apresentação pretende tornar claras as condições

que permitem a realização de uma transacção comercial de espécimes de espécies

CITES e que terão como resultado a emissão de uma licença ou certificado CITES.

5.1.6. Procedimentos especiais

Os parágrafos do Artigo VII da Convenção enumeram uma série de casos nos quais

as disposições da Convenção não são aplicáveis.

Assim, podem existir isenções aos procedimentos normais onde não é requerida

nenhuma documentação CITES, ou procedimentos especiais, onde:

- o comércio é regulado, mas os espécimes estão sujeitos às disposições de um

Anexo diferente daquele em que estão incluídos, ou

- são requeridos outros documentos aparte da documentação normal da CITES.

5.1.7. Utilização dos Anexos

A CITES possui três anexos, os quais listam espécies da fauna e da flora sobre as

quais existe comércio o qual pode ser prejudicial à sua sobrevivência na natureza. As

19

espécies constantes do anexo I são as mais afectadas, as constantes do anexo II são

as que podem vir a ser afectadas e as do anexo III são as espécies relativamente às

quais uma determinada Parte solicita ajuda às restantes para a sua protecção.

5.1.8. A Ciência e a CITES

Como já foi referido, a aplicação da CITES deve estar assente em bases científicas

sólidas, assim esta apresentação visa:

- Mostrar a importância da ciência na CITES

- Realçar a necessidade de elaboração de pareceres de extracção não-prejudicial

(NDF - non detrimental findings) como base para o comércio

- Analisar como pode a gestão pragmática apoiar a utilização sustentável

- Discutir como podem ser usados os dados da CITES para analisar as tendências do

comércio de espécies selvagens

5.1.9. NDF – Pareceres de extracção não governamental

Tendo-se falado em NDF ou Pareceres de Extracção não-prejudicial, considerou-se

que seria importante fazer uma pequena apresentação sobre o tema, visto que é uma

peça fundamental ao comércio de espécimes de espécies CITES.

20

5.1.10. Papel das Quotas na CITES

Esta apresentação explica o que são as Quotas, ou número máximo de espécimes de

uma determinada espécie que se pode exportar em cada ano no âmbito da CITES,

como são definidas ou quem as define, entre outras questões e critérios.

5.1.11. Comércio com Estados que não são Parte da Convenção

Este foi um dos assuntos que mais questões levantou durante o workshop. A

apresentação mostra como pode ser realizado o comércio de espécies CITES entre

países que são Parte da Convenção e países que não são Parte.

5.1.12. Sistemas de Gestão do Licenciamento

Os sistemas de gestão e emissão de licenças descrevem a sequência de passos

necessários à gestão e aprovação do comércio de espécimes de espécies incluídas

nos anexos da CITES, e como processar os pedidos e controlar os registos de

comércio

Esta apresentação resume aquilo que o Secretariado considera que são os passos

mínimos necessários, incorporando uma abordagem das “melhores práticas” com

base em bons exemplos

5.1.13. Reservas

Esta apresentação explica o que é uma Reserva e qual as implicações que uma

Reserva pode trazer à aplicação da Convenção.

21

5.1.14. Plantas

As plantas constituem o maior grupo de espécimes de espécies CITES.

Anexo I Anexo II Anexo III

PLANTAS 295 spp. + 3 ssp. 28674 spp. + 3 ssp. + 2 popns

8 spp. + 1 ssp. + 1 popn

A aplicação da CITES a este grupo é muito complexa, dependendo da origem dos

espécimes, se está em causa da planta na totalidade ou apenas de parte da planta, ou

ainda de que produto ou derivado se está a falar.

5.1.15. Diferenças entre plantas colhidas no meio natural e as reproduzidas

artificialmente

Essencial é também ter em atenção como se pode diferenciar se um espécime é

selvagem ou de propagação artificial. Com esta apresentação pretende-se chamar

para algumas das características que as plantas de propagação artificial apresentam

que não existem nas plantas selvagens e vice-versa, bem como as diferenças na

aplicação da CITES nos dois casos.

5.1.16. Licenciamento electrónico

Uma das mais recentes bandeiras da CITES é o desenvolvimento de um sistema de

licenciamento electrónico, que possa ser utilizado pela generalidade das Partes e que

permita a disponibilização dos dados de comércio de espécimes de espécies CITES

22

em tempo real, facilitação de troca de informações de comunicação entre as Partes,

facilidade na elaboração do relatório anual e sobretudo diminuição de custos e,

desburocratização, entre outras vantagens. O Brasil é uma das poucas Partes da

CITES que já possui um sistema de licenciamento electrónico CITES.

5.1.17. Introdução ao MIKE

O tema dos Elefantes e a CITES, é um dos mais problemáticos, se não mesmo o mais

problemático da CITES. Essas espécies são geradoras de grandes discussões sobre a

sua conservação versus comércio. Para além de ser o símbolo da Convenção, ele é o

maior animal terrestre existente, possuidor de um dos produtos animais mais

cobiçados pelo homem, o marfim, razão pela qual a sua sobrevivência esteve ou já

esteve em perigo (e aqui referimo-nos apenas à espécie africana Loxodonta africana),

mas ao mesmo tempo uma espécie que causa muitos prejuízos em África.

O MIKE, Monitoring the Illegal Killing of Elephants (Monitorização do abate ilegal de

Elefantes), programa gerido pelo Secretariado, pretende medir o níveis e as

tendências do abate ilegal de elefantes e determinar as alterações a estas tendências

ao longo do tempo e avaliar em que medida as tendências observadas estão

relacionadas com as alterações nos anexos da CITES ou com a retoma do comércio

de marfim;

Pretende-se ainda criar informação base para suportar a tomada de decisões sobre

gestão, protecção e execução necessárias.

Muito dirigida para os países da área de distribuição desta espécie, Moçambique e

Guiné (dada a ausência de Angola), toda a metodologia utilizada neste projecto pode

ser adaptada a outras espécies.

23

5.1.18. Relatórios Nacionais

De acordo com o artigo VIII da Convenção, as Partes Cada Parte elaborará relatórios

periódicos sobre a aplicação da Convenção e transmiti-los-á ao Secretariado:

a) Um relatório anual contendo um resumo das seguintes informações: número e a

natureza das licenças e certificados concedidos, os Estados com os quais se efectuou

o comércio, o número ou as quantidades e tipos de espécimes, os nomes das

espécies tal como inscritas nos anexos I, II e III e, se for julgado conveniente, o

tamanho e o sexo dos referidos espécimes.

b) Um relatório bianual sobre as medidas legislativas regulamentares e administrativas

tomadas para a aplicação da presente Convenção.

A elaboração destes relatórios é de extrema importância na compreensão e avaliação

da aplicação da Convenção, quer a nível de cada uma das Partes, quer a nível

mundial.

É também a única forma disponível de monitorizar o comércio de espécimes das

espécies incluídas nos anexos

24

6. Implementação da CITES em três países da CPLP (Anexo II)

6.1. Moçambique (Sansão Bonito)

Sansão Bonito, Autoridade Administrativa CITES de Moçambique fez uma

apresentação sobre a aplicação da CITES no seu país desde a sua assinatura. Esta

apresentação encontra-se no anexo … deste relatório

6.2. Brasil (Henrique Anatole)

Henrique Anatole, técnico do IBAMA, Autoridade CITES, fez uma apresentação sobre

a aplicação da CITES no Brasil, com especial ênfase no sistema de licenciamento

electrónico CITES. Esta apresentação encontra-se no anexo … deste relatório.

25

6.3. Portugal (João Loureiro)

João Loureiro, coordenador da Unidade de Aplicação de Convenções

Internacionais/DCGB fez uma apresentação da aplicação da CITES em Portugal, e na

União Europeia. Uma vez que Portugal, é um país essencialmente importador e os

restantes países da CPLP países exportadores, e tendo em consideração que a

legislação da UE é mais restritiva do que a CITES, considerou-se importante que os

países exportadores tivessem uma noção dos regulamentos comunitários que aplicam

a Convenção no espaço da UE. Esta apresentação encontra-se no anexo … deste

relatório

26

7. Outras entidades com competências na aplicação da CITES em Portugal

(Anexo III)

O Decreto-Lei nº 211/2009, de 3 de Setembro, criou o Grupo de Aplicação da

Convenção, o qual é constituído por diversas entidades:

a) Dois representantes do ICNB, I. P., um dos quais preside;

b) Um representante da Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais

sobre o Consumo;

c) Um representante da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica;

d) Um representante da Direcção-Geral de Veterinária;

e) Um representante da Procuradoria-Geral da República;

f) Um representante do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da Guarda

Nacional Republicana;

g) Um representante de cada autoridade administrativa regional.

Este grupo tem como função a coordenação da fiscalização do cumprimento e regular

aplicação da Convenção e dos Regulamentos (CE) nº 338/97 e nº 865/2006.

Assim, considerou-se que seria importante, para realçar a ideia de que a CITES para

ser bem aplicada depende da cooperação não só das diversas Partes, mas também

da cooperação entre as diversas entidades com competências de aplicação em cada

uma das Partes, considerou-se que seria importante convidar os seguintes membros

do GAC a apresentar a sua experiência nesta área encontrando-se as respectivas

apresentações nos anexos adiante referidos.

7.1. DGAIEC (Ana Isabel Pires)

27

7.2. ASAE (Pedro Picciochi)

7.3. DGV (Francisco Gomes)

7.4. SEPNA/GNR (Ten. Coronel Corte Real Figueiredo)

28

8. Presenças no workshop

Lamentavelmente, um dos principais objectivos do workshop não foi atingido. A

apenas uma semana do inicio dos trabalhos, Angola e Timor-leste, informaram a

organização do evento que não estariam presentes. Tanto quanto foi possível apurar e

de acordo com os emails trocados e que se anexam a este relatório, a não

participação dos representantes destes países prendeu-se com o pagamento do per

diem.

Segundo o representante de Angola, o per diem, deveria ser paga em Portugal e não

por transferência bancária, uma vez que em qualquer altura eles poderiam não

comparecer por falta de autorização da Ministra. Esta justificação pareceu estranha à

organização, uma vez que se depreendia que uma vez os representantes nomeados,

seria suposto haver uma prévia autorização superior para essa participação.

Timor alegou que o per diem era pouco para uma deslocação tão grande, e que o

governo daquele país não tinha disponibilidade financeira para pagar a deslocação

dos seus representantes.

Uma vez que os representantes dos dois países só avisaram a organização do

workshop que não participariam, com cerca de uma semana de antecedência, e após

emissão dos bilhetes de avião, a verba paga perdeu-se, pois as empresas de aviação

não devolveram qualquer verba.

Também a participação da autoridade administrativa CITES do Brasil foi algo

complicada. O projecto apresentado à CPLP, previa o financiamento da deslocação e

estadia de dois técnicos brasileiros, tendo-se concluído após a sua aprovação, que o

Brasil não poderia ser financiado, uma vez que à semelhança de Portugal estes dois

países não deverão ser financiados pela CPLP

Estiveram presentes neste Workshop, para além dos técnicos das autoridades

administrativas e cientifica CITES de Portugal, dois técnicos das autoridades

administrativas CITES de S. Tomé, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique, um

técnico do Brasil e ainda um membro do Secretariado CITES.

Participaram ainda como formadores representantes da ASAE, DGV, SEPNA e

DGAIEC, sendo que a representante desta ultima entidade esteve presente ao longo

de todo o workshop.

29

Participantes

Cesária Gomes Cabo Verde

Iderlindo Santos Cabo Verde

Malam Cassamá Guiné-Bissau

Vladimir Indjai Guiné-Bissau

Sulisa Quaresma S. Tomé e Príncipe

Carlos Baia S. Tomé e Príncipe

Sansão Bonito Moçambique

Emílio Zava Moçambique

Henrique Anatole Brasil

Marcos Regis Silva Secretariado CITES

Ana Isabel Pires DGAIEC

Francisco Gomes DGV

Pedro Picciochi ASAE

Ten. Cor. Corte Real Figueiredo SEPNA/GNR

João Loureiro ICNB/Autoridade Administrativa Nacional CITES

Lurdes Carvalho ICNB/Autoridade Administrativa Nacional CITES

Paulo Carmo ICNB/Autoridade Administrativa Nacional CITES

Ana Zúquete ICNB/Autoridade Administrativa Nacional CITES

Fernanda Gordo ICNB/Autoridade Administrativa Nacional CITES

Frederico Lobo Nyctea – Assessoria Técnica

Sansão Bonito e Emilio Zava (Moçambique)

30

Carlos Baía (S. Tomé e Principe) Cesária Gomes e Iderlindo Santos (Cabo Verde)

Sulisa Quaresma e Carlos Baía (S.Tomé e Principe)

Malama Cassamá e Vladimir Indjai (Guiné-Bissau)

31

Henrique Anatole (Brasil)

Fernanda Gordo (ICNB) e Marcos Silva (Secretariado CITES)

32

9. Principais dificuldades apresentadas

Como já foi referido anteriormente, dos países presentes, para além de Portugal,

apenas o Brasil e Moçambique aplicam regularmente a Convenção.

Um dos principais problemas é a elevada rotatividade dos técnicos que trabalham nas

autoridades CITES nos países africanos. Sendo a CITES uma convenção bastante

complexa, este facto tem como consequência que quando um técnico está formado é

colocado noutro cargo não tendo tempo de por em prática o que aprendeu.

De facto à excepção de Moçambique, todos os presentes se estavam a iniciar na

aplicação da CITES. No entanto, Sansão Bonito, autoridade CITES desde que

Moçambique ratificou a Convenção, aposentou-se no final do mês de Setembro pp. A

sua saída coincide com as reestruturações governamentais que estão a ter lugar em

Moçambique, nomeadamente com a passagem da autoridade CITES do Ministério da

Agricultura para o Ministério do Ambiente.

Outra das questões levantadas com frequência foi a problemática do comércio de

espécies CITES com países não Parte. Embora nunca tenha sido admitido, ficou-se

com a sensação que parte deste problema se deve ao comércio existente entre os

países presentes e Angola.

Outra das preocupações prendeu-se com a ausência de conhecimento científico sobre

os recursos naturais e as espécies CITES, necessário à aplicação da Convenção.

Neste ponto foram discutidas diversas formas de obtenção desse conhecimento tendo,

por força do assunto, sido aflorado o tema do ABS (partilha de recursos genéticos) da

Convenção sobre a Diversidade Biológica.

Também o envolvimento de outras entidades, nomeadamente as alfândegas e

polícias, com falta de conhecimento e sensibilidade para a aplicação da Convenção foi

debatido, sublinhando-se a necessidade dessa cooperação e formação dessas

entidades.

Discutiram-se ainda as dificuldades na fiscalização, nomeadamente pela falta de

recursos humanos e financeiros.

33

34

35

10. Relatório de Contas

Este projecto foi apresentado definitivamente em Dezembro de 2009 e aprovado na

XX reunião da CPLP, embora dependente da aprovação do Brasil, o que só aconteceu

em Maio de 2010.

Para a elaboração do orçamento no que respeita às viagens e estadia dos

participantes, foram contactadas três agências de viagens constantes da Central de

Compras do Estado, e quatro Hotéis próximos da sede do Instituto de Conservação da

Natureza e da Biodiversidade, local onde se realizou o Workshop. (orçamentos em

anexo), sendo seleccionados aqueles orçamentos que apresentaram valores mais

económicos. O per diem seria aquele utilizado pela CPLP.

Pelas razões que a seguir se expõem, o orçamento inicial sofreu algumas alterações:

- Pequeno erro de contas no orçamento apresentado no projecto submetido à

aprovação da CPLP;

- Desfasamento de tempo que mediou entre a elaboração do projecto e a sua

apresentação, que resultou na alteração dos orçamentos iniciais das viagens utilizados

para a elaboração do projecto;

- A proposta inicial previa o financiamento da deslocação, estadia e per diem de dois

técnicos das autoridades CITES do Brasil. No entanto após a sua aprovação

constatou-se que devido a um acordo existente no seio da CPLP, Portugal e o Brasil

não deveriam ser financiados por verbas da CPLP;

- Angola e Timor-leste a uma semana da realização do Workshop desistiram de

participar.

Em relação a esta última alteração, os representantes indicados por Angola alegaram

que não concordavam com a forma como era realizado o pagamento do per diem

(transferência bancária) pois poderia acontecer que a sua tutela não os autorizasse a

viajar, pelo que o pagamento deveria ser realizado em Lisboa. Após diversas

explicações efectuadas por correio electrónico, conforme documentos anexos, bem

como telefonicamente, e após emissão dos bilhetes de avião, o representante de

Angola, Dr. Nascimento António, alegou falta de tempo para obtenção da autorização

da tutela à deslocação a Lisboa.

Por outro lado, os representantes de Timor-leste, após emissão dos bilhetes de avião,

alegaram que o per diem era escasso para uma deslocação tão longa. Também neste

caso houve troca de mensagens electrónicas e telefonemas, não tendo sido possível

fazer com que a deslocação dos técnicos deste país se realizasse.

36

Embora não estivesse previsto no orçamento inicial, foi realizado um Jantar para os

participantes, conjuntamente com o jantar realizado para os participantes de uma outra

acção realizada pelo Gabinete de Relações Internacionais do Ministério do Ambiente e

do Ordenamento do Território, para a CPLP que estava a decorrer em simultâneo,

uma vez que a verba disponível o permitia. Para a realização deste jantar, foi

consultado telefonicamente o Secretariado Executivo da CPLP.

Finalmente, o Secretariado da Convenção, informou telefonicamente que devido ao

período de tempo que mediou entre os contactos realizados entre o ICNB e aquele

organismo, a confirmação da realização do Workshop, e ainda devido aos cortes

orçamentais que o Secretariado da Convenção tem vindo a sofrer, apenas poderia

assegurar o pagamento do per diem do seu representante Em consequência a após

consulta ao Secretariado Executivo da CPLP, e a deslocação e a estadia do Dr.

Marcos Silva foi incluída na comparticipação da CPLP, uma vez que o montante global

disponível do projecto, após as alterações citadas anteriormente, o permitia.

Todos os documentos e trocas de mensagens electrónicas se encontram disponíveis

no anexo IV deste relatório

Montante total do Projecto

(em euros)

Montante disponibilizado pela

entidade executora (em euros)

Montante disponibilizado pelo

Secretariado Executivo da CPLP

(em euros)

€ 36.309,64

€ 12.920,00 – ICNB;

€ 1.610,00 – Secretariado CITES

€ 2.025,12 - Brasil

€ 19.754,52

Assim, os custos finais da realização desta acção foram os que se apresentam no

quadro seguinte:

37

Custos da Acção Todos os anos Ano 12

Despesas Unidade # de Unidade # de

unidades

Custo unitário

(em EUR)

Custos (em

EUR)3 unidades

Custo

unitário

Custos (em

EUR)

1. Recursos Humanos

1.1 Salários (montantes brutos, pessoal local)4 13.430.00

1.1.1 Pessoal técnico Por semana 0 Por mês 0

Técnico ONU (P4) Por dia 7 230.00 1610.00

Coordenador de Unidade Por semana 3 654.00 1962.00

Assessora Principal Por semana 3 610.00 1830.00

Técnico Superior Principal Por semana 3 480.00 1440.00

Técnico Superior Principal Por semana 6 455.00 2730.00

Consultor Por semana 6 493.00 2958.00

1.1.2 Pessoal administrativo e de apoio Por semana 6 150.00 900.00 Por mês 0

1.2 Salários (montantes brutos, pessoal expatriado/internacional) Por mês 0 Por mês 0

1.3 Ajudas de custo para deslocações em serviço/viagens5

1.3.1 Ao estrangeiro (pessoal afecto à acção) Por dia 0

1.3.2 Locais (pessoal afecto à acção) Por dia 0 Por dia 0

1.3.3 Participantes em seminários/conferências (100%) 28 90.00 2520.00

1.3.3 Participantes em seminários/conferências (70%) Por dia 21 63,00 1323.00 Por dia 0

Subtotal Recursos Humanos 17273.00 0

2. Viagens6

2.1 Viagens internacionais Por voo 0 Por voo 0

S. Tomé-Lisboa S. Tomé 2 856.45 1712.90

Maputo – Lisboa - Maputo 2 852.50 1705.00

Luanda – Lisboa - Luanda 2 1528.00 3056.00

Cabo-Verde – Lisboa – Cabo Verde 2 945.86 1891.72

Guiné-Bissau – Lisboa – Guiné-Bissau 2 719.00 1438.00

Dili – Lisboa - Dili 2 2371.00 4742.00

38

Brasil – Lisboa - Brasil 1 1542.12 1542.12

Genebra – Lisboa – Genebra 1 194.00 194.00

2.2 Transporte local Por mês 0 Por mês 0

Subtotal Viagens 16281.74 0

3. Equipamentos e fornecimentos7

3.1 Compra ou aluguer de veículos Por veículo 0 Por veículo 0

3.2 Mobiliário, equipamentos informáticos Computador 0 0

3.3 Peças sobresselentes/material para máquinas, ferramentas 0 0

3.4 Outros (especificar) Jantar 478.90 0

Subtotal Equipamentos e fornecimentos 478.90 0

4. Escritório local

4.1 Custos do(s) veículo(s) Por mês 0 Por mês 0

4.2 Arrendamento de escritórios 0 Por mês 0

4.3 Consumíveis-material de escritório* Por mês 1100,00 Por mês 0

4.4 Outros serviços (tel./fax, electricidade/aquecimento,

manutenção) Por mês 0 Por mês 0

Subtotal escritório local 1100,00 0

5. Outros custos, serviços8

5.1 Publicações9 0

5.2 Estudos, investigação9 0 0

5.3 Custos de auditoria 0 0

5.4 Custos de avaliação 0 0

5.5 Tradução, interpretação 0 0

5.6 Serviços financeiros (custos de garantia bancária, etc.) 0 0

5.7 Custos de conferências/seminários9 0 0

5.8 Acções de visibilidade 0 0

Subtotal Outros Custos/Serviços 0 0

39

Todos os anos Ano 1

Despesas Unidade # de Custo unitário Unidade # de

unidades (em EUR)

Custos (em

EUR) unidades

Custo

unitário

(em EUR)

Custos (em

EUR)

6. Outros 0 0

Alojamento Dia 21 56,00 1176.00

Subtotal outros 1176.00 0

7. Subtotal custos directos da acção (1.-6.) 0

8. Custos administrativos (máximo 7% do ponto 7, total dos custos

elegíveis directos da acção)

9. Total de custos elegíveis da acção (7.+ 8.) 36309.64 0

10. Provisão para imprevistos (máximo 5% do ponto 9 dos custos

elegíveis directos da acção)

11. Custo total (9.+ 10.) 36309,64 0

* incluí material de escritório, custos com electricidade, ofertas aos participantes

40

11. Conclusão

“Nestes anos todos, é a primeira vez que estou a ouvir falar da CITES na minha língua

materna, o Português” como referiu o Dr. Sansão Bonito, da autoridade administrativa

CITES de Moçambique, esta foi uma das melhores se não a melhor mais-valia que

podemos tirar e aproveitar deste Workshop. O conhecimento, as experiências, as

dúvidas, alguns receios e até algumas frustrações, foram sempre apresentadas,

tratadas e comunicadas em português.

De facto a CITES possui três línguas de trabalho, Inglês, Francês e Espanhol, sendo

que o texto original encontra-se guardado pelo governo depositário, a Suíça, nestas

três línguas e também em Chinês e Russo.

Nas reuniões magnas, as CoP, ou nos Comités Permanentes, existe tradução para as

três línguas de trabalho. Qualquer país cuja língua oficial não seja nenhuma das

línguas de trabalho, só poderá ter tradução, oral e escrita, se pagar.

Também as acções de capacitação feitas pelo Secretariado, são normalmente

realizadas numas das três línguas referidas. O presente Workshop foi todo

apresentado em Português uma vez que o membro do Secretariado que esteve

presente é brasileiro. Esta deverá ter sido a primeira acção de capacitação em

Português que contou com a participação do Secretariado Executivo da CITES.

Conscientes que pode ter sido ousado realizar este Workshop com um programa tão

intenso em tão poucos dias, conscientes de que pelo caminho poderão ter ficado por

consolidar alguns dos temas tratados, ficamos quatro anos depois, com o sentimento

de dever cumprido.

Vários foram os participantes que em confidência ou abertamente nos manifestaram o

interesse na realização de mais acções deste género. Para a maioria dos

participantes, ainda que a aplicação da CITES faça parte das suas atribuições diárias

esta foi a primeira vez que tiveram oportunidade de expor as suas dúvidas e de falar

tão intensamente sobre a Convenção.

Aos presentes no workshop foi entregue, em versão digital, o conjunto das

apresentações constantes do mesmo (em anexo), as quais poderão ser utilizadas

pelos participantes em futuras acções de formação a realizar em cada um dos países

da CPLP, bem como três publicações de apoio à “elaboração dos Pareceres de

extracção não prejudicial”l1, “Linhas orientadoras para a elaboração e submissão dos

1 http://data.iucn.org/themes/ssc/our_work/wildlife_trade/citescop13/CITES/CITES-guidance-prelims.pdf

41

relatórios anuais”2 e a Notificação às Partes nº 2010/0133. Foi também criado um

grupo electrónico para troca de informações e experiências CITES entre os

representantes dos membros da CPLP presentes. Espera-se que no mesmo grupo

possam participar representantes de Angola e Timor-leste, ideia que se irá propor aos

representantes desses países, que estavam inicialmente programados para assistir ao

workshop e desta forma ir ao encontro do objectivo deste encontro que não foi atingido

“Apoiar e promover a adesão de Angola e Timor à CITES, assim como apoiar a sua

implementação”

Apesar de todos os contratempos e da ausência dos dois países da CPLP que não

são Parte da CITES a realização deste Workshop foi muito importante e proveitoso

para todos os que nele se viram envolvidos. Não só pela troca de experiências,

realidades e problemas que se nos colocam no quotidiano, mas também pela

possibilidade que tivemos de nos conhecer e de melhorar as relações entre os

técnicos das diversas autoridades CITES, num grupo mais discreto, longe das grandes

COP. No final do Workshop foi solicitado aos participantes que respondessem a um

inquérito de avaliação do Workshop, os quais se anexam a este relatório. De S. Tomé

e Príncipe, apenas um dos participantes respondeu, uma vez que o inquérito foi

entregue no dia 17 e os participantes devido aos voos para aquele país.(Anexo V)

2 http://www.cites.org/eng/notif/2002/022A.pdf

3 http://www.cites.org/eng/notif/2010/E013.pdf

42

ANEXOS